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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

ESCOLA DE ENGENHARIA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TECNOLOGIA AMBIENTAL

PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA


UMA EMPRESA DO SEGMENTO DE
MINERAÇÃO

Sânia Morena Freire Machado

Belo Horizonte
2010
Sânia Morena Freire Machado

PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA UMA


EMPRESA DO SEGMENTO DE MINERAÇÃO

Monografia apresentada ao Programa de Pós-


graduação em Tecnologia Ambiental da
Universidade Federal de Minas Gerais, como
requisito parcial à obtenção do certificado de
Especialista em Tecnologia Ambiental.

Orientadora: Sílvia Maria Corrêa Oliveira

Belo Horizonte
Escola de Engenharia da UFMG
2010
AGRADECIMENTOS

Agradeço à toda a equipe de meio ambiente da ITAMINAS S.A. por colaborar e


fornecer informações para o desenvolvimento do trabalho. Agradeço à professora
Sílvia pela disponibilidade de orientação para a construção deste trabalho.

i
RESUMO

Este trabalho reflete sobre a inclusão da temática ambiental no cotidiano de uma


empresa de mineração. Discute as possibilidades de existência de espaço no âmbito
empresarial para realização de programas de educação ambiental com os
funcionários. O trabalho descrito tem a finalidade de propor práticas de Educação
Ambiental para a conscientização sobre os problemas sociais, ambientais,
econômicos, culturais e políticos. As atividades foram elaboradas de acordo com as
necessidades apontadas pela equipe de meio ambiente desta empresa. Apesar da
impossibilidade de aplicação das práticas, acredita-se que o desafio de trabalhar
com educação ambiental na empresa é mostrar que para exercer efetivamente essa
prática, dentro e fora da indústria, faz-se necessário motivar os funcionários para
que eles desenvolvam conhecimentos, valores e habilidades que resultarão em
mudanças produtivas que serão positivas tanto econômicas quanto ambientalmente.

Palavras-chave: educação ambiental, empresa, habilidades, conscientização.

ii
SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ......................................................................................................................... IV

LISTA DE TABELAS........................................................................................................................... V

LISTA DE SIGLAS............................................................................................................................ VI

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................1

2 OBJETIVOS ..................................................................................................................................3
2.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................................... 3
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................................. 3
3 REVISÃO DA LITERATURA ....................................................................................................4
3.1 CONCEITUAÇÃO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL ................................................................... 4
3.2 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA EMPRESA ......................................................................... 8
3.3 EXEMPLOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM ALGUMAS EMPRESAS .................................... 12
4 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................................15
4.1 EMPRESA A SER ESTUDADA ........................................................................................ 15
4.2 DEFINIÇÃO DO PÚBLICO-ALVO DAS PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL ....................... 16
4.3 DEFINIÇÃO DOS TEMAS A SEREM TRABALHADOS EM PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL ..
................................................................................................................................. 16
4.4 DEFINIÇÃO DA DINÂMICA DE TRABALHO ........................................................................ 16
4.5 AS PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL ..................................................................... 16
4.5.1 Aula 1: Apresentação dos objetivos gerais: .....................................................................17
4.5.2 Aula 2: Tema: Economia de água ....................................................................................17
4.5.3 Aula 3: Tema: Economia de energia ................................................................................18
4.5.4 Aula 4: Tema: Coleta Seletiva ..........................................................................................18
4.5.5 Aula 5: Tema: Percepção da mineração como atividade modificadora do meio ambiente.
..........................................................................................................................................18
4.5.6 Aula 6: Tema: Fixação dos conteúdos ambientais trabalhados no programa ................19
5 RESULTADOS ............................................................................................................................20
5.1 AULA COM O TEMA: ECONOMIA DE ÁGUA ...................................................................... 20
5.2 AULA COM O TEMA: ECONOMIA DE ENERGIA ................................................................. 21
5.3 AULA COM O TEMA: COLETA SELETIVA......................................................................... 22
5.4 AULA COM O TEMA: PERCEPÇÃO DA MINERAÇÃO COMO ATIVIDADE MODIFICADORA DO MEIO
AMBIENTE. ......................................................................................................................... 23
5.5 AULA COM O TEMA: FIXAÇÃO DOS CONTEÚDOS AMBIENTAIS TRABALHADOS ....................24
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................25

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................................................26


8 ANEXOS........................................................................................................................................... 29

iii
LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Objetivos da Educação Ambiental


Figura 02: Habilidades em Educação Ambiental
Figura 03: Elementos para discussão sobre a água

iv
LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Dados gerais sobre a energia utilizada em cada etapa de produção em
uma empresa de mineração.

v
LISTA DE SIGLAS

COPAM: Conselho Estadual de Política Ambiental de Minas Gerais


CONAMA: Conselho Nacional de Meio Ambiente
E A: Educação Ambiental
IBAMA: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBRAM: Instituto Brasileiro de Mineração
S.G.A.: Sistema de Gestão Ambiental

vi
1 INTRODUÇÃO

A educação ambiental nasce como um processo educativo que conduz a um saber


ambiental materializado nos valores éticos e nas regras políticas de convívio social e
de mercado, que implica a questão distributiva entre benefícios e prejuízos da
apropriação e do uso da natureza. Ela deve, portanto, ser direcionada para a
cidadania ativa considerando seu sentido de pertencimento e co-responsabilidade
(SORRENTINO, 2005).

A educação ambiental deve instituir os alicerces para a compreensão holística da


realidade, focada na concepção abrangente, técnica e cultural, aliada ao direito à
informação e ao acesso às tecnologias. A educação ambiental precisa conseguir
viabilizar o desenvolvimento sustentável na ótica local, regional e nacional, além de
permitir a superação dos obstáculos à utilização sustentada do meio (DIAS, 2004).

