ISCTEM Projecto 39.

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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE

MOÇAMBIQUE

Curso: Engenharia Geológica e de Minas

Trabalho de Licenciatura

Tema:
ANÁLISE DOS RISCOS OCUPACIONAIS ASSOCIADOS À EXPLORAÇÃO DE
RIOLITOS: ESTUDO DE CASO DA PEDREIRA RUGUNATE.

Nome: Edy Cristiano Dengo

Código: 2012561

Maputo, 2020
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE
MOÇAMBIQUE

Curso: Engenharia Geológica e de Minas

Trabalho de Licenciatura

Tema:
ANÁLISE DOS RISCOS OCUPACIONAIS ASSOCIADOS À
EXPLORAÇÃO DE RIOLITOS: ESTUDO DE CASO DA PEDREIRA
RUGUNATE.

Nome: Edy Cristiano Dengo

Código: 2012561 Monografia apresentada ao Instituto


de Ciências e Tecnologia de
Supervisor: Dr. João Machavate Moçambique (ISCTEM), como
requisito parcial para a obtenção de
grau de Licenciatura em Engenharia
Geológica e de Minas.

Maputo, 2020
DECLARAÇÃO DO SUPERVISOR

Eu, Doutor João Machavate, docente no Instituto Superior de Ciências e Tecnologias de


Moçambique, declaro que supervisionei o trabalho de final do curso do estudante Edy Cristiano
Dengo, com o código de estudante 2012561 e declaro também que é a primeira vez que este
trabalho é entregue para obtenção de um grau académico numa instituição educacional.

O supervisor

(Dr. João Machavate)


DECLARAÇÃO DE HONRA

Eu, Edy Cristiano Dengo, declaro por minha honra que o presente trabalho é da minha autoria
e resulta da minha dedicação na pesquisa e investigação científica. Declaro ainda que é a
primeira vez que o mesmo é apresentado a uma instituição de ensino para obtenção de um grau
académico, e assumo toda a responsabilidade.

__________________________

(Edy Cristiano Dengo)

APROVAÇÃO DO JURI
Este trabalho foi examinado aos _____ de _____ de 2020 por nós, membros do júri examinador
do Instituto Superior de Ciências e Tecnologias de Moçambique.

__________________________

(O Presidente da mesa de Júri)

__________________________

(O Arguente)

__________________________
(O Supervisor)
DEDICATÓRIA

Dedico está monografia ao meu pai, minha falecida mãe e as minhas irmãs que sempre me
apoiaram nas horas mais difíceis, aos professores e aos meus colegas de turma.

i
AGRADECIMENTOS

A Deus, que me concedeu na vida todas as condições e oportunidades necessárias para a realização
deste trabalho.

Ao meu supervisor, Dr. João Machavate, pela paciência, dedicação e estímulo dado para que eu
pudesse enfrentar os desafios encontrados nessa pesquisa, pela confiança e por ter acreditado no
meu potencial;

A minha família, pelo apoio e incentivo moral nos estudos, em especial aos meus pais.

A todos os professores do curso de Engenharia Geológica e de Minas.

Aos meus amigos e aos colegas de turma pelo apoio e incentivo.

ii
"Educação não transforma o mundo.
Educação muda pessoas. Pessoas
transformam o mundo"
Paulo Freire

iii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

Sigla ou Designação
Abreviatura

ANFO Ammonium Nitrate Fuel Oil (explosivo constituído por nitrato de amónia e óleo combustível).

CVL Cadeia Vulcânica dos Libombos

DAM Drenagem Ácida das Minas

DNG Direcção Nacional de Geologia

E Este

EPC Equipamento de Protecção Coletiva

EPI Equipamento de Protecção Individual

GTK Geological Survey of Finland

H Hora

INE Instituto Nacional de Estatística

m Metro

m3 Metro cúbico

N Norte

O Oeste

RLM RLM – Regulamento da Lei de Minas

RAS República da África do Sul

RQACH Regulamento sobre a Qualidade da Água para o Consumo Humano

RSTS Regulamento de Segurança Técnica e de Saúde nas Actividades Geológico-Mineiras

S Sul

SSO Segurança e Saúde Ocupacional

iv
LISTA DE FIGURAS

Fig.1. Mapa de Localização Geográfica da área de estudo (adaptado do Relatório do INE)........5


Fig.2. Mapa da Geologia Regional………………………………………………………………7
Fig.3. Mapa da Geologia Local.....................................................................................................8
Fig.4. Mapa da Pedreira Rugunate (adaptado no Google Earth) ..................................................9
Fig.5. a) Bomba de Aspiração; b) Caixa do medidor de poeiras (bombas de aspiração; cassetes;
filtros; tubo de ar; carregador) ......................................................................................................20
Fig.6. Sonômetro na fase de perfuração........................................................................................21
Fig.7. Medidor de Gases (Gas-Pro) ..............................................................................................21
Fig 8. Balança de Electrónica de Precisão.....................................................................................22
Fig.9. Filtros após a colecta de dados nas áreas operacionais.......................................................23
Fig.10. a) Turbidímetro; b) Aparelho Medidor de pH; c) Refractómetro.....................................23
Fig.11. Mapeamento dos processos na Mina.................................................................................33
Fig.12. Mapeamento do processo de Beneficiamento...................................................................34
Fig.13. Mapeamento dos Processos na Manutenção.....................................................................35
Fig.14. Mapeamento dos Processos Diversos...............................................................................36
Fig.15. Diagrama da Classificação de Risco.................................................................................47

v
LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Concentrações Admissíveis (NO e NO2) ................................................................14


Tabela 2. Parâmetros físicos, químicos e os respectivos limites.............................................16
Tabela 3. Lista de potenciais perigos.......................................................................................24
Tabela 4. Pontos que constituem o WRAC..............................................................................25
Tabela 5. Tabela de Severidade para operações em minas......................................................26
Tabela 6. Tabela de probalidade de ocorrência de riscos em minas........................................26
Tabela 7. Tabela de Severidade vs Probabilidade de ocorrência de riscos. (metódo Semi-
quantitativo) ............................................................................................................................27
Tabela 8. Tabela de Severidade vs Probabilidade de ocorrência de riscos. (metódo Semi-
qualitativo) ...............................................................................................................................27
Tabela 9. Valoração dos níveis de risco...................................................................................28
Tabela 10. Descrição da Tolerabilidade consoante o nível de risco.........................................28
Tabela 11. Poeiras Ocupacionais por Sector............................................................................29
Tabela 12. Ruídos Ocupacionais por Sector.............................................................................30
Tabela 13. Dados de NO, NO2 durante a detonação.................................................................30
Tabela 14. Comparação dos dados obtidos (Poeiras, Gases, Ruídos) com RSTS....................31
Tabela.15. Dados dos parâmetros da água consumida pelos colaboradores da pedreira..........31
Tabela.16. Identificação dos perigos na Mina consoante a actividade.....................................37
Tabela 17. Identificação dos perigos no Beneficiamento consoante a actividade....................38
Tabela 18. Identificação dos perigos da Manutenção consoante a actividade..........................39
Tabela 19. Identificação dos perigos Divesos consoante a actividade......................................40
Tabela 20. Registro da WRAC na Mina (adaptado pelo autor) ................................................41
Tabela 21. Registro da WRAC na Usina de Beneficiamento (adaptado pelo autor) ................43
Tabela 22. Registro da WRAC na Manutenção (adaptado pelo autor) .....................................44
Tabela 23. Registro da WRAC nos Diversos (adaptado pelo autor) .........................................45
Tabela 24. Eventos indesejados, Nível de Risco........................................................................46

vi
RESUMO
Moçambique é um país bastante rico em recursos minerais, e o setor mineiro revela-se vital, pois
compreende o aproveitamento de combustíveis fósseis, minerais metálicos e não-metálicos, onde
inclui-se rochas amplamente usadas na área de construção civil, como é o caso dos Riolitos.
Ultimamente tem crescido a preocupação com a segurança e saúde dos colaboradores ligados a
indústria extractiva, visto que nos ultimos tempos tem sido uma das áreas com maior influência no
desenvolvimento do pais. Contudo nota-se que em algumas empresas de baixa e média capacidade
continuam com défices em aspectos de segurança, este, é um facto também observado na pedreira
de Rugunate, área de estudo. Um plano de gestão de riscos pode abordar simplesmente aspectos
legais, previstos no Regulamento de Segurança Técnica e de Saúde nas Actividades Geológico-
Mineiras, o que essencialmente exige a antecipação das condições perigosas, avaliação dos
factores de risco e registo dos dados levantados. A ISO 45001-18 recomenda um processo de
gestão de riscos, cuja identificação e classificação dos riscos, seja fundamentada por uma
ferramenta de análise de riscos, adequada aos objectivos da organização e natureza do risco que se
quer analisar. O presente trabalho teve como objectivo analisar os principais riscos ocupacionais
associados a exploração de riolitos, assim como o levantamento das normas regulamentadoras
aplicáveis. No trabalho foi utilizada a ferramenta de análise de riscos denominada “Workplace Risk
Assessment and Control (WRAC)” assim como a metodologia desenvolvida por Moreira, usadas
para mapear e classificar potenciais grandes riscos que relaciona os sectores, as actividades, os
perigos, descrição dos eventos indesejados e a priorização de acordo com o grau de risco. Por meio
dessa metodologia foi possivel identificar os principais riscos, onde destacam-se: ataque de
animais peçonhentos, atingimento por material particulado, exposição solar, queda de
equipamentos móveis, exposição a gases, incêndio nos escritórios, atropelamento, contaminação
da àgua, detonação não planejada, exposição a poeiras, exposição ao ruído, entre outros. Para cada
risco foi estabelecido um plano de acção para tratamento dos mesmos. De salientar que as reflexões
deste trabalho são úteis para trabalhos futuros, pois a metodologia pode ser apropriada para
investigar realidades de outros processos produtivos na indústria extrativa.

