Germinação Cultivo Vitro

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

INSTITUTO DE GENÉTICA E BIOQUÍMICA


CURSO DE BIOTECNOLOGIA

Germinação e cultivo in vitro de três espécies do gênero Capsicum

Mariane Rabelo Coelho Fernandes

Monografia apresentada à Coordenação


do Curso de Biotecnologia, da
Universidade Federal de Uberlândia,
para obtenção do grau de Bacharel em
Biotecnologia.

Uberlândia – MG
Dezembro – 2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE GENÉTICA E BIOQUÍMICA
CURSO DE BIOTECNOLOGIA

Germinação e cultivo in vitro de três espécies do gênero Capsicum

Mariane Rabelo Coelho Fernandes

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Ana Paula Oliveira Nogueira

Monografia apresentada à Coordenação


do Curso de Biotecnologia, da
Universidade Federal de Uberlândia,
para obtenção do grau de Bacharel em
Biotecnologia.

Uberlândia – MG
Dezembro - 2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE GENÉTICA E BIOQUÍMICA
CURSO DE BIOTECNOLOGIA

Germinação e cultivo in vitro de três espécies do gênero Capsicum

Mariane Rabelo Coelho Fernandes

Orientadora: Prof. Dr. Ana Paula Oliveira Nogueira


Instituto de Genética e Bioquímica

Homologado pela Coordenação do Curso de Biotecnologia em __/__/__.

Edgar Silveira
Coordenador

Uberlândia – MG
Dezembro - 2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE GENÉTICA E BIOQUÍMICA
CURSO DE BIOTECNOLOGIA

Germinação e cultivo in vitro de três espécies do gênero Capsicum

Mariane Rabelo Coelho Fernandes

Aprovado pela banca examinadora em: 15/12/2017 Nota:100

Ana Paula Oliveira Nogueira


Presidente da Banca

Uberlândia, 15 de dezembro de 2017.


AGRADECIMENTOS

A Universidade Federal de Uberlândia e ao seu corpo docente que me proporcionou

enorme fonte de conhecimento durante a graduação.

Ao Programa Ciência sem Fronteiras, pelo qual pude realizar um dos maiores desejos

de minha vida, além de me promover enorme crescimento profissional e pessoal.

A minha orientadora, Prof. Dr. Ana Paula Oliveira, pelos seus ensinamentos, correções

e suporte no pouco tempo que lhe coube.

Aos membros da banca, por compartilharem comigo suas experiências acadêmicas e

conhecimento.

Ao colega de laboratório, Bruno, pelo apoio ao longo do último ano.

A sétima turma de biotecnologia, que além de companheiros de turma, se tornaram

amigos inseparáveis, que espero ter pela vida toda.

Aos meus pais, minhas irmãs, familiares e amigos, pela paciência e por me motivarem

ao longo desses 5 anos.

Ao meu afilhado, Enzo, por ser a luz da minha vida e me proporcionar infinitos

momentos de alegria.

Ao meu namorado, Gabriel, pelo carinho, apoio e confiança depositados em mim no

momento em que mais precisei.

Aos meus sogros e cunhados, pelo carinho demonstrado em tão pouco tempo.

E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito

obrigada.
RESUMO

As pimentas cumari-do-pará, malagueta e dedo-de-moça são representantes do gênero

Capsicum, tendo como característica marcante a ardência. Neste trabalho objetivou-se avaliar

as condições ideais de cultivo in vitro, visando a micropropagação destas espécies de

pimentas. Para geração de fonte de explantes, avaliou-se a germinação in vitro de sementes,

provenientes de frutos frescos e secos e a morfologia das plântulas geradas em diferentes

concentrações de sais e sacarose do meio MS. A indução de calos (IC) e a área coberta por

células de calos (ACCC) em explantes foliares e caulinares obtidos de plântulas de cumari-

do-pará foi induzida mediante utilização de 2,4-D e BAP. Observou-se que a germinação de

sementes e vigor de plântulas de cumari-do-pará é mais satisfatória em meio MS50% e 15 g

L-1 de sacarose. Para as pimentas malagueta e dedo-de-moça, sugere-se que estudos para

aumento da taxa de germinação sejam realizados, para que estas sejam utilizadas como fonte

de explantes. Já a IC% e a ACCC% em explantes caulinares e foliares foram maiores quando

se utiliza 2,0 mg L-1 e 1,0 mg L-1 de 2,4-D, respectivamente, sendo a presença de BAP

desnecessária. Conclui-se que, para cumari-do-pará, os objetivos foram atingidos.

Palavras-chave: Capsicum chinense Jacquin.; Capsicum frutescens L.; Capsicum baccatum.


SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1
1.1. Pimentas do gênero Capsicum ....................................................................................... 1
1.1.1. Principais espécies de Capsicum no Brasil ................................................................ 2
1.1.2. Valor econômico e nutricional das pimentas .............................................................. 3
1.1.3. Capsaicinoides ............................................................................................................ 5
1.2. Cultura de tecidos in vitro ............................................................................................. 7
1.2.1. Germinação de sementes in vitro .............................................................................. 10
1.2.2. Calogênese ................................................................................................................ 11

2. OBJETIVOS ...................................................................................................................... 12
2.1. Geral .............................................................................................................................. 12
2.2. Específicos ..................................................................................................................... 12

3. MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 13


3.1. Local .............................................................................................................................. 13
3.2. Germinação de sementes de pimentas e análise da morfologia das plântulas ........ 13
3.2.1. Fonte de sementes e assepsia .................................................................................... 13
3.2.2. Germinação de sementes de pimentas e análise da morfologia das plântulas.......... 14
3.3. Indução de calogênese em explantes foliares e caulinares utilizando combinações de
BAP e 2,4-D ............................................................................................................................ 16
3.4. Análises estatísticas ...................................................................................................... 16

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................... 17


4.1. Germinação in vitro e medidas morfológicas de plântulas de Capsicum spp. ......... 17
4.2. Indução de calos (IC) e área coberta por células de calos (ACCC) em explantes
caulinares e foliares de pimenta Cumari-do-pará ............................................................. 29

5. CONCLUSÕES ................................................................................................................. 35

REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 36

APÊNDICES .......................................................................................................................... 44
APÊNDICE A - Germinação de sementes de Capsicum spp. provenientes de frutos frescos
ao longo de 30 dias .................................................................................................................. 44
APÊNDICE B - Resumo da análise de variância em esquema fatorial para germinação de
sementes de Capsicum spp. provenientes de frutos frescos em diferentes concentrações de
meio MS .................................................................................................................................. 44
APÊNDICE C - Germinação de sementes de Capsicum spp. provenientes de frutos secos ao
longo de 30 dias ...................................................................................................................... 44
APÊNDICE D - Resumo da análise de variância em esquema fatorial para germinação de
sementes de Capsicum spp. provenientes de frutos secos em diferentes concentrações de meio
MS ........................................................................................................................................... 44
APÊNDICE E - Resumo da análise de variância em esquema fatorial para médias de
características morfológicas de plântulas de Capsicum spp. obtidas de germinação in vitro de
sementes de frutos frescos ....................................................................................................... 45
APÊNDICE F - Resumo da análise de variância em esquema fatorial para médias de
características morfológicas de plântulas de Capsicum spp. obtidas de germinação in vitro de
sementes de frutos secos ......................................................................................................... 46
APÊNDICE G - Porcentagem de indução de calos (IC) e área do explante coberta por
células calos (ACCC) em explantes caulinares de cumari-do-pará em diferentes combinações
de BAP e 2,4-D, após 30 dias de cultivo ................................................................................ 47
APÊNDICE H - Resumo da análise de variância em esquema fatorial para médias de
indução de calos em explantes caulinares de Capsicum chinense Jacquin (cumari-do-pará) sob
diferentes concentrações de BAP e 2,4-D no meio de cultivo, após 30 dias de cultivo ......... 47
APÊNDICE I - Resumo da análise de variância em esquema fatorial para médias de
indução de calos em explantes foliares de Capsicum chinense Jacquin (cumari-do-pará) sob
diferentes concentrações de BAP e 2,4-D no meio de cultivo, após 30 dias de cultivo ......... 47
APÊNDICE J Porcentagem de indução de calos (IC) e área do explante coberta por células
calos (ACCC) em explantes foliares de cumari-do-pará em diferentes combinações de BAP e
2,4-D........................................................................................................................................ 48
APÊNDICE K – Plântulas de cumari-do-pará proveniente de sementes frescas germinadas
in vitro em meio MS ............................................................................................................... 48
APÊNDICE L – Calos em explantes caulinares de cumari-do-pará, em que a) 1,0 mg L-1 de
2,4-D e 0,0 mg L-1 de BAP, b) 2,0 mg L-1 de 2,4-D e 0,0 mg L-1 de BAP e c) 2,0 mg L-1 de
2,4-D e 1,0 mg L-1 de BAP...................................................................................................... 49
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Porcentagem de germinação de sementes de malagueta e cumari-do-pará


(Capsicum spp.) provenientes de frutos frescos em diferentes concentrações de meio MS, 30
dias após inoculação................................................................................................................. 18

Tabela 2 – Porcentagem de germinação de sementes de malagueta, cumari-do-pará e dedo-


de-moça (Capsicum spp.) provenientes de frutos secos em diferentes concentrações de meio
MS, 30 dias após inoculação ................................................................................................... 20

Tabela 3 – Características morfológicas de plântulas de malagueta e cumari-do-pará


(Capsicum spp.) obtidas de germinação in vitro de sementes de frutos frescos, 30 dias após a
inoculação de sementes ........................................................................................................... 24

Tabela 4 – Características morfológicas de plântulas de cumari-do-pará, malagueta e dedo-


de-moça (Capsicum spp.) obtidas de germinação in vitro de sementes de frutos secos, 30 dias
após a inoculação de sementes .............................................................................................. 26

Tabela 5 - Porcentagem de indução de calos em explantes caulinares de cumari-do-pará (C.


chinense) sob diferentes concentrações de BAP e 2,4-D no meio de cultivo, após 30 dias de
cultivo ...................................................................................................................................... 30

Tabela 6 - Porcentagem de indução de calos em explantes foliares de cumari-do-pará (C.


chinense) sob diferentes concentrações de BAP e 2,4-D no meio de cultivo, após 30 dias de
cultivo ...................................................................................................................................... 31
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Frutos de pimentas do gênero Capsicum................................................................. 2

Figura 2 – Estrutura química da capsaicina ............................................................................. 6

Figura 3 - Esquema representativo das diversas técnicas de cultivo in vitro ........................... 9

Figura 4 - Sementes extraídas de frutos frescos de Capsicum spp. ....................................... 14

Figura 5 – Medições de características morfológicas das plântulas obtidas in vitro ............ 15

Figura 6 – Germinação in vitro de sementes de cumari-do-pará, malagueta e dedo-de-moça


(Capsicum spp.) provenientes de frutos frescos em diferentes concentrações de meio MS ao
longo de 30 dias ...................................................................................................................... 17

Figura 7 – Germinação in vitro de sementes de cumari-do-pará, malagueta e dedo-de-moça


(Capsicum spp.) provenientes de frutos secos em diferentes concentrações de meio MS ao
longo de 30 dias ...................................................................................................................... 19

Figura 8 – Porcentagem de indução de calos (IC) e área do explante coberta por células de
calos (ACCC) em explantes caulinares de cumari-do-pará em diferentes combinações de BAP
e 2,4-D, 30 dias após a inoculação .......................................................................................... 29

Figura 9 – Porcentagem de indução de calos (IC) e área do explante coberta por células de
calos (ACCC) em explantes foliares de cumari-do-pará em diferentes combinações de BAP e
2,4-D, 30 dias após a inoculação ............................................................................................. 32
LISTA DE ABREVIAÇÕES

2,4-D Ácido 2,4 Diclorofenoxiacético


ACCC Área do explante coberta por células de calos
AIB Ácido indol butírico
ANA Ácido Alfa- Naftalenoacético
BAP 6-Benzilaminopurina
cm Centímetro
g Grama
g L-1 Grama por Litro
ha Hectare
IC Indução de calos
Kg Quilograma
KIN Cinetina
m Metro
mg L–1 Miligrama por Litro
mL Mililitro
MS Murashige e Skoog
MS0% Meio de cultura composto por água e ágar
MS100% Meio de cultura MS com concentração total de sais e 30 g L-1 de
sacarose
MS50% Meio de cultura MS com metade da concentração de sais e 15 g L-1 de
sacarose
pH Potencial de Hidrogênio
T Tonelada
t/ha Tonelada por hectare
v/v Volume por volume (fração volumétrica)
und Unidade
1. INTRODUÇÃO

1.1. Pimentas do gênero Capsicum

As pimentas do gênero Capsicum são bastante apreciadas na culinária brasileira

devido a sua característica mais marcante, a ardência (também chamada pungência). As

diversas variedades de pimentas são consumidas in natura, desidratadas, moídas e também na

forma de geleias e molhos (CARVALHO et al., 2006).

