Livro - Regularizacao Fundiaria Na Amazônia
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Livro - Regularizacao Fundiaria Na Amazônia
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Organizador
Daqui não saio operários rurais são de repente atraídas para as grandes cidades que se
Daqui ninguém me tira desenvolvem em centros industriais; por outro, o traçado destas cidades
mais antigas já não corresponde às condições da nova grande indústria e
Onde é que eu vou morar? do tráfego correspondente; ruas são alargadas, novas ruas abertas, e faz-
O senhor tem paciência de esperar! se passar o caminho-de-ferro pelo meio delas. No mesmo momento em
Inda mais com quatro filhos que os operários afluem em grande número, as habitações operárias são
Onde é que vou parar? demolidas em massa. Daí a repentina falta de habitações dos operários e
do pequeno comércio e pequenos ofícios dependentes de uma clientela
Sei que o senhor operária. Nas cidades que surgiram desde o começo como centros de
Tem razão de querer indústria esta falta de habitações é por assim dizer desconhecida. Foi o Durbens Martins Nascimento
A casa pra morar caso de Manchester, Leeds, Bradford, Barmen-Elberfeld. Pelo contrário,
PATRIMÔNIO DA UNIÃO
Setentrional: das políticas públicas e
redes institucionais à integração espacial
(2013). Publicou dezenas de papers em
periódicos nacionais e internacionais.
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Reitor: Carlos Edilson de Almeida Maneschy
Vice-Reitor: Horácio Schneider
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Emmanuel Zagury Tourinho
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NAEA
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Ana Lucia Prado
Roseany Caxias
Editoração eletrônica
Ione Sena
Capa
RL2
Revisão
Albano Rita Gomes
Rosângela Mourão
Rosiane Caxias
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Regularização fundiáriada em áreas da União na Amazônia Paraense,
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Rua Augusto Corra, 1
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Dilma Rousseff - Presidente
COORDENADORA ACADÊMICA
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SECRETÁRIA DO PROJETO
Bruna Cristina Castelo Branco Corrêa
ESTAGIÁRIOS E BOLSISTAS
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Sombra, Danielle de Nazaré de Andrade, Denivaldo Pinheiro, Diego Renato
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Paiva, Sidney Barros Miranda, Thais Nayara de Carvalho Costa, Thales Ravena
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In Memoriam
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Daqui ninguém me tira
Daqui não saio
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APRESENTAÇÃO ............................................................................... 19
Regularização Fundiária em Áreas da União na Amazônia Paraense
Agradecimentos
Durbens Martins Nascimento
Regularização Fundiária em Áreas da União na Amazônia Paraense
Apresentação
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a FADESP. As atividades de pesquisa e extensão foram realizadas na SPU, na
cidade de Belém, no período de dezembro de 2012 a janeiro de 2014.
Este trabalho organiza uma experiência pioneira, pois inclui estudantes
de graduação, mestrado e doutorado, técnicos e pesquisadores no interior da
SPU, cuja missão consiste em coordenar e executar as políticas de regularização
fundiária em áreas da União no Brasil, concebidas multidisciplinarmente.
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são oriundos de diversas áreas do saber. Dentre eles, vamos encontrar
sociólogos, engenheiros, geógrafos, cientistas sociais, geólogos, advogados,
assistentes sociais etc. A maioria destes alunos aproveitaram a oportunidade
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da regularização fundiária, assim como ferramenta prática para que outras
equipes possam, por meio das metodologias desenvolvidas, replicá-las em
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Neste projeto-piloto, montou-se uma estrutura organizacional no
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a institucional-legal da SPU e a do projeto. A organização de natureza
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diferenças no plano legal da organização dos servidores da SPU e do projeto,
as assimetrias institucionais não se constituíram em obstáculos à realização
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Durbens Martins Nascimento
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A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS SESMARIAS E TERRENOS
DE MARINHA E SEUS REFLEXOS FUNDIÁRIOS
NA CIDADE DE BELÉM1
1 INTRODUÇÃO
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Agradeço ao meu orientador de Monografia de Conclusão de Curso, professor Maurício
Leal, que compartilha como co-autor este paper.
2
Graduanda do Curso de Direito da UFPA
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2 REGULARIZAÇÃO DE TERRAS
2.1 Aspectos históricos da propriedade no Brasil
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A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS SESMARIAS E TERRENOS DE MARINHA
E SEUS REFLEXOS FUNDIÁRIOS NA CIDADE DE BELÉM
Rafaella de Fátima Lopes Cabral
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A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS SESMARIAS E TERRENOS DE MARINHA
E SEUS REFLEXOS FUNDIÁRIOS NA CIDADE DE BELÉM
Rafaella de Fátima Lopes Cabral
que em parte alguma se podia dizer com certeza se o solo era particular ou
público” (SILVA, 2008, p. 146).
Em 1850, foi promulgada a Lei no 650, conhecida como Lei das
Terras, vigorando de 1850 a 1889, a qual disciplinava acerca da aquisição
da propriedade no Brasil, reconhecendo como modalidades a compra,
a revalidação das cartas de sesmaria e a legitimação das posses. Ademais,
passou a tratar a terra como mercadoria, já que a transferência de domínio se
dava pela compra e venda ou a título gratuito quando localizada na faixa de
fronteira. Nesse sentido, o artigo 1o da Lei:
Ficam prohibidas as acquisições de terras devolutas por outro titulo que
não seja o de compra.
Exceptuam-se as terras situadas nos limites do Imperio com paizes
estrangeiros em uma zona de 10 leguas, as quaes poderão ser concedidas
gratuitamente.
3 SESMARIA
3.1 Origem da sesmaria
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E SEUS REFLEXOS FUNDIÁRIOS NA CIDADE DE BELÉM
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4 TERRENOS DE MARINHA
4.1 Origem e conceito dos terrenos de marinha
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Fonte: SPU/PA.
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E SEUS REFLEXOS FUNDIÁRIOS NA CIDADE DE BELÉM
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, depreende-se que a formação de Belém está
relacionada com a colonização do Brasil por Portugal, haja vista a conquista
do território por este país e a aplicação dos institutos previstos nas legislações
portuguesas.
Releva notar que a localização da cidade favoreceu a sua ocupação, bem
como possibilitou que o crescimento ocorresse principalmente onde estão
localizados os terrenos de marinha, que também correspondem à primeira
légua patrimonial de Belém concedida em sesmaria.
Destarte, Portugal preocupado com a situação frágil da cidade, por ser
bastante acessível, já que está localizada às margens de rios, baías e mares,
ficou responsável diretamente por este espaço, para que obtivesse melhor
controle sobre a capital, visando repelir qualquer tipo de invasão.
Cumpre salientar que, a princípio, vigoraram no Brasil as legislações
portuguesas, estas responsáveis pelo processo de ocupação e apropriação dos
terrenos concedidos pela primeira légua patrimonial.
Assim, nesta época não havia nenhum impedimento acerca de doações
de terrenos de marinha, o que só veio ocorrer anos mais tarde. Desta forma,
não pode legislação posterior atingir o direito adquirido do Município de ser
o detentor de tais áreas.
Ademais, a finalidade dos terrenos de marinha era, de regra, evitar
invasões e isso não é mais tão preocupante atualmente, já que as invasões não
ocorrem mais somente pelo mar.
Não bastasse isso, a cidade de Belém tem ainda grande extensão dos
acrescidos de marinha, estes sim pertencentes à União, que são suficientes
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Durbens Martins Nascimento
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, José Mauro de Lima O’ de. Terrenos de marinha: proteção
ambiental e as cidades. Belém: Paka-Tatu, 2008.
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E SEUS REFLEXOS FUNDIÁRIOS NA CIDADE DE BELÉM
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INSTRUMENTOS DE REGULARIZAÇÃO
FUNDIÁRIA EM ILHAS DA UNIÃO3
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho trata dos instrumentos de regularização fundiária em
ilhas da União. Esta abordagem se justifica em virtude de dois argumentos.
O primeiro constitui-se na proposta de Souza Filho (1999), que observa que
a Máquina Pública (Federal, Estadual e Municipal) é detentora de extensas
áreas irregularmente ocupadas, consequentemente, dando-lhe destinação
adequada e oficializando estas ocupações, estaria a Administração Pública
contribuindo com a regularização fundiária no Brasil e com a consolidação
e garantia de direitos diversos destas comunidades que ocupam suas terras.
O segundo argumento refere-se ao fato de que grande parte das populações/
povos e comunidades tradicionais da Amazônia vivem em ilhas fluviais sob
o domínio da União. Assim, ao entender e sistematizar os instrumentos de
regularização fundiária em ilhas da União, este trabalho contribui com a
regularização fundiária em terras públicas.
Para tanto, inicialmente é construído um breve histórico dos sistemas
de propriedade privada sobre o imóvel rural no Brasil, dividindo-o em
quatro fases, para então adentrar nas legislações atuais e seus respectivos
instrumentos de regularização fundiária. Também serão abordados os bens da
União, explicitando a dominialidade de suas ilhas e o seu respectivo respaldo
legal. Dessa forma, este artigo se estrutura da seguinte maneira:
1. Histórico das formas de apropriação de terra no Brasil
2. Dominialidade das ilhas
3. Instrumentos de Regularização Fundiária
3
Este artigo foi extraído do Trabalho de Conclusão de Curso intitulado “Caminhos para a
Regularização Fundiária na Amazônia em Ilhas da União Ocupadas por População, Povos
e Comunidades Tradicionais”, apresentado ao curso de Graduação em Direito do Instituto
de Ciência Juridícas da Unama, em maio de 2013.
4
Cientista Social. Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia
da UFPA. Graduando do Curso de Direito da UFPA
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INSTRUMENTOS DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA EM ILHAS DA UNIÃO
Thales Maximiliano Ravena Cañete
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INSTRUMENTOS DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA EM ILHAS DA UNIÃO
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INSTRUMENTOS DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA EM ILHAS DA UNIÃO
Thales Maximiliano Ravena Cañete
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INSTRUMENTOS DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA EM ILHAS DA UNIÃO
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Com efeito, Meirelles conceitua bens públicos em seu sentido latu como:
todas as coisas, corpóreas ou incorpóreas, imóveis, móveis e semoventes,
créditos, direitos e ações que pertençam, a qualquer título, às entidades
estatais, autárquicas, fundacionais e empresas governamentais
(MEIRELLES, 2008, p. 526).
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INSTRUMENTOS DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA EM ILHAS DA UNIÃO
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são relativizadas na atualidade, pois mesmo que com uma função patrimonial
ou financeira, estes bens visam objetivos de interesse geral, no sentido de
constituírem-se como fundamentais para o funcionamento da máquina estatal.
No caso da segunda característica, referente ao domínio privado exercido pelo
Estado e o consequente regime de direito privado ao qual estão submetidos,
os bens dominicais que obedecem fins de utilidade pública, mesmo quando
destinados a particulares.
A respeito desse novo modo de encarar a natureza e função dos bens
dominicais, Di Pietro observa que alguns autores os consideram como
serviços públicos sob regime de gestão privada, permitindo concluir que
“[...] O duplo aspecto dos bens dominicais justifica a sua submissão a regime
jurídico de direito privado parcialmente derrogado pelo direito público”
(DI PIETRO, 2007, p. 621).
