Rota6 - Língua Portuguesa

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NEAD – Núcleo de Educação a Distância

ROTAS DE APRENDIZAGEM

LÍNGUA PORTUGUESA I AULA

Onde Chegar
• Elencar os objetivos da Unidade Temática
06
• Trabalhar em tópicos não numerados

A estrutura da sentença
Os complementos

• O foco desta Rota de Aprendizagem vai se dar nos complementos do verbo e do nome.
Para isso vamos retomar os três tipos de predicado, o verbal, o nominal e o verbo-
nominal e vamos discutir como cada tipo se estrutura em sua complementaridade.
Vamos também verificar que existem complementos nominais, ou seja, substantivos,
adjetivos e advérbios também podem exigir complementos. Para trabalharmos essa ideia
de exigência, vamos começar com o conceito de estrutura argumental das categorias
lexicais.

• conceituar, exemplificar, definir, refletir, analisar

O que Aprender
• Estrutura argumental
Verbos transitivos e intransitivos
Objeto direto e indireto
Predicativo do sujeito e do objeto
Complemento nominal

Língua Portuguesa I | A estrutura da sentença – 0s complementos | Aula 06


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Para começar nosso estudo sobre complementos, vamos discutir sobre um


conceito que a gramática gerativa foi buscar na filosofia, a noção de predicados e
argumentos. Para a gramática tradicional, o predicado é o sintagma que atribui uma
propriedade ao sujeito. O predicado é constituído por um elemento predicador, que tem
a capacidade de selecionar complementos, que também compõem o predicado. A
gramática gerativa, porém, vai usar uma noção diferente de predicado. Vamos discutir
um pouco sobre essa noção porque ela nos faz entender melhor como se formam os
complementos verbais e nominais.

Vamos analisar as sentenças abaixo e observar como os verbos de cada uma se


diferenciam um do outro.

• Choveu.
• O menino caiu.
• O gato comeu a carne.
• A menina deu uma maçã para a professora.

Vejam que cada um dos verbos tem exigências diferentes para compor a sua
cena, ou seja, o seu significado. Quando usamos o verbo chover, sozinho o verbo
compõe a cena de chuva. Ao usar o verbo cair, precisamos de algo ou alguém que
caia para a cena se consumar, o menino. Já o verbo comer precisa de dois elementos,
um que tenha um sistema digestivo, o gato, e algo que possa ser ingerido, a carne. O
verbo dar, por sua vez, requer três participantes na cena, alguém para entregar algo,
a menina, um objeto a ser entregue, uma maçã, e alguém para receber o objeto, a
professora. Podemos, então, pensar nos verbos como tendo lugares a serem
preenchidos para completar seu sentido.

• Ø Choveu Ø.
• [ ] caiu Ø.
• [ ] comeu [ ].
• [ ] deu [ ] [ ] .

O verbo chover não tem nenhum lugar a ser preenchido, ele se basta. O verbo
cair requer que apenas um lugar seja preenchido, o elemento na posição de sujeito.
O verbo comer tem dois lugares a serem preenchidos, o de sujeito e o de objeto, o
verbo dar, três lugares, sujeito e dois objetos. Os verbos, fazendo essas exigências,
atuam como predicados e os elementos exigidos por ele são os argumentos.

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Segundo Negrão et al. (2005), “todas as categorias lexicais – nomes, verbos,


adjetivos, advérbios e, também, as preposições – podem ser consideradas
predicados”. As mesmas autoras afirmam que: “Predicados são itens capazes de
impor condições sobre os elementos que com eles compõem o constituinte do qual
são núcleos. Argumentos, por outro lado, são os itens que satisfazem as exigências
de combinação dos predicados” (NEGRÃO ET AL, 2005, P. 100).

Desenvolvimento
A partir dessa introdução, vamos então começar a falar de complementos. Primeiro,
vamos falar da formação dos complementos verbais e, depois, dos complementos nominais,
com a terminologia da gramática tradicional, mas tendo em mente a noção da estrutura
argumental explicada na introdução.

Todos os verbos utilizados nos exemplos acima são chamados por Gavioli-Prestes e
Legroski (2015) de verbos plenos em oposição aos verbos de ligação. Os verbos plenos são
verbos que possuem algum significado real e, geralmente junto com sujeito e complemento,
estabelecem uma cena na mente dos interlocutores. A presença ou não do complemento
depende da estrutura argumental do verbo. Essa exigência vai estar diretamente relacionada
com a transitividade do verbo.

O predicado verbal se forma com verbos intransitivos ou transitivos, ou seja, com os


verbos plenos. De acordo com a estrutura argumental, os verbos se dividem em:

- Verbos intransitivos – exigem como argumento apenas o sujeito (que pode ser
inexistente, oculto, indeterminado, simples ou composto).

- Verbos transitivos – exigem dois ou três argumentos – o sujeito e o(s)


complemento(s). Esses complementos podem ser o objeto direto ou o objeto indireto.

Os verbos podem ser, então, intransitivos ou transitivos e os verbos transitivos


podem ser transitivos diretos, transitivos indiretos ou transitivos diretos e indiretos
(bitransitivos). Os complementos do verbo, por sua vez, são o objeto direto e o objeto indireto
e são os elementos integrantes, pois fazem parte da ideia que é representada. Veja os
exemplos:

- Objeto direto – O menino comeu bolachas.