De acordo com a Lei nº 9.795 de 27 de abril de 1999 (BRASIL, 1999) que dispõe
sobre a educação ambiental e institui a Política Nacional de Educação Ambiental:

“Art. 4.º São princípios básicos da educação ambiental:


I – o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;
II – a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre
o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade;
IV – a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais;
VII – a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais”

Embora a questão ambiental tenha sido oficializada mundialmente a partir da


conferência realizada em Estocolmo, a educação ambiental no interior das empresas
é um tema ainda pouco desenvolvido (VIEIRA, 2004).

Gunther e Araújo (1998) destacam que a incorporação da questão ambiental no


setor empresarial brasileiro vem se ampliando de forma progressiva, embora os
projetos de educação ambiental em empresas ainda estejam em número reduzido.

O processo participativo para Educação Ambiental é fundamental para o


comprometimento das pessoas na melhoria da qualidade de vida. Diante disso, a
Educação Ambiental como instrumento de gestão empresarial é um processo
1
permanente, contínuo e que deve utilizar ferramentas capazes de fazer os
colaboradores perceberem a partir deles próprios, como todas as suas atividades
podem impactar o meio ambiente, sejam elas desenvolvidas dentro ou fora da
empresa (SHIMADA, 2009).

Se uma empresa internalizar, de forma real e efetiva, os princípios de educação


ambiental em suas ações gerenciais, poderá despertar cada funcionário para
mudanças de atitude em relação ao ambiente, incentivando a ação e a busca de
soluções concretas para os problemas relacionados ao uso não sustentável dos
recursos naturais e da biodiversidade. Desta forma, o espaço empresarial privado
poderá constituir-se como um locus potencial de uma educação ambiental no
cotidiano de trabalho (NOGUEIRA, 2009).

2
2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho é sugerir práticas de educação ambiental,


direcionado aos funcionários de uma empresa do segmento de mineração.

2.2 Objetivos específicos

• Elaborar atividades visando conscientizar os trabalhadores da empresa sobre a


importância do uso racional dos recursos naturais, através das práticas de
educação ambiental;

• Articular as atividades de educação ambiental propostas com os trabalhos da


gerência de meio ambiente da empresa.

3
3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Conceituação de Educação Ambiental

De acordo com Jacobi (2005) os primeiros registros da utilização do termo


“educação ambiental” datam de 1948, em um encontro da União Internacional para a
Conservação da Natureza (UICN) em Paris.

Segundo Lima (1997), a multiplicação de acidentes e problemas ambientais e a ação


do próprio movimento ecológico, sobretudo a partir da década de 1970, impuseram
um questionamento aos modelos de desenvolvimento industrial, tanto capitalista
quanto socialista, despertando na sociedade uma nova consciência relacionada à
dimensão ambiental da realidade.

A partir da 1ª Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, realizada


em Estocolmo de 5 a 16 de junho de 1972, a educação ambiental passa a ser vista
como um instrumento necessário para se alcançar a sustentabilidade do
desenvolvimento, tendo em vista que sem uma conscientização da opinião pública
em relação à problemática ambiental, não se teria um forte apoio global para as
mudanças necessárias e, com isso, seriam poucas as chances de um real abandono
de práticas e atitudes contrárias à sustentabilidade (NOGUEIRA, 2009).

Foi na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,


em 1992, a ECO 92 como ficou conhecida, que um plano de ação foi acordado. A
conferência definiu com grande amplitude as questões ambientais. Referia-se a
objetivos na esfera econômica e tratava da relação entre degradação ambiental,
desenvolvimento econômico e desenvolvimento sustentável. Referia-se também ao
compromisso das empresas com o desenvolvimento de programas ambientais
(DIAS, 2004).

A educação ambiental nasce como um processo educativo que conduz a um saber


ambiental materializado nos valores éticos e nas regras políticas de convívio social e
de mercado, que implica a questão distributiva entre benefícios e prejuízos da
apropriação e do uso da natureza. Ela deve, portanto, ser direcionada para a
4
cidadania ativa considerando seu sentido de pertencimento e co-responsabilidade
(SORRENTINO, 2005).

Ainda de acordo com Sorrentino (2005), a urgente transformação social de que trata
a educação ambiental visa à superação das injustiças ambientais, da desigualdade
social, da apropriação capitalista e funcionalista da natureza e da própria
humanidade.

A educação ambiental deve, de acordo com Dias (2004), permitir o entendimento da


natureza complexa do meio ambiente e compreender a interdependência entre os
elementos que compõem o ambiente, com objetivo de utilizar racionalmente os
recursos disponíveis (Figura 01).

Figura 01: Objetivos da Educação Ambiental


FONTE: DIAS, 2004, p.112.

Segundo Pelicioni e Philippi Jr.(2005), a educação ambiental vai formar e preparar


cidadãos para a reflexão crítica e para uma ação social corretiva ou transformadora
do sistema, de forma a tornar viável o desenvolvimento integral dos seres humanos,
levando em consideração que nossa sociedade capitalista urbano-industrial e seu
atual modelo de desenvolvimento econômico e tecnológico têm causado crescente
impacto sobre o ambiente.

5
Dias (2004) enfatiza que a educação ambiental deve instituir os alicerces para a
compreensão holística da realidade, focada na concepção abrangente, técnica e
cultural, aliada ao direito à informação e ao acesso às tecnologias. A EA precisa
conseguir viabilizar o desenvolvimento sustentável na ótica local, regional e nacional,
além de permitir a superação dos obstáculos à utilização sustentada do meio (Figura
02).