Nesse sentido, Di Pietro (2007, p. 621) assim complementa a citação
exposta:
Comparando os bens do domínio público com os do domínio privado
do Estado, pode-se traçar a seguinte regra básica quanto ao regime
jurídico a que se submetem: os primeiros, ao direito público, e, os
segundos, no silêncio da lei, ao direito privado.
7
No passado muito foi debatido sobre o usucapião em terras públicas, resultando em diversas
legislações sobre o assunto. Para detalhes sobre a legislação pretérita consultar Di Pietro
(2007, p. 622). Vale frisar que, como relatado acima, a CF vedou todo tipo de usucapião em
terras públicas.
INSTRUMENTOS DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA EM ILHAS DA UNIÃO
Thales Maximiliano Ravena Cañete
Fica claro que extensas são as terras da União, assim como seus bens
de uma maneira geral. Dessa forma, este trabalho deixará somente a título
de citação os outros bens da União que não as ilhas, tendo em vista que o
propósito do artigo se restringe aos instrumentos de regularização fundiária
de ilhas da União e não todos os seus bens. Assim, seguem detalhados somente
a dominialidade das ilhas.
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10
Esta observação de Meirelles (2008) consta na nota de rodapé número 47 do capítulo VIII,
da página 561 à 562.
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Thales Maximiliano Ravena Cañete
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Retornando à temática das ilhas fluviais, vale observar que foi somente
na recém referida obra administrativista de Carvalho Filho (2011) que
foram encontrados mais detalhamentos sobre os bens públicos em espécie,
consequentemente, sobre o domínio público de ilhas fluviais em rios da União.
Com efeito, o referido autor resume o caso das ilhas fluviais e lacustres da
seguinte maneira:
[...], como regra, pertencem aos Estados-membros (art. 26, III, CF).
Pertencerão à União, no entanto, se:
a) estiverem em zonas limítrofes com outros países (art. 20, IV); e
b) se estiverem em águas do domínio da União ou que demarquem
a fronteira com países estrangeiros (art. 20, III, CF) (CARVALHO
FILHO, 2011, p. 1114).
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INSTRUMENTOS DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA EM ILHAS DA UNIÃO
Thales Maximiliano Ravena Cañete
Com efeito, o dispositivo jurídico acima exposto não permite uma nova
interpretação quanto à questão das ilhas fluviais em rios federais, somente
reproduzindo o que a legislação posterior vem ordenando: as ilhas marítimas,
em regra, são da União e as ilhas fluviais, em regra, são dos estados-membros.
Entretanto, vale ressaltar que a alínea “c” acima citada agrega ao patrimônio
da União, de maneira expressa, as ilhas fluviais que estiverem em zona
onde se faça sentir a influência das marés. No parágrafo único do art. 2o do
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11
Para mais detalhes, consultar publicação do Ministério do Planejamento, disponível em:
http://www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/spu/publicacao/090707
_PUB_RegularizacaoPAS.pdf.
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INSTRUMENTOS DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA EM ILHAS DA UNIÃO
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Regularização Fundiária em Áreas da União na Amazônia Paraense
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Restam ainda duas considerações sobre o uso comum dos bens públicos.
A primeira refere-se às condições de seu uso que podem ser alteradas de
diversas maneiras, consequentemente alterando os direitos e os deveres
dos usuários. Cita-se exemplo a título de maiores esclarecimentos. Se uma
determinada rua é fechada, os moradores dessa rua terão o direito subjetivo
público de reclamar providências do Estado, pois que são os usuários diretos
desse bem, enquanto que outros cidadãos detêm somente o interesse coletivo
na preservação do uso comum. Com isso percebe-se a diversidade de situações
fáticas a qual as pessoas estão submetidas na utilização comum dos bens
públicos, acarretando direitos e encargos diversos, mesmo que a princípio
todos tenham a mesma faculdade de utilização (MEIRELLES, 2008, p. 531).
A segunda consideração consiste nas problematizações de Di Pietro
sobre as utilizações de bens públicos que não são exercidas nem de maneira
indiscriminada e nem com exclusividade. Claro exemplo deste caso seriam
os pedágios que oneram o uso das estradas mesmo estas sendo bens
públicos. Assim, “o uso é exercido em comum (sem exclusividade), mas
remunerado ou dependente de título jurídico expedido pelo Poder Público”
(DI PIETRO, 2007, p. 633), ou seja, tem-se o uso comum desde que seja
diante de remuneração ou permissão do poder público. Para a autora em tela,
essa modalidade de uso seria denominada de uso comum extraordinário,
“terminologia de Amaral (1972, p.108)”. Nas palavras de Di Pietro, o referido
autor parte do pressuposto:
[...] de que o uso comum será sujeito a determinadas regras: a
generalidade (porque pode ser exercido por todos); a liberdade (porque
dispensa autorização); a igualdade (porque deve ser garantido a todos
em igualdade de condições); e a gratuidade (porque dispensa pagamento
de qualquer prestação pecuniária). Quando exercido em conformidade
com essas regras, o uso comum é ordinário. Porém, cada uma dessas
regras comporta exceções, subordinada a regimes diversos; cada
exceção corresponde a uma modalidade de uso comum extraordinário
(DI PIETRO, 2007, p. 634).
autor, o uso especial seria o oposto de uso comum, englobando, assim, todas
as suas exceções. Entre essas exceções situam-se o uso privativo, o uso
compartilhado e os cemitérios públicos, corolário de todas as exceções. Por
outro lado, Meirelles (2008, p. 530) classifica o uso dos bens públicos somente
em comum e especial.
Diante das considerações acima expostas, este trabalho entende
que, em resumo, o bem público tem dois tipos de utilização, a especial (que
engloba o uso privativo) e a comum. Esta última caracteriza-se por ser geral,
disponível a todos os seres humanos de maneira indiscriminada, ademais de
ser regulamentada pelo Estado para conservar sua finalidade pública. Com
efeito, os bens de uso especial não serão detalhados em espécie, cabendo
considerações e a análise em espécie somente do uso privativo, pois que este se
configura como o instrumento jurídico-legal mais plausível para o exercício
da regularização fundiária dos bens públicos. Segue as considerações sobre os
bens de uso privativo.
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Regularização Fundiária em Áreas da União na Amazônia Paraense
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uso está limitada por algumas regras do direito público, sempre atendendo
ao interesse público.
Dando maior precisão à noção de precariedade, Di Pietro lança mão
das observações de Cretella Junior, o qual aponta dois sentidos para o termo
em apreço:
a) revogável a qualquer tempo, por iniciativa da Administração, com ou
sem indenização, e, nesse caso, tanto as permissões como as conceções
são sempre precárias;
b) outorga para utilização privativa do bem público sem prazo fixo,
revogável, pois, sem indenização” (CRETELLA JÚNIOR, 1972 apud
DI PIETRO, 2007, p. 635).
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INSTRUMENTOS DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA EM ILHAS DA UNIÃO
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Di Pietro (2010) também observa que este ato pode ser outorgado a título
oneroso ou gratuito, simples (sem prazo) ou qualificado (comprazo). Neste
último caso, o prazo retira da autorização seu caráter precário, permitindo
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pelo Estatuto da Terra (Lei 4.504/64). O referido diploma legal, em seus art.
11 e 97 a 102, disciplina o procedimento de expedição do título de legitimação
de posse.
Assim, após a expedição do título de legitimação de posse (que, segundo
observação de Meirelles (2008, p. 549), é, na verdade, título de transferência
de domínio), seu destinatário deverá levá-lo a registro, podendo encontrar
quatro situações distintas: o imóvel não está registrado; o imóvel está
registrado no próprio nome do legitimado; o imóvel está registrado em nome
de antecessor do legitimado; o imóvel está legitimado em nome de terceiro
estranho ao legitimado (MEIRELLES, 2008, p. 549).
No primeiro caso narrado acima, o título de legitimação deve ser
registrado normalmente. No segundo e no terceiro caso, os registros
anteriores serão substituídos pelo presente título. No quarto e último caso,
a legitimação de posse é registrada, ficando sem efeito o registro anterior.
Prevalecerão, em qualquer dos casos narrados acima, as metragens descritas
no título em apreço, pois a finalidade precípua deste ato é a “... regularização
da propriedade pública e das aquisições particulares por essa forma anômala,
mas de alto sentido social” (MEIRELLES, 2008, p. 549).
Vale observar que a expressão “legitimação de posse” é imprópria, pois
o Poder Público não só reconhece a posse, mas, presente os requisitos legais,
procede à regularização fundiária, dando legitimidade à ocupação por um
período e, de maneira subsequente, efetiva à alienação visando a transferência
do domínio para o possuidor (CARVALHO FILHO, 2011, p. 1104).
O referido autor faz breve regressão histórica, remetendo o leitor à
Constituição de 1967, que rezava, em seu art. 171, a admissão legal do título
em apreço. O referido dispositivo constitucional foi regulamentado pela Lei
n° 6.383/76, que estabelece vários requisitos para a configuração do instituto.
Primeiramente, o diploma legal em apreço criou uma licença de ocupação
que estipulava um prazo máximo de quatro anos. Passados os quatro anos,
admite-se a transferência da área, desde que: a extensão máxima fosse de
EF
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Ainda se faz imperioso observar que o título em apreço pode ser extinto
pelo Poder Público se for comprovado que o particular não está na posse do
imóvel ou se não houve qualquer registro de cessão da posse. Com isso, o Poder
Público deverá cancelar o título no registro de imóveis por averbação, evitando,
dessa forma, desvirtuar o instituto diante do desinteresse do beneficiário
(CARVALHO FILHO, 2011, p. 1105).
Não se faz necessária a licitação, pois que o próprio beneficiário é o
ocupante da área a ser regularizada, eliminando qualquer tipo de competição.
A legitimação de posse também dispensa autorização legislativa, desde que
o ocupante preencha os requisitos legais da Lei 6.383/76 (CARVALHO
FILHO, 2011, p. 1105).
5 CONCLUSÃO
GH
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mais a sociedade vem aceitando esses direitos, assim como visualizando esses
agentes sociais como parceiros na conservação do meio ambiente (RAVENA-
CAÑETE e RAVENA-CAÑETE, 2011).
Com efeito, para que essas populações tenham seus direitos garantidos, o
Estado brasileiro deve regularizar suas terras, utilizando-se dos instrumentos
jurídicos apresentados no decorrer deste trabalho.
Dentre as terras da União, as ilhas assumem destaque no cenário
amazônico, pois uma grande parte da população é ribeirinha, sendo que dessa
população uma parte reside nas ilhas. Dessa forma, a União pode promover
a regularização fundiária em suas próprias terras, não necessitando focar em
políticas agrárias e fundiárias com objeto nas terras privadas.
Dentre os instrumentos de regularização fundiária de terras públicas,
destaca-se a CDRU, que garante aos usuários dos bens públicos, direitos
diversos, como o de transmissão inter vivos ou sucessão, usar/gozar do bem
público de maneira a preservar a sua cultura etc.
