Diretrizes LowCarb
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Essas diretrizes fornecem aos profissionais da saúde um protocolo geral para implementar a restrição terapêutica de
carboidratos como uma intervenção dietética em hospitais ou clínicas. Estas orientações destinam-se a ser aplicadas
como uma intervenção dietética para condições específicas para as quais a redução de carboidratos tem demonstrado
oferecer benefícios terapêuticos. Ao fornecer um protocolo clínico para aplicar a restrição terapêutica de
carboidratos, essas diretrizes oferecem as bases para uma linguagem compartilhada para os profissionais, na
discussão e comparação de intervenções, melhorando protocolos e gerenciando preocupações compartilhadas
O texto a seguir é baseado na literatura biomédica, bem como na opinião de especialistas. Estas orientações
destinam-se a informar e complementar o conhecimento e a experiência de um profissional da saúde no
fornecimento de nutrição terapêutica baseada em evidências.
1.1 Princípios Básicos
A restrição de carboidratos é uma intervenção clínica efetiva que os profissionais da saúde podem usar para ajudar os
pacientes a alcançar metas específicas a serem designadas com "protocolos para condições específicas".
A restrição de carboidratos visa condições particulares de cada paciente ou de grupos específicos. A redução de
carboidratos não é uma "panaceia", tampouco uma intervenção adequada para todos os indivíduos.
A restrição de carboidratos deve ser adaptada a cada paciente, individualmente. Não é uma abordagem do tipo
"tamanho único". Os profissionais da saúde devem moldar as intervenções dietéticas com restrição de carboidratos às
necessidades específicas e aos objetivos de saúde de cada paciente, de acordo com seus próprios conhecimentos,
experiência e julgamento clínico.
Quando os pacientes escolhem a limitação de carboidratos como uma intervenção terapêutica, é responsabilidade
dos profissionais da saúde fornecerem o acompanhamento e o apoio necessários para esta limitação seja feita com
segurança. Podem ser esperadas mudanças fisiológicas rápidas e, para pacientes em medicação, o gerenciamento
desta medicação deve ser oportunizado por um médico clínico, para evitar interações previsíveis entre estas
mudanças e os medicamentos em aplicação.
2. Antecedentes e definições
As origens históricas da restrição de carboidratos datam de 1825, quando Jean Anthelme Brillat-Savarin publicou o
livro “Fisiologia do Sabor”. Neste livro, Brillat-Savarin recomendou uma solução para a obesidade, que incluía uma
"abstinência mais ou menos rígida" de farinhas e amidos. Supõe-se que isso significaria, também, a abstinência do
açúcar, uma vez que este não estava disponível em grande quantidades para ser aplicado em alimentos ou bebidas.
A era moderna da limitação terapêutica do carbidrato de carbono é tipicamente identificada com a publicação do
livreto “Carta sobre a Corpulência” em 1864, por William Banting. Banting tentou perder peso sem sucesso e estava
começando a apresentar sintomas de síndrome metabólica, quando conheceu o Dr. William Harvey, que prescreveu
uma dieta que restringiu amidos, açúcar e alguns laticínios. A carta de Banting descreve sua perda de peso quase 20
quilogramas, a melhoria dos sintomas, e a dieta por ele desenvolvida.
A restrição de carboidratos para perda de peso foi revivida nos anos 1960 e 1970. Embora o Dr. Robert Atkins (1972)
seja provavelmente o mais conhecido defensor das dietas de baixo carboidrato para perda de peso, outros médicos e
outras versões de dietas de baixo carboidrato também estavam em circulação na época (Mackarness, 1975; Stillman &
Baker, 1970). Freqüentemente, esses clínicos referiram-se à pesquisa do Dr. Alfred W. Pennington, que havia tratado
com sucesso indivíduos obesos com dietas de baixo carboidrato na década de 1940. Outra "onda" de livros de dieta de
baixo carboidrato chegou na década de 1990, incluindo um relançamento da dieta do Dr. Atkins. Apesar do fato de
que o aconselhamento fornecido pela maioria dos livros que defendiam a perdas de peso pelo controle de
carboidratos entrarem em contradição com a linha defendida pela Associação Americana do Coração e as Diretrizes
Dietéticas do Ministério da Agricultura dos Estados Unidos da América do Norte, a venda destes livros ultrapassou em
muitos outros livros com linhas diferentes para controle de peso (Blackburn, Phillips, & Morreale, 2001). O
posicionamento dessas dietas na mídia como "dietas da moda" para "perda de peso rápida" tem ofuscado sua
utilidade no ambiente clínico como intervenções adequadas para condições específicas.
