Padua, Low Carb

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ARTIGO DE REVISÃO

VANTAGENS E DESAFIOS DA DIETA LOW CARB


PARA A SAÚDE E CONTROLE DE PESO: UMA
REVISÃO.

ADVANTAGES AND CHALLENGES OF LOW CARB DIET


FOR HEALTH AND WEIGHT CONTROL: A REVIEW.
Dálvio Freitas de Matos1 [Lattes]

Correspondência para:
[email protected]

1. Faculdades Santo Agostinho, Vitória da


Conquista – Bahia

RESUMO
A Dieta Low Carb é uma alternativa a outras dietas convencionais na perda de peso, possuindo variados efeitos
positivos na saúde. Todavia, ainda não há unanimidade dentro da comunidade científica sobre os riscos e benefícios
atrelados a ela, com trabalhos apontando vastos benefícios da dieta e possível adaptação como base alimentar geral
da população, enquanto outros alertam sobre os efeitos inconclusivos do Low Carb em longo prazo e os riscos que
isso poderia acarretar à saúde. Assim, o presente trabalho buscou investigar os pontos levantados por essas pesquisas
que indicam os reais benefícios e riscos do Low Carb para o emagrecimento e a saúde, com enfoque em doenças
crônicas, analisando sua aplicabilidade, tempo de adoção para alcance de perda de peso e relevância no controle de
algumas doenças. Trata-se de uma revisão de literatura do tipo narrativa, com compilação de pesquisas científicas
de distintas bases de dados acadêmicas, com trabalhos publicados entre 2000 e 2019, visando esclarecer esses pontos
conflituosos. Após a revisão, conclui-se que a dieta Low Carb é eficiente no emagrecimento e no controle de variados
parâmetros bioquímicos, mas há a necessidade de mais estudos que investiguem a permanência dos benefícios e
análise de seus efeitos colaterais em longo prazo.
Palavras-chave: Dieta Cetogênica. Doença Crônica. Perda de Peso. Dieta Low Carb.

ABSTRACT
The Low Carb Diet is an alternative to other conventional diets in weight loss, while also having varied positive
health effects. However, there is still no unanimity within the scientific community on the risks and benefits linked
to it, with studies pointing out vast benefits of diet and possible adaptation as a general food base of the population,
while others warn about the inconclusive effects of Low Carb in the long term and the risks it could entail to health.
Thus, the present study sought to investigate the points raised by these studies that indicate the real benefits and risks
of Low Carb for weight loss and health, with focus on chronic diseases, analyzing its applicability, time of adoption
to achieve weight loss and relevance in the control of some diseases. This is a narrative literature review, compiling
scientific research from different academic databases, with papers published between 2000 and 2019, aiming to
clarify these conflicting points. After the review, it is concluded that the Low Carb diet is efficient in slimming and
control of various biochemical parameters, but there is a need for further studies investigating the permanence of
the benefits and analyze of side effects in the long term.
Keywords: VKetogenic Diet. Chronic disease. Weight Loss. Low Carb Diet

Nutrivisa – Revista de Nutrição e Vigilância em Saúde 1 Volume 7 2020


Matos.