O gênero Capsicum, pertencente à família Solanaceae, é composto por plantas bem

adaptadas ao clima tropical e tem como centro de origem as Américas (PINHEIRO;

AMARO; PEREIRA, 2012). O Brasil, por sua vez, é um grande centro de diversidade

genética do gênero, sendo as regiões sudeste e centro-oeste as principais áreas de cultivo no

país (FURTADO; DUTRA; DELIZA, 2006). De acordo com a Food and Agriculture

Organization (FAO), no ano de 2014, foi produzido cerca de 32.300.000 t de Capsicum

mundialmente, colhidas em uma área equivalente a 1.937.370 ha, com rendimento de 16,68

t/ha (FAO, 2014).

O gênero Capsicum apresenta 33 espécies, entretanto, apenas cinco espécies são

domesticadas e cultivadas: Capsicum annuum L., Capsicum baccatum L., Capsicum chinense

Jacq., Capsicum frutescens L. e Capsicum pubescens L, sendo que a última não é cultivada no

Brasil (COSTA et al., 2015; MENICHINI et al., 2009; DUTRA et al., 2010). As plantas

deste gênero possuem grande variabilidade quanto às suas características morfológicas, tais

como tamanho, cor e formato de folhas, frutos e flores, entre outros. São, em sua maioria,

anuais, diploides (2n=24) e autógamas, ou seja, a autofecundação ocorre em uma taxa igual

ou superior a 95%, entretanto é possível que ocorra polinização por intermédio de abelhas e

outros insetos, permitindo que a fecundação cruzada atinja até 40% entre plantas da mesma
espécie e, em alguns casos, do mesmo gênero. São consideradas, em sua maior parte, plantas

arbustivas, com caule semilenhoso que pode exceder 1,0 m de altura. O sistema radicular é

pivotante, podendo atingir até 1,2m de profundidade (FILGUEIRA, 2008; PICKERSGRILL,

2007; CARVALHO; BIANCHETTI, 2004; MARTIN; SANTIAGO; COOK, 1979).

1.1.1. Principais espécies de Capsicum no Brasil

As pimenteiras da espécie C. chinense Jacquin são bem adaptadas ao clima tropical e

apresentam maior resistência a doenças deste clima do que as outras espécies. No Brasil, a

espécie é representada pelas pimentas biquinho, cumari-do-pará (Figura 1A), pimenta de

cheiro (Figura 1B), entre outras. Os frutos podem apresentar cor verde (imaturos) até amarelo

e vermelho escuro (maduros), possuindo alta pungência e intenso aroma. A pimenta cumari-

do-pará, especificamente, possui frutos de formato ovalado a triangular, com cerca de 3 cm de

comprimento, sendo amarelos quando maduros e muito picantes (CARVALHO et al., 2006).

Figura 1 – Frutos de pimentas do gênero Capsicum. A) Pimentas Cumari-do-pará e


malagueta em conserva; B) Pimenta de cheiro in natura; C) Pimentões in natura.

A espécie Capsicum baccatum L., representada pelas pimentas dedo-de-moça e

cambuci, possui frutos de tamanho médio, polpa firme e com pungência variável de suave a

2
média. A pimenta dedo-de-moça possui pungência mediana, frutos alongados, com cerca de

7,5 cm de comprimento que são vermelhos quando maduros (CARVALHO et al., 2006).

As pimentas tabasco e malagueta são exemplares da espécie Capsicum frutescens L.,

que é um dos grupos de pimenta mais conhecidos, sendo consumidas in natura, em conservas

e na forma de molhos. Seus frutos são do tipo baga, de forma cônica, alongada e cor verde ou

vermelha, com 8 a 12 cm de comprimento e 1 a 2 cm de diâmetro (CARVALHO;

BIANCHETTI, 2004). A pimenta malagueta (Figura 1A) possui alta pungência e seus frutos

medem de 1 cm a 3 cm de comprimento e são vermelhos quando maduros (CARVALHO et

al., 2006).

Por fim, os pimentões (Figura 1C), páprica e jalapeño, fazem parte do grupo de

pimentas da espécie Capsicum annuum L. var. annuum, que ocupa a maior área cultivada de

pimentas no mundo. Esta espécie apresenta frutos que diferem quanto ao formato, tamanho,

posição na planta, cor e à pungência (CARVALHO et al., 2006).

1.1.2. Valor econômico e nutricional das pimentas

No Brasil, o cultivo de pimentas ganhou popularidade nos últimos anos em todo

território, com destaque para os estados de Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Ceará e Rio

Grande do Sul (RIBEIRO; REIFSCHNEIDER, 2008). O cultivo é realizado por pequenos,

médios e grandes produtores de maneira individual ou de forma integrada a agroindústria

(FURTADO; DUTRA; DELIZA, 2006; RIBEIRO et al., 2008).

A informação disponível sobre valores de produção e comercialização de pimentas no

Brasil não expressa a realidade econômica para esta hortaliça. Grande parcela da produção e

comercialização ocorre em mercados regionais e locais, não datados, não contribuindo com

valores estatísticos reais (DOMENICO; LILLI; MELO, 2010).

3
Atualmente, estima-se que a produtividade nacional média de pimentas esteja entre 10

a 45 t/ha ao ano. A pimenta malagueta, a mais cultivada no Brasil, tem uma produtividade de

10 t/ha. Outros exemplos de produtividade são das pimentas biquinho e de bode, que se

encontra em torno de 20 t/ha (GENUNCIO; ZONTA; NASCIMENTO, 2015).

Segundo Rufino e Penteado (2006), a importância socioeconômica da pimenta deve-se

ao alto valor agregado ao produto e ao emprego de mão-de-obra. No Brasil, segundo o Censo

Agropecuário (IBGE, 2006), a produção de pimenta foi de aproximadamente 18700 t na safra

de 2006, gerando um valor de produção de R$29,77 milhões, sendo as regiões Nordeste

(34,35% da produção) e Sudeste (30,13%) as maiores produtoras. De acordo com um

levantamento feito pela Central de Abastecimento de Minas Gerais (CEASA-MG), na

unidade de Uberlândia, no ano de 2016 o preço médio de pimentas foi de R$8,64/kg e o total

de pimentas ofertadas foi de aproximadamente 232 mil kg, sendo as pimentas de bode e

biquinho as mais ofertadas.

O fruto é utilizado na medicina popular no combate às inflamações na garganta e

diarreia, como dilatador capilar e expectorante (PIRES, 2004). Outras aplicações na medicina

popular são para o tratamento de artrites, reumatismo, erupções cutâneas, feridas e picadas de

animais (MEGHVANSI et al., 2010; VAN WYK; WINK, 2004).

Atualmente, existem diversos produtos desenvolvidos à base de capsaicina disponíveis

no mercado. Estes produtos incluem pomadas anti-inflamatórias, pomadas para artrite,

xampus, cremes hidratantes, entre outros. A capsaicina é comercializada principalmente na

forma de pomadas, géis e cremes, que são bastante utilizadas no tratamento de artrites e

artroses. O emplastro Sabiá é aplicado para o alívio de dores musculares (CARVALHO et al.,

2006). Um adesivo tópico (Qutenza) à base de capsaicina de alta potência (8%) é utilizado no

tratamento da dor associada à neuralgia pós-herpética, mediante supervisão médica (JONES;

MOORE; PETERSON, 2011).

4
Além disso, do ponto de vista nutricional, os frutos de pimenta são fonte de vitaminas,

proteínas, lipídeos, minerais e fibras. As vitaminas C, E e os carotenoides presentes nas

pimentas agem como antioxidantes, que podem atuar na prevenção de doenças

cardiovasculares, cataratas, câncer, entre outras (REIFSCHNEIDER, 2000).

1.1.3. Capsaicinoides

A principal característica das pimentas do gênero Capsicum é a pungência. Esta

característica pode ser atribuída a alcaloides denominados capsaicinoides, que estão

acumulados na placenta (tecido interno do fruto onde estão armazenadas as sementes) e são

liberados quando o fruto sofre dano físico (CARVALHO et al., 2006) sendo que o grau de

pungência varia entre espécies e variedades, tendo duas escalas de classificação mais comuns:

a escala de Unidade de Calor de Scoville (SHU) e a escala de temperatura.

A escala de Unidade de Calor de Scoville (SHU) é uma forma de avaliar a pungência

de pimentas, as quais podem ser elencadas em baixa (0 a 30 mil SHU), média (30 a 75 mil

SHU), alta pungência (75 a 120 mil SHU) e, acima de 120 mil SHU, muito alta pungência

(REIFSCHNEIDER, 2000). Segundo Bontempo (2007), a capsaicina pura equivale a

15.000.000 de unidades Scoville. Quando o valor de SHU ultrapassa 120 mil, as pimentas são

utilizadas em conservas, na indústria farmacêutica e na indústria bélica, para fabricação de gás

de pimenta (REIFSCHNEIDER, 2000). Já na Escala de Temperatura, criada por Julie Cohn, a

pungência da pimenta é classificada em uma escala de 1 a 10, sendo espécies muito picantes

classificadas de 8 a 10, espécies com média ardência de 4 a 6 e espécies com pouco ardor de 1

a 3 (LINGUANOTTO NETO, 2004).

São conhecidos aproximadamente 14 capsaicinóides, destes os que ocorrem em maior

quantidade são a capsaicina (Figura 2), a diidrocapsaicina e a nordiidrocapsaicina, que variam

5
conforme a maturação do fruto e são responsáveis por mais de 90% da pungência (SIMÕES

et al., 2010).

Figura 2 – Estrutura química da capsaicina.

A capsaicina vem sendo considerada uma substância medicinal, visto que apresenta

propriedades antioxidante, anti-inflamatória, quimiopreventiva, bactericida, anticancerígena e

anti-hemorrágica. Além de atuar como estimulante do apetite, a capsaicina controla o

colesterol, induz termogênese, influencia a liberação de endorfinas e funciona como

analgésico natural (PINTO; PINTO; DONZELES, 2013; BONTEMPO, 2007).

