Cirurgia: Neoplasias Da Mama
Cirurgia: Neoplasias Da Mama
Cirurgia: Neoplasias Da Mama
NEOPLASIAS DA MAMA
Relevância A
D, P, GD
João Teixeira
[email protected]
LEGENDA SÍMBOLO SIGNIFICADO
INTEGRAÇÃO de
SÍMBOLO COMPETÊNCIA CONHECIMENTO
MECANISMOS ESTRATÉGIA
MD
de DOENÇA PEDAGÓGICA
D
Estabelecer um
DIAGNÓSTICO MUITO IMPORTANTE
P Medidas de saúde e
PREVENÇÃO CONHECIMENTO
ESSENCIAL
MENOS perguntável
Elaborar plano de
GD INCOERÊNCIA
GESTÃO DO DOENTE
SÍMBOLO SIGNIFICADO
*não cutâneo
Caso Clínico 1
Uma mulher de 62 anos de idade, afroamericana, gesta 3 para 3, vem à sua consulta para avaliação de rotina anual.
Nega queixas e refere sentir-se “muito bem”. Refere que na confeção dos seus pratos tem por hábito temperar
abundantemente com molho de soja. Menopausa aos 51 anos. Sinais vitais com pressão arterial 135/75 mmHg e
frequência cardíaca 80/min. Auscultação cardiopulmonar sem achados de relevo. Exame objetivo mamário revela um
pequeno nódulo, duro e fixo aos plano profundos, no quadrante infero-interno da mama esquerda. Sem alterações
cutâneas mamárias, secreção mamillar ou adenopatias palpáveis. Procedeu-se à realização de mamografia que mostrou
nódulo de 3 cm associado a microcalcificações. Biópsia por agulha grossa do nódulo revelou carcinoma ductal invasivo
com positividade para recetores de estrogénio e negatividade par recetores HER-2.
Qual dos seguintes é o principal fator de risco para o desenvolvimento da neoplasia descrita?
Aumento da exposição a
ESTROGÉNIO estrogénios aumenta o risco! IDADE
↑ → ↑ RISCO +++ em >50 anos
• Menarca precoce
• Menopausa tardia ↓ → PROTETOR
• Obesidade → APENAS na pós-menopausa! • Exercício moderado
• Nuliparidade • >’s períodos de amamentação
• Primeira gravidez tardia • Gravidez de termo
Mastectomia profilática
(+++ BRCA)
Risco vitalício ≥20-25%
ALTO RISCO (ex: BRCA +)
Quimioprofilaxia (ex: CLIS)
Vigilância intensiva
(pode incluir RM)
Prevenção
Estudos NÃO mostram benefício claro do exame físico médico
RASTREIO
ou do autoexame mamário nas mulheres com risco basal
50-69A de 2 em 2 anos
Os programas de rastreio destinam-se ao diagnóstico precoce de cancro da mama feminina
em população assintomática sem outros fatores de risco para além da idade e do sexo
CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
DEFINITIVA TEMPORÁRIA
Mastectomia Mamografia “normal” nos 2A anteriores
AP cancro da mama Prótese mamária
Processo inflamatório ativo
Gravidez ou aleitamento
Prevenção
Outros métodos imagiológicos para rastreio utilizados em casos especiais…
Risco de Carcinoma da Mama ↑ 3-4x após 4 anos de uso sem ↓ significativa dos riscos
coronário e cerebrovascular.
THS só aprovada para sintomas associados à menopausa!
QUIMIOPREVENÇÃO
Tamoxifeno, Raloxifeno e Inibidores da Aromatase
são formas eficazes de prevenir o cancro de mama
VIGILÂNCIA INTENSIVA A partir dos 25 anos (nas mulheres que não optaram por mastectomia)
Qual das seguintes doentes está a realizar o rastreio de acordo com as normas nacionais?
METÁSTASES GANGLIONARES
Overall 5-year survival for breast cancer was 89.2% (90.4% for white and 78.7% for black women). The 5-year survival rate for localized
disease (61% of patients) is 98.6%; for regional disease (32% of patients), 84.4%; and for distant metastatic disease (5% of patients), 24.3%.
História Natural
Durante 10 anos após Tx inicial,
METÁSTASES À DISTÂNCIA metástases à distância são a causa + comum de morte
95% das mulheres que morrem de cancro da mama têm metástases à distância
LOBULAR
≥35A MAMOGRAFIA
• Se mamografia negativa + sinais/sintomas de malignidade → ECOGRAFIA ✓ extensão tumoral
• Se mamografia deteta lesão MALIGNA → ECOGRAFIA para caracterizar ✓ multifocalidade
✓ envolvimento gg
❖ Mulheres >40A (?) com sintomas persistentes NÃO SUSPEITOS de Ca Mama (hipersensibilidade
mamária, nódulos generalizados ou retração antiga do mamilo) → NÃO RECOMENDADA
Diagnóstico
Sugerem malignidade!
