Caderno Do Monitor - 2a Parte
Caderno Do Monitor - 2a Parte
Caderno Do Monitor - 2a Parte
I. PESSOAS INTERNACIONAIS
Accioly, por sua vez, entende o sujeito de direito internacional a entidade jurídica que goza
de direitos e deveres no plano internacional com capacidade para exercê-los através de reclamações
internacionais (pode agir internacionalmente mediante o direito) ou pode ser responsável
(violador) de direito internacional.
Personalidade Internacional
Parecer Consultivo sobre a Reparação de Danos Sofridos a serviço das Nações Unidas
(Caso Bernadotti, CIJ, 1949)
O Conde Bernadotti era um diplomata sueco que, durante a IIGM, atuou na proteção
de judeus e no refúgio de judeus na Suécia, além de ter participado de uma série de negociações
ao final da IIGM, sendo um representante importante na criação da ONU. Dada a sua reputação
e importância, em 1948, foi enviado para resolver o problema da Palestina. Ao chegar em Israel,
Conde Bernadotti, nomeado pela Assembleia Geral, representando a ONU, é assassinado por
um dos grupos associados ao Estado de Israel.
Tem a ONU poderes de realizar uma reclamação diplomática em relação ao Estado de
Israel? A Corte analisou diversos elementos na Carta da ONU, contudo esses elementos não
diziam claramente que possuía responsabilidade, contudo individuavam pontos importantes
como:
Todos esses elementos levavam a conclusão de que ao ser confiados certos poderes para
que realizassem certas funções, havia poderes implícitos outorgados pelos próprios membros à
ONU, sendo um desses poderes implícitos, aquele de realizar reclamações internacionais, o que
dava o direito à ONU de exigir do Estado de Israel indenização pela morte de seu funcionário.
Esse caso foi essencial para definir a subjetividade das Organizações Internacionais, encerrando
o debate sobre a personalidade jurídica.
“A Corte conclui que a Organização é uma pessoa internacional. Isso não significa
que ela é um Estado ou que possui os mesmos direitos e obrigações de um Estado.
Nem é ela um super Estado. Significa que ela é um sujeito do Direito Internacional
e capaz de possuir direitos e obrigações, dentre eles o de fazer reclamações”. (ICJ,
Reparations for Injuries, 1949).
Classificação
Pessoas Internacionais
Pessoas Internacionais são assim os destinatários das normas internacionais. Nesse sentido,
inserem-se os Estados, as Organizações Internacionais, alguns entes não estatais, a pessoa humana
e, modernamente, ONGs e Empresas Transnacionais.
Estado:
Estado é o contingente humano a viver sob alguma forma de regramento dentro de certa
área territorial. Entre os sujeitos, é o único que possui plena capacidade jurídica, ou seja, habilidade
de munir-se de direitos, poderes e obrigações.
O Estado é uma realidade física: povo e território. Dessa forma, possui personalidade
jurídica originária, isto é, dele emanam as normas que regulam as relações jurídicas e da
manifestação da vontade surgem os demais sujeitos com capacidade para atuar na sociedade
internacional.
O direito internacional emana da vontade dos Estados, que compõem o sistema
internacional. Sua personalidade inclui tanto a capacidade de criar o direito quanto de sujeitar a
esse mesmo direito.
Organizações Internacionais
A personalidade jurídica das OIs é derivada da vontade dos Estados soberanos ou até
mesmo destes com a vontade de outras OIs já existentes, como no caso da OMC.
A OI carece da realidade física (dimensão material) presente nos Estados e, por isso, sua
existência se apoia no tratado que a institui. Nesse sentido, sua personalidade só se concretizará a
a partir da entrada em vigor deste e só existirá enquanto esse for válido dentro da sociedade
internacional, caracterizando, portanto, o princípio da efetividade.
Pessoa Humana
Passou a ter questionada sua personalidade internacional como algo inerente à sociedade
internacional na medida em que foi ganhando força a visão positivista que consagrava os Estados
como únicos sujeitos de direito internacional até que se reduziu a mero objeto da realização da
vontade destes, quando diversas normas nesse sentido foram aprovadas em conferências
internacionais (Convenção n. 29, Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho).
Uma parcela considerável da doutrina (que não acompanhamos) ainda nega, entretanto, a
personalidade jurídica do indivíduo na esfera internacional sob a justificativa dessa não poder se
envolver na produção do acervo normativo internacional, somente se envolvendo enquanto
representante dos Estados e das OIs. Além disso, o indivíduo não dispõe de prerrogativa ampla
para reclamar nos foros internacionais, só podendo fazê-lo quando houver vínculo de sujeição
entre ela e o Estado Soberano ao qual está vinculada pela sua nacionalidade.
Hoje está assentado que indivíduos atuam no direito internacional e que grande parte da
atuação da ordem internacional é também voltada para indivíduos, como a possibilidade de exigir
a proteção internacional se os Estados falharem na proteção de seus direitos humanos.