De acordo com Bhutani et al. (2007) e Dou et al. (2011), a capsaicina também possui

capacidade de bloquear vias de ativação relacionadas com a formação de tumores e, portanto,

apresenta potencial para a prevenção e tratamento de mielomas múltiplos e outros tipos de

câncer. Mori et al. (2006) relata que a capsaicina foi capaz de promover apoptose in vitro em

linhagens celulares de câncer de próstata e reduziu significativamente o crescimento de massa

tumoral in vivo.

Diversos estudos relatam o potencial medicinal das pimentas do gênero Capsicum,

bem como potencial para uso no agronegócio, no controle de pragas. Segundo Neves et al.

(2009), o extrato de pimenta malagueta apresentou atividade nematicida contra juvenis de

Meloidogyne javanica. De acordo com Costa et al. (2009), as pimentas cumari, cambuci e

malagueta podem ser usadas como conservantes naturais em alimentos, devido a presença de

antioxidantes.

6
Guimarães et al. (2014) constata que extratos aquosos de sementes de pimenta dedo-

de-moça apresentam atividade repelente sobre o gorgulho do milho e frutos de pimenta dedo-

de-moça possuem atividade inseticida tanto na forma de extratos alcoólicos quanto de extratos

aquosos. O uso de compostos bioativos de plantas no controle de pragas e vetores, por ser um

método natural, torna-se mais seguro e barato do que a utilização de agroquímicos. Além

disso, evita-se a bioacumulação de defensivos agrícolas no ambiente e em animais que não

são alvos da desinfestação (MADHUMATHY; AIVAZI; VIJAYAN, 2007).

1.2. Cultura de tecidos in vitro

A cultura de tecidos vegetais pode ser utilizada tanto na agricultura, por meio da

multiplicação rápida e eficiente de plantas, da engenharia genética, da poliploidização, da

conservação de germoplasma, quanto na indústria, pela produção de metabólitos secundários,

tendo em vista sua alta em condições in vitro (ARIKAT et al., 2004; RAMACHANDRA

RAO; RAVISHANKAR, 2002; BOTTA et al., 2001). O cultivo in vitro, por ser independente

de clima ou estações do ano, permite uma produção contínua de plântulas ou calos (massa

celular indiferenciada).

Portanto, os setores agronômico e industrial são beneficiados pelo melhoramento nas

técnicas de cultivo in vitro de pimentas. Uma possibilidade seria a análise da capacidade

medicinal, agronômica e industrial da capsaicina, produzindo-se esse composto por sistemas

de suspensão celular, obtidos por intermédio de calos friáveis (calos que se fragmentam

facilmente). Ademais, a transformação genética e obtenção de poliploides do gênero

Capsicum são favorecidas pelo levantamento de dados sobre o cultivo in vitro.

Segundo Quisen e Angelo (2008), a cultura de tecidos vegetais é um conjunto de

técnicas em que células e tecidos vegetais são cultivados in vitro em meio nutritivo sintético,

7
de composição definida, sob condições adequadas de assepsia, nutrição, luz e temperatura,

com o objetivo de gerar uma planta. A técnica de cultura de tecidos in vitro é baseada na

Teoria da Totipotência que, segundo Termignoni (2005), determina que todas as células

vegetais nucleadas vivas são totipotentes e qualquer fragmento vegetal (folha, caule, gema

axilar) pode gerar uma planta completa desde que as condições nutricionais, hormonais e o

meio de cultura sejam adequados.

Nas técnicas de cultura in vitro, pequenos fragmentos de tecido vivo, chamados de

explantes, são retirados de um organismo vegetal, passam por uma desinfestação e são

cultivados assepticamente, por períodos indefinidos em um meio de cultura apropriado

(TORRES et al., 1998). O meio de cultura deve fornecer todas as substâncias essenciais, tais

como os macronutrientes e micronutrientes, para o crescimento dos tecidos, sendo o padrão

de crescimento e desenvolvimento controlado por meio dos reguladores de crescimento, como

as auxinas e as citocininas (CALDAS et al., 1998)

Os principais reguladores de crescimento utilizados são as auxinas, tais como ácido

naftalenoacético (ANA), ácido indol-3-acético (AIA) e ácido indol-3-butírico (AIB), que têm

a capacidade de produzir crescimento celular e promover a divisão celular (KRIKORIAN,

1991), também pode-se citar o ácido diclorofenóxiacético (2,4-D), uma auxina sintética

amplamente utilizada na indução de calos (NOGUEIRA et al., 2007). Outra classe de

reguladores de crescimento são as citocininas, principalmente 6-Benzilaminopurina (BAP) e

cinetina (CIN), que promovem divisão, alongamento e diferenciação celular (TAIZ; ZEIGER,

1991). O balanço de auxinas/citocininas adicionados ao meio de cultura, permite a

regeneração da planta inteira, pois influencia a via metabólica que o explante deve seguir,

sendo esta via destinada à emissão de raízes, brotos ou calos (SKOOG; MILLER, 1957).

8
Na técnica de cultura de tecidos mais empregada, a micropropagação, existem duas

rotas de multiplicação (Figura 3), uma por meio da organogênese direta, na qual o explante se

desenvolve em um indivíduo completo sem passar pela fase de formação de calos, e outra por

meio da organôgenese indireta, passando pela fase de calo (massa celular indiferenciada)

(GRATTAPAGLIA; MACHADO, 1998). O cultivo de calos pode ser utilizado para se

estudar o desenvolvimento celular, obtenção de compostos provenientes do metabolismo

primário e secundário, obter suspensão celular e propagação por meio de geração de gemas ou

embriões somáticos (LANDA et al., 2000; SANTOS et al., 2005).

Figura 3 – Esquema representativo das diversas técnicas de cultivo in vitro (Adaptado de


Andrade, 2002).

A proporção entre auxina e citocinina é determinante na resposta organogênica, em

que altas razões auxina/citocinina geralmente induzem à formação de raiz, enquanto baixas

proporções promovem a formação de brotos. Já a formação de calos, geralmente, ocorre em

razões intermediárias da combinação entre ambos reguladores (TAKAHASHI, 2002).

9
1.2.1. Germinação de sementes in vitro

O primeiro passo para o sucesso do estabelecimento in vitro de uma espécie é a

escolha de uma boa fonte de explantes. Parte das contaminações que ocorrem frequentemente

em culturas de tecidos vegetais podem ser consequência da presença de microrganismos

endofíticos (AZEVEDO, 1998). Desta forma a utilização de plantas germinadas in vitro para

os experimentos de cultura de tecidos vegetais promove uma maior facilidade na obtenção de

explantes assépticos, pois as sementes podem ser submetidas a protocolos de desinfecção

mais intensos, devido a maior proteção do embrião (GRIGOLETTO, 1997). Do ponto de vista

fisiológico, a capacidade das plântulas germinadas in vitro gerarem respostas, como a

calogênese, aos reguladores de crescimento é favorecida por se encontrarem em um melhor

estágio juvenil (GRIGOLETTO, 1997; GRATAPAGGLIA; MACHADO, 1998).

A germinação é um evento fisiológico que depende da qualidade da semente e das

condições de germinação, que são variáveis entre as espécies vegetais (SALOMÃO; SOUSA-

SILVA, 2003). Dessa forma, é importante otimizar o processo de germinação por meio de

estudos de meio de cultura, favorecendo a obtenção de plantas sadias e vigorosas que possam

ser utilizadas como fonte de explantes (ALMEIDA et al., 2013).

O meio de cultura MS, desenvolvido por Murashige e Skoog (1962) é considerado o

meio básico de cultura, composto de sais subdivididos em: macronutrientes, micronutrientes,

fonte de carbono (sacarose), vitaminas e hexitol (mio-inositol). Entretanto, em alguns casos a

utilização de composições menos concentradas em macronutrientes são mais satisfatórias

(GRATTAPAGLIA; MACHADO, 1998). Segundo Souza (2003), ao adicionar-se sacarose ao

meio de cultura, pode-se manter a plântula in vitro por um maior período de tempo,

entretanto, para algumas espécies, não há necessidade de suplementação do meio de cultura

com sacarose.

10
De acordo com Freitas e colaboradores (2008), os frutos da pimenteira são

considerados carnosos e, portanto, suas sementes apresentam alto teor de água após a colheita

e extração. A submissão das sementes a um processo de secagem é importante para que o teor

de água seja diminuído até níveis adequados, levando a conservação de características como

germinação e vigor durante o armazenamento e até o momento da semeadura.

O resultado das alterações morfológicas, físicas e fisiológicas, como variações no

vigor e no acúmulo de matéria seca é definido como a maturação da semente, sendo este um

processo que se inicia com a fertilização e se estende até a maturidade fisiológica - momento

em a transferência de matéria seca da planta à semente é interrompida (MARCOS FILHO,

2005). A maturação fisiológica é um pré-requisito para o sucesso da germinação, visto que a

maturação da semente é uma condição fundamental na determinação da qualidade da semente

(DIAS et al., 2006). Além disso, segundo Nascimento e Freitas (2006), para sementes de

frutos carnosos, como as pimentas, os maiores índices de vigor, reserva de matéria seca e

germinação são encontrados no período de maturidade fisiológica destas.

1.2.2. Calogênese

Na calogênese, ou seja, na formação de massa de células indiferenciadas, utiliza-se

explantes provenientes de tecidos jovens e não lignificados, pois estes apresentam maior

potencial de resposta in vitro. A partir de calos friáveis, que se desintegram facilmente, pode-

se obter uma suspensão celular, utilizada como uma fonte de extração de metabólitos

secundários, a partir do cultivo de células em larga escala (VANISREE et al., 2004). O

crescimento de calos também pode ser empregado na indução de variação somaclonal, bem

como para possíveis estudos fisiológicos (DIXON; PAIVA, 1995; RODRIGUES;

ALMEIDA, 2010).

11
São necessários reguladores de crescimento no meio de cultura para que ocorra a

calogênese nos explantes inoculados, visto que os reguladores modificam o metabolismo das

células, causando assim a desdiferenciação. O processo é influenciado pelo estado físico de

incubação, como luminosidade e calor, pela constituição do meio nutritivo e pelo tipo de

explante (GEORGE; HALL; KLERK, 2008).

De acordo com Vietez e San-José (1996), para que haja a formação de calos,

recorrentemente é preciso que ocorra a adição de reguladores de crescimento exógenos ao

meio de cultura. Sendo essa exigência devida à concentração e equilíbrio de auxinas e

citocininas, ao conteúdo endógeno de hormônios no explante, ao genótipo da planta matriz e

ao tipo de explante utilizado. Desta forma, estudos sobre as condições de cultivo in vitro de

espécies produtoras de compostos bioativos com potencial valor medicinal, agronômico e

econômico são de extrema importância para que se permita futura produção em larga escala

deste composto.

2. OBJETIVOS

2.1. Geral

Avaliar as condições de cultivo in vitro visando a micropropagação das pimentas

cumari-do-pará, malagueta e dedo-de-moça (Capsicum spp.).

2.2 . Específicos

 Avaliar a germinação in vitro de sementes provenientes de frutos secos e frescos de cumari-

12
do-pará, malagueta e dedo-de-moça (Capsicum spp.) em diferentes concentrações de sais do

meio MS.

 Avaliar as características morfológicas de plântulas de cumari-do-pará, malagueta e

dedo-de-moça (Capsicum spp.) germinadas in vitro em diferentes concentrações de sais do

meio MS, visando fontes potenciais de explantes;

 Avaliar as concentrações de BAP e 2,4-D necessárias para indução de calos em

explantes caulinares e foliares de pimenta cumari-do-pará (C. chinense).

