Relatório Análise Geoespacial Da Soja No Cerrado PT

Análise Geoespacial da Soja
Bioma Cerrado
D I N Â M I C A D A E X PA N S Ã O | A P T I D Ã O A G R Í C O L A
S I S T E M A D E AVA L I A Ç Ã O PA R A C O M P E N S A Ç Ã O F I N A N C E I R A
2001 2019
PATROCÍNIO REALIZAÇÃO
Coordenação geral Equipe técnica de tecnologia da informação
Bernardo Rudorff Caio Stein
Joel Risso Eglen Protas
Gabriel Marques
Coordenação de equipes Marciano Saraiva
Daniel Alves de Aguiar Nathaniel Lacerda
Moisés Salgado Pedro Veloso
Reneilson Santos
Equipe técnica de geoprocessamento e sensoriamento remoto Willian Krueger | líder do desenvolvimento do sistema CCM
Ana Cristina Theisges
André Felipe Tabalipa Produção Editorial e Editoração Eletrônica
Charles Zanovello Baldi Letícia Rey
Cristian Back | líder do mapeamento da soja
Luana Quaresma
Lucas Kreutzfeld
Luciana de Oliveira
Marlon Martins
Martha Dellagnelo
Monique Horst
Nildson França e Silva | líder da avaliação de aptidão agrícola da soja
Rodrigo Bianchini Pereira
Tania Nakaya Aulicino
Yuri Perotto Agrosatélite Geotecnologia Aplicada Ltda. Análise Geoespacial da Soja no Bio-
Vitoria Bernardino AG281a ma Cerrado: Dinâmica da Expansão | Aptidão Agrícola da Soja | Sistema De
Avaliação Para Compensação Financeira: 2001 a 2019. - Florianópolis, 2020
60 p. : il
ISBN: 978-65-991465-1-0
1. Mapeamento de soja, safra 2018/19. 2. Bioma Cerrado. 3. Imagens de satélite.

I. 4. Aptidão Agrícola da Soja. 5. Sistema de avaliação para a Compensação
Financeira. I. Rudorff, Bernardo. II. Risso, Joel. III. Título.
CDD: 550
CDU: 528
SUMÁRIO EXECUTIVO relevante nos Outros Estados, contribuindo com 67,2% (1,23 Mha) da expansão de 2013/1
– 2018/19. Neste período o desmatamento na região representou apenas 4,4% (0,08 Mha)
da expansão líquida da área de soja.
A Agrosatélite vem dedicando esforços para realizar estudos com informações objetivas
sobre a crescente expansão da soja no bioma Cerrado. Milhares de imagens de satélites No Matopiba, a conversão de pastagens teve menor contribuição, com apenas 28,6%
adquiridas desde o início dos anos 2000 têm sido processadas e analisadas para acom- (0,22 Mha) de 2013/14 – 2018/19. O desmatamento teve maior participação, representan-
panhar a evolução da sojicultura, tanto pela sua importância econômica quanto pelas do 36,4% (0,28 Mha) da expansão líquida. No entanto, é preciso destacar a tendência de
preocupações relacionadas aos impactos socioambientais causados pela expansão dessa queda evidenciada pela comparação da expansão de soja de 2013/14 – 2018/19 com o que
atividade no bioma. ocorreu em dois períodos anteriores (de 2000/1 – 2006/07 e de 2006/07 – 2013/14).
O Cerrado tem 95,73 Mha (46,8%) da sua área antropizada, dos quais 26,14 Mha estão com
O presente estudo atualiza a série histórica de dados e amplia o conhecimento sobre as pastagem em área de aptidão agrícola para soja, com maior sobreposição na região dos
tendências mais recentes relacionadas às mudanças de uso e cobertura da terra decor- Outros Estados (22,55 Mha) e, no Matopiba (3,59 Mha), com concentração no estado do
rentes da expansão da soja. Fornece também informações sobre a distribuição espacial Tocantins (2,83 Mha). Até a safra 2028/29, espera-se que a área cultivada com soja no bio-
das áreas de vegetação nativa e áreas antrópicas com aptidão agrícola para a sojicultura. ma cresça em até 5,0 Mha e a expectativa é que isso ocorra nestas áreas com pasto apto.
De forma complementar, o trabalho apresenta um sistema que permite avaliar a aptidão O maior potencial para esta conversão encontra-se nos 6,10 Mha existentes nos imóveis
agrícola da soja nos excedentes de Reserva Legal em imóveis rurais nos quais se cultiva rurais situados no bioma que já produzem soja. Nesses imóveis, o excedente de vegetação
soja – e verificar se essas propriedades estão qualificadas para receber compensações nativa com aptidão para soja é de 4,41 Mha, distribuídos em porções quase iguais entre
financeiras pela manutenção desses excedentes. Para melhor captar a diversidade re- a região dos Outros Estados (2,25 Mha) e a do Matopiba (2,16 Mha). Essa área representa
gional, o bioma Cerrado foi dividido em duas áreas: Outros Estados (composta por Mato o total passível de compensação financeira de acordo com o mecanismo em discussão
Grosso, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Rondônia e pelo Dis- para o bioma Cerrado.
trito Federal) e Matopiba (formado por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).
A avaliação da elegibilidade para compensação financeira será feita por meio do sistema
O estudo mostra que nas últimas 18 safras, a área de soja no bioma Cerrado cresceu 2,4 em formatação denominado de CCM – “Cerrado Conservation Mechanism”. Trata-se de
vezes, passando de 7,53 para 18,20 Mha, respondendo por 51% da área nacional de soja. uma plataforma web desenvolvida para auxiliar os diversos atores envolvidos neste me-
Quase um terço da expansão se concentrou no Matopiba, onde a área de soja aumentou canismo de conservação, disponível na internet no endereço https://psacerrado.com.br.
de 0,97 para 4,18 Mha no mesmo período – em 2018/19, a região deteve 23% da área de
soja cultivada no Cerrado. Entre as safras 2016/17 – 2018/19 houve ligeira queda na taxa
anual de expansão da soja no bioma, puxada justamente pela desaceleração no Matopiba.
A expansão da soja sobre áreas desmatadas no Cerrado apresenta quedas sucessivas,
saindo de 215 mil hectares anuais no período de 2000/01 – 2006/07 para 73 mil hectares
entre 2013/14 – 2018/19.
Tanto no Matopiba quanto nos Outros Estados, a rotação de culturas e o pousio influen-
ciam a dinâmica da expansão da soja entre as safras. A conversão de pastagens é mais
3
Água
8%
1,31 Mha | 0,
Ve
ge
Sem apti
dão 10 t
7,4 açã
pico 6,8% apti
dão 39,
45 Mha | 2M o
Sem N
19,3%
3,0%
ró a | 4 57
Mh
a|1 Co
m
ha
h 26, ap |
t
at
25
95 An
Mh tid
,39
M
iv
ão
2,
4
a
a|
ão
,7
APP e RL
5%
12
it d ,5% 6,24 Mha | 3,1%
,4%
p | 21 TI, UC e QUIL
Imóveis sem soja
a
a
m
0,82 Mha | 0,4%

h
20,98 Mha | 10,3%

M
Co
AP 1 Mha
0
Outros usos
28
,9
Imóveis com soja

43
,2
Pe
17,76 Mha | 8,7%
4,41 Mha | 2,2%
RL
13|
Pastagem
,8%
26,14 Mha | 12,8%
TI, ,37 Mha | 7,

%
Soja em desmatamento 2014-2018
14
| 8,9
UC
ja
0,36 Mha | 0,2%

So
Bioma Cerrado
Mha
e QU %
Soja
18,20
17,84 Mha | 8,7%
IL
0
4
ÍNDICE 4. Sistema de avaliação para compensação financeira�� 51
5. Considerações finais e recomendações . . . . ��58

1. Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . �� 6
Imagem de 13/02/2019, região de São Desidério - BA | Landsat-8, OP 220/69, 5(R)6(G)4(B).
2. Dinâmica da expansão da soja . . . . . . . . . . . . �� 8
2.1 Evolução da área cultivada com soja. . �� 9
2.2 Total de desmatamento no Cerrado. . . �� 16
2.3 Mudança de uso e cobertura da terra atribuída à soja�� 17
2.3.1 Dinâmica da expansão da soja com e sem desmatamento �� 17
2.3.2 Dinâmica da mudança de uso e cobertura 2000/01 a 2018/19�� 19
2.3.2.1 Detalhamento da dinâmica de expansão e retração | 2013/14 a 2018/19 20
3. Aptidão agrícola da soja . . . . . . . . . . . . . . . . . . ��33
3.1 Antecedentes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ��34
3.2 Materiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ��34
3.3 Síntese metodológica. . . . . . . . . . . . . . . . ��36
3.3.1 Análise da aptidão edafoclimática ��36
3.3.2 Restrição de declividade e altitude��38
3.4 Resultados da aptidão agrícola da soja nas classes vegetação nativa e antrópico�� 39
5
1. INTRODUÇÃO
O bioma Cerrado abrange um quarto do território nacional. É rico em biodiversidade, ber-
ço dos principais aquíferos brasileiros e reúne, ao mesmo tempo, condições favoráveis
ao desenvolvimento da agricultura de larga escala. Tais características resultaram nas
últimas duas décadas em um intenso processo de transformação da sua paisagem, no
qual a sojicultura desempenha um importante papel.
Para melhor compreender a dinâmica da expansão da soja no Cerrado, o bioma pode ser
dividido em duas grandes regiões produtoras. Uma delas abrange 2/3 do bioma, denomi-
na-se, neste estudo, como Outros Estados, sendo composta por Mato Grosso, Goiás, Minas
Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Rondônia e pelo Distrito Federal. Sua ex-
ploração intensiva para a atividade agrícola de larga escala, iniciada na década de 1960,
chegou a um ponto de consolidação, embora ainda existam diversas frentes de expansão,
uma vez que a região ainda dispõe de grandes extensões de terras aptas para a produção
de soja atualmente ocupadas por pastagens. A outra região, formada pelos estados do
Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, é o Matopiba, que ocupa 1/3 do bioma e começou
a ser explorada em meados da década de 1980 – trata-se atualmente de um importante
polo de produção agrícola e se destaca nos debates relacionados à produção de soja livre
Imagem de 10/01/2019, região de Palmas - TO | Landsat-8, OP 220/67, 5(R)6(G)4(B).

de desmatamento, tendo em vista possuir as mais altas taxas de desmatamento recente
e também a maior proporção de áreas de vegetação nativa do bioma parcialmente aptas
para o cultivo da soja.
Neste sentido, o presente estudo realiza uma análise geoespacial da dinâmica da soja no
bioma Cerrado para fornecer informações detalhadas sobre a expansão dessa cultura de
2000/01 a 2018/19 – com destaque para o período mais recente (2014 a 2018). Para ava-
liar a pegada da soja no desmatamento do bioma, analisou-se também a contribuição da
sojicultura nas mudanças de uso e cobertura da terra. Além disso, o estudo analisa am-
plamente a aptidão agrícola da soja e avalia espacialmente e quantitativamente as terras
com alta e média aptidão edafoclimática sem restrição de declividade e altitude em áreas
de vegetação nativa e em áreas antrópicas. Por fim, foi desenvolvido um sistema online
para avaliar a elegibilidade de produtores rurais a um mecanismo de compensação fi-
nanceira pela manutenção da vegetação nativa com autorização de supressão vegetal,
com base nos seguintes requisitos: ser produtor de soja, ter área com aptidão agrícola
para o cultivo da soja em excedentes de Reserva Legal com vegetação nativa preservada
e atender a critérios mínimos de conformidade socioambiental.
7
2. DINÂMICA DA EXPANSÃO
DA SOJA
Tabela 1. Área de soja em hectares e em percentual, por estado, na porção do bioma Cer-
2.1 EVOLUÇÃO DA ÁREA rado, para as safras 2013/14, 2016/17 e 2018/19.
CULTIVADA COM SOJA Estado

2013/2014 2016/2017 2018/2019
ha % ha % ha %
As imagens adquiridas por satélites que orbitam ao redor do nosso planeta são uma 1
DF 80.211 0,5 88.572 0,5 93.496 0,5
excelente fonte de informação sobre a acelerada dinâmica da atividade agrícola e sua GO 3.472.889 22,3 3.644.519 21,4 3.954.372 21,7
contribuição nas mudanças de uso e cobertura da terra. Essas imagens foram utilizadas MG 1.267.109 8,1 1.531.541 9,0 1.778.323 9,8
em estudos anteriores da Agrosatélite para mapear a cultura da soja no bioma Cerrado MS 1.375.051 8,8 1.652.907 9,7 1.848.181 10,2
nas safras 2000/01, 2006/07, 2013/14 e 2016/17, financiados pela Fundação Gordon & Bet- MT 5.524.610 35,4 5.630.600 33,0 5.636.978 31,0
ty Moore, ABIOVE e TNC . No presente trabalho, elas foram utilizadas para atualizar a
2
PR 70.952 0,5 79.499 0,5 91.831 0,5
sequência histórica de mapeamentos para a safra 2018/19, no intuito de ampliar o enten- SP 402.992 2,6 496.431 2,9 618.544 3,4
dimento sobre a recente expansão da soja no bioma Cerrado e das suas particularidades RO 0 0,0 431 0,0 489 0,0
regionais. Além da distribuição espacial das lavouras, foi possível obter as estimativas Outros
12.193.814 78,2 13.124.500 76,9 14.022.214 77,0
de área plantada desde o nível da propriedade rural, passando por municípios e estados Estados
até o bioma como um todo3. MA 680.550 4,4 748.482 4,4 816.521 4,5
TO 675.835 4,3 914.009 5,4 1.018.243 5,6
A Tabela 1 apresenta o resultado da área de soja no bioma Cerrado na safra 2018/19 mape- PI 617.219 4,0 653.375 3,8 718.304 3,9
ada por estado pela Agrosatélite, além de informações de estudos anteriores sobre a área BA 1.433.741 9,2 1.627.367 9,5 1.629.217 8,9
plantada nas safras 2013/14 e 2016/17. Nota-se que 72,7% da soja do Cerrado está localiza- Matopiba 3.407.345 21,8 3.943.233 23,1 4.182.285 23,0
da nos estados de Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Bioma
15.601.159 100,0 17.067.733 100,0 18.204.499 100,0
Cerrado
1 Neste estudo foram utilizadas imagens adquiridas pelos satélites das séries Landsat e Sentinel-2 em
comprimentos de onda do visível, infravermelho próximo e infravermelho médio do espectro eletromagnético, As Figuras 1 a 5 ilustram os mapas da cultura da soja no Cerrado em cinco anos-safra
com resolução espacial entre 10 e 30 metros (~100 a 10 pixels por hectare). A operação conjunta desses satélites
permite que uma mesma localidade seja revisitada em intervalos de 2 a 5 dias, o que favorece a obtenção de ima-
(2000/01, 2006/07, 2013/14, 2016/17 e 2018/19). Destacam-se em cada um deles quatro recor-
gens livres de nuvens durante o período favorável de identificação das lavouras de soja. Cerca de 3.150 imagens tes de regiões menos consolidadas nas quais a sojicultura adquiriu relevância do ano 2000
estiveram disponíveis para identificar, de forma precisa, as lavouras de soja do bioma Cerrado no ano-safra 2018/19
por meio de técnicas de interpretação visual de imagens. O ponto de partida foi o mapa de soja da safra 2016/17. em diante. É o caso, no recorte I, do município de Paranatinga (MT), em que a área de soja
O procedimento de interpretação visual considerou também a análise da série temporal de imagens obtidas pelo
sensor MODIS, transformada no índice de vegetação EVI (Enhanced Vegetation Index) na forma de composições
no bioma passou de 32 mil ha em 2006/07 para 156 mil ha em 2013/14, um crescimento de
temporais de 16 dias por meio de consultas ao aplicativo web do projeto SatVeg da EMBRAPA (www.satveg.cnptia. quase cinco vezes em oito anos. Desde então, a expansão desacelerou e chegou a 174 mil
embrapa.br). Foram utilizadas as seguintes composições coloridas RGB das imagens: bandas 4-5-3 para o sensor
ETM+/Landsat-7; bandas 5-6-4 para o sensor OLI/Landsat-8; e bandas 8a-11-4 para o sensor MSI do Sentinel-2. ha em 2018/19. As regiões do entorno de Balsas, no Maranhão, e de Baixa do Rio Grande, no
Cabe destacar que o mapeamento de soja da safra 2016/17, elaborado pela Agrosatélite, foi validado por terceira
parte (Universidade de Maryland), com base em dados obtidos a campo, constatando uma exatidão global do ma-
Piauí (ambas no recorte II), assim como as do entorno de Barreiras, na Bahia (no recorte III)
peamento de 98,4%. e as do entorno de Porto Nacional, no Tocantins (recorte IV) também se destacam pela in-
2 Relatórios disponíveis para consulta pública em https://agrosatelite.com.br/cases/#expansao-agricola. tensa expansão da sojicultura, cuja área cresceu de 4 a 5 vezes em menos de 20 anos – todas
3 O limite do bioma Cerrado utilizado no presente estudo foi do IBGE na escala 1:5.000.000 (https://www.
fazem parte dessa nova e importante fronteira agrícola do Brasil denominada Matopiba.
ibge.gov.br/geociencias/informacoes-ambientais/15842-biomas.html)
9
Gaúcha do Norte Safra Sambaíba
Ribeiro Gonçalves
Nova Ubiratã
2000/01 Balsas
Santa Rita do
Paranatinga Baixa Grande do Ribeiro
Trivelato
MA Tasso Fragoso
Rosário Oeste
PI
TO
Planalto da Serra Santa Filomena
BA
Porto Nacional Mateiros
MT
Formosa do Rio
Monte do Carmo GO DF Preto
Brejinho de Nazaré
MG
MS Dianópolis Riachão das Neves

