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Luís Fernando Dalmas

ESTRUTURAS DE MERCADO
Luís Fernando Dalmas

Introdução
Já sabemos que algumas variáveis afetam a demanda e a oferta de bens e serviços, e que,
não havendo interferências, na Concorrência Perfeita, o mercado automaticamente encontra
seu equilíbrio. Agora vamos analisar mais detidamente esta e outras formas de mercado.

As várias formas ou estruturas de mercado dependem fundamentalmente de três


características:

a) Número de empresas que compõem esse mercado;


b) Tipo do produto (se as firmas fabricam produtos idênticos ou diferenciados);
c) Se existem ou não barreiras ao acesso de novas empresas nesse mercado.

A maior parte dos modelos existentes pressupõe que as empresas maximizam o lucro total
(LT), que corresponde ao nível de produção no qual a receita marginal (RMG) iguala o custo
marginal (CMG). Essa é a hipótese da Teoria Tradicional ou Marginalista.

Concorrência Pura ou Perfeita


 Grande número de vendedores – mercado atomizado

É um tipo de mercado em que há um grande número de vendedores (empresas), de tal sorte


que uma empresa, isoladamente, por ser insignificante, não afeta os níveis de oferta do
mercado e, consequentemente, o preço de equilíbrio. É um mercado "atomizado", pois é
composto de um número expressivo de empresas, como se fossem átomos. Nesse tipo de
mercado devem prevalecer ainda as seguintes premissas:

a) Produtos homogêneos: Não existe diferenciação entre produtos ofertados pelas


empresas concorrentes;
b) Não existem barreiras para o ingresso de empresas no mercado;
c) Transparência do mercado: Todas as informações sobre lucros, preços etc. são
conhecidas por todos os participantes do mercado.

Uma característica do mercado em concorrência perfeita é que, a longo prazo, não existem
lucros extras ou extraordinários (onde as receitas superam os custos), mas apenas os
chamados lucros normais, que representam a remuneração implícita do empresário (seu
custo de oportunidade, ou o que ele ganharia se aplicasse seu capital em outra atividade,
que pode ser associado a uma espécie de rentabilidade média de mercado).

Assim, no longo prazo, quando a receita total (RT) se iguala ao custo total (CT), o lucro
extraordinário é zero, embora existam lucros normais, pois nos custos totais, estão incluídos
os custos implícitos (que não envolvem desembolso), o que inclui os lucros normais.

Em concorrência perfeita, como o mercado é transparente, se existirem lucros


extraordinários, isso atrairá novas firmas para o mercado, pois que também não há barreiras
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ao acesso. Com o aumento da oferta de mercado (devido ao aumento no número de


empresas), os preços de mercado tenderão a cair, e consequentemente os lucros extras, até
chegar-se a uma situação onde só existirão lucros normais, cessando o ingresso de novas
empresas nesse mercado.

Deve-se salientar que, na realidade, não há o mercado tipicamente de concorrência perfeita


no mundo real, sendo talvez o mercado de produtos hortifrutigranjeiros o exemplo mais
próximo que se poderia apontar.

O gráfico a seguir evidencia a situação de uma empresa operando em um mercado de


concorrência perfeita.

A curva da demanda, do ponto de vista da empresa perfeitamente competitiva, tem a


configuração de uma reta (gráfico b), mostrando o preço estabelecido pelas forças de
mercado (gráfico a), e todas as firmas componentes desse mercado tornam-se tomadoras
de preço. Nenhuma firma isoladamente tem condições de alterar o preço ou praticar preço
superior ao estabelecido no mercado. Ela possui uma pequena participação no mercado (é
um "átomo"), e sua atuação não influenciará o preço de mercado por não dispor da
quantidade suficiente. Contudo, a esse preço dado pelo mercado, ela poderá vender quanto
puder, limitada apenas por sua estrutura de custos.

Monopólio
O mercado monopolista se caracteriza por apresentar condições diametralmente opostas às
da concorrência perfeita. Nele existe, de um lado, um único empresário (empresa)
dominando inteiramente a oferta e, de outro, todos os consumidores. Não há, portanto,
concorrência, nem produto substituto ou concorrente. Nesse caso, ou os consumidores se
submetem às condições impostas pelo vendedor, ou simplesmente deixarão de consumir o
produto.