Independentemente da teoria, na prática internacional, indivíduos agem em diversas situações: o
ex-Presidente Lula valeu-se de órgãos da ONU para tentar avançar sua candidatura política, assim
como a família de Herzog foi à Corte Interamericana para discutir a falta de investigação do caso
Herzog.
Empresas
As empresas são regidas pelo ordenamento jurídico do local onde foram registradas. A
transnacionalidade de uma empresa é determinada pelos critérios estabelecidos no Relatório
Preliminar do Secretariado das Nações Unidas à Comissão das Sociedades Transnacionais que
remete sua classificação ao (i) número de filiais no estrangeiro; (ii) composição do capital; (iii) parte
que assume o volume das exportações no acervo global dos negócios; (iv) nacionalidade dos
dirigentes e (v) espírito de sua ação.
ONGs
Característica da Nova Ordem Internacional, constituída por particulares de diversas
nacionalidades e não por Estados, que não possuindo fins lucrativos, destinam-se suas atividades
à solidariedade internacional. O conceito engloba tanto as organizações que atuam em nível
nacional quanto aquelas que atuam em nível internacional. Não possuem personalidade jurídica de
direito internacional, sendo apenas sujeitos de direito interno, apesar das suas atuações
extrapolarem os limites territoriais e jurisdicionais do Estado soberano e de estarem previstas na
Carta da ONU:
II. ESTADOS
II.1. JURISDIÇÃO
A competência pessoal do Estado se manifesta nas questões relacionadas ao poder que
este exerce sobre as pessoas que se encontram em seu território manifestado inicialmente pelo
vínculo político-jurídico estabelecido com seus nacionais: a nacionalidade.
II.2. NACIONALIDADE
Cada Estado nacional escolhe o critério a ser adotado de acordo com seu contexto
histórico e político, sendo que no Brasil do direito de nacionalidade emanam diversos outros
direitos concernentes à cidadania como o da participação política, o da elegibilidade, ser membro
de partido político e ocupar cargo público.
II.1. Espécies:
a) Nacionalidade primária ou originária (natos):
Resulta de um fato natural, de um nascimento.
Critérios de aquisição:
Cada Estado nacional escolhe o critério a ser adotado de acordo com seu contexto histórico e
político
(i) Ius sanguinis: critério sanguíneo. Estabelece que será nacional aquele que é
descendente de nacionais do Estado. Estratégico em países de forte
emigração, por exemplo, a Itália e França (Europa, Ásia e África,
caracterizados pelo fluxo emigratório)
(ii) Ius soli: critério territorial. Será nacional aquele que nasceu no território do
país. Não importa de onde a família veio, mas será nacional aquele que nascer
no país. Critério adota em países de forte imigração, como o Brasil.
(iii) Mista: será nacional tanto aquele que nascer no território do Estado quanto
o que tem laços familiares com nacionais do Estado (prevalece em países
surgidos pós-Império Britânico e pós-II Guerra Mundial)
Esses critérios podem dar origem seja aos natos, seja, em situações particulares ao:
(i) Polipátrida: o indivíduo que tem duas nacionalidades originárias. Os pais são nacionais
de país que adota o critério ius sanguinis e o indivíduo nasceu em país de critério ius soli.
(ii) Apátrida (heimatlos): aquele que não tem nenhuma nacionalidade originária. Os pais
são de país com critério ius soli e nasceu em país que adota o ius sanguinis. É condição
proibida pela Declaração Universal do Homem e do Cidadão. Por isso, países que
adotam o critério territorial, pela maior possibilidade de apátridas, NÃO PODEM ter
apenas ele como critério de aquisição, mas sim devem existir outros critérios
conjugados, como é o caso do Brasil.
“São brasileiros natos: os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, que venham a
residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
nacionalidade brasileira”.
Caso: uma brasileira vai aos EUA, casa com americano e tem filho. Filho comete
feminicídio. Vem para o Brasil. Torna-se brasileiro nato em condição suspensiva. Solicitação de
extradição. Exerce a opção confirmativa: efeito ex tunc. Nato não pode ser extraditado.
Fato gerador: a residência. A opção confirmativa apenas confirma alo que passou a existir
com a residência, é uma ação meramente declaratória. É de efeito ex tunc (retroativo) à residência
considerando que o fato gerador é a residência.
Residência antes da maioridade: poderá fazer a opção após completar 18 anos de idade e
antes de a fazer será brasileiro nato em condição suspensiva. Quando a opção for feita ele será
considerado brasileiro nato desde a residência.
Residência depois da maioridade: é brasileiro nato desde que haja a residência e está em
condição suspensiva até que ele faça a opção confirmativa.
d) Critério sangüíneo + registro (criado para os casos no qual o suj. não pode retornar ao
Brasil)
"São brasileiros natos: os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que sejam
registrados em repartição brasileira competente” "
→ Essa hipótese valeu de 1988 a 1994, quando foi retirada pela EC 3/94 por ser
considerada inadequada pelo fato de que não havia vínculo do indivíduo com o Brasil. Surgiram
muitos apátridas, o que logo foi percebido. Apenas em 2007, com a EC 54/07, essa hipótese voltou
a ser prevista com previsão de registro dessas crianças nascidas entre 1994 e 2007 no art. 2 da
emenda. Uma espécie de regra de transição.