>10mm eixo curto
Diagnóstico
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NÃO por rotina!
• Rastreio de mulheres de alto risco
• Ca RECÉM diagnosticado para avaliar mama contralateral (controverso!)
Stage
• Tumor > 5 cm e N0
* I - II
e N1
III (N2 ou N3)
IV
PROGNÓSTICO AOS 5A
Sobrevivência global média: ≈85% N1 = metástases em 1-3 gânglios axilares
Tis: ≈100%; I: 98%; II: 90%; III: 70%; IV: 25% N2 = metástases em 4-9 gânglios axilares
N3 = metástases em gânglios supra/infraclaviculares ou ≥10 axilares
Caso Clínico 5
Uma mulher de 48 anos de idade vem à sua consulta por assimetria mamária com 2 meses evolução. Refere
que a mama esquerda teria previamente o “contorno externo mais arredondado”. Nega mastalgia ou
corrimento mamilar. Antecedentes de hipertensão arterial medicada com captopril. Sem antecedentes
familiares de relevo. Tem um filho de 22 anos saudável. É ex-fumadora (10 UMA). Sinais vitais dentro dos
parâmetros da normalidade. Exame físico mamário revela assimetria mamária agravada pela contração dos
músculos peitorais e aquando da elevação dos braços. Nota ligeira retração cutânea com cerca de 2x2cm à
esquerda. Não são palpáveis massas mamárias nem adenopatias axilares. Opta por realizar uma mamografia
bilateral que revela um nódulo suspeito de 12mm na união dos quadrantes esquerdos. O estudo foi
complementado por ecografia mamária seguida de aspiração por agulha fina do nódulo. O estudo citológico
revelou células malignas.
Qual dos seguintes é o próximo passo mais adequado?
(A) Biópsia com agulha grossa.
(B) Biópsia excisional.
(C) Mastectomia radical modificada com biópsia do gânglio sentinela.
(D) Mastectomia radical modificada com esvaziamento ganglionar.
(E) Quimioterapia neoadjuvante.
Estadiamento
Os MAIS importantes são
BIOMARCADORES recetores de Estrogénio, Progesterona e HER-2
CIS
Muitos casos com envolvimento difuso das duas mamas!
LOBULAR Logo, risco de cancro invasivo é igual em ambas!
+++ MASTECTOMIA
se doença EXTENSA (>4cm ou >1Qdt)
Margem livre
Se MAIS LIMITADA CIRURGIA CONSERVADORA + RADIOTERAPIA adj adequada >2mm
Sem indicação para QT adjuvante
▪ Durante 5A após CC + RT
Tamoxifeno (se ER +) ↓ recidiva local ▪ ↓ risco Ca INVASIVO e ↓ risco Ca contralateral
▪ NÃO indicado se mastectomia bilateral
Tratamento INVASIVO INICIAL
+++ ≤ 5cm E ≤ 3gg+ E M0
▪ T3(>5cm)-T4
▪ ≥ 4 gânglios + (considerar se ≥ 1-3)
▪ Margens positivas
NÃO recomendada se
QUIMIOTERAPIA ADJUVANTE
T1aN0 (≤5mm)
Indicada se…
• Triplos negativos
• Recetores hormonais negativos
• HER-2 +
N0 e ≥6-10 mm + • Alto grau nuclear ou histológico
• Invasão vascular ou linfática
• Risco de recorrência >15% (score 21 genes)
SEMPRE SEQUENCIALMENTE
À ANTRACICLINA
Tumores com sobreexpressão de HER-2 têm melhor outcome
com terapêutica baseada em antraciclinas
DURAÇÃO MÍNIMA
5 ANOS
PRÉ-MENOPAUSA* PÓS-MENOPAUSA
IA** (e/ou TAMOXIFENO)
1ºs 5A TAMOXIFENO Sequencial
2ºs 5A
TAMOXIFENO IA** (e/ou TAMOXIFENO)
se doença de ALTO RISCO!
