TCC 2 Thawan
TCC 2 Thawan
TCC 2 Thawan
Silva, T. D. A. 1
Graduando, Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Goiânia, Goiás, Brasil
Carvalho, M. A. 2
Professora Dra, Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Goiânia, Goiás, Brasil
1
[email protected]; 2 [email protected]
RESUMO: A indústria da construção civil se reinventa, a cada dia, com o uso de novos materiais e técnicas construtivas.
Entretanto, apesar de toda essa evolução tecnológica e vantagens comprovadas do uso de novos materiais. manifestações
patológicas não são raras de se encontrar, em todos os tipos de obras. Este trabalho realizou, a partir de um compilado de trabalhos
especializados sobre as principais patologias de revestimentos cerâmicos em fachadas, uma análise de possíveis causas e medidas
que poderiam ser adotadas, para evitar ou minimizar manifestações patológicas. Buscou-se fazer, também, um estudo para ratificar
esse conhecimento, com a análise de três estudos de casos. Foram utilizadas duas linhas de pesquisa, a bibliográfica e a qualitativa,
sobre o reconhecimento e a prevenção das manifestações patológicas mais comuns. A primeira foi centrada na teoria que engloba
as patologias em foco, e a segunda tratou da interpretação das patologias encontradas, nas edificações visitadas, situadas no Distrito
Federal. A coleta de dados foi feita in loco, com base na análise visual e em registros fotográficos da fachada das edificações. Na
análise dos dados coletados, foi verificada a existência de patologias de desplacamentos, em todas as edificações, devido ao mau
uso do prédio ou à má qualidade de execução. Outras patologias também foram encontradas nas fachadas, justificadas por falhas
executivas e pelas altas solicitações e movimentações do corpo das edificações, devidas às variações térmicas sazonais. Em todos
os três casos estudados, pode-se observar que as edificações nunca receberam manutenção preventiva. A correção das patologias
identificadas foi feita, retirando-se o material da fachada e refazendo sua colocação adequada.
ABSTRACT: The civil construction industry has been innovating with the use of new materials and modern construction
techniques in facade cladding. However, with all this technological evolution and proven advantages in the use of new ceramic
materials in facade cladding, pathological manifestations are not rare. The work seeks, from a compilation of specialized tasks on
the main pathologies in ceramic tiles, a wide bibliographic review, analyzing possible causes and measures that could be used to
avoid or minimize such pathological manifestations. The aim is to carry out a complete study of the main pathologies and to ratify
this knowledge by analyzing three case studies in addition to analyzing the possible causes and measures with which such
pathological manifestations can be avoided or minimized. For the elaboration of this work, two lines of research were used, the
bibliographical and qualitative. The first was one of the key points for the elaboration of the entire theory that encompasses the
subject under analysis, since the search was carried out through the reading of books and data available on the internet, data that
were essential to present all the existing theory that includes pathologies. Subsequent to this theoretical study, the interpretation of
the pathologies of three case studies in buildings in the Federal District was carried out. Data collection was basically made of
visual analysis and photographic record of the facade of the buildings. In the data analysis, the existence of displacement pathologies
was verified in all buildings, due to misuse or poor execution. The pathology found on the facade is justified by the high requests
and movements due to thermal variations, in addition to executive failures. In all three works it can be observed that there was no
preventive maintenance in the buildings, which would serve to avoid these pathologies. The correction was made by removing the
material with pathology and re-positioning the ceramic tiles in an appropriate manner.
Este entendimento torna-se essencial para todas as Conforme ensina Faria (2018), o descolamento de
edificações porque deixa entender os motivos que placas cerâmicas (Figura 01) é uma patologia
levaram ao atual estágio de degradação, além de se preocupante e que envolve a segurança de uso e
estudar as formas de reparo e também as futuras formas operação do empreendimento, devido aos riscos
de prevenção para que patologias reapareçam. Vale envolvidos. Desde que ocorra de forma correta, de
ressaltar que toda edificação, seja nova ou antiga, de acordo com as normas técnicas, o revestimento será
qualquer material, pode apresentar alguma patologia, seguro e terá uma alta durabilidade para a edificação.
seja de pequena ou grande intensidade. Isso ocorre Caso aconteça má-execução ou utilização, prejudicará
porque em alguma das etapas poderá haver falhas, seja a estrutura gera patologias e causa riscos ao usuário.
de projeto, execução ou de não respeito às normas Há casos que acontece o descolamento da cerâmica de
técnicas. fachadas e acaba atingindo algum usuário, por exemplo.
