18-19-PORT 8 - Diagnose - LE
18-19-PORT 8 - Diagnose - LE
18-19-PORT 8 - Diagnose - LE
GRUPO I
Texto A
5 Lê o texto. Se necessário, consulta as notas.
Porque é que os gatos são "estranhos", explicado por um cientista
Não é segredo que os gatos são animais imprevisíveis. Que há quem os adore e quem
simplesmente não os queira ver à frente. As suas atitudes inesperadas já conquistaram
10 milhares de milhões de visualizações no YouTube. Já todos vimos um vídeo hilariante destes
pequenos animais, não há como negar. Mas porque é que eles agem assim? Tony Buffington,
professor de Ciências Clínicas Veterinárias na Universidade de Ohio, veterinário e intitulado
guru dos gatos, explicou os comportamentos destes felinos num vídeo publicado na TED Ed1.
No vídeo, Buffington, analisa as atitudes de Grizmo, um gato imaginário que representa os
15 gatos como os conhecemos hoje.
“Os gatos mantêm hoje muitos dos mesmos instintos que lhes permitiram sobreviver no
mundo selvagem durante milhões de anos” explica Buffington. “Isto explica alguns dos seus
comportamentos aparentemente estranhos: para eles, a nossa casa é sua selva.”
Certamente já viu ou já ouviu falar de um gato que ficou preso no topo de uma árvore ou em
20 qualquer outra superfície alta.
Mas porque raio é que eles preferem sempre os sítios mais altos? A resposta é
simples, os gatos possuíam uma estrutura muscular e uma capacidade de equilíbrio que lhes
permitiam alcançar grandes altitudes e, daí, observar as suas presas no mundo selvagem. Lá
em sua casa, o instinto leva-os a fazer o mesmo. Voltar para baixo é que, por vezes, se torna
25 um problema...
Porque é que eles estão sempre prontos a atacar pequenos objetos? As presas dos
gatos eram, geralmente, animais pequenos e, por isso, necessitavam de se alimentar várias
vezes ao dia, usando uma estratégia de perseguição-atacar-matar-comer. É por isto que
preferem perseguir e atacar pequenos objetos e comer pequenas refeições ao longo do dia.
30 Porque é que eles espreitam e vão para lugares pequenos? As pequenas presas dos
gatos geralmente escondem-se em pequenos espaços e, apesar de hoje não terem que
procurar a sua comida em casa, eles continuam a ter a mesma curiosidade que caracterizou a
evolução da sua espécie durante milhões de anos.
Porque é que eles encontram sempre lugares estranhos para dormir? De certeza que
35 já encontrou o seu gato a dormir numa gaveta, no lavatório ou em qualquer outro lugar que só
1
passariam pela mente destes pequenos felinos. Os gatos são os melhores a esconderem-se e
no mundo selvagem tinham que encontrar os melhores sítios para evitar os seus predadores. É
também por isso que eles preferem uma caixa de areia limpa e tapam sempre as suas
necessidades. Não é porque eles se preocupam com a sua higiene, simplesmente não querem
40 denunciar a sua localização através do cheiro.
Porque é que eles ronronam? Se pensava que o seu gato só ronrona quando está feliz ou
porque gosta muito de si, engana-se! Buffington explica que os gatos ronronam por várias
razões, desde felicidade a raiva. Curiosamente, a frequência dos seus ronronos – entre 25 e
150 hertz2 – está dentro de um intervalo que pode promover a regeneração de tecidos. Por
45 isso, enquanto ronronam estão a curar os seus músculos e ossos.
50 NOTAS:
1. TED Ed: projeto que consiste na partilha de vídeos dos mais diversos temas destinados, principalmente, a
professores e estudantes. 2. hertz: unidade de medida de frequência do Sistema Internacional, igual a um ciclo
por segundo.
