Monografia Viviane C Menezes
Monografia Viviane C Menezes
Monografia Viviane C Menezes
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FORMAÇÃO DE EDUCADORES
PARA EDUCAÇÃO BÁSICA
Belo Horizonte
2019
1
Viviane Cornelio de Menezes
Belo Horizonte
2019
2
3
Viviane Cornelio de Menezes
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________________________________________
Dra. Erika Lourenço – Faculdade de Ciências Humanas da UFMG
_______________________________________________________________________________
Segunda examinadora – instituição
4
AGRADECIMENTOS
5
RESUMO
Este trabalho surgiu da necessidade de promover a inclusão de forma mais efetiva na Escola
Municipal de Educação Infantil (EMEI) Itamarati, escola onde atuo como professora da educação
infantil. Durante a construção dele li declarações e leis, analisei conceitos e estudei o que diferentes
autores abordam sobre o movimento da educação inclusiva, a inclusão escolar e as diferentes
dimensões da acessibilidade, buscando assim me preparar para a construção de ações que
envolvessem toda a comunidade escolar. Entre as seis ações propostas com o enfoque no tema
inclusão, estão: os encontros realizados com as famílias na Escola de Pais sob a direção de variados
convidados, os encontros com as professoras para sensibilização e reflexão da prática educativa, a
construção de uma cartilha contendo desenhos dos alunos e familiares. As execuções das ações
favoreceram a participação de toda a comunidade escolar e o envolvimento de professoras que
resultaram no desenvolvimento de atitudes inclusivas ao longo do ano de 2019.
This work arose from the need to promote inclusion more effectively in the Itamarati
Municipal School of Early Childhood Education (EMEI), where I work as a teacher of early
childhood education. During his construction I read statements and laws, analyzed concepts and
studied what different authors address about the inclusive education movement, school inclusion
and the different dimensions of accessibility, thus seeking to prepare me for the construction of
actions involving the entire school community. . Among the six actions proposed focusing on the
inclusion theme are: meetings held with families at the Parent School under the direction of various
guests, meetings with teachers to raise awareness and reflection on educational practice, the
construction of a booklet containing student and family drawings. The execution of the actions
favored the participation of the whole school community and the involvement of teachers that
resulted in the development of inclusive attitudes throughout 2019.
6
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 8
2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................................. 12
2.1 Educação Inclusiva ................................................................................................................ 12
2.2 Movimentos Sociais, Leis e Declarações em Defesa da Inclusão ......................................... 16
2.3 Integração e Inclusão ............................................................................................................. 21
2.4 Inclusão na Educação Infantil ................................................................................................ 24
3 ELABORAÇÃO DO PLANO DE AÇÃO ................................................................................ 27
3.1 Plano de Ação ........................................................................................................................ 27
3.1.1 Primeira ação....................................................................................................................... 28
3.1.2 Segunda ação....................................................................................................................... 29
3.1.3 Terceira ação ....................................................................................................................... 30
3.1.4 Quarta ação ......................................................................................................................... 32
3.1.4.1 Primeiro encontro ............................................................................................................ 33
3.1.4.2 Segundo encontro ............................................................................................................. 36
3.1.4.3 Terceiro encontro ............................................................................................................. 40
3.1.5 Quinta ação ......................................................................................................................... 43
3.1.6 Sexta ação ........................................................................................................................... 47
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................... 50
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 51
APÊNDICE A – Slides sobre integração e inclusão .................................................................... 53
APÊNDICE B – Slides sobre estratégias pedagógicas ................................................................ 55
APÊNDICE C – Modelo da avaliação dos encontros. ................................................................. 58
APÊNDICE D – Projeto de Avaliação Institucional ................................................................... 59
APÊNDICE E – Cartilha para professoras .................................................................................. 63
APÊNDICE F – Cartilha para comunidade ................................................................................. 69
APÊNDICE G – Sugestões de leituras ........................................................................................ 73
APÊNDICE H – Fotos ................................................................................................................. 75
ANEXO A – Depoimento ............................................................................................................ 80
ANEXO B – Print Intranet PBH 1 ............................................................................................... 83
ANEXO C – Print Intranet PBH 2 ............................................................................................... 85
ANEXO D – Print Intranet PBH 3 ............................................................................................... 87
7
1 INTRODUÇÃO
8
pedagógicas. No dia a dia percebo que algumas vezes estas crianças são colocadas de lado no
momento de uma ou outra atividade por não “darem conta” de fazê-las ousequer participar.
Ainda no final do ano de 2018, quando a gestão conversou conosco sobre o aumento de
crianças com deficiência na EMEI, foi confirmado que a grande maioria das professoras apresenta
certa angústia e insegurança para lidar com a situação, o que faz com que estes alunos que têm
alguma deficiência não sejam de fato incluídos no sistema escolar conforme já estabelecido pelas
leis brasileiras, como por exemplo a lei 13.146, de 6 de julho de 2015, e defendido como direito
humano. Diante da realidade da escola, no tocante ao aumento do número de crianças com
deficiência e da situação constatada na conversa da direção com as professoras, percebi que seria
muito pertinente para o ano de 2019, a construção e execução de um projeto voltado para a
inclusão.
Apresentei para a direção da escola a sugestão de desenvolvermos o projeto institucional
sobre o tema inclusão como parte do Trabalho de Conclusão do Curso (TCC). O objetivo era
despertar nas professoras o desejo de nos tornarmos uma escola mais aberta aos princípios da
inclusão e dessa forma, melhorar a nossa prática com os alunos por meio de ações inclusivas. Assim
que a direção aprovou a ideia, informei à professora orientadora, Erika Lourenço, que logo se
dispôs a me ajudar.
Como primeira ação, conversei informalmente com algumas colegas, em especial as que
tinham alunos com deficiência, para saber quais eram as demandas a partir de então, planejar outras
ações que fizeram parte do meu trabalho final. As professoras citaram alguns pontos durante nossas
conversas: falta de compreensão e aceitação da família em reconhecer a necessidade de se fazer
uma avaliação médica das crianças que apresentam certas características físicas, intelectuais e
emocionais diferenciadas; necessidade de formação e orientação para as professoras para se
tornarem mais preparadas e qualificadas para receberem estas crianças; falta de material pedagógico
que atendesse a todas as necessidades dos alunos com deficiência; melhor preparo das auxiliares da
educação infantil.
Ao refletir sobre as respostas dadas, cheguei à conclusão que seria interessante criar algumas
estratégias envolvendo os aspectos por elas levantados. Senti a necessidade de desenvolver um
plano de ação que proporcionasse momentos de reflexão, informação e conhecimento para as
professoras e para toda a comunidade escolar, incluindo pais e alunos. Que contribuísse em especial
para que as professoras ampliassem as possibilidades de participação e aprendizagem das crianças,
independente de terem deficiência ou não.
Como segunda ação, sugeri à direção que convidasse Alexa Fabrino Taves, membro da
equipe de apoio à inclusão da regional Venda Nova no ano de 2018 que atende nossa escola, para
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realizar uma palestra para as professoras sobre inclusão. Logo no primeiro dia escolar (01/02/2019),
fomos contemplados com a palestra “Inclusão na Educação Infantil”, que serviu de estímulo para a
adesão das professoras ao projeto institucional por mim sugerido.
Em seguida, como terceira ação, expus minha sugestão às professoras sobre o tema do
projeto institucional, inclusão. Tendo decidido, por meio de votação, a escolha do tema, nós,
professoras da EMEI, demos início aos trabalhos com nossas turmas. Apesar de terem consciência
da necessidade, algumas professoras, não sei se por medo ou por falta de vontade, puseram alguns
empecilhos para a execução da proposta, o que me abateu muito porque fiquei triste em saber que
eu teria que enfrentar mais resistência do que ter apoio. Mas eu tenho lido muito a respeito da
inclusão e tenho visto que quem abraça esta ideia enfrenta muitos desafios pelo caminho. Comigo
não seria diferente. Decidi continuar com as ações e fazer o que estivesse ao meu alcance para
promover a educação inclusiva na minha escola.
Seguindo meu plano de trabalho para o LASEB, executei a quarta ação. Realizei encontros
com as professoras para momentos de reflexão, informação e troca de experiências. Para isso, usei
diferentes materiais: curta-metragem, slides com textos e músicas e dinâmicas, cuja participação foi
muito boa e construtiva. Tivemos a oportunidade de escutar umas às outras e refletir sobre o tema.
Concomitantemente, como quinta ação, propus convidados para falarem sobre o tema inclusão nos
encontros realizados com os pais no que chamamos “Escola de Pais” e aberto a toda comunidade
escolar. Diferentes convidados falaram um pouco a respeito do tema. Pais de pessoas com
deficiência, professora com deficiência visual, psicóloga, professora do Atendimento Educacional
Especializado (AEE), assistente social e pessoas envolvidas com movimentos sociais abrilhantaram
nossos encontros com suas vivências se abriram para o bate papo.
Para fechamento do projeto institucional da escola e do meu plano de ação, envolvi os
alunos e seus familiares na confecção de uma cartilha sobre inclusão cuja participação se deu com a
produção de um desenho feito em família que representasse o tema desenvolvido ao longo do
ano.Com os desenhos e algumas frases reproduzidas pelos pais nos desenhos, produzi a cartilha:
“De Olho na Inclusão” que será entregue para cada família no fechamento do ano.
Neste trabalho, registro o passo a passo deste bonito projeto que tanto me acrescentou por
meio da busca de conhecimento e pela experiência vivenciada. Inicio com a revisão de literatura,
onde apresento um pouco do que alguns autores versam sobre inclusão, falando sobre a educação
inclusiva, o caminho percorrido pela inclusão das pessoas com deficiência e os conceitos integração
e inclusão. Em seguida falo sobre o que os movimentos sociais e as leis apresentam a respeito do
direito e a defesa pela inclusão das pessoas com deficiência. Por último escrevo sobre a inclusão na
educação infantil. Após a revisão de literatura, apresento o meu plano de ação na escola onde atuo
10
como professora, com o planejamento propriamente dito, uma descrição da execução das ações
seguida da análise dos resultados obtidos. Nos Apêndices A e B estão os slides que usei nos
encontros com as professoras, fotos e imagens das cartilhas produzidas.
O objetivo de todo o plano de ação foi em primeiro lugar sensibilizar e despertar toda a
comunidade escolar para que a inclusão seja reconhecida como um direito e, portanto, promovida
em nossa escola. Também foi objetivo do plano motivaras professoras a repensarem suas práticas
de forma a aumentar a participação e o desenvolvimento das crianças com deficiência, reduzindo
assim a exclusão escolar. Por fim, visou a promoção de professoras, alunos e pais fossem agentes de
transformação da sociedade, tornando-a inclusiva.
Para este trabalho eu fiz muitas leituras que deixo como indicação no Apêndice G e tenho
ainda outras que farão parte dos meus estudos, pois o movimento pela educação inclusiva continua.
Sei que dei somente o primeiro passo e que há muito a ser feito. Daqui para frente não podemos
perder o foco na inclusão, precisamos fortalecer ainda mais os laços que nos unem na busca pela
escola inclusiva. Encontrei com todas estas ações, um jeito de contribuir e ajudar na construção de
uma sociedade mais justa e melhor para todos, sem distinção.
Como diz Sassaki (2010):
Uma sociedade inclusiva vai além de garantir espaços adequados para todos. Ela fortalece
as atitudes de aceitação das diferenças individuais e de valorização da diversidade humana
e enfatiza a importância do pertencer, da convivência, da cooperação e da contribuição que
todas as pessoas podem dar para construírem vidas comunitárias mais justas, mais
saudáveis e mais satisfatórias. (Sassaki, 2010, p.168)
11
2REVISÃO DE LITERATURA
Ao longo da história nossa sociedade vem construindo uma nova visão a respeito das
pessoas com deficiência. Estamos no caminho de ser uma sociedade que respeita a diversidade de
pessoas e que reconhece os direitos de cada ser humano, sem distinção. A escola também faz parte
deste caminho e é uma grande aliada nesta questão. Para compreender um pouco mais sobre este
assunto, esta revisão de literatura traz algumas contribuições valiosas que ajudaram na construção
do meu trabalho. Os textos trazem uma visão dos passos que já foram dados em direção à educação
inclusiva, leis e movimentos, inclusão na educação infantil; e nos levam a refletir o que ainda é
preciso fazer para que a escola seja de fato um lugar reconhecido como direito de todos e a
educação seja de fato inclusiva.
2.1Educação Inclusiva
12
‘normalizasse’, se adaptasse a uma sociedade que, de fato, foi construída para atender àqueles que
correspondem ao padrão de normalidade. Os modelos de pessoas concebidos e reforçados
culturalmente serviam de referência para a aparência, a forma e o funcionamento do corpo.Com o
tempo, conventos, asilos e hospitais psiquiátricos, passaram a ser locais de confinamento, em vez de
locais para tratamento das pessoas com deficiência.
Na idade contemporânea surgiram trabalhos de vários autores que estudaram as deficiências
para se descobrir as causas. Surgiu a ideia de que a deficiência era algo hereditário (causa natural),
biológico ou cultural (causa ambiental).Foi no século XIX que surgiu o primeiro programa
sistemático de Educação Especial. Glat e Fernandes (2005) relatam que foram os próprios médicos
que “despertaram para a necessidade de escolarização” das pessoas com deficiência. Surgiu a ideia
de se avaliar a pessoa com deficiência pelo rendimento educacional. Surgiram várias técnicas de
educação especial que eram aplicadas em diferentes tipos e níveis de deficiência. Algumas
instituições eram motivadas pela caridade, outras ligadas à medicina e quando ofereciam
atendimento na área educacional, este passava pelo viés terapêutico. Mas essas instituições davam
pouca ênfase à atividade acadêmica, que ocupava pouco tempo dos alunos. A educação não era
considerada necessária e possível para as pessoas com deficiências severas. Não havia expectativas
quanto à capacidade destes indivíduos aprenderem os conteúdos escolares.
Ao longo da década iniciada em 1970, a Educação Especial se institucionalizou aqui no
Brasil, segundo Glat e Fernandes (2005). Ela se organizou como atendimento substitutivo ao ensino
comum, levando à criação de instituições especializadas, escolas especiais e classes especiais. Essa
organização ancorada no conceito de normalidade/anormalidade determinava tipos de atendimentos
clínicos terapêuticos apoiados em diagnósticos e práticas escolares para os alunos com deficiência.
Para as autoras, o desenvolvimento de métodos e técnicas de ensino permitiu a aprendizagem dos
alunos com deficiência, porém não garantiu a entrada deles no sistema de ensino. A Educação
Especial funcionava como um serviço paralelo, com um currículo próprio, as classes especiais eram
verdadeiros espaços de segregação.
Seguindo a defesa mundial em favor das minorias e contra a sua marginalização, na década
iniciada em 1980, deu-se início aqui no Brasil, ao sistema de integração das pessoas com
deficiência, visando prepará-las para serem integradas nas classes comuns de ensino. A integração
defendia o direito de usufruírem as condições de vida o mais próximo da comunidade onde viviam,
tendo direito de participar das mesmas atividades sociais e educacionais que as demais pessoas.
Paralelamente, realizar o atendimento em salas de recursos, de acordo com as necessidades dos
alunos com deficiência. Este modelo é o que ainda prevalece até hoje.