De acordo com Capelo (2010), as patologias podem se Caso aconteça, deve ser avaliado por especialistas e/ou
manifestar de diversas formas e em qualquer etapa peritos civis, pois não se trata de um entendimento
executiva, por utilizar materiais de baixa qualidade, na patológico simples, visto que envolva análise do
etapa de projeto ou até mesmo na etapa de utilização cálculo estrutural e até do método executivo.
pós-entreg ao usuário, como por falta de manutenção ou O mesmo ainda indica que as principais causas do
utilização incorreta. descolamento são:
LUZ (2004) destaca que as manifestações patológicas − Excesso de água na argamassa colante;
dos sistemas de revestimentos cerâmicos de paredes − Uso de técnicas e/ou ferramentas inadequadas para
externas são caracterizadas pela degradação parcial ou aplicação da argamassa;
total do sistema. Basicamente, temos dois níveis de − Aplicação da argamassa sem limpeza do substrato;
expressão: os que não representam riscos para os − Pressão inadequada quando da colocação da placa
utilizadores e os que representam riscos para os cerâmica;
− Infiltração de água;
2.4 Fissuras
A NBR 9575 (ABNT, 2003) considera fissuras (Figura
05) como aberturas menores ou iguais a 0,5 mm
causadas por quebra de material ou componente, 2.5 Manchas
microfissuras com espessura menor que 0,05 mm e
Conforme ensina Gail (2020), há diversos fatores que
fissuras com aberturas maiores que 0,05 mm 0,5 mm e
podem ocasionar manchas nos revestimentos
menores que 1 mm.
cerâmicos, na maioria das vezes é causado por falhas
Por outro lado, a NBR 15575-2 (ABNT, 2008) define executivas ou por baixa qualidade dos materiais
fissura como uma seção da superfície ou toda a seção utilizados. Porém, a principal causa das manchas
transversal de uma peça com aberturas capilares (Figura 06) decorre quando o executor não elimina a
causadas por tensões normais ou tangenciais. As umidade na subcamada do revestimento (contrapiso)
fissuras podem ser classificadas como ativas (mudança eposteriormente esta umidade será transmitida ao
de abertura devido ao calor ou outros movimentos) ou revestimento, com isso manchas serão geradas. Como a
passivas (abertura contínua). A fissura é expressa por peça não é permeável, a umidade ficará retida.
uma expressão coloquial, que significa fenda com
Figura 06 – Representação de mancha em revestimento
abertura maior ou igual a 0,6 mm. cerâmico Fonte: (a) LACERDA, 2014, (b) Raiylson,
Gail (2021) enfatiza que trinca ou quebra de placas 2017.
cerâmicas ocorre quando a peça cerâmica vem com
defeito de fabricação ou quando a execução não é feita
de acordo com as normas técnicas ou conforme o
prescrito pelo fabricante do material – visto que este
deve respeitar as normas técnicas quando do momento
da produção. Este último caso é o mais recorrente nas
obras.
De acordo com os ensinamentos de PIZZINATTO
(2017), a fissuração pode apresentar-se de diversas
formas patológicas, como: movimentação ou Conforme ensina Souza, Reboita, Werle e Costa
deformação do substrato; perda de água da argamassa, (2017), há uma forte influência das variáveis
por dosagem inadequada ou baixa qualidade dos atmosféricas que podem causar degradação dos
materiais; alvenaria recebendo carga estrutural e materiais utilizados na construção civil. Desde a
transmite no revestimento; dentre outros. radiação solar, temperatura, precipitação, vento e
poluição, há vários fatores que contribuem para
Além disso, Gail (2021) ensina que há algumas falhas diminuição da vida útil das estruturas, algo que é de
de assentamento ou também falha no rejunte que constante busca dos atuais construtores.
também causa esta patologia, como:
Ainda de acordo com os mesmos autores, os materiais
Falta de argamassa de assentamento na parte traseira que mais sofre com essas variações atmosféricas são os
das placas; cerâmicos, quando expostos a temperatura, umidade ou
− Assentamento com argamassa irregular; agentes agressivos, podem apresentar fissuras, variação
− Falha na especificação da argamassa de assenta- volumétrica (expansão ou retração) e eflorescências.
mento; Estas três patologias são as mais comuns e serão
− Liberação de trânsito no local antes do tempo ressaltadas abaixo.
mínimo necessário; Por fim, entende-se por eflorescência (Figura 07) a
− Movimentações do substrato. reação causada por sais dissolvidos na água em contato
com o revestimento e que, após sua evaporação,
formam manchas na superfície. Evidencia-se as
eflorescências em forma de manchas esbranquiçadas,
que normalmente são evidenciadas em fachadas.
De acordo com Alucci et al. (1988), o bolor é uma Figura 09 – Representação de deterioração das juntas.
