Resumo
Resumo
Resumo
Direito: conjunto de normas jurídicas e princípios que regulam relações jurídicas, entre sujeitos.
Internacional: Visa estudar as relações jurídicas entre sujeitos internacionais, não referentes internamente ao
Estado, mas têm uma dimensão de atuação internacional:
1. Estados soberanos;
2. Organizações internacionais (ONU, União Europeia (O.I.Regional);
3. Povos não autónomos: povos que reivindicam autodeterminação (reivindicam poder virtunado pelo
Estado). Ex: Palestina, Catalunha.
4. Indivíduos: Mais recentemente com vários tratados celebrados, também considera-se direito
internacional moderno, que também as pessoas podem ser sujeitos de direito internacional e podem ser
responsabilizados internacionalmente ao ter uma qualidade de representação do Estado.
5. ONG (organizações não governamentais) e Multinacionais.
O DIP é um conjunto de normas jurídicas e princípios que regulam as relações jurídicas, entre sujeitos
internacionais, criando efeitos externos, ou seja, interno e internacionalmente, dentro do próprio Estado. O DIP
não é apenas interestadual, ou seja, não é apenas entre Estados. Muitas vezes é, mas não é só, porque também
pode e há relações jurídicas que estabelecem entre Estados e O.I., ou até permitem da eventual
responsabilização ou por atos praticados por indivíduos, por isso as fontes de DIP:
1. Convenções internacionais/Tratados;
2. Formas de regulação entre privados, chamam-se contratos.
3. Costume internacional, muitas vezes ao longo da história, as relações entre os Estados tratam uns aos
outros de acordo com tradições;
4. Princípios gerais de direito;
5. Atos jurídicos unilaterais.
O direito internacional público surge para promover e proteger as Convenções Internacionais. Quanto mais C.I
houver, sobre mais temas entre mais Estados, preferencialmente até que sejam todas elas universais, todos os
Estados assinem, mais facilmente, infelizmente não quer dizer que não haja Guerra, mas menos facilmente
haverá, por isso o DIP tudo faz para que haja mais Estados a aderirem a mais tratados, a mais convenções. Por
isso, a C.V estabelece um conjunto de instrumentos jurídicos visam promover e facilitar a participação dos
Estados, mesmo quando os Estados têm dúvidas, não estão totalmente convencidos, não concordam com tudo.
Atualmente, a sociedade internacional não mais é constituída apenas por Estados. As transformações nela
ocorridas, a partir da segunda metade do séc. XX, tendo determinado, entre muitas coisas de relevo, o
reconhecimento de personalidade jurídica internacional a outras entidades, para além do Estado soberano
(sujeito primário e originário), tornaram-na indiscutivelmente mais vasta e diversificada.
Havia por isso a prevalência dos factos sobre o Direito, ou seja, primeiro acontecia as coisas/os factos e depois
procurava-se tratar dos efeitos. Era por isso, um direito voluntarista, quer isto dizer que era um direito que
dependia da vontade dos Estados.
Recurso à força
Recorrer à força, enquanto instrumento de política externa, constituía uma prerrogativa normal, ínsita no
conceito de soberania. Daí dizer-se que aqueles dispunham de três competências no plano internacional: o jus
tractum (direito de concluir tratados), o jus legationis (direito de legação, isto é, de enviar ou receber missões
diplomáticas) e o jus ad bellum (direito à guerra).
Recurso à força
No Modelo Moderno, caracteriza-se pelo lugar proeminente que no edifício normativo do direito
internacional passa a ocupar o princípio da proibição do recurso à força nas relações internacionais.
A consagração de um princípio de proibição do recurso à força nas relações internacionais, não obsta a que
aos Estados seja reconhecido um direito inerente de legítima defesa (art. 51.º da CNU) nem que,
abstratamente, e dentro de apertados limites, se configure a possibilidade de utilizar as armas para fazer
cumprir outros princípios fundamentais que estejam a ser violados de forma gritante (o princípio do
respeito pelos direitos humanos ou o princípio da autodeterminação dos povos).
Fontes auxiliares:
- Doutrina: livros escritos pelos professores;
- Jurisprudência: decisões dos tribunais.
1ºregra: Não há hierarquia entre estas fontes, todas têm o mesmo valor.
2ºregra: A enumeração não é exaustiva, é exemplificativa.
2. Autenticação ou assinatura: Mostrar o acordo por este texto. O texto chegando-se a acordo precisa
de ser autenticado e/ou assinado.
No caso dos tratados simplificados, basta a assinatura, assinatura que é do P.R. (art.134 b) da C.R.P). E
torna o texto definitivo, vinculativo e obrigatório para o Estado Português.
Nos tratados solenes, é uma mera autenticação. Texto ainda não é definitivo, porque falta a ratificação,
simplesmente o princípio da boa-fé, entende-se que o texto deve ser inalterável (artigos 10,12,18 da C.V).