13
Glat e Fernandes (2005) afirmam que as reivindicações pela ampliação do acesso das
pessoas com deficiência a uma educação de qualidade resultaram numa nova proposta, a da
Educação Inclusiva. A inclusão escolar pede uma desconstrução dos padrões de normalidade e uma
reformulação de todo o sistema de ensino, métodos, avaliação e estratégias, visando à inclusão
social e práticas que atendam a diversidade de alunos. As leis surgiram como apoio, possibilitando
às pessoas com deficiência fazerem parte desta realidade, mas ainda há muito que fazer para que as
escolas se tornem abertas à diversidade e acolhedoras às diferenças. Segundo Diniz (2014): “A
diferença se alia à constituição das novas identidades que passam a configurar-se na ordem social
vigente”. Diferentes grupos, entre eles o das pessoas com deficiência, estão requerendo o seu lugar
de direito na sociedade.
A inclusão escolar diz respeito não somente à inserção, mas também à participação das
pessoas com deficiência na escola comum. Já não há mais espaço para serem estigmatizadas como
doentes e incapazes e viverem segregadas em espaços, como em instituições religiosas ou escolas
especiais, espaços estes que dependem da caridade e de assistência social do governo. De acordo
com Franco (2015) o governo nunca teve recursos suficientes para dar assistência a estas
instituições, faltavam ações e serviços prestados a elas, o ensino era restrito e as propostas de ensino
não eram desafiadoras, o que limitava a aprendizagem.
Diniz (2014) fala do princípio fundamental da educação inclusiva que consiste em que todas
as pessoas devem aprender juntas, não importando quais dificuldades ou diferenças elas possam ter.
Alves e Barbosa (2006) confirmam, falando que a inclusão escolar tem como objetivo a construção
de uma escola que acolha a todos sem qualquer tipo de critério ou exigência, seleção ou
discriminação, para o acesso e permanência na escola. De acordo com eles, a inclusão requer uma
mudança de concepção e de prática na qual a diferença humana seja compreendida em sua
complexidade e valorizada para que se torne efetivo o direito de todos à educação. Forest e
Pearpoint (1991) complementam dizendo que para que aconteça a inclusão, é preciso enfrentar os
medos e superar os obstáculos porque inclusão significa mudança e a mudança sempre nos causa
desconforto e insegurança. Mudança pede enfrentamento das dificuldades. Os autores afirmam que
devemos partir do princípio de que não temos o direito de excluir ninguém. A realidade histórica da
segregação escolar e social das pessoas com deficiência só vai melhorar se esta mudança começar
em nós, em nossas concepções.
Concordando com os autores Forest e Pearpoint (1991), Diniz (2014, p.110) diz: “A
possibilidade da educação inclusiva não é separada da construção de uma sociedade inclusiva,
reconhecendo, portanto, o atrelamento da instituição escolar ao sistema social, político e econômico
vigente na sociedade”. Ainda complementa dizendo que no campo da educação, para que a inclusão
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aconteça, é preciso antes discutir e reestruturar as escolas para se garantir o acesso e a participação
de todos os sujeitos e impedir a segregação e o isolamento. O direito das pessoas com deficiência
serem incluídas nas escolas comuns, é resultado de um movimento mundial que ganhou força a
partir da década de 1990 e também das leis que garantiram este direito.
Segundo Sánchez (2005), nos Estados Unidos da América (EUA) um movimento
denominado Regular Education Iniciative (REI), visando à inclusão nas escolas de crianças com
deficiência, no final da década de 1980 e início da década de 1990. Nesta época, elas faziam parte
da educação especial e viviam num mundo à parte. A ideia do movimento social era que houvesse
um único sistema educativo para todas as crianças. Nesta mesma época, apareceram em outras
partes do mundo, outros movimentos contrários à segregação e a favor da inclusão. A crítica era a
respeito do modelo de ensino que seguia o modelo médico de deficiência. O que aparecia primeiro
era a deficiência, não a pessoa. De acordo com Franco (2015) procurava-se uniformizar e
homogeneizar o processo educacional e para isso instituíram padrões de normalidade, consolidando
as práticas de segregação e de exclusão já existentes na história. Buscava-se a cura e a reabilitação
destas pessoas para que chegassem ao padrão aceito pela sociedade. Custódio (2018) confirma
dizendo que o atendimento das pessoas com deficiência se deu de forma separada das outras
pessoas consideradas dentro do padrão aceito como normal.
Por muito tempo perdurou o entendimento de que a educação especial organizada de forma
paralela à educação comum seria mais apropriada para a aprendizagem dos alunos que
apresentavam deficiência, problemas de saúde, ou qualquer inadequação com relação à estrutura
organizada pelos sistemas de ensino. Essa concepção exerceu impacto duradouro na história da
educação especial, resultando em práticas que enfatizavam os aspectos relacionados à deficiência,
em contraposição à dimensão pedagógica.
Os direitos das pessoas com deficiência foram conquistados de forma gradual. Na medida
em que eles conquistavam seus direitos, a convivência com a sociedade passou a ser mais frequente,
conduzindo para maior aceitação daqueles que antes viviam isolados e separados das demais
pessoas. Iniciaram os movimentos a favor da integração, cujo objetivo era o de incorporar física e
socialmente as pessoas com deficiência na sociedade. Mantoan (2005) afirma que pela integração
escolar trata-se de uma inserção parcial. Na integração, para que a pessoa com deficiência fizesse
parte da classe comum, ele deveria ter dificuldades médias ou comuns, segundo Sánchez (2005). Na
integração, o aluno é que tem que se adaptar à escola. Constatou-se que um aluno podia estar
integrado, mas passar bastante tempo isolado na sala de apoio ou sem interagir com os colegas
numa sala comum. Ou seja, eles continuavam sofrendo situações de discriminação. Continuavam
segregados.
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Mas a necessidade da mudança dessas circunstâncias fez com que vários eventos e encontros
acontecessem. Movimentos realizados por profissionais, pais e pessoas com deficiência surgiram
em defesa da Inclusão destas pessoas. Eles defendiam a ideia de unificar a educação especial com a
educação comum. Declarações e leis foram redigidas, com o objetivo de que tornassem realidade
uma educação de qualidade que alcançasse a todos, incluindo pessoas com deficiência, para que
tivessem acesso a um mesmo currículo numa classe comum. Hoje vemos que o direito destas
pessoas serem incluídas nas escolas comuns, é resultado desse movimento mundial que ganhou
força a partir dos anos 1990 e também das leis que garantiram este direito. A seguir abordarei este
assunto.
16
Ao verificarmos a Constituição Federal (1988) veremos que ela traz em seu texto a educação
como direito de todas as pessoas e que o acesso e a permanência em estabelecimentos de ensino
também são assegurados, em favor do bem comum. Grabois (2012) fala que a igualdade de
condições para acesso e permanência na escola bem como a qualidade do ensino ser os princípios
sob os quais a educação deve ser ministrada, não sendo aceitável discriminar e manter as pessoas na
invisibilidade.
Vejamos o que está escrito no capítulo III da Constituição Federal (1988):
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa,
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art.206, inciso
1.Igualdade de condições de acesso e permanência na escola. (CAPÍTULO III - Da
Educação, da Cultura e do Desporto SEÇÃO I)
Algumas ações que defendem a inclusão merecem destaque. Entre elas a Convenção sobre
os Direitos da Criança (1989), que explicita os direitos dos portadores1de necessidades educativas
especiais, valorizados como indivíduos e como seres sociais. Garantem-lhes, entre outras coisas,
uma vida plena e decente, cuidados especiais, sempre que possível gratuito, levando-os a mais
ampla integração social e ao desenvolvimento individual pleno. Grabois (2012) fala que “O
paradigma é o do direito; vamos respeitar as conquistas da sociedade brasileira e garantir que
crianças e adolescentes com deficiência sejam os protagonistas de suas próprias vidas”.
Temos também a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação
Inclusiva (PNEE, 1994) que se trata de uma ação política, cultural, social e pedagógica,
desencadeada em defesa do direito de todos os estudantes estarem juntos, aprendendo e
participando, sem nenhum tipo de discriminação. Esta ação, segundo Sánchez (2005), foi uma
tentativa de que uma educação de qualidade alcançasse a todos. Complementa:
A filosofia da inclusão defende uma educação eficaz para todos, sustentada no fato de que
as escolas, enquanto comunidades educativas devem satisfazer as necessidades de todos os
alunos, sejam quais forem as suas características pessoais, psicológicas ou sociais (com
independência de ter ou não deficiência). (SÁNCHEZ, 2005, p.11)
1
Portadora de deficiência: este termo não é mais usado porque uma pessoa não porta sua deficiência, ela tem uma
deficiência. O termo "portadores" implica em algo que se "porta", que é possível se desvencilhar tão logo se queira
ou chegue-se a um destino. Remete, ainda, a algo temporário, como portar um documento ou ser portador de uma
doença.
17
• sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais deveriam ser
implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais características e
necessidades,
• aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que
deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer a
tais necessidades,
• escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais eficazes
de combater atitudes discriminatórias criando-se comunidades acolhedoras, construindo
uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos; além disso, tais escolas
provêem uma educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a eficiência e, em
última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional.
A Convenção de Salamanca (1994) foi a que mais contribuiu para impulsionar a educação
inclusiva em todo o mundo, de acordo com Sánchez (2005). Estabeleceu-se nesta ocasião, que todas
as escolas deveriam acolher e oferecer educação e conhecimento a todas as crianças,
independentemente de suas condições, características e necessidades. Sánchez (2005) afirma: “A
Educação Inclusiva é antes de tudo uma questão de direitos humanos [...]” e complementa dizendo
que a declaração tem mantido a posição de defesa e reconhecimento dos direitos humanos.
Estabeleceu um decálogo de recomendações a serem seguidas pelos países participantes. Entre eles
está o de realizar maiores esforços para reconhecer e alcançar os direitos estabelecidos nesta
convenção.
No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) Lei 9394/96, baseia-se
no princípio do direito universal à educação para todos. Recomenda que os sistemas de ensino
devam assegurar aos estudantes currículo, métodos, recursos e organização específicos para atender
às suas necessidades. Como vemos em um dos seus artigos, o artigo 58 da LDB, Educação Especial
é a “modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente2 na rede regular de ensino, para
educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação”.
Em seus aspectos legais relacionados à inclusão, a LDB 9394/96 garante o direito de todos à
educação escolar, em seus artigos 58,59 e 60 no item terceiro sobre a Educação Especial, rejeitando
qualquer exclusão das pessoas em função de sua origem, raça, sexo, cor, idade ou deficiência.
Custódio (2018) fala que esta lei serve de amparo ao público da Educação Especial, mas que,
porém, há uma grande distância entre os direitos legais e a prática real da inclusão.
A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada pela ONU (2006) e
ratificada com força de Emenda Constitucional por meio do Decreto Legislativo n°186/2008 e do
Decreto Executivo n°6949/2009, estabelece que os Estados envolvidos devam assegurar um sistema
de educação inclusiva em todos os níveis de ensino, em ambientes que maximizem o
2
A palavra “preferencialmente” é considerada um entrave para a inclusão, pois abre espaço para que as crianças
com deficiência permaneçam matriculadas em escolas especiais.
18
desenvolvimento acadêmico e social compatível com a meta da plena participação e inclusão. O
objetivo é o de proteger e dar garantia de acesso aos direitos humanos por todas as pessoas com
deficiência, promovendo assim o respeito à sua dignidade. Essa convenção, assinada por mais de
160 Estados foi rapidamente ratificada. Mas muitos ainda são os desafios para ter acesso total por
parte dessas pessoas com deficiência. Entre eles, a eliminação dos vários tipos de barreiras
existentes, como a discriminação em relação a estas pessoas.
A Convenção de Guatemala (1999) defende a eliminação de todas as formas de
discriminação contra pessoas com deficiência e o favorecimento pleno de sua integração à
sociedade. Define a discriminação como toda diferenciação, exclusão ou restrição baseada em
deficiência, ou em seus antecedentes, consequências ou percepções, que impeçam ou anulem o
reconhecimento ou exercício, por parte das pessoas com deficiência, de seus direitos humanos e
suas liberdades fundamentais. Convenção ratificada pelo Brasil: Decreto nº 3.956, de 08 de outubro
de 2001.
Portanto, ao se falar em educação inclusiva, é necessário falar também das barreiras e
resistências encontradas no processo. Estamos diante de uma situação ainda considerada
relativamente nova. Crianças que antes viviam numa realidade distante passaram a fazer parte da
realidade da escola comum.
O Plano de Desenvolvimento de Educação (PDE, 2007), entre outros documentos, fala a
respeito da eliminação das barreiras encontradas para que se torne possível a inclusão. Nele
encontramos alguns eixos importantes para serem observados e realizados, como a formação de
professores para a educação especial. Franco (2015) afirma que a falta de conhecimento, preparo e
formação dos profissionais da educação reforça a exclusão.
Alguns pontos importantes são apresentados no PDE (2007) que favorecem a inclusão: a
implantação de salas de recursos multifuncionais, a acessibilidade arquitetônica nos prédios
escolares, acesso e permanência das pessoas com deficiência na educação superior e o
monitoramento do acesso à escola de todos os favorecidos pelo Benefício de Prestação Continuada3
(BPC).
De acordo com Santiago e Santos (2015) o planejamento de estratégias também é necessário
para que aconteça o processo de inclusão. Relatam que a identificação e a superação de barreiras à
participação e à aprendizagem dos alunos são o primeiro desafio. Para isso, a avaliação das
condições e reflexão dos valores, concepções e práticas docentes são pontos iniciais em qualquer
3
Benefício de Prestação Continuada é um benefício de renda no valor de um salário mínimo para pessoas com
deficiência de qualquer idade ou para idosos com idade de 65 anos ou mais que apresentam impedimentos de
longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial e que, por isso, apresentam dificuldades para a
participação e interação plena na sociedade.
19
processo de mudança. Concluem dizendo que o foco é deslocar o olhar da deficiência para as
potencialidades dos alunos.
Outro ponto igualmente importante, que é citado por Santiago e Santos (2015) é sobre a
superação das barreiras relativas à homogeneização curricular. Ao considerar os tempos e ritmos
individuais e apresentar uma expectativa positiva em relação aos alunos.
Para que a escola seja espaço onde se concretize a inclusão é preciso discutir alguns aspectos
importantes como: as condições do professor, sua formação inicial e continuada; a construção do
Plano Político Pedagógico (PPP) com a participação de toda a comunidade escolar, além de
questões relacionadas ao transporte, alimentação, infraestrutura escolar; a falta de capacitação e
resistência de professores; a falta de recursos financeiros por parte do governo e a ausência de
estruturas e materiais.
O funcionamento dos órgãos públicos é necessário para se fazer cumprir os direitos das
pessoas com deficiência. É preciso que haja a sistematização das políticas públicas, visando isso o
Ministério Público de Minas Gerais já deu andamento na criação de um setor de apoio pedagógico
para assessorar os municípios de Minas Gerais nas questões relacionadas à educação inclusiva.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU (1948) sempre serviu de inspiração
para o combate às barreiras que impedem o acesso das pessoas com deficiência. Sassaki (2009), em
seu livro, analisou e sugeriu medidas que viabilizam a acessibilidade para pessoas com deficiência.
Ele descreve seis dimensões às quais são necessárias analisar para acabar com as barreiras
existentes. São elas: dimensão arquitetônica (sem barreiras físicas), dimensão comunicacional (sem
barreiras na comunicação entre pessoas), dimensão metodológica (sem barreiras nos métodos e
técnicas de lazer, trabalho, educação, etc.), dimensão instrumental (sem barreiras instrumentais,
ferramentas, utensílios, etc.), dimensão programática (sem barreiras embutidas em políticas
públicas, legislações, normas, etc.) e dimensão atitudinal (sem preconceitos, estereótipos, estigmas
e discriminações nos comportamentos da sociedade para pessoas que têm deficiência).
