Material de Apoio - Direito Internacional

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Direito

Internacional
Módulo - A
1.1 - Conceito de Direito
Internacional Público

Direito Internacional Público. O Direito


Internacional Público é o ramo do Direito que
visa regular as relações internacionais e a
tutelar temas de interesse internacional,
norteando a convivência entre os membros da
sociedade internacional, que passam assim, a
ser também sujeitos de direito internacional
público.
A Sociedade Internacional

A sociedade internacional apoia-se na vontade objetiva dos


Estados, nos costumes e nos princípios gerais de direito
internacional público, que disciplinam os interesses políticos e
econômicos dos sujeitos de direito internacional público.
A soberania é compartilhada quando o Estado é criado e passa
a fazer parte da Sociedade Internacional. Da mesma forma, a
vontade isolada sucumbe quando o Estado aceita fazer parte
de uma Organização Internacional e se submeter às regras que
regem tal organização.
A Sociedade Internacional

Sobre o fundamento da sociedade


internacional, a doutrina jusnaturalista, hoje
predominante, afirma que existe uma ordem
jurídica internacional acima dos Estados e que
o indivíduo só se realiza em sociedade, a
sociedade internacional sendo a sua forma
mais ampla.
As Características da Sociedade Internacional
são:
 Universalidade: porque abrange todos os entes do globo terrestre;
Igualdade: porque há uma igualdade jurídica entre os sujeitos de DIPu;
 Abertura: significa que qualquer ente, ao reunir determinados
elementos poderá ingressar, sem que haja necessidade de aprovação
dos membros já existentes.
 Originalidade: porque não se fundamenta em outro ordenamento
jurídico, a não ser no direito natural.
 Descentralização: porque não possui poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário. Não há autoridade superior. Se a relação entre os Estados e
seus nacionais é marcada pela subordinação dos últimos diante dos
primeiros, na sociedade internacional é a coordenação que permite o
convívio entre as diversas soberanias.
1.2 - Fontes do Direito Internacional
Costume Internacional - A norma jurídica costumeira,
resulta de "uma prática geral aceita como sendo o direito". É
a prática, ou seja, a ação ou a omissão (modo de proceder
ante determinado quadro de fato), repetida ao longo do
tempo, de um Estado ou Organização Internacional.
Deve ser um costume reconhecido de forma geral pela
Sociedade Internacional. Não há desnível hierárquico entre
normas costumeiras e normas convencionais. Um tratado é
idôneo para derrogar, entre as partes celebrantes, certa
norma costumeira. De igual modo, pode o costume derrogar
a norma expressa em tratado. O costume pode ser
observado, geralmente, a partir da jurisprudência e da
doutrina internacionais.
Princípios Gerais do Direito: de acordo com o Estatuto da Conste
Internacional de Justiça refere-se aos princípios gerais de direito
reconhecidos pelas nações civilizadas. Ficam assim excluídas apenas as
sociedades primitivas que não organizadas sob a forma estatal.
Os princípios decorrem do consentimento perceptivo dos Estados e
não de seu consentimento criativo, que gera as demais fontes.
Os princípios fluem de modo absolutamente natural e inexorável do
pensamento humano, não havendo como situá-los nas categorias de
tratado ou de costume.
Suas regras são, ainda, de caráter mais geral e abstrato que as das
demais fontes.
São princípios gerais do Direito Internacional Público: boa-fé; não
agressão; solução pacífica dos litígios entre Estados;
autodeterminação dos povos; coexistência pacífica; desarmamento;
proibição da propaganda de guerra; pacta sunt servanda; lex
posterior derogat priori; nemo plus juris transferre potest quam ipse
habet; contraditório; responsabilidade; e condenação do abuso de
direito.
Jurisprudência e doutrina: não são formas de
expressão do Direito, mas instrumentos úteis ao seu
correto entendimento e aplicação.
A jurisprudência internacional é o conjunto das
sentenças e pareceres proferidos pelos tribunais
internacionais, e as sentenças proferidas pelos tribunais
arbitrais internacionais.
As decisões judiciárias nacionais não compõem a
jurisprudência internacional.
A analogia e equidade: não são normas jurídicas nem
instrumentos de sua interpretação, mas métodos de
raciocínio para compensar, seja a inexistência da norma,
seja sua evidente falta de préstimo para proporcionar um
deslinde justo ao caso concreto.
O uso da analogia consiste em fazer valer, para
determinada situação de fato, a norma jurídica concebida
para aplicar-se a uma situação semelhante, na falta de
regra que se ajuste ao exato contorno do caso concreto.
A equidade pode operar tanto na hipótese de
insuficiência da norma de direito positivo aplicável,
quanto naquela em que a norma, embora bastante, traz
ao caso concreto uma solução inaceitável de acordo com
o senso de justiça do julgador.
Decisões da Organizações Internacionais: tende-se a
considerar seus atos decisórios como fontes do direito
internacional público, na medida que criam direitos e
obrigações no âmbito de sua atuação.
As decisões procedimentais obrigam a totalidade dos
membros da OI, ainda que adotadas por órgão sem
representação do conjunto, ou por votação não
unânime em plenário.
No que concerne as decisões sobre matérias
substanciais e mais relevantes, estas só obrigam todos
os membros quando tomadas por unanimidade, e, se
majoritárias, obrigam apenas aqueles que votaram com
a maioria.
Atos unilaterais dos Estados: na medida em que criam
direitos e deveres internacionais.
É o caso das normas em que cada Estado determina,
observados os limites próprios, a extensão de seu mar
territorial ou de sua zona econômica exclusiva, o regime
de seus portos, ou ainda a franquia de suas águas
interiores à navegação estrangeira.
1.3 - Princípios Gerais do Direito
Internacional
São princípios gerais do Direito Internacional
Público:
boa-fé; não agressão; solução pacífica dos
litígios entre Estados; autodeterminação dos
povos; coexistência pacífica; desarmamento;
proibição da propaganda de guerra; pacta sunt
servanda; lex posterior derogat priori; nemo
plus juris transferre potest quam ipse habet;
contraditório; responsabilidade; e condenação
do abuso de direito.
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Módulo A