Mais recentemente, tem havido um renascimento do interesse em dietas de baixo carboidrato como intervenções
clínicas adequadas para condições específicas. As dietas cetogênicas foram restabelecidas como um tratamento não
farmacológico efetivo para a epilepsia infantil intratável (Kossoff et al., 2018). Além disso, a restrição de carboidratos
em gradação diferenciada foi reconhecida como uma das intervenções dietéticas mais eficazes para o tratamento da
Diabetes Tipo 2. No Reino Unido, o serviço nacional de saúde (NHS) aprovou uma aplicação digital que ajuda as
pessoas com Diabetes Tipo 2 a seguirem uma intervenção dietética de baixo carboidrato. O Unido Dr. David Unwin,
clínico geral no Reino Unido, demonstrou ao NHS como uma dieta de baixo carboidrato pode economizar dinheiro,
oferecendo aos pacientes uma alternativa aos medicamentos. Em reconhecimento de seu trabalho, o Dr. Unwin foi
nomeado Especialista em Diabetes pelo Colégio Real de Médicos e Inovador do Ano em 2016 pelo NHS.
Um recente relatório do governo da Austrália Ocidental afirma que a remissão, em vez de apenas a gestão, deve ser o
objetivo de intervenções para o Diabetes Tipo 2 e que uma dieta de baixo carboidrato deve ser uma das opções
formalmente oferecidas aos pacientes com este diagnóstico ( Freeman et al., 2019). Finalmente, em 2019, uma
Declaração de Consenso da American Diabetes Association indica que dietas de baixo carboidrato devem ser incluídas
como uma das opções de terapia nutricional oferecidas para pessoas com Diabetes Tipo 2. O relatório também
observa que "reduzir a ingestão global de carboidratos para indivíduos com diabetes, demonstrou a maior evidência
para melhorar a glicemia e pode ser aplicada em uma variedade de padrões alimentares que atendam às necessidades
e preferências individuais" (Evert et al., 2019)
2.1 Nutrição Essencial
2.3 Fibras
As definições dos níveis de carboidrato acima colocadas, podem referir-se ao conteúdo de carboidratos totais ou ao
peso de carboidratos livre de fibras, visto que estas não são tipicamente metabolizadas em glicose. Ao serem
utilizados rótulos de alimentos ou dados nutricionais, o cálculo do carboidrato total menos fibra é referido como
"carboidratos líquidos". Como não foram realizados estudos comparativos de "carboidratos totais" versus
"carboidratos líquidos", a experiência clínica pode informar qual abordagem é melhor para cada paciente.
O índice glicêmico pode variar de um indivíduo para outro, e o índice glicêmico de qualquer alimento dado pode ser
afetado por outros alimentos consumidos durante a mesma refeição (Meng, Matthan, Ausman, & Lichtenstein, 2017).
A carga glicêmica é baseada no índice glicêmico e, portanto, ambos podem variar consideravelmente na prática.
2.5 Proteínas
Em contraste com os carboidratos, as proteínas podem ser consideradas um macronutriente essencial porque em sua
constituição podem conter aminoácidos essenciais, ou seja, aminoácidos que são incapazes de ser feitos pelo corpo.
Logo, precisam ser fornecidos pelas proteínas ingeridas. Os pacientes podem escolher uma abordagem onívora ou
vegetal, a fim de adquirir uma ingestão proteica adequada. É importante notar que a maioria das proteínas de origem
animal têm um valor biológico muito mais elevado do que as proteínas de origem vegetal, indicando que as proteínas
de origem animal são muito mais facilmente convertidas em proteínas do corpo (Byrd-Bredbenner, Berning,
Beshgetoor, & Moe, 2008).
A ingestão dietética recomendada (Recomended Dietary Allowance – RDA, EUA) para adultos é de 0,8 g de proteína
por quilograma de peso corporal ideal por dia; no entanto, isso pode estar subestimado num ambiente de baixo
consumo de carboidratos, quando consideradas as necessidades reais de proteínas para muitos indivíduos (Layman et
al., 2015; Phillips, Chevalier, & Leidy, 2016). Quando o carboidrato é restrito, as fontes dietéticas de proteína e
gordura fornecem calorias, além de fornecer os componentes estruturais das células e tecidos, portanto, a ingestão
de proteínas adicionais pode ser necessária, até 2,0 g de proteína por quilograma de peso corporal ideal. Mesmo em
níveis acima da RDA, a ingestão de proteínas em dietas de baixo carboidrato geralmente permanece dentro da faixa
de distribuição de macronutrientes aceitável (AMDR) de 10 a 35% da ingestão diária de energia, em quilocalorias
(kcal).
2.6 Gorduras e Gorduras Saturadas
A restrição terapêutica de carboidratos cria um ambiente metabólico no qual o corpo pode usar gordura como fonte
primária de energia (ver também 3.1). A gordura dietética fornece ácidos graxos essenciais e é necessária para a
absorção de certos micronutrientes (vitaminas lipossolúveis A, D, E e K). São recomendados alimentos que contenham
uma combinação de ácidos graxos — incluindo gorduras monoinsaturadas, poli-saturados e saturados —. Como não
foi claramente determinado que as gorduras saturadas em alimentos contribuem para os resultados adversos para a
saúde (Forouhi, Krauss, Taubes, & Willett, 2018), os alimentos considerados como fontes significativas de gordura
saturada dietética não são geralmente restritos para dietas de baixo carboidrato. No entanto, as gorduras trans
devem ser evitadas. As gorduras trans são suspeitas de de contribuir para doenças através de uma série de potenciais
mecanismos (Remig et al., 2010)
2.7 Calorias
A monitorização da ingestão calórica e dos gastos de energia pode ou não ser necessária na aplicação de restrição
terapeutica de carboidratos. Se a despesa calórica exceder a ingestão calórica, as reservas de gordura no corpo
podem ser utilizadas para demanda de energia, e a perda de peso é mais provável de ocorrer; no entanto, a perda de
peso pode não ser um objetivo específico da intervenção.