Além disso, seus critérios de aquisição também são frutos da discricionariedade política do
país motivada por contingências econômicas, históricas, culturais, que dependendo de seu
momento histórico será mais ou menos permissivo.
A) Naturalização tácita:
→ Art. 69, §4º, Constituição de 1891: estrangeiros que estivessem no Brasil a partir do dia
15/11/1889 (proclamação da república) teriam 6 meses (contados da promulgação da
Constituição) até agosto de 1891) para se dirigir aos órgãos competentes para manifestar a vontade
de continuar estrangeiros, do contrário seriam automaticamente naturalizados brasileiros. Dessa
forma, muitos estrangeiros foram naturalizados, sem vontade expressa. Hoje não existe mais.
B) NATURALIZAÇÃO EXPRESSA:
• Capacidade civil;
• Residência de 4 anos;
• Comunicar-se em língua portuguesa, considerada as condições
• Inexistência de condenação penal ou reabilitado.
Requisitos:
• Capacidade civil;
• Residência por um ano ininterrupta;
• Idoneidade moral
Requisitos:
• Capacidade civil;
• Residência ininterrupta por mais de 15 anos;
• Ausência de condenação penal no Brasil. (OU comprovar reabilitação, com base
na Lei 13.445/2017)
Art. 68. A naturalização especial poderá ser concedida ao estrangeiro que se encontre em
uma das seguintes situações:
Conclusão de curso superior: o indivíduo deve vir para o Brasil antes de completar a
maioridade, deve fazer curso superior em instituição brasileira e terá um ano após a conclusão do
curso para solicitar a naturalização.
PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO
Art. 72. No prazo de até 1 (um) ano após a concessão da naturalização, deverá o
naturalizado comparecer perante a Justiça Eleitoral para o devido cadastramento.
a) Naturalização Coletiva
A naturalização pode ser concedida por naturalização coletiva que ocorre quando há
anexação territorial. Por certo tempo, pode a pessoa optar por manter a nacionalidade originária
ou adotar a nova, no primeiro caso será tratada como estrangeira e no segundo caso como nacional
(v.g. bolivianos, Acre, Tratado de Petrópolis).
b) Aquisição em caso de casamento (Portugal, Lei da Nacionalidade, art. 3º)
c) Legitimação
d) Adoção (Portugal, Lei da Nacional, art. 5º)
e) Residência definitiva
f) ius laboris (naturalização especial)
g) serviço militar (EUA, v.g., extensivo a pais, esposa e filhos)
Artigo 13
Artigo 39
4) PERDA DE NACIONALIDADE:
Há duas hipóteses taxativas previstas na Constituição Federal em seu art. 12, § 4º.
Motivo: atividade nociva ao interesse nacional que atenta contra a ordem ou a segurança
pública (práticas criminosas).
A Lei 13.445/17, em seu art. 75, estabelece ao juiz que o risco da geração de apátrida
deve ser levado em consideração antes da decisão de efetivar a perda de nacionalidade.
Após a perda, o estrangeiro não pode tentar adquirir a nacionalidade novamente por
vias administrativas, já que seria uma burla à coisa julgada. Ele pode requerer via ação rescisória,
ou seja, pelas vias judiciais.
Aspecto subjetivo: tanto brasileiros naturalizados quanto brasileiros natos podem perder
sua nacionalidade por meio dessa hipótese.
Motivo: aquisição de outra nacionalidade por meio de ato voluntário (voluntas pura)
Efeitos: ex tunc.
REAQUISIÇÃO DE NACIONALIDADE
Direito que o Estado tem de repatriar seus nacionais que se encontrem fora de seu
território em três situações: (i) prestar serviço militar; (ii) atuar na defesa da pátria em caso de
conflito e (iii) prática de ato delituoso contra o Estado no exterior.
Com relação a prática de ato delituoso contra o Estado no exterior aplica-se o princípio da
competência territorial diluída nos conceitos de personalidade ativa, onde a jurisdição do Estado
se confunde com a nacionalidade do autor do delito, e universalidade de jurisdição, pelo qual
qualquer Estado é competente para julgar e punir o autor do crime, independente de sua
nacionalidade e de onde se encontra (Oppenheim). Tal possibilidade, segundo o Instituto de
Direito Internacional, poderia gerar a própria perda da nacionalidade pelo não cumprimento dos
deveres nacionais
Contudo, tal instituto atualmente possui uma importância mais histórica do que prática,
especialmente dentro de um cenário de uma nova ordem internacional em que a autoridade estatal
absoluta está cada vez mais contestada e limitada. Também porque apenas o brasileiro naturalizado
poderá perder sua nacionalidade (art. 5º, LI) e mesmo assim por sentença judicial.