Palavras-chave: Pedreira, Riscos, Mineração, Segurança.

vii
INDÍCE
DEDICATÓRIA ______________________________________________________________ i
AGRADECIMENTOS ________________________________________________________ ii
LISTA DE FIGURAS _________________________________________________________ v
LISTA DE TABELAS ________________________________________________________ vi
RESUMO __________________________________________________________________ vii
1. CAPÍTULO-I ____________________________________________________________ 1
1.1 Introdução _________________________________________________________________ 1
1.2 Justificativa da escolha do tema (Relevância do Estudo) ___________________________ 2
1.3 Problematização ____________________________________________________________ 3
1.4 Objectivos _________________________________________________________________ 4
1.4.1 Geral __________________________________________________________________ 4
1.4.2 Especifícos _____________________________________________________________ 4
1.5 Hipóteses __________________________________________________________________ 4
2 CAPÍTULO II ___________________________________________________________ 5
2.1 Generalidades ______________________________________________________________ 5
2.1.1 Enquadramento Geográfico ________________________________________________ 5
2.1.2 Geologia Regional________________________________________________________ 6
2.1.3 Geologia Local __________________________________________________________ 7
2.1.4 Descrição do Empreendimento ______________________________________________ 9
3 CAPÍTULO III _________________________________________________________ 12
3.1 Revisão Bibliográfica _______________________________________________________ 12
3.1.1 Termos e Conceitos______________________________________________________ 12
3.1.2 Enquadramento Legal ____________________________________________________ 13
4 CAPITULO III _________________________________________________________ 18
4.1 Materiais e Metodologias de trabalho __________________________________________ 18
4.1.1 Materiais ______________________________________________________________ 18
4.1.2. Metodologia do Trabalho _________________________________________________ 18
4.1.2.1. Pesquisa Documental ____________________________________________________ 18
4.1.2.2. Trabalho de Campo ______________________________________________________ 19
4.1.3. Análise Laboratorial das Amostras __________________________________________ 22
4.1.4. Ferramenta de Análise de Riscos (WRAC) ___________________________________ 24

viii
4.1.5. Avaliação da Significância ________________________________________________ 26
5. CAPÍTULO IV __________________________________________________________ 29
5.1. Apresentação dos resultados _______________________________________________ 29
5.1.5. Dados das Medições _____________________________________________________ 29
5.1.6. Mapeamento dos Processos _______________________________________________ 32
5.1.7. Identificação dos Perigos na Pedreira ________________________________________ 37
5.1.8. Classificação dos Riscos __________________________________________________ 41
Discussão de Resultados ___________________________________________________________ 47
5.1.9. Mapeamento de Riscos ___________________________________________________ 47
5.1.10. Tratamento de Riscos ____________________________________________________ 48
6. CAPITULO V __________________________________________________________ 49
6.1. Conclusão _________________________________________________________________ 49
6.2. Recomendações ____________________________________________________________ 50

ix
1. CAPÍTULO-I

1.1 Introdução

A indústria extractiva é o sector que mais contribui para desenvolvimento do país, porém, não
obstante a importância do sector, é imprescindível ressaltar os riscos à saúde dos trabalhadores
envolvidos nesta actividade. Além disso, esta actividade tem-se mostrado prejudicial para as
famílias alojadas ao redor das zonas de extracção, meio ambiente, assim como para os
colaboradores. Diante deste cenário, é de extrema importância a contribuição da empresa para em
qualquer dos sectores de trabalho, garantir a protecção à integridade física, moral e social do
trabalhador.

Num mundo cada vez mais moderno, a actividade mineira constitui uma peça chave, tanto para o
desenvolvimento económico, como para o avanço tecnológico. Para que esses intentos acima
citados possam ser atingidos, é necessário que seja feito um elevado investimento na segurança e
nas condições de trabalho de todos os trabalhadores envolvidos em toda cadeia de produção.

Vários riscos estão directamente relacionados com equipamentos usados, como o caso de
britadeiras, equipamentos móveis, os explosivos, além dos factores citados, o outro factor
relacionado com a produção mineira é a emissão de gases tóxicos e que conjugados com os outros
factores constituem factores que colocam em risco a vida e a integridade dos trabalhadores e de
toda comunidade que vive nas redondezas da zona de exploração.

Actualmente muitas empresas mineiras têm assumido como prioridade a segurança e saúde dos
trabalhadores por causa de frequentes acidentes internos e externos ocorridos, ao implementar um
plano de análise de riscos, por meio de ferramentas adequadas, contribuindo significativamente no
processo de identificação e minimizacao de riscos relacionados as actividades laborais.
(Leinfelder,2016)

1
1.2 Justificativa da escolha do tema (Relevância do Estudo)

Actualmente, segurança no trabalho é um tema de interesse internacional que tem sido largamente
estudado, mesmo que ainda em estágios diferentes em cada continente. Independentemente do
nível de produção da empresa ou organização, este assunto constitui destaque na rotina de qualquer
empresa, uma vez que o mesmo influência bastante para a elevação dos níveis de produção e de
produtividade das mesmas. As principais causas dos acidentes são as deteriorações das condições
de trabalho causadas em parte pela globalização e liberalização dos mercados, o desrespeito ao
direito de segurança do trabalhador e a falta de cumprimento da lei ou regulamentação adequada
de segurança. O tema em estudo é de extrema relevância para empresa pois a mesma vai mostrar
de forma clara os impactos e os riscos associados ao processo, bem como a elaboração de um plano
de análise dos riscos o que irá contribuir para a redução dos mesmos e elevação dos níveis de
produção e confiabilidade da empresa.

Em empresas de exploração mineira tanto júniores como séniores, em todo mundo, tem-se
assistido a um cenário de níveis elevados de acidentes de trabalhos, o que o faz com que o tema,
segurança no trabalho seja de extrema importância para a redução dos acidentes. O tema em
destaque ganha importância nacional pelo facto de Moçambique encontrar-se em uma fase
embrionária no que se refere ao desenvolvimento e implementação de leis que regulam o trabalho
da mineração.

Perspectiva-se que haja redução dos níveis de acidentes de trabalho elevando de igual modo os
níveis de produção e produtividade das empresas de exploração mineira nacional, sem que se
perigue a integridade dos seus colaboradores, incluindo as pedreiras e ajudando de igual maneira
no crescimento da economia nacional.

2
1.3 Problematização

O complexo vulcânico dos Libombos é constitudo por rochas riolíticas, basálticas e outras
intermediárias, recursos importantes para construção civil.

Os Riolitos devido às suas características mecânicas, constituem uma grande atração para as
empresas de exploração de materiais de construção, fazendo com que nesta região haja presença
de muitas pedreiras. Por sua natureza, a exploração mineira constitui uma actividade com grandes
riscos tanto para os trabalhadores como para as comunidades que vivem ao redor das áreas de
exploração. A elaboração de um plano de análise de riscos exerce uma grande influência na
identificação, estimação, valoração e mitigação dos riscos que advém da exploração mineira e
deste modo na garantia da saúde e segurança dos trabalhadores. Em muitas pedreiras que se
encontram a explorar os riolitos, observa-se a falta de um plano de análise de riscos, e quando
existe é ineficaz.

A falta do controle e mitigação dos factores de riscos que advém da mineração faz com que haja
um alto índice de acidentes de trabalhos nas mesmas, o que influencia na redução dos níveis de
produção e produtividade.

Assim sendo, a pergunta de pesquisa do presente trabalho é:

Quais são os prováveis riscos que os trabalhadores da pedreira Rugunate estão sujeitos,
resultantes da exploração de riolito?

3
1.4 Objectivos

1.4.1 Geral

• Analisar os riscos ocupacionais associados a exploração do riolito na pedreira Rugunate.

1.4.2 Especifícos

• Efectuar análise comparativa dos factores de risco com base nas legislações (RSTS e
RQACH)
• Identificar os principais riscos ocupacionais associados a exploração de riolito;
• Estimar, valorar e definir as classes dos riscos ocupacionais na pedreira;
• Propôr medidas de controle dos riscos na Pedreira de Rugunate Lda.

1.5 Hipóteses

❖ O uso de uma ferramenta de análise e controle de riscos pode minimizar os riscos durante
a exploração do riolito.
❖ O uso de uma ferramenta de análise e controle de riscos não vai minimizar os riscos
durante a exploração do riolito.

4
2 CAPÍTULO II

2.1 Generalidades
2.1.1 Enquadramento Geográfico

A área de estudo localiza-se no Distrito de Namaacha, ao longo da Estrada Nacional Nrº 5, a


Sudoeste da Província de Maputo, a 76 km da Cidade de Maputo, a 33 km do Posto Administrativo
de Goba e a 7 km da Barragem dos Pequenos Lebombos, conforme ilustradada na figura 1.

Fig. 1: Mapa de Localização Geográfica da área de estudo (adaptado do Relatório do INE)

5
2.1.2 Geologia Regional

A região de estudo ilustrada na fig.2, faz parte da bacia de Moçambique, na parte Sul do Save.
Segundo Madeira (2011), a bacia de Moçambique, localiza-se na margem continental passiva que
faz parte das bacias sedimentares Mesozóicas-Cenozóicas, que se situam ao longo da costa Este
africano e é limitada pelo cinturão de Moçambique a Norte, Cratão de Zimbabwé a Noroeste e
pelo Cratão de Kaapvaal.

A Bacia do Sul do Save é bordejada a Oeste por formações vulcânicas do Karoo, constituídas por
Basaltos e Riolitos intercalados, doleritos e Sienitos intruíndo as formações basálticas e riolíticas.
O interior da bacia é constituído por formações de origem marinha do cretácico. Fazem parte desta
unidade as formações, de Maputo, de Grudja e dos Elefantes. (Cumbane,2007)

Para Cumbane, na parte Este da bacia individualizam-se rochas de idade Terciária (Formações de
Chiringoma, Mazamba e de Jofane) e da idade Quaternária. No entanto, o Quaternário é o mais
predominante nas áreas situadas a sul do rio Save, sendo constituído por planícies arenosas
interiores ocupando uma vasta área na região central. Estas planícies são caracterizadas pela
ocorrência de areias amareladas, dunas interiores e costeiras, calcários, cones de dejecção, e ainda
por aluviões e terraços fluviais.

A sequência litológica de cima para baixo é a seguinte: Basaltos Superiores de Movene, com
intercalações de riólitos dos Pequenos Libombos, Basaltos de Impamputo e riólitos dos Grandes
Libombos. (Baúque, 2005)

6
Fig. 2: Mapa de Geologia Regional (adaptado do mapa geológico de Moçambique – GTK 2006)

2.1.3 Geologia Local

A geologia da área de estudo conforme ilustrada na fig.3, é marcada maioritariamente de


formações Vulcano-clásticas nomeadamente riolito (riolitos de Umbeluzi, riolitos dos Pequenos
Libombos, riolitos intermédios), doleritos, basaltos (basaltos inferiores de Movene, basaltos
superiores amigdalares, basaltos superiores de Movene), (GTK, 2006).

7
Segundo Assunção (1962), a sucessão que os pequenos Libombos fazem com os grandes
Libombos corresponde as diversas fases de deformação da crusta que tiveram lugar na área, com
destaque ao enrugamento que teve início na fase basáltica inferior, terminando na fase superior, e
a deformação máxima aconteceu na fase riolítica. A CVL encontra-se orientada na direção N-S e
inclinada para E, estendendo-se desde Santa Helena (RSA) até Pafúri (Gaza).

Fig. 3: Geologia da área de estudo (Adaptado de shapfile da DNGM – 2006)

8
2.1.4 Descrição do Empreendimento

A Pedreira Rugunate é uma empresa privada, nacional, com a sua sede na provincia de Maputo,
tem como objectivo principal a venda de pedra para vários fins como a construção, abarcando toda
a cadeia que começa desde a extração, processamento, carregamento, transporte e comercialização
do material explorado e seus derivados. Esta pedreira desenvolve-se nas circunstâncias do
surgimento de várias empresas de construção em Moçambique, por volta de 2002 . A figura 4,
ilustra a configuração de sectores que constituem a pedreira.

Fig. 4: Mapa da Pedreira Rugunate (adaptado no Google Earth)

A Pedreira em estudo tem um total de 25 colaboradores permanentes, podendo haver alguns


sazonais, solicitados para executar algum trabalho específico e pontual.

A cadeia de produção mineral é subdividida em várias etapas, as quais estão individualmente


associadas a riscos específicos, devido a isso doravante irei abordar os riscos associados a cada
fase da mineração na pedreira Rungunate em separado, de modo a obter informações e conclusões
concisas.