Com efeito, conclui-se que a regularização fundiária da Amazônia
brasileira ainda está longe de se concretizar. Contudo, os primeiros passos
estão sendo dados, aparentemente, na direção mais correta. As terras públicas,
dentre elas as ilhas, podem e devem ser objeto de regularização fundiária, pois
se constituem em grande parte das terras da Amazônia. Com isso, ganham
os ribeirinhos, com maior segurança sobre a permanência nas terras que
ocupam, ganha o Estado que promove a regularização fundiária e garante o
uso sustentável de suas terras e, consequentemente, ganha o povo brasileiro,
com uma sociedade mais justa, igualitária e dona de suas terras.
REFERÊNCIAS
BENATTI, Jose Heder. Direito de propriedade e proteção ambiental
no Brasil: apropriação e o uso dos recursos naturais no imóvel rural. 2003.
Tese (Doutorado em Ciências Socioambientais) – Núcleo de Altos Estudos
Amazônicos, Universidade Federal do Pará, Belém, 2003.
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O PERFIL DAS COMUNIDADES RURAIS BENEFICIÁRIAS
DE TAUS EM ABAETETUBA-PA: UMA ANÁLISE
SOCIOECONÔMICA E ESPACIAL
STU
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19
Especificamente da Coordenação de Regularização Fundiária em sua Divisão Rural
(COREF).
20
Este instrumento é detalhado no decorrer deste livro, bastando entender, para efeito
deste artigo, que se configura em um instrumento jurídico-administrativo utilizado pela
SPU/PA para regularizar o uso da terra e seus respectivos recursos naturais, por parte de
ribeirinhos, em áreas da União. Este instrumento teve sua origem na SPU/PA em virtude
de demandas de órgão públicos e sociedade civil que necessitavam regularizar a exploração
de recursos naturais que era feita por ribeirinhos que vendiam açaí nos mercados da cidade
de Belém. Atualmente, o TAUS é utilizado como modelo de regularização de áreas rurais
no país inteiro, quando objetiva-se regularizar áreas públicas.
21
Trata-se do banco de dados com todas as bases agrupadas no software SPSS 20 e a base
formada pela tabela de atributos dos shapes do município de Abaetetuba.
22
Este sessão foi construída através da análise das imagens disponíveis no banco de dados.
As imagens foram coletadas no cadastramento dos beneficiários e tinham por objetivo
comprovar a legitimidade que a família pertence ao local informado, bem como registrar as
condições das moradias e os aspectos da localidade nos diversos espaços das áreas rurais.
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Em que:
H : erro amostral
N: tamanho da população
n: tamanho da amostra
24
Levin e Fox (2004) recomendam porcentagens totais no caso de não haver uma variável
independente determinando o padrão observado; para efeito desta caracterização, optou-se
por este procedimento nos casos em que todo o universo foi testado, uma vez que a análise
busca traçar apenas o perfil dos beneficiários de modo descritivo.
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empregado a estes termos por Diegues (1993, 1994) e pela lei nº 9.985/2000, caracterizando
estes grupos sociais como intimamente ligados aos recursos naturais que os cercam. Para
uma discussão detalhada sobre estes termos com diversas indicações de leitura, consultar
Ravena-Cañete (2012).
26
O conceito de pobreza monetária é formulado a partir de um parâmetro relativo (cálculo
da renda per capita de parcelas da população) em que é fixada a linha de pobreza na metade
da renda per capita medida no país pelo parâmetro absoluto, segundo a faixa de renda
necessária à aquisição de 2.280 Kcal/dia (CRESPO; UROVITZ, 2002; JANNUZZI, 2006).
27
Optou-se neste paper por estatísticas de medida central (média: equalização dos valores que
se padronizam; moda: valor mais frequente; mediana: ponto do meio de uma distribuição)
por melhor expressam a regularidade em amostras (LEVIN; FOX, 2009).
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28
Compreendida dentro de uma linha de rendimento baseada no salário mínimo de R$
678,00 (em 2013), Decreto 7.872/2012 D.O.U. 26/12/2012.
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O gráfico foi gerado a partir do cruzamento da variável profissão com renda mensal
estratificada.
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Válido 4865
N
Ausente 744
Média 45,5
Mediana 43
Moda 35
Mínimo 17
Máximo 103
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Gênero
Faixa etária Total %
F % M %
Até 20 21 0,8 5 0,2 26 0,5
De 21 a 30 481 18,8 250 10,9 731 15
De 31 a 40 781 30,5 597 25,9 1378 28,3
De 41 a 50 517 20,2 553 24 1070 22
De 51 a 60 389 15,2 412 17,9 801 16,5
De 61 a 103 372 14,5 487 21,1 859 17,7
Total 2561 100,0 2304 100,0 4865 100,0
Fonte: COREF; SPU; NAEA (2014)
Tabela 10: Grupo etário por estado civil dos beneficiários de TAUS em Abaetetuba
Estado civil
Divorcia- Separa- U. está- Total %
Faixa etária Casado % % % Solteiro % % Viúvo %
do do vel
Até 20 6 0,1 0 0 0 0 6 0,1 14 0,3 0 0 26 0,5
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Também se pode notar nessas casas o fato de, por serem construídas nas
beiras dos rios, estarem construídas sobre palafitas, por conta das influências
que os rios sofrem das marés. Com isso, as casas são locadas a um nível mais
alto que o nível do solo, pelo cuidado de não serem inundadas nos períodos
de maré cheia.
Em relação à cobertura, as casas são cobertas, em geral, de forma mais
simples possível, mas sem perder a sua função de proteger o ambiente interno
de insolação e das intempéries. Em sua maior parte as coberturas ribeirinhas
são feitas por telhados de meia ou duas águas que variam muito de material,
que pode ser sustentável de quase nenhum custo, como a palha até as telhas
de fibrocimento e alvenaria, que são produzidas industrialmente.
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4 CONCLUSÃO
Este trabalho demonstrou o perfil socioeconômico dos usuários do
TAUS no município de Abaetetuba. Como resultado inicial, nota-se que o
padrão segue o mesmo padrão de diversidade presente em outras comunidades
ribeirinhas, focando nas atividades da agricultura familiar, pesca artesanal
e extrativismo, especialmente do açaí para a venda nos mercados locais e
regionais.
No que se refere à análise do padrão de renda dos beneficiários, ficou
patente de antemão a situação de pobreza monetária30 destes usuários, sendo
a média da renda per capita de R$84,00 caracterizado como um indicador
de situação de indigência segundo o parâmetro tomado neste diagnóstico. A
análise das frequências da renda per capita mostra pela moda que a maioria
dos beneficiários recebe algo em torno de R$50,00, sinalizando para mais um
indicativo da situação de indigência que é vivida por estas comunidades.
30
Como expresso mais acima, o conceito de pobreza monetária é formulado a partir de um
parâmetro relativo (cálculo da renda per capita de parcelas da população) em que é fixada
a linha de pobreza na metade da renda per capita medida no país pelo parâmetro absoluto,
segundo a faixa de renda necessária à aquisição de 2.280 Kcal/dia (CRESPO; GUROVITZ,
2002; JANNUZZI, 2006).
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REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Alfredo Wagner Berno de. Antropologia dos archivos da
Amazônia. 1. ed. Manaus: Editora da Universidade do Amazonas, 2008a.
. Terras tradicionalmente ocupadas: terras de quilombo, terras
indígenas, babaçuais livres, castanhais do povo, faxinais e fundos de pasto. 2.
ed. Manaus: Editora da Universidade do Amazonas, 2008b.
. Arqueologia da Tradição. In: SHIRAISHI NETO, Joaquim. Leis do
babaçu livre: práticas jurídicas das quebradeiras de coco babaçu e normas
correlatas. Manaus: PPGSCA; UFAM; Fundação Ford, 2006.
BARBETTA, P. A. Estatística Aplicada às Ciências Sociais. 7. ed.
Florianópolis: UFSC, 2010. p. 315.
CUNHA, Manoela Carneiro da; ALMEIDA, Mauro W. B. Populações
tradicionais e conservação ambiental. In: CAPOBIANCO, João Paulo Ribeiro
et al. Biodiversidade na Amazônia brasileira: avaliação e ações prioritárias
para a conservação, uso sustentável e repartição de benefícios. São Paulo:
Estação Liberdade; Instituto Socioambiental, 2001.
DIEGUES, Antonio Carlos S. O mito moderno da natureza intocada. São
Paulo: HUCITEC, 1994.
. Populações Tradicionais em Unidades de Conservação. In: VIEIRA,
Paulo Freire; MAIMON, Dália (Org.). As ciências sociais e a questão
ambiental: rumo à interdisciplinaridade. Belém: NAEA, 1993.
JANNUZZI, Paulo de Martino. Indicadores sociais no Brasil: conceitos,
fontes de dados e aplicações para formulação e avaliação de políticas públicas
e elaboração de estudos socioeconômicos. Campinas-SP: Alínea, 2006.
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CARTOGRAFIA APLICADA À “IDENTIFICAÇÃO
SIMPLIFICADA”: AGILIDADE NO PROCESSO DE
REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA EM ÁREAS DA UNIÃO
NA AMAZÔNIA PARAENSE
1
Graduando em Geografia do curso da UFPA. Técnico em Geografia e Cartografia do
Instituto Federal do Pará (IFPA)
2
Técnico da SPU/PA
3
Professor do NAEA/UFPA
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Regularização Fundiária em Áreas da União na Amazônia Paraense
Durbens Martins Nascimento
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CARTOGRAFIA APLICADA À “IDENTIFICAÇÃO SIMPLIFICADA”: AGILIDADE NO PROCESSO DE
REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA EM ÁREAS DA UNIÃO NA AMAZÔNIA PARAENSE
Wellingtton Augusto Andrade Fernandes, Davi Gustavo Costa dos Santos e Durbens Martins Nascimento
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Regularização Fundiária em Áreas da União na Amazônia Paraense
Durbens Martins Nascimento
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CARTOGRAFIA APLICADA À “IDENTIFICAÇÃO SIMPLIFICADA”: AGILIDADE NO PROCESSO DE
REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA EM ÁREAS DA UNIÃO NA AMAZÔNIA PARAENSE
Wellingtton Augusto Andrade Fernandes, Davi Gustavo Costa dos Santos e Durbens Martins Nascimento
5 REFERENCIAIS TEÓRICOS
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6 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A Comissão de Identificação Simplificada Estadual realiza a abertura
do processo de IS junto ao protocolo, preliminarmente é feita a caracterização
para identificação da área inalienável agrupando dados que venham a
contribuir na caracterização da área.
Mapa 2: Vistoria técnica em áreas da União.
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CARTOGRAFIA APLICADA À “IDENTIFICAÇÃO SIMPLIFICADA”: AGILIDADE NO PROCESSO DE
REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA EM ÁREAS DA UNIÃO NA AMAZÔNIA PARAENSE
Wellingtton Augusto Andrade Fernandes, Davi Gustavo Costa dos Santos e Durbens Martins Nascimento
7 RESULTADOS
O principal resultado é proporcionar agilidade nos processos de
regularização fundiária de áreas na União na Amazônia paraense, por meio
do projeto de pesquisa e extensão “Caracterização dos Imóveis da União em
apoio à Regularização Fundiária: Cidadania e Sustentabilidade na Amazônia
Paraense parceria SPU/NAEA”.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Secretaria do Patrimônio da União. Identificação Simplificada.
