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Universidade Lúrio
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Nome˸ Denise Nelson Meque Resumo Teorias das organizações internacionais A sociedade internacional está modelada sob a égide dos Estados soberanos desde meados do século XVII, Estados que atingiram seu apogeu no século XIX e por algum momento foram condenados ao desaparecimento. Contudo, os Estados foram se reinventando e resistindo e na metade do século XX receberam uma nova forma de associação que iria cumprir uma função fundamental no desenvolvimento das relações humanas. Nascem as Organizações Internacionais como as conhecemos hoje, provenientes da vontade dos Estados, mas com personalidade própria que vai além deles. Nascidas para serem palco internacional de diálogo e construção de tratados multilaterais, onde interesses políticos podem ser transpostos e refrescados pela vontade de um maior número de sujeitos, onde o direito internacional é planejado, discutido e produzido. Definição As organizações internacionais são associações voluntárias de Estados que podem ser definidas da seguinte forma: trata-se de uma sociedade entre Estados, constituída através de um Tratado, com a finalidade de buscar interesses comuns através de uma permanente cooperação entre seus membros. O artigo 2º, e 6º, da Carta das Nações Unidas, ressalta o voluntarismo desta participação, pois a ONU não pode impor sua autoridade a um Estado que não a compõe. Desta perceção decorre uma definição distinta das organizações internacionais. Assim sendo, estas seriam uma associação voluntária entre Estados, constituída através de um tratado que prevê um aparelhamento institucional permanente. Além disso, ela é dotada de uma personalidade jurídica distinta dos Estados que a compõem, com o objetivo de buscar interesses comuns, através da cooperação entre seus membros. 2.2. Elementos Constitutivos a). Os membros de uma organização internacional são os Estados; portanto, etimologicamente, poderíamos identificar uma organização internacional como sendo uma organização intraestatal. Este elemento descarta, por conseguinte, as organizações internacionais de cunho privado ou aquelas que concedam igual condição jurídica a membros públicos e privados. Isso não quer dizer que as organizações intraestatais não venham a acolher instituições privadas como conselheiras ou consultoras. b) A constituição de uma organização internacional é feita através de um tratado, ou seja, um acordo firmado entre os Estados segundo as normas do direito internacional. Portanto, elas são de origem clássica que se inspira no Direito dos Tratados. As exceções são encontradas no caso da União Europeia, que deu nascimento a um direito próprio comunitário e as organizações de integração econômica criadoras de um Direito da Integração. c) O tratado firmado entre os Estados-Membros equivale também à constituição da organização internacional. Por essa razão, o texto que dá origem à organização é denominado tratado constitutivo. Nele se encontram os objetivos e os instrumentos previstos para alcançá-los. Caso os meios previstos se mostrem insuficientes, inadequados ou desatualizados para que sejam concretizados os objetivos definidos nos tratados constitutivos, é aplicado o princípio da capacidade implícita que dispõe a OI. d) A existência de uma organização internacional implica o estabelecimento de órgãos permanentes. Mesmo que a direção dos trabalhos da OI possa ser exercida através do sistema de rodízio entre os Estados-Membros caso do MERCOSUL existe um corpus funcional e uma estrutura de permanente de poder, amplo ou reduzido, a serviço da instituição. e) As organizações internacionais devem ser consideradas como sujeitos mediatos, ou seja, secundários da ordem jurídica internacional a sua personalidade jurídica internacional é condição delegada pelos Estados-Membros. Isso significa dizer que ao contrário dos Estados que nascem a partir do momento do preenchimento de certos requisitos, tanto o surgimento quanto o desaparecimento de uma OI está a depender de uma vontade externa à sua, qual seja, à vontade dos Estados-Membros. f). Uma organização internacional pressupõe a existência de objetivos de interesse comum entre os Estados-Membros. Por conseguinte, as OI exercem uma função de cooperação intraestatal que pode ser operacionalizada basicamente de duas maneiras: (a) por um lado, deixando intacta a estrutura da sociedade internacional composta por Estados soberanos (organizações de cooperação) ou (b) buscando aproximar os Estados que dela fazem parte, exercendo em seu nome certas funções delegadas (organizações de integração). g) Os Estados criam ou associam-se livremente às organizações internacionais. Portanto, eles o fazem numa expressão de vontade própria de origem nacional. A base voluntarista das OI decorre, igualmente, do fato que toda organização repousa sobre um tratado. Mesmo quando uma OI nasce de uma resolução adotada em uma conferência internacional caso da OPEP tal resolução deve ser entendida como um acordo em forma simplificada que possui o valor de um tratado. h) Os Estados-Membros de uma OI, além das desigualdades material e objetiva que os caracterizam, podem ser considerados titulares de direitos e deveres diferenciados na condição de integrantes do coletivo. i) Os Estados fundadores das OI são definidos como membros originários, e os demais, membros ordinários ou associados.
