Achados Oftalmológicos em Covid

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

MATHEUS CIESLAK ROQUE

ACHADOS OFTALMOLÓGICOS EM PACIENTES COM COVID-19:


REVISÃO DA LITERATURA

CURITIBA

2021
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MATHEUS CIESLAK ROQUE

ACHADOS OFTALMOLÓGICOS EM PACIENTES COM COVID-19:


REVISÃO DE LITERATURA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Curso de Especialização em Oftalmologia da
Universidade Federal do Paraná como requisito à
obtenção do título de especialista em Oftalmologia.

Orientador(a): Prof(a). Dra. Isis Vieira Lobão

CURITIBA
2021
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RESUMO

Introdução: Em dezembro de 2019 foi descoberta a transmissão de um novo


coronavírus (SARS-CoV-2), identificado em Wuhan, na China, e causou a COVID-19, uma
doença que apresenta um espectro clínico variando de infecções assintomáticas, ou a
quadros graves que podem levar a óbito. De acordo com a Organização Mundial de
Saúde, a maioria (cerca de 80%) dos pacientes com COVID-19 podem ser assintomáticos
ou oligossintomáticos, e aproximadamente 20% dos casos detectados requer
atendimento hospitalar por apresentarem dificuldade respiratória, dos quais
aproximadamente 5% podem necessitar de suporte ventilatório.
No entanto, não há relatos na literatura médica neste momento, ao nosso
conhecimento, que identificam uma relação direta entre o SARS-CoV-2 e o olho. Os
pesquisadores não relatam anormalidades oculares nem foram declaradas na literatura
médica se houveram quadros de conjuntivite ou presença viral detectada nas lágrimas,
relativamente à porcentagem de pacientes com COVID-19. O presente estudo faz uma
revisão sistemática, cujo objetivo é demonstrar achados, riscos de exposição e, sinais e
sintomas apresentados por pacientes com COVID-19 em diversos centros médicos no
mundo. Metodologia: revisão bibliográfica sistemática, utilizando artigos da base de
dados Pubmed, dentro dos critérios do trabalho. Resultados: selecionados 6 artigos
publicados em 2020, que abordam o tema COVID-19 e Oftalmologia de alguma forma.
Foi demonstrado alguma relação entre pacientes graves terem maior chance de cursar
com conjuntivites. Também exposto a presença de SARS-CoV-2 no ambiente do
consultório após visita de pacientes contaminados.
Conclusão: a relação direta entre COVID-19 ainda não está totalmente estabelecida,
porém não é possível descartar a forma de contágio via ocular, visto a presença de dados
que comprovam alguma relação dos achados de conjuntivite e diagnóstico de COVID-
19.

Palavras-chave: Conjuntivite. COVID-19. SARS-CoV-2. Oftalmologia.


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ABSTRACT

Introduction: In December 2019, the transmission of a new coronavirus (SARS-CoV-2),


identified in Wuhan, China, was discovered and caused COVID-19, a disease that has a
clinical spectrum ranging from asymptomatic infections, or severe conditions that can
lead to death. According to the World Health Organization, the majority (about 80%) of
patients with COVID-19 can be asymptomatic or oligosymptomatic, and approximately
20% of the detected cases require hospital care because they have difficulty breathing,
of which approximately 5% can need ventilatory support.
However, there are no reports in the medical literature at this time, to our knowledge,
that identify a direct relationship between SARS-CoV-2 and the eye. The researchers
did not report ocular abnormalities nor were they reported in the medical literature if
there were conjunctivitis or viral presence detected in tears, in relation to the
percentage of patients with COVID-19. The present study is a systematic review, whose
objective is to demonstrate findings, risks of exposure and signs and symptoms
presented by patients with COVID-19 in different medical centers worldwide.
Methodology: systematic bibliographic review, using articles from the Pubmed
database, within the criteria of the work.
Results: 6 articles published in 2020 were selected, addressing the theme COVID-19
and Ophthalmology in some way. Some relationship has been demonstrated between
critically ill patients who are more likely to have conjunctivitis. Also exposed to the
presence of SARS-CoV-2 in the office environment after visiting contaminated patients.
Conclusion: The direct relationship between COVID-19 is not yet fully established, but
it is not possible to rule out the form of contagion via the eye, given the presence of
data that prove some relationship between the findings of conjunctivitis and the
diagnosis of COVID-19.

