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Atualização

Gramatical

Aula 5

Concordância verbal

Amélia Lopes Dias de Araújo


Compreender as relações de
Meta concordância entre o sujeito e o verbo e
identificar as regras de concordância
verbal.

Ao final da aula, você será capaz de:


1. Identificar as formas nominais do verbo;

2. Diferenciar locução verbal de tempo


composto;

3. Reconhecer as formas de colocação dos


termos na frase;

Objetivos 4. Compreender o efeito gramatical das


inversões na ordem das frases;

5. Identificar o sujeito da oração;

6. Distinguir as regras de concordância


que se aplicam ao sujeito simples das que
se aplicam ao sujeito composto;

7. Reconhecer as regras de concordância


que se aplicam ao verbo no infinitivo.
sUMÁRIO
Introdução................................................................................................................................4
5.1 Colocação dos termos na oração..........................................................................5
5.2 Identificação do sujeito..............................................................................................6
5.2.1 A inversão do sujeito................................................................................................7
5.2.2 Verbos com sujeito posposto.............................................................................7
5.3 Estudo do verbo.............................................................................................................8
5.3.1 Formas nominais do verbo....................................................................................8
5.3.1.1 Emprego do infinitivo.............................................................................................9
5.3.2 Locução verbal...........................................................................................................10
5.3.3 Tempo composto.......................................................................................................11
5.3.4 Vozes verbais...............................................................................................................12
5.3.5 Voz passiva analítica...............................................................................................13
5.3.6 Voz passiva sintética ou pronominal...............................................................13
5.4 Concordância com o sujeito simples..................................................................14
5.5 Sujeito composto..........................................................................................................21
5.6 Verbos impessoais.......................................................................................................26
5.7 Concordância do verbo ser......................................................................................27
5.8 Concordância do infinitivo.......................................................................................30
5.9 Sujeito oracional............................................................................................................34
Conclusão.................................................................................................................................35
Referências..............................................................................................................................36
aula 5 Concordância verbal

Introdução

As Mariposa

As mariposa quando chega o frio


Fica dando vorta em vorta da
lâmpida pra si isquentá.

Elas roda, roda, roda e dispois se


senta em cima do prato da lâmpida
pra descansá
[Adoniram Barbosa.]

Famoso compositor e sambista paulista, Adoniram Barbosa retratou em suas músicas


a vida e o modo de falar dos moradores de bairros humildes de São Paulo. Em suas letras, o
linguajar simples e com erros gramaticais expõe de forma poética o sofrimento de operários,
favelados e imigrantes e enseja a reflexão sobre a exclusão social.
Felizmente ao poeta é permitida a licença gramatical, capaz de expor, sem freios e
com delicada engenharia linguística, sua visão de mundo. A nós, simples mortais, erros
gramaticais, em especial os de concordância verbal e nominal, não são permitidos. Vamos
ao estudo, então.
Concordância verbal é o princípio gramatical segundo o qual o verbo altera sua forma
para se ajustar ao sujeito da oração. De acordo com essa relação, verbo e sujeito concordam
em número e pessoa. Para efetuarmos essas flexões do verbo, é necessário observar dois
aspectos:
• A classificação do sujeito;
• A regra de concordância para esse tipo de sujeito.

Antes de iniciarmos o estudo da concordância verbal, é necessário rever os conceitos


relacionados aos dois elementos envolvidos diretamente no mecanismo de concordância:
o sujeito e o verbo. Começaremos com a colocação dos termos na oração, em seguida a
identificação do sujeito e, por último, o estudo do verbo. Esses assuntos não são, certamente,
novidades para você, mas a importância deles para a boa redação justifica que os estudemos
mais uma vez.

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aula 5 Concordância verbal

5.1 Colocação dos termos na oração

Na Língua Portuguesa, a disposição dos termos na oração acontece de acordo com


sua função sintática. Em razão disso, os termos podem ser colocados em ordem direta ou
em ordem indireta. Vamos conhecer as possibilidades de colocação dos termos na oração.

Ordem direta

Os termos da oração organizam-se numa sequência natural. Na língua portuguesa,


essa sequência é: sujeito + verbo + complementos + adjuntos adverbiais. Dispostos dessa
maneira, dizemos que os termos estão na ordem direta.

A comissão indeferiu o pedido ontem.


sujeito verbo compl. verbal adj. adverbial

Ordem indireta

A frase estará na ordem indireta quando a disposição de seus termos for diferente da
prevista na ordem direta. Os termos mudam de lugar e podem aparecer nas mais variadas
posições:

Ontem a comissão indeferiu o pedido.


adj. adv. sujeito verbo compl. verbal

A ordem indireta constitui recurso expressivo para enfatizar algum termo da oração.
Em se tratando da concordância verbal, a disposição dos elementos da frase em
ordem direta ou em ordem indireta não é capaz de alterar a regra geral. Em ordem direta ou
em ordem indireta, as regras de concordância aplicam-se da mesma forma. Esse alerta é
necessário, pois é muito comum que, ao se distanciar o sujeito do seu verbo, muitos deixem
de flexionar o verbo, o que constitui erro. Assim, não se esqueça, não perca o sujeito de
vista.

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5.2 Identificação do sujeito

O sujeito é o termo (palavra ou conjunto de palavras) da oração sobre o qual se declara


algo. Sua correta identificação é pré-requisito para o estudo da concordância e da pontuação.
Para identificar o sujeito, basta perguntar ao verbo “quem ou o quê” executou a ação
verbal. A resposta completa é o sujeito. Apresentamos a seguir uma sequência de passos
que nos permite identificar o sujeito e o predicado da oração:
1°) Encontre o verbo da oração;

2°) Faça a pergunta (o que ou quem) antes do verbo. Cuidado! Observe a correta
posição da pergunta: antes do verbo.

3°) A resposta inteira é o sujeito da oração.

