Laura Scur

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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL


GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA

IMPACTOS DA INDÚSTRIA 4.0 NO CONSUMO E PRODUÇÃO RESPONSÁVEIS


NA MINERAÇÃO DE MINÉRIO DE FERRO

Laura Scur Queiroz

Belo Horizonte
2022
Laura Scur Queiroz

IMPACTOS DA INDÚSTRIA 4.0 NO CONSUMO E PRODUÇÃO RESPONSÁVEIS


NA MINERAÇÃO DE MINÉRIO DE FERRO

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Federal de Educação Tecnológica de


Minas Gerais como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Ambiental e
Sanitarista.

Orientador: Prof. DSc. Daniel Brianezi

Belo Horizonte
2022
4

AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha família, principalmente à minha mãe Simone, minha irmã Beatriz e minha
avó Vilma pelo incentivo, por todos os esforços que dedicaram para que eu pudesse chegar
onde estou hoje, pelo apoio nos momentos alegres e difíceis e por sempre acreditarem em
mim.

Ao professor Daniel por toda atenção neste período de grande dedicação e desafios e também
por todos os ensinamentos, pela confiança, pela disponibilidade e pelo incentivo.

A toda equipe do Governo Britânico em Belo Horizonte, que fez parte de grande parte da
minha graduação e me permitiu que eu desenvolvesse grande parte dos conhecimentos
necessários para o desenvolvimento deste estudo.

Ao Douglas Camilo, Anita Silva, Cláudia Diniz, Paulo Lopes e Luiz Henrique Machado,
profissionais e colegas do setor de mineração extremamente competentes e grandes exemplos
que foram essenciais para a realização deste estudo.

A todos os professores do DCTA do CEFET-MG, que fizeram parte dessa jornada, por todo
aprendizado.

Agradeço aos colegas e amigos da Engenharia Ambiental e Sanitária, por todo apoio,
convivência e momentos compartilhados ao longo desses anos, em especial: Arthur, Carol,
Isabela, Julinha e Rafael.

Por fim, dedico este trabalho ao meu falecido pai, Marcus Vinícius.
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RESUMO

QUEIROZ, LAURA SCUR. Impactos da Indústria 4.0 no consumo e produção


responsáveis na mineração de minério de ferro. 2022. 106 p. Monografia (Graduação em
Engenharia Ambiental e Sanitária) – Departamento de Ciência e Tecnologia Ambiental,
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2022.

A mineração tem uma grande importância para a existência da sociedade contemporânea é


uma das principais atividades econômicas do Brasil gerando mais de 180 mil empregos
diretos e respondendo por 30% do saldo da balança comercial. Nos últimos anos, o setor
brasileiro presenciou tragédias que provocaram questionamentos sobre segurança,
sustentabilidade e responsabilidade das mineradoras. Deste modo, torna-se extremamente
necessário que as empresas e organizações ligadas ao setor busquem soluções que garantam
processos que gerem menos impactos negativos. Até 2030, o Objetivo 12 de
Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU)
visa assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis e, caso a mineração entre em
consonância com tais metas, as mineradoras estarão cada vez mais perto de cumprirem com
os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Como aliada desse processo,
tecnologias da Indústria 4.0, como Inteligência Artificial, Internet das Coisas e Ciência dos
Dados, se mostraram capazes de trazer benefícios econômicos, ambientais e sociais para as
empresas que as aplicaram. O presente trabalho identificou as principais tecnologias aplicadas
nas três maiores mineradoras de minério de ferro em Minas Gerais e avaliou os impactos da
Indústria 4.0 focados principalmente na contribuição para o desenvolvimento de uma
exploração minerária mais responsável e sustentável. Foi observado que tais tecnologias
aumentam a eficiência da exploração e produção, minimizam falhas, reduzem custos,
reduzem o consumo de combustíveis, de água, diminuem a geração de rejeitos, o uso de
produtos químicos, emissão de poluentes atmosféricos, entre outros impactos positivos que
contribuem com o alcance das metas-chave 12.2, 12.4 e 12.5 do ODS 12. Apesar dos
benefícios, a inovação enfrenta desafios no setor, como a mentalidade conservadora das
lideranças da mineração, a falta de incentivos para desenvolvimento de tecnologias na
6

academia e grande burocracia no país, o que acaba por dificultar a implementação em grande
escala das tecnologias digitais e o consequente aproveitamento dos seus benefícios.

Palavras-chave: Mineração Responsável. Inovação Tecnológica. ODS 12.


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ABSTRACT

QUEIROZ, LAURA SCUR. Impacts of Industry 4.0 on responsible consumption and


production in iron ore mining. 2022. 106 p. Undergraduate thesis (Environmental and
Sanitary Engineering) – Department of Environmental Science and Technology, Federal
Center of Technological Education of Minas Gerais, Belo Horizonte, 2022.

Mining has a great importance for the existence of contemporary society and is one of the
main economic activities in Brazil, generating more than 180 thousand direct jobs and
accounting for 30% of the balance of trade. In recent years, the Brazilian mining sector has
witnessed tragedies that have raised questions about the safety, sustainability and
responsibility of mining companies. In this way, it is extremely necessary for companies and
organizations linked to the sector to seek solutions that guarantee processes that generate less
negative impacts. By 2030, Sustainable Development Goal 12 of the United Nations (UN)
Agenda 2030 aims to ensure sustainable production and consumption patterns, and if mining
gets in line with these principles, mining companies will be close to meeting the Sustainable
Development Goals (SDGs). As an ally of this process, Industry 4.0 technologies, such as
Artificial Intelligence, Internet of Things and Data Science, have proved capable of bringing
economic, environmental and social benefits to companies that have applied them. The
present work identified the main technologies applied in the three largest iron ore mining
companies in Minas Gerais and evaluated the impacts of Industry 4.0 focused mainly on the
contribution to the development of a more responsible and sustainable mining exploration. It
was observed that such technologies increase exploration and production efficiency, minimize
failures, reduce costs, reduce fuel and water consumption, diminish waste generation, use of
chemicals, emission of atmospheric pollutants, among other positive impacts that contribute
to the achievement of key targets 12.2, 12.4 and 12.5 of SDG 12. Despite the benefits,
innovation faces challenges in the sector, such as the conservative mentality of mining
leaders, the lack of incentives for the development of technologies in the academy and large
bureaucracy in the country, which ends up hindering the large-scale implementation of digital
technologies and the consequent use of its benefits.
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Keywords: Responsible Mining. Technological innovation. SDG12.


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LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1 – Expansão da Mineração em Minas Gerais desde 1980 até 2014……………….19

Figura 3.2 – Distribuição de algumas minas de ferro no Quadrilátero Ferrífero…………….20

Figura 3.3 – Quadro dos principais impactos negativos das operações de mineração………22

Figura 3.4 – Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU………………………25

Figura 3.5 – Objetivo de desenvolvimento sustentável nº 12………………………………..26

Figura 3.6 – Linha do tempo da Revolução Industrial……………………………………….29

Figura 3.7 – Os nove pilares da Indústria 4.0………………………………………………..31

Figura 3.8 – Principais tecnologias da Indústria 4.0 utilizadas por empresas


brasileiras.…………………………………………………………………………………….32

Figura 3.9 – Influência quantitativa da Indústria 4.0 nos ODS……………………………...33

Figura 3.10 – As influências dos capacitadores I4.0 nos ODS………………………………34

Figura 3.11 – Possibilidades de implementação de tecnologias de I4.0 na cadeia de valor da


mineração……………………………………………………………………………………..36

Figura 5.1 – Complexo Minas-Rio…………………………………………………………..44

Figura 5.2 – Quadro de Tecnologias da I4.0 na Operação de Minas-Rio……………………46

Figura 5.3 – Monitoramento remoto e automatizado dos caminhões autônomos…………...47

Figura 5.4 – Quadro de Tecnologias 4.0 aplicadas nas Operações de Ferro da Vale em
MG……………………………………………………………………………………………48

Figura 5.5 – Caminhão autônomo em operação na empresa Vale…………………………...49

Figura 5.6 – Quadro de Tecnologias 4.0 aplicadas nas Operações de Ferro da CSN em
MG……………………………………………………………………………………………51

Figura 5.7 – Monitoramento remoto e digital de poços e vertedouros………………………53


10

Figura 5.8 – Quadro de parâmetros usados na otimização do desmonte de rochas com Data
Science………………………………………………………………………………………..54

Figura 5.9 – Esquema representativo do desafio e da tecnologia aplicada………………….57

Figura 5.10 – Esquema ilustrativo do desafio de Gestão de Energia e Emissão…………….59

Figura 5.11 – Esquema ilustrativo da solução para medição da massa da pilha de minério de
ferro…………………………………………………………………………………………...62

Figura 5.12 – Esquema ilustrativo do desenvolvimento da solução para medição da umidade


do minério…………………………………………………………………………………….64

Figura 5.13 – Esquema ilustrativo do desenvolvimento da tecnologia de monitoramento da


água em tempo real…………………………………………………………………………...66

Figura 5.14 – Quadro resumo de tecnologias e desafios relacionados ao ODS 12


solucionados…………………………………………………………………………………..67

Figura 5.15 – Quadro de correlação das áreas de impacto com as metas da ODS 12……….83

Figura 5.16 – Contabilização das tecnologias aplicadas pelas mineradoras estudadas……...84

Figura 5.17 – Principais áreas de impacto relacionados ao ODS 12 com a aplicação das
tecnologias de I4.0……………………………………………………………………………85

Figura 5.18 – Contabilização das metas do ODS 12 afetadas pelas tecnologias aplicadas….86

Figura 5.19 – Correlação das tecnologias de I4.0 e as metas do ODS 12…………………...87

Figura 5.20 – Quadro dos impactos da I4.0 correlacionado com outros ODS………………92
11

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

AHS Sistema de Transporte Autônomo (em inglês)


ANM Agência Nacional de Mineração
CSN Companhia Siderúrgica Nacional
ESG Ambiente, Sociedade e Governança (em inglês)
I4.0 Indústria 4.0
IA Inteligência Artificial
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineração
IMM Monitoramento Integrado de Mina (em inglês)
IoT Internet das Coisas (em inglês)
ODS Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
ONU Organização das Nações Unidas
PNI Política Nacional de Inovação
PRI Princípios de Investimentos Responsáveis (em inglês)
TWA Total Water Analyser
UI Interfaces de Usuário (em inglês)
12

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 15

2 OBJETIVOS 18

2.1 Objetivo Geral 18

2.2 Objetivos Específicos 18

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 19

3.1 As Atividades de Mineração e o Desenvolvimento Sustentável 19

3.1.1 A Mineração em Minas Gerais 19

3.1.1.1 Os Impactos Ambientais e Sociais da Mineração em Minas Gerais 21

3.1.2 Os Critérios ESG 23

3.1.3 Agenda 2030 24

3.1.3.1 Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 12 25

3.1.4. Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 12 na Mineração 27

3.2 A Indústria 4.0 28

3.2.1 Contexto Histórico 28

3.2.2 Tecnologias da Indústria 4.0 30

3.2.3 A Indústria 4.0 no Brasil 31

3.2.4 A Indústria 4.0 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 33

3.3 A Mineração 4.0 34

3.3.1 Mineração 4.0 e o ODS 12 37

3.3.1.1 Inteligência Artificial (IA) 37

3.3.1.2 Internet das Coisas (IoT) 38


13

3.3.1.3. Sensores 39

3.3.1.4 Gêmeos digitais (Digital Twins) 39

3.3.2 Mineração 4.0 e o ODS 12 na Mineração de Ferro de Minas Gerais 40

4 METODOLOGIA 41

4.1 Pesquisa bibliográfica 41

4.2 Coleta de dados das mineradoras 42

4.2.1 Definição das Organizações Estudadas 42

4.3 Estudos de caso 42

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES 44

5.1 Relatórios das mineradoras 44

5.1.1 Anglo American 44

5.1.2 Vale 46

5.1.3 CSN Mineração 50

5.2 Estudos de caso 53

5.2.1 DataScience no desmonte de rochas com explosivos 53

5.2.2 Otimização do processo de amostragem do minério de ferro 56

5.2.3 Gestão de Energia e Emissão de poluentes 58

5.2.4 Medição de Massa de Pilha de Minério 60

5.2.5 Medição da umidade de minério de ferro 62

5.2.6 Monitoramento Quantitativo e Qualitativo da água em tempo real 65

5.3 Análise dos relatórios de sustentabilidade das mineradoras e estudos de caso 66

5.4 Desafios e perspectivas futuras 88


14

6 CONCLUSÃO 96

7 LIMITAÇÕES E RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS 99

8 REFERÊNCIAS 100
15

1 INTRODUÇÃO

A mineração tem sido a base da sociedade desde os primórdios da civilização, sendo


impulsionada a partir da 1ª Revolução Industrial, que aconteceu entre final do século XVIII e
início do século XIX. Nos últimos anos houve um significativo aumento da necessidade de
metais por habitante e isso se deu principalmente por dois fatores: primeiramente pelo
crescimento exponencial da população mundial e, em segundo lugar, pela procura crescente
de produtos que possuam metais. Além disso, a mineração é a principal base para as
tecnologias de baixo carbono, uma vez que para a produção de painéis solares, turbinas
eólicas e baterias, há uma grande necessidade de minerais (THE WORLD BANK, 2018).

Além da expressiva necessidade de metais para o desenvolvimento da sociedade moderna, a


mineração é uma atividade importante para o crescimento econômico de vários países, como
Estados Unidos, Canadá, Austrália, Moçambique e dentre eles, o Brasil, que ocupa uma
posição mundial de destaque como detentor de grandes reservas mundiais. De acordo com a
Agência Nacional de Mineração (2016), a mineração é uma das principais atividades
econômicas do país, servindo de base para todas as indústrias e sendo fonte de geração de
riqueza para o Brasil. De acordo com o IBRAM (2020), no país existem 9.415 minas em
operação, que geram mais de 180 mil empregos diretos e aproximadamente dois milhões
indiretos, além de responder por 30% do saldo da balança comercial.

De acordo com Christofoletti et al. (2012), a atividade minerária é responsável por diversos
impactos positivos e negativos, sendo exemplos de negativos o alto consumo de água, a alta
produção de resíduos e rejeitos, a poluição sonora e do ar, o grande consumo de energia, entre
outros. São considerados impactos positivos a geração de empregos, o desenvolvimento
econômico e o aumento da receita dos governos municipais e estaduais. Nos últimos anos, o
setor no Brasil presenciou tragédias que provocaram questionamentos sobre segurança,
sustentabilidade e responsabilidade das mineradoras. Deste modo, torna-se extremamente
necessário que as empresas e organizações ligadas ao setor busquem soluções cada vez mais
sustentáveis e garantam processos e atividades que gerem menos impactos negativos.
16

Até 2030, o Objetivo 12 de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da Organização


das Nações Unidas (ONU) visa assegurar padrões de produção e de consumo responsáveis
(PLATAFORMA AGENDA 2030, 2022). Levando em consideração o contexto da mineração,
as metas 12.2 (até 2030, alcançar gestão sustentável e uso eficiente dos recursos naturais),
12.4 (até 2030, alcançar o manejo ambientalmente saudável dos produtos químicos e todos os
resíduos, ao longo de todo o ciclo de vida destes, de acordo com os marcos internacionais
acordados, e reduzir significativamente a liberação destes para o ar, água e solo, para
minimizar seus impactos negativos sobre a saúde humana e o meio ambiente) e 12.5 (até
2030, reduzir substancialmente a geração de resíduos por meio da prevenção, redução,
reciclagem e reuso) são de grande valia para o setor. Caso a atividade entre em consonância
com tais metas, as mineradoras estarão cada vez mais perto de cumprirem com os Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável (ODS), garantindo operações mais responsáveis, seguras e
sustentáveis. Contudo, caso em desconformidade com tais objetivos, podem gerar danos
ambientais, aumento das desigualdades sociais, além de outros significativos impactos
negativos (OLIVEIRA; MORONG, 2019).

Como aliada desse processo de alcançar a gestão sustentável e o uso eficiente de recursos
naturais, a Indústria 4.0 é capaz de trazer tecnologias que aumentam a eficiência da
exploração e produção que podem contribuir para a realização e fortalecimento da economia
circular (ANDRADE et al., 2018). No setor de mineração, a Quarta Revolução Industrial é
chamada internacionalmente como Mineração 4.0, e de acordo com Byrne et al. (2016), ela
facilitará recursos como digitalização, automação, análise, inteligência artificial e aprendizado
de máquina. Os benefícios da transformação tecnológica têm o potencial de transformar as
operações de mineração, pois permitem gerenciar e minimizar falhas, aumentar a eficiência
do processo, reduzir os custos e atender aos requisitos ambientais (BYRNE et al., 2016).