Os profissionais da saúde devem observar que outras intervenções dietéticas terapêuticas, tais como dietas de
elevada restrição calórica ou o jejum intermitente, reduzem também a ingesta de carboidrato como parte da redução
total de energia ingerida. Na prática, reduzir a ingestão de carboidratos também pode servir para reduzir a ingestão
global de energia em alguns casos.
Recomendações para a limitação deliberada de calorias não fazem parte, tipicamente, de intervenções clínicas VLCK e
LCK, mas podem ser usadas em protocolos de pesquisa. A restrição deliberada de calorias pode fazer parte conduta
dietética, dependendo dos objetivos específicos para o paciente. No entanto, os pacientes muitas vezes reduzem
espontaneamente a ingestão de calorias com as dietas VLCK e LCK, embora não sejam especificamente direcionados
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para isso (Boden, Sargrad, Homko, Mozzoli, & Stein, 2005).
2.8 Cenários para investigação e discussão
Uma questão a ser discutida seria com definir as várias abordagens da restrição terapêutica de carboidratos. Uma vez
que os benefícios terapêuticos da restrição de carboidratos podem estar relacionados às quantidades absolutas de
carboidratos consumidos, designando-se o valor do consumo em gramas/dia pode ser preferível à designação de
quantidades de carboidratos como uma porcentagem do total de kcals/dia. Porque muita confusão pode surgir da
falta da especificidade em identificar níveis de limitação do carboidrato em trabalhos de pesquisa, o nível de limitação
de carboidrato poderia ser designado no próprio nome da dieta (por exemplo: dieta carb30, ou seja, limitada à ingesta
de 30 g de carboidratos ao dia) a fim de quantificar o nível de restrição de carboidratos que está sendo estudado.
Além disso, a fonte de carboidratos pode ser uma consideração (refinado versus não refinado, por exemplo).
Alternativamente, uma abordagem de "intenção de tratar" pode ser adotada. Devido à dificuldade de avaliar com
precisão a ingestão dietética a longo prazo, a mensuração dos desfechos designados em relação à informação ou
aconselhamento dado pode ser um método mais prático para determinar a efetividade de uma intervenção do que
tentar avaliar sua "conformidade".
Outra questão em discussão é o uso de "carboidratos líquidos" versus "carboidratos totais". Alguns profissionais
afirmam que o aconselhamento sobre os níveis de "carboidratos líquidos" não funcionam tão bem como o
aconselhamento sobre a ingestão de "carboidratos totais". Trabalhos de pesquisa que comparem essas duas
abordagens deverão contribuir para definir sobre qual abordagem preferíver.
Sabendo-se que as intervenções terapêuticas com redução de carboidratos variam em sua exigência de restrição de
calorias, recomenda-se que, quando essas dietas são estudadas ou usadas clinicamente em conjunto com a restrição
de calorias, que essas dietas sejam designadas como: VLCK-CR (dieta cetogênica de muito baixo carboidrato - calorias
restritas); LCK-CR (dieta cetogênica de baixo carboidrato - calorias restritas); e RC-CR (dieta de carboidratos reduzidos-
calorias restritas).
3. Potencial Terapêutico
A restrição terapêutica de carboidratos pode ajudar a melhorar todos os aspectos da síndrome metabólica. Em parte,
por ajudar a reduzir os níveis de glicose no sangue, que por sua vez podem reduzir os níveis de insulina de pós-
prandial e de jejum e assim melhorar a resistência à insulina (Volek & Feinman, 2005). Isto é conseguido restringindo-
se todos os alimentos que são convertidos em glicose no corpo, incluindos o amido de grãos integrais, como previsto
pelo índice glicêmico. Em alguns casos também são produzidos nessas intervenções níveis de cetonas terapeuticos.
No que diz respeito à dislipidemia, altos níveis circulantes de insulina têm sido associados com o aumento da
concentração de triglicerídeos plasmáticos, diminuição da concentração de colesterol de lipoproteína de alta
densidade (HDL), e aumento dos níveis de pequenas aterogênicas partículas densas de colesterol de lipoproteína de
baixa densidade (LDL) (Ferrannini, Haffner, Mitchell, & Stern, 1991; Reaven, Chen, Jeppesen, Maheux, & Krauss, 1993).
Reduzir o carboidrato pode melhorar a relação trigliceríos/HDL e alguns marcadores de inflamação (Forsythe et al.,
2008).
