Feijão Caupi
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Sumário
Apresentação
Importância econômica
Referências bibliográficas
Glossário
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Cultivo de Feijão-Caupi
Apresentação
O feijão-caupi constitui-se em um dos principais componentes da dieta alimentar nas regiões Nordeste
e Norte do Brasil, especialmente na zona rural. Somente as cultivares de feijão-caupi geradas pela
Embrapa Meio-Norte, em parceria com outras instituições do sistema cooperativo de pesquisa,
ocupam 30% da área total cultivada com essa leguminosa no país (1.451.578 ha), gerando milhares
de empregos diretos e renda.
Melhorias nas técnicas de cultivo do feijão-caupi, em sequeiro e irrigado, foram obtidas notadamente
após a execução do projeto “Estratégias tecnológicas para o desenvolvimento sustentável do feijão-
caupi no Brasil”, por meio do qual foram geradas diversas tecnologias referentes ao sistema de
produção dessa cultura.
Importância econômica
Maurisrael de Moura Rocha
Kaesel Jackson Damasceno e Silva
Jose Angelo Nogueira de Menezes Junior
Por seu valor nutritivo, o feijão-caupi é cultivado principalmente para a produção de grãos, secos ou
verdes, e para o consumo humano, in natura, na forma de conserva ou desidratado. Também é
utilizado como forragem verde, feno, ensilagem, farinha para alimentação animal e ainda como
adubação verde e proteção do solo.
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Estimativas não oficiais, obtidas por Silva (2016), mostram que em 2015 o Brasil produziu 452.013
toneladas colhidas em 1.078.040 hectares, com uma produtividade média de 419 kg ha-1. Essa
produção coloca o Brasil como o quarto maior produtor mundial. Os maiores produtores brasileiros em
2015 foram os estados do Mato Grosso (127.000 toneladas), Ceará (107.291 toneladas), Piauí
(55.278 toneladas), Pernambuco (52.406 toneladas), Maranhão (50.314 toneladas) e Bahia (20.890
toneladas). O Ceará apresentou a menor produtividade de grãos, com 270 kg ha-1, enquanto o Mato
Grosso, a maior produtividade, com 1.095 kg ha-1.
Considerando as estimativas obtidas em 2015, a cultura do feijão-caupi foi responsável pela geração
de 961.993 empregos no Brasil, com o valor de produção estimado em R$ 643.553.333,00, tendo
produzido suprimento alimentar para 26.505.491 pessoas.
Clima
Aderson Soares de Andrade Júnior
Edson Alves Bastos
Milton Jose Cardoso
Condições climáticas
No Brasil, poucos estudos de fisiologia do feijão-caupi têm sido conduzidos com a finalidade de
verificar a resposta dessa cultura aos fatores climáticos. A maioria dessas informações é obtida por
meio de trabalhos realizados em outros países.
Entre os elementos de clima conhecidos, destacam-se a precipitação e a temperatura do ar, que, por
intermédio do zoneamento de risco climático, possibilitam verificar a viabilidade e a época adequada
para a implantação da cultura do feijão-caupi. Outros elementos do clima que exercem influência no
crescimento e desenvolvimento dessa cultura são o fotoperíodo o vento, e a radiação solar.
Precipitação
A cultura do feijão-caupi exige, aproximadamente, 300 mm de precipitação para que produza
satisfatoriamente, sem a necessidade de prática da irrigação. As regiões cujas cotas pluviométricas
oscilam entre 250 mm e 500 mm anuais são consideradas aptas para a implantação da cultura.
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A ocorrência de ligeiros deficits hídricos no início do desenvolvimento da cultura pode concorrer para
estimular um maior desenvolvimento radicular das plantas. Porém, o estresse hídrico durante o
período reprodutivo (florescimento e enchimento de vagens) pode ocasionar severa redução da
produtividade de grãos.
Temperatura
O feijão-caupi é cultivado em uma ampla faixa ambiental, desde a latitude 40°N até 30°S, tanto em
terras altas como baixas, tais como Oeste da África, Ásia, América Latina e América do Norte
(RACHIE, 1985). O bom desenvolvimento da cultura ocorre na faixa de temperatura de 18 ºC a 34 ºC.
A temperatura-base abaixo da qual cessa o crescimento varia com o estádio fenológico. Na
germinação, varia de 8 ºC a 11 °C, enquanto no estádio de floração inicial, de 8 ºC a 10 °C
(CRAUFURD et al., 1996a, 1996b).
Na região Meio-Norte do Brasil, limitações térmicas para o feijão-caupi podem existir em locais onde o
florescimento coincida com períodos de temperatura acima de 35 °C. Bastos et al. (2000)
constataram por meio de simulações que, em Teresina, a produtividade de grãos de feijão-caupi
irrigado é favorecida quando a semeadura é feita até julho. Quando essa semeadura ocorre a partir de
meados de agosto, há uma redução significativa da produtividade de grãos devido ao abortamento de
flores, causado pela elevada temperatura do ar durante o florescimento.
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Fotoperíodo
Outro fator que exerce influência no crescimento e desenvolvimento do feijão-caupi é o fotoperíodo.
Segundo Steele e Mehra (1980), existem cultivares de feijão-caupi sensíveis e outras insensíveis ao
fotoperíodo, cujo crescimento vegetativo, arquitetura da planta e desenvolvimento reprodutivo são
determinados principalmente pela interação de genótipos com a duração do dia e temperaturas do ar.
Vento
A incidência do vento constante em lavouras de feijão pode aumentar a demanda de água pela planta,
tornando-a mais suscetível a períodos curtos de estiagem, afetando o desempenho da cultura.
Radiação solar
A radiação solar é considerada um fator de grande importância para o crescimento e
desenvolvimento vegetal, pois influencia diretamente a fotossíntese das plantas. Loomis e Williams
(1963) comentaram que, em condições favoráveis de solo e clima e quando pragas e doenças deixam
de ser fatores limitantes, a máxima produtividade de uma cultura passa a depender principalmente da
taxa de interceptação de luz e da assimilação de dióxido de carbono pelas plantas.
De acordo com Phogat et al. (1984), a interceptação da energia luminosa no feijão-caupi, geralmente,
é alta devido às folhas glabras e de coloração verde-escura. Os autores, ao avaliarem a taxa de
fotossíntese líquida e a absorção da radiação fotossinteticamente ativa por essa cultura, observaram
que apenas 4,3% da energia luminosa foi refletida pelas folhas de feijão-caupi em condições ótimas
de água no solo.
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Figura 2. Mapas de risco climático para feijão-caupi em solo tipo 2 (argila entre 15% e 35%) no Piauí,
considerando-se as datas de 15 de outubro a 15 de fevereiro.
O zoneamento agrícola de risco, a partir do conhecimento das variabilidades climáticas locais (por
exemplo, precipitação e evapotranspiração de referência) e de sua espacialização regional por um
sistema de informação geográfica (SIG), permite definir regiões de aptidão climática para o cultivo
agrícola e épocas mais adequadas de semeadura, como forma de diminuir os efeitos causados pela
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má distribuição de chuvas.
No caso específico do feijão-caupi, segundo zoneamento apresentado por Andrade Júnior et al.
(2001a) para o Piauí, para solos dos tipos 1 (argila < 15%) e 2 (argila entre 15% e 35%), mais
comuns na região, os períodos mais favoráveis à semeadura são:
A consulta das melhores épocas de semeadura para os estados produtores de feijão-caupi no Brasil
pode ser feita na “homepage” do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
No caso de cultivo irrigado, tem-se maior flexibilidade quanto à indicação da melhor época de
semeadura, que deve ser uma decisão econômica em face das oscilações do preço de mercado do
produto. No entanto, deve-se levar em consideração o ciclo da variedade, procurando-se aquelas mais
precoces, produtivas e indicadas ao cultivo irrigado, as quais devem ser semeadas em épocas
apropriadas, de maneira que o florescimento não coincida com os períodos de altas temperaturas.
Solos e Adubação
Francisco de Brito Melo
Milton Jose Cardoso
O feijão-caupi pode ser cultivado em quase todos os tipos de solos, merecendo destaque os
Latossolos Amarelos, Latossolos Vermelho-Amarelos, Argissolos Vermelho-Amarelos e Neossolos
Flúvicos. De um modo geral, desenvolve-se em solos com regular teor de matéria orgânica, soltos,
leves e profundos, arejados e dotados de média a alta fertilidade. Entretanto, outros solos, como
Latossolos e Neossolos Quartzarênicos, com baixa fertilidade, podem ser usados mediante aplicações
de fertilizantes químicos e/ou orgânicos.
Amostragem do solo
A amostragem deve seguir critérios que assegurem confiança de representatividade em número ideal
de amostras. Para colher uma boa amostra, recomenda-se:
• Retirar uma amostra composta de áreas aparentemente uniformes. O número de amostras simples
(subamostras), que deverá formar uma amostra composta, deve ser de 15 a 20.
• Identificar a amostra de solo com uma etiqueta com os nomes do município, proprietário,
propriedade, cultura a ser plantada e número da amostra.
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A quantidade de corretivo, com base nos teores de alumínio e cálcio + magnésio trocáveis, pode ser
calculada usando-se as seguintes fórmulas:
• Dose de calcário (t.ha-1) = (0,2 x Al3+) + 20 – [(Ca2+ + Mg2+)], quando o Ca2+ + Mg2+ for < que
20 mmolc.dm-3 de TFSA. (1)
• Dose de calcário (t.ha-1) = 0,2 x Al3+, quando o Ca2+ + Mg2+ for > que 20 mmolc.dm-3 de TFSA.
(2)
Outro critério para o cálculo da necessidade de calagem é pela elevação da saturação de bases a um
nível desejado. No caso do feijão-caupi, a elevação da saturação de base em 60% é feita aplicando-se
a fórmula:
V2 = 60%.
f: fator de profundidade, 1 para calagem até 20 cm e 1,5 para calagem até 30 cm.
Na calagem, são empregados, geralmente, calcários, que podem ser calcítico ou dolomítico. O último,
pela sua melhor proporção entre os teores de cálcio e de magnésio, deve ser usado sempre que
possível. O calcário calcítico pode ser usado, quando o teor de magnésio no solo for superior ao de
cálcio.
O calcário deve ser aplicado pelo menos dois meses antes da semeadura, para que se obtenham os
efeitos esperados. Contudo, essa é uma orientação geral, pois a reação do calcário está diretamente
condicionada à umidade do solo e às características do corretivo. Caso o calcário possua um PRNT
diferente de 100%, é necessário corrigir a quantidade recomendada nas fórmulas 1 e 2, citadas
anteriormente, aplicando-se a seguinte fórmula:
Nitrogênio
Elemento altamente móvel no solo e principalmente na planta e, por isso, os primeiros sintomas de
deficiência surgem nas folhas mais velhas, em forma de clorose uniforme homogênea, amarelo-
esverdeada, passando a amarelo-esbranquiçada, que se estende às folhas novas, com a intensificação
dos sintomas. O número de folhas, a área foliar e o crescimento das plantas são reduzidos, dando
lugar a um desfolhamento prematuro.
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O feijão-caupi absorve, para seu desenvolvimento completo, uma quantidade superior a 100 kg.ha-1
de N. E’ considerada uma planta de boa capacidade de nodulação e com alta eficiência de fixação de
N atmosférico, por meio de nodulação natural, como se pode observar na Figura 1. Portanto, o feijão-
caupi dispensa a adubação nitrogenada.
Figura 1. Raízes de feijão-caupi colonizadas naturalmente por nódulos de bactérias do gênero Rhizobium em um
Latossolo Amarelo Distrófico textura arenosa, Parnaíba, PI, 2013.
Fósforo
Elemento imóvel no solo e na planta, cujos sintomas de deficiência aparecem nas folhas velhas, como
manchas cloróticas irregulares, de coloração verde-limão. As folhas mais novas apresentam cor verde-
azulada brilhante. Com a acentuação dos sintomas, a cor das folhas mais velhas progride para
amarelo-castanha, das bordas para o centro do limbo. As folhas caem prematuramente. Em campo,
verifica-se retardamento do ponto de colheita e vagens mal granadas (Figura 2).
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Figura 2. Parcelas experimentais em solo de baixo teor de fósforo, com plantas de feijão-caupi em fases de
crescimento vegetativo (A) e colheita (B), com e sem aplicação de fósforo.
O nível crítico teórico do elemento no solo, para o bom desenvolvimento da planta, está em torno de
13 mg.dm-3. Entre os macronutrientes, é o elemento extraído em menor quantidade e o que mais
limita a produção do feijão-caupi. Considerando-se as condições do solo e as propriedades do
elemento no meio, as doses recomendadas encontram-se na faixa de 40 a 80 kg. ha-1 de P2O5.
Potássio
Elemento extremamente móvel na planta. Nas folhas mais velhas, inicialmente, desenvolvem-se
manchas necróticas castanho-escuras, irregulares, do ápice para a parte central do folíolo, atingindo-o
finalmente entre as nervuras. O crescimento do caule, o número de folhas e a área foliar ficam
reduzidos, e as flores caem precocemente.
Teores baixos de potássio são encontrados em muitos solos onde a cultura é explorada
comercialmente. O valor considerado crítico de K no solo para o bom desenvolvimento do feijão-caupi
é de 21 mg.dm-1. Embora apresente altas concentrações no tecido foliar da planta (28 g.kg-1 em solo
de textura arenosa a 37 g.kg-1 em solo de textura média), a adubação potássica em feijão-caupi não
tem refletido no aumento da produção de grãos. Considerando-se as condições do solo, normalmente,
são recomendadas, no balanceamento de fórmulas de adubação, quantidades que variam de 20 a 40
kg.ha-1 de K2O.
Cálcio
Por ser um elemento imóvel na planta, os sintomas característicos da deficiência manifestam-se nas
folhas mais novas. As plantas apresentam as folhas superiores coriáceas, quebradiças, encurvadas e
com reduzido crescimento do sistema radicular e do caule. Em caso extremo de deficiência, o broto
terminal morre e as plantas não alcançam o florescimento.
Magnésio
Elemento móvel na planta. Os sintomas de deficiência são caracterizados por clorose internerval nas
folhas mais velhas, e os bordos do limbo desenvolvem recurvados para baixo. As plantas florescem,
mas os botões florais caem prematuramente.
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Enxofre
Elemento pouco móvel na planta. As plantas deficientes em enxofre apresentam crescimento
aparentemente normal. Os sintomas característicos iniciam-se pelas folhas mais novas, na forma de
manchas irregulares verde-claras, distribuídas no limbo dos folíolos. Com o desenvolvimento das
plantas, as folhas tornam-se amarelas e os folíolos caem facilmente. Contudo há produção de vagens.
Micronutrientes
Os micronutrientes são exigidos em pequenas quantidades pela planta do feijão-caupi. Normalmente,
as reservas dos solos são capazes de atender às necessidades das plantas. Deficiências podem ocorrer
em solos cujo material de origem é pobre em nutrientes ou que apresentam condições adversas à
mobilização/absorção dos nutrientes pela planta, tais como valores extremos de pH e excesso de
matéria orgânica.
As deficiências desses nutrientes ocorrem, normalmente, em solos ácidos e arenosos. Vinte gramas
de molibdênio são suficientes para tratar 20 kg de sementes, quantidade necessária ao plantio de um
hectare com a cultura. Quanto ao zinco, as deficiências podem ser corrigidas com aplicação do zinco
em fundação, na razão de 2 kg.ha-1.
