ArtigoIbracon 2019
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Anna Raquel Carvalho Oliveira Batista (1); Vinícius Almeida Coelho (2); Luanne Bastos de Britto
Barbosa (3); Milena Borges dos Santos Cerqueira (4); Francisco Gabriel Santos Silva (5).
Resumo
Na cidade de Salvador é possível observar diversas edificações cujas fachadas apresentam revestimento cerâmico
em seu acabamento, ao mesmo tempo em que se verifica o surgimento de manifestações patológicas em
edificações de diferentes idades. Este trabalho apresenta a análise e quantificação de danos em fachadas de
revestimento cerâmico localizados na cidade de Salvador/BA, com objetivo de estimular um melhor gerenciamento
do projeto e da construção de empreendimentos, tendo como prioridade, ações preventivas de manutenção. Foi
aplicado, nessa pesquisa, o método proposto por Taguchi (2010) para estudo de degradação em fachadas. A
qualificação das patologias das alvenarias caracterizadas pelo método avaliou o empreendimento em grau crítico
de deterioração, indicador da necessidade de intervenção imediata. Embora o estudo tenha sido restrito a um
empreendimento, foi possível caracterizar cada fenômeno patológico e analisar sua respectiva causa, para em
seguida qualificar os danos em suas fachadas, avaliar suas performances e pontuar a importância do cuidado
durante as etapas de projeto e execução das fachadas.
Palavra-Chave: Fachada; revestimento cerâmico; deterioração; desempenho.
Abstract
In the city of Salvador it is possible to observe several buildings whose façades have a ceramic coating in their finish,
while at the same time the appearance of pathological manifestations in buildings of different ages. This work
presents the analysis and quantification of damages in facades of ceramic coating located in the city of Salvador /
BA, aiming to stimulate better management of the project and the construction of enterprises, having as a priority,
preventive maintenance actions. It was applied, in this research, the method proposed by Taguchi (2010) for the
study of degradation in façades. The qualification of the masonry pathologies characterized by the method evaluated
the enterprise in a critical degree of deterioration, indicating the need for immediate intervention. Although the study
was restricted to an enterprise, it was possible to characterize each pathological phenomenon and analyze its
respective cause, then to describe the damages in its façades, to evaluate its performances and to assess the
importance of care during the design and execution phases of the façades.
Keywords: Facade; ceramic coating; deterioration; performance.
2 Metodologia
O trabalho realizado apresenta um estudo de caso que considera fachadas com
revestimento cerâmico em um empreendimento localizado na cidade de Salvador/BA.
Para investigação documental analisou-se diversas plantas arquitetônicas, relatório de
análise, diagnóstico e recuperação dos fenômenos patológicos encontrados nas fachadas
dos edifícios e mapeamento dos danos nas fachadas, ambos realizados por empresa
especializada. Foram realizadas inspeções visuais das manifestações patológicas e
relatórios fotográficos.
As informações coletadas em campo foram analisadas pela aplicação do modelo de análise
de degradação das fachadas proposto por Taguchi (2010).
Onde:
IP – índice de performance do elemento
D – índice dos danos
Bi – valor básico associado ao tipo de dano i
K1i – fator da importância do elemento de vedação
K2i – fator indicativo da intensidade do dano i
K3i – fator indicativo da extensão do dano i
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K4i – fator indicativo da urgência de intervenção para o dano i
Sendo,
IPg – índice de performance global
Def – soma dos danos efetivos do elemento ou conjunto inspecionados
Dref – soma referência dos danos do elemento ou conjunto inspecionados
K1m – fator de relevância do elemento (igual a 1, na presente pesquisa)
Mm,ef – soma reduzida dos danos efetivos do elemento
Mm,ref – soma referência reduzida dos danos do elemento
;.
Taguchi caracteriza os graus de deterioração da seguinte maneira:
A classe sem danos é referente apenas às deficiências construtivas como
irregularidades geométricas e estéticas;
No que se refere ao baixo grau de deterioração, a vedação poderá ter sua
funcionalidade ou durabilidade reduzida caso, após longo período de tempo,
não houver reparo nos danos. Os reparos em geral são de baixo custo e fazem
parte da manutenção regular, é o caso de pequenas fissuras ou manchas e
destacamentos localizados.
Médio grau de deterioração sugere possível perda de funcionalidade e
durabilidade do elemento de vedação, porém sem limitação do uso, o dano
deve ser reparado em curto período de tempo, são as fissuras médias,
grandes deficiências construtivas e grandes manchas, por exemplo;
Alto grau de deterioração apresenta redução da funcionalidade e durabilidade
do elemento de durabilidade, ainda sem limitações ao uso, porém há
necessidade de reparos imediatos, a exemplo estão as grandes fissuras que
não comprometem a estabilidade, grandes deficiências construtivas,
destacamento externo generalizado;
Grave grau de deterioração envolve redução da funcionalidade dos elementos
e necessidade de medidas de proteção e reparos imediatos, por exemplo:
grandes rachaduras, destacamentos generalizados e grandes infiltrações;
A classe do nível crítico de grau de deterioração há redução parcial ou total
de funcionalidade dos elementos, é preciso isolamento ou interdição do local
para reparos extensos e imediatos.