INTRODUÇÃO tange aos efeitos colaterais a longo prazo (SEIDELMANN


Os hábitos alimentares são reflexos das condições et al., 2018). O mecanismo fisiológico causado pela
socioeconômicas e culturais de um povo, sofrendo dieta low-carb que gera a perda de peso é explicado
modificações ao longo do tempo. Nas últimas décadas, bioquimicamente baseada na resposta do pâncreas à
a industrialização e modernização social levou a popu- ingestão dos carboidratos. Os órgãos e células depen-
lação mundial a adquirir novos padrões de consumo dentes de glicose como o cérebro, hemácias e medula
de alimentos, com aumento da ingestão de calorias renal, obtêm-na a partir das reações de gliconeogênese
e redução do gasto de energia nas atividades diárias. e da glicogenólise, independentemente da existência
Como consequência da adoção desse estilo de vida de consumo de carboidratos exógenos, uma vez que
sedentário, houve um aumento substancial da preva- órgãos como fígado e o rim asseguram uma produ-
lência de sobrepeso e obesidade (RODRIGUES; SCHMIDT; ção básica de cerca de 200g de glicose por dia. Nos
NAVARRO, 2008). A proporção de indivíduos obesos usuários da dieta low-carb, há uma mudança no meta-
mais do que dobrou no mundo, entre o período de bolismo que deixa de usar a glicose como substrato
1980 e 2014, justificada por essas mudanças compor- energético principal, dando espaço ao consumo de
tamentais relacionadas à inatividade física e a hábitos ácidos graxos e corpos cetônicos (WESTMAN, 2003).
alimentares inadequados (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL A Dieta Low Carb contém menos de 200 g de
DA SAÚDE,2015). Essas alterações no perfil alimentar, carboidratos por dia, equivalente a menos de 30%
não somente impactaram o aumento da prevalência da necessidade total de energia. Quando a ingestão
da obesidade, mas também de suas comorbidades de carboidratos é reduzida, o conteúdo de gordura e
associadas como diabetes, dislipidemia e hipertensão proteína da dieta aumenta, resultando em dieta hiper-
arterial sistêmica, sendo os dois últimos componentes proteica com pouco carboidrato ou dieta hiperlipídica
da síndrome metabólica (VALMORBIDA et al, 2013). e hipoglicídica. Um exemplo desse regime alimentar é
Até meados do século XX, os regimes alimenta- a dieta da Zona, que consiste em uma distribuição de
res que objetivam perda de peso eram voltados para 30% de proteína, 40% de carboidratos e 30% de gor-
as dietas ‘’lowfat’’, baseadas na restrição da ingesta de dura (GARDNER et al, 2007). Apesar dessa definição, o
lipídios na dieta como forma de emagrecimento. No termo Low Carb abrange dietas bastante heterogêneas
entanto, as dietas pobres em carboidratos compen- com relação ao conteúdo e a qualidade dos carboidra-
sadas proporcionalmente por uma maior ingesta de tos a serem consumidos (BOLLA et al, 2019).
gorduras e proteínas passou a ser objeto de estudo Alguns estudos determinam que na Dieta Low
de diversos pesquisadores pelo mundo (HALL et al, Carb, geralmente consome-se menos que 100 gra-
2015). Nesse contexto, a Dieta Low Carb veio propor mas de carboidratos por dia, com distribuição geral
um novo padrão alimentar, reduzindo substancial- de macronutrientes de 50 a 60% de gordura, menos
mente a quantidade de carboidratos com estimulação de 30% de carboidratos e 20 a 30% de proteínas
de maior contribuição dos outros macronutrien- (ADAM-PERROT, CLIFTON e BROUNS, 2006). Algumas
tes, lipídeos e proteínas, no valor energético diário modalidades de dieta como a ‘’Very Low-Carb (VLC)’’
(BOLLA et al, 2019).. reduzem ainda mais o percentual de carboidratos da
A base da utilização desse meio dietético se dá no dieta, geralmente limitado a 50g diárias, preferencial-
fato de que a restrição de carboidratos, acarretaria em mente de vegetais não amiláceos (BOLLA et al., 2019).
lipólise e oxidação de ácidos graxos, ocasionando em A maior parte dos alimentos naturais ricos em
gasto energético e aumento da saciedade. O balanço carboidratos também são ricos em fibras e micronu-
energético total com esses mecanismos é negativo trientes. Por esse motivo, surge a dúvida se a mudança
e produz emagrecimento eficaz em curto espaço de para uma dieta cetogênica a base da ingesta restrita
tempo (BONNIE et al, 2003). Difundida por parte de carboidratos não levaria a uma diminuição signi-
da mídia como um meio dietético ‘’milagroso’’, seu ficativa da quantidade de fibras necessárias na dieta,
extenso e, muitas vezes, indiscriminado uso pela conhecida pela sua importância, especialmente asso-
população tem se dado, apesar dos dados conflitantes ciadas ao trânsito intestinal e prevenção de algumas
e incompletos acerca dessa dieta, especialmente no que patologias gastrointestinais (HU et al, 2012). Kennedy

