CURSO 2 em 1 Estudo Do Predicado
CURSO 2 em 1 Estudo Do Predicado
CURSO 2 em 1 Estudo Do Predicado
Antes de classificar o PREDICADO, faz-se necessário - antes de começar o estudo propriamente desse termo
- analisar a sintaxe de alguns termos que são fundamentais para a competente classificação desse predicado.
Convém analisar inicialmente um dos tópicos fundamentais em sintaxe: a transitividade ou a predicação
verbal.
Transitar significa literalmente passar adiante, ir e vir, deslocar-se. Para a Gramática Normativa, o “passar
adiante” significa a necessidade de um verbo ou de um nome exigir um complemento, uma complementação.
Aqui nos deteremos na análise e na classificação dos verbos quanto à necessidade ou não de algum
complemento. Se o verbo não necessita de complemento, diz-se que ele é de predicação completa, caso
contrário será classificado como de predicação incompleta.
VERBOS TRANSITIVOS
São aqueles que precisam de um termo que os complemente para que o sentido se perfaça, para que a
compreensão da estrutura seja possível. Dividem-se em:
Transitivos diretos: são os verbos que exigem termo complementar sem a obrigatoriedade de uma preposição
necessária, ou seja, pedem um complemento desprovido de preposição. O complemento desses verbos
denomina-se “objeto direto”.
Exemplos:
Nunca mais ele angariou fundos para aquela ONG. (“Fundos” é o objeto direto)
Muitas lojas do centro da cidade vão baratear os preços neste final de semana. (Observe que o verbo
“baratear” está como verbo principal em uma locução verbal.)
Nunca mais eles viram os quadros a óleo que compraram na Europa.
(Observe que os dois verbos são transitivos diretos. O objeto direto do verbo “comprar” é o pronome relativo
“que”).
Se não houver outras razões mais consistentes, eles substituirão os contratos.
BIZU FEROZ
Você deve ter muito cuidado ao classificar os verbos. Há muitas confusões. Uma das mais recorrente é a
famosa perguntinha “o quê?”. Infelizmente, muitas vezes, é-nos ensinado que, todas as vezes que fazemos a
pergunta “o quê?” ao verbo, este verbo será “transitivo direto”. Fique alerta, fique atento, para que você não
tome um sujeito por um objeto direto.
Observe:
VERBOS INTRANSITIVOS
São todos os verbos que, sozinhos, são capazes de transmitir a noção predicativa. Em outras palavras, são
verbos que dispensam uma complementação.
Exemplos:
No último encontro, ocorreram fatos dignos de notícia. (O termo “fatos dignos de notícia” é o sujeito.)
A chuva estiou na região sul.
O imigrante se dirigiu à embaixada dos Estados Unidos. (Observe que o termo “à embaixada dos Estados
Unidos” representa o lugar para onde ele se dirigiu, portanto é um “adjunto adverbial de lugar”.)
Quando nervoso, ele cospe compulsivamente.
Cessaram de uma vez por todas as dores que ele sentia pela manhã. (O termo “dores” é o núcleo do sujeito.
Não há complemento para o verbo.)
Eclodiu nova crise no mundo.
Se perguntarmos “o quê?” ao verbo “eclodir”, teremos a “falsa” resposta de que o termo “nova crise no mundo”
é o objeto direto. Logo, classificaríamos o verbo “eclodir” como “transitivo direto”. Ledo engano!! Na realidade,
o termo “nova crise no mundo” é o sujeito para o verbo “eclodir”, que, neste caso, é intransitivo. Veja outros
exemplos:
TRANSITIVOS INDIRETOS
São os verbos que exigem termo complementar regido (introduzido) por uma preposição necessária,
obrigatória. O complemento desses verbos é denominado de “objeto indireto”.
Exemplos:
São verbos que exigem dois tipos de complemento: um sem a preposição e outro com o auxílio de uma
preposição. São denominados também de “biobjetivos” ou “bitransitivos”.
Exemplos:
VERBOS DE LIGAÇÃO
Denominados também de “verbos copulativos” ou “verbos de relação”, são aqueles que, desprovidos de
significação, servem como “ponte” entre o sujeito e uma determinada qualidade, denominada de “predicativo”.
Outros podem funcionar como verbos de ligação desde que apareçam como elos entre um sujeito e uma
qualidade.