Fonte: (a) Moraes e Neves e (b) Galletto, 2013
alteração macroscópica observável na superfície de
diferentes materiais, resultante do desenvolvimento de
microrganismos pertencentes ao grupo dos fungos. Em
edifícios, os fungos promovem a decomposição de
diferentes tipos de componentes, especialmente
revestimentos ou materiais orgânicos depositados sobre
eles. Portanto, eles secretam enzimas para quebrar
moléculas orgânicas complexas em compostos mais
simples, que são absorvidos e usados em seu
A insuficiente calafetagem da junta de assentamento
desenvolvimento. O molde é geralmente escuro, preto,
permite a entrada de água na argamassa de
marrom ou verde.
assentamento e no corpo cerâmico, afetando-os a
O aparecimento de fungos e algas pode aparecer na expansão e contração da absorção de água, formando
argamassa de rejuntamento, que é ocasionado pelo uso pressão de vapor d'água e intemperismo localizado no
de argamassa de alta porosidade sem adição de agentes revestimento. Quanto às juntas móveis e soltas
de resistência e desses microrganismos. (CICHIELLI, Fontenelle e Moura (2004) ensinam que sua
2006, P.47). deterioração pode ser expressa pela perda de vedação
da junta e pelo envelhecimento do material de
Mofo ou microrganismos produtores de mofo (Figura
enchimento, embora afete diretamente a argamassa de
08) se desenvolvem e proliferam sob condições
enchimento, afetará a argamassa de enchimento
climáticas favoráveis, como em ambientes muito
desempenho da cerâmica revestida como um todo. Uma
úmidos, mal ventilados e / ou mal iluminados. Aruch et
vez que a perda de estanqueidade começará logo após a
al. (1988) apontam que a formação de mofo em
implementação e, com o tempo, se deteriorará devido a
edificações requer umidade relativa do ar superior a
procedimentos de limpeza inadequados (como o uso de
75%, a temperatura varia entre 10º e 35ºC e o
Porcentagens de descolamento
Fachadas
Visual Percussão
Frontal 31% 53%
Posterior 43% 62% O terceiro ponto foi realizado na fachada frontal perto
da antiga guarita do zelador mostrado na Figura 5.2
Lateral esquerda 43% 62%
como Ensaio 1. Os resultados atingiram o desejado por
Lateral direita 21% 53% norma para o ensaio da cerâmica e para o emboço
apenas um corpo de prova alcançou o desejado por
norma.
5 CONCLUSÕES
As Figuras 27 exemplifica alguns dos resultados Nos três estudos em análise, foi observado que o
obtidos nos testes de resistência de aderência da revestimento cerâmico das fachadas apresenta
argamassa de emboço. problemas decorrentes principalmente de uma
Figura 27 – Detalhe de fratura na interfase
execução inadequada, sem a devida atenção
substrato/chapisco (foto da esquerda). Detalhe de normas técnicas e manuais dos fabricantes destes
rompimento no emboço (foto da direita). Fonte: Autor materiais e, sem manutenção preventiva,
fundamental na qualidade de vida útil de qualquer
produto.
As patologias encontradas foram basicamente de
descolamentos, exceto no estudo de caso 1 também se
encontra fissuras, porém foram feitas análises apenas de
descolamentos. Vale ressaltar que com os dados
analisados, não foi possível constatar interferência dos
aspectos estruturais nas patologias dos revestimentos de
fachadas.
ALUCCI, M. P., FLAUZINO, W. D., MILANO, S. CARVALHO, Y. N. P.; LEANDRO, F. S.; JUNIOR,
Bolor em edifícios: causas e recomendações. F. C. N. G.; LÊU, A. A. M.; SILVA, U. R. L.
Tecnologia de Edificações, São Paulo. Pini, IPT – Manifestações Patológicas com foco em fachadas de
Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São conjunto habitacional de baixa renda na cidade de
Paulo, Coletânea de trabalhos da Div. de Edificações do Juazeiro do Norte, Ceará. CONPAR – Conferência
IPT. 1988. p.565-70. Nacional de Patologia e Recuperação de Estruturas.
Ceará. 2017.
ANDRELLO, J. M.; GALLETTO, A. Patologias em
fachadas com Revestimentos Cerâmicos. Congresso CASSAR, B. C. Análise comparativa de sistemas
Internacional sobre Patologia e Recuperação de construtivos para empreendimentos habitacionais:
Estruturas. João Pessoa. Paraíba. 2013. alvenaria convencional x light steel frame. 2018. 108P.
Monografia (Bacharel em Engenharia Civil) -
ANFACER - Associação Nacional dos Fabricantes de Universidade Federal do Rio de Janeiro. Acesso em: 11
Cerâmica para Revestimentos, Louças Sanitárias e nov. 2021.
Congêneres. 2021. Disponível em: <
https://www.anfacer.org.br/>. Acesso 30/10/2022. COSTA, E. B. C.; REBOITA, M. S.; SOUZA, R. B.;
WERLE, A. P. Influência das variáveis atomosférias
ANTUNES, G. S. Estudo de Manifestações na degradação dos materiais da construção civil. REEC
Patológicas em revestimentos de fachadas de Brasília – – Revista Eletrônica de Engenharia Civil. Vol. 13 – nº
Sistematização da Incidência de casos. Distrito Federal, 1. 2016.
2010. Dissertação de Mestrado – Universidade de