Ipueiras
SP
Novo Jardim
Barreiras
Silvanópolis
PR
Ponte Alta do Bom
Aliança do Tocantins
Jesus
Santa Rosa do Tocantins Luís Eduardo Magalhães
soja
Figura 1. Mapa da cultura da soja no Cerrado para o ano-safra 2000/01, destacando recortes de regiões que apresentaram significativa expansão da sojicultura de 2000/01 a 2018/19.
10
Ribeiro Gonçalves
Nova Ubiratã
2006/07 Balsas
Santa Rita do
Trivelato
MA Tasso Fragoso
Rosário Oeste
PI
TO
BA
MT
Formosa do Rio
Brejinho de Nazaré
MG

Ipueiras
SP
Novo Jardim
Barreiras
Silvanópolis
PR
Ponte Alta do Bom
Jesus
soja
11
Ribeiro Gonçalves
Nova Ubiratã
2013/14 Balsas
Santa Rita do
Trivelato
MA Tasso Fragoso
Rosário Oeste
PI
TO
BA
MT
Formosa do Rio
Brejinho de Nazaré
MG

Ipueiras
SP
Novo Jardim
Barreiras
Silvanópolis
PR
Ponte Alta do Bom
Jesus
soja
12
Ribeiro Gonçalves
Nova Ubiratã
2016/17 Balsas
Santa Rita do
Trivelato
MA Tasso Fragoso
Rosário Oeste
PI
TO
BA
MT
Formosa do Rio
Brejinho de Nazaré
MG

Ipueiras
SP
Novo Jardim
Barreiras
Silvanópolis
PR
Ponte Alta do Bom
Jesus
soja
13
Ribeiro Gonçalves
Nova Ubiratã
2018/19 Balsas
Santa Rita do
Trivelato
MA Tasso Fragoso
Rosário Oeste
PI
TO
BA
MT
Formosa do Rio
Brejinho de Nazaré
MG

Ipueiras
SP
Novo Jardim
Barreiras
Silvanópolis
PR
Ponte Alta do Bom
Jesus
soja
14
2000/01 2006/07 2013/14 2016/17 2018/19
A Figura 6 apresenta os valores da área de soja para os Outros Estados4 e para o Matopi- 20
M: 0,12 Mha/ano
ba5 nos mesmos cinco anos-safra apresentados nas Figuras 1-5. Em 18 safras, a área de 18 M: 0,18 Mha/ano O: 0,45 Mha/ano
soja no Cerrado cresceu 2,4 vezes, passando de 7,53 Mha em 2000/01 para 18,20 Mha em 16 M: 0,25 Mha/ano
O: 0,31 Mha/ano
4,18
O: 0,54 Mha/ano 3,94
2018/19, representando atualmente 51% da área nacional de soja . No mesmo período, a6
14 3,41
M: 0,12 Mha/ano
área de soja no Matopiba aumentou 4,3 vezes, passando de 0,97 para 4,18 Mha—a parti- 12
O: 0,31 Mha/ano
cipação da região na área de soja do Cerrado passou de 13% para 23%. Os Outros Estados
Mha
10
1,69
respondem pelos 77% restantes da área de soja do bioma, com um crescimento de 7,46 8
0,97 14,02
12,19 13,12
6
Mha (113%) de 2000/01 a 2018/19.
4 8,43
6,54
2
Em média, a taxa anual de expansão de soja no Cerrado foi de 0,59 Mha, dos quais 0,41
0
Mha/ano nos Outros Estados e 0,18 Mha/ano no Matopiba. No período mais recente Outros
Estados
Matopiba
(M)
Outros
Estados
Matopiba
(M)
Outros
Estados
Matopiba
(M)
Outros
Estados
Matopiba
(M)
Outros
Estados
Matopiba
(M)
(O) (O) (O) (O) (O)
(2016/17 a 2018/19), esta taxa de expansão caiu para 0,57 Mha/ano –ligeiramente inferior
à média de 2001 a 2019. A desaceleração é puxada pelo Matopiba: o incremento de área na Figura 6. Evolução da área de soja entre as safras 2000/01 e 2018/19 nos Outros Estados e no Matop-
região caiu, nas últimas duas safras, para 0,12 Mha anuais, 33% abaixo da média de todo o iba, e as taxas anuais de incremento de área observadas em quatro períodos: 2000/01 a 2006/07;
período. Isso mais do que compensou uma aceleração de 10% no crescimento de área nos 2006/07 a 2013/14; 20013/14 a 2016/17; e 2016/17 a 2018/19.
Outros Estados, que subiu para 0,45 Mha/ano de 2016/17 a 2018/19.
Uma análise com base nos dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR)7 revelou que 94,7%
Imagem de 13/02/2019, região de São Desidério - BA | Landsat-8, OP 220/69, 5(R)6(G)4(B).
(17,2 Mha) da área de soja da safra 2018/19 foi cultivada em 121.893 imóveis, enquanto os
5,7% (0,97 Mha) restantes foi cultivada em imóveis sem CAR, com 0,75 Mha nos Outros
Estados e 0,22 Mha no Matopiba.
A Tabela 2 apresenta o resultado da análise das áreas de soja da safra 2018/19 fora e
dentro de Áreas Especiais. Nota-se que 93,5% da área de soja do bioma se encontra fora
dessas Áreas Especiais. Se delas forem subtraídas as Áreas de Proteção Ambiental (APA)8
e os assentamentos (ASS), nos quais a atividade agrícola é permitida, essa porção chega a
97,9%. O cultivo de soja em APA é a mais relevante, com 372 mil ha no Matopiba e 262 mil
ha nos Outros Estados, correspondendo a 3,5% da soja do bioma. Em segundo lugar está a
soja cultivada na Reserva Legal (RL) e nas Áreas de Proteção Permanente (APP), declara-
4 Neste estudo, o termo Outros Estados se refere aos estados do bioma Cerrado que não fazem parte do
Matopiba. São eles: Goiás - GO, Minas Gerais - MG, Mato Grosso do Sul - MS, Mato Grosso - MT, São Paulo - SP, Para-
ná - PR e Rondônia - RO, além do Distrito Federal - DF. 7 Os dados do SICAR Federal utilizados neste trabalho foram obtidos na plataforma do Serviço Florestal
em: http://www.car.gov.br/#, conforme atualização de 18/02/2020. Para maximizar a cobertura de propriedades
5 O Matopiba é uma região formada pelos estados do Maranhão - MA, Tocantins - TO, Piauí - PI e Bahia declaradas no CAR e devido à impossibilidade de considerar informações sobre a validação do CAR, que ainda é
- BA, essencialmente nas suas porções do bioma Cerrado e nas transições com o bioma Amazônia, onde vem ocor- incipiente, todos os imóveis disponíveis na Base do SICAR Federal foram considerados.
rendo uma intensa transformação da paisagem causada pela expansão da agricultura anual de alta tecnologia. A
pequena porção do Matopiba contida no bioma Amazônia não faz parte desse estudo. 8 O cultivo de culturas agrícolas como a soja não está restrito nas APAs, embora essas áreas façam parte
do conjunto de Unidades de Conservação de Uso Sustentável do SNUC. A atividade agrícola, porém, deve seguir
6 CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento da safra brasileira – Grãos. V. 6. cuidados e orientações, conforme plano de manejo de cada APA.
Safra 2018/19, n. 12, setembro 2019. Brasília, 47 p. 2019.
15
das no CAR9, com 343 mil ha (1,9%) – essa parcela é mais expressiva nos Outros Estados,
onde o grau de antropização é maior. Tais casos se tratam, em geral, de RL declaradas, 2.2 TOTAL DE DESMATAMENTO
que em grande parte ainda passarão por validação pelas Secretarias Estaduais de Meio
Ambiente para que os Planos de Recuperação Ambiental (PRAs) sejam implantados e as NO CERRADO
áreas recuperadas.
A Figura 7 apresenta os totais das taxas anuais de desmatamento estimadas pelo PRO-
A soja em assentamentos está quase toda nos Outros Estados, concentrada em poucas DES-Cerrado de 2001 a 2019 para o bioma Cerrado. Tais taxas, que eram de aproximada-
áreas. Já nas demais Áreas Especiais, que compõem o conjunto de Áreas Protegidas (Ter- mente 3,0 Mha/ano no início da 1ª década deste milênio, caíram nos últimos quatro anos
ras Indígenas, Quilombolas, Unidades de Conservação de Proteção Integral, Unidades de a menos de um quarto, para cerca de 0,7 Mha/ano. A redução foi mais acentuada nos
Conservação de Uso Sustentável, exceto APAs, e nas sobreposições entre elas), onde as Outros Estados. A região respondia, no início do milênio, por dois terços dos desmata-
regras para o cultivo de soja são restritivas, a área é inferior a 0,3%. mentos do bioma. Nos últimos anos, a situação regional se inverteu e o Matopiba passou
a responder por dois terços dos desmatamentos, embora represente apenas um terço do
Tabela 2. Área de soja da safra 2018/19 fora e dentro de Áreas Especiais nos Outros Esta- território do Cerrado.
dos, no Matopiba e no bioma Cerrado.
Outros Estados Matopiba Bioma Cerrado A Figura 7 apresenta também a área total desmatada no bioma de 2001 a 2018 (27,7 Mha)
Estado
ha % ha % ha % e nos três períodos analisados no presente estudo. Foram desmatados 15,4 Mha no 1º Pe-
FORA DE ÁREAS ESPECIAIS 13.304.510 94,9 3.711.461 88,7 17.015.971 93,5 ríodo (2001 a 2006), 8,0 Mha no 2º (2007 a 2013) e 4,3 Mha no 3º (2014 a 2018).
TI 30.833 0,2 4.576 0,1 35.409 0,2
2001 a 2018 (27,7 Mha)
QUIL 2.458 0,0 268 0,0 2.726 0,0 3,5

1º Período (15,4 Mha)
EM ÁREAS ESPECIAIS10
UC_PI 1.938 0,0 4.329 0,1 6.266 0,0

3,0
UC_US 30 0,0 5.416 0,1 5.446 0,0

Sobrep. TI-QUIL-UC_PI-UC_US 666 0,0 2.375 0,1 3.041 0,0 2,5
APP_RL-CAR 274.621 2,0 68.836 1,6 343.457 1,9

2,0
UC_APA 261.814 1,9 371.907 8,9 633.721 3,5
Mha
2º Período (8,0 Mha)
ASS 144.645 1,0 13.003 0,3 157.649 0,9 1,5 3º Período (4,3Mha)
Sobrep. ASS-UC_APA 813 0,0 147 0,0 960 0,0

1,0
TOTAL 14.022.328 100,0 4.182.318 100,0 18.204.646 100,0
5
9 Os dados do SICAR Federal utilizados neste trabalho foram obtidos na plataforma do Serviço Florestal
em: http://www.car.gov.br/#, conforme atualização de 18/02/2020. Para maximizar a cobertura de propriedades
0
declaradas no CAR e devido à impossibilidade de considerar informações sobre a validação do CAR, que ainda é 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
incipiente, todos os imóveis disponíveis na Base do SICAR Federal foram considerados.
Matopiba Outros Estados

10 Áreas Especiais: TI - Terras Indígenas; QUIL - Territórios Quilombolas; UC_PI - Unidades de Conser-
vação de Proteção Integral; UC_US - Unidades de Conservação de Uso Sustentável, exceto APAs; Sobrep. TI-QUIL-
-UC_PI-UC_US - Sobreposições envolvendo essas áreas especiais; APP_RL-CAR - Áreas de Proteção Permanente e
Reserva Legal, declaradas no Cadastro Ambiental Rural; UC_APA - Unidade de Conservação de Uso Sustentável do
Figura 7. Taxas anuais de desmatamento no bioma Cerrado de 2001 a 2019, com destaque para o total
tipo Áreas de Proteção Ambiental - APA; ASS - Assentamentos; Sobrep. ASS-UC_APA - Sobreposições exclusivas
entre essas áreas especiais. de desmatamento ocorrido em três períodos compreendidos na análise deste estudo.
16
meio do cruzamento com as bases dos mapas de desmatamento dos anos de 2014 a 2018
2.3 MUDANÇA DE USO do PRODES-Cerrado14, adotando o procedimento relatado em Agrosatélite (2018)15.
E COBERTURA DA TERRA 2.3.1 DINÂMICA DA EXPANSÃO DA