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Local

Os experimentos foram conduzidos no Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais

(4C-222b), do Instituto de Genética e Bioquímica - INGEB, da Universidade Federal de

Uberlândia – UFU.

3.2. Germinação in vitro e análise da morfologia de plântulas geradas in

vitro

3.2.1. Fonte de sementes e assepsia

Nesta pesquisa, foram realizados dois experimentos, sendo o primeiro com uso de

sementes extraídas de frutos frescos e o segundo com sementes extraídas de frutos secos

(submetidos a secagem natural/armazenamento por aproximadamente 20 dias). Os frutos das

13
espécies cumari-do-pará (Capsicum chinense Jacquin), malagueta (C. frutescens L.) e dedo-

de-moça (C. baccatuum L.) foram adquiridos em comércio local no município de Uberlândia-

MG.

Para assepsia das sementes de ambos experimentos, os frutos foram previamente

lavados com detergente neutro e, em câmara de fluxo laminar, desinfestados com solução de

hipoclorito de sódio 2,5% por dez minutos. Após este procedimento, foram lavados três vezes

com água destilada autoclavada, em seguida foram cortados com auxílio de um bisturi. As

sementes foram extraídas (Figura 4), imersas em álcool etílico 70% (v/v) por um minuto e

lavadas com água destilada autoclavada. Adicionou-se solução de hipoclorito de sódio 2,5%

por cinco minutos e por fim as sementes foram lavadas três vezes com água destilada

autoclavada.

Figura 4 - Sementes extraídas de frutos frescos de Capsicum spp. A) Pimenta malagueta


(Capsicum frutescens L.). B) Pimenta cumari-do-pará (Capsicum chinense Jacquin). C)
Pimenta dedo-de-moça (Capsicum baccatuum L.)

3.2.2. Germinação de sementes de pimentas e análise da morfologia das plântulas

Com intuito de avaliar a germinação de sementes e morfologia das plântulas de

pimenta cultivada in vitro, os experimentos foram realizados em esquema fatorial, sendo o

14
primeiro fator, constituído pelas espécies (malagueta, dedo-de-moça e cumari-do-pará) e o

segundo fator, pelo meio de cultura MS (0, 50 e 100% das concentrações de sais

suplementados com 0, 15 e 30 g L-1 de sacarose). Adotou-se o delineamento experimental

inteiramente ao acaso com seis repetições, sendo cada unidade experimental constituída por

um frasco contendo 30 mL de meio de cultivo, onde foram inoculadas 10 sementes. Antes da

inoculação das sementes, o pH do meio de cultura foi corrigido para 5,8 e os meios foram

solidificados com 8 g L-1 de ágar. Por fim, os meios de cultura foram autoclavados a 120 ºC e

1,1 atm, durante 20 minutos. O número de sementes germinadas foi avaliado a cada 2 dias por

um período de 30 dias.

Ao final dos 30 dias, mediu-se: o comprimento da parte aérea e da raiz principal (cm),

cuja soma resultou no tamanho da plântula e o comprimento e largura das folhas primordiais

(cm), conforme figura 5. Avaliou-se também o número de folhas, de raízes secundário e a

matéria fresca das plântulas (g). Os processos metrológicos foram realizados com o uso de

régua milimétrica e balança de precisão, medindo, quando disponíveis, 5 plântulas de cada

repetição.

Figura 5 – Medições de características morfológicas das plântulas obtidas in vitro. A)


Medida do comprimento da folha primordial (cm). B) Medida da largura da folha primordial
(cm). C) Medida da parte aérea e da raiz principal (cm), resultando no tamanho da plântula
(cm).

15
3.3. Indução de calogênese em explantes foliares e caulinares utilizando

combinações de BAP e 2,4-D

Inocularam-se segmentos de folhas ou caules, obtidos de plântulas de pimenta cumari-

do-pará, em meios de cultura MS suplementados com diferentes concentrações de 2,4-D (0,0;

1,0; 2,0; e 4,0 mg L-1) combinado com BAP (0,0; 1,0; 2,0; e 4,0 mg L-1). O pH foi corrigido

para 5,8 e os meios foram solidificados com 8 g L-1 de ágar e suplementados com 30 g L-1 de

sacarose. Por fim, os meios de cultura foram autoclavados a 120ºC e 1,1 atm, durante 20

minutos. O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, em que

cada tratamento foi constituído por 12 repetições, sendo cada repetição um tubo contendo 10

ml de meio de cultivo, onde foram inoculadas um explante caulinar ou foliar. Os tratamentos

foram mantidos sob fotoperíodo de 16h. A cada 7 dias, durante um mês, foram feitas

observações acerca da indução de caule (IC) e área do explante coberta por células de calos

(ACCC). A ACCC foi contabilizada por meio de uma adaptação do método descrito por

Mendonça et al. (2013), em que a ACCC foi dada pelas porcentagens 0, 10, 25, 50, 75, 90 ou

100% de área do explante coberta por células de calos.

3.4 . Análises estatísticas

Os dados de germinação, caracteres morfológicos das plântulas e indução de calos

foram submetidos à análise de variância em esquema fatorial. Anteriormente à análise,

procedeu-se a transformação dos dados para atender às pressuposições da ANOVA, conforme

descrito abaixo, de acordo com Ferreira (2011):

Transformação para germinação: arcsen√ , em que 100% = 100 - ¼N e 0% = ¼N

Transformação para características morfológicas e indução de calos: √

16
As médias foram comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de significância,

utilizando-se o Programa Genes (CRUZ, 2016).

Os dados de área coberta por células de calo foram submetidos somente à análise

descritiva, pelo programa EXCEL.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Germinação in vitro e medidas morfológicas de plântulas de Capsicum

spp.

A taxa de germinação in vitro de sementes provenientes de frutos frescos de três

espécies de pimenta ao longo de 30 dias após a inoculação está apresentada na Figura 6. Os

tratamentos correspondentes ao meio MS0% foram perdidos, devido a não gelificação do

ágar.

Figura 6– Germinação in vitro de sementes de cumari-do-pará, malagueta e dedo-de-moça


(Capsicum spp.) provenientes de frutos frescos em diferentes concentrações de meio MS ao
longo de 30 dias.

17
Notou-se que a germinação de sementes cumari-do-pará (C. chinense) iniciou-se ao

sétimo dia após a inoculação em ambos os meios de cultura (MS50% e MS100%). Ademais,

observou-se que, ao final dos 30 dias, a pimenta cumari-do-pará apresentou alta taxa de

germinação em ambos os meios de cultura testados, sendo 93,3% no meio MS100% e 83,3%

no MS50%. A germinação da espécie malagueta (C. frutescens) iniciou-se no dia 7 após a

inoculação das sementes em meio MS50% e no dia 12 após a inoculação em meio MS100%.

A taxa de germinação foi visivelmente menor nestas pimentas em relação às sementes de

cumari-do-pará, visto que apenas 18,3% sementes germinaram em ambos os meios de cultivo.

Por outro lado, as sementes de pimenta dedo-de-moça (C. baccatum) não germinaram em

nenhum dos meios de cultura testados.

Considerando-se que não houve germinação para as sementes de dedos-de-moça,

analisaram-se estatisticamente apenas os dados de malagueta e cumari-do-pará.

Desta forma, pela análise de variância constatou-se que não houve efeito significativo

para a interação entre espécie e meio de cultura, havendo significância apenas para a espécie.

Pela Tabela 1, observou-se a superioridade de germinação in vitro das sementes de pimenta

cumari-do-pará.

Tabela 1 – Porcentagem de germinação de sementes de malagueta e cumari-do-pará

(Capsicum spp.) provenientes de frutos frescos em diferentes concentrações de meio MS, 30

dias após inoculação.

Meio de Cultura
Tipo de pimenta MS50%¹ MS100%² Média
Malagueta 16,30 17,35 16,82 bb
Cumari-do-pará 88,76 93,20 90,98 aa
Média 52,53 AA 55,27 AA
Coeficiente de Variação (%) 18,39
Médias seguidas pelas mesmas letras maiúsculas na horizontal e minúsculas na vertical não diferem
estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey a nível de 5% de significância.
¹ Meio MS com metade das concentrações de sais e 15 g L-1 de sacarose.
² Meio MS com concentração total de sais e 30 g L-1 de sacarose.

18
Na germinação in vitro de sementes provenientes de frutos secos, constatou-se que as

sementes de cumari-do-pará, embora tenha ocorrido um decréscimo em relação às

provenientes de frutos frescos, ainda possuem a melhor taxa de germinação entre as três

pimentas, nos três meios testados, sendo a melhor taxa, ao longo de 30 dias, no meio

MS100% (80% de sementes germinadas), seguido pelo meio MS0% (68% de sementes

germinadas) e pelo meio MS50% (64% de sementes germinadas), sendo o início da

germinação no quinto dia após inoculação (Figura 7).

Figura 7 – Germinação in vitro de sementes de cumari-do-pará, malagueta e dedo-de-moça


(Capsicum spp.) provenientes de frutos secos em diferentes concentrações de meio MS ao
longo de 30 dias.

Para a pimenta malagueta, o início da germinação de sementes no meio MS50% se

deu ao sétimo dia após a inoculação, já a germinação nos meios MS100% e MS0%, se

iniciaram no dia 10 após a inoculação (Figura 7). As taxas de germinação para essas

pimentas, ao longo de 30 dias, foram ligeiramente menores em comparação com as taxas de

germinação de frutos frescos, sendo que MS50% apresentou 16,7% sementes germinadas,

19
seguida pelo meio água e ágar, com 13,3% de sementes germinadas e pelo meio MS100%,

com 11,6% sementes germinadas.

Entretanto, para a pimenta dedo-de-moça, a secagem agiu positivamente sobre a

germinação nos meios MS0% e MS50%, sendo as taxas de germinação 36,7% e 13,3% de

sementes germinadas, respectivamente. O início da germinação para as sementes desta

espécie ocorreu no dia 14 após a inoculação no meio MS0%, no dia 18 após a inoculação no

meio MS100% e no dia 26 após a inoculação no meio MS50% (Figura 7).

De acordo com a análise de variância, constatou-se que houve efeito significativo da

interação entre espécie e meio de cultura. Pela Tabela 2, observou-se novamente a

superioridade de germinação in vitro das sementes de pimenta cumari-do-pará, não havendo

diferença significativa dos meios de cultura. A pimenta dedo-de-moça apresentou maiores

taxas de germinação em meio MS0% e MS50%, não havendo diferença significativa entre

estes. Para as pimentas malaguetas, não se observou diferença significativa entre os meios de

cultura, entretanto esta pimenta apresentou inferioridade nas taxas de germinação em relação

à dedo-de-moça no meio MS0%.

Tabela 2 – Porcentagem de germinação de sementes de malagueta, cumari-do-pará e

dedo-de-moça (Capsicum spp.) provenientes de frutos secos em diferentes concentrações de

meio MS, 30 dias após inoculação.

Meio de Cultura
Tipo de Pimenta MS0%¹ MS50%² MS100%³
Malagueta 14,34 Ac 15,03 Ab 10,75 Ab
Cumari-do-pará 69,81 Aa 64,56 Aa 80,96 Aa
Dedo-de-moça 34,79 Ab 11,98 ABb 5,66 Bb
Coeficiente de Variação (%) 33,44
Médias seguidas pelas mesmas letras maiúsculas na horizontal e minúsculas na vertical não diferem
estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey a nível de 5% de significância.
¹ Meio composto por água e ágar.
² Meio MS com concentração total de sais e 30 g L-1 de sacarose.
³ Meio MS com metade das concentrações de sais e 15 g L-1 de sacarose.