9
2.1.4.1 Operações Efectuadas na Pedreira Rugunate

A pedreira rugunate efectua as seguintes operações unitárias:


• Decapeamento;
• Perfuração;
• Desmonte de rocha por explosivos;
• Carregamento e transporte;
• Usina de beneficiamento
• Estocagem
• Entre Outros.

2.1.4.2 Descrição das operações na pedreira


2.1.4.2.1 Decapeamento

Nesta 1ª fase do processo de extração é inspecionado o terreno, e removida grande parte da


vegetação da área com recurso a pá escavadora, deste modo, avançando para serem feitos os furos.

2.1.4.2.2 Perfuração

Os furos são feitos através de uma perfuratriz roto-percurssiva, com profundidade de 10-20 m,
onde são realizados 40 furos que se encontram separarados de 2 a 3 m, levando 30-45 minutos
para abrir cada furo. Após serem feitos os furos, faz-se a inspecção dos mesmos para apurar se há
presença de água ou não. Havendo presença de água, coloca-se material no furo de forma a garantir
que os explosivos não molhem e em seguida são inseridos os explosivos.

2.1.4.2.3 Desmonte de Rocha por Explosivos

O transporte de explosivos é feito através de meios de tranportes rodoviários convencionais, sendo


que os explosivos usados na pedreira são: o Anfo e a Dinamite; onde inicialmente as dinamites são
amarradas com o cordel detonante e em seguida é feita a sua inserção no furo (3 em cada furo).
Após a inserção das dinamites nos furos, é introduzido o Anfo (2-3 sacos) em cada furo de modo
a que reste 20 cm de espaço para que seja inserido pó de pedra e e água por cima para fique coeso,
sendo que o cordão detonador fica fora para posteriores actividades. Com objectivo de uma

10
detonação sincronizada, as dinamites são ligadas em série pelo cordel detonante, assim como é
ilustrada no anexo 2.

De seguida o cordel detonante ligado em seríe, é conectado ao conector de retardo (Relés),


destinado a retardar, a propagação da detonação do cordel, aumentando o tempo (8 minutos) apôs
o acionamento do cordel detonante em série, de modo a que dê tempo aos demais colaboradores e
equipamentos, afastarem-se e serem removidos para um lugar seguro e que estejam a uma distância
de 300m no minímo no momento em que esta ser realizada a detonação.

2.1.4.2.4 Carregamento e Transporte

Após a detonaçao, é utilizada uma escavadeira (CAT-330) para fazer o carregamento do material
e camiões convencionais para fazer o tranporte do material até a usina de beneficamento, conforme
ilustrado em anexo 3.

Apôs o carregamento, o material fragmentado é transportado para a pilha de estoque, próximo a


usina de beneficiamento, onde a posterior a pá carregadeira (Bell) faz o transporte do material
fragmentado até o britador primário.

2.1.4.2.5 Tratamento das Rochas (Beneficiamento)

O material é depositado no alimentador vibratório, que transporta para o britador primário que tem
a capacidade de processar em média 180-200T/, para as mandíbulas enquanto recebe o impacto
responsável pela fragmentação, de modo a que haja uma redução significativa de tamanho, de
seguida o material passa pela correia transportadora, até ao britador secundário onde o material é
ainda mais reduzido de modo a que entre no moinho (anexo 4), em seguida é encaminhado ao
peneiramento onde prepara-se um produto final, com o tamanho de particular definido pela
especificação, quer seja: Brita; Sarrisca; Pó; Cimento-Armado; ¾.

De seguida o material é posto em camiões para posterior pesagem, de acordo com as prefêrencias
do cliente relactivamente ao tipo de material que pretende.

11
3 CAPÍTULO III
3.1 Revisão Bibliográfica

3.1.1 Termos e Conceitos


Perigo

Perigo é uma fonte ou situação com potencial de provocar danos em termos de ferimentos humanos
ou problemas de saúde, danos à propriedade, ao ambiente ou a combinação disto. (BSI,1996)
Riscos

Risco é a probabilidade de alguém poder sofrer um dano como consequência da exposição a um


determinado período de tempo, consubstanciando-se, assim, ser a exposição ao perigo que faz
emergir o risco. (Moreira,2010)

Risco refere-se a todo acto que possa causar dano ou acidente, cuja qualificação vai depender do
efeito conjugado da probabilidade de ocorrência e da sua gravidade.

Análise de Riscos
Tem como objectivo o levantamento de todos os factores do sistema de trabalho, homem, máquina,
ambiente que podem causar acidentes. (Moreira,2010)

É o procedimento utilizado na empresa para identificar os riscos presentes no ambiente de trabalho,


de modo a evitar acidentes e doenças no trabalho.

Avaliação de Riscos
A avaliação de risco é uma análise sistematizada de um processo de trabalho, tendo como objectivo
identificar, qualificar e quantificar o risco para segurança, higiene e saúde do trabalhador.
(Moreira,2010)

De acordo com Moreira, a avaliação de riscos compreende três fases:

• Mapeamento dos Risco – onde identifica-se os riscos e situações que têm o potencial de
causar danos ou perdas;
• Análise do Risco – Analisar e determinar a magnitude de risco;

12
• Valoração do risco – Visa avaliar o significado que o risco assume, avaliar as medidas de
controle existente, definir as prioridades e as necessidades de implementação

Onde o risco é expresso de forma numérica como a combinação da probabilidade e da severidade:

R=PxS

R = Risco P = Probabilidade; S = Severidade

Severidade/Gravidade: "magnitude de danos" provocados pelo evento indesejado. (AZ/NZS


como citado por Leinfelder,2016)
Probabilidade: é a chance de um determinado evento indesejado ocorrer. (Moreira,2010)

3.1.2 Enquadramento Legal

3.1.2.1 Leis relacionadas a actividade mineira

Neste segmento debruça-se das leis e normas em vigor no país e a nível internacional
relativamente, segurança e saúde na actividade mineira, qualidade da água para consumo e sistema
de gestão de segurança e saúde ocupacional.

Lei de minas- lei nº20/2014


Em Moçambique esta é a lei que discute todos os casos relacionados com a actividade mineira,
dando mais foco aos direitos e deveres relativamente ao uso e aproveitamento dos recursos
minerais, como na mineração em pequena escala (Pedreiras).

Regulamento de Segurança Técnica e de Saúde nas Actividades Geológico-Mineiras-


Decreto nº 61/2006
Este regulamento "tem por objectivo a definição de medidas destinadas a garantir as condições de
segurança e de saúde dos trabalhadores, no desempenho das suas funções nas operações mineiras,
incluindo a aplicação das medidas de prevenção técnica de acidentes, dos riscos profissionais e
higiene nos locais de trabalho, onde desenvolvem-se as actividades mineiras", conforme é descrito
no artigo n° 1.

13
É dito que as explorações mineiras devem ser precedidas por um plano de segurança e saúde
contendo a informação da avaliação dos riscos que os trabalhadores estão expostos ao
desempenhar as suas tarefas, segundo o artigo 5 do regulamento de segurança técnica e de saúde
nas actividades geológicas-mineiras.

O Capítulo 12 no artigo n°282 diz que "sempre que no plano de segurança e saúde, seja previsível
a exposição dos trabalhadores aos agentes físicos, químicos, biológicos, o titular mineiro deve
tomar as medidas conducentes a sua eliminação ou redução aos níveis mais baixos compactíveis e
fazer a vigilância e controle sanitário dos trabalhadores sujeitos a estes riscos".

No mesmo capítulo no artigo n°283 referente aos agentes químicos exorta a que sejam tomadas
medidas necessárias para garantir que os limites admissíveis não sejam ultrapassados nos locais
de trabalho, informa também que se as concentrações de gases perigosos ultrapassarem os limites
estipulados no regulamento os trabalhadores devem ser imediatamente retirados. A tabela 1 ilustra
as concentrações admissíveis de monóxido e dióxido de azoto

Tabela.1. Concentrações Admissíveis de Monóxido e Dióxido de Azoto (NO & NO2)

Gás Símbolo Concentração em ppm


Monóxido de Azoto NO 20
Dióxido de Azoto NO2 5

Sobre as poeiras o artigo n°285 estabelece que os valores do teor em sílica devem variar dos 1-
5mg/m os locais onde caso se verifique a ocorrência de empoeiramentos com teor de sílica livre
superior a 50% 1mg/m3 as medições devem ser feitas trimestralmente e submetidos anualmente a
exames médicos e a companhia deve disponibilizar equipamentos de protecção individual
(máscaras); o artigo n°294 diz também que a perfução deve ser feita com injecção de água.

O artigo n°287 referente aos ruídos diz que nos locais de trabalho não podem ser ultrapassados os
85 db, caso as técnicas de protecção aplicáveis não forem suficientes, os trabalhadores devem usar
protectores adequados aprovados pelas entidades competentes/limitar-se o tempo de exposição ao
ruído.

14
No artigo n°297 é abordada a análise de riscos de modo a identificar e controlar os riscos o que
pode garantir seguranças aos trabalhadores, frisando também a importância da interacção de todos
trabalhadores referentes aos riscos (físicos, biológicos, químicos, ergonómicos,) que ocorrem no
sector de trabalho.

As explorações mineiras devem ser precedidas, de um plano de segurança técnica e saúde, pois é
através dele que se obtém informação referente a avaliação dos riscos a que os trabalhadores estão
expostos, assim como definição e aplicação de medidas adequadas para prevenção e minimização
de riscos, acidentes de trabalho e doenças profissionais, conforme descrito no Regulamento, artigo
n°5.

Regulamento sobre a Qualidade da Água para o Consumo Humano- Decreto n. º180/2004


Segundo o regulamento, o mesmo tem como objectivo "fixar os parâmetros de qualidade' da água
destinada ao consumo humano e as modalidades de realização ao do seu controlo, visando proteger
a saúde humana dos efeitos nocivos resultantes de qualquer contaminação que possa ocorrer nas
diferentes etapas do sistema de abastecimento de água desde a captação até a disponibilização ao
consumidor.

O artigo 12 menciona que "a autoridade competente deve coordenar acções de vigilância sanitária
que inclue: a) A realização de análises e de outras acções quando necessário, para avaliação da
qualidade da água destinada ao consumo humano; b) Avaliação do risco para a saúde pública da
qualidade da água destinada ao consumo humano.

Na tabela 2 são citados alguns dos parâmetros de qualidade de água para consumo humano usados
no trabalho:

15
Tabela 2. Parâmetros físicos e químicos e os respectivos limites

Parâmetros Físicos Limite máximo Unidades Parâmetros Químicos Limite máximo Unidades
admissível admissível
Condutividade 50-2000 ųhmo/com Nitratos 50 mg/l
PH 6,5-8,5 Ferro 0,3 mg/l
Turvação 5 NTU Sulfatos 250 Mg/l
Solidos totais dissolvidos 1000 mg/l
Salinidade 0,12

Segundo o artigo 24, caso não sejam obedecidos os parâmetros caberá a autoridade competente a
aplicar sanções, de modo a sanar a anomalia detectada, que podem ser de repreensões
verbais/escritas, multas, revogação da licença sanitária.

Sistema de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional-ISO 45001-18


A ISO 45001 tem por objectivo fornecer uma estrutura para gerir os riscos e oportunidades de
SSO. Os objetivos e os resultados pretendidos do sistema de gestão de SSO são de prevenir lesões
e problemas de saúde relacionados ao trabalho para os trabalhadores e proporcionar locais de
trabalho seguros e saudáveis; consequentemente, é extremamente importante para a organização
eliminar os perigos e minimizar os riscos de SSO, tomando medidas preventivas e de proteção
efetivas.

