Direito Internacional Publico Job

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Índice
Introdução........................................................................................................................................4
I.NORMAS DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO..........................................................5
1.1.Direito Internacional..................................................................................................................5
1.1.1.Direito Internacional Público..................................................................................................5
1.1.2.Natureza da Norma Jurídica Internacional.............................................................................6
1.1.3.Relação entre o Direito Internacional Público e o Direito Interno.........................................7
1.1.4.Personalidade Jurídica Internacional......................................................................................8
1.1.4.1.Estados.................................................................................................................................9
1.1.4.1.1.Reconhecimento de Estado e de Governo........................................................................9
1.1.5.Organizações Internacionais.................................................................................................11
1.1.6.Fontes do Direito Internacional Público...............................................................................11
1.1.6.1.Tratados.............................................................................................................................12
1.1.6.2.Costume.............................................................................................................................12
1.1.7.Princípios Gerais de Direito Internacional Público..............................................................13
1.1.8.Actos Unilaterais..................................................................................................................14
1.1.8.1.Decisões das Organizações Internacionais........................................................................14
1.1.8.2.Domínio Público Internacional..........................................................................................14
Conclusão......................................................................................................................................15
Referências bibliográficas.............................................................................................................16
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Introdução
Durante o decorrer do trabalho pretende-se debruçar sobre as Normas do Direito Internacional
Publico. Espera-se que a experiência decorrente da aplicação desse trabalho possa promover
importantes ajustes ao longo do tempo, sobretudo, na necessidade de introdução de métodos e
procedimentos que sejam determinantes para a modernização da gestão governamental. O
sucesso de todo e qualquer manual de padronização, ou de regras, depende, preponderantemente,
do bom-senso de quem o utiliza, pois o perigo das regras está na sua interpretação. Este trabalho
não substitui o conhecimento da legislação que afecta ao mesmo, seu êxito não depende do bom
nível cultural de quem irá manuseá-lo, mas, e principalmente, da sensibilidade e humildade do
seu consultante.

Para a concretização do presente trabalho os autores baseiam-se em algumas fontes


bibliográficas, electrónicas em que os autores estão citados nas referências bibliográficas. E
como estrutura o trabalho apresenta a seguinte, primeiramente, os elementos pré-textuais; o
desenvolvimento do trabalho, organizado em títulos e subtítulos; e os elementos pós-textuais.
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I. NORMAS DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

I.1. Direito Internacional

De acordo com BAPTISTA (1997:643),

“Direito Internacional é o conjunto de normas que regula as relações


externas dos atores que compõem a sociedade internacional. Estes
atores, chamados sujeitos de direito internacional, são, principalmente,
os Estados nacionais, embora a prática e a doutrina reconheçam
também outros atores, como as organizações internacionais”.

Segundo ARAUJO (2001:223), “Direito Internacional é o conjunto de princípios e normas,


sejam positivados ou costumeiros, que representam direito e deveres aplicáveis no âmbito
internacional (perante a sociedade internacional) ”.

O direito internacional não é dotado da mesma coerção existente no prisma interno dos Estados,
mas estes princípios e normas são aceitos quase que universalmente, incidindo sobre:

a) Entre Estados diferentes;


b) Entre Estados e Nacionais de outros Estados;
c) Entre Nacionais de Estados diferentes;
d) Entre Estados e Organismos Internacionais.

Alguns autores distinguem entre o direito internacional racional ou objectivo, de um lado, e o


direito internacional positivo, de outro. O primeiro aspecto compreende os princípios de justiça
que governam as relações entre os povos, enquanto o segundo vem a ser o direito concretamente
aplicado, proveniente dos acordos entre os sujeitos de direito internacional e de fatos jurídicos
consagrados por prática reiterada. O direito internacional racional funcionaria, portanto, como
norma inspiradora e fundamento para o direito internacional positivo.

O direito internacional (por vezes também chamado de direito internacional público) não deve
ser confundido com a disciplina jurídica do direito internacional privado.

I.1.1. Direito Internacional Público


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Segundo ARAUJO (2001:224), “O direito internacional trata destas relações e deste âmbito
normativo, que pode ser positivado ou costumeiro (costumes) e denomina-se Direito
internacional público quando trata das relações jurídicas (direitos e deveres) entre Estados”.