Neste contexto, diante da relevância que o tema supracitado representa, o presente trabalho
visa avaliar os impactos da Indústria 4.0 para as operações de minério de ferro no estado de
Minas Gerais, focados principalmente na contribuição para o desenvolvimento de uma
17

exploração minerária mais responsável e sustentável, permitindo alcançar as metas-chave


12.2, 12.4 e 12.5 do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 12 da Agenda 2030.
18

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Avaliar os impactos da Indústria 4.0 de algumas operações de minério de ferro no estado de


Minas Gerais, focados principalmente na contribuição para o desenvolvimento de uma
exploração minerária mais responsável e sustentável, permitindo alcançar as metas-chave
12.2, 12.4 e 12.5 do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 12 da Agenda 2030.

2.2 Objetivos Específicos

● Levantar as principais tecnologias relacionadas à Indústria 4.0 e práticas sustentáveis


adotadas pelas mineradoras de minério de ferro em Minas Gerais;

● Avaliar as mudanças geradas nos processos e operações das mineradoras com a


adoção de tecnologias e práticas sustentáveis; e

● Verificar como as práticas adotadas pelas mineradoras contribuem para o atendimento


do ODS 12 e de outros compromissos ligados à sustentabilidade.
19

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 As Atividades de Mineração e o Desenvolvimento Sustentável

3.1.1 A Mineração em Minas Gerais

A mineração é uma indústria global que sempre esteve presente e em destaque na economia
brasileira e é considerada um de seus principais pilares, uma vez que o setor contribui há anos
de forma expressiva para o desenvolvimento econômico e social do Brasil (NEVES, 2019).
Segundo o IBRAM (2020), dentro do território nacional, o estado que ganha destaque no setor
de mineração é Minas Gerais, com 3.399 minas das 18.040 totais no Brasil. Em 2019, 59% do
total de produtos comercializados em Minas Gerais foram minerais. Assim, observa-se a
relevância do setor para a economia do estado.

Segundo Oliveira (2017), a mineração no estado de Minas Gerais iniciou-se no final do século
XVII, com a descoberta do ouro. A Figura 3.1 mostra a evolução da mineração em Minas
Gerais entre os anos 1980 até 2014.

Figura 3.1 – Expansão da Mineração em Minas Gerais desde 1980 até 2014.

Fonte: Rezende (2016).


20

Na Figura 3.1 acima, o primeiro mapa mostra as áreas de mineração no período de 1980 a
1989; o segundo mapa mostra as áreas de mineração no período de 1990 a 1999; o terceiro
mapa mostra as áreas de mineração no período de 2000 a 2010; e o quarto mapa mostra as
áreas de mineração de 2010 a 2014 (REZENDE, 2016).

A atenção voltou-se para o minério de ferro de Minas Gerais no início do século XX, quando
foram descobertas enormes jazidas de minério de ferro nas cidades de Itabira do Mato Dentro.
Nessas minas, originalmente, se extraia o ouro, ocorrente no meio do minério de ferro. Com o
fim do ouro nesses locais, atentou-se então para os enormes e ricos depósitos de minério de
ferro. A partir dessas descobertas, diversas foram as empresas estrangeiras que se instalaram
no estado para explorar o minério de ferro e até hoje, Minas é o estado com o maior número
de mineradoras de ferro no Brasil (IBRAM, 2018).

Figura 3.2 – Distribuição de algumas minas de ferro no Quadrilátero Ferrífero.

Fonte: Ruchkys et al. (2019).


21

Atualmente, as maiores produtoras de minério de ferro no país estão localizadas no estado,


que segundo Alves (2019), em termos de capacidade instalada, são a Vale, seguida pela CSN,
Anglo American, Mineração Usiminas (MUSA) e Gerdau Açominas, que estão
majoritariamente localizadas no Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais, como mostrado na
Figura 3.2 acima.

3.1.1.1 Os Impactos Ambientais e Sociais da Mineração em Minas Gerais

Apesar de indubitavelmente gerar riqueza e crescimento econômico, sendo um dos


importantes setores da economia brasileira e mineira, a indústria extrativa mineral está entre
as atividades que mais causam impactos sociais e ambientais negativos, afetando o território
onde se realiza a mineração de diversas formas (ARAÚJO, 2014).

Os efeitos ambientais negativos da atividade minerária estão associados às diversas fases de


exploração dos bens minerais, desde a lavra até o transporte e beneficiamento do minério,
muitas vezes estendendo-se até após o fechamento da mina. A mineração altera de forma
substancial o meio físico, provocando desmatamentos, erosão, contaminação dos corpos
hídricos, aumento da dispersão de metais pesados, alterações da paisagem, do solo, o que
diversas vezes afeta a fauna e a flora da região (ARAÚJO, 2014). Além dessas questões, o
modo de viver e a qualidade de vida das populações estabelecidas na área minerada e em seu
entorno são muito afetadas, principalmente com ruídos, tremores, poluição do ar,
contaminação da água e também em relação à segurança, uma vez que as estruturas das
operações como barragens, podem vir a romper e causar desastres.

Minas Gerais sofre com as consequências da exploração inadequada de muitos anos de


exploração, mais especificamente, desde o século XVII. O alto número de operações,
juntamente com a execução de práticas exercidas sem preocupações com o meio ambiente
levou o estado a ser considerado uma região com alto índice de impactos ambientais e sociais
(GONELLA et al., 2015). Na Figura 3.3 pode-se verificar quais são os principais impactos
ambientais negativos da mineração de acordo com o tipo de operação.
22

Figura 3.3 – Quadro dos principais impactos negativos das operações de mineração.

MÉTODO EXTRAÇÃO A SECO EXTRAÇÃO ÚMIDA


COMPONENTE

Superfície Devastação da superfície; Devastação da superfície;


terrestre Alteração de morfologia; Alteração de morfologia;
Destruição de bens culturais; Alteração dos cursos d’água;
Perigo de desmoronamento. Formação de grandes depósitos de
resíduos e rejeitos.

Ar Ruídos e vibrações em geral; Ruídos e vibrações em geral;


Poeira; Poeira;
Vapores; Vapores;
Gases nocivos. Gases nocivos.

Águas superficiais Alteração do ciclo de nutrientes; Desnitrificação;


Contaminação de águas residuais; Contaminação do leito receptor de
Contaminação causada por erosão; águas residuais.
Assoreamento.

Solo Erosão na Zona de Lavra; Erosão de zona de lavra.


Dissecação e desidratação do solo;
Perigo de alagamento.

Flora Destruição da flora na área de Destruição de flora na área de


exploração; exploração.
Destruição parcial/alteração na área
circundante devido à alteração do
nível freático.

Fauna Deslocamento da fauna. Deslocamento da fauna.

População Conflitos relacionados com o uso do Conflitos relacionados com o uso do


solo; solo;
Estabelecimento ou aumento de Estabelecimento ou aumento de
populações a partir do local das populações a partir do local das
atividades de mineração; atividades de mineração;
Destruição das zonas de recreação. Conflitos relacionados a barragens de
rejeitos;
Potenciais óbitos pelo rompimento de
barragens.

Outros Possível alteração de microclima. Modificação do microclima;


Proliferação de agentes patogênicos.
Fonte: Adaptado Gonella et al. (2015).
23

Nos últimos anos tem-se observado uma mudança de postura do setor minerário em relação às
questões de sustentabilidade. Com o rompimento da barragem do Fundão da empresa
Samarco na cidade de Bento Rodrigues – MG, em 2015, e do desastre do rompimento da
barragem I da operação da Vale em Brumadinho – MG, em 2019, o setor tem enfatizado os
componentes de proteção ao meio ambiente, responsabilidade social e aprimoramento de
governança. Essa ênfase e preocupação com questões de sustentabilidade acompanham o
impulsionamento dos critérios ESG (ambiental, social e de governança – ASG, em
português), que estão sendo exigidos cada vez mais pelos investidores internacionais
(IBRAM, 2021b).

3.1.2 Os Critérios ESG

De acordo com Ramos e Gomes (2021), a verificação dos critérios ESG (ambiental, social e
de governança – ASG, em português) constitui um movimento global, voltado ao
conhecimento, entendimento e monitoramento da prática de sustentabilidade das corporações
por todas as partes interessadas (stakeholders), especialmente investidores, que têm liderado
essa discussão nos últimos anos. O movimento é baseado nos Princípios para o Investimento
Responsável (PRIs), lançados pela ONU em 2006. Os PRIs constituem diretrizes voluntárias e
aspiracionais para que os critérios ESG sejam incorporados na prática de investimentos.

De acordo com Iberdrola (2021), os critérios ambientais analisam a contribuição e o


desempenho de uma empresa em relação aos desafios ambientais, tais como as emissões de
gases de efeito estufa, o desmatamento, a proteção da biodiversidade, a poluição do ar e os
recursos hídricos. Para isso, o sistema utiliza métricas para avaliar o impacto ambiental das
empresas e seus esforços para reduzi-los. Os critérios sociais avaliam a relação das empresas
com trabalhadores, comunidades locais e cidadãos em geral, levando em consideração
aspectos como emprego, saúde, segurança e diversidade. Os critérios de governança
corporativa estão relacionados aos mecanismos de governança das empresas, aos direitos dos
acionistas e às responsabilidades dos executivos. Para isso, são analisados os procedimentos
24

de decisão das empresas, a estrutura organizacional, os mecanismos de controle, entre outras


questões de gestão.

Segundo a CNN (2021), o Brasil está em terceiro lugar no ranking das 19 economias mais
vulneráveis do mundo, organizado pela MB Consultoria, baseado nos critérios ESG. Para o
critério ambiental, foi utilizado um ranking da Universidade de Yale (Environmental
Performance Index), que faz compilação de mais de 40 critérios diferentes sobre meio
ambiente. Para o social, foi usado o índice de Gini, que mede o nível de desigualdade de
renda de cada país. E, para o indicador de governança, foram usados os dados do Banco
Mundial (World Governance Indicator). Os três indicadores foram ranqueados do pior para o
melhor, sendo 100% o pior e 0% o melhor, e o Brasil ficou com 62%, atrás somente de
Filipinas (64%) e África do Sul (68%). De acordo com a CNN (2021), não há perspectivas de
melhoras no curto prazo, dado que a piora da desigualdade de renda pela pandemia de
Covid-19 e a piora de governança do país nos últimos anos também tendem a se manter.

A abordagem ESG e a Agenda 2030 da ONU estão muito conectadas e reforçam a


responsabilidade de organizações e lideranças para sustentar e fomentar negócios
responsáveis e prósperos.

3.1.3 Agenda 2030

A Agenda 2030 é um plano de ação global desenvolvido em setembro de 2015, durante uma
reunião entre 193 representantes dos Estados-membros da Organização das Nações Unidas,
que busca o desenvolvimento sustentável em diversos âmbitos da sociedade e do planeta. O
plano indica 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas, para erradicar
a pobreza e promover vida digna para todos, dentro dos limites do planeta. Esses objetivos e
metas foram desenvolvidos de forma clara, para que todos os países adotem de acordo com
suas próprias prioridades e orientem as suas escolhas para melhorar a vida da população atual
e futura (PLATAFORMA AGENDA 2030, 2022).
25

Os ODS são integrados e mesclam as três dimensões do desenvolvimento sustentável: a


econômica, a social e a ambiental (FIGURA 3.4). Além disso, eles são o núcleo da Agenda e
deverão ser alcançados até o ano 2030.

Figura 3.4 – Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

Fonte: Plataforma Agenda 2030 (2022).

Os 17 objetivos representam um grande desafio para serem alcançados pelos países e pela
população mundial, entretanto são indispensáveis ao desenvolvimento sustentável.

3.1.3.1 Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 12

Segundo a Plataforma Agenda 2030 (2022), o objetivo 12 trata do “Consumo e Produções


Responsáveis”, visando assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis.
26

Figura 3.5 – Objetivo de desenvolvimento sustentável nº 12.

Fonte: Plataforma Agenda 2030 (2022).

De acordo com a Agenda 2030, as metas do ODS 12 visam promover a eficiência do uso de
recursos energéticos e naturais, o acesso a serviços básicos e a infraestrutura sustentável. O
objetivo prioriza também a informação, a gestão coordenada, a transparência e a
responsabilização dos atores consumidores de recursos naturais como meios de alcançar
padrões mais sustentáveis de produção e consumo (PLATAFORMA AGENDA 2030, 2022).

As metas propostas para alcançar o objetivo número 12 são as seguintes:

12.1. Implementar o Plano Decenal de Programas sobre Produção e Consumo


Sustentáveis, com todos os países tomando medidas, e os países desenvolvidos
assumindo a liderança, tendo em conta o desenvolvimento e as capacidades dos
países em desenvolvimento;

12.2 Até 2030, alcançar a gestão sustentável e o uso eficiente dos recursos naturais;

12.3 Até 2030, reduzir pela metade o desperdício de alimentos per capita mundial,
nos níveis de varejo e do consumidor, e reduzir as perdas de alimentos ao longo das
cadeias de produção e abastecimento, incluindo as perdas pós-colheita;

12.4 Até 2020, alcançar o manejo ambientalmente saudável dos produtos químicos e
todos os resíduos, ao longo de todo o ciclo de vida destes, de acordo com os marcos
internacionais acordados, e reduzir significativamente a liberação destes para o ar,
água e solo, para minimizar seus impactos negativos sobre a saúde humana e o meio
ambiente;
27

12.5 Até 2030, reduzir substancialmente a geração de resíduos por meio da


prevenção, redução, reciclagem e reuso;

12.6 Incentivar as empresas, especialmente as empresas grandes e transnacionais, a


adotar práticas sustentáveis e a integrar informações de sustentabilidade em seu ciclo
de relatórios;

12.7 Promover práticas de compras públicas sustentáveis, de acordo com as políticas


e prioridades nacionais;

12.8 Até 2030, garantir que as pessoas, em todos os lugares, tenham informação
relevante e conscientização para o desenvolvimento sustentável e estilos de vida em
harmonia com a natureza;

12.a. Apoiar países em desenvolvimento a fortalecer suas capacidades científicas e


tecnológicas para mudar para padrões mais sustentáveis de produção e consumo;

12.b. Desenvolver e implementar ferramentas para monitorar os impactos do


desenvolvimento sustentável para o turismo sustentável, que gera empregos,
promove a cultura e os produtos locais;

12.c. Racionalizar subsídios ineficientes aos combustíveis fósseis, que encorajam o


consumo exagerado, eliminando as distorções de mercado, de acordo com as
circunstâncias nacionais, inclusive por meio da reestruturação fiscal e a eliminação
gradual desses subsídios prejudiciais, caso existam, para refletir os seus impactos
ambientais, tendo plenamente em conta as necessidades específicas e condições dos
países em desenvolvimento e minimizando os possíveis impactos adversos sobre o
seu desenvolvimento de uma forma que proteja os pobres e as comunidades
afetadas. (PLATAFORMA AGENDA 2030, ODS 12, 2021).

3.1.4. Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 12 na Mineração

Segundo o Fórum Econômico Mundial (2017), a integração do ODS 12 nas operações de


mineração pode contribuir para uma produção mais sustentável ao impor metas para
minimizar o uso e desperdício de recursos, como por exemplo, minimizando o uso de água e
energia, terra e químicos; a produção de rejeitos, efluentes e emissões.

De acordo com o Atlas produzido pelo Fórum Econômico Mundial (2017), as metas-chave do
ODS 12 da ONU relevantes para a atividade de mineração são:

12.2 Até 2030, alcançar a gestão sustentável e o uso eficiente dos recursos naturais.

12.4. Até 2020, alcançar o manejo ambientalmente saudável dos produtos químicos
e todos os resíduos, ao longo de todo o ciclo de vida desses, de acordo com os
marcos internacionais acordados, e reduzir significativamente sua liberação para o
28

ar, água e solo, para minimizar seus impactos negativos sobre a saúde humana e o
meio ambiente.

12.5 Até 2030, reduzir substancialmente a geração de resíduos por meio da


prevenção, redução, reciclagem e reuso.

12.6 Incentivar as empresas, especialmente as empresas grandes e transnacionais, a


adotar práticas sustentáveis e a integrar informações de sustentabilidade em seu ciclo
de relatórios. (FÓRUM ECONÔMICO MUNDIAL, p. 74, 2017).

