Livro Especificidade Sobre Felinos
Livro Especificidade Sobre Felinos
Livro Especificidade Sobre Felinos
@medvetrj
Esse guia é um resumo das principais doenças em
felinos na veterinária, com o objetivo de auxiliar
estudantes servindo como guia prático nos
estágios e nas consultas. O guia passou por
revisões, mas não estamos livres de cometer erros.
Caso alguma informação esteja equivocada,
contate-me.
@medvetrj
MEDICINA FELINA
Introdução 4
Principais doenças:
Cardiomiopatia hipertrófica 9
Asma 15
Bordetella 17
Calicivírus felina 19
Clamidiose 21
Rinotraqueíte viral 25
Diabetes Mellitus 29
Urolitíase 38
Obstruções uretrais 44
ÍNDICE
Esporotricose 58
Lipidose Hepática 64
Hipertireodismo felino 77
@MEDVETRJ
A medicina felina é um campo da medicina veterinária dedicado
especialmente aos gatos. Essa necessidade surgiu devido a algumas
necessidades específicas que os felinos apresentam.
Antigamente, os gatos eram tratados da mesma forma que os
cachorros, ou seja, eram administrados os mesmos tratamentos e
medicações. O que se viu, ao longo dos anos, é que são espécies
completamente diferentes e que devem ser tratadas de forma
diferente.
Com profissionais especializados em felinos, pode-se obter
diagnósticos mais certeiros e, por consequência, tratamentos mais
eficazes.
O médico especialista deve conhecer as características
comportamentais dos felinos, fisiológicas, metabólicas, nutricionais,
farmacológicas e terapêuticas. Para isso, ele precisa saber as
particularidades da espécie, agentes tóxicos, métodos e
equipamentos para diagnóstico, prevenção e tratamento de doenças.
A medicina felina é uma especialização que só traz ganhos para o
diagnóstico, prevenção de tratamento de doenças dos gatos.
04
Feline Grimace Scale
05
Fonte: Sanar
06
07
08
Principais doenças em felinos
Cardiomiopatia hipertrófica
09
Fisiopatologia
10
Sinais clínicos
Diagnóstico:
11
Marcadores cardíacos (proBNP do IDEXX): não usar em pacientes
saudáveis, somente seestiver em estresse que da para saber se a
causa é hérnia diafragmática, coração,respiratório...
Prognóstico
12
Complexo respiratorio felino
Apresentação clínica
13
Nos casos de infecções bacterianas secundárias alguns gatos
podem desenvolver quadros de pneumonia. De um modo geral os
principais sinais clínicos são:
C. felis
Mycoplasma spp Conjuntivite e ausêncía de sinais respiratórios.
VS-FCV
B bronchiseptica Tosse.
14
Complexo respiratorio felino
Asma Felina
Sinais clínicos:
Exame físico:
15
Alteração laboratorial:
16
Bordetella bronchiseptica
Patogenia
Invade as células dos hospedeiros tornando-se patógeno intracelular
assim estabelecendo persistente infecção ou estado portador
Mecanismos: Fímbrias e adesinas
Facilitam a coinfecção
Sinais clínicos
Tratamento
Suporte
Broncopneumonia em filhotes pode ser fatal
Vacinação não essencial – Não disponível no Brasil
18
Calicivirose
Patogenia
19
Sinais clínicos
Leve a grave
Ulceraçãomaiscomum
Língua, lábios, palate
Gengivite, faucite, stomatitis, hipersalivação, halitose
Tratorespiratório< frequência
Secreçãonasal, espirro, conjuntivite, tossee dispnéia (pneumonia)
Claudicação–envolvimentodas articulações
CepasvirulentasFCV sistêmico virulento : icterícia, edema face e
membros, epistaxe, ulceraçõespelocorpo.
Associação com pólipos e gengivoestomatite!