De acordo com BAPTISTA (1997:644),

“Direito internacional público consiste no sistema normativo que rege


as relações exteriores entre os atores internacionais. O arcabouço
jurídico que norteia as relações exteriores entre os sujeitos que
integram a sociedade é o que se pode denominar de direito
internacional público. É o Ramo da ciência jurídica que visa regular as
relações internacionais com o fim precípuo de viabilizar a convivência
entre os integrantes da sociedade internacional”.

I.1.2. Natureza da Norma Jurídica Internacional

Como ensina a ciência política, o Estado é dotado de soberania, e esta se manifesta de duas
maneiras, segundo o âmbito de aplicação. Na vertente interna de aplicação da soberania, o
Estado encontra-se acima dos demais sujeitos de direito, constituindo-se na autoridade máxima
em seu território. Na vertente externa, por outro lado, o Estado está em pé de igualdade com os
demais Estados soberanos que constituem a sociedade internacional.

De acordo com ARAUJO (2003:212),

“Esta dicotomia entre as vertentes interna e externa do âmbito de


aplicação da soberania do Estado reflecte-se, também, na natureza da
norma jurídica, conforme seja de direito interno ou de direito
internacional. No direito interno, a norma emana do Estado ou é por
este aprovado. O Estado impõe a ordem jurídica interna e garante a
sanção em caso de sua violação (relação de subordinação) ”.

O mesmo não acontece no direito internacional. Neste, os Estados são juridicamente iguais
(princípio da igualdade jurídica dos Estados) e, portanto, não existe uma entidade central e
superior ao conjunto de Estados, com a prerrogativa de impor o cumprimento da ordem jurídica
internacional e de aplicar uma sanção por sua violação. Os sujeitos de direito (os Estados), aqui,
diferentemente do caso do direito interno, produzem, eles mesmos, directamente, a norma
jurídica que lhes será aplicada (por exemplo, quando um Estado celebra um tratado), o que
constitui uma relação de coordenação. O direito internacional é, portanto, sui generis, peculiar,
entre os ramos do direito.
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Discute-se se existe uma hierarquia das normas de direito internacional, se um tipo de norma
seria superior a (e portanto prevaleceria contra) outro tipo de norma. Embora alguns juristas
reconheçam, por exemplo, a superioridade dos princípios de direito internacional (tais como os
princípios da igualdade jurídica dos Estados e da não-intervenção), grande parte dos estudiosos
entende que inexiste hierarquia.

Os conceitos de ato ilícito (violação de uma norma jurídica) e de sanção (penalidade imposta
em consequência do ato ilícito) existem no direito internacional, mas sua aplicação não é tão
simples como no direito interno. Na ausência de uma entidade supre estatal, a responsabilidade
internacional e a consequente sanção contra um Estado dependem da acção colectiva de seus
pares.

I.1.3. Relação entre o Direito Internacional Público e o Direito Interno

Os juristas discutem a possibilidade de conflito entre o direito interno de um determinado país e


o direito internacional e, em caso afirmativo, qual das duas ordens jurídicas deveria prevalecer.

De acordo com ARAUJO (2003:212), três sistemas básicos são reconhecidos, quanto ao
relacionamento entre o direito internacional e o direito interno de determinado Estado:

 Dualismo (o direito internacional e o direito interno são completamente independentes e


a validade da norma de um não depende do outro).

Segundo a doutrina dualista, para que uma norma internacional seja aplicada na ordem interna de
um Estado, este deve primeiramente transformá-la em norma de direito interno, incorporando-a
ao seu ordenamento jurídico doméstico. Esta doutrina costuma ser chamada de teoria da
incorporação.

Segundo esta teoria, não existiria a possibilidade de conflito entre as duas ordens jurídicas, por
serem completamente independentes.

 Monismo com supremacia do direito internacional (a ordem jurídica é uma só, mas as
normas de direito interno devem ajustar-se ao direito internacional).

A doutrina do monismo com supremacia do direito internacional, formulada por Hans


Kelsen, Alfred Verdross, Léon Duguit e outros, não acata a existência de duas ordens jurídicas
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independentes, afirmando haver apenas um único ordenamento jurídico, no qual o direito


internacional é considerado superior ao direito interno. Baseando-se na pirâmide normativa
kelseniana, os proponentes entendem que a norma fundamental (no vértice da pirâmide) seria
uma regra de DI, pacta sunt servanda, da qual derivariam sua validade as demais. Segundo os
seus defensores, não seria possível o conflito entre o direito internacional e o direito interno, pois
prevaleceria a norma hierarquicamente superior (no caso, o DI).