A Lei Brasileira da Inclusão da Pessoa com Deficiência (2015), no capítulo IV diz:
É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com
Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício
dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua
inclusão social e cidadania.
Esta lei considera pessoa com deficiência aquela que tenha qualquer tipo de impedimento,
físico, mental, intelectual ou sensorial, que empeça a sua participação plena e efetiva na sociedade
colocando-a em igualdade de condições com as demais pessoas. Para a aplicação desta lei
consideram-se algumas questões, como a acessibilidade a espaços, mobília, equipamentos,
transportes, etc.; tecnologia assistiva visando autonomia e independência, qualidade de vida e
20
inclusão social; profissional de apoio escolar que a auxilie na alimentação, higiene e locomoção;
entre outros.
Um dos apoios criados para defender a inclusão de todos, está presente na Política Nacional
de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) que institui as Diretrizes
Operacionais da Educação Especial para o AEE na educação básica. De acordo com Santiago e
Santos (2015), o serviço do AEE tem como objetivo, entre outros, prover condições de acesso,
participação e aprendizagem. Com esse objetivo, há uma série de ações que auxiliam o professor na
tomada de decisões e numa prática que seja mais favorável à situação de cada aluno. Segundo eles,
uma ação importante é a elaboração de um planejamento que possa ampliar as possibilidades de
aprendizagem e de participação do aluno na escola.
Como podemos perceber, ações e leis apontam dois aspectos que tem promovido a inclusão:
o reconhecimento de que a educação é direito de todos e a importância da diversidade como
essencial à transformação das escolas.
Sánchez (2005) diz que na perspectiva da Educação Inclusiva, deve-se considerar a
diversidade de todos os alunos e estruturar o serviço educacional em função de atender a
necessidade de todos eles.
A filosofia da inclusão defende uma educação eficaz para todos, sustentada em que as
escolas, enquanto comunidades educativas devem satisfazer as necessidades de todos os
alunos, sejam quais forem as suas características pessoais, psicológica sou sociais (com
independência de ter ou não deficiência). (SÁNCHEZ, 2005, p.11)
2.3Integração e Inclusão
O movimento sobre a inclusão aparece no final de 1980 por parte das pessoas que não
estavam satisfeitas com a trajetória da integração. Sánchez (2005) afirma que as ações desse grupo
de pessoas aconteceram num contexto de debates internacionais dos movimentos de defesa dos
direitos humanos. Questionava-se a respeito do tratamento que as pessoas com deficiência recebiam
nas escolas. As dificuldades que apareciam eram consideradas responsabilidade do aluno, não da
organização das escolas e as formas de ensinar. As pessoas envolvidas com o movimento,
preocupadas com questões como estas e comprometidas com uma educação ao alcance de todos,
passaram defender a inclusão.
Segundo Mantoan (2003), se o objetivo é que a escola se torne inclusiva, é urgente que se
redefine e se redirecione para uma educação plena, livre de preconceitos, onde as diferenças sejam
reconhecidas e valorizadas. Segundo ela o que geralmente acontece é a integração escolar, não a
inclusão. Pela integração escolar o aluno tem acesso às escolas. Ele é inserido nas salas de aula, mas
21
desde que aptos a inserção. Eles é que se adaptam as exigências de cada instituição escolar.
Enquanto que, pela inclusão, as necessidades de todos os alunos são levadas em conta e a escola é
reestruturada em função dessas, sem discriminação, inserindo-os de forma radical, completa e
sistemática.
Mantoan (2003) afirma que os dois vocábulos ‘integração’ e ‘inclusão’, embora tenham
significados semelhantes, são empregados para expressar situações de inserção diferentes e se
fundamentam em posicionamentos teórico-metodológicos divergentes. Desse modo, pela
perspectiva da inclusão todos os alunos são contemplados, tenham ou não alguma deficiência.
Trata-se de respeitar as diferenças e abolir a segregação.
Muitos estudiosos dizem que as escolas ainda seguem uma tendência à integração, como
Lourenço (2010). Segundo ela, enquanto a prática da integração considera as deficiências como
problemas das pessoas, a prática da inclusão considera as deficiências como problema social e
promove a transformação da sociedade e instituições para acolher essas pessoas. Sassaki (2005),
também fala sobre o assunto. Ele diz que enquanto processos sociais, tanto a integração quanto a
inclusão são muito importantes. O que se deseja é construir uma sociedade inclusiva. Estamos
vivendo um momento de transição entre a integração e a inclusão, por isso é compreensível que
vejamos acontecer ainda os dois processos. Por esse mesmo motivo acaba sendo inevitável que os
dois termos sejam usados com diversos sentidos por diferentes pessoas. De acordo com ele, a ideia
de integração surgiu para derrubar a prática da exclusão social a que foram submetidas pessoas com
deficiência por vários séculos. Estas pessoas eram excluídas porque eram consideradas inválidas
para participar de qualquer atividade social. Enquanto algumas sociedades se encarregavam de
simplesmente eliminar estas pessoas, outras adotaram a prática de interná-las em instituições que
apenas ofereciam abrigo, alimentação e medicação. Já que a sociedade não aceitava receber estas
pessoas estas instituições foram se especializando em atender pessoas por tipo de deficiência.
Década de 1960 o movimento de integração social começou a inserir estas pessoas nos sistemas
sociais.
A integração social passou por alguns processos. Normalização foi um deles. Às pessoas
com deficiência eram oferecidos modos e condições de vida, os mais semelhantes possíveis às
formas e condições de vida do resto da sociedade. Ou seja, a ideia era criar um mundo separado,
embora muito parecido com aquele em que vive qualquer outra pessoa. Em outro momento, o
princípio de Mainstreaming4 foi desenvolvido na tentativa de integração. Ele consistia em colocar
pessoas com deficiência em classes comuns para finalidades instrucionais de acordo com a
4
Mainstream é um conceito que expressa uma tendência ou moda principal e dominante.
22
necessidade, ou seja, elas poderiam fazer parte de uma turma em determinado momento para
aprender alguma matéria específica, mas eles não pertenciam de fato a nenhuma turma de alunos.
Tratava-se de uma simples colocação física destas pessoas em classes comuns. Essa prática estava
associada ao movimento de desinstitucionalização.
Portanto, para Sassaki (2005) estes dois processos foram importantes porque ajudaram na
aquisição de conhecimentos e experiências de integração que serviram mais tarde para o surgimento
do paradigma da inclusão e da equiparação de oportunidades. A prática da integração social teve
maior impulso a partir da década de 1980 com o surgimento da luta pelos direitos das pessoas com
deficiência. Mas com o tempo percebeu-se que esta prática não era só insuficiente para acabar com
a discriminação das pessoas com deficiência, mas também era muito pouco para gerar a verdadeira
participação com igualdade de oportunidades. Simplesmente porque a integração social se resumia
a um esforço em inserir na sociedade pessoas com deficiência que alcançaram um nível de
competência compatível com os padrões sociais do momento. Ou seja, é um esforço unilateral da
pessoa com deficiência e daqueles quer estavam na luta com ela para torná-la aceitável na sociedade
Sassaki (2005) aponta três formas em que a prática da integração social ocorria e ainda
ocorre:
1.Pela inserção pura e simples daquelas pessoas com deficiência que
conseguiram ou conseguem, por méritos pessoais e profissionais próprios,
utilizar os espaços físicos e sociais, bem como os seus programas e serviços,
sem nenhuma modificação por parte da sociedade, ou seja da escola comum, da
empresa comum, do clube comum etc.2.Pela inserção daquelas pessoas com
deficiência que necessitavam ou necessitam alguma adaptação específica no
espaço físico comum ou no procedimento da atividade comum a fim de
poderem, só então estudar, trabalhar, ter lazer, enfim, conviver com pessoas
não-deficientes.3.Pela inserção de pessoas com deficiência em ambientes
separados dentro dos sistemas gerais. Por exemplo: escola especial junto à
comunidade; classe especial numa escola comum; setor separado dentro de uma
empresa comum; horário exclusivo para pessoas deficientes num clube comum
etc. Esta forma de integração, mesmo com todos os méritos, não deixa de ser
segregativa. (SASSAKI, 2005, p.21)
23
transformação tanto dos ambientes físicos como da mentalidade das pessoas. Ela se baseia em
alguns princípios até então considerados incomuns como a aceitação e valorização das diferenças
individuais e na convivência na diversidade humana. A prática da inclusão já existe em várias partes
do mundo e tiveram início da década de 1990 e a cada dia ganha novos adeptos.
O princípio da integração, de acordo com Diniz (2014), é o preparo do aluno para ser
inserido nas escolas. Ele deve adaptar-se a ela e não há nenhuma perspectiva de que a escola irá
mudar para acolhê-lo. Enquanto a inclusão requer a interação entre as necessidades individuais e as
alterações dos sistemas escolares e sociais. Para ela, o princípio fundamental da educação inclusiva
consiste em que todas as crianças devem aprender juntas. A inserção escolar das crianças com
deficiência desde a educação infantil constitui numa possibilidade de que elas tenham uma trajetória
educacional mais favorável, pois, elas passam a conhecer formas diferenciadas das suas de estar no
mundo e de experimentar situações de aprendizagem mais ricas.
Também na Educação Infantil, o direito de acesso à escola foi conquistado. Como afirmam
Monte e Santos (2004), apesar de ser ainda um direito social relativamente novo no Brasil, ele foi
defendido desde a Constituição Federal de 1988: a criança, desde seu nascimento até os seis anos de
idade, tem o direito de acesso à escola. A LDB (1996) e o Referencial Curricular Nacional para a
Educação Infantil (BRASIL, 1998) colocam a Educação Infantil como a primeira etapa da educação
básica e como objetivo, promover o desenvolvimento integral de todas as crianças, para que se
desenvolvam em todos os aspectos: físico, psicológico, social, intelectual e cultural.
Quando se fala em desenvolvimento integral, fala-se da criança na sua totalidade, pois todos
os aspectos envolvidos em seu desenvolvimento são igualmente importantes. Sendo assim, o seu
desenvolvimento deve ser amplo, atingindo todos os aspectos, pois estão interligados.
No processo da inclusão, a criança deve ser vista por toda a sua dimensão humana, com
possibilidades e desafios para serem vencidos. O foco não está nas dificuldades, limitações e
deficiências. A professora ao respeitar e valorizar o que as diferencia umas das outras, estará
ajudando a construir dentro de suas condições e potencialidades, o conhecimento e a aprendizagem.
Além de estimular a valorização pelas diferenças pessoais.
Algumas professoras querem delegar às professoras da educação especial esta
responsabilidade, como se estas crianças precisassem de um currículo diferenciado. Porém o que o
atendimento especializado tem a oferecer a estas professoras é um atendimento complementar e
suplementar que respeita o tempo e as necessidades de cada um. A aprendizagem acontece para
24
cada um de um jeito diferente, dentro de um tempo e um ritmo diversificado, que vai variar de
acordo com a interação, participação, vivências e experiências de cada aluno numa mesma sala de
aula.
Por isso os primeiros anos de vida de uma criança são extremamente importantes para seu
desenvolvimento. Neste período as conexões cerebrais acontecem de maneira rápida, porém de
acordo com os estímulos vindo do meio em que ela vive. Dessa forma, as interações sociais
contribuem de maneira significativa para impulsionar a atividade cerebral. Experiências positivas
contribuem para o desenvolvimento saudável.
Carvalho (2005) afirma que a proposta da educação inclusiva pressupõe o reconhecimento
das diferenças individuais e a importância do trabalho na diversidade do alunado. Mas que outras
manifestações de diversidade representam também valiosas contribuições para a melhoria das
respostas educativas. De acordo com ela, a diversidade dos profissionais da equipe da educação
infantil é bastante rica, formada por pessoas de diferentes etnias, níveis econômicos e formação
profissional. Desse modo é possível experimentar a riqueza do convívio na diversidade, levando os
alunos a conviverem, construtivamente, com as diferenças existentes entre os seres humanos.
Ela ainda afirma que a educação de qualidade é para todos, por toda a vida, e não está
relacionada somente ao aluno com deficiência, como se vê na maioria dos discursos de educadores.
Em sua opinião, é preciso esclarecer o equívoco de que a inclusão é apenas para pessoas em
situação de deficiência:
Nossas escolas devem melhorar suas condições de funcionamento e suas práticas
pedagógicas para todos, pois não apenas as pessoas em situação de deficiência têm sido
excluídas do direito de aprender e participar [...]. (CARVALHO, 2005, p.30)
25
merecem destaque por contribuírem de maneira significativa para a Educação Inclusiva:
desenvolver uma imagem positiva de si mesmo, atuando de maneira independente e confiante em
suas capacidades, percebendo suas limitações; estabelecer vínculos afetivos e de troca entre adultos
e crianças, para possibilitar a comunicação e a interação social; ampliar cada vez mais as relações
sociais aprendendo aos poucos expor seus interesses e pontos de vista com os outros, aprendendo a
respeitar a diversidade e desenvolvendo atitudes de ajuda e de colaboração.
A escola como espaço inclusivo enfrenta muitos desafios e conflitos, mas que servem de
impulso para novas formas de interação e relacionamentos que se constituem em novos
conhecimentos o que beneficia todas as crianças e adultos do espaço escolar.
Na escola de educação infantil onde atuo como professora, às vezes o discurso em defesa da
inclusão está presente, mas ainda falta muito para que ele se torne ação. Pensando nesta situação
real vivenciada no meio escolar, planejei uma intervenção que pudesse atingir o maior número de
pessoas de toda a comunidade escolar com ações direcionadas às professoras, aos alunos e seus
familiares. Grande parte das ações aqui propostas foram estudadas nos textos de Mantoan (2003),
Lourenço (2010), Inclusão - Revista de Educação Especial (2005), Projeto Escola Viva (2000),
Minas Gerais (2006) e Monte e Santos (2004).
26
3 ELABORAÇÃO DO PLANO DE AÇÃO
Percebo que nos últimos anos, muitos defendem a inclusão de pessoas com deficiência,
principalmente no seu direito de educação. Mesmo assim vemos ações de discriminação de pessoas
por se apresentarem diferente das demais, seja por terem alguma deficiência, ou simplesmente por
terem dificuldades de aprendizagem e apresentarem necessidades especiais. Diante dessa situação,
faz-se necessário estudarmos mais a respeito da inclusão para fazê-la acontecer em nossas escolas.
Ferreira (2005), afirma que a Educação Inclusiva defende que todas as crianças são
especiais. Portanto, todas merecem tudo de melhor. Não só a nossa atenção e cuidado, mas também
o ensino e a aprendizagem. Ela se refere a todas as crianças, com ou sem deficiência. Complementa
dizendo que a escola além de aceitar a todas as crianças, deve combater as várias barreiras que
existem e que as impedem de tornar efetivo o seu direito à educação.
O movimento da educação para todos trouxe para nós temas importantes para serem
debatidos e traz um convite aos profissionais que trabalham no meio educacional: que sejamos
comprometidos com a melhoria da escola e a valorização de cada um. A começar pelos professores,
que são os que lidam diretamente com os alunos por meio de atividades que proporcionem o
desenvolvimento integral da pessoa. Entre eles estão a importância de se investir na formação de
professores, o respeito à diversidade, e as mudanças pelas quais a escola deve passar para responder
as necessidades de todas as crianças.
