Trabalho de DC I-Francine

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Universidade Lúrio

Faculdade de Engenharia

Departamento de engenharia Geológica

Campus Universitário de Pemba – Bairro Eduardo Mondlane

Desenvolvimento Comunitário I

TRANSPARÊNCIA NA INDÚSTRIA EXTRATIVA NO SETOR MINEIRO

Discentes:

Francine da Silva Flábio

Docente:Loite José, Lic.

Pemba, 2024
Universidade Lúrio

Faculdade de Engenharia

Departamento de engenharia Geológica

Campus Universitário de Pemba – Bairro Eduardo Mondlane

Desenvolvimento Comunitário I

TRANSPARÊNCIA NA INDÚSTRIA EXTRATIVA NO SETOR MINEIRO

Trabalho de carácter avaliativo de


Desenvolvimento Comunitário I, recomendado
pelo regente da cadeira, Loite José, Lic. Aos
estudantes do curso de Engenharia Geológica da
Universidade Lúrio, 4º Ano, 1º Semestre

Discentes:

Francine da Silva Flábio

Pemba, 2024
Índice

1. Introdução ............................................................................................................................ 1

2. Objetivos .............................................................................................................................. 1

3. Transparência na Indústria Extrativa no Setor Mineiro ....................................................... 2

4. Indústria Extrativa em Moçambique .................................................................................... 2

4.1. Quadro Legal e Regulatório ............................................................................................. 3

5. Empresas da indústria extrativa de recursos minerais em Moçambique no Setor Mineiro . 5

6. A Transparência em Moçambique ....................................................................................... 5

6.1. Transparência Global Reduz Em 4 Pontos ................................................................... 6

6.2. Ranking de transparência das empresas no período 2021/2022 ................................... 7

6.3. Evolução da transparência entre a 2ª e 3ª edição do ITSE ........................................... 9

7. Participação do Estado na Indústria extrativa ...................................................................... 9

8. Alocação de Receitas Provenientes da Indústria Extrativa ................................................ 12

9. Iniciativas Globais de Transparência no Setor Extrativo Mineiro ..................................... 12

9.1. Iniciativa de Transparência nas Indústrias Extrativas (EITI) ..................................... 13

10. Desafios para a Implementação da Transparência ......................................................... 14

i
11. Papel do Governo na Promoção da Transparência......................................................... 15

12. Indústria extrativa e desenvolvimento local ................................................................... 16

12.1. O papel da responsabilidade social empresarial- PRSEIE e Desenvolvimento Local 16

12.2. Sobre a política e estratégia de desenvolvimento local .............................................. 16

13. Envolvimento da Comunidade na Transparência........................................................... 17

14. Importância da Transparência para a Sociedade ............................................................ 17

15. Acesso à informação sobre Indústria Extrativa em Moçambique .................................. 18

16. Fontes de informação sobre indústria extrativa em Moçambique.................................. 18

17. Conclusão ....................................................................................................................... 20

18. Refencias Bibliográficas ................................................................................................ 21

ii
1. Introdução

A indústria extrativa no setor mineiro desempenha um papel crucial na economia global,


fornecendo matérias-primas essenciais para diversos setores industriais. No entanto, a operação
dessa indústria muitas vezes ocorre em regiões remotas ou em países em desenvolvimento, onde a
falta de transparência pode levar a consequências sociais, econômicas e ambientais negativas. a
exploração desses recursos é frequentemente acompanhada por problemas de corrupção, má
gestão, e impactos sociais e ambientais adversos. A transparência na indústria extrativa visa
mitigar esses problemas, promovendo práticas de governança mais responsáveis e beneficiando as
comunidades locais e a sociedade em geral.

2. Objetivos

Geral:

➢ Falar da Transparência da indústria extrativa no sector minério.

Específicos:

➢ Falar da importância da transparência na indústria extrativa no sector mineira para a


Sociedade;
➢ Identificar os desafios enfrentados na implementação de práticas transparentes no setor
extrativo-mineiro;
➢ Falar do o papel do governo na promoção e fiscalização da transparência no setor
extrativo-mineiro.