 Monismo com supremacia do direito interno (uma única a ordem jurídica, mas as
normas de direito internacional devem ajustar-se ao direito interno).

Com raízes no hegelianismo, esta teoria entende que o Estado é dotado de soberania absoluta e
que, portanto, somente se sujeita a um sistema jurídico que emane de si próprio. O direito
internacional derivaria sua obrigatoriedade do direito interno, e o fundamento daquele seria
apenas a autolimitação do Estado. Tal como no caso anterior, esta teoria enxerga a existência de
uma única ordem jurídica, mas identifica-a com a interna - o direito internacional seria
simplesmente a continuação do direito interno, aplicado às relações exteriores do Estado.
Esposaram esta doutrina Georg Jellinek, Georges Burdeau e os juristas soviéticos.

I.1.4. Personalidade Jurídica Internacional

De acordo com ARAUJO (2003:212),

“Consideram-se sujeitos de direito internacional as entidades capazes


de adquirir direitos e contrair obrigações no plano internacional, bem
como de reivindicar os seus direitos no plano internacional. Os
principais contextos nos quais a questão da personalidade internacional
é discutida são a capacidade de reivindicar direitos frente à violação do
direito internacional, a capacidade de celebrar tratados e o gozo
de privilégios e imunidades de jurisdição estatal”.

Nestes três principais contextos, o nação emerge como o principal actor no cenário internacional
e, por conseguinte, o mais importante sujeito de direito internacional. Mas há outros atores que,
ao dispor de algumas daquelas capacidades, são vistos como detentores de personalidade
internacional, embora em menor grau. O maior exemplo, neste caso, são as organizações
internacionais (intergovernamentais) que, sob certas condições, podem exercer direitos e contrair
obrigações internacionais e são, portanto, sujeitos de direito internacional.
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A estes dois exemplos "normais" de sujeitos de direito internacional, acrescentam-se outros, que
podem eventualmente deter alguma medida (em geral reduzida) de personalidade internacional,
como certos povos sem autogoverno, movimentos de liberação nacional, beligerantes,
insurgentes e entidades sui generis (neste último caso, são exemplos a Santa Sé e Ordem
Soberana e Militar de Malta). Concretamente, o reconhecimento e a aquiescência podem
sustentar no plano internacional uma entidade que, considerada anómala, mantém uma rede de
relações jurídicas internacionais.

Alguns estudiosos entendem que o indivíduo também seria modernamente um sujeito de direito
internacional, ao argumento de que diversas normas internacionais criam direitos e deveres para
as pessoas naturais. Outros, porém, preferem não o classificar como tal, para evitar a implicação
de capacidades de que o indivíduo na verdade não dispõe na arena internacional.

I.1.4.1. Estados

Os Estados soberanos são os principais sujeitos de direito internacional, tanto do ponto de vista
histórico quanto do funcional, já que é por sua iniciativa que surgem outros sujeitos, como as
organizações internacionais.

A ciência política, de acordo com Jellinek, aponta três elementos indispensáveis à existência do
Estado e, em consequência, à sua personalidade internacional, a saber:

 População;
 Território; e
 Governo.

Ademais dos elementos constitutivos mencionados acima, o Estado, para ser pessoa
internacional, deve possuir soberania, isto é, o direito exclusivo de exercer a autoridade política
suprema sobre o seu território e a sua população. Ver o capítulo Natureza da norma jurídica
internacional.

I.1.4.1.1. Reconhecimento de Estado e de Governo

O reconhecimento de Estado é um acto unilateral, expresso ou tácito, pelo qual um Estado


constata a existência de um outro Estado na ordem internacional, dotado de soberania, de
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personalidade jurídica internacional e dos demais elementos constitutivos do Estado. O


reconhecimento é indispensável para que o novo Estado se relacione com seus pares na
comunidade internacional.