A inclusão, necessariamente passa pela formação continuada dos professores para que cada
vez mais eles usem estratégias de ensino diversificadas e mais dinâmicas para acompanharem as
crianças de nosso tempo, defende Ferreira(2005). Segundo ela, dessa forma serão reconhecidas
tanto as suas experiências de vida e riqueza pessoal, quanto as suas necessidades e carências.
Passo a relatar a seguir, o conjunto de ações por mim propostas, como foram executadas e a
análise realizada após a ação.
3.1Plano de Ação
Planejei minhas ações a partir das leituras e aprendizagens no curso do LASEB, das
observações que fiz na escola de educação infantil onde atuo e conversa informal com as
professoras no segundo semestre de 2018, no horário das atividades extraclasses. A conversa me
ajudou no planejamento das ações e me inspirou na produção de material que seria posteriormente
usado nos momentos de troca de experiência.
27
3.1.1Primeira ação
Na primeira ação, fiz um levantamento das demandas a partir de conversa informal com as
professoras e com a direção da escola
Assim que percebi qual seria o foco do meu plano de ação, conversei informalmente com
algumas das professoras, em especial com aquelas que tinham em 2018, alunos com deficiência. Fiz
um apanhado a respeito do que elas pensavam sobre a inclusão das crianças com deficiência na
escola, sobre se sentirem preparadas ou não para tal e como lidam com essas crianças no dia a dia.
Estas conversas foram realizadas em diferentes dias letivos do segundo semestre de 2018, no
horário das atividades extraclasses e me inspiraram no planejamento das ações.
Procurei saber quais as professoras tinham alunos com deficiência no turno da manhã em
2018. Conversei com 8, de um total de 10 professoras do turno da manhã e com a direção da escola.
Elas falaram um pouco da experiência que tinham com alunos com deficiência, suas práticas em
sala de aula, dificuldades encontradas para desenvolver seus trabalhos. Perguntei o que elas
pensavam a respeito da inclusão e se percebiam que a cada ano vem aumentando o número de
pessoas com deficiência.
A maioria das professoras relatou sobre as dificuldades que têm com os alunos com
deficiência. Alegaram que geralmente ficam sem saber o que fazer com estas crianças. Pontuaram
que não estão preparadas para ensinar alunos com deficiência e que estão muito preocupadas porque
cada vez mais chegam alunos na escola. Relataram que quando as crianças não conseguem
participar ou acompanhar a atividade planejada, elas ficam brincando num canto à parte ou então
saem da sala com as auxiliares. Consideram que o fato das crianças estarem na escola já é inclusão.
As professoras pontuaram algumas questões: a necessidade em obter mais informação sobre
as doenças e características das pessoas com deficiência antes de receberem os alunos; que é preciso
que a família aceite e compreenda que sua criança tem uma deficiência, que busque se informar
sobre ela e conhecer seu próprio filho; a importância de a família relatar a orientação dada pelos
médicos; disseram ser indispensável à ajuda da gestão e da prefeitura promovendo encontros
deformação na própria escola; ressaltaram a importância da formação ser dirigida por alguém que
tenha conhecimento e experiência na área. Algumas falaram que o ideal seria termos orientação por
parte da secretaria de educação, bem como uma rede de apoio formada por especialistas como
psicólogos, terapeutas, fonoaudiólogos, etc., que todas pudessem contar com a parceria da família
no processo escolar de seus filhos.
Analisando esta primeira ação, constatei que muitas pessoas se sentem inseguras e
despreparadas para lidar com a inclusão das crianças com deficiência na escola. O medo de não
28
conseguirem lidar com o aumento do número de alunos com deficiência na escola acaba por colocá-
las numa posição contrária à inclusão. Algumas profissionais da educação falam da necessidade de
formação, mas quando é apresentada a elas a possibilidade de fazer um curso na área, elas optam
por não participar.
Verifiquei que o jeito de lidar com as situações de dificuldades referentes à inclusão das
pessoas com deficiência muitas vezes contribui para a redução da exclusão escolar. Antes a
exclusão era da escola, hoje a exclusão é na escola. Uma vez tomada a decisão da perspectiva da
educação inclusiva a escola deve levar em conta que incluir significa fazer parte. Rever as práticas,
modificar o currículo para que se atenda a diversidade dos alunos e garantir uma educação de
qualidade, faz parte da escola que é inclusiva.
Algumas falas, como o pedido por médicos e especialistas nas escolas ainda é reflexo do
modelo médico de deficiência que foi enraizado ao longo da história. Muitas vezes o que predomina
é o olhar para a deficiência e as limitações oriundas dela.
O sentimento de impotência e incapacidade demonstrada quando dizem que não estão
preparadas, parece refletir a formação que tiveram. A ausência de uma capacitação que forneça
instrumentos para que possam atender às necessidades específicas dos alunos contribui para que
falem sobre o despreparo. Porém, é sabido que várias professoras são sensíveis às condições dos
alunos com deficiência e buscam mudar sua prática, vencendo as barreiras que encontram pelo
caminho. Existem alunos sem deficiência, que apresentam um grau alto de dificuldade em
desenvolver certas habilidades, cujas professoras utilizam de várias estratégias para alcançá-los e
eles respondem positivamente. É sabido que as crianças são aprendizes ativos, tenham ou não
deficiência. Percebo isso nas professoras que promovem condições para que o aluno faça uso das
habilidades que ele tem mais desenvolvidas, ou seja, de suas potencialidades. Professoras que
buscam diferentes recursos para que ele se desenvolva a partir das situações que lhe são
motivadoras. É positivo quando uma professora desloca o olhar da deficiência para as
potencialidades dos alunos. Esse tipo de atitude faz parte da nossa profissão.
3.1.2Segunda ação
Na segunda ação foi feita uma exposição sobre o tema inclusão, por Alexa Fabrino Taves,
membro da equipe de apoio à inclusão da regional Venda Nova no ano de 2018.
Esse encontro com a Alexia seria em novembro de 2018, porém um incidente fez com que o
encontro fosse adiado. Ele foi então remarcado e aconteceu no dia 01/02/2019, e contou com a
presença de todas as professoras da escola dos turnos da manhã e da tarde. Teve como objetivo
29
levar à reflexão sobre “A Inclusão Social na Educação Infantil” e também motivar e inspirar a
equipe a adotar o tema inclusão como projeto institucional.
Alexa fez uma palestra tendo como suporte o PowerPoint com imagens e textos que
mostraram o caminho percorrido pela inclusão social das pessoas com deficiência. Apresentou um
vídeo para sensibilizar as professoras: “Dê uma ajudinha a si mesmo” e abriu espaço para perguntas
e comentários. Entre os comentários feitos por algumas, me chamou a atenção a confusão no uso
dos conceitos inclusão e integração, a presença de expressões “aluno de inclusão”, “deficiente”,
“incapaz”, e certo desconforto ao falar sobre inclusão.
Após este momento de conversa com a palestrante, apresentei a sugestão para a escolha do
projeto institucional. Falei que o objetivo era o de promover a inclusão na nossa escola, em especial
a inclusão das pessoas com deficiência. Fizeram-me algumas perguntas, como por exemplo: “Mas
quando você fala em inclusão é de todos os alunos, né? Negros, por exemplo, ou só das crianças
com deficiência?” Eu fiz o seguinte comentário “Quando falamos em inclusão, falamos de todos,
mas gostaria que déssemos ênfase àqueles que têm deficiência para que também estes sejam
tratados como pessoa, como nosso aluno”.
3.1.3Terceira ação
No início de cada ano letivo, a gestão reúne com as professoras para a escolha de um tema
que será desenvolvido nas atividades com os alunos ao longo do ano. No início desse ano, foi feita a
votação para o tema do projeto institucional da EMEI Itamarati 2019. Dentre outros temas
sugeridos por diversas professoras, apresentei minha proposta. Iniciei minha fala nesse encontro
expondo sobre a minha trajetória pessoal como professora e como estudante do LASEB. Mencionei
a respeito da oportunidade que tive ao me inscrever na pós-graduação na área da educação inclusiva
e como as aulas me sensibilizaram ainda mais pela causa. Comentei sobre as reflexões que surgiram
a partir da troca de experiências entre as colegas de turma e as nossas professoras, além das
informações e conhecimentos que norteiam nossa prática. Falei que o curso pede que façamos um
plano de ação para ser aplicado na escola e o meu plano incluía toda a comunidade escolar.
Comentei sobre o aumento do número de alunos com deficiência na escola. Ressaltei a importância
em buscar melhorar a prática de sala de aula, considerando a diversidade de alunos e o direito de
cada um estar na escola, participar, aprender e conviver com os demais.
Durante a exposição da minha proposta, falei que entendo o fato de que muitas vezes nos
sentimos despreparadas para cuidar e ensinar as crianças com deficiência. Comentei que às vezes
acreditamos ser difícil ou até mesmo impossível a inclusão das crianças com deficiência diante das
30
dificuldades, mas que também outras crianças nos apresentam desafios e buscamos diferentes
estratégias para superá-los, ajudando nossos alunos a se desenvolverem. Por último recordei um
fato que aconteceu na última mostra cultural da escola. O tema da mostra era arte. Uma das
professoras desenvolveu seu projeto sobre a arte rupestre. Ela fez um cenário na parede com um
enorme dinossauro em alto relevo, feito com papel, proporcionando a mãe de um aluno, que é cega,
o prazer de participar da exposição e compreender por meio do tato o trabalho desenvolvido com os
alunos. Esse fato foi realmente muito importante para o aluno e sua mãe. A participação da mãe e
comentários seguintes a este acontecido me tocou profundamente e me levou a pensar que nós ainda
não havíamos atentado para este tipo de trabalho inclusivo.
Além de todas estas questões, quis incentivá-las dizendo que tenho aprendido por meio do
curso de pós-graduação que é possível ensinar as crianças com deficiência utilizando as diversas
estratégias e ferramentas que usamos na educação infantil. Sendo necessário fazer somente algumas
adaptações e buscar mais informações para ajudar no processo. Portanto é possível sim promover a
inclusão na EMEI, mas ninguém faz inclusão sozinha. Terminei pedindo o apoio neste projeto.
Foram dadas outras sugestões para o projeto institucional, entre elas os seguintes temas:
“valores”, “diversidade”, “curiosos por natureza”. Fizemos a votação, e o tema inclusão foi
aprovado com dois votos a mais que o segundo tema: curiosos por natureza.
A partir da escolha do tema, cada professora ficou encarregada de construir e desenvolver o
projeto com a turma. O planejamento das professoras incluía atividades em sala, histórias,
brincadeiras, jogos, músicas, atividades, registros, entre outros, painéis nos corredores e no hall de
entrada. A cada 15 dias acontecia uma apresentação de uma das turmas da escola no formato de
teatro, história, música e/ou dança para toda a escola assistir. Em setembro de 2019, como
culminância do projeto institucional, cada turma expôs o trabalho realizado ao longo do ano.
Algumas fotos tiradas no dia da Mostra Cultural se encontram no Apêndice H. Soube que as
professoras que apresentaram mais dificuldades em aderir ao tema na época da votação, refizeram
algumas vezes o projeto da turma porque o que tinham feito não abordava o tema. A direção se
encarregou de providenciar vários livros para servir de apoio e auxiliá-las na construção do plano.
Entre eles: “Cada um no seu lugar”, “Bem me quero, bem me querem”, “De todas as cores”,
“Coração de galinha”, “Voe, Mitzi, voe”, “A ovelha rosa da dona Rosa”, etc. A direção e
coordenação promoveram algumas reuniões falando da importância do projeto. Em alguns
momentos foram feitos questionamentos a respeito do resultado da votação. Essa situação se
arrastou por alguns meses no primeiro semestre, mas com o tempo, elas aderiram e mudaram de
atitude. Foi possível perceber o esforço nas atividades expostas na Mostra Cultural em setembro de
31
2019. O mais importante para mim, foi deixar de ver crianças isoladas pela escola. As crianças com
deficiência ganharam mais espaço e passaram a ser mais incluídas e respeitadas.
As professoras que desde o início apoiaram o tema do projeto institucional se empenharam
diariamente. Buscaram diferentes formas de tratar do assunto com as crianças. Fizeram
apresentação de danças com músicas que falavam de como, por exemplo: “Ninguém é igual a
ninguém”, “De toda cor”, “Normal é ser diferente”, “Você não é igual a mim, eu não sou igual a
você”, etc. Lindos painéis feitos pelos alunos a partir de livros infantis como: “De todas as cores”,
“A Ovelha da Dona Rosa”, que abrangem assuntos como: o valor da diversidade, o respeito pelas
diferenças, diferenças raciais e culturais, a importância da amizade, da solidariedade, entre outros.
A exposição dos trabalhos na Mostra Cultural demonstrou o envolvimento de cada
professora e a participação dos alunos o que fez com que valesse à pena cada dificuldade que
encontrei. A comunidade ficou admirada e também sensibilizada ao ver os trabalhos expostos e
demonstrou por meio de comentários e elogios durante o evento “estamos encantados com o
trabalho desenvolvido na escola este ano”, “meu filho disse que não podia faltar de jeito nenhum
porque era muito importante ver os trabalhos”, “minha filha amou a mascote e aprendeu muito
sobre o respeito”. Os visitantes se mostraram interessados pelas atividades realizadas, apreciaram
painéis, assistiram a vídeos e apresentações das turmas. Além dos belos trabalhos dos alunos
pudemos contar com a participação do grupo “Superar” que fez uma bonita demonstração de
superação. Jovens com paralisia cerebral fizeram apresentação de patinação artística e de uma
rodada de jogo “tal” em cadeiras de rodas. Mostraram que é possível aprender desde que sejam
estimulados e tenham alguém disposto a ensiná-los.
Na quarta ação realizei três dias de encontros com as professoras do turno da manhã e do
turno da tarde, um dia em cada mês, em sete horários diferentes ao longo de cada dia, aproveitando
o horário extraclasse de cada uma. Escolhi diferentes estratégias e materiais para estimular a
conversa: apresentações em slides, vídeos, músicas e dinâmicas5. Tive como objetivo promover
uma reflexão sobre nossa prática pedagógica e a partir desta despertar nas professoras o desejo por
atitudes e práticas inclusivas no dia a dia da escola, principalmente com as crianças com
deficiência.
5
O material se encontra no apêndice deste trabalho.
32
Iniciei todos os encontros falando para as professoras que eu estava ali para um bate papo e
troca de experiência. Em cada encontro um tema específico foi abordado. No primeiro encontro o
enfoque foi sensibilizar as professoras a respeito da educação inclusiva. No segundo encontro o
objetivo foi diferenciar os termos inclusão e integração na educação inclusiva. No terceiro encontro,
apresentar estratégias para a promoção da inclusão escolar. No final deste último encontro,
apresentei um questionário para as professoras avaliarem os encontros.
Para minha organização fiz o seguinte modelo de esquema que foi usado em todos os
encontros:
O primeiro encontro teve como tema a Educação Inclusiva. Ele foi realizado dia 02/05/2019
ao longo dos dois turnos, manhã e tarde, com um grupo diferente de professoras a cada hora. Contei
também com a presença da direção e vice-direção, da coordenação, secretárias e auxiliares da
educação infantil. Tive como objetivo sensibilizar as professoras a respeito da Educação Inclusiva.
