4-Texto Do Artigo-79-1-10-20181012
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IDADE
INTRODUÇÃO
Neste sentido, devemos destacar o novo caminho da profissão, voltando-se mais para o
cuidado ao paciente, destacando as resoluções nº 585/2013-CFF, que dispôs sobre as atribuições
clínicas do farmacêutico, nº 586/2013-CFF que regulariza a prescrição farmacêutica no Brasil, as
quais fortaleceram os serviços farmacêuticos previstos na Resolução nº 357/2001, para a melhora da
qualidade da assistência à saúde, contribuindo principalmente com a diminuição diária de riscos
causados pela automedicação e racionalização do uso do medicamento (10,11,12).
OBJETIVO
MÉTODO
A amostra foi constituída por pacientes assistidos por uma Unidade Básica de Saúde usuários
de Sinvastatina e que aceitaram por livre e espontânea vontade participar do estudo, no período de
agosto a novembro de 2016.
Os pacientes que aceitaram participar foram inclusos no estudo, entrevistados e responderam a
um questionário semiestruturado com perguntas abertas e fechadas. Alguns pacientes foram
Revista Científica Ágape. v1, 1ª edição, 2018.
entrevistados nas dependências da Unidade Básica de Saúde e outros em dias e horários marcados
em suas residências.
Na entrevista foram feitas perguntas sobre seu histórico clinico e dados sobre os tratamentos
realizados pelo paciente atualmente e no passado. Após a entrevista, as informações obtidas foram
registradas e avaliadas posteriormente.
Os dados foram organizados em planilha no Microsoft Excel relativos às questões fechadas. As
respostas das questões abertas foram agrupadas em categorias de acordo com as respectivas
similaridades. Os resultados foram analisados em frequências simples e absolutas. Após a entrevista,
as informações obtidas foram registradas e avaliadas posteriormente, quanto à existência ou não de
PRMs.
O Projeto foi elaborado de acordo com a Resolução nº 340/2004 do Conselho Nacional de
Saúde, submetido e aprovado pelo Comitê Permanente de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da
Universidade. De acordo com a Resolução nº 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde foi obtida a
autorização de todos os colaboradores do estudo por meio de Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido.
RESULTADO E DISCUSSÃO
A faixa etária do estudo variou de 61 a 87 anos. Muitos não estão cientes sobre a terapia que
realizam, e não tem nenhuma pessoa próxima que possa auxiliá-los, o que leva a uma dificuldade na
adesão aos tratamentos. Isso fez com que houvesse uma maior preocupação em relação a esse público.
Os dados presentes mostram que a maioria dos pacientes selecionados são casados, 76% (19),
havia 1 divorciado (4%) e 5 viúvos (20%) . Quando o casal utiliza medicamentos, há uma maior
adesão do tratamento, pois um pode auxiliar o outro. Foi observado que em muitos casos a esposa se
torna responsável por auxiliar o marido na administração dos medicamentos. O principal exemplo
encontrado foi um paciente de 63 anos, que há quatro anos foi vítima de um AVC. O paciente ficou
com o lado esquerdo do corpo paralizado e hoje depende totalmente de sua esposa para levá-lo até a
unidade de saúde e adquirir todos os seus medicamentos de uso contínuo. A esposa também era a
responsável por organizar todos os horários de administração de seus medicamentos. Os casais foram
orientados a manter seus medicamentos separados, para que os fármacos de um não se misturem com
os do outro e isso possa resultar em desorientação na hora de administrar, pois foi notado que muitos
A maioria dos participantes do estudo é formada por aposentados (17 - 68%) e do lar (6 - 24%)
estando fora do mercado de trabalho, e apenas 2 (8%) estavam ativos em alguma profissão. Um estudo
realizado por pesquisadores de Minas Gerais demonstra que idosos que exercem alguma atividade de
trabalho após a aposentadoria, que não envolva uma rotina estressante, apresentam melhores
indicadores de saúde mental e consequentemente saúde física, do que aqueles que estão inativos
profissionalmente (16). Por serem aposentados, os pacientes em geral se mostraram mais dispostos a
cuidar da saúde, a maioria faz acompanhamento com a equipe da UBS de três em três meses, e aqueles
com a saúde mais frágil, a cada dois meses. Isso é um ponto muito positivo, pois a cada
acompanhamento feito os pacientes fazem exames de rotina, garantindo assim um acompanhamento
continuo.
Diabetes apenas 1 4%
Hipotireoidismo 5 20%
Total 25 100%
Outra questão importante é o fato de que apenas 3 (12%) dos 25 pacientes não utilizam o
medicamento omeprazol. A maioria informou que utilizava para prevenção de gastrite e dores
estomacais, e não porque tinham necessariamente a gastrite. Apenas um paciente atribuiu dores
estomacais ao uso de sinvastatina.
Os pacientes com diabetes, hipertensão, dislipidemias e alto índice de Massa Corporal (IMC)
podem se enquadrar na Sindrome Metabólica. Tal síndrome é responsável por desencadear as doenças
cardiovasculares e deve ser tratada corretamente principalmente em pacientes da terceira idade. O
ideal seria combinar o uso de medicamentos com medidas não farmacológicas (dieta e exercícios).
De acordo com seus hábitos de vida e cuidados com a saúde temos que 40% realizavam apenas
cuidados com a alimentação, 28% além de cuidarem da alimentação se exercitavam e 32% não
praticavam atividades fisicas e também não cuidavam da alimentação.
Figura 1 – Pacientes em uso de sinvastatina atendidos na Unidade Básica de Saúde, segundo cuidados
com a saúde.