decisão individualizada se BAIXO risco…
*Inibidor da Aromatase (IA) na mulher pré-menopausa apenas se tumor de ALTO risco (ou ≤35A) mas SEMPRE
associado a supressão da função ovárica (aGnRH, ooforectomia ou RT ovárica)
**IA são considerados 1ªL na pós-menopausa, contudo, benefício limitado em prolongar IA por >5A
Tratamento
Inibidor competitivo dos recetores
TERAPIA HORMONAL TAMOXIFENO de estrogénio na mama
EFEITOS ADVERSOS
Dor óssea, náuseas/vómitos, afrontamentos,
retenção hídrica, eventos tromboembólicos,
catarata e hiperplasia/cancro endométrio
Hipersensibilidade, AP de TVP ou TEP,
CI coagulopatia, gravidez e amamentação
Caso Clínico 10
Uma mulher de 53 anos de idade, gesta 2 para 2, regressa ao consultório médico para consulta de seguimento,
6 meses após ser submetida a mastectomia esquerda com esvaziamento ganglionar como tratamento para
cancro de mama positivo para receptor de estrogénios à esquerda. Refere que, desde a cirurgia se sente
cansada e fraca. O último período menstrual foi há 2 anos. Tem diabetes mellitus tipo 2 tratada com glicazida e
HTA tratada com hidroclorotiazida. É alérgica a penicilina e tetraciclina. Tem 163cm de altura e pesa 57 kg; IMC
22kg/m2. Os sinais vitais são normais. O exame físico mostra cicatriz no hemitórax esquerdo. Pescreve terapia
com tamoxifeno. A doente pergunta: “Qual a reação adversa que devo esperar com esta medicação?”
Qual das seguintes reações adversas do tamoxifeno é mais provável acontecer nesta mulher?
(A) Afrontamentos.
(B) Aumento da lubrificação vaginal.
(C) Aumento da perda óssea vertebral.
(D) Aumento da tensão arterial.
(E) Diminuição da resistência à insulina.
Tratamento
TERAPIA HORMONAL INIBIDORES DA AROMATASE
Anastrozol, letrozol e exemestano
EFEITOS ADVERSOS
• Afrontamentos
• Dores articulares
risco revertido
• Desmineralização óssea com bifosfonatos
Qual dos seguintes fármacos está mais provavelmente implicado no quadro descrito?
(A) Letrozol.
(B) Tamoxifeno.
(C) Trastuzumab.
(D) Raloxifeno.
(E) Pamidronato.
Tratamento
TERAPIA HORMONAL VIGILÂNCIA
Eco pélvica TV NÃO
indicada por rotina!
INIBIDORES
DENSITOMETRIA ÓSSEA
AROMATASE Avaliação periódica a cada 1-2A
Se Osteopenia/Osteoporose
suplementos de Cálcio/Vit D ± Bifosfonatos
Caso Clínico 12
Uma mulher de 44 anos de idade é submetida a lumpectomia e esvaziamento ganglionar após ter sido
diagnosticada com carcinoma ductal invasivo da mama direita. A lesão media 2 cm de maior eixo. As
margens foram negativas e, dos 15 gânglios ressecados, 5 mostravam invasão por células malignas. O tumor
revelou positividade para recetores hormonais e negatividade para HER-2.
Pesquisa de - BIÓPSIA
Gânglio Sentinela
+
Esvaziamento Axilar (ou Tx Neoadj)
Referenciar para fisioterapia aos
primeiros sinais de LINFEDEMA
Tratamento
Primeiro local de drenagem
PESQUISA DE GÂNGLIO SENTINELA dos linfáticos do tumor
Também utilizada em tumores T3N0, contudo, devido à elevada probabilidade de invasão gg neste contexto (75%),
a avaliação deve ser pré-cirúrgica de modo a permitir decidir sobre a necessidade de esvaziamento ganglionar
NÃO RECOMENDADA
• Adenopatia palpável
• Metástase comprovada
• Carcinoma inflamatório
• Cirurgia axilar prévia
• DCIS sem mastectomia
Injeção de radioisótopo + azul de metileno
POSITIVA
NEGATIVA
Esvaziamento ganglionar
NÃO É NECESSÁRIO
esvaziamento Pode NÃO ser necessário se…
ganglionar • mulheres mais velhas
• recetores de estrogénio positivos
• ≤2 gânglios positivos seguida de RT
LOCALMENTE
Tratamento AVANÇADO
T4 (invasão pele ou parede torácica) OU ≥ 4gg+ E M0
Podem ser:
• Simples: raramente malignos
Surgem em todas as faixas etárias!
• Complexos: por vezes malignos Pico de incidência entre os 35-50A
HORMONODEPENDENTES
Secretam leite na amamentação e involuem após a menopausa
+++ crescem até 1-2cm estabilizando depois o seu tamanho (mas podem crescer mais)
Geralmente indolores mas podem associar-se a desconforto (+++ pré-menstrual)
Podem ser:
• Normais se <1cm
• Variantes do normal – se ≤3cm 80% solitários
20% múltiplos
• Patológicos se >3cm ou múltiplos (nº >5)
Fibroadenoma Palpação: textura “borracha”,
bem definidos e móveis!
por vezes, AUTOLIMITADOS → diminuem de tamanho e deixam de ser palpáveis (+++ se <2cm)
+++ pré-menopausa
Apresentação comum: secreção mamilar unilateral (sanguinolenta ou serosa)
Dx é freq/ difícil por agulha grossa → biópsia excisional na maioria dos casos
Qual das seguintes alternativas é o método mais adequado para o rastreio de cancro da mama nesta mulher?