Nessa estrutura de mercado, a curva da demanda da empresa é a própria curva da


demanda do mercado como um todo. Ao ser exclusiva no mercado, a empresa não estará
sujeita aos preços vigentes. Mas isso não significa que poderá aumentar os preços
indefinidamente.

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O monopolista não utiliza a igualdade entre oferta e demanda para determinar preço e
quantidade de equilíbrio. A maximização dos lucros é obtida igualando-se o custo marginal
(CMg) à receita marginal (RMg). Nesse ponto, determina-se a quantidade que levará ao
mercado. Para a existência de monopólios, deve haver barreiras que praticamente impeçam
a entrada de novas firmas no mercado. Essas barreiras podem advir das seguintes
condições:

 Monopólio puro ou natural: Ocorre quando o mercado, por suas próprias


características, exige a instalação de grandes plantas industriais, que operam
normalmente com economias de escala e custos unitários bastante baixos,
possibilitando à empresa cobrar preços baixos por seu produto, o que acaba
praticamente inviabilizando a entrada de novos concorrentes.
 Elevado volume de capital: A empresa monopolista necessita de um elevado
volume de capital e uma alta capacitação tecnológica.
 Patentes: Enquanto a patente não cai em domínio público, a empresa é a única que
detém a tecnologia apropriada para produzir aquele determinado bem.
 Controle de matérias-primas básicas: Por exemplo, o controle das minas de
bauxita pelas empresas produtoras de alumínio.

Existem ainda, os monopólios institucionais ou estatais em setores considerados


estratégicos ou de segurança nacional (energia, comunicações, petróleo).

Diferentemente da concorrência perfeita, como existem barreiras à entrada de novas


empresas, os lucros extraordinários devem persistir também a longo prazo em mercados
monopolizados.

Oligopólio
É um tipo de estrutura normalmente caracterizada por um pequeno número de empresas
que dominam a oferta de mercado. Pode caracterizar-se como um mercado em que há um
pequeno número de empresas, como a indústria automobilística, ou então onde há um
grande número de empresas, mas poucas dominam o mercado, como a indústria de
bebidas.

O setor produtivo brasileiro é altamente oligopolizado, sendo possível encontrar inúmeros


exemplos: montadoras de veículos, setor de cosméticos, a de papel, indústria de bebidas,
indústria química, indústria farmacêutica e etc.

No oligopólio, tanto as quantidades ofertadas quanto os preços são fixados entre as


empresas por meio de conluios ou cartéis. O cartel é uma organização (formal ou informal)
de produtores dentro de um setor que determina a política de preços para todas as
empresas que a ele pertencem.

Nos oligopólios, normalmente as empresas discutem suas estruturas de custos, embora o


mesmo não ocorra com relação a sua estratégia de produção e de marketing. Há uma
empresa líder que, via de regra, fixa o preço, respeitando as estruturas de custos das
demais, e há empresas satélites que seguem as regras ditadas pelas líderes. Esse é um
modelo chamado de liderança de preços. Como exemplo no Brasil, podemos citar a indústria
de bebidas.

Podemos caracterizar também tanto oligopólios com produtos diferenciados (como a


indústria automobilística) como oligopólios com produtos homogêneos (alumínio, cimento).

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Quanto aos objetivos da empresa oligopolista, a Teoria Microeconômica tem duas correntes:
a Teoria Marginalista ou Neoclássica, pela qual o oligopolista maximiza lucros, vista no
capítulo anterior, e a Teoria da Organização Industrial, na qual o objetivo do oligopolista é
maximizar mark-up, que é igual a:

 Mark-up = Receita de vendas - Custos diretos (ou variáveis)

O preço cobrado pela empresa, no modelo de mark-up, é calculado da seguinte forma:

 p = (1 + m) C

Onde:

 p = preço do produto;
 C = custo direto unitário (que corresponde, na Teoria Marginalista, ao custo variável
médio);
 m = taxa de mark-up, que é uma porcentagem sobre os custos diretos.