7 (28%)
Realizam apenas cuidados
com a alimentação
Se exercitam e cuidam da
8 (32%)
alimentação
Não se exercitam e não
cuidam da alimentação
10 (40%)
O estilo de vida dos pacientes está diretamente ligado aos seus níveis plasmáticos de lipídeos.
A prática de exercícios físicos é estimulada como medida profilática e terapêutica das doenças
cardiovasculares (18).
Quanto à alimentação notou-se uma maior preocupação por parte dos pacientes. 17 relataram
que tomam algum tipo de cuidado, geralmente por orientações médicas. Promover uma dieta saudável
é uma tarefa complexa e multiprofissional, pois envolve influência cultural e socioeconômica, isso
(19)
dificulta que o indivíduo se comprometa a mudar seus hábitos . O que se conclui disso, a
importância dos profissionais da saúde na orientação e conscientização dos pacientes sobre os riscos
de uma alimentação rica em gordura animal, açúcar, frituras, refrigerante.
Outro fator importante é o tabagismo, dos entrevistados 19 (76%) eram não fumantes, 5 (20%)
eram ex-fumantes e 1 (4%) era fumante. Em geral os pacientes se mostraram moderados quanto ao
uso de tabaco. Todos os que são ex-fumantes alegaram ter abandonado o vício há vários anos. Apenas
uma paciente, ainda é fumante ativa. Isso mostra certa conscientização por parte da população idosa
quanto aos malefícios do cigarro. Mesmo assim, a paciente fumante foi orientada sobre os riscos do
vício, pois já havia sofrido um pequeno AVC.
Tabela 2 – medicamentos utilizados pelos pacientes atendidos na Unidade Básica de Saúde, segundo
interação com sinvastatina.
Amiodarona Grave 1
Anlodipino Grave 7
Carbamazepina Grave 1
Diltiazem Grave 1
Digoxina Moderada 1
Dentro da terapia farmacológica realizada por cada um dos 25 pacientes, foram encontradas
de acordo com MICROMEDEX®, 48 interações medicamentosas diferentes. Como a maiora dos
pacientes são idosos, os efeitos adversos e interações medicamentosas podem ser mais evidentes
nesses pacientes. Assim os profissionais médicos, farmacêuticos e enfermeiros devem estar atentos e
preparados aos possíveis eventos clínicos que possam ocorrer com o paciente, de acordo com a terapia
associada.
Grande parte dos pacientes utilizava algum fármaco para combater efeitos adversos causados
pelos outros medicamentos. O principal exemplo encontrado no estudo é o Omeprazol. 22 (88%)
pacientes são usuários contínuos do Omeprazol, utilizando-o para combater os desconfortos
estomacais causados pela associação de vários medicamentos.
Segundo cuidados na administração e adesão de seus medicamentos, temos que 32% (8) se
esquecem de tomar um ou mais dos medicamentos que compõem a sua terapia e 20% (5) se esquecem
de tomar e/ou administram incorretamente um ou mais de seus medicamentos. 8% (2) não se
esquecem de tomar, mas administram incorretamente um ou mais de seus medicamentos e a maioria
(40% - 10), administram na posologia correta e não se esquecem de tomar.
De acordo com as informações obtidas em nosso estudo, 15 pacientes não tomam seus
medicamentos de maneira correta e racional. O uso incorreto pode levar a ineficácia do tratamento e
maior risco de problemas relacionados a medicamento.
As orientações foram passadas aos pacientes nos quais foram encontradas interações
medicamentosas graves e/ou problemas na adesão e realização do tratamento. Pacientes que
administravam um ou mais de seus medicamentos de maneira incorreta foram conscientizados sobre
a execução correta de sua terapia. Os pacientes que tem uma ou mais interação grave em seu
tratamento foram informados sobre a gravidade do evento, onde lhes foi entregue uma ficha em que
consta a posologia correta de todos os seus medicamentos e as principais interações medicamentosas
encontradas.
Com a ficha em mãos, os pacientes foram orientados a procurar seu médico e informá-lo sobre
os problemas encontrados em seu tratamento.
O que mais chamou a atenção foi o desconhecimento dos pacientes sobre os seus
medicamentos e, muitas vezes, o descaso com o próprio tratamento, além disso, os médicos
dificilmente buscam saber sobre interações medicamentosas e efeitos adversos, pois em apenas 2 dos
25 pacientes não foram encontradas interações, e 9 pacientes têm interações do tipo grave em seu
tratamento. Mesmo assim apenas 2 pacientes relataram efeitos adversos com algum medicamento.
Foram encontrados neste trabalho todos os PRMs de necessidade, eficácia, segurança e adesão
nos pacientes entrevistados, mostrando a real necessidade da presença dos profissionais
farmacêuticos nas UBSs e da atuação dos mesmos no cuidado dos pacientes.
REFERÊNCIAS:
1. Robbins & Cotran. Patologia: Bases patológicas das doenças. 9ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2016.
2. Rang HP, Dale MM. Farmacologia. 7º ed. São Paulo: Elsevier, 2011.
3. Oana CC, Bucur A, Dana SBE, Dragomir A, Gaita D, Mancas S. Cardiovascular Lipid Risk
Factors and Rate of Cardiovascular Events After Myocardial Revascularization. International
Journal of Cardiovascualr Science. 2017, 30(1):4-10. DOI: 10.5935/2359-4802.20170015.
4. Guedes DP, Gonçalves LAVV. Impacto da prática habitual de atividade física no perfil
lipídico de adultos. Arquivo Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia. 2007, 51(1), 1677-
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5. Cesena FHY, Laurinavicius AG, Valente VA, Conceição RD, Santos RD, Bittencourt MS
Cardiovascular Risk Stratification and Statin Eligibility Based on the Brazilian vs. North
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2017,108(6): 508-517. DOI:10.5935/abc.20170088.