A Caminho Da Democracia: Escola Secundária de Camões

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Escola Secundária de Camões

A Caminho da Democracia

Luísa Caparica

Março 2023
Índice

 Índice 1

 Introdução 2

 O Desmantelamento das Estruturas do Estado Novo 3

 Tensões Político-ideológicas 6

 Domínio Financeiro 7

 Conclusão 8

1
Introdução

A transição de Portugal da ditadura para a democracia, entre os anos de


1974 e 1976, foi um momento histórico importante que marcou a história do
país e teve impactos significativos na sociedade portuguesa e na sua posição
no cenário internacional. Após quase cinco décadas de regime autoritário,
Portugal enfrentou uma grande transformação política e social que envolveu
desafios significativos, como a necessidade de construir novas instituições
democráticas, responder às pressões dos movimentos sociais e superar os
obstáculos impostos pela própria ditadura.
Neste trabalho, vamos explorar alguns dos principais eventos e
desafios deste período crítico da história de Portugal. Vamos abordar temas
como a Revolução dos Cravos de 1974, que marcou o início da transição para
a democracia, a criação de novas instituições democráticas, incluindo a
Assembleia Constituinte e a Constituição de 1976, as reformas políticas,
econômicas e sociais realizadas durante este período, bem como os desafios
enfrentados para superar as tensões e conflitos que surgiram ao longo da
transição.
Ao explorar estes temas, esperamos fornecer uma compreensão mais
abrangente da transição de Portugal para a democracia, e destacar a
importância deste período na história do país e na compreensão da transição
para a democracia em geral.

2
O Desmantelamento das
Estruturas do Estado Novo

1. Quais estruturas?
2. Para que serviam?
3. O que foi construído no seu lugar?

1.
Durante a transição de Portugal da ditadura para a democracia, muitas das estruturas do Estado
Novo foram desmanteladas ou reformadas. Aqui estão algumas das principais estruturas que
foram afetadas:
 PIDE/DGS: A Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) foi uma agência de
inteligência e segurança que operou durante a ditadura. Com a transição para a
democracia, a PIDE foi desmantelada e substituída pela Direção-Geral de Segurança
(DGS), que teve sua missão alterada para se concentrar na segurança interna e na
proteção do Estado democrático.
 Corporações: As corporações foram um conjunto de organizações corporativas estatais
que representavam os interesses dos diferentes setores da economia. Com a transição
para a democracia, as corporações foram dissolvidas e substituídas por organizações
sindicais e empresariais independentes.
 Censura: Durante a ditadura, a censura era uma prática comum. Com a transição para a
democracia, a censura foi abolida e a liberdade de imprensa e expressão foi garantida.
 Tribunais Plenários: Os Tribunais Plenários eram tribunais militares que julgavam
civis acusados de crimes políticos. Com a transição para a democracia, os Tribunais
Plenários foram abolidos e substituídos por tribunais civis.
 Partido Único: Durante a ditadura, o Partido Nacionalista foi o único partido político
permitido. Com a transição para a democracia, foram realizadas eleições livres e justas e
vários partidos políticos foram criados, permitindo maior pluralismo político.
Essas são algumas das principais estruturas do Estado Novo que foram desmanteladas ou
reformadas durante a transição para a democracia em Portugal. A reforma dessas estruturas foi
fundamental para a consolidação da democracia em Portugal e para a construção de
instituições democráticas efetivas.

3
2.
Essas estruturas faziam parte do regime autoritário do Estado Novo em Portugal e serviam
para manter o controle político, social e econômico no país. Abaixo, descrevo brevemente as
funções de cada uma delas:
 PIDE/DGS: a Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) foi criada em 1945 e
tinha como objetivo principal a repressão da oposição política e social ao regime. Era
responsável pela vigilância, interrogatório e prisão de suspeitos de atividades
consideradas subversivas pelo regime. A PIDE/DGS foi extinta após a Revolução dos
Cravos em 1974.
 Corporações: As corporações eram órgãos criados pelo Estado Novo para controlar os
setores da economia e manter a estabilidade social. Eram compostas por representantes
de empresários e trabalhadores e atuavam como um meio de controle estatal sobre as
atividades econômicas.
 Censura: A censura era utilizada para controlar a liberdade de expressão e impedir a
difusão de informações consideradas contrárias aos interesses do regime. Era aplicada à
imprensa, cinema, teatro e outras formas de expressão artística e cultural.
 Tribunais Plenários: os tribunais plenários foram criados em 1951 para lidar com
crimes políticos e de segurança do Estado. Eram formados por juízes militares e civis e
julgavam os suspeitos com base em leis de exceção, sem as garantias jurídicas dos
processos judiciais normais.
 Partido Único: o partido único, o Estado Novo, foi criado em 1932 e era a única
organização política legal em Portugal. Tinha como objetivo manter o poder do Estado
Novo e impedir a existência de partidos políticos de oposição.

