2022 CDS 230

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Ano 7 | Nº 230| junho | 2022

Agropecuária

Cajucultura

Maria Simone de Castro Pereira Brainer


Engenheira Agrônoma. Mestre em Economia Rural
[email protected]

Resumo: A área mundial colhida de castanha de caju é de 7,1 milhões de hectares (2020), com maior
concentração em Costa do Marfim (28,6%), Índia (15,7%) e Tanzânia (11,5%). O Brasil está na sexta
posição, com 426,1 mil ha (2020), sendo 99,7%, na Região Nordeste. Entre 2012 e 2019, os anos de
estiagem, agravados pela ocorrência de pragas e doenças, ocasionaram elevado índice de mortalidade
de plantas, com redução de grandes áreas, nos principais estados produtores: Ceará (-32,6%), Piauí
(-58,1%) e Rio Grande do Norte (-60,3%), provocando a perda de 43,5% da área de caju do Nordeste
e de 43,7%, do Brasil. Diante disso, os Governos desses estados criaram programas de distribuição de
mudas de cajueiro-anão-precoce para reposição das áreas, o que gerou bons resultados. Mas, pas-
sados os momentos mais críticos, as preocupações com a cajucultura parecem ter se arrefecido. Em
2021, houve um pequeno avanço de 0,2% na área colhida e uma perspectiva de queda de 0,4%, no ano
de 2022. A pequena velocidade com que essas áreas estão sendo replantadas, mesmo com varieda-
des mais produtivas, não está sendo suficiente para recuperar a perda de produção naquele período.
Enquanto muitos produtores mundiais aumentaram suas participações, a partir do envolvimento de
todos os atores da cadeia da cajucultura e do apoio do Ministério da Agricultura desses Países, o Brasil
vem diminuindo sua participação, que tem oscilado em torno de 3,2%, e perdendo posição, podendo
chegar ao 12º lugar, em 2022. No final dessa análise, são apresentadas algumas diretrizes que pode-
riam ser executadas, com o envolvimento efetivo de todos os componentes da cadeia e, em especial,
com o maior interesse e participação do Governo Federal, para que haja um avanço consistente dessa
atividade em níveis nacional e mundial.
Palavras-chave: Cajucultura; castanha; Nordeste; Brasil.

ESCRITÓRIO TÉCNICO DE ESTUDOS ECONÔMICOS DO NORDESTE - ETENE


Expediente: Banco do Nordeste: Luiz Alberto Esteves (Economista-Chefe). Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste - ETENE: Tibério R. R. Bernardo
(Gerente de Ambiente). Célula de Estudos e Pesquisas Setoriais: Luciano F. Ximenes (Gerente Executivo), Maria Simone de Castro Pereira Brainer, Maria de Fátima
Vidal, Jackson Dantas Coêlho, Kamilla Ribas Soares, Fernando L. E. Viana, Francisco Diniz Bezerra, Luciana Mota Tomé, Biágio de Oliveira Mendes Júnior. Célula de Gestão
de Informações Econômicas: Bruno Gabai (Gerente Executivo), José Wandemberg Rodrigues Almeida, Gustavo Bezerra Carvalho (Projeto Gráfico), Hermano José Pinho
(Revisão Vernacular), Naate Maia Muniz e Vicente Anibal da Silva Neto (Bolsistas de Nível Superior).
O Caderno Setorial ETENE é uma publicação mensal que reúne análises de setores que perfazem a economia nordestina. O Caderno ainda traz temas transversais na
sessão “Economia Regional”. Sob uma redação eclética, esta publicação se adequa à rede bancária, pesquisadores de áreas afins, estudantes, e demais segmentos
do setor produtivo.
Contato: Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste - ETENE. Av. Dr. Silas Munguba 5.700, Bl A2 Térreo, Passaré, 60.743-902, Fortaleza-CE. http://www.bnb.
gov.br/etene. E-mail: [email protected]

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1 Panorama Da Cajucultura No Mundo


1.1 Produção de castanha de caju
Área
A área mundial colhida de castanha de caju é de 7,1 milhões de hectares (2020), com maior con-
centração em Costa do Marfim (28,6%), Índia (15,7%) e Tanzânia (11,5%), cujas áreas continuam cres-
cendo, respectivamente, a taxas de 6,3%, 1,0% e 7,8% a.a., contribuindo para o incremento mundial
na área de caju, de 3,0% a.a. O Brasil possui a sexta maior área, com a participação de 6,0% do total
mundial. Em 2012, possuía a terceira maior área, com a participação de 13,6% da área mundial, per-
dendo, em oito anos, 330,7 mil ha, a uma taxa anual de -6,9%, em função, principalmente, dos longos
períodos de estiagem na Região Nordeste, onde se concentra a produção nacional, acarretando a mor-
te de grande número de árvores. Em 2021, houve um pequeno avanço de 0,2% na área colhida e uma
perspectiva de queda de 0,4%, no ano de 2022 (Gráfico 1).
Gráfico 1 – Desempenho da área colhida com castanha de caju no Brasil e no mundo

Fonte: Adaptado pela autora de Faostat (2022). Nota: Dados de 2021 e 2022 estimados a partir das informações do INC (2022) e COMMODAFRICA (2022b).
Dados do Brasil – IBGE/PAM (2022); IBGE/LSPA (Dezembro de 2021; abril de 2022).

Produção
O principal produtor mundial de castanha de caju é Costa do Marfim, com 848,7 mil toneladas, em
2020 (Gráficos 2 e 3). Essa posição foi conquistada, principalmente, devido à grande extensão de sua
área (2,0 milhões de ha), visto que a produtividade de seus pomares (417 kg/ha) é inferior à média
mundial (589 kg/ha).
A Índia é a segunda maior produtora, com 772,8 mil t, em 2020. Até 2019, vinha-se mantendo em
primeiro lugar, tanto em função da grande extensão de área com cajueiros (1,1 milhão de ha), como de
sua produtividade (693 kg/ha) maior que média mundial (Gráficos 2 e 3). Por ter sido um dos primeiros
produtores de castanha de caju, ainda possui muitos cajueirais tradicionais, mas a expansão de suas
áreas está sendo realizada com espécies mais produtivas.
O Vietnã não está entre os Países que possuem as maiores áreas (280,9 mil ha), mas devido à sua
elevada produtividade (1.241 kg/ha), torna-se o terceiro maior produtor mundial, com 348,5 mil t
(Gráficos 2 e 3). Vale salientar que, desde a década de 1990, iniciou-se o plantio exclusivo do cajuei-
ro-anão-precoce, sendo um importante componente para o desenvolvimento da cajucultura no País,
além do trabalho da Associação do Caju no Vietnã (VINACAS) e do apoio governamental, com inves-
timento em coleta e reprodução de germoplasma, gerenciamento integrado da colheita, projetos de
extensão, maior proximidade entre os produtores rurais, cientistas, elaboradores de políticas e com-
panhias; maior proximidade também da Associação com o processamento, a comercialização e com o
apoio governamental.
Informação Importante
No Caderno Setorial Etene, ano 5, nº 114, maio, 2020, colocou-se uma nota indicando uma divergência entre outras fontes de
informações com os dados da Faostat (acesso em 10 fev. 2020) que apontavam o Vietnã como principal produtor mundial de castanha
de caju. Acredita-se que houve uma revisão e acerto daqueles dados, levando o País à sua real posição como produtor mundial de
castanha de caju.