3. Aprovação: confirmado por outro órgão de soberania. Ato confirmativo (confirma a assinatura ou
autenticação) praticado por outro órgão. Tratados solenes + tratado sob a forma simplificada da
competência da A.R (art.161 i) da C.R.P).
Se forem tratados sob a forma simplificada que não sejam da competência da A.R (art.164 e 165 da C.R.P);
competência do Governo para ocorrer aprovação (art.197 nº1 c).
A aprovação é um ato formal posterior, praticado por outro órgão de soberania. ("E qual é esse órgão?"
Depende do tratado).
Se for um tratado sob a forma solene ou simplificada, mas que é da competência da A.R, é a A.R que
aprova. Aprova através de um ato, que se chama projeto de resolução (art.164 e 165 da C.R.P).
Mas se for um tratado sob a forma simplificada, mas que não seja da competência da A.R, então a
aprovação é feita pelo Governo, através de uma proposta de resolução (197 nº1 c) da C.R.P)
A A.R aprova leis; o Governo aprova decretos-lei.
4. Ratificação: Só acontece se for tratado simplificado. Se for um tratado solene, antes de entrar em
vigor, depois da aprovação tem de ser ratificado de um ato jurídico discricionário (pode ser feito de
acordo com a vontade desse órgão), que manifesta de forma definitiva a vontade do Estado em
vincular-se (art.120 e 135 b) C.R.P).
Ratificação imperfeita: Ocorre quando o P.R ratifica, mas omite ou executa mal alguma formalidade (art.46
da C.V).
Diz nos que a regra não invalida os tratados, chamado Princípio do aproveitamento dos atos, ligado a um
princípio de boa-fé.
Em direito, todas as regras têm exceção, exceção essa cumulativa. Se a violação da norma interna for
manifesta, mais essa norma for considerada, tiver uma Natureza fundamental. Caso tiver uma nulidade
relativa do tratado (art.277 nº2 C.R.P) uma inconstitucionalidade.
Casos em que pode haver a ratificação imperfeita:
• Ratificação sem prévia aprovação da A.R ou do Governo, depende dos casos (art.16 C.V)
• A ratificação por lei e não por proposta ou projeto de resolução (excesso de forma).
• Incumprimento de formalidades ("a carta não estava assinada do representante que negociou").
• A única que poderia acontecer no sistema português, é a não participação dos Governos Regionais.
5. Entrada em vigor: Se for um tratado sob a forma simplificada, tem de ser registado e publicado no
secretariado da ONU (art.80 C.V). Se não for depositado e registado, no secretariado da ONU é
válido, simplesmente não é oponível ou seja, o Estado que for vítima de um incumprimento, não
pode utilizar o Tribunal Internacional de Justiça, para acionar o atestado. A falta de depósito ou
registo no secretariado da ONU, não afeta a validade do tratado, simplesmente impede em caso de
incumprimento, não pode utilizar o TIJ.
Classificações materiais:
- Critério do objeto e do fim: aqui consideradas duas distinções: entre tratado-lei e tratado-contrato;
outra, entre tratados normativos e tratados constitutivos de organizações internacionais.
Condições de validade das C.I (é necessário que se verifique para que as C.I sejam válidas, sejam
juridicamente legais):
- Capacidade das partes(art.6 CV): As partes tenham capacidade para celebrar C.I. Nulidade absoluta
- Licitude do objeto(art.53 CV): Conforme a lei e seja possível. O objeto da C.I não podem contrariar
princípios do direito internacional (não podem violar o jus cogens).
- Regularidade do consentimento: As C.I são acordos de manifestação de vontades, é preciso que essa
manifestação de vontade que esse consentimento seja dado de forma livre e sem vícios. (art.48 e
seguintes).
• Dolo: art.49 CV; falsa representação da realidade induzida por outros Estados com intenção de
enganar. Praticou-se atos para esconder quer por dolo comissivo (por ação) quer por dolo omissivo
(por omissão). Nulidade relativa
• Corrupção: art.50 CV; Vicio de consentimento, é o único vício que só pode ser feito por pessoas
representantes do Estado através de uma promessa de uma vantagem material (dinheiro) ou
espiritual. Nulidade relativa
• Coação: art.51 CV; A mais grave. A convenção só foi celebrada porque houve a ameaça ou recurso ao
uso da força contra o Estado ou contra o representante do Estado ou sua família. Pode ser por força
militar, mais duvidoso será por força económica (é entendido de acordo com o TIJ, só se for uma
ameaça grave). Nulidade absoluta
Um erro para chegar a nulidade relativa de uma C.I, é essa a consequência do erro, mas só acontece se o
erro cumprir dois requisitos:
Essencial ou determinante: será determinante ou essencial, se tiver incidido naquilo que foi a base
essencial do consentimento do Estado ou obrigar-se pelo tratado. Terá de demonstrar-se, se não
fosse aquele erro, o Estado não tinha concluído a C.I, ou então até poderia tê-la concluído mas num
sentido diferente, noutros termos, noutros moldes.
Desculpável: Não pode ser um erro devido a negligência do Estado, o Estado não pode ter sido
negligente, não pode ter um comportamento descuidado, ou pouco avisado pois se for estes os
casos o erro não é desculpável.