A empresa deve: fornecer mecanismos, tempo, treinamento e recursos necessários para consulta e
participação; fornecer acesso oportuno a informações claras, compreensíveis e relevantes sobre o
sistema de gestão de SSO; determinar e remover obstáculos ou barreiras à participação e minimizar
aqueles que não podem ser removidos;

Sobre a identificação de perigos a ISO 45001-18 exorta a empresa a estabelecer, implementar e


manter um processo para identificação de perigo que seja proativo e contínuo, não limtitar apenas
como o trabalho é organizado, factores; actividades e situações de rotina e não rotineiras, incluindo

16
perigos decorrentes de:infra-estrutura, equipamentos, materiais, substâncias e condições físicas de
local de trabalho; pessoas: aquelas com acesso ao local de trabalho e suas atividades, incluindo
trabalhadores, contratados, visitantes e outras pessoas; aquelas nas vizinhanças do local de
trabalho, que podem ser afectadas pelas actividades da organização; entre outros factores.

A empresa deve avaliar os riscos de SSO relactivos aos perigos identificados, levando em
consideração a eficácia dos controles existentes; determinar e avaliar os outros riscos relacionados
ao estabelecimento, implementação, operação e manutenção do sistema de gestão de SSO.

Diz também que a metodologia e os critérios da organização para a avaliação dos riscos de SSO
devem ser estabelecidos em relação ao seu escopo, natureza e cronograma, para assegurar que eles
sejam proactivos ao invés de reactivos e sejam utilizados de forma sistemática.

17
4 CAPITULO III
4.1 Materiais e Metodologias de trabalho

4.1.1 Materiais
Para que o trabalho de campo pudesse ter lugar foram necessários os seguintes materiais:
▪ Equipamentos de Protecção individual (EPI): camisa e calças de ganga, botas, colete reflector,
máscara, luvas e capacete;
▪ Caderneta, lapiseira e esferográfica;
▪ Câmera fotográfica de alta resolução;
▪ Equipamentos de medição de gases, ruídos, poeiras ocupacionais e da qualidade da água.

4.1.2. Metodologia do Trabalho


Para a realização deste projecto científico, foram desenvolvidas diversas etapas de trabalho que
culminaram com a elaboração do relatório final. O trabalho consistiu nas seguintes fases: Pesquisa
documental, Trabalho de campo, Ensaios laboratoriais, Ferramenta de análise de riscos.

4.1.2.1. Pesquisa Documental

Esta etapa consistiu na revisão de literatura relacionado com os riscos associados a mineração.
Elaborado a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, revistas,
publicações periódicas, boletins, artigos científicos, entre outros.

A literatura foi obtida na Biblioteca do Departamento de Geologia da Universidade Eduardo


Mondlane e da Direcção Nacional de Geologia e Minas (DNGM), no Instituto Nacional de
Estatistica (INE), no Ministério do Trabalho e Segurança Social (MTSS), Instituto Nacional de
Normalização e Qualidade (INNOQ), bem como de literaturas extraídas na internet e ainda
literatura fornecida pelo supervisor.

18
4.1.2.2. Trabalho de Campo

O trabalho de campo teve a duração de uma semana e consistiu no deslocamento à mina de modo
a aferir as condições em que o trabalho na pedreira é desenvolvido, bem como de entrevistas aos
seus colaboradores, para que fosse possível colher informações relevantes sobre os riscos
associados a exploração dos riólitos na Pedreira Rungunate.

Em suma, o trabalho de campo consistiu na realização das seguintes actividades:

✓ Localização das frentes de exploração;


✓ Identificação dos principais riscos associados a mineração em cada uma das suas
operações;

✓ Colher depoimentos dos funcionários através de conversas abertas onde foram feitas
perguntas formuladas e respondidas oralmente, cujas perguntas encontram-se em anexo
1;

✓ Registos fotográficos dos riscos da mineração na área de estudo assim como foi feita
observação das operações efectuadas na pedreira, dos sectores mais problematícos.
✓ Uso de equipamentos de medição de poeiras, gases, ruídos e da qualidade da água
facultados pela Universidade Eduardo Mondlane, com vista a obter resultados e a
posterior realizar a comparação com aquilo que são as leis que regem o sector mineiro,
cujos dados das coordenadas geográficas do posicionamento dos equipamentos
encontram-se em anexo 10.

19
Para as poeiras ocupacionais foram utilizadas as Bombas de Aspiração (fig.5), compostas por
filtros que tem a função de captar as poeiras emitidas nas operacções efectuadas na pedreira, sendo
que as mesmas foram utilizadas nas 3 principais fases do processo produtivo: perfuração,
carregamento & transporte e no Tratamento/Processamento.

a b

Fig. 5: a) Bomba de Aspiração; b) Caixa do Medidor de poeiras (bombas de aspiração; cassetes;


filtros; tubo de ar; carregador).

No que se refere aos ruídos foi utilizado o Sonômetro (fig.6) que tem a função de captar o ruído
emitido pelas máquinas e objectos no sector de trabalho, utilizado na fase de perfução,
carregamento e transporte, no tratamento/processamento.

20
Fig. 6: Sonômetro

Para obtenção dos dados dos gases (Monóxido e Dióxido de Azoto) emitidos a superficie foi
utilizado o medidor de gases (Gas-Pro), com auxílio do software Portable-Pro para fazer a leitura
dos dados, o equipamento foi utilizado em apenas uma operação, que é o de desmonte por
explosivos, durante a detonação, cujo equipamento foi colocado a uma distância de 20m do local
de detonação, conforme ilustrado na fig.7.

Fig. 7: Medidor de Gases (Gas-Pro)

21
4.1.3. Análise Laboratorial das Amostras
✓ Poeiras Ocupacionais

Em primeiro lugar são feitas pesagens sobre os filtros (dados das concentrações iniciais encontram-
se em anexo 9), com recurso a uma balança de precisão (conforme ilustrado na fig. 8), e mantidos
num compartimento fechado de modo a evitar o contacto com o meio ambiente, com objectivo de
obter a quantidade de gramas antes de utilizá-las na empresa, tais filtros que dão os dados das
quantidades de poeiras que são emitidas no sector de trabalho. Neste caso foram utilizados nas 3
das principais fases de operação, que são: perfuração, carregamento & transporte, processamento
(fig.9).

Fig. 8: Balança electrônica de precisão.

Feita a colecta de dados das poeiras ocupacionas, todos os filtros foram colocados de novo no
compartimento, onde por regra deve permanecer por 24 h antes de apresentar o resultado. Após o
compasso de tempo, foi novamente realizada a pesagem dos mesmos de modo obter os devidos
resultados, onde para obter a concentração final em miligramas, foi necessário a utilização das
seguintes formulas:

𝑐=𝑚÷𝑣

C= Concentração da Amostra;

M= Massa Final - Massa Inicial

V= (Vazão Constante x Tempo Amostrado): 1000

22
Fig. 9: Filtros após a colecta de dados nas áreas operacionais

✓ Qualidade da Água para Consumo Humano

Colhidas as amostras da água de consumo dos trabalhadores, foi realizada análise laboratorial com
vista a perceber se a mesma, encontram-se dentro dos padrões estabelecidos na lei.

Inicialmente lavou-se o recipiente onde fez-se os testes com água destilada, depois foram inseridos
os agentes químicos e fisicos junto com a água, onde em seguida foram feitos os ensaios com
recurso a equipamentos laboratoriais, sendo que para obter os dados da conductividade, do teor de
salinidade, os solidos totais dissolvidos assim como do pH foi utilizado o aparelho medidor de ph
(Fig10.b); para a turbidez foi utilizado o turbidímetro (Fig,10,a) e por último foi o utilizado o
refratômetro para obter os dados de ferro total, nitratos e de sulfatos conforme é ilustrado na figura
10,c.

a b c

Fig. 10: a) Turbidímetro; b) Aparelho medidor de pH; c) Refractômetro

23
4.1.4. Ferramenta de Análise de Riscos (WRAC)

WRAC (WORKPLACE RISK ASSESSMENT AND CONTROL/AVALIAÇÃO E CONTROLE DE


RISCOS NO LOCAL DE TRABALHO) é uma metodologia desenvolvida por LEINFELDER em
2013 que incorpora uma técnica de quantificação baseada na classificação de graus de
probabilidades de ocorrer determinado evento indesejado e a severidade das consequências caso
os referidos danos ocorram, tem como objectivo principal hierarquizar os riscos mais críticos, que
podem estar presentes na fase operacional. (Leinfelder,2016)

A análise por meio do (WRAC) inicia com Mapeamento dos Processos onde é elaborado o mapa
de tarefas para assegurar informações sobre todas as etapas na operação.

Em seguida é feita a Identificação de Perigos por meio de técnica de listagem, com recurso a
tabela 3 desenvolvida por Leinfelder.

Tabela 3. Lista de potenciais perigos (Leinfelder,2016)

Aspectos Definição de Condição Perigosa


Ameaças externas Potencial de danos resultantes de evento externo for a do controle directo das operações
(legislação, ações governamentais, etc)
Água Potencial de danos causados pelo uso inadequado de recursos hídricos, gestão ou descarte
inadequado de água
Biológica Potencial de danos causados pela exposição à condição perigosa biológica, flora e fauna,
mordida de insectos, bactérias e outros agentes de doenças, vírus ou danos a biodiversidade
Eléctrica Potencial de danos às pessoas, equipamentos ou ao meio ambiente pela exposição a fontes
elétricas
Ergonômia Potencial de exposição a ações ou forças fisicas, danos associados a esforço, movimento
repetitivo, postura precária ou outros tipos de estresse fisico indesejado
Explosivos Potencial de danos pela exposição a materiais explosivos (espoletas, cordéis detonantes, etc)
Gravitacional (objectos) Potencial de danos pela queda de objectos, movimento inesperado (terreno, talude, estruturas)
devido a forças gravitacionais não controladas
Gravitacional (pessoas) Potencial de danos causados por quedas, movimentos inesperados ou de qualquer outra
maneira, resultando em sua exposição a forças gravitacionais não controladas (quedas,
tropeços)
Incêndio Potencial de danos pela exposição a queima de material (incêndios em edifícios, combustão
espontânea, etc)
Luz Potencial de dano resultante do excesso de luz ou da iluminação insuficiente no local de
trabalho
Mecânica (Fixa/Móvel) Potencial de danos pela exposição às fontes fixas de energia mecânica, incluindo elétricas,
hidráulicas, pneumáticas, combustão, etc; ou pela exposição às fontes móveis
(autopropulsores), incluindo elétricas, hidráulicas, pneumáticas, combustão

24
Particulados inaláveis Potencial de dano pela exposição a partículas de poeira no ar (poeiras de carvão, poeira de
silíca)
Pessoal/ Potencial de danos associados a ações comportamentais indesejadas, intencionais, estresse ou
Comportamento fontes de estresse
Pressão Potencial de danos causados pela exposição à liberação de repentina de pressão de uma fonte
específica (incluindo ondas de pressão de explosões, cilindros, correntes, brocas soltas, etc)
Psicológica Potencial de danos com fontes de estresse de situações, condições ou eventos que poderiam
criar resultados emocionais
Química Potencial de danos através de substâncias químicas, o que inclui ácidos, substâncias orgânicas
(gases, combustíveis, lubrificantes) substâncias prejudiciais a camada de ozôno, etc)
Radiação Potencial de danos pela exposição a ondas de radiação de fontes naturais ou artificiais (fontes
ionizantes ou não ionizantes)
Resíduo Potencial de danos causados pelo uso inadequado de recursos, gestão inadequada ou
disposição de residuos (poluição e gases do efeito de estufa)
Ruído Potencial de danos pela exposição de ruído impulsivo ou continuo ou reclamações da
comunidade
Social/Cultural Potencial para impactos positivos ou negativos resultantes da interação das actividades de
negócio com expectativas sociais/culturais, incluindo licença para operar
Espaço Confinado Potencial para dano resultante de sufocamento (pânico) em espaço confinado
Térmica Potencial de danos pela exposição a ou a variações de temperatura (quente/frio)
Terrestre Danos potenciais ao meio ambiente natural devido ao uso ou gestão de terrenos resultante de
poluição, desmatamento ou qualquer outra degradação
Vibração Potencial de danos pela exposição prolongada a vibração (detonação, perfuratriz, usinas de
beneficiamento)

O autor realizou questões para cada funcionário baseando-se nos pontos descritos na tabela 3
referente ao sector e actividade de cada colaborador.