Tratamento
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Clamidiose felina
Altamente contagiosa
Transmissão : contato direto com secreção ocular; Fômites e
aerossol
Neonatos podem adquirir durante o parto
Incubação 3-5 dias
Eliminação conjuntival tem sido demonstrado por mais de 60 dias
Eliminação pode ocorrer por gatos assintomáticos
Gravidade e persistência da infecção associada a coinfecção
Prevalência
21
Patogenia
Sinais Clínicos
Assintomáticos
Conjuntivite crônica e aguda: unilateral (de 5 a 7 dias bilateral)
Quemose, blefaroespasmos, hiperemia de conjuntiva,
conjuntivite folicular, descarga ocular, prurido
Secreção nasal, espirros
Acometimento da córnea e sinais sistêmicos mais graves –
coinfecções
Claudicação
Diagnóstico
Histórico
Citologia
PCR –padrão ouro
Foto:portaltemponovo
22
Micoplasma não hemotrópico
Sinais Clínicos
Assintomáticos
Sintomas:
Quemose, epífora, hiperemia conjuntival, blefaroespasmo
Espirro, secreção nasal, tosse, dispneia, Febre, linfadenopatia,
paralisia de nervo facial, síndrome de Horner, claudicação, dor
articular, Redução de apetite, abscesso cutâneo, polaquiúria,
estranguria.
23
Diagnóstico
Histórico
PCR – Mycoplasma spp.
Amostra: Swab mucosas (conjuntiva, nasal, orofaringe
Flushing nasal
Lavado bronquial, broncoalveolar
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Herpes Vírus I - Rinotraqueíte
Patogenia
25
Sinais Clínicos
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Diagnóstico
Clínico!!!
Tratamento
Terapia específica
Famciclovir
40 a 90mg/Kg VO a cada 12 horas
62.5 –125 mg/gatos VO a cada 12 horas
Quadro oftálmico necessita de doses maiores
L-Lisina
Dados conflitantes em vivo e em vitro
Antagonista da arginina
250 mg/gato VO a cada 12 horas filhote
250 a 500 mg/gatos VO a cada 12 horas adultos
27
Tratamento de suporte
Interferon alfa –
Interferon ômega felino ( Não há no Brasil)
Descongestionantes – Afrin
Probióticos
Hidratação/Nutrição
Lavagem nasal/Nebulização
Antibióticos (7 a 14 dias)Doxiciclina; Amoxicilina; Amoxicilina com
clavulanato; Azitromicina
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DIABETES MELLITUS
29
Manifestações Clínicas
andar plantígrado
30
Diagnóstico
31
devido à redução da atividade da lipase lipoproteica, além de que a
deficiência da insulina provocará ativação da lipase hormônio
sensível. Paciente cão ou gato diabético com desidratação
importante pode apresentar azotemia. O aumento de diurese
osmótica pode provocar hipocalemia.
A urinálise é um exame muito importante para o paciente cão ou gato
diabético. Nele podemos identificar além de glicosúria e cetonúria,
proteinúria, lipúria, bacteriúrias, inflamações ou infecções urinárias
secundárias à glicosúria. A densidade urinária de cães ou gatos com
Diabetes mellitus é entre 1,025 a 1,035. Pacientes com redução de
densidade urinaria são suspeitos de apresentarem outras
comorbidades, como hiperadrenocorticismo ou insuficiência renal
crônical.
A ultrassonografia abdominal total é um exame de muita importância
para avaliação pancreática, além de avaliação de possíveis causas
do Diabetes Mellitus (Hiperadrenocorticismo, Hiperplasia endometrial
cística, entre outros). Através da ultrassonografia abdominal também
podemos avaliar alterações secundárias ao diabetes (hepatopatias,
cistite, entre outros).
Tratamento
32
Para controle ideal do diabetes é fundamental o controle de estresse
metabólico, que ocorre em situações de processos inflamatórios,
infecciosos, neoplásicos e distúrbios hormonais. Isso deve ser feito
para minimizar resistência insulínica e complicações relacionadas.
Terapia Insulínica
33
O uso correto da seringa de acordo com a Insulina também tem
relevância para o tratamento.