1
3. Transparência na Indústria Extrativa no Setor Mineiro

A transparência na indústria extrativa refere-se à divulgação aberta e acessível de


informações relacionadas à exploração, produção, comercialização e distribuição de recursos
minerais. Isso inclui dados sobre contratos, pagamentos governamentais, impactos ambientais,
questões de saúde e segurança no trabalho, entre outros aspectos relevantes. (Analise Critica e
Simplificacao do 11 RElatorio da Iniciativa da Transparencia da industria estrativa, 2024)

A transparência na indústria extrativa refere-se à prática de disponibilizar informações claras,


acessíveis e compreensíveis sobre todos os aspectos das operações extrativas. Isso inclui a
divulgação de contratos, acordos de licenciamento, pagamentos feitos às autoridades
governamentais, e dados sobre os impactos sociais e ambientais das operações de mineração.
(Analise Critica e Simplificacao do 11 RElatorio da Iniciativa da Transparencia da industria
estrativa, 2024)

4. Indústria Extrativa em Moçambique

E definido como indústria extrativa as “atividades de extração de recursos naturais, sem ou com
pouco processamento, que adicione valor ao recurso em si, antes de este recurso ser posto a
disposição de outro utilizador” (Castel-Branco,2010:10) citado por (Bilhale, 2016). Trata-se de
atividades de extração de minerais, hidrocarbonetos, madeiras, produtos do mar, entre outros.

O sector extrativo em Moçambique divide-se entre a produção industrial, dominada por grandes
corporações multinacionais e produção artesanal exercida por garimpeiros quer individuais quer
associados. (Bilhale, 2016)

Moçambique possui um vasto potencial e diversidade de recursos minerais e hidrocarbonetos,


cujo conhecimento constitui o fator chave para assegurar a sua gestão e exploração sustentável,
de modo a contribuir da melhor forma para o desenvolvimento do país.
Este potencial passa pelas reservas de carvão mineral, areias pesadas e outros minerais e metais
básicos, como o ferro‐vanádio, titânio, tantalite, turmalinas, bentonite, pegmatitos, mármores,
bauxite, grafite, diamantes, ouro, pedras preciosas e semi‐preciosas, fosfatos, calcário, entre
2
outros. (Quinto Relatoio da ITIEM-Ano de 2012-ITIE Mocambique, 2014)

Os minerais que estão a ser explorados atualmente incluem titânio, tântalo, mármore, ouro, carvão,
bauxite, granito, calcário e pedras preciosas. Existem também depósitos conhecidos de pegmatitos,
platinóides, urânio, bentonite, ferro, cobalto, crómio, níquel, cobre, granito, flúor, diatomite,
esmeraldas, turmalinas e apatite. (Quinto Relatoio da ITIEM-Ano de 2012-ITIE Mocambique,
2014)

O sector extrativo tem um potencial para contribuir muito mais para a economia nacional do que
aquilo que faz hoje, uma vez que tem atraído grandes investimentos. (Quinto Relatoio da ITIEM-
Ano de 2012-ITIE Mocambique, 2014)

4.1. Quadro Legal e Regulatório

Moçambique é um país em franco crescimento, para o qual tem contribuído consideravelmente a


dinâmica do sector extrativo, dado o elevado potencial nas áreas de minas e hidrocarbonetos. Neste
contexto, o quadro legal e regulatório associado ao desenvolvimento de atividades mineiras, torna‐
se em uma das bases da estratégia do Governo para o desenvolvimento do sector extrativo de modo
a permitir que a sua exploração continue a agregar valor ao país. (Quinto Relatoio da ITIEM-Ano
de 2012-ITIE Mocambique, 2014)

O quadro jurídico-legal da atividade mineira e petrolífera em Moçambique foi criado tendo em


vista assegurar maior competitividade, transparência e salvaguardar os interesses nacionais. Os
principais instrumentos legais que regem o sector extrativo em Moçambique são apresentados na
tabela abaixo. (Bilhale, 2016)

3
Tabela 1-Principal Legislação da área mineira. Fonte : (Bilhale, 2016)

4
5. Empresas da indústria extrativa de recursos minerais em Moçambique
no Setor Mineiro

Existe um número elevado de empresas multinacionais com interesses na indústria extrativa em


Moçambique. Algumas das empresas apenas detêm licenças de prospeção, pesquisa, desenvolvimento
e produção de recursos minerais e petrolíferos. Outras já se encontram na fase de desenvolvimento e
produção. Estima-se que existam mais de 150 empresas ou projetos na indústria extrativa de recursos
minerais (ITIE-Moçambique, 2014b) Citado por (Bilhale, 2016).