Recomendação de adubação
De maneira geral, a recomendação de adubação química leva em consideração os resultados da
análise química do solo e as exigências nutricionais da cultura. Para melhor uso dessa recomendação,
foram acrescentadas algumas informações técnicas de grande interesse para o sucesso dos
programas de adubação na cultura do feijão-caupi (Tabela 1).
Tabela 1. Recomendação de adubação química (kg.ha-1) para a cultura do feijão-caupi com base nos resultados
da análise química do solo.
P2O5 K2O
Época N
P no solo mg.dm -3 K no solo mg.dm -3
Plantio - 0-5 6 - 10 11-13 >13 0 - 20 21-25 >25
Cobertura 30 80 60 40 20 40 30 20
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O nitrogênio (N) é um dos nutrientes mais exigidos pelas plantas, e sua deficiência limita a
produtividade das culturas, sobretudo nas regiões tropicais. Na natureza, o principal repositório de N é
a atmosfera, cuja composição é de, aproximadamente, 78% de N2. O N2 é inerte para a maioria dos
seres vivos, ou seja, grande parte dos seres vivos não é capaz de usá-lo como nutriente. A
transformação do N2 é, de maneira geral, chamada de fixação e pode ocorrer de forma biológica, por
meio da atividade de algumas bactérias; de forma industrial; ou ainda de forma atmosférica, pela
atuação de descargas elétricas.
O nitrogênio molecular (N2) não é usado por nenhum animal ou planta como nutriente devido à tripla
ligação entre os dois átomos de N, uma das mais fortes de que se tem conhecimento na natureza.
Apenas os micro-organismos que têm a enzima nitrogenase são capazes de transformá-lo em NH3,
forma nitrogenada prontamente assimilável para as plantas e outros organismos (HUNGRIA et al.,
2007). A esse processo, dá-se o nome de Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN).
Entre as bactérias diazotróficas, como são conhecidas as bactérias que fixam o nitrogênio, o grupo
dos rizóbios é muito diverso e se associa com espécies vegetais da família Fabaceae, como o feijão-
caupi, formando nas raízes estruturas especializadas, denominadas nódulos (Figura 1), onde ocorre o
processo de FBN (RUMJANEK et al., 2005).
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Figura 1. Detalhe de raiz de feijão-caupi inoculado com a estirpe de riz óbio BR 3267.
O uso da FBN representa uma alternativa para a substituição, total ou parcial, dos adubos
nitrogenados. O suprimento eficiente de nitrogênio por esse processo para o desenvolvimento das
culturas implica a diminuição dos custos de produção e economia de combustíveis fósseis usados para
a fabricação de fertilizantes nitrogenados. Isso representa rendimentos e ganhos econômicos para a
agropecuária brasileira e para o setor produtivo, bem como para a preservação sustentável do meio
ambiente.
Ao longo dos anos, o Brasil se tornou um dos países que mais explora a FBN. A soja, cultura com a
maior área plantada no País, é explorada exclusivamente com o uso da FBN. O feijão-caupi é outra
cultura em cujos plantios desponta o emprego desse processo biológico.
Inoculação e inoculantes
A inoculação é o processo por meio do qual bactérias fixadoras de nitrogênio, selecionadas pela
pesquisa, são adicionadas às sementes das plantas antes da semeadura. A inoculação é feita com um
produto chamado inoculante, que não polui o solo, fornece nitrogênio para as plantas e é muito mais
barato que o adubo químico nitrogenado.
O produto é formado pela mistura de bactérias (rizóbios) e um veículo, que pode ser um solo muito
rico em matéria orgânica, denominado turfa, formulações líquidas, ou combinações de turfa-líquido ou
géis. O produto final deve conter, no mínimo, 1 bilhão de células de bactérias fixadoras de N2 vivas
por g ou ml de inoculante.
O inoculante que contém rizóbios é desenvolvido e produzido de acordo com protocolos aprovados
pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
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A inoculação, embora seja uma atividade bastante simples, requer cuidados para garantir uma
distribuição uniforme de bactérias nas sementes. Em geral, é feita à sombra com a semeadura
efetuada no mesmo dia. Recentemente, entretanto, muitas empresas têm lançado produtos
comerciais para inocular as sementes alguns dias antes do plantio. Embora ainda não se conheçam
produtos dessa natureza para o feijão-caupi, eles podem representar importante vantagem ao
produtor.
O modo de misturar o inoculante à semente é bastante variável. Em cultivos que exigem pequenas
quantidades de sementes (até 10 kg), é possível realizar o processo com o auxílio de um saco plástico
que apresente uma capacidade próxima ao dobro da quantidade de sementes a ser inoculada. Para
volumes maiores, o produtor pode utilizar uma betoneira ou um tambor rotatório com eixo
descentralizado, construído artesanalmente (Figura 2). O produtor sempre deve ler as instruções de
uso do inoculante no rótulo do produto para evitar erros de aplicação.
Para melhor aderência do inoculante turfoso, recomenda-se umedecer as sementes com 200 ml de
água açucarada a 10% (100 g de açúcar para 1 litro de água), o que é suficiente para 50 kg de
sementes. Em seguida, a quantidade recomendada do inoculante deve ser uniformemente distribuída
na superfície da semente para se obter benefício máximo da fixação biológica do nitrogênio em todas
as plantas. No caso de inoculantes líquidos, estes devem ser misturados às sementes e
homogeneizados conforme recomendação do fabricante.
Após a inoculação, as sementes devem ser colocadas para secar à sombra, protegidas do sol e do
calor excessivo.
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procedimento de inoculação.
Atualmente, as estirpes de rizóbios recomendadas pelo MAPA para o feijão-caupi são: SEMIA 6461
(UFLA 3-84), SEMIA 6462 (BR 3267); SEMIA 6463 (INPA 3-11B) e SEMIA 6464 (BR 3262). Apenas
essas estirpes estão oficialmente autorizadas para uso em inoculantes comerciais no Brasil (BRASIL,
2011).
a. Verificar se é específico para a cultura de interesse, haja vista que existe especificidade entre a
bactéria e a planta.
b. Verificar se é recomendado pela pesquisa e registrado no MAPA. O número de registro deve estar
impresso na embalagem.
c. Observar o prazo de validade e não usar inoculante com prazo de validade vencido.
d. Certificar-se de que o inoculante estava armazenado em condições satisfatórias de temperatura e
arejamento.
e. Transportar e conservar o inoculante em lugar fresco e bem-arejado.
Uso de fungicidas
Estudos têm demonstrado que muitos fungicidas provocam a morte de até 100% das células
bacterianas em apenas 2 a 3 horas após a aplicação com o inoculante (DENARDIN et al., 2006). Isso
acontece em decorrência das características físico-químicas de ingredientes empregados em algumas
formulações do insumo.
Mesmo considerando que os principais fungicidas usados no Brasil não têm toxidade elevada para as
quatro estirpes recomendadas (SILVA NETO et al, 2013). Algumas precauções devem ser seguidas
para evitar a mortalidade de bactérias. Afinal, o inoculante é um insumo vivo e pode perder a
viabilidade se não for bem manejado.
Uso de micronutrientes
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O molibdênio e o cobalto estão relacionados com a fixação do N atmosférico pelas bactérias por serem
elementos importantes nesse processo. O molibdênio é o elemento-chave contido na nitrogenase,
enzima responsável pela transferência final dos elétrons para o nitrogênio na forma disponível para as
plantas (HUNGRIA et al., 2007). Se deficiente, causa amarelecimento e pouco crescimento das plantas
e, ainda, pode fixar reduzidas quantidades de N em leguminosas, porque as bactérias do solo,
associadas a essas plantas, precisam desse elemento para fixar o N atmosférico.
Quando esses micronutrientes são aplicados junto às sementes, podem afetar consideravelmente o
número de células de Bradyrhizobium.
Adubação nitrogenada
A aplicação de fertilizante nitrogenado por ocasião da semeadura ou em cobertura, em qualquer
estádio de desenvolvimento da planta, reduz a nodulação e a eficiência da FBN.
Nesse contexto, Uchôa et al. (2009) citaram que o uso de fórmulas de adubos com baixa
concentração de N pode trazer vantagens econômicas, desde que sua aplicação não ultrapasse 20
kg.ha-1 de N, assegurando a eficiência da nodulação.
O feijão-caupi é capaz de nodular com um grupo de rizóbio presente no solo, designado como grupo
miscelânea feijão-caupi ou rizóbio tropical, característica encontrada também em várias outras
leguminosas de ocorrência nos trópicos (RUMJANEK et al., 2005). Porém, essas bactérias
estabelecidas do solo, muitas vezes, não são capazes de manter altos níveis de FBN em decorrência
da baixa eficiência simbiótica. A prática de inoculação assegura o uso de estirpes com reconhecida
eficiência e garante o fornecimento de N à cultura.
Particularmente, no caso da região Semiárida, as condições climáticas são responsáveis por reduzir a
densidade de rizóbio no solo (MARTINS et al., 2003). Nesse sentido, é de esperar que a prática de
inoculação ocorra tanto em área de primeiro plantio como em cultivos subsequentes.
Para as áreas de primeiro cultivo, a orientação é usar o dobro da dose recomendada de inoculante de
forma a assegurar um número satisfatório de bactérias. Para plantios subsequentes, recomenda-se
também a aplicação de inoculante na proporção de 600 mil células por semente, no intuito de garantir
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Cultivares
Maurisrael de Moura Rocha
Kaesel Jackson Damasceno e Silva
Francisco Rodrigues Freire Filho
Jose Angelo Nogueira de Menezes Junior
Ciclo de maturação
As cultivares de feijão-caupi podem ser classificadas quanto ao ciclo de maturação da planta em seis
tipos (FREIRE FILHO et al., 2005), segundo o período compreendido entre a emergência e a
maturação fisiológica:
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Para o cultivo de pequenas áreas, onde o produtor tem condições de fazer duas ou mais colheitas
manuais, as cultivares mais indicadas são aquelas de ciclo médio. Para o cultivo de grandes áreas, é
importante que sejam utilizadas duas ou mais cultivares de ciclos diferentes. Isso reduz o risco de
perda por veranico ou outro fator adverso e faz com que a maturidade seja alcançada de forma
escalonada, facilitando a colheita. Para o cultivo de safrinha, quando o feijão-caupi é semeado do
meio para o fim da estação das chuvas, as cultivares mais indicadas são as de ciclos superprecoce,
precoce e médio-precoce. No cultivo de vazante e no irrigado com alta tecnologia, exceção feita
quando o objetivo é a produção de sementes para plantio de sequeiro, devem ser usadas cultivares de
ciclos superprecoce, precoce e médio-precoce. No cultivo irrigado, a adoção de cultivares mais
precoces é importante porque a cultura ocupa a área por menos tempo e proporciona menor consumo
de água e energia.
Porte da planta
O porte da planta de feijão-caupi pode ser classificado em quatro tipos, segundo o comprimento e o
ângulo entre o ramo principal e os secundários (FREIRE FILHO et al., 2005):
1 - Porte ereto: planta com os ramos principal e secundários curtos, estes formando um ângulo de
agudo a reto em relação ao ramo principal.
2 - Porte semiereto: planta com os ramos principal e secundários curtos a médios, estes formando um
ângulo reto em relação ao ramo principal.
3 - Porte semiprostrado: planta com os ramos principal e secundários de comprimentos médios, estes
tocando o solo.
4 - Porte prostrado: planta com os ramos principais e secundários longos, estes tocando o solo.
1 - Classe Branco: com o mínimo de 90% de grãos com tegumento de coloração branca.
1.1 - Subclasse Branco Liso: cultivares com grãos de tegumento branco, liso, sem halo, com ampla
variação de tamanhos e formas.
1.2 - Subclasse Branco Rugoso: cultivares com grãos de tegumento branco, rugoso, reniforme, sem
halo, com pequena variação de tamanho e relativamente grandes.
1.3 - Subclasse Fradinho: cultivares com grãos de tegumento rugoso de cor branca e com um halo
preto de contornos definidos.
1.4 - Subclasse Olho-Marrom: cultivares com grãos de tegumento liso ou rugoso de cor branca e com
um halo marrom de contornos definidos.
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1.5 - Subclasse Olho-Vermelho: cultivares com grãos de tegumento liso ou rugoso de cor branca e
com um halo vermelho de contornos definidos.
2 - Classe Preto: com o mínimo de 90% de grãos com tegumento de coloração preta, podendo
apresentar brilho ou ser opaco.
3 - Classe Cores: com o mínimo de 90% de grãos da classe cores, admitindo-se até 10% de outras
cultivares da classe cores, que apresentem contraste na cor ou no tamanho.
3.1 - Subclasse Mulato Liso: cultivares com grãos de tegumento liso de cor marrom, com a tonalidade
variando de clara a escura e ampla variação de tamanhos e formas.
3.2 - Subclasse Mulato Rugoso: cultivares com grãos de tegumento rugoso de cor marrom, com a
tonalidade variando de clara a escura e ampla variação de tamanhos e formas.
3.3 - Subclasse Canapu: cultivares com grãos de tegumento marrom-claro, liso, relativamente
grandes, bem-cheios, levemente comprimidos nas extremidades, com largura, comprimento e altura
aproximadamente iguais.
3.4 - Subclasse Sempre-Verde: cultivares com grãos de tegumento de cor levemente esverdeada e
liso.
3.5 - Subclasse Verde: cultivares com o tegumento e/ou cotilédones de cor verde.
3.6 - Subclasse Manteiga: cultivares com grãos de tegumento de cor creme-amarelada e liso.
3.7 - Subclasse Vinagre: cultivares com grãos de tegumento liso de cor vermelha.
3.8 - Subclasse Azulão: cultivares com grãos de tegumento liso de cor azulada.
3.9 - Subclasse Corujinha: cultivares com grãos de tegumento liso de cor mosqueada cinza ou
azulada.
3.10 - Subclasse Rajada: materiais que têm grãos com tegumento de cor marrom, com rajas
longitudinais de tonalidade mais escura.
4 - Misturado: com grãos de diferentes classes e que não atende às especificações de nenhuma das
classes anteriores.
O tamanho do grão também é um caráter muito importante, tanto para o mercado interno quanto
para o externo. Na subclasse Manteiga, a preferência é por grãos com peso inferior a 10 g por 100
grãos. Por outro lado, nas subclasses Branco Rugoso e Fradinho, a preferência é por grãos com peso
superior a 25 g por 100 grãos. De modo geral, tanto as cultivares locais quanto as melhoradas, em
sua grande maioria, têm peso variando de 15 g a 20 g por 100 grãos. Constata-se, contudo, que
tanto produtores quanto compradores e empacotadores preferem grãos com peso superior a 20 g por
100 grãos.
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Dessas características, entretanto, a cor parece ser o fator mais importante na formação do preço do
produto. Portanto, é importante que o produtor procure usar cultivares que tenham grãos bem aceitos
pelos comerciantes e consumidores.
Nas áreas semiáridas, mais sujeitas à distribuição irregular das chuvas e a veranicos longos, devem
ser usadas cultivares mais rústicas, mais tolerantes a estresses hídricos e calor, com maior capacidade
de recuperação após uma estiagem. Em áreas mais favorecidas e sistemas de produção em que são
feitas correção de acidez de solo, aplicação de fertilizantes, controle de invasoras, pragas e doenças,
como na região dos cerrados, devem ser usadas cultivares que respondam à melhoria da qualidade do
ambiente.