Após apresentação inicial, assistimos ao vídeo “Por que Heloísa?”6.O curta-metragem em
animação baseado no livro de mesmo título, conta a história de uma menina que nasceu com
paralisia cerebral e os desafios que ela encontra para viver num mundo cheio de barreiras. Este
vídeo é fruto de um convênio entre a TV Cultura e a Secretaria dos Direitos da Pessoa com
Deficiência e tem por objetivo ensinar as crianças o conceito de inclusão.
6
O vídeo “Por que Heloísa?” é um curta metragem produzido pela Secretaria dos Direitos da Pessoa com
Deficiência do Estado de São Paulo. Ele pode ser assistido no seguinte link:
https://www.youtube.com/watch?v=f5vNAwmgZU4
33
Em seguida abri espaço para o bate papo sobre o desenho, tendo como norte as seguintes
perguntas: Que história o vídeo nos apresentou? O que mais chamou a sua atenção? Heloísa era
igual ou diferente das demais crianças? O que vocês notaram nas situações vivenciadas por ela?
Como foi a acolhida da Heloísa por parte das crianças e da professora? Ela encontrou alguma
dificuldade nos ambientes por onde ela passou? Heloísa encontrou quais tipos de desafio?
Após o bate papo, passei o vídeo com a imagem de alunos dos dois turnos da escola,
participando de várias atividades em diferentes ambientes. Propus pensarmos sobre como vem
sendo a inclusão de nossas crianças. Lancei as seguintes perguntas para refletirem: Podemos dizer
que as crianças com deficiência que fazem parte da nossa escola estão sendo incluídas? Vocês
acham que alguma coisa poderia ser diferente para que as crianças sentissem ainda mais incluídas
na EMEI Itamarati?
Encerrei agradecendo e anunciei o tema do próximo encontro – inclusão e integração. Como
mensagem final, levei um vaso de planta e pedi para observarem. Esta planta tem uns brotinhos
minúsculos no contorno de suas folhas. Mostrei como caem facilmente. Expliquei que o fato deles
caírem garante o nascimento de outras plantas como aquela. Perguntei: Vocês topam ser como esta
planta e fazer o possível para que nossos alunos sejam como estes brotinhos a espalhar atitudes
inclusivas por onde passarem?
Ao analisar o encontro com as professoras, percebo que foi um sucesso. Contei com o
auxílio da coordenação geral o tempo todo que se dispôs a ficar por conta de ligar e ministrar a
aparelhagem: TV, PC e som e de registrar a conversa com as professoras. De um total de 40
pessoas, a maioria participou efetivamente. No turno da manhã três professoras se atrasaram,
chegando ao final do vídeo e destas, duas não se pronunciaram durante o bate-papo; uma professora
da tarde não quis participar. As demais professoras participaram do bate-papo e em suas colocações
elogiaram o vídeo “Por que Heloísa” alegando que ele deixa clara a proposta da inclusão. Elas
assistiram aos dois vídeos com bastante interesse e atenção e falaram sobre alguns aspectos que
relato a seguir.
Pude observar os seguintes aspectos nas falas das professoras com relação à importância da
inclusão e sobre como ajudar o aluno que com deficiência a se sentir parte do grupo de alunos:
Professora A: “Temos que estimular a criança com deficiência a fazer do jeito dela, participando
das mesmas atividades dos colegas”. Professora B: “Quando tenho dúvidas, procuro ler algo, fuçar
a internet para descobrir o que posso fazer para ajudar a criança a participar”. Professora C: “Utilizo
a estratégia de bater palmas todas as vezes que um colega que antes tinha dificuldades avança
superando os obstáculos”. Professora D: “Precisamos enxergar as potencialidades das crianças e
incentivá-las”.
34
Com relação a estarem abertas ao princípio da inclusão, constatei que algumas professoras
apresentam certa resistência, mesmo tendo ciência da legislação. Custódio (2018) diz que há uma
distância entre as leis que amparam a inclusão e a prática real nas escolas. Professora A: “Tem
crianças que não vão aprender nada, mas temos que fazer a nossa parte”. Professora B: “[...] aceitar
as crianças com deficiência na escola e fazer o que for possível”. Franco (2019) trata da falta de
conhecimento por parte da maioria das professoras, o que reforça a exclusão. Professora C: “Sem
auxiliar é muito difícil, porque estas crianças são agitadas. Nós não estamos preparadas para
trabalhar com crianças com deficiência. Sentimos medo e insegurança”. Professora D: “Sabemos
que todas as crianças têm alguma dificuldade e precisam ser incluídas, mas é difícil”. Porém, em
relação a esse aspecto, é possível ver abertura por parte de outras: “Temos que aprender com as
crianças, elas brincam, brigam, batem, tomam brinquedo e depois voltam a brincar juntas, isso
acontece com todas elas, do mesmo jeito”. Professora E: “Devo contribuir da melhor forma para
que minha aluna com deficiência participe das atividades propostas, assim como os outros”.
Durante as falas, percebi que muitas vezes os conceitos: inclusão/integração são usados
como sinônimos. Mantoan (2003) afirmou que os dois conceitos têm significados semelhantes, mas
que são usados para situações diferentes. Sassaki (2005) alegou que os dois termos são usados com
diversos sentidos, confirmando o desconhecimento do significado do conceito. Professora A: “A
criança com deficiência tem dificuldades para se adaptar com os outros também. Tem dificuldade
de integração ao meio onde está inserido”. Professora B: “Se elas não conseguem acompanhar a
turma ou não querem participar da atividade em que eles estão fazendo, não vejo problema entregar
a elas uma coisa de que gostam para brincar no canto da sala, elas já estão incluídas na
escola”.Mantoan (2005) afirma “[...] valorizamos os alunos que correspondem a um modelo
idealizado artificialmente e desconsideramos e excluímos os que não conseguem corresponder a
ele”. Com relação a este aspecto, percebi que tem professoras que possuem atitudes inclusivas,
como a fala da professora C: “Não queremos ser notados pela diferença, mas sim pelo que temos de
belo. Ver o belo em cada criança é incluir a todos independente de suas diferenças”.
Observei também que muitas demonstraram fortemente a influência do modelo médico de
inclusão em suas falas, conforme Sánchez (2005) e Franco (2019) explicam a respeito. Fala A: “Às
vezes colocamos a deficiência antes da pessoa. Como mostra o vídeo “Por que Heloísa?”, o que
primeiro chamou a atenção é a paralisia de Heloísa, depois veio o conhecimento de suas
características. Acontece”. Fala B: “Percebi que logo no início do desenho o colega diz:
‘coitadinha’ e que os adultos também dizem. Às vezes não é por mal e é difícil dizer para os alunos
não reagirem assim porque até nós falamos”. Nas falas seguintes é possível perceber como está
enraizado na sociedade o modelo médico de inclusão. O desejo que o atendimento médico venha
35
para o espaço da escola, cujo trabalho na verdade é pedagógico. Fala C: “Eu tenho um primo com
síndrome de Down. A política acabou com a escola especial. Lá era bom por causa do atendimento
com os especialistas”. Fala D: “Na escola especial estas crianças tinham atendimento especializado,
eram marginalizadas, mas tinham. Hoje estas crianças estão na escola regular, estão incluídas, mas
sem acesso aos atendimentos especializados”.
Sobre o vídeo com a imagem dos nossos alunos, as professoras ficaram encantadas ao ver
nas imagens seus alunos participando das atividades. Algumas comentaram o fato de algumas
crianças ficarem separados dos colegas. Disseram que não se atentaram para a situação e se
atentaram para a necessidade de buscar novas estratégias para envolver a todos os alunos. Algumas
quiseram justificar o fato, mas percebi certo desconforto com a situação.
No momento final, comentaram do interesse em saber mais a respeito da educação inclusiva
e querem participar de outros momentos que tratam do assunto, como nos encontros realizados na
“Escola de Pais”7. Algumas falaram da necessidade de encontros mais práticos com sugestões de
atividades para realizar com as crianças (este foi o tema do encontro seguinte). O tempo foi curto,
as pessoas participaram bastante, porém cumpriu a função proposta. Ao final do encontro em alguns
horários, com o envolvimento intenso das professoras, tive que encerrar o assunto para evitar o
atraso delas para a sala de aula e não conflitar com a chegada do grupo de professoras do horário
seguinte. Ao saírem da sala a maioria agradeceu e elogiou a possibilidade do encontro e a
metodologia usada. Encerrei deixando o convite para o próximo encontro.
3.1.4.2Segundo encontro
O segundo encontro teve como tema a Inclusão e a Integração. Ele foi realizado dia
16/05/2019 ao longo de todo o dia, com um grupo diferente de professoras a cada hora. Contei
também com a presença da direção e vice-direção, da coordenação, secretárias e auxiliares da
educação infantil. Tive como objetivo diferenciar os termos integração e inclusão, usados na
educação inclusiva.
Propus para este encontro uma dinâmica seguida de reflexão sobre a experiência vivenciada.
Criei e apresentei slides, que podem ser vistos no Apêndice A, contendo características de escolas
com tendência à inclusão e de escolas que tendem à integração, tendo como último slide uma
imagem que ilustra os conceitos discutidos no encontro: exclusão, segregação, integração e
inclusão.
7
Escola de Pais: encontro realizado na escola com pais e professoras com temas pertinentes ao momento. Tratarei
desse assunto no relato do próximo plano de ação.
36
Após apresentação da proposta do encontro, expliquei a dinâmica “Um estranho no ninho”8.
Como algumas pessoas costumam se atrasar um pouco para chegar ao encontro, a pessoa que
chegou por último ficou no papel do “estranho”. Quando ela entrou na sala, o grupo já estava em
roda e imediatamente quando ela tentou entrar na roda, as demais executaram o combinado de
impedirem a sua entrada.
Assim que terminamos a dinâmica iniciei a conversa perguntando para a professora que
ficou de fora como foi participar da brincadeira. Se ela conseguiu compreender o funcionamento do
grupo. O que ela sentiu ao tentar várias estratégias e não conseguir participar da roda. Em seguida
perguntei às outras professoras como foi estar neste grupo fechado impedindo a entrada daoutra
colega.
No primeiro grupo, a participante que fez o papel do “estranho”, ficando de fora do círculo,
disse que quando entrou na sala e viu as colegas em círculo, se sentiu mal por ter sido a última
pessoa a chegar, se sentiu excluída. Ela não sabia o que fazer para entrar no círculo. Depois de um
tempo esperando que as colegas abrissem espaço para ela, desistiu de esperar e fez cócegas numa
colega com o intuito de impedi-las de manter o círculo fechado. Assim foi como conseguiu entrar
no grupo. As demais participantes que estavam formando o círculo, a princípio acharam legal e
engraçado, mas com o tempo elas começaram a ficar incomodadas. Quando a colega começou a
fazer cócegas em uma delas, o círculo se abriu. Uma pessoa pontuou: “É preciso que alguém se
sinta tão incomodada a ponto de dar abertura para que a colega entre”. Enquanto outra afirmou que
estava o tempo todo preocupada, com medo da colega entrar no círculo. Por isso ficou o tempo todo
pensando em como impedi-la de entrar na roda.
Terminado os comentários, apresentei os slides sobre integração e inclusão, deixando a tela
o desenho que ilustra a integração e a inclusão. Fiz a seguinte pergunta: “Que relação tem a
dinâmica que vocês participaram com esta imagem?” O grupo comparou a dinâmica com a
imagem9. Disseram que tínhamos representado duas daquelas imagens: a da exclusão e a da
integração.
No segundo grupo, quem ficou de fora do círculo relatou que quando entrou na sala e viu as
colegas em círculo achou muito ruim. Ela percebeu que as outras estavam conversando e que
ninguém estava dando atenção a ela, ficando com uma sensação muito ruim por estar de fora do
grupo. A fez lembrar-se de quando era adolescente e queria fazer parte de um grupo de
8
Dinâmica: “Um estranho no ninho”. Nesta dinâmica, uma pessoa fica de fora do grupo do lado de fora da sala.
Enquanto isso as outras pessoas formam um círculo e combinam entre elas de não deixarem a que está de fora
entrar no círculo. A que está de fora vai tentar furar a barreira por uns minutos para fazer parte do grupo.
9
A imagem 11 que se encontra no Apêndice 1, ilustra a exclusão, a segregação, a integração e a inclusão.
37
adolescentes, mas que os colegas não a deixavam entrar e fazer parte deste grupo. Na dinâmica ela
forçou até que as outras abriram espaço. O comentário dela foi: “Você ser incluído por ter forçado a
entrada é muito ruim. Seria muito melhor ter sido convidada para fazer parte. É como acontece a
inclusão hoje... as leis estão aí forçando esta entrada, mas a inclusão forçada é ruim”.
As demais participantes ficaram bastante concentradas na conversa, ignorando
completamente a colega que estava de fora. Uma delas sensibilizada pela colega que ficou de fora,
pediu para as outras abrirem espaço na roda e deixarem-na entrar. Mas o grupo não aceitou. Com o
tempo elas afrouxaram um pouco e a colega rompeu a barreira e entrou. Quem ficou de fora do
círculo no terceiro grupo disse: “É horrível querer fazer parte de um grupo e não deixarem entrar.
Querer participar e te deixarem de fora. A sensação foi péssima porque ninguém permitiu. Quando
as pessoas não querem que você participe de algo, não deixam mesmo. Eu tentei de todo jeito: ir
pelo lado pessoal, emotivo e não consegui. Quando percebi que não tinha mais como tentar, que eu
não iria conseguir, desisti”.
Sobre os slides: O grupo conseguiu assimilar a segregação às Escolas Especiais, Instituto
São Rafael e outros. Sobre a integração relataram o que acontece ainda hoje. Segundo elas, pessoas
com deficiência estão sendo forçadas a entrar nas escolas comuns, por isso ainda é um grupo
separado. Alguém comentou este ser o direito destas pessoas, fazer parte do todo.
Uma das participantes que havia formado o círculo comentou angustiada que sentiu vontade
de deixá-la entrar, mas como o grupo combinou de não deixá-la entrar na roda, fez como as outras,
não abriu espaço para a colega. Ela não podia deixar de cumprir a regra. Completou: “Às vezes a
gente segue regras sem refletir o que elas representam”. Sobre os slides e imagem apresentada
falaram que ainda prevalece a integração, mas estamos caminhando para a inclusão. Uma falou “já
é possível ver a inclusão das pessoas com deficiência em alguns lugares”.
No quarto grupo quem fez o papel do “estranho” disse: “É muito ruim, você fala, mas
ninguém te ouve. No início não me deram brecha. Eu tentei entrar na roda e as pessoas fingiram que
não estavam me ouvindo. Mas eu persisti e fiquei muito feliz ao conseguir. É preciso superar os
desafios que encontramos para entrar no grupo”. As demais participantes ficaram incomodadas, mas
não o suficiente para abrirem espaço para a colega entrar. Continuaram no lugar seguindo a regra.
Uma das pessoas afirmou que virava o rosto para o outro lado só para não ter que olhar a colega
tentando entrar. Outra disse que se sentiu muito mal por ajudar a manter o círculo fechado.
A respeito dos slides apresentados e a pergunta feita comentaram que antes era isso que
acontecia, as pessoas com deficiência eram deixadas de fora, colocadas em Escolas Especiais e
instituições de caridade. Mas agora algumas pessoas fazem de tudo para a inclusão. Apesar de ainda
predominar a integração.