Keywords: Conjunctivitis. COVID-19. SARS-CoV-2. Ophthalmology.


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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO........................................................................................6
2. METODOLOGIA.....................................................................................7
3. RESULTADOS.........................................................................................7
4. DISCUSSÃO...........................................................................................8
5. CONCLUSÃO.........................................................................................9
6. REFERÊNCIAS......................................................................................10
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INTRODUÇÃO

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo


agente do coronavírus (nCoV-2019) foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados
na China.

Os primeiros coronavírus humanos foram identificados em meados da década de


1960. A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida,
sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do
vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E
e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.
Durante a avaliação do paciente oftalmológico, foi buscado encontrar sinais e
sintomas oftalmológicos para auxílio diagnóstico, e tratamento de possíveis
complicações, bem como apresentar o risco de exposição ao vírus, no consultório, do
paciente e do profissional de saúde.
Em relação a evidência da presença de vírus em tecidos oculares, a via nasal é a rota
mais comum de entrada do SARS-CoV-2. Para facilitar a entrada na célula, a proteína
Spike (S) do SARS-CoV-2 se liga ao receptor ACE2 e é preparada por proteases como a
TMPRSS2 e a afinidade da ligação determina a carga viral e a gravidade da doença. No
olho, ACE2 e TMPRSS2 se localizam no epitélio corneano. A conjuntivite é uma
manifestação rara e a transmissão através de secreções oculares também é baixa. Foram
descritos casos descobertos a partir de pacientes com conjuntivite e casos em que a
conjuntivite é o único sinal da doença.
Inicialmente, Hasan e colaboradores estudaram a presença de material viral no
consultório oftalmológico, provindo de pacientes com sintomas respiratórios graves da
SARS-CoV-2. Foi reportado que 31 pessoas entraram no consultório médico, das quais
22 passaram por exame oftalmológico e 9 as acompanhavam. A média de tempo da
consulta variou de 5-13 minutos, e foram coletadas 7 amostras para exame, após a
consulta. Duas das 7 amostras coletadas após a consulta apresentaram positividade para
COVID-19, o que mostra a possibilidade de exposição no consultório oftalmológico em
pacientes com risco de portarem COVID-19.
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METODOLOGIA

Foi realizada revisão bibliográfica utilizando a base de dados PubMed e Cochrane


no mês de novembro de 2020, utilizando 6 artigos conforme os critérios de inclusão: (1)
pacientes examinados portavam covid; (2) pacientes portavam sintomas de covid. A
análise dos resultados foi elaborada através de tabelas pelo programa Excel e Word. Os
autores declaram não haver conflitos de interesse.

RESULTADOS

Wu e colaboradores (2020) examinaram a conjuntiva de 38 pacientes


hospitalizados em na província de Hubei, na China. Foi encontrado quadros de
conjuntivite em 12 (32%) pacientes, e era mais prevalente nos pacientes mais graves;
foi realizado swab da conjuntiva dos pacientes, sendo detectado vírus em 2 dos 11
pacientes testados.

Adicionalmente, em 2020, Xia e colaboradores realizaram um estudo


prospectivo intervencionista com 30 pacientes que apresentaram pneumonia
confirmadamente por coronavírus. Sendo coletadas lágrimas e secreções conjuntivais
para PCR. Foi reportada presença de SARS-CoV-2 em pacientes com conjuntivite, porém
nenhum vírus foi detectado em pacientes sem conjuntivite.

