As Políticas Públicas Na Educação
As Políticas Públicas Na Educação
As Políticas Públicas Na Educação
TURMA: 2° SEMESTRE.
AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO (Contextualizar com a aula meet explicação dos slides);
• entender o que é a Constituição Federal e sua influência na Lei de Diretrizes e Bases da Educação;
1 - INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico, estamos iniciando os Estudos de Políticas Educacionais e queremos, neste tópico, apresentar a você,
alguns conceitos relacionados às políticas públicas e qual o seu envolvimento com a educação. Assim, a Constituição
Federal também fará parte deste estudo, além de nossa carta magna na educação, a LDB – Lei de Diretrizes e Bases da
Educação. Afinal, que ligação tem as políticas públicas, a Constituição Federal e a LDB para o trabalho desenvolvido na
esfera educacional? É significativa a interação entre elas e cabe a nós, acadêmicos e futuros profissionais da educação,
compreendermos esta ligação, a qual determina o bom funcionamento ou não dos projetos desenvolvidos pelas esferas
federais, estaduais e municipais. Cabe ressaltar, prezado acadêmico, que você está sendo convidado a analisar, refletir,
questionar e construir novas ideias a partir dos conhecimentos que serão apresentados a você a partir deste momento.
Vamos à leitura!
2- O QUE SÃO POLÍTICAS PÚBLICAS? Contextualizar com a aula meet explicação dos slides;
Acadêmico, se você fosse perguntado sobre o que são políticas públicas, qual seria sua resposta?
É algo natural do ser humano, que ao ser questionado, por alguns segundos ou minutos pare e reflita sobre o que foi
perguntado.
A esta pergunta pensamos que sua resposta possa estar relacionada a uma visão prática do dia a dia, mas como?
As políticas públicas possuem sua história e conceitos, conforme o Manual de Políticas Públicas: conceitos e práticas do
Sebrae, coordenado por Caldas (2008, p. 5):
A função que o Estado desempenha em nossa sociedade sofreu inúmeras transformações ao passar do tempo. No século
XVIII e XIX, seu principal objetivo era a segurança pública e a defesa externa em caso de ataque inimigo. Entretanto, com o
aprofundamento e expansão da democracia, as responsabilidades do Estado se diversificaram. Atualmente, é comum se
afirmar que a função do Estado é promover o bem-estar da sociedade. Para tanto, ele necessita desenvolver uma série de
ações e atuar diretamente em diferentes áreas, tais como saúde, educação, meio ambiente.
Assim, observa-se que o Estado passou e passa por transformações, as quais são acompanhadas por toda a sociedade. Se
antes a preocupação encontrava-se direcionada à defesa do território, hoje, além da defesa do território nacional, as
preocupações voltam-se também para as áreas da saúde, segurança pública, educação, meio ambiente. Mesmo que
saibamos da fragilidade em muitas dessas áreas, o Estado necessita voltar a se organizar e buscar soluções para a
fortificação delas, pois a população necessita dessas ações. Desta forma, falar em políticas públicas para alguns é o mesmo
que ser utópico, pois elas não surtem efeitos desejáveis. Sim, vivemos uma realidade delicada e repleta de problemas, os
quais precisam ser passados a limpo. Mesmo que muitos não acreditem, já se deixaram levar pelo descrédito da política,
mesmo assim são necessários movimentos que reformulem todo o sistema em que o Estado se encontra, para assim
determinarmos as ações e os programas para a melhoria e estabilidade das áreas de segurança pública, saúde, educação,
dentre outras.
E como afirma Oscar Wilde em uma de suas célebres frases e utilizada por Mário Luiz Neves de Azevedo (2008, p. 9) na
apresentação do livro Políticas Públicas Contemporâneas: “Isto é utópico? Um mapa-múndi que não inclua a Utopia não é
digno de consulta”.
Neste texto a significação será utilizada e levará você, a refletir sobre como, por que e para que são utilizadas as políticas
públicas e como essas influenciam em nosso cotidiano.
Ainda conforme Azevedo (2008, p. 18), “escrever sobre Políticas Públicas é tratar, essencialmente, sobre projetos em
construção que dependem da visão de mundo dos seus promotores”.
Afinal, o que são essas políticas públicas? Vamos buscar respostas em nosso dia a dia.Em cada momento de nossa vida, em
nosso cotidiano, estamos envoltos por regras que determinam nossa maneira de agir, pensar, conviver e determinam o
processo de construção econômica, política e social de um país, de nossas vidas e da sociedade num todo.
Em muitos momentos estas políticas passam despercebidas, mas elas encontram-se dentro da história da humanidade.
Podemos relatar também forte influência na Grécia Antiga, onde a palavra política tem seu berço, onde filósofos como
Aristóteles e Platão foram os precursores desta ciência. Cabe, aqui, perguntarmos: política é uma ciência? Sim, a política é
uma ciência, a qual “determina quais são as ciências necessárias nas cidades, quais as que cada cidadão deve aprender”
(ABBAGNANO, 2000, p. 773).
Perante o apresentado na citação, podemos perceber que as políticas são as regras de organização e de convivência
necessárias para que uma cidade, um estado e país consigam se desenvolver e viver em harmonia, sendo os governantes os
responsáveis pelos caminhos a serem traçados para a melhoria da qualidade de vida da população envolvida.
Ao buscarmos respostas referentes ao que é Política Pública, encontramos diversas definições que nos remetem à
organização, a estudos voltados às ações a serem empregadas para o bem-estar da sociedade.Como afirma Santos (2012,
p. 5): “Políticas públicas são ações geradas na esfera do Estado e que têm como objetivo atingir a sociedade como um todo
ou partes dela”.
Cabe ressaltar que as políticas públicas são também de nossa responsabilidade, enquanto cidadãos, que buscam melhoria
de vida. As políticas públicas terão eficácia, a partir do momento que os cidadãos compreendam como ocorre a criação
dessas políticas (ações, programas) nas esferas federais, estaduais e principalmente nas que estão bem próximas de cada
um de nós, e que estão sendo desenvolvidas, as municipais. Estas ações também ocorrem dentro e fora de nossas
residências, e somos nós, também responsáveis pela sua aplicabilidade, transparência e eficácia.
Como? Eu responsável por políticas públicas? Isso não compete somente aos governantes? Sim, compete a eles, mas
também a cada cidadão, que possui a responsabilidade de cobrar e de fazer cumprir as leis através de ações.
Fica claro que a política, segundo Santos (2012, p. 2), “[...] sempre está ligada ao exercício do poder em sociedade, seja em
nível individual, quando se trata das ações de comando, seja em nível coletivo, quando um grupo (ou toda sociedade)
exerce o controle das relações de poder em uma sociedade”. De acordo com o mesmo autor, podemos perceber que,
independentemente do nível, seja individual ou coletivo, a política está presente e vem acompanhada de outra palavra,
que é o poder.
O poder é algo que se encontra impregnado dentro de todas as áreas de estruturação profissional ou política. Este poder
pode ser compreendido como algo positivo ou negativo. Positivo no sentido de ser compreendido como um processo de
transformação de uma sociedade, voltada às bem feitorias, à visão de uma sociedade em que todos possuam seus direitos
e seus deveres.
No aspecto negativo, pode levar o detentor do poder a tornar-se um dominador, sem a preocupação com a qualidade de
vida da população. Conforme Santos (2012, p. 2), o termo poder é “capacidade ou propriedade de obrigar alguém a fazer
alguma coisa”. O autor ainda expõe que: “Nesse sentido, é importante ressaltar que o poder (em suas mais variadas
manifestações) pode ser exercido mediante o uso da coação e/ou da persuasão. Em matéria de política, ambas as opções
são tidas como válidas, tudo depende de quem exerce o poder e de como opta por exercê-lo” (SANTOS, 2012, p. 2).
Diante do exposto, observa-se que a política possui várias possibilidades, dentre elas nos deparamos com as que nos levam
a construir uma sociedade com direitos e deveres bem estruturados, ou a que nos leva a termos uma sociedade totalmente
desestruturada e mantida como refém de suas ações.