Só mediante a verificação destes 2 requisitos é que teremos a invalidade da C.I.
Se as partes não tiverem capacidade ou se o objeto for ilícito ou impossível, a sanção é Nulidade absoluta,
ou seja as C.I são nulas, não produzem efeitos.
O que é necessário para uma C.I seja válida? Há 3 requisitos de validar as C.I:
• Capacidade jurídica das partes; Nulidade absoluta
• Regularidade do consentimento (não pode haver vícios, é preciso que o Estado nos dê o seu
consentimento naquilo que acordou na C.I de forma livre e esclarecida, não podem basear-se num
engano que foi induzido (dolo))- Nulidade relativa; também não pode haver consentimento regular,
se esse consentimento foi prestado debaixo de coação, ou seja perante o uso ou ameaça do uso da
força, não pode haver um tratado válido em que um Estado ou O.I, só dê o "ok", quando a outra
parte invadiu parte do seu território ou ameaçou invadir o seu território, neste caso a sanção é mais
elevada… Nulidade absoluta.
• Licitude do objeto. (objeto lícito e possível) Nulidade absoluta
Os Estados em regra têm uma capacidade jurídica plena para concluir C.I, normalmente não se verifica
situações de capacidade, relativamente ao Estado. Há em todo o caso, duas situações que podem provar a
incapacidade de um Estado para concluir C.I:
- Acordo de protetorado: Acordo entre 2 Estados, Estado Protetor e o Estado Protegido através do
qual, o Estado Protetor passa a ser o representante do Estado Protegido nas C.I. Numa situação deste
tipo, o Estado Protegido fica sem capacidade jurídica para concluir C.I. Quem as poderá concluir em
seu nome é o Estado Protetor.
- Estados federais: Por exemplo, Estados como o Brasil ou EUA. Nesses Estados, o problema que se
coloca é o saber se um Estado Federado, pode concluir uma C.I em nome da Federação.
Poderá o Estado do Rio de Janeiro, concluir uma C.I em nome do Brasil? Depende do que disser o direito
constitucional de cada Estado Federado.
Quanto às O.I, estão sujeitas ao Princípio da Especialidade ou seja, cada O.I existe o seguimento de certas
finalidades, chamadas atribuições de cada O.I. Essas finalidades ou atribuições podem ser do: plano
político, plano militar, económico, ambiental, plano da saúde…
Por exemplo: Uma O.I de carácter económico, não pode celebrar C.I sobre assuntos militares, ou
ambientais…
Incapacidade jurídica do Estado ou O.I, celebrarem uma C.I, se acontecer a C.I é inválida, sob a forma de
nulidade absoluta.
2 tipos de vícios/irregularidades:
- Formais: ratificações imperfeitas.
Substanciais: Erro, dolo, corrupção, coação.
Na nulidade relativa, o vício só pode ser invocado pela parte vítima, isto é, aquele que foi enganado ou
aquele que o representante foi corrompido.
Na nulidade absoluta, o vício pode ser invocados por qualquer uma das partes do tratado.
Em certos casos é possível sanar os vícios das C.I, ou seja admite-se que a C.I por vontade da parte vítima,
possa continuar a vigorar, quer dizer admite-se que um Estado possa aceitar que a C.I continue a ser
vigorada, apesar do vício que afetava a sua validade.
Os vícios que conduzem à nulidade relativa numa C.I são sanáveis.
Os vícios que conduzem à nulidade absoluta numa C.I são insanáveis.
Nas nulidades relativas, mediante a verificação de certos requisitos, é possível com que dividir a C.I, ou seja
invalidar só uma parte da C.I, aquela que está afetada pelo vício, mantendo-se o resto da C.I em vigor.
Nas nulidades absolutas toda a convenção é invalidade, não é possível portanto esta divisibilidade
extintiva.
As nulidades absolutas, servem para sancionar vícios considerados mais graves das C.I. Está em causa o
interesse geral da comunidade internacional.
As nulidades relativas, servem para sancionar vícios menos graves. Em regra, afetam apenas interesses
particulares dos Estados que estão a celebrar a C.I, não afetam princípios fundamentais do direito
internacional.
Nulidade Relativa:
• Direito de invocar (quem é que se pode queixar): Estado ofendido ou vítima do dolo, do erro, da
corrupção, da coação (art.65 CV).
• Divisibilidade (pode ser algo aproveitado): (Art.44 nº2 e 60 CV), a regra é indivisibilidade também, exceção
é divisível (art.44 nº3), a C.I é separável, se tiver vários assuntos, várias matérias, se a parte afetada não
for essencial para as partes, é necessário que não seja desproporcionado. (Art.44 nº2,3 CV). No Erro é
obrigatório a divisibilidade, no dolo/corrupção é facultativa a divisibilidade, a parte ofendida pode optar
se vai tudo abaixo ou mesmo assim se mantém a C.I… O Prof. Discorda desta solução, diz que não deveria
ser assim meramente facultativa, mas sim recorrer ao chamado conceito de vontade conjetural, ou seja, é
a vontade que é baseada numa conjetura.