Mercado
A produção de grãos de feijão-caupi pode ser realizada visando aos mercados de grãos secos, vagens
e grãos verdes (feijão-verde).
O tipo de cultivar a ser usada pelo produtor para o mercado de feijão-verde depende do sistema de
cultivo que será adotado. Para a agricultura familiar, as cultivares devem apresentar,
preferencialmente, crescimento indeterminado, porte semiprostrado, amplo ciclo produtivo e vagens
grandes. Nesse sistema, o pequeno produtor tem preferência por cultivares com longo período de
floração e frutificação, que possibilite mais de uma colheita. Para a agricultura empresarial, as
cultivares devem ter, preferencialmente, crescimento determinado, porte ereto a semiereto,
superprecoces a precoces, maturação uniforme, vagens de tamanho médio a grande, atrativas,
uniformes, bem-granadas, de fácil debulha e com longo período de preservação pós-colheita,
devendo-se adotar o plantio escalonado (várias datas de plantios), de forma que se tenha
regularidade na oferta do produto (SOUSA, 2013).
Em ambos os sistemas de cultivo do feijão-verde, as cultivares devem ter vagens atrativas para o
comprador, uniformes, bem-granadas e relação de peso grão verde/peso vagem verde superior a
60%. Também devem ter a capacidade de preservar um bom aspecto pós-colheita (brilho e cor verde)
e serem de fácil debulha manual ou mecânica. Os grãos devem manter um bom aspecto pós-debulha,
ser claros e apresentar baixa perecibilidade. Grãos que escurecem com rapidez perdem o valor
comercial. Para esse tipo de produção, há uma preferência por cultivares de vagens roxas e grãos
brancos, mas também são usadas vagens de cor verde e grãos de outras cores e tipos comerciais,
como os tipos Azulão, Canapu, Sempre-Verde e Corujinha. Além disso, é muito importante que as
cultivares sejam bem-adaptadas, tenham boa capacidade e estabilidade produtiva, bom nível de
resistência a doenças e pragas e bom aspecto na lavoura.
Tipos de Cultivares
As cultivares de feijão-caupi também podem ser classificadas, com base na origem do germoplasma,
em cultivares locais e melhoradas (FREIRE FILHO et al., 2000):
1 - Cultivares Locais
No Brasil, há um grande número de variedades/raças locais/crioulas, que ainda são muito cultivadas,
principalmente por pequenos agricultores, que produzem as próprias sementes. Esse germoplasma
tem uma variabilidade genética imensurável, a qual pode ser observada a partir dos diferentes tipos
de grãos que são encontrados nas feiras livres e nos mercados das médias e grandes cidades. Há
algumas características que são predominantes nas cultivares locais: em sua maioria são misturas
varietais com cinco ou mais componentes; apresentam crescimento indeterminado e porte
semiprostrado ou prostrado; ciclo médio, de 71 a 90 dias; folhas globosas; vagens no nível ou acima
da folhagem; comprimento médio de vagem em torno de 18,0 cm; número médio de grãos por
vagem em torno de 14,0; peso médio de 100 grãos em torno de 19,0 g (FREIRE FILHO et al., 1981).
Os nomes das cultivares locais, geralmente, são dados em função de alguma característica que se
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2 - Cultivares Melhoradas
Tabela 1. Principais características das cultivares de feijão-caupi lançadas e recomendadas para as regiões
Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil.
Peso
Produtividade de
Ano de
Região de Porte da Ciclo de Subclasse grãos (kg.ha -1 )
Cultivar (1) de 100
adaptação planta (2) maturação comercial
lançamento grãos
(g) Sequeiro Irrigado
AL, BA, CE,
Sempre-
Sempre-Verde 1981 MA, PI, RN, SPR 70-80 15,9 900 1.200
Verde
SE
BR 2 -
1985 PA SER 65-75 Manteiga 16,0 811 2.008
Bragança
BR 3 - Branco
1985 PA PR 70-80 30,0 914 1.698
Tracuateua Rugoso
AL, BA, CE,
Sempre-
Setentão 1988 MA, PB, PI, SPR 65-70 19,8 1.200 -
Verde
RN, SE
MA, PB, PE,
IPA-205 1988 SPR 70-80 Mulato Liso 20,0 1.319 -
RN
BA, PB, PE,
IPA-206 1989 SER 65-75 Mulato Liso 22,0 1.240 -
RN
Riso do Ano 1990 RN SPR 70-90 Branco Liso 15,5 1.000 1.300
BR 14-Mulato 1990 PI, BA SPR 65-75 Mulato Liso 16,0 883 1.967
BR 17- Sempre-
1994 PI SPR 70-80 12,0 976 1.964
Gurguéia Verde
Amapá 1997 AP, RN SER 70-75 Branco Liso 16,0 1.200 -
Branco
Monteiro 1998 PI PR 70-75 28,4 - 2.070
Rugoso
Patativa 1999 CE SPR 65-70 Mulato Liso 19,0 1.267 -
BRS Mazagão 2000 AP, PI SER 60-65 Branco Liso 15,0 1.271 1.895
Sempre-
BRS Rouxinol 2001 BA, PI SER 65-75 17,0 892 1.509
Verde
BRS
2002 BA, PI SPR 65-75 Branco Liso 17,0 890 1.087
Paraguaçu
BRS Guariba 2004 MA, PI SER 65-70 Branco Liso 19,0 1.489 -
BRS Marataoã 2004 BA, PB, PI SPR 70-75 Mulato 15,0 978 -
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BRS Potiguar 2005 RN SER 65-70 Mulato Liso 23,0 1.100 1.600
Branco
BRS Milênio 2005 PA PR 70-80 23,0 1.399 -
Rugoso
BRS Branco
2005 PA PR 70-80 22,0 1.276 -
Urubuquara Rugoso
Branco
BRS Novaera 2007 MA SER 65-70 20,0 1.125 1.611
Rugoso
BRS Pujante 2007 BA, PE SPR 70-75 Mulato Liso 25,0 704 -
AL, AM, AP,
BA, MA, MT,
BRS
2008 MS, PE, PI, SPR 70-75 Branco Liso 16,0 1.018 1.593
Xiquexique
RN, RO, RR,
SE
AL, AM, AP,
BRS Cauamé 2009 MS, PA, PE, SER 65-70 Branco Liso 17,0 977 1.769
RO, RR, SE
AL, AM, MA,
BRS MT, MS, PA,
2009 SER 65-70 Branco Liso 18,0 1.100 1.703
Tumucumaque PE, PI, RN,
RO, RR, SE
AL, MA, MT,
BRS Pajeú 2009 MS, PA, PE, SPR 70-80 Mulato Liso 21,0 981 1.863
PI, RR, SE
AM, MA, MT,
BRS Potengi 2009 MS, PE, RN, SER 65-70 Branco Liso 20,0 972 1.766
RO, RR
PA, PI, RR,
BRS Itaim 2009 ER 60-65 Fradinho 23,0 1.712 1.373
TO
BA, MT, PA,
BRS Juruá 2009 PI, RR, SE, SPR 70-80 Verde 19,0 1.094 1.151
TO
BA, MT, PA,
BRS Aracê 2009 PI, RR, SE, SPR 70-80 Verde 18,0 1.355 1.192
TO
BRS Acauã 2010 BA, PE, PI SPR 70-80 Canapu 18,0 1.338 1.407
BRS Carijó 2010 BA, PE, PI ER 60-65 Fradinho 19,0 1.227 1.651
BRS Tapaihum 2010 BA, PE, PI ER 60-65 Preto 19,0 1.183 1.619
Miranda IPA
2011 PE SPR 65-70 Mulato 21,0 2.181 -
207
BRS MA, MT, PI, Branco
2016 SER 65-70 34,0 1.311 1.276
Imponente PA Rugoso
(1)Fonte: Adaptado de Freire Filho et al. (2011) e (CULTIVARWEB, 2017). (2) SPR = Semiprostrado; PR=Prostrado; SER =
Semiereto; ER=Ereto.
Produção de sementes
Kaesel Jackson Damasceno e Silva
Adâo Cabral das Neves
Maurisrael de Moura Rocha
Semente é toda e qualquer estrutura vegetal usada na propagação de uma cultivar. É o veículo por
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meio do qual são disseminadas as inovações e os avanços tecnológicos com agregação de valor ao
produto a ser transferido ao produtor rural, representando ganhos econômicos ao setor agrícola.
A pureza genética é expressa no potencial produtivo, nas suas características agronômicas, na reação
a doenças e pragas, nas características da semente, entre outras. Já a pureza física é determinada
pelo grau e tipo de contaminantes presentes no lote analisado. A qualidade fisiológica é a expressão
do seu potencial em gerar uma nova planta, perfeita e vigorosa, quando a semente é submetida a
condições ambientais favoráveis. As sementes não devem ser veículos de patógenos, capazes de
afetar negativamente a emergência e o vigor das plântulas e constituir o inóculo primário para o
desenvolvimento de epidemias, com consequente redução do rendimento da cultura, evidenciando a
necessidade de qualidade fitossanitária.
Normativas
O sistema que rege a produção e a distribuição de sementes é inerente a cada país. A produção de
sementes no Brasil é regida pela Lei Nº 10.711, de 5 de agosto de 2003 (BRASIL, 2003),
regulamentada pela Lei Nº 5.153, de 23 de agosto de 2004 (BRASIL, 2004).
A Lei Nº 10.711 dispõe sobre o Sistema Nacional de Sementes e Mudas, cujo objetivo é garantir a
qualidade e a quantidade do material de multiplicação e reprodução vegetal produzido, comercializado
e usado em todo o território nacional.
A Instrução Normativa Nº 25, de 16 de dezembro de 2005, Anexo XIV (Tabela 1), estabelece as
normas específicas e os padrões de identidade e qualidade para a produção e comercialização de
sementes de feijão-caupi, válidos para todo o território nacional. Estabelece também os índices de
tolerância constantes dos padrões de identidade e de qualidade que serão observados no processo de
fiscalização.
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a. Plantio de 200 covas, com uma amostra de sementes da linhagem. O espaçamento é de 0,80 m x
0,80 m e é mantida apenas uma planta por cova. Durante o cultivo, faz-se o rouguing e
selecionam-se 100 plantas que apresentam o padrão da linhagem. Após a trilha, é realizada a
seleção de sementes de acordo com o padrão dos grãos. Desse processo, somente 50 plantas
serão selecionadas.
b. São semeadas sementes das 50 plantas selecionadas, distribuindo-as em uma fileira de 10,0
metros, no espaçamento de 1,0 m x 0,25 m, mantendo-se apenas uma planta por cova. Durante o
período de cultivo, são observados alguns caracteres quanto à sua uniformidade, por exemplo:
porte da planta, tipo de folha, número de dias para o florescimento, cor das vagens imaturas e
secas, número de dias para a maturidade e reação a doenças. Após a colheita, são registradas
outras características, tais como: forma e tamanho das vagens; forma, peso, tamanho e cor dos
grãos. Se alguma(s) das fileiras apresentar(em) características fora do padrão das linhagens,
deve(m) ser descartada(s).
c. As sementes das fileiras selecionadas devem ser multiplicadas, individualmente ou em “bulk”, para
formar a semente genética da linhagem/cultivar. Paralelamente, armazenam-se 100 g de sementes
de cada uma das fileiras selecionadas.
a. Isolamentos espacial e temporal: é a distância mínima entre duas cultivares da mesma espécie
para evitar a ocorrência de cruzamentos naturais, indesejáveis. Embora a distância mínima exigida
pelo Mapa (BRASIL, 2005) seja de 3,0 metros, a distância usada e recomendada, na prática, é de
30,0 metros. Recomenda-se também o uso de barreiras vegetais. Já o isolamento temporal é
realizado de tal forma que não coincida o período de florescimento entre as linhagens/cultivares.
Recomendam-se 30 dias de intervalo entre uma semeadura e outra (MEDEIROS FILHO; TEÓFILO,
2005).
b. Rouguing: consiste na eliminação de plantas indesejáveis no campo de produção de sementes, tais
como, plantas silvestres nocivas e proibidas e plantas da mesma espécie fenotipicamente atípicas.
Essa etapa é realizada para a manutenção do padrão de cada linhagem/cultivar. Essa operação
deve ser realizada por pessoas treinadas e com base na lista de descritores estabelecida para o
material genético.
c. Controle adequado de ervas daninhas, pragas e doenças.
d. Uso de maquinário adequado para evitar misturas indesejáveis.
25 of 96 04/12/2020 15:38
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A produção de sementes básicas realizada pela Embrapa tem sido tanto em áreas próprias quanto em
áreas de agricultores, devidamente oficializados em contratos. Toda a produção é realizada a partir de
um planejamento baseado nas demandas do mercado.
Plantio
Milton Jose Cardoso
Francisco de Brito Melo
Época de plantio
26 of 96 04/12/2020 15:38
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A melhor época de plantio das variedades de feijão-caupi de ciclo médio (70 a 80 dias) é a metade do
período chuvoso de cada região. Com as variedades precoces (55 a 65 dias), o ideal é plantar 2
meses antes de terminar o período chuvoso. Com isso, evita-se que a colheita seja feita em períodos
com maior probabilidade de ocorrência de chuvas.
No Nordeste brasileiro, o chamado “período das chuvas” é caracterizado pela irregularidade das
precipitações, tornando a agricultura de sequeiro uma atividade econômica de alto risco, que pode ser
reduzido por meio do plantio escalonado e do sistema policultivar.
Diminui os riscos por adversidades climáticas, pois o período crítico das variedades vai ocorrer em
épocas diferentes.
Melhora a distribuição das práticas de implantação e condução da lavoura desde o preparo do solo
até a colheita.
Promove maior proteção do solo contra erosão, pela cobertura do solo com plantas em diferentes
estádios de desenvolvimento.
Possibilita o beneficiamento do produto num maior intervalo, já que a colheita será escalonada.
Permite a colocação do produto no mercado em épocas mais adequadas e por um maior período,
aproveitando-se os momentos de elevação de preços.
No sistema policultivar, a única diferença do anterior é que as variedades de ciclos diferentes são
plantadas no mesmo dia.
No caso da agricultura irrigada, tem-se maior flexibilidade quanto à indicação da melhor época de
plantio, a qual deve ser uma decisão econômica em face das oscilações do preço de mercado do
produto. No entanto, ressalta-se que se deve levar em consideração o ciclo da variedade, procurando-
se aquelas mais precoces, produtivas e indicadas para cultivo irrigado, as quais devem ser plantadas
em épocas apropriadas, de maneira que o florescimento não coincida com os períodos de altas
temperaturas.
Métodos de plantio
O feijão-caupi é cultivado em todo o território brasileiro, principalmente no Nordeste e Norte, onde se
encontram os mais variados métodos de plantio, desde o mais rudimentar até a motomecanização
com plantadeiras-adubadeiras.
Plantio manual
É mais usado em pequenas propriedades, utilizando-se enxada ou matraca. Esta última, também
conhecida como “tico-tico”, permite maior rendimento de trabalho que a enxada.
São utilizadas plantadeiras simples que contêm apenas os depósitos de sementes e de fertilizantes.
Têm dispositivos que permitem colocar o fertilizante em faixa, ao lado e abaixo da semente. Na
regulagem da plantadeira, deve-se levar em conta o tamanho, o número de furos e a espessura da
chapa ou do disco, facilitando a obtenção da quantidade de sementes desejada.