ATRIBUÍDA À SOJA SOJA COM E SEM DESMATAMENTO
A mudança de uso da terra causada pela dinâmica da expansão da soja no bioma Cerrado De 2001 a 2018, foram desflorestados no bioma Cerrado 27,7 Mha (Figura 7). Desse total,
foi analisada considerando a seguinte classificação: 1) mudança da cobertura de vegetação a soja ocupou 3,5 Mha na safra 2018/19, uma conversão, direta ou indireta, de 12,6% do
nativa para soja, aqui denominada de expansão com desmatamento e 2) mudança de uso 11
desmatamento ocorrido nos últimos 18 anos. Dito de outro modo: 87,4% dos desmatamen-
da terra para soja, aqui considerada como expansão sem desmatamento . Resta uma ter- 12
tos não foram ocupados pela soja, mas destinados a outros usos. Significa, portanto, que
ceira classe, a das áreas de retração , constituída de terras em que houve cultivo de soja e
13
80,8% da área de soja no Cerrado – o equivalente a 14,7 Mha – estão livres de desmata-
posteriormente foram destinadas a outros usos de forma temporária ou permanente. mentos ocorridos a partir de 2001.
Essa classificação considera tanto a disponibilidade dos mapeamentos da soja em de- Para melhor captar a contribuição direta da soja nos desmatamentos ocorridos desde
terminados anos-safra, conforme estudos prévios da Agrosatélite, quanto o número de 2001, a análise da expansão da soja com desmatamento foi realizada em três períodos
anos em cada período. O foco principal dessa análise consiste em avaliar as tendências de seis, sete e cinco safras, respectivamente, conforme indicado na Figura 7. A definição
de expansão da soja com desmatamento ao longo do tempo. A abrangência de cada perí- desses períodos também levou em consideração a disponibilidade de mapas da soja em
odo analisado deve ser, portanto, longo o suficiente para captar efetivamente a mudança anos específicos (2001 a 2006, 2007 a 2013 e 2014 a 2018), seguindo a metodologia de estu-
de uso e cobertura da terra ocasionada pela expansão da cultura, mas ao mesmo tempo dos prévios da Agrosatélite (2015)14.
curto o bastante para retratar as variações e tendências no padrão da mudança de uso e
cobertura da terra ao longo dos 18 anos safra analisados. A soma dos desmatamentos convertidos para soja nos três períodos (Figura 8) foi de 3,0
Mha, ou seja, foi contabilizado 86% da área total desmatada após 2001 convertida para
A análise da expansão com desmatamento das áreas de soja em 2018/19 foi realizada por soja na análise fracionada. Isso sugere que o número de anos de cada período represen-
11 Expansão com desmatamento corresponde à mudança de cobertura da terra ocasionada pelo desmata- ta adequadamente o tempo envolvido no processo de conversão de desmatamento para
mento de áreas de vegetação nativa do Cerrado (independentemente da fitofisionomia) no início de cada período,
convertidas para soja até o final do mesmo período. soja. Os desmatamentos mais antigos, que passam por usos transitórios antes da conver-
12 Expansão sem desmatamento corresponde à mudança de uso da terra ocasionada pela expansão da são para soja (pastagem, por exemplo), foram contabilizados como expansão sem desma-
soja em áreas com outros usos no início de cada período e que foram convertidas para soja até o final do mesmo tamento, embora tenham ocorrido no período posterior a 2001.
período. Por exemplo, área de pastagem convertida para soja consiste na intensificação de uso da terra, situação
que ocorre com frequência nos Outros Estados, onde se encontram muitas áreas de pastagens com elevada aptidão Ao analisar a expansão da soja nos três períodos, observa-se uma tendência de queda na
agrícola para soja. Exemplos de outros usos no início de cada período são os seguintes: a) áreas em rotação com
culturas anuais (p.ex. algodão e milho 1ª safra); b) áreas em pousio; e c) áreas de cana-de-açúcar em processo de parcela da expansão de soja realizada sobre área desmatada no bioma Cerrado, conforme
renovação. ilustra a Figura 8. Mesmo no Matopiba, onde a fração da expansão da soja com desmata-
13 Retração são as áreas de soja no início de cada período que passaram para outros usos no final do perí-
odo. Tratam-se, por exemplo, de a) áreas em rotação com outras culturas anuais (como algodão e milho 1ª safra); b) 14 O PRODES, realizado anualmente, mapeia os desmatamentos que ocorrem de agosto do ano anterior a
áreas em pousio; c) áreas que voltaram a ser cana-de-açúcar por conta do processo de renovação dos canaviais; e d) julho do ano corrente. O PRODES-2014, por exemplo, mapeia os desmatamentos ocorridos de agosto de 2013 a julho
áreas que efetivamente deixaram de ser soja por questão de abandono ou mudança de uso propriamente dita, como de 2014.
ocorreu na primeira década deste milênio por conta da larga expansão da cana-de-açúcar na região Centro-Sul
(https://www.mdpi.com/2072-4292/2/1/290). 15 Relatório disponível para consulta pública em: https://agrosatelite.com.br/cases/#expansao-agricola.
17
mento foi bastante significativa nos dois primeiros períodos (62% de 2001 a 2006 e 52% de para soja na safra 2018/19 poderão sê-lo em safras futuras.
2007 a 2013; Figura 8), houve uma queda expressiva no 3º Período (18,9%; Figura 8).
Dentre os estados que compõem o Matopiba, o Tocantins apresentou a maior área de soja
1º Período 2º Período 3º Período
2000/01-2006/07 2006/07-2013/14 2013/14-2018/19 sobre desmatamentos (97 mil ha), seguido do Maranhão (77 mil ha), Piauí (56 mil ha) e
1,29 | 26,6% 1,34 | 18,4% 0,36 | 7,2%
Bahia (55 mil ha) (Figura 9). Tocantins também é recordista em desmatamentos totais
no período de 2014 a 2018, superando a marca de 1,0 Mha. Nos Outros Estados, a maior
Bioma Cerrado
área de soja sobre desmatamentos coube ao Mato Grosso (38 mil ha), seguido de Goiás (23
3,57 | 73,4% 5,96 | 81,6% 4,72 | 92,8% mil ha). Os dois estados representam juntos 76,9% da área de soja sobre desmatamentos
nessa região no período analisado (Figura 9).
0,22 | 4,3% 0,08 | 2,2%
0,62 | 16,5% a) b)
1,2 0,36 | 8,2%
Outros Estados
1,0 Bioma
Cerrado
3,15 | 83,5% 4,94 | 95,7% 3,52 | 97,8%
4,8 | 91,8%
0,8
c)
0,67 | 61,6% 1,12 | 52,4% 0,28 | 19,2%
Mha
0,6 0,07 | 4,5%
Matopiba
0,4 Outros
Estados
0,42 | 38,4% 1,02 | 47,6% 1,20 | 80,8%
1,67 | 95,5%
0,2
Expansão sem desmatamento Expansão com desmatamento
d)
0 0,28 | 10,6%
DF GO MG MS MT PR RO SP MA TO PI BA
Figura 8. Área de expansão da soja (Mha) indicando as parcelas que expandiram com e sem desmat-
amento no bioma Cerrado, nos Outros Estados e no Matopiba em três períodos de 2000/01 a 2018/19. Matopiba
Desmatamento de 2014 a 2018 convertido para soja de 2013/14 -> 2018/19
Desmatamento de 2014 a 2018 não convertido para soja de 2013/14 -> 2018/19 2,32 | 89,4%
Enquanto a Figura 8 apresenta os valores da área de soja que expandiu com e sem desma-
tamento em cada período analisado, a Figura 9 apresenta o total desmatado no Cerrado
de 2014 a 2018 e a parcela dessa área convertida para a soja até a safra 2018/19. Nesse pe- Figura 9. Total de desmatamento de 2014 a 2018 (PRODES-Cerrado/INPE) e parcela de soja na safra
ríodo, no qual as taxas de desmatamento caíram em relação aos dois períodos anteriores, 2018/19 sobre esse desmatamento para: a) estados em sua porção contida no bioma Cerrado; b) bio-
a contribuição da expansão da soja com desmatamento também foi a menor (0,36 Mha, ma Cerrado; c) Outros Estados; e d) Matopiba.
o equivalente a 8,2%). Ainda nesse período, foram desmatados 2,67 Mha no Matopiba,
sendo que 0,28 Mha (10,6%) acabaram convertidos para soja. Nos Outros Estados, a área
desmatada foi de 1,76 Mha, com 0,08 Mha (4,5%) convertidos para soja (Figura 9). Cabe
ressaltar que uma parcela dos desmatamentos ocorridos de 2014 a 2018 não convertidos
18
2.3.2 DINÂMICA DA MUDANÇA DE USO E COBERTURA 2000/01 A 2018/19
A Figura 10 apresenta o resultado da dinâmica da mudança de uso e cobertura da terra no processo de expansão e retração da soja nos Outros Estados e no Matopiba, tanto para o período
de 5 anos entre as safras 2013/14 e 2018/19 (resultado desse estudo), quanto para dois períodos anteriores – de 6 anos entre as safras 2000/01 e 2006/07 e de 7 anos entre as safras 2006/07
e 2013/14 (Agrosatélite, 2015; 2018)16.
22
1,20 1,77
20 3,52
0,71
4,18
18 1,02 1,40
4,94
0,43 3,41 0,08 0,28
16
Mha
0,06/ano 14,02
14
0,02/ano
1,88
3,15 0,42 12,19
12 1,12
0,37 1,69 0,22
10
0,67 0,16/ano
8,43
0,62 0,03/ano
8 0,97
6,54 0,11/ano
6 0,10/ano
4 2000/01 a 2006/07 2006/07 a 2013/14 2013/14 a 2018/19

6 safras 7 safras 5 safras
2
Figura 10. Mudança de uso e cobertura da terra envolvida no processo de expansão e retração da soja nos Outros Estados e no Matopiba em três períodos: 1º de 2000/01 a 2006/07; 2º de 2006/07 a 2013/14; e 3º
de 2013/14 a 2018/19. Na parte inferior das barras de expansão com desmatamento (laranja) está o valor da taxa anual de conversão de vegetação nativa para soja.
16 Relatório disponível para consulta pública em: https://agrosatelite.com.br/cases/#expansao-agricola.
19
A presença relativa da soja no Matopiba é significativamente inferior à dos Outros Es- 2.3.2.1 DETALHAMENTO DA DINÂMICA DE EXPAN-
tados, mas vem crescendo ao longo do tempo. Conforme visto anteriormente (item 2.1), SÃO E RETRAÇÃO | 2013/14 A 2018/19
a participação da região na área dedicada à sojicultura no bioma Cerrado saiu de 13% da
em 2000/01 para 23% em 2018/19. Apesar desse crescimento, a taxa média de conversão As Figuras 12 a 20 apresentam recortes de diferentes partes do bioma Cerrado visando
de vegetação nativa para soja, que chegou a 161 mil ha/ano de 2006/07 a 2013/14, caiu ilustrar, em mapas, tanto a distribuição espacial da área cultivada com soja quanto as ex-
para 57 mil ha/ano no período mais recente (2013/14 a 2018/19). Já nos Outros Estados, a pansões de soja com e sem desmatamento, além daquelas que sofreram retração no perí-
taxa média de conversão vem reduzindo gradativamente, chegando a 16 mil ha/ano no odo de 2013/14 a 2018/1917. Nessas figuras, as expansões de soja sem desmatamento sobre
período mais recente (Figura 11). pastagem, pousio e outros estão em azul sem hachura – e estão em azul com hachura
quando ocorreram sobre milho ou algodão 1ª safra ou cana. Já as áreas de soja que sofre-
200.000 ram retração estão em cinza sem hachura quando passaram para pousio ou outros usos, e
com hachura quando passaram a rotacionar com milho ou algodão 1ª safra ou cana.
160.000
120.000
ha/ano
80.000
40.000
Taxa anual de expansão com desmatamento | Matopiba
Taxa anual de expansão com desmatamento | Outros Estados

Imagem de 16/12/2018, região de Montividiu - GO | Landsat-8, OP 223/72, 5(R)6(G)4(B).
Figura 11. Taxa média anual de conversão de vegetação nativa para soja em cada um dos três perío-
dos analisados. 17 Para quantificar a dinâmica da expansão-retração da soja, foram utilizadas imagens de satélite para
avaliar a área de soja da safra 2018/19 que expandiu sem desmatamento em 2013/14, separando-as em: a) culturas
agrícolas (milho e algodão 1ª safra e cana); b) pousio ou outros usos; e c) pastagem (Áreas de Pastagens do Brasil,
2014, base LAPIG/MapBiomas). Ainda com base nas imagens de satélite, foi avaliada a área de soja da safra 2013/14
que sofreu retração devida à rotação de culturas ou então deixou de ser cultivada com soja na safra 2018/19 (pousio
ou outros usos).
20
MA
Tapurah
PI
Sorriso
TO
RO
BA
MT GO Brasnorte
DF
Nova Maringá Lucas do Rio Verde
MG
MS
SP
PR
Campo Novo do Parecis

Soja em 2013/14 e 2018/19
São José do Rio Claro
Exp. com desmatamento
Legend
Nova Mutum
Exp. em pastagem, pousio e outros
ccm_municipios_Intersect1
Exp. em milho, algodão ou cana

Legend
muni_prioritarios_Abiove_PRODES_exp_total_17-19_PRODES14-18
BR_BIOMAS_IBGE_GCS_WGS84
Retr. com pousio e outros
Diamantino
Retr. com milho, algodão ou cana
Figura 12. Dinâmica territorial da soja de 2013/14 a 2018/19 no Centro-Oeste de Mato Grosso onde a sojicultura está bem consolidada, com pouca dinâmica de expansão. Há, contudo, algumas áreas de retração
mais próximas das bordas da Chapada do Parecis em Campo Novo dos Parecis e em Nova Mutum, sendo que em ambos os casos se tratam de regiões mais arenosas.
21
Gaúcha do Norte
MA
Nova Ubiratã
PI
Água Boa
TO
RO
BA
Paranatinga
MT GO
DF
MG
MS
SP
PR Campinápolis Nova Xavantina
Soja em 2013/14 e 2018/19

Legend
Planalto da Serra
Santo Antônio do Leste
LegendExp. em milho, algodão ou cana

BR_BIOMAS_IBGE_GCS_WGS84 Primavera do Leste
Nova Brasilândia
muni_prioritarios_Abiove_PRODES_exp_total_17-19_PRODES14-18 Novo São Joaquim
Figura 13. Dinâmica territorial da soja de 2013/14 a 2018/19 no Centro-Leste de Mato Grosso, com pequenas áreas esparsas de expansão com desmatamento (municípios de Planalto da Serra e Paranatinga) e
maior incidência de expansão sem desmatamento sobre áreas que, em grande parte, estavam sendo utilizadas para pastagem, com destaque para os municípios de Campinápolis e Água Boa.
22
Caiapônia
MA
PI Mineiros
Montividiu
TO
RO
BA
Perolândia
MT GO
DF
MG
Rio Verde
MS
SP
PR Mineiros Jataí
Soja em 2013/14 e 2018/19

Legend

Legend
BR_BIOMAS_IBGE_GCS_WGS84 Serranópolis

Figura 14. Dinâmica territorial da soja de 2013/14 a 2018/19 no Sudoeste de Goiás, onde a sojicultura está bem consolidada, mas que apresenta algumas áreas de expansão sobre pastagens nas regiões periféricas
das áreas consolidadas. Também é permeada com alguns canaviais que, ao passar pelo processo de renovação, podem ser intercalados com o cultivo da soja.
23
MA
Corguinho Rochedo Bandeirantes
PI
Aquidauana
TO
RO
BA
Jaguari
MT GO
DF
Terenos
MG
MS
SP
PR
Sidrolândia Ribas do Rio Pardo
Soja em 2013/14 e 2018/19

Legend
ccm_municipios_Intersect1 Sidrolândia

Anastácio Campo Grande
Legend

Maracaju
Figura 15. Dinâmica territorial da soja de 2013/14 a 2018/19 na região Central de Mato Grosso do Sul, próximo à capital Campo Grande, que concentra grandes extensões de pastagem com alta aptidão agrícola
para soja e que nos últimos anos vem experimentando uma crescente conversão para a soja. É o que torna o Mato Grosso do Sul o segundo estado do bioma Cerrado com maior área de expansão de soja nos
últimos anos, juntamente com Goiás.
24
Ituverava
MA Guaíra
Ipuã
Guará
PI
Barretos
São Joaquim da
TO Barra
RO
BA
MT GO
São José da Bela
DF Jaborandi
Vista
MG
MS
Nuporanga
Colina
SP
Orlândia
PR Morro Agudo
Terra Roxa
Soja em 2013/14 e 2018/19
Legend Sales Oliveira

Bebedouro
Legend
muni_prioritarios_Abiove_PRODES_exp_total_17-19_PRODES14-18 Batatais
Viradouro

muni_prioritarios_Abiove_PRODES_exp_total_17-19_PRODES14-18 Pitangueiras Pontal
Jardinópolis
Figura 16. Dinâmica territorial da soja de 2013/14 a 2018/19 no Norte do estado de São Paulo, com alta incidência de canaviais que, ao passar pelo processo de renovação, podem ser intercalados com lavouras
de soja, em geral por uma safra. Neste caso, a expansão (azul) ocorreu nos canaviais em renovação na safra 2018/19, enquanto a retração (cinza) ocorreu nos canaviais em renovação na safra 2013/14 e que,
consequentemente, estavam com cana-de-açúcar na safra 2018/19.
25
Pedro Afonso
MA Rio dos Bois
Dois Irmãos do Tocantins

Caseara
PI
Abreulândia Miranorte
Rio Sono
TO
RO
BA Tocantínia
MT GO Miracema do Tocantins
DF
Marianópolis do Divinópolis do Tocantins
Tocantins
MG Barrolândia
MS Lajeado
SP
Monte Santo do Tocantins Aparecida do Rio Negro

PR
Soja em 2013/14 e 2018/19 Chapada de Areia

Legend
Paraíso do Tocantins
Pium
ccm_municipios_Intersect1 Palmas
Porto Nacional
LegendExp. em milho, algodão ou cana
ccm_municipios_Intersect1 Pugmil

Cristalândia Nova Rosalândia Monte do Carmo
Figura 17. Dinâmica territorial da soja de 2013/14 a 2018/19 no Centro-Oeste do Tocantins, onde a sojicultura começa a assumir maior relevância devido à expansão (em menor parte com desmatamento e em
maior parte sem desmatamento). Cabe destaque para os municípios de Caseara e Mirandópolis do Tocantins, nos quais houve forte expansão da soja em apenas 4 anos, ocupando especialmente pastagens.
26
Monte Alegre de Goiás
São Desidério
MA
Divinópolis de Goiás
PI
TO São Domingos Correntina

RO
BA
MT GO
Nova Roma
DF
MG
Coribe
Guarani de Goiás
MS
SP
Jaborandi
PR Iaciara
Soja em 2013/14 e 2018/19

Posse
Legend
Mambaí
Simolândia Buritinópolis
Legend
BR_BIOMAS_IBGE_GCS_WGS84 Cocos
ccm_municipios_Intersect1 Alvorada do Norte Damianópolis
Montalvânia
Flores de Goiás
muni_prioritarios_Abiove_PRODES_exp_total_17-19_PRODES14-18 Sítio d’Abadia
Figura 18. Dinâmica territorial da soja de 2013/14 a 2018/19 no Sudoeste da Bahia, onde a rotação da soja com culturas anuais (algodão e milho 1ª safra) é prática comum de manejo agrícola. A expansão sobre
áreas sem desmatamento, bem como a retração, representa a grande maioria das áreas em rotação de culturas. Algumas áreas de retração, mais a Leste, onde há condições climáticas menos favoráveis e
solos mais arenosos, sofreram retração devido à substituição por outras culturas (p. ex. gramíneas para produção de semente). É interessante notar uma área de expansão de soja com desmatamento (porção
inferior da figura) em condição de elevado risco climático, porém com irrigação (forma circular das áreas irrigadas com pivô central).
27
MA Mateiros
Ponte Alta do Tocantins

Formosa do Rio
PI
Preto
Almas
TO
RO
BA
Rio da Conceição
MT GO
DF
MG
MS
Dianópolis
SP
Riachão das Neves
PR
Novo Jardim
Soja em 2013/14 e 2018/19

Legend
Ponte alta do Bom Jesus

Legend
Barreiras
BR_BIOMAS_IBGE_GCS_WGS84 Taipas do Tocantins
Luís Eduardo Magalhães
Taguatinga
Figura 19. Dinâmica territorial da soja de 2013/14 a 2018/19 no Noroeste da Bahia, onde a produção de soja está mais consolidada e a prática da rotação com culturas anuais está bem consolidada. Embora
Formosa do Rio Preto esteja sempre entre os municípios que mais desmatam no Matopiba para o plantio de soja, nota-se uma certa desaceleração nesse processo no período mais recente. A expansão com
desmatamento em toda essa região ocorreu em áreas esparsas de tamanho relativamente grande.
28
MA Loreto
Uruçuí
Sambaíba
PI
TO Balsas
RO
BA
MT GO
DF
Ribeiro Gonçalves
MG
Baixa Grande do Ribeiro
MS
SP
Sebastião Leal
PR Tasso Fragoso
Soja em 2013/14 e 2018/19 Manoel Emídio