Frente a isso, as políticas públicas são as ações que determinam como, por que e para que servirão. E elas, conforme
Marinho (2006, p. 1), são de “responsabilidade do Estado, com base em organismos políticos e entidades da sociedade civil,
se estabelece um processo de tomada de decisões que resultam nas normatizações do país, ou seja, nossa Legislação”.
Assim, as políticas públicas retratam não só questões acerca da economia, mas do envolvimento de diversos segmentos,
contendo condições e possibilidades de desenvolver mecanismos que auxiliem no crescimento e qualidade de vida da
população.
Cabe ressaltar que as políticas públicas recebem diversas definições, Souza (2006, p. 26) as define como:
O campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, ‘colocar o governo em ação’ e/ou analisar essa ação (variável
independente) e, quando necessário, propor mudanças no rumo ou curso dessas ações (variável dependente). A
formulação de políticas públicas constitui-se no estágio em que os governos democráticos traduzem seus propósitos e
plataformas eleitorais em programas e ações que produzirão resultados ou mudanças no mundo real.
Assim, podemos definir políticas públicas como as ações que os governantes utilizam para realizar um governo voltado à
melhoria da qualidade de vida da população, da economia, da educação, da segurança pública, enfim, dando ao seu país,
estado ou município possibilidades de crescimento.
Tendo essas ações e programas voltados a esses segmentos, pode-se perceber que todos, independentemente de nível
econômico, terão possibilidades de crescimento e de manutenção da qualidade de vida.
Agora surge outra pergunta: como são elaborados os programas, como se faz as políticas públicas?
Seguindo o raciocínio, observamos que as políticas públicas são então as ações, programas desenvolvidos pelos
governantes, as quais são prioridade.
[...] as Políticas Públicas são a totalidade de ações, metas e planos que os governos (nacionais, estaduais
ou municipais) traçam para alcançar o bem-estar da sociedade e o interesse público. É certo que as
ações que os dirigentes públicos (os governantes ou os tomadores de decisões) selecionam (suas
prioridades) são aquelas que eles entendem serem as demandas ou expectativas da sociedade, ou seja,
o bem-estar da sociedade é sempre definido pelo governo e não pela sociedade (CALDAS, 2008, p. 5).
Independentemente das participações ou não da sociedade nas ações que envolvem a melhoria do bem-estar da
sociedade, enquanto cidadãos necessitamos nos manter atentos e participativos nas ações que os governantes
desenvolvem em nosso país, estado e município.
Alguns poderão estar incomodados com a apresentação da última parte da citação de Caldas (2008, p. 5): “o bem-estar da
sociedade é sempre definido pelo governo e não pela sociedade”. Por que isso ocorre? O autor explica:
Isto ocorre porque a sociedade não consegue se expressar de forma integral. Ela faz solicitações (pedidos ou demandas)
para os seus representantes (deputados, senadores e vereadores) e estes mobilizam os membros do Poder Executivo, que
também foram eleitos (tais como prefeitos, governadores e inclusive o próprio Presidente da República) para que atendam
às demandas da população. As demandas da sociedade são apresentadas aos dirigentes públicos por meio de grupos
organizados, no que se denomina de Sociedade Civil Organizada (SCO), a qual inclui, conforme apontado acima, sindicatos,
entidades de representação empresarial, associação de moradores, associações patronais e ONGs em geral (CALDAS, 2008,
p. 5-6).
Dessa forma, nós, cidadãos, necessitamos nos organizar em nossa rua, através de associação de bairros, para assim ir em
busca de soluções para os problemas que envolvem nossa comunidade. Sabemos das dificuldades financeiras que as
instituições governamentais passam, principalmente as municipais, são inúmeras.
[...] os recursos para atender a todas as demandas da sociedade e seus diversos grupos (a SCO) são limitados ou escassos.
Como consequência, os bens e serviços públicos desejados pelos diversos indivíduos se transformam em motivo de disputa.
Assim, para aumentar as possibilidades de êxito na competição, indivíduos que têm os mesmos objetivos tendem a se unir,
formando grupos.
Observe, acadêmico, que as palavras de Caldas nos remetem à ideia de competição, embate na possibilidade de busca de
resultados que deem à população melhores condições de vida. Ainda ressalta Caldas (2008, p. 6) com relação à questão do
embate:
Não se deve imaginar que os conflitos e as disputas na sociedade sejam algo necessariamente ruim ou negativo. Os
conflitos e as disputas servem como estímulos a mudanças e melhorias na sociedade, se ocorrerem dentro dos limites da
lei e desde que não coloquem em risco as instituições.
Com isso, podemos determinar que a organização da sociedade civil precisa estar presente na formulação das ações que
auxiliem na melhoria de todos os setores que envolvem a sociedade.
Já sabemos que as políticas públicas são desenvolvidas a partir do interesse dos governantes e recebidas as ideias da
sociedade organizada. Outro fator a ser observado na elaboração das políticas públicas é que nem sempre as ações
desenvolvidas ou solicitadas pela sociedade civil organizada são atendidas, e a sociedade necessita buscar ajuda ou apoio
em outros grupos organizados para que suas reivindicações sejam aceitas. Em outro momento, pode ocorrer um embate,
conforme apresentado anteriormente por Caldas (2008), e isso não deve ser visto como um momento de revolta, mas de
busca de soluções.
Estes embates ocorrem devido ao que nos apresenta Caldas (2008, p. 6), quando diz que: “as sociedades contemporâneas
se caracterizam por sua diversidade, tanto em termos de idade, religião, etnia, língua, renda, profissão, como de ideias,
valores, interesses e aspirações” e acabam também tendo sua maneira de pensar e agir com relação a determinadas
situações. Para alguns, ações como a melhoria da pracinha do bairro não é condizente com os seus interesses e preferem
que as melhorias sejam realizadas em outros setores. Para que não ocorram embates mais fervorosos é preciso o diálogo e
a organização. Quem são os atores que criam essas Políticas Públicas? Qual é a logística desse processo?
No processo de discussão, criação e execução das Políticas Públicas, encontramos basicamente dois tipos de atores: os
‘estatais’ (oriundos do Governo ou do Estado) e os ‘privados’ (oriundos da Sociedade Civil). Os atores estatais são aqueles
que exercem funções públicas no Estado, tendo sido eleitos pela sociedade para um cargo por tempo determinado (os
políticos), ou atuando de forma permanente, como os servidores públicos (que operam a burocracia) (CALDAS, 2008, p. 8).
Cada um desses atores possui uma função determinada. Os atores estatais (os políticos) buscam no período das campanhas
políticas apresentar programas e ações que poderão vir a ser desenvolvidas, sendo que as Políticas Públicas são definidas
pelo poder legislativo.
Entretanto, as propostas das Políticas Públicas partem do Poder Executivo, e é esse Poder que efetivamente as coloca em
prática. Cabe aos servidores públicos (a burocracia) oferecer as informações necessárias ao processo de tomada de decisão
dos políticos, bem como operacionalizar as Políticas Públicas definidas. Em princípio, a burocracia é politicamente neutra,
mas frequentemente age de acordo com interesses pessoais, ajudando ou dificultando as ações governamentais.
Assim, o funcionalismo público compõe um elemento essencial para o bom desempenho das diretrizes adotadas pelo
governo (CALDAS, 2008, p. 8).
Os atores privados (sociedade civil) são os que não possuem ligação direta com o setor administrativo do Estado.
São eles:
• A imprensa.
• Os centros de pesquisa.
• Os sindicatos patronais.
• Os sindicatos de trabalhadores.
• Outras entidades representativas da Sociedade Civil Organizada (SCO) (CALDAS, 2008, p. 9).
Além dos que foram apresentados acima, existem outros atores, como os que fazem parte da área do turismo, da cultura,
que também são da área privada e podem fazer parte desse processo.
Com o que foi apresentado até o momento, sabemos quem são os atores do processo. Cabe agora determinarmos os
caminhos, os estágios ou fases que são necessários seguir para a formulação até a execução das Políticas Públicas.