Brasília, abr. 2012.
FITZ, Paulo Roberto. Cartografia básica. São Paulo: Oficina de Textos,
2008.
IPEA.Políticas sociais: acompanhamento e análise. Brasília, 2011. v.1.
JOLY, Fernand. A Cartografia. 15. ed. Tradução: Tânia Pellegrini. São
Paulo: Papirus, 2011.
VALVERDE, Orlando. Metodologia da Geografia Agrária.Campo e território.
Revista de Geografia Agrária, Uberlândia-MG, v.1, n.1, p.1-16, fev. 2006.
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USO DE GEOTECNOLOGIAS PARA A REGULARIZAÇÃO
FUNDIÁRIA - TERRENOS DE MARINHA EM BELÉM-PA
1 INTRODUÇÃO
A formação das cidades brasileiras tem se mostrado, desde sua
fundação, altamente excludente. O privilégio adquirido pela minoria rica,
em detrimento da massa pobre, tem sido evidenciado no atual desenho das
cidades. A formação de áreas segregadas dentro da mancha urbana tem
implicado a tomada de providência por parte da gestão - de âmbito municipal,
estadual e federal - no quesito de regularizar essas áreas, de maneira a incluí-
las à cidade legal.
Neste processo de regularização, há a necessidade de meios técnicos
precisos de localização geográfica, para dar maior legitimidade ao direito
concedido. A utilização das técnicas de geoprocessamento como instrumento
de auxílio ao planejamento territorial tem sido cada vez mais comum nas
instituições de gestão territorial, pois possui como eficiência a agilidade
na espacialização das informações permitindo que haja maior possibilidade
de implementar políticas adequadas a determinado espaço. Desta forma
36
Geógrafa. Mestranda do Programa de Pós - Graduação em Gestão dos Recursos Naturais
e Desenvolvimento Local na Amazônia (UFPA/ Núcleo de Meio Ambiente da UFPA
37
Graduanda em Arquitetura e Urbanismo da UFPA.
38
Graduanda de Engenharia Florestal da Universidade Federal Ruraa da Amazônia - UFRA
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USO DE GEOTECNOLOGIAS PARA A REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA -
TERRENOS DE MARINHA EM BELÉM-PA
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Formação do espaço local
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USO DE GEOTECNOLOGIAS PARA A REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA -
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USO DE GEOTECNOLOGIAS PARA A REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA -
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Mapa 1: Modelo de Mapa emitido pela SPU até o ano de 2012
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Mapa 2: Mapa emitido pela SPU no ano de 2013. Confeccionado no AutoCAD
Mapa 3: Mapa emitido pela SPU no ano de 2013. Confeccionado no ArcGIS
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USO DE GEOTECNOLOGIAS PARA A REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA -
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O contingente urbano de assentamentos informais em Belém,
localizados em terras da União, demanda um amplo trabalho que vem sendo
realizado pela superintendência. Contudo, a precisão do material cartográfico
gerado ainda apresenta falhas que precisam ser corrigidas. Uma regularização
fundiária efetiva implicaria na construção de uma nova base cartográfica da
cidade de Belém. O intervalo de tempo existente entre a base atual e a cidade
hoje, ainda é o principal motivo da imprecisão dos trabalhos emitidos.
A implantação de um mapeamento temático possibilitado pelo uso do
SIG facilitaria a gestão urbanística, o que proporcionaria a implementação de
políticas públicas apropriadas a espaços com suas particularidades.
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USO DE GEOTECNOLOGIAS PARA A REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA -
TERRENOS DE MARINHA EM BELÉM-PA
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REFERÊNCIAS
ALMEIDA. J. M. L. O’ de. Terrenos de marinha: proteção ambiental e as
cidades. Belém: Paka-Tatu, 2008.
ARANTES, Otília. Uma estratégia fatal: a cultura nas novas gerações
urbanas. In: ARANTES, Otília; VAINER, Carlos; MARICATO, Ermínia. A
cidade do pensamento único: desmanchando consensos. 7. ed. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2012. p. 11-74.
BATISTA, Eliane Sant’ana. Geoprocessamento aplicado à regularização
fundiária de vilas, favelas e conjuntos habitacionais de interesse social:
estudo de caso do Conjunto Paulo VI. 2002. 87f. Monografia (Especialização
em Geoprocessamento) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
Horizonte, 2002.
BORGES, Denilce Rabelo; PALHETA, João Marcio. A influência da doação
e ocupação de terra urbana em Belém, nos atuais conflitos dominialidades
sobre os terrenos de marinha. Disponível em: <http://xiisimpurb2011.
com.br/app/web/arq/trabalhos/ d98973ec1a6399f4867b22f4db50eba9.
pdf>. Acesso em: 21 dez. 2013.
BRASIL. Presidência da República. Constituição (1946). Promulgada a 05
de outubro de 1946. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 1946.
BRASIL. Portaria Ministerial nº 511, de 07 de dezembro de 2009. Diretrizes
para a criação, instituição e atualização do Cadastro Territorial
Multifinalitário (CTM) nos municípios brasileiros. Disponível em:
<http://www.jusbrasil.com.br/diarios/navegue/2010/Dzembro/8/DOU>.
Acesso: 27 fevereiro 2013.
CARDOSO, Ana Cláudia Duarte. Assentamentos informais e a pobreza
urbana: Belém em foco. In: VALENÇA, Márcio Moraes (Org.) Cidade (i)
legal. Rio de Janeiro: Mauad X, 2008. p. 163-218.
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USO DE GEOTECNOLOGIAS PARA A REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA -
TERRENOS DE MARINHA EM BELÉM-PA
Bianca Caterine Piedade Pinho, Christiane Helen Godinho Costa e Juciane Martins de Sousa
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CARTOGRAFIA DIGITAL APLICADA À REGULARIZAÇÃO
FUNDIÁRIA NA AMAZÔNIA PARAENSE:
PROCEDIMENTOS TÉCNICOS E METODOLÓGICOS PARA
A CARACTERIZAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DAS TERRAS
DA UNIÃO31
1 INTRODUÇÃO
Constatou-se, durante o período de trabalho no projeto “Caracterização
dos Imóveis da União em apoio à Regularização Fundiária: Cidadania e
Sustentabilidade na Amazônia Paraense” - NAEA/SPU, que um grande
volume processual de regularização de imóveis no estado Pará e na Capital
necessitaram dos trabalhos técnicos de representação cartográfica, para
auxílio e vazão dos mesmos. Em nível de informação, tais demandas variaram
desde a solicitação de caracterização da dominialidade de imóveis até a
solicitação de títulos de posse, solicitados tanto pelas populações de baixa
renda quanto pelo público de alto poder aquisitivo, que foram cumpridos em
curto e médio prazo, por conta variados fatores, a exemplo da agilidade que
31
Artigo publicado originalmente com o título: Cartografia digital aplicada à regularização
fundiária na Amazônia paraense: estudo de caso da caracterização e identificação das terras
da união. In: INTERNACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA, 6., 2013, João Pessoa.
Simpósio... João Pessoa: UFPB, 2013. v. 1, p. 1-2.
32
Graduando de Geografia da UFPA.
33
Professor do NAEA/UFPA.
34
Técnico da SPU/PA.
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Regularização Fundiária em Áreas da União na Amazônia Paraense
Durbens Martins Nascimento
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CARTOGRAFIA DIGITAL APLICADA À REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA NA AMAZÔNIA PARAENSE
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André Araújo Sombra Soares, Durbens Martins Nascimento e Davi Gustavo Costa dos Santos
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Durbens Martins Nascimento
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André Araújo Sombra Soares, Durbens Martins Nascimento e Davi Gustavo Costa dos Santos
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35
Dentro desses dois métodos gerais de representação existem também os métodos:
ordenados e dinâmicos que não iremos dá ênfase nesse artigo.
ABC
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André Araújo Sombra Soares, Durbens Martins Nascimento e Davi Gustavo Costa dos Santos
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André Araújo Sombra Soares, Durbens Martins Nascimento e Davi Gustavo Costa dos Santos
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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Paulo: Atual, 2011, p. 20.
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IMPE, 2009.
CARTOGRAFIA DIGITAL APLICADA À REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA NA AMAZÔNIA PARAENSE
André Araújo Sombra Soares, Durbens Martins Nascimento e Davi Gustavo Costa dos Santos
CASTRO, Carlos Jorge Nogueira de; SILVA, Christian Nunes da; SOARES,
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das linhas de ônibus integradas aos terminais de passageiros da Universidade
Federal do Pará. In: ¡¢£¤¢¥¦¤ ¢§£¨¤¢§© ª¤« ¬¡¬¦§®¤«¯ °±¯
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<http://www.esri.com>. Acesso em: 21 set. 2013.
LONGLEY, Paul A. et al. Sistemas e ciência da informação geográfica,
[S.l.]: Bookman, 2013.
MARTINELLI, Marcelo. Cartografia temática: cadernos e mapas: São
Paulo: EDUSP, 2003.
______. Mapas da geografia e cartografia temática. São Paulo: Contexto,
2008.
RELATÓRIO do projeto de extensão: Caracterização dos imóveis da União
em apoio à regularização fundiária na Amazônia Paraense. Belém: NAEA;
SPU, 2013. (segundo Relatório).
SANTOS, Milton, A Natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção.
4. ed. reimpr. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2006.
TAYLOR, D. R. F. Geographical information systems: the microcomputer
and modern cartography. Oxford: England; Pergamon Press, 1991, p. 251.
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ANEXOS
Mapa 1- Exemplo de mapa: área localizada na gleba do INCRA Mojuí dos Campos, em Belterra.
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Durbens Martins Nascimento
Mapa 3 - Exemplo de mapa: terreno de marinha em Portel.
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SENSORIAMENTO REMOTO APLICADO NO PROCESSO
DE IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE ÁREAS
DA UNIÃO EM APOIO A REGULARIZAÇÃO
FUNDIÁRIA NA AMAZÔNIA PARAENSE
1 INTRODUÇÃO
O trabalho em questão surge a partir da experiência de estágio
realizado na Superintendência do Patrimônio da União no Pará (SPU/PA),
em que se desenvolviam atividades pelo projeto de pesquisa e extensão
“Caracterização dos Imóveis da União em apoio à Regularização Fundiária:
Cidadania e Sustentabilidade na Amazônia Paraense parceria SPU/NAEA”,
coordenado pelo Prof. Dr. Durbens Martins Nascimento, pesquisador do
Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA/UFPA), em parceira com a
Superintendência do Patrimônio da União no Pará (SPU/PA) e a Fundação
de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (FADESP).