Para que essas metas sejam alcançadas, a inovação e aplicação de novas tecnologias nas
operações de mineração são imprescindíveis. Segundo Bertayeva et al. (2019), atualmente são
diversas as soluções que podem auxiliar a mineração em todo o seu ciclo produtivo,
viabilizando a significativa redução dos custos, aumento da eficiência da produção e da
sustentabilidade da operação. De acordo com Mutanov et al. (2019), a intensidade da
tecnologia digital e da inovação tem se refletido amplamente no nível de desenvolvimento
econômico sustentável, o que além de beneficiar o meio ambiente é também um diferencial
competitivo para as empresas.

Dentro do contexto da inovação industrial está a chamada Indústria 4.0 que engloba um amplo
sistema de tecnologias avançadas como inteligência artificial, robótica, internet das coisas e
computação em nuvem que estão mudando as formas de produção das indústrias no mundo
todo. A interação entre sustentabilidade e Indústria 4.0 pode gerar resultados satisfatórios e de
grande impacto na mineração, pois as tecnologias podem contribuir para a realização da
economia circular na operação, além de apoiar a otimização de uso, reuso, remanufatura e
reciclagem dos recursos, o que contribui para o cumprimento do Objetivo de
Desenvolvimento Sustentável 12 (ANDRADE et al., 2018).

3.2 A Indústria 4.0

3.2.1 Contexto Histórico

De acordo com Dastbaz e Cochrane (2019), a Revolução Industrial iniciou na Inglaterra, nos
anos 1760. Com o surgimento da força a vapor no alvorecer da Primeira Revolução Industrial,
29

ocorreu uma mudança significativa no modo de produção, evoluindo do modelo artesanal para
a mecanização em grande escala. Segundo Da Costa (2017), a Segunda Revolução Industrial,
após a Segunda Guerra Mundial, foi marcada por diversas inovações tecnológicas
desenvolvidas na época, com destaque para barcos de aço movidos por motores a vapor
potentes, para as linhas de produção e para o uso de energia elétrica.

A Terceira Revolução Industrial, conhecida por “revolução digital'', começou entre os anos de
1950 e 1970, e destacou-se pela automação e robotização em linhas de produção, pelo amplo
uso de semicondutores, dos computadores, do armazenamento e processamento digital, dos
telefones móveis e da internet (DA COSTA, 2017) (FIGURA 3.6).

Figura 3.6 – Linha do tempo da Revolução Industrial.

Fonte: PwC (2016).

Indústria 4.0 é uma estratégia desenvolvida pelo governo alemão em 2013 e é descrita como a
Quarta Revolução Industrial. Nessa era, o desenvolvimento da Internet, dos sensores, a
sofisticação de softwares e hardwares, entre outras tecnologias, permitiu que todo o processo
de produção fosse incluído em redes baseadas na Internet que transformam fábricas comuns
em fábricas inteligentes (LÖÖW et al. 2019).

A digitalização será o mais poderoso impulsionador da inovação nas próximas décadas e,


segundo Tartarotti et al. (2018), ela transformará todas as infraestruturas essenciais nos
setores de energia, automobilística, saúde, mineração, entre outras. Estima-se que o benefício
econômico da digitalização e o aumento das redes do mundo real nos campos de energia,
30

saúde, transporte, educação e governo estão em um nível de 56 bilhões de euros por ano
(TARTAROTTI et al., 2018).

Ao considerar a Indústria 4.0 juntamente com os fatores da sustentabilidade (meio ambiente,


equilíbrio econômico e social), pode-se gerar ótimos resultados. Com essa interação, tais
fatores da sustentabilidade são diretamente e indiretamente afetados pelos principais pontos
da aplicação da Indústria 4.0 nas operações em geral, como segurança nos processos, a
eficiência no consumo de recursos e o desenvolvimento de processos mais flexíveis e
inteligentes (ANDRADE et al., 2018).

Segundo Andrade et al. (2018), considerando as operações fabris, os conceitos que permeiam
a Indústria 4.0 poderiam ser aplicados para desenvolver processos de fabricação mais
sustentáveis, e até mesmo contribuir para a aplicação da economia circular. Algumas
tecnologias podem ser utilizadas para o design do produto, monitoramento, manutenção
(preventiva, preditiva e corretiva), otimização de uso e dos recursos, reuso, remanufatura e
reciclagem.

3.2.2 Tecnologias da Indústria 4.0

A literatura existente identifica vários componentes no que diz respeito à Indústria 4.0, porém
de acordo com um relatório da consultoria Boston Consulting Group, de 2015, as tecnologias
que se estabeleceram como os pilares da Indústria 4.0 podem ser observados na Figura 3.7
abaixo.

Figura 3.7 – Os nove pilares da Indústria 4.0.


31

Fonte: Adaptado Leuzinger (2018).

3.2.3 A Indústria 4.0 no Brasil

Segundo um estudo realizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp),
em 2018, mostrou que o Brasil quase não tem relevância em nenhuma das áreas-chave da
Quarta Revolução Industrial, como Big Data, Internet das Coisas e Inteligência Artificial.
Porém, nos últimos anos foi observado um aumento significativo no número de indústrias
brasileiras que utilizam tecnologias digitais, mesmo que em estágio inicial. De acordo com
uma pesquisa de 2018 da Confederação Nacional da Indústria (CNI), entre o início de 2016 e
32

o ano de 2018, o percentual das grandes empresas que utilizam pelo menos uma tecnologia
digital passou de 63% para 73%.

Figura 3.8 – Principais tecnologias da Indústria 4.0 utilizadas por empresas brasileiras.

Fonte: CNI (2018).

Segundo a CNI, a automação digital com sensores para controle de processos é a tecnologia
mais utilizada pelas empresas (46% de assinalações). Em segundo, aparece sistemas
integrados de engenharia para desenvolvimento e manufatura de produtos (37% de
assinalações) (FIGURA 3.8).

Com a pressão de investidores e aumento da competitividade, a mineração, uma indústria


conservadora e tradicional, mudou seu foco para eficiência e produtividade apenas na última
década. A busca por tecnologias da Indústria 4.0 no setor se tornou cada vez mais comum nos
últimos anos e, como consequência, os avanços e desenvolvimentos da Indústria 4.0 e fábricas
33

inteligentes, uma vez adaptados e transferidos para os requisitos específicos da produção da


mina e da cadeia de valor da mineração criaram a Mineração 4.0.

3.2.4 A Indústria 4.0 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Um ponto importante da transformação digital é que, pela primeira vez, a tecnologia não é
vista simplesmente como um novo meio de promover somente o crescimento econômico das
empresas, mas também como um elemento que permitirá um futuro mais sustentável. De
acordo com Mabkhot et al. (2021), as tecnologias I4.0 têm um impacto significativo no
cumprimento dos ODS. Essa influência é explicitamente declarada nas 8 metas do ODS 9;
indústria, inovação e infraestrutura, e podem ser deduzidas implicitamente da maioria dos
outros 161 alvos. As influências quantitativas das tecnologias nos ODS podem ser observadas
na Figura 3.9, na qual estão indicadas quais Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
possuem maior sinergia com as soluções da Indústria 4.0 (MABKHOT et al., 2021).

Figura 3.9 – Influência quantitativa da Indústria 4.0 nos ODS.

Fonte: Mabkhot et al. (2021).

A pesquisa traz também quais são as tecnologias da Indústria 4.0 que possuem os maiores
impactos positivos no cumprimento das ODS nas operações industriais como um todo.
Segundo Mabkhot et al. (2021), Big Data e Internet of Things são as tecnologias que são
responsáveis pelas maiores influências neste contexto.
34

Figura 3.10 – As influências dos capacitadores I4.0 nos ODS.

Fonte: Mabkhot et al. (2021).

3.3 A Mineração 4.0

A Quarta Revolução Industrial está mudando o cenário da mineração. Uma série de esforços
estão sendo feitos no desenvolvimento e inovação de sistemas e processos de produção mais
eficientes. A Mineração 4.0 (Indústria 4.0 na indústria de mineração) está conectando pessoas
para promover grandes mudanças e melhorar a eficiência operacional em seus negócios.

De acordo com Insight Editor (2020), o desenvolvimento de uma mina totalmente


automatizada e controlada envolve uma série de etapas e tecnologias. Na primeira fase de
automação isolada, inicia-se a instalação da infraestrutura de telecomunicações em todos os
espaços das minas subterrâneas e a céu aberto, tais como: cabeamento estruturado, fibra ótica,
salas de controle, links sem fio, redes Wi-Fi, equipamentos de telefonia, servidores,
dispositivos para expansão do sinal de celular, nós de comunicação móvel, circuito fechado de
televisão, controle de acesso, e comunicação por rádio. O objetivo da instalação dessa
infraestrutura é oferecer serviços de telecomunicações, como comunicação digital por rádio,
35

telefonia pela internet, vídeo, sinal de celular e conectividade sem fio Wi-Fi (WORLD
ECONOMIC FORUM, 2017).

Posteriormente, continua-se a digitalização do processo e a integração de todos os sistemas


descritos anteriormente através da criação de cópias virtuais em tempo real de cada uma das
atividades de mineração, por meio das informações fornecidas por sensores ou dispositivos
eletrônicos localizados em equipamentos, máquinas, veículos, pessoas, etc (INSIGHT
EDITOR (2020). Entre os sistemas a serem digitalizados e integrados estão sistemas de
localização e rastreamento, sistemas de evacuação, sistemas anticolisão, monitoramento de
energia, monitoramento de gases, telemetria de equipamentos, vídeo em movimento. A ideia é
gerenciar as informações de todos os sistemas do processo de mineração em um único banco
de dados centralizado, para posteriormente operá-los e controlá-los remotamente, bem como
planejar ações futuras na mina (WORLD ECONOMIC FORUM, 2017).

De acordo com a MAPFRE Global Risks (2021), as principais tecnologias da Indústria 4.0
(I4.0) para a mineração são automação e robótica, inteligência artificial, a Internet das coisas,
sensores, drones, realidade virtual e gêmeos digitais. Caso essas tecnologias sejam adotadas,
as empresas de mineração podem não apenas dar um grande salto tecnológico, mas também
abordar questões críticas dos critérios ESG e da Agenda 2030, aderindo aos padrões recentes
da indústria. A Figura 3.11 mostra quais são as principais tecnologias e possibilidades de
aplicação em toda a cadeia de valor de mineração.
36

Figura 3.11 – Possibilidades de implementação de tecnologias de I4.0 na cadeia de valor da


mineração.

Fonte: Adaptado Mine Connect (2018).

A mina de ouro de Boliden, na Suécia, foi a primeira operação totalmente digital conectada no
mundo (ABB, 2021). Em 2012, a mina foi a primeira do globo a empregar uma combinação
de redes sem fio (wireless), telefonia IP e posicionamento. Hoje, toda a comunicação ocorre
via rede sem fio, o que levou a mina de Garpenberg de Boliden ser considerada a mina mais
moderna da Suécia.

Toda essa conexão permitiu o monitoramento remoto constante do status operacional de cada
aspecto da mina. Além disso, as necessidades de manutenção podem ser previstas com base
na análise contínua dos big data coletados da eficiência operacional da mina subterrânea.
Essas soluções digitais contribuíram para um aumento de produção de 60% da mina de
Garpenberg, e garantiu uma redução drástica da poluição sonora, do consumo de energia e
água. O aspecto de sustentabilidade das operações também foi aprimorado. Os sistemas de
ventilação inteligentes ajustam os ventiladores para necessidades específicas, economizando
até 50% de energia em comparação com os sistemas anteriores.
37

3.3.1 Mineração 4.0 e o ODS 12

Levando em consideração as principais tecnologias da Indústria 4.0 que foram apresentadas


pela literatura como mais relevantes para a mineração, o presente tópico busca analisar as
possíveis aplicações das soluções que têm correlação com a sustentabilidade, especialmente
focado no ODS 12, compilando e discorrendo acerca dos possíveis impactos das tecnologias
existentes.

3.3.1.1 Inteligência Artificial (IA)

Em aplicações industriais, a Inteligência Artificial se refere a uma coleção de técnicas que


permitem a automação de tarefas humanas por máquinas, como por exemplo: compreensão da
linguagem, aprendizado, raciocínio e resolução de problemas (GLOBAL MINES
GUIDELINES GROUP, 2019). Avanços tecnológicos recentes e amplo financiamento
contribuíram para a implementação mais abrangente da IA. O avanço da computação e
armazenamento baseados em nuvens revolucionaram ainda mais esse campo. Pesquisadores e
profissionais estão agora fazendo novos avanços e descobertas em um ritmo mais acelerado.

De acordo com Klein (2019), uma das principais aplicações do princípio da IA na mineração
são os Sistemas de Transporte Autônomos (AHS, em inglês), que permitem auxiliar no
controle dos veículos utilizados na operação, sendo capaz de melhorar a segurança, expandir o
tempo de vida útil do equipamento e elevar a eficiência produtiva. Segundo a Jadoul (2020), a
introdução de AHS, por exemplo, pode ajudar a produtividade e a eficiência energética, uma
vez que a frota de transportes autônomos poderia reduzir o consumo de combustível em
aproximadamente 12,4 litros por hora e as emissões de gás carbônico em 236 toneladas
métricas por veículo. Assim, em uma mina de minério de ferro média com uma produção de
150 milhões de toneladas por ano, uma frota AHS reduziria o fluxo de carbono em mais de
15.000 toneladas por ano. Isso equivale a 3.300 carros sendo retirados da rua.

Outro exemplo de aplicação de Inteligência Artificial e sensores é na análise de concentração


de minerais valiosos (Ore Sorting, em inglês). Quando aplicada no início do processo, a
tecnologia é capaz de identificar e selecionar os minerais com maior concentração e, assim,
38

conservar os recursos, evitando a geração de rejeitos e resíduos. A separação antecipada de


material de baixo valor na cadeia do processo não aumenta apenas a eficiência do tratamento,
mas também reduz o consumo de água e energia nas etapas seguintes do processo
(FRAUNHOFER IIS, 2018).

O Aprendizado de Máquina (machine learning), que é uma das tecnologias que faz parte da
Inteligência Artificial, se concentra em máquinas que pegam dados relacionados a uma tarefa
específica e aprendem com esses dados para construir um modelo. Este processo permite a
geração de uma resposta inteligente aos novos dados apresentados ao sistema por meio do uso
de algoritmos e modelos estatísticos que identificam padrões e fazem inferências (GLOBAL
MINES GUIDELINES GROUP, 2019).

O Machine Learning é utilizado pela mineração para analisar dados geofísicos com o objetivo
de detectar possíveis mineralizações, resultando na identificação de oportunidades de
exploração viáveis, tanto geologicamente quanto economicamente. Segundo Neto (2019), sem
essa tecnologia esses lugares seriam amplamente detonados por explosivos para que
pudessem ser analisados, porém com a sua aplicação, é possível classificar o tipo de rocha a
ser extraída, o que otimiza o posicionamento de explosivos para a detonação e,
consequentemente, diminui os impactos ambientais negativos do amplo uso de explosivos.
Com essa identificação assertiva, há uma diminuição de locais amplamente explorados,
diminuição na geração de resíduos, na emissão de particulados, na área desmatada e no uso de
recursos hídricos (KLEIN, 2019).

3.3.1.2 Internet das Coisas (IoT)

A utilização da IoT possibilita melhor controle da produção, uma vez que com ela é possível
realizar o monitoramento em tempo real de todas as atividades da operação. Segundo Salam
(2020), o monitoramento adequado da mina usando a IoT ajudará a reduzir o potencial de
escoamento, percolação, lixiviação química para os recursos hídricos subterrâneos e
superficiais, e reduzir a erosão do solo e o movimento de contaminantes da mina para as
águas superficiais e subterrâneas. As soluções IoT para uma mineração sustentável fornecem
39

monitoramento integrado de minas (IMM, em inglês), nas quais os sistemas de mineração


estão fortemente acoplados ao monitoramento adequado.

De acordo com Neto (2019), a interconectividade, por meio da IoT, não pode ser
completamente destrinchada das outras tecnologias citadas anteriormente (IA e machine
learning), uma vez que a IoT é imprescindível para garantir que a comunicação entre
equipamentos e seres humanos consiga trazer os benefícios previstos pela IA e pela análise de
dados.

3.3.1.3. Sensores

Os sensores microeletrônicos distribuídos nos equipamentos compõem os sistemas de coleta e


processamento de dados e estão diretamente ligados ao IoT. Com eles é possível realizar o
monitoramento de diversos equipamentos, de estruturas, do ambiente e do pessoal, permitindo
um maior controle das informações pelos profissionais que realizam a análise desses dados e,
consequentemente, garante maior estabilidade operacional, melhoria da produtividade e
redução do impacto ambiental (NETO, 2019).