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Burundi apareceu nas estatísticas da Faostat no ano de 2017, com dados de área e produção idên-
ticos aos do Vietnã. No ano de 2019, o País apareceu posicionado em quarto lugar, com a produção de
283,3 mil toneladas e área de 276,4 mil hectares; e, em 2020, com 300,9 mil toneladas, área de 277,6
mil hectares e elevada produtividade (1.084 kg/ha) (Gráfico 3). Embora esta cultura seja praticada
na África há anos, recentemente, as autoridades governamentais de Burundi começaram a mobilizar
recursos para promover e diversificar as culturas de exportação, visando diminuir o déficit na balança
comercial. Assim, além da promoção de plantio de novas árvores de cajueiro e outras, os diplomatas do
País estão saindo à procura de mercados para os produtos locais (NKURUNZIZA, 2020).
As Filipinas possuem uma pequena participação mundial na área com cajueiros (0,4%, equivalente
a 29,7 mil ha), mas se destaca por sua elevadíssima produtividade (8.626 kg/ha), a partir do aumento
do uso de técnicas e métodos agrícolas modernos, tornando-se o quinto maior produtor mundial, com
256,0 mil t de castanha de caju, em 2020 (Gráfico 3).
O Camboja, nação do Sudeste Asiático surge como sexto maior produtor mundial de castanha de
caju. O INC (2022), em sua previsão de safra do caju 2021/2022, incluiu o Camboja, em 2021, com a
produção de 190 mil toneladas; e em 2022, com 250 mil toneladas. Ainda que não existam dados ofi-
ciais da Faostat sobre produção de castanha de caju, em anos anteriores, essas informações foram con-
sideradas na presente análise, pois, segundo Virak (2021): (1) o Camboja tem mais de 500 mil hectares
de plantações de caju, com rendimento médio de 1,5 t/ano; (2) o relatório do Ministério da Agricultura,
Florestas e Pescas, do Camboja, informa que o País exportou 219,0 mil toneladas de castanha de caju,
em 2020, um aumento de 8,2% em relação a 2019 (202,3 mil toneladas); (3) nos primeiros sete meses
de 2021, o País exportou 866,2 mil toneladas de castanha de caju, um aumento de 345,3% em relação
ao mesmo período de 2020; (4) e o governo cambojano está preparando um projeto de política nacio-
nal, para fortalecer a capacidade de cultivo, processamento e exportação de produtos de caju para os
mercados local e externo (VIRAK, 2021).
Reforçando esta informação, a Associação do Caju do Vietnã (Vinacas) informou que as importações
vietnamitas de castanha de caju do Camboja passam de cerca de 216,0 mil toneladas, em 2020, para
mais de 1,1 milhão de toneladas, em 2021, representando, assim, quase 39% do total das importações
de castanha de caju do Vietnã, que teria importado 2,8 milhões de toneladas, em 2021, quase o dobro
do ano anterior (COMMODAFRICA, 2022 b). O Camboja está desenvolvendo consideravelmente seu
setor produtivo, mas ainda não possui uma indústria de processamento, sendo o mercado vietnamita
seu principal destino (COMMODAFRICA, 2022b). As informações de mercado também não constam
nos dados oficiais da Faostat, mas confirmam o que foi dito por Virak (2021).
Entretanto, uma outra fonte informa que “o Vietnã importou cerca de 3,5 milhões de toneladas de
castanha de caju in natura, em 2021. Isso não apenas excede os volumes importados, em 2020, em
mais de 81%, mas também estabelece um novo recorde. Os volumes excepcionalmente altos importa-
dos do Camboja permanecem suspeitos” (MUNDUS AGRI, 2022).
O Brasil ficou em 11ª colocação, em 2020, com a produção de 139,9 mil toneladas, em uma área de
426,1 mil hectares. Entre 2012 e 2020, enquanto muitos produtores aumentaram suas participações,
elevando em 38,8% a produção mundial, a participação do Brasil tem oscilado em torno de 3,2% e sua
distância comparada aos principais produtores mundiais tem aumentado, não apenas em consequên-
cia das perdas de áreas, nas principais regiões de cultivo, mas também pela baixa produtividade dos
pomares. Dentre os principais produtores mundiais, o Brasil é um dos que possui a menor produtivida-
de, devido, principalmente, aos seguintes fatores: grande parte dos pomares é composto por cajueiros-
-comuns (também chamados de gigantes, em função do seu grande porte), em fase de declínio natural
de produção; e a remuneração ao produtor é insuficiente para cobrir os custos com adoção de práticas
culturais que aumentem a produtividade.
No ano de 2021, com a queda de 20,9% da produção, a participação nacional caiu para 2,5% da
produção mundial (4,4 milhões de toneladas) e o Brasil passou a 13ª posição. Mas, com a perspectiva
de um aumento na produção (+5,9%), no ano de 2022, poderá aumentar sua participação para 2,7%, e
recuperar um pouco sua posição, para 12º produtor mundial (Gráfico 3; Gráfico 4).

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Gráfico 2 – Evolução da produção de castanha de caju nos principais países produtores, comparada
com a do Brasil

Fonte: Adaptado pela autora de Faostat (2022). Nota: Dados de 2021 e 2022 estimados a partir das informações do INC (2022). Dados do Brasil – IBGE/PAM
(2022); IBGE/LSPA (Dezembro de 2021; abril de 2022).

Gráfico 3 – Maiores produtores mundiais de castanha de caju, em 2022

Fonte: Adaptado pela autora de Faostat (2022). Nota: Dados de 2021 e 2022 estimados a partir das informações do INC (2022). Dados do Brasil – IBGE/LSPA
(abril de 2022).

Gráfico 4 – Evolução da produção mundial de castanha de caju e participação do Brasil

Fonte: Adaptado pela autora de Faostat (2022). Nota: Dados de 2021 e 2022 estimados a partir das informações do INC (2022). Dados do Brasil – IBGE/PAM
(2022); IBGE/LSPA (Dezembro de 2021; abril de 2022).

1.2 Produção de pedúnculo do caju


O Brasil é um grande produtor mundial de pedúnculo de caju1, produzido por apenas quatro Países
(Brasil, Mali, Madagascar e Guiana). Em 2020, a produção mundial foi de 1,35 milhão de toneladas e
o Brasil participou com 81,5% desse volume, parcela que caiu com o aumento da participação de Mali
(12,8%) e Madagascar (5,7%) (Gráfico 5).
Entre 2012 e 2020, o Brasil perdeu 43,7% de sua área e a produção acompanhou o mesmo processo
de queda (-38,8%), visto que o aumento da produtividade (+8,6%) não foi suficiente para compensar
as perdas. Vale salientar que essa área é a mesma computada para produção nacional de castanha de
caju, 426,1 mil ha, em 2020. Observa-se, então, que grande parte da variedade produzida ainda é de

1 Chamado de cashew apple pela Faostat e traduzido também como maçã do caju.

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cajueiros-comuns, mas a produtividade média vem se recuperando gradativamente, com o plantio de


cajueiro-anão nas áreas perdidas, principalmente com a morte de cajueirais antigos.
A participação do Brasil relativa à área mundial de castanha de caju é insignificante (apenas 6,0%,
em 2020), no entanto, representa 86,3% em relação à produção de pedúnculo. Da mesma forma, a
produção nacional de castanha de caju representa 3,3% do total mundial (2020), o que revela que o
Brasil está longe de competir com os principais produtores mundiais, entretanto, é o maior produtor
de pedúnculo.
O Brasil ainda é o maior consumidor de derivados do pseudofruto, sucos, cajuínas e doces, destina-
dos somente para o mercado interno, mas pode vir a ser também o maior exportador desses subpro-
dutos do caju, com o avanço das pesquisas na busca de materiais com maior consistência de polpa para
aumentar a vida de prateleira; e com baixo teor de tanino, para ampliar o número de consumidores
(OLIVEIRA, 2019).
Gráfico 5 – Evolução da área, produção e produtividade do pedúnculo do caju, no mundo e no Brasil

Fonte: Adaptado pela autora de Faostat (2022).