As Políticas Públicas possuem seus estágios, os quais assim se apresentam, segundo Caldas (2008, p. 7) :
• Primeira fase – Formação da Agenda (Seleção das Prioridades).
Cabe ressaltar que estas fases possuem uma ligação, elas estão somente apresentadas separadamente para melhor
compreensão do processo.
Com relação às fases, vamos identificá-las uma a uma e assim você, acadêmico, compreenderá melhor esse processo de
criação de novas Políticas Públicas.
Segundo Caldas (2008), a primeira fase, determinada como Formação da Agenda, busca organizar e detectar quais são os
problemas existentes na sociedade e determinar os valores necessários para a sua elaboração. Caldas (2008, p. 10-11)
defende que “tal processo envolve a emergência, o reconhecimento e a definição das questões que serão tratadas e, como
consequência, quais serão deixadas de lado”.
Na segunda fase, temos a Formulação de Políticas, onde ocorre a seleção das prioridades, verifica-se quais são as que
necessitam ser aceitas ou não.
A partir do momento em que uma situação é vista como problema e, por isso, se insere na Agenda Governamental, é
necessário definir as linhas de ação que serão adotadas para solucioná-lo.
Este processo, no entanto, não ocorre de maneira pacífica, uma vez que geralmente alguns grupos considerarão
determinadas formas de ação favorável a eles, enquanto outros a considerarão prejudicial, iniciando-se assim um embate
político. Esse é o momento em que deve ser definido qual é o objetivo da política, quais serão os programas desenvolvidos
e as metas almejadas, o que significa a rejeição de várias propostas de ação.
Certamente essa escolha, além de se preocupar com o posicionamento dos grupos sociais, necessita ser feita ouvindo o
corpo técnico da administração pública, inclusive no que se refere aos recursos – materiais, econômicos, técnicos, pessoais,
dentre outros – disponíveis (CALDAS, 2008, p. 11).
Cabe observar que nesta fase é importante uma relação de dialogicidade com todos os setores envolvidos, pois sabendo
ouvir as partes envolvidas, no caso os segmentos administrativos e econômicos, conseguir-se-á determinar se estas ações
são ou não possíveis de serem levadas adiante. “Outra análise importante se refere aos riscos que cada alternativa traz,
desenvolvendo uma forma de compará-las e de medir qual é mais eficaz e eficiente para atender ao objetivo e aos
interesses sociais” (CALDAS, 2008, p. 13).
Já na terceira fase temos o Processo de Tomada de Decisões, em que os governantes junto às Políticas Públicas tomam
decisões. Segundo Caldas (2008, p. 13):
[...] a fase de tomada de decisões pode ser definida como o momento onde se escolhe alternativas de ação/intervenção em
resposta aos problemas definidos na Agenda. É o momento onde se define, por exemplo, os recursos e o prazo temporal de
ação da política. As escolhas feitas nesse momento são expressas em leis, decretos, normas, resoluções, dentre outros atos
da administração pública.
Outro passo importante, nessa fase, é se definir como se dará o processo de tomada de decisões, ou seja, qual o
procedimento que se deve seguir antes de decidir algo. Primeiramente, deverá se decidir quem participará do processo, se
este será aberto ou fechado.
Quando Caldas trata da participação ou não no processo de tomada de decisões, ele está apresentando a possibilidade dos
governantes de abrirem espaço para a sociedade civil participar ou não. Se for uma participação aberta, os governantes
necessitam determinar se haverá consulta dos favorecidos.
No caso de se prever tal tipo de consulta (como, por exemplo, no Orçamento Participativo), é necessário estabelecer se a
decisão será ou não tomada por votação, as regras em torno da mesma, o número de graus (direta ou indireta) que
envolverá a consulta que será feita aos eleitores etc. Essa definição é fundamental pelo fato de que diferentes formas de
decisão podem apresentar diferentes controladores da Agenda e resultar em decisões diferentes (CALDAS, 2008, p. 14).
Na quarta fase temos a Implementação, na qual as ações serão realizadas, é o momento de colocar o projeto em ação. Para
isso o setor administrativo passa a executar o projeto. Cabe salientar que durante o processo de execução do projeto
podem ocorrer mudanças drásticas, dependendo da postura do poder administrativo.
E por último, temos a fase de Avaliação, a qual deve estar em permanente ação, desde o primeiro momento do estágio ou
fases da elaboração das Políticas Públicas.
A avaliação, em sua estrutura, mostra aos gestores quais as ações que foram bem desenvolvidas e as que deixaram
lacunas. Dessa forma, a avaliação acaba sendo uma ferramenta de aprendizado e dando aos administradores respostas das
ações ali empregadas.
De maneira geral, o processo de avaliação de uma política leva em conta seus impactos e as funções cumpridas pela
política. Além disso, busca determinar sua relevância, analisar a eficiência, eficácia e sustentabilidade das ações
desenvolvidas, bem como servir como um meio de aprendizado para os atores públicos (CALDAS, 2008, p. 19).
Diante do exposto, podemos perceber que as Políticas Públicas serão realmente determinantes e eficazes se ocorrer uma
boa administração política. Segundo Caldas (2008, p. 19), ela será uma boa política se cumprir as seguintes funções:
• Evitar o deslocamento da solução de um problema político por meio da transferência ou adiamento para outra arena,
momento ou grupo.
• Ampliar as opções políticas futuras e não presumir valores dominantes e interesses futuros nem predizer a evolução dos
conhecimentos. Uma boa política deveria evitar fechar possíveis alternativas de ação.
Você deve estar se perguntando: para que eu necessito saber sobre estas questões?
A partir do momento que você inicia um processo de reconhecimento das ações que são desenvolvidas e elaboradas pelo
sistema governamental, seja ele a nível federal, estadual ou municipal, você poderá compreender e dar sua parcela de
participação no processo de construção de novas ações e programas, principalmente no que diz respeito às áreas que são
de maior importância para você, sua comunidade e com relação a sua vida profissional.
Frente ao exposto, vamos seguir nosso caminho, pois, depois de reconhecermos o que são as Políticas Públicas, sua função
e sua elaboração, passaremos a tratar de outro documento em que também foi necessária a participação dos vários
segmentos da sociedade civil organizada para sua elaboração. Estamos falando da Constituição Federal.
A Constituição Federal é a carta magna de um Estado Democrático, nela estão contidas todas as leis que regem o sistema
governamental.
Conforme Machado e Cunha (2016, p. 23), “a Constituição de um Estado Democrático é a cartilha na qual os cidadãos
apreendem os fundamentos e a proteção de seus direitos, a disciplina da atuação e dos limites do Poder Estatal e a função
social da comunidade”.
Nosso país, o Brasil, possui sua Constituição, por ser um Estado Democrático, e nessa constituição estão elencados todos os
segmentos que formam a estrutura governamental. A Constituição Brasileira foi promulgada em 5 de outubro de 1988
“fruto da convocação da Assembleia Nacional Constituinte pela Emenda nº 26, de 17.11.1985, e de sua posterior aprovação
por essa mesma Assembleia (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 23).
No que diz respeito a sua organização, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 estava assim composta
em sua composição original, conforme Machado e Cunha (2016, p. 23):
[...] com 245 artigos em suas Disposições Permanentes (note-se que inúmeros artigos são compostos de vários incisos,
parágrafos e alíneas, tais como os arts. 5º, 271, 22, 24, 155, entre outros) e 70 artigos em suas Disposições Transitórias
(também com incisos e parágrafos, a exemplo dos arts. 27 e 47).
Observa-se que a Constituição Brasileira possui, após seus 21 anos de existência, uma nova roupagem, sendo que:
[...] foram aprovadas 62 emendas constitucionais, além de seis emendas de revisão. [...] Enfim, a Constituição em vigor
conta agora com 250 artigos na Parte Permanente (alguns artigos ainda acrescidos ao texto com numeração sequencial
alfabética – 103-A, 146-A etc.) e 97 artigos no Ato das Disposições Transitórias (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 24).