Em geral, o direito internacional exige o cumprimento de três requisitos para que um Estado seja
reconhecido por outros:

 Que seu governo seja independente, inclusive no que respeita à condução da política
externa;
 Que o governo controle efectivamente o seu território e população e cumpra as suas
obrigações internacionais; e
 Que possua um território delimitado.

Os juristas debatem a natureza jurídica do reconhecimento de Estado. Alguns pensam que se


trata de um ato constitutivo - a personalidade internacional do Estado surgiria a partir do
reconhecimento - e outros, de um ato declaratório apenas - o Estado seria preexistente ao
reconhecimento, que é simplesmente uma constatação de sua existência. A prática e grande parte
dos juristas são favoráveis à teoria declaratória.

O reconhecimento de Estado é retroactivo, incondicional e irrevogável, mesmo em face do


rompimento de relações diplomáticas.

De acordo com ARANA& CACHAPUZ (2007:271),

“Já o reconhecimento de governo por outros Estados ocorre sempre que


um novo governo (isto é, um novo grupo político) assume o poder em
um Estado com a violação de seu sistema constitucional. É uma
maneira pela qual os demais Estados declaram qual o governo do país
em questão, em especial quando há revoluções que tornam o quadro
político confuso, e pressionam o novo governo a cumprir com as
obrigações internacionais assumidas pelo governo anterior em nome do
seu Estado. Não é acto obrigatório para os demais Estados”.

São pré-requisitos para que um novo governo seja reconhecido:

 Efectividade, isto é, controle da máquina do Estado e obediência civil;


 Cumprimento das obrigações internacionais do Estado;
 Surgimento do novo governo conforme as regras do direito internacional: forma de
impedir o reconhecimento de um governo imposto por intervenção estrangeira.
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Os efeitos do reconhecimento do governo são os seguintes:

 Estabelecimento de relações diplomáticas: embora um Estado possa reconhecer o


governo de outro mas romper relações diplomáticas, estas tendem a seguir-se ao
reconhecimento;
 Imunidade de jurisdição do novo governo perante outros Estados;
 Legitimidade para ser parte em tribunal estrangeiro; e
 Admissão, pelo Estado que reconhece, da validade dos actos do novo governo.

I.1.5. Organizações Internacionais

Segundo ALMEIDA (1995:325),

“Conceitua-se como organização internacional uma associação


voluntária de sujeitos de direito internacional (quase sempre Estados),
constituída mediante ato internacional (geralmente um tratado), de
carácter relativamente permanente, dotada de regulamento e órgãos
de direcção próprios, cuja finalidade é atingir os objectivos comuns
determinados por seus membros constituintes”.

As organizações internacionais, uma vez constituídas, adquirem personalidade internacional


independente da de seus membros constituintes, podendo, portanto, adquirir direitos e contrair
obrigações em seu nome e por sua conta, inclusive por intermédio da celebração de tratados com
outras organizações internacionais e com Estados, nos termos do seu ato constitutivo.
A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados entre Estados e Organizações Internacionais
ou entre Organizações Internacionais, de 1986, buscou disciplinar as normas de direito
internacional aplicável ao poder convencional das organizações internacionais.

Nos termos de seu ato constitutivo, as organizações internacionais possuem o direito de legação,
podendo manter relações diplomáticas com outros sujeitos de direito internacional. Em geral,
tanto o direito de legação activo (enviar representante) como o passivo (recebê-lo) são exercidos
por meio de observadores. No caso do direito de legação passivo, a organização internacional
pode celebrar tratados ("Acordos de Sede") com o Estado em cujo território está localizada, de
maneira a estender, aos observadores que recebe, privilégios e imunidades.
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I.1.6. Fontes do Direito Internacional Público

Denominam-se fontes do direito internacional os modos pelos quais a norma jurídica se


manifesta, isto é, os fatos e actos que produzem uma norma jurídica internacional.

Segundo ALMEIDA (1995:325), As fontes do direito internacional são:

 Os tratados ou convenções internacionais;


 O costume;
 Os princípios gerais de direito, comuns às nações civilizadas;
 A jurisprudência;
 A doutrina e
 A equidade como instrumentos de interpretação e integração do direito internacional.

Existem ainda duas outras fontes:

 Os actos unilaterais e
 As deliberações das organizações internacionais.

Não há ordem hierárquica entre as fontes de direito internacional, ao contrário do que ocorre em
diversos direitos nacionais.