Nota: Produção e rendimento nacionais de 2021 e 2022 estimados, a partir dos dados do IBGE/LSPA (Dezembro de 2021 e abril de 2022).

2 Panorama da Cajucultura no Brasil e no Nordeste2


2.1 Produção de castanha de caju no Brasil e Nordeste
O Brasil possuía, em 2020, 426,1 mil hectares plantados com cajueiro, localizados, principalmente,
na Região Nordeste (99,7%). Os principais produtores nordestinos são o Ceará, onde se encontra mais
da metade da área colhida (63,5%), Piauí e Rio Grande do Norte, cujas áreas somam 28,7%, restando
7,8% que ficam distribuídos entre os demais produtores dessa mesma Região. Vale destacar que o
Ceará também possui a maior parcela da área nacional (63,3%) (Tabela 1).
Entre 2012 e 2019, os anos de estiagem, agravados pela ocorrência de pragas e doenças (mosca
branca, antracnose e oídio), ocasionaram elevado índice de mortalidade de plantas, com redução de
grandes áreas nesses três estados: Ceará (-32,6%), Piauí (-58,1%) e Rio Grande do Norte (-60,3%), pro-
vocando a perda de 43,5% da área de caju do Nordeste e de 43,7%, do Brasil (IBGE/PAM, 2022).
Diante de todos esses problemas, os Governos desses três estados criaram programas de distribui-
ção de mudas de cajueiro-anão-precoce aos agricultores, sobretudo agricultores familiares, em muni-
cípios que possuem maior vocação ao cultivo do caju. E o resultado dessa ação pode ser observado,
através do aumento do rendimento e da produção, referente ao mesmo período de perdas de áreas de

2 Esse estudo se restringirá somente à Região Nordeste do Brasil porque, no norte dos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo, que fazem parte da Área de
Atuação do BNB, não há produção de caju.

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cajueiro-gigante: Piauí (477,8% do rendimento; 142,4% da produção); Ceará (238,5% do rendimento;


127,2% da produção) e Rio Grande do Norte (136,0% do rendimento; -6,3% da produção). Somente
neste último estado, o aumento do rendimento não foi suficiente para elevar a produção acima das
perdas (IBGE/PAM, 2022).
Aquela situação negativa transformou-se em oportunidade para a substituição do cajueiro-gigante
pelo cajueiro-anão-precoce, mais resistente ao estresse hídrico, mais produtivo e que, pelo seu peque-
no porte, pode favorecer maior rentabilidade, também, por possibilitar o aproveitamento do pedúncu-
lo, na forma in natura, como caju de mesa; ou processado, como suco, cajuína e doce (FREIRE, 2020).
Hoje (2022), a área ocupada com cajueiro, no Brasil, está sendo estimada em 425,2 mil hectares,
sendo 63,9%, no Ceará; 17,2%, no Piauí; e 11,7%, no Rio Grande do Norte. E, no Nordeste, a estimativa
é de 424,0 mil hectares, o que representa 99,7% da área nacional, cuja distribuição está apresentada
no Gráfico 6. A produção nordestina está sendo estimada em 116,4 mil toneladas, provenientes princi-
palmente do Ceará, do Piauí e do Rio Grande do Norte, que somam 106,2 mil t, equivalentes a 90,6% da
produção nacional, com destaque para o Ceará que contribuiu com 54,1% dessa parcela. O Nordeste
responde por quase toda a produção brasileira de castanha de caju (99,3%), portanto, o que ocorre
nessa Região reflete semelhantemente, no País (Tabela 1).
Entre 2019 e 2022, a área nacional caiu 0,2%, situação que foi agravada pela queda de 15,2% do
rendimento, provocando uma queda de 15,4% na produção. No período de apenas um ano (entre 2020
e 2021), a queda do rendimento foi de 20,9% e a produção seguiu a mesma proporção (-20,9%). E esse
quadro nacional é reflexo do mesmo quadro da Região Nordeste (Tabela 1). Passados os momentos
mais críticos, as preocupações com a cajucultura parecem ter se arrefecido e, diga-se de passagem,
políticas estaduais, pois, não se ouve falar de políticas nacionais para o soerguimento da produção de
caju, parecendo ser apenas um problema regional. No entanto, seus reflexos são vistos em nível mun-
dial, como apresentado anteriormente (Gráficos 1 a 4).
Tabela 1 – Indicadores de produção de castanha de caju, no Brasil, por Região e estados do Nordeste
País/ Área colhida (ha) Produção (t) Rendimento (kg/ha) Valor da produção (Mil Reais)
Região/
Estados 2019 2020 2021¹ 2022¹ 2019 2020 2021¹ 2022¹ 2019 2020 2021¹ 2022¹ 2019 2020 2021² 2022²

Brasil 426.302 426.131 426.813 425.244 138.597 139.921 110.669 117.228 325 328 259 276 385.889 451.625 469.237 497.047

Nordeste 424.990 424.861 425.589 424.005 137.708 139.078 109.862 116.372 324 327 258 274 383.890 449.893 465.815 493.417

Ceará 269.819 269.900 271.071 271.636 87.659 85.177 63.076 63.444 325 316 233 234 256.395 80.602 285.734 346.087

Piauí 69.380 71.132 72.327 73.027 21.631 23.155 19.020 25.070 312 326 263 343 52.666 64.765 79.694 124.723

Rio Grande
51.397 50.846 50.378 49.611 16.862 17.524 16.667 17.659 328 345 331 356 48.827 60.102 87.252 98.272
do Norte

Maranhão 12.550 11.214 10.860 9.006 3.946 3.726 3.574 3.285 314 332 329 365 6.835 7.249 12.259 7.804

Bahia 15.428 15.466 15.000 15.000 2.438 4.017 3.500 2.865 158 260 233 191 7.878 12.281 16.870 9.991

Pernambuco 2.377 2.307 2.235 2.228 3.942 4.125 2.833 2.890 1.658 1.788 1.268 1.297 8.292 21.066 10.454 16.002

Paraíba 3.406 3.194 2.941 2.771 868 823 668 678 255 258 227 245 2.113 2.308 2.685 2.193

Alagoas 633 802 777 726 362 531 524 481 572 662 674 663 885 1.520 2.112 1.584

Norte 1.162 1.120 1.074 1.089 809 756 718 767 696 675 669 704 1.839 1.575 3.044 3.252

Pará 1.153 1.110 1.064 1.079 800 746 708 756 694 672 665 701 1.800 1.560 3.002 3.205

Tocantins 9 10 10 10 9 10 10 11 1.000 1.000 1.000 1.100 39 16 42 47

Centro-Oeste 150 150 150 150 80 87 89 89 533 580 593 593 160 157 577 668

Mato Grosso 150 150 150 150 80 87 89 89 533 580 593 593 160 157 577 668

Fonte: IBGE/PAM (2022); (1) Fonte: IBGE/PAM (2022); (1) Dados do IBGE/LSPA (Dezembro de 2021 e abril de 2022); (2) Dados de preços da Conab (2022a; 2022b).