20
Com base nos resultados de ambos os experimentos de germinação, constatou-se que

para a pimenta cumari-do-pará a taxa de germinação é maior quando estas são provenientes

de frutos frescos. Em um estudo com mangabeira, Ledo et al. (2007) relata que não foi

observada diferença significativa dos tratamentos para a porcentagem de germinação aos vinte

dias, que variou de 95 a 100%.

Entretanto, nota-se no presente estudo que o meio de cultura MS100% foi o que

apresentou a maior taxa de germinação de pimenta cumari-do-pará, o que é mais evidente no

experimento com sementes de frutos secos. Zanotti et al. (2012), estudando a germinação de

sementes de copaíba, observaram que houve mais sementes germinadas em meio com

concentração total de sais do que em meio com concentração de sais reduzida pela metade. Já

Naves (2001), na propagação in vitro de bromélia imperial, avaliou a germinação de sementes

utilizando meio MS em diferentes concentrações e observou uma maior percentagem de

germinação das sementes presentes nos meios com concentrações superiores a 75% do MS.

A secagem dos frutos de pimenta cumari-do-pará atuou negativamente sobre a

germinação dessas pimentas, possivelmente reduzindo o teor de água das sementes até um

nível crítico, o que afeta a qualidade destas, tornando-as menos viáveis para germinação.

Baseado na baixa taxa e no início de germinação dessas variedades, considerou-se

uma das prováveis causas, a possibilidade de dormência das sementes de pimentas malagueta

e dedo-de-moça. Segundo Carneiro et al. (2010), a espécie Capsicum baccatum var. pendulum

apresenta dormência em suas sementes, o que dificulta a propagação. Segundo Rivas,

Sundstrom e Edwards (1984), a porcentagem de germinação de sementes de pimenta

malagueta é menor do que em outras pimentas.

Baskin e Baskin (2004) definem a dormência como a incapacidade de uma semente

viável germinar sob quaisquer condições ambientais que favoreçam sua germinação.

Entretanto, alguns autores, como Fenner e Thompsom (2005), sugerem que a dormência não

21
deve ser condicionada somente à ausência de germinação, mas que diferentes condições

ambientais modificam a dormência de uma semente, de forma que uma semente não dormente

é aquela que não requer condições específicas para germinar.

Sendo assim, é necessário que as sementes destas variedades sejam submetidas a

tratamentos para superação de dormência. Randle e Honma (1981) recomendam que após a

secagem das sementes, estas sejam armazenadas por um período mínimo de seis semanas,

para que a dormência seja completamente superada.

Com base nos resultados apresentados, inferiu-se que a secagem das sementes

contribuiu para a germinação de pimentas dedo-de-moça, provavelmente permitindo a

maturação fisiológica das mesmas.

A secagem, por ter sido realizada de forma natural, pode ter agido como repouso para

os frutos e sementes de pimentas. Segundo Dias et al. (2006) e Vidigal et al. (2006), algumas

sementes dão prosseguimento ao processo de maturação quando são mantidas, por algum

tempo, nos frutos após a colheita, o que permite com que as sementes alcancem o máximo de

germinação e vigor. Desta forma, o armazenamento dos frutos após a colheita, sem que haja

extração das sementes, pode apresentar alguns benefícios, pois além de permitir a maturação

das sementes, possibilita a colheita de frutos imaturos, evitando que estes sejam injuriados por

condições desfavoráveis no campo (BARBEDO et al., 1994; MARTINS et al., 2006).

De acordo com Ricci et al. (2013), sementes que não atingiram a maturidade

fisiológica e que são submetidas à germinação logo após a colheita apresentam menor

porcentagens de germinação quando comparadas com sementes que foram colocadas para

germinar após um período de armazenamento. Castro, Godoy e Cardoso (2008) relatam que

esta situação também é observada quando se faz armazenamento (repouso) de outros frutos

carnosos como pimentão, abóbora, melancia e tomate.

22
Além disso, constatou-se que a presença de sacarose e de sais podem ter dificultado a

germinação nessas espécies, pois as soluções de açúcares e sais que compõem o meio de

cultivo, além de exercerem o papel nutritivo, também atuam no crescimento celular e na

morfogênese, visto que modificam as propriedades osmóticas do meio de cultura. Segundo

George e colaboradores (1993), o aumento da concentração de sacarose diminui a

porcentagem de germinação, pois a concentração de sacarose afeta a regulação osmótica do

meio de cultura. Concentrações elevadas de sacarose fazem com que o meio de cultura

dificulte a absorção de água pelas sementes, impossibilitando o início do processo de

germinação. Almeida et al. (2013), ao estudar a germinação de jenipapo, constatou que na

ausência de sais e da sacarose houve mais de 90% de germinação, não diferindo

estatisticamente do meio composto por ½ MS e 30 g L-1 de sacarose (78%).

De acordo a análise de variância para as características morfológicas das plântulas de

pimentas obtidas in vitro a partir de sementes de frutos frescos, observou-se que houve efeito

significativo, ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F, da interação entre espécie e meio

de cultura somente para as características largura da folha (cm) e comprimento da folha (cm).

Para as características tamanho da plântula (cm), comprimento da raiz principal (cm) e

comprimento da parte aérea (cm) ocorreu significância para o meio de cultivo. Já para os

caracteres número de raízes secundárias (und), número de folhas (und) e matéria fresca (g)

observou-se houve efeito significativo para a espécie (Tabela 3).

Observou-se que para as características cuja interação entre espécie e meio de cultura

exerceu efeito significativo, a pimenta malagueta apresentou menores médias para a

característica largura de folha quando cultivada em meio MS100% em relação a cumari-do-

pará. Já para a característica comprimento da folha, não houve diferença significativa do meio

de cultura no cultivo das pimentas malagueta, enquanto que a pimenta cumari-do-pará

apresentou superioridade quando cultivada em meio MS50% (Tabela 3).

23
Tabela 3 - Características morfológicas de plântulas de malagueta e cumari-do-pará

(Capsicum spp.) obtidas de germinação in vitro de sementes de frutos frescos, 30 dias após a

inoculação de sementes.

Meio de cultura
Característica Tipo de pimenta MS 50 MS 100 Média
Malagueta 10,12 8,25 9,18 aa
Tamanho da Plântula Cumari-do-pará 9,56 8,49 9,03 aa
Média 9,84 AA 8,37 AB
Coeficiente de Variação (%) 6,55
MS 50 MS 100 Média
Malagueta 4,68 3,94 4,31 aa
Comprimento da Parte aérea
Cumari-do-pará 4,21 3,54 3,88 aa
Média 4,45 AA 3,74 BB
Coeficiente de Variação (%) 7,69
MS 50 MS 100 Média
Malagueta 11,80 11,54 11,67 aa
Número de Raízes Secundárias
Cumari-do-pará 1,47 1,85 1,66 bb
Média 6,64 AA 6,69 AA
Coeficiente de Variação (%) 16,23
MS 50 MS 100 Média
Malagueta 5,44 4,29 4,86 aa
Comprimento da Raiz Principal
Cumari-do-pará 5,34 4,93 5,14 aa
Média 5,39 AA 4,61 BB
Coeficiente de Variação (%) 7,12
MS 50 MS 100 Média
Malagueta 3,11 2,60 2,86 bb
Número de Folhas
Cumari-do-pará 3,86 3,73 3,79 aa
Média 3,49 AA 3,16 AA
Coeficiente de Variação (%) 8,82
MS 50 MS 100
Largura da Folha Malagueta 0,51 Aa 0,39 Ab
Cumari-do-pará 0,39 Ba 0,61 Aa
Coeficiente de Variação (%) 7,9
MS 50 MS 100
Comprimento da folha Malagueta 1,37 Aa 1,20 Ab
Cumari-do-pará 1,11 Ba 1,60 Aa
Coeficiente de Variação (%) 9,18
MS 50 MS 100 Média
Malagueta 0,0907 0,0759 0,0833 aa
Peso
Cumari-do-pará 0,0615 0,0488 0,0551 bb
Média 0,0761 AA 0,0624 AA
Coeficiente de Variação (%) 1,67
Médias seguidas pelas mesmas letras maiúsculas na horizontal e minúsculas na vertical não diferem
estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey a nível de 5% de significância.
¹ Meio MS com metade das concentrações de sais e 15 g L-1 de sacarose.
² Meio MS com concentração total de sais e 30 g L-1 de sacarose.

Para a característica tamanho da plântula não se observou diferença significativa do

meio de cultura para a pimenta cumari-do-pará, enquanto que houve superioridade do meio

24
MS50% para a pimenta malagueta. Em relação as características comprimento da raiz

principal e comprimento da parte aérea, houve maiores médias das pimentas malagueta e

cumari-do-pará quando estas foram cultivadas em meio de cultura MS50% (Tabela 3).

Verificando-se as médias para número de raízes secundárias e matéria fresca (Tabela

3), notou-se superioridade da pimenta malagueta em relação à pimenta cumari-do-pará em

ambos os meios de cultura, já o número médio de folhas foi maior nas pimentas cumari-do-

pará.

Observou-se que, no geral, as plantas provenientes de sementes cultivadas em meio

MS50% aparentam ter um vigor mais alto do que as cultivadas em meio MS100%, tanto para

as pimentas cumari-do-pará quanto para as malaguetas, que apresentam médias semelhantes

na maioria dos caracteres morfológicos.

Para as características morfológicas de plântulas de pimentas obtidas a partir de frutos

secos, constatou-se que houve interação significativa entre os fatores espécie e meio de

cultura, ao nível de 5% de probabilidade do teste F, exceto para o número de raízes

secundárias, para o qual não houve significância de nenhum dos fatores (Tabela 4).

Para as características tamanho da plântula, comprimento da raiz principal e

comprimento da parte aérea, notou-se que para as pimentas cumari-do-pará e malagueta não

houve diferença significativa dos meios de culturas testados. Para dedo-de-moça o meio

MS50% forneceu as maiores médias para comprimento da raiz principal e comprimento da

parte aérea. No meio MS0%, nenhuma das espécies apresentou superioridade, não havendo

diferença significativa entre elas. Enquanto no meio MS50%, observa-se as maiores médias

para tamanho da plântula e comprimento da parte aérea nas pimentas dedo-de-moça. Para o

meio MS100% geraram as maiores médias para tamanho da plântula, comprimento da

parte aérea e comprimento da raiz principal foram obtidas no cultivo de cumari-do-pará e

malagueta (Tabela 4).

25
Tabela 4 - Características morfológicas de plântulas de cumari-do-pará, malagueta e

dedo-de-moça (Capsicum spp.) obtidas de germinação in vitro de sementes de frutos secos, 30

dias após a inoculação de sementes.