3.3.1.4 Gêmeos digitais (Digital Twins)

A Digital Twin é uma representação virtual do mundo físico digitalmente no qual fazem uso
de interfaces de usuário (UI, em inglês) modernas e visualizações avançadas para ajudar o
operador a entender o que está acontecendo na operação (INSIGHT EDITOR, 2020). Os
dados do Digital Twins vêm da conectividade baseada na Internet das Coisas (IoT) em toda a
sua operação de mineração. Os sensores coletam dados sobre o status em tempo real,
condições de trabalho ou posição dentro de um sistema físico. A nuvem recebe e processa
todos os dados que os sensores monitoram, com a entrada sendo analisada em relação aos
dados de negócios e contextuais. Oportunidades de melhoria são identificadas no mundo
virtual e, em seguida, aplicadas ao mundo físico.

De acordo com Beloglazov et al. (2020), um dos alvos prioritários dos sistemas digitais para
minas é a análise de parâmetros dinâmicos em um fluxograma de processo. Como exemplo,
os autores citam o processo de moagem, que é o processo com maior demanda energética na
40

operação de mineração. A modelagem dinâmica possibilita a implantação do controle da


velocidade de rotação do tambor com o objetivo de otimizar o processo de moagem, com isso
os sistemas ficam mais confiáveis e exigem menores trocas de equipamentos e manutenções,
o que diminui o consumo de equipamentos novos nas operações e a consequente geração de
resíduos.

3.3.2 Mineração 4.0 e o ODS 12 na Mineração de Ferro de Minas Gerais

Mesmo que ainda incipientes, grandes mineradoras localizadas no Brasil estão investindo
nessas tecnologias para suas operações, e a pandemia foi um fator de alto impacto para
impulsionar esses investimentos. Com as proibições de viagens, fechamentos de fronteiras e
restrições de movimento, processos automatizados e remotos provaram seu valor, uma vez
que estão permitindo a continuidade da produção, tornando possível entregar o mesmo ou até
melhor padrão de prestação de serviços em tempo real (NOTÍCIAS DE MINERAÇÃO,
2021).

Empresas como Anglo American, Vale e CSN apresentaram em seus recentes relatórios de
sustentabilidade do ano de 2020, soluções para problemas de sustentabilidade que possuem
ligações com as tecnologias da Indústria 4.0. Programas de inovação aberta, como o Mining
Hub (MH) e o FiemgLab, recentemente criados no Brasil, têm impulsionado o
desenvolvimento e aplicações dessas tecnologias nas operações brasileiras e principalmente
mineiras.

Dessa maneira, são diversas as empresas e startups no Brasil que estão desenvolvendo
soluções dentro da perspectiva da Indústria 4.0 e que possuem casos de sucesso dentro das
principais mineradoras estudadas por esta pesquisa. Sendo assim, o intuito do presente
trabalho é trazer quais são as principais soluções da I4.0 aplicadas nessas operações de
minério de ferro e também expor quais são os resultados e impactos dessas aplicações, com
enfoque na produção e consumo responsáveis.
41

4 METODOLOGIA

4.1 Pesquisa bibliográfica

Com o intuito de cumprir os objetivos desta pesquisa, primeiramente, foi realizada uma
pesquisa de revisão bibliográfica, que consistiu em consultas a publicações, artigos técnicos e
científicos, livros e teses. O trabalho foi desenvolvido de forma descritiva e analítica,
demandando uma coleta dos dados disponibilizados por organizações chave dos setores de
mineração, de sustentabilidade e de tecnologia, como o Fórum Econômico Mundial, o
Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), o Banco Mundial (The World Bank), a
Organização das Nações Unidas (ONU), a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a
Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) e o grupo de Especialistas
Internacionais para Enriquecimento de Pesquisa e Intercâmbio de Conhecimento (IEREK).

A pesquisa bibliográfica iniciou-se com o mapeamento dos Objetivos de Desenvolvimento


Sustentável ligados à Mineração, com base no levantamento de dados realizado pelo Centro
de Columbia sobre Investimento Sustentável, de 2017, que consistiu em um trabalho de
conectar todos os 17 ODS com as operações de mineração, identificando como as empresas
de mineração de todos os portes podem incorporar os ODS relevantes em seus negócios e
operações.

O presente trabalho baseou-se no levantamento de dados relacionados ao ODS número 12


(Consumo Responsável e Produção), focando especificamente nas metas-chave 12.2 (Até
2030, alcançar a gestão sustentável e o uso eficiente dos recursos naturais), 12.4 (Até 2020,
alcançar o manejo ambientalmente saudável dos produtos químicos e todos os resíduos, ao
longo de todo o ciclo de vida destes, de acordo com os marcos internacionais acordados, e
reduzir significativamente a liberação destes para o ar, água e solo, para minimizar seus
impactos negativos sobre a saúde humana e o meio ambiente) e 12.5 (Até 2030, reduzir
substancialmente a geração de resíduos por meio da prevenção, redução, reciclagem e reuso).
42

Levando as metas-chave pontuadas em consideração, a pesquisa busca identificar como a


Indústria 4.0 contribui para que as empresas de mineração de ferro cumpram essas metas e
fiquem cada vez mais próximas de ter operações mais sustentáveis e responsáveis.

4.2 Coleta de dados das mineradoras

Os dados das tecnologias da Indústria 4.0 aplicadas nas mineradoras que apoiam a economia
circular em suas operações foram coletados através da análise dos respectivos relatórios de
sustentabilidade e dos cases de sucesso das mineradoras escolhidas que participaram de hubs
de inovação para mineração, como o Mining Hub. Os pontos de destaque coletados nesses
materiais são as tecnologias utilizadas, os objetivos da aplicação das soluções e os resultados
da aplicação.

4.2.1 Definição das Organizações Estudadas

Os critérios adotados para a escolha das organizações avaliadas foram: os empreendimentos


deveriam estar localizados no estado de Minas Gerais; os empreendimentos deveriam ser
mineradores de ferro; e os empreendimentos deveriam possuir diferentes portes.

Os critérios supracitados foram utilizados com o intuito de padronizar o objeto de estudo, uma
vez que, tais requisitos permitiram que pudesse ser feita uma comparação das tecnologias
utilizadas nas empresas, visto que o produto explorado é similar e o porte da empresa pode
influenciar nos tipos de tecnologia utilizados, garantindo uma maior variedade.

Sendo assim, foram escolhidas as 3 maiores mineradoras de ferro, em termos de produção


anual, localizadas no estado de Minas Gerais, baseadas no levantamento da revista Brasil
Mineral (2021): Vale S.A, Anglo American Minério de Ferro Brasil S.A e CSN Mineração
S.A.

4.3 Estudos de caso

Com o objetivo de fazer análises específicas sobre algumas tecnologias da Indústria 4.0
aplicadas nas mineradoras elencadas para o presente trabalho, foram elencadas empresas e
43

startups que aplicaram suas soluções em algumas das operações das mineradoras estudadas e
que possuem resultados correlacionados com o apoio ao cumprimento do ODS 12. Foi
realizada uma análise dos principais resultados das aplicações das tecnologias, buscando
realizar uma comparação entre as operações antes e depois das soluções.

No contexto geral, a análise de dados foi realizada de forma qualitativa, em que o método
quantitativo é caracterizado pelo levantamento de dados nos relatórios de sustentabilidade e
estudos de caso informados pelas empresas. Já no caso da pesquisa qualitativa, a metodologia
possui um caráter exploratório. A análise foi definida como exploratória e descritiva,
baseando-se na definição das informações coletadas, de forma a explicitar as situações,
classificar e identificar os principais impactos da Indústria 4.0 na sustentabilidade das
operações de mineração.
44

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 Relatórios das mineradoras

5.1.1 Anglo American

Em Minas Gerais, a Anglo American opera o projeto Minas-Rio, que consiste em uma
operação de exportação de minério de ferro totalmente integrada, com a mina e a planta de
beneficiamento no município de Conceição do Mato Dentro. Além disso, o projeto conta com
um mineroduto de 529 km e uma instalação de exportação dedicada no Porto do Açu, no Rio
de Janeiro (ANGLO AMERICAN, 2021b?). De acordo com o relatório da empresa, a sua
produção anual média é de 23,1Mt (base úmida), o que a caracteriza como uma mineradora de
grande porte, de acordo com a base da Agência Nacional de Mineração (2019), que classifica
minas com produção bruta anual maior que 1.000.000 t como de grande porte (FIGURA 5.1).

Figura 5.1 – Complexo Minas-Rio.

Fonte: Anglo American (2021b?).


45

A mineradora possui um novo modelo operacional baseado no seu programa Future Smart
Mining, que foca na congruência de tecnologia, digitalização e sustentabilidade (ANGLO
AMERICAN, 2021a?). Através do Future Smart Mining, a empresa lançou o seu Plano de
Mineração Sustentável, que visa alinhar a empresa aos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável.

No que tange às tecnologias da Indústria 4.0, a Anglo American (2021c?) focou os seus
esforços nas iniciativas:

- Mina Concentrada: visa atender à necessidade de maior precisão na mineração, com


o mínimo de energia, água e intensidade de capital. A empresa está aplicando tecnologias que
selecionam com mais precisão os metais ou minerais desejados, proporcionando reduções
superiores a 30% no uso de água, energia e intensidade de capital e produzindo menos
resíduos no processo. Isso inclui a recuperação de partículas grossas, classificação em massa e
recuperação ultrafina.
- Mina sem Água: Aplicação de soluções para redução da dependência em relação à
água, para a plena recuperação e reciclagem de rejeitos secos. Para isso, o foco da empresa se
deu na recuperação de partículas grossas; lixiviação inovadora e rejeitos secos.
- Recuperação de partículas grossas: Este processo esmaga as partículas 2,5 vezes
maiores do que o normal, reduzindo o consumo de energia e o tempo de moagem e levando a
um aumento de 20% na produção e 85% na recuperação de água.
- Classificação em massa: Elimina o desperdício no início do processo, o que leva a
um aumento de 5 a 7% na classificação inicial de minérios. As recuperações dos produtos são
ainda maiores quando combinadas com princípios de engenharia de grau, onde graus mais
altos tendem a ser encontrados em frações mais finas, garantindo maior recuperação.
- Recuperação ultrafina: A empresa perde cerca de 10-15% da recuperação de
ultrafinos atualmente porque as partículas minerais são muito pequenas. Com isso, estão
testando diferentes métodos de recuperação ultrafinos e esperam aumentar as recuperações no
futuro em mais 4%.
46

De acordo com informações fornecidas na página do programa Future Smart Mining da


empresa, existem dois exemplos aplicados de tecnologias da Mineração 4.0 que podem ser
relacionados ao ODS 12 na operação da Anglo American em Minas Gerais, como pode ser
observado na Figura 5.2.

Figura 5.2 – Quadro de Tecnologias da I4.0 na Operação de Minas-Rio.


Desafios
relacionados Tecnologia Solução
ao ODS 12
Consumo de
Através dos modelos gerados pelos gêmeos digitais, é
combustível,
possível prever e controlar todo o processo de produção
água,
mineral de maneira avançada. Com a sua aplicação, houve a
exploração
melhoria de 7% no desempenho da planta impulsionada
do solo, Gêmeos pelo descongelamento sistemático e reconfiguração do
geração de Digitais circuito. Basicamente, trata-se de mudanças no
rejeitos,
bombeamento e na tubulação para modificar o circuito,
poluição
garantindo a eliminação de gargalos e configurando a planta
sonora,
para operar da forma mais eficiente possível, utilizando a
emissão de
infraestrutura existente.
particulados
Sensores, visão A empresa aplicou sensores e visão computacional para
Geração de computacional, triagem em massa do minério e seleção assertiva. A solução
rejeitos Inteligência elimina o desperdício antecipadamente, o que leva a um
Artificial aumento de 5 a 7% na classificação do minério.
Fonte: A autora (2022).

5.1.2 Vale

Vale S.A. é uma das maiores mineradoras do mundo e também a maior produtora de minério
de ferro, de pelotas de ferro e de níquel no Brasil. Além desses materiais, a empresa também
produz manganês, ferro liga, cobre, bauxita, potássio, caulim, alumina e alumínio (VALE,
2021a?). Minas Gerais é o berço da empresa, mais especificamente, a cidade de Itabira.
Segundo a Vale (2021a?), após 70 anos de operação, o estado continua respondendo por mais
da metade da produção de minério de ferro, com mais de 20 minas em operação. A produção
de finos de minério de ferro da empresa totalizou 300,4 Mt em 2020, e a produção de pelotas
totalizou 29,7 Mt no mesmo ano, o que a caracteriza como uma empresa de grande porte, de
acordo com a classificação da Agência Nacional de Mineração (2019).
47

A Vale começou a implantar em 2016 um programa de transformação digital para se adequar


à Indústria 4.0, o que permite que a empresa promova integração entre as operações, reduzir
custos, simplificar processos, aumentar a produtividade e a eficiência operacional, e alcançar
os melhores índices de saúde e segurança, como exemplo da Figura 5.3. O programa se baseia
em quatro pilares: 1) Analytics, 2) Sistemas e cadeias integradas, 3) Robotização e 4)
Equipamentos autônomos. A empresa está utilizando Internet das Coisas, Advanced Analytics,
Machine Learning, Inteligência Artificial e aplicativos móveis, entre outras inovações
tecnológicas (VALE, 2018b).

Figura 5.3 – Monitoramento remoto e automatizado dos caminhões autônomos.

Fonte: Vale (2018a).

Suas principais ações são focadas no aumento de produtividade, que visam elevar a eficiência
operacional e sustentabilidade da empresa por meio do uso de tecnologias (VALE, 2021b?).
48

Na Figura 5.4 pode-se observar algumas tecnologias da Mineração 4.0 implementadas pela
empresa nos últimos anos.

Figura 5.4 – Quadro de Tecnologias 4.0 aplicadas nas Operações de Ferro da Vale em MG.

Desafios
relacionados Tecnologia Solução
ao ODS 12
A solução contempla a gestão em tempo real da captação e
Internet dascontrole do reservatório principal, até o abastecimento da
Consumo de Coisas, usina, dispondo de alertas em caso de situações críticas. Além
água Inteligênciadisso, gera relatórios gerenciais para entender consumos
Artificial setoriais, taxa de reaproveitamento de água e taxa de
utilização (VALE, 2021b?).
Caminhões autônomos fora de estrada com capacidade para
240 toneladas de minério (FIGURA 5.5). A produtividade de
Consumo de caminhões fora de estrada tem ganhos expressivos. A
combustível, Sistema operação autônoma também aumenta a vida útil do
emissão de autônomo, equipamento, gera menor desgaste de peças e redução dos
particulados, GPS, radares custos de manutenção. A Vale espera conseguir aumento da
consumo de e inteligência vida útil de equipamentos da ordem de 15%. Estima-se ainda
matéria artificial que o consumo de combustível e os custos de manutenção
prima sejam reduzidos em 10%. A economia de combustível usado
nas máquinas resulta em volume mais baixo de emissões de
dióxido de carbono e materiais particulados (VALE, 2018a).
Fonte: A autora (2022).
49

Figura 5.5 – Caminhão autônomo em operação na empresa Vale.

Fonte: Vale (2018a).


50

5.1.3 CSN Mineração

Com mais de cem anos de produção de minério de ferro, a CSN Mineração opera de forma
integrada por meio de operações em minas próprias (Casa de Pedra e Engenho);
beneficiamento de minério; participação na MRS Logística, transportando produto para
mercado nacional e terminal portuário; e fornecimento de minério de ferro de qualidade para
o mercado transoceânico. Além disso, possui uma das maiores reservas de minério de ferro no
mundo, certificada em mais de 3,02 bilhões de toneladas. A operação fica localizada no
Quadrilátero Ferrífero, na cidade de Congonhas-MG, e possuem uma capacidade instalada de
produção de 33,0 milhões toneladas de minério de ferro por ano nas plantas de
beneficiamento em Casa de Pedra (Planta Central) e Pires (Plantas à Seco) (CSN
MINERAÇÃO, 2021).

De acordo com o Relatório Integrado da empresa (2020), a CSN Mineração constantemente


desenvolve pesquisas, busca soluções e inovação para seus processos. Recentemente, a
empresa criou a CSN Inova e com o Centro de Pesquisas do grupo CSN, como suporte para
os projetos da CSN Mineração. A CSN Inova foi criada em 2018 e é o braço de inovação do
Grupo CSN, com o objetivo de sistematizar e liderar o processo de inovação da empresa.
Também em 2018 foi criada a Coordenação de Automação da CSN Mineração, com a
finalidade de concentrar esforços em busca de soluções de melhorias e aumento de
disponibilidade dos ativos de automação (CSN MINERAÇÃO, 2021).