A insulina regular cristalina é utilizada como de escolha em quadros
de descompensação hiperglicêmica, como a cetoacidose diabética.
Deve ser administrada por via intramuscular ou por infusão contínua
intravenosa. Em cães e gatos com menos de 10 kg, a dose inicial é
de 2 U intramuscular, seguida de 1 U intramuscular a cada hora.
Demais tratamentos:
Manejo alimentar
Exercício físico
Hipoglicemiantes orais
Controle da curva glucêmica seriada
Cetoacidose
Hipoglicemia
Efeito Somogyi
34
Doença do trato urinário superior
Cistite idiopática felina
35
Considerando que a CIF é ocasionada por um desequilíbrio
neuro-hormonal na bexiga, um dos pontos fundamentais no
tratamento é a redução da ativação noradrenérgica, por meio da
redução do estresse e enriquecimento ambiental.
36
Alguns termos:
37
Urolitíase
38
Diagnóstico
Tratamento
40
com endoscopia, antes de suturar a bexiga. Quando não há
endoscópio disponível, diversas lavagens devem ser feitas tanto
na bexiga quanto na uretra. A recorrência de urólitos também
pode ocorrer pela presença do fio de sutura. Uma opção segura e
rápida é a remoção dos uretrólitos por litotripsia intracorpórea ou
cistoscopia com remoção por cesta, independentemente se
causam obstrução ou não. Cães machos muito pequenos e gatos
machos têm a uretra muito limitada para acomodar um
cistoscópio em procedimentos minimamente invasivos. Nesses
casos, é indicado deslocar os cálculos por retrohidropropulsão e
realizar cistotomia ou cistolitotomia percutânea'.
Urólitos vesicais devem ser removidos preferencialmente por
procedimentos minimamente invasivos (cistoscopia e
recuperação por cesta, litotripsia, cistolitotomia percutânea), por
estarem associados a menor tempo de hospitalização, menor
tempo de anestesia e recuperação mais rápida do paciente. Além
de eliminar o risco de recorrência de urólitos induzida por
suturas.
A obstrução ureteral parcial ou completa deve ser tratada como
emergência por causar dor, hidronefrose e redução abrupta da
função renal e diagnosticada por meio de ultrassonografia
(hidronefrose, hidroureter proximal), radiografia abdominal
(presença de nefroureterólitos) ou urografia excretora, não sendo
observada a passagem de contraste após o local de obstrução.
Um procedimento raramente efetivo é o tratamento médico
conservativo, por meio da indução da diurese com fluidoterapia e
infusão contínua de manitol, na tentativa de progredir o cálculo
ureteral para a bexiga, o que facilitaria a abordagem cirúrgica.
Antagonistas alfa adrenérgicos, como prasozina, e
antidepressivos tricíclicos, como amitriptilina, têm sido utilizados
com relatos de melhora em alguns casos.
41
Caso seja escolhida essa alternativa, a monitoração deve ser
constante e diária, por 24 a 72 horas, sob risco de piora do
quadro renal e hidronefrose. Essa terapia deve ser
imediatamente suspensa, caso ocorra oligúria/anúria,
hipercalemia, azotemia progressiva ou piora da dilatação pélvica,
Terapias mais eficazes são a ureterotomia (extração) e a
colocação de stents (desvio minimamente invasivo), como o stent
ureteral duplo ) em cães de médio e grande porte e o SUB
(subcutaneous ureteral bypass, em inglês) em gatos e Cães
pequenos. A passagem de stents melhora a função renal, permite
a ejeção de bactérias e detritos inflamatórios e possibilita o
acesso antimicrobiano ao trato urinário para erradicação de
bacteriúria, quando presente.