Nosso objetivo é demonstrar como o sensoriamento remoto e suas
técnicas de utilização e interpretação de imagens de satélite proporcionam
ganhos importantes no processo de identificação e caracterização de bens
imóveis da União. É dada ênfase ao emprego de certas composições de bandas
39
Graduando do Curso de Geografia da UFPA
40
Graduanda do Curso de Engenharia Civil da UFPA
41
Graduanda do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UNAMA
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Durbens Martins Nascimento
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SENSORIAMENTO REMOTO APLICADO NO PROCESSO
DE IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE ÁREAS DA UNIÃO...
Wellingtton Augusto Andrade Fernandes, Raquel Colares Abreu e Vanessa Amorim Vasconcelos
objetivam permitir o uso de bens públicos por parte da população seguindo o devido
processo legal.
43
A função socioambiental da propriedade, princípio norteador da gestão do Patrimônio
da União, é recepcionado pela Constituição Federal de 1988 através da combinação dos
dispositivos jurídicos que protegem a propriedade e sua função social, com os dispositivos
jurídicos que protegem o meio ambiente ecologicamente equilibrado. Entre os dispositivos
que garantem o direito a propriedade e o pleno exercício de sua função social estão: o art.
5°, incisos XXII e XXIII; art. 170, incisos II e III. Entre os dispositivos que garantem o
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado estão: art. 170, inciso VI e o art. 225
e todos os seus incisos e parágrafos. Finalmente, cabe ressaltar que o cumprimento da
função social da propriedade se consuma somente quando a mesma atende, dentre outros
requisitos, à preservação do meio ambiente, como está claramente previsto no art. 186,
incisos I e II, que assim se manifestam: “Art. 186. A função social é cumprida quando
a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência
estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado; II -
utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;”.
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Durbens Martins Nascimento
3 ÁREAS DA UNIÃO
Não é nosso objetivo pormenorizar o assunto de áreas da União,
bastando, para o entendimento deste texto, as considerações expostas a
seguir.
O art. 20 da Constituição Federal define os bens que pertencem à
União:
I – os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser
atribuídos; II – as terras devolutas indispensáveis à defesa das
fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais
de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei; III – os
lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio,
ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros
países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem
como os terrenos marginais e as praias fluviais; IV – as ilhas fluviais e
lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas;
as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a
sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público
e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 36, II; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 46, de 2005); V – os recursos
naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva; VI
– o mar territorial; VII – os terrenos de marinha e seus acrescidos;
VIII – os potenciais de energia hidráulica; IX – os recursos minerais,
inclusive os do subsolo; X – as cavidades naturais subterrâneas e os
sítios arqueológicos e pré-históricos; XI – as terras tradicionalmente
ocupadas pelos índios.
44
Art 6º da Constituição Federal: são direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o
trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e
à infância, a assistência aos desamparados (BRASIL, 2013, grifo nosso).
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SENSORIAMENTO REMOTO APLICADO NO PROCESSO
DE IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE ÁREAS DA UNIÃO...
Wellingtton Augusto Andrade Fernandes, Raquel Colares Abreu e Vanessa Amorim Vasconcelos
45
Linha do Preamar Médio é considerada como a média das máximas marés do ano de 1831.
Utiliza-se este ano devido o fenômeno de mudanças na costa marítima em consequência do
movimento da orla, que promoveu processos erosivos ou de aterro. A partir dessa linha se
delimita os terrenos de marinha (BRASIL, 2008).
46
Linha Média das Enchentes Ordinárias é o traçado que determina a área dos terrenos
marginais, através do lado da margem do rio. É contada a partir da linha obtida por meio
da média das enchentes ordinárias (SPU, 2008).
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DE IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE ÁREAS DA UNIÃO...
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DE IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE ÁREAS DA UNIÃO...
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União. Nesse sentido, este papel pode ser desempenhado de maneira mais
satisfatória a partir da utilização de imagens de satélite que possibilitam
maior detalhamento em relação à escala. Isso se dá na medida em que alguns
satélites possuem resolução espacial de 30m, 20m e 2,4m por pixel, referentes
aos satélites LANDSAT, SPOT, e QUIKBIRD, respectivamente (Tabela 1),
permitindo a vetorização de uma nova base de dados georreferenciados, em
escala compatível.
Tabela 1: Características básicas dos satélites
PAÍS DE RESOLUÇÃO
SATÉLITE LANÇAMENTO
ORIGEM ESPACIAL*
LANDSAT 5 EUA 30 m 1984
SPOT 5 FRANÇA 20 m 2002
QUICK-BIRD EUA 2,4 m 2001
Fonte: UFRGS (2013)
* Bandas multiespectrais
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SENSORIAMENTO REMOTO APLICADO NO PROCESSO
DE IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE ÁREAS DA UNIÃO...
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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dentro das questões trabalhadas no decorrer deste artigo, fica claro
que o emprego das técnicas de sensoriamento remoto a partir da utilização
de imagens de satélites como LANDSAT, SPOT, QUIKBIRD, entre outros,
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SENSORIAMENTO REMOTO APLICADO NO PROCESSO
DE IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE ÁREAS DA UNIÃO...
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REFERÊNCIAS
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em: <http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=5334>. Acesso em: 5
dez. 2013.
BRASIL. Projeto Cartografia da Amazônia: documento de referência.
Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia-
CENSIPAM, 2008.
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DECLARAÇÕES DE TEMPO DE MORADIA
NOS PROCESSOS DE CUEM EM TERRENOS
DE MARINHA EM BELÉM-PARÁ
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo foi construído a partir da experiência de uma
bolsista do curso de Direito no projeto de pesquisa e extensão denominado
“Caracterização dos Imóveis da União em apoio à Regularização Fundiária:
Cidadania e Sustentabilidade na Amazônia Paraense”, desenvolvido por meio
da parceria entre a Superintendência do Patrimônio da União do Estado
do Pará (doravante SPU/PA) e a Universidade Federal do Pará (doravante
UFPA/NAEA). Este projeto teve como objetivo central promover ações de
regularização fundiária em bens da União, articulando o fazer acadêmico com o
fazer extensionista. Estas ações foram desenvolvidas especialmente na cidade
de Belém (por meio dos terrenos de marinha e seus acrescidos), nas ilhas
com influência de marés e suas respectivas várzeas (ambas de propriedade
da União) e nas glebas arrecadadas pelo Instituto de Colonização e Reforma
Agrária (doravante INCRA) em nome da União. A bolsista autora deste
artigo desenvolveu suas atividades na tipologia terrenos de marinha e seus
acrescidos na Coordenação de Regularização Fundiária Urbana (doravante
COREF URBANA) da SPU/PA.
Nesse órgão a bolsista ficou responsável pela análise de processos
de Concessão de Uso Especial para Fins de Moradia (doravante CUEM) e
48
Graduanda do Curso de Direito da UFPA
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DECLARAÇÕES DE TEMPO DE MORADIA NOS PROCESSOS DE CUEM EM TERRENOS
DE MARINHA EM BELÉM PARÁ
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DECLARAÇÕES DE TEMPO DE MORADIA NOS PROCESSOS DE CUEM EM TERRENOS
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Quanto ao motivo, produzirá nulidade todo aquele ato que for proibido
pela lei, injurídico ou ilegítimo. Nesse sentido, assim se manifesta Silvio
Venosa: “A matéria tem a ver, embora não exclusivamente, com a simulação,
onde há conluio para mascarar a realidade. Se ambas as partes se orquestrarem
para obter fim ilícito, haverá nulidade” (VENOSA, 2004, p. 272).
4.1.1.5 Ato em que tenha sido preterida alguma solenidade que a lei considera
essencial para a sua validade
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DECLARAÇÕES DE TEMPO DE MORADIA NOS PROCESSOS DE CUEM EM TERRENOS
DE MARINHA EM BELÉM PARÁ
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É todo aquele ato que a lei em seu texto normativo já expressa como
nulo, isto é, quando a própria lei, em muitos casos, dita expressamente a
nulidade, como se pode observar: “É nulo o casamento contraído: I – pelo
enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civil; II
– por infringência de impedimento” (Art. 1.548 do Código Civil).
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A prescrição é regida pelo art. 205 do Código Civil, por sua vez, diz:
“A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo
menor”. Não são todos os atos nulos que prescrevem, sendo o ato que trata do
estado ou da capacidade das pessoas, ou ainda, de direitos não patrimoniais,
é imprescritível.
Os negócios jurídicos de fundo patrimonial, como, por exemplo, a
venda de uma casa por um louco, quando este pratica, pessoalmente, o negócio
jurídico da alienação, está contaminado de nulidade absoluta.
A nulidade absoluta é insanável de ser ratificada expressamente. A
referida prescrição é uma questão de técnica legislativa, pois, se assim não
fosse, permitida a prescrição para certo caso, na compra e venda de uma
casa, obrigaria o adquirente a examinar os negócios jurídicos de alienação
praticados cem ou duzentos anos atrás, tornando os negócios jurídicos
impraticáveis.
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4.2.2.2 Ato praticado por erro, dolo, coação, fraude contra credores, estado de perigo
ou lesão
a) Coação
A Coação tem como definição uma forma de pressão física ou moral
exercida sobre o negociante, visando obrigá-lo a assumir uma obrigação que
não lhe interessa. No art. 151 do CC é definido que a coação para viciar o
negócio jurídico, há de ser relevante, baseada em fundado temor de dano
iminente e considerável à pessoa envolvida, à sua família ou aos seus bens.
DECLARAÇÕES DE TEMPO DE MORADIA NOS PROCESSOS DE CUEM EM TERRENOS
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b) Erro ou ignorância
De acordo com o art. 138, CC são anuláveis os negócios jurídicos
quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia
ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do
negócio.
A ignorância se diferencia do erro, pois enquanto esta é a ausência
completa de conhecimento sobre algo o erro é apenas uma falsa noção ou uma
noção inexata do objeto que influencia a formação da vontade do declarante,
que a emitirá de maneira diversa da que a manifestaria se dele tivesse
conhecimento exato. Atos eivados por esses vícios podem ser anuláveis com
prazo decadencial de 4 (quatro) anos.
c) Dolo
É o emprego de um artifício astucioso para induzir alguém à prática de
um ato negocial que o prejudica e aproveita ao autor do dolo ou a terceiro, ou
seja, um artifício ardiloso empregado para enganar alguém com o intuito de
benefício próprio.
De acordo com o art. 145 do CC, o negócio praticado com dolo é
anulável, no caso de ser este a sua causa. Esse dolo, causa do negócio jurídico,
é denominado dolo principal. Em casos tais, uma das partes do negócio
utiliza artifícios maliciosos para levar a outra a praticar um ato que não
praticaria normalmente, visando obter vantagem, geralmente com vistas ao
enriquecimento sem causa.
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e) Estado de perigo
Quando é assumida obrigação exacerbante que possa comprometer seu
patrimônio e subsistência por causa de uma situação de extrema necessidade
de salvar a si mesmo ou a um membro de sua família. Relação esta que deverá
ser decretada como nula para evitar o enriquecimento sem causa.
f) Lesão
Ocorre quando um negócio jurídico é firmado de forma a provocar
lesão a um dos contratantes e beneficiar ao outro, ou seja, quando uma relação
é feita para se obter um lucro desproporcional por meio da inexperiência ou
necessidade do outro contratante.