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Gráfico 6 – Participação percentual dos estados na área colhida com cajueiro, no Nordeste, em 2022

Fonte: IBGE/LSPA (Abril de 2022).

2.2 Produção de castanha de caju, no Ceará


No Estado do Ceará, a área com cajueiro-comum vem reduzindo continuamente, totalizando uma
queda de 154,8 mil hectares, entre 2012 e 2022. Nesse mesmo período, foi acrescentado ao cajuei-
ro-anão apenas 26,1 mil hectares, ou seja, cresceu a uma taxa bem menor do que a redução de área
do cajueiro-comum. Para compensar a perda, seria necessário implantar uma área com cajueiro-anão
cinco vezes maior que a existente até o momento (2022), o que promoveria um aumento de mais de
100,0% na produção nacional.
Entre 2012 e 2021, com os incentivos governamentais, houve um acréscimo de 35,0% de área plan-
tada com cajueiro-anão, promovendo um aumento de 171,2%, na produção, que ultrapassou a do
cajueiro-comum, em função de sua maior produtividade (Gráfico 7 e Gráfico 8). Vale ressaltar que
o porte do cajueiro-anão também propicia a colheita manual do pedúnculo para venda como caju
de mesa. Esse produto está sendo vendido em alguns supermercados, nos períodos de entressafras,
possibilitando ao produtor obter renda durante um maior período do ano. No Ceará, existem 5,3 mil
hectares plantados para essa finalidade, com previsão de produção, em 2022, de 13,8 mil toneladas
(rendimento de 2.618 kg/ha) (IBGE/LSPA, abril de 2022).
Contudo, entre 2020 e 2021, houve um acréscimo de área do anão-precoce de apenas 3,3%, anula-
da pela queda de 5,9 mil toneladas, quantidade significativa, pois equivale a 12,0% da produção. Nesse
mesmo período, o Estado também sofreu com a queda de 16,2 mil toneladas do cajueiro-comum,
somando 22,1 mil toneladas de castanha de caju, equivalente a 25,9% da produção. Essa perda na
produção pode ser explicada tanto pela redução da área de cajueiro-comum, quanto pela queda do
rendimento, em função das precipitações em menores quantidades e irregularidades, além de proble-
mas ocasionados por pragas como a mosca-branca Aleyrodicus cocois, a lagarta-saia-justa-do-cajueiro
Cicinnus callipius, a broca-das-pontas Anthistarcha binocularis (Lepidoptera: Gelechiidae), a traça-da-
-castanha Anacampsis phytomiella (Lepidoptera: Gelechiidae) e doenças como o oídio, causado pelo
fungo Uncinula necator.
Esse quadro apresentado pelo Ceará, principal produtor nacional, pode retratar o que vem ocor-
rendo nos demais estados e refletindo no País, que vem perdendo cada vez mais posição frente aos
principais produtores mundiais, em relação à área plantada, produção e produtividade. Pois, entre
2020 e 2021, todos os produtores tiveram expressivas perdas na produção, tanto em função da queda
dos rendimentos, explicada acima, como porque não está havendo a reposição das áreas perdidas na
velocidade necessária à manutenção da produção nacional.
Os resultados dos programas de recuperação da atividade foram visíveis, como mostrados anterior-
mente. Entretanto, sabe-se que, à medida que vão sendo executados, vão surgindo outras dificuldades,
cujas especificidades precisam ser apresentadas e analisadas, entre todos os agentes envolvidos com a
cadeia da cajucultura, cujas soluções propostas sejam realmente executadas, para que o potencial da
cajucultura com variedades mais produtivas possa se manifestar, como tem ocorrido em Países onde
houve o real interesse do governo nacional.

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Ano 7 | Nº 230| junho | 2022

Gráfico 7 – Comparativo da área colhida e produção de cajueiro-comum e cajueiro-anão no Estado


do Ceará entre 2012 e 2022

Fonte: IBGE/LSPA (Série 2012 a abril de 2022).


Nota: Vale salientar que só foi possível fazer essa análise para o Ceará, porque a equipe do IBGE desse Estado faz distinção entre o cajueiro-anão e o comum,
durante a coleta dos dados, o que deveria ser incentivado nos demais estados produtores.

Gráfico 8 – Comparativo da produtividade do cajueiro-comum e anão-precoce, no Ceará

Fonte: IBGE/LSPA (Série 2012 a abril de 2022).

3 Mercado Mundial da Castanha de Caju


3.1 Exportações
No mercado externo são transacionados dois tipos de produtos: a castanha de caju com casca ou
não beneficiada, que é exportada principalmente pelos Países africanos (Costa do Marfim, Gana e
Tanzânia) e a amêndoa de castanha de caju (ACC) cujo mercado é dominado pelo Vietnã. Vale ressaltar
alguns importantes parâmetros para o investimento no desenvolvimento da cajucultura que levaram
o Vietnã à posição de maior exportador mundial de amêndoa de castanha de caju e conquistar 67,0%
das exportações: baixo custo de processamento, desenvolvimento e uso de tecnologias, escala de pro-
cesso e apoio governamental (OLIVEIRA, 2021). Exemplo que poderia ser apresentado nas propostas
de soerguimento da cajucultura nacional.
No ano de 2020, o Camboja também se destaca, já participando de 11,1% das exportações mundiais
de castanha de caju com casca e na quarta posição desse mercado. O Brasil se encontra como 23º ex-
portador de 444,0 toneladas de castanha com casca, no valor de US$ 297,00 mil, recebendo US$ 0,67/
kg. Como exportador de ACC, encontra-se na sexta posição, recebendo US$ 5,87 por quilo de amêndoa.
Nesse mesmo ano de 2020, as exportações mundiais de castanha de caju com casca foram em torno
de 2,9 vezes superiores às de amêndoa (ACC). Contudo, o preço médio da castanha in natura foi de
US$ 1,07/kg, e o da ACC foi de US$ 6,37/kg, preço 496,2% superior após o beneficiamento (Tabela 2).

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Tabela 2 – Maiores exportadores mundiais de castanha de caju, em 2020


Amêndoa de castanha de caju (ACC) Castanha de caju com casca
Países Toneladas 1.000 US$ (%) * Países Toneladas 1.000 US$ (%) *
Vietnã 463.591 2.843.195 67,0 Costa do Marfim 554.729 546.405 28,0
Índia 51.605 404.228 7,5 Gana 298.992 304.162 15,1
Países Baixos 40.177 317.578 5,8 Tanzânia 237.426 323.197 12,0
Alemanha 21.049 200.914 3,0 Camboja 220.863 253.079 11,1
Costa do Marfim 19.896 102.108 2,9 Nigéria 184.205 164.039 9,3
Brasil 15.456 90.666 2,2 Guiné-Bissau 100.342 114.767 5,1
Emirados Árabes Unidos 13.445 80.766 1,9 Benim 86.602 55.692 4,4
Moçambique 9.973 28.944 1,4 Indonésia 77.397 102.363 3,9
Indonésia 6.777 43.912 1,0 Burkina Faso 59.669 53.262 3,0
Nigéria 5.627 27.808 0,8 Senegal 40.699 38.594 2,1
Demais Países 44.604 270.549 6,4 Demais Países 121.211 162.903 6,1
Mundo 692.200 4.410.668 100,0 Mundo 1.982.135 2.118.463 100,0
Fonte: Faostat (2022). Nota: *Participação percentual no volume total de exportação.