Item 1.4
Módulo - B
2.1 - Conceito de Tratados
Internacionais

É o acordo resultante das vontades dos


sujeitos de direito internacional público,
formalizada num texto escrito, regido pelo
Direito Internacional e com a finalidade de
produzir efeitos jurídicos no plano global.
A Convenção de Viena versa como fazer
tratados internacionais e traz seu conceito:

Art. 2º a1. ““tratado” significa um acordo


internacional concluído por escrito entre
Estados e regido pelo Direito Internacional,
quer conste de um instrumento único, quer de
dois ou mais instrumentos conexos, qualquer
que seja sua denominação específica;”
 A Convenção de Viena não previa ainda a
possibilidade dos tratados internacionais
serem firmados por organizações
internacionais, mas a possibilidade existe e
foi reconhecida pela Convenção posterior,
em 1986.
 Tratados necessariamente tem que ser
escritos, não existem por meio verbais,
sendo uma formalidade essencial.
2.2 - Classificação dos tratados

Quanto ao número de signatários podem ser


bilaterais ou multilaterais.
Tratados Bilaterais - Existência de duas partes.
Exemplo: Mercosul X EUA e Multilaterais ou
Coletivos (Gerais ou Plurilaterais) Possui várias
partes, três ou mais.
Quanto as fases do procedimento podem ser
unifásicos ou bifásicos.
Unifásicos ou de forma simplificada - Apresentam
apenas uma fase para conclusão do tratado. Basta
a fase da assinatura e Bifásico ou solene (Adotado
pelo Brasil) - Apresenta duas fases, sendo elas:
assinatura e ratificação.
2.3 - Sujeitos e Personalidade dos
Tratados
Sujeitos de Direito Internacional Público: São todos os entes ou
entidades cujas condutas estão previamente previstas pelo Direito
Internacional Público ou contidas no âmbito ou obrigações
internacionais e que tenham possibilidade de atuar direta ou
indiretamente no plano internacional;
Personalidades dos Tratados: Conceito Tradicional: É a aptidão
para exercer direitos e se submeter a deveres no cenário das
relações internacionais. Sendo eles Estados e Organizações
internacionais.
Conceito Moderno
Estados

Organizações Internacionais (ONU, OMS)

Blocos Regionais (Mercosul, Bloco Europeu)

Santa Sé (Vaticano)

Indivíduos (Pessoas físicas naturais)

Empresas Transnacionais (Coca-Cola, Nestlé)

Organizações não governamentais (Cruz Vermelha, Green Peace)

Insurgentes, Beligerantes e movimentos de libertação Nacional


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Módulo B

Item 2.4
Módulo - C
3.1 - Conceito de Organizações
Internacionais
Trata-se de uma sociedade entre Estados, constituída através
de um tratado, com a finalidade de buscar interesses comuns
através de uma permanente cooperação entre seus membros.
Elas têm autonomia e constituem uma personalidade jurídica
de DIPu diferente daquelas de seus Estados-membros.
Podem ser classificadas em:
 Natureza política. Seu traço fundamental está no caráter
político-diplomático de suas atividades. Seu objetivo
primordial é a manutenção da paz e da segurança
internacionais. Ex: ONU e OEA.