Legend
Alvorada do Gurguéia
ccm_municipios_Intersect1 Palmeira do Piauí
Legend
Santa Filomena
muni_prioritarios_Abiove_PRODES_exp_total_17-19_PRODES14-18 Currais
Figura 20. Dinâmica territorial da soja de 2013/14 a 2018/19 no Sul do Maranhão e do Piauí. Essa região se situa na porção mais recente da fronteira agrícola nacional, onde a expansão com desmatamento se
faz mais presente no bioma Cerrado e na qual também se cultiva milho e algodão primeira safra, que rotacionam com a soja.
29
APERENETUDI IPSANTE modi tendae dolorum audae nis es ma dolor mi, cus voluptatus ea cum remquiam vel
modipsaped quiam, si velit faceptu mquaes id et ped magnate prehentis sum ese dolup-
tus re, soluptatum que volupta cus aut volupid ebitiorum faccus earupie nimpore, sunt
MPORRO OD ET, VELIT PA exerum se volendit eum res sam faccaer ferovitat aut et volum invelis et qui doloribus.
Da con con non net aut ea voluptate nihit quas quamet ut quam verum quat volupit, quo
Sed moluptur rercium et eos quibusto vit omnihil illoribus, quis res et, ipsam doluptate tempore dolore ime nullamus.
ne conserum fuga. Amus veris quodit eatendanto ducimus dolupta turiam, ut que prem
re pelique quamet eum dolupta debisci assita que explibus aborend endam, utas et dere- Nullam quam, sant. Aquiatias ellorem sit volorio. Epella dipienimus aspelit apel ipsa quis
ratur a explaborum dolent velendest1 hiciet erum, si sum sunto molori dolestiandae nul- in nobis magnis andaeproviti vellantia velissunto que veliquidus aciis as pe nossinver-
land erchiciam. nam re venda samus quid quos si doluptatet, aditia dessi ut quiaes aliqui totatatiorum
num expero moluptae labo. Itas sa pel mollum quis eum assersped que nis eat et quiasi
Suscim ni acea saectes doluptament rentusant, sum ut vellend untem. Oluptaes velene doluptas aut pro et voloritas etum accuscipis aspere sit hillamus percips animill orere-
aut laborepera sequatem faccatis ea se volo blatetur mi, ommolor uptaturit a apictor eri- resed ut fugiaspellis exercim agniscit voluptati des qui ad ent molore porerunt, od modip-
bus doluptatia doloreh endissi tassin coriate voluptu scipiendebit aut quis eritiorit ullibus ientum et, te dolorem volorate eum quae. Itas quatemp oreritiae dolupidunt ex ese nis
ciliqui totate sit, consecab int voluptate diciet fuga. Nempore coratus as volum quat utet natibusam, cor ate pratiunt acesequiae. Et harcia soluptate et ut labo. Et as perorrovidit
Imagem de 13/02/2019, região de Santa Filomena - PI | Landsat-8, OP 220/66, 5(R)6(G)4(B).

antio volorib erspedisci ullitem estibus accum esed quisciam nonse dolum hario conse- facea dis sectemquis volupta con et aut que nonsequate nonse peratqui quas represector
cu ptaquam, quistem dem non conserum nectur simi, nSecuptasi unt quunt voluptatio. autatumenime officil molupid eum qui torerio ratempor soluptas et alignihit percid qui
Nem quissi unt fugitia audi reperov itatur sam re nonet am re im que volo et, ut labo. Alias dio to ea del es in ressum dolum non rem invel ipicabo rporro illo magnatae. Nam aliqua-
corum que magnam reiunte mporumqui di quunt et autatqui aut et harum ut eaquis sum tione nonsequis est ad elestibus dendem. Ostorepti nos maio quam velit exerovita quia
faci tem quas eostis evenet fugit, ut dolenda nientur aut volori bla in pores vere, temquib quo optae voluptatia ni tempera cuptiore veruptas quae molum facculpa corum as anihit,
usciliquame corem volupta pa iur? voluptius magnis se vel eius aces voloressim et, vendantis imus non eum accuptione
officip idelesequi quas necaectus sit ario. Agnihilite la cusa qui sitius voluptat.
Tet, illab ipsuntios ditium, cuptatendis aute placiuntibus nonsecuptas sit occat.
Ota seque nihil int occume nam, qui occulla ndella nihit re, eatio voluptate perum aut
Ore inctatempore nus et, nimus, offici nam, eosti autem quis ex estruptiis dolupta vent faccullam rest omnihic tibus.
voluptatur? Aquisquo verisqu odiorume pratur assimi, quae volupta quist, volest ex even-
emporro consequ iatiam doluptatur, omni consequiat lit apellan dignat volent quia non
nimet aut volut pro invenis sit offictat am as ero consequident ducimag natint officte
laborib uscidel luptaspe a quid que consequi ut volupicabo.
Antiassunt aut estrum debit, tem am fugit id quiamus accus dolendebis alignis num eu-
mquate nimilit, soluptaturit ommoluptatem eatem alis sit es vit aute sin re nament vo-
luptae voluptaqui iniet iduciantoris molliquodit ea pari blaut qui res audaecto endandit
inihit rehendis as sam eiurem quam in remquiam dis endaest inctas volorrum fugia il
1 Nempore coratus as volum quat utet antio volorib erspedisci
30
De 2013/14 a 2018/19, a expansão líquida da soja sobre novas áreas foi de 2,59 Mha – a 4. 0,28 Mha (36,4%) com desmatamento.
expansão total foi quase duas vezes maior (5,08 Mha) - em função da dinâmica de seu
cultivo, na qual uma parcela das lavouras pode rotacionar com culturas agrícolas (mi- Nota-se uma clara distinção na dinâmica de expansão da soja entre as regiões. Nos Ou-
lho e algodão 1ª safra e reforma de cana) ou ser colocada em pousio (Figuras 12 a 20). Da tros Estados a rotação de culturas teve um papel relevante no aumento da área de soja
mesma forma, áreas anteriormente cultivadas com milho e algodão 1ª safra e cana ou (0,37 Mha; 20,2%). É algo que se deve, em parte, à rotação da soja com milho 1ª safra – um
que estavam em pousio podem passar a ser ocupadas pela soja. A dinâmica de expan- manejo ainda muito comum especialmente em algumas regiões de Goiás e Minas Gerais
são da área de soja consiste, assim, tanto da incorporação ao sistema produtivo de áreas – ou por ocasião da reforma dos canaviais, intensificada na safra 2018/19 (Projeto Cana-
provenientes da conversão de vegetação nativa ou da intensificação de uso da terra por sat/Agrosatélite)18. Outro ponto a ser considerado na questão da rotação de culturas é a
meio da conversão de pastagens, quanto da prática de manejo agrícola com rotação de substituição em anos recentes das lavouras de algodão de 1ª safra por soja em boa parte
culturas agrícolas ou pousio. O último caso é o mais comum em áreas menos favoráveis do Mato Grosso. No Matopiba, a rotação da soja com culturas anuais ocorre com bastante
para o cultivo de soja. frequência, mas se manteve estável nas duas safras analisadas e, portanto, contribuiu
pouco com o ganho de área para expansão da soja (0,04 Mha, ou 5,2%).
O resultado do detalhamento dessa análise é apresentado na Figura 21, ilustrando as
transições de uso e cobertura da terra associadas à dinâmica da soja nos Outros Estados A expansão da soja em 2018/19 sobre áreas que estiveram em pousio em 2013/14 foi mais
e no Matopiba. expressiva no Matopiba (0,23 Mha, ou 29,9%) do que nos Outros Estados (0,16 Mha, ou
8,7%).
Nos Outros Estados, a expansão líquida da área de soja foi de 1,83 Mha, que representam
70,6% da expansão da soja no bioma Cerrado no período, dos quais: A contribuição da conversão de pastagens na expansão líquida da soja foi mais relevante
nos Outros Estados (1,23 Mha, ou 67,2%) do que no Matopiba (0,22 Mha, ou 28,6%). No Cer-
1. 0,37 Mha (20,2%; 1,14 – 0,77 Mha) sem desmatamento, com rotação de culturas (milho rado como um todo, as pastagens contribuíram com 56% da efetiva expansão da área de
e algodão 1ª safra e cana). soja no período.
2. 0,16 Mha (8,7%; 1,16 – 1,00 Mha) sem desmatamento, sobre lavouras que estavam
em pousio. A conversão com desmatamento representa 4,4% (0,08 Mha) da expansão líquida da área
3. 1,23 Mha (67,2%) sem desmatamento, com conversão de pastagens (intensificação). de soja de 2013/14 a 2018/19 nos Outros Estados. A região é mais consolidada e tem grande
4. 0,08 Mha (4,4%), com desmatamento. disponibilidade de terras antropizadas com boa aptidão agrícola para a sojicultura sem
desmatamento. Já no Matopiba, o plantio de soja com desmatamento representa 36,4%
No Matopiba, a expansão líquida da área de soja foi de 0,76 Mha, que representa 29,6% da (0,28 Mha) – o que era de esperar numa região localizada na mais recente fronteira agrí-
expansão da soja do período no bioma Cerrado, dos quais: cola do Brasil, na qual o processo de consolidação da agricultura está em pleno curso e
em que é menor a disponibilidade de terras antropizadas com aptidão agrícola para soja.
1. 0,04 Mha (5,2%; 0,49 – 0,45 Mha) sem desmatamento, com rotação de culturas (milho
e algodão 1ª safra e cana).
2. 0,23 Mha (29,9%; 0,48 – 0,25 Mha) sem desmatamento, sobre lavouras que estavam
em pousio.
3. 0,22 Mha (28,6%) sem desmatamento, com conversão de pastagens (intensificação).
18 Projeto descrito e comentado em: https://agrosatelite.com.br/cases/#canasat.
31
2013/14 OUTROS ESTADOS 2018/19
12,19
Soja
Mha
14,02
Soja
Mha
1,23 Mha
Pastagem
1,16 Mha
Pousio ou outros usos
1,00 Mha
1,14 Mha Pousio ou outros usos
Milho, algodão ou cana 0,77 Mha
0,08 Mha Milho, algodão ou cana
Vegetação Nativa
MATOPIBA
3,41
Soja
Mha
4,18
Soja
0,49 Mha Mha
Milho, algodão ou cana
0,48 Mha
Pousio ou outros usos 0,45 Mha
0,28 Mha Milho, algodão ou cana
Vegetação Nativa 0,25 Mha
0,22 Mha Pousio ou outros usos
Pastagem
Figura 21. Diagrama de Sankey, ilustrando a área de soja das safras 2013/14 e 2017/18, juntamente com as transições de uso e cobertura da terra que ocorreram no período para: Outros Estados e Matopiba.
32
3. APTIDÃO AGRÍCOLA
DA SOJA Fotógrafo: Marcos Campos
3.1 ANTECEDENTES 3.2 MATERIAIS
O bioma Cerrado é bastante diverso em suas características edáficas, climáticas e de re- Os principais materiais ou insumos de base utilizados neste estudo foram:
levo, cuja parametrização e análise de acordo com as exigências agrometeorológicas das
culturas permitem avaliar a aptidão edafoclimática em cada porção do território. O Zo- • Solos
neamento Agrícola de Risco Climático – ZARC (ASSAD et al., 2008) , por exemplo, toma 19
• Mapas de solos em escala de 1:250.000 disponíveis na base contínua do IBGE,
por base essas características edafoclimáticas para anualmente recomendar ou não a cuja descrição do tipo de solo e, principalmente, as informações associadas à tex-
semeadura de determinadas cultivares de soja em cada município brasileiro. Com o uso tura, permitiram a Agrosatélite classificar os solos em arenoso (tipo 1), médio (tipo
da metodologia do ZARC, a Agrosatélite (2015) deu um passo adiante, avaliando a apti-
20
2) e argiloso (tipo 3). Para cada um desses solos foi atribuído um valor de referência
dão edafoclimática para a soja em nível de paisagem, o que permitiu identificar a varia- para a capacidade de armazenamento de água (CAD)22, sendo 35 mm para o solo tipo
bilidade da aptidão dentro de um mesmo município. Além dos aspectos edafoclimáticos, 1 (com exceção para o DF, que foi 40 mm), 50 mm para o solo tipo 2, e 75 mm para o
a Agrosatélite incluiu na definição da aptidão agrícola da soja o conceito das restrições solo tipo 3.
associadas: a declividade, que pode limitar a mecanização agrícola, e a altitude, que re-
gionalmente permite identificar as áreas de maior ou menor favorabilidade à sojicultura. • Dados climatológicos
O referido estudo foi amplamente utilizado em fóruns como o GTC (Grupo de Trabalho • Mapas de precipitação e evapotranspiração de referência diária provenientes de
do Cerrado), além de ter servido de base para diversas publicações técnico-científicas XAVIER et al. (2016, 2017)23, suficientes para compor uma normal climatológica de 30
(NEPSTAD et al., 2019; RAUSCH et al., 2019; BRANDÃO JR et al., 2020)21. anos. A série temporal utilizada nesse trabalho foi de 1986 a 2016, no formato matri-
cial com resolução espacial de 0,25º.
• Informações do ZARC
• Tabelas do ZARC disponíveis nas portarias publicadas pelo Ministério da Agri-
cultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para a cultura da soja na safra 2018/19
em cada estado. Essas tabelas foram utilizadas como referência para identificar os
calendários de semeadura recomendados para os municípios24, levando em conta o
22 Na etapa do balanço hídrico, visando um melhor ajuste à realidade de campo, adotou-se um fator de
ajuste na CAD de acordo com um modelo de crescimento de raiz da soja (BATTISTI, 2013), que atinge a profundida-
de máxima de aproximadamente 50 cm na fase de maturação.
19 ASSAD, E. D.; MARIN, F. R.; PINTO, H. S.; ZULLO JR, J. Zoneamento Agrícola de Riscos Climáticos do BATTISTI, R. Épocas de semeadura da cultura da soja com base no risco climático e na rentabilidade líquida para
Brasil: Base Teórica, Pesquisa e Desenvolvimento. Informe Agropecuário (Belo Horizonte), v. 29, p. 47-60, 2008. as principais regiões produtoras do Brasil. 2013. 261 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Sistemas Agríco-
las) - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba, 2013.
20 Relatório disponível para consulta pública em: https://agrosatelite.com.br/cases/#expansao-agricola.
23 XAVIER, A. C.; KING, C. W.; SCANLON, B. R. Daily gridded meteorological variables in Brazil (1980- 2013).
21 NEPSTAD, L. S.; GERBER, J. S.; HILL, J. S.; DIAS, L. C. P.; COSTAS, M. H.; WEST, P. C. Pathways for recent International Journal of Climatology, v. 36, p. 2644-2659, 2016.
Cerrado soybean expansion: extending the soy moratorium and implementing integrated crop livestock systems
with soybeans. Environmental Research Letters, v. 14, 2 jan. 2019. XAVIER, A. C.; KING, C. W.; SCANLON, B. R. An update of Xavier, King e Scanlon (2016) daily precipitation gridded
RAUSCH, L. L.; GIBBS, H. K.; SCHELLY, I.; BRANDÃO JR, A.; MORTON, D. C.; FILHO, A. c.; STRASSBURG, B.; WALKER, N.; data set for the Brazil. In: Anais do XVIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto – SBSR. São José dos
NOOJIPADY, P.; BARRETO, P.; MEYER, D. Soy expansion in Brazil’s Cerrado. Conservation Letters, v. 12, 27 aug. 2019. Campos: INPE, 2017. v. 1. p. 562-569.
BRANDÃO JR, A.; RAUSCH, L.; DURÁN, A. P.; COSTA JR, C.; SPAWN, S. A.; GIBBS, H. K. Estimating the Potential for
Conservation and Farming in the Amazon and Cerrado under Four Policy Scenarios. Sustainability, v. 12, 10 feb. 2020. 24 O ZARC divide o período recomendado para a semeadura da soja em cada município em decêndios.
34
tipo de solo e o tamanho do ciclo das cultivares. Proteção Integral ou de Uso Sustentável30, além das Áreas de Proteção Ambiental
(APAs) do Ministério do Meio Ambiente31. Todas essas condições de áreas especiais
• Dados do modelo digital de elevação foram devidamente apuradas para cada classe de aptidão agrícola da soja.
• O Topodata (VALERIANO; ROSETTI, 2011) foi a base de dados utilizada para a
25
aplicação das restrições de: i) declividade (áreas com maior declividade limitam ou • Base de imóveis do SICAR Nacional
impedem a mecanização agrícola), e ii) altitude (regionalmente, as áreas de menor • Os limites georreferenciados dos imóveis rurais, juntamente com as informa-
altitude são consideradas menos favoráveis para a produção de soja). ções de Áreas de Preservação Permanente (APP) e de Reserva Legal (RL), foram ex-
traídos da base do SICAR Federal32.
• Imagens de satélite e segmentação
Imagem de 16/04/2020, região de Campo Grande-MS | Landsat-8, OP 225/73,

• Foram selecionadas 118 imagens do satélite Landsat-8/sensor OLI, livres de nu-
vens, para cobrir toda a extensão do bioma. As imagens foram processadas e seg-
mentadas de acordo com os detalhes descritos na seção de metodologia.
• Dados de uso e cobertura da terra