38
No quinto grupo, a pessoa que ficou de fora do círculo disse que não gostou de ficar de fora
porque é muito ruim. Ele se sentiu triste e preocupada. As outras participantes relataram que se
sentiram divididas em duas opiniões. Enquanto umas acharam divertido deixar uma colega de fora,
inclusive riram bastante, outras se sentiram muito incomodadas dizendo que não era apropriado
deixar a colega de fora porque a pessoa se sente rejeitada e isso muito ruim.
Sobre a pergunta e a imagem apresentada uma professora comentou ser costume das pessoas
separar quem tem característica diferente. Outra afirmou que isso acontece nas escolas, inclusive na
nossa. Deu exemplo de algumas crianças que ficam de fora das atividades que são propostas pela
professora.
No sexto grupo, quem ficou de fora do círculo falou: “Me senti excluída. Queria muito
entrar na roda e fazer parte do que elas estavam fazendo, mas eu não sabia como. Apenas sabia que
se eu tentasse entrar à força não daria certo porque o grupo estava muito fechado. Então fiquei ao
lado do grupo fazendo uma cara de coitada até conseguir convencê-las a me colocar para dentro”.
De fato, uma das colegas pediu às outras para a deixarem entrar. As demais acataram a ideia porque
disseram que só conseguiam pensar no que fariam caso tivessem ficado de fora.
Sobre a pergunta e os slides as professoras afirmaram que ficou claro o caminho trilhado
pela inclusão até agora. Há muito tempo atrás, matavam as crianças que nasciam com alguma
deficiência. Depois passaram a permitir que elas continuassem vivas, porém as escondiam em casa.
Então começaram a surgir as Escolas Especiais para onde elas eram levadas, e que agora elas estão
nas escolas regulares no meio das outras crianças. Comentaram também que a integração e a
inclusão andam juntas.
No último grupo, quem ficou de fora do grupo disse: “Fiquei com medo de machucar as
pessoas, por isso não usei de força, mas é muito ruim o sentimento de não pertencer ao grupo, não
ser incluída”. Uma das pessoas que estava formando o círculo estava torcendo para terminar logo
porque se sentia agoniada por ver a colega de fora. Outra comentou que se fosse ela a pessoa
escolhida para ficar de fora, ela teria ido embora. Não iria participar.
Diante dos slides apresentados uma afirmou que quando a pessoa não se enquadra, ela é
automaticamente colocada de lado, fica de fora mesmo. Era assim que acontecia antigamente:
exclusão total. Outra completou dizendo que na integração a pessoa não se sente pertencente ao
grupo, só está lá no mesmo lugar que as outras
Por último propus fazer uma reflexão sobre as crianças com deficiência na escola. Como é
que é a tentativa destas crianças de entrar num grupo, seja a sala de aula, seja num grupo de
crianças que são chamadas de normais. Se existem dificuldades ou não. Se elas poderiam pensar em
estratégias para facilitar o processo de adaptação e participação das crianças com deficiência.
39
No modelo de integração, representado nesta dinâmica a pessoa chega, ela é estranha, e tenta
entender quais são as normas, as regras do grupo e tenta fazer parte. O movimento para que ela faça
parte do grupo é totalmente dela e o grupo vai colocando barreiras para que ela não consiga fazer
parte deste grupo. Ela vai ser julgada pelas tentativas de fazer parte deste grupo. No modelo de
inclusão, o grupo se modifica se prepara para acolher o outro, o estranho, as diferenças.
Terminei convidando a todas para o próximo encontro, cujo objetivo seria apresentar
sugestões de estratégias que nos auxiliam na inclusão. Como mensagem final, apresentei um vídeo
tendo como fundo a música “Se é pra amar”.
3.1.4.3Terceiro encontro
O terceiro encontro teve como tema estratégias para promover a inclusão. Ele foi realizado
dia 04/07/2019 ao longo de todo o dia, com um grupo diferente de professoras a cada hora. Contei
também com a presença da direção e vice-direção, da coordenação, secretárias e auxiliares da
educação infantil. Tive como objetivo apresentar estratégias que promovem a inclusão escolar.
Apresentação da proposta do encontro cujo objetivo é perceber que ao utilizar as estratégias
de ensino da educação infantil, que já fazem parte do nosso dia a dia, podemos promover a inclusão
de todos os alunos, sem ou com deficiência. Em seguida Passos do encontro: dinâmica do jornal10,
reflexão a partir da dinâmica,
Realizei a dinâmica com 7 grupos diferentes de professoras, ao longo do dia. Após a
dinâmica lancei algumas perguntas que serviram de base para a reflexão: o que foi combinado?
Vocês dobraram o jornal? Eu disse aonde o jornal deveria ser dobrado? Por que tem gente que
dobrou exatamente aonde tinha a marca? Por que teve gente que dobrou em outros lugares?
Conversamos sobre a decisão de cada uma diante da ordem dada: dobrar o jornal e de como isso
influenciou o resultado final.
Todas as participantes receberam o mesmo material, escutaram o mesmo comando e tiveram
o mesmo tempo para a realização da tarefa. Isso levou a refletir que ainda que todas tenham tido a
mesma oportunidade, o resultado depende da interpretação de cada uma, sua criatividade e
10
Dinâmica “Dobrando o Jornal”: Cada uma das professoras recebe uma folha inteira de jornal. Explico que vou
colocar uma música e ao som dela cada uma vai dançar em cima do jornal. Quando a música parar, elas vão
escutar um comando meu e realizá-lo. O meu comando sempre será o mesmo: para dobrarem o jornal (cada uma
dobrará o jornal como quiser). Algumas provavelmente dobrarão exatamente onde tem a marca do jornal. Outras
dobrarão de maneira diferente. Principalmente depois de perceberem que terão que continuar a dançar em cima
dele, mesmo depois de dobrado. Depois de repetir a ordem umas três ou quatro vezes, observarei se alguém ainda
permanece no em cima do jornal e se tem alguém com parte dos pés fora do jornal.
40
empenho para a realização da tarefa. Cabendo a cada uma fazer o seu melhor com o que tem para
alcançar o objetivo.
Alguns grupos dobraram totalmente o papel ficando com metade ou boa parte dos pés para
fora. Questionei a cada uma delas o porquê de terem dobrado do jeito que dobraram. Algumas
respostas: “Eu fui na marca porque era mais fácil”; “Achei que todo mundo ou pelo menos a
maioria fosse seguir a marca”; “Você não disse como era para dobrar”; “Eu percebi que se
continuasse dobrando ao meio eu não conseguiria permanecer em cima do jornal”; “Quando vi
minha colega dobrando diferente, achei que devia fazer o mesmo”; “Se você disse que deveria ficar
em cima do jornal, então meus pés tinham que caber nele”; “Dobrei tudo de uma vez para não ter
que ficar pegando no jornal”; “Não vejo problema de ter seguido a marca, se daria certo”; etc.
Isso levou às seguintes reflexões: “A mudança requer nova atitude”; “A criatividade é algo
importante”; “Copiar o que o colega fez e que está dando certo é uma boa”; “Fazer diferente às
vezes é a solução dos problemas”; “Desde que a mesmice não atrapalhe a realização, não há mal
nenhum em continuar fazendo o que já se faz”; “Não existe certo ou errado, cada um tem a
liberdade de escolha em fazer as coisas darem certo”; “Ficar aflita só nos faz ficar perdida, sem
saber o que fazer”; “Poder pedir ajuda é bom e às vezes muito necessário”.
Após a conversa, passei alguns slides que produzi e que podem ser vistos no Apêndice B,
contendo alguns pontos importantes. Fiz um apanhado geral em materiais diversos que orientam
questões como organização da sala, utilização de rotina, etc. Busquei estratégias que pudessem nos
ajudar, mas descobri que não existe uma receita pronta, as estratégias e ferramentas que dominamos
e utilizamos na Educação Infantil não só podem como devem ser usadas em favor da inclusão.
Ao ler os slides, deixei aberto para comentários, dúvidas e questionamentos. À medida que
fomos lendo e conversando sobre os tópicos, as professoras perceberam que é preciso colocar em
prática o que já sabem, fazendo algumas adaptações de acordo com a demanda e necessidade de
cada aluno. Perceberam que podem utilizar do conhecimento adquirido ao longo dos anos através
da formação, dos estudos e das experiências vivenciadas em sala de aula para promover a inclusão
na educação infantil.
As professoras aprovaram os tópicos abordados nos slides e participaram bastante inclusive
dando exemplos do que já vivenciaram em sala de aula. Os comentários foram diversificados.
Algumas realmente esperavam por dicas precisas e pontuais, como se existisse uma ordem a ser
seguida. Observei isso em algumas falas: “Eu já sabia que não teria o passo a passo”; “Na teoria
tudo é lindo e dá certo”; “Essas coisas eu já faço”. Outras perceberam o quanto é importante se
apropriar das ferramentas usadas na Educação Infantil e usá-las a favor da inclusão de todos os
alunos nas mais variadas situações. Elas comentaram: “Precisamos estudar de novo para relembrar
41
o que já sabemos”; “Saber é uma coisa, fazer é outra, está na hora de colocar em prática”; “Para que
na prática dê certo, é preciso fazer dar certo”; “Não tem receita porque cada um é de um jeito, mas
ficar de braços cruzados vendo as crianças sendo excluídas, não dá”; “Preciso começar a fazer estas
coisas de novo porque é bom para todos os alunos”; “usar o que temos para fazer o melhor por
eles”; “precisamos colocar em prática o que sabemos e buscar mais informações ou até mesmo
ajuda, porque não sabemos tudo”.
As professoras que se mostraram insatisfeitas foram relativamente poucas, diante do número
de participantes, uma média de 45 pessoas por dia. Mostraram-se assim ou porque esperavam por
uma “receita” e achavam que eu iria chegar com dicas diferentes das que são próprias da Educação
Infantil ou porque de certa forma não acreditam na inclusão escolar. Destas poucas, algumas
tornaram a falar da falta de preparo, falta de apoio do AEE e de material apropriado para ser usado
com as crianças com deficiência.
No encerramento, passei um vídeo com a música Bem-vindo11deixando a seguinte
mensagem: A inclusão é direito de todos, mas também tem a ver com amor. Não tem receita, é
preciso acreditar e fazer sua parte porque tudo se ajeita. A inclusão diz respeito a amar-se primeiro e
deixar que este amor brote e se espalhe pelos outros.
Ao final deste terceiro encontro, expliquei para as professoras que eu ia produzir uma
cartilha com a participação dos alunos da escola e seus familiares. Pedi a colaboração delas,
incentivando aos alunos a participarem fazendo um desenho com a família sobre o tema inclusão.
Expliquei do que se tratava e sugeri desenvolverem um pequeno trabalho e/ou momento de
conversa com seus alunos para que eles soubessem do que se tratava aquela atividade em família.
Contei que os desenhos seriam expostos no dia da Mostra Cultural da escola e que entre os
desenhos, alguns seriam escolhidos para ilustrarem a cartilha.
Encerrando, entreguei um questionário de avaliação, que se encontra no Apêndice C,
referente aos três encontros realizados. A grande maioria das professoras participou dos três
encontros. Foram em média 44 pessoas distribuídas em 7 encontros de 1h cada, sendo 4 grupos pela
manhã e 3 à tarde.
Analisando a avaliação feita pelas 40 professoras que estiveram presentes no dia
04/07/2019, verifiquei que de uma maneira geral os três encontros foram bem avaliados por elas. A
maioria apresentou em seus depoimentos e comentários a satisfação pela realização do mesmo.
Enquanto algumas professoras, relativamente poucas, não se sentiram plenamente satisfeitas. Dos
sete grupos, notei que uma pequena parte das pessoas respondeu o questionário simplesmente com a
11
”Bem-vindo”: música de Luiza Caspary e Jair Oliveira pode ser assistida em
https://www.youtube.com/watch?v=CaDkMiS4-4g
42
intenção de acabar logo, sem refletir na pergunta. Enquanto que as outras responderam com prazer e
interesse, deixando registrado inclusive a sua satisfação.
A maioria das professoras achou que os temas abordados nos encontros foram relevantes.
Elas afirmaram que a diversidade das atividades contribuiu para despertar seu interesse e serviu
como ajuda para refletirem sobre a sua prática e a inclusão na EMEI. Segundo elas o conteúdo foi
muito útil e refletiu diretamente na prática em sala de aula.
Elas escreveram alguns comentários expondo sua satisfação: “Os assuntos abordados foram
importantes para ampliar minha reflexão sobre o tema inclusão”; “Foi inspirador e já gerou
mudança”; “precisamos estudar mais para melhor compreensão da temática”; “Renovou os nossos
conhecimentos e nos ajudou muito”; “Os encontros sempre acrescentaram na minha prática diária e
na vivência com os meus alunos”; “Foi uma experiência muito produtiva e de grande valia pra
mim”; “Isso agrega valores e pode mudar a nossa visão à cerca de tal”; “Enriqueci meus
conhecimentos”; “Vejo que meu trabalho com as crianças será de mais qualidade e prazeroso”; “A
troca de experiência foi de grande importância para a realização do nosso trabalho em sala de aula
junto a todas as crianças, procurando a melhor forma de incluir a todas”; “Sugestão: continuar
estudando e refletindo sobre a inclusão no próximo ano”.
Com a realização destes encontros percebi que existem pessoas que compreendem a
educação inclusiva como direito e, portanto, sendo algo urgente e necessário de se tornar realidade.
Estas se revelam dispostas a enfrentar as barreiras e lutar pelo direito das pessoas com deficiência.
Falam de buscar conhecimento e procurar fazer o seu melhor em sala de aula. Enquanto outras, que
desde o primeiro encontro se revelaram desinteressadas pela educação inclusiva. Evidenciando em
seus atrasos para os encontros, em suas saídas enquanto aconteciam as reflexões, em suas falas e até
mesmo em seus silêncios. Mesmo depois de tanto bate papo e troca de experiências, algumas
mencionaram que não acreditam que a inclusão seja possível por acharem muito difícil, por não
terem conhecimento e experiência para lidar com as situações que surgem, por perceberem que
atrapalha o andamento da aula e prejudica os outros alunos.
3.1.5Quinta ação
Como quinta ação, acreditei que seria muito importante e útil para a comunidade, ter na
escola momentos de reflexão, informação, troca de experiência e palestras com assuntos pertinentes
a inclusão de maneira geral. Dessa maneira, o trabalho se estenderia até as famílias dos alunos.
Faz parte do projeto da EMEI realizar uma vez por mês um encontro de formação e
orientação para os pais dos alunos ao qual chamamos de “Escola de Pais”. Sugeri à direção e à
43
coordenação da escola que os encontros abertos a comunidade fossem todos voltados para o tema
inclusão neste ano de 2019. Com o apoio da gestão assim foi feito. Uma vez a cada mês do ano de
2019 foi realizado um encontro para reflexão, formação e informação sobre a inclusão, na “Escola
de Pais”.
Os encontros foram realizados uma vez por mês, geralmente na última quinta ou sexta-feira
de cada mês, às 16h na EMEI. Foram bastante ricos e despertaram o interesse de pais e familiares,
auxiliares da educação infantil, professoras e outras pessoas da comunidade escolar que tiveram
participação ativa no momento do bate papo. Os pais fizeram perguntas, deram testemunhos e
partilharam suas experiências.
As pessoas convidadas para dirigirem os encontros realizaram palestras, partilharam suas
experiências de vida e proporcionaram momentos de roda de conversa com os pais e professoras
presentes. Os convidados foram diversificados: mãe de aluna com deficiência; avó aposentada de
ex-aluno (essa avó fez carreira como assistente social da FEBEM); especialistas que atuam em
escolas, no AEE, em universidades e em consultórios; representantes de movimentos sociais.