A indicação geral para os casos de nefrolitíase é a monitoração e
os nefrólitos só devem ser removidos cirurgicamente, caso
estejam provocando dor, obstrução do fluxo urinário
(hidronefrose), infecções recorrentes, azotemia ou aqueles que
aumentam a ponto de causarem compressão do parênquima
renal. Nefrólitos consistentes com a composição de estruvita
devem ser dissolvidos por meio de dieta e medicamentos, e, caso
estejam associados a infecção (pielonefrite), o conteúdo deve ser
drenado e enviado para cultura com antibiograma. Mais de 90%
dos nefrólitos e ureterólitos em gatos são compostos
primariamente por oxalato de cálcio, não passíveis de dissolução.
42
Tipos de Urólitos
43
Obstruções uretrais
A obstrução uretral é uma afecção urológica emergencial na
clínica de felinos, sendo considerada uma manifestação comum e
potencialmente fatal da doença do trato urinário inferior dos
felinos (DTUIF). A obstrução uretral em gatos machos resulta em
um quadro de anúria , podendo este, levar o animal a óbito. A
obstrução é usualmente causada por mucoproteínas, mas
também pode ocorrer em decorrência de urólitos, transtornos
funcionais da musculatura e neoplasias. Os felinos obstruídos
possuem um processo inflamatório das vias urinárias que é
acompanhado da presença de minerais (cristais e/ou cálculos)
45
O exame radiográfico é recomendado em todos os casos, devido
à possível urolitíase. A ultrassonografia pode ser sensível à
detecção de pequenos urólitos ou pequenas massas presentes no
trato urinário. A urografia excretora e a cistografia contrastada
permitem a identificação de anomalias anatômicas em gatos
jovens. A cistoscopia realiza uma avaliação da mucosa da vesícula
urinária e uretral, avaliando a presença de pequenos urólitos ou a
presença de inflamação ou neoplasia no local (Lane, 2009).
As anormalidades nos exames laboratoriais são rotineiramente
descritas, como: proteína sérica aumentada, hipercalcemia,
hiperfosfatemia, hipermagnesemia, hipercolesteremia, acidose
metabólica, creatinina, uréia e outros catabólicos de proteína em
séricos níveis aumentados (Buffington, 2001). A urinálise é
recomendada para melhor investigação de tipos cristais,
proteinúria, hematúria e provável infecção bacteriana.
46
repulsão de tampões ou urólitos para o interior da vesícula
urinária e diminuir a pressão intra-uretral, além de proporcionar
uma amostra de urina não contaminada para cultura (Morais,
2004).
47
A maioria dos tampões uretrais é expelida da uretra após está
técnica, não havendo necessidade de cateterizar toda a uretra,
pois o local mais comum de obstrução uretral é na uretra peniana
que apresenta um diâmetro interno de 0,7 mm.
48
Doença Renal Crônica - DRC
A doença renal crônica (DRC), afecção renal mais comum dos
cães e gatos, é caracterizada por deficiência nas funções dos rins,
que ocorre subsequentemente a um dano estrutural devido à
perda de néfrons, por um período acima de três meses. Os
néfrons são as unidades funcionais dos rins: em cães, há
aproximadamente 500 mil, e em gatos, 200 mil néfrons por rim.
Uma vez que um néfron é perdido, não ocorre regeneração, e sim
substituição por tecido conjuntivo fibroso.
49
Fisiopatologia - Para entender a fisiopatologia da DRC, é
importante relembrar todas as funções renais conhecidas:
equilíbrio hídrico (e controle da concentração urinária), equilíbrio
eletrolítico e mineral (regulação das concentrações de eletrólitos,
como sódio, potássio e cloreto, e minerais, como cálcio e fósforo),
equilíbrio ácido-base, excreção de metabólitos (como as toxinas
urêmicas), regulação da pressão arterial e função endócrina
(síntese de eritropoetina e renina e conversão da vitamina D).
50
51
Azotemia e uremia - Os conceitos de azotemia e uremia são
diferentes. Azotemia é o aumento das concentrações sanguíneas
de ureia e creatinina, um achado laboratorial. Uremia se refere às
manifestações clínicas causadas pelo acúmulo das toxinas
urêmicas. A azotemia só está presente na doença a partir do
estádio 2 de DRC e é detectada muito tardiamente, quando a
lesão renal ocasionou uma perda de aproximadamente 75% do
total de néfrons.