55
1. Para cada item (1.1. a 1.5.), seleciona a opção que permite obter uma afirmação adequada
ao sentido do texto. Escreve o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
2
1.4. De acordo com o último parágrafo do texto, certos hábitos dos gatos permitem
80 A. a expressão das suas emoções e a promoção da sua saúde física.
B. a expressão das suas emoções e o aumento da frequência do ronronar.
C. a expressão das suas emoções e o aumento da sua capacidade auditiva.
D. a expressão das suas emoções e a promoção da sua saúde mental.
85 1.5. Relativamente à frase anterior, a expressão “Por isso” (l. 36) introduz
A. uma conclusão.
B. uma condição.
C. um contraste.
D. um exemplo.
90
Texto B
95 Do campanário1 de São Miguel via-se toda a cidade. A chuva envolvia a torre da televisão e,
no porto, as gruas pareciam animais em repouso.
– Olha, ali vê-se o bazar2 do Harry. Estão ali os nossos amigos – miou Zorbas.
– Tenho medo! Mamã! – grasnou Ditosa.
Zorbas saltou para o varandim3 que protegia o campanário. Lá em baixo os automóveis
100 moviam-se como insetos de olhos brilhantes. O humano pegou na gaivota nas mãos.
– Não! Tenho medo! Zorbas! Zorbas! – grasnou ela dando bicadas nas mãos do humano.
– Espera! Deixa-a no varandim – miou Zorbas.
– Não estava a pensar atirá-la – disse o humano.
– Vais voar, Ditosa. Respira. Sente a chuva. É água. Na tua vida terás muitos motivos para
105 ser feliz, um deles chama-se água, outro chama-se vento, outro chama-se sol e chega sempre
como recompensa depois da chuva. Sente a chuva. Abre as asas – miou Zorbas.
A gaivota estendeu as asas. Os projetores banhavam-na de luz e a chuva salpicava-lhe as
penas de pérolas. O humano e o gato viram-na erguer a cabeça de olhos fechados.
– A chuva, a água. Gosto! – grasnou.
110 – Vais voar – miou Zorbas.
– Gosto de ti. És um gato muito bom – grasnou ela aproximando-se da beira do varandim.
– Vais voar. Todo o céu será teu – miou Zorbas.
5 3
– Nunca te esquecerei. Nem aos outros gatos – grasnou já com metade das patas de fora
do varandim, porque, como diziam os versos de Atxaga4, o seu pequeno coração era o dos
115 equilibristas.
– Voa! – miou Zorbas estendendo uma pata e tocando-lhe ao de leve.
Ditosa desapareceu da sua vista, e o humano e o gato temeram o pior. Caíra como uma
pedra. Com a respiração em suspenso assomaram as cabeças por cima do varandim, e viram-
-na, então, batendo as asas, sobrevoando o parque de estacionamento, e depois seguiram-lhe
120 o voo até às alturas, até mais para além do cata-vento de ouro que coroava a singular beleza
de São Miguel.
Ditosa voava solitária na noite de Hamburgo. Afastava-se batendo as asas energicamente
até se elevar sobre as gruas do porto, sobre os mastros dos barcos, e depois regressava
planando, rodando uma e outra vez em torno do campanário da igreja.
125 – Estou a voar! Zorbas! Sei voar! – grasnava ela, eufórica, lá da vastidão do céu cinzento.
O humano acariciou o lombo do gato.
– Bem, gato, conseguimos – disse ele suspirando.
– Sim, à beira do vazio compreendeu o mais importante – miou Zorbas.
– Ah, sim? E o que é que ela compreendeu? – perguntou o humano.
130 – Que só voa quem se atreve a fazê-lo – miou Zorbas.
– Suponho que agora te estorva a minha companhia. Espero-te lá em baixo – despediu-se o
humano.
Zorbas permaneceu ali a contemplá-la, até que não soube se foram as gotas de chuva ou
as lágrimas que lhe embaciaram os olhos amarelos de gato grande, preto e gordo, de gato
135 bom, de gato nobre, de gato de porto.
Luis Sepúlveda, História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar. Porto: Porto Editora, 2016
140
NOTAS
1. campanário: parte da torre da igreja onde estão suspensos os sinos. 2. bazar: loja de quinquilharias.