2.4. Origem Histórica
Há dois pressupostos básicos para que exista uma sociedade internacional organizada nos moldes da atual: por um lado, a presença de múltiplos Estados que são os sujeitos desta sociedade e, por outro, que estes Estados se considerem reciprocamente em igualdade de condições jurídicas, ou seja, que exista um respeito mútuo entre eles. A sociedade clássica internacional vem se desenvolvendo ao longo da história humana.1 Contudo, para efeitos deste verbete interpretaremos a sociedade Internacional e sua evolução a partir do evento da Paz de Vestfália (1648). Os tratados de Vestfália reconheciam o princípio de soberania como princípio de independência dos Estados Europeus entre si e de outro e qualquer poder que lhe fosse superior.2 Assim, declarava- se o início da Sociedade Internacional dos Estados como únicos sujeitos de Direito Internacional. Só no século XX, apesar de existirem organizações anteriores registradas, foi que a sociedade de Estados entendeu a necessidade da criação das Organizações Internacionais e o proveito que elas poderiam trazer. A Primeira Grande Guerra foi fundamental nesta interpretação das Organizações e a Segunda Grande Guerra trouxe a consolidação deste tema.Os Estados resguardavam suas versões soberanas, entretanto abririam a possibilidade de organizações autônomas que derivariam da vontade estatal. As organizações funcionariam como polos de discussões multilaterais e facilitariam o diálogo, muitas vezes inexiste entre alguns Estados. O cerne central das organizações varia da ambiciosa obtenção e sustentação da paz, no caso da ONU, até a crédula UPU que almeja a organização da correspondência internacional. As organizações internacionais, de forma serena, foram delineando seu valor dentro da Sociedade Internacional, sem a pretensão de se tornar um poder superior, mas sempre com a capacidade de auxiliar e muitas vezes resolver questões. Desta forma em 1986, através da Convenção de Viena, foram reconhecidas com sujeitos plenos de Direito Internacional. A classificação segundo a natureza A forma mais simples de identificar as organizações internacionais implica o delineamento de dois propósitos distintos. Por um lado, as organizações que perseguem objetivos políticos e, por outro, as organizações que objetivam a cooperação técnica. As primeiras enfrentam questões essencialmente conflituosas, e as segundas trabalham com assuntos vinculados à cooperação funcional. As organizações internacionais de natureza política podem pretender congregar a totalidade do mundo, como, por exemplo, a Liga das Nações ou a ONU, ou somente parte deste, caso da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da União Africana (UA). seu traço fundamental prende-se ao caráter político-diplomático de suas atividades. Seu objetivo primeiro é a manutenção da paz e da segurança internacionais de alcance universal ou regional. As organizações internacionais de natureza política exercem sua influência sobre questões vitais dos Estados-Membros, como por exemplo, a soberania e a independência nacional. Sua forma de ação é essencialmente preventiva. As organizações de cooperação técnica, denominadas também de organizações especializadas, descartam, em princípio, a interferência em assuntos de natureza política e restringem-se unicamente a aproximar posições e tomar iniciativas conjuntas em áreas específicas. Estas são delineadas pela natureza dos problemas que só podem ser enfrentados com a ação do coletivo internacional. Trata-se, por exemplo, do combate às epidemias (Organização Mundial da Saúde – OMS), a busca de melhoria da produtividade agrícola (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura – FAO), a divulgação do conhecimento científico, educacional e cultural (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO) ou ainda a introdução de standards mínimos no mundo do trabalho (Organização Internacional do Trabalho – OIT). A classificação segundo suas funções Na classificação das organizações internacionais segundo suas funções, ou seja, as que decorrem dos objetivos, inclusive implícitos, de seu ato constitutivo, e dos instrumentos utilizados para alcançá-los, são identificadas as organizações que não recebem delegação de competência ou de poderes dos Estados-Membros. Elas também são denominadas organizações internacionais de concertação e tentam regular a sociedade internacional através de quatro formas distintas. a) Há, em primeiro lugar, aquelas que se esforçam para aproximar posições dos países membros, tais como a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o Conselho da Europa. Para tanto, utilizam-se exclusivamente da diplomacia parlamentar. b) Em segundo lugar, as organizações internacionais que congregam esforços para adotar normas comuns de comportamento de seus membros. Isto ocorre basicamente na área de direitos humanos, questões trabalhistas ou de saúde pública internacional. c) As organizações podem ser vinculadas a uma ação operacional, quando há urgência em solucionar crises nacionais ou internacionais oriundas de catástrofes naturais, conflitos internacionais, guerras civis e pesquisa conjunta em áreas de interesse dos países membros, como, por exemplo, na área nuclear. d) Finalmente, existem as organizações internacionais de gestão, que prestam serviços aos Estados-Membros, particularmente no campo da cooperação financeira e do desenvolvimento(Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID, Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento – BIRD e Fundo Monetário Internacional – FMI).