O passo seguinte foi a descrição do evento indesejado, onde Leinfelder defendeu que a forma de
exposição a condição perigosa está muito relacionada com os eventos indesejados, cuja
metodologia WRAC defende que são os perigos que desencadeam os eventos indesejados.

Os pontos que constituem o WRAC, podem ser encontrados na tabela 4.

Tabela 4. Pontos que constituem o WRAC.

SECTOR ACTIVIDADE PERIGO EVENTO INDESEJADO CLASSIFICAÇÃO DE RISCO


Por último foram utilizadas as ferramentas quali-quantitativas desenvolvidas por Moreira, para
valorar e classificar os riscos, cuja descrição do mesmo encontra-se no próximo sub-capítulo
(4.1.5).

25
4.1.5. Avaliação da Significância

No presente trabalho a avaliação da significância foi feita tendo em conta as orientações e


parâmetros desenvolvidos por Moreira e pela WRAC.
No modelo qualitativo a avaliação da probabilidade subdivide-se em baixa, média e alta, enquanto
que a avaliação da severidade se divide em levemente prejudicial, prejudicial e extremamente
prejudicial conforme ilustrado na tabela 5 e 6.
4.1.5.1. Quanto à Severidade
Segundo Moreira, para eliminar a Severidade, devem ser tidos em consideração: as partes do corpo
que possam ser afectadas, a natureza do dano.
Tabela 5. Tabela de Severidade para operações em minas. (Moreira,2010) Adaptado pelo autor
Severidade Definição
Ligeiramente prejudicial/ Risco restrito ao equipamento / sistema, afetando as pessoas que trabalham com
Leve (1) o mesmo.
Pode causar incidentes operacionais, lesões ligeiras que possam levar
indisposição ou mal-estar às pessoas (lesões superficiais, cortes, irritação ocular,
etc)
Prejudicial / Moderado (2) Risco extrapola o equipamento / sistema, afetando outras pessoas além das que
trabalham com o mesmo, porém dentro da mesma área operacional.
Pode causar incidente ou doença no trabalho que necessite tratamento médico
prolongado sem lesões graves, pode provocar pequenas fraturas, entorses e
afastamento ou afetar o desempenho no trabalho em longo prazo.
Extremamente prejudicial/ Risco extrapola o equipamento / sistema, afetando outras pessoas além das que
Grave (3) trabalham com o mesmo, inclusive fora da mesma área operacional.
Quando o dano pode provocar a morte, lesões graves ou doenças ocupacionais
permanentes.

4.1.5.2. Quanto a Probabilidade

Tabela 6. Tabela de probalidade de ocorrência de riscos em minas. (Moreira,2010) Adaptado


pelo autor
Probabilidade Definição

Baixa/ Remota (1) Não existe registo de ocorrência há mais de 2 anos\ Quando o dano raramente
ocorre

26
Média/ Provável (2) Há histórico de ocorrência nos últimos 2 anos\ Quando o dano tem alguma
probabilidade de ocorrer
Alta/ Frequente (3) Existe o registo de ocorrência recente ou existe a probabilidade de ocorrer mais
de 1 vez ao ano\ Quando o dano ocorre com grande probabilidade

Após a definição dos níveis de Severidade e de probabilidade, é construida uma matriz de risco
apartir das possibilidades de combinação da probabilidade atribuida e das possibilidades da
combinação da severidade atribuida com base nas variáveis obtidas. (Lapa,2006)

Pode-se calcular os níveis de significância (sendo que os números indicados na tabela 7


representam os seus respectivos níveis pelo método quantitativo, que apresenta 4 níveis para
definir o planeamento das acções correctivas)

Tabela 7. Tabela de Severidade vs Probabilidade de ocorrência de riscos. (metódo Semi-


quantitativo). (Moreira,2010) Adaptado pelo autor
Severidadade 1 2 3
1 1 2 3
Probabilidade 2 2 4 6
3 3 6 9

Após a multiplicação da probabilidade e severidade é feita a descrição dos valores de modo a


definir as acções a tomar para minimizar/ controlar os riscos, onde os descritores das escalas (G e
P) assumem nomes diferentes e são gradados numa escala de 3 níveis.

A tabela 8 exemplifica a Matriz para estimar os Riscos (metódo-descritivo)

Tabela 8. Tabela de Severidade vs Probabilidade de ocorrência de riscos. (metódo Semi-


qualitativo). (Moreira,2010) Adaptado pelo autor
Nível de risco Severidade
Ligeiramente prejudicial (LP) Prejudicial(P) Extremamente Prejudicial (EP)
Probabilidade Baixa (B) Trivial (T) Tolerável (To) Moderado (Mo)
Média (M) Tolerável (To) Moderado (Mo) Importante (I)
Alta (A) Moderado (Mo) Importante (I) Intolerável (In)

27
Definição das classes de riscos

Depois de apresentar os valores atribuidos à probabilidade e à severidade, obtém-se um valor


numérico, resultado do produto da probabilidade e severidade, e em seguida é comparado à uma
faixa de valores extraidos da matriz de classificação de riscos, conforme ilustra a tabela 9.

Tabela 9. Valoração dos níveis de risco. (Moreira,2010) Adaptado pelo autor


Trivial &Tolerável Moderado Importante Intolerável

1-2 3-4 6 9

Tolerabilidade dos riscos

Segundo (Moreira,2010) é nesta fase que é feita a distribuição dos riscos e a sua classificação
consoante os resultados obtidos pela estimativa no método semi-quantitativo por cada sector
operacional da pedreira. A tabela 10 apresenta as medidas a tomar perante cada classe:

Tabela 10. Descrição da Tolerabilidade consoante o nivel de risco. (Moreira,2010) Adaptado


pelo autor
Classe de risco Análise da Aceitabilidade

Trivial & Tolerável Riscos considerados aceitáveis, onde não são requeridos controlos adicionais,
pode considerar-se a possibilidade de soluções cuja relação custo-benefício
seja mais favorável.
Moderdo Tem que ser feita a redução do risco para o nivel tolerável e as medidas tem
que ser implementadas num período de tempo definido.
Importante As medidas de redução de risco, devem ser implementadas com urgência,
mesmo que seja necessário a injecção de recursos conideráveis para
implementação das mesmas, assim como pode-se considerar a suspensão das
actividades.
Intolerável Devem ser alocados todos os recursos para minização dos mesmos; as
actividades devem ser suspensas, se não houver possibilidade de reduzir o
risco.

NB: Assume-se que um determinado risco é intolerável, caso ultrapasse os valores limite de
exposição estipulados na legislação.

28
5. CAPÍTULO IV

5.1. Apresentação dos resultados

De início o autor fez levantamento de dados das poeiras ocupacionais, ruído, gases e da água para
consumo, onde a posterior fez a comparação com a leis em vigor de modo auferir se os dados
ultrapassam os limites estabelecidos. Para cada área de estudo, nomeadamente, mina,
beneficiamento, manuntenção e diversos, o autor construíu diagramas que contém a lista de
operações e principais actividades que representam o mapeamento dos processos na pedreira. Em
seguida foi realizado o levantamento dos principais riscos que a pedreira apresenta, assim como a
determinação dos mesmos riscos em cada sector e activadade.
Por último, por meio da avaliação da significância autor fez a estimativa do nível de risco e a sua
classificação. Sendo que a posterior, com base no resultado do nível de risco, o autor propõs
medidas de controle para cada risco em cada sector.

5.1.5. Dados das Medições

✓ Poeiras ocupacionais: Durante a visita à pedreira foi possível constatar que os


colaboradores ficam demasiadas horas expostos a poeiras, com destaque para área de
perfuração, carregamento e transporte e na usina de beneficamento, onde, por meio de
equipamentos de medição e posterior tratamento dos dados foram obtidos as seguintes
médias ilustrados na tabela 11, sendo que os detalhes dos mesmos encontra-se em anexo
9.
Tabela 11. Poeiras Ocupacionais na mina
Poeiras ocupacionais (g/m3)
Concentração da massa Concentração da massa Teor de
Sector no 1º dia (mg/m3) no 2º dia (mg/m3) sílica (%)
Perfuração 24,6 23,1 4,6
Carregamento e transporte 13,7 13,4 1.2
Usinas de beneficiamento 21 22,6 3,9

29
✓ Ruído: Durante dois dias foi feito o levantamento dos níveis de ruídos aos quais os
colaboradores estão expostos, na fase de perfuração, no carregamento e transporte e no
beneficiamento, cujo equipamento utilizado foi o sonômetro, onde constatou-se que há uma
enorme exposição dos colaboradores aos ruídos emitidos pelos equipamentos, cujos dados
das médias estão ilustradas na tabela 12, e mais detalhes dos mesmos encontram-se em
anexo 7.
Tabela 12. Ruídos ocupacionais na mina
Ruído (DB)
Sector Média de ruído no 1º dia (DB) Média de ruído no 2º dia (DB)
Perfuração 100,9 100,4
Carregamento e transporte 76 72,9

Usinas de beneficiamento 87,3 88,3

✓ Emissão de gases (NO, NO2): Os colaboradores trabalham próximo aos equipamentos


móveis, especialmente no carregamento e transporte, onde os camiões não apresentam
vidros (conforme ilustrado no anexo 6.a), nem sistemas de ventilação. Fez-se também a
analise dos dados dos gases que são emitidos a superfície durante a detonação por meio do
equipamento gas.pro por 19 min, centrado na busca de dados do monóxido de azoto (NO)
e dióxido de azoto (NO2) no qual obteve-se os resultados encontrados na tabela 13, sendo
que os dados mais detalhados podem ser encontrados em anexo 8.