II.2.2. Proteção Diplomática
A Lei de Migração reservou o Capítulo VII para a estipulação de regras de proteção dos
nacionais brasileiros no exterior, estabelecendo uma série de princípios, dentre eles:
Consiste no suporte jurídico que o Estado pode oferecer ao seu nacional perante tribunais
estrangeiros. Está expressamente previsto na Convenção de Viena sobre Relações Consulares,
como uma função consular.
ARTIGO 5º
Funções Consulares
e) prestar ajuda e assistência aos nacionais, pessoas físicas ou jurídicas, do Estado que
envia;
ARTIGO 36º
1. A fim de facilitar o exercício das funções consulares relativas aos nacionais do Estado
que envia:
No Brasil, este instituto está regulado pela Lei de Migração que dispõe sobre os direitos e
deveres do imigrante e do visitante, regula sua entrada e estado no país, e estabelece princípios e
diretrizes para as políticas públicas brasileira migratória no art. 3º, que é o grande avanço da lei.
Princípios
Sobre esses documentos, tudo está escrito no Decreto n. 637 de 24 de agosto de 1992
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0637impressao.htm).
O sistema de visto está regulado pela Seção II, da Lei de Migração (art. 6º, 7º, 12, 13, 14 –
visto temporário; art. 15 – visto diplomático), bem como do Decreto 9.199/2017 que estabelece
o prazo de validade do visto em 1 ano com múltiplas entradas, em seu art. 15, podendo ser
reduzido ou estendido em até 10 anos em caso de reciprocidade de tratamento. O visto dá ao seu
titular mera expectativa de ingresso em territorial nacional.
III - condenada ou respondendo a processo em outro país por crime doloso passível de
extradição segundo a lei brasileira;
IV - que tenha o nome incluído em lista de restrições por ordem judicial ou por
compromisso assumido pelo Brasil perante organismo internacional;
VII - cuja razão da viagem não seja condizente com o visto ou com o motivo alegado
para a isenção de visto;
Parágrafo único. Ninguém será impedido de ingressar no País por motivo de raça,
religião, nacionalidade, pertinência a grupo social ou opinião política.
Art. 171. Após entrevista individual e mediante ato fundamentado, o ingresso no País
poderá ser impedido à pessoa:
XII - que tenha sido beneficiada com medida de transferência de pessoa condenada
aplicada conjuntamente com impedimento de reingresso no território nacional, observado
o disposto no § 2º do art. 103 da Lei nº. 13.445, de 2017 , desde que ainda esteja no
cumprimento de sua pena;
A admissão excepcional no país com prazo de 8 a 30 dias poderá ser autorizada na pessoa
que se enquadra em uma das seguintes hipóteses, desde que esteja em posse de documentos de
viagem válidos:
Art. 174. A admissão excepcional no País poderá ser autorizada à pessoa que se
enquadre em uma das seguintes hipóteses, desde que esteja de posse de documento de
viagem válido:
I - não possua visto ou seja titular de visto cujo prazo de validade tenha expirado;
III - tenha perdido a condição de residente por ter permanecido ausente do País por
período superior a dois anos e detenha condições objetivas para a concessão de nova
autorização de residência;
Para Verdross, os direitos dos estrangeiros partem da ideia de que os Estados estão
obrigados entre si a respeitar a dignidade humana dos estrangeiros de acordo com os seguintes
princípios: (i) reconhecimento como sujeito de direito; (ii) respeito aos seus direitos privados; (iii)
concessão de direitos essenciais relativos à liberdade; (iv) acesso aos procedimentos judiciais; (v)
proteção contra delitos que ameaçam sua vida, liberdade, propriedade e honra. No Brasil, estes são
enunciados no art. 4º da Lei de Migração. Nesse sentido, ao migrante é garantida no território
nacional:
III - direito à reunião familiar do migrante com seu cônjuge ou companheiro e seus
filhos, familiares e dependentes;
XVI - direito do imigrante de ser informado sobre as garantias que lhe são asseguradas
para fins de regularização migratória.
Ademais, o Decreto 9.199 de 2017 veda em seu art. 2º a exigência ao imigrante de prova
documental impossível ou descabida que dificulte ou impeça o exercício de seus direitos.