Figura 02: Habilidades em Educação Ambiental


FONTE: DIAS, 2004, p.100.

Para Shimada (2009), o termo educação ambiental nada mais é do que a própria
educação, com objetivo final de melhorar a qualidade de vida da coletividade e
garantir a sustentabilidade.

O Brasil é o único país da América Latina que tem uma Política Nacional específica
para a Educação Ambiental, Lei nº 9.795 de 27 de abril de 1999 (BRASIL, 1999).
Sem dúvida, foi uma grande conquista política e essa não se deu esforço de
centenas de ambientalistas anônimos, do IBAMA, do Ministério do Meio Ambiente,
das universidades e membros de organizações não governamentais (DIAS, 2006).

6
A educação ambiental — EA — no Brasil se constituiu como um campo de
conhecimento e de atividade pedagógica e política a partir das décadas de 70 e,
sobretudo, de 80 do século passado (LIMA, 2009).

A EA no Brasil não traçou um caminho linear. Passou e tem passado muitos


percalços para sua implantação e desenvolvimento. A sua prática se mostrava
confusa e com parcos relatos de eventos ou documentos acadêmicos (PEDRINI,
1997). A educação ambiental empresarial que se pratica no Brasil carece de
qualidade conceitual para boa parte das experiências realizadas nos últimos 20 anos
(DANCINGUER et al, 2007).

No entanto, Santana (2008) afirma que no contexto brasileiro a Educação Ambiental


tem adotado atualmente, um panorama mais abrangente, não limitando seu objetivo
apenas à proteção e uso sustentável de recursos naturais, mas incorporando
profundamente a proposta de construção de sociedades sustentáveis.

De acordo com a Lei nº 9.795 de 27 de abril de 1999 (BRASIL, 1999) que dispõe
sobre a educação ambiental e institui a Política Nacional de Educação Ambiental:

“Art. 1.º Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e
a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo,
essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

Art. 3º Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito à educação
ambiental, incumbindo:
V - às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, promover programas
destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o
ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio
ambiente;

VI - à sociedade como um todo, manter atenção permanente à formação de valores, atitudes


e habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para a prevenção, a
identificação e a solução de problemas”

A Política Nacional de Educação Ambiental esclarece ainda:


“Art. 4.º São princípios básicos da educação ambiental:
I – o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;
II – a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre
o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade;
IV – a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais;
VII – a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais

Seção III – Da educação ambiental não-formal:

7
Art. 13. Entendem-se por educação ambiental não-formal as ações e práticas educativas
voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e
participação na defesa da qualidade do meio ambiente.

Parágrafo único. O Poder Público, em níveis federal, estadual e municipal, incentivará:

III - a participação de empresas públicas e privadas no desenvolvimento de programas de


educação ambiental em parceria com a escola, a universidade e as organizações não-
governamentais”.

Fazem parte das práticas de educação ambiental não formal aquelas atividades que
não tem comprometimento com a escolarização, desvinculadas ou não do poder
oficial de ensino. A educação ambiental não formal permite uma flexibilidade de
métodos e conteúdos programáticos e são diversos e abundantes os locais para seu
exercício (VIEIRA, 2004).

3.2 A Educação Ambiental na empresa

Embora a questão ambiental tenha sido oficializada mundialmente a partir da


conferência realizada em Estocolmo, a educação ambiental no interior das empresas
é um assunto ainda recente. Ao longo das décadas de 60, 70 e 80, o nível de
conscientização ambiental aumentou gradativamente no mundo. No caso específico
de empresas, houve um grande avanço a partir dos anos 90, com o surgimento das
normas verdes referentes ao gerenciamento ambiental (VIEIRA, 2004).

Gunther e Araújo (1998) destacam que a incorporação da questão ambiental no


setor empresarial brasileiro vem se ampliando de forma progressiva, embora os
projetos de educação ambiental em empresas ainda estejam em número reduzido.

As organizações convivem num ambiente altamente competitivo, intensificando e


ampliando a luta pela sobrevivência. Sofrem constantes transformações para se
adaptarem ao meio em que estão inseridas. Para que haja uma harmonia nesse
relacionamento elas precisam desenvolver e proteger a si próprias e o meio ao qual
estão inseridas, dos efeitos adversos provenientes dessas transformações (SILVA et
al, 2005).

Dessa forma, compreende-se que as empresas passam a alterar seu


comportamento produtivo em relação à questão ambiental, diante da forte pressão
da opinião pública do mercado consumidor, visando sistematizar esforços na busca
8
de resultados produtivos ambientalmente satisfatórios, para garantir a manutenção
da competitividade e da lucratividade (NOGUEIRA, 2009).

De acordo com Rivelli (2005) a temática ambiental foi a responsável pela


modificação das percepções do planeta, e que não resta dúvida de que somente por
meio da conscientização e respectiva ação transformadora a questão ambiental será
mais sedimentada, ganhando mais e mais adeptos.

Partindo desta consideração, fica claro que há uma necessidade de investir em


ações educativas, diretamente relacionadas às pessoas, que promovam o
desenvolvimento de uma consciência ambiental (ADAMS, 2005).

A identificação dos efeitos ambientais causados pelas áreas produtivas da


organização, assim como os materiais que elas processam ou produtos que elas
geram, deve ser compreendida por todos os colaboradores. Também é preciso
conhecer os princípios da reciclagem, da separação prévia e segregação correta dos
resíduos – tudo isso facilitará sua sensibilização para participarem da solução dos
problemas. E, ainda, eles devem ser instruídos sobre as tecnologias que utilizam e
as rotinas a serem adotadas em situações de emergência. (VALLE, 2000).