Nutrivisa – Revista de Nutrição e Vigilância em Saúde 2 Volume 7 2020


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e colaboradores (2001) em seu trabalho, demonstra- indivíduos com sobrepeso e obesidade e comorbidades
ram a relação entre dietas populares e qualidade dos associadas, artigos disponíveis online e nas bases de
alimentos (expresso como uma pontuação no índice dados Scielo, Pubmed, LILACS e MEDLINE.
de alimentos), os resultados evidenciaram que dietas
com menos de 30% de carboidratos acabavam com RESULTADOS E DISCUSSÃO
pontuação mais baixa, o que indica que provavelmente
deva existir algum impacto negativo. Efeitos da Dieta Low Carb na Perda de Peso e no
Síntese em Tabela 1. Perfil Lipídico (Tabelas 2 e 3).

Tabela 1: Caracterização de diferentes dietas segundo a porcentagem de macronutrientes

Dieta Carboidratos Gorduras Proteínas Exemplo


(%) (%) (%)

Low Carb < 30 55-65 25-30 Dieta da Zona

Very Low Carb ( <10-20 50 30-40 Dieta de Atkins


Cetogênica)

Dieta Equilibrada 55-60 20-30 15-20 Pirâmide


em alimentar da USDA
macronutrientes

Low Fat 20-35 >65 10-20 Dieta DASH

METODOLOGIA Um estudo multicêntrico realizado com 63 mulhe-


Esta pesquisa trata-se de uma revisão de litera- res e homens obesos durante o período de 1 ano
tura do tipo revisão narrativa, compilando diferentes comparou os efeitos da dieta Low Carb com uma dieta
pesquisas científicas voltadas para a temática do Low convencional (60% carboidratos, 25% de gordura, 15%
Carb, a fim de ressaltar seus benefícios e buscar suas proteína). Até o 6º mês a dieta low-carb resultou numa
possíveis limitações em diferentes contextos. Ela se maior perda de peso se comparado à dieta convencio-
baseia em artigos de diferentes nacionais e em lín- nal uma diferença absoluta de aproximadamente 4 por
gua inglesa, no intuito de contextualizar o Low Carb cento), no entanto, ao fim de um ano essa diferença
como modalidade de dieta e estilo de vida global, não não se manteve consistente. A dieta low-carb resultou
restringindo à sua forma de utilização hoje no Brasil. também num aumento relativo do HDL e na diminui-
As principais fontes bibliográficas usadas na pesquisa ção dos triglicerídeos, e em nível do LDL e da Pressão
foram de artigos científicos da base de dados Scielo, Arterial não existiram diferenças significativas entre
Pubmed, LILACS e MEDLINE. os dois grupos (FOSTER GD et al, 2003).
Para a coleta dos artigos foi avaliada a referência do Um estudo realizado em mulheres com o IMC
periódico, descritores, objetivos, método, resultados maior que 40Kgm² (obesidade grau 3) que rece-
e conclusões. Foram selecionados artigos publicados beram dieta de 1.200 kcal com ou sem restrição de
entre 2000 e 2019. Os critérios de inclusão conside- carboidratos por um período de 1 semana no hospital,
rados foram: estudos publicados entre 2000 e 2019, resultou que a dieta com baixo teor em carboidra-
estudos referentes à utilização de Dieta Low Carb entre tos desencadeou maior perda de peso e redução do

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Tabela 2: Resultados obtidos com a Dieta Low Carb para fins de emagrecimento comparando seus resul-
tados com outras dietas.