Alguns dos convidados apresentaram elementos que contribuíram para o momento de formação
como slides, objetos de uso das pessoas com deficiência. Todos se preocuparam em usar uma
linguagem simples e acessiva. A todo o momento abriram espaço para perguntas e comentários. Os
pais participaram com bastante interesse, fazendo perguntas, dando depoimentos e opinião sobre o
tema abordado. Ao final faziam questão de cumprimentar os palestrantes que eram elogiados pelas
famílias, professoras e outros membros da comunidade escolar.
Para minha organização fiz o seguinte modelo de esquema que foi usado em todos os
encontros:
44
No primeiro encontro (29/03/2019), a convidada foi Marissandra Freitas, mãe de aluna da
escola diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA), que falou sobre o tema Autismo.
Ela relatou como foi quando ela descobriu sobre a deficiência de sua filha e a necessidade em
buscar informações e conhecimentos. Ela fez uma especialização para melhor auxiliar no
desenvolvimento dela. Contou sua experiência como mãe e sobre a vivência familiar e escolar de
sua filha. Usou slides com algumas informações a respeito da deficiência, características e como
estímulos que auxiliam o desenvolvimento. Contou sobre a necessidade de atendimento
especializado para acompanhar crianças com Autismo. Ressaltou a importância do trabalho das
professoras e da convivência dos alunos que tanto contribuíram para que sua filha tivesse êxito nas
interações e no seu desenvolvimento.
No segundo encontro (24/04/2019) a convidada foi Carla Rangel do Vale Amorim,
professora com deficiência visual, abordou sobre o tema: “Deficiência visual: limitações e
possibilidades”. Ela falou como se tornou uma pessoa com deficiência visual. Como esse fato
impactou sua vida experiência pessoal e profissional. Deu depoimento sobre as dificuldades
enfrentadas no dia a dia e mostrou alguns objetos utilizados pelas pessoas com esta deficiência:
bengala, livros em Braille, soroban12, reglete13 e punção14.Relatou que ela perdeu a visão total
quando era adolescente e que por isso, precisou contar com a ajuda de amigos ledores na biblioteca
pública para aprender sobre as disciplinas e também digitar trabalhos.
No terceiro encontro (30/05/2019) a convidada foi Isabelle Chagas Amorim que é jornalista
e mestranda em comunicação social pela UFMG e tratou sobre empoderamento feminino falando
sobre o tema: “Em busca de autonomia e liberdade para as mulheres”. Ela contou sobre os vários
tipos de violência sofridos pelas mulheres e alertou sobre onde buscar ajuda e proteção. Destacou
sobre a importância e valorização das mulheres, falando especialmente para os homens que estavam
presentes.
No quarto encontro (05/07/2019) a convidada foi Laênia Martins Petersen, doutoranda na
FAE/UFMG e escolheu como título para sua conversa com os pais: “Aprendendo a conhecer a lidar
com as diferenças”. Ela trouxe para a roda de conversa sua trajetória como mãe de uma jovem com
paralisia cerebral. Ela contou sobre os períodos críticos de saúde e as inúmeras vezes em que sua
filha, desde bebê, foi internada. Relatou que devido à situação, sentiu a necessidade em saber
manusear os equipamentos médicos para aliviar a dor e sobre as noites que passou fazendo
12
Soroban é o nome dado ao ábaco japonês, que consiste em um instrumento para cálculo.
13
Reglete é um instrumento usado para escrita manual do Braille. É composta basicamente por uma régua-guia,
entre cujas partes, inferior e superior, a folha é colocada.
14
Punção é um instrumento que tem a mesma função que as canetas, ou seja, marcar o papel. Sendo assim, o
punção permite marcar os pontos da escrita Braille no papel a partir da pressão sobre ele.
45
exercícios físicos e alongamentos com sua filha porque acreditava que um dia ela iria andar. Ela
procurou se especializar para ajudar a sua filha que hoje está cursando pedagogia e morando
sozinha. Seu esforço e persistência serviram de incentivo aos pais presentes que reconheceram a
importância de acreditar nas potencialidades de seus filhos. A foto deste encontro está no Apêndice
H.
O quinto encontro (27/08/2019) foi dirigido por Paulo Henrique Maia Melgaço, professor de
história especializado em cultura africana e afro-brasileira pela PUC-MG, com o tema: “O Papel da
família e da escola na formação da identidade”. Ele contou sobre a vinda dos africanos para o
Brasil, sobre a presença e os papeis que o negro ocupa na sociedade. Convidou aos presentes a
refletirem sobre como o poder e a mídia interfere no nosso olhar fazendo com que valorizemos
umas pessoas e discriminemos outras. Deu exemplo de falas e atitudes preconceituosas que
contribuem para a desvalorização do negro.
O sexto encontro (19/09/2019) foi com Romilda Ribeiro Guimarães, avó de um ex-aluno,
que focou no tema “Inclusão: dever ou necessidade?”. Assistente social aposentada, Romilda
relatou sobre sua trajetória trabalhando com menores infratores abandonados pelas famílias e a vida
que eles tinham na antiga Fundação Estadual para o Bem-Estar do Menor (FEBEM)15. Contou um
pouco sobre a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente e como isso refletiu na sociedade.
Levou os pais a refletirem sob um ponto de vista diferente a respeito dos vivem a margem da
sociedade. Questionou aos pais se eles acreditavam na inclusão como dever ou como necessidade e
abriu espaços a eles para darem suas opiniões.
O sétimo encontro, (31/10/2019) foi realizado com a presença de Alexa Fabrino Taves,
membro da equipe de apoio à inclusão da regional Venda Nova no ano de 2018, que levou um
vídeo com o título “É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança” para servir de base para a
conversa com os pais. Neste vídeo, uma palestra da TEDxUnisinos, Lau Patrón, uma publicitária e
escritora brasileira, relata a transformação que aconteceu em sua vida. Após descobrir uma gravidez
não planejada, com 1 ano e 8 meses de vida, seu filho teve que lutar pela vida acometida por uma
grave doença. No vídeo ela relata sobre a exclusão que sofreu, pois, ninguém de sua família era
convidado para os aniversários dos colegas de escola de seu filho. Contou sobre o medo que as
pessoas sentiam de chegarem perto até mesmo para conversar sobre a criança. No fim de sua
apresentação, Alexa propôs uma reflexão para auxiliar no combate aos sofrimentos advindos das
15
FEBEM: Antiga Fundação Estadual para o Bem-Estar do Menor. Foi um centro de atendimento socioeducativo
ao adolescente menor de idade. Sua função era executar as medidas socioeducativas aplicadas pelo Poder
Judiciário aos adolescentes autores de atos infracionais cometidos com idade de 18 anos incompletos. Hoje na
chamada Fundação Casa (antiga FEBEM), os menores podem cumprir pena de reclusão até no máximo a idade de
21 anos completos, conforme determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
46
mudanças que acontecem em nossa vida sem ao menos desejarmos. Os pais relataram se sentirem
compreendidos e acolhidos em suas dores e sofrimentos.
O oitavo encontro (28/11/2019) feito por Alan da Silva Lopes que sofreu paralisia cerebral
no parto. Ele nos relatou sobre sua trajetória escolar e profissional. Contou sobre como superou
preconceitos e hoje é pedagogo formado atuando como professor da Rede Municipal e como
bibliotecário da Pontifícia Universidade Católica (PUC).
A mãe de uma aluna me procurou para elogiar o trabalho desenvolvido na escola, ao longo
do ano, em especial na Escola de Pais e registrou sua percepção e gratidão em um e-mail que me
enviou e que está transcrito no Anexo 1. Pretendemos finalizar a Escola de Pais desse ano com um
chá da tarde para os pais. Neste último encontro, a proposta é avaliar como os pais se sentiram em
relação às temáticas propostas e desenvolvidas ao longo do ano nos encontros e ouvir sugestão de
temas que eles gostariam que fossem trabalhados no ano de 2020.
Como sexta ação, idealizei construir uma cartilha “De olho na inclusão” com a participação
de todos os alunos da escola e seus familiares. A minha intenção foi propor uma última ação que
mobilizasse os alunos e suas famílias como culminância do meu trabalho final do LASEB e também
do projeto desenvolvido ao longo do ano na EMEI. Meu objetivo foi o de sensibilizar uma vez mais
e envolver toda comunidade escolar no tema desenvolvido ao longo do ano: inclusão.
Esta ação só foi possível graças ao apoio e incentivo da direção da escola nas pessoas de
Francislane Soares Pereira Ribeiro (diretora), Elisângela Pereira Vidal (vice-diretora) e Janaína
André de Souza Nogueira (coordenação geral). Contei com a participação dos pais e das
professoras.
Os alunos e familiares de todas as turmas da EMEI Itamarati, turno da manhã e turno da
tarde, foram convidados a criarem um desenho voltado para o tema inclusão, de acordo com o que
eles vivenciaram ao longo do ano nas aulas e encontros realizados. Podiam usar frases e gravuras
para compor seu registro. Dessa forma, mesmo os alunos menores de três anos poderiam participar
com a ajuda dos pais. Aos alunos foi entregue uma folha com espaço para colocarem o nome
próprio e da professora. Pedi que devolvessem a folha com o desenho feito uma semana depois.
De modo geral, o retorno das famílias foi positivo. A participação dos pais, irmãos e avós na
confecção dos desenhos e montagens foi bastante relevante, uma vez que uma boa parte das
crianças são menores que 3 anos e ainda estão em processo de desenvolvimento da coordenação
motora e da capacidade de representação gráfica.
47
Avalio de forma positiva a proposta porque a grande maioria das crianças devolveu a
atividade feita, de um total de 430 alunos, 300 fizeram a atividade. Todos os desenhos foram
expostos no corredor da escola, a foto está no Apêndice H. O meu objetivo foi alcançado. A maioria
dos desenhos foram feitos pela própria criança, sobre orientação dos pais, o que proporcionou um
resultado surpreendente.
Porém, é importante deixar registrado que percebi pouco envolvimento de algumas
professoras. Os aspectos que relato a seguir me levam a acreditar nisso. Em primeiro lugar, todas as
turmas receberam as folhas conforme descrito no terceiro encontro da quinta ação, mas nem todas
as professoras entregaram aos alunos. Sei de pelo menos duas turmas cujas professoras não
entregaram a folha e de alguns alunos que não receberam porque no dia em que foi entregue,
faltaram à aula. Outro aspecto por mim percebido foi que alguns alunos não devolveram a folha,
não sei se não foi cobrado da família pela professora ou se a família optou por não participar.
Algumas folhas foram devolvidas sem o devido preenchimento do cabeçalho, como por exemplo, o
nome do aluno e/ou da professora.
Apreciando os desenhos, tive muita dificuldade em selecionar os que seriam usados na
cartilha. Necessitei seguir alguns critérios porque seria impossível colocar todos. Assim separei
primeiramente os desenhos foram feitos dentro do tema proposto; para as turmas das crianças
maiores (4 e 5 anos) dei preferência para os desenhos que foram feitos com desenhos criados pelos
próprios alunos; nas turmas das crianças menores (1 a 3 anos), levei em consideração a mensagem
que a família queria transmitir; e mesmo nestes últimos, se a criança teve algum tipo de
participação. Após selecionar os desenhos, entreguei aos pais dos alunos uma ficha de autorização
para utilização das imagens.
Concomitantemente fiz a seleção de material escrito para compor a cartilha. Algumas
informações que considerei válidas para a comunidade. Para isso li mais alguns textos e visitei
alguns sites e cartilhas já existentes no Brasil. Percebi inclusive que aqui em Minas Gerais nenhuma
cartilha nestes moldes foi feita.
Citei leis, dicas de expressões em uso hoje em dia; orientação a respeito de alguns direitos
que as pessoas com deficiência têm; os tipos de barreiras encontradas que impedem a inclusão
destas pessoas; e a definição do que seja incluir, usando frases que considerei relevantes escritas por
mim e pelas famílias registradas nos desenhos.
Esta cartilha foi reavaliada algumas vezes pela professora orientadora, mas também foi
analisada pela Diretoria de Educação Inclusiva e Diversidade Étnico Racial (DEID) da Secretaria
Municipal de Educação (SMED).Em reunião com essa diretoria explanei o meu plano de ação e o
projeto desenvolvido na escola. Algumas questões levantadas me levaram a refletir sobre a
48
acessibilidade do público da comunidade ao texto mais elaborado na planilha, o que me levou a
produzir duas versões, uma destinada aos profissionais da educação e outra para a comunidade. O
layout final dessas duas produções pode ser visto nos Apêndices E (profissionais) e F
(comunidade).
49
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
50
REFERÊNCIAS
51
educação Especial. 2005. Revista da Educação Especial. v. 1, n. 1, p. 40-46. (out. 2005). Brasília:
Secretaria de educação Especial. 2005.
FOREST, M.; PEARPOINT, J. Inclusão: ela tem a ver com mudança! Traduzido por
CAVALCANTE, M. 2011. Disponível em: <https://inclusaoja.com.br/2011/06/19/inclusao-ela-tem-
a-ver-com-mudanca/>. Acesso em 11 nov. 2019.
FRANCO, M. A. M.; GUERRA, L. B. O ensino e a aprendizagem da criança com paralisia
cerebral: ações pedagógicas possíveis no processo de alfabetização. Revista Educação Especial,
Santa Maria-RS, v. 28, n. 52, p. 311-324, maio/agosto 2015.
GRABOIS, C. Nota pública: escolas públicas e privadas não podem discriminar em razão da
deficiência. 2012. Disponível em: <https://inclusaoja.com.br/tag/inclusao/>. Acesso em: 15 nov.
2019.
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Autêntica Editora; Ouro Preto, MG: UFOP, 2010. Coleção cadernos de diversidade.
MANTOAN, M. T. E. O que é? Por quê? Como fazer? 2 ed. São Paulo: Moderna, 2003. (Coleção
Cotidiano Escolar).
MINAS GERAIS. Secretaria de Estado da Educação. Projeto Incluir: Caderno de textos para
formação de professores da rede pública de ensino de Minas Gerais. Gráfica e Editora Geraes,
Belo Horizonte, 2006. 112 p.
MONTE, R. F. SANTOS, I. B. Saberes e práticas da inclusão: introdução. Brasília, MEC/SEESP,
2004.
ONU. Convenção dos Direitos da Criança. Nova York, 1989.
ONU. Declaração universal dos direitos da criança. Nova York, 1989.
ONU. Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, 2006.
SÁNCHEZ, P. A. A educação inclusiva: um meio de construir escolas para todos no século XXI.
Revista da Educação Especial. v. 1, n. 1, p. 7-18. (out. 2005). Brasília: Secretaria de educação
Especial. 2005.
SANTIAGO, M. C.; SANTOS, M. P. Planejamento de estratégias para o processo de inclusão:
desafios em questão. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 40, n. 2, p. 485-502, abr./jun. 2015.
SASSAKI, R. K. Inclusão: acessibilidade no lazer, trabalho e educação. Revista nacional de
reabilitação (Reação). São Paulo, Ano XII, mar./abr. 2009, p. 10-16.
SASSAKI, R. K. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de janeiro, WVA, 2010.
SASSAKI, R. K. Inclusão: o paradigma do século XXI. Revista da Educação Especial. v. 1, n. 1, p.
19-23. (out. 2005). Brasília: Secretaria de educação Especial. 2005.