O Brasil vem perdendo sua participação no mercado mundial de amêndoa, porque, além dos pro-
blemas internos relacionados à produção de castanha de caju, encontra-se também diante de dois
grandes concorrentes, que conseguem oferecer o produto a preços mais vantajosos. O primeiro é o
Vietnã, que passou a dominar esse mercado, por ter a vantagem de processar a castanha com baixo
custo; a participação da quantidade exportada pelo Brasil em relação ao Vietnã caiu de 11,6%, em
2012, para 3,3%, em 2020. O segundo concorrente é Costa do Marfim, principal produtor mundial, que
passou a processar sua própria castanha de caju e colocar a amêndoa no mercado mundial, a partir de
2011, crescendo sempre e ultrapassando o Brasil, em 2020, passando a quinto exportador mundial.
Sua participação sobre as exportações brasileiras iniciou com 5,7% e, em 2020, já representava 128,7%.
Enquanto os principais exportadores de amêndoa de castanha apresentaram tendência crescente,
entre 2012 e 2020 (Vietnã - 112,6%; Países Baixos - 29,2%; Alemanha - 403,4%; Costa do Marfim -
691,4%), com exceção apenas da Índia (-49,3%), o Brasil segue com tendência decrescente (-39,0%),
mesmo com o aumento nesses dois últimos anos (Gráfico 9). Enquanto o Brasil permanecer direcio-
nando a cajucultura somente para o mercado de amêndoa, essa tendência poderá continuar, visto que,
para poder concorrer nesse mercado, cobrando um preço menor pelo quilo de amêndoa exportada,
a agroindústria terá de pagar menos ao produtor, e este, somente com a renda da castanha, não está
conseguindo fazer a manutenção adequada dos seus plantios.
Gráfico 9 – Comparativo da evolução das exportações de amêndoa de castanha de caju entre o Brasil
e Mundo

Fonte: FAOSTAT (2022).

3.2 Importações
O Vietnã e a Índia são os maiores importadores de castanha de caju com casca, para atender às
necessidades de beneficiamento da indústria local, tanto para o consumo interno, quanto para expor-

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tação, tornando-se, assim, os maiores exportadores mundiais de amêndoa de castanha de caju (Tabela
2 e Tabela 3). Apesar de grandes produtores mundiais, o Vietnã e a Índia importaram 97,7%, do volume
de castanha in natura, em 2020. Neste ano, devido ao isolamento da pandemia, a colheita e o proces-
samento foram adiados, afetando a indústria local e reduzindo o consumo mundial (VINACAS, 2020).
Considerando o período dessa análise, desde 2012, quando o Brasil importou 59,5 mil toneladas de
castanha de caju com casca, até 2019 (5,0 mil toneladas), as importações nacionais caíram 91,5% e, em
2020, não houve importação. Isso ocorre quando a oferta de castanha de caju no mercado interno não
atende à necessidade de processamento das indústrias (FAOSTAT, 2022).
Tabela 3 – Maiores importadores mundiais de castanha de caju, em 2020
Amêndoa de castanha de caju Castanha de caju com casca
Países Toneladas 1.000 US$ (%) * Países Toneladas 1.000 US$ (%) *
Estados Unidos 167.008 1.103.242 26,5 Vietnã 1.233.643 1.418.765 57,2
Alemanha 64.790 490.921 10,3 Índia 874.082 1.086.928 40,5
Países Baixos 58.473 413.303 9,3 Gana 21.700 17.450 1,0
China 31.742 188.108 5,0 China 15.947 15.882 0,7
Vietnã 25.302 141.786 4,0 Arábia Saudita 3.571 23.936 0,2
Reino Unido 22.317 150.007 3,5 Camboja 3.120 2.713 0,1
Emirados Árabes Unidos 18.792 110.019 3,0 Nigéria 1.045 953 0,0
Austrália 18.300 110.882 2,9 Sri Lanka 549 755 0,0
França 14.540 119.936 2,3 Bélgica 326 3.159 0,0
Canadá 13.332 95.169 2,1 Omã 273 990 0,0
Demais Países 195.490 1.297.727 31,0 Demais Países 2.947 12.878 0,1
Mundo 630.086 4.221.100 100,0 Mundo 2.157.203 2.584.409 100,0
Fonte: Faostat (2022). Nota: *Participação percentual no volume total de exportação.

3.3 Consumo mundial


O consumo mundial de castanha de caju com casca cresceu a uma taxa anual de 4,2%, entre 2012 e
2020, o mesmo crescimento da produção, nesse período. Entre 2019 e 2020, houve aumento de 4,8%
do consumo, indicando que esse produto não sofreu com a pandemia, mas, ao contrário, o isolamento
social elevou a procura pela amêndoa para consumo dentro de casa. Considerando que o rendimento
da ACC depois de despeliculada é em torno de 20,1%, o consumo mundial de amêndoa, em 2020, foi
de 876 mil toneladas (Tabela 4).
A Índia e o Vietnã são também os maiores consumidores de castanha de caju com casca, partici-
pando, conjuntamente, de 73,8% do consumo mundial, para processamento, tanto para o consumo
interno, quanto para exportação, como dito anteriormente.
O Vietnã aumentou o consumo de castanha in natura em 148,9%, entre 2012 e 2020, compran-
do-as, principalmente, de Países africanos. Mas, com o aumento cada vez maior de compradores e
processadores mundiais, alguns Países da África também passaram a processar sua própria produção,
levando ao surgimento de unidades com grande capacidade de processamento. Por isso, houve um
expressivo aumento do consumo desses Países, com destaque para Costa do Marfim que aumentou
o consumo em 631,5%, entre 2012 e 2020; Mali (376,7%) e Burkina Faso (599,2%). Estima-se que, em
2024, o consumo mundial de amêndoa de castanha de caju chegará a um milhão de toneladas (OLI-
VEIRA, 2022a).
O Brasil passou de quarto maior consumidor mundial de castanha de caju in natura, em 2012, para
sétimo, em 2020, cuja queda foi de 0,4%. Entretanto, durante todo esse período, o consumo sempre
foi maior que a produção, revelando que as agroindústrias recorreram à importação para atender à
necessidade de processamento. O que reforça a necessidade de aumento da produção nacional de
castanha de caju.