4°) Encontrar o núcleo do sujeito: a palavra diretamente relacionada ao verbo.

A que faz a ação verbal. Atenção: o núcleo do sujeito não pode ser preposicionado.

5°) Destaque o sujeito da oração, o que restou é o predicado.

Observe a frase a seguir:

o quê?

A leitura de livros é uma atividade cultural importante.

verbo

Aplicando os passos temos:

• Verbo ser: é
• Pergunta ao verbo: O que é uma atividade cultural importante?
• Resposta: a leitura de livros.
• Sujeito: a leitura de livros
• Núcleo do sujeito: leitura
• Predicado: é uma atividade cultural importante

Como você pode ver, a resposta inteira nos dá como resultado o sujeito da oração com
todos os seus elementos, o núcleo e os adjuntos adnominais. O verbo, no entanto, concorda
apenas com o núcleo do sujeito.

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O núcleo é a palavra mais importante do sujeito. É o seu centro e está diretamente


relacionado com o verbo. Em geral, o núcleo é um substantivo. As outras palavras gravitam
em torno dele e são, por isso, chamadas de adjuntos. São os artigos, pronomes, adjetivos,
numerais.
É preciso lembrar que o núcleo (palavra principal) do sujeito não pode ser regido de
preposição. No sujeito “a leitura de livros”, o núcleo é o substantivo leitura. A palavra livros
não poderia exercer essa função, pois está precedida de preposição.

5.2.1 A inversão do sujeito

Como vimos no item 5.1, os termos da oração aparecem tanto em ordem direta quanto
em ordem indireta. Essa dupla possibilidade pode causar dificuldade na correta identificação
do sujeito, por isso é importante sempre rastreá-lo na frase para evitar erros de concordância
ou de emprego da vírgula. Observe a frase abaixo:

No ano passado, tiveram início as audiências públicas.

Note que o sujeito da oração (as audiências públicas) está após o verbo. Nessa posição,
é muito frequente confundi-lo com os complementos e daí errar na concordância. Observe
mais frases em que o sujeito (em negrito) aparece deslocado:

Foram anunciados os nomes que compõem o novo governo.


Ficaram provadas as tentativas de compra de voto.
Frequentemente acontecem impactos econômicos negativos.

5.2.2 Verbos com sujeito posposto

Há uma série de verbos cujos sujeitos aparecem frequentemente deslocados, ou seja,


após o verbo. São eles: existir, ocorrer, acontecer, faltar, restar, sobrar, bastar, caber.
Dessa forma, é comum que aconteçam erros de concordância. Lembre-se de que, ao
escrever, é fundamental identificar o sujeito da oração, pois o verbo deverá concordar com
ele, esteja em que posição estiver.
Vejamos alguns exemplos a seguir, o sujeito está em negrito:

Faltam decisões judiciais autorizativas de importação.


Existem decisões irrepreensíveis.
Sobraram três depoentes.
Não ocorreram quaisquer causas de interrupção da prescrição.

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5.3 Estudo do verbo

Verbo é a palavra que indica ação, estado ou fenômenos da natureza. Do ponto de vista
morfológico, o verbo flexiona-se para indicar pessoa (1ª, 2ª ou 3ª pessoa), número (singular
ou plural), tempo (presente, pretérito, futuro), modo (indicativo, subjuntivo e imperativo), voz
(ativa ou passiva). Observe no quadrinho a seguir como o verbo muda suas desinências para
indicar a pessoa que pratica ação:

Fonte: http://clubedamafalda.blogspot.com.br/

5.3.1 Formas nominais do verbo

Não apresentam flexão de tempo e modo, perdendo, dessa forma, as características


exclusivas do verbo. Essas palavras recebem a denominação de formas nominais, visto que
desempenham funções próprias dos nomes (substantivo, adjetivo e advérbio).
a) infinitivo: indica o processo verbal de forma vaga e imprecisa, sem situá-lo no
tempo; desempenha, assim, função semelhante à do substantivo. O infinitivo apresenta-se
com as terminações -ar, -er, -ir.

Recordar é viver.
Dormir faz bem para a saúde.

O infinitivo pode apresentar flexão de pessoa, originando duas formas: o infinitivo


impessoal (não se flexiona) e o infinitivo pessoal (flexionado).

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5.3.1.1 Emprego do infinitivo

• Infinitivo Impessoal - emprega-se:


✓ quando não estiver se referindo a sujeito algum.

É preciso sair.

✓ na função de complemento nominal (virá regido de preposição):

Esses exercícios eram fáceis de resolver.

✓ quando faz parte de uma locução verbal:

Eles deviam ir ao cinema.

• Infinitivo pessoal - emprega-se:


✓ quando tiver sujeito próprio (expresso ou implícito), diferente do sujeito da oração
principal.

O remédio era ficarmos em casa.


O costume é os jovens falarem e os velhos ouvirem.

No primeiro exemplo, o sujeito do infinitivo ficarmos é o pronome nós (implícito), o da


oração principal é o remédio. No segundo, os sujeitos dos verbos infinitivos falarem e ouvirem
estão expressos (os jovens e os velhos) e são diferentes do sujeito da oração principal (o
costume).

b) particípio: indica uma ação já acabada. Pode também desempenhar a função de


adjetivo. O particípio apresenta-se em sua forma regular (com as terminações –ado e –ido)
ou irregular (terminações diversas).
O particípio flexiona-se em gênero e número, concordando com o substantivo a que
se refere:

Preservada a natureza, sobreviveremos.


Preservado o meio ambiente, sobreviveremos.

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Emprega-se o particípio nos seguintes casos:


1) Na formação dos tempos compostos da voz ativa com os verbos auxiliares ter e
haver. Nesse caso o particípio não varia:

Havíamos participado da reunião.


Tenho observado uma grande mudança de comportamento.

2) Na formação da voz passiva (caso em devem concordar com o sujeito):

O relatório foi escrito por ele.