• Sanação (é ou não curável, reparável): Sim, pode ser sanável se de forma expressa, ou seja por escrito
(através de outra C.I), ou de forma tácita o comportamento das partes, porque o estado vítima do erro,
dolo/corrupção mesmo sabendo que isso tinha acontecido, conformou-se apesar de tudo, continuou a
cumprir a C.I, então tacitamente (o seu comportamento posterior, é porque aceitou o que a C.I na
obstante e apesar desse erro, dolo/corrupção.
Nulidade Absoluta:
• Direito de invocar: Todos os Estados - parte da C.I, todos aqueles que participam na C.I podem
invocar a existência de uma coação. Esta regra só se aplica aos Tratados Multilaterais.
• Divisibilidade: Não, a nulidade absoluta é indivisível (art.44 CV)
• Sanação: não, é insanável. Mesmo que o Estado vítima diga "ele de facto invadiu parte do
território, mas até gostei de ser invadido", vai abaixo na mesma, porque a coação não ofende só
os Estados, ofende também a própria sociedade internacional.
Se acontecer uma destas nulidades (art.65 CV), a declaração de nulidade quer absoluta, quer
relativa, aplica-se retroativamente, ou seja os tratados ficam nulos e sem efeito, desde a sua
celebração, exceto na regra de jus cogens ou princípio da boa-fé.
Sanação expressa: Se o Estado disser expressamente que pretende que o tratado continue a vigorar,
apesar de lícito.
Sanação tática: Resulta do comportamento do Estado, em face do comportamento do Estado, nós
podemos concluir, que ele sanou o vício.
Relação entre o DIP e o Direito Interno (tem a ver com a evolução histórica, os Estados há
muito que têm o seu direito interno (conjunto de normas e princípios que regulam as relações jurídicas
dentro de um Estado)).
Soluções teóricas:
A diferença entre as teses dualistas e as teses monistas. Só se colocou este problema, porque o DIP só
passou a ser verdadeiramente um ramo de direito, no modelo de Westfália, seguida da Guerra dos 30
anos, e sobretudo à Convenção de Viena no séc. XIX, compilou um conjunto de costumes, criou um
conjunto de normas positivas, jurídicas, numa C.I universal, e a partir daí onde havia uma só ordem
jurídica, a ordem jurídica interna de cada Estado passou a haver duas ordens jurídicas, pelo menos no
ponto de vista do problema. Passou a haver a ordem jurídica interna e a ordem jurídica internacional.
Este problema agravou-se ainda mais, com o final da 2ª Guerra Mundial, a entrada do modelo moderno,
e o início da celebração de um conjunto de convenções internacionais universais, criação da ONU e na
sequência desta criação, um conjunto de convenções internacionais de carácter universal (proibição do
uso de armas nucleares, proibição de genocídio) que abrangeram quase todos os Estados.
Se houver duas ordens jurídicas, e que prevalece o direito interno, então desvalorizava-se aquilo que é o
direito internacional, e aqui a ideia de regras ius cogens, o objetivo é afastar a ideia de que o direito
internacional só se aplica quando e se a vontade dos Estados assim determinar.
• Teses monistas (uns defendiam não obstante existência do direito internacional para além de
direito interno continuaria a haver uma só vontade do Estado e uma só ordem jurídica, não se
podia distinguir entre direito interno e direito internacional havia apenas e só o direito, o Estado
não tinha uma vontade interna e outra vontade externa). As regras ius cogens aplicam-se
independentemente da vontade dos Estados.
• Teses dualistas (passavam a ter duas vontades poderiam ser diferentes a interna e a externa, e
duas ordens jurídicas).
Em Portugal como é que é recebido o DIP? É recebido nos termos de 2 artigos, art. 7º (estabelece um
conjunto de princípios aplicados às relações internacionais entre Portugal e os outros Estados) e art.8º
da CRP (relação que o Estado Português tem com o direito internacional).
No art. 7º da CRP inicia a tese que Portugal defende, é uma tese monista. Uma só ordem jurídica,
porque diz "Portugal rege-se nas relações internacionais pelos princípios da independência nacional, do
respeito dos direitos do homem, dos direitos dos povos, da igualdade entre os Estados…". Por isso, a
ideia de haver regras universais que se impõem ao direito interno independentemente da vontade dos
Estados.
Este princípio de não ingerência é um princípio fundamental de Direito internacional, é o princípio
através da qual os Estados não devem interferir nos assuntos internos de outros Estados.
Neste art.7º estabelece-se um conjunto de princípios e de posições do ponto de vista internacional do
Estado Português.
No art.7º Nº6, Portugal mostra uma grande abertura no sentido de permitir que estes objetivos possam
ser feitos conjuntamente por Portugal e da U.E ou apenas e só pelas instituições europeias.