Tabela 2-Empresas do Sector Mineiro. Fonte: (Mate, 2021)

6. A Transparência em Moçambique

Em Moçambique, o debate sobre a transparência na indústria extrativa e marcado por várias


intervenções da sociedade civil, a reivindicar a necessidade de o governo introduzir instrumentos
que obriguem a tornar públicos, na integra, os contratos assinados entre o governo e as empresas
de exploração de recursos naturais (Castel‑Branco, 2010; CIP, 2013; Ossemane, 2012; O Pais
Online, 2014). Contrariamente a demanda da sociedade civil, assiste‑se a um cenário em que o
art.o 23 da Lei 15/2011de 10 de Agosto das Parcerias Público-privadas só exige a publicação dos
termos principais do contrato, do relatório e do balanco contabilístico das atividades (O Pais
Online, 2014) Citado por (Langa e Massingue, s/d). De um modo geral, significa que estas devem
ser transparentes igualmente em relação aos contratos assinados com o governo.
5
6.1.Transparência Global Reduz Em 4 Pontos

Segundo (Mate, 2023), de modo geral a transparência das empresas extrativas em Moçambique no
período 2021/2022, foi de 21 dos 100 pontos possíveis3. Esta classificação corresponde a BAIXO
nível de transparência. Comparativamente a 2ª edição, a transparência do sector extrativo reduziu
em 4 pontos.

Figura 1-Índice de transparência do sector extrativo em Moçambique (2021/2022). Fonte: (Mate, 2023).

com 22 pontos, seguida da Kenmare e a Highland African Mining Company, Lda com 14 e 11
pontos de evolução, respetivamente. A maior redução de transparência individual, que afetou
negativamente a transparência global, resulta, em grande medida, do desempenho negativo de 11
das 21 empresas avaliadas. Destas empresas, destaque vai para as empresas Vulcan Resources,
ICVL Zambeze e Buzi Hydrocarbons que regrediram em e 69, 41 e 22 pontos respetivamente.
(Mate, 2023)

Importa destacar que nas duas primeiras edições a Vale International, SA, que explorava o projeto
atualmente na posse da Vulcan Resources, ocupou a segunda melhor classificação no computo
geral da transparência. Enquanto os baixos resultados apresentados pela Vulcan Resources e Buzi
Hydrocarbons derivam do facto destas empresas não disporem de páginas web, onde podem ser
consultadas informações sobre as suas atividades, a ICVL Zambeze não atualizou na sua pagina
informações sobre a produção, impostos pagos e outros, prestadas na edição anterior. (Mate, 2023)

6
Figura 2-Variacoes em termos de transparências entre a 2ª e 3ª edição por empresa. Fonte: (Mate, 2023)

6.2.Ranking de transparência das empresas no período 2021/2022

Conforme estabelece a metodologia adotada neste índice, a transparência das empresas é obtida
pela soma aritmética dos pontos obtidos depois de avaliados todos os indicadores de cada um dos
componentes e ponderados pelos respetivos pesos. A empresa mais transparente na 3ª edição é a
Kenmare Resources plc, com 93 pontos dos 100 possíveis. Este resultado consolida as posições
alcançadas nas edições anteriores e representa melhorias em termos de disponibilização de
informações, como são os casos dos conteúdos na sua página em português e abertura para a
apresentação das atividades desenvolvidas no local da mineração. Os pontos representam uma
melhoria em 14 pontos em relação à 2ª edição. (Mate, 2023)

A SASOL Petroleum Temane, com 60 pontos, ocupa o 2º lugar depois de ter ocupado o 3º lugar
na 2ª edição. Contribuiu para este lugar a melhoria na disponibilização de informações da
componente social. Apesar de a empresa continuar com limitações em termos de disponibilização
de parte considerável de informações em português, criou um link onde estão disponível alguns
conteúdos em português5 e faz a publicação de uma revista anual que contempla parte considerável
das informações em análise neste índice. Os pontos obtidos representam uma melhoria em 5 pontos
em relação à 2ª edição. (Mate, 2023)

7
A empresa Haiyu Mozambique Mining Company, com 43 pontos, ocupa a 3ª posição, depois de
ter ocupado a 4ª posição na 2ª edição. Contribuiu para a melhoria a abertura da empresa para a
disponibilização de informações solicitadas e também a sua publicação no seu website. Registou
uma redução em 6 pontos em relação a 2ª edição. A redução decorre, em parte, da falta de
atualização das informações partilhadas na página web. (Mate, 2023)

A empresa menos transparente nesta 3ª edição é a Vulcan Resources, que não obteve nenhum
ponto. Importa referir que este lugar é atribuído pelo facto da Vulcan Resources, ter adquirido a
empresa Vale International, SA que ocupou o 2º lugar na edição passada, que, no entanto, não
segue o exemplo de promoção de transparência da sua antecessora.

