Cartilha Eleitor Do Futuro
Cartilha Eleitor Do Futuro
Cartilha Eleitor Do Futuro
do Futuro
Guia do Professor
TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO PARANÁ
EDIÇÃO DE CONTEÚDO:
PROJETO GRÁFICO:
CONTATOS:
EJE-PR
E-mail: [email protected]
SGPI
E-mail: [email protected]
Colega professor (a),
Nos dedicamos a elaborar este material não só tendo em mente contribuir com
o desenvolvimento do professor participante do Programa Eleitor do Futuro, mas
também tendo a clareza de que o papel do professor vai além do ensinar conteú-
dos, pois a forma como o professor percebe o mundo, consciente ou inconsciente-
mente, permeia os conhecimentos curriculares e corrobora a formação da visão de
mundo da criança e do adolescente.
Por essa razão, acreditamos que ninguém melhor do que o professor para auxiliar
a criança a desenvolver a sua cidadania, com condições de questionar, refletir e
opinar sobre o mundo e sobre o fatos, a história e o futuro da sociedade.
Parece distante essa realidade? Temos a certeza de que você professor(a) já faz
isto diariamente, portanto o que propomos aqui é sistematizar as ações e ajudar no
processo de se fazer cidadão!
Selecionamos, para esta sistematização, alguns conceitos e elementos básicos
que, quando conectados, constituem-se em subsídios para a leitura dos contextos
sociais, contribuindo para a reflexão e criticidade e materializando assim a cidada-
nia como aporte para o desenvolvimento do ser humano e da sociedade.
Na próxima página você encontrará os objetivos e fundamentos que nortearam a
escrita deste guia do Programa Eleitor do Futuro. Esperamos que a leitura des-
te material colabore para fortalecer a suas práticas e que futuramente possamos
aperfeiçoá-lo mediante as suas sugestões e contribuições.
Bom trabalho!!
Equipe da Escola Judiciária Eleitoral do Paraná
Justificativa:
A participação político-eleitoral compreende não apenas o exercício do voto, assim como este tam-
bém não deve ser visto como um ato mecânico. Exercer o voto implica a consciência quanto à
importância de cada cidadão na escolha de nossos representantes políticos e na participação sobre
as decisões que afetam a sociedade. Entretanto, essa consciência não surge espontaneamente.
Requer preparo e trabalho educativo com as crianças e jovens, os eleitores do futuro.
Histórico:
O projeto Eleitor do Futuro foi idealizado nos anos de 2000 pelo então Ministro do Tribunal Superior
Eleitoral, Sávio Figueiredo de Teixeira e foi aprovado em 2002 pelo Colégio de Corregedores dos
Tribunais Regionais Eleitorais do Brasil, constituindo-se um importante instrumento para o fortaleci-
mento da democracia e da educação para a cidadania. Em 2005, o projeto passou a ser desenvolvi-
do nas escolas da Prefeitura Municipal de Curitiba, estendendo-se a diversos municípios no interior
do estado.
Objetivo geral:
Promover a educação política dos estudantes, estimulando-os ao exercício da cidadania e do voto
responsável.
Objetivos específicos:
• Estimular o envolvimento dos jovens nas diferentes esferas de organização social, incentivan-
do-os a participar dos organismos escolares de representação estudantil.
• Esclarecer acerca da importância, da finalidade e das responsabilidades do exercício do voto.
• ncentivar o alistamento eleitoral dos jovens a partir dos 16 anos.
1. O que é política?.......................................................................................07
2. Entendendo cidadania..............................................................................11
8. Eleitor do futuro.........................................................................................24
1. O que é política
A palavra política está sempre presente na sociedade, e nem sempre é entendida
da mesma forma por todos que a ouvem. E você? Sabe o que é política?
A palavra política tem suas raízes no grego politiká, uma derivação de polis que
designa aquilo que é público. Remete ao espaço público, à sua gestão e organiza-
ção, relacionando-se aos espaços geográficos, humanos e sociais de um Estado
ou Nação.