Autores Nº de Tempo Perda de Peso Dietas Comparadas


participantes
de estudo

FOSTER et al. 2003 63 12 meses Dieta Low Carb x

Dieta Convencional

MELO et al. 2010 19 1 semana Dieta Low Carb x

Dieta Convencional

SHAI et al.2008 322 24 meses Dieta Low Carb x Dieta


Low Fat x Dieta
Mediterrânea

HU et al. 2012 2788 6 a 24 Dieta Low Carb x


meses
Dieta Low Fat

MANSOOR et al. 2016 1369 >= 6 meses Dieta Low Carb x

Dieta Low Fat

Tabela 3: Relação entre a Dieta Low Carb e efeitos no perfil lipídico.

Autores HDL LDL Triglicerídeos

FOSTER et al, 2003

MELO et al, 2010

SHAI et al, 2008

HU et al, 2012

MANSOOR et al, 2016

Legendas

Não se obteve informações

Aumento

Diminuição

Sem diferenças significativas

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perímetro da cintura se comparado a dieta conven- do peso corporal, circunferência da cintura e fatores
cional e apesar de terem aumentado a quantidade de de risco metabólicos. Os autores afirmam que esses
cetona encontrada na urina, tal achado não foi rela- resultados sugerem que as dietas com baixo teor de
cionado a nenhum efeito adverso metabólico. Houve carboidratos e gorduras têm efeitos semelhantes na
ainda uma diminuição significativa na oxidação de redução do peso corporal e nos fatores de risco rela-
triglicerídeos e carboidratos, tal como um aumento cionados para doenças.
na oxidação lipídica no grupo que utilizou a dieta Low Uma recente meta-análise avaliou os efeitos das die-
Carb (MELO et al, 2010). tas Low Carb versus dietas Low Fat na perda de peso e
Outro estudo com duração de dois anos (taxa nos fatores de risco de Doenças Cardiovasculares, com
média de adesão de 84,6% nesse período) envolveu análise de dados de 11 estudos controlados randomiza-
a participação inicial de 322 pessoas moderadamente dos com duração de pelo menos 6 meses (total de 1369
obesas, com IMC médio de 31 Kg/m2 , avaliou o efeito participantes). O estudo demonstrou que os partici-
de 3 dietas distintas durante 2 anos: Dieta low-carb pantes que experimentaram a dieta Low Carb tiveram
(20g/dia durante 2 meses e depois aumento gradual uma maior diminuição no peso corporal e nos trigli-
até um máximo de 120g/dia) sem restrição calórica cerídeos plasmáticos, assim como aumento no HDL se
, low-fat (30% de gordura) com restrição energética; comparado a dieta com restrição lipídica. No entanto,
Dieta Mediterrânica (máximo 35% de gordura) com um aumento no colesterol LDL também foi observado
restrição calórica. Todos os grupos perderam peso, no nesse grupo com restrição de carboidratos. Os autores
entanto a dieta low-fat resultou numa perda de peso questionam a necessidade de avaliar individualmente
de 2,9 Kg, dieta Mediterrânica em 4,4 Kg e a dieta se os benefícios da dieta Low Carb para a perda de
low-carb 4,7 Kg. Essa se revelou a mais eficiente na peso compensariam os riscos do aumento do LDL,
perda de peso e na melhora do perfil lipídico, sendo visto o impacto dessa fração do colesterol na morbi-
a que possuiu maior aumento do HDL e diminuição mortalidade cardiovascular (MANSOOR et al, 2016).
dos triglicerídeos. Em 2º lugar, dieta Mediterrânica
demonstrou maior eficácia no emagrecimento se com- Associação entre Dieta Low Carb e Diabetes
parado à dieta low-fat e foi a que melhor resultados Diversos estudos apoiam o efeito positivo de uma
obteve no perfil glicémico. O colesterol LDL não apre- dieta baixa em carboidratos em pessoas com DT2. O
sentou diferenças com significado estatístico entre as estudo de Wang et al. (2018), comparou a segurança
dietas. Essa pesquisa demonstrou que dietas mediter- e eficácia de uma dieta Low Carb vs uma dieta Low
râneas e com baixo teor de carboidratos podem ser Fat em 56 pacientes (distribuídos aleatoriamente entre
alternativas eficazes às dietas com baixo teor de gor- esses dois grupos) com DM2 em uma população chi-
dura (SHAI I, et al 2008). nesa, durante o tempo de seguimento de 3 meses. Os
No entanto, Hu et al (2012) publicou uma meta-a- resultados demonstraram que os pacientes que segui-
nálise de estudos clínicos controlados randomizados ram a dieta com restrição de carboidratos obtiveram
sobre os efeitos de dietas contendo <45% de carboi- uma redução maior em HbA1c do que aqueles que
dratos em comparação com dietas que continham seguiram a dieta hipolipídica. As dosagens de insulina
menos de 30% de gordura. Esse estudo também ava- e glicose no sangue em jejum no terceiro mês foram
liou os fatores de risco aos processos metabólicos. menores do que as basais em ambos os grupos.
Dados de 23 estudos de vários países, com um total
de 2.788 participantes (duração do estudo de 6 a 24 Outro estudo foi realizado em 40 pacientes obesos
meses, incluindo 6 estudos de 15 a 24 meses), aten- com diabetes tipo 2, submetidos a um tratamento que
deram aos critérios de inclusão e foram incluídos na combinava medicação com dieta Low Carb durante um
análise. Tanto a dieta pobre em carboidratos quanto período total de 6 meses. Iniciou-se com uma dosa-
a dieta pobre em gorduras resultaram em uma dimi- gem de carboidratos de 20g/dia durante 2 meses e após
nuição no peso corporal e na melhora dos fatores de esse período os indivíduos foram autorizados a adicio-
risco metabólicos. Os dois grupos não apresentaram nar pequenas quantidades de carboidratos no café da
divergências significativas em termos de diminuição manhã. Esse estudo teve como resultado uma redução