Tudo na Seção IV, Capítulo III, Lei da Migração. O pedido de autorização de residência é
individual e apresentado preferencialmente por meio eletrônico, sendo endereçado ao MJ exceto
quando se tratar de atividade que possa gerar alguma renda, quando deverá ser endereçado ao
Ministério do Trabalho. Para instruir o pedido de autorização de residência, o imigrante deverá
apresentar (sem prejuízo de outros documentos requeridos) -
https://www.novo.justica.gov.br/central-de-atendimento/estrangeiros/copy_of_entrada :
• requerimento próprio, por meio de formulário devidamente preenchido e assinado;
• duas fotos 3x4, recente, colorida e fundo branco;
• declaração de endereço eletrônico e demais meios de contato;
• requerimento de que conste a identificação, a filiação, a data e o local de nascimento e a
indicação de endereço e demais meios de contato;
• documento de viagem válido ou outro documento que comprove a sua identidade e a sua
nacionalidade, nos termos dos tratados de que o País seja parte;
• documento que comprove a sua filiação, devidamente legalizado e traduzido por tradutor
público juramentado;
• comprovante de recolhimento das taxas migratórias, quando aplicável;
• certidões de antecedentes criminais ou documento equivalente emitido pela autoridade
judicial competente de onde tenha residido nos últimos cinco anos; e
• declaração, sob as penas da lei, de ausência de antecedentes criminais em qualquer país,
nos cinco anos anteriores à data da solicitação de autorização de residência.
Residente fronteiriço é pessoa nacional de países limítrofe ou apátrida que conserve sua
residência habitual em município fronteiriço de país vizinho. Nesse sentido, a ele é permitido
entrada em município fronteiriço brasileiro por meio da apresentação de documento viagem válido
ou da carteira de identidade espedido por autoridade competente do seu país de nacionalidade.
O residente fronteiriço que pretende realizar atos da vida civil em município fronteiriço,
inclusive atividade laboral e estudo, será registrado pela PF e receberá a Carteira de Registro
Nacional Migratório que o identificará e caracterizará sua condição.
A autorização poderá ser concedida por 5 anos prorrogável por igual período ao final do
qual autorização por tempo indeterminado poderá ser concedida. Contudo, nem a Autorização
nem a Carteira de Registro Nacional Migratório confere ao residente fronteiriço o direito de
residência no país nem autoriza o afastamento do limite territorial do município objeto da
autorização.
II.7. APÁTRIDA
Capítulo III, Seção II, da Lei de Migração
Toda pessoa que não seja considerado seu nacional pela legislação de nenhum Estado (filho
de país de ius soli nascido em país de ius sanguini, v.g.). A principal norma internacional que
regulamenta sua condição é a Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas de 1954, promulgada em
nosso país em 2002 pelo Decreto 4.246. Por ela, os Estados contratantes expedirão documento de
identidade a toda apátrida que se encontra em seu território e que não tenha documento de viagem
válido. No caso brasileiro, poderão receber visto temporário, registro e identificação civil, bem
como autorização provisória de residência. Deverá ser facilitada a concessão de sua nacionalidade
conforme preceitua o Decreto 8.501/2015 e que preceitua em seu art. 1º que todo Estado
Contratante concederá sua nacionalidade a uma pessoa nascida em seu território e que de outro
modo seria apátrida.
I - a renúncia;
III.2.2. Diplomático
É forma provisória de asilo político só podendo ser concedido em caso de urgência pelo
tempo estritamente necessário para que o asilado deixe o país com garantias concedidas pelo
governo do Estado territorial a fim de não correr perigo de vida, de sua liberdade ou integridade
pessoal ou para que o asilado seja posto em segurança.
O asilo é exceção da forma de exceção da plenitude que o Estado exerce sobre seu
território. Ocorre uma ficção jurídica de extraterritorialidade, pela qual há objetos móveis e imóveis
que representam um Estado estrangeiro e a jurisdição do Estado, pelo que uma violação a essas
áreas poderia ser equiparada a uma violação do Estado. Assim, é possível conceder o asilo
diplomático nas missões diplomáticas, acampamentos militares e navio de guerra.
Uma vez adentrado o limite jurídico do Estado, o chefe da missão diplomática requererá
o salvo-conduto, pedido para o Estado persecutor para que o exilado possa se retirar em
condições de segurança do seu território. Assim, o asilo diplomático é forma provisória, urgente e
preliminar do asilo territorial.
Art. 109. O asilo político poderá ser:
O político ficou 5 anos na embaixada da Colômbia em Lima até ter permissão para sair do
país dirigindo-se até o México. Depois dessa questão, foi aprovado no seio da OEA, duas
convenções celebradas em Caracas:
Será reconhecido como refugiado todo indivíduo que devido a fundados temores de
perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas,
encontra-se fora de seu país de nacionalidade e que não possa ou não queira acolher-se à proteção
de tal país.
Será reconhecido como refugiado também o apátrida fora de seu país de residência habitual
que não possa ou não queira regressar a ele em função das mesmas circunstâncias.
Será reconhecido como refugiado aquele que devido a grave e generalizada violação de
direitos humanos é obrigado a deixar seu país de nacionalidade para buscar refúgio em outro país.
O estrangeiro deverá ter adentrado no território do Estado ao qual pede asilo requerendo
à autoridade competente, no nosso caso, o Ministério da Justiça, que, após informar o ACNUR, e
analisar os fatos que fundamentam o pedido poderá conceder o refúgio mediante termo de
compromisso assinado perante o diretor do departamento de estrangeiro após a sindicâncias que
investigam as causas determinantes do refúgio. A simples solicitação de refúgio suspenderá, até
decisão definitiva, qualquer processo de extradição pendente em fase administrativa ou judicial
baseado nos fatos que fundamentarem sua concessão.