Diagnóstico da DRC
Tratamento da DRC
53
Esse tipo de tratamento auxilia os poliúricos incapazes de manter-
se hidratados mesmo em polidipsia, além dos pacientes
desidratados por outras perdas hídricas (como vômitos e diarreia)
ou redução na ingestão de água.
54
O controle dos sintomas gastrointestinais (náuseas, vômitos) e a
indução ao apetite podem ser feitos com a utilização de fármacos
bloqueadores de receptores H, (ranitidina, famotidina) ou de
bomba de prótons (omeprazol), antieméticos (ondansetrona,
maropitant), estimulantes do apetite (mirtazapina, ciproeptadina)
e fármacos com potencial antiulceroso (sucralfato).
Distúrbios eletrolíticos e minerais devem ser corrigidos com a
adequação nutricional - que tem fundamental valor no
tratamento da hiperfosfatemia ou com o emprego de fármacos e
suplementos.
Quando a dieta restrita em fósforo não é suficiente para manter
os níveis de fósforo nas metas desejadas para cada estádio da
DRC, devem ser empregados os quelantes intestinais de fósforo,
como hidróxido de alumínio (90 mg/kg/dia), carbonato de cálcio
(90 mg/kg/dia) ou sevelamer (160 mg/kg/dia), que podem ser
utilizados individualmente ou em combinação. a depender da
resposta do paciente e das suas necessidades.
55
Devido a sua ação quelante, esses fármacos devem ser
administrados juntamente ou imediatamente após cada refeição,
e não é possível alcançar um efeito desejado quando o paciente
não faz uso de dietas restritas em fósforo.
A hipocalcemia ionizada pode ser corrigida, quando necessário,
de forma intravenosa (gluconato de cálcio 10%, 0,5 a 1,5 ml/kg IV,
lento e diluído) ou oral (carbonato de cálcio 25-50 mg/kg/dia).
Para o tratamento do HPT SR, pode ser prescrito ainda calcitriol
(Rocaltrol°, Sigmatriol°), devendo-se ter cuidado em pacientes
hiperfosfatêmicos, pois o calcitriol eleva não somente as
concentrações de cálcio, mas também de fósforo.
Para os pacientes hipocalêmicos deve ser feita a suplementação
de potássio por via intravenosa, com cloreto de potássio 19,1% ou
10%, ou por via oral, com citrato de potássio (50 a 75 mg/kg duas
vezes ao dia). Este deve ser administrado separado do hidróxido
de alumínio.
O tratamento da anemia no paciente renal envolve o ajuste
nutricional e a otimização do apetite (uma vez que a desnutrição
é uma das causas de anemia na DRC), tratamento de hemorragias
gastroentéricas, suplementação de ferro e reposição da
eritropoetina (EPO) ou darbepoetina em algumas situações.
O tratamento de acidose metabólica consiste na correção das
causas de acidose e na suplementação com bicabornato de sódio,
que pode ser feita por via oral e parenteral.
O tratamento da proteinúria inclui o ajuste nutricional (com dietas
com quantidade reduzida de proteínas de alto valor biológico e
suplementadas com Ômega 3) e o uso de inibidores de ECA,
sendo o benazepril o fármaco de predileção.
Uma vez que a DRC é definida por perda irreversível de néfrons,
não há terapia para reversão da azotemia renal existente.
56
57
Esporotricose
58
Hoje é uma epizootia reconhecida em diferentes estados
brasileiros. A proximidade natural de felinos com o homem e
seus hábitos de arranhadura tornaram os gatos, quando
infectados, potenciais veiculadores do fungo para os humanos.
Algumas pesquisas mostram a adaptação bem-sucedida do fungo
ao hospedeiro felino. É provado que os gatos, quando infectados,
exibem uma grande quantidade de leveduras capazes de produzir
biofilme que aumenta a virulência do fungo e dificulta condutas
terapêuticas.