Tabela 13. Dados de monóxido de azoto (NO) e dióxido de azoto (NO2) durante a detonação
Tempo (min) NO (ppm) NO2 (ppm)
1 0 0,2683022
10 0 0,3000738
16 0 0,1854805

A tabela 14, apresenta os dados obtidos por meio de equipamentos de medição de poeiras, ruídos
e gases, e os limites estabelecidos pela lesgilação em vigor (RSTS)

30
Tabela 14. Comparação dos dados obtidos (Poeiras, Gases, Ruídos) com RSTS
Limites Processo Produtivo
(RSTS) Perfuração Detonação Carregamento e transporte Beneficimento
NO 20 ppm 0
Gases
NO2 10 ppm 0.25124
Poeiras 5 mg/m3 23.8 13.5 21.8
Ruídos 85 db 100.6 74.4 87.8
Ultrapassa os limites estabelecidos
Não ultrapassa os limites estabelecidos

✓ Água para Consumo Humano

Colhidas as amostras, foram realizados ensaios de modo a perceber se a água consumida na


pedreira, encontra-se dentro dos padrões estabelecidos na lei, concretamente para os parâmetros
fisicos (salinidade, sólidos totais dissolvidos, ph, condutividade, turbidez), assim como para os
parâmetros químicos (nitratos, ferro, sulfatos), sendo que os resultados são apresentados na tabela
15.

Tabela 15. Dados dos parâmetros da água consumida pelos colaboradores da pedreira e dos limites
estabelicidos no RQACH

Parâmetros Limites Admissíveis Resultados


Condutividade 50-2000 449 ųhm/cm
Sólidos Totais Dissolvidos 1000 mg/l 217 mg/l
pH 6,5-8,5 8,8
Turbidez 5 54,1 NTU
Ferro Total 0.3 mg/l 3,09 mg/l
Sulfatos 250 mg/l 16 mg/l
Nitratos 50 mg/l 25 mg/l
Salinidade 0,12 0,22

31
Ultrapassa os limites estabelecidos
Não ultrapassa os limites estabelecidos

5.1.6. Mapeamento dos Processos

Neste ponto é feita uma representação por meio de diagrama das principais actividades executadas
na pedreira.

Os diagramas (Fig 11. á 14.) foram construidos tendo em conta 3 pontos: 1º Área de Estudo; 2º
Operações Unitarias; 3º Principais Actividades.

32
Mina

•Demarção da malha de perfuração


•Transporte da perfuratriz e do compressor a
lavra
•Manuseio das hastes de perfução
Perfuração e •Ligação do tubo de ar entre o compressor e a
perfuratriz
Desmonte •Transporte dos Explosivos
•Carregamento de explosivos
•Interdição das vias durante o carregamento de
explosivos
•Rebentamento/Detonação

•Uso da escavadeira para carregamento do material


•Transporte do material até ao camião
Carregamento •Descarga do material no camião
•Transporte do material até ao britador
e Transporte •Descarga do material no britador
•Retorno do camião a área de carregamento do
material

•Inspecção do terreno
•Remoção do solo com recurso a escavadeira
Serviços de •Sistemas de drenagem de água da mina
•Posto de abastacimento dos equipamentos
Apoio •Levantamento topográfico

Fig. 11. Mapeamento dos processos na Mina

33
Beneficiamento

•Inspecção do alimentador e do estoque


•Troca de trilhos do alimentador
•Descarga do material no alimentador com recurso a
Alimentador um camião basculante

•Descongestionamento da boca do britador


•Ajuste das mandíbulas do britador
•Aceleração do desempenho do britador
Britador

•Troca das lonas de borracha da correias


transportadoras

Moagem

•Limpezas das estruturas;


•Troca das telas de peneira vibratória
Peneiramento

Fig. 12. Mapeamento dos processos de Beneficiamento

34
Manutenção

•Inspecção mecânica dos equipamentos


•Troca de revestimento do britador
Mecânica

•Montagem eléctrica da perfuratriz,compressor


•Inspecção eléctrica dos equipamentos
Eléctrica

•Manutenção da balança rodoviária


•Pintura
Civil

•Soldadura dos equipamentos

Armazém

Fig. 13. Mapeamento dos Processos na Manutenção

35
Diversos

•Actividades do escritório
•Transporte dos colaboradores
•Armazenamento de explosivos
Administração

•Descarga do material na frente de estoque


•Inspecção de estoque
•Carregamento do material particulado por meio de
Estocagem escavadeira ao camião

•Retirada das caçambas de entulho


•Limpeza das infra-estruturas
Serviços Gerais

•Pesagem dos camiões


•Segurança do Patrimônio
Átrio

Fig. 14. Mapeamento dos processos Diversos

36
5.1.7. Identificação dos Perigos na Pedreira

As tabelas abaixo (16 á 19) foram construídas no cumprimento da segunda etapa de estudo com
base na ferramenta WRAC onde apresentam as quatro áreas de estudo e os seus potencias perigos
por actividade.
5.1.7.1.Identificação dos perigos na mina
Tabela 16. Identificação dos perigos na mina consoante a actividade
Perigos

comportamento
Mapeamento Actividades

Gravitacional

(fixa/móvel)
do Processo

Explosivos
Ergonômia

(objectos)
Particulas

Mecânica
Pordutivo

inaláveis

Incêndio

Pessoal/
Elétrica

Ruído
Água

Luz
-Demarção da malha de perfuração X X
-Transporte da perfuratriz e do compressor a lavra X X X
-Manuseio das hastes de perfução X X X X
-Ligação do tubo de ar entre o compressor e a perfuratriz X X
Perfuração e -Transporte dos Explosivos X X X X
Desmonte
-Carregamento de Explosivos X X X
- Interdição das vias durante o carregamento de explosivos X
-Detonação X X X
-Uso da escavadeira para carregamento do material X X X X
-Transporte do material até ao camião X X X
Carregamento
e Transporte -Descarga do material no camião X X X X
-Transporte do material até ao britador X X
-Descarga do material no britador X X X X
-Retorno a zona de carregamento X X
-Levantamento topográfico X
-Inspecção do terreno X
Serviços de
Apoio -Remoção do solo com recurso a escavadeira X X X X
-Sistemas de drenagem de água da mina X
-Posto de abastacimento dos equipamentos X X

Continuação

Perigos

37
Mapeamento Actividades

Psicológico

Confinado
Radiaçôes

Vibração
do Processo

Terrestre
/Cultural
Quimico

Térmico
Residuo

Pressão
Espaço
Social
Pordutivo

-Demarção da malha de perfuração X X


-Transporte da perfuratriz e do compressor a lavra X
-Manuseio das hastes de perfução X X
-Ligação do tubo de ar entre o compressor e a perfuratriz X
Perfuração e
-Transporte dos Explosivos X X
Desmonte
-Carregamento de Explosivos X X
-Interdição das vias durante o carregamento de explosivos X
-Detonação X X
-Uso da escavadeira para carregamento do material X X
-Transporte do material até ao camião X X
-Descarga do material no camião X X
Carregamento -Transporte do material até ao britador X
e Transporte -Descarga do material no britador X X
-Retorno a zona de carregamento X
-Levantamento topográfico X X
-Inspecção do terreno X X
Serviços de -Remoção do solo com recurso a escavadeira X X X
Apoio
-Sistemas de drenagem de água da mina
-Posto de abastacimento dos equipamentos X

5.1.7.2.Identificação dos perigos no beneficiamento


Tabela 17. Identificação dos perigos no beneficiamento consoante a actividade
Perigos

comportamento
Mapeamento Actividades
Gravitacional

(fixa/móvel)
do Processo
Explosivos
Ergonômia

(objectos)
Particulas

Mecânica

Pordutivo
inaláveis

Incêndio

Pessoal/
Elétrica

Ruído
Água

Luz

-Inspecção do alimentador X
Alimentador -Troca de trilhos do alimentador X X
-Descarga do material no alimentador com recurso a um X X
camião basculante
-Descongestionamento da boca do britador X X X X
-Ajuste das mandibulas do britador X X X

38
Britagem -Aceleração do desempenho do britador X X X
Moagem -Troca das lonas de borracha das correias transportadoras X X
Peneiramento -Limpezas das estruturas; X
-Troca das telas de peneira vibratoria X X

Continuação

Perigos
Mapeamento
do Processo Actividades

Psicológico

Confinado
Radiaçôes

Vibração
Pordutivo

Terrestre
/Cultural
Quimico

Térmico
Residuo

Pressão
Espaço
Social
-Inspecção do alimentador X X
-Troca de trilhos do alimentador X
Alimentador
-Descarga do material no alimentador com recurso a um camião X
basculante
-Descongestionamento da boca do britador X X

Britagem -Ajuste das mandibulas do britador


-Aceleração do desempenho do britador X X
Moagem -Troca das lonas de borracha das correias transportadoras X X
-Limpezas das estruturas; X X X
Peneiramento -Troca das telas de peneira vibratoria

5.1.7.3.Identificação dos perigos da manutenção


Tabela 18. Identificação dos perigos da manutenção consoante a actividade
Perigos

Comportamen
Gravitacional

Mapeamento Actividades
(fixa/ móvel)
Explosivos
Ergonômia

do Processo
(objectos)
Particulas

Mecânica
Inaláveis

Incêndio

Pessoal/
Elétrica

Pordutivo

Ruído
Água

Luz

to
-Inspecção mecânica dos equipamentos X X X
Mecânica
-Troca de revestimento do britador X X X
-Montagem eléctrica da perfuratriz, compressor X X X X
Eléctrica
-Inspecção eléctrica dos equipamentos X X
-Manutenção da balança rodoviaria X X
Civil - Pintura X X
Armazém - Soldadura dos equipamentos X X X X X

39
Continuação

Perigos

Psicológico
Mapeamento Actividades

Confinado
Radiaçôes

Vibração
Terrestre
/Cultural
Quimico

Térmico
Residuo
do Processo

Pressão
Espaço
Social
Pordutivo

-Inspecção mecânica dos equipamentos X X X


-Troca de revestimento do britador X X
Mecânica
-Montagem eléctrica da perfuratriz, compressor X
Eléctrica
-Inspecção eléctrica dos equipamentos X
Civil -Manutenção da balança rodoviária X
-Pintura
Armazém -Soldadura dos equipamentos X X X X

5.1.7.4.Identificação dos perigos diversos


Tabela 19. Identificação dos perigos diversos consoante a actividade
Perigos

comportamento
Mapeamento Actividades

Gravitacional

(fixa/móvel)
do Processo

Explosivos
Ergonômia

(objectos)
Particulas

Mecânica
Pordutivo
inaláveis

Incêndio

Pessoal/
Elétrica

Ruído
Água

Luz
- Actividades do escritório X X X X
Administração -Transporte dos colaboradores X X
-Armazenamento de explosivos X X
-Descarga do material na frente de estoque X X X
Estocagem -Inspecção de estoque X X
-Carregamento do material particulado para o camião X X X
Serviços -Retirada das caçambas de entulho X
Gerais -Limpezas das infra-estruturas X X
Átrio -Pesagem dos camiões X X X
-Segurança do Patrimônio X X

Continuação

Perigos

40
Mapeamento

Psicológico

Confinado
Radiaçôes
do Processo Actividades

Vibração
Terrestre
/Cultural
Quimico

Térmico
Residuo

Pressão
Espaço
Pordutivo

Social
- Actividades do escritório X X
-Transporte dos colaboradores
Administração
-Armazenamento de explosivos X X
-Descarga do material na frente de estoque X X X

Estoque -Inspecção de estoque X X


-Carregamento do material particulado para o camião X X X
Serviços -Retirada das caçambas de entulho X X X
Gerais -Limpezas das infra-estruturas; X X X X
Átrio -Pesagem dos camiões X
-Segurança do Patrimônio

5.1.8. Classificação dos Riscos

Nas tabelas (20 á 23) estão representadas as fichas do WRAC, onde inicialmente apresenta a área
de estudo, os eventos indesejados, os actuais controles existentes, a classificação de risco semi-
quantiva com base na metodologia desenvolvida por Leinfelder e por Moreira e por último as
medidas de controle recomendadas.