Meio de Cultivo
Característica Tipo de pimenta MS 0% MS 50% MS 100%
Cumari-do-pará 3,91 Aa 4,28 Ab 4,11 Aa
Tamanho da Plântula Malagueta 6,07 Aa 6,08 Aab 6,08 Aa
Dedo-de-moça 4,49 Aa 8,43 Aa 1,09 Bb
Coeficiente de Variação (%) 22,26
MS 0% MS 50% MS 100%
Cumari-do-pará 2,07 Aa 2,20 Ab 2,12 Aa
Comprimento da Parte aérea
Malagueta 3,00 Aa 3,46 Aab 3,16 Aa
Dedo-de-moça 2,49 Ba 4,97 Aa 0,66 Ca
Coeficiente de Variação (%) 21,10
MS 0% MS 50% MS 100% Média
Cumari-do-pará 0,00 0,00 0,00 0,00 a
Número de Raiz Secundária
Malagueta 0,39 0,00 0,34 0,25 a
Dedo-de-moça 0,17 0,00 0,48 0,22 a
Média 0,19 A 0,00 A 0,28 A
Coeficiente de Variação (%) 45,35
MS 0% MS 50% MS 100%
Cumari-do-pará 1,83 Aa 2,09 Aa 1,98 Aa
Comprimento da Raiz Principal
Malagueta 3,04 Aa 2,59 Aa 2,92 Aa
Dedo-de-moça 2,02 Aa 3,43 Aa 0,62 Bb
Coeficiente de Variação (%) 19,00
MS 0% MS 50% MS 100%
Cumari-do-pará 2,13 Aa 2,14 Aa 2,15 Aa
Número de Folhas
Malagueta 2,81 Aa 2,16 Aa 2,68 Aa
Dedo-de-moça 0,34 Bb 1,40 Aa 0,28 Bb
Coeficiente de Variação (%) 15,19
MS 0% MS 50% MS 100%
Cumari-do-pará 0,29 Aa 0,35 Aab 0,34 Aa
Largura da Folha
Malagueta 0,30 Aa 0,28 Ab 0,38 Aa
Dedo-de-moça 0,15 Ba 0,73 Aa 0,17 Ba
Coeficiente de Variação (%) 13,50
MS 0% MS 50% MS 100%
Cumari-do-pará 0,85 Ab 0,94 Aa 0,92 Ab
Comprimento da Folha
Malagueta 1,06 Aa 1,03 Ba 1,25 Aa
Dedo-de-moça 0,03 Ac 0,15 Ab 0,06 Ac
Coeficiente de Variação (%) 4,86
MS 0% MS 50% MS 100%
Cumari-do-pará 0,0184 Aa 0,0184 Ab 0,0184 Aa
Peso
Malagueta 0,0300 Aa 0,0300 Ab 0,0329 Aa
Dedo-de-moça 0,0155 Ba 0,0506 Aa 0,0155 Ba
Coeficiente de Variação (%) 1,12
Médias seguidas pelas mesmas letras maiúsculas na horizontal e minúsculas na vertical não diferem
estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey a nível de 5% de significância.
¹ Meio composto por água e ágar.
² Meio MS com concentração total de sais e 30 g L-1 de sacarose.
³ Meio MS com metade das concentrações de sais e 15 g L-1 de sacarose

26
Observou-se que para as características largura da folha não houve diferença

significativa do meio de cultura para as espécies malagueta e cumari-do-pará, sendo que para

dedo-de-moça o meio MS50% apresentou as melhores médias, sendo a espécie significativa

neste meio de cultura. Para o comprimento da folha, não houve diferença significativa do

meio de cultura para as espécies dedo-de-moça e cumari-do-pará, á para a pimenta malagueta,

as menores médias nesta característica foram obtidas no meio MS50%. Para esta

característica houve diferença significativa da espécie em todos os meios de cultura testados,

sendo que a pimenta malagueta apresentou superioridade em relação às demais espécies

(Tabela 4).

Já para o número de folhas e a matéria fresca (Tabela 4), o meio de cultura não

apresentou efeito significativo para as pimentas cumari-do-pará e malagueta. A pimenta dedo-

de-moça, por sua vez, apresentou as melhores médias quando cultivadas em meio MS50%. O

fator espécie só foi significativo nas plântulas cultivadas em meio MS50%, em que a pimenta

dedo-de-moça apresentou superioridade em relação as demais.

Para a característica número de raízes secundárias nenhum dos fatores, nem sua

interação, foram significativos. Ao avaliar o efeito da sacarose na germinação de Capsicum

annuum, Nascimento et al. (2015) constataram que não houve variação significativa sobre o

número de raízes das plântulas entre os meios de cultura MS acrescidos com 0, 15, 30, 45 e

60 g L-1 de sacarose. Em um ensaio sobre a germinação de sementes de Euphorbia

heterophylla, Prudente et al. (2015) não observaram diferença significativa no número médio

de raízes em sementes cultivadas em meio MS 100% e MS 50%. Estes resultados corroboram

com os obtidos para plântulas provenientes de sementes de frutos secos.

De forma geral, o meio de cultura MS50% apresentou as melhores médias para as

espécies avaliadas. Resultados semelhantes foram relatados por Ledo et al. (2014) , que

observou que plântulas de cambuizeiro (Myrciaria tenella O. Berg) apresentavam maior

27
desenvolvimento da parte aérea quando cultivadas em meio MS com 50% da concentração

total de sais e 15 g L-1 de sacarose. O desenvolvimento da parte aérea do acesso OIT de

Jenipapeiro também é favorecido na presença de sacarose (30 g L-1) e meio de cultivo MS

com metade da concentração de sais (ALMEIDA et al., 2013).

De acordo com Maldaner e colaboradores (2006), as concentrações de nutrientes no

meio de cultura influencia diversos processos metabólicos, o que resulta em crescimento e

diferenciação de tecidos. Segundo Reis et al. (2008), a presença de maior concentração de

nutriente no meio produz plântulas mais vigorosas e maiores, embora possa reduzir a

germinação.

Em relação a concentração de sacarose, Reis et al. (2008), em um estudo com Melissa

officinalis L., constatou que a presença de 15 g L-1 de sacarose proporcionou os melhores

resultados para comprimento da parte aérea das plântulas. Segundo estes mesmos autores,

esses resultados devem-se ao fato das sementes possuírem reservas nutritivas em seu interior,

permitindo com que a emissão da radícula e crescimento da parte aérea seja possível sem que

haja grandes concentrações de sacarose no meio de cultura. Ademais, em meios de cultura

que contenham altas taxas de fonte de carbono, as pressões osmóticas destes são alteradas o

que pode favorecer a perda de água da semente para o meio, dificultando tanto sua

germinação como o crescimento.

Comparando-se os resultados dos experimentos de germinação in vitro e morfologia

das plântulas geradas in vitro a partir de sementes de frutos secos e frescos, inferiu-se que por

apresentarem alta taxa de germinação e plântulas vigorosas, as plântulas de pimentas cumari-

do-pará provenientes de frutos frescos, são excelentes fontes de explantes quando cultivadas

em meio MS50%, visto que este meio, por ser diluído, é mais econômico que o meio de

cultura MS100%.

28
4.2. Indução de calos (IC) e área coberta por células de calos (ACCC) em

explantes caulinares e foliares de pimenta Cumari-do-pará

Aos 14 dias após a inoculação de explantes, foram observados os primeiros calos nos

tratamentos contendo 1mg L-1 de 2,4-D + 0 mg L-1 de BAP e 2 mg L-1 de 2,4-D + 0 mg L-1 de

BAP, tanto para explantes caulinares quanto para explantes foliares.

Ao final de 30 dias, para o experimento contendo explantes caulinares, observou-se

formação de calos nos tratamentos suplementados 1 mg L-1 de 2,4-D e suas combinações com

BAP, 2 mg L-1 de 2,4-D e suas combinações com BAP (com exceção do tratamento

suplementado com 4 mg L-1 de BAP) e também no tratamento suplementado com 4 mg L-1 de

2,4-D e 4 mg L-1 de BAP (Figura 8).

Figura 8 – Porcentagem de indução de calos (IC) e área do explante coberta por células de
calos (ACCC) em explantes caulinares de cumari-do-pará em diferentes combinações de BAP
e 2,4-D, 30 dias após a inoculação.

Mediante análise de variância, constatou-se que para os explantes caulinares ocorreu

efeito significativo da interação entre os dois reguladores de crescimento (2,4-D e BAP) na

29
indução de calos, sendo que a maior indução de calos (99,9% de IC) ocorre na presença de 2

mg L-1 de 2,4-D e na ausência de BAP, seguido pela combinação de 1,0 mg L-1 + 0,0 mg L-1

de BAP, que apresentou 43,3% de calogênese (Tabela 5).

Tabela 5 - Porcentagem de indução de calos em explantes caulinares de cumari-do-

pará (C. chinense) sob diferentes concentrações de BAP e 2,4-D no meio de cultivo, após 30

dias de cultivo.

2,4-D²
-1 -1
BAP¹ 0 mg L 1 mg L 2 mg L-1 4 mg L-1
0 mg L-1 0,00 Ca 43,30 Ba 99,99 Aa 0,00 Ca
1 mg L-1 0,00 Ba 27,39 Aa 27,39 Ab 0,00 Ba
2 mg L-1 0,00 Ba 19,97 ABab 27,39 Ab 0,00 Ba
4 mg L-1 0,00 Aa 0,00 Ab 0,00 Ac 6,28 Aa
Coeficiente de Variação (%) 24,89
Médias seguidas pelas mesmas letras maiúsculas na horizontal e minúsculas na vertical não diferem
estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey a nível de 5% de significância.
¹ 6-Benzilaminopurina
² Àcido diclorofenóxiacético

Em relação à área do explante coberta por células de calos (ACCC), as maiores médias

para explantes caulinares foram observadas nos tratamentos 2,0 mg L-1 de 2,4-D + 0 mg L-1

de BAP (66,6%), seguido por 2,0 mg L-1 de 2,4-D + 2 mg L-1 de BAP e 1,0 mg L-1 de 2,4-D +

1 mg L-1 de BAP, ambos com 62,5% de ACCC, todavia o primeiro apresentou maior número

de explantes induzidos em comparação com os últimos (Figura 8).

Já para os explantes foliares, constatou-se que, com base na análise de variância, 2,4-D

e sua interação com BAP promovem efeito significativo na calogênese, verificando-se a maior

porcentagem de indução (35,16%) quando os explantes foram inoculados em meio

suplementado com 1,0 mg L-1 de 2,4-D + 0,0 mg L-1 de BAP. Os meios de cultura

suplementados com 2 mg L-1 de 2,4-D e com 0,0 mg L-1 ou 1,0 mg L-1 de BAP, geraram

30
27,37% de indução de calos, sendo considerados os segundos melhores meios para indução

(Tabela 6).

Tabela 6 - Porcentagem de indução de calos em explantes foliares de cumari-do-pará

(C. chinense) sob diferentes concentrações de BAP e 2,4-D no meio de cultivo, após 30 dias

de cultivo.

2,4-D²
BAP¹ 0 mg L-1 1 mg L-1 2 mg L-1 4 mg L-1
0 mg L-1 0,00 Ba 35,16 Aa 27,37 Aa 0,00 Ba
1 mg L-1 0,00 Ba 0,00 Bb 27,37 Aa 0,00 Ba
2 mg L-1 0,00 Aa 6,28 Ab 6,28 Aab 0,00 Aa
4 mg L-1 0,00 Aa 12,95 Aab 0,00 Ab 6,28 Aa
Coeficiente de Variação (%) 24,26
Médias seguidas pelas mesmas letras maiúsculas na horizontal e minúsculas na vertical não diferem
estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey a nível de 5% de significância.
¹ 6-Benzilaminopurina
² Àcido diclorofenóxiacético

Conforme figura 9, observou-se que todos os meios de cultura suplementados com 1,0

mg L-1 de 2,4-D, com exceção da combinação de 1 mg L-1 de 2,4-D e 1 mg L-1 de BAP, ou

2,0 mg L-1 de 2,4-D foram capazes de induzir a formação de calos em explantes foliares de

cumari-do-pará. Meios de cultura sem suplementação com 2,4-D ou com 4,0 mg L-1 de 2,4-D,

com exceção do tratamento suplementado com 4,0 mg L-1 e 0,0 mg L-1, não induziram a

calogênese nestes explantes (Figura 9).