Contudo, o termo não se restringe à esfera pública. Permeia também espaços pri-
vados, podendo, por exemplo, ser usado como referência a um conjunto de re-
gras ou normas de uma determinada instituição. Nesse caso, o termo política
assume particularidades instituídas para um determinado grupo. Objetiva atender
as necessidades e preservar as especificidades da instituição, funcionando como
parâmetro para a tomada de decisões e definição de diretrizes.
7
Essa concepção de política faz parte do nosso dia a dia. Está presente nas rela-
ções familiares, no trabalho, e em diversas situações que requerem a tomada de
decisões que afetam a vida das pessoas. É preciso considerar que situações que
envolvem a vida de muitos devem ser pensadas e decididas coletivamente. Devem
ser discutidas, pensadas e negociadas por todos os envolvidos. Esse movimento
é a política.
A política entendida como a arte de negociar, refletir e ponderar tem como objetivo
atender as necessidades do grupo, sem privilegiar um ou outro lado, buscando
sempre que possível o equilíbrio. Como afirma a filosofa alemã Hannah Arendt
(2010), a política é uma importante ferramenta na busca da felicidade do indivíduo
e da sociedade. Nessa perspectiva somos todos seres políticos, pois fazemos uso
da política para mediar as decisões, harmonizar as relações e atender os objetivos
propostos.
Mas se existem decisões que podem afetar a vida de muitos, pode uma única pes-
soa decidir por todos os demais? Que critérios devem nortear a decisão? Quais
interesses devem ter prioridade? É possível que que os interesses de uma determi-
nada pessoa ou grupo de pessoas prevaleçam sobre os dos demais?
É comum que grande parte da população não perceba a implicação dessas deci-
sões no cotidiano. Exemplo disso ocorre quando os deputados aprovam o aumento
da alíquota do ICMS. Você sabe como esta decisão impacta na sua vida?
Alguma vez o deputado em que você votou e ajudou a eleger, consultou a sua
opinião sobre o aumento do ICMS ou qualquer outra questão?
Contudo, essa participação nas decisões da vida pública nem sempre ocorre, seja
por uma opção individual dos sujeitos, seja por restrições impostas pelas diferentes
formas de governo existentes pelo mundo.
9
a título de ilustração, o número de filhos que cada família pode ter é definido pelo
Estado.
Participação política não é algo inato. Não se nasce como um participante ativo da
sociedade. Isso é algo que se aprende. No entanto, para que se aprenda, é preciso
também ser ensinado. Eis o papel da educação para a cidadania.
A educação como princípio para a cidadania traz implícito o preparo para a partici-
pação política, a capacidade de opinar, discutir, questionar, intervir e participar nas
decisões que afetam a vida do país: isso é política!
10
2. Entendendo cidadania
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garan-
tindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
---------------
11
-----------------
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto
e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
(...)
--------------
Isso quer dizer que ser cidadão é ter uma série de direitos e uma série de obriga-
ções diante do Estado. Ser cidadão é observar as leis, contribuir com o bem-estar
social, reivindicar que o Estado cumpra com suas obrigações. Ser cidadão é per-
ceber que o bem da coletividade está acima dos desejos individuais, mas também
é considerar que todo cidadão individualmente merece que seus direitos sejam
observados.
Uma forma obter mais informações sobre o candidato no qual se pretende votar é
procurar saber se ele é “ficha limpa”.
12
Conhecida como lei da Ficha Limpa, a Lei Complementar nº. 135 de 2010 foi criada
como emenda à Lei das Condições de Inelegibilidade ou Lei Complementar nº. 64
de 1990 e tem origem em um projeto de lei de iniciativa popular que reuniu cerca de
1,6 milhão de assinaturas com o objetivo de aumentar a idoneidade dos candidatos.
Pela lei da ficha limpa, é inelegível por oito anos um candidato que tiver o mandato
cassado, renunciar para evitar a cassação ou for condenado por decisão de órgão
colegiado (com mais de um juiz), mesmo que ainda exista a possibilidade de recur-
sos.
