Guia Fiscal Dupla Tributação Portugal Angola 280219
Guia Fiscal Dupla Tributação Portugal Angola 280219
Guia Fiscal Dupla Tributação Portugal Angola 280219
PORTUGAL ANGOLA
WWW.TFRA.PT | 1
O Parlamento Angolano ratifica a Convenção entre a República
Portuguesa e a República de Angola para eliminar a Dupla
Tributação em matéria de Impostos sobre o Rendimento e prevenir
a Fraude e Evasão Fiscal.
Por outro lado, e no plano político, a referida Convenção assume uma importância particular,
apresentando-se como a primeira Convenção para eliminar a Dupla Tributação em matéria
de Impostos sobre o Rendimento e prevenir a Fraude e Evasão Fiscal a celebrar pela
República de Angola e, bem assim, como um marco indelével da superação das tensões
políticas existentes, no passado, entre ambos os países.
Das principais medidas e aspetos que deverão ter maior impacto ao nível do investimento
direito internacional entre Portugal e Angola dá-se breve conta infra, como segue.
WWW.TFRA.PT | 3
Por outro lado, a referida convenção contém ainda uma cláusula residual, nos termos da
qual a interpretação e aplicação de qualquer conceito não expressamente definido por esta
deve ocorrer em consonância com o significado que lhe for atribuído nesse momento pela
legislação fiscal do Estado relevante.
Finalmente, e caso a aplicação daquelas regras não resulte na fixação de uma residência
fiscal única para o sujeito passivo, por não ser possível determinar seu centro de interesses
vitais ou local de permanência habitual, tem primazia a sua nacionalidade e, caso este não
seja Português ou Angolano, o acordo a concluir entre as autoridades de Portugal e Angola,
com vista à fixação da respetiva residência fiscal.
Ora, um dos campos em que se tornam evidentes estas concessões respeita, precisamente,
ao conceito de estabelecimento estável consagrado na Convenção Portugal – Angola, o
WWW.TFRA.PT | 4
qual, sem prejuízo da adoção do conceito introdutório tradicional de instalação fixa através
do qual seja exercida uma atividade económica é, posteriormente, objeto de uma
densificação tal que, conferindo-lhe grande abrangência, supera as construções tipicamente
realizadas ao abrigo das Convenções celebradas por Portugal, ao abrigo do referido modelo
da OCDE.
Com efeito, dispõe o n.º 3 daquele preceito que o conceito de estabelecimento estável
compreende:
WWW.TFRA.PT | 5
▪ Não celebrando habitualmente contratos em nome da empresa nem desempenhado
o referido papel preponderante, mantenha habitualmente, no segundo Estado
Contratante, um depósito de bens ou mercadorias para entrega, em nome da
referida empresa.
Finalmente, cumpre ainda referir que, nos termos da Convenção Portugal-Angola, não
preenchem o conceito de estabelecimento estável:
Não obstante o disposto, cumpre ainda salientar que, em conformidade com os mais
recentes desenvolvimentos ao nível da doutrina fiscal internacional, não são tidas como
acessórias aquelas atividades referidas nos dois primeiros pontos anteriores quando, inter
alia, da sua combinação resulte o exercício, de forma fragmentada, por várias entidades
juridicamente distintas, mas estreitamente relacionadas, de uma atividade não preparatória
ou auxiliar.
WWW.TFRA.PT | 6
principal ao Estado investidor ou exportador de capital (i.e. Estado da residência da empresa
beneficiária dos lucros, juros e dividendos), cabendo ao Estado importador de capital (i.e.,
Estado da fonte dos rendimentos) um “papel subalterno”, de competência tributária
tendencialmente limitada a uma percentagem dos rendimentos auferidos.
WWW.TFRA.PT | 7
que, de acordo com o disposto na presente Convenção (salvo na medida em que
estas disposições permitam a tributação no outro Estado Contratante unicamente
pelo facto de os rendimentos serem igualmente rendimentos obtidos por um
residente desse outro Estado), o primeiro Estado mencionado deduzirá do imposto
sobre os rendimentos desse residente uma importância igual ao imposto sobre o
rendimento pago nesse outro Estado.” A importância deduzida não poderá, contudo,
exceder a fração do imposto sobre o rendimento, calculado antes da dedução,
correspondente aos rendimentos que podem ser tributados nesse outro Estado.
▪ Mecanismo de isenção com progressividade, previsto no n.º 2 do artigo 23.º, o qual
prevê que “… quando […] os rendimentos obtidos por um residente de um Estado
Contratante estejam isentos de imposto nesse Estado, esse Estado poderá, não
obstante, ao calcular o quantitativo do imposto sobre os restantes rendimentos
desse residente, ter em conta os rendimentos isentos.”.