O país estava endividado.
A servidora foi elogiada pelo chefe.

c) gerúndio: indica um processo verbal em curso, desempenhando função semelhante


à do adjetivo e à do advérbio. O gerúndio não apresenta flexão. Nas três conjugações,
acrescenta-se a terminação –ndo ao tema.
O gerúndio aparece em locuções verbais e em orações reduzidas:

Os administradores andaram pedindo mais atenção. (locução verbal)


Há muita gente reclamando por aí. (oração reduzida)

5.3.2 Locução verbal

É o conjunto de verbos formado por verbo auxiliar seguido de verbo principal em uma
das formas nominais do verbo (infinitivo, gerúndio).

verbo
Gerúndio ou infinitivo
principal

Ninguém poderá sair antes da leitura do inventário

verbo
auxiliar
Flexiona-se para indicar tempo, modo, pessoa, número

Ninguém soube explicar o porquê da confusão.


Eles não souberam explicar o porquê da confusão.

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5.3.3 Tempo composto

Os tempos compostos da voz ativa são formados pelos verbos auxiliares ter ou haver
(flexionados), seguidos pelo particípio do verbo conjugado (verbo principal):

verbo principal
sujeito de pesquisar (infinitivo): no particípio
pronome oblíquo: as

Tenho trabalhado muito.

verbo
auxiliar
Flexiona-se para indicar tempo, modo, pessoa, número

Exemplos:

Havíamos saído cedo.


O secretário havia decidido incluir o processo na pauta.

Os tempos compostos da voz passiva se formam com o concurso simultâneo dos


auxiliares ter (ou haver) e ser, seguidos pelo particípio do verbo conjugado (verbo principal).
Portanto, os tempos compostos da voz passiva são formados por três verbos:

Tenho sido maltratado por ele.


O processo tinha sido incluído na pauta pelo secretário.

Como posso diferenciar o tempo composto da locução verbal?

Não se preocupe, abaixo mostramos como identificar cada uma dessas estruturas.
O tempo composto sempre traz o verbo principal no particípio. Ele faz parte da
conjugação normal e possui um nome (pretérito perfeito composto, futuro do presente
composto, etc.).

Veja o exemplo:

O pastor havia indicado o local da passagem.

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A locução verbal, por sua vez, tem o verbo principal no gerúndio ou no infinitivo e é
usada para indicar aspectos ou modos da ação verbal. A locução verbal tem o valor de um
único verbo, pois exprime uma única ação. O verbo auxiliar expressa o aspecto da ação verbal
(duração: início, curso, fim, instante). Na locução verbal, podemos encontrar preposições.
Confira:

Começo a entender o que você me diz.

Em relação à concordância, é importante lembrar que o verbo principal, seja o do


tempo composto, seja o da locução verbal, permanece invariável. Apenas o verbo auxiliar é
que sofre as flexões relativas a pessoa, tempo, modo e número, como vimos no item 5.3.2.
Vejamos agora as diversas formas em que a ação verbal pode ser expressa.

5.3.4 Vozes verbais

Voz é a maneira como se apresenta a ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito.
São três as vozes verbais:

1. Voz ativa: o sujeito é agente, ou seja, é o praticante da ação verbal.

O delegado encaminhou o inquérito.

2. Voz passiva: o sujeito é paciente, ou seja, sofre ou recebe a ação verbal. Somente
os verbos transitivos diretos e transitivos diretos e indiretos vão para a voz passiva.

O inquérito foi encaminhado pelo delegado.

3. Voz reflexiva: o sujeito é agente e paciente ao mesmo tempo, ou seja, ele pratica e
sofre a ação verbal.

A garota feriu-se. (feriu a si mesma)


As alunas abraçaram-se. (uma abraçou a outra: voz reflexiva recíproca)

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5.3.5 Voz passiva analítica

A voz passiva analítica é formada com os verbos ser, estar e ficar, seguidos do particípio
do verbo principal.

O habeas corpus foi concedido pelo Supremo Tribunal Federal.


Os réus seriam defendidos por advogado dativo.

5.3.6 Voz passiva sintética ou pronominal

É formada por um verbo transitivo direto acompanhado do pronome apassivador se. O


verbo principal é conjugado na 3ª pessoa e flexionará no singular ou no plural para concordar
com o sujeito.

Concedeu-se o mandado de segurança.


Concederam-se os mandados de segurança.

Tanto na voz ativa quanto na voz passiva, os tempos podem ser simples e compostos.
Nos tempos compostos da voz ativa, usamos ter ou haver + particípio; nos tempos
compostos da voz passiva, usamos ter ou haver + particípio do verbo ser + outro
particípio. Observe no exemplo a seguir como uma frase em voz ativa com tempo composto
foi transformada em voz passiva. Note que, nesse caso, o particípio concorda com o sujeito
da voz passiva.

Voz ativa com tempo composto:

Locução verbal

O Estado tem combatido esta prática.


sujeito objeto direto
voz ativa

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Voz passiva com tempo composto:

verbo auxiliar + particípio do verbo ser + particípio

Esta prática tem sido combatida pelo Estado.


sujeito agente da
voz passiva passiva

O particípio do verbo
principal concorda
com o sujeito da passiva.

Agora que revisamos conceitos importantes para a concordância, estudaremos as


regras que se aplicam a cada caso. Veremos primeiro as regras referentes ao sujeito simples
e depois as que se aplicam ao sujeito composto.

5.4 Concordância com o sujeito simples

1. Regra geral: o verbo concorda com o núcleo do sujeito simples em pessoa e número.
Observe na frase abaixo como o verbo se ajusta ao núcleo do sujeito:

A Constituição do Brasil assegura os direitos individuais e coletivos.


