Aula 04 Sala de Aula - Estacio
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Apresentação
Nesta aula, analisaremos visão tradicional do predicado (o predicado verbal, o predicado nominal e o predicado verbo-
nominal). Estudaremos também as noções de verbos predicadores e verbos instrumentais e sua contribuição a uma nova
visão da análise sintática. A partir dessas noções iniciais, observaremos a transitividade verbal e alguns dos termos da
oração. Retomando a noção de sintagma estudada em nossas aulas 1 e 2, ainda trataremos do objeto direto e do objeto
indireto.
Objetivos
Diferenciar os tipos de predicado do ponto de vista tradicional;
1 2
Predicado verbo-nominal
Cada um desses tipos é classificado de acordo com as características dos verbos que os
compõem.
Vale lembrar, com base nas palavras de Azeredo (2002: &317), que o verbo é o eixo estrutural da oração e, portanto, a garantia
formal da existência de predicação.
Predicado verbo-nominal - Quando é formado por verbo transitivo ou intransitivo + predicativo do sujeito ou do objeto.
Atenção
Vamos dar mais ênfase à predicação em si do que a essa classificação, pois podemos considerar que ela é mais didática do que
funcional.
Atividade
Agora que já conhecemos a classificação do predicado, analise as afirmativas a seguir e marque verdadeiro ou falso :
I – A frase “Os professores chegaram” é composta por sujeito simples e predicado verbal. (V)
II – A frase “Os professores chegaram” é composta por sujeito simples e predicado verbo nominal.
III – A frase “Professores e alunos estão atrasados” é composta por sujeito simples e predicado verbal.
IV – A frase “Professores e alunos estão atrasados” é composta por sujeito composto e predicado nominal. (V)
V – A frase “A aluna fez todas as atividades cansada” é composta por sujeito simples e predicado verbo nominal. (V)
O verbo é um elemento que se apresenta como a classe gramatical que, na frase, realiza a predicação, certo? Ele também é
uma classe variável, indicadora de tempo, aspecto, modo, voz, número e pessoa. Por isso, é possível afirmar que a predicação
pode carregar em sua composição todas essas informações, quando produzimos uma sentença como a seguinte:
Atenção
Fica claro também que essa ação foi começada e encerrada em um tempo anterior àquele em que a sentença foi dita, apontando
para mais de uma pessoa verbal, em razão da forma verbal estar na terceira pessoa do plural do pretérito perfeito. Dessa forma,
tornam-se imprescindível ao estudo do predicado considerações a respeito dos verbos e seu comportamento sintático-
semântico.
Ainda a respeito dessa classe gramatical tão importante à predicação, Azeredo (2002, itens 356-358) afirma que há dois tipos
de verbos, são eles:
Verbos predicadores
São verbos que fazem exigência quanto à espécie de sujeito da respectiva oração. Há duas subclasses de verbos
predicadores: Transitivos e Intransitivos.
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Verbos instrumentais
São verbos que não fazem exigência quanto à espécie de sujeito da respectiva oração e obrigatoriamente
introduzem: Predicadores verbais (infinitivo, gerúndio e particípio); Predicadores não verbais (SN, SAdj, SAdv, SPrep).
Por sua natureza, os verbos instrumentais são verbos auxiliares e de ligação. Todas as tentativas de análise ressaltam a
relevância do papel dos verbos no processo de predicação.
Se você se lembrar das famosas aulas de análise sintática dos ensinos fundamental e médio, certamente vai resgatar de sua
memória a imagem do professor dizendo: “Para achar o sujeito e o predicado é preciso encontrar o verbo primeiro”. Agora,
podemos entender a razão desse comentário.
Exemplo
Quando estudamos verbo na escola, era comum ouvir o professor dizendo: “Quem come, come alguma coisa”, “Quem gosta,
gosta de” e assim por diante, não é mesmo?
Ele fazia isso para verificar os complementos verbais, já que a resposta a essas reflexões indicavam a necessidade ou não a
preposição quando se analisava a regência verbal. Mas que complementos verbais são esses?
Objeto Direto
Trata-se, no período simples, de um sintagma nominal que funciona como argumento do verbo transitivo direto. Devemos
lembrar que o objeto direto pode ser substituído pelos pronomes clíticos: o, a, os, as.
"se o verbo aceita sujeito e objeto direto, o primeiro precede o verbo e o segundo ocorre após o verbo.“
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Entretanto, isso nos faz pensar na possibilidade da ordem direta na Língua Portuguesa.
"O complemento direto se distingue do sujeito por vir á direita do verbo [...]. Assim, a troca de posição destes dois
termos (sujeito e objeto direto) na oração está circunscrita aos casos em que dela não resulte ambiguidade ou ruído
de comunicação, principalmente no texto escrito."
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Isso significa que utilizar a ordem inversa entre sujeito e objeto direto só deve ocorrer em casos em que a troca não
provoque ambiguidade.
Exemplos
Vejamos as frases a seguir:
Levando em consideração o aspecto semântico da predicação, podemos verificar as relações de sentido estabelecidas entre o
objeto direto e o sujeito. Azeredo (2000:180) fornece-nos nove tipos:
8. Verbos de vontade, emoção, sentimento: sentir, ter (nojo, piedade), querer etc.
Atividade
Leia o parágrafo a seguir:
“Os Estados Unidos defenderam O ACORDO DE COOPERAÇÃO MILITAR COM A COLOMBIA. O objetivo é usar até sete bases
militares desse país e o porta-voz do departamento de Estado afirma que o acordo diz respeito somente aos dois países
envolvidos.”
(Coluna “Volta ao mundo”, Jornal do Brasil, 15/08/2009, p. A22).
a) Predicativo do sujeito
b) Agente da passiva
c) Objeto direto
d) Objeto indireto
e) Sujeito
Exemplo
Vejamos agora alguns exemplos de objeto direto preposicionado.