Plantio motomecanizado
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A regulagem pode ser feita de modo semelhante às plantadeiras de tração animal. Algumas têm
mecanismo para facilitar a obtenção da quantidade de sementes desejada.
Densidade de plantas
Uma das causas da baixa produtividade de grãos do feijão-caupi é a escassez ou o excesso do número
de plantas por área. A escassez pode ser ocasionada por falhas que ocorrem na linha de plantio,
podendo ser consequência da má regulagem da plantadeira, uso de sementes de baixo vigor, danos
causados por insetos, doenças que matam as plantas ou devido ao plantio efetuado com pouca
umidade no solo.
A densidade ótima de plantio é definida como o número de plantas capaz de explorar de maneira mais
eficiente e completa determinada área do solo. Em certas condições de solo, clima, variedade, manejo
de irrigação (disponibilidade de água no solo), tratos culturais e porte de planta, há um número ideal
de plantas por unidade de área para se alcançar a mais alta produção.
Em pesquisas conduzidas na Embrapa Meio-Norte (Teresina-PI) por Oliveira (2013), constatou-se que
a densidade de plantas de feijão-caupi, que permite a obtenção de elevadas produtividades de grãos
(acima de 1.500 kg.ha-1) com a cultivar BRS Itaim (porte ereto) sob irrigação, é de 240 mil
plantas/ha. Ressalte-se que foi aplicada uma lâmina total de 391 mm durante o ciclo da cultura e,
com isso, não houve restrição hídrica em nenhuma fase de desenvolvimento da cultura. O produtor
tem que estar atento porque a quantidade de água do solo extraída pelas raízes do feijão-caupi é
diretamente proporcional às densidades de plantas, ou seja, quanto maior a densidade de plantas,
mais água as raízes extraem do solo. Com isso, pode-se afirmar que a adoção de elevadas densidades
de semeadura (acima de 200 mil plantas/ha) somente é recomendada quando se tem garantida a
oferta adequada de água às raízes pela irrigação e/ou chuva. Caso contrário, devem-se reduzir as
densidades populacionais de semeadura (150 mil plantas/ha).
Esse raciocínio também é válido para o manejo da fertilidade do solo, ou seja, quanto mais plantas
por metro quadrado de solo, maior a extração de nutrientes. Portanto, só se recomenda elevada
densidade de plantas, se também houver fornecimento adequado de nutrientes.
Além das condições de solo e de clima e dos manejos da fertilidade e da irrigação, o agricultor, para
definir bem a densidade de plantas que deve usar, necessita saber qual o porte da planta de feijão-
caupi que vai ser semeada. Em cultivares de portes prostrado e semiprostrado, recomendam-se 90
mil a 130 mil plantas por hectare e em variedades de portes semiereto e ereto, recomendam-se 180
mil a 220 mil plantas por hectare. O uso de uma densidade de plantas acima da recomendada, além
de aumentar o custo de produção, reduz a produtividade de grãos.
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Irrigação
Edson Alves Bastos
Aderson Soares de Andrade Júnior
Carlos Cesar Pereira Nogueira
A deficiência de água é um dos fatores mais limitantes para a obtenção de elevadas produtividades de
grãos de feijão-caupi. Essa perda de produtividade é função da intensidade do deficit hídrico e do
estádio do ciclo vegetativo em que ocorrer o deficit.
Com o uso da irrigação, é possível suprir a quantidade de água para o adequado crescimento e
desenvolvimento do feijão-caupi. Entretanto, para o sucesso técnico e econômico dessa atividade, é
necessário que se identifique quando, quanto e como irrigar. O conhecimento, portanto, das fases
mais críticas do estresse hídrico, dos sistemas de irrigação mais apropriados e dos métodos de
manejo de irrigação recomendados pode auxiliar o produtor a colher bons frutos em seu cultivo
irrigado.
Estresse hídrico
Apesar de ser considerada uma cultura tolerante à seca, o deficit hídrico no feijão-caupi pode causar
severas perdas da produtividade de grãos, principalmente se ocorrer nas fases de florescimento e
enchimento de grãos, pois afeta vários processos fisiológicos relacionados com a assimilação de
nitrato, fixação simbiótica de nitrogênio, taxas de fotossíntese, condutância estomática e transpiração.
Demanda hídrica
O consumo de água do feijão-caupi pode variar de 250 mm a 400 mm por ciclo, dependendo da
cultivar, da densidade de semeadura, do solo e das condições climáticas locais. Na fase inicial, o
consumo hídrico diário raramente excede 3,0 mm, todavia deve-se atentar para o período da
germinação e início do período vegetativo. Nessa fase a planta é muito sensível e, por isso,
recomenda-se irrigar diariamente. Na fase de crescimento, o consumo é ascendente até atingir os
períodos de florescimento e enchimento de vagens, quando pode variar entre 5,0 mm e 8,0 mm
diários.
Sistemas de irrigação
A escolha do sistema de irrigação é o ponto de partida para se estabelecer um planejamento e manejo
adequado da irrigação, a fim de fornecer ao produtor informações para o uso da água com a máxima
eficiência, aumentando a produtividade das culturas, reduzindo os custos de produção e maximizando
a receita líquida dos investimentos.
Os principais fatores que influenciam na seleção do sistema de irrigação são: forma e tamanho da
área a ser irrigada, cultura, tipo de solo, topografia do terreno, quantidade e qualidade de água
disponível, disponibilidade e qualificação da mão de obra local, retorno econômico da cultura e
facilidade de assistência técnica. Portanto não existe um sistema ideal, e sim um sistema mais
adequado a uma determinada situação.
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Manejo da irrigação
Para que o agricultor saiba diferenciar a quantidade de água a ser aplicada em cada fase de
desenvolvimento da cultura, é necessário que conheça os coeficientes de cultura (Kc), Tabela 4. Esse
fator varia de acordo com as fases do ciclo de desenvolvimento da cultura e atinge seu maior valor na
fase reprodutiva. O Kc é a razão entre a evapotranspiração da cultura (ETc) e a evapotranspiração de
referência (ETo).
Kc = ETc / ETo.
Existem vários métodos para se efetuar o manejo da irrigação em uma cultura. Os mais comuns são
os baseados no turno de irrigação calculado, no balanço de água no solo e na tensão de água no solo.
Por ser mais completo e preciso, o método do balanço de água no solo é o mais recomendado.
Todavia, na prática, o método mais usado é o do turno de rega (Tr), que leva em conta os fatores do
solo (capacidade de campo, ponto de murcha permanente e densidade do solo) e os fatores da planta
(profundidade efetiva das raízes, água disponível do solo, fator de depleção da água e
evapotranspiração máxima) para calcular o intervalo entre duas irrigações sucessivas. O Tr é
determinado segundo a equação:
Tr = LL/ETc = (AD×f)/ETc
Tr = (0,1(CC-PM)×Ds×Pe×f)/ETc
Em que:
Uma maneira simplificada de efetuar o balanço de água no perfil de solo explorado pelo sistema
radicular de uma cultura é contabilizar a água que entra, por irrigação e/ou chuva, e a água que sai
desse perfil de solo, a evapotranspiração e/ou perdas por percolação e/ou escoamento superficial.
Por esse método, a irrigação deve ser proporcional à quantidade de água evapotranspirada e/ou
perdida e realizada a todo o momento em que a disponibilidade de água no solo estiver reduzida a um
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valor mínimo que não prejudique o desempenho da cultura, obedecendo à seguinte relação:
Em que:
A evapotranspiração da cultura (ETc) pode ser estimada pelo produto entre a evapotranspiração de
referência (ETo) e o Kc (Tabela 1).
ETc = ETo x Kc
A ETo pode ser obtida por vários métodos. Um dos mais simples e usuais é o método do tanque
Classe A (Figura 1), que possibilita a obtenção de resultados satisfatórios pela seguinte expressão:
ETo = ECA×Kp,
Em que:
Tabela 1. Valores de coeficiente de cultura para o feijão-caupi, em diferentes fases do ciclo, segundo a literatura
disponível.
Alvorada do
Fases do ciclo (dia) Teresina Parnaíba Apodi
Gurguéia
0 – 15 0,5 0,7 0,65 a 0,70 0,52(até 25 dias)
16 – 44 0,8 0,75 - 1,12 0,70 a 0,90 0,57(do 25° ao 48° dia)
45 – 57 1,05 1,12 - 0,80 0,90 a 1,20 1,16
58 – 65 0,75 0,7 0,8 1,16
Lâmina total (mm) 430,9 415,8 288 382
Produtividade (kg/ha) 2.220 2.130 1.300
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Figura 1. Tanque Classe A instalado na estação meteorológica convencional do INMET, na área experimental da
Embrapa Meio-Norte, Parnaíba, PI.
O coeficiente do tanque Classe A (Kp) é usado para efetuar um ajuste das leituras da evaporação, por
causa da absorção da radiação pelas paredes do tanque e da reflexão da radiação solar da superfície
com água. Esse coeficiente depende da velocidade do vento, da umidade relativa do ar e das
condições de exposição do tanque em relação ao meio circundante. É um valor tabelado e facilmente
encontrado na literatura (BERNARDO, 1989; DOORENBOS; PRUITT, 1997). Em experimentos irrigados
na Embrapa Meio-Norte, têm-se usado valores de 0,70 e 0,75 para o Kp.
Além do tanque Classe A, existem diversos métodos de estimativa da ETo, que usam informações do
clima, como temperatura, umidade relativa do ar, velocidade do vento, insolação, para estimar a
evapotranspiração de referência. O método padrão recomendado pela FAO é o Penman-Monteith, que
tem sido bastante empregado em decorrência do uso, cada vez mais frequente das estações
meteorológicas automáticas. Informações mais detalhadas sobre esse método são facilmente
encontradas na literatura.
A lâmina de água real disponível no solo (LRD) é calculada utilizando-se a equação apresentada a
seguir.
LRD = (CC-PMP/10) Z x Ds x F
Em que:
O termo capacidade de campo (CC) representa a quantidade de água retida pelo solo, depois que o
excesso é drenado livremente, enquanto o ponto de murcha permanente (PMP) representa o limite
mínimo do conteúdo de água no solo, abaixo do qual a planta não se recupera mais. Esses
parâmetros, bem como a densidade do solo (Ds), são determinados em laboratório. Aqui, cabe
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ressaltar o cuidado que todo irrigante deve ter em coletar amostras de solo e providenciar, em um
laboratório especializado, as análises para fins de fertilidade e de irrigação.
Em relação ao fator de esgotamento de água no solo, a literatura apresenta uma tabela com valores
desse coeficiente, variando de acordo com a cultura e com a evapotranspiração máxima do local.
Entretanto, para se estimar o F com mais segurança, é necessário considerar também a textura do
solo e a fase de desenvolvimento da cultura.
A estimativa da precipitação efetiva (Pe) para períodos de um dia é difícil e trabalhosa na prática. Para
fins de manejo de irrigação, pode ser estimada, de maneira aproximada, em função da precipitação
(Pp) e da lâmina de água realmente disponível para as plantas (LRD).
Suspensão da irrigação
A suspensão da irrigação depende da cultivar de caupi. Aquelas que apresentam crescimento
determinado (porte ereto ou semiereto), devem ter a irrigação suspensa quando 50% das vagens
estiverem amarelas. Em cultivares de crescimento indeterminado, com elevado potencial produtivo, a
irrigação pode ser estendida até uma terceira colheita. Para isso, as plantas devem estar em bom
estado nutricional e fitossanitário, com muitas folhas verdes para garantir a fotossíntese. Esse manejo
consiste na realização de irrigações adicionais, após terem sido efetuadas as duas primeiras colheitas
(comum em feijão de crescimento indeterminado devido à emissão desuniforme das vagens), com o
intuito de possibilitar uma terceira colheita.
O referido manejo pode proporcionar acréscimos de até 60% na produção de grãos em relação à
primeira colheita.
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planta cultivada por meio da alelopatia, prejudicando processos fisiológicos importantes como a
absorção de nutrientes pelas raízes e a fotossíntese, entre outros.
A interferência de plantas daninhas durante todo o ciclo da cultura pode resultar em redução de
produtividade de grãos secos de até 90% (FREITAS et al., 2009). Após a colheita, a presença de
frutos e/ou sementes de plantas daninhas junto aos grãos beneficiados pode depreciar o seu valor de
venda; em caso de sementes, pode impedir a sua comercialização, se não atender às exigências
legais.
Tabela 1. Nome científico, nome comum, família botânica e características de plantas daninhas identificadas em
lavouras de feijão-caupi no Brasil.