- Objeto indireto – O menino gosta de bolachas.
- Objeto direto e objeto indireto – O marido deu flores para a esposa.
Quando falamos do sujeito, afirmamos que para se saber qual é o sujeito da frase,
perguntamos ao verbo QUEM/O QUE FEZ? lembram-se?

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• Quem comeu bolachas? - O menino; quem gosta de bolachas? - O menino; quem


deu flores? – O marido.
E o objeto? Como fazemos para descobri-lo? Também perguntamos ao verbo, mas de forma
diferente, com o verbo antes: FEZ O QUÊ/QUEM?
• comeu o quê? – bolachas; gosta de quê? – de bolachas; deu o quê – flores; deu para
quem – para a esposa.
O predicado nominal é formado por um verbo de ligação mais um predicativo. Os
principais verbos de ligação são ser e estar. Veja que esses verbos não têm um significado
propriamente dito, funcionam apenas como um elo entre o sujeito e o predicativo. Vamos a
alguns exemplos.

• Aquela professora é muito calma.


• Joana está contente.
Além de ser e estar, existem outros verbos de ligação: parecer, ficar, permanecer,
continuar, virar, andar, tornar-se, etc.

• A mãe ficou zangada.


• O professor parece cansado.
• Ela se tornou vingativa.
Verbo de ligação: Diferente dos verbos plenos, indicam estado e ligam o sujeito a uma
característica. Também é chamado de verbo nocional ou verbo copulativo. Ao constituinte
que define uma “característica” chamamos de predicativo.

Predicativo é aquele termo que caracteriza o sujeito.

• Você é uma boa mãe.


• Ela não está feliz.
• Ando meio desligada.
• O diretor se tornou um ditador.

O predicado verbo-nominal – Vimos que o predicado verbal tem como núcleo um


verbo transitivo ou intransitivo e que o predicado nominal se constitui de um verbo de ligação
mais um predicativo como núcleo.

• A menina caminhava.
• A menina estava nervosa.

O predicado verbo-nominal se forma com dois núcleos: um verbo pleno e um


predicativo.

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• A menina caminhava nervosa.


• O rapaz saiu cabisbaixo.

O predicativo também pode ser do objeto, se o verbo for transitivo.

• Desta vez ela escreveu uma carta excelente.


• As crianças deixaram o pai muito zangado.

Complemento nominal – é um argumento do nome, ou seja, satisfaz a exigência do


nome para completar seu significado. O sintagma preposicional também pode ser um
complemento do nome, ou seja, um complemento nominal.

• A destruição da cidade apareceu em todos os noticiários. – SP


• Eu não a vi no lançamento do livro. – SP

Vá mais longe
• Capítulos Norteadores: Capítulos 3, 4 e 5 (seção 5.1) - LEMES, A.; BEM, I. V.;
COSTA, T. M. S.; CORREA, V. L. Língua Portuguesa – elementos essenciais e
acessórios para análise sintática. Curitiba: InterSaberes, 2013.
- Seção 2.2.2 – GAVIOLI-PRESTES, C. M.; LEGROSKI, M. C. Introdução à sintaxe e
à semântica da língua portuguesa. Curitiba: InterSaberes, 2015.

Agora é sua vez!


Interação

Gavioli-Prestes e Legroski (2015, p.51) na seção sobre Atividades de aprendizagem


lançam uma pergunta muito interessante sobre o ensino da língua portuguesa na
escola, perguntando ao final qual é a sua opinião. Lanço essa questão para nossa
discussão.

Atividade

Abaixo há o trecho da música “Você é linda” de Caetano Veloso. Indique qual é o


predicado das sentenças grifadas.

Você é linda (1) Esta canção é só pra dizer


E sabe viver E diz
Você me faz feliz (2) Você é linda

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Mais que demais Onda do mar do amor


Você é linda sim Que bateu em mim (3)

( ) Predicado Verbal ( ) Predicado Nominal ( ) Predicado Verbo-nominal


Resposta: (3) – (1) – (2)

Em Você é linda, temos um verbo de ligação como um elo entre o sujeito você e o seu
predicativo, linda, portanto, um predicado nominal. Em Você me faz feliz, temos o verbo
transitivo fazer, me, como objeto direto e feliz, como predicativo do objeto. Nesse caso,
o predicado, com seus dois núcleos, é verbo-nominal. E em que bateu em mim, o verbo
bater é transitivo indireto, quem bate, bate em alguém, sendo mim objeto indireto.
Assim, temos um predicado verbal.

Referências
• CAETANO VELOSO. Uns. Produtor: Caetano Veloso. Rio de Janeiro:
PolyGram, 1989. Compact disc. Digital áudio.
• GAVIOLI-PRESTES, C. M.; LEGROSKI, M. C. Introdução à sintaxe e à
semântica da língua portuguesa. Curitiba: InterSaberes, 2015.
• LEMES, A.; BEM, I. V.; COSTA, T. M. S.; CORREA, V. L. Língua Portuguesa
– elementos essenciais e acessórios para análise sintática. Curitiba:
InterSaberes, 2013.
• NEGRÃO, V. N.; SCHER, A. P.; VIOTTI, E. C. Sintaxe: explorando a
estrutura da sentença. IN; FIORIN, J. L. Introdução à Linguística. II.
Princípios de análise. São Paulo: Contexto, 2005.

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