Outro fator importante a ser ressaltado nesta etapa da construção da Constituição Federal são os princípios fundamentais,
que cada cidadão brasileiro deve saber e que são a base da Constituição.
O vocábulo princípio, do latim principium, traz à mente a noção genérica de início, começo, origem ou causa. Em sentido
jurídico, princípio é norma que expressa os valores mais altos da sociedade, de tal forma que, integrado na ordem
Constitucional, passa a orientar todas as demais normas e regras do ordenamento jurídico que ela baliza (MACHADO;
CUNHA, 2016, p. 3).
Ainda conforme Machado e Cunha (2016, p. 3), “os princípios são os fundamentos com base nos quais serão previstas as
regras que tem por finalidade fazê-los efetivos em determinada ordem de disciplina”.
Assim, deverão ser seguidas as regras, sob “pena de, não o fazendo, ser considerada inconstitucional, justificando sua
exclusão do ordenamento jurídico” (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 3).
Caro acadêmico, podemos observar com estes parágrafos iniciais que estamos diante de um documento no qual se
estabelece a identidade de um Estado Democrático, que deve ser seguido, conseguindo assim manter a ordem e o
progresso de um país.
Após este momento de reflexão, e de nos percebermos como cidadãos conscientes de nossos direitos e deveres, para
assim podermos realizar as cobranças de mudança em nosso país, em todas as suas esferas, vamos continuar nossos
estudos caminhando dentro desse documento maior – que é a Constituição – e verificar que em seus títulos há um que
será nosso foco, que é o Título VIII, que se refere à Ordem Social.
Neste título encontramos oito capítulos, sendo eles dispostos na seguinte ordem:
Observando o quadro acima, destacamos o Capítulo III, no qual está exposto na Seção I, o que diz respeito à Educação, nos
artigos 205 a 214. Daremos maior ênfase a esta seção, pois é a que se relaciona ao nosso trabalho, com nossas vivências
enquanto profissionais da educação.
Você, acadêmico de licenciatura, que está buscando construir sua vida profissional, ou que já esteja nesta área e busca
novos conhecimentos, é de suma importância perceber-se integrado nestes artigos que serão apresentados nesta unidade.
Quando tratamos da Constituição Federal nos deparamos com a Educação, ponto crucial no desenvolvimento de um país.
Se buscamos ordem e progresso necessitamos de uma educação que esteja voltada à melhoria da qualidade de vida de
seus confederados.
Assim, iniciamos com o Artigo 205: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1988).
Observa-se, neste artigo, dois dos grandes princípios da Constituição, que são: o direito e o dever. O direito, inicialmente, à
educação para todos. Conforme Machado e Cunha (2016, p. 1081):
Assim, podemos afirmar que foi atribuído a todo indivíduo brasileiro uma prerrogativa legal de exigir do Estado e da família
esse direito. Ousamos afirmar ainda, que esse direito está incorporado ao patrimônio do indivíduo, sem possibilidade de
reversão, por força da lei. Desse modo, todos podem exigir do Estado e da família o referido direito, porque o legislador
incumbiu-lhes tal dever, ou seja, tal obrigação refere-se à regra imposta por lei. Resumindo: o legislador constituinte
incumbiu ao Estado e à família o dever de prestar educação a todos. Caberá ao Estado a complementação da educação
recebida em casa pelas pessoas.
Cabe ressaltar que a família também é responsável diretamente pela educação das crianças, sendo ela uma parceira do
Estado nesse processo. No entanto, observam-se ainda muitas lacunas referentes a essa situação, pois ao referir-se ao
dever da família na educação dos filhos, estes em muitos momentos transferem essa responsabilidade somente às escolas
(Estado), tornando fragilizado o processo de ensino-aprendizagem.
Mesmo diante de algumas lacunas, a Constituição Federal foi e é um documento que apresentou e apresenta grandes
avanços na área educacional “e a partir daí novas leis surgem para regulamentar os artigos constitucionais e estabelecer
diretrizes para a educação do Brasil” (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1081).
Como exemplo, podemos citar a LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº 9.394, de 20.12.1996) e a Lei nº 10.172,
que aprovou o PNE – Plano Nacional de Educação, documentos que trataremos com mais proximidade nas próximas
páginas e unidades.
Ainda tratando das questões relacionadas ao ensino e dever deste pelo Estado e família, vejamos o artigo 206 da
Constituição (BRASIL, 1988):
Artigo 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
V – valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso
exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 53, de 2006)
VIII – piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de trabalhadores considerados profissionais da educação básica e sobre
fixação de prazo para a elaboração ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
Ressalta-se, neste artigo, caro acadêmico, que a garantia do ensino, a qualidade, a igualdade quanto ao acesso e
permanência na escola, a liberdade de aprender, o pluralismo de ideias, gratuidade do ensino público, a gestão e
valorização dos profissionais da educação estão garantidos nesses princípios. No que diz respeito à igualdade, Machado e
Cunha (2016, p. 1082) afirmam que:
A igualdade – um dos fundamentos básicos inerentes à própria noção de República (art., 1º da CF) e, portanto, do estado
democrático de Direito, pois não é possível falar em dignidade da pessoa humana sem o respeito à igualdade e à liberdade
– tratada neste inciso, vem a ser a relação de paridade, ou uniformidade, a relação de igualdade entre todas as pessoas
para que possam usufruir as mesmas condições de ensino. Afinal, quando os homens se propuseram a formar uma
república, fizeram-na desde que sob um Estado que outorgasse a si mesmo, por intermédio de uma Constituição,
instituições que respeitassem a igualdade, vista como postulado básico à própria formação do regime republicano.
No que diz respeito à “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber” (BRASIL, 1988),
podemos observar que todos possuem o direito e a liberdade de fazer o quiserem.
A palavra liberdade, em sentido amplo, vem a ser a ausência de constrangimento alheio, ou seja, é livre o homem que faz
aquilo que quer e não o que o outrem determine que faça. O homem, segundo esse princípio, não deve sofrer nenhum tipo
de constrangimento social quando estiver aprendendo, ensinando, pesquisando e divulgando o seu pensamento, sua arte e
o seu saber (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1083).
É importante ressaltar que o princípio da liberdade está relacionado ao princípio da legalidade, estabelecido no inciso II do
art. 5º da CF (BRASIL, 1988):
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direto à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; [...]
Cabe ressaltar que a liberdade aqui apregoada se trata de perceber que cabe ao cidadão ser livre de realizar ou não
determinadas ações sem ser coagido em qualquer situação. Esta situação nos remete à posição do professor em sala de
aula, ao ensinar é preciso que ele tenha liberdade de pensamento:
[...] para desenvolver modelos pedagógicos os quais se adaptem às necessidades de seus alunos, ou, até mesmo, ter
liberdade para reconhecer que muitas vezes ensinar é levar o aluno a aprender por si só, como é o caso do professor
orientador, ou maiêutico, para relembrarmos Sócrates (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1083).
Ainda cabe ressaltar que o professor possui a responsabilidade de buscar o conhecimento e instigar a pesquisa,
conseguindo assim o aprimoramento dos trabalhos desenvolvidos na escola com os alunos. Transformando as aulas em
momentos de criatividade, descoberta e de instigar a curiosidade do aluno. Para tanto o professor necessita ter vontade e
competência pedagógica.
Com relação ao pluralismo de ideias, de concepções pedagógicas e coexistência de instituições públicas e privadas de
ensino (BRASIL, 1988), podemos compreender que vivemos rodeados por diversas maneiras de ver, ouvir, pensar, dando
possibilidades infinitas de construirmos e conhecermos novas culturas e elaborarmos novos pensamentos. O respeito às
diferenças nos leva a compreender que a educação não pode ser vista de maneira homogênea, dentro de uma sala de aula
estão presentes diversas culturas, ninguém é igual a ninguém. E aí é que reside a beleza da construção do ensino.