Qualquer das medidas de retirada compulsória de estrangeiro será feita para o país de
nacionalidade ou de procedência do migrante ou visitante ou para outro que o aceite. Nos casos
de deportação ou expulsão, o Chefe da Unidade da Polícia Federal poderá representar perante o
juízo da Justiça Federal, respeitados os procedimentos judiciais respeitados os direitos à ampla
defesa e ao devido processo legal.
IV.1. REPATRIAÇÃO
IV.2. DEPORTAÇÃO
O procedimento que poderá levar a deportação será instaurado pela Polícia Federal. O ato
conterá o relato do fato motivador da medida e sua fundamentação legal, bem como determinará
a juntada do comprovante da notificação pessoal do deportando, o comprovante da notificação
preferencialmente por meio eletrônico da repartição consular do país de origem do migrante e da
notificação do defensor constituído por deportando para apresentação de defesa no prazo de 10
dias ou da Defensoria Pública da União, na ausência de defensor constituído no prazo de 20 dias;
para além de, caso julgue necessário, tradutor ou intérprete. Além de juntar exames e estudos.
Caberá recurso com efeito suspensivo da decisão no prazo de 10 dias contados da data de
notificação do deportando. Não se procederá à deportação se essa medida configurar extradição
não admitida pela legislação brasileira. Não poderá ser deportado o indivíduo que seja
juridicamente considerado refugiado ou que esteja tendo seu pedido de asilo analisado pelas
autoridades competentes; nem o estrangeiro que se beneficiar de norma jurídica específica que lhe
conceda ou estenda de direito (como a Lei 11.961 de 2009 que dispôs sobre a residência provisória
de estrangeiro em situação irregular no Brasil).
O procedimento terá início com Inquérito Policial de Expulsão será instaurado pela Polícia
Federal de ofício ou por determinação do Ministro de Estado, da Justiça e da Segurança Pública
motivado pelo recebimento por via diplomática a qualquer tempo de sentença definitiva expedida
pelo TPI ou pela existência de sentença penal interna.
O Inquérito terá como resultado a produção de relatório final da pertinência ou não para
a medida de expulsão com levantamento de subsídios para a decisão realizada pelo Ministro da
Justiça e da Segurança Pública acerca da existência de condição de inexpulsabilidade (art. 55),
existência de medidas de ressocialização se houver execução de pena e da gravidade do ilícito penal
cometido.
Assim, o Relatório Final com a recomendação técnica pela efetivação da expulsão conterá
relato do fato motivador da expulsão e a sua fundamentação legal e determinará que seja realizado
de imediato a notificação preferencialmente por meio eletrônico do expulsando, da repartição
consular, do defensor (ou da DPU).
Publicado o ato do Ministro da Justiça e da Segurança Pública que dispõe sobre a expulsão
e o prazo determinado de impedimento de reingresso do expulsando ao território nacional, poderá
ser interposto Pedido de Reconsideração no prazo de 10 dias a contar da notificação pessoal.
Indeferido, a PF poderá efetivar o ato expulsório.
II - o expulsando:
a) tiver filho brasileiro que esteja sob sua guarda ou dependência econômica ou
socioafetiva ou tiver pessoa brasileira sob sua tutela;
c) tiver ingressado no Brasil até os 12 (doze) anos de idade, residindo desde então no
País;
d) for pessoa com mais de 70 (setenta) anos que resida no País há mais de 10 (dez)
anos, considerados a gravidade e o fundamento da expulsão;
O Requerimento de Suspensão dos Efeitos e da Revogação da Medida de Expulsão deverá
ter por fundamento a ocorrência de causa de inexpulsabilidade quando não observada ou não
existente no decorrer do processo administrativo, podendo ser apresentada em repartição
diplomática brasileira e será enviado ao Ministro da Justiça. A suspensão da medida impeditiva de
reingresso ficará sujeita à decisão do MJ, bem como a revogação da medida de expulsão.
V. EXTRADIÇÃO
Lei de Migração, arts. 81 a 99.
Conceito
A extradição é a medida de cooperação internacional entre o Estado brasileiro e outro
Estado pela qual se concede ou solicita a entrega de pessoa sobre quem recaia condenação
criminal definitiva ou para fins de instrução de processo penal em curso.
A extradição se justifica por dois motivos: (i) interesse da justiça e (ii) solidariedade dos
Estados com o intuito de manter a ordem social na sociedade internacional.