I.1.6.1. Tratados

De acordo com ACCIOLY (1957:874), “O tratado é um acordo resultante da convergência das


vontades de dois ou mais sujeitos de direito internacional, formalizada num texto escrito, com o
objectivo de produzir efeitos jurídicos no plano internacional”.

Em outras palavras, o tratado é um meio pelo qual sujeitos de direito internacional –


principalmente os Estados nacionais e as organizações internacionais – estipulam direitos e
obrigações entre si.

De acordo com ACCIOLY (1957:874),

“Os tratados assentam-se sobre princípios costumeiros bem


consolidados e, desde o século XX, em normas escritas, especialmente
a Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados (CVDT), de 1969.
Dentre estes princípios, destacam-se o princípio lógico-jurídico pacta
sunt servanda (em latim, "os acordos devem ser cumpridos") e o
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princípio do cumprimento de boa-fé. Outra Convenção de Viena,


de 1986, regula o direito dos tratados celebrados entre Estados e
organizações internacionais, e entre estas”.

I.1.6.2. Costume

Segundo ALMEIDA (1995:334),

“O costume jurídico é definido como a prática social reiterada e


obrigatória. Trata-se, em geral, de regras não escritas, introduzidas pelo
uso continuado e com o consentimento tácito de todas as pessoas que as
admitiram como norma de conduta. O costume é, evidentemente,
considerado como obrigatório e sua violação acarreta uma
responsabilidade jurídica”.

Os juristas enxergam dois elementos constitutivos do costume jurídico, a saber, o material (a


prática reiterada do comportamento costumeiro) e o subjectivo (a convicção geral de que ele é
necessário e obrigatório).

O direito internacional foi, até meados do século XIX, em sua maior parte um direito costumeiro
e não escrito. Os tratados eram episódicos e, sempre bilaterais, não criavam regras universais de
conduta, ao contrário do costume. A situação inverteu-se com a celebração dos primeiros
tratados multilaterais e hoje fala-se da codificação do direito internacional, isto é, a consolidação
das normas costumeiras em textos convencionais (tratados).

No âmbito do direito internacional, diferentemente dos tratados, o costume é obrigatório para


todos os sujeitos de direito e não apenas, como naquele caso, para as Partes Contratantes
(embora o direito internacional contemple a possibilidade de costumes regionais). O costume é
mais maleável do que o tratado, pois se adapta mais facilmente à evolução das relações
internacionais. Por outro lado, é mais inseguro do que o acordo escrito, devido a suas constantes
mudanças e à dificuldade de prová-lo e de apontar a data de sua vigência. No direito
internacional, não há hierarquia entre tratado e costume.

O costume termina com a desestude (deixa de ser praticado), com um novo costume ou com um
tratado que o codifica ou revoga.

I.1.7. Princípios Gerais de Direito Internacional Público

Segundo ALMEIDA (1995:325), “O direito internacional acata certos princípios reconhecidos


pela generalidade dos Estados nacionais como obrigatórios, desde os de fundamento lógico,
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como o nemo plus iuris, até os de natureza estritamente internacional, como o da


autodeterminação dos povos”.

São considerados princípios gerais do direito, dentre outros:

 Princípio da não-agressão;
 Princípio da solução pacífica de controvérsias;
 Princípio da autodeterminação dos povos;
 Princípio da coexistência pacífica;
 Princípio da continuidade do Estado;
 Princípio da boa-fé;
 Princípio da obrigação de reparar o dano;

I.1.8. Actos Unilaterais

Para o propósito de estudo das fontes do direito internacional, os


juristas costumam distinguir entre o ato unilateral que seja mero ato
jurídico (protesto, renúncia, reconhecimento e outros) e o ato unilateral
de natureza normativa, por apresentar as características de abstracção e
generalidade. Estes últimos seriam, no entender da maioria dos
estudiosos, fontes de direito internacional, pois podem ser invocados
por outros sujeitos de direito internacional em apoio a uma
reivindicação. A história dá como exemplos de actos unilaterais
tomados por Estados a determinação da extensão do mar territorial e a
abertura de águas interiores à navegação estrangeira (como foi o caso
da abertura da navegação no Amazonas, pelo governo
imperial brasileiro, às bandeiras estrangeiras, em 1866). (ARANA&
CACHAPUZ, 2007:271)

I.1.8.1. Decisões das Organizações Internacionais

Em geral, as decisões mais importantes no seio de uma organização internacional (qualquer que
seja o nome que se lhe dê: resolução, declaração etc.) somente obrigam a totalidade dos Estados-
membros quando tomadas por unanimidade; quando majoritárias, obrigam apenas os que com
ela consentiram, a não ser que os estatutos da organização as estendam a todos os membros (o
consentimento foi dado, portanto, quando da aprovação do ato constitutivo).