A educação ambiental conduz os profissionais a uma mudança de comportamento e


atitudes em relação ao meio ambiente interno e externo às organizações. A
educação ambiental nas empresas tem um papel muito importante, porque desperta
cada funcionário para a ação e a busca de soluções concretas para os problemas
ambientais que ocorrem principalmente no seu dia-a-dia, no seu local de trabalho,
na execução de sua tarefa, portanto onde ele tem poder de atuação para a melhoria
da qualidade ambiental dele e dos colegas. Esse tipo de educação extrapola a
simples aquisição de conhecimento (VIEIRA, 2010).

De acordo com Hodges (1992) apud Vieira, (1995), a educação ambiental


continuada, efetiva, para operários é um instrumento indispensável para aperfeiçoar
a “performance” das indústrias. O autor aponta quatro requisitos para o sucesso da
educação ambiental:

9
1) “empregados devem estar cientes do problema;
2) empregados devem ser informados a respeito das leis e regulamentos que
são aplicáveis às atividades da organização;
3) empregados devem ser instruídos em que etapas específicas poderiam
intervir para cumprir os procedimentos da companhia;
4) empregados devem ser motivados a seguir os procedimentos
estabelecidos.”

Para que as empresas obtenham o compromisso dos empregados com a gestão


ambiental é necessário que ela disponibilize, além de recursos e equipamentos de
controle ambiental, conhecimentos básicos sobre meio ambiente e gestão ambiental,
auxiliando-os na identificação e controle das principais fontes geradoras de impactos
ambientais da sua atividade (LIMA, 2005).

O processo participativo para Educação Ambiental é fundamental para o


comprometimento das pessoas na melhoria da qualidade de vida. Diante disso, a
Educação Ambiental como instrumento de gestão empresarial é um processo
permanente, contínuo e que deve utilizar ferramentas capazes de fazer os
colaboradores perceberem a partir deles próprios, como todas as suas atividades
podem impactar o meio ambiente, sejam elas desenvolvidas dentro ou fora da
empresa (SHIMADA, 2009).

Para o planejamento, execução e avaliação de um projeto ou programa de educação


ambiental, Dias (2000) recomenda que seja elaborado um perfil ambiental detalhado
da instituição. Logo, acredita-se que, a partir de uma análise criteriosa, envolvendo o
meio físico e o indivíduo, o gestor poderá introduzir metodologias mais dinâmicas e
eficientes.

O Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) comenta que em programa de educação


ambiental de um empreendimento mineral devem estar incluídas ações permanentes
internas com os empregados, inclusive com vinculação de empreiteiras, e ações
permanentes externas que deverão se desenvolver junto á comunidade,
aproveitando a capacidade instalada dos sistemas locais de educação e saúde na
transmissão de conhecimentos específicos sobre meio ambiente (IBRAM, 1992).

10
Observa-se que a educação ambiental, no âmbito das organizações empresariais,
vem sendo considerada como um dos indicadores de “responsabilidade social e
ambiental”. Desse modo, torna-se necessária a realização de uma investigação
científica que possibilite a discussão e a reflexão crítica em relação à existência ou
não no âmbito empresarial privado, de espaço para a efetivação de formas de
educação ambiental que expressem os princípios de uma formação para a cidadania
(NOGUEIRA, 2009).

Ainda de acordo com o autor, se uma empresa internalizar, de forma real e efetiva,
os princípios de educação ambiental em suas ações gerenciais, poderá despertar
cada funcionário para mudanças de atitude em relação ao ambiente, incentivando a
ação e a busca de soluções concretas para os problemas relacionados ao uso não
sustentável dos recursos naturais e da biodiversidade. Desta forma, o espaço
empresarial privado poderá constituir-se como um locus potencial de uma educação
ambiental no cotidiano de trabalho e, também, na comunidade, através de
instrumentos e tecnologias de gestão que concretamente incorporem o conceito de
gestão do ambiente de forma sustentável.

A empresa deverá identificar as necessidades de treinamento quanto à questão


ambiental nas diversas áreas e em todos os níveis funcionais. Deverão receber
treinamento apropriado, prioritariamente, aqueles setores cujas atividades causem
impactos sobre o meio ambiente, sobretudo se essas atividades forem realizadas de
uma forma incorreta (SILVA et al, 2005).

A política das empresas deve se voltar para a promoção de um modelo de


desenvolvimento sustentável, onde a educação ambiental deve contagiar a todos em
defesa do bem-estar planetário, ser permanente e construir uma consciência crítica
sobre o meio ambiente, fazendo com que toda a sociedade seja capaz de entender
o princípio e a evolução dos problemas ambientais atuais (SANTANA, 2008).

Dancinguer (2007) afirma que a responsabilidade ambiental nas empresas varia de


acordo com a política dos órgãos de regulação e a pressão das comunidades locais
e internacionais. As empresas com melhor “performance” ambiental são aquelas

11
com maior inserção internacional, cujas práticas de educação ambiental e de
responsabilidade social se apresentam mais consistentes.

Portanto, como prática democrática, a educação ambiental prepara para o exercício


da cidadania por meio da participação ativa individual e coletiva, considerando os
processos socioeconômicos, políticos e culturais que a influenciam (PELICIONI &
PHILIPPI Jr, 2005).

3.3 Exemplos de educação ambiental em algumas empresas

Lima (1996) apud Vieira (2004) comenta o Programa Interagir de Educação


Ambiental da Companhia Siderúrgica Tubarão (CST). Estruturado em um conjunto
de ações interligadas, o programa começou na CST a partir de 1996, dirigido aos
empregados. O Interagir busca fazer de cada empregado um gestor ambiental da
sua atividade e de seu posto de trabalho. O programa inclui um curso de educação
ambiental que visa propiciar aos empregados uma leitura detalhada do fluxo de
produção, enfocando aspectos e impactos ambientais do processo produtivo.