Conforme este inciso, que trata do pluralismo de ideias, Machado e Cunha (2016, p. 1084) afirmam que:
Os seres que formam o mundo são diversos, individuais, diferentes, múltiplos, heterogêneos e, assim sendo, jamais
poderão ser considerados dentro de uma realidade absoluta. As pessoas pensam de maneiras diferentes. O ensino não
pode ser pautado em ideias homogêneas, em concepções pedagógicas únicas e absolutas, pois estaríamos diante de um
empobrecimento cultural e intelectual. Ademais, ao professor é preciso liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e
divulgar seu pensamento para que lhe seja possível a criação de estratégias pedagógicas as quais se amoldem às
necessidades dos alunos.
Acreditamos que você, acadêmico, tenha percebido que a presença da liberdade leva tanto as instituições públicas como
privadas a construir dentro das escolas o respeito às ideias do outro e a noção também de igualdade. Assim, conseguimos
construir os valores de democracia social que são representados pelo pluralismo de ideias e pelas concepções pedagógicas
(MACHADO; CUNHA, 2016).
No inciso IV do art. 206, que trata da gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais, podemos compreender
que o Estado está proibido de realizar qualquer cobrança de valores relacionados à oferta da educação escolar básica.
Ressaltamos que a escola pública é uma instituição que todo e qualquer indivíduo poderá se matricular
independentemente de classe social, religião ou raça. Estas instituições são mantidas pelo Poder Público “por intermédio
da gestão de recursos públicos” (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1084).
As escolas públicas são escolas pagas com os impostos cobrados da população, mas não são privadas, isto é, não visam ao
lucro, mas a atender uma demanda social. O direito ao ensino público e gratuito não foi afastado daqueles que podem
pagar pela prestação de serviços educacionais, pois se de outra forma ocorresse seria discriminação, mas aqueles que
podem pagar pelo ensino têm recebido uma educação de melhor qualidade, já que o Estado tem se afastado de sua
obrigação de empreender ações capazes de ampliar tanto o oferecimento como a qualidade da educação escolar, nos
termos constitucionalmente estabelecidos (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1084-1085).
Caro acadêmico, vamos tratar agora de outro inciso de relevante significado a cada um de nós, estamos falando do inciso
V, que trata “da valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com
ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas” (BRASIL, 1988). Conforme consta
na Constituição Federal, este inciso foi modificado na data de 19 de dezembro de 2006, através da Emenda Constitucional
nº 53.
Esta nova redação, dentre outras já ocorridas, “demonstra que o legislador não sabe como valorizar o profissional do
ensino” (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1085).
A nova redação do inciso substitui a expressão ‘profissionais do ensino’ por ‘profissionais da educação’, que possui um
sentido mais amplo, já que não só trata do magistério, mas de todos os profissionais de educação escolar pública. O novo
texto também prevê que a valorização se aplica aos profissionais do ensino privado, mesmo que as garantias especificadas
não os alcancem. Além disso, pela leitura do inciso sob comento, todos esses profissionais deverão contar com
remuneração condigna aos objetivos de sua profissão, bem como condições adequadas de trabalho (MACHADO; CUNHA,
2016, p. 1085).
Ressalta-se, ainda, que cada estado da federação possui sua legislação relativa aos profissionais do magistério, mas que
devem ser respeitadas todas as leis previstas na Constituição Federal.
No que tange ao inciso VI, que trata da “gestão democrática do ensino público, na forma da lei” (BRASIL, 1988), este
inciso tem o objetivo de demonstrar a cada cidadão que o conceito de democracia implica “um processo de convivência
social em que o poder emana do povo e é por ele exercido direta ou indiretamente em seu próprio proveito”
(MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1085).
O princípio democrático é aquele que assegura aos cidadãos o pleno direito de participação nas tomadas de decisão, e
essas noções devem ser difundidas no ensino público e permear o cotidiano dos educandos. A adoção desse princípio pode
significar a introdução de eleições diretas para reitores e todas as demais autoridades universitárias, assim como a
participação paritária de estudantes, funcionários e professores em órgãos colegiados, configurando a participação de
todos na questão educacional (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1085).
Cabe ressaltar ainda que, conforme apresentado anteriormente, cada estado, em sua organização, pode apresentar em sua
proposta curricular elementos que configurem a possibilidade de existirem eleições diretas para diretor das unidades
escolares, dando assim, maior abertura democrática no espaço escolar.
Continuando nosso estudo, chegamos ao inciso VIII, que trata do “piso salarial profissional nacional para os profissionais da
educação escolar pública, nos termos de lei federal” (BRASIL, 1988). Este inciso também foi acrescentado pela Ementa
Constitucional nº 53, de 19 de dezembro de 2006.
Este inciso tem o intuito de diminuir as desigualdades salariais dos profissionais da educação existentes entre os estados da
federação.
Conforme Machado e Cunha (2016, p. 1086), “este novo inciso, em verdade, quer assegurar o caráter nacional do piso
salarial dos profissionais da educação. Tal previsão, que pelo caráter peremptório do texto, revela ser um princípio e
demonstra uma conquista dos profissionais da educação”.
Chegamos ao parágrafo único do art. 206, no qual “a lei disporá sobre as categorias de trabalhadores considerados
profissionais da educação básica e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou adequação de seus planos de carreira, no
âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios” (BRASIL, 1988).
Este parágrafo foi acrescentado pela Emenda Constitucional nº 53, de 19 de dezembro de 2006, e conforme Machado e
Cunha (2016, p. 1087), “este parágrafo deve ser regulamentado por lei federal e prevê as categorias de trabalhadores
profissionais que atuam na educação básica e a definição dos valores de seus pisos salariais e de seus respectivos planos de
carreira”.
Quando tratamos dos planos de carreira, é necessário compreender que eles “são um instrumento de gestão que objetiva
o desenvolvimento dos profissionais da educação das instituições de ensino vinculadas ao MEC – são fundamentais para
que a atividade educacional não se torne apenas um ganho avulso ou uma tarefa ocasional” (MACHADO; CUNHA, 2016, p.
1087).
Ainda tratando da Seção I, vamos nos ater ao artigo 207, que assim trata:
“Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-pedagógica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial,
e obedecerão aos princípios de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão” (BRASIL, 1988). Neste artigo
apresentam-se questões relativas à autonomia, palavra que denota a liberdade de trabalho em todos os âmbitos
universitários. Cabe aqui uma ressalva, antes da Constituição de 1988, as universidades, em nosso país:
[...] surgiram por iniciativa do poder do Estado e por muito tempo estiveram sob sua ingerência, principalmente durante a
Ditadura Militar de 1964 ao início dos anos 1970, para atender objetivos estratégicos dos militares, o que nos faz concluir
que as universidades eram muito mais estatais que públicas, já que nesse período houve um êxodo de profissionais do
ensino por razões de perseguição política, principalmente dos que quiseram manter autonomia de sua cátedra (MACHADO;
CUNHA, 2016, p. 1087).
Mesmo depois desse caminho percorrido pelas universidades, após a Ditadura Militar, com a Constituição de 1988 se
definiu a autonomia universitária, mas as universidades continuam compondo-se como uma extensão administrativa do
poder estatal “posto que a natureza pública dos seus serviços exige alguma forma de controle e avaliação por parte do
Estado e da sociedade mesmo que isso não signifique ingerência” (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1087).
No que tange à autonomia didático-científica, administrativa e patrimonial, Machado e Cunha (2016, p. 1087, grifos do
original) afirmam que:
A autonomia didático-pedagógica de que trata o artigo vem a ser a liberdade que as universidades devem ter de definir
currículos; abrir e fechar cursos, tanto de graduação como de pós-graduação e de extensão; e definir suas linhas prioritárias
e mecanismos de financiamento da pesquisa, de acordo com as regras internas. Portanto, diz respeito à possibilidade de as
universidades conduzirem sem restrições as atividades de ensino e aprendizado. Quanto à autonomia administrativa, as
universidades poderão se organizar internamente, da maneira que melhor lhes convier, com estatutos próprios e, também,
organização de planos de carreira para o magistério público nas universidades federais (art. 206, V, da CF), enfim, trata-se
da possibilidade de autogovernar-se. Já em relação à autonomia de gestão financeira e patrimonial, refere-se à dotação
orçamentária e à plena liberdade de remanejamento de recursos. A autonomia patrimonial está vinculada à ideia de
constituição de patrimônio próprio, liberdade para obtenção de rendas de vários tipos e utilização de tais recursos da
forma que convier às universidades. O encaminhamento da autonomia universitária deve se dar com base na
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, já que esses três itens se complementam.