3 Resultados e Discussões
3.1 Coleta de Dados
3.1.1 Definição da amostra
Figura 1 – Fissura vertical na região de amarração entre pilar e alvenaria, localizada na fachada
lateral da Torre C (AUTORES, 2017).
Figura 2 – Fissura vertical na região de amarração entre pilar e alvenaria, localizada na fachada frontal da
Torre A (AUTORES, 2017).
Além disso, como não havia proteção térmica da laje, fissuras foram encontradas nos
últimos pavimentos e no ático devido às variações térmicas diferenciais entre as lajes de
cobertura e a alvenaria (Figura 5).
Figura 5 – Fissuras nos últimos pavimentos, localizadas nas fachadas da Torre B (AUTORES,
2017).
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Como não há juntas de movimentação ao longo das platibandas e dos chapins das janelas,
as movimentações térmicas entre este corpo e o revestimento cerâmico geraram fissuras
verticais ou inclinas às extremidades de apoio das platibandas na cobertura das torres e
dos chapins das janelas (Figuras 6, 7 e 8).
Figura 7 – Fissuras verticais próximas aos chapins das janelas, localizadas na fachada frontal da
Torre B (AUTORES, 2017).
Figura 8 – Fissuras verticais próximas aos chapins das janelas, localizadas na fachada frontal da
Torre A (AUTORES, 2017).
Figura 9 – Fissura na região entre a alvenaria e a viga, localizada na fachada frontal da Torre A
(AUTORES, 2017).
Importante salientar que, após o aparecimento das fissuras nos revestimentos externos da
zona entre viga/alvenaria ou pilar/alvenaria do edifício ocorreu o surgimento de pontos de
umidade e infiltração de água. Dessa forma, a saturação da argamassa de assentamento
e posterior absorção de umidade pelos componentes do revestimento cerâmico tem como
efeito o aumento de volume destes componentes, porém, com a evaporação desta água
absorvida, há redução de volume destes mesmos elementos.
Esse ciclo de variação volumétrica acarreta no aumento da abertura da fissura e
desplacamento da cerâmica.
É possível observar que a torre mais danificada é a Torre A e que a patologia mais
encontrada nas três torres do empreendimento são as fissuras, em especial a “trinca de
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bigode”, causada pelo aumento das tensões nessa região mais crítica e que poderia ter
sido evitada pela presença de vergas e contra-vergas. As fissuras na região da cobertura e
dos últimos pavimentos também aparece em quantidades expressivas de forma similar nas
três torres.
Com relação aos destacamentos cerâmicos, o fenômeno se manifestou de forma diferente
nas torres, a Torre A manifesta alta extensão de desplacamentos, em sua maioria causada
pela perda de aderência entre o revestimento cerâmico e o emboço; as torres B e C têm
menor extensão de desplacamentos, porém a primeira predomina o som cavo, assim como
a última, apesar desta apresentar maior equilíbrio entre as causas.
Após a inspeção visual dos danos e análise dos mapas das manifestações patológicas das
três torres, foi possível preencher a Tabela 3 caracterizando os danos por meio do
julgamento ponderado dos fatores, conforme o método desenvolvido por Taguchi (2010).
Tabela 3 – Resumo dos Fatores
Para a análise e comparação de tais parâmetros, foi adotada uma fachada hipotética como
“fachada referência”, esta possui as mesmas patologias encontradas no empreendimento
real e os danos apresentados são os mais elevados sem a necessidade de intervenção.
4 Conclusão
A quantificação das patologias das alvenarias caracterizadas pelo método avaliou o
empreendimento em grau crítico de deterioração, indicador da necessidade de intervenção
imediata. A grande discrepância entre tal resultado e a idade do empreendimento é
justificada após a investigação da origem das patologias encontradas, que aponta como as
principais causas das manifestações patológicas, as falhas executivas e deficiência de
detalhes construtivos.
Todas as fachadas apresentaram problemas, tais como: destacamento cerâmico e fissura.
As fissuras nas quinas das janelas foram as de maior ocorrência.
A ocorrência de manifestações patológicas em empreendimentos traz impacto negativo
tanto para as empresas construtoras responsáveis, como também para o setor da
engenharia civil. Logo, para evitar o surgimento de danos nas vedações verticais é
necessário construir de forma mais eficiente, sendo imprescindível o planejamento dos
projetos de revestimento de fachadas em busca de viabilizar maior economia, reduzir
retrabalhos, obter maior controle da produção e melhor qualidade no produto final.
5 Referências
CAMPANTE, E. F.; SABBATINI, F. H. Metodologia de diagnóstico, recuperação e
prevenção de manifestações patológicas em revestimentos cerâmicos de fachada.
EPUSP, 2001.