Sinais clínicos
59
Com a progressão da doença, poderá haver perda importante de
tecido. O comprometimento de linfonodos periféricos também é
um sinal clínico comum.
Frequentemente o espelho e plano nasal podem ser acometidos,
podendo haver perda de tecido ou tumefação leve ou grave. Por
esse motivo, é comum observar quadros de espirros e dispneia
inspiratória nesses pacientes.
Comumente esses animais ficam hiporéticos e o emagrecimento
e a desidratação podem ser uma consequência. Em quadros mais
raros, os animais acometidos podem desenvolver pneumonia
fúngica. E importante ressaltar que a doença poderá progredir
associada a comorbidades que favorecem quadros de
imunossupressão como a leucemia e a imunodeficiência felina.
Em cães, a doença assume, em geral, uma evolução mais benigna,
Esses animais adquirem a infecção através de acidentes com
felinos infectados. Exibem lesões nodoulcerativas, exsudativas e
crostosas mais localizadas principalmente no focinho e face. Em
casos graves, podem apresentar lesões generalieadas e
comprometimento linfático a e.
Por outro lado, os seres humanos podem exibir lesões cutâneas,
muco-Cutaneas ou progredir para uma doença sistêmica. A
formação de úlceras que não cicatrizam e o comprometimento
dos linfonodos são os sintomasmais comuns. Podem demonstrar
com frequência nódulos subcutâneos que se arranjam em cadeia
até o linfonodo satélite, conhecidos como lesão em "rosário"
Diagnóstico
60
Independentemente das opções diagnósticas, terapias recentes à
base de antifúngicos tópicos ou sistêmicos podem interferir na
sensibilidade dos exames. Os exames complementares que
poderão ser solicita-dos para o diagnóstico definitivo estão
dispostos a seguir.
Citologia
Histopatologia
61
carcinoma de células escamosas, leishmaniose, criptococose e
histoplasmose, sendo a histopatologia uma opção diagnóstica
importante para diferenciá-las.
Cultura fúngica
Tratamento e prevenção
62
Terapia tópica à base de antifúngicos azólicos pode auxiliar na
diminuição da carga fúngica, reduzindo autoinoculação e
contaminação ambiental.
Não há uma padronização em relação a duração da terapia, uma
vez que a resposta é individual. Os cães costumam se recuperar
mais rapidamente, enquanto o tratamento em felinos poderá
durar muitos meses.
Na prática, observa-se que gatos com lesões no sistema
respiratório possuem resposta clínica mais demorada.
Em geral, é recomendado que o tratamento seja mantido por
pelo menos quatro semanas após remissão clínica da doença.
Um ponto muito importante para o sucesso do tratamento é o
manejo do paciente infectado. Este precisa ser isolado de outros
animais e ter espaço reduzido, evitando contaminação ambiental
ou reinfecção. Sendo assim, esses pacientes não podem ter
acesso à rua. É importante que objetos destinados à limpeza do
local sejam de uso exclusivo e seres humanos precisam estar
protegidos com luvas. A higiene do ambiente deve ser realizada
com hipoclorito de sódio e todo resto biológico do paciente
também precisará ser embebido no hipoclorito antes do descarte
para não haver contaminação ambiental. Nesse contexto, animais
que vierem a óbito deverão ter a carcaça destruída ou serem
cremados, não devendo ser enterrados.
63
Lipidose Hepática
64
Durante a privação alimentar, o glicogênio hepático armazenado
previamente servirá como fonte de energia reserva para o
organismo.
Se a ingestão alimentar permanecer comprometida mesmo após
os estoques de glicogênio hepático serem consumidos, ocorrerá
diminuição dos níveis plasmáticos de insulina na tentativa de
manter a glicemia e, com isso, há o estímulo à lipólise periférica.