13
4. Horário eleitoral: Os meios de comunicação tradicionais continuam a ser rele-
vantes nas eleições. O horário eleitoral gratuito no rádio e na TV é uma das prin-
cipais janelas de exposição dos candidatos – mesmo que muita gente não goste
dele. Pode ser um ótimo ponto de partida para suas pesquisas: ali você entra
em contato com todos os candidatos e também com suas principais propostas.
Com essas informações em mãos, é possível explorar a internet e outras ferra-
mentas mais completas.
A cidadania confere ao cidadão uma série de direitos. Quais são os direitos previs-
tos na Constituição Federal de 1988?
Questione 10 pessoas sobre o que elas entendem por “cidadania”. Depois, analise
as respostas, tirando conclusões sobre o que a pesquisa permite compreender a
respeito da visão da pessoas e, com base, nela, elabore o seu conceito de cidada-
nia.
14
3. E essa tal democracia?
Democracia é um regime político, em que as pessoas podem participar da vida po-
lítica de um país. Essa participação pode ocorrer de forma direta e/ou indireta, por
meio de eleições, plebiscitos e referendos. Entre as características da democracia,
está a liberdade de expressão e manifestação das opiniões.
Ora, se em uma sociedade, as mulheres, negros e jovens, por exemplo, são excluí-
dos das decisões, o mais provável é que os interesses dessa parcela da população
15
sejam esquecidos, pois esses não estão verdadeiramente representados, não par-
ticipam das decisões, não são sequer considerada como parte do contexto histórico
daquela sociedade. A título de curiosidade, em uma democracia tão desenvolvida
como consideramos o regime político da Suíça, apenas em 1971 as mulheres con-
quistaram o direito ao voto.
16
Você sabia que a Lei da Ficha Limpa é uma lei de iniciativa popular? Pesquise e
responda: quais são os requisitos para uma lei de iniciativa popular?
Nos anos 90, houve no Brasil um plebiscito. O que foi decidido naquela ocasião?
Quais eram as opções que foram apresentadas aos brasileiros e em que consiste
cada uma delas? Qual a sua opinião sobre o que foi decidido?
17
4. Democracia e representação política
A democracia, como visto anteriormente, vem
passando por um processo evolutivo, embora
ainda não estejamos no auge desse regime polí-
tico. Assim, identificamos tipos diferentes de de-
mocracia: democracia representativa, democra-
cia direta e democracia participativa.
18
Dessa forma, a sociedade elege representantes que irão ou deveriam representar
seus anseios e necessidades, tomando as decisões de acordo com as escolhas
indicadas pelos seus eleitores, o que na prática nem sempre acontece.
Essa distância entre o que o povo deseja e o que seus representantes executam se
dá por diversos fatores, entre os quais a própria falta de acompanhamento por par-
te do eleitor daqueles que o representam, algo que certamente requer um aprendi-
zado, pois democracia não se resume ao exercício do voto, de votar ou ser votado,
de forma que esse exercício se transforme em um mecanismo de promoção da
justiça e da igualdade social.
19
5. O que é ser eleitor?
Ser eleitor não é apenas ir até a seção eleitoral no dia da eleição e digitar alguns
números na urna eletrônica. Ser eleitor pressupõe um envolvimento que vai de
desde muito antes do dia da eleição, informando-se a respeito dos candidatos para
escolher aquele que melhor representa os anseios da população, e se estende por
toda a duração do mandato do candidato eleito, não importa se o eleitor votou ou
não nele.
Um eleitor bem informado está a par dos problemas pelos quais passa a sua cida-
de, o seu estado e o seu país, insere-se nos debates políticos expondo seu ponto
de vista e respeitando os pontos de vista diferentes do seu, procura dados sobre
os candidatos e as suas propostas, analisa a viabilidade de implementação de-
las e acompanha as decisões dos governantes, reconhecendo as boas práticas e
posicionando-se contrariamente frente às atitudes que julgar inadequadas.