Diante do exposto, podemos determinar que as universidades, mesmo possuindo sua autonomia, devem se manter ligadas
ao MEC – Ministério da Educação, e à Constituição Federal, como também à LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação, a
qual será estudada na próxima unidade.
Mesmo possuindo autonomia, toda e qualquer autarquia pública necessita do controle e da avaliação de seus serviços, da
sociedade e do Estado.
Dá-se, ainda, às universidades o direito de admitir professores, técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei,
apresentado no parágrafo 1º, o qual foi acrescentado pela Ementa Constitucional nº 11, de 30 de abril de 1996. Neste
parágrafo ainda se encontra atrelado o parágrafo 2º que prevê também a pesquisa científica e tecnológica federais
(MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1088).
Caro acadêmico, você talvez venha a se questionar: para que eu preciso saber destes artigos, parágrafos e incisos?
Independentemente de sua licenciatura, necessita sim ter o conhecimento das leis, as quais regem nosso trabalho e vida
profissional. Nada é demais. E saber das leis demonstra que estamos cada vez mais preparados para caminhar neste espaço
chamado educação.
Passaremos a tratar do artigo 208, onde se encontram os deveres que o Estado possui com a educação escolar pública.
Dedicaremos uma atenção especial a este artigo, pois trata de questões relativas à obrigatoriedade e gratuidade da
educação básica.
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
I – educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta
gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria;
III – atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;
IV – educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade;
V – acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
VII – atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de
material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde (BRASIL, 1988).
Observa-se que nesse artigo se encontra o conteúdo relativo aos deveres do Estado para com a população brasileira, que é
de prestar educação escolar pública de qualidade e gratuita.
Quando tratamos da educação básica estamos nos referindo ao nível de ensino que abrange os primeiros anos de
educação formal, que corresponde ao direito de todos os brasileiros à formação comum necessária ao exercício de
cidadania e a sua qualificação para o trabalho e a continuidade de seus estudos.
Outro fator a ser ressaltado é que para existir este movimento possuímos dois documentos principais que abarcam a
educação básica, que são: a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, Lei nº 9.394 de 20.12.1996, e o Plano
Nacional de Educação – PNE, Lei nº 10.172/2001, ambos regidos pela Constituição da República Federativa do Brasil.
Conforme Abrão (2016, p. 1089):
De acordo com a Classificação Internacional Normatizadora da Educação (International Standard Classification of Education
– Isced), a educação básica inclui: (1) a educação primária, ou seja, o primeiro estágio da educação básica, correspondente
à aprendizagem básica da leitura, da escrita e das operações matemáticas simples; e (2) o ensino secundário inferior, isto é,
o segundo estágio do processo de escolarização, correspondente à consolidação da leitura e da escrita e às aprendizagens
básicas na área da língua materna, história e compreensão do meio social e natural envolvente.
No que diz respeito a questões relativas ao sistema educativo brasileiro e de países em desenvolvimento, Abrão (2016, p.
1089) apresenta que: “Alguns sistemas educativos, em particular os de países em desenvolvimento, incluem na educação
básica a educação pré-escolar e os programas de ensino de segunda oportunidade destinada à alfabetização de adultos”.
Neste caso encontramos a EJA (Educação de Jovens e Adultos), programa que auxilia na alfabetização de jovens e adultos
em nosso país.
Podemos ainda dizer que o Plano Nacional de Educação – PNE desenvolvido no Brasil, contempla como educação básica a
Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. Abrão (2016, p. 1089) ressalta que:
[...] a educação Infantil compreende a faixa etária de 0 a 6 anos, porém, em nosso país há tratamento diferenciado entre as
faixas etárias de 0 a 3 anos e de 4 a 6 anos para a pré-escola; além disso as creches deverão adotar objetivos educacionais,
transformando-se em instituições de educação, segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais emanadas do Conselho
Nacional de Educação. Essa determinação segue a melhor pedagogia, pois é nessa idade, precisamente, que os estímulos
educativos têm maior poder de influência sobre a formação da personalidade e o desenvolvimento da criança. Trata-se de
um tempo que não pode ser descurado ou mal orientado.
Frente ao exposto, podemos perceber que para o PNE, este tema é sua “menina dos olhos”, pois a formação da criança
ocorre desde os primeiros momentos de sua vida, e quando entra na educação formal, os profissionais da educação devem
organizar-se determinando objetivos que auxiliem no desenvolvimento global da criança, possibilitando uma sequência
educativa de qualidade.
É importante saber, caro acadêmico, que a Emenda Constitucional nº 59/2009 estabeleceu em relação à educação básica
duas diretrizes, assim apresentadas por Abrão (2016, p. 1089): “ [...] é dever do Estado prestá-la; e é obrigatória e gratuita
dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não
tiveram acesso na idade própria”.
Cabe ressaltar que os estrangeiros, como os brasileiros, possuem o direito à gratuidade na educação básica, que estejam na
idade própria (7 a 14 anos). Os pais ou responsáveis pelas crianças poderão exigir isso do Estado, pois a educação básica é
obrigatória, independente também da idade.
No que diz respeito ao inciso II, que trata da progressiva universalização do ensino médio gratuito, podemos determinar
que este dá a possibilidade de continuidade dos estudos de maneira gratuita aos adolescentes. Conforme Abrão (2016, p.
1090):
[...] atendendo o princípio estabelecido no art. 206, I, do texto Maior, o qual prevê ‘a igualdade de condições ao acesso e
permanência na escola’. Entretanto, estabeleceu o constituinte com tal inciso que o Estado não deve ficar inerte em
relação ao prosseguimento do ensino dos educandos [...] e deverá construir escolas e oferecer condições necessárias para
atender o maior número possível de educandos no ensino médio, sempre considerando a realidade de cada ente federado.
Já no inciso III, se apresenta como dever do Estado o “atendimento educacional especializado aos portadores de
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino” (BRASIL, 1988). Ressaltamos que mesmo possuindo todos estes
direitos com as leis, cabe ao estado dar condições tanto pedagógicas como físicas para que os profissionais da educação e
as crianças a serem atendidas possuam condições dignas de trabalho e de permanência nos espaços escolares.
Independentemente de ser escola pública ou privada, a educação precisa ser desenvolvida e as crianças muito bem
recebidas, conseguindo assim, avanços educacionais.
Conforme a Constituição, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, o Conselho Nacional de Educação por meio do parecer
CNE/CEB nº 17/2001 e da Resolução CNE/CEB nº 2/2001, ditou aos sistemas de ensino, seja ele privado ou público, a
responsabilidade de matricular todas as crianças com necessidades educacionais especiais.
Em seu art. 5º, essa Resolução prescreveu o conteúdo da expressão ‘educando com necessidades educacionais especiais’,
como sendo os alunos que, durante o processo educacional apresentarem:
III – altas habilidades/superdotação, grande facilidade de aprendizagem que os leve a dominar rapidamente conceitos,
procedimentos e atitudes (ABRÃO, 2016, p. 1091).
O educando possui o direito de se matricular e frequentar a escola, independentemente de ser pública ou privada, e
sempre lembrando da necessidade de a escola possuir uma estrutura adequada para o receber, e perceber que
independentemente de seu problema, é importante a sua permanência e convívio saudável na escola. Cabe ressaltar que o
entendimento, com relação ao “educando com necessidades educacionais especiais”, como se apresenta no art. 5º, trata
não só dos educandos com dificuldades físicas ou intelectuais elevadas, mas sim, de todos que de uma maneira ou outra
possuem alguma dificuldade educativa de compreensão ou socialização.