 Cooperação técnica. Descartam a interferência em


assuntos de natureza política e restringem-se unicamente a
aproximar posições e tomar iniciativas conjuntas em áreas
específicas. Cuidam de problemas que só podem ser
enfrentados com a ação do coletivo internacional. Ex: OMS,
OIT, FAO

 Jurisdicionais. Visam solucionar conflitos entre os Estados-


membros, como a CIJ, CIDH e o TPI.
A forma mais comum de aprovação das decisões das
OIs é a maioria, embora algumas OIs adotem o
sistema da unanimidade ou do consenso. Existem
diferentes regras de Maioria que podem servir para
classificar as OIs:
 Quantitativa: considera-se cada Estado como um voto, estipulando-se diversos
quóruns.
 Qualitativa: voto ponderado – diferencia os membros segundo critérios
próprios a cada organização internacional. Os critérios podem ser: a
população, o PIB ou as cotas que cada um possui (FMI, BID, BIRD).
 Mista: dupla maioria - quantitativa e qualitativa. Ex. Conselho de Segurança da
ONU, que para tomar uma decisão, precisa de 2/3 dos votos dos membros,
dentro dos quais devem, obrigatoriamente, estar os votos dos cinco membros
permanentes. O voto contrário de um destes veta a decisão.
 Enquanto a sua estrutura orgânica, possuem:

 Assembleia Geral,
 Secretaria e
 Conselhos Permanentes.
3.2 - ONU: Organização das Nações
Unidas

Constituída pela ideia de uma organização para a


paz. A Carta da ONU entrou em vigor em
24/10/45, inspirada na ideia de um governo
mundial, com as finalidades básicas de manter a
paz entre os Estados, mobilizar a comunidade
internacional para deter uma agressão e
promover o respeito aos direitos humanos.
Enquanto sua estrutura
 Assembleia Geral – Reúne-se anualmente. Discute
e faz recomendações sobre quaisquer assuntos
envolvendo seus membros.
 À Assembleia Geral cabe eleger os membros
permanentes do Conselho de Segurança, os
membros do Conselho Econômico e Social e do
Conselho de Tutela, autorizar os organismos
especializados a solicitarem pareceres à Corte
Internacional de Justiça e coordenar as atividades
dos organismos especializados.
Secretariado – Órgão permanente encarregado da parte
administrativa da ONU. Seu chefe é o Secretário-Geral, com um
mandato de cinco anos. É indicado pela Assembleia Geral,
mediante recomendação do Conselho de Segurança.

Conselho de Segurança – É formado por quinze membros,


sendo cinco permanentes e, em número de dez os membros
não permanentes que são eleitos pela Assembleia Geral para
um mandato de dois anos. As funções podem ser resumidas
em: regulamentar os litígios entre os Estados-membros,
regulamentar os armamentos, agir em casos de agressão e
ameaça à paz e decidir sobre medidas a serem tomadas para a
execução das sentenças da Corte Internacional de Justiça.
3.3 - Corte Internacional de Justiça e OEA
Organização dos Estados Americanos

Com sede em Haia (Holanda), é o principal


órgão judiciário da ONU, obedecendo seu
funcionamento ao que estipula seu Estatuto -
ECIJ, que é parte integrante da Carta da ONU.
 A Corte Internacional de Justiça, de funcionamento
permanente, se compõe de 15 juízes, com mandatos de 9
anos (podendo ser Reeleitos, escolhidos conjuntamente
pela Assembleia Geral e pelo Conselho de Segurança, em
lista de nomes apresentada pelos Estados e eleito o
magistrado que obtenha a maioria de votos nos dois
órgãos da ONU, não podendo figurar dois juízes do mesmo
Estado.
 Seus julgamentos são tomados em sessão plenária, com a
presença de no mínimo 9 juízes, porém, Além disso, a
pedido das partes, a Corte Internacional de Justiça poderá
formar câmara especial com 5 juízes para resolver
sumariamente a questão proposta.
 Apenas o Estado pode postular qualquer ação ou
consulta perante a Corte Internacional de Justiça,
estes deverão ser membros da ONU ou Estados
não membros da ONU autorizados pela
Assembleia Geral e Conselho de Segurança a
tornar-se parte do ECIJ.

