Portugal o Estado Novo
Portugal o Estado Novo
Portugal o Estado Novo
Para começar, instalou-se uma ditadura militar, que se manteve até 1933. Acontece que
também esta fracassou. Desentendimentos entre os militares provocaram uma sucessiva
mudança de chefes. A falta de preparação técnica dos chefes da ditadura resultou no
agravamento do défice orçamental.
Em 1928, a ditadura recebeu uma nova força com a entrada no Governo de António de
Oliveira Salazar e que geriu a pasta das Finanças.
Com Salazar nas Finanças, o país apresentou saldo positivo no Orçamento. Este sucesso
financeiro explica a sua nomeação, em julho de 1932, para a chefia do Governo.
Não escondendo o seu propósito de instaurar uma nova ordem política, Salazar empenhou
se na criação das necessárias estruturas institucionais.
Ficou, então, consagrado um sistema governativo conhecido por Estado Novo, do qual
sobressaíram o forte autoritarismo do Estado e o condicionamento das liberdades
individuais aos interesses da Nação.
Deste modo, o ditador conseguiu convencer grande parte do país da sua política, obtendo o
apoio:
Da hierarquia religiosa e dos devotos católicos;
Dos grandes proprietários agrários e da alta burguesia ligada ao comércio colonial e
externo;
Das média e pequena burguesias;
Dos monárquicos, dos integralistas e dos simpatizantes do ideário fascistas;
Dos militares.
E, embora Salazar condenasse o caráter violento dos totalitarismos fascistas, o Estado Novo
não deixou de abraçar um projeto totalizante para uma sociedade portuguesa. A
concretização do seu ideário auxiliou-se de fórmulas e estruturas político-institucionais
imitando os modelos fascistas, particularmente do italiano.
1.1. A recusa do liberalismo, da democracia e do parlamentarismo
A consolidação do Estado Novo passou pelo culto ao chefe, que fez de Salazar o “Salvador
da Pátria”. Porém, Salazar mostrava-se oposto às multidões e cultivava a discrição, a
austeridade e a moralidade.
A Constituição foi outorgada por Salazar. A Constituição foi plebiscitada, isto é, foi aprovada
por sufrágio referendário onde constava a pergunta “Aprova a Constituição da República
Portuguesa?”, em março de 1933.
A Constituição consagrou o autoritarismo.
A Constituição de 1933 omitia de forma explícita o direito individual de voto. Este pertencia
ao chefe de família e aos representantes de algumas associações corporativas e estava
sujeito a diversas restrições.
Amplitude do sufrágio:
Restabelecimento, pela primeira vez na República, do sufrágio censitário.
Previa o voto feminino, embora muito restrito, devido ao pequeno número de
mulheres com instrução pós-primária, nessa época.
Corporações:
Integravam os setores económicos (agricultura, pesca, indústria e comércio);
Corporações para assistência e caridade (hospitais, creches e misericórdias);
Corporações culturais (universidades, associações científicas, literárias, artísticas e
desportivas).
Grémios:
Organismos corporativos que reuniam os patrões (indústria, comércio e agricultura)
e as empresas privadas em geral.
Sindicatos Nacionais:
Associações promovidas e aprovadas pelo Estado que abrangiam os trabalhadores
do comércio e da indústria; as profissões liberais formavam um sindicato nacional
único.
Casas do Povo:
Organismos corporativos que reuniam, a nível local, os agricultores e os
proprietários agrícolas de cada freguesia.
Este lado de Salazar repetiu-se no sistema político que liderou. O Estado Novo distinguiu-se
pelo seu caráter profundamente conservador e tradicionalista. Repousou em valores e
conceitos morais que jamais alguém deveria questionar: Deus, Pátria, Família, Autoridade,
Paz Social, Hierarquia, Moralidade e Austeridade. Respeitou tradições nacionais e promoveu
a defesa de tudo o que fosse genuinamente português.
Por sua vez, considerou-se que a “verdadeira família portuguesa” era a família católica de
moralidade austera que repelia o vício e a desregração (que não segue ou que não tem
regras) de costumes.
Salazar implementou uma disciplina orçamental firme que assegurou o controlo do défice e
a estabilização da moeda (escudo), contribuindo para o aumento das exportações e da
emigração. Conseguido o equilíbrio orçamental em 1929, iniciou uma reforma tributária e o
controlo da inflação.
Portugal continuou a ser um país marcadamente rural. Mais de metade da população ativa
trabalhava no setor primário, nos anos 30 e 40, o que revela o atraso estrutural da
economia nacional e a falta de inovação técnica. A política agrícola procurou garantir a
autarcia.
Para diminuir as despesas com as importações de cereal lançou a Campanha do Trigo (1929-
1937), à semelhança da de Mussolini. O Estado concedia subsídios e apoiava a
modernização das técnicas agrícolas, mas fixava os preços para eliminar a concorrência.
Inicialmente aumentou-se a produção, mas o esgotamento dos solos, sobretudo no
Alentejo, revelou o fracasso desta política e agravou as condições de vida da população
rural, sobretudo a assalariada.
A par desta campanha, o Estado Novo promoveu outras campanhas agrícolas (da vinha, do
azeite, da cortiça, batata e fruta) que visavam a autarcia, em ligação com o ruralismo
corporativista e o nacionalismo económico.
Infraestruturas:
Construção de estradas e autoestradas para facilitar as ligações ao interior do país;
Construção do aeroporto de Lisboa.
Meios de comunicação:
Expansão da rede de telégrafo;
Expansão da rede telefónica.
A indústria não foi uma prioridade: entre 1931-37 foram colocados uma série de
constrangimentos a este setor, através de uma política de condicionamento industrial, que
se traduziu num apertado controlo por parte do Estado e num débil crescimento. O caráter
ruralista do regime e o medo do bolchevismo ajudaram à escolha desta opção.
Dirigido por António Ferro, o SPN desenvolveu a propaganda que exaltou as obras do
regime, projetou a imagem de Salazar e valorizou a tradição cultural portuguesa.
O projeto cultural do regime ficou associado à "Política do Espírito", defendida por António
Ferro, com os seguintes objetivos:
Elevar o nível cultural dos Portugueses.
Valorizar o espírito nacional e a cultura popular.
Difundir os valores da tradição, do amor à pátria e da grandeza do Império.