3.4 Efeitos no apetite e na saciedade
Muitas intervenções terapêuticas que restringem o carboidrato não são deliberadamente limitadas em calorias,
embora a limitação de carboidratos induz, frequentemente, uma diminuição espontânea na entrada de energia total.
Os mecanismos por trás desse efeito não são claramente compreendidos, embora seja possível que o estado de
cetose nutricional possa ser um fator contribuinte na redução do apetite (Gibson et al., 2015). A ênfase na ingestão
adequada de proteínas durante a restrição terapêutica de carboidratos também pode desempenhar uma parte, pois a
proteína é geralmente considerada como geradora de saciedade mais potentes (Blundell & Stubbs, 1999). Além disso,
também foi demonstrado que níveis elevados de insulina contribuem para o aumento do apetite.
Consequentemente, as estratégias dietéticas com o potencial para abaixar níveis de insulina, incluindo dietas de baixo
carboidrato, têm o potencial ajudar a regular o apetite (Rodin, Wack, Ferrannini, & DeFronzo, 1985).
Uma vez que a fome, quando a restrição de energia é considerada um fator importante numa intervenção dietética,
tem demonstrado prever o fracasso em manter aderência nesse tipo de dietas (Nickols-Richardson, Coleman, Volpe, &
Hosig, 2005), a simples restrição de carboidratos sem preocupação com a ingestão calórica pode ser uma maneira de
se conseguir aderência, visto que a fome é reduzida.
3.5 Potencial Terapêutico – Para discussão e investigação posterior
As questões em discussão incluem o nível de restrição de carboidratos necessários para alcançar benefícios
terapêuticos. Uma questão relacionada é se é necessário alcançar um nível mensurável de cetose nutricional para
alcançar benefícios terapêuticos e, em caso afirmativo, o que nível seria esse.
4. Iniciando a Intervenção
As intervenções que envolvem a restrição terapêutica de carboidratos devem ser estabelecidas em um quadro que
inclua os objetivos de saúde e o nível de entendimento do paciente. Deve ser oferecido juntamente com outras
intervenções de estilo de vida baseadas em evidências que possam ser sinergéticas, tais como um programa de
exercícios ou um plano de cessação do tabagismo. O início da restrição terapêutica com carboidratos também deve
ser feito no contexto de outras terapias farmacológicas relevantes baseadas em evidências para que a doença que
esteja sendo abordada. Deve ser tomado especial cuidado especial com as farmacoterapias, com ênfase na gradual
diminuição dos medicamentos em uso, quando adequado, para evitar complicações como a hipoglicemia.
Bons candidatos para intervenções dietéticas de baixo carboidrato são aqueles que têm um problema de saúde para o
qual há alguma evidência de que este tipo de dieta possa fornecer benefícios terapêuticos, tais como: excesso de
peso, Diabetes Tpo 2, doença cardiovascular e doença hepática gordurosa não alcoólica (ver Paoli, Rubini, Volek, &
Grimaldi, 2013; Mardinoglu et al., 2018). Os pacientes também devem ser capazes, ou estarem para usar um
glicosímetro para verificar a glicose sérica se medicados com insulina ou secretagogos de insulina (sulfonillureas e
meglitinidas) e para se comunicar com a equipe de saúde durante a intervenção da dieta (Cubella, Hite, Patterson, &
Heath, 2019). Na maioria dos casos, pacientes com uma condição médica aguda e instável não são candidatos a esta
intervenção dietética.
A avaliação inicial antes do início da restrição terapêutica com carboidratos deve incluir a avaliação da sintomas atuais
do paciente, a história médica passada, comorbidades, contra-indicações e medicamentos em uso. Uma investigação
sobre os objetivos da saúde do paciente e a exposição de como a restrição terapêutica do carbohidrato pode ajudar o
paciente em encontrar aqueles objetivos, pode realçar a compreensão do paciente de como executar a dieta.
Também pode ajudar a discutir como os progressos para esses objetivos serão avaliados. A intervenção deve ser
individualizada, no que diz respeito aos hábitos nutricionais existentes, recursos, arranjos de vida e papéis do paciente
(ou seja, quem faz a culinária e a compra de alimentos). Devem ser efetuados testes laboratoriais adequados para
descartar patologias agudas, assim como para estabelecer referências para a progressão dos indices de saúde.
Ao educar o paciente sobre a limitação terapêutica do carboidrato, deve-se enfatizar que a ingestão adequada das
proteínas, das gorduras, e das fibras em cada refeição tenderá a fornecer uma sensação de saciedade e satisfação. As
recomendações de ingestão de proteínas são geralmente estabelecidas em 0,8 a 1,0 gramas de proteína por
quilograma de massa corporal magra, estimada para dietas não terapêuticas; no entanto, a ingestão de proteínas em
1,2 a 2 g/kg de massa corporal magra estimada pode refletir melhor o metabolismo protéico no contexto da restrição
terapêutica de carboidratos (Davis & Phinney, 1990; Phinney, Bistrian, Evans, Gervino, & Blackburn, 1983). A ingestão
de proteínas acima dos níveis estabelecidos para a população em geral pode ser particularmente importante durante
as primeiras semanas de restrição de carboidratos (Phinney et al., 1983). A ingestão de proteínas pode variar com
base nas necessidades individuais e no gasto energético; indivíduos muito ativos ou atléticos podem necessitar de
maior ingestão de proteínas. Carne, peixe, aves, e não derivados de carne, tais como ovos, leite integral e nozes de
baixo carboidrato (como pecans e macadamias) são exemplos de alimentos ricos em proteínas.