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da HbA1c dos participantes, redução da necessidade de diabetes tipo 2, submetidos a uma dieta hipolipí-
de medicação e até mesmo vários pacientes que faziam dica (30% de energia total). Dos 99 indivíduos que
uso da insulina pararam a administração da mesma, foram analisados na pesquisa, 53 foram submetidos
mantendo um bom controle metabólico. Os autores a uma dieta hipolipídica com alto teor de proteínas
observaram que a dieta low carb em conjunto com e os 46 restantes; a mesma dieta com baixo teor de
a terapia farmacológica, que nesse estudo foi a met- gorduras, porém, com percentual de carboidratos
formina e a liraglutida, é uma combinação eficiente elevados. Obteve como resultado que a HbA 1c dimi-
para pacientes com diabetes avançada que já estejam nuiu em ambos os grupos ao longo do tempo, sem
usando ou que estejam em risco de necessitar fazer diferença significativa entre eles. Observou-se ainda
uso da insulina (MULLER et al, 2011).. uma tendência para uma redução dos medicamen-
Corroborando os dados anteriores, outro estudo tos hipoglicêmicos (insulina e sulfonilureia) para o
com duração de 12 meses foi realizado inicialmente grupo que seguiu uma dieta restrita em carboidrato,
em 259 adultos com idade média de 55 anos e com mas sem conseguir estabelecer um significado claro
diabetes tipo 2 associado ao sobrepeso. Eles foram para esse achado. Os autores evidenciaram que o grau
aleatoriamente designados para 3 dietas distintas: de redução de energia teve mais impacto na melhora
Uma dieta mediterrânea com baixo valor de carboi- do controle glicêmico em longo prazo que propria-
dratos, uma dieta mediterrânea tradicional e a dieta mente a diferença de composição de macronutrientes
da American Diabetic Association (ADA). As duas entre ambas as dietas, sugerindo que uma dieta rica
últimas tinham o mesmo percentual de carboidrato em proteína, não é superior ou inferior a uma dieta
(50%), diferiam apenas no tipo. Já a primeira possuía rica em carboidratos para o controle da diabetes
um percentual de carboidrato de 40%. O estudo evi- tipo 2 e que o foco deva ser voltado para melhorar a
denciou que as 3 modalidades dietéticas foram eficazes adesão e autogerenciamento da dieta a longo prazo
na redução do IMC e dos níveis de triglicerídeos, LDL (LARSEN et al, 2011).
e HbA1c. No entanto, a de inferior percentual de car-
boidrato foi superior no controle glicêmico e ainda Efeitos da Dieta Low Carb em longo prazo
aumentou os níveis de HDL. Tais dados dão indícios Um estudo envolveu 811 adultos com sobrepeso
de que a dieta Low Carb possui benefícios significa- submetidos de forma randomizada a quatro moda-
tivos em pacientes diabéticos com excesso de peso lidades dietéticas durante um período de 2 anos. As
(ELHAYANY et al, 2010). dietas consistiam de alimentos semelhantes concor-
Nessa mesma perspectiva, Goday et al (2016) dantes com as diretrizes de saúde cardiovascular,
conduziram um estudo com 89 pacientes obesos com sendo que cada dieta variava o percentual ingerido
DM2, sendo 45 desses randomizados para uma dieta de gorduras, proteínas e carboidratos. O desfecho na
cetogênica de muito baixa caloria (<50 g CHO por dia) mudança de peso foi semelhante entre todas as quatro
e o restante para uma dieta padrão de baixa caloria dietas. Cerca de 80% dos participantes que completa-
por 4 meses. Os indivíduos submetidos a dieta com ram o ensaio, a perda média de peso foi de 4 kg e 15%
grande restrição de carboidratos obteve uma redução dos participantes tiveram redução de pelo menos 10%
do peso corporal e da circunferência da cintura a níveis do peso corporal inicial. O índice de satisfação dos
superiores aos observados naqueles submetidos a dieta participantes com as dietas foi similar em todas elas e
hipocalórica padrão, além de resultados melhores na todas melhoraram os fatores de risco relacionados aos
redução da HbA1c. Os autores concluíram que o pro- lipídios e os níveis de insulina em jejum. Os autores
grama intervencionista baseado na Dieta ‘’Very Low concluíram que a redução calórica é significativa na
Carb’’ (cetogênica) foi mais eficaz no emagrecimento perda de peso, independentemente dos macronutrien-
e controle glicêmico de pacientes com DM2 do que a tes que se têm foco (SACKS et al, 2009).
dieta hipocalórica padrão. Outra pesquisa de Foster et al (2010) envolvendo
Contrariando os dados obtidos pelos estudos ante- 307 participantes com IMC médio de 36,1 kg/m² bus-
riores, uma pesquisa com duração de 12 meses foi cou avaliar os efeitos do tratamento de 2 anos com uma
conduzida em uma clínica especializada em diabetes dieta pobre em carboidratos comparado a outra dieta
com adultos com sobrepeso ou obesidade e portadores pobre em gorduras, ambas associadas a um programa