DECLARAÇÕES DE TEMPO DE MORADIA NOS PROCESSOS DE CUEM EM TERRENOS
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O ato anulável pode ser ratificado: “Art. 172. O negócio anulável pode
ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro”(Código Civil)
Por meio da ratificação, o vício de que se ressente o ato é expurgado,
pois ato anulável é aquele válido no momento em que ele é praticado, mas
pode ser anulado por meio de uma ação judicial anulatória.
A ratificação é ato unilateral de confirmação, não chegando a ser
um contrato. É dar validade definitiva ao ato anulável, tornando-o válido
definitivamente. Por meio da ratificação, há praticamente a renúncia à
faculdade de anulação.
A ratificação poderá ser expressa, quando consta, expressamente, a
vontade de confirmar, através de uma declaração do interessado que estampe a
substância do ato ou tácita a ratificação tácita poderá dar-se de duas maneiras:
1 Quando o devedor, consciente do defeito do ato, tiver cumprido em
parte a obrigação. É o que determina o art. 174 do Código Civil: “É escusada
a confirmação expressa, quando o negócio já foi cumprido em parte pelo
devedor, ciente do vício que o inquinava”.
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cinco anos ininterruptamente em terra da União, todavia não tem outro meio
de comprovação desse tempo de moradia. Assim sendo, essa declaração não
apenas relata um fato como também cria um direito, uma vez que, nesses casos
a CUEM só poderia ser destinada a essas pessoas por meio desta declaração.
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CONCLUSÃO
O negócio jurídico trata de uma declaração de vontade que não apenas
constitui um ato livre, mas pela qual o declarante procura uma relação jurídica
entre as várias possibilidades que oferece o universo jurídico.
Esta relação ao apresentar defeitos, fica inválida, podendo ser por
nulidade absoluta ou por anulabilidade que, após ser conhecida pelo juiz, pode
o mesmo declará-la de ofício, desfazendo o negócio, retornando as partes ao
estado anterior.
Após a experiência fática, a revisão bibliográfica e o estudo da
legislação sobre o tema, restou claro o fato que declarações eivadas de vícios
não devem ser utilizadas como comprovação de tempo de moradia, uma vez
que comprometem a segurança jurídica de todo o processo de Concessão
de Uso Especial para Fins de Moradia podendo inclusive tornar inválidos
títulos já concedidos, prejudicando não só o patrimônio público, mas o próprio
beneficiário.
Portanto, após o estudo em questão entende-se que é necessária uma
análise mais rigorosa das declarações de tempo de moradia emitidas pelas
associações de moradores e centros comunitários assim como um estudo
mais aprofundado de cada área a ser concedida pela União para que sejam
ratificadas as informações presentes nessas declarações a fim de se evitar a
invalidação dos títulos de Concessão de Uso Especial para Fins de Moradia
(CUEM). Nesse sentido, com uma análise mais criteriosa das declarações,
evita-se que o patrimônio público brasileiro seja lesado, assim como se garante
o cumprimento de um negócio jurídico perfeito, respectiva segurança jurídica
dos títulos e o primeiro passo para a plenitude do acesso ao direito à moradia
por uma expressiva gama da população de Belém.
778
Regularização Fundiária em Áreas da União na Amazônia Paraense
Durbens Martins Nascimento
REFERÊNCIAS
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DINIZ, Maria Helena. Código civil anotado. 15. ed. São Paulo: Saraiva,
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KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. Tradução de João Baptista
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999
DECLARAÇÕES DE TEMPO DE MORADIA NOS PROCESSOS DE CUEM EM TERRENOS
DE MARINHA EM BELÉM PARÁ
Mayara Rayssa da Silva Rolim
::;
POSSIBILIDADE JURÍDICA DE AÇÕES
DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE EM ÁREAS
DA UNIÃO EM CASO DE TAUS
1 INTRODUÇÃO
Este artigo trata da temática da reintegração de posse em áreas da União,
regularizadas através do Termo de Autorização de Uso Sustentável (doravante
TAUS)51, identificando os possíveis autores desta ação. Nesse sentido, tem
como objetivo geral identificar na doutrina e legislação fundiária quem é a
parte legítima para dar entrada com a ação de reintegração de posse no caso de
TAUS, apresentando como problema de pesquisa a seguinte pergunta: Existe
a possibilidade jurídica de entrada de ação de reintegração de posse de bens
imóveis da União no caso de Termos de Autorização de Uso Sustentável?
Dessa forma, para a realização desta pesquisa foram feitos estudos legais,
doutrinários e jurisprudenciais sobre a temática da regularização fundiária e
reintegração de posse, especialmente em áreas públicas. Entrevistas também
foram realizadas junto a funcionários da Superintendência do Patrimônio da
União do Estado do Pará (doravante, SPU/PA).
49
Graduanda em Direito da Faculdade Estácio FAP-PA
50
Cientista Social. Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia
da UFPA
51
O TAUS será detalhado mais adiante, bastando, por ora, entendê-lo como um instrumento
de regularização fundiária das várzeas da União, ocupadas por populações, povos e
comunidades tradicionais.
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Regularização Fundiária em Áreas da União na Amazônia Paraense
Durbens Martins Nascimento
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POSSIBILIDADE JURÍDICA DE AÇÕES DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE EM ÁREAS DA UNIÃO
EM CASO DE TAUS
Juliana Mendes Boulhosa Marques e Thales Maximiliano Ravena Cañete
Vale observar que o inciso I do art. acima citado inclui no rol de bens
da União aqueles citados no artigo 1º do Decreto-Lei nº 9760/1946, expostos
a seguir:
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Regularização Fundiária em Áreas da União na Amazônia Paraense
Durbens Martins Nascimento
BBC
POSSIBILIDADE JURÍDICA DE AÇÕES DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE EM ÁREAS DA UNIÃO
EM CASO DE TAUS
Juliana Mendes Boulhosa Marques e Thales Maximiliano Ravena Cañete
Assim, a ação de regularização das áreas da União pode ser feita pela
Secretaria do Patrimônio da União (SPU) por meio de diversos instrumentos,
como a Permissão de Uso, a Concessão de Uso, Concessão de Direito Real
de Uso (CDRU), o Termo de Autorização de Uso Sustentável (TAUS), entre
outros. Como este trabalho foca especificamente no TAUS, somente este
instrumento será detalhado no decorrer do artigo e, consequentemente, é
tratado somente da regularização fundiária das várzeas, terrenos marginais,
terras de marinha e seus acrescidos, visto que estes são, em regra, os objetos
do TAUS.
Este instrumento tem origem no Termo de Autorização de Uso, que
pode ser dividido em dois tipos: o Termo de Autorização de Uso feita pelo
Governo quepermite a posse provisória e o uso agroextrativista de uma terra
por populações, povos e comunidades tradicionaise ribeirinhas52 (sendo o atual
TAUS uma espécie deste); e a Autorização de Uso feita por um particular
detentor de um título de terra legítimo. Este último caso não é abordado de
maneira aprofundada por este trabalho, na medida em que não se configura
como temática central. Nesse sentido, basta saber que a Autorização de Uso
feita por particular, nos casos das comunidades ribeirinhas, em regra, são
emitidos por meio das associações formadas pelas mesmas. Estas associações,
por sua vez, emitem a Autorização de Uso, no mais das vezes, em virtude de
terem um CDRU coletivo emitido pelo governo para elas (CARVALHEIRO
et al., 2013)53.
52
Entende-se os termos populações, povos e comunidades tradicionais e ribeirinhas como
similares. Extensa é a literatura que trata sobre os referidos termos assim, para este artigo,
deve-se considerar as discussões propostas por Diegues (2008), Lima e Pozzobon (2000)
e o decreto 6.040 (2007). Segundo o art 3º, I, do referido decreto, povos e comunidades
tradicionais seriam: grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais,
que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e
recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral
e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela
tradição. Agrega-se a este conceito o prisma socioambiental que é empregado a estes
termos por Diegues (2008) e pela lei nº 9.985/2000, caracterizando estes grupos sociais
como intimamente ligados aos recursos naturais que os cercam. Para uma discussão
detalhada sobre estes termos com diversas indicações de leitura, consultar Ravena-Cañete
(2012).
53
Esta situação, na qual é regra as comunidades ribeirinhas terem direitos sobre a terra por
DDE
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Durbens Martins Nascimento
GHI
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EM CASO DE TAUS
Juliana Mendes Boulhosa Marques e Thales Maximiliano Ravena Cañete
54
Citam-se alguns exemplos: Programa Bolsa Verde, que faz parte do Plano Brasil sem
Miséria (seu nome oficial é Programa de Apoio à Conservação Ambiental, mais detalhes
consultar http://www.mma.gov.br/desenvolvimento-rural/bolsa-verde); o Cadastro
Único (ou CadÚnico), instrumento governamental que identifica e caracteriza as famílias
de baixa renda (mais detalhes: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/cadastrounico);
programa de financiamento habitacional desenvolvido pelo governo federal, denominado
de Minha Casa Minha Vida, em seu âmbito rural (mais detalhes em http://www.caixa.gov.
br/habitacao/mcmv/); Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar,
que financia projetos individuais ou coletivos, que gerem renda aos agricultores familiares
e assentados da reforma agrária (mais detalhes: http://portal.mda.gov.br/portal/saf/
programas/pronaf), entre outros.
JKL
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MNM
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EM CASO DE TAUS
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56
Infelizmente, até o momento, a regularização final, e necessária de tais ocupações ainda
não se efetivou em virtude de diversos elementos, entre eles a precária estrutura na qual
operam os funcionários da SPU-PA, o baixo número de funcionários da SPU-PA, o fato de
o próprio TAUS ser um instrumento pioneiro, consequentemente, objeto de resistência e
desconhecimento por parte da sociedade em geral e da própria gestão pública. Estes são
alguns dos inúmeros desafios enfrentados no processo de implementação do TAUS e no
processo de regularização fundiária mais amplo dos bens da União, sendo o TAUS, ao
menos por ora, instrumento utilizado somente para regularização de áreas de várzea.
OPP
Regularização Fundiária em Áreas da União na Amazônia Paraense
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após sofrer vários ajustes, o TAUS está mais completo e em vias de ter um
procedimento de emissão padronizado para todas as unidades da federação,
possuindo um Registro De Imóvel Patrimonial (RIP), característica esta que
dá mais segurança jurídica a este instituto.
Assim, inicialmente o TAUS tinha o objetivo de assegurar o direito ao
uso das terras às famílias, por meio da Portaria SPU nº 284, de 14 de outubro
de 2005. Em seguida sofreu alterações, passando pela Portaria nº 100, de 03
de junho de 2009, e por fim foi complementado pela Portaria nº 89, de 15 de
abril de 2010. Cada portaria que ia sendo criadagerava uma melhoria e mais
benefícios agregados ao título. Para uma melhor visualização dessas portarias
e suas respectivas mudanças no TAUS, segue em anexo as mesmas e abaixo
o Quadro 1, que mostra algumas das mudanças que ocorreram no instituto
jurídico desde sua criação.