NEOPLASIAS DA PELE
Relevância B
MD, D, P
João Teixeira
[email protected]
Caso Clínico 1
Um homem de 52 anos, caucasiano, vem à consulta para avaliação de uma lesão pigmentada no dorso.
Refere que notou a lesão pela primeira vez há 3 meses e que, desde então, tem noção de crescimento
progressivo. Nega prurido, dor ou hemorragia associada à lesão. Sem outras queixas na revisão de sistemas.
Trabalha atualmente como professor de Biologia mas entre os 18 e os 25 anos teve um part-time como
nadador salvador. A pele e mucosas estão coradas e hidratadas. Identifica-se uma mácula na região dorsal
superior esquerda com 8 mm de maior eixo, assimétrica, com contornos irregulares e pigmentação não
uniforme.
História clínica deve incluir dados demográficos do doente (sexo, idade, fototipo), duração da lesão, evolução (crescimento, alteração da
coloração, aparecimento de ulceração/crosta), sintomas locais (hipostesia, parestesias, dor ou prurido), antecedentes pessoais (lesões
prévias e imunossupressão), antecedentes familiares (+++ cancro cutâneo), fatores de risco (exposição solar e medidas preventivas) e
revisão de sistemas (+++ sintomas constitucionais perante suspeita de lesões com alto potencial metastático).
Exame físico deve incluir inspeção de todo o tegumento e palpação da(s) lesão! Perante suspeita de lesões malignas,
sobretudo no contexto de lesão localmente avançada ou com potencial metastático, deve palpar-se as cadeias
ganglionares regionais, pesquisar organomegalias e restante exame físico de acordo com as queixas do doente.
Perante suspeita de cancro da pele deve realizar-se BIÓPSIA e avaliação anatomopatológica da lesão
Melanoma A grande maioria são lesões de novo!
APENAS 25% tem origem em lesões melanocíticas pré-existentes
Fatores de Risco
• Exposição solar
– Mais comum em indivíduos de pele clara que NÃO tendem a ficar morenos
– Intensa e intermitente, especialmente durante a infância
– Incidência correlaciona-se com a latitude de residência
– Exposição em solários também tem risco
– Exposição crónica ou ocupacional tem < risco
• Sexo masculino
• Idade - maior incidência > 55-60 anos
• Antecedentes pessoais e familiares de melanoma
• Nodular (10-15%)
• Cresce verticalmente em direção à derme, surgindo como uma lesão nodular escura
• Amelanótico – lesão de cor rosada/pele (os critérios ABCDE são pouco sensíveis) → difícil diagnóstico!
• Desmoplásico – associado a resposta fibrótica, invasão neuronal e grande tendência para recorrência local
Melanoma
MUITO AGRESSIVO e com grande capacidade metastática
• Radiação por exposição solar direta ou através de fontes artificiais (ex. solário), sobretudo, se idade jovem (infância e adolescência)
• Principalmente se indivíduo louro/ruivo, de olhos azuis/verdes, com tendência para queimadura solar ou se emprego ao ar livre
• Maioria destes tumores encontram-se em áreas fotoexpostas (+++ cabeça e pescoço)
• Imunossupressão crónica, +++ em transplante de órgão sólido (CEC >>> CBC)
• Radiação ionizante - elevado período de latência (mediana 20 anos)
• Cicatrizes de queimaduras ou ferida/úlcera crónica (úlcera de Marjolin)
• Infeção por HPV associado sobretudo a CEC anogenital (> VIH +)
• Albinismo, xeroderma pigmentoso, disqueratose congénita…
Não-Melanoma - Basocelular
É a neoplasia maligna mais comum dos
indivíduos com fotótipos baixos (I-II) ! ~
1,5 1
Queratose actínica – forma pré-maligna (transformação maligna ~20% dos casos não tratados)
• Máculas (também placas ou pápulas) hiperqueratóticas em áreas fotoexpostas
• Corno cutâneo é inespecífico mas deve ser biopsado (~15% CEC na base)
↑ capacidade de metastização
Tumores do lábio inferior e pavilhão auricular têm ↑ potencial metastático
e tumores que surjam em cicatrizes, úlceras crónicas ou superfícies
mucosas ou genitais têm ainda maior taxa de metastização
(A) Coloração.
(B) Diâmetro máximo.
(C) Espessura.
(D) Foco de hemorragia.
(E) Necrose.
Caso Clínico 4
João Teixeira
DÚVIDAS? [email protected]
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