Núcleo do Verbo 3ª pessoa
sujeito 3ª pessoa singular
do singular

Quando o núcleo do sujeito muda para plural, o verbo deve flexionar-se para concordar
com ele:

As Constituições democráticas asseguram os direitos individuais e coletivos.


Núcleo do Verbo 3ª pessoa
sujeito 3ª pessoa plural
do plural

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SAIBA MAIS

Identificar o núcleo do sujeito é crucial para a correta concordância verbal.


Lembre-se de que o núcleo do sujeito não pode ser preposicionado, ou seja,
precedido de preposição.
Compare as frases abaixo:

A iniciativa ocorreu tarde demais.


A iniciativa dos portugueses ocorreu tarde demais.

Na primeira e na segunda oração, o núcleo do sujeito é a palavra iniciativa


e é com ela que o verbo deve concordar. A expressão “dos portugueses” não
poderia ser o núcleo, visto que está preposicionada. É comum também confundir
com sujeito composto expressões longas e com encadeamento de substantivos
precedidos de preposição, como na frase abaixo:

A necessidade de preservação da integridade do habitat natural dos animais


representa desafio mundial.

Na frase acima, o trecho sublinhado é o sujeito da oração, mas o núcleo


é apenas a palavra necessidade, ou seja, temos sujeito simples. Observe que
todas as outras palavras do sujeito estão precedidas de preposição.

2. Verbo + pronome se

A palavra se pode ser classificada de diversas formas. As que nos interessam, para
efeito de concordância, são o pronome apassivador e o índice de indeterminação do sujeito.
a) Se como pronome apassivador

Se como pronome O verbo concorda com o


apassivador sujeito

Exemplos:

Não se discutirão casos polêmicos.


Não se discutirá o caso polêmico.

Encontraram-se erros no texto.


Encontrou-se erro no texto.

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aula 5 Concordância verbal

Para saber se o pronome se é apassivador, precisamos verificar a transitividade do


verbo, visto que somente o verbo transitivo direto pode ser transformado em voz passiva.
Quando o pronome se aparece associado a um verbo transitivo direto, (singular ou plural)
constitui oração na voz passiva pronominal (sintética). Essas orações admitem a passagem
para a voz passiva analítica. Confira:

voz passiva pronominal voz passiva analítica


Publicou-se o livro. O livro foi publicado.
v. transitivo sujeito sujeito

pronome
apassivador

Observe no exemplo acima que:


✓ O sujeito é o mesmo na passiva pronominal e na passiva analítica.
✓ Nos dois tipos de passiva, o verbo concorda com o sujeito.
✓ O verbo é transitivo direto.

b) Se como índice de indeterminação do sujeito

A palavra se é classificada como índice de indeterminação do sujeito quando está


associada a um verbo na 3ª pessoa do singular em orações que não admitem a passagem
para a voz passiva analítica (voz passiva com locução verbal). O pronome se aparece
associado a verbos transitivos indiretos ou intransitivos. Nesse caso, o verbo não se flexiona.

Se como índice de O verbo fica na 3ª


indeterminação do sujeito pessoa do singular

Não se dispunha de informação alguma.


Não se dispunha de informações atualizadas.

Precisa-se de ajudante.
Precisa-se de ajudantes.

Observe nas frases acima que o verbo fica sempre na 3ª pessoa do singular, pois o
sujeito é indeterminado. Há ainda outro detalhe: essa construção não admite o pronome
“eles” como sujeito elíptico: “ele precisa-se de ajudante”. Sem lógica, não é mesmo? Verifique
também que os verbos são transitivos indiretos e não admitem a passagem para a voz
passiva.

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3. Pronomes de tratamento

Sujeito Verbo

Pronome de tratamento com a Na 3ª pessoa (e não na 2ª do plural)


forma Vossa/Sua

Exemplos:
Vossa Excelência sempre será lembrado por sua integridade moral.
Vossa Senhoria está convidado a participar do evento.
Suas Excelências não aceitaram participar do debate.

4. Expressões partitivas (a maior parte de, etc.) + palavra no plural

Sujeito Verbo

parte de no singular: concorda com o núcleo do


grande parte de sujeito;
a maior parte de
a maioria de + palavra no plural
uma porção de ou no plural: concorda com a palavra no
grande número de plural.

Exemplos:

A maioria dos investidores visam ao lucro.


sujeito

verbo concorda com


a palavra no plural

A maioria dos investidores visa ao lucro.


sujeito
núcleo do verbo concorda com
sujeito o núcleo do sujeito

A maior parte dos eleitores rejeita/rejeitam políticos desonestos.


A maioria dos alunos esteve/estiveram no auditório ontem.

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aula 5 Concordância verbal

5. Coletivos + palavra no plural

Sujeito Verbo

Coletivo + palavra no plural no singular: concorda com o núcleo do


sujeito;
ou no plural: concorda com a palavra no
plural.

Exemplos:

Uma nuvem de gafanhotos devorou/devoraram a plantação.


A equipe de cinegrafistas deixou/deixaram o estúdio.
Um grupo de alunos acompanhou/acompanharam o protesto.

No entanto, se o coletivo não vier especificado, o verbo deverá ficar no singular. Como
nas frases abaixo:

A equipe deixou o estúdio.


O cardume escapou da rede.
O povo permaneceu no local depois de finalizada a sessão.
O bando não foi capturado.

6. Expressões numéricas aproximativas

Sujeito Verbo

mais de
menos de + numeral Concorda com o numeral.
perto de
cerca de

Exemplos:

Mais de mil trabalhadores participaram da construção.


Mais de um cliente se irritou com a demora no atendimento.

Quando a expressão “mais de um” exprime reciprocidade, o verbo flexiona no plural:

Mais de um funcionário se acusaram pela falência da empresa.

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7. Expressões que indicam porcentagem

A concordância do verbo com expressões que indicam porcentagem depende da


palavra que acompanha ou não essas expressões. Veja a diferença:

Sujeito Verbo

Porcentagem (não seguida de outra Concorda com o numeral da


palavra) porcentagem.