Abaixo o gráfico com a classificação global das 21 empresas avaliadas segundo a ordem de mais
transparente para menos transparente. (Mate, 2023)

Figura 3-Ranking de transparência das empresas no período 2021/2022. Fonte: (Mate, 2023)

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6.3.Evolução da transparência entre a 2ª e 3ª edição do ITSE

Em termos comparativos, pode-se ver, pela tabela abaixo, a evolução de cada uma das 21 empresas
analisadas. Destacando-se que, mais de 50% destas empresas mostraram declínio em termos de
transparência. Destaque vai para a Vulcan Resources, que substitui a Vale, com o declínio de 69
pontos. (Mate, 2023)

Tabela 3- Evolução da transparência entre a 1ª e 2ª edição do ITSE. Fonte: (Mate, 2023)

7. Participação do Estado na Indústria extrativa

O Estado moçambicano participa na indústria extrativa através de instituições públicas


responsáveis pela gestão das participações do Estado, regulação do sector ou pela coleta de
impostos, taxas e outras contribuições das empresas que operam no sector. e empresas. Dentre as
instituições destaca-se o Ministério dos Recursos Minerais e Energia (MIREME) e instituições
tuteladas e/ou subordinadas, Instituto de Gestão das Participações do Estado (IGEPE) e a
Autoridade Tributária de Moçambique (AT). (Bilhale, 2016)

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O Ministério dos Recursos Minerais e Energia (MIREME) é um órgão do Estado que dirige e
assegura a execução da política do Governo na investigação geológica, exploração dos recursos
minerais e energéticos, e no desenvolvimento e expansão das infraestruturas de fornecimento de
energia elétrica, gás natural e produtos petrolíferos. O MIREME tutela e subordina outras
instituições como o Instituto Nacional de Petróleos (INEP), a Iniciativa de Transparência na
Indústria Extrativa (ITIE), Museu Nacional de Geologia, Fundo de Energia. (Bilhale, 2016)

O INEP é uma entidade reguladora criada pelo Governo de Moçambique em 2004, com a
responsabilidade de administrar e promover as operações petrolíferas. Nesta qualidade, o INEP
tem a missão assegurar a observação das leis e dos regulamentos, incluindo as melhores práticas
internacionais, com especial ênfase na gestão otimizada dos recursos e a observância aos aspectos
de saúde, segurança e proteção do ambiente, durante a realização das operações petrolíferas.
(Bilhale, 2016)

O Instituto de Gestão das Participações do Estado (IGEPE) tem a missão de administrar e


dirigir os negócios do Estado junto às empresas públicas e privadas com o objetivo de reforçar a
capacidade de intervenção na gestão do sector empresarial do Estado, de modo a captar receitas
resultantes de dividendos nas Sociedades participadas. O IGEPE foi criado em Dezembro de 2001,
por Decreto do Governo, com o objetivo principal de gerir as participações financeiras do Estado,
adquiridas através do processo de reestruturação do sector empresarial do Estado. O IGEPE tem a
função estratégica de coordenar e controlar as participações do Estado no sector empresarial nos
termos da Lei e Regulamentação específica. (Bilhale, 2016)

A Autoridade Tributária de Moçambique (AT)é um órgão do Estado criado em 2006 pela Lei
n.º 1/06, de 22 de Março, e tem como uma das tarefas fundamentais executar a política tributária e
aduaneira. Nesta conformidade, a AT tem a competência de implementar a política e legislação
tributária e aduaneira e todas as ações de controlo e fiscalização, assim como realizar ações de
inspeção e auditoria interna. (Bilhale, 2016)

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Tem o objetivo fundamental de:

➢ executar a política tributária e aduaneira, dirigindo e controlando o funcionamento dos seus


serviços;
➢ planificar e controlar as suas atividades e os sistemas de informação formar e qualificar os
recursos humanos;
➢ Elaborar estudos e apoiar na concepção de políticas tributária e aduaneira.

A Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH) e a Empresa Moçambicana de Exploração


Mineira (EMEM) constituem o braço empresarial do Estado na indústria extrativa.

A Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH) é uma entidade do Estado Moçambicano


criada em 1981 com a responsabilidade de pesquisar, prospetar, produzir e comercializar os
produtos petrolíferos, assim como representar o Estado nas operações petrolíferas, desde as
atividades de pesquisa, exploração, produção, refinação, transporte, armazenamento e
comercialização de hidrocarbonetos e dos seus derivados até a liquefação do gás natural, dentro e
fora do país. (Bilhale, 2016)

Em 2012, a ENH detinha participações nos projetos de prospeção, pesquisa, desenvolvimento e


produção de petróleo liderados por grandes companhias multinacionais como Anadarko Área 1
Limitada, Eni East África S.p.A, Statoil, Petronas, Sasol e outros. As participações da ENH variam
de 10% a 25% de capital social. A EMEM foi criada pelo Governo de Moçambique em 2009.

A Empresa Moçambicana de Exploração Mineira (EMEM)é uma Sociedade Anónima e tem


como sócios o Estado Moçambicano com 50% de capital social, o IGEPE com 35% e Instituto
Nacional de Minas (INAMI) com 15%. Em 2012, a EMEM tinha a participação formada no Vale
Moçambique com 5% de ações e estava a negociar participações noutras empresas como a Rio
Tinto, a Jindal África, Minas Moatize, entre outras (ITIE-Moçambique, 2014:37) citado por
(Bilhale, 2016)

11
8. Alocação de Receitas Provenientes da Indústria Extrativa

A Lei n.º 20/2014 (Lei de Minas) e a Lei n.º 21/2014 (Lei de Petróleos), ambas de 18 de Agosto,
definem que uma percentagem das receitas geradas nas atividades mineiras deve ser canalizada
para o desenvolvimento das comunidades das áreas onde se localizam os respetivos projetos. Esta
contribuição é refletida no Orçamento Geral do Estado, onde é determinado um montante que varia
mediante os objetivos de cada ano, competindo ao Conselho de Ministros inventariar as receitas
resultantes das operações petrolíferas e mineiras e publica‐las periodicamente. (Quinto Relatoio
da ITIEM-Ano de 2012-ITIE Mocambique, 2014)

Os critérios a observar na implementação de projetos financiados por receitas de exploração


mineira e petrolífera são definidos na Circular n.º1/MPD‐MF/2013. Conforme documento os
recursos devem ser alocados a projetos prioritários em coordenação com os respetivos
Conselhos Consultivos de Localidade, Direção Provincial de Plano e Finanças e Serviço Distrital,
nas seguintes áreas (Quinto Relatoio da ITIEM-Ano de 2012-ITIE Mocambique, 2014):
➢ Educação (salas de aulas e respetivo apetrechamento);
➢ Saúde (postos, centros de saúde e respetivo apetrechamento);
➢ Agricultura (regadios comunitários/represas);
➢ Silvicultura (florestas comunitárias);
➢ Serviços (mercados);
➢ Estradas e pontes de interesse local;
➢ Sistemas de abastecimento de água e saneamento.

Conforme mesmo documento, a Secretaria Distrital é o órgão responsável pela gestão e boa
aplicação dos recursos alocados.

9. Iniciativas Globais de Transparência no Setor Extrativo Mineiro

Diversas iniciativas globais têm sido desenvolvidas para promover a transparência na indústria
extrativa, incluindo o Iniciativa para a Transparência nas Indústrias Extrativas (EITI), uma
parceria entre governos, empresas e sociedade civil que promove a divulgação e verificação de
12
informações sobre pagamentos governamentais e receitas provenientes da exploração de recursos
naturais.

Existem várias iniciativas globais que promovem a transparência na indústria extrativa. A que se
mais se destaca em Moçambique é a Iniciativa de Transparência nas Indústrias Extrativas
(EITI).

9.1.Iniciativa de Transparência nas Indústrias Extrativas (EITI)

é um padrão global que visa promover a gestão aberta e responsável dos recursos naturais nos
países implementadores. Esse padrão exige a divulgação de informações ao longo de toda a cadeia
de valor da indústria extrativa, desde o processo de atribuição de licenças até questões ambientais,
pagamento de impostos e o uso das receitas provenientes do setor para melhorar a vida dos
cidadãos. (Analise Critica e Simplificacao do 11 RElatorio da Iniciativa da Transparencia da
industria estrativa, 2024)

Em Moçambique, as indústrias extrativas (mineira, de Petróleo e de gás natural) contribuem com


uma porção significativa e cada vez mais crescente para os rendimentos do Governo destinados ao
desenvolvimento. À luz deste pressuposto, o Governo de Moçambique aderiu à Iniciativa de
Transparência na Indústria Extrativa (ITIE) para assegurar que os pagamentos e as receitas
relacionados com a indústria extrativa sejam publicados de uma forma transparente. Moçambique
tornou-se num País candidato à adesão da ITIE no dia 15 de Maio de 2009.