Uma dieta de baixo carboidrato incluirá muitas vezes o uso liberal de vegetais sem amido, particularmente folhas
verdes, e fontes de gorduras vegetais naturais, como abacates e azeitonas. No entanto, para dietas muito baixas em
carboidratos, estes podem precisar ser mais limitados em quantidade, pois contribuem para a ingesta total de
carboidratos dietéticos.
As fibras de uma variedade de fontes vegetais são colocadas como benéficas para o microbioma do intestino (Valdes e
outros, 2018), mas esta área de interesse emergente está além do alcance destas diretrizes.
Uma dieta de baixo carboidrato permite a ingestão de gorduras naturais até a saciedade. Estas incluem quaisquer
gorduras não-trans, como o azeite, óleo de coco, óleo de abacate, leite integral e manteiga, juntamente com as
gorduras naturalmente presentes em fontes de proteína de alimentos de verdade.
A restrição de carboidratos limita fortemente a ingestão de grãos (arroz, trigo, milho, aveia) e produtos à base de
grãos (cereais, pães, biscoitos, farinha de aveia, massas, biscoitos), produtos lácteos adoçados (iogurtes de frutas,
produtos lácteos aromatizados) e sobremesas adoçadas (gelatinas, pudins, bolos). Pequenas quantidades de legumes
com amido, legumes e frutas, podem ser usadas em níveis menos restritivos de redução de carboidratos, se os valores
estiverem dentro da ingestão diária de carboidratos. Os vegetais sem amido, as sementes, e nozes são recomendados
conjuntamente ou em substituição a frutas como fontes da fibra solúvel e insolúvel, e de micronutrientes.
Alguns efeitos colaterais de uma dieta de baixo carboidrato, como tontura, fadiga e dor de cabeça são devidos ao
baixo sal corporal e hipotensão, especialmente em pacientes em terapia de redução da pressão arterial. Níveis
elevados de insulina podem fazer com que os rins retenham o sal e a água (Brands & Manhiani, 2012). Quando os
níveis de insulina são reduzidos, devido a uma dose reduzida de insulina, ou redução da secreção de insulina devido
ao consumo reduzido de carboidratos, isso pode causar diurese e hipotensão sintomática.
A menos que tenha um histórico de insuficiência cardíaca ou hipertensão sensível ao sal, o paciente não devem
restringir o sódio em dietas com baixo teor de carboidratos e, provavelmente precisará de sódio e hidratação
adicionais, especialmente nas primeiras semanas. Para a maioria dos pacientes, são apropriadas 2 a 3 g de sódio (ou 5
a 7g de sal) por dia. Isso pode ser conseguido salgando-se liberalmente os alimentos, ou o sódio pode ser
suplementado, aconselhando-se os pacientes a beberem uma sopa preparada com caldo de carde, com cubos
vendidos no mercado(Steelman & Westman, 2016).
A atenção extra deve ser dada ao estado do sódio e da hidratação para pacientes em medicamentações múltiplas
(Steelman & Westman, 2016). Pacientes com insuficiência cardíaca ou doença renal crônica precisarão de um
monitoramento mais cuidadoso. A ingestão de sódio deve ser mantida no início do estudo até que o edema seja
resolvido e, em seguida, aumentado se o paciente tiver sintomas ortostáticos (tontura, vertigem, visão turva,
desmaio), (Steelman & Westman, 2016).
Também pode haver insuficiencia de potássio, especialmente com diuréticos que desperdiçam potássio (tiazidas da
alça) ou ingestão inadequada de sódio. Deve-se prestar atenção à ingestão dietética adequada de potássio e sódio,
especialmente em pacientes de alto risco, como os da terapia com digoxina (Sävendahl & Underwood, 1999). A
suplementação deve ser considerada se a hipocalemia for persistente (Steelman & Westman, 2016; Westman et al.,
2007).
5.3.2 Constipação
A constipação também pode resultar de alterações no equilíbrio de fluidos e eletrólitos. Para resolver isso, comece
aumentando a ingestão de fluidos para um mínimo de 2 litros por dia.
Incentive o consumo de vegetais de baixo teor de carboidratos que são ricos em fibras, como brócolis, couve-flor e
verduras
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Se não resolvido, os médicos podem recomendar 1 colher de chá de leite de magnésia ou citrato de magnésio na hora
de dormir ou suplemento com caldo de carne.