Os tratamentos que geraram maiores porcentagem de ACCC em explantes foliares de

cumari-do-pará foram as combinações de 1 mg L-1 de 2,4-D + 4 mg L-1 de BAP e 1 mg L-1 de

2,4-D + 0 mg L-1 de BAP, ambos com 50% de ACCC. Entretanto, o último tratamento

apresentou médias maiores de indução de calos (Figura 9).

É importante ressaltar que ocorre diferença entre os valores de indução de calos (IC)

das Tabelas 5 e 6 e Figuras 8 e 9, respectivamente, devido à transformação empregada nos

dados das tabelas para submissão destes à análise de variância.

31
Figura 9 – Porcentagem de indução de calos (IC) e área do explante coberta por células de
calos (ACCC) em explantes foliares de cumari-do-pará em diferentes combinações de BAP e
2,4-D, 30 dias após a inoculação.

Sendo assim, neste trabalho, ao se observar as variáveis IC e ACCC, constatou-se que

para explantes caulinares de pimenta cumari-do-pará, o tratamento composto por 2 mg L-1 de

2,4-D na ausência de BAP foi satisfatório para a indução de calos, resultando em 100% de

indução e uma média de 66,6% de área coberta por calos. Além disso, notou-se que 1 mg L-1

de 2,4-D, sem presença de BAP, gera a maior indução de calos (41,67%) e grande área

coberta por células de calos (45%) em explantes foliares de C. chinense Jacquin. Desta

forma, observou-se a maior superioridade na indução de calos bem como na área coberta por

células de calos de explantes caulinares em relação à explantes foliares.

Verificou-se também que, para os dois tipos de explantes, os tratamentos contendo

altas concentrações de reguladores de crescimento (4 mg L-1), isoladamente ou combinados

entre si, apresentaram baixa ou nenhuma formação de calos (Figura 8 e 9). Além disso, notou-

se que a presença do regulador de crescimento 2,4-D, isoladamente, na concentração de 1 mg

32
L-1 ou 2 mg L-1 é suficiente para a calogênese, enquanto o uso de BAP não é necessário para a

formação de calos.

Smozinski e Santos (2015), ao estudarem a indução de calos em explantes de

Capsicum chinense cv. Guaraci cumari-do-pará, relataram as combinações de 1,0 mg L-1 2,4-

D + 2,5 mg L-1 BAP e 2,0 mg L-1 2,4-D, como sendo as mais satisfatórias para formação de

calos em explantes foliares e em segmentos nodais e entrenodais, respectivamente. Em um

experimento com C. annuum, Farias Filho (2006) relata a calogênese com o uso de uma

concentração de 2,0 mg L-1 de 2,4-D, bem como formação de calos em C. chinense com 1,5

mg L-1 de 2,4-D. Kittipongpatana et al. (2007), observaram a calogênese em explantes foliares

de C. annuum em meio MS suplementado com 1,0 mg L-1 de 2,4-D e 0,1 mg L-1 de BAP. O

uso de 1,0 mg L-1 de 2,4-D e 1,0 mg L–1 de BAP é recomendado para a indução de calos em

explantes foliares de Capsicum annuum (SOUZA, 2016).

De acordo com Paz (2016), a maior porcentagem de indução e proliferação de calos

friáveis em Capsicum frutescens cv. Stromboli ocorreu em meio suplementado com 1,5 mg L–
1
de 2,4-D. Gomes et al. (sem data) relata que, em nim indiano (Azadirachata indica A. Juss),

a presença de 1,0 e 2,0 mg L-1 de 2,4-D no meio de cultura induziu maior formação de calos,

100 e 80%, respectivamente, nos explantes, na ausência de BAP. Santos et al. (2003) também

não observou calogênese em explantes foliares de Coffea arabica L. cv. Rubi inoculados em

meio suplementados com BAP, na ausência de 2,4-D. Esses resultados corroboram com os

obtidos neste experimento, visto que baixas concentrações de auxina (1,0 e 2,0 mg L-1) foram

consideradas as mais satisfatórias para indução de calos.

Além disso, de acordo com Pinhal et al. (2011), o balanço hormonal entre auxinas e

citocininas deve ser equilibrado para promover a formação de calos. Desta forma, pode-se

inferir que para pimenta cumari-do-pará, as concentrações 1 mg L-1 e 2 mg L-1 de 2,4-D, na

33
ausência de BAP, promoveram calogênese devido ao balanço com o conteúdo endógeno de

citocininas presente no explantes foliares e caulinares.

Já em relação à baixa indução de calogênese em altas concentrações de 2,4-D e BAP

(4 mg L-1), Smozinski e Santos (2015) relatam resultados semelhantes em C. cv. Guaraci

cumari-do-pará, visto que o meio de cultura suplementado com a maior concentração de 2,4-

D (4,0 mg L-1) causou necrose em 96% dos explantes. Palú, Silva e Pasqual (2004) relatam

que a partir da concentração de 2,0 mg L-1 de 2,4-D ocorreu diminuição na formação de calos

em Coffea arabica L., provavelmente devido a um efeito fitotóxico causado por

concentrações maiores que 2,0 mg L-1.

Nogueira et al. (2007), em um estudo de indução de calos em explantes foliares de

murici-pequeno, relata que as áreas cobertas por calos foram significativamente maiores

quando os explantes foram inoculados na presença de 2,4-D, evidenciando que a presença

desta auxina é essencial no processo de calogênese. Santos et al. (2014), obtiveram maiores

porcentagens da área foliar coberta por calo (AFCC) nos tratamentos suplementados com 1,0

mg L-1 ou 4,0 mg L-1 de BAP em explantes de Cissus verticillata (L.) Nicolson & Jarvis.,

onde todos os explantes apresentaram entre 75 e 100% da AFCC.

Já Cerqueira et al. (2002), trabalhando com a indução de calos em segmentos foliares

de erva-de-touro (Tridax procumbens Linn) verificaram efeito significativo da combinação de

auxina e citocinina, obtendo 100% de área coberta com calos em explantes foliares em meio

acrescido com 2,0 mg L-1 de ANA + 2,0 mg L-1 de BAP. Estes mesmos autores obtiveram

75% de área coberta por calo em explantes caulinares, quando utilizou-se 1,0 mg L-1 de ANA

+ 2,0 mg L-1 de BAP. Sendo assim, pode-se inferir que a proliferação de calos é dependente

da espécie bem como da resposta do explante a reguladores de crescimento. Segundo Karp

(1995), as diferenças observadas ocorrem devido à variação na sensibilidade do explante aos

fitoreguladores e/ou devido a diferenças no teor endógeno de hormônios.

34
5. CONCLUSÕES

Concluiu-se que plântulas de cumari-do-pará, provenientes de sementes de frutos

frescos, germinadas em meio de cultura MS50% são excelentes fontes de explantes devido ao

grande número e alto vigor de plântulas geradas in vitro. Em relação a indução de calos nessa

espécie, a maior formação de calos e grande área coberta por calos foram obtidas em

segmentos caulinares, quando cultivados em meio de cultura suplementado com a

combinação de 2 mg L-1 de 2,4-D + 0 mg L-1 de BAP. Além disso, o meio MS com metade da

concentração de sais e suplementado com 15 g L-1 (MS50%) de sacarose forneceu, no geral,

os valores mais altos para as características morfológicas para as três espécies estudadas.

Embora a secagem dos frutos tenha favorecido a germinação de sementes e maior

vigor de plântulas das pimentas dedo-de-moça, as taxas de germinação dessas, assim como de

pimenta malagueta, ainda foram consideradas baixas e, portanto, recomenda-se que novos

estudos acerca da germinação dessas pimentas sejam feitos, especialmente, estudos

relacionados à superação de dormência e maturação de sementes.

Testes de aclimatação das plântulas obtidas in vitro e estudos de suspensões celulares

são de extrema importância para complementação de informações que contribuam para a

exploração comercial destas espécies, bem como de seus compostos bioativos, como a

capsaicina.

35
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43
APÊNDICES
APÊNDICE A - Germinação de sementes de Capsicum spp. provenientes de frutos frescos ao
longo de 30 dias.

Dias
Pimenta
0 7 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30
MS100% 0,00 0,00 0,00 1,7 6,7 6,7 06,7 10,0 11,7 13,3 16,7 16,7 18,3
Malagueta
MS50% 0,00 3,3 6,7 6,7 10,0 10,0 11,7 15,0 15,0 18,3 18,3 18,3 18,3
Cumari-do- MS100% 0,00 6,7 18,3 40,0 48,3 56,7 70,0 78,3 85,0 90,0 90,0 93,3 93,3
pará MS50% 0,00 15,0 43,3 56,7 66,7 70,0 81,7 85,0 86,7 88,3 88,3 88,3 88,3
Dedo-de- MS100% 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 000 1,7 1,7
moça MS50% 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

APÊNDICE B - Resumo da análise de variância em esquema fatorial para germinação de


sementes de Capsicum spp. provenientes de frutos frescos em diferentes concentrações de
meio MS.
Fonte de Variação Graus de Somas de Quadrados Fcal Probabilidade (%)
Liberdade Quadrado Médios
Espécies 1 4,28702 4,28702 177,25949 0,0**
Meios 1 0,01268 0,01268 0,52426 100,0 ns
Espécies x Meios 1 0,00615 0,00615 0,25412 100,0 ns
Resíduo 20 0,4837 0,02419
Coeficiente de Variação (%) 18,40
** - Significativo a nível de 1% de significância do Teste F. ns - Não significativo no Teste F.

APÊNDICE C - Dados utilizados na geração da Figura 7 – Germinação de sementes de


Capsicum spp. provenientes de frutos secos ao longo de 30 dias.
Dias
Pimenta
0 5 7 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30
MS100% 0,00 0,00 0,00 3,3 5,0 8,3 10,0 10,0 10,0 11,7 11,7 11,7 11,7 11,7
Malagueta MS50% 0,00 0,00 1,7 6,7 6,7 10,0 11,7 13,3 16,7 16,7 16,7 16,7 16,7 16,7
MS0% 0,00 0,00 0,00 8,3 8,3 10,0 10,0 11,7 11,7 11,7 13,3 13,3 13,3 13,3
MS100% 0,00 8,3 33,3 61,7 61,7 68,3 73,3 75,0 75,0 78,3 80,0 80,0 80,0 80,0
Cumari-
MS50% 0,00 16,0 34,0 50,0 50,0 52,0 56,0 58,0 58,0 58,0 58,0 60,0 62,0 64,0
do-pará
MS0% 0,00 14,0 40,0 56,0 56,0 62,0 62,0 64,0 68,0 68,0 68,0 68,0 68,0 68,0
MS100% 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 3,3 3,3 3,3 3,3 3,3 3,3 3,3
Dedo-de-
MS50% 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2,0 6,0 13,3
moça
MS0% 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,7 3,3 5,0 8,3 8,3 11,7 25,0 31,7 36,7

APÊNDICE D - Resumo da análise de variância em esquema fatorial para germinação de


sementes de Capsicum spp. provenientes de frutos secos em diferentes concentrações de meio
MS.
Fonte de Variação Graus de Somas de Quadrados Fcal Probabilidade (%)
Liberdade Quadrado Médios
Espécies 2 4,66782 2,33391 58,26041 0,0**
Meios 2 0,13604 0,06802 1,69789 19,45837 ns
Espécies x Meios 4 0,47241 0,1181 2,94817 3,01576 *
Resíduo 45 1,8027 0,04006
Coeficiente de Variação (%) 33,44
** - Significativo a nível de 1% de significância do Teste F. * - Significativo a nível de 5% de significância do
Teste F. ns - Não significativo no Teste F

44
APÊNDICE E - Resumo da análise de variância em esquema fatorial para médias de
características morfológicas de plântulas de Capsicum spp. obtidas de germinação in vitro de
sementes de frutos frescos.