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Ano 7 | Nº 230| junho | 2022

Tabela 4 – Série de consumo mundial de castanha de caju in natura (toneladas)


Países 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Índia 1.542.835 1.578.668 1.644.034 1.708.063 1.392.190 1.437.605 1.675.471 1.576.980 1.631.543
Vietnã 635.488 603.692 819.098 1.232.233 1.339.244 1.505.196 1.044.964 1.589.870 1.581.912
Burundi - - - - - 215.765 266.389 283.331 300.910
Costa do Marfim 40.186 87.147 17.785 43.876 35.606 103.762 106.990 25.658 293.971
Filipinas 132.711 145.503 170.826 205.531 216.093 222.068 228.592 241.985 255.591
Mali 35.670 33.872 70.283 65.078 63.868 113.317 130.595 125.400 170.035
Brasil 139.983 151.855 119.479 129.507 84.348 155.577 147.888 143.641 139.477
Benim 69.044 82.502 84.034 94.148 52.636 15.965 13.803 37.883 103.404
Burkina Faso 14.654 44.706 48.277 13.152 29.744 26.883 8.043 45.696 102.466
Moçambique 60.177 68.600 53.897 80.683 91.908 118.009 120.574 115.330 90.528
Demais Países 471.364 66.279 95.569 92.061 -47.755 -77.094 247.063 -29.519 -313.779
Mundo 3.142.112 2.862.824 3.123.282 3.664.332 3.257.882 3.837.053 3.990.372 4.156.255 4.356.058
Fonte: Faostat (2022).

4 Mercado Externo do Brasil e do Nordeste3


4.1 Importações
O Nordeste é responsável por toda a importação de castanha de caju nacional. Como dito anterior-
mente, nos anos em que a produção interna não é suficiente para atender a demanda das indústrias
processadoras, há um incremento no volume das importações de castanha in natura que é beneficiada
e exportada como amêndoa. A isso alia-se o fato de que as indústrias importam a castanha de caju com
casca (in natura) por um preço bem menor que o preço recebido pela exportação da castanha, depois
de beneficiada. Nos anos de 2020 e 2021, não houve importação, mas, com a queda de 21,0% da pro-
dução nordestina, possivelmente, haverá importação em 2022 (Gráfico 10).
Gráfico 10 – Evolução da produção, importação e consumo nordestinos de castanha de caju com
casca (toneladas)

Fonte: Agrostat (2022); IBGE/PAM (2022); IBGE/LSPA (Dezembro de 2021; abril de 2022).

4.2 Exportações
O Nordeste é praticamente o único exportador nacional, por isso, apresenta a mesma tendência,
observada no Gráfico 9, de queda de 39,0% das exportações, entre 2012 e 2020. Entre 2020 e 2021, as
exportações nordestinas continuaram caindo (-3,5%). Em 2020, a exportação do Nordeste representou
55,3% da produção de amêndoa (28,0 mil toneladas)4; e, em 2021, a exportação foi de 67,5% de 22,1

3 As exportações de castanha de caju e as importações de amêndoa são pouco significativas.

4 Considerou-se a relação amêndoa/casca = 20,1%.

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mil toneladas de amêndoa. A produção de amêndoa sofreu uma grande queda (-21,0%), mas as expor-
tações caíram somente 3,5%, porque o maior impacto foi sobre o consumo interno, queda de 40,9%,
passando de 12,7 mil toneladas, em 2020, para 7,5 mil toneladas, em 2021. Pois o consumidor nacional
é muito sensível ao aumento do preço da amêndoa. A queda da produção de castanha de caju elevou
o seu preço em todos os principais estados produtores e, no País, o que refletirá no preço interno da
amêndoa (Tabela 1).
Apesar dessa queda e dos preços estarem muito além do poder aquisitivo da maioria da população,
o consumo de ACC apresenta tendência de crescimento, no Brasil. Nos últimos cinco anos, o consumo
médio representou 46,6% da produção e as exportações, 54,4%; antes, estas representavam em torno
de 80% a 90% da produção nacional. Importante considerar que o País possui um grande potencial de
consumo em função do tamanho da população (OLIVEIRA, 2022a).
O Ceará é o maior exportador do Nordeste (91,8%), exercendo também grande influência sobre o
mercado nacional. Entre 2020 e 2021, houve uma queda de 2,8% no volume exportado, mas a receita
foi 7,1% maior, por causa do maior preço pago pela amêndoa (US$ 5,97/kg, em 2020, contra US$ 6,58/
kg, em 2021), aumento de 10,1% (Gráfico 11).
Os Estados Unidos continuam o principal destino das exportações nordestinas de amêndoa, mas
sua participação vem caindo: 2018 (46,0%); 2019 (35,2%); 2020 (28,6%). Entre 2012 e 2021, diminuiu
54,6% do volume de suas compras, o que provocou a queda de 41,1% das exportações nordestinas. Por
ser o principal comprador, o impacto sobre as exportações nordestinas é perceptível. Outros importan-
tes Países de destino das exportações nordestinas, nesse último ano de 2021, foram: Canadá (10,4%),
Argentina (9,3%), Países Baixos (7,7%), Itália (7,4%), Chile (5,7%) e Alemanha (4,7%) (FAOSTAT, 2022).
Gráfico 11 – Evolução do volume e do valor das exportações de amêndoa, pelo Brasil, Nordeste e
seus estados (Ceará e Rio Grande do Norte)

Fonte: Agrostat (2022).

5 Tendências
5.1 Mundiais
O Quadro abaixo apresenta uma visão geral do mercado dos principais Países envolvidos com a
produção e compra da castanha de caju e amêndoa, e algumas tendências.

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Ano 7 | Nº 230| junho | 2022

Quadro 1 – Visão geral e e tendências do mercado de castanha de caju e amêndoa

MUNDO – Estima-se que o mercado mundial de castanha de caju cresça a uma taxa anual de 4,6%, durante o período de 2022 a 2027.
A Covid-19 causou vários impactos no mercado mundial de caju: o bloqueio global para conter a pandemia afetou negativamente os
canais de distribuição; as atividades de agregação de valor foram afetadas devido à interrupção do canal de distribuição, que reduziu
a disponibilidade de produtos finais de castanha de caju no mercado; devido ao bloqueio, os produtores da África Ocidental sofreram
porque não conseguiram enviar a castanha de caju in natura para processamento no Vietnã e na Índia; os atrasos na coleta e no envio
resultaram em rendimentos mais baixos do que o normal, reduzindo ainda mais o fornecimento geral de castanha; a demanda por
castanha de caju caiu devido ao menor poder de compra, resultando na redução da renda, na maioria dos Países; por fim, toda a cadeia
de valor do mercado de caju foi afetada negativamente.
Nos últimos anos, tem havido uma tendência crescente para o uso de castanha de caju em dietas veganas e vegetarianas e lanches
saudáveis ​​prontos para o consumo. As pessoas que adotam uma dieta vegana baseada em vegetais, priorizam fontes alternativas
de proteína, em vez de derivadas de animais, resultando na crescente demanda por nozes e alimentos contendo nozes. Um número
crescente de fabricantes de produtos com amêndoa de caju atraiu consumidores jovens e idosos com o lançamento de produtos novos
e inovadores, como iogurte e manteiga de caju, nos Estados Unidos e castanha de caju torrada e revestida com especiarias, na Índia.
A aplicação de amêndoas de caju na dieta dos consumidores tem sido constante na América do Sul, com fabricantes multinacionais
penetrando no mercado com produtos variados de caju, adequando-se ao regime alimentar mais saudável em todo o país. O Brasil,
por outro lado, sempre foi um consumidor de amêndoas de caju, sensível ao preço. O ressurgimento da economia brasileira tem sido
prejudicado pelo crescente déficit fiscal e, portanto, está levando o consumo de caju a depender fortemente das taxas de inflação.
A crescente demanda por castanha de caju aromatizada e iniciativas governamentais favoráveis ​​estão alimentando ainda mais o consu-
mo de castanha de caju na região africana. O consumo de amêndoas de caju, inteiras ou em pedaços, tem tido uma exposição limitada
aos consumidores da África Ocidental e Oriental. Isso pode ser atribuído ao mercado de varejo inexplorado de cajus prontos para o
consumo para os consumidores da região. No entanto, a Iniciativa do Caju Competitivo, anteriormente conhecida como Iniciativa do
Caju Africano, tem desempenhado um papel vital na comercialização de amêndoas de caju in natura de alta qualidade no Benim, Cos-
ta do Marfim, Moçambique e Gana, o que aumentou ainda mais a produção e eficiências de processamento nesses países de várias
maneiras, como a promoção do software SAP5 na cadeia de valor do caju, no oeste de Gana.