• Cada um dos segmentos mencionados acima foi classificado quanto ao uso e
cobertura da terra na classe Vegetação Nativa (primária ou em estado avançado de
regeneração) e na classe Antrópico. A classe Vegetação Nativa foi obtida com base na
classe de vegetação nativa do TerraClass-2013, da qual foram subtraídos os polígonos
desflorestados de 2013 a 2018 do PRODES-Cerrado26. A classe Água foi obtida do Map-
Biomas, coleção 427, e prevaleceu sobre as demais. Ou seja, foram utilizadas bases de
dados públicos para obtenção dessas classes.
• Áreas especiais
5(R)6(G)4(B).
• Os segmentos também foram avaliados em relação a Terras Indígenas (FUNAI)28,
Comunidades Quilombolas e Assentamentos (INCRA)29, Unidades de Conservação de
Para o município de Rio Verde (GO), por exemplo, o período de semeadura recomendado para a soja vai de 1º de
outubro a 31 de dezembro, totalizando 9 decêndios. Esse período pode variar dentro de um mesmo município, de-
pendendo do tipo de solo (arenoso, médio ou argiloso) e do grupo de cultivar (100, 115 ou 130 dias).
http://acervofundiario.incra.gov.br/acervo/acv.php.
25 VALERIANO, M. C.; ROSETTI, D. F. Topodata: Brazilian full coverage refinement of SRTM data. Applied
Geography (Sevenoaks), v. 32, p. 300-309, 2011. 30 As Áreas de Proteção Ambiental (APAs), embora façam parte do grupo das Unidades de Conservação de
Uso Sustentável, foram tratadas como um grupo à parte, uma vez que o cultivo de soja é uma realidade em muitas
26 Os dados do TerraClass 2013 e PRODES, ambos para o bioma do Cerrado, foram obtidos na página do delas, podendo inclusive estar previsto no plano de manejo, quando disponível.
TerraBrasilis em: http://terrabrasilis.dpi.inpe.br/.
31 Os dados das unidades de conservação utilizadas neste trabalho foram obtidos na página do MMA:
27 Projeto MapBiomas – Coleção 4 da Série Anual de Mapas de Cobertura e Uso de Solo do Brasil, acessado http://mapas.mma.gov.br/i3geo/datadownload.htm.
em 19/06/2020 através do link: https://plataforma.mapbiomas.org/.
32 Os dados do SICAR Federal utilizados neste trabalho foram obtidos na plataforma do Serviço Florestal
28 Os dados referentes às Terras Indígenas foram obtidos na página da FUNAI em http://www.funai.gov.br/. em: http://www.car.gov.br/#, conforme atualização de 18/02/2020. Para maximizar a cobertura de propriedades
declaradas no CAR e devido à impossibilidade de considerar informações sobre a validação do CAR, que ainda é
29 As informações do INCRA foram adquiridas da página do Acervo Fundiário da própria instituição: incipiente, todos os imóveis disponíveis na Base do SICAR Federal foram considerados.
35
simular a demanda hídrica da cultura da soja ao longo do seu ciclo. O produto do balanço
3.3 SÍNTESE hídrico utilizado como referência para atribuição da aptidão edafoclimática para soja foi
o Índice de Satisfação de Necessidade de Água (ISNA), que varia de 0 a 1 e representa a
METODOLÓGICA quantidade de água que a planta consome em relação ao máximo que seria consumido
na ausência de deficiência hídrica.
3.3.1 ANÁLISE DA APTIDÃO EDAFOCLI- A deficiência hídrica afeta a produtividade da soja de forma diferenciada ao longo do
MÁTICA ciclo fenológico, sendo que a fase de floração e enchimento de grãos é a mais crítica na
definição da produtividade. Essa foi, portanto, a fase selecionada para avaliar a frequ-
No presente estudo, a avaliação da aptidão edafoclimática da soja para o bioma Cerrado ência e a intensidade do déficit hídrico a fim de determinar a aptidão edafoclimática da
foi aprimorada em relação ao trabalho prévio da Agrosatélite (2015) e atualizada para o soja. O ZARC também considera essa fase para avaliar se a semeadura de soja é ou não
ano de 2019. Isso foi possível em virtude da disponibilidade de bases climáticas e edá- recomendável em um dado município. Os critérios para definir esta aptidão, com base no
ficas mais refinadas, de recentes adequações publicadas nas portarias do ZARC e das ISNA, foram os seguintes: 1) alta aptidão edafoclimática (ISNA > 0,65), 2) média aptidão
simulações realizadas que consideraram cultivares de soja de ciclo mais curto, que têm edafoclimática (0,65 > ISNA > 0,55), 3) baixa aptidão edafoclimática (ISNA < 0,55) – todos
sido adotadas pela maioria dos produtores no bioma Cerrado para reduzir os riscos cli- de acordo com ANDRADE JÚNIOR et al. (2007)35 –, e 4) Inapto para áreas urbanizadas,
máticos e abrir espaço para a segunda safra de milho com a devida intensificação do uso afloramentos rochosos e alguns municípios ou tipos de solo em que não há recomenda-
da propriedade rural. ção para semeadura da soja, segundo o ZARC.
As bases de dados foram processadas na plataforma do Google Earth Engine em formato Cada município possui um período de semeadura recomendado pelo ZARC, o que pode
matricial na resolução de 100x100m . Na primeira etapa do processamento foi avaliada a
33
variar um pouco, dependendo do tamanho do ciclo da cultivar e do tipo de solo presente
aptidão edafoclimática para a cultura da soja, classificando cada pixel em 1) alta aptidão em cada porção do território. Por exemplo, para o município goiano de Rio Verde, o perí-
edafoclimática - AA, 2) média aptidão edafoclimática - MA, 3) baixa aptidão edafocli- odo de semeadura recomendado pelo ZARC para os 3 grupos de cultivares (100, 115 e 130
mática - BA, e 4) inapta - I. Foram consideradas cultivares de soja com ciclo de 100, 115 dias) vai de 1º de outubro a 31 de dezembro (9 decêndios). Para cada ano-safra, portanto,
e 130 dias, semeadas de acordo com o calendário agrícola recomendado pelo ZARC, que foram realizadas 27 simulações (9 x 3) para cada pixel do município em que o tipo de solo
considera dados climáticos históricos, textura do solo e tamanho de ciclo das cultivares, já era conhecido, totalizando 810 simulações para os 30 anos da série histórica avaliada.
visando a adequação às condições minimamente favoráveis para um bom desempenho O resultado dessa etapa do processamento foi chamado nível 1 da análise da aptidão eda-
produtivo da cultura. foclimática, conforme ilustrado na Figura 22.
Conhecidos os decêndios recomendados para semeadura da soja em cada município, Na etapa seguinte da análise, denominada de nível 2 (Figura 22), as classes de aptidão
aplicou-se a metodologia do balanço hídrico (THORNTHWAITE; MATHER, 1955) 34
para edafoclimática obtidas nas simulações realizadas para cada pixel da etapa anterior do
33 Apesar dos dados climáticos estarem disponíveis em uma resolução espacial de 0,25º, o dado de tipos
processamento foram agrupadas para atribuir a classe edafoclimática predominante ao
de solos do IBGE, disponível em formato vetorial, possui escala de 1:250.000. A fim de evitar a degradação da in- pixel em função da sua maior frequência de ocorrência. A classe de alta aptidão edafo-
formação do mapa de solos, todos os dados, inclusive do modelo climático, foram reamostrados para a resolução
de 100x100m. climática foi atribuída a um determinado pixel, por exemplo, quando essa condição foi
34 THORNTHWAITE, C.W.; MATHER, J. R. The water balance. Publications in Climatology, 8, Centerton, 35 ANDRADE JÚNIOR, A. S.; BASTOS, E.A. ; SILVA, C.O. Zoneamento de risco climático para a cultura da soja
New Jersey, 1955. no Estado do Piauí. Teresina: Embrapa Meio-Norte, 2007 (Documentos, 167).
36
atingida em 80% ou mais das simulações. Caso contrário, a classificação foi rebaixada automaticamente classificados como baixa aptidão edafoclimática, concluindo assim a
para média aptidão edafoclimática. Os pixels que não atingiram minimamente a condi- análise da aptidão edafoclimática, conforme detalhado na Figura 22.
ção média de aptidão edafoclimática em ao menos 80% das simulações foram, por sua
ZARC
vez, rebaixados para a classe de baixa aptidão edafoclimática. BALANÇO HÍDRICO
Informações da cultura p/
Dados meteorológicos grupos de cultivares de : Mapa de solos IBGE
Na terceira etapa, denominada de nível 3 (Figura 22), analisou-se a “frequência de ve- 100, 115 e 130 dias
ranicos” na fase de floração e enchimento de grãos – a ocorrência de veranicos nesses
períodos críticos de desenvolvimento das lavouras tem importante impacto negativo so- ISNAS
Até 1.500
bre a produtividade da soja. Esta fase, dura de 4 a 6 decêndios, a depender do tamanho simulações
de ciclo da cultivar36. Isso significa que o valor médio de ISNA para esse período de até
6 decêndios pode ser o resultado de um conjunto de valores que diferem muito entre si,
AA MA BA
de tal forma que a média eventualmente não capte períodos de déficit hídrico superiores (alta aptidão) (média aptidão) (baixa aptidão)
Inapto (I)
a 20 dias ao longo da fase – um caso típico em que a média pode esconder a realidade ISNA > 0,65 0,65 > ISNA > 0,55 ISNA < 0,55 • Não recomendado pelo ZARC
• Solo arenoso em alguns municípios
NÍVEL 1
• Mancha urbana ISNA
dos extremos. Eis um exemplo hipotético: duas séries de ISNAs podem apresentar alta • Água
• Afloramento rochoso
aptidão edafoclimática com valor médio de 0,70 para 5 decêndios. A primeira delas, a que
chamaremos i), mostra os seguintes valores por decêndio: 0,69, 0,71, 0,80, 0,60 e 0,70. A
NÍVEL 2
segunda, denominada ii), apresenta, por sua vez os valores 1,00, 1,00, 0,90, 0,40 e 0,20. Na > 80% < 80% FREQUÊNCIA
DA CLASSE
série “i” a disponibilidade de água para a planta se manteve em patamares estáveis, en-
quanto na série “ii” houve déficit hídrico acentuado no quarto e no quinto decêndios, com
AA MA
impacto negativo sobre o potencial produtivo da soja. Portanto, simulações que apresen-
taram 2 ou mais decêndios consecutivos com ISNAs abaixo do limite da classe de alta NÍVEL 3
< 20% > 20% FREQUÊNCIA
aptidão edafoclimática (0,65) ou da classe de média aptidão edafoclimática (0,55) foram DE VERANICOS
considerados como veranicos. A ocorrência de veranicos em 20% ou mais das simula-
ções levaram ao rebaixamento de classes de alta para média aptidão, e de média para AA MA
baixa aptidão (Figura 22). Nesse sentido, a análise da “frequência de veranicos” traz uma
NÍVEL 4
inovação importante para avaliar a aptidão edafoclimática. > 870 mm PRECIPITAÇÃO
MÉDIA ANUAL
Por fim, a análise edafoclimática denominada de nível 4 teve por finalidade eliminar
pequenos polígonos residuais nas classes de alta e média aptidão edafoclimática. Para Manter BA
aptidão
tanto, foram geradas isoietas com intervalos de 10 mm com base na precipitação média
anual da normal climatológica de 30 anos. A partir disso, aplicou-se um corte no valor Figura 22. Fluxograma ilustrativo simplificado do processo de análise edafoclimática conduzido
da isoieta de 870 mm/ano, de modo que os polígonos residuais de alta e média aptidão neste estudo, desde as variáveis de entrada, passando pelos 4 níveis de análise até a geração dos
edafoclimática nos quais a precipitação média anual ficava abaixo de 870 mm/ano foram resultados da aptidão edafoclimática para a soja no bioma Cerrado.
36 A fase de floração e enchimento de grãos da cultivar de soja com ciclo de: i) 100 dias (10 decêndios)
coincidiu com os decêndios, 5, 6, 7 e 8; ii) 115 dias (12 decêndios) coincidiu com o decêndio 5, 6, 7, 8 e 9; e iii) 130 dias
(13 decêndios) coincidiu com os decêndios 6, 7, 8, 9 , 10 e 11.
37
O resultado da análise da aptidão edafoclimática foi associado aos polígonos resultantes dos casos. Diante dessa constatação, a nova superfície modelada com base nas menores
da segmentação das 118 imagens de satélite que cobrem a área de estudo. Ao todo, foram
37
cotas das lavouras de soja da safra 2018/19 foi rebaixada por essas duas constantes – em
produzidos 17,83 milhões de segmentos, aos quais foram atribuídas as correspondentes 30m para altitudes superiores a 500m e em 24m para altitudes inferiores a 500m. Esse
aptidões edafoclimáticas, gerando uma base de dados em formato vetorial utilizada nos novo ajuste à restrição de altitude torna a aptidão agrícola da soja mais adequada à reali-
processamentos subsequentes para aplicação das restrições de declividade e altitude, dade da produção no bioma Cerrado, especialmente nas regiões mais densamente ocupa-
além da classificação de uso da terra. das com sojicultura e nas quais há escassez de áreas aptas de maior altitude. A mudança
faz com que a área de aptidão edafoclimática sem restrição de altitude aumente de forma
significativa em relação ao estudo da Agrosatélite de 2015.
3.3.2 RESTRIÇÃO DE DECLIVIDADE E
ALTITUDE Ao aplicar os passos acima descritos, foi possível classificar a aptidão agrícola da soja
nas 13 classes a seguir:
Um aprimoramento metodológico importante em relação ao estudo anterior da Agrosa-
télite (2015) se refere à aplicação da restrição de declividade, que variou de acordo com 1. Alta aptidão edafoclimática sem restrição de declividade e altitude (AA/SR).
a classe textural do solo. No estudo anterior, este critério era limitado a um corte em 12% 2. Alta aptidão edafoclimática com restrição de declividade (AA/RD).
para todo o bioma Cerrado e agora variou de acordo com a textura do solo. Assim, foram 3. Alta aptidão edafoclimática com restrição de altitude (AA/RA).
restritos 1) solos de textura argilosa com declividade maior ou igual a 14%, 2) solos de 4. Alta aptidão edafoclimática com restrição de declividade e altitude (AA/RDA).
textura média com declividade maior ou igual a 12%, e 3) solos de textura arenosa com 5. Média aptidão edafoclimática sem restrição de declividade e altitude (MA/SR).
declividade maior ou igual a 10%. 6. Média aptidão edafoclimática com restrição de declividade (MA/RD).
7. Média aptidão edafoclimática com restrição de altitude (MA/RA).
As regras para a aplicação da restrição de altitude também foram aprimoradas e refina- 8. Média aptidão edafoclimática com restrição de declividade e altitude (MA/RDA).
das. No estudo prévio da Agrosatélite (2015), a restrição de altitude foi definida a partir 9. Baixa aptidão edafoclimática sem restrição de declividade e altitude (BA/SR).
das mínimas cotas das lavouras de soja em cada região na safra 2013/14 – ou seja, áre- 10. Baixa aptidão edafoclimática com restrição de declividade (BA/RD).
as de altitude inferior às menores cotas agrícolas da referida safra foram consideradas 11. Baixa aptidão edafoclimática com restrição de altitude (BA/RA).
restritas à altitude. Trata-se de um critério que foi observado ser bastante rigoroso, pois 12. Baixa aptidão edafoclimática com restrição de declividade e altitude (BA/RDA).
de 2013/14 a 2016/17, 20% da expansão da soja no bioma Cerrado ocorreu em áreas com 13. Inapta por deficiência edafoclimática, independente da restrição de declividade e/
restrição de altitude. ou altitude ou tipos de solos em que não há recomendação para semeadura da soja
segundo o ZARC(I).
O esgotamento das áreas mais altas ou dos platôs de cada região leva os produtores a
expandirem a sojicultura em altitudes menores. Nesse sentido, a Agrosatélite buscou Ao final da análise edafoclimática e da aplicação das restrições de declividade e altitude
avaliar o perfil dos 20% da área de soja que, de 2013/14 a 2016/17, cresceu em áreas consi- foi atribuído, a cada segmento, a classe Vegetação Nativa ou a classe Antrópico, levando
deradas com restrição de altitude. Concluiu-se que nas áreas de altitude superior a 500m em conta a predominância da classe sobreposta a cada segmento, incluindo a classe Água.
as menores cotas diminuíram em até 30m em mais de 75% dos casos. Nas áreas com
altitudes abaixo de 500m, as menores cotas diminuíram cerca de 24m em mais de 75%
37 A segmentação foi aplicada de acordo com o algoritmo disponível do software ENVI FX, conforme
detalhes disponíveis em: ENVI Feature Extraction Module User’s Guide. 2008. Disponível em: http://www.harris-
geospatial.com/portals/0/pdfs/envi/feature_extraction_module.pdf.
38
A área antropizada “Sem aptidão” também possui importância para a expansão da soja,
3.4 RESULTADOS DA APTIDÃO embora de forma indireta, uma vez que boa parte dessa área pode ser utilizada de for-
ma mais intensiva para a pecuária. Como consequência, haverá a liberação de áre-
AGRÍCOLA DA SOJA NAS CLAS- as que compõem o grupo de terras “Com aptidão” e que atualmente são ocupadas por
pastagens em quantidade suficiente para comportar um próximo ciclo de expansão da
SES VEGETAÇÃO NATIVA E cultura no bioma Cerrado, sem gerar impacto à atividade pecuária a ponto de provocar
novos desmatamentos.
ANTRÓPICO
As projeções do MAPA39 indicam que a área de soja no Brasil crescerá pouco mais de 9,5
Os principais resultados da aptidão agrícola para a soja no bioma Cerrado, nos Outros Mha ao longo dos próximos 10 anos ou até a safra 2028/29. Nesse período, a área cul-
Estados e no Matopiba para as classes Antrópico e Vegetação Nativa, são apresentados tivada no Cerrado precisará crescer de 4,5 a 5,0 Mha para que o bioma mantenha uma
nas Figuras 23-25. A aptidão agrícola foi separada em dois grandes grupos: “Com aptidão” participação de 50% na produção nacional – hoje essa fatia é de 51%, mas já foi de 54% na
e “Sem aptidão”. A divisão leva em conta que 98,7% da área de soja da safra 2018/19 no safra 2000/01. A expectativa é que as pastagens do bioma sejam as grandes fornecedoras
bioma Cerrado foram cultivados em áreas do grupo “Com aptidão”. Ou seja: apenas 1,3% de terras para o próximo ciclo de expansão, considerando que o desmatamento associa-
da soja foi cultivada em áreas “Sem aptidão” – uma parcela desse percentual pode estar do à cultura mantenha a atual tendência de queda. Este feito pode se concretizar com a
em áreas inaptas sob o ponto de vista edafoclimático, mas que sejam irrigadas. O grupo intensificação das pastagens ao melhorar a produtividade das áreas em apenas 10% ao
“Com aptidão” inclui as classes com alta e média aptidão edafoclimática sem restrição de longo da próxima década. Esta situação seria suficiente para assegurar que os 5,0 Mha
declividade e altitude (AA/SR e MA/SR), consideradas as melhores áreas para a expansão necessários para a expansão da soja livre de desmatamento tornem-se uma realidade no
do cultivo da soja. O grupo “Sem aptidão” inclui os seguintes subgrupos, considerados de bioma Cerrado.
pouco interesse para a expansão da soja: classes alta e média aptidão edafoclimática,
mas com restrição de declividade e/ou altitude; as classes de baixa aptidão edafoclimáti- Na hipótese de que a expansão da soja mantenha nos próximos 10 anos, a mesma taxa
ca independente da condição de restrição (AA/RD, AA/RA, AA/RDA, MA/RD, MA/RA, MA/ anual média do período de 2014 a 2018 (0,52 Mha/ano; Figura 6), o que é semelhante às
RDA, BA/SR, BA/RD, BA/RA, BA/RDA); e a classe inapta (I); projeções do MAPA, seria consumido 1/5 (5,2 Mha) da atual área de pastagem “Com apti-
dão” (26,14 Mha) do bioma. É preciso, contudo, considerar a diversidade regional do Cer-
A classe Antrópico tem 95,73 Mha e corresponde a 46,8% do bioma Cerrado (Figura 23). rado. Na região dos Outros Estados, a área de pastagem “Com aptidão” (22,55 Mha; Figura
Dessa área, o cultivo da soja ocupa 18,20 Mha. Restam, portanto, 77,53 Mha, divididos em 24) é suficiente para manter a taxa média de expansão de 0,37 Mha/ano (2014-2018; Fi-
26,57 Mha do grupo “Sem aptidão” e 43,90 Mha do grupo “Com aptidão”, além das áreas gura 6) por 61 anos. No Matopiba, porém, essa área (3,59 Mha; Figura 25) se esgotaria em
especiais (6,24 Mha de APP e RL, e 0,82 Mha de TI, UC e QUIL). Cabe destacar que desta 24 anos, caso a expansão da soja se mantenha à taxa média de 0,15 Mha/ano, como a
área apta para o cultivo da soja, 26,14 Mha são atualmente utilizados como pastagens, observada de 2014 a 2018 (Figura 6).
sendo as de maior interesse para a futura expansão da soja livre de desmatamento. Ela
corresponde a aproximadamente 47,3% de todas as pastagens do bioma Cerrado, estima- A área de pastagem “Com aptidão” nos Outros Estados (22,55 Mha; Figura 24) está ma-
das em 55,28 Mha (Lapig, 2019) . 38
joritariamente concentrada em Goiás (7,35 Mha), Mato Grosso do Sul (6,41 Mha), Minas
Gerais (4,68 Mha) e Mato Grosso (3,53 Mha), conforme ilustrado na Figura 27. Somadas,
39 Documentos disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/politica-agricola/todas-
38 Do mapa do Lapig de Atlas das pastagens Brasileiras do ano de 2018, foram removidas as áreas de cana- -publicacoes-de-politica-agricola/projecoes-do-agronegocio/projecoes-do-agronegocio-2018-2019-2028-2029/
-de-açúcar e de grãos da Agrosatélite para a safra 2018/19. view.
39
correspondem a 97% da área disponível nos Outros Estados e 84% do bioma. Já a área de
pastagem “Com aptidão” do Matopiba (3,59 Mha; Figura 25) está concentrada no Tocan-
tins, que possui 78,8% do total (2,83 Mha) - os 21,2% restantes estão distribuídos no Ma-
ranhão (0,54 Mha; 15,0%), Bahia (0,21 Mha; 5,9%) e Piauí (0,01 Mha; 0,3%), conforme apre-
sentado na Figura 27. Ou seja: no Matopiba, apenas o Tocantins tem área significativa de
pastagem “Com aptidão” – as pastagens nos demais estados da região são praticamente
irrelevantes para expansão da soja.
Uma análise mais detalhada dos imóveis rurais produtores de soja na safra 2018/19, cons-
tantes na base de dados do Cadastro Ambiental Rural, mostra a existência de 13,55 Mha
antropizados “Com aptidão” (descontada a área de soja e as Áreas Especiais). Desse total,
6,10 Mha estão ocupados por pastagem (Figura 26) e, consequentemente, apresentam o
maior potencial de conversão para soja.
A Vegetação Nativa corresponde a 52,5% do bioma Cerrado. Há, nessa classe, 107,43 Mha,
dos quais 25,39 Mha são do grupo “Com aptidão” (Figura 23), onde a soja pode vir a expan-
dir, mas com desmatamento.
Nos imóveis rurais produtores de soja, encontram-se 4,41 Mha de Vegetação Nativa “Com
aptidão” (Figura 26; descontadas APP e RL declaradas), distribuídas em porções quase
iguais entre a região dos Outros Estados (2,25 Mha) e a do Matopiba (2,16 Mha). São áreas
de vegetação nativa que excedem a exigência da Reserva Legal pelo Código Florestal e
que, por se situarem em imóveis produtores de soja, apresentam elevado potencial de se-
rem convertidas para a sojicultura com desmatamento. A área de vegetação nativa “Com
aptidão” (excedente) é de 25,39 Mha, conforme ilustrado na Figura 23, dos quais 4,41 Mha
e 20,98 Mha estão dentro e fora dos imóveis produtores de soja, respectivamente.
Considere-se, como hipótese, que a conversão de vegetação nativa com aptidão agrícola
para soja ocorra somente nos imóveis produtores de soja. Nesse caso, mantidas as taxas
médias anuais de expansão do período 2014-2018 (0,02 Mha/ano nos Outros Estados e
0,06 Mha/ano no Matopiba; Figura 11) as áreas dessa classe seriam consumidas em 112
anos nos Outros Estados e em 36 anos no Matopiba.
Imagem de 16/04/2020, região de Campo Grande-MS | Landsat-8, OP 225/73, 5(R)6(G)4(B).
40
Água
1,31 Mha | 0,8%
Ve
Sem apti ge
tidão dão 10 t
7,4 açã
ico 6,8% a p 39, 45 Mha |
2M o
Sem Mha | 13,0
% 19,3%
p Co N
ró a | 4 26,
57 m
ap
ha
h 25 |
t
at
Mh tid
,39
95 An
M
ão
iv
a|
ão
2,
4
a
APP e RL 12
,7
5%
it d ,5% ,4%
p | 21 6,24 Mha | 3,1%
a
a Outros usos
m
TI, UC e QUIL
h
M
Co
AP 1 Mha
17,76 Mha | 8,7%
0
28
0,82 Mha | 0,4%
,9
43
,2
Pe
RL
Pastagem
|13
26,14 Mha | 12,8%
,8%
TI, 37 Mha | 7,0