O principal objetivo da Iniciativa é permitir que haja maior transparência em torno da geração de
receitas e despesas dos rendimentos do sector da indústria extrativa.
Este objetivo tem como primordial propósito, melhorar os rendimentos das indústrias extrativas,
reduzir o potencial para a corrupção ou desvio de grande escala desses fundos pelos governos
anfitriões; e estimular o debate sobre os usos destes rendimentos. (Analise Critica e Simplificacao
do 11 RElatorio da Iniciativa da Transparencia da industria estrativa, 2024)

13
A iniciativa encoraja os governos, as empresas extrativas (públicas e privadas), Agências
Internacionais e ONGs a trabalhar em conjuntos no desenvolvimento de uma plataforma de
promoção de transparência nos pagamentos efetuados pelas indústrias extrativas.
A iniciativa exige a publicação regular dos pagamentos das indústrias extrativas e receitas do
Governo. (Analise Critica e Simplificacao do 11 RElatorio da Iniciativa da Transparencia da
industria estrativa, 2024)

Moçambique registou avanços significativos desde que aderiu à Iniciativa de Transparência na


Indústria Extrativa (ITIE), em 2009. É a conclusão de vários intervenientes no setor, que destacam
a disponibilização de informação ao público sobre os contratos entre as empresas e o Estado ou
uma maior disciplina em relação à atribuição dos títulos mineiros. Mas o Centro de Integridade
Pública (CIP) entende que isto ainda não acontece como devia. (Analise Critica e Simplificacao
do 11 RElatorio da Iniciativa da Transparencia da industria estrativa, 2024)

10.Desafios para a Implementação da Transparência

Apesar dos avanços na transparência, a Indústria Extrativa ainda enfrenta desafios significativos
na implementação de medidas transparentes. Alguns dos principais desafios incluem:

➢ Lei sobre Beneficiários Efetivos: A criação de uma lei específica que exija a divulgação
dos beneficiários efetivos das empresas extrativas é um desafio. Os beneficiários efetivos
são as pessoas reais que controlam ou se beneficiam dessas empresas. A transparência
nesse aspecto é fundamental para evitar práticas ilegais, como lavagem de dinheiro e
evasão fiscal (Analise Critica e Simplificacao do 11 RElatorio da Iniciativa da
Transparencia da industria estrativa, 2024).

➢ Resistência Política e Empresarial: Interesses financeiros e políticos podem criar


resistência à implementação de práticas transparentes.

➢ Capacidade Institucional: Muitos países carecem de instituições robustas e recursos


necessários para coletar, gerenciar e divulgar informações de forma eficaz.
14
➢ Complexidade dos Dados: A complexidade técnica dos dados pode dificultar a sua
compreensão pelo público geral.

➢ Conteúdo Local: Garantir que as empresas extrativas contribuam para o desenvolvimento


local é outro desafio. O conteúdo local refere-se à participação de empresas e trabalhadores
locais na indústria, bem como à transferência de tecnologia e capacitação local. A falta de
transparência nesse processo dificulta a avaliação do impacto real dessas atividades na
economia local (Analise Critica e Simplificacao do 11 RElatorio da Iniciativa da
Transparencia da industria estrativa, 2024)

➢ Disponibilização de Informações Digitais: A indústria extrativa precisa adotar


plataformas digitais para divulgar informações relevantes. Isso inclui relatórios
financeiros, dados de produção, pagamentos de royalties e outros detalhes importantes. A
falta de padronização e a resistência à divulgação em formato digital são desafios a serem
superados. (Analise Critica e Simplificacao do 11 RElatorio da Iniciativa da Transparencia
da industria estrativa, 2024)

11.Papel do Governo na Promoção da Transparência

➢ Legislação e Regulamentação: Implementar leis e regulamentações que exijam a


divulgação de informações chave sobre as operações extrativas.
➢ Monitoramento e Fiscalização: Estabelecimento de agências de fiscalização
independentes para garantir a conformidade com os requisitos de transparência.
➢ Capacitação: Investir em capacitação institucional para gerir e divulgar informações de
forma eficaz.
➢ Parcerias: Colaborar com organizações internacionais, ONGs e o setor privado para
promover e implementar práticas de transparência.