Transferência Passiva
A transferência passiva ocorre quando a pessoa condenada pela Justiça brasileira solicitar
ou concordar com a transferência para o seu país de nacionalidade ou para o país em que tiver
residência habitual ou vínculo pessoal para cumprir o restante da pena. É instruída com:
consentimento por escrito do apenado; documentos comprobatórios da nacionalidade ou da
residência; cópia da decisão condenatória; certidão de trânsito em julgado; certidão que conste a
duração da pena restante a cumprir; textos legais brasileiros aplicáveis ao delito; atestado de
conduta carcerária e outros elementos de interesse para o cumprimento da pena.
Transferência Ativa
A transferência ativa ocorre quando a pessoa condenada pela Justiça do Estado estrangeiro
solicitar ou concordar com a transferência para o País, por possuir nacionalidade brasileira ou
residência habitual ou vínculo pessoal no território nacional, para cumprir o restante da pena.
É instruída com: consentimento por escrito do apenado; informação sobre o local mais
próximo ao seu meio social e familiar; cópia da decisão condenatória; certidão de trânsito em
julgado; certidão que conste a duração da pena restante a cumprir; textos legais do Estado
remetente aplicáveis ao delito; atestado de conduta carcerária e outros elementos de interesse para
o cumprimento da pena previstos em tratado.
Natureza Jurídica
1. Tratado de Extradição
2. Promessa de Reciprocidade
Ato pelo qual um Estado que requer a extradição se compromete a dar tratamento análogo
a uma situação posterior semelhante àquela a qual se efetuou o pedido de extradição. A promessa
de extradição é feita de caso a caso e opera em sentido estrito, podendo ser acatada ou rejeito pelo
poder competente. Caso rejeitada, não se admitirá possibilidade de interposição de Ação de
Responsabilidade Internacional.
A Lei de Migração instituiu, todavia, dispositivo pelo qual em havendo previsão no tratado
de extradição de regras referentes à preferência no pedido de extradição, essas prevalecerão sobre
às estabelecidas pela própria lei:
Art. 85. Quando mais de um Estado requerer a extradição da mesma pessoa, pelo
mesmo fato, terá preferência o pedido daquele em cujo território a infração foi cometida.
§ 3º Havendo tratado com algum dos Estados requerentes, prevalecerão suas normas
no que diz respeito à preferência de que trata este artigo (v.g. Tratado de Extradição
Brasil-Espanha)
Princípios fundamentais
O não cumprimento desse princípio resultou ainda no Caso Habre (CIJ, Bélgica v. Senegal,
2009). Em sua decisão, a Corte afirmou que competia ao Senegal a obrigação de processar ou
extraditar. Caso contrário, recairá em violação às disposições para a punição e prevenção da tortura,
devendo imediatamente submeter Habre ao juízo das autoridades competentes ou extraditá-lo.
b) Dupla incriminação:
Nesse sentido, o crime objeto do pedido de extradição deverá estar previsto na legislação
dos dois Estados, isto é, somente há extradição para o julgamento dos delitos que assim forem
considerados como correspondentes no país extraditando. A correspondência não está relacionada
à denominação do delito ou à sua pena, mas às suas características, estando previsto da seguinte
forma:
c) Ne bis in idem:
Não ocorrerá a extradição de pessoa por crime que já tiver sido julgada por tribunal
nacional e considerada culpada ou inocente, bem como já tenha cumprido pena no estado passivo
por decisão transitada em julgada, como podemos identificar no seguinte tratado:
Classificações
Ativa (sob o ponto de vista do autor): a extradição ativa ocorre quando o Estado
brasileiro requer a Estado Estrangeiro a entrega de pessoa sobre quem recaia condenação criminal
definitiva ou para fins de instrução de processo penal em curso.
Processual: tem como objetivo processar o indivíduo no Estado que requer a extradição;
enquanto a Executiva visa o cumprimento da pena pelo extraditando. Nesse sentido, Rezek
afirma que, em sua maioria, as extradições deferidas pelo BR enquadram-se no modelo instrutório,
caso em que a lei exige a prisão do extraditando autorizada por juiz, tribunal ou autoridade
competente do Estado requerente.
De fato: ocorre a entrega informal da pessoa foragida (comum na polícia entre fronteiras).
De direito: realizada conforme à norma jurídica previamente estabelecidas por um tratado ou
promessa de reciprocidade.
Regras Processuais
Admite-se a extensão do princípio da jurisdição territorial desde que ele esteja previsto
quando da celebração do tratado de extradição e atenda a requisitos específicos.
- Preferência
Quando mais de um Estado requer a extradição de uma mesma pessoa pelo mesmo fato
terá preferência o pedido daquele em cujo território o delito foi cometido.
Nos casos de crimes diversos praticados em diversos Estados e, tendo sido respeitada a
regra da territorialidade, todos são aptos para pedir a extradição. Assim, resolve a Lei de Migração,
estabelecendo que, nesses casos, tem preferência, em ordem sequencial:
O pedido do Estado em que houver sido cometido o delito mais grave. Caso tenham o
mesmo nível de gravidade, tem preferência o Estado que tiver feito primeiro o pedido de
extradição. Caso sejam simultâneas, verifica-se a nacionalidade do extraditando, tendo preferência
o Estado de sua nacionalidade. Caso não possua nacionalidade ou possua múltiplas, o critério é
seu domicílio. Veja-se:
Art. 85. Quando mais de um Estado requerer a extradição da mesma pessoa, pelo
mesmo fato, terá preferência o pedido daquele em cujo território a infração foi cometida.