Art.8º da CRP, como é que cada um dos 4 pontos consagra a incorporação do DIP no direito
interno:
• Nº1: direito geral ou comum (cria as normas universais, as normas ius cogens, seja por convenção
internacional universal, seja por costumes universais, ou então princípios gerais de direito
universais; tratados universais (tratado de proibição da construção de armas atómicas, a proibição
do genocídio, tratado constitutivo da ONU, estes tratados são universais são chamados de DIP
geral e comum) fazem parte integrante do direito português; consagra a cláusula geral de receção
automática ;
• Nº2: DIP particular ou convencional, juntando-se ainda o costume bilateral ou regional. O costume
bilateral ou regional só é aplicável em Portugal, se Portugal manifestar essa vontade, se Portugal
aceitar esse costume tendo participado na sua formação, ou seja Portugal foi um dos Estados que
começou a ter aquela prática reiterada com a convicção de obrigatoriedade. Incorporam-se,
entram em vigor desde que sejam regularmente aprovadas e ratificadas, e vincularem
internacionalmente o Estado Português porque as C.I podem deixar ou não se iniciar logo a
vincular o Estado Português (por ex: uma C.I multilateral de 30 países pode dizer que só produz
efeitos a partir do momento em que mais de metade ou seja 16, ratificar aquela C.I, se Portugal foi
o 1º a ratificar, enquanto não se chegar aos 16, aquela convenção não vincula internacionalmente
o Estado Português). Para além de duas condições de eficácia acrescenta uma pré-condição de
eficácia, só quando publicada no D.R, só aí é que produz efeitos. O tipo de cláusula de
incorporação que está aqui presente é uma incorporação automática condicionada.
• Nº3: o DIP relativa às O.I, mais concretamente do ponto de vista da U.E, desde que esteja previsto
nos tratados constitutivos (nos tratados que criam O.I) e desde que provenham de órgãos
competentes, aplicam-se ou vigoram diretamente, estamos perante uma cláusula de receção
automática condicionada, é preciso que essa possibilidade de entrar em vigor no ordenamento
jurídico esteja previsto nos tratados constitutivos e que essas normas tenham sido aprovadas
pelos órgãos competentes.
• Nº4: viria a ser introduzido na nossa Lei fundamental aquando da sexta revisão constitucional,
ocorrida em 2004, exclusivo da U.E, as normas dos tratados mais as normas das instituições
europeias são aplicáveis na ordem interna desde que aprovadas pelos órgãos competentes e
respeitem os princípios fundamentais do Estado de Direito (art.1º a 11º), aplicam-se no direito
interno, sendo uma cláusula automática condicionada.
O que acontece se houver uma discrepância entre o DIP e o direito interno, ou seja há uma norma de
DIP que viola ou a constituição ou a lei, qual é que prevalece.
• Nº2: DIP convencional. Pode uma C.I mudar a constituição? Pode Portugal celebrar uma C.I no
âmbito da U.E que mude a constituição? Não, desde logo porque é infra constitucional, desde logo
o art. 278º, Nº1 da CRP diz-nos que o P.R pode caso queira, antes de ratificar uma C.I, pedir a
fiscalização da constitucionalidade ao Tribunal Constitucional, quer dizer que pode não ratificar
com base na inconstitucionalidade, ou seja se violar a constituição o P.R não ratifica, e se não
ratifica, não entra em vigor. Mas só que quanto à lei, é supra legal, está acima da lei, porque
segundo o art.7º nº1 da CRP, que as regras de direito internacional são plenamente recebidas no
direito português. O art.8º nº2 da CRP, quando estabelece ainda condicionada uma cláusula de
receção automática, desde que regularmente aprovadas e ratificadas enquanto vincularem o
Estado português e após serem publicadas no D.R. Porque o art.119º da CRP dá uma prevalência
às C.I em relação às leis e aos decretos-leis, estabelece a regra de publicação dos atos normativos,
faz uma hierarquia entre C.I, leis e decretos-leis. Ou seja as C.I estão acima das leis e dos decretos-
leis quando é para publicar no D.R, e aqui aplica-se o princípio geral de direito, lei posterior revoga
lei anterior (por ex: se uma lei trata dos mesmos assuntos, uma lei de 2023 revoga uma lei de
2007).
• Nº 3 e 4: DIP das O.I e da U.E, caráter supra legal, porque desde que esteja previsto nos tratados
constitutivos e não violem os princípios de direito. Supra constitucional, existência de um primado
ou não no direito europeu sobre a própria constituição (art.7º nº6 da CRP).
Sujeitos de DIP (Estado, O.I- ONU)
Elementos fundamentais do Estado:
○ População: vinculo jurídico que liga uma pessoa a um Estado, e muito à ideia de nacionalidade.
○ Território: em sentido amplo, aérea, marítima, terrestre, lacustre, e que é muito importante para
o princípio de DIP que é o princípio da integridade territorial. Todos os Estados têm que respeitar
todo o território seja marítimo, seja aéreo dos Estados (art.2º da C.N.U).
○ Governo: é os órgãos e instituições. Tem que ter um aparelho político que consagra os poderes
legislativo, judicial e executivo.