15
12.Indústria extrativa e desenvolvimento local
12.1. O papel da responsabilidade social empresarial- PRSEIE e Desenvolvimento
Local

A Politica de Responsabilidade Social Empresarial na Industria Extrativa (PRSEIE) adota a


definição de Responsabilidade social Empresarial (SER) do ISO 26000 da Organização
Internacional de Normalização, onde esta e definida como “a responsabilidade de uma organização
pelos impactos das suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente, através de um
comportamento transparente e ético, que, contribua para um desenvolvimento sustentável,
incluindo a saúde e o bem‑estar da sociedade, tenha em consideração as expectativas das partes
interessadas, esteja em conformidade com a legislação aplicável e seja consistente com as normas
internacionais de conduta, e esteja integrado em toda a organização e seja praticado nas suas
relações” (MIREM, 2013, p. 5) Citado por (Langa e Massingue, s/d)

A PRSEIE, no que concerne aos acordos de desenvolvimento local, refere que as atividades de
RSE devem centrar‑se no reforço da capacidade institucional local, desenvolvimento do capital
humano, desenvolvimento do empresariado local, no desenvolvimento social da comunidade e na
geração de emprego e aquisições locais. (Langa e Massingue, s/d)

12.2. Sobre a política e estratégia de desenvolvimento local

(Langa e Massingue, s/d)


➢ Estabelecer como a RSE no sector extrativo de recursos minerais pode contribuir para a
redução da pobreza e desenvolvimento sustentável;

➢ Estabelecer o enquadramento no qual a indústria extrativa de recursos minerais e todas as


partes interessadas podem desenvolver programas de RSE práticos e realistas, que reflitam
os objetivos de desenvolvimento do governo de Moçambique;

➢ Assegurar maior harmonização entre os planos de desenvolvimento local definidos pelo


governo e o investimento social realizado pelas empresas no âmbito da sua RSE;

16
➢ Associar a prática da RSE no sector extrativo de recursos minerais em Moçambique as
melhores praticas internacionais (MIREM, 2013, pp. 2‑3).

13.Envolvimento da Comunidade na Transparência

(Langa e Massingue, s/d)

➢ Consultas Públicas: Realizar consultas públicas para envolver as comunidades na


tomada de decisões e na avaliação dos impactos das operações de mineração.
➢ Educação e Conscientização: Implementar programas de educação para aumentar a
conscientização sobre os direitos das comunidades e os impactos da mineração.
➢ Acesso à Informação: Facilitar o acesso das comunidades a informações relevantes
sobre operações e impactos das atividades de mineração.
➢ Mecanismos de Reclamação: Estabelecer canais através dos quais as comunidades
possam expressar suas preocupações e buscar reparações.

14.Importância da Transparência para a Sociedade

A transparência na indústria extrativa é fundamental para promover o desenvolvimento


sustentável, proteger os direitos humanos, combater a corrupção e garantir uma distribuição justa
e equitativa dos benefícios econômicos gerados pela atividade mineradora. Além disso, a
transparência permite que as comunidades afetadas acompanhem e participem das decisões que
impactam suas vidas e seus meios de subsistência. (Langa e Massingue, s/d)

➢ Combate à Corrupção: A transparência ajuda a prevenir práticas corruptas, garantindo


que os recursos naturais beneficiem a população e não apenas um grupo restrito de
indivíduos ou empresas.
➢ Responsabilidade e Prestação de Contas: Empresas e governos são responsabilizados
por suas ações, promovendo práticas mais éticas e eficientes.
➢ Engajamento Comunitário: Comunidades locais podem participar ativamente na gestão
dos recursos e na tomada de decisões informadas.
17
➢ Desenvolvimento Sustentável: A transparência promove a adoção de práticas que
minimizam os impactos negativos e incentivam o desenvolvimento econômico
sustentável.

15.Acesso à informação sobre Indústria Extrativa em Moçambique

Os senécios da indústria extrativa só podem ser maximizados se houver maior e melhor acesso à
informação completa, verdadeira e em tempo útil. Porque só assim o governo saberá do valor real
dos recursos extraídos no país.
O acesso à informação de qualidade contribui também para a gestão de expectativas que se criam
com o boom dos recursos minerais. E essas expectativas só podem ser melhor geridas,
devidamente calibradas, não sonegando informação, muito menos divulgando informação falsa,
extemporânea e incompleta. Somente com informação verdadeira, completa e em tempo útil, as
comunidades residentes nas zonas onde os recursos são explorados saberão se o nível de benefícios
que obtêm da presença de empresas extrativas é verdadeiro e justo. (Selemane,s/d)

A informação na posse do governo sobre o valor dos minérios moçambicanos é conforme a


proporção desejada pelas empresas extrativas que operam no sector. O que o governo sabe sobre
a indústria extrativa (quantidade, qualidade, localização, etc.) depende do que lhe é dito pelas
empresas. (Selemane,s/d).