Exemplos:

10% significam um bom aumento.


Apenas 1% assinou o manifesto.

Sujeito Verbo

Porcentagem + palavra (no singular Concorda com a palavra (singular ou


ou no plural) plural) ou com o numeral.

Compare:

55% da população concorda com a proposta do governo.

55% da população concordam com a proposta do governo.

Vejamos mais exemplos:

47% da sociedade apoiam/apoia a educação.


Apenas 1% dos empresários conhecem/conhece o projeto.
25% do empresariado pretendem/pretende pagar todo o 13º salário.

Observação: Se a expressão numérica vier determinada por artigo ou pronome o


verbo concordará apenas com ele:

Os 47% da sociedade apoiam a educação.


Meus 10% da sociedade valorizaram muito.

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8. Pronomes relativos que e quem

Sujeito Verbo

Pronome relativo que Concorda com o antecedente do pronome


relativo.

Exemplos:

Fui eu que paguei a conta. (antecedente: pronome eu)


Fomos nós que construímos a casa. (antecedente: pronome nós)
Foram inúmeros os fatores que influenciaram a decisão. (antecedente: fatores)

Sujeito Verbo

Pronome relativo quem Concorda com o antecedente do pronome


relativo ou fica na 3ª pessoa do singular.

Exemplos:

Somos nós quem cuida/cuidamos dos idosos da família.


Foram os analistas quem desenhou/desenharam o projeto.

9. Expressão um dos + palavra no plural + que

Sujeito Verbo

Um dos + [palavra no plural] + que Fica no singular (quando se quer destacar o


indivíduo do grupo)
ou no plural

Exemplos:

Ela é uma das turistas que não conhece o lago. (destaca o indivíduo)
Ela é uma das turistas que não conhecem o lago. (destaca o grupo)
A aluna é uma das que recebeu/receberam o prêmio.

10. Nome próprio no plural

Com nomes próprios no plural, é preciso observar se o nome é acompanhado de


determinante ou não. Confira na tabela:

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aula 5 Concordância verbal

Sujeito Verbo

Nome próprio no plural Concorda com o artigo que precede o nome


próprio.
Se não há artigo, fica no singular.

Exemplos:

Galápagos forma um conjunto de 13 ilhas.


As Galápagos formam um conjunto de 13 ilhas.
Alagoas tem um clima agradável.
As Alagoas têm um clima agradável.

Se o artigo que acompanha o nome próprio faz parte do título de uma obra (livro, peça
de teatro, música, etc.), o verbo pode ficar tanto no singular quanto no plural:

Os Lusíadas são a obra máxima da literatura portuguesa.


Os Lusíadas é a obra máxima da literatura portuguesa.

Uma pausa agora cai bem, não é mesmo? Descansar e depois retomar o assunto
ajuda a mente a reter o assunto. Diversão e música ajudam também.

Nós viemos aqui pra quê? Pra estudar, uai!

Vamos dar uma paradinha para conhecer a obra


de Adoniran Barbosa? Acesse o link para ouvir um
delicioso sambinha.

Para conhecer sobre a obra do compositor, acesse


Esquina da Cultura.

5.5 Sujeito composto

Para se fazer a concordância com o sujeito composto, é preciso observar três aspectos:

a) o posicionamento do sujeito na estrutura da frase: antes ou depois do verbo;

b) os diferentes tipos de palavras que podem formar o sujeito;

Atualização Gramatical
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aula 5 Concordância verbal

c) o tipo de palavra que liga os núcleos.

Vejamos cada um desses aspectos a seguir.

1. Sujeito composto anteposto ao verbo

Sujeito Verbo

Posicionado antes do verbo no plural

Os desafios políticos e os problemas estruturais causam incerteza eleitoral.


sujeito composto
antes do verbo verbo no plural

Particularidades dessa regra:

a) Com núcleos sinônimos (ou aproximadamente sinônimos), os verbos podem ficar


no singular ou no plural:

A paz e a tranquilidade reinava/reinavam naquele hospital.


A pesquisa e o estudo científico avança/avançam rapidamente.

b) Com núcleos do sujeito formando uma enumeração gradativa, o verbo pode ficar
no singular ou no plural:

Um olhar, um sorriso, um gesto traduz/traduzem carinho.

c) Se os núcleos estiverem seguidos de palavra resumitiva (tudo, nada, ninguém, etc.),


o verbo deverá ficar no singular:

Pedidos, ameaças, juramentos, nada o comoveu.

d) Quando o sujeito apresenta a expressão “um e outro”, o verbo pode ficar no singular
ou no plural:

Um e outro deputado votou/votaram favoravelmente ao projeto.

Atualização Gramatical
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aula 5 Concordância verbal

Se houver ideia de reciprocidade, o verbo concorda no plural:

Um e outro deputado se cumprimentaram.

2. Sujeito composto depois do verbo

Sujeito Verbo

Posicionado depois do verbo no plural ou no singular

Compare as duas frases abaixo:

Ocorreram mudança de pensamento e inovações tecnológicas.


sujeito composto
verbo no plural: depois do verbo
concorda com todos
os núcleos do sujeito

1º núcleo
Ocorreu mudança de pensamento e inovações tecnológicas.
sujeito composto
verbo no singular: depois do verbo
concorda com o 1º
núcleo

No entanto, quando há ideia de reciprocidade, a concordância é feita obrigatoriamente


no plural:

Abraçaram-se vencedor e vencido.


Ofenderam-se o jogador e o árbitro.

3. Núcleos do sujeito ligados por ou

A concordância dependerá do sentido geral da frase e da relação que a palavra ou


estabelece entre os núcleos.