No que a estas normas diz respeito, cumpre salientar que, num período de 7 anos
prorrogável mediante acordo entre as autoridades tributárias de Portugal e Angola, será
aplicável a norma transitória constante do n.º 3 deste artigo, nos termos do qual,
relativamente aos residentes em Portugal, a expressão “imposto sobre o rendimento pago
em Angola” incluirá o montante do imposto que deveria ter sido pago como imposto em
Angola, mas que não o foi em virtude de isenção ou redução do ónus tributário, quando:
WWW.TFRA.PT | 8
tributária do Estado respetivo, “as autoridade competentes dos Estados Contratantes
procurarão resolver, através de acordo amigável, as dificuldades ou as dúvidas a que possa
dar lugar a interpretação ou a aplicação da Convenção [podendo também] consultar-se com
vista à eliminação da dupla tributação em casos não previstos pela Convenção. ”
Finalmente, cumpre ainda salientar que, nos termos do seu artigo 26.º, a Convenção
Portugal – Angola prevê, na esteira dos desenvolvimentos entretanto ocorridos ao nível da
tributação internacional, de um sistema de troca de informações fiscais, nos termos do qual
“as autoridades competentes dos Estados Contratantes trocarão entre si as informações
que sejam previsivelmente relevantes para a aplicação das disposições da presente
Convenção ou para a administração ou aplicação das leis internas [e, bem assim] na
prevenção e combate à evasão e elisão fiscal.”
Com vista à efetivação daquele objetivo, dispõe o n.º 4 daquele artigo que “se forem
solicitadas informações por um Estado Contratante […] o outro Estado Contratante utilizará
os poderes de que dispõe a fim de obter as informações solicitadas, mesmo que esse outro
Estado não necessite de tais informações para os seus próprios fins fiscais. ”.
Pese embora o cariz assertivo daquela norma, cumpre referir que, nos termos do disposto
no n.º 3 daquele preceito, em caso algum pode aquela redação ser interpretada no sentido
de impor, a Portugal ou Angola, as seguintes obrigações:
Não obstante o disposto, cumpre ainda salientar que nenhuma daquelas limitações pode ser
interpretadas no sentido de permitir que um Estado Contratante se recuse a fornecer tais
informações pelo simples facto de estas não se revestirem de interesse para si, no âmbito
interno.
WWW.TFRA.PT | 9
Por outro lado, a recusa de informações unicamente por estas serem detidas por bancos,
instituições financeiras, mandatários, agente ou fiduciários ou, por outro lado, por
respeitarem a direitos de propriedade de uma pessoa, não é igualmente permitida.
WWW.TFRA.PT | 10
Competência tributária
# Tipologia de rendimento Notas
Estado da residência do beneficiário Estado da fonte do rendimento
WWW.TFRA.PT | 11
Competência tributária
# Tipologia de rendimento Notas
Estado da residência do beneficiário Estado da fonte do rendimento
beneficiário efetivo seja residente do outro beneficiário efetivo localizado no Estado
Estado Contratante. Contratante da sociedade pagante.
Nos termos da referida norma, a competência
do Estado da fonte do rendimento será aplicável
nos seguintes casos:
• Alienação de bens imobiliários
localizados no seu território;
• Alienação de bens mobiliários afetos a
estabelecimento estável ou instalação
fixa de um residente de outro Estado
Contratante;
Competência ilimitada e independente da Competência ilimitada, embora dependente da • Alienação de partes de capital ou
Artigo 13.º Mais-valias
localização da fonte dos rendimentos. localização da fonte dos rendimentos. direitos similares, tais como os direitos
numa sociedade de pessoas
(partnership) ou numa estrutura
fiduciária (trust), quando, em qualquer
momento durante os 365 dias
anteriores à alienação, o valor dessas
partes de capital ou direitos similares
resulte, direta ou indiretamente e em
mais de 50%, de bens imobiliários
localizados no seu território.
Artigo 14.º Nos termos deste artigo, incluem-se neste artigo
Competência dependente da localização da quaisquer pagamentos relativos a quaisquer
fonte dos rendimentos e limitada a 5% do serviços de natureza técnica, de gestão ou de
Competência ilimitada e independente da
Honorários de serviços técnicos montante bruto de honorários, caso o respetivo consultoria, exceto quando o serviço seja pago
localização da fonte dos rendimentos.
beneficiário efetivo seja residente do outro a:
Estado Contratante. • Empregado da pessoa que faz o
pagamento;
WWW.TFRA.PT | 12
Competência tributária
# Tipologia de rendimento Notas
Estado da residência do beneficiário Estado da fonte do rendimento
• Instituições de ensino ou docentes nas
mesmas, quando os honorários sejam
devidos pela prestação de lições;
• Um individuo, quando os honorários
sejam devidos pela prestação de
serviços pessoais a outro individuo.