Referente à inovação, a CSN Mineração desenvolveu uma estratégia de implementação de


automação e futuramente, muitas das operações que atualmente são realizadas por
colaboradores presencialmente, passarão a ser feitas a distância. Além disso, a empresa possui
planos de implementar equipamentos e processos de Internet das Coisas (IoT) e Manufatura
4.0, nas quais as máquinas são integradas com o uso de sensores e atuadores, e permitem
também que pessoas e máquinas possam alterar seu modo de funcionamento remotamente
(CSN MINERAÇÃO, 2021) (FIGURA 5.6).
51

Figura 5.6 – Quadro de Tecnologias 4.0 aplicadas nas Operações de Ferro da CSN em MG.
Desafios
relacionados Tecnologia Solução
ao ODS 12
Caminhões autônomos com capacidade para transportar 240
toneladas, controlados por meio de sistemas de computador,
Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS), radares,
sensores laser e inteligência artificial. A tecnologia possui
Consumo de Sistema
um sistema de georreferenciamento, que comanda o tráfego
combustível, autônomo,
virtualmente e contém todos os parâmetros reais das vias e
geração de GPS, Internet
áreas de manobras do local. Caso haja qualquer obstáculo, o
resíduos, das Coisas,
veículo interrompe imediatamente suas operações, até que o
poeira e radares e
operador o ative novamente. O projeto prevê reduzir até
poluição inteligência
vinte caminhões utilizados na mina Casa de Pedra, nas
sonora artificial
movimentações de minério de ferro e estéril. Isso permitirá
significativa redução de custos operacionais, redução de
emissões de pelo menos 5%, geração de resíduos, poeira e
poluição sonora (CSN MINERAÇÃO, 2021).
Consumo de O Sistema de Gerenciamento de Frota permite otimizar as
combustível, rotas de transporte de material ao longo das áreas
Sistema de
geração de operacionais e reduzir o uso de veículos. Além disso,
satélite e
resíduos, auxilia no sistema de manejo de rejeito filtrado da barragem
inteligência
poeira e Casa de Pedra e é utilizado em conjunto com o sistema de
artificial
poluição telemetria para monitorar as condições do equipamento
sonora (CSN MINERAÇÃO, 2021).
A teleoperação de Trator de esteiras permite que o
colaborador opere de forma remota o trator de esteiras de
Realidade grande porte, por meio de uma cabine com visão em tempo
Consumo de virtual, real da mina e dados operacionais. É um processo mais
combustível Internet das seguro, mais rápido e eficiente, e reduz o tempo da máquina
Coisas parada, o consumo de combustível e a consequente emissão
de CO2, garantindo também maior produtividade do
equipamento (CSN MINERAÇÃO, 2021).
A Perfuratriz Semi Autônoma permite monitorar e operar
Consumo de Robotização, remotamente o trabalho da perfuratriz. O equipamento
combustível, Internet das permite maior segurança, aumento de produtividade,
geração de Coisas, redução de consumo de combustível, emissão de CO2,
resíduos automação geração de resíduos e custos operacionais (CSN
MINERAÇÃO, 2021).
Fonte: A autora (2022). (continua)
52

Desafios
relacionados Tecnologia Solução
ao ODS 12
Reprocessamento de rejeitos: Dentro do conceito de
economia circular, na CSN Mineração, os rejeitos dispostos
nas Barragens passarão por rebeneficiamento nas Plantas de
Produção de Concentração Magnética de Alta Intensidade, por ainda
Robotização
rejeitos e conterem elevado teor de ferro. Neste processo, os potentes
e automação
resíduos concentradores magnéticos são capazes de retirar minério
de ferro do rejeito e, consequentemente, há redução da
quantidade de rejeito que vai para o empilhamento (CSN
MINERAÇÃO, 2021).
Integração de informações e dados da companhia: O
Consumo de software realiza a otimização do sistema de produção da
combustível, CSN Mineração, desde a mina até o porto. A plataforma
água, objetiva o aumento do desempenho operacional por meio da
exploração do integração de dados e simulações que auxiliam na tomada
solo, geração Gêmeos de decisão. Um dos principais recursos da tecnologia é o
de rejeitos, digitais digital twin, que possibilita a criação de modelos virtuais
poluição idênticos aos reais, permitindo a simulação de eventos que
sonora, viabilizarão o mapeamento de possíveis cenários, além de
emissão de traçar o perfil de funcionamento de um novo sistema e/ ou
particulados equipamento, antes mesmo de sua implementação (CSN
MINERAÇÃO, 2021).
O monitoramento remoto e digital de poços artesianos e
vertedouros da mina, que pode ser observado na Figura 5.5,
garante o maior controle do nível do lençol freático, assim
Consumo de Internet das como o abastecimento dos processos industriais e a
água Coisas manutenção do curso d’água que abastece as comunidades
locais. Esse sistema de monitoramento impede a inundação
de áreas de lavra e a otimização do consumo de recursos
hídricos nesses locais.
Fonte: A autora (2022). (conclusão)
53

Figura 5.7 – Monitoramento remoto e digital de poços e vertedouros.

Fonte: CSN Mineração (2021).

5.2 Estudos de caso

5.2.1 DataScience no desmonte de rochas com explosivos

O desmonte de rochas é a forma mais barata e eficiente para desmembrar a rocha do solo e
transportá-la para exploração dos seus minérios. A explosão da rocha é uma forma de
cominuição, ou seja, é a quebra do material em partes menores. Esse processo explosivo é
extremamente complexo, pois possui muitos parâmetros e variáveis que ocorrem
simultaneamente, como parâmetros geométricos, parâmetros da rocha, questões operacionais,
54

porte dos equipamentos etc. Tais dados possuem relações e interdependências simultâneas,
por isso é possível usar a Ciência dos Dados (Data Science) para criar ferramentas e
automatizações para processar esses dados e otimizar o desmonte de rochas. Para isso, a
empresa Beyond Mining desenvolveu uma tecnologia baseada nos parâmetros listados na
Figura 5.8, abaixo.

Figura 5.8 – Quadro de parâmetros usados na otimização do desmonte de rochas com Data
Science.

Fonte: Lopes (2020).

A correlação desses parâmetros de maneira estatística, em mesma escala, permite que se


encontre uma variabilidade entre eles. Com a aplicação de uma regressão múltipla, é possível
obter uma fórmula com os parâmetros especificados, e assim prever nos pontos de detonação
com uma margem de erro aceitável, qual fragmentação será alcançada (LOPES, 2020).

As configurações de malhas de perfuração têm um profundo impacto na fragmentação gerada


pelo desmonte de rochas. Malhas muito espaçadas geralmente tendem a gerar fragmentos
maiores, dependendo do material. Tais fragmentos, de modo geral, geram custos como a
necessidade de realizar desmontes secundários e aumento dos custos de manutenção dos
equipamentos, pois se deterioram mais rapidamente com o impacto. Já as malhas de
explosivos muito fechadas podem gerar finos em excesso, que também são refletidos em
custos, dada a dificuldade ou até mesmo incapacidade de beneficiá-los e a consequente
55

necessidade de barragens e sistemas de filtragem. Em operações de minério de ferro, obter


uma quantidade de finos muito grande pode ser prejudicial ao processo como um todo, devido
a dificuldades de concentração e aos impactos ambientais, como geração de material
particulado e necessidade de barragens de rejeitos.

A simulação e previsão da fragmentação dos produtos de desmonte de rochas por explosivos


pode ser empregada para estabelecimento de cenários de produtos mais adequados do
desmonte para operações subsequentes de cominuição. Deve-se definir qual a granulometria
esperada de cada desmonte a fim de se otimizar as operações de carregamento e transporte e,
principalmente, de britagem.

Com a implementação da tecnologia de previsão e otimização, é possível obter os seguintes


benefícios:

Benefícios econômicos: A previsão permite uma melhor distribuição das malhas de


perfuração, o que reduz custos e, consequentemente, garante um melhor aproveitamento das
aparelhagens de explosão. Além disso, há uma otimização do consumo energético da
empresa, uma vez que o material terá a granulometria em tamanho adequado, e todo o
processo após explosão será regularizado para tais dimensões, evitando usos desnecessários
de grandes equipamentos, manutenções inesperadas, paradas obrigatórias, entre outros. Como
há uma menor geração de finos, haverá um maior aproveitamento econômico do material que
passou pelo processo de explosão.

Benefícios ambientais: Como as malhas serão otimizadas, pode haver uma diminuição no
uso de explosivos, o que impacta diretamente na geração de ruídos e também na produção de
particulados, Com a otimização da área explorada, há um uso do solo de maneira mais
inteligente, o que torna os impactos negativos no solo e na área de exploração mais espaçados
e menos intensos. Além disso, com a otimização, há uma menor geração de finos, o que
diminui a produção de particulados, e também diminui a necessidade de barragens de rejeito,
uma vez que há um melhor aproveitamento do produto gerado nas explosões.
56

Benefícios sociais: Dois dos grandes desafios na relação entre mineradoras e comunidades
vizinhas são a produção de ruídos e vibrações derivados das explosões. Com a otimização é
possível que tenha um número menor de explosões ao longo dos dias e, consequentemente,
diminua esses impactos para a sociedade. Além disso, como descrito nos outros tópicos,
haverá uma menor produção de finos, o que diminui a produção e espalhamento de
particulados no ar que atingem comunidades próximas, aumentando a qualidade do ar dessa
população.

5.2.2 Otimização do processo de amostragem do minério de ferro

A Vale tinha como necessidade otimizar o processo de amostragem, reduzindo o número de


amostras que são enviadas ao laboratório diariamente com um processo de medição
automática, em campo e em tempo real que permita tomadas de decisão mais eficientes. Sem
a aplicação de uma nova tecnologia de otimização, a empresa necessitava que uma amostra
fosse coletada em campo, e logo depois, o laboratório levaria cerca de 2 horas para liberação
dos resultados. Esse tempo tempo para a obtenção da informação é inadequado para a
operação, pois durante a análise, toneladas de minério podem ter sido processadas fora das
especificações desejadas, o que leva a um consumo maior de energia, recursos e maior
geração de rejeitos (MINING HUB, 2021a).

A empresa LLK apresentou uma solução em visão computacional, baseada em


espectrometria, que foi capaz de quantificar os elementos químicos que compõem o material
sobre correia transportadora. De acordo com Mining Hub (2021a), a tecnologia faz o
mapeamento de ferro em amostras de minério utilizando-se sensores hiperespectrais com alto
grau de confiabilidade e em tempo real, com obtenção de modelos de calibração do teor de
ferro presente na amostra. Durante o desenvolvimento da tecnologia, a empresa foi capaz de
realizar a análise das assinaturas espectrais de amostras de minério de ferro em diferentes
granulometrias e teores; a aquisição de imagens hiperespectrais em tempo real para análise e o
algoritmo de segmentação e caracterização de assinatura, que é capaz de analisar a assinatura
espectral do material e retornar o teor de ferro, como pode ser observado na Figura 5.7 abaixo.
57

Figura 5.9 – Esquema representativo do desafio e da tecnologia aplicada.

Fonte: Mining Hub (2021a).

Após a aplicação da tecnologia desenvolvida, houve a redução em mais de 2 horas no tempo


de resposta da composição química de ferro e sílica do material. Segundo o Mining Hub
(2021a), houve redução de perdas da produção ocasionados por contaminação de pilhas com
minério fora da especificação desejada; o tempo de resposta foi 60 vezes mais rápido quando
comparado com a análise laboratorial e controle de processo ficou mais sensível, o que evita a
contaminação por material fora de especificação. Com isso, foi possível alcançar os seguintes
benefícios:

Benefícios econômicos: De acordo com a empresa, a solução permite ganho de tempo e


redução de custos, uma vez que a aplicação da ferramenta não necessitará das análises
laboratoriais para medição de Óxido de Ferro nas amostras. Com isso, evitará então a compra
58

de materiais químicos e materiais de laboratório; pagamento de serviços profissionais; custos


de energia e água; custos com processamento de rejeitos, entre outros.

Benefícios ambientais: Como a tecnologia substitui a análise laboratorial, isso possibilita que
o processo utilize menor quantidade de água, menor quantidade de energia, e menor
quantidade de produtos químicos. Isso contribui para uma operação mais sustentável e com
menores impactos ambientais negativos, uma vez que menos recursos naturais serão
demandados e menor será a quantidade de químicos descartados, diminuindo a possibilidade
de contaminações. Além disso, como uma menor quantidade de minério será processada fora
das especificações, menor será a geração de rejeitos.

Benefícios sociais: Com o menor uso de produtos químicos para análise laboratorial, terá uma
menor possibilidade de contaminações pontuais e até acidentes de maiores proporções com a
comunidade local. Além disso, com o menor uso de recursos hídricos a comunidade
localizada próxima à operação também é beneficiada, uma vez que haverão menores chances
de conflito pelo uso da água, melhoria da qualidade da água com a redução do lançamento de
efluentes, entre outros.

5.2.3 Gestão de Energia e Emissão de poluentes

A mineradora Anglo American tinha como desafio a mistura de insumos (minério e


combustível) ao longo do processo de calcinação e redução dos fornos. O processo contém
inúmeros parâmetros e diversas características físico-químicas do combustível, do minério,
além de sazonalidades e fatores econômicos.

Para solucionar tal demanda, a empresa Beyond Mining aplicou a sua solução de Inteligência
Artificial para criar um otimizador de processo, que é capaz de simular e otimizar diversos
cenários da produção, integrando todas as variáveis descritas acima em função das
características dos insumos usados, como pode ser observado no esquema da Figura 5.10
abaixo. Como o otimizador é capaz de simular cenários passados e futuros, foram feitas
comparações com dados passados da operação ao longo de 2 anos de processo, e foi
59

alcançada uma correlação de 80,8%. Deste modo, indicou-se uma alta relação entre as
variáveis diretamente relacionadas e então uma maior taxa de sucesso da aplicação da
otimização (MINING HUB, 2021a).

Figura 5.10 – Esquema ilustrativo do desafio de Gestão de Energia e Emissão.

Fonte: Mining Hub (2021a).

Com a implementação da tecnologia de otimização da gestão de energia e emissão, é possível


obter os seguintes benefícios:

Benefícios econômicos: Com a otimização da mistura, haverá uma melhora significativa no


consumo energético, o que consequentemente diminuirá os custos da operação. Além disso, o
aumento da agilidade, da assertividade e da produtividade são outros fatores que têm relação
direta com a otimização dos custos de produção.

Benefícios ambientais: Como a tecnologia garante uma otimização do consumo energético,


consequentemente menos recursos naturais serão consumidos para a produção desses
60

combustíveis. Além disso, isso impacta diretamente na diminuição da emissão de gases de


efeito estufa.

Benefícios sociais: com a diminuição da emissão de gases de efeito estufa, a comunidade


local é beneficiada pela melhora da qualidade do ar e também do microclima local, que será
menos impactado pela presença desses gases na atmosfera próxima à operação.

5.2.4 Medição de Massa de Pilha de Minério

A empresa Anglo American estava em busca de novas tecnologias para medir a massa da
pilha de minério, processo minerário que está entre a lavra e a usina de concentração. De
acordo com Mining Hub (2021a), saber o volume de minério e o formato da pilha é essencial
para as definições e configurações de lavra e usinagem na operação. Em geral, essa medição é
feita de 1 a 2 vezes ao mês, e esse grande intervalo gera desvios que impactam diretamente o
planejamento e a variância no volume de minério produzido por dia. Na medição
convencional, há ainda o fator das questões climáticas, como poeira, chuvas e raios, que
impedem a execução das medições.

Para solucionar esses desafios, a empresa Konker criou um tomógrafo de montanhas que
registra a passagens de muons da radiação cósmica e que permite reconstruí-la sinteticamente.
A partir dessa medida, é gerada a visão 3D e é realizada a medição da massa existente. O
equipamento é capaz de trabalhar diariamente, e gera medidas contínuas da pilha, sem ser
afetado por questões climáticas. Além disso, o equipamento não necessita de especialista para
ser operado e é considerado sustentável, pois utiliza radiação cósmica, que é um recurso
amplamente disponível em qualquer lugar do planeta (MINING HUB, 2021a).