○ Soberania: poder de auto sustentar-se. Soberania interna, capacidade de manter a ordem interna
e externa, capacidade de opor-se a qualquer ato ou de Estados, que ponha em causa a sua
integridade territorial.
Quando acontece o delito ou o crime quais são as formas de reparação, ou seja como é que nesta nova
relação jurídica, o Estado infrator fica constituído numa obrigação de compensar o Estado vítima?
1. Reparação integral: o Estado que violou o direito internacional deve reparar integralmente. Ou
seja deve repor a situação anterior ao facto ilícito. Se o Estado invade o Estado do outro, deve
devolver essa parcela do território.
2. Reparação por equivalente: sempre que não for possível a reparação integral, permite-se a
reparação por equivalente como indemnização. Há casos que não é possível repor a situação
anterior. (por ex: se há a morte de um determinado militar, PM, ministro, não dá para devolver o
ministro), neste caso admite-se uma sanção pecuniária (reparação em dinheiro).
Tem 3 regras:
• Tem que ser calculada em função das regras de DIP e não do direito interno;
• Deve aferir-se no momento em que está a ser fixada e não no momento da violação;
• Deve ter carácter reparador e não punitivo, o valor da indemnização deve procurar reparar o facto
ilícito e o dano causado, mas não se aceita uma indemnização punitiva.
3. Satisfação: é quando o grau de ilicitude e o dano são reduzidos, ou seja há uma violação do direito
internacional, essa violação causou danos, mas quer o grau de ilicitude quer o próprio dano em si
são baixos.
Tratando-se de responsabilidade subjetiva, sendo uma violação intencional, essa intenção possa ser
dada de forma livre e sem constrangimentos. É preciso que a intenção, que a vontade do Estado não
tenha sido objeto de qualquer interferência. Quando assim não acontece, quando há factos ou
circunstâncias que interferiram nesta vontade de violar o direito internacional pode essa violação, esse
facto ilícito ser justificável, então estamos perante as causas de exclusão da ilicitude. Quando o Estado
violou uma obrigação, teve um comportamento ilícito, mas esse comportamento ilícito não foi
totalmente livre e esclarecido, esse comportamento ilícito resultou de um facto ou conjunto de factos
que interferiu na vontade do Estado, estamos perante causas de exclusão da ilicitude. Se estas causas de
exclusão da ilicitude se verificar a consequência é o Estado não pode ser responsabilizado, exclui-se a
ilicitude (art. 20 a 25 da comissão de direito internacional da ONU).
Se se verificar uma destas circunstâncias o Estado não poderá ser responsabilizado porque embora
tenha cometido um facto ilícito, esse facto ilícito tem uma causa, é justificado por um conjunto de factos
ou circunstâncias, chamam-se causas de exclusão da ilicitude. Se há a prática de um facto ilícito, mas
isso resulta de um acordo entre os Estados, se o Estado vítima concorda e consentiu ao Estado infrator,
então não há lugar a responsabilidade subjetiva do Estado. Para isso é necessário alguns requisitos:
1. Consentimento: esse consentimento não tenha vícios da vontade (não seja objeto de erro, dolo,
corrupção ou coação). O Estado consentiu, mas consentiu em erro, em dolo, corrupção ou em
coação então não se pode dizer que houve consentimento, porque houve um vício na formação
da vontade. É preciso que este consentimento seja claro e inequívoco, mesmo que seja tácito, é
preciso que não exista dúvidas que este consentimento realmente tenha sido dado sobretudo
quando ao alcance e duração, é preciso que esse consentimento seja efetivo, quer isto dizer que
não pode ser presumido, tem que ser dado como positiva, é preciso que seja imputável ao Estado,
é preciso ser anterior à prática dos factos, tem que ser àquele caso concreto, não pode acontecer
relativamente a uma regra de ius cogens.
2. Legitima defesa (art.51 CNU): acontece quando um Estado perante um ato ilícito prévio (ataque
armado) pratica o ato ilícito para se defender. No DIP moderno é uma das raras exceções que se
permite o recurso do uso da força, se for para responder, para se defender de um ataque armado
do outro Estado. Muito polémico é a legitima defesa poder ser preventiva ou antecipatória, ou
seja se a legitima defesa, exige que esse ataque armado já tenha acontecido ou se um Estado
pode dizer "eu ataquei antes que fosse atacado".
3. Contramedidas: também é uma resposta a um facto ilícito mas sem o uso da força, é isso que a
distingue da legitima defesa. É para casos menos graves, são medidas de resposta, visam obrigar o
outro Estado, a cumprir com o direito mas sem o uso da força (ex: ajuste de contas, corte de
relações…). 2 tipos:
• Represálias: são atos inamistosos e ilícitos, só não são totalmente ilícitos, porque são justificados,
por exemplo congelamento de contas.
• Repressões: são também inamistosos mas lícitos é o caso do corte de relações, encerramento de
embaixadas.