 As Organizações Internacionais, os indivíduos e a


empresas privadas não tem acesso direto à CIJ,
devendo requerer o endosso ao seu Estado.
 A competência da Corte Internacional de Justiça é
convencional. Na jurisdição da Corte Internacional de
Justiça, a solução está subordinada à postulação das
partes, de modo que se elas quiserem resolver suas
rusgas por arbitragem, não haverá qualquer interferência
da Corte Internacional de Justiça.
 Os Estados podem comprometer-se antecipadamente a
aceitar a jurisdição geral da Corte Internacional de Justiça
ou a jurisdição em determinadas matérias, seja por meio
de tratados ou convenções que estipulem o recurso à
Corte Internacional de Justiça, ou por meio de uma
declaração especial nesse sentido.
 A competência da Corte Internacional de Justiça se
estende a todas as questões jurídicas internacionais
(nunca políticas) a ela submetidas pelos Estados (artigo
36§ 2º do ECIJ), ou seja: interpretação de tratado;
qualquer questão de direito internacional; qualquer fato
estabelecido que constitui violação de obrigação
internacional; natureza e extensão da reparação devida
pela ruptura de compromisso internacional.

 Se as partes requerem que a CIJ decida a controvérsia ex


aequo et bono, esta poderá se afastar do Direito Positivo
normalmente aplicável e buscar uma solução mais justa e
adequada para o caso concreto.
 Evidentemente, desde que demanda contenciosa seja
submetida à Corte, a decisão da matéria tem força
obrigatória e definitiva. O artigo 94 da Carta da ONU
estabelece a obrigatoriedade de conformar-se com a
decisão da CIJ e, se não for cumprido o decidido, a parte
contrária pode exigir do CS sua execução forçada.

 Os Estados poderão apresentar consultas sobre os temas


previstos no artigo 36 § 2º do ECIJ, mediante autorização
da Assembleia Geral, poderão fazê-lo também as
agências especializadas da ONU. Como diz o artigo 96, os
pareceres são consultivos e, portanto, não obrigam
ninguém a adotá-los.
Tribunal Penal Internacional

 O Tribunal Penal Internacional não julga crimes


cometidos antes de sua instalação ou da adesão de um
Estado e respeita a tipificação prevista no Tratado de
Roma. Assim sendo, o julgamento só poderá se dar com
fatos descritos no Tratado.
 Em seu estatuto afirma que o Tribunal Penal
Internacional foi criado para reprimir os principais tipos
de crimes cometidos ao longo das guerras do século XX,
para evitar impunidade e a repetição dos mesmos.
 Sua competência se dará diante dos seguintes crimes:
crimes de genocídio, crimes contra a humanidade, crimes
de guerra, e crimes de agressão (ameaça ou ruptura da
paz internacional).

 São órgãos do Tribunal Penal Internacional: a Presidência,


a Seção de Recursos, a Seção de julgamento em primeiro
grau, a Seção de instrução, o Gabinete do Procurador e a
Secretaria. Forma o Tribunal Penal Internacional um
colégio de 18 juízes indicados pelos Estados integrantes
do mesmo e cuja eleição é realizada pela Assembleia dos
Estados-membros.
OEA
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS

1ª Conferência Internacional dos Estados Americanos de


Washington, de outubro de 1889 a abril de 1890.
Duração longa devido a problemas internos e à guerra de
fronteiras entre Chile, Bolívia e Peru. Quando a guerra
acabou decidiu-se instalar a União Panamericana, cuja
sede ficaria em Washington. Aí está o embrião da OEA.
Segunda Conferência Interamericana para a
Manutenção da Paz e Segurança Continental de
Petrópolis, em 1947.
Assinatura do TIAR (Tratado Interamericano de
Assistência Recíproca), conhecido como Tratado do Rio,
em que se estabeleceu que o ataque contra qualquer
Estado signatário implicaria em socorro imediato de
todas as outras Nações americanas.
 A 9ª Conferência Internacional dos Estados
Americanos de Bogotá, em 1948, transformou a União
Panamericana em Organização dos Estados Americanos,
amoldando o tratado original (1889) para as realidades
atuais do pós-guerra.
Foi condenado também o comunismo internacional,
declarando-o incompatível com a tradicional liberdade
americana.
Momento Peer to Peer

