Dipu - Aula 2

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 4

Direito Internacional Público (DIPU)

Aula 2 - (03/2023)

1. Sentido e fundamento do Direito Internacional

Diversas correntes doutrinárias procuram explicar o


fundamento do direito internacional, isto é, a origem da
sua obrigatoriedade.

A mais consagrada é a doutrina que o identifica no


consentimento, tradicionalmente expresso no princípio pacta
sunt servanda ("os acordos devem ser cumpridos", em latim):
um Estado é obrigado no plano internacional apenas se tiver
consentido em vincular-se juridicamente. Isto é válido até
mesmo para o princípio majoritário, que não é
automaticamente aplicável ao direito internacional - no
âmbito de uma organização internacional, por exemplo, os
Estados estão obrigados a aceitar uma decisão que lhes for
contrária, tomada por maioria, apenas se tiverem acatado
previamente esta forma decisória.

2. Conceito do DIP

Direito Internacional é o conjunto de normas que regula as


relações externas dos atores que compõem a sociedade
internacional.[1] Estes atores, chamados sujeitos de direito
internacional, são, principalmente, os Estados nacionais,
embora a prática e a doutrina reconheçam também outros
atores, como as organizações internacionais.

Alguns autores distinguem entre o direito internacional


racional ou objetivo, de um lado, e o direito internacional
positivo, de outro.

O primeiro aspecto compreende os princípios de justiça que


governam as relações entre os povos, enquanto que o
segundo vem a ser o direito concretamente aplicado,
proveniente dos acordos entre os sujeitos de direito
internacional e de fatos jurídicos consagrados por prática
reiterada. O direito internacional racional funcionaria,
portanto, como norma inspiradora e fundamento para o
direito internacional positivo.

O direito internacional (por vezes também chamado de direito


internacional público) não deve ser confundido com a
disciplina jurídica do direito internacional privado.

Ao longo da história, empregaram-se diversas denominações


para designar o ramo do direito que regula o relacionamento
entre os Estados. Os romanos utilizavam a expressão ius
gentium (latim para "direito das gentes" ou "direito dos
povos"), retomada por Isidoro de Sevilha e Samuel Pufendorf.
Francisco de Vitória preferia o termo ius inter gentes (latim
para "direito entre as gentes" ou "entre os povos").

Foi Jeremy Bentham quem cunhou a expressão international


law, em sua obra "An Introduction to the Principles of Morals
and Legislation". Ao verter o livro para o francês, Étienne
Dumont traduziu a expressão como droit international, e esta
foi adotada nos diversos idiomas – por exemplo, "direito
internacional", em português. A rigor, em francês e em
português, o termo "internacional" não é exato, pois não se
trata de regular o relacionamento entre nações, mas sim
entre Estados.

A qualificação "público", encontrada na expressão direito


internacional público, é usada para diferenciar este ramo do
direito da disciplina dedicada ao estudo do conflito de leis no
espaço ("direito internacional privado"). Convém ter em
mente, porém, que "direito internacional" e "direito
internacional público" são frequente e corretamente utilizados
como sinônimos.

Natureza da norma jurídica internacional

Como ensina a ciência política, o Estado é dotado de


soberania, e esta se manifesta de duas maneiras, segundo o
âmbito de aplicação.

a) Na vertente interna de aplicação da soberania: o


Estado encontra-se acima dos demais sujeitos de
direito, constituindo-se na autoridade máxima em seu
território;

b) Na vertente externa: vigora o princípio da igualdade


jurídica do Estado, ou seja, o Estado está em pé de
igualdade com os demais Estados soberanos que
constituem a sociedade internacional.

Esta dicotomia entre as vertentes interna e externa do âmbito


de aplicação da soberania do Estado reflete-se, também, na
natureza da norma jurídica, conforme seja de direito interno
ou de direito internacional.

a) No direito interno: a norma emana do Estado ou é por


este aprovada. O Estado impõe a ordem jurídica interna
e garante a sanção em caso de sua violação (relação de
subordinação).

b) No direito internacional: Neste, os Estados são


juridicamente iguais (princípio da igualdade jurídica dos
Estados) e, portanto, não existe uma entidade central e
superior ao conjunto de Estados, com a prerrogativa de
impor o cumprimento da ordem jurídica internacional e
de aplicar uma sanção por sua violação.

Os sujeitos de direito (os Estados), aqui, diferentemente


do caso do direito interno, produzem, eles mesmos,
diretamente, a norma jurídica que lhes será aplicada
(por exemplo, quando um Estado celebra um tratado), o
que constitui uma relação de coordenação. O direito
internacional é, portanto, sui generis, peculiar, entre os
ramos do direito.

Discute-se se existe uma hierarquia das normas de direito


internacional, se um tipo de norma seria superior a (e
portanto prevaleceria contra) outro tipo de norma. Embora
alguns juristas reconheçam, por exemplo, a superioridade
dos princípios de direito internacional (tais como os
princípios da igualdade jurídica dos Estados e da não-
intervenção), grande parte dos estudiosos entende que
inexiste hierarquia.
Os conceitos de ato ilícito (violação de uma norma jurídica) e
de sanção (penalidade imposta em consequência do ato
ilícito) existem no direito internacional, mas sua aplicação
não é tão simples como no direito interno. Na ausência de
uma entidade supraestatal, a responsabilidade internacional
e a consequente sanção contra um Estado dependem da ação
coletiva de seus pares.

Você também pode gostar