Com a aplicação da solução houve uma redução significativa do erro na informação do


tamanho, formato e volume das pilhas, e consequentemente houve o aumento da eficiência
operacional dos processos de lavra e usinagem de concentração, como ilustrado na Figura
5.11. Além desses pontos, foi possível identificar os seguintes benefícios com a
implementação da tecnologia de medição :
61

Benefícios econômicos: A tecnologia permite que tanto a lavra quanto a usinagem sejam
planejados corretamente, evitando assim excessos de energia investida nos dois processos por
quantidades inadequadas de material na pilha. Além disso, esse melhor planejamento garante
que haja uma diminuição de material desperdiçado no processo, pois somente será processado
a quantidade ideal para a operação e aparelhagem local.

Benefícios ambientais: A solução também apoia na identificação de impurezas e


contaminantes na pilha, o que pode ser benéfico para o processo como um todo, pois evita a
geração de rejeitos e permite uma destinação adequada previamente dos materiais impuros.
Além disso, a tecnologia é sustentável, pois utiliza radiação cósmica, que é um recurso
amplamente disponível no planeta.

Benefícios sociais: A partir da diminuição de geração de rejeitos, a sociedade é beneficiada


pela redução da necessidade de locais de disposição, como barragens e pilhas de rejeito
processado a seco que possuem diferentes impactos ambientais em sua construção e riscos de
acidentes durante e pós uso.
62

Figura 5.11 – Esquema ilustrativo da solução para medição da massa da pilha de minério de
ferro.

Fonte: Mining Hub (2021a).

5.2.5 Medição da umidade de minério de ferro

A medição da umidade de minério é extremamente importante para garantir a qualidade do


produto final e no controle da recuperação de massa obtida nas dosagens dos reagentes no
processo de flotação. Em operações convencionais, o material tem que ser amostrado e levado
para o laboratório, o que faz com que o resultado seja obtido em 1h e 30 minutos
aproximadamente. Neste meio tempo, a operação continua funcionando, o que faz com que
uma parte do produto tenha uma qualidade que provavelmente está fora das especificações
desejadas.

A empresa Anglo American lançou o desafio para se obter essa umidade do minério de forma
automática em no máximo 15 minutos, garantindo a precisão do resultado com variação de até
0,3 em número absoluto da umidade aferida em amostra no laboratório e com no mínimo 80%
de confiabilidade. A start-up LLK iniciou o desenvolvimento de um Medidor Online
63

utilizando a análise da imagem hiperespectral do minério que passa diretamente na correia


transportadora, sem necessidade de amostragem, como principal tecnologia. Utilizando
algoritmos específicos e machine learning, a empresa criou um novo sistema que foi capaz de
realizar a medição da umidade em 2 minutos com variação de até 0,3 em número absoluto e
96% de confiabilidade (MINING HUB, 2021a).

Com o novo sistema, a Anglo American conseguiu uma maior agilidade para controle e
redução da umidade, reduzindo as quantidades de análise em laboratório para controle de
qualidade, e garantindo maior assertividade dos dados de produção, bem como maior controle
na dosagem e recuperação da massa, resultado ilustrado na Figura 5.10. Além disso, com a
implementação da tecnologia de medição, é possível obter os seguintes benefícios:

Benefícios econômicos: Com a medição precisa e rápida da umidade a empresa pode adaptar
os seus aparelhos de filtragem e de redução de umidade para que o minério fique com as
características adequadas para o processamento, reduzindo assim os custos com o uso
inadequados ou exagerados de reagentes químicos; o peso do produto no transporte (o que
diminui também o gasto energético dos veículos e, consequentemente, o frete); despesas das
análises em laboratórios e os gastos com consumo de água, que quando filtrada, pode ser
reutilizada na operação.
64

Figura 5.12 – Esquema ilustrativo do desenvolvimento da solução para medição da umidade


do minério.

Fonte: Mining Hub (2021a).

Benefícios ambientais: Como supracitado, haverá uma redução no consumo energético do


transporte e, consequentemente, uma redução de emissões de gases de efeito estufa na
atmosfera. Além disso, com a possibilidade da reutilização da água retirada do minério será
possível diminuir o consumo de água vindas dos corpos d’água próximas à operação. Outro
fator importante é a diminuição do uso de químicos e reagentes, o que evita acidentes e
possíveis contaminações ambientais locais por descartes inadequados.

Benefícios sociais: a tecnologia pode trazer indiretamente uma redução nas emissões
atmosféricas, e consequentemente uma melhora na qualidade do ar da população localizada
próxima aos locais de transporte do produto. Com a reutilização da água e potencial redução
do consumo dos corpos d’água, a população também se beneficia, assim como com a redução
65

do uso de produtos químicos, que podem evitar possíveis contaminações de locais próximos à
operação.

5.2.6 Monitoramento Quantitativo e Qualitativo da água em tempo real

Nas operações atuais de mineração são raros os métodos contínuos e qualitativos para a
medição da qualidade da água presente nos corpos d’água usados pela empresa. Segundo
Mining Hub (2021a), a Vale estava em busca de uma solução robusta o suficiente para ser
implantada em campo e que mesmo sujeita a intempéries, continue entregando bons
resultados. O grande desafio consiste em obter informações de qualidade para que se possa
realizar uma gestão eficaz dos recursos hídricos usados na operação.

A empresa Semset desenvolveu para a Vale a Total Water Analyzer (TWA), que consiste em
uma tecnologia de Big Data capaz de monitorar a qualidade da água de forma abrangente e
em tempo real. O TWA é 100% contínuo, quantitativo e automatizado, e é capaz de medir até
50 propriedades de cada gota d’água, a qualidade da água a cada 5 minutos, os metais com
sensibilidade à parte por milhão durante 24 horas por dia, por 7 dias por semana sem usar
produtos químicos caros (MINING HUB, 2021a). Na aplicação da tecnologia com a Vale, a
empresa foi capaz de monitorar constantemente os seguintes parâmetros da água: Ferro,
Manganês, turbidez, cor, condutividade elétrica e temperatura, como representado na Figura
5.11.

A mudança na obtenção eficaz e eficiente dessas informações permitirá eliminar vazios de


dados de monitoramento e, consequentemente, a empresa poderá adotar uma nova postura na
gestão da informação de recursos hídricos, onde a atuação passará a ser na prevenção e não na
correção de situações anômalas, pois terá acesso a informações rápidas e acuradas. Ademais,
a implementação da solução de monitoramento permitirá obter os seguintes benefícios:

Benefícios econômicos: A tecnologia permitirá uma uma gestão proativa dos riscos de
situações adversas dos recursos hídricos, evitando assim grandes gastos corretivos ou multas
66

de órgãos fiscalizadores. Além disso, o processo ficará mais eficaz e mais seguro, permitindo
um direcionamento mais assertivo de recursos humanos e materiais para esse monitoramento.

Benefícios ambientais e sociais: Como a água terá uma taxa de monitoramento muito maior,
as chances de ocorrerem situações anômalas, como contaminações e outras situações
maléficas, é mais baixa. Mesmo quando ocorrer, a taxa de resposta será muito mais rápida,
evitando assim impactos ambientais e sociais negativos de grande significância relacionados à
contaminação dos recursos hídricos.

Figura 5.13 – Esquema ilustrativo do desenvolvimento da tecnologia de monitoramento da


água em tempo real.

Fonte: Mining Hub (2021a).

5.3 Análise dos relatórios de sustentabilidade das mineradoras e estudos de caso

Para melhor análise das tecnologias e seus impactos nas operações relacionados ao ODS 12,
foi desenvolvido um quadro resumo (FIGURA 5.13) que permite melhor visualização das
67

soluções. No quadro, foram compiladas todas as informações encontradas nos relatórios das
empresas relacionados à Indústria 4.0 e nos estudos de caso desenvolvidos pelas startups que
aplicaram ou testaram as tecnologias nas operações das mineradoras.

Figura 5.14 – Quadro resumo de tecnologias e desafios relacionados ao ODS 12


solucionados.
Quadro resumo de tecnologias e desafios relacionados ao ODS 12 solucionados
Desafios
Solução e benefícios gerados por Metas da
Tecnologias relacionados ao
mineradora ODS 12
ODS 12
Anglo American
Sistema para eficiência operacional de todo
o processo produtivo.

Benefícios Econômicos:
- Eliminação de gargalos existentes em toda
a operação;
- Novas configurações para operar da forma
mais eficiente possível, utilizando a
Consumo de água, infraestrutura existente;
energia, produtos
Gêmeos químicos, geração Benefícios Ambientais: 12.2, 12.4,
digitais de rejeitos, - Identificação de áreas de melhoria em todo 12.5
emissão de o processo, como otimização do consumo de
poluentes do ar recursos naturais, aplicação de práticas
circulares, testes de possíveis acidentes, entre
outros;
- Possibilita o teste de novas soluções e
previsão de resultados;

Benefícios Sociais:
- Transparência de dados, monitoramento
constante da operação, simulações virtuais
com dados similares aos reais.
Fonte: A autora (2022). (continua)
68

Quadro resumo de tecnologias e desafios relacionados ao ODS 12 solucionados


Desafios
Solução e benefícios gerados por Metas da
Tecnologias relacionados ao
mineradora ODS 12
ODS 12
Anglo American
Sensores e visão computacional para
triagem em massa do minério e seleção
assertiva:

Benefícios Econômicos:
- Elimina o desperdício antecipadamente;
- Aumento de 5 a 7% na classificação do
minério, então consequentemente há maior
Sensores, geração de produto na mesma quantidade de
Visão material explorado;
computacional, - Aumento da vida útil da mina;
Geração de
Ciência dos 12.5
rejeitos
Dados, Benefícios Ambientais:
Inteligência - Diminuição da geração de rejeitos, pois
Artificial mais material é aproveitado;
- Redução da necessidade de disposição de
rejeitos, uma vez que tanto barragens quanto
a disposição a seco possuem impactos
negativos no meio ambiente.

Benefícios Sociais:
- Com a diminuição da necessidade de
disposição de rejeitos, há menos impactos
para a comunidade local.
Fonte: A autora (2022). (continuação)
69

Quadro resumo de tecnologias e desafios relacionados ao ODS 12 solucionados


Desafios
Solução e benefícios gerados por Metas da
Tecnologias relacionados ao
mineradora ODS 12
ODS 12
Anglo American
Otimizador de processo para gestão de
energia e emissão

Benefícios Econômicos:
- Eficiência energética e diminuição dos
custos de operação

Benefícios Ambientais:
Inteligência Consumo de - Diminuição do consumo de combustíveis e
Artificial, combustível e energia;
12.2, 12.4
Ciência dos Emissão de - Diminuição de emissão de gases de efeito
dados poluentes do ar estufa e outros poluentes atmosféricos,
aumentando a qualidade do ar e evitando
consequências como chuva ácida e outros
impactos negativos;

Benefícios Sociais:
- Maior qualidade do ar;
- Redução de chances de chuva ácida e
outros impactos negativos provenientes de
poluição atmosférica.
Fonte: A autora (2022) (continuação)
70

Quadro resumo de tecnologias e desafios relacionados ao ODS 12 solucionados


Desafios
Solução e benefícios gerados por Metas da
Tecnologias relacionados ao
mineradora ODS 12
ODS 12
Anglo American
Criação de um tomógrafo de pilhas de
minério por radiação cósmica

Benefícios Econômicos:
- Redução significativa do erro na
informação do tamanho, formato e volume
das pilhas, aumentando a assertividade de
informações e serviços;
- Maior produtividade;
- Aumento da eficiência operacional dos
processos de lavra e usinagem de
Visão Geração de
concentração. 12.5
Computacional rejeitos

Benefícios Ambientais:
- Identificação de impurezas e contaminantes
na pilha;
- Diminuição na geração de rejeitos;
- Tecnologia é sustentável, pois não demanda
recursos naturais finitos.

Benefícios Sociais:
Diminuição da necessidade de locais de
disposição de rejeitos como barragens e
pátios de rejeito processado a seco.
Fonte: A autora (2022). (continuação)
71

Quadro resumo de tecnologias e desafios relacionados ao ODS 12 solucionados


Desafios
Solução e benefícios gerados por Metas da
Tecnologias relacionados ao
mineradora ODS 12
ODS 12
Anglo American
Medidor Online da umidade de minério

Benefícios Econômicos:
- Minério com características mais adequadas
para o processamento, reduzindo assim os
custos com o uso inadequados ou exagerados
de reagentes químicos;
- Material com menor peso proporciona
economia no frete e diminui o consumo de
combustíveis dos transportes;
- Redução das despesas com laboratórios e
Visão
Consumo de materiais químicos.
computacional,
combustível,
Inteligência
consumo de água Benefícios Ambientais:
Artificial, 12.2, 12.4
e de produtos - Redução do consumo de água com a
Automação,
químicos, emissão reutilização, diminuindo riscos de
Internet das
de poluentes do ar assoreamento e rebaixamento do lençol
Coisas
freático;
- Redução do consumo energético;
- Redução de emissões de gases de efeito
estufa;
- Diminuição do uso de produtos químicos e
potenciais acidentes.

Benefícios Sociais:
- Melhor qualidade do ar;
- Maior disponibilidade de recursos hídricos;
- Menores chances de acidentes com
produtos químicos.
Fonte: A autora (2022). (continuação)
72

Quadro resumo de tecnologias e desafios relacionados ao ODS 12 solucionados


Desafios
Solução e benefícios gerados por Metas da
Tecnologias relacionados ao
mineradora ODS 12
ODS 12
CSN Mineração
Caminhões autônomos

Benefícios Econômicos:
- Redução de até vinte caminhões utilizados
na mina;
- Redução do gasto com combustíveis;
- Redução de custos operacionais e
manutenção;
Sistema
- Redução do custo profissional;
autônomo, Consumo de
- Redução de acidentes de trabalho.
GPS, radares e combustível,
12.2, 12.4,
Inteligência geração de
Benefícios Ambientais: 12.5
Artificial, resíduos, geração
- Redução do consumo de combustíveis;
Internet das de poluentes do ar
- Redução de emissões de pelo menos 5%;
Coisas
- Diminuição da geração de resíduos devido
a maior durabilidade do caminhão, pneus e
maquinário;
- Redução da emissão de particulados;
- Menor poluição sonora.

Benefícios Sociais:
- Melhor qualidade do ar;
- Menor poluição sonora.
Fonte: A autora (2022). (continuação)
73

Quadro resumo de tecnologias e desafios relacionados ao ODS 12 solucionados


Desafios
Solução e benefícios gerados por Metas da
Tecnologias relacionados ao
mineradora ODS 12
ODS 12
CSN Mineração
Sistema de Gerenciamento de Frota

Benefícios Econômicos:
- A otimização das rotas diminui o uso de
veículos na operação;
- Diminuição do gasto com combustíveis;
Sistema de - Menores gastos com manutenção e
Consumo de
satélite, maquinário.
combustível,
Inteligência 12.2, 12.4,
geração de
Artificial, Benefícios Ambientais: 12.5
resíduos, emissão
Ciência dos - Diminuição do consumo de combustíveis;
de poluentes do ar
dados - Diminuição da geração de resíduos devido
o menor uso de veículos;
- Diminuição da emissão de poluentes;
- Menor poluição sonora.

Benefícios Sociais:
- Melhor qualidade do ar;
- Menor poluição sonora.
Fonte: A autora (2022). (continuação)
74

Quadro resumo de tecnologias e desafios relacionados ao ODS 12 solucionados


Desafios
Solução e benefícios gerados por Metas da
Tecnologias relacionados ao
mineradora ODS 12
ODS 12
CSN Mineração
Operação remota do trator de esteiras de
grande porte

Benefícios Econômicos:
- Diminuição de gastos com combustíveis;
Consumo de
Realidade - Maior produtividade do equipamento.
combustível,
virtual, Internet 12.2, 12.4
emissão de
das Coisas Benefícios Ambientais:
poluentes do ar
- Redução do consumo de combustíveis;
- Redução da emissão de poluentes
atmosféricos.

Benefícios Sociais:
- Maior qualidade do ar.
CSN Mineração
Monitoramento e operação remota do
trabalho da perfuratriz

Benefícios Econômicos:
- Aumento de produtividade;
Consumo de
Robotização, - Redução de gastos com combustível;
combustível,
automação, - Menores custos operacionais. 12.2, 12.4,
geração de
Internet das 12.5
resíduos, emissão
Coisas Benefícios Ambientais:
de poluentes do ar
- Menor emissão de poluentes atmosféricos;
- Menor geração de resíduos com a melhor
conservação do equipamento.