3. varandim: proteção feita de grades. 4. Atxaga: Bernardo Atxaga, escritor de origem basca.
145
4
2. As frases de (A) a (F) referem-se à forma como o narrador organiza o relato. Escreve o
150 número do item e a sequência de letras que corresponde à ordem do texto. Começa a
sequência pela letra (D).
A. Discurso da gaivota, declarando a sua eterna amizade a Zorbas.
B. Descrição da tristeza de Zorbas face à partida de Ditosa.
C. Apresentação das emoções associadas ao primeiro voo da gaivota.
155 D. Referência ao cenário escolhido para o primeiro voo de Ditosa.
E. Enumeração das razões pelas quais a gaivota deve voar.
F. Diálogo de duas personagens sobre a importância de correr riscos.
Seleciona uma destas palavras e explica por que razão ela é adequada para caracterizar a
165 gaivota Ditosa.
4. “Respira. Sente a chuva. É água. Na tua vida terás muitos motivos para ser feliz, um deles
chama-se água, outro chama-se vento, outro chama-se sol e chega sempre como recompensa
170 depois da chuva.” (ll. 10-12).
Para os itens 4.1. e 4.2., seleciona a opção que completa corretamente cada uma das
afirmações. Escreve o número de cada item e a letra que identifica a opção escolhida.
180 4.2. No excerto «um deles chama-se água, outro chama-se vento, outro chama-se sol» está
presente uma
A. hipérbole.
B. enumeração.
C. antítese.
185 D. personificação.
10
190
GRUPO II
Processos de formação
Frases
de palavras
Zorbas tratou e cuidou de uma gaivota. Se ele soubesse, ajudaria a gaivota a voar. Ela
poderia conhecer novos lugares se ele ensinasse a gaivota.
200 3. Associa a expressão sublinhada em cada frase da coluna A à função sintática que lhe
corresponde na coluna B. Escreve as letras e os números correspondentes. Utiliza cada letra e
cada número apenas uma vez.
205
GRUPO III
Zorbas, o gato, era um fiel amigo de Ditosa, a gaivota, de tal modo que a criou desde que
nasceu, ensinando-a, até, a voar. Trata-se, assim, de uma relação de amizade admirável, mas
invulgar. Mas será a única?
210 Escreve um texto narrativo, com um mínimo de 120 e um máximo de 180 palavras, em que
narres uma situação que tenhas vivenciado e que envolva um animal de estimação que tenhas
6
tido ou que quisesses ter adotado. Mostra como essa experiência teve um significado especial
para ti ou o que desejarias que tivesse acontecido.
COTAÇÕES DO TESTE
215
30
Pontos 20 6 8 8 8 4 6 10
4 pontos 4 pontos
cada cada
220 Grupo I
2. D, E, A, C, F, B.
225
3. 1.ª opção: “Vulnerável” é um adjetivo adequado para caracterizar a gaivota, pois,
inicialmente, esta mostra-se muito dependente de Zorbas, temendo ser independente e
considerando não ser capaz de fazer aquilo que, para ela, é natural (voar).
2.ª opção: “Corajosa” é um adjetivo adequado para caracterizar a gaivota, pois esta acaba por
230 se lançar pelo ar, mesmo tendo revelado muito medo de o fazer.
3.ª opção: “Grata” é um adjetivo adequado para caracterizar a gaivota, pois quando se
despede de Zorbas, Ditosa não se esquece de tudo o que o gato lhe ensinou e fez por si,
mostrando a sua enorme gratidão pelo amigo.
235 4.1. A.
4.2. B.
5. Na minha opinião, Zorbas pretende dizer que só quem arrisca pode obter algum resultado.
Se não arriscarmos, nunca saberemos do que somos capazes.
240
Grupo II
1. A – 1; B – 2; C – 1; D – 2.
245
7
2. Ele tratou e cuidou de uma gaivota. Se ele soubesse, ajudá-la-ia a voar. Ela poderia
conhecer novos lugares se ele a ensinasse.
250 3.
1.E 2.A 3.D 4.C 5.B
Grupo III
15 8