A taxa de mark-up deve cobrir, além dos custos diretos, os custos fixos, e atender uma certa
taxa de rentabilidade desejada pela empresa.

Concorrência monopolista
Trata-se de uma estrutura de mercado intermediária entre a concorrência perfeita e o
monopólio, mas que não se confunde com o oligopólio, pelas seguintes características:

 Número relativamente grande de empresas com certo poder concorrencial, porém


com segmentos de mercados e produtos diferenciados, seja por características
físicas, embalagem ou prestação de serviços complementares (pós-venda).
 Margem de manobra para fixação dos preços não muito ampla, uma vez que existem
produtos substitutos no mercado.

Essas características acabam dando um pequeno poder monopolista sobre o preço de seu
produto, embora o mercado seja competitivo (daí o nome concorrência monopolista).

O quadro a seguir resume as principais diferenças entre as estruturas do mercado de bens e


serviços.

Concorrência Concorrência
Características Monopólio Oligopólio
Perfeita Monopolística

Número de Muito grande Uma Pequeno Grande


empresas

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Quanto ao Homogêneo. Único. Sem Homogêneo ou Diferenciado


produto substitutos. Diferenciado

Controle das Não há Grande Possíveis acordos Pouca margem


empresas sobre poder. de manobra;
preços substitutos
Leis
Antitrustes

Concorrência Não há Campanhas Intensa. Maior na Intensa.


extra preço institucionais; diferenciação Diferenciação
imagem.

Condições de Não Sim Sim Não


ingresso;
barreiras

Estruturas do mercado de fatores de produção


Até aqui identificamos as estruturas de mercados de bens e serviços. O mercado de fatores
de produção - mão-de-obra, capital, terra e tecnologia - também apresenta diferentes
estruturas. Como o mercado de fatores depende da demanda de insumos pelos setores
produtores de bens e serviços, ou seja, deriva do mesmo, a demanda por esses fatores é
chamada de demanda derivada.

As estruturas no mercado de fatores são resumidas a seguir.

Concorrência perfeita no mercado de fatores


É um mercado onde existe uma oferta abundante do fator de produção (por exemplo, mão-
de-obra não especializada), o que torna o preço desse fator constante. Os ofertantes ou
fornecedores, como são em grande número, não têm condições de obter preços mais
elevados por seus serviços.

Monopsônio
Trata-se de uma forma de mercado na qual há somente um comprador para muitos
vendedores dos serviços dos insumos. É o caso da empresa que se instala em uma
determinada cidade do interior e, por ser a única, torna-se demandante exclusiva da mão-
de-obra local e das cidades próximas, tendo para si a totalidade da oferta de mão-de-obra.

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Oligopsônio
É um mercado onde existem poucos compradores que dominam o mercado para muitos
vendedores. Exemplo: indústria de laticínios. Em cada cidade existem dois ou três laticínios
que adquirem a maior parte do leite dos inúmeros produtores rurais locais. A indústria
automobilística, além de oligopolista no mercado de bens e serviços, também é
oligopsonista na compra de autopeças.

Monopólio bilateral
O monopólio bilateral ocorre quando um monopsonista, na compra do fator de produção,
defronta-se com um monopolista na venda desse fator. Por exemplo, só a empresa A
compra um tipo de aço que é produzido apenas pela siderúrgica B. A empresa A é
monopsonista, porque só ela compra esse tipo de aço, e a siderúrgica B é monopolista,
porque só ela vende esse tipo de aço.

Nesses casos, a determinação dos preços de mercado dependerá não só de fatores


econômicos, mas do poder de barganha de ambos: o monopsonista tentando pagar o preço
mais baixo (usando a força de ser o único comprador), e o monopolista tentando vender por
um preço mais elevado (usando o poder de ser o único fornecedor).

REFERÊNCIAS

MANKIW, N. Gregory. Introdução a economia. 6.ed. São Paulo: Cengage Learning, 2014

PARKIN, Michael. Economia. 8.ed. São Paulo: Addison Wesley, 2009

TEBCHIRANI, Flávio Ribas. Princípios de Economia: Micro e Macro. Curitiba: Editora


Intersaberes, 2012.

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