Benefícios Sociais:
- Melhor qualidade do ar.
Fonte: A autora (2022). (continuação)
75

Quadro resumo de tecnologias e desafios relacionados ao ODS 12 solucionados


Desafios
Solução e benefícios gerados por Metas da
Tecnologias relacionados ao
mineradora ODS 12
ODS 12
CSN Mineração
Rebeneficiamento de rejeitos nas Plantas de
Concentração Magnética de Alta Intensidade

Benefícios Econômicos:
- Redução de gastos com novos
processamentos;
- Redução de gastos com monitoramento e
manutenção dos locais de disposição de
rejeitos;
- Redução do consumo energético em toda a
Produção de
operação;
rejeitos e resíduos,
- Redução de gastos com manutenção;
consumo de
- Aumento da vida útil da mina.
Robotização e combustíveis, 12.2, 12.4,
automação consumo de água, 12.5
Benefícios Ambientais:
geração de
- Redução da produção de rejeitos;
resíduos, emissão
- Redução da necessidade de locais para
de poluentes do ar
disposição de rejeitos;
- Redução da emissão de poluentes
atmosféricos;
- Preservação de áreas não exploradas;
- Redução do consumo de água.

Benefícios Sociais:
- Diminuição da necessidade de locais de
disposição de rejeitos como barragens
(menor probabilidade de acidentes);
- Melhoria da qualidade do ar.
Fonte: A autora (2022). (continuação)
76

Quadro resumo de tecnologias e desafios relacionados ao ODS 12 solucionados


Desafios
Solução e benefícios gerados por Metas da
Tecnologias relacionados ao
mineradora ODS 12
ODS 12
CSN Mineração
Integração de informações e dados da
companhia

Benefícios Econômicos:
- Otimização de todo o sistema de produção
Consumo de
com a identificação de pontos de melhoria
combustível,
Gêmeos operacional, diminuindo custos; 12.2, 12.4,
água, geração de
digitais - Aumento do desempenho operacional por 12.5
rejeitos, emissão
meio da integração de dados e simulações.
de poluentes do ar

Benefícios Ambientais:
- Identificação de áreas para diminuição do
consumo energético, consumo de água,
geração de rejeitos, emissão de poluentes,
uso de produtos químicos, entre outros.
Fonte: A autora (2022). (continuação)
77

Quadro resumo de tecnologias e desafios relacionados ao ODS 12 solucionados


Desafios
Solução e benefícios gerados por Metas da
Tecnologias relacionados ao
mineradora ODS 12
ODS 12
CSN Mineração
O monitoramento remoto e digital de poços
artesianos e vertedouros

Benefícios Econômicos:
- Otimização do consumo de recursos
hídricos;
- Diminuição de gastos com potenciais
inundações.
Consumo de
combustível,
Gêmeos Benefícios Ambientais: 12.2, 12.4,
água, geração de
digitais - Maior controle do nível do lençol freático, 12.5
rejeitos, emissão
diminuindo as chances de rebaixamento;
de poluentes do ar
- Diminuição do consumo de água com a
otimização;
- Diminuição de contaminações ambientais
após inundações.

Benefícios Sociais:
- Maior transparência sobre os dados dos
reservatórios locais;
- Maior disponibilidade de recursos hídricos.
Fonte: A autora (2022). (continuação)
78

Quadro resumo de tecnologias e desafios relacionados ao ODS 12 solucionados


Desafios
Solução e benefícios gerados por Metas da
Tecnologias relacionados ao
mineradora ODS 12
ODS 12
Vale
Gestão em tempo real da captação e controle
do reservatório de água principal

Benefícios Econômicos:
- Otimização do consumo de recursos
hídricos;
- Diminuição de gastos com potenciais
inundações.

Internet das Benefícios Ambientais:


Consumo de água 12.2
Coisas - Maior controle do nível do lençol freático,
diminuindo as chances de rebaixamento;
- Diminuição do consumo de água com a
otimização;
- Diminuição de contaminações ambientais
após inundações.

Benefícios Sociais:
- Maior transparência sobre os dados dos
reservatórios locais;
- Maior disponibilidade de recursos hídricos.
Fonte: A autora (2022). (continuação)
79

Quadro resumo de tecnologias e desafios relacionados ao ODS 12 solucionados


Desafios
Solução e benefícios gerados por Metas da
Tecnologias relacionados ao
mineradora ODS 12
ODS 12
Vale
Câmeras hiperespectrais para análise do
teor de minérios

Benefícios Econômicos:
- Ganho de tempo no processamento;
- Diminuição do gasto com produtos
químicos;
Consumo de
Visão - Redução de gastos com análises
água, consumo de
Computacional, laboratoriais.
energia e
Internet das
produtos 12.2, 12.4,
Coisas, Ciência Benefícios Ambientais:
químicos; geração 12.5
dos Dados e - Menor consumo de água, energia e
de rejeitos,
Aprendizado de produtos químicos;
emissão de
máquina - Menor geração de rejeitos, uma vez que
poluentes no ar
uma menor quantidade de minério será
processada fora das especificações.

Benefícios Sociais:
- Melhor qualidade do ar;
- Maior disponibilidade de recursos hídricos;
- Menores chances de acidentes com
produtos químicos.
Fonte: A autora (2022). (continuação)
80

Quadro resumo de tecnologias e desafios relacionados ao ODS 12 solucionados


Desafios
Solução e benefícios gerados por Metas da
Tecnologias relacionados ao
mineradora ODS 12
ODS 12
Vale
Sistema de inteligência artificial para
desmonte de rochas

Benefícios Econômicos:
- Otimização do plano de fogo e melhor
aproveitamento de explosivos;
- Redução do ciclo de carregamento e
consequente diminuição do gasto energético.

Consumo Benefícios Ambientais:


Inteligência
energético, - Redução da produção de finos, o que
Artificial e 12.2, 12.4,
emissão de diminui a geração de rejeitos e a consequente
Ciência dos 12.5
poluentes do ar e necessidade de locais de disposição como
Dados
geração de rejeitos barragens;
- Redução da emissão de particulados
proveniente das explosões;
- Redução da poluição sonora com a
otimização do plano de fogo.

Benefícios Sociais:
- Melhora da qualidade do ar;
- Redução da necessidade de locais de
disposição de rejeitos como barragens;
- Redução da poluição sonora.
Fonte: A autora (2022). (continuação)
81

Quadro resumo de tecnologias e desafios relacionados ao ODS 12 solucionados


Desafios
Solução e benefícios gerados por Metas da
Tecnologias relacionados ao
mineradora ODS 12
ODS 12
Vale
Caminhões autônomos fora de estrada

Benefícios Econômicos:
- Redução da quantidade de caminhões;
- Redução do gasto com combustíveis;
- Redução de custos operacionais e
manutenção;
- Redução do custo profissional;
Sistema
Consumo de - Redução de acidentes de trabalho.
autônomo,
combustível,
GPS, radares,
emissão de Benefícios Ambientais: 12.2, 12.4,
Inteligência
poluentes do ar, - Redução do consumo de combustíveis; 12.5
Artificial,
geração de - Redução de emissões de poluentes em pelo
Internet das
resíduos menos 10%;
Coisas.
- Diminuição da geração de resíduos devido
a maior durabilidade do caminhão, pneus e
maquinário;
- Redução da emissão de particulados;
- Menor poluição sonora.

Benefícios Sociais:
- Melhor qualidade do ar;
- Menor poluição sonora.
Fonte: A autora (2022). (continuação)
82

Quadro resumo de tecnologias e desafios relacionados ao ODS 12 solucionados


Desafios
Solução e benefícios gerados por Metas da
Tecnologias relacionados ao
mineradora ODS 12
ODS 12
Vale
Monitoramento da qualidade da água em
tempo real

Benefícios Econômicos:
- Gestão proativa dos riscos de situações
adversas dos recursos hídricos, evitando
grandes gastos corretivos ou multas;
Big data, - Processo de monitoramento mais eficaz e
automação e Poluição de mais seguro;
12.2
inteligência recursos hídricos - Direcionamento assertivo de recursos
artificial humanos e materiais.

Benefícios Ambientais e sociais:


- Menores chances de ocorrerem situações
anômalas, como contaminações;
- Taxa de resposta em caso de contaminação
será muito mais rápida, evitando assim
impactos ambientais e sociais negativos de
grande significância.
Fonte: A autora (2022). (conclusão)

Para que fosse realizada a correlação entre as metas da ODS 12 na Figura 5.14, as áreas de
impacto identificadas foram classificadas de acordo com a Figura 5.15 para a definição das
metas do ODS 12 afetadas pelas soluções.
83

Figura 5.15 – Quadro de correlação das áreas de impacto com as metas da ODS 12.

Área de impacto Metas ODS 12 Descrição

Consumo de água 12.2 Até 2030, alcançar a gestão sustentável e o


uso eficiente dos recursos naturais.

Consumo de energia 12.2 Até 2030, alcançar a gestão sustentável e o


e/ou combustíveis uso eficiente dos recursos naturais.

Consumo de produtos 12.4 Até 2020, alcançar o manejo ambientalmente


químicos saudável dos produtos químicos e todos os
resíduos, ao longo de todo o ciclo de vida
destes, de acordo com os marcos
internacionais acordados, e reduzir
significativamente a liberação destes para o
ar, água e solo, para minimizar seus impactos
negativos sobre a saúde humana e o meio
ambiente.

Emissão de poluentes 12.4 Até 2020, alcançar o manejo ambientalmente


do ar saudável dos produtos químicos e todos os
resíduos, ao longo de todo o ciclo de vida
destes, de acordo com os marcos
internacionais acordados, e reduzir
significativamente a liberação destes para o
ar, água e solo, para minimizar seus impactos
negativos sobre a saúde humana e o meio
ambiente.

Geração de resíduos 12.5 Até 2030, reduzir substancialmente a geração


de resíduos por meio da prevenção, redução,
reciclagem e reuso.

Geração de rejeitos 12.5 Até 2030, reduzir substancialmente a geração


de resíduos por meio da prevenção, redução,
reciclagem e reuso.

Poluição de recursos 12.2 Até 2030, alcançar a gestão sustentável e o


hídricos uso eficiente dos recursos naturais.
Fonte: A autora (2022).
84

A partir da análise dos dados compilados na Figura 5.15, foi possível gerar o gráfico da
Figura 5.16, que contém a contabilização das tecnologias da Indústria 4.0 mais utilizadas
pelas mineradoras levantadas nos estudos de caso apresentados no presente trabalho. A
contabilização identificou que as inovações mais aplicadas são: Inteligência Artificial (com 10
pontos de aplicação), Ciência dos Dados (com 9 pontos de aplicação) e Internet das Coisas
(IoT) (com 8 pontos de aplicação).

Figura 5.16 – Contabilização das tecnologias aplicadas pelas mineradoras estudadas.

Fonte: A autora (2022).

Com a definição das principais áreas de impacto das tecnologias nas operações de mineração
estudadas correlacionadas com o ODS 12, foi possível identificar quais são as que tiveram
maior enfoque das empresas e, consequentemente, as que possuem maior impacto da
aplicação das tecnologias. Os principais pontos afetados positivamente pela aplicação das
tecnologias são o consumo de energia e/ou combustíveis (11 pontos de aplicação), a emissão
85

de poluentes do ar (11 pontos de aplicação), a geração de rejeitos (7 pontos de aplicação) e o


consumo de água (6 pontos de aplicação) (FIGURA 5.17).

Figura 5.17 – Principais áreas de impacto relacionados ao ODS 12 com a aplicação das
tecnologias de I4.0.

Fonte: A autora (2022).

Levando em consideração a correlação das áreas de impacto com as metas do ODS 12


afetadas pela aplicação das tecnologias, foi possível gerar o gráfico da Figura 5.18, que indica
que a meta 12.2 (alcançar a gestão sustentável e o uso eficiente dos recursos naturais) é a mais
abrangida pelas tecnologias estudadas, seguida pela meta 12.4 (manejo ambientalmente
saudável dos produtos químicos e todos os resíduos, reduzindo significativamente a liberação
destes para o ar, água e solo), e pela meta 12.5 (redução da geração de resíduos por meio da
prevenção, redução, reciclagem e reuso).
86

Figura 5.18 – Contabilização das metas do ODS 12 afetadas pelas tecnologias aplicadas.

Fonte: A autora (2022).

Além da constatação das principais metas da ODS 12 que tiveram maior enfoque com a
aplicação das tecnologias estudadas, o gráfico da Figura 5.19 identifica a colaboração que a
Inteligência Artificial, a Internet das Coisas e a Ciência dos Dados têm para o cumprimento
das metas 12.2, 12.4 e 12.5 nas empresas estudadas.
87

Figura 5.19 – Correlação das tecnologias de I4.0 e as metas do ODS 12.

Fonte: A autora (2022).

A Inteligência Artificial, por ser muito abrangente e por ser uma solução que engloba várias
outras, como Aprendizado de Máquina (Machine Learning), Aprendizagem Profunda (Deep
Learning) e Big Data, tem uma alta frequência de uso nas inovações aplicadas pelas empresas
estudadas. Tal inovação tem uma alta taxa de resolução de problemas e desafios, e os custos
do investimento da tecnologia são rapidamente compensados, pois possuem alto impacto
dentro das operações com a otimização dos processos e melhoria dos processos (RIBEIRO,
2017).

Houve também uma alta aplicação de Ciência dos Dados (Data Science), o que já era
esperado após a revisão de literatura, pois é um dos fatores de maior importância dentro da
Indústria 4.0, uma vez que a análise dos dados realizada pela tecnologia é essencial para a
88

produção de inteligência de negócio e insights para a empresa. (GLOBAL MINING


GUIDELINES GROUP, 2019).

A maior aplicação da Internet das Coisas (IoT) também era esperada, pois é uma tecnologia
que serve de base para que várias outras da Indústria 4.0 possam ser implementadas nas
operações. Tal solução permite a conexão e a comunicação entre equipamentos e seres
humanos, e garante que o maquinário possa ser monitorado constantemente devido à contínua
conexão e geração de dados. O monitoramento adequado é essencial para evitar acidentes,
mau funcionamento de equipamentos e estruturas, contaminações ambientais diversas, entre
outros. Além disso, o monitoramento, quando bem trabalhado, pode ser compartilhado com as
comunidades locais, o que garante maior transparência da empresa para com a comunidade
afetada.

Apesar da constatação desses fatos, as tecnologias muitas vezes não são aplicadas sozinhas, e
o sucesso das suas aplicações somente é possível devido à combinação correta entre as
inovações. Como pode ser observado na Figura 5.14, as soluções dos desafios elencados pelas
mineradoras somente foi possível graças às combinações inovadoras das tecnologias da
Indústria 4.0.

5.4 Desafios e perspectivas futuras

O processo minerário convencional tornou-se insustentável. As operações atuais enfrentam o


grande desafio de operações que irão explorar cada vez mais e menor será a quantidade de
minério. Consequentemente, mais elevada será a quantidade de rejeitos e estéreis, que indica a
maior necessidade de estruturas de disposição desses materiais. Minas Gerais é um estado
extremamente impactado pela grande presença de barragens de rejeitos de operações antigas e
atuais, que trazem diversos riscos ambientais e sociais. Após os rompimentos de duas dessas
estruturas em 2015 e 2019, a pressão de investidores e da legislação governamental sobre as
mineradoras aumentou consideravelmente, uma vez que, de acordo com a Lei 23.291/2019, as
barragens à montante (consideradas inseguras do ponto de vista estrutural) estão proibidas de
serem construídas e as estruturas existentes devem ser desativadas até fevereiro de 2022
89

(MINAS GERAIS, 2019). Dessa forma, essa quantidade cada vez maior de rejeitos representa
um grande risco, não somente para as comunidades e para o meio ambiente, mas também para
a empresa, que enfrenta desafios relacionados à perda de capital e de imagem.

Além disso, com essa diminuição da qualidade do produto, é necessário cada vez mais água,
energia e produtos químicos para produzir a mesma tonelada de minério, gerando diversos
impactos ambientais e sociais negativos (NETO, 2019). A pressão sobre o setor de mineração
é crescente, fazendo com que o setor invista cada vez mais em ações de baixo impacto e com
maior responsabilidade ambiental e social, colaborando para um processo mais responsável e
sustentável.

De acordo com o Boston Consulting Group (2021), o setor de metais e mineração em nível
global é cerca de 30% a 40% menos maduro digitalmente do que indústrias como a
automotiva e química. O perfil altamente conservador dos profissionais do setor, e a falta de
integração entre os processos da cadeia minerária são os principais motivos para tal
dificuldade de implementação e inovação nas empresas. A mineração juntamente com a
agricultura e com o setor imobiliário, ainda registra classificações inferiores a outros setores
quando são analisados os investimentos em tecnologias de digitalização e comunicação
(SIRINANDA, 2019). No entanto, a indústria minerária atingiu um ponto de inflexão onde as
mineradoras devem se adaptar a este mercado em evolução se quiserem sobreviver
(NOTÍCIAS DE MINERAÇÃO, 2021).