BIZU FEROZ
a) Não se esqueça de que o estudo da predicação verbal está ligado ao estudo da regência verbal. E, como
a regência depende do contexto, a classificação de um verbo como transitivo ou intransitivo depende da
função que ele está exercendo dentro da estrutura oracional. Observe:
b) Há verbos transitivos diretos que reclamam além do objeto direto um qualificador para esse objeto, ou seja,
há verbos transitivos diretos que exigem um predicativo para o seu objeto. Tais verbos são denominados de
“transobjetivos”. Veja:
O juiz julgou o réu culpado. ⇨ “JULGAR” é um “transobjetivo”, pois é um transitivo direto que exige um objeto
direto acompanhado de um predicativo que, no caso, é o termo “culpado”.
Muitos o crime. (V. “Considerar” é um transobjetivo).
PREDICATIVO
O PREDICATIVO DO SUJEITO
É o termo que transmite para o sujeito um estado, um atributo, um modo de ser por meio de um verbo de
ligação explícito ou implícito. Veja os exemplos abaixo:
BIZU FEROZ
1) O predicativo do sujeito pode vir preposicionado: A taça é de cristal. / Estou sem medo. / Continuamos com
sono. / A distância é de vinte quilômetros?
2) O predicativo do sujeito pode modificar um sujeito oracional: É primordial que aprendamos gramática.
3) Em orações sem sujeito com o verbo ser, existe predicativo do sujeito! É assim que sustenta a tradição
gramatical, Consoante o que diz a NGB, o gramático Luiz Antonio Sacconi reitera: “Nas orações Era primavera
e Estava frio, o predicado é nominal, já que nelas existem verbos de ligação, cujos predicativos são primavera
e frio.”.
4) O predicativo do sujeito pode ser representado por um pronome demonstrativo o: Ele não é feliz, mas ela
o é. (... ela é feliz).
5) Existe predicativo do sujeito pleonástico, ou seja, um predicativo do sujeito que retoma um predicativo do
sujeito já existente na oração. Veja:
“Orgulhoso, ele sempre o foi.”. O “o” (demonstrativo) é um predicativo do sujeito pleonástico, pois já existe um
predicativo do sujeito, a saber: orgulhoso.
6) Pelo mesmo princípio de tipos de sujeitos, por inferência, notamos que há predicativo simples, composto,
implícito (só contextualmente) e oracional.
Basta ficarmos de olho no(s) núcleo(s). Essas nomenclaturas não caem em prova, meu objetivo é apenas
ilustrar um fato linguístico.
Sou estudioso. (simples: um núcleo)
Sou rico e bonito. (composto: mais de um núcleo)
“Você é feliz?” “Sou.” (oculto: = Sou (feliz))
O fato é que o assunto me intriga. (o predicativo do sujeito é oracional, pois apresenta um verbo em sua
constituição)
PREDICATIVO DO OBJETO
Normalmente é uma característica dada pelo sujeito ao objeto; enfim, é um termo sintático que modifica o
objeto.
É bom dizer que há predicativo do objeto direto normalmente com os verbos transobjetivos (julgar, chamar,
nomear, eleger, proclamar, designar, considerar, declarar, adotar, tornar, encontrar, deixar, achar...), os quais
indicam opinião ou designação e normalmente exigem um objeto seguido de um predicativo do objeto.
Note que predicativo do objeto é uma característica atribuída, e não inerente ao ser.
1) Na passagem de voz ativa para passiva, o predicativo do objeto vira predicativo do sujeito: Todos
consideramos a prova difícil. (voz ativa) / A prova foi considerada difícil por todos. (voz passiva).
2) Pode haver predicativo do objeto referente a uma oração objetiva direta (objeto direto oracional): Eu
considero válido que você arrume um emprego. O que é considerado válido pelo sujeito? Isto: “que você
arrume um emprego”, complemento (objeto direto) do verbo considerar. Veja outro exemplo:
Essa agilidade teve como objetivo exclusivo (predicativo do objeto direto oracional) permitir-nos decidir o que
merecia a nossa atenção (= Isto; objeto direto oracional). Ou seja: “Essa agilidade teve isto como objetivo
exclusivo”. O como é uma preposição acidental.
“O predicado é a soma de todos os termos da oração, exceto o sujeito e o vocativo. É tudo o que se declara
na oração referindo-se ao sujeito (quando há sujeito). Sempre apresenta um verbo.”
TIPOS DE PREDICADO
2) Verbal: expressa ideia de ação/movimento e tem como núcleo um verbo; constituído de qualquer verbo,
exceto o de ligação; não há predicativo algum.