Quadro 1: Mudanças no TAUS realizadas pelas portarias
PORTARIA DATA MUDANÇAS
Considerava as necessidades e a potencialidade
dos recursos naturais existentes nas áreas de
várzeas e que o aproveitamento de forma racional
14 de outubro desses recursos, possibilitaria o progresso
No 284
de 2005 socioeconômico. Assim disciplinando a utilização
e aproveitamento dos recursos naturais das
várzeas, estabelecendo a abrangência da área
circunscrita.
Considerava a área circunscrita em caráter
individual e coletivo. Estabelecia que a autorização
03 de junho de possa ser concedida para até duas áreas não
No 100
2009 contíguas em determinadas situações. Permitia
que a TAUS se transformasse em Concessão de
Direito Real de Uso (CDRU).
QRS
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EM CASO DE TAUS
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TUV
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Z[\
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Como foi mostrado no art. 1200 (CC), são requisitos para essa ação a
comprovação da condição de que era realmente o antigo possuidor e o esbulho
propriamente dito, ou seja, a ofensa que determinou a perda da posse.
Ademais da reintegração de posse, o ordenamento jurídico nacional
garante o direito à Manutenção de Posse, conforme o CPC, o art. 926, que
assim se manifesta: “o possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso
de turbação e reintegrado no de esbulho”. Assim, o esbulho quando ocorrer
de forma parcial assume o nome de turbação.
No art. 1.210 do CC, o possuidor tem direito a ser mantido na posse em
caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente,
se tiver justo receio de ser molestado. Os parágrafos 1º e 2º deste mesmo
artigo mostram que:
§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-
se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa,
ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou
restituição da posse.
§ 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de
propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.(BRASIL, 2002)
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POSSIBILIDADE JURÍDICA DE AÇÕES DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE EM ÁREAS DA UNIÃO
EM CASO DE TAUS
Juliana Mendes Boulhosa Marques e Thales Maximiliano Ravena Cañete
A ação de reintegração de posse, por ser uma ação sumária, terá sempre
a mesma limitação do campo das defesas permitidas ao demandado. Sendo
assim, podem ter como veículo um procedimento ordinário. Dessa forma, a
ação de reintegração de posse é sumária e, no que se refere ao direito de posse,
é suscetível à execução. Sua condição de ação executiva radica, como em
todas as demais, na pretensão que a ordem jurídica reconhece ao possuidor de
recuperar a posse que haja perdido em virtude do esbulho contra ele cometido.
Trata-se, portanto, de uma ação real, como o são as ações executivas, através
das quais o possuidor desapossado pede a coisa (res) e não o cumprimento de
uma obrigação.
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Durbens Martins Nascimento
cde
POSSIBILIDADE JURÍDICA DE AÇÕES DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE EM ÁREAS DA UNIÃO
EM CASO DE TAUS
Juliana Mendes Boulhosa Marques e Thales Maximiliano Ravena Cañete
quem seria parte legítima na referida ação? O próximo tópico segue para
explicar estas questões.
6 CONCLUSÃO
Hoje em dia, muito se fala de violação de direitos humanos. Por este
motivo, governos e sociedade civil têm assumido o compromisso de prover o
acesso à terra, à moradia adequada e à segurança na posse. Também há um
consenso crescente de que a segurança da posse deve ser implementada em
benefício da população excluída, no caso as famílias tradicionais do interior
fgh
Regularização Fundiária em Áreas da União na Amazônia Paraense
Durbens Martins Nascimento
REFERÊNCIAS
BAPTISTA DA SILVA, Ovídio Araújo. Comentário ao código de processo
civil. 2. ed. [S.l.]:Revista dos Tribunais -RT, 2005. v. 1.
BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. SPU/PA.
Projeto Nossa Várzea. Cidadania e Sustentabilidade na Amazônia Brasileira.
Panfleto. Belém, PA, mar. 2013.
.CGU. Regional Ceará. Relatório de Auditoria Anual de Contas.
Fortaleza, CE: Controladoria Regional da União, 2011. Exercício.
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POSSIBILIDADE JURÍDICA DE AÇÕES DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE EM ÁREAS DA UNIÃO
EM CASO DE TAUS
Juliana Mendes Boulhosa Marques e Thales Maximiliano Ravena Cañete
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EM CASO DE TAUS
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ANEXO 1
PORTARIA Nº 284, DE 14 DE OUTUBRO DE 2005.
pqr
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Durbens Martins Nascimento
stu
POSSIBILIDADE JURÍDICA DE AÇÕES DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE EM ÁREAS DA UNIÃO
EM CASO DE TAUS
Juliana Mendes Boulhosa Marques e Thales Maximiliano Ravena Cañete
ALEXANDRA RESCHKE
D.O.U., 17.10.2005
vwx
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Durbens Martins Nascimento
ANEXO 2
PORTARIA Nº 100, DE 3 DE JUNHO DE 2009
yz{
POSSIBILIDADE JURÍDICA DE AÇÕES DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE EM ÁREAS DA UNIÃO
EM CASO DE TAUS
Juliana Mendes Boulhosa Marques e Thales Maximiliano Ravena Cañete
Art. 3º. Estabelecer que a autorização poderá ser concedida para até
duas áreas não contíguas, nas seguintes situações:
I - 01 (uma) das áreas destinada à moradia e outra à atividade
extrativista ou;
II - 01 (uma) das áreas destinada à atividade no período de cheia e outra
destinada à atividade no período de vazante.
|}~
Regularização Fundiária em Áreas da União na Amazônia Paraense
Durbens Martins Nascimento
JORGE ARZABE
Publicada no DOU de 04.06.2009, Seção 1, p. 64
POSSIBILIDADE JURÍDICA DE AÇÕES DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE EM ÁREAS DA UNIÃO
EM CASO DE TAUS
Juliana Mendes Boulhosa Marques e Thales Maximiliano Ravena Cañete
ANEXO 3
PORTARIA N° 89, DE 15 DE ABRIL DE 2010.
Publicada no D.O.U de 16 de abril de 2010 (fls. 91 e92)
Regularização Fundiária em Áreas da União na Amazônia Paraense
Durbens Martins Nascimento
POSSIBILIDADE JURÍDICA DE AÇÕES DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE EM ÁREAS DA UNIÃO
EM CASO DE TAUS
Juliana Mendes Boulhosa Marques e Thales Maximiliano Ravena Cañete
Regularização Fundiária em Áreas da União na Amazônia Paraense
Durbens Martins Nascimento
POSSIBILIDADE JURÍDICA DE AÇÕES DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE EM ÁREAS DA UNIÃO
EM CASO DE TAUS
Juliana Mendes Boulhosa Marques e Thales Maximiliano Ravena Cañete
ALEXANDRA RESCHKE
O IMPACTO DA MOROSIDADE DOS CARTÓRIOS
NA DESTINAÇÃO DOS IMÓVEIS DA UNIÃO À
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL,
ESTADUAL E MUNICIPAL
1 INTRODUÇÃO
O Projeto de Caracterização dos imóveis da União em apoio
à Regularização Fundiária possibilitou o contato com a realidade da
Superintendência do Patrimônio da União no Pará (doravante, SPU/PA),
em especial com a Coordenação de Destinação de Imóveis à Administração
Pública Federal (doravante, CODEP/APF) o que possibilitou a realização
deste trabalho, que trata dos tipos de processos que a CODEP/APF é
encarregada de conduzir, bem como a influência que os cartórios de registro
de imóveis exercem sobre tais processos.
A CODEP/APF é responsável por destinar imóveis da União à
administração pública federal, ao estado do Pará, seus municípios e, em
alguns casos, ao campo privado. As entidades que pleiteiam um imóvel da
União necessitam de uma justificativa plausível e que tenham ligação com
ações de melhoramento do bem comum, principalmente, dentro das esferas
econômica, ambiental, cultural ou social. Em outras palavras, as áreas da
União podem ser destinadas a diversos fins desde que os beneficiários desta
destinação tenham por objetivo principal o melhoramento da sociedade, por
meio de projetos sociais, prestação de serviços públicos etc.
57
Graduanda de Ciências Contábeis da UFPA
Regularização Fundiária em Áreas da União na Amazônia Paraense
Durbens Martins Nascimento
O IMPACTO DOS CARTÓRIOS NA MOROSIDADE DOS CARTÓRIOS DA DESTINAÇÃO DOS IMÓVEIS DA
UNIÃO À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL, ESTADUAL E MUNICIPAL
Rafaela Santos Carneiro
Regularização Fundiária em Áreas da União na Amazônia Paraense
Durbens Martins Nascimento
O IMPACTO DOS CARTÓRIOS NA MOROSIDADE DOS CARTÓRIOS DA DESTINAÇÃO DOS IMÓVEIS DA
UNIÃO À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL, ESTADUAL E MUNICIPAL
Rafaela Santos Carneiro
Regularização Fundiária em Áreas da União na Amazônia Paraense
Durbens Martins Nascimento
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O IMPACTO DOS CARTÓRIOS NA MOROSIDADE DOS CARTÓRIOS DA DESTINAÇÃO DOS IMÓVEIS DA
UNIÃO À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL, ESTADUAL E MUNICIPAL
Rafaela Santos Carneiro
58
A função socioambiental da propriedade, princípio norteador da gestão do Patrimônio
da União, é recepcionado pela Constituição Federal de 1988 através da combinação dos
dispositivos jurídicos que protegem a propriedade e sua função social, com os dispositivos
jurídicos que protegem o meio ambiente ecologicamente equilibrado. Entre os dispositivos
que garantem o direito a propriedade e o pleno exercício de sua função social estão: o art.
5°, incisos XXII e XXIII; art. 170, incisos II e III. Entre os dispositivos que garantem o
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado estão: art. 170, inciso VI e o art. 225
e todos os seus incisos e parágrafos. Finalmente, cabe ressaltar que o cumprimento da
função social da propriedade se consuma somente quando a mesma atende, dentre outros
requisitos, à preservação do meio ambiente, como está claramente previsto no art. 186,
incisos I e II, que assim se manifestam: “Art. 186. A função social é cumprida quando
a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência
estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado; II -
utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;”.
59
A Cessão é realizada à Administração Pública Federal Direta e Indireta, aos Estados e
Municípios e às Entidades com perfil econômico de interesse social (MPOG, 2001);
Concessão é realizada para fins de moradia (MPOG, 2010).
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Regularização Fundiária em Áreas da União na Amazônia Paraense
Durbens Martins Nascimento
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O IMPACTO DOS CARTÓRIOS NA MOROSIDADE DOS CARTÓRIOS DA DESTINAÇÃO DOS IMÓVEIS DA
UNIÃO À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL, ESTADUAL E MUNICIPAL
Rafaela Santos Carneiro
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Regularização Fundiária em Áreas da União na Amazônia Paraense
Durbens Martins Nascimento
6 CONCLUSÃO
Esse estudo teve como objetivo evidenciar a influência dos cartórios
de registro de imóveis no trabalho realizado pela SPU/PA, em particular
no setor de destinação de bens e imóveis da União à administração pública,
que, no caso da SPU/PA, é desenvolvida pela CODEP/APF. Assim, neste
trabalho expõe-se a função desta (CODEP/APF) em gerenciar a destinação
e a regularização dos imóveis da União de duas das três espécies de bens
públicos: de natureza dominial ou dominical e de uso especial, conforme
citado nos tópicos “2. Localização da CODEP/APF dentro da SPU/PA” e
“3. Identificação dos tipos de processos que são trabalhados na CODEP/
APF”. Ainda no tópico 3, foi exposto que os bens de natureza dominial ou
dominical podem ser alienados por particular através de doação ou venda,
diferentemente dos bens de uso especial.