Módulo C

Item 3.4
Módulo - D
4.1 - Conflitos Internacionais
O conceito de conflito internacional é todo desacordo
sobre certo ponto de direito ou de fato, uma contradição
ou oposição de teses jurídicas ou de interesse entre dois
Estados.
Entre os Estados podem ocorrer conflitos, muitas vezes
inevitáveis, mas não existe um poder judiciário com
jurisdição em toda a sociedade internacional, fazendo
com que os conflitantes venham a buscar soluções
adequadas para suas controvérsias.
Os Estados devem tentar impedir os conflitos entre si,
mas quando isso não se torna possível, busca-se soluções
por meios amistosos.
As controvérsias internacionais são
classificadas em políticas e jurídicas.
No conflito jurídico o desacordo se da a
propósito do entendimento e da aplicação
do direito existente.
No conflito político, as partes se
antagonizarem justamente porque uma
delas pretende ver modificado esse direito.
As de caráter jurídico podem resultar:
a) da violação de tratados ou convenções;
b) do desconhecido, por um estado, dos direitos de
outro;
c) da ofensa a princípios correntes de direito
internacional, na pessoa de um cidadão estrangeiro.
As de caráter político envolvem apenas choques de
interesses, políticos ou econômicos, ou resultam de
ofensas à dignidade de um estado.
Com a criação da Organização das Nações Unidas,
cuja finalidade é de solucionar as controvérsias entre
os Estados, que passaram a ser os únicos legítimos.
O art. 2 da Carta das Nações Unidas traz o seguinte
principio:

2. Todos os Membros, a fim de assegurarem para todos em


geral os direitos e vantagens resultantes de sua qualidade de
Membros, deverão cumprir de boa fé as obrigações por eles
assumidas de acordo com a presente Carta.

3. Todos os Membros deverão resolver suas controvérsias


internacionais por meios pacíficos, de modo que não sejam
ameaçadas a paz, a segurança e a justiça internacionais.
Art. 33 da mesma Carta aduz:
ARTIGO 33 - 1. As partes em uma controvérsia, que possa vir a
constituir uma ameaça à paz e à segurança internacionais,
procurarão, antes de tudo, chegar a uma solução por
negociação, inquérito, mediação, conciliação, arbitragem,
solução judicial, recurso a entidades ou acordos regionais, ou
a qualquer outro meio pacífico à sua escolha. 2. O Conselho de
Segurança convidará, quando julgar necessário, as referidas
partes a resolver, por tais meios, suas controvérsias.
A Carta da Organização dos Estados Americanos
(1942), em seus arts. 25 e 26:

Artigo 25. São processos pacíficos: a negociação direta, os


bons ofícios, a mediação, a investigação e conciliação, o
processo judicial, a arbitragem e os que sejam especialmente
combinados, em qualquer momento, pelas partes.

Artigo 26. Quando entre dois ou mais Estados americanos


surgir uma controvérsia que, na opinião de um deles, não
possa ser resolvida pelos meios diplomáticos comuns, as
partes deverão convir em qualquer outro processo pacífico
que lhes permita chegar a uma solução.
SOLUÇÃO PACIFICA DE CONTROVERSIAS
 Qualquer controvérsia que surja entre os Estados, este deve
recorrer às soluções pacificas antes de usar da luta armada.
Hildebrando Accioly (2009, p. 767-768), classifica os métodos
de solução pacificas em três categorias: duas de caráter
amistosos (meios diplomáticos e meios jurídicos), e de caráter
não amistoso (meios coercitivos).

 A rigor os métodos coercitivos são sobretudo uma sanção e


não meios pacíficos de soluções pacificas de controvérsias,
porém representa meio aceitável de implementação do
direito internacional.
MEIOS DIPLOMATICOS
 Para Hildebrando Accioly, meios diplomáticos consistem
em: a) negociações diretas; b) os congressos e conferências;
c) os bons ofícios; d) a mediação; e) o sistema consultivo; f)
inquérito.
 A negociação direta é o meio mais usado e de melhores
resultados para a solução de conflitos entre Estados. Na
maioria dos casos, resolve-se pelo entendimento verbal
entre a missão diplomática e o ministério das relações
exteriores local, já nos casos mais graves se decidirá o litígio
entre os altos funcionários dos dois governos, podendo ser
os próprios ministros das relações exteriores.
 A negociação direta será bilateral quando é realizada
no interesse de apenas dois Estados e multilateral,
quando executada por mais de dois Estados. A solução
alcançada pelo acordo poderá ocorrer pela renuncia
de um dos governos ao direito que pretenda
(desistência); ou pelo reconhecimento por um dos
estados das pretensões do outro (aquiescência); ou
pelas concessões recíprocas (transação).
 Quando a matéria ou o assunto em litígio interessa a
diversos estados, ou quando a solução for um
conjunto de questões, onde há divergências, recorre-
se a um congresso ou uma conferencia internacional.
Não há diferença entre congresso e conferencia, são
reuniões de representantes de estados, devidamente
autorizados para questões internacionais.
MEIOS POLITICOS
 As soluções de certos litígios são feita por Organizações
Internacionais, Assembleia Geral e o Conselho de
Segurança das Nações Unidas, são as duas instâncias
políticas que solucionam as controvérsias internacionais
surgidas entre os países.
 Deve ser utilizado quando houver conflitos de certa
gravidade, que representem uma verdadeira ameaça à
paz internacional, podendo expedir inclusive
recomendações, como determina o art. 39 da Carta das
Nações Unidas:
ARTIGO 39 - O Conselho de Segurança determinará
a existência de qualquer ameaça à paz, ruptura da
paz ou ato de agressão, e fará recomendações ou
decidirá que medidas deverão ser tomadas de
acordo com os Artigos 41 e 42, a fim de manter ou
restabelecer a paz e a segurança internacionais.