– Meus alunos não estão em sala de aula. (verbo intransitivo)
– Devido ao frio, tivemos de nos agasalhar até o conserto do aquecedor.¹ (verbo transitivo direto)
– Houve esquema de compra de votos segundo o relator da CPI.² (verbo transitivo direto)
– Todos nós visamos a uma carreira estável. (verbo transitivo indireto)
– O rapaz informou sua classificação ao mestre. (verbo transitivo direto e indireto)
¹ Tudo é o predicado; o sujeito está oculto (nós).
² Oração sem sujeito: tudo é o predicado.
3) Verbo-nominal: é a mistura dos dois anteriores; composto de um verbo qualquer que não seja de ligação
+ um predicativo (do sujeito ou do objeto).
– A relação do casal, inicialmente caótica, amadureceu.
– O povo reelegerá Dilma presidenta daqui a poucos anos?
– Nós nos aliamos a ele desconfiados.
– Emocionados, convidaram o professor para a despedida.¹
– Como professor, tive de fornecer um vultoso material aos alunos.²
¹ Tudo é o predicado; o sujeito está indeterminado.
² Tudo é o predicado; o sujeito está oculto (eu).
Obs.: A ordem do predicativo do sujeito pode mudar a predicação verbal: O entrevistado ficou calado na sala
de espera. (verbo de ligação) / O entrevistado ficou na sala de espera calado. (verbo intransitivo).
Último adendo (só para eu poder dormir tranquilo): Dentro da classificação de termos essenciais, integrantes
e acessórios da oração, os predicativos do sujeito e do objeto são termos essenciais no que diz respeito à
formação dos predicados nominal e verbo-nominal.
ATENÇÃO:
Predicado com dois complementos preposicionados.
Complemento Nominal
Agente da Passiva
Termo que indica quem pratica a ação sofrida pelo verbo da voz passiva analítica.
01 (UM-SP)
“– Muito bom dia, senhora,
que na janela está;
sabe dizer se é possível
algum trabalho encontrar?”
(João Cabral de Melo Neto)
02 (PUC-SP) No trecho: “Se eu convencesse Madalena de que ela não tem razão... Se lhe explicasse que
é necessário vivermos em paz...” os verbos destacados são respectivamente:
(A) transitivo direto, transitivo indireto, transitivo direto, transitivo indireto.
(B) transitivo direto e indireto, transitivo direto, transitivo direto e indireto, intransitivo.
(C) transitivo indireto, transitivo direto, transitivo direto, intransitivo.
(D) transitivo direto e indireto, transitivo direto, intransitivo, transitivo indireto.
(E) transitivo direto, transitivo direto, intransitivo, intransitivo.
05 (IME) Numa oração do tipo “As meninas assistiram alegres ao espetáculo”, pode-se dizer que temos:
(A) um predicado verbal.
(B) um predicado verbo-nominal.
(C) um predicado nominal.
(D) um verbo transitivo direto e um predicativo do sujeito
(E) um verbo transitivo indireto e um predicativo do objeto.
7 (EEAR) Na oração Aurélia surgiu linda e radiante no baile da corte, podemos afirmar que:
I. o predicado é verbo-nominal.
II. o predicado é nominal.
III. o verbo surgir é intransitivo.
IV. o verbo surgir é transitivo indireto.
Estão corretas apenas as alternativas
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) II e IV.
(D) III e IV.
8 (EEAR) Leia:
Na planície avermelhada, os juazeiros formavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o
dia inteiro famintos e já consideravam aterrorizante o local.
No texto acima, classificam-se, respectivamente, como predicativo do sujeito e predicativo do objeto os
termos:
(A) verdes – inteiro.
(B) infelizes – famintos.
(C) famintos – aterrorizante.
(D) avermelhada – infelizes.
9 (EEAR) Assinale a alternativa em que o termo destacado não se classifica como predicativo do objeto.
(A) As vítimas julgaram-no demasiado agressivo.
(B) Nós só ouvíamos os rapazes chamarem-lhe ladrão.
(C) Uns a nomearam primavera.
(D) A água do rio Tietê foi considerada poluída.
10 (EEAR) Observe:
“O meu olhar azul como o céu
É calmo como a água ao sol.
É assim, azul e calmo,
Porque não interroga nem se espanta.”
No texto acima, há respectivamente predicado:
(A) nominal, apenas.
(B) nominal e verbal.
(C) verbal e verbo-nominal.
(D) verbal, apenas.