A palavra ou Verbo

exprime ideia de exclusão no singular


exprime ideia de adição no plural

Atualização Gramatical
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aula 5 Concordância verbal

Nas frases abaixo, o fato verbal é atribuído a apenas um dos núcleos, logo há ideia de
exclusão e o verbo deverá ficar no singular:

O atual prefeito ou o prefeito anterior ganhará a eleição.


Um gaúcho ou um mineiro será o novo técnico da seleção de futebol.

Nas frases a seguir, os dois núcleos fazem a ação verbal, há ideia de adição, logo o
verbo deverá ficar no plural:

O ônibus ou o táxi passam por esse caminho.


Palavra rude ou insinuação maldosa ferem os sentimentos.
Leitura ou caminhada foram as principais atividades nas férias.

Observação: Quando a palavra ou indica retificação, o verbo concorda com o núcleo


mais próximo:

O recibo ou os cheques, não me lembro bem, ficaram na gaveta.


Os cheques ou o recibo, não me lembro bem, ficou na gaveta.

4. Núcleos do sujeito ligados por nem

Quando os núcleos do sujeito composto são unidos pela palavra nem, o verbo deverá
ficar no plural se a ideia por ele expressa se referir a todos os núcleos. Em resumo:

Se o fato verbal é atribuído a apenas um dos núcleos Verbo no singular

Se o fato verbal é atribuído a todos os núcleos Verbo no plural

Na frase a seguir, apenas um dos núcleos pode exercer o cargo de prefeito, logo o
verbo deverá ficar no singular:

Nem o vereador, nem o presidente da Câmara será o próximo prefeito.

Nos exemplos abaixo, o fato verbal é atribuído aos dois núcleos, o verbo, portanto,
deverá ficar no plural:

Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta.

Atualização Gramatical
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aula 5 Concordância verbal

Observação: Quando o sujeito é representado pela expressão “nem um nem outro”, o


verbo pode ficar no singular ou no plural.

Nem um nem outro concordará/concordarão com a proposta.


Nem o advogado nem o cliente entenderam a sentença.

5. Núcleos do sujeito ligados por com

Quando os núcleos do sujeito composto são ligados por com, deveremos observar a
ênfase que se quer atribuir aos núcleos:

Se a ênfase é atribuída a apenas um dos núcleos Verbo no singular

Se a ênfase é atribuída a todos os núcleos Verbo no plural

Observe que, na frase a seguir, os dois núcleos têm a mesma importância e a palavra
com equivale a e.

O gerente com seus auxiliares representaram a empresa na reunião.

No exemplo abaixo, o primeiro núcleo (repórter) fica mais valorizado enquanto o


segundo (produtor) se reduz a um simples adjunto adverbial de companhia. O sentido é: o
repórter caminhava lentamente pelo saguão com seu produtor.

O repórter com o produtor caminhava lentamente pelo saguão.

6. Núcleos unidos por expressões correlativas

Quando o núcleo de um sujeito composto é unido por expressões correlativas como


“não só...mas também...”; “não só... como também”; “tanto...quanto”, o verbo concorda de
preferência no plural. No entanto, poderá também concordar com o núcleo mais próximo e
ficar no singular.

Não só a seca mas também a falta de planejamento minaram a agricultura.


Não só a seca mas também a falta de planejamento minou a agricultura.
Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a notícia.

Atualização Gramatical
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aula 5 Concordância verbal

5.6 Verbos impessoais

Existem verbos que não admitem sujeito. Justamente por isso, eles não estabelecem
concordância. Esses verbos, chamados impessoais, estão sempre na terceira pessoa do
singular. São também impessoais as expressões já passa de, basta de, chega de e trata-se de.
a) Verbo haver

É impessoal quando empregado como sinônimo de existir ou acontecer e quando


exprime tempo.

Houve informações conflitantes. (haver significa existir)


Há manifestações violentas na praça. (haver significa acontecer)
Eles iniciaram o processo há muitos anos. (haver indica tempo)

ATENÇÃO

1. O verbo haver com sentido de existir é impessoal, mas o verbo existir tem
sujeito e deve, portanto, concordar com ele. Compare:

Não havia postes naquela rua.


Não existiam postes naquela rua. (sujeito: postes)

2. O verbo haver apresenta sujeito quando tiver o sentido diferente dos


apresentados acima. Outros significados de haver: ajustar contas, portar,
proceder

É importante observar que, quando empregado como principal em locuções verbais,


o verbo haver transmite a impessoalidade para o auxiliar. Em decorrência disso, não importa
qual verbo esteja na posição de auxiliar, ele também permanecerá no singular. Veja:

vai
deverá
No futuro, poderá haver pesquisas com células-tronco.
objeto direto
precisará

verbo auxiliar verbo principal


no singular singular

Atualização Gramatical
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aula 5 Concordância verbal

b) Verbo fazer

Quando indica tempo (transcorrido ou a transcorrer) e condições meteorológicas, o


verbo fazer é impessoal, logo não se flexiona em número.

Hoje faz dez anos que me casei.


Amanhã fará cinco anos que entrei no serviço público.
Faz invernos rigorosos na Irlanda.
Ali fazia 40º à sombra.

Como acontece com os outros verbos impessoais, em locuções verbais, o verbo fazer
transmite a impessoalidade para o verbo auxiliar:

Já deve fazer dez meses que o programa foi implantado.


Já vai fazer dez meses que o programa foi implantado.

c) Expressões já passa de, basta de, chega de e trata-se de

Já passa do meio-dia.
Basta de comemorações.
Chega de reivindicações exageradas.
Trata-se de crimes inafiançáveis.

5.7 Concordância do verbo ser

O verbo ser pode ser classificado como verbo de ligação ou como verbo intransitivo.
Como verbo de ligação, ser ligará o predicativo (estado, característica ou qualidade) ao
sujeito. Como podemos ver no esquema abaixo:

Sujeito Verbo de ligação Predicativo

O verbo ser, dependendo do caso, pode concordar com o termo da oração que indicar
pessoa (sujeito ou predicativo), com o pronome pessoal, com o sujeito ou o predicativo,
somente com o predicativo ou com expressões de horas, datas e distâncias. Vejamos cada
uma dessas situações.