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Tabela 4: Resultados obtidos com a Dieta Low Carb em indivíduos diabéticos comparados a outras dietas.

Autores Participantes Tempo de HbA1c Redução do uso Dietas Comparadas


estudo de medicação

(mês)

WANG LL et al. Dieta Low Carb x Dieta

56 3 Low Fat

MULLER et al. 40 6 Não se aplica

Dieta Low Carb x Dieta

259 12 Mediterrânea tradicional


ELHAYANY et
x Dieta ADA
al.

GODAY et al. Dieta Cetogênica x Dieta


89 4
Convencional

LARSEN et al. Dieta Low Carb x Dieta


99 12
Low Fat

Tabela 5: Efeitos em longo prazo da dieta Low Carb.

Autores Conclusões

SACKS et al. Positiva, porém sem diferenças significativas nos parâmetros em relação às demais
dietas empregadas.

FOSTER et al. Positiva, com melhora de PA diastólica e HDL e redução de triglicerídeos e VLDL
se comparada às demais dietas analisadas, porém com alguns efeitos colaterais a mais
nos primeiros 6 meses.

STERN et al. Positiva, com perda de peso semelhante e melhores efeitos na redução da HbA1c
e triglicerídeos.

NOTO et al. Negativa, com maiores riscos de mortalidade por doenças cardiovasculares
em longo prazo.

BRINKWORTH Possivelmente negativa, sugerindo que os resultados em longo prazo possam


et al. envolver aumento do risco de desenvolvimento de doenças gastrointestinais.

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de alteração de estilo de vida. A perda de peso média No entanto, os estudos observacionais foram limi-
dos grupos foi de aproximadamente 11 kg em 1 ano e tados e moderadamente heterogêneos. No geral, os
7 kg em 2 anos, sem diferenças significativas de peso, autores concluíram que há uma iminente necessidade
composição corporal ou densidade mineral óssea entre de mais ensaios em grande escala sobre as complexas
os grupos. No entanto, o grupo submetido à Dieta Low interações entre dietas com baixo teor de carboidratos
Carb teve maiores reduções na pressão arterial diastó- e resultados em longo prazo.
lica, nos níveis de triglicerídeos e níveis de colesterol Reforçando os questionamentos anteriores, um
de VLDL e aumento nos níveis de HDL, com esses outro estudo envolvendo 91 participantes com sobre-
efeitos persistindo entre 6, 12 ou 24 meses, a depender peso e obesidade comparou os efeitos de uma dieta
do parâmetro. A despeito disso, houve ainda maiores muito pobre em carboidratos e rica em gordura com
relatos de efeitos colaterais em indivíduos submetidos uma dieta rica em carboidratos, rica em fibras e pobre
à dieta com baixo teor de carboidratos, entre eles o em gorduras durante um período de 8 semanas. Ela
mau hálito, perda de cabelo, constipação e boca seca, resultou em diminuição da produção fecal, na frequên-
geralmente restritos aos primeiros 6 meses de dieta. cia de evacuações e na contagem de bifidobactérias
Enfatizando os efeitos do Low Carb em longo prazo, do grupo submetido à dieta Low Carb. Os autores
um ensaio randomizado buscou revisar os resultados sugeriram que, em longo prazo, uma dieta pobre em
de 1 ano entre uma dieta pobre em carboidratos e uma carboidratos combinada a restrição na ingesta energé-