ÁFRICA - O mercado de caju da África deverá testemunhar um crescimento anual de 4,8% em termos de produção para o período de
2022 a 2027.
A pandemia de Covid-19 afetou massivamente o mercado de caju: os preços da castanha de caju, que já estavam caindo e sob pressão
devido ao excesso de oferta nos anos anteriores, caíram ainda mais, depois que as unidades de processamento foram desaceleradas e
fechadas devido a repetidos bloqueios em todo o País; como a maior parte da produção é exportada, o setor de exportação foi afetado
devido a restrições aos movimentos comerciais que, por sua vez, levaram a uma crise de oferta nos Países importadores; o atraso na
cadeia de suprimentos global e a redução da demanda do consumidor enfraqueceram o mercado.
Costa do Marfim registrou a maior produção de mais de 34,7%, seguido por Burindi, Tanzânia e Benin com 12,3%, 9,53% e 7,78%,
respectivamente. O Gana é o maior importador de cajus da África, representando quase 64,2% das importações, enquanto Costa do
Marfim lidera 42,4% da quota de mercado de exportação de África.
O Governo da Tanzânia pretende triplicar a produção de castanha de caju nos próximos quatro a cinco anos e o mercado de caju deve
crescer, anualmente, 5,5% durante o período de 2022 a 2027.
O processamento do caju está progredindo bastante na África Ocidental, criando maior valor agregado.  A produção de amêndoa
aumentou 43,34% (de 187 mil toneladas, em 2020, para 268 mil toneladas, em 2021). Costa do Marfim produziu 144,5 mil tonela-
das de amêndoas, um aumento de 70% em relação a 2020. Outros países africanos como a Nigéria, produziram 68 mil toneladas de
amêndoas, aumento de quase 27,0%; Burkina Faso, o aumento é de 31% para 17 mil toneladas e Gana, aumento de 25% para 15 mil
toneladas de amêndoas.

ÍNDIA - Prevê-se que o mercado de caju indiano cresça anualmente a uma taxa de 4,0%, durante o período de 2022 a 2027. A Índia é a
maior produtora de caju na Ásia-Pacífico, numa área de 1,02 milhão de hectares. O caju é cultivado nas áreas peninsulares de Kerala,
Karnataka, Goa e Maharashtra, Tamil Nadu, Andhra Pradesh, Orissa e Bengala Ocidental. Entre estes, Kerala é o maior estado produtor.
A Índia é a maior consumidora mundial de caju.
Impactos da pandemia de Covid-19: o preço do caju caiu para o menor valor dos últimos 10 a 12 anos; as atividades de agregação de
valor foram afetadas negativamente, com um canal de distribuição interrompido; o bloqueio prolongado atingiu o consumo na Índia,
bem como a demanda.
Para impulsionar o mercado de caju, o Conselho de Promoção de Exportação de Caju da Índia (CEPCI) instou o Governo da União a
alocar fundos suficientes e apresentar alguns esquemas para aumentar a produção de caju no País.

5 Programa criado para facilitar o gerenciamento de processos de negócios, criando soluções que facilitam o processamento efetivo de dados e o fluxo de
informações entre as organizações.

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VIETNÃ - Prevê-se que o mercado de caju vietnamita cresça a uma taxa anual de 5,0%, durante o período de 2022 a 2027.
O negócio de caju do Vietnã enfrentou vários obstáculos, em 2021, devido ao surto de Covid-19: aumento dos custos de frete maríti-
mo, mas, apesar disso, as exportações de caju aumentaram, nesse ano; devido à falta de contêineres e altas taxas de frete marítimo
para importar mercadorias do Vietnã, os importadores europeus e americanos mudaram seu foco para as importações de amêndoas
de fábricas africanas de processamento de caju, principalmente para entrega imediata e preços mais baixos.
Em 2021, o País exportou 579.800 toneladas, no valor de US$ 3,64 bilhões, com um crescimento anual de 12,6% e 13,3%, respectiva-
mente, em relação a 2020. O mercado deverá atingir US$ 7 bilhões, em 2026.
A Associação do Caju do Vietnã (Vinacas) enviou uma proposta ao Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural pedindo para
reduzir a meta de faturamento de exportação de caju, em 2022, dos US$ 3,8 bilhões iniciais para US$ 3,2 bilhões devido a incertezas
relativas à guerra da Ucrânia com a Rússia. Todos os seus parceiros na Rússia e na Ucrânia pararam de assinar novos pedidos.

BRASIL - Estima-se que o mercado de castanha de caju, no Brasil, cresça a uma taxa anual de 3,8% durante o período de 2020 a 2025.
O Brasil não possui importantes relações comerciais com o mercado ucraniano, mas as sanções comerciais dos países ocidentais contra
o governo russo podem impactar as compras brasileiras, especialmente de fertilizantes. A guerra na Ucrânia não causou problemas à
exportação de castanha de caju, até o momento (maio de 2022), entretanto, alguns importadores europeus pedem o envio antecipado
de suas compras, temendo que a guerra venha a interferir em seus embarques.

EUROPA - Estima-se que o mercado de caju europeu cresça a uma taxa anual de 3,4%, durante o período de 2020 a 2025. A Europa
depende completamente das importações de caju. A demanda por castanha de caju está crescendo a uma taxa contínua de 3-4% ao
ano, tornando-se a amêndoa mais barata da região. A maior parte da demanda regional é gerada por países como Holanda, Reino
Unido, França, Alemanha, Espanha e Itália. Os principais impulsionadores do mercado de caju nessa região são o teor de nutrientes da
castanha e a demanda por lanches prontos para consumo.
ALEMANHA - Estima-se que o mercado de caju cresça a uma taxa anual de 4,1% em termos de consumo durante o período de 2020
a 2025. A Alemanha é um dos principais mercados de consumo de caju na União Europeia. O mercado do país responde em torno da
demanda do mercado europeu, que cresce continuamente devido à alta demanda das indústrias alimentícias e de processamento de
alimentos. As taxas de câmbio favoráveis e os preços estáveis do mercado regional também despertam o interesse de empacotadores
e consumidores. A demanda de importação de caju está aumentando devido aos crescentes benefícios à saúde (fonte de proteína e
ricos em gorduras monoinsaturadas e poliinsaturadas, tornando-os um substituto vegano saudável para o creme de leite).
HOLANDA - Estima-se o crescimento anual de 3,2%, durante o período de 2020 a 2025, para o mercado de caju, na Holanda, que é o
segundo maior importador europeu de amêndoas de caju. A demanda pela castanha está crescendo a uma taxa contínua de 3-4% ao
ano, tornando a castanha de caju mais barata. As taxas de câmbio favoráveis ​​e os preços estáveis ​​no mercado regional estão desper-
tando o interesse de empacotadores e consumidores.