O inciso IV trata da garantia de educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade,
observamos que ocorreu uma nova redação, ficando assim, apresentada nas palavras de Abrão (2016, p. 1091):
O texto deste inciso, alterado pela EC n. 53/2006, incorpora a educação infantil como dever do Estado brasileiro. A
prescrição sob comentário, em verdade, adéqua seu texto da Lei n. 11.274/2006 – que alterou alguns dispositivos da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação -, já que inclui as crianças de seis anos de idade no ensino fundamental obrigatório com
duração de nove anos.
Caro acadêmico, ao tratarmos do assunto alfabetização e letramento, indagamos: o que é alfabetização e letramento? São
sinônimos?
Vamos refletir sobre isso, pois é de extrema importância buscarmos esse entendimento. Quando falamos em alfabetização
e letramento, estamos tratando do que nos é apresentado no PNAIC – Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa.
Podemos perceber que o alfabetizar e letrar se confundem, estão interligados, de acordo com Magda Soares (1998, p. 47):
“Alfabetizar e letrar são duas ações distintas, mas são inseparáveis, ao contrário, o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja:
ensinar a ler e escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, de modo que o indivíduo se tornasse, ao
mesmo tempo alfabetizado e letrado”.
O slide da figura anterior e os demais que o compõe, são de Camila Ribeiro, pedagoga da Prefeitura Municipal de Araucária,
e se encontram na íntegra no link: <http://pt.slideshare.net/CamilaRibeiro35/alfabetizaao-e-letramento-pnaic>. Acesso
em: 25 jul. 2016.
Com este entendimento sobre alfabetização e letramento, podemos perceber que todo educando necessita dos
profissionais da educação comprometidos e que o Estado dê a estes profissionais condições de aprimoramento e
entendimento.
No que diz respeito ao inciso “V – acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a
capacidade de cada um”; e ao inciso “VI – oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando” (BRASIL,
1988); observamos que a cada indivíduo é dado o direito de participar ou acessar a universidade, a pesquisa, que muito se
fala na atualidade, como uma das necessidades mais presentes na esfera educacional e das criações artísticas. Conforme
Abrão (2016, p. 1091-1092): “[...] tal direito será conferido àqueles que demonstram capacidade de acordo com os
mecanismos de aferição que lhes forem impostos”.
Já o inciso VI, apresentado acima, denota que o Estado tem o dever de criar ações que atendam à igualdade de condições
para o acesso e permanência do educando na escola, “oferecendo a ele o ensino noturno regular adequado as suas
condições, já que, normalmente, os cursos noturnos são procurados por pessoas com mais idade, as quais trabalham
durante o dia e necessitam estudar à noite” (ABRÃO, 2016, p. 1092).
E, por último, o inciso VII, que trata do “atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de
programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde”. Este inciso trata do
que anteriormente comentamos, de nada adianta mantermos os educandos em sala de aula, lhes dando o direito à
matrícula, gratuidade do ensino, se não lhes são dadas condições físicas e pedagógicas para tanto. Como assim? Da
seguinte forma, conforme nos prescreve Abrão (2016, p. 1092):
Esse preceito constitucional é de suma importância, pois não basta garantir o direito ao ensino público gratuito, porque por
si só ele não se efetiva. São necessários programas suplementares para que seja possível manter um estudante na escola.
Diante da miserabilidade de parcela significativa da população brasileira, os programas de oferta de material escolar,
transporte, saúde e alimentação não podem se dissociar do direito à educação, porque se de outra forma ocorresse, este
último não se realizaria.
Um aluno com fome não consegue assimilar as lições de seu professor, sem saúde, não consegue estudar, sem transporte
não chega à escola e sem material não acompanha a lição. Desse modo, para que o ensino seja ministrado, não basta o
princípio da igualdade de condições ao acesso e permanência na escola, o Estado deverá ser chamado a dar condições
concretas e efetivas para viabilizar esse princípio. Para tanto, o constituinte atribui ao estado o dever de promover ações, e,
todas as etapas da educação básica, para garantir de forma suplementar o material didático-escolar, o transporte, a
alimentação e a assistência à saúde dos educandos. Mas deixemos bem claro que a atuação do Estado, por meio de
programas para promoção dessas ações, é suplementar, pois deverá atingir somente os educandos que não tenham
condições de se autossustentar (ABRÃO, 2016, p. 1092).
Nas próximas unidades trataremos dos programas que o Estado promove para auxiliar no desenvolvimento e melhoria da
vida educacional dos educandos.
Caro acadêmico, parece um pouco cansativo este processo de estudo, mas saiba que é necessário para sua formação,
enquanto profissional da educação. Desta forma, vamos dar continuidade, agora apresentando outro artigo.
“Art. 209 – O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições” (BRASIL, 1988):
I – cumprimento das normas gerais da educação nacional: as escolas privadas poderão exercer o ensino, mas deverão
seguir as regras previstas nos documentos oficiais como a LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação, o PNE – Plano
Nacional de Educação, dentre outros documentos relacionados à educação.
II – autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público: quanto ao direito de abertura de escolas privadas, cabe e é
dado o direito ao Poder Público de sancionar, liberar, autorizar a abertura destas instituições privadas e verificar se elas
atendem ao que é prerrogativa de melhoria na qualidade educacional dos educandos. Cabe também ao Poder Público
realizar avaliações, em que ele “poderá revogar a autorização caso verifique que atitudes contrárias ao interesse social,
como ensino de baixa qualidade e preços de mensalidades extorsivos, estão sendo praticados” (ABRÃO, 2016, p. 1095).
O artigo 210, trata de uma temática de extrema importância, que assim se apresenta: “Serão fixados conteúdos mínimos
para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos,
nacionais e regionais” (BRASIL, 1988). Este artigo demonstra um respeito e cuidado com relação ao pluralismo cultural.
Conforme Abrão (2016, p. 1095), “o pluralismo representa hoje uma necessidade, pois a história nos mostrou a tragicidade
das tentativas de uniformização e hegemonização culturais, raciais, ideológicas, religiosas etc.”.
Cabe ressaltar ainda que na formulação deste artigo se observa o cuidado e abertura para considerar o pluralismo de ideias
e de concepções pedagógicas, pois a escola é um espaço de democracia, a qual de forma alguma poderá deixar de respeitar
as diferenças culturais aí existentes e reconhecer as diferenças regionais e sociais existentes neste nosso imenso país.
Segundo Abrão (2016, p. 1095), “[...] constitui um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil a
promoção do bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Entendemos que a escola é um ambiente próprio para a efetividade e o respeito a esses preceitos”.
Continuando, sobre os artigos relativos à educação, apresentamos o “Art. 211 – A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino” (BRASIL, 1988).
Observe, acadêmico, que este artigo trata da competência de cada membro federado no sistema educacional.
Ao falar sobre competência é necessário esclarecer que o Brasil é um Estado Federal e o constituinte, no art. 1º, configurou
sua formação da seguinte maneira: União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios. As características essenciais de
um Estado federal são: os Estados-membros possuem autonomia para autogovernar-se, há uma descentralização
legislativa, administrativa e política e esses Estados participam do governo central por meio de seus representantes no
Congresso Nacional. A proposta do constituinte de 1988 foi pela tentativa da maior descentralização de decisões,
fortalecendo os Estados e os Municípios. Desse modo ficou a União com a elaboração de normas gerais, sempre levando
em consideração a realidade local (ABRÃO, 2016, p. 1097).
Desta forma, o artigo 211, como declara Abrão (2016, p. 1097), “[...] deve ser interpretado em consonância com o disposto
no art. 23 da Carta Magna, que prevê a fixação de normas para cooperação entre União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, com vistas ao equilíbrio do desenvolvimento e ao bem-estar em âmbito nacional”.
Com isso podemos perceber que a pluralidade cultural e regional é respeitada no desenvolvimento e construção de uma
estrutura organizacional adequada à realidade local.
Assim, à União fica a responsabilidade de auxiliar financeiramente, organizar o sistema federal de ensino, buscar meios
para a obtenção de ensino de qualidade através de seus programas e de uma Base Nacional de Ensino.