Se a constipação persistir, pode ser devida a um aumento no consumo de certos alimentos para os quais um paciente
pode ser sensível, como nozes ou queijo. O aconselhamento dietético individualizado auxiliará na identificação de
como proceder.
5.3.3 Cãibras
Cãibras musculares são um efeito colateral comum ao iniciar uma dieta de baixo carboidrato. Eles geralmente
respondem à reidratação com água e sal ou a suplementação de magnésio
Isto pode ser entregue através de leite de magnésia ou cloreto de magnésio de liberação lenta, com a dosagem
recomendada de 192 a 400 mg por dia. Glicinato de magnésio até 600 mg/dia para cãibras sintomáticas também é
bem absorvido e provoca sintomas gastrointestinais mínimos
O glicinato do magnésio pode ser administrado a 200 mg/dia para a manutenção. A suplementação deve continuar
durante o tempo necessário para tratar cãibras musculares.
Outra possível intervenção para o tratamento agudo de cãibras musculares, com um baixo potencial para efeitos
colaterais adversos é uma colher de suco de picles ou mostarda amarela. O mecanismo não é totalmente
compreendido, mas imagina-se que possa ocorrer através de um reflexo orofaríngeo inibitório (Miller et al., 2010).
Durante a perda de peso, o colesterol sérico total pode subir. Este pequeno aumento é geralmente temporário e não
é uma indicação para aumentar ou iniciar medicamentos para redução de lipídios (Sävendahl & Underwood, 1999). Os
clínicos são aconselhados a reverificar o painel lipídico após a estabilização da perda de peso.
Um ensaio clínico não demonstrou nenhum aumento de LDL usando uma dieta de baixo teor de gordura saturada,
baixa de carboidratos (Tay et al., 2014). Esta poderia ser uma opção se o LDL sobe e permanece elevado na
estabilidade do peso em populações de pacientes para quem esta é uma preocupação
5.3.5. Outros efeitos colaterais potenciais
Outros efeitos secundários potenciais dos quais os profissionais da saúde devem estar cientes são: palpitações
cardíacas, insônia, perda temporária de cabelo, redução temporária no desempenho físico ou na tolerância ao
exercício, mau hálito (da acetona), irritabilidade, ansiedade, aumento temporário de apetite, fadiga e baixa tolerância
ao álcool. Os efeitos colaterais são geralmente mais graves durante a transição para a dieta e melhoram com os
eletrólitos e fluidos adequados.
5.4 Terapias adjuntas
5.4.1 Suplementos
Exemplos históricos de dietas de baixo carboidrato têm restringido muito a ingestão de uma variedade de alimentos,
exigindo suplementação com um multivitamínico, e a maioria dos ensaios clínicos de dietas de baixo carboidrato
incluíram um suplemento multivitamínico e mineral diário (Westman et al., 2007). No entanto, uma dieta bem
formulada de baixo carboidrato enfatiza uma grande variedade de alimentos vegetais e animais com alta densidade
de nutrientes e fornecerá boa nutrição para a maioria dos indivíduos.
Para a intervenção dietética, alguns clínicos preferem limitar a ingestão de ácidos graxos ômega-6, encontrados
principalmente em óleos vegetais processados de milho, soja e canola. A preocupação é que um desequilíbrio de altos
níveis de ômega-6 em relação aos níveis mais baixos de ácidos graxos ômega-3 pode contribuir para a inflamação e
exacerbar as condições que a redução terapêutica de carboidratos destina-se a tratar (SIMOPOULOS, 2008). Outros
médicos sentem que a evidência de limitar as fontes alimentares de ácidos graxos ômega-6 ainda é inconclusiva e que
os pacientes devem se concentrar apenas na restrição de carboidratos.
Entretanto, o uso de óleos vegetais na alimentação é uma invenção relativamente recente na história evolutiva da
humanidade, logo deve ser avaliado com a devida desconfiança.
6. Ajuste da Medicação
Compreender o impacto na medicação em uso para cada paciente é importante para manter os pacientes seguros. A
dieta em si não é perigosa, mas induz alterações significativas no metabolismo e no equilíbrio eletrolítico, que podem
fazer com que os pacientes sofram os efeitos dos medicamentos, que podem passar a ter dosagem excessiva.
Muitos pacientes em dieta de baixo carboidrato podem, eventualmente, descontinuar completamente a insulina.
Entretanto, é importante, antes de tudo verificar se o diagnóstico de Diabetes Tipo 2 prevalece sobre o Tipo 1 ou se
do tipo Latente Autoimune do Adulto (LADA), que é a ocorrência tardia da manifestação do Tipo 1.
Para pacientes que fazem insulina, à medida que a dose é diminuída, devem ser avaliados os níveis de peptídeos C,
para garantir que o paciente ainda está produzindo insulina.