4
3.
Após a transição para a democracia em Portugal, diversas instituições e estruturas foram
criadas para substituir as que haviam sido desmanteladas ou reformadas. Algumas delas
incluem:
 Constituição da República Portuguesa: Em 1976 foi promulgada a nova
Constituição da República Portuguesa, que estabeleceu os princípios fundamentais
da democracia e do Estado de Direito em Portugal.
 Partidos políticos: Com a democratização, foram criados vários partidos políticos
em Portugal, permitindo a existência de uma pluralidade de opiniões e ideologias no
país.
 Assembleia da República: A Assembleia da República foi criada como o órgão
legislativo do país, representando o povo português. É composta por representantes
eleitos pelo povo e é responsável por aprovar leis e fiscalizar o governo.
 Tribunal Constitucional: O Tribunal Constitucional foi criado como o órgão
judicial responsável por interpretar a Constituição e garantir sua conformidade com
as leis e atos do governo.
 Comissão Nacional de Eleições: A Comissão Nacional de Eleições foi criada para
garantir a transparência e a justiça nos processos eleitorais em Portugal.
 Liberdade de expressão e imprensa: Com a transição para a democracia, foi
garantida a liberdade de expressão e imprensa em Portugal, permitindo a existência
de uma imprensa livre e independente.
 Direitos humanos: A democracia trouxe a proteção dos direitos humanos como um
princípio fundamental em Portugal, incluindo a proteção dos direitos civis, políticos,
sociais e econômicos de todos os cidadãos.
Essas são apenas algumas das instituições e estruturas que foram criadas ou fortalecidas
durante a transição para a democracia em Portugal, e que substituíram as estruturas do
Estado Novo que haviam sido desmanteladas ou reformadas.

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Tensões político-ideológicas
Durante a transição sofrida por Portugal, houve tensões político-
ideológicas tanto na sociedade portuguesa quanto dentro do
próprio movimento revolucionário. Alguns dos principais pontos de
conflito foram:

 Papel do Estado: Alguns grupos defendiam um Estado mais


intervencionista na economia, enquanto outros defendiam um
Estado menos intervencionista. Isso gerou debates sobre o
papel do Estado na construção de uma sociedade mais justa e
igualitária.
 Democracia participativa versus representativa: Alguns
grupos defendiam a participação popular direta na tomada de
decisões, enquanto outros defendiam a representação política
como forma legítima de governança.
 Relação com as colónias: Enquanto alguns grupos defendiam
a independência das colônias portuguesas, outros defendiam a
manutenção dos territórios como parte do território
português.
 Relação com o capitalismo: Houve diferentes visões sobre a
relação entre a democracia e o capitalismo, com alguns grupos
defendendo uma transição para um sistema socialista e outros
defendendo a manutenção do sistema capitalista.

Essas tensões foram resolvidas de várias maneiras, incluindo


negociações políticas, eleições livres, referendos e debates públicos.
O resultado foi uma democracia pluralista e aberta, com diferentes
ideologias políticas representadas no espectro político português.
Após a revolução, a Constituição portuguesa de 1976 foi aprovada,
estabelecendo um sistema democrático multipartidário e garantindo
os direitos civis, políticos e sociais. A pluralidade política e a
proteção dos direitos humanos tornaram-se a base da democracia
portuguesa.

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Domínio Financeiro

A Revolução dos Cravos teve um impacto significativo na política


econômica do país.
A política econômica antimonopolista refere-se à estratégia de
combate aos monopólios e oligopólios, ou seja, à concentração de
poder econômico em poucas empresas. Durante a Revolução dos
Cravos, a política econômica antimonopolista foi implementada
como uma forma de reduzir o controle de grandes empresas sobre a
economia portuguesa, em prol de uma maior concorrência e
diversificação de atividades econômicas.
A intervenção do estado no domínio económico-financeiro foi
bastante significativa após a Revolução dos Cravos. O novo governo
revolucionário nacionalizou setores estratégicos da economia, como
a banca, os transportes e a energia, com o objetivo de torná-los mais
acessíveis ao povo português e de incentivar o desenvolvimento de
um setor público forte. Além disso, o governo criou empresas
estatais em diversos setores, como siderurgia e mineração.
Como resultado dessas políticas, Portugal viu uma maior
diversificação da economia e um aumento da participação do estado
na gestão econômica. No entanto, essas políticas também tiveram
consequências negativas, como o aumento da dívida pública e a
diminuição da atratividade de investimentos estrangeiros. A política
econômica antimonopolista, por sua vez, teve sucesso relativo em
reduzir o controle de grandes empresas sobre a economia
portuguesa.

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Conclusão

Em conclusão, a transição para a democracia em Portugal foi um processo


complexo e fundamental para a consolidação da democracia e do Estado de
Direito no país. A superação do regime autoritário e a construção de novas
instituições e estruturas democráticas foram fundamentais para garantir a
liberdade, a justiça e a igualdade para todos os cidadãos portugueses.
Este trabalho ensina-nos que a construção de uma sociedade democrática é
um processo constante e que requer a participação ativa de todos os cidadãos.
A luta pela democracia e pelos direitos humanos nunca está completa e é
importante que as novas gerações estejam cientes dos desafios enfrentados
pelos seus antepassados na construção de uma sociedade mais justa e
democrática.
Também nos ensina que a garantia da democracia e dos direitos humanos
requer a criação de instituições e estruturas sólidas que garantam a sua
proteção e que, por sua vez, devem ser constantemente monitorizadas e
avaliadas para garantir que continuem a servir os interesses da sociedade.
Finalmente, este trabalho destaca a importância da memória histórica e do
respeito pelos direitos humanos como elementos-chave para a construção de
uma sociedade justa e democrática. A compreensão do passado autoritário e
a luta por uma sociedade mais livre e justa devem ser constantes e contínuas.

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