4. Força maior ou caso fortuito: é quando um Estado vê-se forçado a violar o DIP, um acontecimento
exterior ao Estado e irreversível. E que seja desculpável, o Estado não tenha contribuído para isso
por dolo ou negligência. Há um ato não voluntário do Estado, o Estado fez porque não tinha outra
hipótese. Por ex: catástrofes naturais.
5. Perigo extremo: é quando o Estado viola o DIP, porque não tinha outro meio de o fazer para salvar
o Estado ou a vida de pessoas. O Estado tem opção teoricamente, mas na prática se não violasse o
DIP corria riscos sérios da sua existência ou da vida de pessoas. Tem de haver uma
proporcionalidade entre o facto ilícito e o bem que se procura defender. O facto ilícito não pode
ser desproporcionadamente mais gravoso do que o bem que se quer proteger.
6. Estado de necessidade: a mais controversa. É quando um Estado pratica um facto ilícito para
repelir uma ameaça à sua existência política, económica ou à sua segurança. Distingue-se da força
maior, porque aqui o Estado tem escolha, e distingue-se do perigo extremo porque não é a vida de
pessoas ou a existência do Estado que está em causa, mas da sua existência enquanto realidade
política, económica ou à sua segurança, ou seja salvaguardar um interesse essencial do Estado.
Requisitos:
• O estado seja essencial.
• O facto ilícito seja o único meio para combater a ameaça, que tem que ser real, iminente e grave.
• Não pode pôr em causa o interesse essencial do outro Estado.
• Tem que ser desculpável, não pode o Estado ter contribuído.
• Não pode ser sobre regras de ius cogens.
• Não pode ser aplicado norma convencional.
2. Estrutura
• Corporação: os Estado não se integram, limitam-se a corporar (ONU, NATO, U.E).
• Integração: Os Estados integram-se num só todo (U.E)
3. Objeto
• Gerais: ONU
• Especiais: 1 fim (NATO).
ONU: A ONU foi criada no pós 2ª Guerra Mundial. E tem objetivos previstos no art.1º.
1. Manutenção da paz e segurança internacionais;
2. Cooperação internacional entre os povos;
3. Promoção de uma comunidade internacional;
Para isso baseia-se num conjunto de princípios fundamentais da ONU, princípio da igualdade soberana
entre os Estados, todos os Estados são iguais, na votação valem 1 voto. Princípio da boa-fé entre as
relações dos Estados, os Estados devem atuar no sentido de procurar cumprir as suas obrigações.
Princípio da solução pacífica dos conflitos e a proibição do uso da força, exceto em legítima defesa.
O.I- ONU
Órgãos
1. AG- art.9º CNU- órgão plenário das Nações Unidas, é o órgão onde estão representados todos os
Estados da ONU, funciona na lógica de 1 voto por Estado. Órgão com competência genérica, tem
competência para avaliar e decidir sobre qualquer assunto proposto, e por isso tem como
competência aprovar recomendações, pareceres e relatórios, em que apenas os relatórios têm
força obrigatória, os restantes são simples recomendações, simples pareceres que os Estados
adotam ou não.
2. Conselho de segurança- é o órgão das Nações Unidas que tem como objetivo fazer cumprir os
objetivos das Nações Unidas, ou seja a manutenção da paz e segurança. Este órgão tem uma
composição limitada, apenas fazem parte deste órgão, 15 Estados. E estes 15 Estados, dividem-se
entre 2 tipos:
• Não permanentes: Os 10 são eleitos pela AG para mandatos de 2 anos não renováveis
sucessivamente.
• Permanentes: são aqueles Estados que fazem parte de forma permanente no Conselho de
segurança das Nações Unidas, estão sempre presentes no Conselho de segurança das Nações
Unidas. São Estados fundadores das Nações Unidas, que correspondem aos Estados vencedores
da 2ª Guerra Mundial. São 5 membros permanentes: França, Reino Unido, Rússia, EUA, China. E
de acordo, com o critério de distribuição geográfica.
A forma de deliberação está previsto no art. 27 CNU, é através de maioria qualificada de 9 votos, a
favor, ou seja para que haja uma resolução do Conselho de segurança das Nações Unidas, é preciso que
9 dos 15 Estados que fazem parte, votem a favor. A forma como se obtém esta maioria de 9, é diferente
consoante se trate questões formais ou processual, ou questões substanciais ou materiais.
Questão formal ou processual: o que se está a decidir, não é a matéria em si, mas a forma de chegar a
essa decisão sobre a matéria. A forma de chegar aos 9 votos que é exigida, é diferente consoante se
trate de uma questão formal ou uma questão material. Se for uma questão formal chegam 9 votos,
quaisquer que eles sejam. No limite até se pode votar contra a vontade dos 5 membros permanentes,
basta 9 votos dos 10 membros não permanentes, e é aprovado.
Questão substancial/material: são também 9 votos, mas destes 9, 5 têm de ser dos membros
permanentes. Consagra o direito de voto, não se consegue decidir nem aprovar uma resolução na ONU
sobre questões materiais sem que os 5 membros permanentes das Nações Unidas votem
favoravelmente.