Camargo (2000) apud Vieira (2004) descreve o programa de educação ambiental da


Votorantim Celulose e Papel, que possui cinco atividades principais: o Jornaleco
(informativo mensal), interpretação ambiental na área da empresa, visitas
monitoradas ás fazendas de produção, núcleo de educação ambiental e eventos de
educação ambiental.

A Vale, empresa global sediada no Brasil, com mais de 60.000 empregados, entre
próprios e terceirizados, pesquisa, produz e comercializa minério de ferro e diversos
outros produtos. Desde 2001, a empresa está se organizando para estruturar um
programa que faça sentido para empregados, contratados e comunidades. A
empresa divulga que os projetos específicos em cada unidade operacional são
normalmente demandas vinculadas às liberações de licenças ambientais. Em 2002,
foram propostas as primeiras diretrizes para educação ambiental na empresa.

Entre 2004 e 2006, foram estruturados os projetos-piloto do Programa Atitude


Ambiental nos complexos ferríferos de Minas Gerais; na mina de cobre do Sossego,
em Canaã dos Carajás (PA), e nas áreas de porto e pelotização em Tubarão (ES).
12
Em Minas Gerais o programa já alcançou 23 mil empregados e contratados de 30
localidades. Em 2007, cerca de oito mil pessoas, entre empregados, contratados e
outros integrantes da comunidade, envolveram-se com o programa, participando de
reuniões de apresentação e oficinas de arte, educação e reciclagem, entre outras
atividades (VALE, 2010).

A MMX, empresa de mineração, foi criada em 2005 com projetos de minério de ferro
e de produtos siderúrgicos. A empresa divulga que busca a integração de práticas
sustentáveis que assegurem que todos os empregados estejam cientes de suas
responsabilidades individuais, através de informações e treinamento eficazes no
sistema de gerenciamento ambiental (SGA). A MMX busca procedimentos
operacionais seguros, que preservem a saúde da força de trabalho, reduzindo ao
máximo os riscos de acidentes e privilegiando práticas que incorporem o conceito de
ecoeficiência e o alto desempenho ambiental (MMX, 2010).

A ArcelorMittal opera com todos os aspectos da siderurgia moderna, bem como com
a operação de mineração de minério de ferro e carvão mineral associadas. A
empresa divulga que busca a melhoria contínua no desempenho ambiental, fazendo
uso do monitoramento sistemático e objetivando a prevenção da poluição. As
empresas ArcelorMittal Brasil mantêm programas de educação ambiental
conduzidos internamente com seus funcionários e para as comunidades onde se
localizam suas instalações (ARCELORMITTAL, 2010).

A Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), é uma empresa


nacional que extrai, processa, fabrica e comercializa produtos à base de nióbio. A
empresa divulga que a Educação Ambiental tem se mostrado uma importante
ferramenta na consolidação do bom relacionamento existente entre a CBMM e a
comunidade de Araxá. O Programa de Educação Ambiental da CBMM vem sendo
desenvolvido desde 1992, dividido em três linhas de atuação (CBMM, 2010):

• visitas monitoradas para alunos e professores da rede escolar de Araxá;

• cursos e palestras para diferentes segmentos da comunidade;

13
• atividades de educação ambiental para funcionários e prestadores de serviços
da CBMM - projeto denominado "De Olho no Futuro".

Segundo Vieira (2004), a prática tem demonstrado que ainda são poucas as
empresas que desenvolvem programas específicos de educação ambiental. De
acordo com a autora, projetos de educação ambiental específicos para os operários
ligados aos processos de produção mais limpos são ainda pouco expressivos.

14
4 MATERIAL E MÉTODOS

A metodologia de realização deste trabalho se constituiu em uma pesquisa


bibliográfica sobre o tema abordado e também em uma pesquisa de campo, através
de visitas à empresa para coleta de dados descritivos.

4.1 Empresa a ser estudada

As atividades de Educação Ambiental a serem elaboradas neste trabalho se


destinam a uma empresa do segmento de mineração. As práticas aqui sugeridas
podem fazer parte de um programa de educação ambiental mais abrangente, que se
destine à certificações ambientais ou à atendimentos da legislação ambiental
vigente.

A mina da empresa está situada na região do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais


desde o ano de 1959 e seus produtos são transportados por malha ferroviária e
rodoviária. Atualmente as atividades da mineração estão voltadas para o suprimento
de minério de ferro do mercado nacional, que consome toda a sua matéria-prima,
colocando a empresa como uma das maiores fornecedoras do país.

Na empresa são beneficiados o sinter feed, a hematitinha e o PFF. Esta


nomenclatura se refere à granulometria de cada item como informado a seguir:
- Hematitinha - Granulometria acima de 6,35 mm (mais grosseiro);
- Sinter Feed - Granulometria de - 0,105 até 6,35 mm (granulometria intermediária);
- PFF - Granulometria de - 0,105 mm até 2,38 mm (mais fino dos três).
Em cada um desses produtos existe também uma variação quanto ao teor de ferro
existente, de acordo com as necessidades de cada cliente (FOTOS EM ANEXO).

A administração da empresa é composta por oito áreas. O departamento de


produção da empresa é composto pelos seguintes setores:
• Operação das instalações de tratamento do minério
• Manutenção industrial
• Manutenção elétrica
• Laboratório Físico e Químico
15
• Transporte
• Plataforma de embarque dos produtos

Nas operações destes setores estão envolvidos 128 funcionários. A empresa conta
ainda com o serviço de saúde do trabalhador, cantina e portaria, totalizando 200
funcionários.