Estimo aos meus mestres. (O emprego da preposição após a forma verbal "estimo" não é exigido, mas é utilizado como uma
ênfase)
Amar a Deus. (O complemento do verbo "amar" não precisa ser introduzido por preposição, mas o uso da preposição "a" indica
uma reverência em relação a quem a ação se dirige)
Assim se chama o complemento que, acompanhado de uma expressão qualificativa, serve para repetir a ideia expressa pelo
verbo (este geralmente é verbo intransitivo):
A repetição da ideia expressa pelo verbo se faz através de complemento da mesma família de palavras ou da mesma esfera de
significação:
Objeto indireto
O objeto indireto é o complemento do verbo transitivo indireto. Ele é o termo que completa um VTI com mediação de uma
preposição. Como vimos em nossas aulas de Análise Sintática no ensino médio, para reconhecer o objeto indireto e perceber
qual é a preposição adequada, basta perguntar depois do verbo:
QUEM ou QUE?
Atenção
Tanto Bechara (2000) quanto Azeredo (2010) afirmam haver diferença entre o objeto indireto e o complemento relativo. Para
esses autores, o objeto indireto é o complemento verbal ligado somente pela preposição a e, raramente, por para. Segundo essa
visão dos complementos verbais, o objeto indireto aponta para um ser animado e que se beneficia pela experiência comunicada
pelo verbo + argumento (cf. BECHARA, 2000:421).
Ainda de acordo com Bechara (2000:421-422), o objeto indireto apresenta algumas características formais:
Complemento relativo
Rocha Lima já trata de complemento relativo na década de 1970.
ele “[...] é o complemento que, ligado ao verbo por uma preposição determinada (a, com, de, em, etc.), integra, com o valor de
objeto direto, a predicação de um verbo de significação relativa.”
O complemento relativo possui similaridades tanto com o objeto direto como com objeto indireto.
Vejamos as razões:
Originalmente, o complemento relativo é, assim como o objeto indireto, ligado ao verbo por uma preposição.
Todavia, o complemento relativo possui duas diferenças básicas, que veremos a seguir.
São elas:
1. Não pode ser substituído por lhe/lhes, pois somente o objeto direto o faz. Deve ser substituído por preposição. + outro
pronome que não lhe/lhes;
2. Pode, via de regra, perder sua preposição, por ser semanticamente esvaziada, como ocorre, na língua falada, com os verbos
assistir, obedecer, atender etc.
Além disso, enquanto o objeto indireto aponta para seres animados, exclusivamente, o complemento relativo aponta para seres
tanto animados quanto inanimados, vejamos alguns exemplos de complemento relativo:
Isso depende dos documentos. / Isso depende deles.
Bechara (2000:420) afirma, ainda, que é quase nula a possibilidade de o complemento relativo e o objeto direto coexistirem e,
por outro lado, há uma identidade funcional entre eles, uma vez que, principalmente na linguagem corrente, muitos verbos
estão alternando a construção do complemento relativo e a do objeto direto. Já segundo Azeredo (2010:217), isso ocorre por
conta do esvaziamento semântico dessas preposições na predicação em questão, veja:
Não podemos nos esquecer dos verbos tradicionalmente chamados nas gramáticas escolares de bitransitivos ou transitivos
direto e indireto. Todavia, poderíamos afirmar que tratam-se daqueles verbos que exigem dupla argumentação, ou dois
complementos, um que não exige preposição e outro que a exige.
É exatamente em razão dessa noção que Azeredo (2010) nos confronta com os seguintes verbos:
(Objeto direto ) Demos a vaga ao estrangeiro. - objeto indireto, uma vez que atende aos pré-requisitos já aqui abordados para o
objeto indireto.
Confundimos a nora (Objeto direto ) com a filha (complemento relativo, uma vez que atende aos pré-requisitos já aqui
abordados para o complemente relativo.).
• Verbos birrelativos.
Reclamamos do garoto complemento relativo.(Reclamamos DELE com os pais) com os pais complemento relativo.
(Reclamamos do garoto COM ELES).
O objeto pleonástico
Há casos na língua em que precisamos dar ênfase a determinados argumentos. Por causa dessa necessidade, a gramática
classificou outro tipo de complemento verbal: o objeto pleonástico.
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Objeto indireto pleonástico
Ocorre quando o objeto indireto aparece duplamente na oração para se dar ênfase à ideia. Ex.: Aos noivos, desejemos a
eles muita felicidade.
Atenção
Uma observação importante decorre do fato de que, geralmente, o objeto pleonástico aparece em virtude de ênfase e em orações
na ordem inversa, com o objeto topicalizado, tamanha sua importância naquela predicação.
Referências
AZEREDO, José Carlos. Fundamentos da gramática do português. 2ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2002.
PERINI, Mario A. Para uma nova gramática do português. 11ª ed. São Paulo: Ática, 2007.
SAUTCHUK, Inêz. Prática de morfossintaxe: como e por que aprender análise (morfo) sintática. Barueri, SP: Manole, 2004.
Próxima aula
O complemento relativo;
Agente da passiva;
Explore mais
AZEREDO, José Carlos de. Iniciação a sintaxe do português. 8ª ed. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2001.
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37ª ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Lucerna, 2001.
CASTILHO, Ataliba T. de. Nova gramática do português brasileiro. São Paulo: Contexto, 2010.
HENRIQUES, Cláudio Cezar. Sintaxe: estudos descritivos da frase para o texto. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
VIEIRA, Silvia Rodrigues; BRANDÃO, Silvia Rodrigues (Orgs.). Ensino de gramática: descrição e uso. São Paulo: Contexto, 2009.