No tópico “4. Os procedimentos adotados no tramite processual de
destinação patrimonial da APF”, aponta-se a função dos imóveis da União -
a de um papel socioambiental sem desprezar a função arrecadadora – neste
mesmo tópico, foi citado o princípio da eficiência, que basicamente diz que a
máquina pública deve satisfazer as necessidades comuns dos cidadãos com
eficiência e em um espaço de tempo relativamente curto, o que não condiz
com a realidade de determinados processos sob a responsabilidade da
CODEP/APF, conforme exposto no tópico “5. A importância dos cartórios
para o prosseguimento dos trâmites processuais na SPU/PA”. Ainda neste
tópico, é evidenciado o papel indispensável dos cartórios, outrora citado, nos
procedimentos da regulamentação dos imóveis da União, bem como a falha
na interação entre os cartórios e a SPU/PA.
Desta forma, a função dada aos imóveis da União e, sobretudo a
necessidade dos cidadãos paraenses, são prejudicadas pela morosidade
dos processos. Este quadro se contrapõe ao princípio da eficiência, acima
mencionado. Assim, se faz necessário uma interação harmônica entre as
entidades envolvidas em tais procedimentos em prol da agilidade nos trâmites
dos processos e, consequentemente, em favor do bem comum.
¯°°
O IMPACTO DOS CARTÓRIOS NA MOROSIDADE DOS CARTÓRIOS DA DESTINAÇÃO DOS IMÓVEIS DA
UNIÃO À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL, ESTADUAL E MUNICIPAL
Rafaela Santos Carneiro
REFERÊNCIAS
BRASIL. Secretaria do Patrimônio da União. Orientações para a destinação
do patrimônio da União. Brasília, DF, 2010.
. . Manual de regularização fundiária em terras da União,
Brasília, DF, 2006.
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PROJETO NOSSA VÁRZEA: PRESERVAÇÃO DO
PATRIMÔNIO NATURAL E SALVAGUARDA DAS
COMUNIDADES TRADICIONAIS
INTRODUÇÃO
Desde tempos imemoriais, o homem tem ordenado a paisagem do
meio em que habita, possivelmente devido ao fato da espécie humana não
ter um nicho restrito na face da Terra, logo, cosmopolita, foi determinante a
necessidade de modificar o meio ambiente segundo as suas necessidades de
sobrevivência. A concepção da natureza e o desenho da paisagem [oriundo
dessas modificações] desenvolvem-se acompanhando a evolução histórica da
humanidade (PICCHIA, 2009).
Considerando o meio ambiente como um “conjunto de condições e
influências naturais que cercam um ser vivo ou uma comunidade, e que agem
sobre eles” (FERREIRA, 2000), e, lembrando que a paisagem é o espaço que
se abrange com um lance de vista, acaba a paisagem materializando o meio
ambiente, seja este natural, seja este modificado pela intervenção antrópica.
Esta relação do homem com o meio ambiente, que resulta na
modificação da paisagem, pode ser vista como a relação do sujeito com o
prático-inerte. O prático-inerte é uma expressão introduzida por Sartre,
para significar as cristalizações da experiência passada, do indivíduo e da
60
Bacharel em Engenheira Civil com ênfase em Hidrovias pela Faculdade Ideal. Especialista
em Ordenamento Territorial pelo Núcleo do Meio Ambiente (NAEA/UFPA). Mestrando
em Engenharia Civil pelo PPGEP/ITEP/UFPA
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Regularização Fundiária em Áreas da União na Amazônia Paraense
Durbens Martins Nascimento
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PROJETO NOSSA VÁRZEA: PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO NATURAL
E SALVAGUARDA DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS
Antonio Carlos Santos do Nascimento
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Regularização Fundiária em Áreas da União na Amazônia Paraense
Durbens Martins Nascimento
Este trabalho versa sobre estes aspectos: paisagem e suas relações com
o tempo, o espaço e o ser humano. Refere-se também, à cultura, à memória, ao
meio físico e à proteção do patrimônio natural, mas também cultural, de lugares
que foram ocupados, transformados no decorrer do tempo, e hoje, merece ser
preservado, e como o Projeto Nossa Várzea pode ser uma promissora chance
de alcançar este paradigma.
2 O PATRIMÔNIO
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PROJETO NOSSA VÁRZEA: PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO NATURAL
E SALVAGUARDA DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS
Antonio Carlos Santos do Nascimento
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Regularização Fundiária em Áreas da União na Amazônia Paraense
Durbens Martins Nascimento
3 PATRIMÔNIO E PRESERVAÇÃO
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PROJETO NOSSA VÁRZEA: PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO NATURAL
E SALVAGUARDA DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS
Antonio Carlos Santos do Nascimento
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Regularização Fundiária em Áreas da União na Amazônia Paraense
Durbens Martins Nascimento
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PROJETO NOSSA VÁRZEA: PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO NATURAL
E SALVAGUARDA DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS
Antonio Carlos Santos do Nascimento
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Regularização Fundiária em Áreas da União na Amazônia Paraense
Durbens Martins Nascimento
4 PAISAGEM CULTURAL
A primeira ciência humana a se interessar pelo estudo da paisagem foi
a Geografia, e dela surgiram duas correntes teóricas: a Geografia Cultural
Tradicional que analisa a paisagem através de sua morfologia e a Nova
Geografia Cultural que interpreta a paisagem com base em sua simbologia.
Apesar de serem correntes opostas, ambas defendem que a paisagem é fruto
da interação do homem com a natureza.
A ideia de Paisagem Cultural, buscando uma visão integrada entre o
ser humano e a natureza iniciou segundo Ribeiro (2007) na década de 1980,
sendo que em 1992 especialistas se reuniram na França, a convite do ICOMOS
e do Comitê do Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas Para
Educação Ciência e Cultura (UNESCO), para pensar a forma como a ideia
de paisagem cultural poderia ser incluída na lista do Patrimônio Mundial,
visando a valorização da relação entre o ser humano e o meio ambiente, entre
o cultural e o natural. Com isso, de acordo com Ribeiro (2007), a UNESCO
passou a adotar três categorias diferentes de paisagem para serem inscritas
como patrimônio:
a) Paisagem claramente definida: são classificados os parques e jardins.
Pois são as paisagens desenhadas e criadas intencionalmente.
b) Paisagem evoluída organicamente: paisagens que resultam de
um imperativo inicial social, econômico, administrativo e/ou religioso e
desenvolveu sua forma atual através da associação com o seu meio natural
e em resposta ao mesmo. Está subdividida em duas categorias, paisagem
contínua e paisagem relíquia ou fóssil.
b.1) Paisagem contínua segue seu papel social ativo na sociedade
contemporânea, conjuntamente com modo de vida tradicional. Continua
evoluindo, ao mesmo tempo em que exibe a significativa evidencia material
de sua evolução histórica.
b.2) Paisagem fóssil ou estática na qual o processo evolutivo chegou ao
fim. Porém, suas características são visivelmente definidas em suas formas
materiais.
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PROJETO NOSSA VÁRZEA: PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO NATURAL
E SALVAGUARDA DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS
Antonio Carlos Santos do Nascimento
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PROJETO NOSSA VÁRZEA: PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO NATURAL
E SALVAGUARDA DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS
Antonio Carlos Santos do Nascimento
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A memória, do ponto de vista de Le Goff (1997, p. 138-9), estabelece um
“vínculo” entre as gerações humanas e o “tempo histórico que as acompanha”.
Tal vínculo, além de constituir um “elo afetivo” que possibilita aos cidadãos
perceberem-se como “sujeitos da história”, plenos de direitos e deveres, os
tornam cônscios dos embates sociais que envolvem a própria paisagem, os
lugares onde vivem, os espaços de produção e cultura.
Como argumenta Le Goff (1997, p. 138) a “identidade cultural de
um país, estado, cidade ou comunidade se faz com a memória individual e
coletiva”. A partir do momento em que a sociedade se dispõe a “preservar
e divulgar os seus bens culturais” dá-se início ao processo denominado pelo
autor como a “construção do ethos cultural e de sua cidadania”.
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Regularização Fundiária em Áreas da União na Amazônia Paraense
Durbens Martins Nascimento
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PROJETO NOSSA VÁRZEA: PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO NATURAL
E SALVAGUARDA DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS
Antonio Carlos Santos do Nascimento
REFERÊNCIAS
BRASIL. Secretária do Patrimônio da União. Portaria nº 89, de 15 de
abril de 2010. Brasília, DF, 2010.
. Constituição Federal da República do Brasil. Brasil, 1988.
. Legislação Federal. Decreto de Lei nº25. Brasil, 1937.
. Portaria nº 127, de 30 de abril de 2009. Estabelece a chancela de
paisagem cultural brasileira. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2009.
CANCLINI, N. G. O patrimônio cultural e a construção imaginária do
nacional. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Rio de
Janeiro, n.23, p. 94-115, 1994.
CARLOS, A. F. A. O lugar no/do Mundo. São Paulo: HUCITEC, 1996.
CHASTEL, A. La notion de Patrimoine. In: NORA, P. Dir. Les Lieux de
Memoire, La Nation. V.II. Paris: Gallimard, 1986.
CITTADIN, Ana Paula; LANDOVSKY, Geraldo Santos; AFONSO,
Sonia; RAMPAPZZO, Sonia. Paisagem e Patrimônio Natural: uma
abordagem a partir da legislação. In: CONGRESSO LUSO- BRASILEIRO
PARA O PLANEAMENTO URBANO, REGIONAL, INTEGRADO,
SUSTENTÁVEL, 4., 2010, Portugal. Anais... Portugal: Faro, 2010.
CURY, Isabelle (Org.). Cartas patrimoniais. 3 ed. rev. aum. Rio de Janeiro:
IPHAN, 2004. 408 p.
DE CAMPOS, Gizely Cesconetto. Patrimônio edificado de Laguna:
conhecer, interpretar e preservar. 2007. Dissertação (Mestrado em Ciências
da Linguagem) - Universidade do Sul de Santa Catarina, Tubarão, 2007.
DOLFFUS, O. O espaço geográfico. 3. ed. São Paulo: Difel, 1978.
FERREIRA, A. B. H. Miniaurélio Século XXI Escolar: O minidicionário
da língua portuguesa. 4 ed. ampl. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.
FOWLER, Peter J. World Heritage Cultural Landscapes: 1992 - 2002.
World Heritage Papers 6, UNESCO World Heritage Centre, 2003. 141 p.
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Regularização Fundiária em Áreas da União na Amazônia Paraense
Durbens Martins Nascimento
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