A Constituição de 1976

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A Constituição de 1976

A Assembleia Constituinte foi eleita a 25 de Abril de 1975 coube a elaboração e


a aprovação da Constituição.
A Constituição foi aprovada a 2 de abril de 1976, entrou a vigor a partir de 25 de
abril de 1976 também.
Atualmente, a Constituição de 1976 é considerada a mais longa constituição
portuguesa que alguma vez entrou em vigor, tendo mais de 32 000 palavras. Estando
há mais de 40 anos em vigor e tendo recebido 7 versões constitucionais [em 1982,
1992, 1997, 2001, 2004 e 2005], a Constituição de 1976 já sofreu mais revisões
constitucionais do que a Carta Constitucional de 1826 [segunda constituição
portuguesa. Teve o nome de Carta Constitucional por ter sido outorgada pelo rei D.
Pedro IV e não redigida e votada por cortes constituintes eleitas pela nação, tal como
sucedera com a constituição de 1822], a constituição portuguesa que esteve em vigor
durante 72 anos.
As Forças Armadas Portuguesas são um pilar essencial da defesa nacional e
constituem a estrutura do Estado que garante a defesa militar da República.
A elaboração da Constituição de 1975 foi fruto do seu tempo, refletindo, na sua
estrutura e no seu conteúdo o contexto revolucionário em que a mesma foi aprovada.
O Pacto MFA/Partidos predeterminou princípios a incluir na Constituição, a fim
de garantir as conquistas da Revolução.
O texto final da Constituição de 1976, teve um caráter de compromisso, que
engloba princípios ideológicos de diferentes quadrantes políticos, uns mais moderados
e outros de esquerda.
A Constituição definiu os princípios de um Estado de direito democrático:
instituiu a democracia representativa, o pluripartidarismo [sistema político em qual
três ou mais partidos políticos podem assumir o controle de um governo, de maneira
independente, ou numa coalizão], a soberania popular e a separação dos poderes.
Foi consagrada a liberdade política, os direitos, as liberdades e garantias dos
cidadãos e dos trabalhadores.

Princípios:
 Igualdade de todos os cidadãos perante a lei;
 Liberdade de expressão, reunião, associação e de impressa;
 Direito à greve e organização sindical;
 Direito ao voto;
 Direito à educação;
 Direito ao trabalho, à segurança social e à proteção na saúde.

As novas instituições democráticas:


A nova constituição também consagrou uma nova organização do estado
português e um regime democrático e pluralista, semelhante ao dos outros países da
Europa Ocidental.
Assim, instituíram-se os seguintes órgãos de soberania, que são independentes
uns dos outros:

Presidente da República
 Representa o país e garante a independência nacional.
 Mandato: 5 anos.
 Eleito por sufrágio direto.

Assembleia da República
 Compete aprovar as leis e fiscalizar o seu cumprimento.
 Mandato: 4 anos.
 Deputados eleitos por círculos eleitorais correspondentes aos distritos e às
regiões autónomas.

Governo
 Formado por elementos do partido que obtém, mais votos das eleições
legislativas para a Assembleia da República, a quem compete propor as leis e
governar o país.
 Mandato: 4 anos.
 Designado pelo Presidente da República, de acordo com o resultado das
eleições legislativas.

Tribunais
 Aplicam justiças.
 Tribunal Constitucional.
 Tribunais Administrativos e fiscais.
 Tribunais Judiciais.
 Tribunal de contas.

Cidadãos eleitores
 Cidadãos portugueses maiores de 18 anos.

Em termos políticos e ideológicos estabeleceu-se o objetivo de encaminhar a


sociedade e a economia para a via do socialismo.
A “Transição para o socialismo” está mais claro no domínio económico, na medida
em que legitima as expropriações e as nacionalizações, destacando a “apropriação
coletiva dos meios de produção”.

Com a aprovação da Constituição, institucionalizou-se a democracia.


25 de abril: eleições legislativas que deram a vitória ao PS, com Mário Soares
[1924], como primeiro-ministro, do primeiro governo constitucional.
27 de junho: eleições presidenciais que deram a vitória ao general Ramalho
Eanes [1935].
Mário Soares:
 Nasceu a 7 de dezembro de 1924, em Lisboa.
 Morreu a 7 de janeiro de 2017.
 Filho de João Lopes Soares [ministro das colónias- 1925] e de Elisa Nobre
Baptista.
 Casado com Maria de Jesus Barroso.
 Político português que se opôs ao regime do Estado Novo, tendo sido preso e
deportado para São Tomé.
 Na década de 70 exilou-se em França, regressando a Portugal depois do 25 de
Abril.
 Foi um dos elementos fundadores da Ação Socialista Portuguesa que veio a dar
lugar ao Partido Socialista, em 1973.
 Integrou os quatro primeiros Governos Provisórios e foi primeiro-ministro entre
1986-1978 e 1983-1985.
 Venceu as eleições presidenciais no ano de 1986 e em 1991.