%
14,
Bioma Cerrado
| 8,9
UC
So ja
Mha
e QU
18,20
IL
%
Figura 23. Representação das classes Antrópico, Vegetação Nativa e Água para o bioma Cerrado. O segundo nível desagrega as classes Antrópico e Vegetação Nativa nos grupos “Com aptidão” e “Sem aptidão”,
indica a área ocupada com soja em 2018/19 e as áreas de APP e RL declaradas no CAR40, além das áreas ocupadas com Terras Indígenas (TI), Unidades de Conservação (UC - exceto APAs) e Comunidades
Quilombolas (Quil). Na classe Antrópico “Com aptidão”, destaca-se a área de pastagem41.
40 Os dados do SICAR Federal utilizados neste trabalho foram obtidos na plataforma do Serviço Florestal em: http://www.car.gov.br/#, conforme atualização de 18/02/2020. Para maximizar a cobertura de propriedades declaradas
no CAR e devido à impossibilidade de considerar informações sobre a validação do CAR, que ainda é incipiente, todos os imóveis disponíveis na Base do SICAR Federal foram considerados.
41 Mapa de Pastagem do ano base de 2018, proveniente do Atlas Digital das Pastagens Brasileiras, disponível em: https://pastagem.org/atlas/map.
41
Água
0,88 M
ha | 0,7
%
ico 2%
óp 56, Sem aptidão Sem Ve
r
t ha | apti ge
n
A M
19,18 Mha | 14,4% 18,42 dão 57 ta
9 Mha ,5 ç
4,9 | 13,
8% Co 6
M
7 m
ão
13,7 ap h
t
Na
2
ão ha idã
a|
APP e RL M
it d 7,3% o
tiv
43
Outros usos |
10
p |2 4,82 Mha | 3,6%
,1%
,3
a
13,90 Mha | 10,4% %
ha
a
m
M
TI, UC e QUIL
Co
45
AP ha
6,
0,52 Mha | 0,4%
17
3
,93
Pastagem
P e | 13,4
M
22,55 Mha | 16,9%
RL %
TI, 49 Mha | 5,6
,5%
Outros Estados
UC
| 10
7,
So ja
Mha
e QU
14,02
IL
%
Figura 24. Representação das classes Antrópico, Vegetação Nativa e Água para os Outros Estados. O segundo nível desagrega as classes Antrópico e Vegetação Nativa nos grupos “Com aptidão” e “Sem ap-
tidão”, indica a área ocupada com soja em 2018/19 e as áreas de APP e RL declaradas no CAR, além das áreas ocupadas com Terras Indígenas (TI), Unidades de Conservação (UC - exceto APAs) e Comunidades
Quilombolas (Quil). Na classe Antrópico “Com aptidão”, destaca-se a área de pastagem.
42
Vege
taçã
49,8 oN
6M ati
ha | va
ua 7 0,1
Ág |0
,6%
a
ptidão %
Sem a 26,6%
3 Mh
0,4 Com
Mha | apt
21,04 11,6
6M idã
ha o
| 16
o ,4%
it dã 4%
ap | 10,
%
Mh ico
,1
A
em ha
29
10
,74 róp
M APP e RL ,2
39
PP
S
a|
8
1,42 Mha | 2,0%
7,
nt
e R 14,5%
M
ha
o
A
L
|
dã
TI, UC e QUIL
,4%
5 M pti
20
0,30 Mha | 0,4%

0
|1
ma
Outros usos
ha
Co
3,86 Mha | 5,4%

7,4
TI, Mha | 9,7%

6,8
Pastagem
Matopiba
%
U
8
| 5,9
Ce
3,59 Mha | 5,0%
Soja
Mha
QUIL
4,18
Figura 25. Representação das classes Antrópico, Vegetação Nativa e Água para o Matopiba. O segundo nível desagrega as classes Antrópico e Vegetação Nativa nos grupos “Com aptidão” e “Sem aptidão”, indica
a área ocupada com soja em 2018/19 e áreas de APP e RL declaradas no CAR, além das áreas ocupadas com Terras Indígenas (TI), Unidades de Conservação (UC - exceto APAs) e Comunidades Quilombolas
(Quil). Na classe Antrópico “Com aptidão”, destaca-se a área de pastagem.
43
ópico Águ
ntr 64,3%
0,3
3M a
A ha
| ha |
0,6
%
,69M aptidão
36 Com Sem
a | 23,8% 2,97 M apt
13,5
5 Mh ha | 5,2 idã Ve
%
3,2 o
3M
ha 20
ge
| 5,7
%
ta
Outros usos
,0
çã 35,
3
7,45 Mha | 13,1%
M
Pastagem
o N 1%
ha
6,10 Mha | 10,7%
ati
TI, UC e QUIL
Com aptidão
9%
va
0,07 Mha | 0,1%
A Mha
11
1,
ja
4,41 Mha | 7,8%
PP
|3
,82
APP e RL
So
ha
e
M
1,89 Mha | 3,3%
RL
,20
|2
18
0,7
%
TI, 7 Mha | 1,0

Imóveis com soja
UC
0,5
e QU
IL
%
Figura 26. Representação das classes Antrópico, Vegetação Nativa e Água para os 121.893 imóveis que atualmente cultivam soja no bioma Cerrado, conforme dados declarados no CAR. O segundo nível de-
sagrega as classes Antrópico e Vegetação Nativa nos grupos “Com aptidão” e “Sem aptidão”, indicando a área ocupada com soja em 2018/19 e as APP e RL declaradas no CAR, além das áreas ocupadas com
Terras Indígenas (TI), Unidades de Conservação (UC - exceto APAs) e Comunidades Quilombolas (Quil). Na classe Antrópico “Com aptidão”, destaca-se a área de pastagem.
44
A Figura 27 apresenta, de forma espacial e gráfica, as classes Vegetação Nativa e Antró-
pico para o grupo “Com aptidão” em cada estado do bioma Cerrado. Os valores foram ex-
traídos da Tabela 3 (Vegetação Nativa) e da Tabela 4 (Antrópico) e representam as terras
situadas fora das Áreas Especiais, mas incluem os assentamentos e as Áreas de Proteção
Ambiental, nos quais a atividade agrícola é permitida. Nota-se que em todos os estados
do Matopiba as áreas “Com aptidão” são sempre menores na classe Antrópico do que na
classe Vegetação Nativa. Já nos Outros Estados ocorre o inverso: as áreas “Com aptidão”
são maiores na classe Antrópico em todos os estados que compõem a região. Além disso,
a classe Antrópico está estratificada em Pastagem e Outros Usos, que em sua maioria são
as áreas de agricultura anual (exceto soja), agricultura perene, cana-de-açúcar e florestas
plantadas.
MA
0,95 3,33
0,54
PI
TO 0,49 0,85
0,01
1,28
5,72
2,83 BA
1,14 1,76
MT
0,21
1,50
2,34 GO
3,53 3,86 0,05