Um ponto a ser considerado no tocante ao COVID, é a necessidade de uso de


barreiras para evitar a propagação de gotículas e aerossóis no ambiente que
frequentamos. Com isso, Zeng W, Wang X, Li J e colaboradores estudaram 276 pacientes
com confirmação laboratorial de COVID e admitidos a um hospital, aos quais foi
perguntado a quantidade de pessoas que usavam óculos por mais de 8 horas ao dia. Foi
reportado que a minoria das pessoas tinha este hábito, e questiona-se a eficácia dos
óculos ou outras barreiras como o faceshield, na prevenção de contágio da COVID-19.
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Em fevereiro de 2020, Ping Wu e colaboradores analisaram 38 pacientes com


COVID-19, dos quais 28 (73,7%) dos pacientes realizaram PCR de swabs de nasofaringe
e tiveram resultados positivos. Destes, 2 (5,2%) tiveram conjuntamente, achados de
SARS-CoV-2 em secreções conjuntivais.
Doze dos 38 pacientes tiveram manifestações oculares que consistiam em
hiperemias conjuntivais, quemose, epífora e aumento de secreções oculares, sendo 4
casos moderados, 2 severos, e 6 casos críticos, graduados com o protocolo do PC-NCP

DISCUSSÃO
Apesar de resultados pouco conclusivos, podemos pensar que a lágrima e as
secreções podem não ser uma rota usual de transmissão, visto que a maioria dos
pacientes não apresenta conjuntivite. Porém, por necessidade de maiores
esclarecimentos em futuros testes, não podemos descartar a conjuntivite como um dos
sintomas de COVID, principalmente se acompanhado de outros sintomas respiratórios.
A presença de material viral positiva nos testes de Hasan e colaboradores nos
leva a atentar quanto à presença do vírus em nosso consultório, e quais medidas devem
ou podem ser realizadas para minimizar contato e contágio dentro do consultório
oftalmológico.
Mesmo não tendo extensão tão grande quanto os faceshields, os óculos podem
prover certa barreira ao contágio com o SARS-CoV-2, similarmente ao que faz a máscara
com as vias aéreas.
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CONCLUSÃO

Apesar da falta de uma relação direta ou uma base de dados grande o suficiente
para definirmos a relação entre secreções conjuntivais, e transmissão ocular, com a
gravidade ou o contágio de SARS-CoV-2 e COVID-19, devemos como oftalmologistas,
cuidar para evitarmos o contágio entre pacientes, devido à exposição acentuada do vírus
em ambientes de consultório, e a alta transmissão interpessoal deste.
Devemos também levar em consideração o diagnóstico de conjuntivite,
principalmente se associado a quadros gripais e respiratórios, como fator preditor das
infecções da COVID-19.
Também não comprovado, mas digno de atenção devido à suposta proteção
mecânica que traria, o uso de óculos pode ser um fator protetivo no combate à
exposição ao SARS-CoV-2
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REFERÊNCIAS

Wu P, Duan F, Luo C, et al. Characteristics of ocular findings of patients with coronavirus


disease 2019 (COVID-19) in Hubei province, China. JAMA Ophthalmol. Published online
March 31, 2020.
doi: 10.1001/jamaophthalmol.2020.1294

Xia J, Tong J, Liu M, et al. Evaluation of coronavírus in tears and conjunctival secretions
of patients with SARS CoV2 infection. J MedVirol.2020.
doi.org/10.1002/jmv.25725

Detection of Coronavirus Disease 2019 Viral Material on Environmental Surfaces of an


Ophthalmology Examination Room. Hasan Aytoğan, MD; Emre Ayintap, MD; Nisel
Özkalay Yılmaz, MD.
doi:10.1001/jamaophthalmol.2020.3154

ZengW,Wang X, Li J, et al. Association of daily wear of eyeglasses and susceptibility to


coronavírus disease 2019 infection. Published online September 11, 2020. JAMA
Ophthalmol.
doi:10.1001/jamaophthalmol.2020.3909

Characteristics of Ocular Findings of Patients With Coronavirus Disease 2019 (COVID-19)


in Hubei Province, China PingWu, MD; Fang Duan, MD; Chunhua Luo, MD; Qiang Liu,
MD; Xingguang Qu, MD; Liang Liang, MD; KailiWu,MD. JAMA Ophthalmol.
doi:10.1001/jamaophthalmol.2020.1291

National Health Commission of the People’s Republic of China. The guideline on


diagnosis and treatment of the novel coronavirus pneumonia (NCP): revised version of
the 5th edition.
http://www.nhc.gov.cn/xcs/zhengcwj/202002/d4b895337e19445f8d728fcaf1e3e13a.s
html

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