Os ácidos graxos depositados no tecido adiposo são, então,
mobilizados para geração de energia, e a taxa de oxidação no
fígado aumenta. Com isso, inicia-se uma série de disfunções
metabólicas deletérias ao organismo do animal, uma vez que a
chegada de lipídios ao fígado excede sua capacidade de oxidação.
A liberação maciça de triglicerídeos na circulação pode levar à
disfunção hepatocelular, pois o acúmulo de gordura nos
hepatócitos compromete a função dessas células e afeta toda a
integridade do organismo do animal. Estima-se que mais de 70%
dos hepatócitos estejam comprometidos na presença de LH
(Figura 1).
65
MANIFESTAÇÃO CLÍNICA
66
Sinais clínicos
Anorexia
Perda de peso
Perda de massa muscular
Desidratação
Náusea/Vomito
Icterícia Imagem: Carla Santos
Diarréia/constipação
Ventroflexãopescoço
Sinais neurológicos –Encefalopatia hepática
Diagnóstico presuntivo
Diagnóstico definitivo
Exame físico
67
EXAMES LABORATORIAIS
Hemograma
BioquímicaALT e AST –Enzimas de extravasamento
FA e GGT –Enzimas colestáticas
Bilirrubina e frações
Albumina
Eletrólitos: K, P, Mg
Testes de coagulação
Dosagem de ácidos biliares
Glicemia
Corpos Cetônicos
Lipidograma
EXAMES DE IMAGEM
Radiografia abdominal
Ultrassonografia abdominal - Aumento da econegicidade
Diagnóstico diferencial outras hepatopatias
68
TRATAMENTO DA LH
69
PARÂMETROS CLÍNICOS PARA AVALIAR DESIDRATAÇÃO
EM GATOS
Turgor cutâneo
Hidratação das mucosas
Enoftalmia
Protrusão de terceira pálpebra
Alterações dos parâmetros de perfusão
(hipovolemia/desidratação grave)
HIDRATAÇÃO DO PACIENTE
REPOSIÇÃO
Peso (kg) x % desidratação x 10 = Volume reposição em mL
Tempo de reposição em 24 hs
MANUTENÇÃO
Peso (kg)0,75 x 80 = volume requerido em 24 h (mL)
Ou
Regra prática: 2 a 3 mL/kg/h
70
FLUIDOTERAPIA SUBCUTÂNEA EM GATOS
DISTÚRBIO ELETROLITÍCO
Cristalóide: Fisiológico
Ringer
Ringer lactato
71
REGRA PRÁTICA!!!
MANEJO NUTRICIONAL
PILAR DO TRATAMENTO DA LIPIDOSE HEPÁTICA
NUTRIÇÃO ENTERAL
Sonda nasoesofágica
Sonda esofágica
Sonda gástrica
72
SONDA NASOESOFÁGICA
Vantagens
Não precisa de anestesia geral
Fácil de colocar
Baixo custo
Desvantagens
Pouco tempo de permanência
Dieta líquida
SONDA NASOESOFÁGICA
Lidocaína gel
Colírio oftálmico anestésico
Sonda
Fio / Cola
Sonda 3,5 a 8 Fr
Colar
73
SONDA ESOFÁGICA
Vantagens
Fácil de colocar
Baixo custo
Longa duração
Maior variedade de dieta podem ser ofertadas
Desvantagens
Anestesia
Risco de hemorragia
Celulite
NER = 70 x PC0,75
Gato: 5 Kg -234 kcal/dia
Energia metabolizável: 1.274 kcal/kg
1 lata = 195g = 248,4 kcal
74
CONTROLE DE NÁUSEA E VÔMITO
Citrato de Maropitant-Cerenia®
Doses: 1 mg/kg SC ou IV (CUIDADO) a cada 24 h, 5 dias
4mg/gato VO a cada 24 h, 14 dias (Quimbyet al., 2014)
0,6 –2,9 mg/Kg VO a cada 24 h, 14 dias (Quimbyet al., 2014)
Cloridrato de ondansetrona–VonauVet®
Doses:0,1 –1 mg/Kg SC ou IV a cada 6 –12 h
0,5 mg/kg PO ou IV a cada 12 h (Trepanier, J FelineMedSurg,
12, 225-230, 2015.)
SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINAS
Vitamina K
Iniciar antes de procedimentos invasivos
Citologia, Biopsia, colocação de sonda esofágica –Prevenção de
hemorragia
Dose: 0,5 a 1,5 mg/Kg SC ou IM a cada 12 h, 3 dias.
Tiamina –B1
Indicação: Sinais neurológicos / Ventroflexãocervical
Dose: 50 –100 mg/gato VO a cada 24 horas 7 dias.
Cianocobalamina -B12
Indicação: Doença do trato gastrointestinal
Dose: 250 mcg/gato SC a cada 7 dias
75
TERAPIA ANTIOXIDANTE
Manipulação x Industrializado
Silimarina–(CARDO MARIANO)
Propriedades antioxidantes
Aumenta glutationa hepática
Retarda a formação de colágeno
Estudos clínicos em cães e gatos limitados
Dose: 20 –50 mg/Kg/dia VO
L-CARNITINA
Síntese hepática
βOxidação –produção de energia
Depleção de L-carnitinina-Acúmulo de Triglicerídeos
Reposição: 250 mg/gato/dia
76
Hipertireodismo felino
ETIOLOGIA
Sinais clínicos
77
Elevação da temperatura/intolerância ao calor, Fraqueza
muscular (hipocaliemia), Hiperatividade, agitação, nervosismo
Poliúria e polidipsia
DRC primária
Aumento da taxa de filtração glomerular
Polidipsia primária, pelo excesso do hormônio
Alterações cutâneas – pelame eriçado, alopecia pelo excesso de
lambedura (intolerância ao calor)
Vômito intermitente
Alimentação rápida
Polifagia
Diarreia (menor frequência)
Taquicardia >240bpm, sopro sistólico
CMH tireotóxica
Hipertensão
Taquipneia
Diagnóstico
78
TESTES DA FUNÇÃO TIREOIDIANA
TRATAMENTO
78
Peritonite infecciosa felina (PIF)
Transmissão
Manifestações clínicas
81
82
Diagnóstico - O diagnóstico pode ser feito através do RT-
PCR ou microscopia eletrônica das fezes. As biópsias e
análises histopatológicas podem não ser definitivas dado as
alterações de atrofia e fusão das vilosidades, que são
inespecíficas da doença. O diagnóstico pode ser difícil devido
aos sinais clínicos e alterações laboratoriais inespecíficas.
As alterações hematológicas e bioquímicas comumente vistas
são:
Leucocitose ou leucopenia, proteínas totais aumentadas,
hipoalbunemia, alterações nas enzimas hepáticas, aumento nas
concentrações de bilirrubina e presença de icterícia.
A análise dos líquidos cavitários é de extrema importância nesses
casos.
Estes normalmente se apresentam nítidos, com cor de palha ou
viscosos e podem apresentar alta quantidade de espumas devido
ao alto teor de proteínas, e são classificados como transudato ou
exsudato modificado.
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A prednisolona e ciclofosfamida podem ser administradas
em doses imunossupressoras e retardar o curso da doença,
mas não promovem a cura. O uso de imunomoduladores é
controverso, já que a maior parte dos sinais clínicos é devido
à resposta imune do hospedeiro.
O uso de quimioterápicos antivirais, como a ribavirina, não
têm demonstrado boa resposta nos gatos infectados. O uso
do interferon-a-hu-mano se mostrou eficaz quando aplicado
por via parenteral após três a sete semanas. O interferon-w-
felino também pode ser usado, mas sua eficácia ainda não
foi comprovada.
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Retrovírus felino (FIV/FELV)
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Classificações referentes às fases da doença: infecção abortiva,
infecção regressiva, infecção progressiva, infecções focais ou
atípicas.
Manifestações clínicas
Diagnóstico
Tratamento
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Referências Bibliográficas:
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