Tabela 20. Registro da WRAC na Mina (adaptado pelo autor)

Mina
Evento Controles Probabilidade Severidade Nível de Medidas de controle
Indesejado Existentes Risco recomendadas
Exposição a Nenhum Frequente (3) Extremamente Intolerável Uso de máscaras; colocar
poeiras prejudicial (3) (9) aspersores de água na área de
perfuração e nas vias de
acesso; aquisição de vidro e
manter o local fechado e
climatizado na central de
beneficiamento.

41
Atropelamento Nenhum Provável (2) Extremamente Importante Aquisição de sinalização;
prejudicial (3) (6) illuminação nas vias de
acesso; fiscalização do limite
de velocidade; contratação de
mão-de-obra devidamente
habilitada para manejar os
equipamentos moveis; criar de
vias de acesso para peões.
Continuação

Mina
Evento Controles Probabilidade Severidade Nível de Medidas de controle
Indesejado Existentes Risco recomendadas
Exposição a Nenhum Frequente (3) Extremamente Intolerável Aquisição e uso de
ruídos prejudicial (3) (9) auscultadores; marcar com
sinais de alerta visíveis as
zonas de operações que
apresentam elevados níveis
de ruído.

Choque elétrico Nenhum Remota (1) Extremamente Moderado (3) Isolamento dos cabos
na montagem da prejudicial (3) eléctricos; Mão-de-obra
perfuratiz especializada no manuseio de
cabos de corrente eléctrica e
equipamentos móveis.

Continuação

Mina
Evento Controles Probabilidade Severidade Nível de Risco Medidas de controle
Indesejado Existentes recomendadas
Queda de Nenhum Remota (1) Extremamente Moderado (3) Colocar de leiras de
equipamentos prejudicial (3) segurança nas áreas
móveis operacionais; garantir
iluminação nas vias de
acesso; manutenção regular
dos equipamentos móveis.

Detonação não Nenhum Provável (2) Extremamente Importante (6) Contratação de um blaster,
planejada prejudicial (3) investir na formação e
capacitação no uso de
explosivos de forma correcta.

42
Continuação

Mina
Evento Controles Probabilidade Severidade Nível de Risco Medidas de controle
Indesejado Existentes recomendadas
Exposição a Nenhum Frequente (3) Ligeiramente Moderado (3) Uso contínuo dos EPI
Gases (NO, prejudicial (1) apropriado para áreas com
NO2) elevados índices;
Fiscalizações e medições
periódicas.

Exposição solar Nenhum Provável (2) Prejudicial (2) Moderado (4) O uso de ciclos de trabalho;
promover a hidratação
regular, uso de EPI;
Aquisição de equipamentos
com sistemas climatizadores.

Tabela 21. Registro da WRAC na Usina de beneficiamento (adaptado pelo autor)

Usina de beneficiamento
Evento Controles Probabilidade Severidade Nível de Risco Medidas de controle
Indesejado Existentes recomendadas
Desabamento Nenhum Remota (1) Extremamente Moderado (3) Reconstrução/ afastamento da
da central de prejudicial (3) central de beneficiamento
processamento com o britador; Aquisição de
corrimão, rodapé.

Atingimento Nenhum Provavél (2) Prejudicial (2) Moderado (4) Sensibilização aos
por material colaboradores a manter
particulado distância adequada a ficar
entre o equipamento
(britador) durante a operação;
Aquisição e uso de EPI,
assim como de vidros para
central.

Continuação

Usina de beneficiamento

43
Evento Controles Probabilidade Severidade Nível de Risco Medidas de controle
Indesejado Existentes recomendadas
Perda de Nenhum Provável (2) Extremamente Importante (6) Eliminação de procedimentos
membros na prejudicial (3) inseguros durante o trabalho;
estrutura do Extrema fiscalização,
britador realização de palestras e
treinamento correcto das
actividades a exercer;
Inspecção regular dos
equipamentos.

Exposição a Nenhum Frequente (3) Extremamente Intolerável (9) Aquisição e uso de


Ruídos prejudicial (3) auscultadores; manter a
cabine fechada.

Tabela 22. Registro da WRAC na Manutenção (adaptado pelo autor)

Manutenção
Evento Controles Probabilidade Severidade Nível de Risco Medidas de controle
Indesejado Existentes recomendadas
Queimaduras Nenhum Remota (1) Prejudicial (2) Tolerável (2) Aquisição e uso do EPI;
Térmicas desenvolver procedimentos
de operação.

Queda de Nenhum Remota (1) Extremamente Moderado (3) Isolamento da área;


objectos na prejudicial (3) Contratação de mão-de-obra
troca de especializada no içamento de
revestimento do cargas; Fiscalização pela
britador entidade competente.

Continuação

Manutenção
Evento Controles Probabilidade Severidade Nível de Risco Medidas de controle
Indesejado Existentes recomendadas
Utilização Nenhum Remota (1) Prejudicial (2) Tolerável (2) Aquisição de mão-de-obra
incorrecta de especializada; Indertição de
botijas de gás uso de cigarros durante o
sob pressão. manuseio do mesmo.

44
Tabela 23. Registro da WRAC nos Diversos (adaptado pelo autor)

Diversos
Evento Controles Probabilidade Severidade Nível de Risco Medidas de controle
Indesejado Existentes recomendadas
Contaminação Nenhum Frequente (3) Prejudicial (2) Importante (6) Criação de um sistema de
da água tratamento da água.

Incêndio nos Nenhum Remota (1) Extremamente Moderado (3) Guardar os cartuchos, o
escritorios prejudicial (3) cordel detonante e as cápsulas
(Presença de detonadoras em paióis e
explosivos) paolins separados.
Contaminação

Diversos
Evento Controles Probabilidade Severidade Nível de Risco Medidas de controle
Indesejado Existentes recomendadas
Postura Nenhum Frequente (3) Prejudicial (2) Importante (6) Sensibilização aos
Incorrecta colaboradores por meio de
palestras; aquisição de novo
material de escritório; o uso
de ciclos de trabalho de modo
a limitar a exposição dos
colaboradores a esse evento.

Ataque de Nenhum Remota (1) Prejudicial (2) Tolerável (2) Fiscalização das áreas
animais operacionais; Contratação de
pençohentos uma equipe especializada na
(serpentes, contenção, captura e manejo
escorpiões, de animais peçonhentos.
aranhas)

45
Na tabela 24 estão representados os resultados obtidos pela análise de riscos, onde apresenta o
evento indesejado e a sua respectiva classificação.

Tabela 24. Eventos indesejados segundo a classificação de Risco.

Evento Indesejado Nível de risco


Exposição a poeiras 9 (Intolerável)
Exposição a ruídos 9 (Intolerável))
Atropelamento 6 (Importante)
Detonação não planejada 6 (Importante)
Perda de membros na estrutura do britador 6 (Importante)
Contaminação da água 6 (Importante)
Postura incorrecta 6 (Importante)
Atingimento por material particulado 4 (Moderado)
Exposição solar 4 (Moderado)
Choque elétrico no manuseio da perfuratiz 3 (Moderado)
Queda de equipamentos móveis 3 (Moderado)
Exposição a Gases (NO, NO2) 3 (Moderado)
Desabamento da central de processamento 3 (Moderado)
Queda de objectos na troca de revestimento do britador 3 (Moderado)
Incêndio nos escritórios (Presença de explosivos) 3 (Moderado)
Queimaduras Térmicas 2 (Tolerável)
Utilização incorrecta de botijas de gás sob pressão 2 (Tolerável)
Ataque de animais peçonhentos (Serpentes, Escorpiões, Aranhas) 2 (Tolerável)

46
Discussão de Resultados
5.1.9. Mapeamento de Riscos

Conforme ilustra a figura 13, foram levantamentados dezanove eventos indesejadados na pedreira
Rugunate, distribuídos por diferentes sectores, nomeadamente: Mina, Beneficiamento,
Manutenção e Diversos, conforme ilustrados na figura 15.

Foram classificados toleráveis: queimaduras térmicas; radiações durante a soldadura e ataque de


animais peçonhentos. Os moderados são: atingimento por material particulado, exposição solar,
choque elétrico na montagem da perfuratiz, queda de equipamentos móveis, exposição a gases
(NO, NO2), queda de objectos na troca de revestimento do britador e incêndio nos escritorios.
Foram classificados importantes o atropelamento, detonação não planeada, perda de membros no
britador, contaminação da àgua e postura incorrecta. E por último, os intoleráveis que são: a
exposição a poeiras e a exposição ao ruído.

Pedreira Rugunate
4,5
4
3,5
3
Nr° de Riscos

2,5
2
1,5
1
0,5
0
Mina Beneficiamento Manutenção Diversos
Trivial/Tolerável 0 0 2 1
Moderado 4 2 1 1
Importante 2 1 0 2
Intolerável 2 1 0 0

Fig. 15: Diagrama da classificação de riscos por sector na Pedreira Rugunate

47
5.1.10. Tratamento de Riscos

A ferramenta de análise de riscos (WRAC) parte do presuposto que os colaboradores devem


transmitir as suas preocupações referentes as actividades desenvolvidas, no sector de trabalho, mas
também os factores que desencadeam esses eventos indesejados que podem comprometer a
segurança e saude dos colaboradores.

Portanto foi realizado um diálogo na busca de informações junto dos colaboradores sobre as
ocorrências potencialmente indesejadas para cada área, recorrendo para o efeito a um checklist dos
potencias perigos baseando-se nos pontos descritos na tabela n°3.

Em função das classificações dos riscos, foram propostas medidas de acções preventivas de modo
a garantir um ambiente seguro aos colaboradores. Especial atenção foi dada aos ríscos moderados,
importantes e intoleráveis, pois os riscos triviais e toleráveis não careceram de medidas de controle
a serem implementadas de imediato.

Foram classificados os eventos “exposição a poeiras e a exposição aos ruídos” como intoleráveis,
o primeiro no sector de perfuração devido à proximidade que o colaborador fica entre o a
perfuratriz sem EPI, de referir que o antigo colaborador desse sector, cessou as suas funções devido
a tuberculose e problemas respiratórios, causados pela exposição prolongada a poeiras.

O evento "perda de membros na estrutura do britador" foi considerada importante pois há registros
de que alguns colaboradores são chamados a intervir com as mãos, pernas, isto quando há
congestionamento do material fragmentado no britador.

Como medida de controle o autor sugeriu, a eliminação dos procedimentos inseguros durante o
trabalho, extrema fiscalização, realização de palestras e treinamento correcto das actividades a
exercer, inspecção regular dos equipamentos antes de utilizá-las.