Ciclo de
Espécie Nome comum Família Porte Reprodução
vida
Acanthospermum Carrapicho-de-
Asteraceae Herbáceo Anual Sexuada
hispidum carneiro
Sexuada e
Acmella brachyglossa Falso-jambu Asteraceae Herbáceo Anual
assexuada
Aeschynomene rudis Angiquinho Fabaceae Arbustivo Anual Sexuada
Ageratum conyzoides Mentrasto Asteraceae Herbáceo Anual Sexuada
Anual ou
Alternanthera tenella Apaga-fogo Amaranthaceae Herbáceo Sexuada
perene
Amaranthus retroflexus Caruru-gigante Amaranthaceae Herbáceo Anual Sexuada
Brachiaria plantaginea Capim-marmelada Poaceae Herbáceo Anual Sexuada
Bidens pilosa Picão-preto Asteracea Herbáceo Anual Sexuada
Bulbostylis sp. Alecrim-da-praia Cyperaceae Herbáceo Anual Sexuada
Cenchrus echinatus Capim-carrapicho Poaceae Herbáceo Anual Sexuada
Chamaesyce hirta Erva-de-santa-luzia Euphorbiaceae Herbáceo Anual Sexuada
Cleome affinis Mussambê Brassicaceae Herbáceo Anual Sexuada
Cleome spinosa Mussambê Brassicaceae Herbáceo Anual Sexuada
Commelina Sexuada e
Trapoerba Commelinaceae Herbáceo Perene
benghalensis assexuada
Sexuada e
Commelina erecta Trapoerba Commelinaceae Herbáceo Perene
assexuada
Conyza canadenses Buva Asteracea Herbáceo Anual Sexuada
Crotalaria incana Xique-xique Fabaceae Herbáceo Anual Sexuada
Crotalaria spectabilis Guizo-de-cascavel Fabaceae Subarbustivo Anual Sexuada
Croton lobatos Café-bravo Euphorbiaceae Herbáceo Anual Sexuada
Anual ou
Croton trinitatis Gervão-branco Euphorbiaceae Herbáceo Sexuada
bienal
Sexuada e
Cynodon sp. Grama-seda Poaceae Herbáceo Perene
assexuada
Cyperus acicularis Tiririca Cyperaceae Herbáceo Perene Sexuada
Anual ou Sexuada e
Cyperus ferax Tiriricão Cyperaceae Herbáceo
perene assexuada
Sexuada e
Cyperus flavus Tiririca Cyperaceae Herbáceo Perene
assexuada
Cyperus iria Tiririca-do-brejo Cyperaceae Herbáceo Anual Sexuada
Cyperus polystachyos Junquinho Cyperaceae Herbáceo Anual Sexuada
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Sexuada e
Cyperus rotundus Tiririca-roxa Cyperaceae Herbáceo Perene
assexuada
Dactyloctenium Sexuada e
Capim-mão-de-sapo Poaceae Herbáceo Anual
aegyptium assexuada
Digitaria bicornis Capim-colchão Poaceae Herbáceo Anual Sexuada
Sexuada e
Digitaria ciliaris Capim-colchão Poaceae Herbáceo Anual
assexuada
Echinochloa colona Capim-arroz Poaceae Herbáceo Anual Sexuada
Anual ou
Eleusine indica Capim-pé-de-galinha Poaceae Herbáceo Sexuada
perene
Emilia fosbergii Falsa-serralha Asteraceae Herbáceo Anual Sexuada
Eragrostis pilosa Capim-mimoso Poaceae Herbáceo Anual Sexuada
Euphorbia heterophylla Leiteiro Euphorbiaceae Herbáceo Anual Sexuada
Anual ou Sexuada e
Fimbrystilis sp. Falso-cominho Cyperaceae Herbáceo
perene assexuada
Heliotropium indicum Borragem-brava Boraginaceae Herbáceo Anual Sexuada
Lantana camara Chumbinho Verbenaceae Subarbustivo Perene Sexuada
Anual ou
Ludwigia sp. Cruz-de-malta Onagraceae Herbáceo Sexuada
perene
Melampodium
Botão-de-ouro Asteraceae Herbáceo Anual Sexuada
paniculatum
Mimosa invisa Dormideira Fabaceae Subarbustivo Perene Sexuada
Mimosa pudica Dormideira Fabaceae Herbáceo Perene Sexuada
Mollugo verticillata Mofungo Molluginaceae Herbáceo Anual Sexuada
Nicandra physalodes Joá-de-capote Solanaceae Herbáceo Anual Sexuada
Oxalis borrelieri Azedinha Oxalidaceae Herbáceo Anual Sexuada
Sexuada e
Panicum maximum Capim-colonião Poaceae Herbáceo Perene
assexuada
Sexuada e
Paspalum virgatum Capim-navalha Poaceae Herbáceo Perene
assexuada
Phylanthus niruri Quebra-pedra Euphorbiaceae Herbáceo Anual Sexuada
Physalis angulata Bucho-de-rã Solanaceae Herbáceo Anual Sexuada
Porophyllum ruderale Couvinha Asteraceae Herbáceo Anual Sexuada
Praxelis pauciflora Mentrasto Asteraceae Herbáceo Anual Sexuada
Sexuada e
Pueraria phaseoloides Puerária Fabaceae Herbáceo Perene
assexuada
Richardia brasiliensis Poaia-branca Rubiaceae Herbáceo Anual Sexuada
Sexuada e
Scleria melaleuca Navalha-de-mico Cyperaceae Herbáceo Perene
assexuada
Sebastiana corniculata Guanxuma-de-chifre Euphorbiaceae Herbáceo Anual Sexuada
Sida acuta Guanxuma Malvaceae Subarbustivo Perene Sexuada
Sida cordifolia Malva-branca Malvaceae Subarbustivo Perene Sexuada
Anual ou
Sida rhombifolia Vassourinha Malvaceae Subarbustivo Sexuada
perene
Solanum americanum Erva-moura Solanaceae Herbáceo Anual Sexuada
Anual ou
Spermacoce capitata Vassorinha-de-botão Rubiaceae Herbáceo Sexuada
perene
Spermacoce latifolia Erva-quente Rubiaceae Herbáceo Anual Sexuada
Spermacoce verticillata Vassourinha Rubiaceae Herbáceo Perene Sexuada
Spigelia anthelmia Lombrigueira Loganiaceae Herbáceo Anual Sexuada
Stachytarpheta Anual ou
Gervão-azul Verbenaceae Subarbustivo Sexuada
cayennensis perene
Turnera subulata Chanana Turneraceae Herbáceo Perene Sexuada
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caupi
A capacidade de interferência das plantas daninhas na cultura do feijão-caupi é determinada pela
relação mútua e contínua de muitos fatores. Podem ser separados em três grupos principais, sem que
um seja mais ou menos importante que o outro. São eles: o ambiente, caracterizado pelos tipos de
solo e o clima; o complexo florístico daninho presente na área cultivada por ocasião do cultivo,
inclusive as sementes no solo; e o sistema de produção adotado, considerando-se as variedades
(porte de planta e formação de área foliar), os arranjos espaciais (espaçamento e densidade de
semeadura), as adubações, o manejo do solo (com revolvimento, cultivo mínimo ou plantio direto), o
cultivo de sequeiro ou irrigado e o manejo de pragas e doenças. Após a semeadura do feijão-caupi, há
um intervalo no qual a presença de plantas daninhas não prejudica a cultura, definido como Período
Anterior à Interferência (PAI). Nesse período, tanto as plantas de feijão-caupi quanto as plantas
daninhas têm a área foliar e as raízes pequenas, com capacidades de sombreamento e de exploração
do solo limitadas. Em geral, no feijão-caupi, o PAI é de 15 a 20 dias após a semeadura. Após esse
período, as plantas de feijão-caupi e as plantas daninhas já têm suas áreas foliares e raízes
aumentadas consideravelmente, quando passam a interferir umas nas outras, e quase sempre as
plantas daninhas têm maior capacidade competitiva do que a cultura. Nesse momento, tem início o
Período Crítico de Prevenção da Interferência (PCPI), quando é obrigatório adotar alguma ação de
controle para evitar os prejuízos decorrentes da interferência. No feijão-caupi, esse período tem
duração de cerca de 20 dias, dos 15-20 aos 35-40 dias após a semeadura. Após o PCPI, é
desnecessário realizar ações de controle na lavoura.
Portanto, a escolha da ação de controle tem que considerar as espécies presentes na lavoura, haja
vista que as características de cada uma influenciam a eficácia da ação, as características climáticas
de cada região e a disponibilidade de recursos econômico-financeiros de cada agricultor (pois os
gastos de energia e de tempo para o controle de plantas daninhas é diretamente proporcional ao
tamanho da área cultivada).
Controle preventivo
A movimentação e a introdução (intencional ou acidental) de seres vivos, entre eles as plantas, ao
redor do mundo têm como responsável principal o homem (DELARIVA; AGOSTINHO, 1999),
ampliadas a partir da adoção da agricultura como atividade econômica. Nesse contexto, a
disseminação de plantas daninhas é muito favorecida pela ação humana. Portanto, o homem tem que
tomar medidas de caráter preventivo para impedir ou pelo menos reduzir a níveis satisfatórios os
riscos de introdução, estabelecimento e propagação de espécies daninhas sabidamente inexistentes
em áreas cultivadas com o feijão-caupi. A principal ação de controle preventivo é o uso de sementes
produzidas e/ou comercializadas por agentes certificados pelos órgãos reguladores da atividade nos
âmbitos federal e estadual, com atendimento aos padrões mínimos de qualidade, nos campos de
produção de sementes e nas usinas beneficiadoras. Sabe-se, entretanto, que o cultivo do feijão-caupi
é uma das atividades agrícolas mais difundidas no Brasil, praticada ao longo de muitas gerações de
agricultores nas mesmas áreas, com emprego de grãos conservados de uma safra para outra. Embora
esses grãos sejam beneficiados e limpos antes do armazenamento, os cuidados no seu uso como
sementes devem ser redobrados, sobretudo quando usados em áreas distantes daquelas onde foram
produzidos.
Outras ações preventivas também devem ser adotadas sempre que possível, tais como limpeza
rigorosa de máquinas, implementos e ferramentas após o preparo e a limpeza de áreas, e antes de
utilizá-las em outras; controle periódico de plantas ao longo de rodovias, estradas vicinais e canais de
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irrigação que servem às propriedades, pois são vias importantes de disseminação de propágulos; e
uso de esterco e/ou composto orgânico devidamente curtido para eliminar os propágulos de plantas
daninhas (morte de sementes e de partes vegetativas por aquecimento).
Controle cultural
O controle cultural de plantas daninhas, promovido por plantas de feijão-caupi, é uma estratégia
importante em programas de manejo integrado, aproveitando as características das variedades
cultivadas e do sistema de produção. Em primeiro lugar, destacam-se a escolha da variedade a ser
cultivada e a época de semeadura, com preferência para aquelas com recomendação oficial dos
órgãos de pesquisa e de extensão rural para o seu estado/região produtora. As recomendações de
variedades e de suas épocas de semeadura são baseadas em avaliações de adaptação e de
produtividade, considerando-se as particularidades ambientais de cada local. Isso é ainda mais
relevante no caso dos agricultores que cultivam suas lavouras em condição de sequeiro, pois
dependem apenas das chuvas como fonte de água para suprir as exigências das plantas.
As variedades de feijão-caupi cultivadas no Brasil têm seus espaçamentos entre fileiras de semeadura
e entre plantas na fileira e suas densidades populacionais ótimas definidas em função da obtenção da
máxima produtividade econômica (BEZERRA et al., 2012). Em avaliações realizadas no Estado do
Amazonas para estimar a influência do aumento da população de plantas de cultivares de feijão-caupi
como estratégia de controle cultural de plantas daninhas, ficou constatado que o controle cultural não
permite controle satisfatório das plantas daninhas, sendo necessária a realização de capina no período
crítico de competição (FONTES et al., 2014, 2015).
Controle mecânico
A primeira ação de controle mecânico de plantas daninhas na cultura do feijão-caupi é o preparo do
solo antes da semeadura, operação feita com arados e grades niveladoras para proporcionar
condições adequadas à germinação e ao crescimento inicial das plantas. Em alguns casos, quando a
área cultivada é pequena, o manejo da vegetação daninha é feito com roçada manual. Em geral, as
populações de plantas que se estabelecem primeiro nas áreas cultivadas são mais competitivas que as
mais tardias; daí a importância da eliminação das plantas daninhas antes da semeadura
(CONSTANTIN et al., 2009). Portanto, uma vez preparada a área, é fundamental que não ocorra
atraso na semeadura; caso contrário, as plantas daninhas poderão ocupar o solo antes da cultura e
impor interferência inicial.
A operação de controle mecânico mais usada pelos agricultores é a capina com enxada, de alta
eficácia quando as plantas daninhas estão pequenas (nas fases iniciais de crescimento) e sem a
ocorrência de chuvas por ocasião das capinas, o que favorece a perda de água das plantas cortadas.
Entretanto, a capina tem rendimento operacional pequeno (cerca de 8 a 10 homens/dia/ha), é muito
cansativa para o agricultor e não elimina as plantas daninhas localizadas na linha de plantio, havendo
necessidade de uso das mãos (monda). Outra estratégia de controle mecânico é o uso de cultivadores
tracionados por animais ou tratores, cujo rendimento operacional é maior do que o da capina com
enxada. Porém, exige maior capacidade financeira do agricultor e não elimina a necessidade do
repasse manual para controlar as plantas na linha de plantio. Tanto a capina feita com enxada quanto
com o uso de cultivadores devem considerar o estádio de desenvolvimento da planta daninha e da
cultura, pois plantas muito grandes exigem maior esforço e maior profundidade de corte, que pode
provocar injúrias nas plantas de feijão-caupi, sobretudo quando estas se encontram com número
grande de ramos.
Controle físico
O cultivo de plantas para a formação de cobertura da superfície do solo, viva ou morta, é uma
estratégia importante para o controle de plantas daninhas no feijão-caupi, a qual pode ser usada na
entressafra para impedir o crescimento de plantas nas áreas em pousio ou como cobertura morta
durante o crescimento da cultura. Nessas situações, a quantidade e a qualidade da luz que atinge a
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Controle químico
Apesar do grande número de trabalhos de pesquisa conduzidos para avaliação da seletividade de
herbicidas e da eficácia de controle de plantas daninhas na cultura do feijão-caupi por meio do
controle químico ao longo das últimas três décadas, a recomendação do uso de herbicidas, e de
outros defensivos agrícolas, nessa cultura ainda não é possível em razão de não existirem produtos
registrados para tal finalidade, tanto em aplicações em pré quanto em pós-emergência (FONTES et
al., 2010).
Coincidindo com o aumento do interesse pela cultura em sistemas intensivos de produção agrícola,
sobretudo como cultura de safrinha na região Centro-Oeste, da divulgação dos resultados de pesquisa
em publicações técnicas e eventos (congressos, reuniões técnicas, etc.) e da demanda do setor
produtivo por tecnologias poupadoras de mão de obra, os ministérios da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, da Saúde e do Meio Ambiente têm dedicado atenção a essa questão, a exemplo da
Instrução Normativa Conjunta No 1, de 23 de fevereiro de 2010, que estabelece “as diretrizes e
exigências para o registro dos agrotóxicos, seus componentes e afins para culturas com suporte
fitossanitário insuficiente, bem como o limite máximo de resíduos permitido”.
Com isso, espera-se que em breve alguns herbicidas possam ter os seus registros estendidos para uso
na cultura do feijão-caupi.
É importante salientar que a adoção de apenas uma estratégia de controle de plantas daninhas na
cultura do feijão-caupi pode não resultar em controle satisfatório, pois são muitos os fatores que
influenciam a relação cultura-planta daninha e que nenhuma ação isolada tem eficácia total. Portanto,
sempre deve ser implementada uma associação de duas ou mais ações de controle para possibilitar
que a deficiência de uma seja compensada pela eficácia de outra, resultando em aumento da
eficiência da produção (redução de custos e aumento da quantidade e da qualidade do produto
colhido) e com proteção ambiental.
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esverdeadas de aspecto aquoso (Figura 1). Nessa situação, quando as condições climáticas
apresentam muita umidade e temperaturas amenas, o desenvolvimento das lesões é muito rápido,
ocasionando murcha e tombamento das plantas. Assim, observa-se falha na germinação e,
consequentemente, redução do número de plantas na área (PONTE, 1996; RIOS, 1988).
Podridão-das-raízes
Sintomas: o sintoma primário tem início na raiz principal que, a princípio, apresenta discreta coloração
avermelhada, progredindo em intensidade e extensão. Posteriormente, a coloração avermelhada
torna-se marrom, época em que os tecidos se rompem em fendas longitudinais, causando sua
podridão (Figura 2). Com isso, observa-se um amarelecimento geral, murcha, seca e morte das
plantas (PONTE, 1996).
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Figura 2. Podridão-das-raízes.
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Figura 3. Podridão-do-colo.
Controle: devem-se evitar plantios adensados (muitas plantas) e solos muito úmidos.
Podridão-cinzenta-do-caule
Sintomas: a doença pode manifestar-se em qualquer fase de desenvolvimento das plantas. Os
sintomas iniciais aparecem frequentemente no colo (base da planta, limite com o solo), atingindo
posteriormente a raiz e as partes superiores do caule e ramos primários (Figura 4). Nelas, são
observadas lesões acinzentadas, difusas, de aspecto úmido, que evoluem para podridão dos tecidos.
Na superfície dessas lesões, muitas vezes são observadas muitas pontuações negras, as estruturas
reprodutivas do fungo. Com a evolução da doença, sobrevém um amarelecimento generalizado,
murcha, seca e morte das plantas.
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Figura 4. Podridão-cinzenta-do-caule.
Murcha-de-fusarium
Sintomas: os sintomas se expressam primeiramente na redução do crescimento (Figura 5), clorose
acompanhada de queda prematura de folhas, que evolui para murcha e posterior morte das plantas
(RIOS, 1988). Cortando-se o caule no sentido do comprimento, observa-se a presença de discretas
“linhas” de cor castanha, o que demonstra o ataque do fungo nas partes internas da planta.
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Figura 5. Murcha-de-fusarium.