Atualização Gramatical
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aula 5 Concordância verbal

1. Regra geral

Quando o predicativo do sujeito é um adjetivo, ou palavra equivalente, o verbo concorda


com o sujeito da oração. Vejamos os exemplos abaixo:

As crianças são curiosas.


A criança é curiosa.
A Constituição brasileira é rígida.
Muitas constituições são dogmáticas.

2. Em orações equitativas

São orações equitativas aquelas em que o sujeito e o predicativo são formados por
substantivos (o verbo ser liga dois substantivos e exprime definição ou identidade), fato que
causa confusão na correta identificação dos termos, pois qualquer um deles pode ser o sujeito
ou o predicativo. Em razão disso, a gramática estabeleceu alguns critérios de precedência
para a concordância do verbo ser.
Quando aparece em orações equitativas, o verbo, posto entre substantivos de números
diferentes, pode concordar com o sujeito ou com o predicativo, a depender se o sujeito é
coisa ou um ser humano.

a) sujeito e predicativo referentes a seres não-humanos:

Sujeito Verbo de ligação Predicativo

substantivo concorda com: substantivo


(seres não humanos) o sujeito (seres não humanos)
ou o predicativo

Nesse caso, o verbo concorda indiferentemente com o sujeito ou com o predicativo, a


depender da ênfase que se deseja dar a um deles.

O coração do carro são as rodas.


O coração do carro é as rodas.
As mentiras deslavadas são a sua única arma.
As mentiras deslavadas é a sua única arma.
O trabalho eram livros e livros.
O trabalho era livros e livros.

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aula 5 Concordância verbal

b) sujeito ou predicativo designando pessoa:

Quando o sujeito ou o predicativo é representado por palavra que designa pessoa, o


verbo ser concorda obrigatoriamente com ele.

Sujeito Verbo de ligação Predicativo

substantivo substantivo
(pessoa) (seres não humanos)

concorda com:
o termo que designa
pessoa (ser humano)

Os amigos foram o seu ponto de apoio.


Os jogadores eram o alvo da crítica.

Se for o predicativo que estiver designando pessoa, será com ele que o verbo
concordará:

Sujeito Verbo de ligação Predicativo

substantivo substantivo
(seres não humanos) (pessoa)

concorda com:
o termo que designa
pessoa (ser humano)

O público-alvo da campanha são os adolescentes.


O seu ponto de apoio foram os amigos.

c) Pronome pessoal como sujeito ou predicativo

Qualquer que seja a posição ocupada pelo pronome pessoal (sujeito ou predicativo),
o verbo concordará com o pronome:

Ele é o militar João Rosário.


O povo somos nós.
A esperança da nação são vocês.

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aula 5 Concordância verbal

3) Verbo ser indicando horas, distâncias e datas

Na indicação de horas e distâncias, o verbo ser concorda com o núcleo da expressão


numérica.
Hoje são 17 de outubro.
Hoje é 17 de outubro. (palavra dia subentendida)

Saí quando era uma hora.


Saí quando era 1h 15. (concorda com o núcleo: uma)
Sai quando eram duas horas.

Daqui até lá é um quilômetro.


Daqui até lá são dez quilômetros.

5.8 Concordância do infinitivo

Todos nós temos dúvidas quando o assunto é a concordância do infinitivo. Isso


ocorre porque até mesmo os gramáticos não se posicionam de forma taxativa. Eles falam
em “tendências” de uso, pois, em vista das inúmeras construções com o infinitivo, as regras
gramaticais não conseguiram até o momento abarcar todas as possibilidades. De qualquer
forma, apresentamos a seguir as regras que já estão consolidadas.
Vamos começar diferenciando o infinitivo pessoal do impessoal. Veja a diferença no
quadro a seguir:

Infinito Exemplo

Pessoal (com sujeito) Ver eu, veres tu, ver ele, vermos nós, verem eles, etc.
Impessoal (sem sujeito) Ver

Como você pode constatar, o infinitivo é pessoal quando apresenta sujeito. Nesse
caso ele se flexiona. O infinitivo é impessoal, portanto sem flexão, quando não há sujeito.
Vamos ler a seguir as regras que se aplicam a cada um deles.

I – Empregos do infinitivo não flexionado


O infinitivo não flexiona nos seguintes casos:

1. Não há sujeito:

Pesquisar a doutrina é obrigação do bom advogado.


Fumar é prejudicial.

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aula 5 Concordância verbal

2. Quando o sujeito é o mesmo da oração anterior:

Os cientistas pesquisaram muito para identificar o vírus ebola.


sujeito de pesquisar sujeito de identificar: cientistas

Vejamos mais exemplos:

Eles voltaram cedo do passeio para ver o jogo na TV.


Fizemos as sugestões a fim de contribuir para a melhoria do trabalho.
Antigamente, as crianças tinham mais liberdade de brincar na rua.

3. Nas locuções verbais: formadas por verbo principal e pelo verbo auxiliar, apenas o
verbo auxiliar flexiona.

Os administradores vão explicar o que devemos fazer.

4. Em expressões formadas por “adjetivo + de + infinitivo” (fácil, difícil, bom, ruim,


possível, raro, agradável e a outros semelhantes):

Essas receitas são fáceis de fazer;


As letras são difíceis de decifrar;
Os tecidos são ruins de lavar;
Embora muito pequenas, as letras são possíveis de ler;
Essas orquídeas são raras de encontrar;
São paisagens agradáveis de ver;

5. Em estruturas com verbos causativos ou sensitivos + infinitivo

São verbos causativos: deixar, fazer, mandar (e seus sinônimos: ordenar, permitir, etc).
Quando ocorre depois de um verbo causativo ou sensitivo, a flexão do verbo dependerá do
tipo de palavra que funciona como seu sujeito.

a) Se o sujeito do infinitivo é representado por um pronome oblíquo (te, o, nos, etc.),


não se flexiona o infinitivo.