dieta convencional para perda de peso entre 132 adul- tica podem aumentar o risco de desenvolvimento de
tos obesos com diabetes ou síndrome metabólica. O doenças gastrointestinais (BRINKWORTH et al, 2009).
grupo submetido à restrição de carboidratos foi acon- .
selhado a restringir a ingestão de glicose para <30g por CONCLUSÃO
dia. Já o grupo submetido à dieta convencional, para A dieta Low Carb é uma alternativa eficaz às die-
restringir a ingestão calórica em 500 calorias por dia tas convencionais no que tange ao controle de peso
(<30% de calorias de gordura). Como resultado, foi e melhora de diversos parâmetros metabólicos como
evidenciado que a perda de peso foi semelhante entre HbA1c, HDL, triglicerídeos e controle da Pressão
os grupos, mas os níveis de triglicerídeos diminuíram Arterial. Diversos estudos com tempo de pesquisa infe-
mais e houve ainda uma melhora mais significativa rior a 1 ano demonstraram resultados consistentes no
nos níveis de HbA1c após esse período nos indivíduos uso dessa modalidade dietética, sendo que a maioria
que realizaram a dieta Low Carb (STERN et al, 2004). desses mostrava que o Low Carb, ou possuía resultados
Contrariando os efeitos benéficos do Low Carb em melhores que outras dietas popularmente comparadas
longo prazo, Noto et al (2013) avaliaram os efeitos das como a Low Fat, a hipocalórica convencional e a dieta
dietas com baixo teor de carboidratos sobre a pro- mediterrânea, ou demonstrava resultados neutros que
babilidade de mortalidade, por meio de uma revisão indicassem que ela não era inferior a nenhuma das
sistemática e uma meta-análise dos estudos observa- demais citadas.
cionais disponíveis com período de acompanhamento Todavia, ao se analisar os efeitos da Dieta Low Carb
de pelo menos 1 ano. 17 estudos foram incluídos no em longo prazo, geralmente ao se analisar períodos de
total, contendo os dados de 272.216 pessoas, sendo pesquisa superiores a 1 ou 2 anos, os resultados pas-
que 15.981 casos de morte por todas as causas foram savam a ser mais divergentes e inconclusivos. Ainda
relatados. Os dados evidenciaram que o risco de mor- que alguns estudos mantivessem demonstrando bons
talidade nas condições das dietas com baixo teor de resultados para esse regime alimentar em longo prazo,
carboidratos era significativamente maior a longo vários outros mostraram possíveis riscos e efeitos cola-
prazo, em partes apoiadas no fato de que indivíduos terais que precisariam ser devidamente ponderados
que se submetem a essa modalidade dietética tendem ao se instruir essa dieta para o paciente, avaliando
a reduzir o consumo de frutas, fibras e aumentar a individualmente os riscos e benefícios em cada caso.
ingesta de proteínas de origem animal, colesterol e gor- Um dos pontos mais questionados e preocupantes
dura saturada, todas fatores de risco para aumento da quanto a isso se dava no âmbito do risco cardiovas-
mortalidade cardiovascular e dentre outras causas. cular em longo prazo, pois além de algumas pesquisas
evidenciarem um aumento do LDL com a utilização