Controle: para o controle da doença, deve-se considerar um conjunto de medidas: escolha da área
onde a doença não tenha ocorrido; definição adequada da época do plantio para evitar o plantio em
condição de encharcamento; rotação de cultura (em um ano, planta-se feijão-caupi; no outro, milho,
por exemplo); emprego de sementes certificadas.
Murcha/podridão-de-esclerócio
Sintomas: o sintoma típico dessa doença é o crescimento do fungo, muito semelhante a um pequeno
“chumaço” de algodão, de coloração branca, com ou sem pequenas estruturas esféricas (esclerócios).
Inicialmente, estes são brancos; posteriormente, amarelados, situando-se na base da planta, no
limite do solo (Figura 6). Sob essas estruturas, observa-se intensa destruição dos tecidos, o que
resulta em amarelecimento, murcha, seca e morte das plantas.
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Figura 6. Murcha-de-esclerócio.
Controle: o controle é preventivo e consta de: promover aração profunda, durante o preparo do solo,
enterrando, abaixo de 15 cm, os restos culturais; evitar acúmulo de matéria orgânica junto à base e
caule das plantas; empregar espaçamentos abertos; promover a rotação de cultura, incluindo milho e
algodão, plantas consideradas resistentes.
Carvão
Sintomas: a doença ocorre, geralmente, nas folhas mais velhas e é caracterizada pela presença de
manchas arredondadas, castanho-escuras, firmes e lisas, alcançando, em média, 4 mm a 8 mm
(Figura 7). Essas manchas (lesões) aparecem rodeadas por um grande halo clorótico (círculo de cor
amarelo-esverdeada no entorno da mancha cinza). Quando numerosas, elas se juntam, provocando
um intenso amarelecimento e queda das folhas, o que resulta em diminuição da produtividade
(PONTE, 1996).
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Figura 7. Carvão.
Controle: a principal medida é o uso de cultivares resistentes e/ou tolerantes. As recentes cultivares
lançadas pela Embrapa apresentam bom nível de tolerância. A rotação de cultura e o plantio no
período mais adequado são medidas que ajudam a controlar a doença.
Mancha-café
Sintomas: a doença ataca todas as partes da planta (folhas ramos, flores e vagem). No entanto, os
sintomas mais fáceis de observar encontram-se nas vagens, onde são encontradas manchas de
coloração marrom-escura ou café, de tamanho e conformação variados. Na superfície das lesões,
frequentemente, despontam as frutificações negras do patógeno (acérvulos), destacando-se setas
escuras, perceptíveis ao tato (Figura 8).
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Figura 8. Lesões foliares de mancha-café. No detalhe corpo de frutificação do fungo com setas escuras
produzidas sobre as lesões.
Mela
Sintomas: de acordo com Ponte (1996), a doença incide mais frequentemente nas folhas, onde, no
início dos sintomas, surgem pequenas lesões (manchas) circulares que crescem e rapidamente se
juntam, formando manchas maiores, de aspecto aquoso, prejudicando toda a folhagem (Figura 9).
Muitas vezes, o fungo produz uma trama de micélio (teia micélica) que, às vezes, liga umas folhas às
outras. Há ocasiões em que ocorre queda prematura de folhas e morte das plantas atacadas.
Figura 9. Mela.
Controle: medidas isoladas para o controle da doença não têm sido satisfatórias. O correto é o uso de
um conjunto de medidas para minimizar a ação do patógeno (RIOS, 1988). Assim, são recomendáveis
medidas como o emprego de sementes sadias, evitar cultivos em baixios ou em áreas sujeitas à
elevada umidade e realizar a aração profunda do solo, incorporando os restos da cultura a grandes
profundidades.
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Ferrugem
Sintomas: a doença é caracterizada pela formação de pústulas (pequenas saliências) nas partes
inferior e superior das folhas (Figura 10). No entorno delas, observam-se pequenas manchas
amareladas. Muitas vezes, ao “esfregar” com os dedos essas estruturas, tem-se a sensação de estar
esfregando pequeninos “grãos de areia”. Isso representa as estruturas de reprodução (esporos) do
fungo causador da doença. Ao final do ciclo, as manchas passam a apresentar cor escura em razão da
liberação de outros tipos de esporos, que têm cor marrom ou vermelha.
Controle: como se trata de uma doença de pouca expressão nas condições da região Meio-Norte do
Brasil, não há necessidade de medidas de controle.
Oídio ou cinza
Sintomas: a doença pode atingir todas as partes das plantas, menos as raízes. O principal sintoma é o
crescimento de uma "massa" branco-acinzentada de aspecto pulverulento (aspecto de pó), formada
pelas estruturas do patógeno (Figura 11). Ela ocorre primeiramente nas folhas; depois, se estende
aos pecíolos, caules, órgãos florais e vagens, até recobrir toda a superfície da planta atacada.
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Sarna
Sintomas: presença de lesões em qualquer parte da planta: folha, caule e ramos, menos nas raízes.
Nas folhas, no início da infecção, observam-se pequenas pontuações (manchas) amarelo-
amarronzadas, tornando-se brancas ou marrons. Com a evolução da doença, as pontuações tornam-
se necróticas (morte dos tecidos) e em seguida rompem-se, causando pequenas perfurações nas
folhas (RIOS, 1988). Nas demais partes da planta, os sintomas aparecem na forma de lesões
(manchas) em formato de ovo ou um pouco compridas, profundas, apresentando o centro branco e
bordos marrons. Quando o ataque ocorre nas vagens, elas ficam encurvadas (Figura 12), pequenas e,
muitas vezes, secas, acarretando grande perda na produção.
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Controle: o emprego de cultivar resistente é o melhor método. Dessa forma, para o controle da sarna,
tem-se a BR 14 – Mulato, com alto padrão de resistência para as condições locais (CARDOSO et al.,
1991). Outras medidas complementares de controle podem ser adotadas, entre elas, o emprego de
sementes sadias, livres do patógeno, e a destruição dos restos culturais (TORRES FILHO; SÁ, 1994).
Mofo-cinzento-das-vagens
Sintomas: a doença e os sintomas ocorrem nas vagens, onde, inicialmente, aparecem pequenas áreas
encharcadas (molhadas) que depois escurecem e apodrecem. Quando isso ocorre, observa-se, na
superfície das lesões, um crescimento acinzentado (aspecto de algodão), mostrando as estruturas
reprodutivas do fungo causador da doença (Figura 13).
Controle: como a enfermidade ocorre nas vagens, preferindo tempo úmido, constitui importante
medida de controle efetuar o plantio de modo que não coincida a fase de desenvolvimento e
maturação das vagens com as condições de muita chuva.
Mosaico-severo-do-caupi
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Sintomas: os sintomas apresentados por plantas doentes são, em geral, severos, expressos na forma
de intenso encrespamento das folhas, em razão do surgimento de pequenas “bolhas” (Figura 14).
Essas bolhas apresentam-se com severo mosqueado (áreas com alternância de coloração verde-clara
com outras de coloração verde-escura. Frequentemente, são observados redução do limbo, distorção
foliar e, quando as plantas são infectadas no início do ciclo, apresentam-se anãs, com severos
prejuízos à produção. Em estudos conduzidos em casa de vegetação, observou-se que, dependendo
da idade da planta infectada com o vírus, a produção pode ser reduzida em até 81% (GONÇALVES;
LIMA, 1982). As sementes produzidas de plantas atacadas apresentam-se deformadas, "chochas" e
manchadas, com acentuada redução do poder germinativo.
Mosaico-rugoso
Sintomas: o sintoma mais evidente é o mosaico, isto é, presença marcante, nas folhas, de áreas
intensamente verde-escuras, alternadas por áreas de cor verde-clara (Figuras 15 e 16). Associado a
isso, observa-se a presença de bolhosidade (semelhante a bolhas) e enrugamento. Com muita
frequência, são também observados sintomas do tipo faixa verde das nervuras, que são faixas de
verde normal acompanhando algumas ou todas as nervuras do folíolo, com as zonas próximas
apresentando um verde amarelado. Apesar da doença, as plantas crescem normalmente (o que a
diferencia do mosaico-severo), porém, a produção é muito afetada.
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Mosqueado-severo
Sintomas: a doença também ocorre nas folhas e é reconhecida por meio de extensas áreas cloróticas
(verde amarelado) em alternância com áreas de verde normal. As zonas cloróticas apresentam-se
bem mais extensas (Figura 17). Frequentemente, observa-se distorção (deformação) foliar, sobretudo
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Mosaico-dourado
Sintomas: a doença, inicialmente, ocorre na forma de pequenas pontuações (pequenos pontinhos)
verde-amareladas (Figura 18). Proporcionalmente à sua evolução, tais pontuações crescem, cobrindo
toda a folhagem, finalizando por deixá-la com uma coloração amarelo-dourada (Figura 19). Às vezes,
tem-se observado redução do tamanho das plantas sem, contudo, apresentar distorção (deformidade)
nas folhas.
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Pragas
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Os insetos, de uma maneira geral, ocorrem em uma determinada época na planta, cujo estádio
fenológico está produzindo o alimento ideal do inseto. Assim, as pragas do feijão-caupi ocorrem de
acordo com a fenologia da planta (Tabela 1). O conhecimento dessa relação inseto/planta é
importante tendo em vista que o produtor ou técnico tem que ir ao campo para uma vistoria ou
acompanhamento do nível populacional de uma praga para fins de manejo.
Tabela. 1. Esquema do ciclo fenológico do feijão-caupi com a ocorrência das principais pragas.
1- Pragas subterrâneas.
Pragas subterrâneas
São as que atacam as sementes, as raízes e o colo da planta. As de maiores importâncias são:
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São insetos de hábito noturno. As fêmeas fazem posturas em galerias abertas próximo à superfície do
solo e quase sempre aderentes às raízes das plantas.
As formas jovem e adulta alimentam-se de raízes. As plantas recém-emergidas, tenras, são mais
prejudicadas em razão de estarem iniciando o desenvolvimento. Aquelas cujas raízes se encontram
mais desenvolvidas, suportam mais os danos provocados pelos insetos.
Os maiores estragos são verificados quando os solos se apresentam úmidos. No Nordeste, a maioria
das lavouras com feijão-caupi é plantada em solos arenosos e no período chuvoso, favorecendo,
portanto, o ataque da praga.
O controle de algumas pragas na cultura do feijão-caupi não pode ser feito com o uso de inseticidas
por não haver produtos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)
para aplicação em todas pragas que ocorrem nessa cultura. Portanto as formas de controle das pragas
que não tem produtos registrados no MAPA para esse fim, devem ser baseadas no controle biológico
ou em controles alternativos como a aplicação de extratos ou óleos derivados de plantas, uso de
plantas resistentes ou ainda por meio do manejo cultural, que são formas de controle de pragas mais
adequadas para a agricultura familiar.
Nesse aspecto, para compensar as plantas atacadas e mortas pela paquinha, recomenda-se o
aumento da população de plantas/ha, mantendo-se assim uma população razoável de plantas na área
e diminuindo-se as perdas na produção.
O adulto mede cerca de 1,5 cm a 2,0 cm de envergadura (Figura 2). Tem asas anteriores
acinzentadas, sendo mais escuras nas fêmeas, a parte central marrom-clara nos machos, asas
posteriores cinza-claras, semitransparentes.
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As fêmeas põem seus ovos na vegetação próxima à lavoura ou nas próprias plantas. Quando
pequenas, as lagartas alimentam-se raspando a folha. À medida que crescem, perfuram um orifício na
planta, ao nível do solo, construindo uma galeria ascendente, que vai aumentando de comprimento e
largura com o crescimento da lagarta e o consumo de alimento. As plantinhas atacadas apresentam,
inicialmente, um murchamento discreto, assemelhando-se a um sintoma de estresse hídrico.
Posteriormente, tombam e secam completamente.
Assim que ataca a planta, a lagarta constrói um abrigo de teia e grãos de areia próximo ao orifício de
entrada da planta, nele permanecendo quando não está dentro da galeria. Quando tocada, é muito
ágil e pula incessantemente por alguns segundos, sendo esse comportamento uma forma de livrar-se
dos inimigos naturais.
Completamente desenvolvida, a lagarta mede 1,5 cm de comprimento (Figura 3), de coloração cinza-
azulada com faixas transversais avermelhadas.
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Se as condições climáticas forem favoráveis à cultura (sem veranico), dificilmente a população desse
inseto causará danos econômicos ao feijão-caupi. Contudo, se houver sempre veranico no processo
produtivo e ataque da broca-do-colo, recomenda-se o aumento da população de plantas/há ou a
aplicação de inseticida com o jato dirigido para a base da planta. O produto a base de Diflubenzuron
está registrado no MAPA para controle de Elasmo em feijão-caupi
Ataca as plantas cortando-as na região do colo. Permanece enterrada próximo às plantas atacadas
durante o dia e, à noite, sai para se alimentar, atacando outras plantas. Aquelas totalmente cortadas
tombam e murcham rapidamente. As plantas mais desenvolvidas, quando atacadas pela lagarta,
conseguem recuperar-se em parte, mas a produção é afetada. As plantas mais visadas pela lagarta-
rosca são as recém-germinadas. Todavia, alguns dias após a germinação, o caule começa a ficar mais
lenhoso, oferecendo resistência ao ataque da praga.
Algumas pragas atacam as folhas, sugando-lhes a seiva, injetando substâncias tóxicas, vírus e outros
micro-organismos causadores de doenças, outras consumindo as folhas e diminuindo a área foliar das
plantas. Esse é um detalhe importante porque, ao contrário do que muitos pensam, o feijão-caupi é
uma leguminosa sensível ao desfolhamento. Segundo Carvalho (1987) e Carneiro et al. (1987),
desfolhas de 25% aos 25 dias após a emergência das plantas determinaram uma perda de
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aproximadamente 40% da produção. Essa perda será maior quanto maior for a desfolha e quanto
mais próximo do estádio reprodutivo da planta.
Dessa forma, o nível de desfolha que vai determinar o momento ideal para a aplicação de um
controle, vai depender do estádio de desenvolvimento da planta. Por outro lado, cada espécie de
inseto tem um potencial de danos diferente, o que se deve levar em conta na análise da população de
cada praga.
Vaquinhas
As espécies de vaquinhas mais comuns em feijão-caupi são: Diabrotica speciosa (Germar, 1824) e
Cerotoma arcuatus (Olivier, 1791) (Coleoptera: Chrysomelidae).
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As fêmeas dessas pragas põem seus ovos nas plantas, próximo ao solo. Os ovos de C. arcuatus são
elípticos e amarelados, enquanto os de D. speciosa são branco-amarelados. Após cerca de 7 dias, as
larvas eclodem e passam a alimentar-se das raízes das plantas. As larvas de C. arcuatus são
alongadas e chegam a medir cerca de 1 cm de comprimento; as de D. speciosa são brancas com a
cabeça marrom, corpo alongado, placa escura no final do abdômen e, quando completamente
desenvolvidas, chegam a medir 1 cm de comprimento.
O ataque desses insetos nas raízes das plantas de feijão-caupi pode ser confundido com o ataque de
outros insetos subterrâneos. Entretanto, ao se analisarem as plantas no campo, deve-se observar
também o solo próximo das raízes para certificar-se da presença dessa ou de outras pragas
subterrâneas.
A ocorrência das larvas de vaquinhas como pragas das raízes em feijão-caupi é muito esporádica.
Entretanto, é uma praga em potencial, podendo, a qualquer momento, causar danos econômicos.