A classificação segundo a estrutura do poder
Segundo a estrutura, as organizações internacionais devem ser classificadas com base na forma de tomada de decisão. Ou seja, é necessário distinguir com clareza como o poder decisório é repartido entre os membros. O princípio da unanimidade apresenta uma grande vantagem e um nítido inconveniente. A vantagem prende-se à legitimidade da decisão, que garante boas possibilidades de eficácia, na medida em que inexiste, presumidamente, oposição ou obstáculo à execução daquilo que foi unanimemente decidido. A unanimidade fracionada, através da qual concluem-se acordos parciais – vinculando apenas os Estados que votaram favoravelmente a determinada decisão, eximindo assim os demais membros da organização de seu cumprimento. unanimidade limitada pratica-se especialmente no Conselho de Segurança da ONU, na medida em que os membros permanentes desta instância dispõem na prática de um direito de veto a qualquer decisão. A unanimidade formal, por sua vez, tem como objetivo impedir a paralisia que poderia decorrer da abstenção reiterada por alguns membros. b) Maioria O sistema de decisão por maioria pode ser quantitativo, qualitativo ou misto. A maioria quantitativa, modelo clássico nas organizações internacionais, considera cada Estado como um voto. Nestas circunstâncias, pode estipular diversos quoruns, seja a chamada maioria simples, de 50% mais um dos membros, ou a qualificada, de dois terços ou três quartos. Obviamente, o tratado pode prever diferente quorum para cada tipo de tema a ser enfrentada. Personalidade jurídica das organizações internacionais Os Estados são os criadores das organizações internacionais, cujo nascimento expressa uma vontade estatal coletiva, portanto de caráter internacional. Esta vontade representa o encontro de interesses e aspirações da comunidade de Estados que compõem a organização. Personalidade segundo o Dicionário Priberam significa individualidade consciente. Assim, quando atribuímos uma qualidade humana a uma instituição jurídica queremos garantir um amplo entendimento, sugerindo uma aproximação com a nossa realidade humana. Nominar a personalidade jurídica autônoma de uma organização internacional é sedimentar seu afastamento da figura de seus criadores, os Estados. Quando constituída a organização internacional ganha vida própria, de forma autônoma e não soberana, a organização passa a desenvolver seus próprios propósitos e atribuições, independente daqueles que lhe deram vida. As organizações internacionais se tornam estáveis com a promulgação de seu tratado constitutivo, ganhando autonomia de manifestação. A possibilidade de assinar tratados e pode de legação. Assim como na persona latina, cria-se um ser, independente e responsável por seus atos e responsabilizado pelos demais seres.
A composição das organizações não é estática, havendo a
possibilidade de acréscimo de Estados participante e a denúncia por parte de alguns. Mas a organização segue seu rumo, buscando sempre alcançar seus objetivos. Além disso, organizações internacionais têm uma estrutura orgânica estável. Possuindo sede própria, órgãos próprios, autonomia e uma estrutura complexa.
A sede própria terá seu acordo especial, um acordo de sede. Ela se
localizará fisicamente dentro do espaço territorial de um Estado, mas terá uma independência internacional, sendo responsável por seu espaço e funcionários.
Obrigação estatal internacional de instituir políticas públicas ambientais: uma análise pontual sobre as estratégias voltadas a pôr fim ao uso insustentável dos recursos hídricos