Para verificar LADA, considere os seguintes fatores, antes de descontinuar a insulina:
· Diagnóstico com pouca idade;
· Transição rápida entre o primeiro diagnóstico e a dependência de insulina (<5 anos);
Revise a lista dos medicamentos anti-hipertensivos. A pressão arterial deverá ser monitorada em consultório,
idealmente entre cada duas e quatro semanas durante o início da intervenção dietética. Além disso, os pacientes
devem ser instruídos em monitorar a pressão eles mesmos, assim como devem ser sensibilizados para os sintomas de
pressão arterial baixa, tais como a sensação de tonturas ao ficar de pé, ou fadiga. Estes sintomas e/ou pressão arterial
sistólica abaixo de 120 devem alertar a redução da medicação. A hiponatremia pode ser exacerbada por inibidores da
SGLT2, tiazidas, diuréticos de loop e muitos outros medicamentos, incluindo: ciclosporina e cisplatina, oxcarbazepina,
trimetoprim, antipsicóticos, antidepressivos, AINEs, ciclofosfamida, carbamazepina, vincristina e vinblastina,
tiothixeno, tioridazina, outras fenotiazinas, Haloperidol, amitriptilina, outros antidepressivos tricíclicos, inibidores da
monoamina oxidase, Bromocriptine, clofibrato, anestesia geral, narcóticos, opiatos, ecstasy, sulfoniluréias e
amiodarona.
6.3 Outros
As doses de warfarina podem ter de ser ajustadas e o INR (tempo de protrombina) deve ser monitorado mais
frequentemente durante a transição da dieta (Steelman & Westman, 2016).
Medicamentos com faixa terapêutica restrita com ácido valpróico (Depakote) e lítio devem ser monitorados com o
objetivo de ajustar a dosagem.
Medicamentos que interferem com a lipólise devem ser trocados ou descontinuados, se possível, incluindo: niacina,
beta bloqueadores, antidepressivos e antipsicóticos.
7. Cuidados de acompanhamento
7.1 Monitoramento e avaliação
Os profissionais da saúde devem trabalhar para empoderar seus pacientes no que se refere à sua própria saúde.
Definir metas de saúde em conjunto e fornecer aos pacientes os recursos e o apoio para atingir esses objetivos é uma
parte importante do atendimento ao paciente.
Após o início da redução terapêutica de carboidratos, o paciente deve ser aconselhado a verificar a pressão arterial e,
se aplicável, a glicemia diária, incluindo algumas leituras pós-prandiais (1 a 2 horas após uma refeição). Ter
ferramentas disponíveis para que os pacientes possam rastrear medicação, pressão arterial e glicose é indispensável
para fornecer uma transição segura para uma dieta de baixo carboidrato. O papel ou as ferramentas digitais para
registrar leituras diárias estão disponíveis (um exemplo para automonitoração da glicose aqui). O registro da evolução
semanal do peso corporal e da cintura do paciente também podem ser úteis, se as mundanças nesses marcadores
fizerem parte dos objetivos da terapia.
Uma abordagem de equipe ao cuidado paciente pode ser útil em apoiar pacientes, enquanto fazem a transição a uma
nova maneira. Os clínicos e os profissionais de saúde aliados devem estar em estreito contato com o paciente, até que
um novo regime de medicação seja otimizado, e o paciente possa aplicar com confiança o conceito de restrição de
carboidratos aos hábitos alimentares em geral.
O suporte contínuo fornecido em uma abordagem de grupo ou num acompanhamento personalizado, pode ajudar os
pacientes a se adaptarem ao seu novo estilo de vida. Este apoio pode ser entregue por um técnico de saúde, um
nutricionista, enfermeiro ou outro profissional de saúde aliado. Os farmacêuticos treinados na redução terapêutica de
carboidratos podem ser um ativo valioso em termos de monitoramento e educação de pacientes com regimes
farmacêuticos complexos. Um nutricionista treinado na redução terapêutica de carboidratos pode ajudar o paciente a
identificar e superar barreiras para aderir a essa intervenção, incluindo recursos financeiros ou temporais limitados,
"gatilhos alimentares", vício em alimentos e como comer fora (Cucuzella e outros, 2018).
Embora os benefícios da restrição de carboidratos para muitas condições possam ser reconhecidos, muitos
especialistas têm levantado preocupações sobre se os pacientes podem aderir a tal dieta indefinidamente. Porque o
carboidrato dietético não é um nutriente essencial, uma dieta bem formulada, de baixo carboidrato que inclui uma
variedade de legumes não apresenta riscos de déficits nutricionais para a saúde. No entanto, outras considerações,
como os alimentos tradicionais ou comemorativos, devem ser levadas em conta ao discutir a adesão a longo prazo a
uma intervenção dietética de baixo carboidrato. Também vale a pena notar que os alimentos ricos em carboidratos
são fortemente promovidos e amplamente disponíveis; indivíduos que tentam manter uma dieta de baixo carboidrato
por razões de saúde podem enfrentar desafios significativos em tal ambiente.