Os adultos alimentam-se das folhas e esporadicamente das vagens (Figura 6) e iniciam essa atividade
logo que as plantas emitem os primeiros folíolos. Uma grande população de vaquinha pode ocasionar
grande redução da área foliar e, nesse caso, convém uma análise do porcentual de perda e quanto
essa perda poderá influenciar no rendimento da cultura, para, então, ser tomada uma decisão sobre o
controle. Entretanto, o grande potencial desses insetos para causar danos é a capacidade de
transmitir o vírus do mosaico-severo-do-caupi (Cowpea Severe Mosaic Virus – CSMV), com taxas de
transmissibilidade de 40% para ambas as espécies, segundo Silva e Santos (1992).
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O controle dos adultos de D. speciosa pode ser feito com a aplicação do produto a base de Lambida-
cialotrina (Tabela 2) registrado no MAPA para controle dessa espécie em feiojão-caupi. Neste caso, a
pulverização do inseticida deve ser feita de forma uniforme em toda a planta, em especial, nas folhas,
onde se alimentam D. speciosa. Para a diminuição de plantas infectadas por vírus, a aplicação de
inseticidas visando o controle do vetor em pequenas populações não é uma prática recomendável. Por
outro lado, a Embrapa Meio-Norte já lançou diversas cultivares com resistência múltipla a vírus. O uso
dessas cultivares é a forma mais correta de se evitar a contaminação da lavoura por viroses.
Lagartas desfolhadoras
Os adultos são mariposas de, aproximadamente, 3,0 cm a 3,5 cm de envergadura, com asas
anteriores de coloração marrom-acinzentada, cujos machos têm manchas brancas bem-visíveis na
ponta, enquanto nas fêmeas são quase imperceptíveis (Figura 7). Em ambos os sexos, as asas
posteriores são esbranquiçadas.
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Figura 7. Adultos de Spodoptera frugiperda (J. E. Smith): fêmea – esquerda; macho – direita.
Uma fêmea põe cerca de 2 mil ovos, aproximadamente 200 por postura, os quais são colocados em
massas (Figura 8) recobertas por pelos da própria mariposa, próximo às culturas ou sobre a própria
planta. Após três dias, aproximadamente, eclodem as lagartas, que, a princípio, raspam as folhas ao
redor da postura, espalham-se e iniciam a raspagem por diversos locais das folhas novas.
Posteriormente, migram para outras plantas, alimentando-se das folhas ou das vagens por todo o
resto do estado larval, que dura cerca de 20 dias. Nesse período, quando passa por cinco estádios de
desenvolvimento (Figura 9), uma lagarta consome cerca de 200 cm2 de folha, e o maior consumo se
dá nos dois últimos estádios.
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Figura 9. Lagarta militar, dos milharais ou do cartucho Spodoptera frugiperda (J. E. Smith).
O controle mais indicado para essa praga é o biológico por meio da aplicação do Baculovirus
spodoptera. Esse inseticida biológico é produzido a partir de lagartas infectadas por esse vírus.
Conforme recomendações de Valicente e Cruz (1991), a aplicação do baculovírus pode ser feita a
partir de lagartas infectadas maceradas em água ou do vírus formulado em pó molhável. Outro
produto biológico também recomendado é o Bacillus thuringiensis. Esses bioinseticidas são mais
eficientes, quando aplicados nas lagartas ainda pequenas, no máximo 1,5 cm de comprimento, ou
quando as plantas estão com os sintomas de folhas raspadas.
O adulto dessa espécie é uma mariposa de, aproximadamente, 3,5 cm de envergadura, de coloração
pardo-acinzentada, com uma faixa transversal mais escura nas asas anteriores e mais clara nas
posteriores (Figura 10).
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Como se trata de uma praga esporádica, é necessária vigilância constante na lavoura, pois seus
ataques, normalmente, constituem-se em um surto populacional muito grande. Por outro lado,
convém lembrar que essa lagarta tem comportamento diferente de S. frugiperda, podendo ocorrer em
qualquer época de desenvolvimento da planta um ataque que venha a prejudicar a produção devido à
desfolha. O uso de produtos biológicos, como o Bacillus thuringiensis, para o controle das lagartas
ainda pequenas (até 1,5 cm de comprimento) é de fundamental importância, para que o produto atue
com mais eficiência contra as lagartas.
Lagarta-das-vagens-e-folhas
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Figura 12. Adultos: fêmea e macho de Spodoptera cosmioides (Walker) com asas estendidas (acima) e com asas
em repouso (abaixo) respectivamente.
Na região Norte, em especial no Estado do Amazonas, essa praga, segundo Nogueira (1981), chega a
destruir completamente a lavoura. Nas demais regiões, é uma praga pouco agressiva, ocorrendo
sempre em baixas populações e esporadicamente. É comum encontrar essas lagartas atacando
vagens de feijão-caupi, mas também atacando as folhas.
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Em casos de altas populações que possam afetar a produção, recomendam-se as medidas citadas
para S. frugiperda e M. latipes, ou seja, a aplicação de inseticidas biológicos.
Trata-se de pequenos insetos de coloração verde (Figura 14), cujo adulto mede, aproximadamente,
0,3 cm. Adultos e ninfas localizam-se sempre na face inferior das folhas, onde se alimentam. As
fêmeas fazem a postura dentro dos tecidos das folhas, ao longo das nervuras, dando preferência à
nervura central. Uma das características desse inseto é a forma de caminhamento, sempre de lado.
Esse inseto é uma das principais pragas de V. unguiculata no Nordeste, especialmente durante os
meses mais quentes e secos.
O ataque dessa praga provoca enfezamento nas plantas, que ficam com os folíolos enrolados ou
arqueados (Figura 15). Tais sintomas são provocados pela introdução na planta de substâncias tóxicas
durante a alimentação do inseto, as quais provocam anomalia nas folhas. Os maiores danos são
causados quando a incidência do inseto se dá no período próximo do florescimento e continua até a
formação dos grãos. Dados de Moraes et al. (1980) indicaram as perdas em plantas não protegidas,
as quais podem chegar a 39,8%.
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Figura 15. Sintomas de enfezamento das plantas, folíolos amarelados e enrolados, em razão da injeção de
toxinas pela cigarrinha-verde Empoasca sp.
O fungo Zoophthora radicans ocorre naturalmente, infectando 50% – 70% dos insetos em épocas
chuvosas, e o fungo Hirsutella sp. tem sido observado na região litorânea do Ceará (QUINTELA et al.,
1991).
Pulgões
Ocorrem no feijão-caupi as espécies Aphis craccivora Koch, 1854; Aphis gossypii (Glover,1876) e
Aphis fabae (Scopoli, 1763) (Homiptera: Aphididae).
São insetos pequenos com cerca de 1,5 mm de comprimento, de coloração variando do amarelo-claro
ao verde-escuro. Vivem em colônias, sob as folhas, flores, ramos e brotos novos (Figura 16).
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Os pulgões se alimentam sugando a seiva das plantas e durante a alimentação também injetam
toxinas e vírus que causam doenças.
A ação de sucção dos pulgões provoca o encarquilhamento das folhas, ou seja, seus bordos voltam-se
para baixo, e a deformação dos brotos. Em virtude de sua alimentação ser exclusivamente de seiva,
esses insetos eliminam grande quantidade de um líquido adocicado do qual se alimentam as formigas
que, em contrapartida, os protegem dos inimigos naturais. Essa substância adocicada serve também
de substrato para o desenvolvimento de um fungo denominado comumente “fumagina”, de coloração
escura (Figura 17), que pode cobrir totalmente a superfície foliar da planta, prejudicando os
mecanismos de fotossintetização e respiração.
Com o decorrer do tempo e com o aumento da população de pulgões, as plantas atacadas ficam
debilitadas em virtude da grande quantidade de seiva retirada e de toxinas injetadas. Entretanto, por
serem transmissores de vírus, esses insetos constituem uma das pragas mais sérias da cultura,
merecendo, por isso, especial atenção.
Para a infecção da planta por um vírus, nem é preciso a instalação de colônia de pulgões, basta a
picada de um inseto contaminado. Por outro lado, o uso de cultivares resistentes dispensa a aplicação
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de inseticidas para evitar a contaminação da lavoura pelas viroses. Os pulgões são também facilmente
controlados por predadores como Eriopsis connexa (Germar, 1824), Cycloneda sanguinea (L., 1763) e
Coleomegilla maculata (De Geer, 1775) (Coleoptera: Coccinelidae) e por Pseudodorus clavatus
(Fabricius, 1784) (Diptera Syrphidae) (MORAES; RAMALHO, 1980).
A mosca-branca é um inseto pequeno, cerca de 1,5 mm de comprimento (Figura 18), com dois pares
de asas brancas, cabeça e abdômen amarelados. Ao contrário do que muitos pensam, as moscas-
brancas não são moscas (ordem Diptera). A posição sistemática atual é de que pertencem à ordem
Hemiptera.
Até 1995, a Bemisia tabaci causava danos à cultura do feijão-caupi, não pela sua ação direta ao sugar
a seiva das plantas, mas por ser vetora de um vírus que causa a doença do mosaico-dourado-do-
caupi (Figura 19), que pode reduzir em até 77,8% a produção dessa leguminosa.
Figura 19. Folhas de feijão-caupi exibindo sintomas do mosaico-dourado-do-caupi. Virose transmitida pela
mosca-branca.
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A partir daquele ano, com a chegada no Nordeste, principalmente nos polos produtores de feijão-
caupi, de um biótipo da mosca-branca denominado Bemisia tabaci biótipo B, a cultura passou a ser
alvo de uma mosca-branca mais agressiva, passando a causar também danos diretos pela sucção de
seiva e injeção de toxinas na planta, causando-lhe depauperamento.
Além desses danos, quando sua população está elevada, suas fezes adocicadas (mela) servem de
substrato para o desenvolvimento da fumagina (Figura 20), que, ao cobrir parcial ou totalmente as
folhas, prejudica a respiração e a fotossíntese das plantas.
Figura 20. Folhas de feijão-caupi apresentando sintomas de mela e fumagina em razão do ataque de mosca-
branca.
Trata-se de uma pequena mosca de, aproximadamente, 1,5 mm de comprimento, com olhos
amarronzados e abdômen amarelado (Figura 21). Uma fêmea pode ovipositar cerca de 500 ovos, e
em torno de 3 dias, as pequeníssimas larvas nascem e vão abrindo galerias irregulares (Figura 22), à
medida que se alimentam do conteúdo das folhas. Essas galerias aumentam em comprimento e
diâmetro, à medida que as larvas vão-se desenvolvendo, passando aproximadamente 14 dias por
esse estádio, quando então se transformam em pupas dentro da própria galeria, atingindo a fase
adulta em aproximadamente 7 dias.
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Os danos dessa praga são em decorrência da redução da área fotossintética e são mais severos nos
meses mais quentes e secos do ano.
Ramalho e Moreira (1979) constataram o parasitismo dessa espécie por Chrysocharis sp.,
Chrysotomya sp. e Diglyphus sp. (Eulophidae). Esses parasitoides são responsáveis pela manutenção
da praga em níveis toleráveis pela cultura.
Percevejos
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O adulto apresenta o corpo com partes amarelo-alaranjadas e outras avermelhadas, mede ao redor de
1,5 cm de comprimento, tem pernas posteriores com fêmures volumosos, avermelhados e com
grande número de pequenos espinhos escuros (Figura 23). As fêmeas fazem posturas nas folhas,
cerca de 80 ovos, em média nove por postura. Após o nascimento das ninfas, estas passam a
alimentar-se sugando as vagens, passando por cinco estádios em 35 dias. Na fase adulta, continuam
a alimentar-se das vagens por um período de 45 dias, totalizando 80 dias de alimentação nas vagens,
em média.
O adulto é um percevejo de corpo verde, com uma listra marrom ou vermelha na altura do pronoto,
medindo, aproximadamente, 1,0 cm de comprimento (Figura 24).
Os ovos dessa espécie são de coloração preta, em forma de barril, dispostos em massas constituídas
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Essa espécie é a mais abundante e, juntamente com C. sanctus, compreendem cerca de 70% da
população de percevejos na cultura do feijão-caupi.
Na fase adulta, conforme indicado por seu nome comum, o percevejo apresenta coloração verde, com
manchas vermelhas nos últimos segmentos de suas antenas (Figura 25).
No ato da alimentação, os percevejos injetam toxinas nos grãos e, nos orifícios deixados pelo
aparelho bucal dos insetos, penetram micro-organismos que determinam o chochamento dos grãos,
causando depreciação do produto durante a comercialização. Além disso, as toxinas atingem as
plantas, determinando uma redução da sua produtividade.
Os ovos do percevejo-verde são colocados na face inferior das folhas, em massas de forma
hexagonal, com cerca de 100 ovos. No início, apresentam coloração amarelo-palha e, quando próximo
ao nascimento das ninfas, os ovos assumem a coloração rosada com manchas avermelhadas, em
forma de “Y” ou “V”, no topo dos mesmos. Após o nascimento, as ninfas de primeiro estádio
permanecem agregadas em torno da postura ou movimentam-se em colônias sobre as plantas. Nesse
estádio, apresentam coloração alaranjada. No segundo e terceiro estádios, quando apresentam cor
geral preta, também pode ser observado seu agrupamento em colônias sobre as plantas.
A partir do quarto estádio, elas assumem a coloração verde, com manchas amarelas e vermelhas
sobre o dorso. Em determinadas condições, tanto as ninfas do quarto como as do quinto estádio
podem apresentar coloração preta na parte dorsal do abdômen.
O controle dos percevejos, de qualquer uma dessas espécies, é naturalmente feito por pequenas
vespas que são parasitoides de ovos. Por outro lado, estudos feitos por Sousa et al. (2011a, 2011b)
demonstraram que o óleo essencial de folhas da pimenta-de-macaco (Piper tuberculatum Jacq) é
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O adulto de E. zinckenella é uma mariposa com cerca de 2,0 cm de envergadura, asas anteriores de
cor cinza e posteriores de coloração cinzo-clara, com franjas brancas nos bordos. Quando nova, a
lagarta tem o corpo verde-claro e a cabeça escura; o corpo é rosado quando bem-desenvolvida,
medindo aproximadamente 2,0 cm de comprimento no seu máximo desenvolvimento.
Os ovos são depositados nas flores ou nas vagens. As lagartas, após seu nascimento, abrem um
orifício nas vagens e se alimentam dos grãos verdes. Nos orifícios de entrada das lagartas, as vagens
apresentam um estrangulamento e são encontradas fezes obstruindo-os. Isso indica a presença da
lagarta no interior das vagens.
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Figura 27. Vagem de feijão-caupi apresentando sintomas de ataque de Maruca testulales (Geyer).
Em plantios de pequenas áreas, como ocorre na agricultura familiar, a catação das vagens atacadas
reduz a população dessas lagartas.
É uma praga de ocorrência esporádica, que aparece com mais frequência em cultivos irrigados e
consecutivos.
Os adultos fazem orifícios nas vagens (Figura 29), os quais podem ser de alimentação e de postura.
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Os orifícios de postura são feitos pelas fêmeas por meio da inserção do seu aparelho bucal na vagem
até atingir o grão; em seguida, com o ovipositor, introduz o ovo no orifício e cobre-o com uma
secreção que o protege dos inimigos naturais e inseticidas. Esses orifícios formam posteriormente
uma cicatriz saliente, característica da postura do manhoso. Os orifícios de alimentação permanecem
abertos.