4.2 Definição do público-alvo das Práticas de Educação Ambiental

As práticas de educação ambiental serão destinadas a todos os funcionários da empresa


e também aos trabalhadores terceirizados que se encontram nas dependências da
mesma conforme solicitação da Gerência de Meio Ambiente.

4.3 Definição dos temas a serem trabalhados nas Práticas de


Educação Ambiental

Os temas definidos para o trabalho com educação ambiental foram sugeridos pela
própria empresa de acordo com as necessidades verificadas pela Gerência de Meio
Ambiente. São eles: economia de água, economia de energia e maior participação na
coleta seletiva já implantada na empresa.

4.4 Definição da dinâmica de trabalho

A implantação do programa de educação ambiental será iniciada com uma série de seis
encontros previamente agendados com os funcionários. Esses encontros acontecerão
uma vez por semana, em horário comercial, com períodos de uma hora, nos dias
marcados pela empresa, considerando os diversos turnos de trabalho dos funcionários.

4.5 As Práticas de Educação Ambiental

Serão utilizadas as seguintes diretrizes para embasamento das práticas de educação


ambiental: a Lei n 9.795/99, que dispõe sobre a educação ambiental e institui a Política
Nacional de Educação Ambiental (BRASIL, 1999), e as contribuições conceituais e
metodológicas apontadas por estudiosos do assunto. Após a elaboração, as práticas de
educação ambiental na empresa serão implementadas com o auxílio das seguintes
ferramentas:

16
• Palestras e atividades com temáticas ambientais que atendam á demanda
da empresa;
• Exposição de fotografias da área da empresa e do entorno;
• Confecção de mural ambiental.

4.5.1 Aula 1: Apresentação dos objetivos gerais aos funcionários:

Nesta aula, será trabalhado o conceito de meio ambiente, o conceito de Educação


ambiental, relações entre meio ambiente e mineração e serão apresentados os objetivos
abaixo:
• Conscientizar os funcionários da empresa sobre a importância do uso racional
dos recursos naturais.
• Conscientizar os funcionários sobre a importância de cada indivíduo na busca
da melhoria da qualidade ambiental das atividades da empresa.
• Incentivar a participação em práticas de trabalho mais sustentáveis.
• Articular as práticas de educação ambiental com os trabalhos da Gerência
ambiental da empresa.

Neste primeiro encontro os funcionários também serão informados sobre a existência de


exigências legais em relação á implantação de programas de educação ambiental em
empresas.

4.5.2 Aula 2: Tema: Economia de água

Palestra com o título: Água: uma visão global para ações locais

Nesta aula será utilizado o texto “Situação atual da água”, do autor Dias (2006).

Será utilizado o recurso computacional PowerPoint® e um projetor de imagens para


melhor exibição do tema. Será abordada a importância da água para a vida, usos da
água, acesso á água, formas de economizar água no processo produtivo. Além das
informações, será incentivada a reflexão dos funcionários através de imagens de sua
própria rotina de produção, sobre ações possíveis no ambiente de trabalho.

17
4.5.3 Aula 3: Tema: Economia de energia

Atividade: O consumo e a dependência da energia elétrica

Nesta aula será utilizada a atividade sobre consumo e dependência de energia elétrica
do autor Dias (2006). Será feita uma contextualização do tema, com a utilização de um
texto distribuído aos funcionários. Após o momento de contextualização, serão feitos
alguns procedimentos visando identificação e análise do consumo energético da
empresa.

4.5.4 Aula 4: Tema: Coleta Seletiva

Palestra com o título: Resíduos sólidos e coleta seletiva

Os materiais reciclados, cuja magnitude de uso nas indústrias varia de acordo com o
estágio econômico de uma particular economia, necessitam, como regra geral, de
menos capital e gasto energético e mais mão-de-obra do que os empregados na
extração primária, a partir do minério. Também, em geral, exigem menores custos de
controle da poluição. Entretanto, a reciclagem se torna mais intensa com o aumento da
sofisticação da economia, pois que, então, quantidades apreciáveis de material a ser
reciclado se tornam disponível (ENSAIOS SOBRE A SUSTENTABILIDADE DA
MINERAÇÃO NO BRASIL, 2001).

Nessa palestra, será utilizado o recurso computacional PowerPoint® e um aparelho


projetor de imagens para melhor exibição do conteúdo. As informações trabalhadas têm
como base as notas de aula de Lange (2009). Serão mostrados os coletores de resíduos
para melhor associação do tipo de resíduo com a cor do coletor para destinação.

4.5.5 Aula 5: Tema: Percepção da mineração como atividade modificadora do meio


ambiente.

Exposição de fotos com o título : Percebendo as mudanças pelas imagens

18
Para a realização desta atividade, será utilizada uma sala vazia dentro da empresa.
Nesta sala, serão afixadas as fotografias da área da empresa e de seu entorno, de forma
aleatória, de modo que os trabalhadores procurem identificar os locais fotografados.

4.5.6 Aula 6: Tema: Fixação dos conteúdos ambientais trabalhados no programa

Atividade: Elaboração do mural ambiental

Nesta atividade, os funcionários serão estimulados a confeccionar um mural que servirá


como forma de recordar e fixar os conteúdos trabalhados durante o programa de
educação ambiental da empresa.

19
5 RESULTADOS

5.1 Aula com o tema: Economia de água


Palestra com o título: Água: uma visão global para ações locais

Texto-base (DIAS, 2006): Sem água potável, que é o alicerce da vida, a sociedade
humana desaparece. Na atualidade, das 203 nações do mundo, 60 estão em conflito
e 36 estão em guerra por causa da água. Apesar de o Brasil ser um dos países que
possui as maiores reservas de água do mundo, não podemos descuidar da
preservação das nossas nascentes e das práticas de uso que evitem ou, pelo
menos, reduzam o desperdício.