0,05
0,04
7,35 DF 4,28 MG
4,20
4,68 4,15
1,76
MS
6,41
SP
1,15 3,90
0,53 0,30 Pastagem com aptidão
0,06 0,02 Outros usos com aptidão
0,01 PR Vegetação Nativa com aptidão
Figura 27. Distribuição das classes Vegetação Nativa (verde) e Antrópico (vermelho) do grupo “Com
aptidão”. A classe Antrópico está estratificada em Pastagem e Outros Usos (agricultura – exceto soja, Imagem de 31/01/2019, região de Paranatinga - MT | Landsat-8, OP 225/70, 5(R)6(G)4(B).
florestas plantadas etc.) por estado.
45
A Tabela 3 apresenta o resultado da análise da classe Vegetação Nativa “Com aptidão” fora e dentro de Áreas Especiais. No bioma Cerrado, cerca de 70% da classe Vegetação Nativa têm
alta aptidão edafoclimática – os 30% restantes possuem média aptidão edafoclimática. Há uma proporção semelhante nas regiões Outros Estados e Matopiba. A classe Vegetação Nativa
“Com aptidão” situada fora das Áreas Especiais corresponde a 58% no bioma Cerrado; 54% nos Outros Estados; e 65% no Matopiba. Se a essas áreas forem somadas as Áreas de Proteção
Ambiental (APA) e os Assentamentos, nos quais a atividade agrícola é permitida, esses percentuais chegam a 64% no bioma Cerrado; 58% nos Outros Estados; e 73% no Matopiba. Isso
indica que aproximadamente dois terços da atual cobertura com vegetação nativa e com aptidão agrícola no bioma Cerrado está exposta ao risco de conversão para outros usos, entre
os quais a sojicultura. A principal parcela das Áreas Especiais com vegetação nativa e aptidão agrícola (27%) se refere às Áreas de Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal (RL).
Tabela 3. Classe Vegetação Nativa “Com aptidão” fora e dentro de Áreas Especiais por estado, para as regiões Outros Estados e Matopiba e para o bioma Cerrado.
CLASSE VEGETAÇÃO NATIVA DO GRUPO COM APTIDÃO | ÁREA EM HECTARES
Outros Bioma
Classe Aptidão DF GO MG MS MT PA PR RO SP MA TO PI BA MATOPIBA
Estados Cerrado
AA/SR 96.346 5.099.591 1.440.687 1.081.387 8.556.698 135 891 6.778 430.243 16.712.755 3.666.367 7.022.840 149.834 46.635 10.885.676 27.598.431
VEGETAÇÃO NATIVA
MA/SR 694 242.446 4.852.921 1.651.029 0 0 34.928 0 184.206 6.966.224 1.254.297 108.207 1.169.753 2.515.424 5.047.680 12.013.905
FORA DE ÁREAS ESPECIAIS 11.137 3.902.856 3.770.805 1.085.159 3.771.097 17 4.984 1.091 274.424 12.821.571 2.834.041 5.109.524 828.471 1.541.034 10.313.070 23.134.641
TI 0 5.588 380 18.002 2.004.810 0 0 4.679 0 2.033.459 296.233 281.548 0 0 577.781 2.611.240
QUIL 0 43.200 1.762 717 7.951 0 0 0 0 53.630 2.774 25.456 472 0 28.702 82.331
UC_PI 0 493 69.987 41.232 16 2 0 0 8.186 119.915 146.646 4.827 37.527 38.750 227.750 347.666
AA/SR + MA/SR
UC_US 35 3.435 14.702 583 3 0 0 0 3.267 22.025 3 0 0 2.944 2.946 24.972
Sobrep. TI-QUIL-UC_PI-UC_US 18.759 81.703 34.177 10.662 48.102 0 18 0 3.240 196.660 102.203 37.619 59.992 42.816 242.629 439.289
APP_RL-CAR 30.650 1.008.085 2.018.520 1.512.946 2.639.267 115 15.878 1.008 303.600 7.530.069 1.045.368 1.057.630 366.847 719.373 3.189.218 10.719.288
UC_APA 36.213 197.878 289.007 379 85.452 0 14.822 0 18.753 642.504 232.834 355.038 1.464 203.627 792.962 1.435.467
ASS 1 87.664 93.224 62.737 0 0 0 0 2.289 245.914 189.394 185.327 24.393 13.515 412.629 658.543
Sobrep. ASS-UC_APA 246 11.134 1.045 0 0 0 116 0 690 13.231 71.169 74.078 421 0 145.668 158.899
Total 97.039 5.342.037 6.293.608 2.732.416 8.556.698 135 35.819 6.778 614.449 23.678.979 4.920.664 7.131.047 1.319.587 2.562.059 15.933.356 39.612.335
42 Áreas Especiais: TI - Terras Indígenas; QUIL - Territórios Quilombolas; UC_PI - Unidades de Conservação de Proteção Integral; UC_US - Unidades de Conservação de Uso Sustentável, exceto APAs; Sobrep. TI-QUIL-UC_PI-UC_US
- Sobreposições envolvendo essas áreas especiais; APP_RL-CAR - Áreas de Proteção Permanente e Reserva Legal, declaradas no Cadastro Ambiental Rural; UC_APA - Unidade de Conservação de Uso Sustentável do tipo Áreas de Proteção
Ambiental - APA; ASS - Assentamentos; Sobrep. ASS-UC_APA - Sobreposições exclusivas entre essas áreas especiais.
46
A Tabela 4 apresenta o resultado da análise da classe Antrópico “Com aptidão” fora e dentro de Áreas Especiais. No bioma Cerrado, cerca de 73% da classe Antrópico têm alta aptidão
edafoclimática – os 27% restantes possuem média aptidão edafoclimática. Proporção semelhante também ocorre nas regiões Outros Estados e Matopiba. A classe Antrópico “Com ap-
tidão” que se encontra fora das Áreas Especiais corresponde a 86% no Bioma Cerrado; 88% nos Outros Estados; e 78% no Matopiba. Se a essas áreas forem somadas as Áreas de Proteção
Ambiental (APA) e os Assentamentos, nos quais a atividade agrícola é permitida, esses percentuais chegam a 92% tanto no bioma Cerrado quanto nos Outros Estados e no Matopiba.
Descontando as APP e RL, que representam cerca de 7% da classe Antrópico “Com aptidão”, toda área restante ou já é cultivada com soja (18,20 Mha; safra 2018/19) ou tem potencial para
conversão para soja livre de desmatamento.
Tabela 4. Classe Antrópico “Com aptidão” fora e dentro de Áreas Especiais por estado, para as regiões Outros Estados e Matopiba e para o bioma Cerrado.
CLASSE ANTRÓPICO DO GRUPO COM APTIDÃO | ÁREA EM HECTARES
Outros Bioma
Estados Cerrado
AA/SR 118.463 10.337.935 5.124.538 4.138.901 5.659.451 268 338 106 3.749.107 29.129.107 1.205.848 4.635.165 38.334 54.777 5.934.124 35.063.230
ANTRÓPICO
MA/SR 1.373 240.658 4.668.020 4.447.018 0 0 74.376 0 971.848 10.403.293 385.533 38.807 486.011 1.337.115 2.247.466 12.650.759
FORA DE ÁREAS ESPECIAIS 1.618 9.340.152 8.714.172 7.955.836 4.695.980 220 29.016 63 4.130.411 34.867.467 1.318.654 3.345.145 490.476 1.218.017 6.372.291 41.239.759
TI 0 1.066 1.965 18.730 148.232 6 0 0 1 170.000 11.646 30.453 0 0 42.100 212.100
QUIL 0 5.773 3.591 509 5.879 0 0 0 81 15.833 129 4.232 22 0 4.382 20.215
UC_PI 293 31.901 14.877 1.018 4.444 0 0 0 3.631 56.165 6.268 7.171 135 923 14.497 70.662
AA/SR + MA/SR
UC_US 26 1.644 9.084 177 0 0 0 0 9.953 20.883 1 0 0 2.265 2.266 23.149
Sobrep. TI-QUIL-UC_PI-UC_US 6.956 4.883 2.401 993 7.085 0 1 0 2.933 25.252 4.545 7.207 287 208 12.247 37.499
APP_RL-CAR 17.123 849.019 792.062 390.235 457.726 41 9.113 43 275.948 2.791.310 71.647 518.110 28.447 37.520 655.724 3.447.034
UC_APA 92.182 125.733 74.185 750 77.575 0 36.502 0 268.813 675.739 67.418 553.710 6 124.398 745.532 1.421.271
ASS 3 215.816 179.797 217.670 262.531 0 9 0 27.385 903.210 100.373 146.897 4.972 8.562 260.804 1.164.014
Sobrep. ASS-UC_APA 1.635 2.605 425 0 0 0 73 0 1.800 6.539 10.699 61.047 0 0 71.746 78.285
Total 119.836 10.578.592 9.792.558 8.585.918 5.659.451 268 74.714 106 4.720.955 39.532.399 1.591.380 4.673.972 524.345 1.391.892 8.181.590 47.713.989
47
As Tabelas 5 e 6 apresentam o resultado da análise da classe Vegetação Nativa e Antrópico “Sem aptidão” fora e dentro de Áreas Especiais. Essas áreas não são de interesse para a
expansão da soja, a não ser de forma indireta no processo de intensificação do uso da terra – ou seja, pela migração das pastagens de áreas “Com aptidão para outras “Sem aptidão” na
classe Antrópico (Tabela 6).
Tabela 5 - Classe Vegetação Nativa “Sem aptidão” fora e dentro de Áreas Especiais por estado, para as regiões Outros Estados e Matopiba e para o bioma Cerrado.
CLASSE VEGETAÇÃO NATIVA DO GRUPO SEM APTIDÃO | ÁREA EM HECTARES
Outros Bioma
Estados Cerrado
AA/RD 30,691 3,167,710 1,145,100 148,455 1,329,208 11 1,863 828 185,546 6,009,412 891,837 1,536,011 49,088 3,678 2,480,615 8,490,027
AA/RA 52,772 2,373,259 480,495 1,006,051 9,204,915 13,261 60 36,204 198,506 13,365,522 3,861,204 7,283,028 418,108 80,200 11,642,539 25,008,062
AA/RDA 43,398 1,155,680 630,409 382,102 1,484,811 0 473 2,655 87,006 3,786,535 1,183,250 964,146 190,284 5,421 2,343,101 6,129,636
MA/RD 348 127,415 2,478,986 388,860 0 0 57,144 0 71,196 3,123,949 317,141 57,758 132,297 75,805 583,000 3,706,949
MA/RA 80 555,217 1,469,546 1,294,730 0 0 4,236 0 26,648 3,350,458 2,746,043 410,099 2,333,886 1,317,722 6,807,750 10,158,207
VEGETAÇÃO NATIVA MA/RDA 170 174,776 526,256 257,222 0 0 20,669 0 19,571 998,664 694,459 39,497 700,211 216,888 1,651,054 2,649,719
BA/SR 1,074 51,108 1,331,325 79,507 113,485 3 29 0 3,606 1,580,137 94,492 12,402 675,345 1,270,208 2,052,448 3,632,585
BA/RD 224 4,597 535,713 22,057 832 2 7 0 202 563,635 646 131 113,444 134,575 248,795 812,430
BA/RA 1,008 40,231 161,435 114,449 98,819 1,316 5 605 1,426 419,294 296,197 30,084 1,037,740 622,644 1,986,665 2,405,958
BA/RDA 6 3,426 96,915 15,912 2,352 0 2 8 115 118,737 3,565 801 334,689 54,492 393,547 512,284
INAPTO 4,174 40,315 400,447 30,048 75,943 1,481 2 25 2,672 555,106 87,305 18,755 168,861 3,470,002 3,744,923 4,300,030
FORA DE ÁREAS ESPECIAIS 1.393 3.953.288 5.537.286 1.668.435 5.226.211 8.547 15.645 6.357 247.494 16.664.656 5.733.865 4.260.512 3.959.838 4.559.467 18.513.681 35.178.338
TI 0 28.202 41.029 381.336 2.847.217 1 0 33.477 0 3.331.263 558.984 1.640.023 0 3.587 2.202.594 5.533.857
SOMA DAS CLASSES ACIMA
QUIL 0 134.943 6.685 1.673 322 0 0 0 0 143.623 10.744 66.748 1.258 64.190 142.940 286.563
UC_PI 14.093 142.147 423.272 56.449 158.429 627 2 0 10.462 805.481 628.956 715.709 664.353 119.838 2.128.857 2.934.338
UC_US 59 22.149 24.478 2.338 16 0 0 0 843 49.882 5.400 2.973 4 53 8.431 58.312
Sobrep. TI-QUIL-UC_PI-UC_US 19.082 191.336 195.420 34.009 287.621 28 1.427 0 1.212 730.137 278.763 735.165 179.534 127.180 1.320.643 2.050.779
APP_RL-CAR 40.752 2.544.602 2.512.734 1.558.180 3.422.822 3.123 35.147 490 277.938 10.395.787 1.986.933 2.527.018 1.168.379 1.408.982 7.091.312 17.487.100
UC_APA 57.868 480.450 393.289 7.225 367.726 3 32.229 0 56.812 1.395.602 384.652 297.786 43.716 590.015 1.316.169 2.711.770
ASS 1 169.442 109.222 29.749 0 3.744 0 0 992 313.150 405.076 96.092 134.084 361.747 996.999 1.310.149
Sobrep. ASS-UC_APA 697 27.174 13.212 0 0 0 41 0 743 41.867 182.765 10.685 2.787 16.576 212.813 254.680
Total 133.945 7.693.734 9.256.626 3.739.393 12.310.365 16.074 84.492 40.325 596.495 33.871.448 10.176.137 10.352.712 6.153.953 7.251.636 33.934.438 67.805.886
48
Tabela 6 - Classe Antrópico “Sem aptidão” fora e dentro de Áreas Especiais por estado, para as regiões Outros Estados e Matopiba e para o bioma Cerrado.
CLASSE ANTRÓPICO DO GRUPO SEM APTIDÃO | ÁREA EM HECTARES
Outros Bioma
Estados Cerrado
AA/RD 9.207 1.107.271 1.063.834 76.110 239.582 0 236 1 417.920 2.914.161 226.571 227.588 1.354 3 455.515 3.369.676
AA/RA 24.389 3.021.382 751.175 2.173.250 2.913.245 450 7 978 480.233 9.365.109 2.234.479 1.428.662 128.079 1.540 3.792.759 13.157.869
AA/RDA 6.108 374.600 457.213 161.970 327.542 0 34 122 128.643 1.456.233 415.807 106.756 10.589 52 533.205 1.989.439
MA/RD 74 11.340 682.895 88.916 0 0 71.040 0 154.252 1.008.518 37.333 621 3.224 5.722 46.899 1.055.417
MA/RA 13 351.829 931.119 1.652.020 0 0 3.817 0 42.389 2.981.187 520.590 39.949 192.994 253.084 1.006.617 3.987.804
ANTRÓPICO MA/RDA 6 19.214 124.180 75.865 0 0 9.204 0 12.055 240.525 66.901 1.947 10.612 18.867 98.327 338.851
BA/SR 12.089 30.764 1.253.589 168.081 7.887 3 182 0 17.663 1.490.259 2.359 3.877 43.581 480.899 530.716 2.020.975
BA/RD 444 850 140.919 12.947 76 0 62 0 1.138 156.435 47 24 733 36.662 37.465 193.901
BA/RA 1.240 28.592 234.925 182.360 10.505 187 4 0 4.978 462.792 38.524 6.530 126.703 396.499 568.256 1.031.048
BA/RDA 46 1.100 21.439 5.544 282 0 4 0 335 28.750 420 112 10.997 23.498 35.027 63.777
INAPTO 121.249 340.385 372.105 95.625 101.361 681 3.693 12 305.278 1.340.391 82.247 72.422 74.952 1.041.786 1.271.406 2.611.798
FORA DE ÁREAS ESPECIAIS 56.474 4.459.260 5.080.354 4.318.924 2.844.984 895 46.974 786 1.189.514 17.998.164 2.713.309 1.448.428 537.020 1.892.503 6.591.259 24.589.423
TI 0 464 15.141 13.719 37.010 0 0 313 0 66.647 21.880 46.109 0 578 68.567 135.214
SOMA DAS CLASSES ACIMA
QUIL 0 23.407 5.878 621 220 0 0 0 26 30.152 5.557 7.543 553 23.556 37.209 67.361
UC_PI 233 9.071 37.579 8.614 7.127 50 0 0 1.657 64.331 33.815 25.288 926 1.046 61.075 125.406
UC_US 1.140 3.950 16.151 104 24 0 0 0 3.326 24.694 4.806 4.376 0 0 9.182 33.876
Sobrep. TI-QUIL-UC_PI-UC_US 5.591 7.654 21.030 2.161 6.560 6 50 0 786 43.838 18.500 15.501 4.603 9.586 48.190 92.028
APP_RL-CAR 9.528 541.892 643.710 293.511 369.434 344 13.856 16 160.605 2.032.897 374.031 233.955 39.778 113.371 761.136 2.794.033
UC_APA 100.913 128.190 119.804 9.165 134.185 8 27.376 0 204.982 724.623 172.001 55.875 3.664 62.640 294.181 1.018.804
ASS 10 110.718 92.267 45.867 200.937 20 14 0 3.071 452.905 235.703 48.274 16.683 152.032 452.692 905.597
Sobrep. ASS-UC_APA 976 2.722 1.481 0 0 0 14 0 917 6.110 45.676 3.138 590 3.299 52.703 58.813
Total 174.865 5.287.328 6.033.394 4.692.687 3.600.482 1.322 88.283 1.114 1.564.884 21.444.360 3.625.279 1.888.487 603.817 2.258.612 8.376.195 29.820.555
49
Visando completar a análise de uso e cobertura da terra para o bioma Cerrado, a Tabela 7 apresenta o resultado para a classe Água.
Tabela 7 - Classe Água fora e dentro de Áreas Especiais por estado, para as regiões Outros Estados e Matopiba e para o bioma Cerrado.
CLASSE ÁGUA | ÁREA EM HECTARES
Outros Bioma
Classe Água DF GO MG MS MT PA PR RO SP MA TO PI BA MATOPIBA
Estados Cerrado
FORA DE ÁREAS ESPECIAIS 32 220.832 218.278 33.783 98.215 9.246 112 0 100.349 680.847 67.219 185.973 29.290 29.097 311.578 992.426
TI 0 585 37 106 7.381 3 0 0 0 8.111 188 9.229 0 3 9.419 17.530
QUIL 0 459 668 0 16 0 0 0 0 1.144 45 148 42 1.186 1.421 2.565

UC_PI 773 43 147 82 9.588 516 0 0 52 11.201 5.207 6.987 1.949 110 14.254 25.455
UC_US 1 611 0 5 50 0 0 0 16 682 10 0 0 0 10 692
Sobrep. TI-QUIL-UC_PI-UC_US 214 681 54 21 4.493 21 6 0 12 5.504 3.325 6.216 664 82 10.287 15.791
APP_RL-CAR 142 18.945 78.044 9.896 20.469 50 111 0 2.993 130.650 2.680 7.120 543 2.436 12.779 143.429
UC_APA 5.194 6.072 1.120 371 8.384 290 268 0 11.372 33.071 16.951 35.035 2.426 6.444 60.856 93.927
ASS 0 2.325 854 359 1.506 126 0 0 43 5.214 839 2.206 321 1.493 4.858 10.072
Sobrep. ASS-UC_APA 0 18 1 0 0 0 0 0 1 20 5.218 388 325 55 5.986 6.006
Total 6.355 250.573 299.203 44.624 150.101 10.253 498 0 114.838 876.445 101.682 253.302 35.561 40.904 431.449 1.307.894
Imagem de 13/02/2019, região de Luís Eduardo Magalhães - BA | Landsat-8, OP 220/69, 5(R)6(G)4(B).
50
4. SISTEMA DE AVALIAÇÃO PARA
COMPENSAÇÃO FINANCEIRA
O estabelecimento de um mecanismo de compensação financeira pela manutenção da AGROSATÉLITE
Vegetação Nativa preservada nos imóveis que cultivam soja é uma ideia que tem ganha- • Desenvolve e dá manutenção ao sistema CCM
• Provê dados chave para o CCM: mapeamentos de soja e mapa de aptidão agrícola para soja
do força no mercado. Discute-se a possibilidade de conceder uma compensação finan-
ceira ao produtor rural que mantenha seu excedente de Reserva Legal preservado, na CCM
hipótese de que ele possua uma Autorização para Supressão Vegetal (ASV) em área “Com
aptidão” para a soja. A compensação financeira seria calculada regionalmente, com base
ABIOVE
em um indicador que represente o custo de oportunidade da terra (o custo de arrenda-
• Cadastra e gerencia traders
mento para a soja, por exemplo). O produtor rural seria compensado por cada hectare de • Cadastra o gestor de cada trader
CCM
vegetação nativa excedente preservada a cada ano.