Há problemas quando há dúvidas se a questão, é formal ou material. Há decisões que podem suscitar
dúvidas sobre o tipo de questão que é.
• Por isso, a 1ª decisão que há de tomar no caso de dúvida, é saber como é que se vota para se
decidir se a questão é formal ou material. Ora considera-se que esta decisão, que esta dúvida é
em si mesmo uma questão material, decidir nos casos de dúvida é uma questão material e por
isso, quando há dúvidas também se exige a maioria de 9 votos, mas 5 dos 9 têm de ser membros
permanentes do Conselho de segurança das Nações Unidas. E assim, quando há dúvidas
considera-se que a questão é material, e por isso tem de ter uma maioria de votação típica das
questões materiais, consagra-se um direito de duplo veto. Quando há dúvidas os Estados que
fazem parte do Conselho de Segurança das Nações Unidas como membros permanentes, têm
duas oportunidades para impedir que se tome uma decisão. Primeiro veto é os 5 membros
permanentes estarem de acordo, segundo veto é quando depois se decide a questão substancial
ou material.
• Não há veto, sem duplo veto: porque quem veta uma primeira vez, é porque já está a anunciar
que não concorda, e que vai vetar uma segunda vez. Veta primeiro para dizer que é uma questão
material, já está a anunciar que quer que seja uma questão material, para que possa vetar na
questão substancial.
• Costume contra à lei (art.27 nº3 CNU): para as deliberações do Conselho de Segurança das Nações
Unidas, é preciso que haja 9 votos afirmativos. 1 voto afirmativo é um voto a favor. Mas começou
a surgir uma prática reiterada com convicção de obrigatoriedade (o costume), precisamente por
ser difícil chegar a estas maiorias que diz que a abstenção conta como sendo voto afirmativo.
Começou-se a formar assim o costume contra à lei, ou seja uma prática reiterada com convicção
de obrigatoriedade que parece vir alterar a lei, porque a lei fala em voto afirmativo. Mas a prática
considera como sendo afirmativo uma mera abstenção, por isso é que é contra à lei. E assim
facilita a aprovação das questões, porque permite que haja aprovações, com 5 abstenções dos
membros permanentes, ou seja só considera-se quando um membro permanente vota contra, é
que está a exercer o direito de veto. Abstendo-se não está a exercer o direito de veto, pode
passar, e isso facilita um pouco a aprovação destas deliberações do Conselho de segurança das
Nações Unidas.
Principal função do Secretariado das Nações Unidas. O que se deve fazer quando se celebra uma C.I.
• Depósito e publicação no secretariado das Nações Unidas. Para poder ser oponível, para se poder
recorrer ao TIJ.
3. TIJ: é composto por 15 juízes eleitos conjuntamente pela Assembleia Geral das Nações Unidas e
pelo Conselho de Segurança. Tem competência contenciosa- decidir conflitos entre Estados,
funcionar como tribunal, emitir sentenças ou acórdãos; tem também uma competência
consultiva- emitir pareceres não vinculativos, quando solicitado pelos Estados.
• É um órgão de carácter jurisdicional que serve para julgar conflitos entre Estados. Embora possam
ser discutidos direitos individuais, desde que tenham uma função de responsabilidade dentro dos
Estados.
• Apesar dos avanços no direito internacional, a verdade é que este TIJ (art.36 TIJ) ainda atua de
acordo com o princípio da consensualidade, ou seja como regra tem uma natureza facultativa.
Depende da vontade dos Estados, só se decide vinculativamente, as suas decisões só obrigam
quando e se os Estados consentirem.
• O consentimento por parte dos Estados é dado de forma expressa (através de uma C.I entre
Estados, acordo especial para a decisão e a aceitação dos efeitos da decisão do TIJ) ou de forma
tácita (não de forma expressa, mas pelo comportamento dos Estados, forum prorrogatum, é
quando a jurisdição do TIJ é aplicada a um Estado, não por este ter aceite expressamente, ou
celebrado um acordo especial, mas pelo comportamento que teve, é de um sentido aceitável). O
TIJ não se impõe aos Estados, só atua quando e se os Estados derem o seu consentimento,
princípio da consensualidade. Tiverem vontade em submeter-se à jurisdição do TIJ.
• Para que o TIJ tenha competência, é preciso que haja o consentimento do Estado, esse
consentimento pode ser dado posteriormente aos factos, pode ser expresso ou tácito. Mas
também dado por antecipação, antes mesmo de haver conflito, pode assumir duas formas,
sobretudo nos tratados multilaterais pode ser por C.I ou através da clausula de jurisdição
facultativa obrigatória, quer isto dizer, quando um Estado, neste caso os Estados em conflito,
posteriormente ao facto, através de um ato jurídico unilateral, aceitam a jurisdição do TIJ. É
facultativa porque o Estado só pratica este ato jurídico unilateral, se quiser. Mas uma vez
praticado isto, essa jurisdição passa a ser obrigatória.