I - o Estado requerente em cujo território tenha sido cometido o crime mais grave,
segundo a lei brasileira;
§ 2º Nos casos não previstos nesta Lei, o órgão competente do Poder Executivo decidirá
sobre a preferência do pedido, priorizando o Estado requerente que mantiver tratado
de extradição com o Brasil.
Contudo, essa regra geral padece pela regra especial prevista no §3º do mesmo dispositivo,
prevalecendo as regras estabelecidas pelo tratado do Brasil com o estado requerente se assim o
tratado dispuser (como é o caso Brasil-Espanha):
§ 3º Havendo tratado com algum dos Estados requerentes, prevalecerão suas normas
no que diz respeito à preferência de que trata este artigo.
- Admissibilidade
Deve-se verificar, inicialmente, em qual sistema jurídico foi praticado o delito. Para o civil
law, em geral, são passíveis de extradição os crimes com penas superiores a um ano, com a exceção
brasileira consubstancia na Lei de Migração, no art. 85, IV, que exige pena de prisão superior a
dois anos.
Para o common law, todos os crimes passíveis de extradição estão numerados no corpo do
texto ou em um anexo do tratado de extradição ou promessa de reciprocidade.
- Inadimissibilidade
Comentado [NGA1]: Ou naturalizado, caso a prática de
delito tenha se dado antes da sua naturalização ou tratar-se de
Dispostas no art. 82 da Lei de Migração, que, conjugada com diversas normas, inclusive envolvimento em prática de tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins.
constitucionais, não admite a extradição, caso:
Nesse sentido, tal regra que é a prática geral de boa parte dos
Estados da Sociedade Internacional tem sido alterada no
Art. 82. Não se concederá a extradição quando: sentido de sua admissão quando houver reciprocidade.
V - o extraditando estiver respondendo a processo Litispendência ou já houver sido Tratado de Extradição Brasil-Israel numerou em seu art. 5º,
condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato em que se fundar o pedido Non II, uma série de delitos que não são considerados crimes
políticos e pelo qual ambos os Estados tem a obrigação de
bis in idem – coisa julgada; extraditar por força de tratado multilateral:
VI - a punibilidade estiver extinta pela prescrição, segundo a lei brasileira ou a do - homicídio doloso/culposo
-lesão corporal grave
Estado requerente – Extinção de Punibilidade; - cárcere privado, rapto ou sequestro
- estupro ou outros crimes violentos e coercitivos de natureza
VII - o fato constituir crime político ou de opinião; sexual
- posse de arma, substâncias explosivas ou destrutivas e a
utilização delas com a intenção de ameaçar a vida humana e
VIII - o extraditando tiver de responder, no Estado requerente, perante tribunal ou causar sérios danos à propriedade
juízo de exceção; ou - danos à propriedade com a intenção de pôr vidas em perigo.
Instaurado por escrito e por via diplomática (ou por agente consular, por exceção)
A extradição ativa ocorre quando o Estado brasileiro requer a Estado Estrangeiro a entrega
de pessoa sobre quem recaia condenação criminal definitiva ou para fins de instrução de processo
penal em curso.
Pedido de Extradição
- Indeferimento
No caso de se tratar de pessoa condenada, a parte requerida poderá, se permitido por suas
leis, executar, de acordo com elas, a condenação e a pena impostas à pessoa na parte requerente.
- Deferimento
Caso não se proceda dessa forma, será o extraditando posto em liberdade e o Brasil, na
condição de país requerido, não será obrigado a detê-lo novamente em razão de sua extradição.
Elabora-se um múltiplo compromisso que poderá ser assumido pelo Chefe da Nação
diplomática do Estado requerente junto ao Chefe do Estado requerido. Tal instrumento conterá
cláusulas que reafirmam os princípios relativos à extradição, expressos no art. 96 da Lei de
Migração: irretroatividade + especialidade, detração, converter pena de morte ou prisão perpétua
em PPL com prazo máximo de 30 anos, vedar a reextradição, não considerar motivo político para
agravar a pena e não submeter o extraditando à tortura.
Quando o extraditando tiver sendo processado ou tiver sido condenado no Brasil por
crime punível com pena privativa de liberdade, a extradição será executada somente depois da
conclusão do processo ou do cumprimento da pena, ressalvadas as hipóteses de liberação
antecipada pelo PJ e de determinação de transferência do apenado.
Não poderá ser feito novo pedido de extradição da pessoa, caso se altere norma interna
que tenha impossibilitado a assinatura do múltiplo compromisso, quando da concessão da
extradição.