WWW.TFRA.PT | 13
Competência tributária
# Tipologia de rendimento Notas
Estado da residência do beneficiário Estado da fonte do rendimento
estável da entidade empregadora no
Estado da fonte dos rendimentos.
A expressão “remunerações de membros de
conselhos e gestores de topo” abrange a
remuneração, percentagens, senhas de
presença e outros rendimentos similares obtidos
por sujeitos passivos residentes de um Estado
Remunerações de membros de Competência ilimitada e independente da Competência ilimitada, embora dependente da
Artigo 16.º Contratantes na qualidade de membro do
conselhos e gestores de topo localização da fonte dos rendimentos. localização da fonte dos rendimentos.
conselho de administração, conselho fiscal ou
órgão análogo de uma sociedade residente de
outro Estado Contratante (Estado da fonte dos
rendimentos) e, bem assim, na qualidade de
gestores de topo dessas mesmas entidades.
Sem prejuízo do disposto nos artigos 7.º, 14.º e
15.º, os rendimentos decorrentes da atividade
exercida pessoalmente pelos profissionais de
espetáculos ou desportistas, atuando nessa
qualidade, atribuídos a uma outra pessoa
(singular ou coletiva), podem sem tributados no
Estado Contratante em que são exercidas essas
Competência ilimitada, embora dependente de Competência ilimitada, embora dependente da atividades.
Artigo 17.º Artistas e desportistas
um conjunto de requisitos. localização da fonte dos rendimentos.
Por seu turno, a competência tributária do
Estado da residência do beneficiário depende
da circunstância de as atividades exercidas no
Estado da fonte do rendimento serem
financiadas principalmente por fundos públicos
deste Estado, por uma sua subdivisão política
ou administrativa ou autarquia local, ou, ainda,
WWW.TFRA.PT | 14
Competência tributária
# Tipologia de rendimento Notas
Estado da residência do beneficiário Estado da fonte do rendimento
por qualquer das suas pessoas coletivas de
direito público.
WWW.TFRA.PT | 15
Competência tributária
# Tipologia de rendimento Notas
Estado da residência do beneficiário Estado da fonte do rendimento
residência para efeitos fiscais que não se tenha
tornado residente fiscal nesse Estado
unicamente com o fim de prestar os ditos
serviços, caso em que a competência tributária
pertence, exclusivamente, a este Estado
(Estado da residência do beneficiário).
Nos termos deste regime, um residente para
efeitos fiscais num Estado Contratante que se
desloque para outro Estado Contratante com
vista a aí ensinar ou realizar investigação
científica numa universidade, colégio, escola ou
outra instituição similar de ensino ou de
investigação científica reconhecida pelo
Competência ilimitada e independente da Não tem competência tributária, mediante a
Artigo 20.º Professores e investigadores Governo desse Estado ou no âmbito de
localização da fonte dos rendimentos. verificação de um conjunto de requisitos.
programa oficial de intercâmbio cultural
beneficia de uma isenção de tributação no
Estado da fonte das remunerações que aufira
em decorrência dessas funções, desde que a
estadia não se prolongue por mais de dois anos,
a contar da data da primeira chegada ao
respetivo Estado Contratante.
As importâncias destinadas a fazer face às
despesas com manutenção de residência,
Competência ilimitada, embora dependente da estudos ou formação incorridas por um
Competência ilimitada, embora dependente da
Artigo 21.º Estudantes localização da fonte dos rendimentos e de um residente de um Estado Contratante que se
localização da fonte dos rendimentos.
conjunto de requisitos adicionais. estabeleça noutro Estado Contratante para aí
prosseguir os seus estudos ou a sua formação
não serão tributadas no segundo Estado, desde
WWW.TFRA.PT | 16
Competência tributária
# Tipologia de rendimento Notas
Estado da residência do beneficiário Estado da fonte do rendimento
que provenham de fontes situadas fora desse
Estado.
WWW.TFRA.PT | 17
PORTUGAL
Lisboa
Av. da República 32 - 4.º Esq.
1050-193 Lisboa
T +351 217 815 660
F +351 217 815 679
[email protected]
Funchal
Av. do Infante 8, Edifício Executivo
2.º Andar, Sala K
9000-060 Funchal – Madeira
T +351 291 202 400
F +351 291 237 188
WWW.TFRA.PT | 18