Devido à falta de conscientização da população das cidades, a maioria das pessoas


não sabe de onde vem a água que consome. Para elas, as torneiras são como
instrumentos mágicos que fazem “brotar” água das paredes. Isso cria a falsa
percepção de fartura, de disponibilidade eterna, e com isso, vem o desperdício. A
saúde de uma população depende em grande parte da água que utiliza (FIGURA
03).

A disponibilidade e qualidade dessa água dependem dos hábitos de consumo e das


medidas de proteção de seus mananciais. Analfabetismo ambiental, desperdício,
desflorestamento e poluição são as maiores ameaças ao acesso à água potável.

Figura 03: Elementos para discussão sobre a água


FONTE: DIAS, 2004, p. 527.

20
5.2 Aula com o tema: Economia de energia

Atividade: O consumo e a dependência de energia elétrica

Texto-base: A maior parte da humanidade é dependente da energia elétrica. Essa


dependência é cada vez mais intensa. Estamos sempre criando algo que vai
aumentar o consumo de energia elétrica. Entretanto, pouco se discute de onde ela
vem e os danos que sua geração causam ao meio ambiente, e, portanto, a nós
mesmos. Tem-se a impressão de que ela estará sempre disponível. Mas a realidade
é outra. O mundo passa por uma silenciosa e crescente crise de oferta de energia,
sutilmente ignorada pela mídia.

No Brasil, 97% da energia elétrica consumida vem de hidrelétricas. Logo,


dependemos muito da saúde ambiental. Com a devastação das florestas e das
nascentes, uso excessivo de água na irrigação, falta de chuvas, alto padrão de
consumo de energia elétrica e desperdício, o sistema de geração e fornecimento das
hidrelétricas entra em colapso.

A barragem da usina hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, com 100 m de altura e 7,5 Km


de extensão, formou um lago de 2.430 Km², com 170 Km de extensão. Ao se formar,
o lago inundou a floresta e eliminou muitos animais e plantas da região, obrigou
famílias a se deslocarem e cidades a se transferirem, alterou o clima local, mudou a
dinâmica do rio, interferiu na vida aquática e na pesca, na qualidade da água e na
navegação, causou o aparecimento de pragas nas lavouras e de diversas doenças
que atingiram as comunidades ribeirinhas (DIAS, 2006).

A atividade de mineração utiliza a energia elétrica em grande escala e a busca de


melhorias energéticas, no sentido de economia, devem estar presente nas práticas
de uma empresa que se preocupa com a sustentabilidade (ENSAIOS SOBRE A
SUSTENTABILIDADE DA MINERAÇÃO NO BRASIL, 2001).

A Tabela 01 apresenta alguns dados sobre a energia utilizada em cada etapa de


produção em uma empresa de mineração.

21
Tabela 01: Dados gerais sobre a energia utilizada em cada etapa de produção em
uma empresa de mineração
Etapas de produção Energia (Mwh)/T*
Extração < 17,5
Processamento < 113,0
Fabricação <6
Manufatura <6
*energia por tonelada
FONTE: ENSAIOS SOBRE A SUSTENTABILIDADE DA MINERAÇÃO NO BRASIL, 2001.

Procedimentos:
• Utilizar contas pagas de energia elétrica da empresa e de diversas pessoas.
• Nessas contas, observar as informações sobre o consumo nos meses
anteriores.
• Identificar quais os meses do ano em que o consumo médio foi maior e
menor.
• Examinar as possíveis razões para a variação do consumo.
• Destacar quais equipamentos consomem mais energia elétrica.
• Listar as providências e mudanças de hábito capazes de reduzir o consumo.
• Listar os principais danos ambientais causados pela construção e operação
de uma usina hidrelétrica.
Após os procedimentos, será discutido com os funcionários a importância da correta
manutenção dos equipamentos elétricos da empresa.

5.3 Aula com o tema: Coleta Seletiva


Palestra com o título: Resíduos sólidos e coleta seletiva

Texto-base: Resíduo é todo material sólido que não tem uso direto e que
normalmente é descartado permanentemente. Os resíduos sólidos podem ser
classificados conforme sua origem como domiciliar, industrial, hospitalar, entre
outros. Atualmente, com novas preocupações ambientais inseridas no contexto da
empresa, muitas indústrias enfrentam problemas em relação ao grande volume de
lixo produzido e á disposição correta desses resíduos. Na busca de soluções para
esse problema, a literatura sugere que primeiramente a indústria trabalhe os
mecanismos de gestão conhecidos com 3 R’s:

22
• Reduzir: Redução do consumo e consumo racional.
• Reutilizar: Recuperar objetos, papéis e embalagens para outros usos.
• Reciclar: Reprocessamento dos materiais através da coleta seletiva.

A coleta seletiva na empresa reduz o volume de resíduos destinados aos aterros,


preserva os recursos naturais, economiza energia, diminui impactos ambientais e
proporciona novos negócios (LANGE, 2009). Cada funcionário da mina tem um
papel fundamental no sucesso do programa e na melhoria da qualidade ambiental
nos processos da indústria. O programa de coleta seletiva já está implementado na
Itaminas e os coletores de resíduos estão distribuídos em diversos setores da
empresa. Apesar da existência dos coletores, o descarte nem sempre é feito
corretamente, ficando os funcionários da limpeza com a função separar
corretamente cada tipo de resíduo. Todo material coletado e com possibilidade de
reciclagem é doado para a associação de catadores de materiais recicláveis de
Brumadinho(MG), denominada ASCAVAP. A associação faz a coleta na área da
empresa sempre que solicitada. A disposição correta dos resíduos está relacionada
com as cores das latas coletoras:
• Vermelho: coletor para plásticos
• Verde: coletor para vidros
• Amarelo: coletor para metais
• Azul: coletor para papéis
• Cinza: coletor para resíduos não recicláveis.