48
6. CAPITULO V

6.1. Conclusão

Tendo em conta os objectivos do trabalho, são apresentadas algumas notas em jeito de conclusão,
sendo que:

Foram levantados oito riscos na mina, quatro no beneficiamento, três na manuntenção e três nos
diversos, totalizando dezanove riscos na pedreira, que foram priorizados de modo a determinar o
nível de risco (trivial, moderado, importante ou intolerável) de cada um, dando prioridade aos
riscos intoleráveis, sendo que os que mais se destacam são exposição a poeiras e a ruídos. Estes
dados mostram uma grande deficiência por parte da empresa no aspecto segurança, pois não existe
nenhum plano de análise de riscos, não há trabalhadores qualificados para execução dos trabalhos.

Com auxílio de equipamentos de medição e por meio de análises laboratoriais foi possível
constatar que na mina e no beneficiamento os colaboradores ficam expostos a elevados níveis de
poeiras e ruídos por várias horas, cujos dados das medições chegam a ultrapassar os limites
estabelecidos pelo regulamento. O mesmo sucede na análise de água para consumo, cujos dados
provam que alguns parâmetros ultrapassam os limites estabelecidos na lei, o que indica que a água
testada deve ser tratada antes de consumida.

A inclusão dos equipamentos de medição, assim como a guia de entrevista e registos fotográficos
para descrição dos eventos indesejados não comprometeram os resultados obtidos, mas sim
serviram de evidências para os resultos obtidos pela ferramenta.

Em suma a ferramenta de análise de riscos WRAC (Workplace Risk Assessment Control), com
auxílio da metodologia de Moreira (sendo passível a modificação), mostraram-se eficazes e através
dos mesmos, foi possível análisar os principais riscos associados a exploração de riólitos, de forma
a priorizar os riscos intoleráveis.

49
6.2. Recomendações

As principais recomendações que o autor deixa, tanto para os colaboradores assim como para a
gestão da pedreira, são:

✓ Que o técnico de higiene e segurança faça e refaça periódicamente a análise de risco antes
de iniciar as actividades, com recurso a ferramenta WRAC auxiliado pela metodologia de
Moreira;
✓ Elaboração de um plano de formação, onde os colaboradores serão capacitados a identificar
os riscos a que estão expostos;
✓ A implementação de um programa de gestão de riscos de forma a garantir a redução de
riscos com auxílio da norma ISO 45001 e o com o RSTS;
✓ Desenvolvimento e aplicação de procedimentos de operação;
✓ A aquisição e uso de EPI e EPC;
✓ Investir na aquisição de equipamentos móveis e na manutenção preventiva dos mesmos;
✓ Aos trabalhadores recomenda-se que estes exijam da entidade empregadora a criação de
melhores condições de trabalho e a denunciar todas as irregularidades as entidades
competentes para que estas tomem medidas correctivas de modo a evitar que estas graves
violações continuem.

50
Referências Bibliográficas
❖ ASSUNÇÃO, C. F. (1962) Petrologia das lavas dos libombos: Moçambique: subsídios
para o seu conhecimento.
❖ BAÚQUE, G. A. (2005). Caracterização Petrográfica e geoquímica dos basaltos e
doleritos da Cadeia Vulcânica dos Libombos. Tese de Licenciatura. Departamento de
Geologia da UEM.
❖ BRITISH STANDARDS INSTITUTION- BSI. Guide to occupational health and safety
management systems- BS 8800, London, 1996
❖ CUMBANE, S, A (2007); O uso de Classificação Supervisada na
Caracterização e diferenciação dos riolitos e basaltos dos Libombos; Departamento de
Geologia-UEM.
❖ Decreto n. º180/2004. Regulamento sobre a Qualidade da Água para o Consumo Humano
❖ Decreto n. º61/2006. Regulamento da segurança técnica e de Saúde nas Actividades
Geológico-Mineiras -I Serie. Ministério dos Recursos minerais e energia
❖ D.N.G. (2006). Noticia Explicativa da Carta Geologica de Moçambique. Maputo: GTK
Consortium e D.N.G
❖ GTK Consortium (2006); Noticia Explicativa; Volume1, Escala 1:250000.
❖ LAPA, REGINALDO. (2006) Metodologia de Identificação de Perigos e Avaliação de
Riscos Ocupacionais. Dissertação de Mestrado, Universidade de São Paulo
❖ Lei n. º20/2014. Lei de Minas -I Serie. Ministério dos Recursos minerais e energias
❖ LEINFELDER, ROBSON. (2016) Análise de Riscos para Redução de Riscos de
Segurança em uma Pedreira Paulista. Dissertação de Mestrado, Universidade de São
Paulo
❖ MOREIRA, Y.A.A. (2014). Analise dos Riscos Ocupacionais dentro de uma panificadora.
Monografia em Engenharia de Segurança e Trabalho.Universidade tecnológica federal do
paraná
❖ MOREIRA, ARLINDO. (2010) Segurança e Saúde no Trabalho. 2º edição, Lisboa
❖ NORMA INTERNACIONAL ISO 45001 (2018) Sistema de Gestão de Saúde e Segurança
Ocupacional. 1° edição.

51
Anexo 1- GUIA DE ENTREVISTA

1. Nome?

2. Sexo?

3. Idade?

4. Nível de escolaridade?

5. Quantos anos de serviço?

6. Sector de trabalho? Actividade?

7. Quais são os perigos que estão expostos?

8. Quais são os agentes de risco no seu sector? Intensidade dos mesmos:

Alta-porquê?

Media-porquê?

Baixa-porquê?

9. Existem medidas de controle dos riscos da empresa?

10. Como classifica o ambiente de trabalho quanto a: iluminação, ruído, vibrações e condições
atmosféricas?

11. No local de trabalho que tipo de riscos considera que os trabalhadores estão mais sujeitos
(exemplo, ruído, vibrações, produtos químicos, radiações, calor/frio, bactérias, etc.)?

12. Os trabalhadores dispõem de locais sociais adequados ou instalações sociais no local de


trabalho (vestiários, lavabos, refeitório, etc.)?

13. São feitas regularmente inspecções de segurança, com documentação dos resultados? Qual é
a periodicidade?

14. É dada informação acerca dos perigos inerentes ao posto de trabalho e das medidas de
prevenção adequados? Como? Qual é a periodicidade?

15. Que instrumentos a direção usa para motivar os seus colaboradores a desempenharem bem as
suas tarefas?

16. Os trabalhadores colaboram na identificação dos factores de risco? Participam no processo de


planeamento das medidas mais relevantes para a higiene e segurança da empresa? E nos

52
processos de incremento de medidas respeitantes à organização (operações, horários de trabalho,
pausas, etc.)?

17. A direção da pedreira estimula o aperfeiçoamento profissional dos trabalhadores (novos,


temporários ou efectivas) através da implementação de acções de formação?

18. Na empresa já ocorreu algum tipo de acidente (por exemplo, queda em altura, corte/ferida,
queimadura, etc.)? Onde? Gravidade?

19. Os acidentes e incidentes e quaisquer outras perturbações operacionais são submetidas a


análise com resultados documentados?

20. Quais são os equipamentos de protecção individual que os trabalhadores usam diariamente?

21. A empresa dispõe de material de primeiros socorros (caixa de primeiros socorros ou pequena
farmácia)?

22. Quando necessário são contratados consultores ou especialistas de higiene e segurança do


trabalho?

23. Quais são os principais problemas em que se depara na área de higiene e segurança na
pedreira? Na sua opinião, qual seria a melhor forma ou o que pode ser feito para resolver esses
problemas?

53
FIGURAS ILUSTRATIVAS DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO NA PEDREIRA

Anexo. 2: a) Explosivos (ANFO) distribuídos na área onde pretende-se fazer a detonação; b)


Ligação em série do cordel detonante.

54
a

Anexo. 3: a) Carregamento e transporte do material fragmentado; b) Pá carregadeira depositando


o material fragmentado no alimentador (Funcionário na central de beneficiamento, sem EPI,
exposto a poeiras e ao atingimento de material fragmentado).

55
a

Anexo. 4: a) Britador; b) Correia Transportadora.

56
a b

Anexo. 5: a) Colaboradores sem EPI; área sem leira de segurança; b) Pá carregadeira numa via
de acesso sem leiras de segurança.

b
a

Anexo. 6: a) Camião utlizado para o transporte do material, sem vidros, e com os sistemas
luminosos danificados; b) Vias de acesso estreitas, sem sinalização e iluminação.

57
TABELAS
RESULTADOS DA MEDIÇÃO DE RUÍDOS
Anexo. 7: Dados das emissões de ruídos por hora.
Ruído (DB)
Perfuração Carregamento e Transporte Usinas de Beneficiamento
1º dia-6h 2º dia-6h 1º dia-8h 2º dia-8h 1º dia-8h 2º dia-8h
101,5 99,9 80,5 76,4 89,7 90
101,2 100,2 70 72,9 88,2 86,7
101,7 100,2 70 72,6 88,9 87,2
100,7 101 81,9 72 91,2 91,9
100,3 100 82,9 71,9 86,1 90,1
100 101,1 76,3 74,8 87,2 91,2
Media= 100,9 100,4 70 70,2 85,9 85
77 72,4 86 85
=76 =72,9 =87,9 =88,3

GASES (NO, NO2) - Durante a Detonação


Anexo. 8: Dados dos gases NO, NO2 emitidos a superficie durante a detonação

Tempo (Min) NO (ppm) NO2 (ppm)


1 0 0,2683022
2 0 0.1765646
3 0 0.2683022
4 0 0.2228355
5 0 0.2683022
6 0 0.2690167
7 0 0.2702057
8 0 0.2465436
9 0 0.2253031
10 0 0.3000738
11 0 0.3435896
12 0 0.2041037
13 0 0.27541
14 0 0.4314905
15 0 0.2265333
16 0 0.1854805
17 0 0.2053533
18 0 0.2033529
19 0 0.2477544

58
POEIRAS OCUPACIONAIS- Dados das Concentrações Iniciais/Finais
Anexo. 9. Dados iniciais e finais dos filtros por meio de pesagem,
1ºDia 2ºDia
Perfuração C&T Beneficiamento Perfuração C&T Beneficiamento
0,0414g 0,0413g 0,0415g 0,0415g 0,0411g 0,0413g
0,0415g 0,0411g 0,0415g 0,0414g 0,0412g 0,0415g
0,0415g 0,0412g 0,0415g 0,0415g 0,0412g 0,0414g
Média
0,0415g 0,0412g 0,0415g 0,0415g 0,0412g 0,0414g
Finais
0,0610 0,0520 0,0582 0,0600 0,0518 0,0592

COORDENADAS GEOGRÁFICAS
Anexo. 10. Coordenadas geográficas dos equipamentos de medição na colecta de dados
Coordenadas Geográficas

Perfuração Carregamento e Transporte

1° Dia 2° Dia 1°Dia 2°Dia

Poeiras 26°02’55”S 32°14’09”E 26°02’55”S 32°14’09”E 26°02’55”S 32°14’10”E 26°02’55”S 32°14’10”E


Ocupacionais

Ruído 26°02’55”S 32°14’09”E 26°02’55”S 32°14’09”E 26°02’55”S 32°14’10”E 26°02’55”S 32°14’10”E

Processamento Detonação

1°Dia 2°Dia

Poeiras 26°02’54”S 32°14’09”E 26°02’54”S 32°14’20”E


Ocupacionais

Ruído 26°02’54”S 32°14’09”E 26°02’54”S 32°14’20”E

Gases 26°02’56”S 32°14’10”E

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