Variável FV¹ GL² SQ³ QM4 Fcal Probabilidade (%)


Espécies 1 0,00325 0,00325 0,07884 100,0 ns
Meios 1 0,33794 0,33794 8,2083 0,95704**
Tamanho da Planta Espécies x
1 0,02484 0,02484 0,60341 100,0 ns
Meios
Resíduo 20 0,82341 0,04117
Coeficiente de Variação (%) 6,55
Espécies 1 0,06232 0,06232 2,29428 14,54948 ns
Meios 1 0,16313 0,16313 6,00541 2,35859 *
Comprimento da
Espécies x
parte aérea 1 0,00005 0,00005 0,00196 100,0 ns
Meios
Resíduo 20 0,54327 0,02716
Coeficiente de Variação (%) 7,70
Espécies 1 24,4945 24,49452 151,3035 0,0 **
Meios 1 0,01225 0,01225 0,07569 100,0 ns
Número de raízes
Espécies x
secundárias 1 0,04091 0,04091 0,25267 100,0 ns
Meios
Resíduo 20 3,2378 0,16189
Coeficiente de Variação (%) 16,23
Espécies 1 0,02243 0,02243 0,80573 100,0 ns
Meios 1 0,16631 0,16631 5,97328 2,39164 *
Comprimento da
raiz principal Espécies x
1 0,03917 0,03917 1,40698 24,94577 ns
Meios
Resíduo 20 0,55685 0,02784
Coeficiente de Variação (%) 7,12
Espécies 1 0,34782 0,34782 11,73815 0,26736 **
Meios 1 0,04441 0,04441 1,49885 23,50739 ns
Número de Folhas Espécies x
1 0,01777 0,01777 0,59983 100,0 ns
Meios
Resíduo 20 0,59263 0,02963
Coeficiente de Variação (%) 8,82
Espécies 1 0,00368 0,00368 0,60536 100,0 ns
Meios 1 0,00345 0,00345 0,56798 100,0 ns
Largura da folha Espécies x
1 0,04776 0,04776 7,85466 1,09916 *
Meios
Resíduo 20 0,12162 0,00608
Coeficiente de Variação (%) 7,91
Espécies 1 0,00303 0,00303 0,19756 100,0 ns
Meios 1 0,01954 0,01954 1,27513 27,21678 ns
Comprimento da
Espécies x
folha 1 0,08936 0,08936 5,83012 2,54537 *
Meios
Resíduo 20 0,30655 0,01533
Coeficiente de Variação (%) 9,18
Espécies 1 0,0021 0,0021 13,1465 0,16825 **
Meios 1 0,0005 0,0005 3,15863 9,07372 ns
Matéria fresca Espécies x
1 0,0 0,0 0,01449 100,0 ns
Meios
Resíduo 20 0,00319 0,00016
Coeficiente de Variação (%) 1,67
¹ Fontes de variação. ² Grau de Liberdade. ³ Soma de Quadrados. 4 Quadrado Médio.
** - Significativo a nível de 1% de significância do Teste F. * - Significativo a nível de 5% de psignificância do
Teste F. ns - Não significativo no Teste F

45
APÊNDICE F - Resumo da análise de variância em esquema fatorial para médias de
características morfológicas de plântulas de Capsicum spp. obtidas de germinação in vitro de
sementes de frutos secos.

Variável FV¹ GL² SQ³ QM4 Fcal Probabilidade (%)


Espécies 2 1,70777 0,85389 3,28502 4,89267 *
Tamanho da Meios 2 2,60681 1,30341 5,01439 1,19897 *
planta Espécies x Meios 4 4,91701 1,22925 4,72911 0,35958 **
Resíduo 36 9,3576 0,25993
Coeficiente de Variação (%) 6,55
Espécies 2 0,72069 0,36035 2,63 8,58825 ns
Comprimento Meios 2 1,55428 0,77714 5,67198 0,72194 **
da parte aérea Espécies x Meios 4 2,45679 0,6142 4,48273 0,48333 **
Resíduo 36 4,9325 0,13701
Coeficiente de Variação (%) 7,70
Espécies 2 0,19454 0,09727 0,73431 100,0 ns
Número de Meios 2 0,20956 0,10478 0,79103 100,0 ns
raízes Espécies x Meios 3 0,15793 0,05264 0,39742 100,0 ns
secundárias
Resíduo 16 2,1194 0,13246
Coeficiente de Variação (%) 16,23
Espécies 2 0,75299 0,3765 3,6057 3,73801 *
Comprimento Meios 2 0,63532 0,31766 3,04226 6,01483 ns
da raiz Espécies x Meios 4 1,57081 0,3927 3,76092 1,17508 *
principal
Resíduo 36 3,759 0,10442
Coeficiente de Variação (%) 7,12
Espécies 2 4,00472 2,00236 39,79521 0,0 **
Número de Meios 2 0,1084 0,0542 1,07722 35,12613 ns
folhas Espécies x Meios 4 0,76261 0,19065 3,78905 1,13441 *
Resíduo 36 1,8114 0,05032
Coeficiente de Variação (%) 8,82
Espécies 2 0,00016 0,00008 0,00546 100,0 ns
Largura da Meios 2 0,0912 0,0456 3,02558 6,10128 ns
folha Espécies x Meios 4 0,21024 0,05256 3,48714 1,65971 *
Resíduo 36 0,5426 0,01507
Coeficiente de Variação (%) 7,91
Espécies 2 2,25735 1,12868 415,46339 0,0 **
Comprimento Meios 2 0,01427 0,00714 2,62658 8,61389 ns
da folha Espécies x Meios 4 0,02862 0,00716 2,63395 4,997 *
Resíduo 36 0,0978 0,00272
Coeficiente de Variação (%) 9,18
Espécies 2 0,00059 0,0003 4,43333 1,89998 *
Meios 2 0,00059 0,0003 4,43333 1,89998 *
Matéria fresca Espécies x Meios 4 0,00134 0,00034 5,03333 0,25088 **
Resíduo 36 0,0024 0,00007
Coeficiente de Variação (%) 1,13
¹ Fontes de variação. ² Grau de Liberdade. ³ Soma de Quadrados. 4 Quadrado Médio.
** - Significativo a nível de 1% de significância do Teste F. * - Significativo a nível de 5% de significância do
Teste F. ns - Não significativo no Teste F

46
APÊNDICE G - Dados utilizados na geração do Figura 8 – Porcentagem de indução de calos
(IC) e área do explante coberta por células calos (ACCC) em explantes caulinares de cumari-
do-pará em diferentes combinações de BAP e 2,4-D, após 30 dias de cultivo.

Tratamento IC(%) ACCC(%)


0mg/L 2,4-D + 0mg/L BAP 0,00 0
0mg/L 2,4-D + 1mg/L BAP 0,00 0
0mg/L 2,4-D + 2mg/L BAP 0,00 0
0mg/L 2,4-D + 4mg/L BAP 0,00 0
1mg/L 2,4-D + 0mg/L BAP 66,67 36,67
1mg/L 2,4-D + 1mg/L BAP 33,33 62,5
1mg/L 2,4-D + 2mg/L BAP 25,00 75
1mg/L 2,4-D + 4mg/L BAP 8,33 10
2mg/L 2,4-D + 0mg/L BAP 100,00 66,67
2mg/L 2,4-D + 1mg/L BAP 33,33 30
2mg/L 2,4-D + 2mg/L BAP 41,67 62,5
2mg/L 2,4-D + 4mg/L BAP 0,00 0
4mg/L 2,4-D + 0mg/L BAP 0,00 0
4mg/L 2,4-D + 1mg/L BAP 0,00 0
4mg/L 2,4-D + 2mg/L BAP 0,00 0
4mg/L 2,4-D + 4mg/L BAP 8,33 25

APÊNDICE H - Resumo da análise de variância em esquema fatorial para médias de indução


de calos em explantes caulinares de Capsicum chinense Jacquin (cumari-do-pará) sob
diferentes concentrações de BAP e 2,4-D no meio de cultivo, após 30 dias de cultivo.

Fonte de Graus de Somas de Quadrados Fcal Probabilidade (%)


Variação Liberdade Quadrado Médios
BAP 3 0,83176 0,27725 7,01176 0,02556 **
2,4 D 3 1,56862 0,52287 13,22353 0,0 **
BAP x 2,4-D 6 1,30067 0,21678 5,48235 0,01248 **
RESÍDUO 96 3,79595 0,03954
Coeficiente de Variação (%) 24,89
** - Significativo a nível de 1% de significância do Teste F

APÊNDICE I - Resumo da análise de variância em esquema fatorial para médias de indução


de calos em explantes foliares de Capsicum chinense Jacquin (cumari-do-pará) sob diferentes
concentrações de BAP e 2,4-D no meio de cultivo, após 30 dias de cultivo.

Fonte de Variação Graus de Somas de Quadrados Fcal Probabilidade (%)


Liberdade Quadrado Médios
BAP 3 0,16186 0,05395 1,60491 19,29461 ns
2,4-D 3 0,36279 0,12093 3,59724 1,61532 *
BAP x 2,4-D 6 0,45209 0,07535 2,24131 4,51939 *
RESÍDUO 101 3,3954 0,03362
Coeficiente de Variação (%) 24,26
* - Significativo ao nível de 5% de significância do Teste F. ns - Não significativo no Teste F

47
APÊNDICE J - Dados utilizados na geração do Figura 9 – Porcentagem de indução de calos
(IC) e área do explante coberta por células calos (ACCC) em explantes foliares de cumari-do-
pará em diferentes combinações de BAP e 2,4-D

Tratamento IC(%) ACCC (%)


0mg/L 2,4-D + 0mg/L BAP 0,00 0
0mg/L 2,4-D + 1mg/L BAP 0,00 0
0mg/L 2,4-D + 2mg/L BAP 0,00 0
0mg/L 2,4-D + 4mg/L BAP 0,00 0
1mg/L 2,4-D + 0mg/L BAP 41,67 50
1mg/L 2,4-D + 1mg/L BAP 0,00 0
1mg/L 2,4-D + 2mg/L BAP 8,33 25
1mg/L 2,4-D + 4mg/L BAP 16,67 50
2mg/L 2,4-D + 0mg/L BAP 33,33 41,67
2mg/L 2,4-D + 1mg/L BAP 33,33 25
2mg/L 2,4-D + 2mg/L BAP 8,33 10
2mg/L 2,4-D + 4mg/L BAP 0,00 0
4mg/L 2,4-D + 0mg/L BAP 0,00 0
4mg/L 2,4-D + 1mg/L BAP 0,00 0
4mg/L 2,4-D + 2mg/L BAP 0,00 0
4mg/L 2,4-D + 4mg/L BAP 8,33 10

APÊNDICE K – Plântulas de cumari-do-pará proveniente de sementes frescas germinadas in


vitro em meio MS.

48
APÊNDICE L – Calos em explantes caulinares de cumari-do-pará, em que a) 1,0 mg L-1 de
2,4-D e 0,0 mg L-1 de BAP, b) 2,0 mg L-1 de 2,4-D e 0,0 mg L-1 de BAP e c) 2,0 mg L-1 de
2,4-D e 1,0 mg L-1 de BAP.

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