5.4 Aula com o tema: Percepção da mineração como atividade


modificadora do meio ambiente.

Exposição de fotos com o título: Percebendo as mudanças pelas imagens

Texto-base: Em nossa sociedade, muitas vezes a degradação socioambiental ocorre


de forma lenta, porém contínua e crescente. O mesmo acontece com o patrimônio
histórico-cultural e com a qualidade de vida da população. Com isso, a comunidade
leva muito tempo para perceber as ameaças e esboçar reações. O processo de
Educação Ambiental deve oferecer os meios para ampliar a percepção das pessoas
em defesa da sua qualidade de vida e de seus descendentes. Fotos de um mesmo
lugar, feitas em épocas diferentes, podem revelar tendências muito importantes para

23
a vida das pessoas. Tais tendências precisam ser identificadas, compreendidas e
examinadas as suas conseqüências (DIAS, 2006).

O objetivo dessa exposição é promover comparações entre diferentes épocas, por


meio de fotografias, para que os funcionários percebam quantas mudanças a
atividade da mineração causou naquela região. Serão utilizadas fotos coloridas e
cópias em preto e branco, ampliadas em tamanho A4, de áreas da empresa e
também de seu entorno. As fotografias antigas, fazem parte do acervo fotográfico da
empresa e as fotografias atuais, serão registradas em equipamento digital Olympus
7.1 MP.

5.5 Aula com o tema: Fixação dos conteúdos ambientais trabalhados

Atividade: Confecção do mural ambiental

Será confeccionado ao final do trabalho um mural ambiental, como forma de registro


dos conteúdos trabalhados. Esse mural, com medidas de 1,5 metro x 1,0 metro, será
fixado junto ao painel de escala de trabalho dos funcionários, local com grande
visibilidade e facilidade de acesso. Nesse espaço, serão colocadas fotografias e
mensagens em papel reciclado com dizeres que se relacionam com o que foi
trabalhado durante a implantação do programa de educação ambiental na empresa.
As frases utilizadas no mural serão escolhidas pelos trabalhadores. Será proposto
aos funcionários que escolham um colega de trabalho para se responsabilizar pela
renovação das informações do mural a cada 30 dias.

24
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As práticas de educação ambiental desenvolvidas em empresas auxiliam na


conscientização dos colaboradores da necessidade de se preservar o meio
ambiente, pois, é através da mudança de comportamento humano que será possível
que transformações positivas ocorram neste cenário. As empresas de certa forma
têm percebido que a educação ambiental é uma das ferramentas que tendem a
facilitar a implantação e manutenção do sistema de gestão ambiental.

Acredita-se que a utilização de variados recursos metodológicos, proporcionem um


aprofundamento teórico para que a prática da educação ambiental seja coerente, a
fim de que possa realmente promover mudanças comportamentais.

Compreende-se que a educação ambiental é a base para o alcance da


sustentabilidade do desenvolvimento e esta prática está intimamente ligada com a
formação da cidadania e a reformulação de valores éticos e morais, individuais e
coletivos.

Na época de realização deste trabalho, não houve oportunidade de aplicação das


práticas educativas junto aos funcionários porque a empresa estudada passava por
mudanças internas. Apesar da impossibilidade de atuar juntamente aos funcionários,
acredita-se que a educação ambiental é uma importante ferramenta para reorientar
as atividades produtivas da empresa. Acredita-se que a educação ambiental com
boa qualidade conceitual e metodológica possa trazer resultados muito positivos na
busca de práticas de trabalho mais sustentáveis na mineração.

25
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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empresas.
<http://www.apoema.com.br/EA-nas-empresas2.pdf> Acesso em 10/03/2.010.

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Dispõe sobre a educação ambiental e institui a Política Nacional de Meio Ambiente.
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Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais. 2009.

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VIEIRA, Lênia Ribeiro de Souza. Metodologia de educação ambiental para a


indústria. Contagem: SANTA CLARA, 2004. 168p.

28
ANEXOS

Fotos da área da ITAMINAS S.A., registradas em equipamento digital OLYMPUS 7.1


MP no mês de maio de 2010.

Foto 01: entrada da empresa (maio/2010).

Foto 02: entrada da Gerência de meio ambiente da empresa (maio/2010).

29
Foto 03: Área de extração de minério de bruto (maio/2010).

Foto 04: Área de beneficiamento de minério (maio/2010).

30
Foto 05: Minério bruto (tom claro) e minério beneficiado (tom escuro devido ao alto teor de ferro)
(maio/2010).

Foto 06: Diferença de cor e granulometria dos produtos: Hematitinha (canto superior esquerdo),
Sinter Feed (canto superior direito) e PFF (recipiente circular, parte inferior) (maio/2010).

31
Foto 07: Vizinhança da empresa: propriedades rurais (maio/2010).

Foto 08: Lagoa de sedimentação do minério (maio/2010).

32
Foto 09: Última barragem de água: após esta etapa, a água é conduzida para reuso na produção
(maio/2010).

Foto 10: Escada de condução da água para reuso na produção (maio/2010).

33
Foto 11: Base de comando das máquinas da área de beneficiamento com coletores para coleta
seletiva de lixo (maio/2010).

Foto 12: Desperdício de água no tanque de armazenamento (maio/2010).

34
Foto 13: Abandono na área destinada aos materiais reaproveitáveis (maio/2010).

35

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