A solução política pode ser solicitada por uma, por


ambas as partes em conflito ou até mesmo por um
terceiro estranho ao conflito.
MEIOS JURISDICIONAIS
 São meios jurisdicionais de conflitos a arbitragem
e a solução judiciária, se caracteriza por haver um
foro especializado e independente, o qual tem
por função proferir decisões.
 Há autores que classificam a arbitragem como
meio semijudicial de solução de conflito, com
fundamento na ausência de permanência do
tribunal arbitral, que tem cunho provisório.
 Arbitragem é uma via jurisdicional considerada não
judiciária, é instituída pelas partes por meio de um
tratado bilateral denominado compromisso arbitral, onde
o arbitro deverá decidir o conflito obedecendo ao que foi
convencionado entre as partes. A sentença arbitral é
obrigatória e definitiva, não cabendo recurso. O
descumprimento dos seus termos configura ato ilícito
internacional.
 A solução judiciária é espécie de solução de conflito por
intermédio de um tribunal internacional pré-estabelecido.
O principal tribunal internacional é a Corte Internacional
de Justiça.
MEIOS COERCITIVOS
 Ao esgotarem-se os meios de solução pacífica
num litígio, os estados poderão recorrer ao
emprego de meios coercitivos, sem chegarem ao
extremo do ataque armado.
 Os meios coercitivos mais empregados são: a)
retorsão; b) represálias; c) embargo; d) bloqueio
pacífico; e) boicotagem; e) rompimento das
relações diplomáticas.
4.2 - Conceito de Direito Comunitário
 O Direito Comunitário é um desdobramento do
Direito Internacional, mas que, ao contrário deste,
não é de Direito Público, pois possui um caráter
supranacional, tendo natureza Público-Privada.
 Na América do Sul temos como exemplo o Direito
no âmbito do Mercosul. Outros autores preferem
colocar a legislação do Mercosul como "Direito de
Integração" e nesse posicionamento o direito da
União Europeia seria o "direito de integração em
nível comunitário" ou direito comunitário
propriamente dito.
4.3 - Direito de Integração e seus
institutos

Direito de Integração estão os institutos da


Supranacionalidade (Direito Comunitário) e da
Intergovernabilidade
A Supranacionalidade tem como base a subordinação
voluntária dos Estados membros aos órgãos do bloco
econômico do qual fazem parte, com o objetivo de constituir
um mercado comum. Exemplo: A União Europeia foi
constituída através do Direito Comunitário.

A Intergovernabilidade tem como base o funcionamento


do Direito Internacional Público, de modo que os Estados
não delegam soberania às entidades supranacionais.
Exemplo: O Mercosul foi constituído através da
intergovernabilidade.
Momento Peer to Peer

Módulo D

Item 4.4
Módulo - E
5.1 - Conceito de Direito internacional privado (DIPr)

 Direito internacional privado (DIPr) é o


conjunto de normas jurídicas, criado por
uma autoridade política autônoma (um
Estado nacional ou uma sua província
que disponha de uma ordem jurídica
autônoma), com o propósito de resolver
os conflitos de leis no espaço.
 Em termos simples, o DIPr é um conjunto de regras de direito interno que indica
ao juiz local que lei – se a do foro ou a estrangeira; ou dentre duas estrangeiras -
deverá ser aplicada a um caso (geralmente privado) que tenha relação com mais
de um país.

 A possibilidade de o juiz de um país (“juiz do foro”) aplicar lei estrangeira decorre