16.Fontes de informação sobre indústria extrativa em Moçambique

Tal como há uma grande variedade de aspectos relacionados com a indústria extrativa, as fontes
de informação são igualmente variadas. Mas é possível indicar a mais importante. (Selemane,s/d).

A nível das instituições do governo, destaque vai para o Ministério dos Recursos Minerais
(MIREM) com as suas diferentes direções nacionais (de minas, de geologia, de planificação e
desenvolvimento, etc.); as direções provinciais que funcionam nas onze províncias, em conjunto
com as direções provinciais de energia. Para além das direções nacionais e provinciais, existem
várias instituições tuteladas pelo MIREM que são igualmente uma boa fonte de informação. São

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exemplos dessas instituições, o Instituto Nacional de Petróleos (INP), a Empresa Nacional de
Hidrocarbonetos (ENH), a Empresa Moçambicana de Exploração Mineira (EMEM), Museu de
Geologia (em Maputo) e o Laboratório de Gemologia (em Nampula). (Selemane,s/d)

Os websites do MIREM e das instituições por si tuteladas⁷ são também uma importante fonte de
informação. Aliás, grande parte da informação que há dois, três anos só estava disponível
fisicamente nas diferentes direções do MIREM, está agora acessível na Internet. Desta feita, os
diversos formulários de pedido de certificado mineiro; de licenças de comercialização de minerais;
de concessão mineira, etc.; podem ser obtidos online e a partir de qualquer plataforma⁸, e os
pedidos podem também ser submetidos online. (Selemane,s/d)

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17.Conclusão

A transparência no setor extrativo-mineiro é um componente vital para o desenvolvimento


comunitário sustentável. Ao abordar os desafios e fortalecer as práticas de transparência,
Moçambique pode garantir que seus recursos naturais contribuam efetivamente para o bem-estar
socioeconômico das suas comunidades. A implementação de um sistema robusto de transparência,
apoiado por uma governança forte e a responsabilidade social corporativa, permitirá que os
benefícios da mineração sejam equitativamente distribuídos, promovendo a justiça social e o
desenvolvimento sustentável a longo prazo.

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18.Refencias Bibliográficas

autor, s. (2024). Analise Critica e Simplificacao do 11 RElatorio da Iniciativa da Transparencia


da industria estrativa. Maputo.

Bilhale, D. (2016). Industria Extractiva em Mocambique-Prespectiva para o desenvolvimento do


Pais (Friedrich Ebert Stiftung ed.). Maputo.

EITI Mocambique-8 Relatorio Anos de 2017 e 2018. (2020). Maputo.

Langa, E. N. (s.d.). Industria e Desenvolvimento Local: o papel da responsabilidade social


Empresarial.

Mate, R. (2021). ÍNDICE DE TRANSPARÊNCIA DO SECTOR EXTRACTIVO EDIÇÃO 2020 -


2021 (2.ed. ed.).

Mate, R. (2023). O ÍNDICE DE TRANSPARÊNCIA DO SECTOR EXTRACTIVO (2021/2022).

Quinto Relatoio da ITIEM-Ano de 2012-ITIE Mocambique. (2014). Maputo.

Selemane, T. (s.d.). Acesso a informacao sobre industria extractiva em Mocambique


(SEKLEKANI ed.).

11º RELATÓRIO DA INICIATIVA DE TRANSPARÊNCIA DA INDÚSTRIA EXTRACTIVA.


Disponível em:https://www.cipmoz.org/wp-content/uploads. Acessado em 5/31/2024

1.0 CONTEXTUALIZAÇÃO. Disponível em:https://www.mireme.gov.mz/wp-content. Acessado


em 5/31/2024.

21
EM BUSCA DA TRANSPARÊNCIA disponível: https://ibase.br/wp-content/uploads/ . Acessado
em: 5/31/2024

Plano Operacional da Iniciativa de Transparência na Indústria


Disponivel:https://api.eiti.org/sites/default/files/attachments/ . Acessado em: 5/31/2024

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