Atualização Gramatical
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aula 5 Concordância verbal

sujeito de pesquisar (infinitivo):


pronome oblíquo: as

Com o projeto ainda incompleto, mandei-as pesquisar.

verbo causativo verbo não


flexionado

A mesma regra é aplicada aos verbos sensitivos: ver, ouvir, perceber, sentir, enxergar,
escutar:

Fi-los participar das decisões;


Deixou-nos dormir no alojamento;
Ouvi-os reclamar do alojamento.
Vi-os sair;
Ouviram-nos reclamar da sorte.

b) Se o sujeito do infinitivo é um substantivo no plural, pode-se empregar diferentemente


a forma flexionada ou a não flexionada.

sujeito de pesquisar (infinitivo):


substantivo plural: as alunas

Com o projeto ainda incompleto, mandei as alunas pesquisar/pesquisarem.

verbo causativo flexão opcional

Fiz os alunos participar/participarem das decisões;


Deixou os visitantes descansar/descansarem no alojamento;
Vi os turistas sair/saírem;
Ouviram os compradores reclamar/reclamarem da sorte.

II – Empregos do infinitivo flexionado

Além de poder flexionar com verbos causativos e sensitivos seguidos de substantivo


no plural, o infinitivo também flexiona nos seguintes casos:

1. Quando o sujeito do infinitivo é diferente do sujeito da oração anterior.

Aconselho a não reclamarem neste momento.


sujeito: eu sujeito: eles

Solicitaram a gentileza de enviarmos o pedido novamente.


sujeito: eles sujeito: nós

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aula 5 Concordância verbal

Veja mais exemplos:

Nós lutamos para teres o teu trabalho reconhecido; (sujeito de ter: tu)
Eles acreditam estarmos todos cobertos de razão; (sujeito de estar: nós)
Eu acho melhor partirmos à noite. (sujeito de partir: nós)

2. Se o sujeito do verbo no infinitivo estiver expresso, flexiona-se o verbo, mesmo que


ele seja semelhante ao da oração principal:

sujeito do verbo ser


está expresso: elas

Confirmaram serem elas as autoras do crime.

sujeito de confirmaram: elas

Vejamos mais exemplos:

Não nos conformamos com nós sermos demitidos;


Alegramo-nos por nós termos sido convocados para a missão.

3. Para identificar, por meio do infinitivo, o sujeito da ação verbal:


Na frase abaixo, a intenção é generalizar a ação, logo não se flexiona o verbo no
infinitivo:

Seria uma vergonha apoiar aquele candidato.

Ao flexionar o infinitivo, podemos facilmente identificar o sujeito do fato verbal:

Seria uma vergonha apoiares aquele candidato. (sujeito: tu)


Seria uma vergonha apoiarmos aquele candidato. (sujeito: nós)

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aula 5 Concordância verbal

5.9 Sujeito oracional

O verbo cujo sujeito é uma oração subordinada concordará na 3ª pessoa do singular:

verbo na 3a pessoa
do singular

Convém que ele não se esqueça dos fatos.


oração oração sub. subjetiva: sujeito da principal
principal

Veja mais exemplos:

Ainda falta comprar os cartões.


Faltava dar os últimos retoques.
Não se conseguiu conter os curiosos.
Sabe-se que ele não virá cedo.
Pretende-se aperfeiçoar o sistema bancário.
Tentou-se aumentar as exportações.

Que tal assistir às videoaulas?


Assim é mais fácil fixar o assunto.
Videoaula 5: concordância verbal - parte I
Videoaula 5: concordância verbal - parte II

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aula 5 Concordância verbal

Conclusão

Embalados pelos deliciosos sambas de Adoniram Barbosa, chegamos ao fim de mais


uma aula. Vimos que a concordância verbal é o princípio gramatical de acordo com o qual
o verbo altera sua forma para se ajustar ao sujeito da oração. Identificamos as regras de
concordância que se aplicam ao sujeito simples e ao sujeito composto. Por último, vimos
a concordância com o sujeito oracional, os verbos impessoais e com o infinitivo. Para
complementar a revisão é interessante que você assista às videoaulas. Depois completamos
nossa tarefa com os exercícios de fixação.

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aula 5 Concordância verbal

Referências

ABREU, Antônio Suárez. Curso de redação. São Paulo: Ática, 1989.

ALMEIDA, Napoleão M. Dicionário de questões vernáculas. 4 ed. São Paulo: Ática,1998.

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. Rio de Janeiro: Ed. Lucerna, 1999.

BRASIL, Imprensa Nacional. Manual de redação da Presidência da República. 2. ed. 2002.

BRASIL, Academia Brasileira de Letras. Vocabulário ortográfico da Língua Portuguesa.


5. ed. São Paulo: Global. 2009.

CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de dificuldades da língua portuguesa. Rio de


Janeiro: Nova Fronteira, 1996.

CUNHA, Celso & CINTRA, Lindley L. F. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

FERREIRA, Mauro. Aprender e praticar: Gramática. São Paulo: FTD, 2003.

FIORIN, L.J. & PLATÃO, F. Savioli. Para entender o texto: leitura e redação. São Paulo: Ática,
1990.

GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro: FGV: 1986.

LUFT, Celso Pedro. Dicionário prático de regência verbal. 1. ed. São Paulo: Ática. 2008.
MORENO, Cláudio. Guia prático do Português: sintaxe. LPM. 2000.

NEVES, Maria Helena Moura. Gramática de usos do português. São Paulo: Editora UNESP,
2000.

SACCONI, Luiz Antonio. Nossa gramática: teoria e prática. 18. ed. São Paulo: Atual. 1994.

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