CCM
A ABIOVE desenvolveu em parceria com a Agrosatélite a primeira versão desse sistema,

que foi denominado de CCM, um acrônimo das palavras Cerrado Conservation Mecha- TRADER
nism. O CCM é uma plataforma web desenvolvida para auxiliar os diversos atores envol- • Define gestor responsável pelo gerenciamento de usuários
• Cadastra usuários
vidos no processo de compensação financeira oferecido aos produtores rurais elegíveis. • Realiza análises
• Gera recomendações para seus clientes - produtores rurais
Cabe destacar quatro principais objetivos do sistema: i) ser um elo tecnológico de facilita- • Possui banco de fornecedores próprio e de acesso exclusivo dentro do CCM
• Gerencia todos os seus cadastros: recomendados e não recomendados
ção para que o produtor rural possa se candidatar ao acesso desses recursos financeiros • Orienta o produtor sobre como dar continuidade ao processo junto ao fundo gestor
• Acompanha o status do processo junto ao fundo gestor
junto às traders de grãos; ii) avaliar a elegibilidade dos produtores dos imóveis candida-
tos a receber a compensação financeira; iii) permitir a operação e a gestão do mecanismo
por parte das traders e do gestor do fundo; iv) oferecer transparência e auditabilidade
NÃO RECOMENDADO
para os financiadores.
RECOMENDADO
PRODUTOR RURAL
• Busca o fundo por meio da trader

A primeira versão do CCM é de acesso restrito à ABIOVE, às traders a ela associadas • É recomendado pela trader para dar continuidade ao processo junto ao gestor do fundo
• É o beneficiário do fundo
e ao gestor do fundo, mas o sistema também poderá ficar disponível a outras traders
que venham a fazer parte do mecanismo. A ABIOVE cadastra e gerencia as traders que
acessam o sistema – o gestor de cada trader cuida do cadastramento e do gerencia-
RECOMENDADO
mento dos seus usuários. A Figura 28 ilustra esquematicamente o papel dos diferentes
GESTOR DO FUNDO
atores que interagem entre si e com o sistema, além apresentar resumidamente o fluxo
de informações no CCM. • Tem acesso aos imóveis que foram recomendados pelas traders
• Pode reavaliar imóveis e produtores e solicitar outros documentos e evidências
• Aprova a liberação do recurso financeiro e orienta o produtor sobre o acesso
Figura 28. Representação esquemática dos papéis de cada envolvido e da relação entre os diferentes
atores que interagem entre si e com o sistema CCM.
52
Ao acessar o sistema, o usuário tem contato com um amplo conjunto de mapas, muitos dos quais foram preparados no âmbito desse projeto. Dois exemplos são o mapa de soja da safra
2018/19 e o mapa de aptidão agrícola para a soja. A Figura 29 mostra a tela de entrada, que é a visão do usuário da trader ao acessar o sistema.
PRODUTOR-CASO A
PRODUTOR-CASO B
PRODUTOR-CASO C
PRODUTOR-CASO D
Figura 29. Tela inicial do sistema, destacando as camadas de aptidão agrícola para a soja e o limite do bioma Cerrado (vide painel da direita). No painel da esquerda encontram-se os imóveis cadastrados
pela trader em diferentes status. Nos exemplos indicados na lista: i) Produtor caso A indica um caso em que o cadastro do imóvel de um proprietário foi avaliado e recomendado pela trader, com aprovação
pelo gestor do fundo; ii) Produtor caso B indica um caso em que a trader avaliou e recomendou o cadastro, mas o processo foi negado pelo gestor do fundo; iii) Produtor caso C indica um caso em que a trader
avaliou e recomendou o cadastro, mas que ainda não foi avaliado pelo gestor do fundo; e iv) Produtor caso D indica um caso em que a trader avaliou mas não recomendou o cadastro por não se enquadrar ao
mecanismo – nessa situação, o processo não é encaminhado ao gestor do fundo.
53
Para cadastrar um novo imóvel requerente do fundo de compensação financeira, o usuário da trader é direcionado para um ambiente em que são exigidas informações básicas do imó-
vel, como o código do CAR, o nome e o CPF do proprietário e o limite georreferenciado da Autorização para Supressão Vegetal (ASV) em formato KML. É requisito obrigatório anexar o
documento da ASV proveniente do órgão oficial competente, vide Figura 30
ASV
Figura 30. Tela de cadastro de um imóvel requerente de compensação financeira no CCM.
54
Ao concluir o cadastro, o sistema realiza automaticamente uma série de verificações, que vão desde um checklist de conformidade socioambiental do imóvel e do CPF/CNPJ do produtor,
passando pela confirmação de que se trata de um imóvel que cultiva soja, de acordo com os mapas de soja das safras 2016/17 e 2018/19 até a avaliação de aptidão agrícola para a soja no
imóvel e na ASV, conforme Figura 31.
Figura 31. Síntese dos resultados da verificação de elegibilidade ao mecanismo de compensação financeira - CCM para o imóvel de um suposto produtor de soja cadastrado e verificado pela trader.
55
Ao final do processo de verificação de elegibilidade, o sistema oferece um resultado automático, indicando se o cadastro avaliado deve ou não ser recomendado para o gestor do fundo.
Essa recomendação automática precisa ser confirmada manualmente pelo usuário da trader. Para os casos em que o sistema recomenda o cadastro avaliado, o sistema calcula automa-
ticamente o valor da compensação financeira a ser paga ao produtor com base na área elegível em hectares e no valor de referência para o custo de oportunidade da terra, que pode ser
obtido, por exemplo, pelo custo de arrendamento médio em cada município, atualizado com base em pesquisas.
A tela inicial do sistema para o gestor do fundo ao CCM é bastante semelhante a do usuário da trader. Esse gestor, porém, apenas visualiza e aprova os cadastros recomendados pelas
traders. Ao usuário gestor não é oferecido o ambiente de cadastro de novas solicitações de compensação financeira, o que é uma prerrogativa exclusiva das traders. Por outro lado, o
gestor do fundo possui acesso aos processos de compensação avaliados e recomendados por cada uma das traders no CCM, de modo que um cadastro recomendado pela trader fica
disponível para avaliação e aprovação do gestor do fundo, conforme Figuras 32 e 33.
Figura 32. Tela inicial

acessível ao usuário do
gestor do fundo com a lista
dos cadastros recomendados
pelas traders, indicando o
status de cada processo. Nos
exemplos listados acima: i)
Produtor caso A, indica um
cadastro recomendado pela
Trader A e aprovado pelo
gestor do fundo; ii) Produtor
caso B e Produtor Caso C são
cadastros recomendados pe-
las Traders A e B, respectiv-
amente, em que ambos não
foram aprovados pelo gestor
do fundo; e iii) Produtor caso
D indica um cadastro que foi
recomendado pela Trader
A, mas que ainda não teve
o processo avaliado pelo
gestor do fundo.
56
O CCM é um sistema robusto e inovador, desenvolvido para viabilizar e simplificar o complexo processo envolvido no mecanismo de compensação financeira e que, ao término dessa
etapa inicial, ainda está em fase de discussão e ajustes. Diversas outras funcionalidades estão disponíveis na plataforma – como ferramentas básicas de SIG, filtros, painéis para o cadas-
tro e gerenciamento de traders e de usuários. O CCM está disponível na internet por meio do endereço https://psacerrado.com.br. Espera-se que, com a operacionalização do mecanismo
de compensação financeira para os produtores de soja do bioma Cerrado e com o levantamento dos recursos necessários para compor o fundo, o sistema venha contar, no futuro, com
uma página de apresentação do projeto e versões em outros idiomas, a exemplo do inglês.
Imagem de 13/02/2019, região de São Desidério- BA | Landsat-8, OP 220/69, 5(R)6(G)4(B).

57
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E
RECOMENDAÇÕES
O bioma Cerrado ocupa uma posição de destaque na produção brasileira de soja, com 51% elegibilidade e de gestão georreferenciada dos imóveis requerentes, disponível na internet
da área cultivada no país atualmente. De 2000/01 a 2018/19, a produção de soja no bioma no endereço https://psacerrado.com.br.
triplicou, como resultado da expansão de 2,4 vezes da área plantada e aumento de 30% na
produtividade. O estudo mostrou que a expansão horizontal da soja se dá em grande parte pela incorpo-
ração de novas áreas ao sistema produtivo, provenientes tanto da conversão de vegetação
O estudo da dinâmica da expansão das lavouras no Cerrado identificou aspectos temporais nativa quanto de pastagens, constituindo, nesse último caso, uma intensificação do uso
e territoriais distintos. Na região denominada Outros Estados, onde se encontra 77% da da terra. A segunda safra, cada vez mais presente nas culturas de milho e algodão, tam-
área plantada de soja no bioma, há uma tendência de redução na expansão da cultura com bém exerce papel importante na redução da demanda por novas áreas. Trata-se de uma
desmatamento desde o início do milênio. No Matopiba, o significativo crescimento das la- tendência de intensificação do uso da terra a ser considerada em novos estudos. Outra
vouras de 2006/07 a 2013/14 elevou o desmatamento associado à soja, porém houve uma recomendação consiste na análise do perfil das áreas de pastagens que estão sendo con-
notável desaceleração no período mais recente de 2013/14 a 2018/19. Atualmente, o bioma vertidas para soja e sua conexão com o processo de ganho de produtividade na pecuária.
tem 95,74 Mha de área antropizada, o equivalente a 46,8% de sua cobertura. Desse total, Isso pode fomentar iniciativas voltadas para a produção de soja livre de desmatamento que
26,14 Mha são pastagens aptas para o cultivo de soja – e será preciso apenas um quinto sejam interligadas às demais cadeias produtivas, como a da pecuária em sistemas lavou-
dessa área para comportar o próximo ciclo de expansão da soja sem desmatamento, con- ra-pecuária ou lavoura-pecuária-floresta.
siderando uma taxa média de expansão igual à do período de 2014 a 2018, de 0,52 Mha/ano,
semelhante a taxa adotada nas projeções de longo prazo do MAPA. O monitoramento anual das lavouras de soja no bioma Cerrado é imprescindível para a
formulação e na implementação de mecanismos para dar sequência à mitigação – ou até
A implementação de políticas de mercado que incentivem a redução da pegada de soja as- mesmo eliminação – da produção de soja em desmatamentos recentes.
sociada ao desmatamento, uma tendência atual, pode conduzir essa cadeia produtiva para
uma condição futura de desmatamento zero no Cerrado. Contudo, a diversidade territorial
no bioma impõe alguns desafios. Nos Outros Estados, a área apta de pastagem é suficiente
Imagem de 03/01/2019, região de Balsas - MA | Landsat-8, OP

para manter por mais de meio século a taxa média de expansão para a região, de 0,37 Mha/
ano. No Matopiba, à primeira vista, as pastagens aptas à produção de soja se esgotariam
mais rapidamente, em aproximadamente duas décadas, mantida a taxa média de expansão
de 0,15 Mha/ano. É importante considerar, porém, que quase todas as pastagens aptas des-
sa região se concentram no Tocantins. Desse modo, os estados do Piauí, Bahia e Maranhão,
nos quais a sojicultura está em franca expansão, têm capacidade limitada na manutenção
da expansão da sojicultura sem avançar sobre áreas aptas de vegetação nativa.
Como marco importante das medidas para eliminar o desmatamento da cadeia de pro-
221/66, 5(R)6(G)4(B).
dução da soja, está sendo formulado um mecanismo de compensação financeira aos agri-
cultores que se comprometerem com a preservação do excedente de vegetação nativa. Nos
quase 130 mil imóveis sojicultores do bioma Cerrado esse excedente totaliza 4,41 Mha. Para
isso, foi desenvolvido no âmbito desse estudo um sistema de avaliação dos requisitos de
59
A G R O S AT E L I T E . C O M . B R ABIOVE.ORG.BR

Relatório Análise Geoespacial Da Soja No Cerrado PT

Enviado por

Direitos autorais:

Formatos disponíveis

Relatório Análise Geoespacial Da Soja No Cerrado PT

Enviado por

Dados do documento

Título original

Direitos autorais

Formatos disponíveis

Compartilhar este documento

Compartilhar ou incorporar documento

Opções de compartilhamento

Você considera este documento útil?

Este conteúdo é inapropriado?

Direitos autorais:

Formatos disponíveis

Relatório Análise Geoespacial Da Soja No Cerrado PT

Enviado por

Direitos autorais:

Formatos disponíveis

Análise Geoespacial da Soja

1. Mapeamento de soja, safra 2018/19. 2. Bioma Cerrado. 3. Imagens de satélite.

0,82 Mha | 0,4%

20,98 Mha | 10,3%

Imóveis com soja

TI, ,37 Mha | 7,

Soja em desmatamento 2014-2018

0,36 Mha | 0,2%

17,84 Mha | 8,7%

5. Considerações finais e recomendações . . . . ����������������������������������������������������������������������������58

2. Dinâmica da expansão da soja . . . . . . . . . . . . ������������������������������������������������������������������������������ 8

2.1 Evolução da área cultivada com soja. . ������������������������������������������������������������������������������ 9

2.2 Total de desmatamento no Cerrado. . . ���������������������������������������������������������������������������� 16

2.3 Mudança de uso e cobertura da terra atribuída à soja������������������������������������������������ 17

2.3.1 Dinâmica da expansão da soja com e sem desmatamento ���������������������������� 17

2.3.2 Dinâmica da mudança de uso e cobertura 2000/01 a 2018/19������������������������ 19

2.3.2.1 Detalhamento da dinâmica de expansão e retração | 2013/14 a 2018/19 20

3. Aptidão agrícola da soja . . . . . . . . . . . . . . . . . . ����������������������������������������������������������������������������33

3.1 Antecedentes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ����������������������������������������������������������������������������34

3.2 Materiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ����������������������������������������������������������������������������34

3.3 Síntese metodológica. . . . . . . . . . . . . . . . ����������������������������������������������������������������������������36

3.3.1 Análise da aptidão edafoclimática ������������������������������������������������������������������������36

3.3.2 Restrição de declividade e altitude������������������������������������������������������������������������38

Imagem de 10/01/2019, região de Palmas - TO | Landsat-8, OP 220/67, 5(R)6(G)4(B).

CULTIVADA COM SOJA Estado

MS Dianópolis Riachão das Neves

MS Dianópolis Riachão das Neves

MS Dianópolis Riachão das Neves

MS Dianópolis Riachão das Neves

MS Dianópolis Riachão das Neves

QUIL 2.458 0,0 268 0,0 2.726 0,0 3,5

UC_PI 1.938 0,0 4.329 0,1 6.266 0,0

UC_US 30 0,0 5.416 0,1 5.446 0,0

APP_RL-CAR 274.621 2,0 68.836 1,6 343.457 1,9

UC_APA 261.814 1,9 371.907 8,9 633.721 3,5

Sobrep. ASS-UC_APA 813 0,0 147 0,0 960 0,0

Matopiba Outros Estados

E COBERTURA DA TERRA 2.3.1 DINÂMICA DA EXPANSÃO DA

4 2000/01 a 2006/07 2006/07 a 2013/14 2013/14 a 2018/19

Taxa anual de expansão com desmatamento | Matopiba

Taxa anual de expansão com desmatamento | Outros Estados

Campo Novo do Parecis

Exp. em milho, algodão ou cana

PR Campinápolis Nova Xavantina

Soja em 2013/14 e 2018/19

LegendExp. em milho, algodão ou cana

Soja em 2013/14 e 2018/19

Exp. em milho, algodão ou cana

Retr. com milho, algodão ou cana

Soja em 2013/14 e 2018/19

Exp. em milho, algodão ou cana

Retr. com milho, algodão ou cana

Exp. em pastagem, pousio e outros

Retr. com milho, algodão ou cana

Dois Irmãos do Tocantins

Monte Santo do Tocantins Aparecida do Rio Negro

Soja em 2013/14 e 2018/19 Chapada de Areia

Exp. com desmatamento

Retr. com milho, algodão ou cana

5. Considerações finais e recomendações . . . . ��58

2. Dinâmica da expansão da soja . . . . . . . . . . . . �� 8

2.1 Evolução da área cultivada com soja. . �� 9

2.2 Total de desmatamento no Cerrado. . . �� 16

2.3 Mudança de uso e cobertura da terra atribuída à soja�� 17

2.3.1 Dinâmica da expansão da soja com e sem desmatamento �� 17

2.3.2 Dinâmica da mudança de uso e cobertura 2000/01 a 2018/19�� 19

2.3.2.1 Detalhamento da dinâmica de expansão e retração | 2013/14 a 2018/19 20

3. Aptidão agrícola da soja . . . . . . . . . . . . . . . . . . ��33

3.1 Antecedentes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ��34

3.2 Materiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ��34

3.3 Síntese metodológica. . . . . . . . . . . . . . . . ��36

3.3.1 Análise da aptidão edafoclimática ��36

3.3.2 Restrição de declividade e altitude��38