Fonte: MORDOR INTELLIGENCE (2022a, 2022b, 2022c, 2022d, 2022e, 2022f, 2022g, 2022h, 2022j, 2022k); COMMODAFRICA (2022a); VIETS-
TOCK (2022).

5.2 Nacionais
Principais sinalizações/oportunidades para o futuro da cajucultura no Brasil (OLIVEIRA, 2022b):
Entrada de novos players no processamento: Os principais países africanos, que hoje fornecem
castanha para a Índia e Vietnã, estão planejando processar 50% de sua produção de castanha e entrar
no mercado mundial em grande escala, alguns, inclusive, sobretaxando a exportação de castanha in
natura, para que os produtores forneçam suas castanhas para a indústria local. Essa iniciativa de pro-
cessamento da castanha, pelos países africanos, cujo crescimento já é de 45%, vai causar impactos nas
exportações de amêndoas dos Países importadores de suas castanhas. O Vietnã, que importa cerca de
80,0% da demanda de processamento de castanha, poderá perder o protagonismo nas exportações de
amêndoa, pois depende muito da matéria-prima importada da África. A Índia importa 55,0% de casta-
nha in natura. Esse fato pode ser uma ameaça para a indústria de processamento do Brasil, no entanto,
pode despertar o governo nacional a criar incentivos ao crescimento da produção, tanto para se man-
ter como exportador de amêndoa, como também aumentar sua posição nesse comércio internacional;
Encurtamento de cadeias: Processamento próximo aos centros de produção, possibilitando maior
rastreabilidade do produto processado. O mercado mundial de castanha de caju é caracterizado pela
fragmentação de longas cadeias de suprimento: mais de 50% da produção de caju ocorre na África;
mais de 85% das indústrias de processamento estão nos Países asiáticos; e mais de 60% das expor-
tações de amêndoas são destinadas aos Estados Unidos e União Europeia. Existem duas oportunida-
des para o Brasil se beneficiar com essa tendência de encurtamento de cadeias: (1) a proximidade da
produção com os pontos de processamento da castanha, e a distância do maior mercado consumidor

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(Estados Unidos), com possibilidade de envio direto da amêndoa6, assegurando uma maior rastreabili-
dade da amêndoa, relativa aos outros fornecedores; a segunda oportunidade está no desencontro de
safras em relação aos principais concorrentes. Temos produção de matéria-prima em períodos que os
Países do hemisfério norte não estão produzindo. Contudo, só é possível aproveitar essa oportunidade,
se houver produção suficiente para processamento e exportação;
Crescimento do consumo – O Brasil está em décimo lugar como consumidor de amêndoa. Estima-
-se que o mercado mundial de amêndoa de castanha de caju cresça 4,27% ao ano, entre 2021 e 2025,
atingindo um mercado de aproximadamente US$ 7,0 bilhões. A demanda mundial por castanha de caju
está crescendo sustentavelmente, criando oportunidades para novos participantes no mercado. Além
disso, a rastreabilidade, transparência e sustentabilidade das cadeias de abastecimento de alimentos,
está se tornando cada vez mais importante para os consumidores e fornecedores. Isso poderá bene-
ficiar os processadores brasileiros, que compram a matéria-prima localmente, em vez de percorrer
longas cadeias de abastecimento e de fontes múltiplas, como ocorre com o Vietnã e Índia. O consumo
de cajuína está crescendo, em função do surgimento de novas embalagens mais atrativas e produzidas
sob processos que garantem uma maior padronização da bebida, atraindo inclusive, o público jovem.
O que pode ser também uma oportunidade para o aproveitamento do pedúnculo;
Nichos de Mercado – Crescimento dos mercados de produtos vegetarianos e veganos e de produ-
tos orgânicos, no Brasil, Estados Unidos e Europa, abrindo oportunidades para o aproveitamento do
pedúnculo, que pode ser usado como carne vegetal, ampliando o leque de produtos à base de amên-
doa, na produção de leites vegetais e trabalhando o aproveitamento integral do caju. O crescimento
dos alimentos orgânicos, abre oportunidade para desenvolver produtos de caju orgânico certificados,
que podem ser comercializados a preços diferenciados;
Automação e aplicativos para redução de custos, aumento da produtividade e qualidade dos pro-
dutos - Já existem no mercado, máquinas de poda do cajueiro, experiências de colheita do caju no
chão, importações de equipamentos de descastanhamento, desenvolvidos no Vietnã, operação que
pesa bastante na produção de caju. Existem aplicativos desenvolvidos para cooperar com o agronegó-
cio do caju, na Ásia e África que já estão sendo utilizados, nas áreas agrícola e comercial, a exemplo de
aplicativos para a avaliação da qualidade da castanha in natura, da necessidade de adubação a partir
da análise de solo, identificação de deficiência de mineral na planta, informações de todas as varieda-
des de caju existentes no País, pragas, doenças, operações de enxertia realizadas no dia a dia do ca-
jucultor, informações de mercado, casos de sucesso, publicações técnicas, informações diferenciadas,
que envolvem, desde o plantio até o mercado.
5.3 Requisitos para o desenvolvimento da cajucultura Nacional
Oliveira (2022b) aponta alguns requisitos para que a produção nacional atinja a meta de 300 mil
toneladas anuais, até 2031:
1) Organização da cadeia, com a integração das atividades de produção, processamento e comercia-
lização que reduzam a participação de intermediários na comercialização;
2) Criação de uma entidade que exerça o papel de organizador da cadeia produtiva do caju, com o
propósito de favorecer a melhor articulação entre os componentes da cadeia;
3) Elaboração de política públicas que favoreça o desenvolvimento da cadeia, envolvendo crédito
e tarifas;
4) Aproveitamento integral do caju, com o desenvolvimento de coprodutos do caju;
5) Novos mercados – buscar inicialmente conquistar o mercado nacional de milhões de consumido-
res, através de campanhas para aumentar o consumo dos produtos do caju;

6 Hoje, a castanha de caju produzida na África ocidental, é exportada para o Vietnã, que a processa e exporta a amêndoa para os Estados
Unidos. Percorre cerca de 28 mil km, passa por treze viagens de caminhão, nove armazéns, passa pela mão de oito pessoas e por cerca de oito
testes de qualidade, é reembalada cinco vezes e passa por duas viagens de navio (OLIVEIRA, 2022b).

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6) Produção doméstica – produtividade e qualidade – O Brasil tem capacidade de concorrer com os


países africanos e asiáticos, mas, para tanto, será necessário desenvolver esforços para a melho-
ria do produto nacional, começando pelo destinado ao mercado interno. Os pomares de cajueiro
precisam ser renovados, com a adoção de tecnologias de produção disponíveis pela pesquisa.

Referências
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Disponível em: http://indicadores.agricultura.gov.br/agrostat/index.htm. Acesso em: 05 abr. 2022.

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C3%A3o%20apresenta%20produtividade%20quatro%20vezes%20maior%20de%20castanha%20por,-
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