Aos municípios fica a priorização do ensino fundamental e da educação infantil com qualidade. Esta temática será melhor
desenvolvida nas próximas unidades deste caderno. Já os Estados e o Distrito Federal priorizarão o ensino fundamental e
médio.
O Artigo 212 traz as questões relativas ao financeiro, ficando assim sua leitura: “A União aplicará, anualmente, nunca
menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante
de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino” (BRASIL,
1988).
Ao tratarmos deste artigo, podemos nos ater ao que ocorre em nossos estados e municípios. Como profissional da
educação e como cidadão, podemos observar se os recursos públicos estão sendo realmente aplicados na esfera
educacional. Cabe a cada membro formador da sociedade buscar informações relativas a esta aplicação, pois é de extrema
necessidade ter as condições necessárias para o funcionamento e desenvolvimento dos trabalhos pedagógicos na escola.
É importante observar que esta matéria está regulamentada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Vejamos o artigo
213:
Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias,
confessionais ou filantrópicas, definidas em lei que:
II – assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder
Público, no caso de encerramento de suas atividades.
Parágrafo 1º Os recursos de que trata este artigo poderão ser destinados a bolsas de estudo para o ensino fundamental e
médio, na forma da lei, para os que demonstrarem insuficiência de recursos, quando houver falta de vagas e cursos
regulares da rede pública na localidade da residência do educando, ficando o Poder Público obrigado a investir
prioritariamente na expansão de sua rede na localidade.
Parágrafo 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de estímulo e fomento à inovação realizadas por universidades e/ou
por instituições de educação profissional e tecnológica poderão receber apoio financeiro do Poder Público (BRASIL, 1988,
grifo nosso).Rever Slide aula
Os dois parágrafos tratam de ações relativas ao financeiro. No parágrafo primeiro, cabe ao Poder Público realizar
investimentos prioritariamente em sua rede de ensino, mas poderá conceder bolsas de estudo para os ensinos
fundamental e médio aos alunos que comprovarem falta de recursos.
O parágrafo segundo trata de uma regra não obrigatória, pois o Poder Público poderá apoiar ações relativas a atividades
universitárias de pesquisa, de extensão e de estímulo e fomento à inovação. Tudo isso dependerá de verbas orçamentárias.
Por último, trataremos do artigo 214, que busca estabelecer o plano nacional de educação, o qual será melhor analisado
nas próximas unidades.
Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração decenal, com o objetivo de articular o sistema
nacional de educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação para
assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações
integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas que conduzam a:
I – erradicação do analfabetismo;
VI – estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto interno bruto
(BRASIL, 1988, grifo nosso).
Com estes dados podemos perceber que o Plano Nacional de Educação tem como base buscar solucionar e, se assim não
for possível, diminuir as diferenças e o pessimismo existente com as questões educacionais. É determinante que todos os
profissionais da educação tenham conhecimento deste documento, participem de sua elaboração, que ocorre a cada dez
anos, e verifiquem se os objetivos já propostos foram ou estão sendo conquistados. Participar é uma das palavras-chave
para cada um de nós, profissionais da educação.
Daremos continuidade a nossos estudos e trataremos de outro fator que é determinante no processo de legislar. Até o
momento, nos deparamos com o que são as Políticas Públicas e a influência da Constituição Federal na Educação com a
apresentação dos artigos 205 até o 214, que tratam diretamente das questões educacionais.
Formular leis que tragam propostas flexíveis e auxiliem na estruturação de todos os níveis de ensino de um país, como o
Brasil, não é algo tão fácil, mas observa-se que os documentos criados, pautados na ética, na ordem e no desenvolvimento
educacional, retratam que muito já se caminhou e muito ainda é necessário construir com a educação nacional. Por isso,
trataremos agora de algo significativo e que nos faz pensar.
3 LIGAÇÃO ENTRE A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO
Como vimos, a Constituição Federal é a Carta Magna de nosso país, e é a partir deste documento que nós, da educação,
necessitamos buscar alimento para a construção de outro documento que podemos considerar a Carta Magna da Educação
brasileira.
Estamos falando da LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação, documento este que pode ser considerado a “bússola da
educação escolar”, conforme apresentado no prefácio do livro LDB fácil, pela professora Maria do Socorro Santos Uchoa
Carneiro (CARNEIRO, 2015, p. 17).
Podemos determinar que a Constituição Federal foi e é a raiz de sustentação de todo o programa educacional de nosso
país. A Constituição Federal delineia a forma democrática de governo.
A Constituição é o fundamento do direito à medida que, de seu cumprimento, deriva o exercício da autonomia legítima e
consentida. Não menos importante é compreender que, ao institucionalizar a soberania popular, o texto constitucional
traduz o estado da cultura política da nação (CARNEIRO, 2015). Enquanto que na educação, as constituições brasileiras
construíram através de caminhadas árduas, uma aproximação entre “direitos políticos e direitos sociais” (CARNEIRO, 2015,
p. 38).
Para tanto, conforme Carneiro (2015, p. 38), “a inclusão da Educação como direito fundamental de todo cidadão contribuiu
para sinalizar na perspectiva da construção de uma escola de padrão básico, vazada em um modelo organizacional de
objetivos convergentes, logo estruturado à luz de marcos normativos comuns”.
Observa-se que para chegar ao patamar em que nos encontramos na atualidade a caminhada foi árdua e passamos por
diversos momentos históricos, na construção de várias constituições brasileiras.
Assim, podemos determinar de forma resumida as constituições que já tivemos em nosso país. Estas constituições foram
oito, assim apresentadas, conforme Carneiro (2015, p. 39):
A primeira Constituição do país data de 1824. De então até agora, o Brasil teve oito constituições, a
saber: a de 1824, a de 1891, a de 1934, a de 1937, a de 1946, a de 1967, a de 1969 e a de 1988. Destas,
apenas as de 1891, 1934, 1946 e 1988 foram votadas por representantes populares com delegação
constituinte. A última dessas Constituições, a de 1988, contou com uma robusta participação da
comunidade nacional, mediante a mobilização de amplos segmentos da sociedade civil. Culminância
deste movimento cívico foram os atos públicos que cimentaram a criação do Plenário Nacional Pró-
Participação Nacional Popular na Constituinte. Neste cenário, a defesa da escola pública e de uma
educação de qualidade ganhou relevância ímpar no conjunto da sociedade brasileira [...].
Diante deste cenário, vamos apresentar a você, acadêmico, um quadro resumido das constituições que já tivemos em
nosso país e qual a ligação de cada uma com a educação. Fique atento às situações e interesses envolvendo cada momento
histórico da construção das constituições!
Observe, acadêmico, que a caminhada de nossa Constituição e da educação brasileira foi pautada por momentos históricos
e fez com que pudéssemos determinar as necessidades do momento e das muitas mudanças que ainda estamos buscando
dentro da Educação.
Essa busca vem de encontro às necessidades, valores, desejos e anseios da população, que hoje participa ativamente de
forma democrática das atividades e propostas apresentadas.
Nossa LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação – está inserida em nossa Carta Magna, a Constituição Federal. Por este
motivo o interesse e a necessidade de reconhecermos este documento como de extrema importância em nossas vidas
profissionais. Tanto a Constituição como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação estão inseridas em nosso cotidiano.
As políticas públicas terão eficácia a partir do momento que os cidadãos compreenderem como ocorre a criação dessas
políticas (ações, programas) nas esferas federais, estaduais e, principalmente, nas que estão bem próximas de cada um de
nós, e que estão sendo desenvolvidas – as municipais. Estas ações também ocorrem dentro e fora de nossas residências, e
somos nós também responsáveis pela sua aplicabilidade, transparência e eficácia.
As Políticas Públicas são de “responsabilidade do Estado, com base em organismos políticos e entidades da sociedade civil
se estabelece um processo de tomada de decisões que derivam nas normatizações do país, ou seja, nossa Legislação”
(MARINHO, 2014, p. 1).
Texto colaborativo a ementa será disponibilizado como material para leitura . Vera Peroni: O ESTADO BRASILEIRO E A
POLÍTICA EDUCACIONAL DOS ANOS 90