Cada fêmea pode ovipositar em média 120 ovos, um ovo em cada orifício de postura.
Segundo Quintela et al. (1991), pulverizações com Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae na
superfície do solo têm resultado em controle de 30% a 50% de larvas e pupas. O uso desses fungos
em áreas de secagem de vagens para o controle das larvas que saem das sementes e a destruição
dessas larvas são práticas que podem diminuir a reincidência da praga na safra subsequente. Outras
práticas de controle de C. bimaculatus são sugeridas pelos mesmos autores, como a coleta de vagens
remanescentes no campo, principalmente as infestadas, e a queima ou incorporação profunda dos
restos de cultura.
Trata-se de uma praga exótica recentemente introduzida no Brasil. Seu primeiro registro se deu nos
meses de janeiro e fevereiro de 2013, em Goiás, na cultura da soja; na Bahia, em restolho de soja; e
Mato Grosso, na cultura do algodoeiro (CZEPAK et al., 2013).
Em julho do mesmo ano, foi confirmada a presença dessa praga nos cerrados dos estados do Piauí e
Roraima atacando as culturas de soja, algodão e feijão-caupi, segundo a Agência de Defesa
Agropecuária do Estado do Piauí (ROCHA, 2013). Atualmente, já estão confirmados mais dez estados
com a presença dessa praga, como os estados de Mato Groso do Sul, São Paulo e Paraná, atacando,
além das culturas mencionadas, o milheto e a erva daninha buva (BORGES, 2013; SISTEMA FAEP,
2013; TORDIN, 2013).
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O ciclo biológico de Helicoverpa armigera, conforme Ali et al. (2009), é em torno de 46 dias. A lagarta
completamente desenvolvida mede, aproximadamente, 32,50 mm de comprimento, passando por seis
ínstares larvais em 17 dias. Tem coloração variada podendo apresentar listras longitudinais marrons e
amarelas esverdeadas (Figura 30).
Adultos dessa espécie (Figura 31) têm coloração cinza esverdeada nos machos, enquanto nas fêmeas
é laranja amarronzada, com envergadura aproximada de 35 mm a 41 mm, respectivamente, para
machos e fêmeas (ALI et al., 2009).
Por não haver inseticidas químicos registrados para aplicação em feijão-caupi, o controle de
Helicoverpa armigera nessa cultura deve ser feito exclusivamente pelo método biológico.
A recomendação para uso do parasitoide Trichogramma pretiosum proposto por Victoria (2013) é
liberar 100 mil vespinhas por hectare, quando forem observados três adultos de Helicoverpa spp. por
armadilha utilizada para monitoramento da praga. Esse é o nível de ação para o controle de
Helicoverpa armigera por esse parasitoide.
O parasitoide Trichogramma pretiosum já é comercializado na forma de cartelas com 100 mil ovos de
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Normalmente, as pragas que ocorrem por ocasião do armazenamento provêm do campo. Isso se
chama infestação cruzada. A infestação pode ser feita por meio de ovos, larvas ou adultos que,
juntamente com as vagens, grãos ou sacarias, chegam aos armazéns, infestando também os grãos já
existentes. Por outro lado, grãos sadios provenientes do campo podem ser infestados nos armazéns,
quando medidas preventivas não são tomadas. Portanto a contaminação inicial pode ocorrer tanto no
campo como nos armazéns.
Figura 32. Traça: Plodia interpunctella (Huebner) nas fases de larva, pupa e adulto.
Por ter o corpo mole, essa traça não penetra profundamente em grãos armazenados a granel; ataca
mais os grãos da superfície, principalmente aqueles trincados ou quebrados. Quando o
armazenamento é feito em sacos, os danos podem ser maiores.
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8 dias. As fêmeas põem em média 80 ovos nas superfícies dos grãos. Ao nascerem, as larvas
penetram nos grãos, alimentando-se dos cotilédones. Dentro dos grãos, transformam-se em pupas e,
após a emergência, os adultos perfuram um orifício de saída (Figura 34). Fora dos grãos, reiniciam o
ciclo biológico.
Figura 34. Grãos de feijão-caupi apresentando ovos e orifício de saída do caruncho C. maculatus (Fabricius).
O controle das pragas dos grãos armazenados em feijão-caupi não pode ser realizado por meio de
inseticidas pelo fato de não haver registros desses produtos para esse fim no feijão-caupi, como dito
anteriormente. No entanto, trabalhos com óleos essenciais para biofumigação têm sido feitos com
objetivos de controle dessas pragas, principalmente de C. maculatus. Assim, os óleos essenciais de
Vitex agnus castus, Chenopodium ambrosioides e Mansoa alliacea na concentração de 0,02 ml/litro ou
20 ml/m3 controlam 100% desse inseto por biofumigação, segundo Castro (2013).
Expurgo
O expurgo é a operação de aplicação de um produto para eliminação dos insetos que se encontram
nos produtos armazenados em suas diversas fases de desenvolvimento, procurando atingir uma
eficiência de 100% no controle.
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Os óleos essencias são assim chamados por produzirem cheiro (agradável ou não). São compostos
químicos secundários produzidos pelas plantas para sua proteção conta o ataque de inimigos. Os
óleos essenciais são voláteis, portanto, ao entrarem em contato com o ambiente, evaporam.
Os destiladores de arraste a vapor são equipamentos de tamanho médio, que se destinam à obtenção
de quantidades médias de óleo essencial e, dependendo da produção da planta, podem destilar até
1.000 ml de óleo por dia. Os destiladores de Clevenger são menores, utilizados mais para produção de
óleo essencial para pesquisas em laboratório, podendo produzir até 100 ml de óleo por dia.
A operação de expurgo pode ser realizada com os grãos a granel ou ensacados. A granel, os grãos são
depositados em silos verticais.
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Figura 37. Sacos de feijão empilhados sobre estrados de madeira para serem expurgados.
2ª. Cobertura da sacaria com um lençol impermeável de forma que as laterais do lençol se estendam
sobre o piso cerca de 1,0 m (Figura 38).
Figura 38. Lençol impermeável cobrindo a sacaria em expurgo. Sobre o lençol, abaixo, detalhe das “cobras de
areia” pressionando o lençol contra o piso para evitar a saída dos gases.
3ª. Deixar um dos lados da pilha sem as “cobras de areia” para dar acesso à pessoa que vai colocar o
óleo essencial na dose recomendada, nesse caso 20 ml/m3, que deve ser dividida em doses menores
e distribuídas em várias partes da sacaria, em pequenos depósitos de vidro. Em seguida, vedar o
acesso colocando-se as “cobras de areia” no local do acesso.
4ª. Obedecer a um período de exposição dos grãos ao óleo de, pelo menos, 4 dias.
Por serem de origem vegetal, os óleos essenciais não deixam resíduos nos grãos tratados. Portanto,
podem ser consumidos logo após a exposição ao óleo.
A colheita deve ser feita na época correta, ou seja, imediatamente após as vagens completarem a
secagem. A cultura não deve ficar no campo além do necessário, porque fica exposta à infestação por
pragas e doenças e sujeita a uma maior exposição ao sol, orvalho e possíveis chuvas, que são fatores
responsáveis pela perda de qualidade do produto.
Colheita
A colheita é uma das etapas mais importantes no processo produtivo do feijão-caupi.
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Médios produtores que praticam uma agricultura em nível empresarial, geralmente, fazem a colheita
parcialmente mecanizada ou totalmente mecanizada. No caso da colheita parcialmente mecanizada,
as plantas são arrancadas ou ceifadas e enleiradas manualmente, ficam de 7 a 15 dias no campo
secando e, em seguida, são recolhidas e trilhadas por uma máquina recolhedora acoplada a um trator.
No caso da colheita totalmente mecanizada, as plantas são ceifadas e enleiradas mecanicamente por
um ceifador acoplado a um trator e, do mesmo modo do sistema anterior, ficam de 7 a 15 dias no
campo secando e, em seguida, são recolhidas e trilhadas por uma máquina recolhedora acoplada a
um trator.
A colheita deve ser realizada logo que a lavoura atinja o ponto de maturidade adequado, estádio R5
(CAMPOS et al., 2000). O atraso na colheita, geralmente, implica na perda de qualidade do produto,
as cultivares da classe Cores, subclasses Mulato e Sempre-Verde sofrem o escurecimento do
tegumento e as cultivares da classe Branco, subclasses Branco Liso e Branco Rugoso, que têm o anel
do hilo marrom, sofrem o escurecimento do anel do hilo.
Em todos os casos, o produto tem o valor comercial reduzido. O produtor deve preparar-se para
realizar a colheita no estádio mais adequado. Assim, precisa cuidar com antecedência de máquinas,
equipamentos, sacaria e depósito para armazenar o produto. É importante que seja feita uma limpeza
no armazém; se necessário, uma dedetização. Também deve ser feito o expurgo do material para
controlar as pragas associadas às sementes, as quais já podem vir do campo, principalmente o
caruncho (Callosobruchus maculatus Fabr.), que causa grandes perdas físicas e de qualidade em
feijão-caupi.
Beneficiamento
Tanto grãos como sementes vêm do campo associados a muitas impurezas, como pedaços de vagens,
caules e folhas, poeira, fios de sacaria, entre outras. Desse modo, é necessário que seja feita uma
pré-limpeza para evitar que essas impurezas comprometam a eficiência do beneficiamento e venham
causar danos aos equipamentos. A limpeza é uma operação semelhante à pré-limpeza, porém, mais
precisa (MEDEIROS FILHO; TEÓFILO, 2005). O beneficiamento deve ser feito em máquina apropriada
e bem-regulada para evitar danos aos grãos e principalmente às sementes. É importante que tanto
grãos como sementes estejam bem limpos e padronizados, principalmente quanto à cor, forma e
tamanho.
Acondicionamento
Medeiros e Teófilo (2005) afirmaram que, quando se pretende conservar sementes em bom estado, é
necessário que se faça um planejamento adequado quanto a instalações e equipamentos e seja dada
atenção ao material durante todo o período de armazenamento.
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Mercados e comercialização
Francisco Rodrigues Freire Filho
Maurisrael de Moura Rocha
Kaesel Jackson Damasceno e Silva
O mercado do feijão-caupi ainda se restringe a grãos secos, grãos verdes (hidratados) e sementes,
havendo já algumas iniciativas para o processamento industrial de caupi para produção de farinha e
produtos pré-cozidos e congelados. O mercado do caupi ainda tem contornos regionais, concentrando-
se, principalmente, nas regiões Nordeste e Norte. Entretanto, há indícios de certa expansão da cultura
na região Sudeste, principalmente no norte de Minas Gerais e Rio de Janeiro, predominando nesses
estados o grão da subclasse Fradinho.
Estima-se que nas regiões Norte e Nordeste haja um deficit permanente de oferta de feijão-caupi,
respectivamente, de 17.576,7 t e 102.281,3 t. Já na região Centro-Oeste, onde o cultivo do feijão-
caupi ainda está se expandindo, há um grande superavit. Nas regiões Norte e Nordeste, onde há um
deficit, o feijão-comum, geralmente trazido de outras regiões, vem ocupando cada vez mais espaço
no mercado. Ressalta-se que nas regiões Sudeste e Centro-Oeste são cultivadas três safras de feijão-
comum (safra das águas, da seca e de inverno/irrigada) e na região Sul, duas safras (das águas e da
seca), enquanto na região Norte é cultivada somente a que corresponde à safra das secas (fim do
período chuvoso da região) e na região Nordeste, praticamente, só é cultivada a safra das águas, pois
a safra irrigada ainda é muito pequena. Na verdade, esse quadro se traduz em oportunidade para os
produtores de feijão-caupi das regiões Norte e Nordeste, que, com a ampliação da safra irrigada,
podem vir a ocupar maior espaço no mercado dessas regiões e buscar espaço no mercado em outras
regiões do País.
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O feijão-caupi ocorre em mais de 100 países (COHEN et al., 1991) e é cultivado em regiões tropicais e
subtropicais da África, Ásia, América, Europa e Oceania. No Brasil, vem passando por grandes
mudanças, tanto no setor produtivo, com a expansão do cultivo para outras regiões do País, quanto
no setor comercial, com a entrada do produto em novos mercados do País e do exterior e com o início
do processamento industrial. Frisa-se que já há alguns países com tradição na exportação de feijão-
caupi, e agora o Brasil está buscando uma fatia desse mercado. O mercado importador ainda não é
bem conhecido pelas empresas brasileiras, entretanto há alguns países, tradicionalmente
importadores, que constituem uma importante opção de mercado para o Brasil. Contudo, sabe-se
muito pouco sobre as exigências desse mercado quanto ao tipo de grão, principalmente em relação
aos países asiáticos.
Ressalta-se que, além da cor e do tamanho do grão, as características dos anéis do hilo e do halo,
como tamanho e cor, são muito importantes, como também tipo de tegumento, que alguns países
preferem liso e outros, rugoso.
O Brasil começou a exportar feijão-caupi em torno de 2007. Inicialmente, exportou para o Canadá,
Portugal, Israel, Turquia e Índia, e foi constatado que há um mercado muito maior para a cultura. Para
entrarem e consolidarem posição, os produtores de feijão-caupi devem dar mais atenção às
exigências desse mercado quanto ao tipo de grão e à qualidade do produto, os quais são de
fundamental importância tanto para a conquista de novos mercados no País, quanto para a conquista
e consolidação de posição no mercado externo. Coulibaly e Lowenberg-DeBoer (2002) chamaram a
atenção para o fato de que o conhecimento das preferências do consumidor é essencial para
desenvolver novos mercados e que os melhoristas devem saber que características são desejadas pelo
consumidor.
Coeficientes técnicos
Milton Jose Cardoso
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P2O5 kg 60
K2O kg 50
B. Serviços
Preparo da área, semeadura e adubação hm 4
Aplicação de inseticida (mecanicamente) hm 0,5
Aplicação de inseticida (manual) dh 1,5
Tratos culturais (capina) dh 8
Trato fitossanitário (mecanicamente) hm 0,5
Trato fitossanitário (manual) dh 1,5
Colheita dh 10
Transporte interno hm 2
Trilha hm 2,5
Sacaria sc 25
hm = hora máquina, dh = dia homem, sc = saco capacidade de 60 kg. A quantidade de sementes deve ser ajustada em função
da variedade e da densidade de plantas. As quantidades de fertilizantes devem ser ajustadas em função da análise química e da
textura do solo.
B. Serviços
Preparo da área, semeadura e adubação hm 4
Aplicação de inseticida (mecanicamente) hm 1
Aplicação de inseticida (manual) dh 2
Tratos culturais (capina) dh 10
Energia elétrica KW.h 2050
Manejo da irrigação dh 12
Trato fitossanitário hm 0,5
Trato fitossanitário dh 2
Colheita dh 12
Transporte interno hm 2
Trilha hm
Sacaria sc 37
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G.Benefício/custo (F/C)
Administração (3,0 % do valor da produção)
hm = hora máquina, dh = dia homem, sc = saco capacidade de 60 kg. A quantidade de sementes deve ser ajustada em função
da variedade e da densidade de plantas. As quantidades de fertilizantes devem ser ajustadas em função da análise química e da
textura do solo.
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Glossário
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Mapa de risco climático - agrupamento de áreas homogêneas, em mapas, sob mesmo risco
climático.
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Zoneamento de risco climático - definição de épocas de semeadura com menor risco de perdas de
produção, devido a variabilidade temporal das chuvas da região.
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ADAO CABRAL DAS NEVES
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