Quando comparadas com outras mineradoras no mundo, as grandes mineradoras atuantes na


América Latina se mostram defasadas na aplicação de digitalização. Segundo o relatório da
Inmarsat (2020), a aplicação de Internet das Coisas, que é considerada uma tecnologia de base
para o desenvolvimento digital das empresas, teve somente 38% de aplicação na América do
Sul, comparando com 98% da América do Norte.

Segundo Deloitte (2018), os principais obstáculos para as empresas de mineração adotarem a


Indústria 4.0 no Brasil são estruturais, relacionados principalmente com os altos custos de
investimentos em novas tecnologias e inovação, a dificuldade de implantação e integração
90

dessas soluções digitais, a falta de proteção contra ameaças cibernéticas, a falta de força de
trabalho qualificada, a fraca infraestrutura de comunicação no país e a burocracia
governamental.

Após conversa com o CEO da startup LLK, especializada em engenharia para inovação na
mineração, Luiz Henrique Machado (2021) (informação verbal)1, informou que o setor
demorou a engatar projetos de digitalização, mesmo que nos últimos anos a taxa de
investimento em projetos inovadores tenha aumentado nas grandes mineradoras. Segundo ele,
as mineradoras fazem uso de equipamentos tido como inovadores que eram usados na década
de 50 pela indústria aeronáutica. Além disso, são poucas as empresas que fazem a mensuração
e o registro de dados, e isso torna ainda mais difícil o processo de implementação da
digitalização. De acordo com Luiz, é necessário ter maior competência técnica e
comprometimento com a inovação dentro das mineradoras para que realmente seja possível
implementar soluções de alto impacto.

Segundo Neto (2019), há uma grande resistência no setor mineral à inovação, pois todas as
empresas querem se beneficiar de novas tecnologias, mas por conta do fato de que são
soluções recentes e sem provas concretas de sua eficácia a longo prazo, nenhuma quer ser a
primeira a testá-las. Com a mentalidade conservadora, é provável que as empresas invistam
dinheiro em perfurações de exploração do que em algum tipo de plataforma de dados ou outra
tecnologia inovadora (BENTON, 2018).

Para que haja a melhoria da implementação digital dentro das empresas, independente do seu
tamanho, é preciso que as iniciativas digitais sejam direcionadas por uma estratégia bem
articulada. Como pode ser visto no trabalho, as empresas estudadas desenvolvem iniciativas
desconectadas entre si, e a estratégia de digitalização da mina deve definir claramente o
objetivo para a organização como um todo. Além disso, para que ocorra o desenvolvimento
integrado de toda a cadeia, as mineradoras devem melhorar sua capacidade de transformar
dados em insumos importantes para solucionar os desafios das empresas. A maioria das

1
Informação obtida em entrevista oral com o CEO e co-fundador da empresa LLK, Luiz Henrique Machado, em
dezembro de 2021.
91

organizações usa apenas uma parte dos dados coletados, o que impede a melhor utilização e
aplicação mais assertiva das tecnologias de I4.0 (DELOITTE, 2017).

De acordo com IBRAM (2021a), as altas taxas tributárias no Brasil aplicadas nessas
tecnologias que muitas vezes são importadas, e os entraves burocráticos, tornam os
investimentos em inovação das pequenas mineradoras limitados. Segundo o Instituto, na
maioria dos casos, os esforços financeiros são direcionados para a manutenção das suas
unidades produtivas e, em algumas vezes, para pequenas expansões. O que se observa, nesses
casos, são inovações mais recentes presentes de forma concentrada, restritas às grandes
empresas, o que indica que a maior parte da mineração brasileira possui um gap tecnológico e
de inovações, uma vez que 88% das empresas legalizadas no setor são micro e pequenas
(IBRAM, 2020).

Para que mais empresas menores tenham acesso a inovação, foi criado em 2019 o Mining Hub
(MH), que consiste em um ecossistema de inovação aberta que permite o desenvolvimento de
tecnologias entre startups e mineradoras que possuem desafios em comum. O Hub oferece
tecnologia de ponta não só para as grandes empresas, mas também para empresas menores
que não dispõem de uma estrutura econômico-financeira, equipes diversificadas e facilidades
de importação de muitas tecnologias. Além disso, o MH foi um marco muito importante para
a propagação da importância da inovação dentro das empresas e do início da mudança de
mentalidade da liderança do setor (IBRAM, 2019).

Ademais, há uma grande dificuldade do engajamento do setor privado com a academia


brasileira, o que acaba por dificultar o desenvolvimento dessas tecnologias no país, uma vez
que as universidades possuem um ótimo potencial de pesquisa e desenvolvimento, mas por
falta de recursos monetários, tal área fica desfalcada e encarece os serviços e tecnologias, que
muitas vezes precisam ser importados de outros países.

A pandemia iniciada em 2020 reforçou que a digitalização é extremamente importante para


que a indústria evolua. Somada aos fatores anteriores, como a pressão de investidores,
legisladores e reguladores, a segurança operacional, commodities voláteis, restrições de
92

trabalho, padrões de qualidade, critérios ESG, entre outros, ficou ainda mais evidente que o
futuro da mineração será digital. Apesar dos desafios, a tendência da aplicação de tais
tecnologias na mineração Brasileira é crescente, e pode ser impulsionada pela Política
Nacional de Inovação (PNI), instituída pelo Decreto nº 10.534/2020. A PNI tem a finalidade
de

I - orientar, coordenar e articular as estratégias, os programas e as ações de fomento


à inovação no setor produtivo, para estimular o aumento da produtividade e da
competitividade das empresas e demais instituições que gerem inovação no País, nos
termos do disposto na Lei nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004; e

II - estabelecer mecanismos de cooperação entre os Estados, o Distrito Federal e os


Municípios para promover o alinhamento das iniciativas e das políticas federais de
fomento à inovação com as iniciativas e as políticas formuladas e implementadas
pelos outros entes federativos. (BRASIL, art. 1º, 2020).

Com isso, mais empresas de diferentes portes terão incentivos para implementar tais
tecnologias em suas operações e assim terão maiores chances de conseguirem cumprir, não
somente com o ODS 12, mas também com outros Objetivos da Agenda 2030, como pode ser
observado na Figura 5.20 abaixo.

Figura 5.20 – Quadro dos impactos da I4.0 correlacionado com outros ODS.

Objetivos de Desenvolvimento Exemplos de impactos da I4.0 na


Sustentável mineração

3 - Saúde e bem-estar ● Maior segurança operacional;


● Monitoramento da saúde dos
funcionários em tempo real;
● Prevenção de emissões tóxicas no
meio ambiente.

6 - Água potável e saneamento ● Otimização e redução do consumo


de água;
● Monitoramento assertivo do
consumo e da qualidade de água;
● Compartilhamento de dados com as
comunidades.
Fonte: A autora (2022). (continua)
93

Objetivos de Desenvolvimento Exemplos de impactos da I4.0 na


Sustentável mineração

7 - Energia limpa e acessível ● Aprimoramento da eficiência


energética;
● Redução da demanda energética
local;
● Monitoramento assertivo do
consumo energético;

8 - Trabalho decente e crescimento ● Criação de novas oportunidades de


econômico emprego;
● Diversificação de capacitações;
● Diversificação da economia local;
● Trabalho com fornecedores locais e
melhoria da qualidade de produtos;
● Conexão com mercados externos.

9 - Indústria, inovação e infraestrutura ● Fomentar a inovação do setor;


● Melhoria de qualidade dos bens
produzidos;
● Novos meios de produção;

11 - Cidades e comunidades sustentáveis ● Reaproveitamento de resíduos;


● Diminuição da geração de rejeitos e
resíduos;
● Melhor planejamento do uso do solo;
● Recuperação energética de resíduos;
● Menor necessidade de barragens de
rejeitos.

13 - Ação contra a mudança global do clima ● Promoção de eficiência energética;


● Diminuição do consumo de
combustíveis;
● Monitoramento assertivo de
emissões;
● Compilamento e divulgação de
dados facilitada;
● Modelagem de impactos;

Fonte: A autora (2022). (continuação)


94

Objetivos de Desenvolvimento Exemplos de impactos da I4.0 na


Sustentável mineração

14 - Vida debaixo d’água ● Menor disposição inadequada de


resíduos;
● Monitoramento assertivo da vida
aquática;
● Previsão de impactos e avaliação;

15 - Vida sobre a terra ● Diminuição de áreas de degradação;


● Monitoramento assertivo de espécies
e impactos na fauna e flora;
● Realização de avaliação de impactos
ambientais mais assertivos.
Fonte: A autora (2022). (conclusão)

De todos os 17 ODS, as tecnologias de digitalização podem dar suporte no cumprimento de


10 objetivos, considerando o ODS 12, de acordo com a análise autoral. Isso indica a grande
importância da inovação e das tecnologias para que as mineradoras sejam cada vez mais
sustentáveis e tenham menos impactos negativos no meio ambiente e nas comunidades. A
inovação é constante, e cada vez mais será necessário que as empresas estejam aptas a essas
mudanças e priorizem aquelas tecnologias que trarão, não somente lucro e estabilidade, mas
também benefícios ambientais e sociais.

Levando isso em consideração, a tendência é que as operações se tornem totalmente


digitalizadas, e a chegada da tecnologia da quinta geração de telefonia celular no Brasil (5G)
nos próximos anos contribuirá muito para esse avanço (NOTÍCIAS DE MINERAÇÃO,
2018). O 5G é uma rede de conectividade sem fio robusta, capaz de lidar com grandes
quantidades de dados gerados em uma operação de mineração e a sua velocidade de dados é
10 a 100 vezes mais rápida que a 4G, fornecendo latência muito menor, similar ao tempo real.
Com isso, haverá o surgimento de novas aplicações das tecnologias digitais na mineração,
garantindo maior capacidade, velocidade e confiabilidade, controle de dispositivos com
95

tempos de resposta extremamente curtos e capacidade de conectar vários dispositivos e


serviços diferentes simultaneamente (EPIROC, 2019).

O 5G ainda não foi implementado no Brasil, e será realizado um leilão das faixas de
frequência em 5G para investidores que queiram fornecer a tecnologia. O processo de
licitação é feito pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que estima ser possível
usar amplamente o 5G no Brasil em 2022 (PORTAL DA INDÚSTRIA, 2022).
96

6 CONCLUSÃO

O presente trabalho buscou contribuir para a literatura de inovação apresentando as aplicações


e implicações das tecnologias da Indústria 4.0 para o desenvolvimento de uma indústria
mineradora mais responsável e sustentável, em conformidade com o Objetivo de
Desenvolvimento Sustentável 12. A partir da análise dos relatórios e dos estudos de caso da
aplicação das tecnologias, é possível identificar que as mineradoras estão cientes da
necessidade de implementar as inovações, mas ainda foram poucas informações encontradas
sobre a aplicação de fato das tecnologias nas principais empresas no Brasil.

As principais soluções aplicadas se baseiam no uso de Inteligência Artificial, Ciência dos


Dados e Internet das Coisas, mas é importante ressaltar que tais tecnologias não funcionam
sozinhas, e muitas vezes dependem umas das outras para o desenvolvimento de uma solução
que tenha o impacto desejado pela empresa. As inovações encontradas possuem um caráter
majoritariamente incremental e se concentram em melhorias de processos, buscando elevar a
eficiência produtiva e otimização de recursos. Os benefícios ambientais e sociais
normalmente aparecem em segundo plano, e os objetivos das empresas se concentram
majoritariamente nas tecnologias que vão trazer maior redução de gastos, como a otimização
energética por exemplo, que teve maior impacto dentro das soluções estudadas.

É possível identificar que, qualitativamente, as tecnologias de Indústria 4.0 possuem impactos


positivos dentro das operações estudadas quando relacionadas com as metas 12.2, 12.4 e 12.5
do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 12. Porém tais impactos aparecem de maneiras
pontuais, o que de certa forma indica somente uma contribuição para o cumprimento parcial
das metas indicadas e não o cumprimento total. Isso se dá principalmente pela falta de
articulação e integração dos sistemas operacionais, pela falta de dados de qualidade para a
implementação das inovações digitais, pelos desafios de implementar sistemas mais
inovadores, mas principalmente pela baixa prioridade que os objetivos ambientais e sociais
têm em comparação com os objetivos financeiros da empresa.
97

Ao realizar a correlação com outros ODS da Agenda 2030, foi possível observar que
tecnologias de digitalização também contribuem com o cumprimento parcial de outros
Objetivos extremamente importantes para que as mineradoras se tornem mais sustentáveis do
ponto de vista da ONU. Apesar de não ter sido feita a análise detalhada das soluções
estudadas em correlação com os outros ODS, tais impactos são visíveis e demonstram a
abrangência que essas inovações podem ter dentro da indústria mineral.

Dessa forma, é possível concluir que há sim contribuição das tecnologias de Indústria 4.0 para
cumprimento do ODS 12 dentro das mineradoras estudadas, porém as soluções somente são
aplicadas a partir de objetivos previamente definidos. Para que as mineradoras se tornem
capazes de implementar um sistema de consumo e produção responsáveis, é necessário que o
compromisso com o meio ambiente e com a sociedade tenham um patamar tão importante
quanto o lucro. Tal questão teve uma melhora nos últimos anos, principalmente com a pressão
de investidores e da sociedade, mas é necessário que os governos municipais, estaduais e
federal se mobilizem para que haja maior pressão nas empresas relacionadas a essa
priorização.

Além desses pontos, é importante que haja uma maior difusão da aplicação de novas
tecnologias dentro do setor e maior incentivo para o desenvolvimento dessas inovações. Para
isso, primeiramente é necessário que haja a mudança da mentalidade do setor mineral
brasileiro, que é extremamente conservador. A seleção de lideranças e tomadores de decisão
mais diversos impulsionam a transformação, e contribui para a implementação da inovação
nas empresas. Essa diversidade também é importante para que a mudança de priorização
mencionada acima seja mais enfocada, uma vez que as novas gerações têm grande foco no
meio ambiente e nos impactos sociais das indústrias. Ademais, é necessário que existam
incentivos públicos e privados, com o desenvolvimento de leis que aumentem a captação de
recursos para pesquisa e desenvolvimento na academia brasileira, e assim maiores e melhores
estudos serão desenvolvidos no país, democratizando o acesso das mineradoras de todos os
98

tamanhos a tais soluções, e contribuindo cada vez mais para um setor mineral mais
responsável e inovador.
99

7 LIMITAÇÕES E RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Por ser uma temática ainda recente e pouco explorada no contexto da mineração, foram
encontradas limitações no desenvolvimento do trabalho, especialmente na busca de
informações na literatura e dados divulgados pelas mineradoras no Brasil. Muitas informações
tiveram que ser buscadas em contextos internacionais, e foram raros os materiais que
especificam os impactos ambientais da aplicação das tecnologias de Indústria 4.0 no setor
minerário. Além disso, algumas mineradoras anteriormente selecionadas para o estudo
tiveram de ser descartadas do trabalho, uma vez que não existiam documentos oficiais com
informações sobre novas tecnologias aplicadas nas operações, o que acabou por limitar o
estudo a três mineradoras.

Dentre as informações encontradas sobre as mineradoras estudadas houve também o desafio


da comparação quantitativa após a aplicação das tecnologias. Por serem considerados dados
sensíveis e competitivos, as empresas não divulgam publicamente os resultados comparativos
após a instalação das soluções, o que limitou o trabalho a considerar apenas dados
qualitativos.

Para trabalhos futuros existem diversas possibilidades de exploração do tema, uma vez que
são poucas as pesquisas existentes nesse contexto. De maneira geral, seria interessante obter
mais informações sobre como as tecnologias da Indústria 4.0 impactam a mineração de ferro e
de outros minerais em toda a Agenda 2030, trazendo mais soluções e exemplos de aplicações
das tecnologias que podem apoiar no cumprimento de outros ODS. Ademais, com o uso de
dados numéricos e quantitativos, seria possível realizar uma pesquisa que comparasse os
resultados das aplicações das tecnologias em uma operação modelo, e identificasse os
principais pontos de maior contribuição das soluções para o cumprimento da Agenda 2030.
Tais resultados poderiam apoiar outras empresas a adotarem essas inovações de forma mais
assertiva dentro de suas operações, e assim atingirem produções mais sustentáveis.
100

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