I.1.8.2. Domínio Público Internacional


De acordo com ARANA& CACHAPUZ (2007:271),
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O domínio público internacional costuma ser definido como o conjunto


dos espaços cujo uso interessa a mais de um Estado e, por vezes, à
sociedade internacional como um todo, mesmo que, em certos casos,
tais espaços estejam sujeitos à soberania de um Estado. São pois
domínio público internacional, disciplinados pelo direito internacional,
dentre outros, o mar (e suas subdivisões legais), os rios internacionais,
o espaço aéreo, o espaço sideral e o continente antárctico.
Recentemente, surgiram argumentos a favor e contra considerar-se
a internet como domínio público internacional.

É comum que os grandes temas de domínio público internacional sejam regulados por
convenções multilaterais, como o Tratado da Antártida e a Convenção das Nações Unidas sobre
o Direito do Mar.

Conclusão

Em prol das abordagens acima referidas, fez-se a menção de seguintes aspectos a saber que o
Direito Internacional é o conjunto de normas que regula as relações externas dos atores que
compõem a sociedade internacional. Estes atores, chamados sujeitos de direito internacional, são,
principalmente, os Estados nacionais, embora a prática e a doutrina reconheçam também outros
atores, como as organizações internacionais. Direito Internacional é o conjunto de princípios e
normas, sejam positivados ou costumeiros, que representam direito e deveres aplicáveis no
âmbito internacional (perante a sociedade internacional). Direito internacional público consiste
no sistema normativo que rege as relações exteriores entre os atores internacionais. O arcabouço
jurídico que norteia as relações exteriores entre os sujeitos que integram a sociedade é o que se
pode denominar de direito internacional público. É o Ramo da ciência jurídica que visa regular
as relações internacionais com o fim precípuo de viabilizar a convivência entre os integrantes da
sociedade internacional.

Consideram-se sujeitos de direito internacional as entidades capazes de adquirir direitos e


contrair obrigações no plano internacional, bem como de reivindicar os seus direitos no plano
internacional. Os principais contextos nos quais a questão da personalidade internacional é
discutida são a capacidade de reivindicar direitos frente à violação do direito internacional, a
capacidade de celebrar tratados e o gozo de privilégios e imunidades de jurisdição estatal.
Os Estados soberanos são os principais sujeitos de direito internacional, tanto do ponto de vista
histórico quanto do funcional, já que é por sua iniciativa que surgem outros sujeitos, como as
organizações internacionais. O reconhecimento de Estado é um acto unilateral, expresso ou
tácito, pelo qual um Estado constata a existência de um outro Estado na ordem
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internacional, dotado de soberania, de personalidade jurídica internacional e dos demais


elementos constitutivos do Estado. O reconhecimento é indispensável para que o novo Estado se
relacione com seus pares na comunidade internacional.

Referências bibliográficas

ACCIOLY, Hildeb. Tratado de Direito Internacional Público. 2ª Edição. Rio de Janeiro. 1956

ALMEIDA, Arthur J. Novos paradigmas em Direito Internacional Público. Porto Alegre. 1995.

ARANA, Josy cler & CACHAPUZ, Rosane da Rosa. Direito Internacional: seus tribunais e
meios de solução de conflitos. Curitiba: Juruá. 2007.

ARAUJO, Nadia. O Direito Internacional dos Refugiados: uma Perspectiva Brasileira. Rio de
Janeiro: Renovar. 2001.

ARAUJO, Nadia de. Direito Internacional Público: Teoria e Prática Brasileira. Rio de Janeiro:
Renovar. 2003.

BAPTISTA, Eduardo Correia. Ius Cogens em Direito Internacional. Lisboa: Lex Ed.1997.

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