Nutrivisa – Revista de Nutrição e Vigilância em Saúde 8 Volume 7 2020


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bowel habit and faecal short-chain fatty acids and bacterial


da Low Carb, os riscos de uma restrição no consumo
populations. British Journal of Nutrition, 2009.
em fibras alimentares e excesso, em proteínas de ori-
gem animal e colesterol, normalmente relacionada aos ELHAYANY, A.; LUSTMAN, A.; ABEL, R.; et al. A low
padrões alimentares de um usuário que adere às die- carbohydrate Mediterranean diet improves cardiovascular
risk factors and diabetes control among overweight
tas com restrição de carboidratos, poderia resultar no
patients with type 2 diabetes mellitus: A 1-year prospective
surgimento de patologias gastrointestinais, cardiovas-
randomized intervention study. Diabetes, Obesity and
culares, dentre outras. Metabolism, 2010.
Portanto, o Low Carb surgiu como um método
promissor ao combate a obesidade e no controle de FOSTER, Gary D.; WYATT, Holly R.; HILL, James O.; et
al. Weight and metabolic outcomes after 2 years on a low-
diversas patologias crônicas. No entanto, a carência de
carbohydrate versus low-fat diet: A randomized trial. Annals
mais estudos em grande escala avaliando os resultados
of Internal Medicine, 2010.
positivos e negativos dessa dieta em longo prazo justi-
fica a necessidade de cautela com seu uso e a proibição FOSTER GD; WYATT, HR; HILL, JO; et al. A RCT of a low
de sua irrestrita indicação como um modelo de vida carb diet for obesity, Foster, 2003.pdf. New England Journal
of Medicine, 2003.
que pode ser adotado por toda a população. Uma dieta
com diminuição calórica, maior consumo de frutas, FREEDMAN, M. R.; KING, J.; KENNEDY, E. Popular diets:
fibras e redução no consumo de produtos industria- a scientific review. Obesity research, 2001.
lizados, ricos em gorduras saturadas e açúcares de
FRIGOLET, María Eugenia; RAMOS BARRAGÁN, Victoria
rápida digestão, especialmente quando associada a Eugenia; TAMEZ GONZÁLEZ, Martha. Low-carbohydrate
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