Se, e de que maneira, permitir o carboidrato dietético adicional na dieta deverá uma decisão individual. É improvável
que se recomende um retorno aos níveis anteriores de consumo de carboidratos; fazer isso provavelmente levaria a
um retorno das condições de saúde anteriores, melhoradas exatamente pela redução do carboidrato dietético. No
entanto, como com outros componentes dietéticos que não são essenciais, como o álcool, quantidades limitadas
podem ser toleradas. Para alguns indivíduos que usam dietas de baixo carboidrato para perda de peso terapêutica, o
aumento do carboidrato dietético pode ser compensado deliberadamente restringindo calorias, de forma que se
impeça o reganho de peso. Outros indivíduos podem preferir renunciar à contagem de calorias em favor da
continuação da restrição de carboidratos. Outras técnicas, como jejum intermitente, podem ser associadas.
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Os autores das directrizes clínicas para a redução terapêutica do carboidrato gostariam de agradecer Doug Reynolds e
Pam Devine, de LowCarbUSA, por seu apoio em reunir a comunidade dos clínicos e dos investigadores que
trabalharam neste projeto. LowCarbUSA é dedicada a educar os profissionais de saúde no uso da redução terapêutica
de carboidratos e está liderando o esforço para estabelecer um padrão de cuidados para esta intervenção.
Adele Hite, PhD, MPH, RD, delineou o documento e agrupou informações de contribuintes, que incluiu o Conselho
Consultivo da LowCarbUSA, juntamente com numerosos médicos e pesquisadores que usam redução terapêutica de
carboidratos em seu trabalho. O Conselho Consultivo da LowCarbUSA é responsável pelas decisões editoriais finais e
conteúdo do documento. No momento da publicação desta edição, o Conselho Consultivo é composto por: David
Cavan, MD, FRCP; Mark MD, FAAFP; Robert Cywes, MD, PhD; Georgia Ede, MD; Gary Fettke, MB, BS, FRACS, FAOrthA;
Brian Lenzkes, MD; Timothy D. Noakes, MD, DSc; Bret Scher, MD; Franziska Spritzler, RD, CDE; David Unwin, MD; Eric
C. Westman, MD, MHS; e William S. Yancy, Jr., MD, MSH.
Statement of Support
We, the undersigned, hereby certify that we support the principles of care outlined in the Clinical Guidelines for
Therapeutic Carbohydrate Restriction. By appending our names to this document, we acknowledge that there will
continue to be differences of opinion on some matters under discussion in the Clinical Guidelines; however, we support
this document as a collective statement of our commitment to 1) strengthening the standards of care within the
community of clinicians and researchers who use therapeutic carbohydrate reduction in their work and 2) improving
patient care and safety as we add to the knowledge base that informs us of the benefits and limitations of this
intervention. We certify these Clinical Guidelines with the understanding that they will undergo annual review by a body
of clinicians and researchers with expert knowledge and experience in therapeutic carbohydrate reduction.
John L. Barnes, DC
Barbra Allen Bradshaw, MD CD FRCPC
Amy Berger, MS, CNS
Peter Brukner FACSP, Professor of Sports Medicine, LaTrobe University
Tradução de: Version 1.3.1 – Published Page 21 of 21
July 08, 2019
Diretrizes clínicas para restrição terapêutica de carboidratos
www.lowcarbusa.org/clinical-guidelines/
David Cavan, MD, FRCP
Alexander Chambers, NTP, CFSC
C. Mark Chassay, MD
Sarala Chauhan, MD
Anahí Cortés, MD
Jerome Craig, DC, CFMP
Ignacio Cuaranta, MD
Mark Cucuzzella, MD, Professor West Virginia University School of Medicine
Robert Cywes, MD, PhD
Jack Dixon, BSc (Hons), MCSP
Georgia Ede, MD
Gary Fettke, MB, BS, FRACS, FAOrthA
Brenda Gentile, MDCM, FRCPC
Zainab Ghamdi, RD
Nick Greiner, BS, DC, CFMP
Bruce M. Guillory, DC
Adele Hite, PhD, MPH, RD
Natasha Hodge, NTP
Michael J. Hubka, DC, FCCS(C)
Tro Kalayjian, DO
Christy Kesslering, MD
Hala Lahlou, MD, CCFP, ABOM diplomate
Brian Lenzkes, MD
Maggie G. Lyon, RD, CDN
Sean Mark, PhD, MSc
Anthony Mazza, MPH, RD
Cristin E. Newkirk-Thompson, MD
Timothy D. Noakes, MD, DSc
Carlos Zumarraga Novelo, MD
Jeffrey Philip MD, MBA
Andy Phung, DO
Leandro Miguel Pucci MS, CNS, LDN
Niel C. Rasmussen, MD
Molly Rutherford, MD
Bret Scher, MD
Fabiano M. Serfaty, MD, MSc
Gina Sobrero, PhD
Franziska Spritzler, RD, CDE
Mashhood Syed, MBChB, MRCGP, DRCOG, Graduate AFMCP-UK 2017
Vera Tarman, MS, BSc, ABAM
Josh Turknett, MD
David Unwin, MD
Eric C. Westman, MD, MHS
William S. Yancy, Jr., MD, MSH