Sim, muitas vezes é difícil reverter uma decisão governamental, mas o caminho
para a mudança começa sempre pela consciência de que não se muda nada so-
zinho. É preciso angariar o apoio da comunidade para alcançar as mudanças que
se deseja.
Em duplas, elaborem uma série de perguntas que vocês imaginam que deveriam
ser feitas aos candidatos ao cargo de Presidente da República. Procurem pensar
em questões que fariam diferença na vida das pessoas.
20
6. Papel do jovem eleitor
O jovem eleitor possui os mesmos di-
reitos de qualquer eleitor do Brasil. Por
isso, não se pode menosprezar a im-
portância do seu voto e da sua atuação
como verdadeiro cidadão.
Além disso, não podemos nos dar ao luxo, como sociedade, de prescindir do en-
volvimento dos jovens. Em países como o Japão, existe uma grande preocupação
da sociedade em atraí-los para a participação política. E isso em um país extrema-
mente desenvolvido!
Por isso, não há dúvida de que um país em que os jovens se envolvem com as
questões políticas é um país melhor.
Qual é a idade mínima para votar nos seguintes países: Egito, África do Sul, Japão,
China, Canadá, Inglaterra, Alemanha, França e Estados Unidos? Na sua opinião,
qual é a idade ideal para ter direito ao voto? Justifique.
21
7. Como os eleitores podem modificar uma
realidade ruim?
Existem diversas formas de modificar uma realidade. De maneira geral, quanto
mais atento às decisões dos representantes, maior é a chance de um eleitor (ou de
um grupo de eleitores) influenciar os rumos da comunidade. Um exemplo de como
isso pode acontecer é o seguinte:
22
se multiplicaram e assumiram o título de “Gatos Pingados”, pressionando os vere-
adores a engavetar a proposta de aumento do número de vereadores e obrigando-
-os a reduzir o próprio salário.
Vamos refletir: há algo no bairro onde nós moramos que precise ser melhorado?
Talvez melhorias no asfalto, na iluminação, no posto de saúde, etc.? O que pode-
mos fazer para contribuir?
23
8. Eleitor do futuro
O Programa Eleitor do Futuro é uma iniciativa do Colégio de Dirigentes de Escolas
Judiciárias Eleitorais que visa despertar a consciência cívica nos alunos regular-
mente matriculados na rede de ensino.
A proposta supõe a divisão dos alunos em 5 partidos, PVS (Partido Vida e Saúde),
PLRD (Partido Liberdade, Respeito e Dignidade), PELICE (Partido do Esporte, La-
zer e Integração da Comunidade Escolar), PEPC (Partido Educação, Profissionali-
zação e Cultura) e PSPCV (Partido da Segurança Pública e Combate à Violência).
Os alunos votam não nos candidatos mas nas propostas dos partidos e é justamen-
te a discussão sobre os temas problematizados por cada um dos partidos que gera
uma análise aprofundada sobre questões que envolvem a vida dos cidadãos.
24
1. PVS – Partido Vida e Saúde
25
4. PEPC – Partido Educação, Profissionalização e Cultura
26
O TRE/PR estará ao
lado das escolas
para dar suporte
naquilo que for
necessário.
REFERÊNCIAS
ARENDT, Hannah. A Condição Humana . Tradução de Roberto Raposo; revisão
técnica: Adriano Correia. 8ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária,
2010.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Diário Oficial da União.
Brasília, DF, 05 out. 1988. Disponível em:. Acesso em: 27/03/2017.
BRASIL. Lei Complementar Nº 135, de 4 de junho de 2010. Altera a Lei Comple-
mentar no 64, de 18 de maio de 1990, que estabelece, de acordo com o § 9o do
art. 14 da Constituição Federal, casos de inelegibilidade, prazos de cessação e
determina outras providências, para incluir hipóteses de inelegibilidade que visam a
proteger a probidade administrativa e a moralidade no exercício do mandato. Diário
Oficial da União. Brasília, DF, 07 jun 2010.
27