da necessidade de se reconhecer fatos e atos jurídicos constituídos em outros
países e cuja negação pelo juiz do foro causaria uma injustiça. Por exemplo, o DIPr
brasileiro dispõe que a lei do país em que for domiciliada a pessoa determina as
regras sobre a capacidade: esta regra específica foi estabelecida pelo direito
brasileiro para evitar, dentre outros problemas, que uma pessoa domiciliada num
país estrangeiro e reconhecida ali como maior de idade venha a ser considerada
menor de idade no Brasil (caso a lei brasileira e a estrangeira divirjam nesse
particular – um “conflito de leis”), o que seria inconveniente e injusto. Este é
apenas um exemplo do conjunto de regras que o Brasil criou para evitar conflitos
semelhantes. Da mesma maneira que o Brasil, cada Estado nacional possui o seu
DIPr, com regras não necessariamente uniformes.
5.2 - Fontes do Direito Privado
Internacional (DIPr)
 Para Savigny, pode-se considerar como fontes jurídicas
as causas do nascimento do direito em geral, seja das
instituições jurídicas, seja das regras jurídicas.
 Porém, não admite a possibilidade de por em evidência
esse nascimento, porque o direito geral existe de
forma constante na consciência comum do povo.
 Conclui-se, pois, que se a fonte é a origem do direito,
não é, no entanto, uma origem qualquer. Os autores
que estudam as fontes do direito procuram localizar
desde os momentos iniciais aquilo que pode ser
considerado fato jurídico.
 Numa classificação meramente didática, pode-se dizer que
duas são as fontes do direito:

 Fontes Materiais: que seriam as de inspiração do direito; e


Fontes Formais: que seriam as de vigência do Direito.

 Dessa maneira conclui-se que cada Sociedade, Nação ou Estado


têm o seu Direito Positivo que é, segundo Goldschimidt, a
prevalência de uma vontade que tem atuação dentro das
estruturas jurídicas de um povo.

 Esta prevalência caracteriza-se por determinados fatos que se


chamam fontes.
 A complexidade dos problemas existentes no Direito Internacional
Privado reflete uma variedade de fontes que estabelecem regras, as
quais têm como objetivo solucionar tais problemas.

 Enquanto o Direito Internacional Público baseia-se em regras


produzidas por fontes supranacionais, no Direito Internacional Privado
preponderam as regras das fontes internas, quais sejam, pela ordem de
importância:

1. Lei
2. Tratados
3. Jurisprudência
4. Doutrina
5. Costumes
 O nome da disciplina, aliás, se deve ao juiz da Suprema
Corte e professor de Harvard, Joseph Story, que
cunhou a expressão “Private International Law” , além
de estabelecer duas máximas fundamentais nesta
matéria: a) cada nação decide autonomamente em que
medida deve aplicar o direito estrangeiro; b) é de
interesse mútuo admitir o direito de outro país, ou
seja, um governo deve procurar fazer justiça aos
nacionais de outro país, para que seus nacionais
também tenham justiça naquele país estrangeiro. Essa
questão recebeu influência da escola holandesa, que
propagara a ideia da cortesia internacional (a “comitas
gentium”).
 Destacou-se, ainda, nesse período, o jurista Friedrich
Carl Von Savigny, que desenvolveu a “teoria da
recepção do direito”, calcada na ideia de que os povos
civilizados têm os mesmos problemas a enfrentar e por
isso há a necessidade de se compor um direito que
atenda as exigências comuns para os principais
problemas.
 Para ele, diante da ampliação do inter-relacionamento
entre povos diversos, o interesse estatal e individual
exige uma igualdade no tratamento de questões
jurídicas conflitantes, com a padronização de soluções
idênticas em qualquer país onde se der o julgamento.
 Para F. von Savigny, ao se deparar com um confronto ou
concorrência de leis no espaço, cabe ao Direito Internacional
Privado investigar e descobrir a qual legislação/direito cada
relação pertence ou seja, cabe-lhe determinar a sede de cada
relação jurídica.
 Neste ponto, destaca-se por inestimável a contribuição de Savigny,
pois toda relação jurídica que se correlacione com direitos
estrangeiros necessariamente demonstra uma sede ou centro de
gravidade, cabendo à lei do lugar da análise apontar a fórmula que
sirva à solução do caso concreto.
 Ainda a respeito de Savigny, cite-se que foi ele quem defendeu a
tese de que os indivíduos devem se submeter à “lei do domicílio”, o
qual deve regular o estado e a capacidade das pessoas, assim
como o direito de família.
A moderna doutrina do Direito Internacional Privado se vale
de dois métodos consagrados na busca de soluções para os
problemas decorrentes de relações jurídicas interestatais: o
particularista (dos seguidores do método conflitual, proposto
por Jitta) e o universalista (a partir das lições de Pillet acerca
da extraterritorialidade da lei).
O método universalista, pensando o ser humano no âmbito
da sociedade internacional, busca soluções uniformizadoras
aos embates de leis diferentes, por meio de tratados bilaterais
e/ou multilaterais, a evitar-se assim conflito de leis;
Já o método particularista defende a incorporação das
normas de DI Privado ao direito positivo interno de cada país,
por meio de um sistema de opções (regras de conexão)
voltado a determinar qual a legislação interna a se aplicar em
casos de conflitos entre particulares conectados a sistemas
jurídicos autônomos e divergentes.
Para os países americanos foram particularmente
relevantes as Conferências Especializadas
Interamericanas de Direito Internacional Privado, sob a
chancela da OEA, iniciadas em 1975.
Antes disto, o diploma internacional mais significativo
assinado no continente foi a Convenção de Havana de
Direito Internacional Privado, mais conhecida por
“Código de Bustamante”, aprovada em 20/02/1928 e
ratificada por quinze países, mas que na prática tem sido
muito pouco aplicada, dada as inúmeras reservas
formuladas pelos contratantes e também em face da
grande abrangência de suas normas.
De modo geral, dentre tantos outros organismos com
reconhecidas contribuições à evolução do Direito
Internacional Privado vale destacar o Instituto de Direito
Internacional (sediado na Bélgica desde 1873), a Câmara
de Comércio Internacional – ICC (fundada em Paris –
1919), e o Instituto Internacional para a Unificação do
Direito Privado – UNIDROIT, entidade fundada em 1926
na cidade de Roma e restabelecida em 1940, com a
aprovação do seu Estatuto, contando hoje com cerca de
63 países.
No âmbito da “lex mercatória” resta lembrar, ainda, o
papel da Comissão das Nações Unidas para o Direito
Comercial Internacional (UNCITRAL), estabelecida em
1966, como o principal órgão da ONU voltado a tratar de
questões envolvendo o Direito Mercantil Internacional.
5.3 - Conflito de leis no Espaço e
Elementos de conexão do (DIPr)
Em princípio, um Estado poderia aplicar seu ordenamento jurídico
a qualquer fato social que estivesse ao alcance de seu poder
soberano. Entretanto, é possível que mais de uma ordem jurídica
nacional aparentemente incida, ou pretenda incidir, sobre relações
privadas que tenham alguma conexão com mais de um ente
estatal. É também possível que ocorram situações em que um ato,
fato ou relação jurídica, embora tenha lugar dentro de um Estado,
possua maior vínculo com outro. Em casos como esses, pode haver
dúvida acerca da norma nacional aplicável, configurando o
chamado “conflitos de leis o espaço” e o aparecimento da
possibilidade de recorrer ao Direito de um ente estatal para regular
uma relação que tem lugar em outro Estado. Portla (2011, p. 561)
Assim nesse sentido cuidou Portela (2001)
em definir o que seriam conflitos de leis, se
não vejamos:
“Os conflitos de leis no espaço são, portanto,
as situações em que mais de um
ordenamento nacional possa incidir sobre
uma relação privada que transcende as
fronteiras de um ente estatal, ou seja, que
tenha conexão internacional. A resolução
desses conflitos é um dos objetos do Direito
Internacional Privado”
 Os elementos de conexão
O primeiro elemento de conexão apontado pela doutrina
é o domicílio, sendo definido como principal elemento de
conexão sob o ponto de vista o direito brasileiro, também
conhecido como lex domicili, determina que aplicar-se-á a
lei do domicílio de uma das partes envolvidas neste
conflito de normas.
Um segundo elemento de conexão é a nacionalidade,
também conhecida como lex patriae, esta norma
soluciona o conflito existente entre as normas dizendo
que aplica-se aos conflitos de leis a norma do Estado em
que a pessoa é nacional.
 Lex loci executionis ou lex loci solutionis é o
elemento de conexão que determina a aplicação
da norma do local de execução de um contrato ou
de uma obrigação.
Esta regra no âmbito do direito interno encontra-
se disposta na Súmula 207 do TST, sendo na
maioria das vezes aplicável aos contratos de
trabalho.
O elemento locus regit actum é o elemento de
conexão como o “lugar de constituição da
obrigação”, devendo ser aplicado a lei do lugar em
que a obrigação foi contraída.
Desta feita, o Direito Internacional Privado cuida de solucionar
conflitos de leis no espaço. Estes conflitos surgem toda vez que nos
casos concretos há a possibilidade de aplicação de mais de uma
nacional ao mesmo caso.
Mesmo que pelo princípio da soberania e da territorialidade as
normas que devessem ser aplicadas fossem as normas existente
em cada Estado, há situações concretos que pelas qualidades
pessoais ou em razão do negócio firmado, mais de um Estado
poderá ter sua lei aplicada.
O Direito Internacional Privado por sua vez tem regras, chamadas
pela doutrina por elementos de conexão, que cuidam de definir
quais regras devem ser aplicadas em cada caso concreto.
Momento Peer to Peer

Módulo E

Item 5.4

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