52
APÊNDICE A – Slides sobre integração e inclusão
Utilizados no segundo encontro com as professoras, ao longo da quarta ação descrita no trabalho.
1 2
3 4
5 6
53
7 8
9 10
11
54
APÊNDICE B – Slides sobre estratégias pedagógicas
Utilizados no terceiro encontro com as professoras, ao longo da quarta ação descrita no trabalho.
55
56
57
APÊNDICE C – Modelo da avaliação dos encontros.
( ) Concordo totalmente
( ) Concordo em parte
( ) Descordo em parte
( ) Descordo totalmente
( ) Muito satisfeita
( ) Parcialmente satisfeita
( ) Nem satisfeita, nem insatisfeita
( ) Parcialmente insatisfeita
( ) Muito insatisfeita
( ) Extremamente útil
( ) Muito útil
( ) Relativamente útil
( ) Não tão útil
( ) Nada útil
06. As reflexões e conversas realizadas nos encontros causaram algum impacto na sua
prática pedagógica?
58
APÊNDICE D – Projeto de Avaliação Institucional
FAE-UFMG-2018
Etapa 1 – Análise da situação:
1. Apresentação da escola:
59
Salas: 01 secretaria pequena com arquivos, computador e impressora; 01
da direção/coordenação com mesas e um computador; 01 de professoras com
uma mesa grande, 01 computador e uma geladeira; 12 de alunos; 01 de
multimeios (com aparelho de TV e DVD, livros e revistas, brinquedos, fantoches
e fantasias, e dois armários com materiais diversos).
Outros ambientes: 01 Cozinha com fogão industrial, geladeira e 03 pias; 01
lavanderia com tanque, lavadora de roupas e 01 geladeira; 01 refeitório com 04
mesas compridas e bancos dos dois lados e uma TV; 01 depósito de material
de papelaria; 01 depósito de material de limpeza; 01 depósito de materiais
diversos para manutenção da escola. 05 Sanitários para o uso das turmas do
parcial; 01 sanitário com chuveiros para o uso das turmas do integral; 01
sanitário para uso exclusivo das professoras; 02 para uso do público geral.
Obs.: Existem alguns casos em diferentes turmas, de alunos que apresentam algumas
características de crianças com deficiência, mas que ainda não passaram por avaliação
médica e, portanto, não têm laudo.
Estrutura física: A escola tem salas amplas e extensa área verde plana. Tem um
elevador, mas não tem rampa de acesso ao segundo andar, somente escadas.
60
Quando ele estraga, é necessário que se carregue a criança que não pode andar
ou que tem dificuldades em se locomover.
Recursos para a aula: A escola possui poucos recursos pedagógicos para atender
aos alunos com deficiência. Tem 01 prancheta para elevação de papel;
engrossador de lápis; 01 assento especial para criança com falta de rigidez
muscular. Mas falta todo tipo de material pedagógico que atenda as necessidades
das crianças com deficiência. Poucos são os materiais produzidos pelas
professoras, direcionados ao aluno. Faltam jogos apropriados que auxiliem o
desenvolvimento da criança de acordo com sua deficiência. Faltam materiais
diversos de uso diário, como: colher adequada, cadeiras adaptadas, mesas
adaptadas, carrinhos para ajudar na locomoção, livros para baixa visão, etc.
Qualificação de professores: Além da formação básica do curso superior, as
professoras buscam por si mesmas informações e conhecimentos para melhor
realização de seu trabalho. Mas há a necessidade de cursos direcionados e
formação continuada com oficinas, palestras e orientação específicas com
profissionais capacitados para que todas as professoras e auxiliares sejam mais
qualificadas e saibam lidar com a diversidade das deficiências. Inclusive a
necessidade de orientações específicas antes de a criança matriculada iniciar os
dias letivos (principalmente em situações novas). Este ano a escola tem
proporcionado momentos de formação quinzenal no horário de ASSEPAT, porém
ainda não foi abordado o tema inclusão.
Qualificação dos demais funcionários: Os demais funcionários da escola (fora as
auxiliares) não têm formação ou informação a respeito dos alunos com deficiência.
É importante que eles fiquem por dentro das situações, pois fazem parte da escola.
4. Levantamento de demandas
Pelas professoras:
Falta de materialidade. A falta de material para trabalho diário com o aluno
com deficiência prejudica o aluno, pois a professora não consegue realizar seu
trabalho de forma plenamente satisfatória. Falta de material pedagógico
diversificado e direcionado ao aluno com deficiência para desenvolver as
habilidades próprias da educação infantil e aprender conceitos básicos.
61
Ausência de encontros de professoras, auxiliares e até mesmo pais para
troca de experiências (roda de conversa).
62
APÊNDICE E – Cartilha para professoras
63
64
65
66
67
68
APÊNDICE F – Cartilha para comunidade
69
70
71
72
APÊNDICE G– Sugestões de leituras
Textos que contribuíram indiretamente na construção desse trabalho. Indicados como sugestão de
leitura para quem quiser se aprofundar um pouco mais nos estudos sobre inclusão.
ARANHA, Maria Salete Fábio. Projeto Escola Viva – Garantindo o acesso e permanência de todos
os alunos na escola: Alunos com necessidades educacionais especiais. Brasília: Ministério da
Educação, Secretaria de Educação Especial. 2005.
BLANCO, Rosa. Aprendendo na diversidade: implicações educativas. Disponível em:
<http://entreamigos.com.br/sites/default/files/textos/Aprendendo%20na%20Diversidade%20-
%20Implica%C3%A7%C3%B5es%20Educativas.pdf>. Acesso em: 15 nov. 2019.
CAIADO, K. R. M.; BERRIBILLE, G. R.; SARAIVA, L. A. Educação e deficiência na voz de
quem viveu essa trama. In: CAIADO, Kátia Regina Moreno (Org.). Trajetórias escolares de alunos
com deficiência. São Carlos. EdUFSCar. 2013.
DINIZ, Margareth. Formação docente para a diversidade e a inclusão. Educação em Foco, Belo
Horizonte, v. 14, n. 18, p. 39-55, dez. 2011. Disponível em: <http://revista.uemg.br/index.php
/educacaoemfoco/article/view/230>. Acesso em: 15 nov. 2019.
DUK, Cynthia (org.) Educar na diversidade: Material de formação docente. Brasília. Ministério da
Educação, Secretaria de Educação Especial, 2005.
DUTRA, Cláudia Pereira. Entrevista. Brasília: Revista da Educação Especial. v. 1, n. 1, p. 5-6. (out.
2005). Brasília: Secretaria de educação Especial. 2005.
DUTRA, Cláudia Pereira. Prefácio da Parte I. In: BUENO, J. G. S.; MENDES, G. M. L.; SANTOS,
R. A. (Org.) Deficiência e escolarização: novas perspectivas de análise. Araraquara, Junqueira &
Marin, Brasília, CAPES, 2008.
FRANCO, Marco Antônio Melo. Formação docente, ensino e aprendizagem em contextos de
inclusão. In: FRANCO, M. A. M. (Org.) Práticas pedagógicas em contextos de inclusão: situações
de sala de aula. Paco Editorial. 2015. P. 13-23.
FRANCO, Maria Amélia Santoro. Práticas pedagógicas nas múltiplas redes educativas. In:
LIBÂNEO, José Carlos; ALVES, Nilda. (org.). Temas de pedagogia: diálogos entre didática e
currículo. São Paulo, Cortez, 2012. p. 169-188.
GLAT, Rosana; FERNANDES, Edicléa Mascarenhas. Da educação segregada à educação
inclusiva: uma breve reflexão sobre os paradigmas educacionais no contexto da educação especial
brasileira. Revista da Educação Especial. v. 1, n. 1, p. 35-39. (out. 2005). Brasília: Secretaria de
educação Especial. 2005.
GUERRA, Leonor Bezerra. Inclusão e uma abordagem neurobiológica da aprendizagem. In:
FRANCO, M. A. M. (Org.) Práticas pedagógicas em contextos de inclusão: situações de sala de
aula. Paco Editorial. 2015. P. 25-38.
KASSAR, Mônica de Carvalho Magalhães. Marcas da história social no discurso de um sujeito:
uma contribuição para a discussão a respeito da constituição social da pessoa com deficiência.
Cadernos Cedes, Campinas, v. 20, n. 50, abr. 2000.
LAVILLE, Christian.; DIONNE, Jean. A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa
em ciências humanas. Traduzido por MONTEIRO, Heloisa; SETTINERI, Francisco. Porto Alegre,
Artmed, Belo Horizonte, Editora UFMQ. 1999.
73
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. A hora da virada. Revista da Educação Especial. v. 1, n. 1, p. 24-
28. (out. 2005). Brasília: Secretaria de educação Especial. 2005.
PEIXOTO, S. et al. Escola resgata jogos tradicionais para crianças com e sem deficiência
brincarem juntas. [21 abr. 2017] Disponível em: <https://www.diversa.org.br/relatos-de-
experiencia/escola-resgata-jogos-tradicionais-para-criancas-com-e-sem-deficiencia-brincarem-
juntas/>. Acesso em 15 nov. 2019.
RIO GRANDE DO SUL. Mesa diretora da assembleia legislativa. Manual de redação: mídia
inclusiva. Porto Alegre, Divisão de Comunicação Visual da ALRS, 2011
SANTOS, Boaventura Souza. Entrevista com professor Boaventura de Souza Santos. [1º sem,
2017] Belo Horizonte. Revista VistuaJus. v.13. n.1. p.12-16. Entrevista concedida a Bárbara dos
Santos Choucair e Thiago Braga Silva dos Santos.
SANTOS, D. et al. Com jogos desportivos e lúdicos, educadores mostram inclusão na prática e
inspiram seus colegas. [28 abr. 2017] Disponível em:<https://www.diversa.org.br/relatos-de-
experiencia/com-jogos-desportivos-e-ludicos-educadores-mostram-inclusao-pratica-inspiram-
colegas/>. Acesso em 15 nov. 2019.
SILVA, Tomaz Tadeu. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo
Horizonte: Autêntica, p. 85-90, 2005
74
APÊNDICE H – Fotos
FOTO 1 –EXIBIÇÃO DAS FOTOS DOS ALUNOS DE 2 E 3 ANOS COM A MASCOTE HELÔ.
75
FOTO 3 – PAINEL SOBRE O PROJETO INCLUSÃO.
76
FOTO 5 – PAINEL SOBRE O PROJETO INCLUSÃO.
77
FOTO 7 – PAINEL DE BOAS-VINDAS NO PRIMEIRO DIA LETIVO DE 2019.
78
FOTO 9 – ESCOLA DE PAIS.
79
ANEXO A – Depoimento
Registro enviado por e-mail do depoimento de uma mãe de aluna sobre sua participação na
Escola de Pais e demais atividades do projeto.
Quando foi apresentado pela EMEI Itamarati o Projeto institucional 2019 – INCLUSÃO pensei
“estou no lugar certo, sem saber ao certo o que viria”. A primeira experiência foi a visita da Helô
em nossa casa, uma bonequinha deficiente física, que nos fez pensar, ter empatia e respeito pelo
outro em suas diferenças. Assim, fui descobrindo, como mãe de uma criança com Transtorno do
Espectro Autista (TEA,) que o mundo pode sim sair de nós mesmos e abarcar outras formas de ser,
de agir e de se colocar neste universo tão rico que é a diversidade. A inclusão vem nos propor que
há lugar (de direito) para todos, seja pobre, deficiente, negro, mulher, idoso etc. Nesse sentido, ao
longo do trabalho desenvolvido foi possível percorrer caminhos que por muitas vezes nos são
imperceptíveis.
A “Escola de Pais”, espaço de aprendizado e troca de experiências, teve como trabalho inicial a
apresentação da pedagoga Marissandra Freitas, que relata um pouco sobre as questões da
deficiência, em especial o TEA, e os caminhos possíveis para o desenvolvimento destas crianças no
âmbito da educação em parceria com demais profissionais habilitados. Ela como profissional e mãe
de uma linda criança com TEA relata com alegria, a parceria da escola no desenvolvimento da sua
filha nos aspectos social, cognitivo e emocional.
Em outra conversa, a convidada foi a pedagoga deficiente visual, Carla Rangel, que nos traz
algumas experiências de vida e superação. Fala da maternidade e das estratégias utilizadas, por
exemplo, para medicar sua filha, das dificuldades para estudar, dos preconceitos e estigmas que a
rodeavam e que até hoje lhe são comuns.
Outra palestrante com formação em Psicologia, Laênia Petersen, nos ensina como o amor é o
remédio mais poderoso para ajudar o outro. Conta um pouco da sua experiência pessoal e marcante
de dedicação à filha, que havia nascido e ficado internada por longo período por questões de saúde e
reabilitações.
Já a jornalista Isabelle Chagas, traz uma palavra desconhecida para mim - Sororidade
(sentimento de união e apoio entre as mulheres) e a importância desta tomada de decisão por parte
do universo feminino como forma de empoderamento, a fim de que os papéis sociais sejam revistos
constantemente. Nesta vertente, reflete sobre as condições atuais da mulher no mercado de trabalho,
nas atividades do lar, na relação com os filhos, na relação com os parceiros, além de descrever
aspectos ligados à violência e a Lei Maria da Penha.
A discussão sobre a Igualdade Racial também esteve em foco e reforça a importância de se
ensinar desde a infância o quanto uma boa auto-estima, aceitação, valorização de si como igual e
não inferior aos outros, fará toda a diferença na construção deste sujeito, que superará os
preconceitos, ocupando cada vez mais os espaços comuns de direitos: universidades, mercado de
trabalho, meios de comunicação, escolas etc.
80
Outra palestrante, com formação em Serviço Social, Romilda Guimarães, faz um panorama
sobre a sociedade antes e depois do ECA, e para ilustrar traz a experiência do trabalho que era
“desenvolvido” na FEBEM e as evoluções em relação aos direitos conquistados de modo geral na
sociedade.
Para fechar este ciclo de palestras, a historiadora Alexa Taves só veio corroborar o trabalho
proposto pela EMEI Itamarati ao longo do ano de 2019. Inicia com a exposição de um belíssimo e
verdadeiro vídeo sobre a experiência de uma mãe, Lau Patrón, que se vê com seu destino
radicalmente mudado em função de seu filho com uma síndrome rara, Shua, há uma provocação no
sentido de refletirmos sobre a questão da existência e suas inúmeras vertentes, seja na escola, no
trabalho, em família, enfim, nas relações humanas. Assim, há um convite para todos na reflexão de
um provérbio africano “É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança”. Sejamos rede.
Sejamos aldeia.
Por conseguinte, ao visualizar cada trabalho criado, desenvolvido e experimentado com muita
emoção na Mostra Cultural - Inclusão, por meio de exposições, apresentações de dança, música, dos
atletas do esporte do Projeto Superar, veio-me a certeza de que a formação dos nossos filhos só é
plena através de uma rede forte e poderosade parceria: família+ escola= sucesso da criança e,
consequentemente, dos pais. O agradecimento se estende a todos os parceiros e profissionais
envolvidos nesta história de sensibilidade e respeito ao outro.
Seguem alguns registros fotográficos da Mostra Cultural da EMEI Itamarati 2019. Os registros
do coração ficarão guardados a seu modo em cada um que viveu esta experiência, em especial no
coração da minha família.
81
82
ANEXO B – Print Intranet PBH 1
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84
ANEXO C – Print Intranet PBH 2
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ANEXO D – Print Intranet PBH 3
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