Ramalho Eanes:
 António dos Santos Ramalho Eanes.
 Nasceu a 25 de janeiro de 1935, em Alcains.
 Filho de Manuel dos Santos Eanes [empreiteiro e proprietário] e de Maria do
Rosário Ramalho.
 Casado com Maria Manuela Duarte Neto de Portugal Eanes.
 Militar.
 Figura de destaque no processo democrático.
 Foi o primeiro presidente da República democraticamente eleito, após a
Revolução de 25 de Abril 1974.
Mário Soares

Ramalho Eanes
A Constituição da República Portuguesa é constituída por um Preâmbulo e 296
artigos.
Estes artigos encontram-se organizados em Princípios fundamentais e quatro
Partes, para além das Disposições finais e transitórias.
As quatro Partes dividem-se em Títulos, na qual, os mesmos se dividem, por
vezes, em Capítulos.

Preâmbulo: A 25 de Abril de 1974, o Movimento das Forças Armadas, coroando a


longa resistência do povo português e interpretando os seus sentimentos profundos,
derrubou o regime fascista.
Libertou Portugal da ditadura, da opressão e do colonialismo, representando uma
transformação revolucionária para a sociedade portuguesa. Os legítimos
representantes do povo reúnem-se para elaborar uma Constituição que corresponda
aos interesses do país, de defender a independência nacional, garantir os direitos dos
cidadãos e estabelecer os princípios da democracia, abrindo caminho a uma Sociedade
Socialista, mais livre, justa e fraterna.
A 2 de Abril de 1976 a Assembleia Constituinte aprova e decreta a seguinte
Constituição da República Portuguesa:

Princípios Fundamentais:
Artigo 1.º- República Portuguesa [Portugal como uma república soberana, a República
Portuguesa.
Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e
na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e
solidária.
Artigo 2.º- Estado de direito democrático
O estatuto da República Portuguesa como um Estado democrático, baseado na
soberania popular, no respeito e na garantia dos direitos e liberdades fundamentais e
no pluralismo de expressão e organização política democrática, que tem por objetivo
assegurar a transição para o socialismo mediante a criação de condições para o
exercício democrático do poder pelas classes trabalhadoras.

Artigo 3.º- Soberania e legalidade


A soberania, una e indivisível, reside no povo, que a exerce segundo as formas
previstas na Constituição.
O Movimento das Forças Armadas, como grande das conquistas democráticas e
do processo revolucionário, participa, em aliança com povo, no exercício da soberania,
nos termos da Constituição.
Os partidos políticos concorrem para a organização e para a expressão da
vontade popular, no respeito pelos princípios da independência nacional e da
democracia política.
O Estado está submetido à Constituição e funda-se na legalidade democrática.
[…]
Artigo 6.º- Estado unitário
O Estado é unitário e respeita na sua organização os princípios da autonomia
das autarquias locais e da descentralização democrática da administração pública.
Os arquipélagos dos Açores e da Madeira constituem regiões autónomas
dotadas de estatutos político-administrativos próprios.
Artigo 9.º- Tarefas fundamentais do Estado
São tarefas fundamentais do Estado: a) Garantir a independência nacional e
criar as condições políticas, económicas, sociais e culturais que a promovam; b)
Assegurar a participação organizada do povo na resolução dos problemas nacionais,
defender a democracia política e fazer respeitar a legalidade democrática; c) Socializar
os meios de produção e a riqueza, através de formas adequadas às características do
presente período histórico, criar as condições que permitam promover o bem estar e a
qualidade de vida do povo, especialmente das classes trabalhadoras, e abolir a
exploração e a opressão do homem pelo homem.
Artigo 10.º- Processo revolucionário
A aliança entre o Movimento das Forças Armadas e os partidos e organizações
democráticos assegura o desenvolvimento pacífico do processo revolucionário.
O desenvolvimento do processo revolucionário impõe, no plano económico, a
apropriação coletiva dos principais meios de produção.

PARTE I- DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS


TÍTULO III- DIREITOS E DEVERES ECONÓMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS
CAPÍTULO I- Princípio geral
Artigo 50.º- Garantias e condições de efetivação
A apropriação coletiva dos principais meios de produção, a planificação do
desenvolvimento económico e a democratização das instituições são garantias e
condições para a efetivação dos direitos e deveres económicos, sociais e culturais.

CAPÍTULO II- Direitos e deveres económicos


[…]
Artigo 55.º- Comissões de trabalhadores
É direito dos trabalhadores criarem comissões de trabalhadores para defesa dos
seus interesses e intervenção democrática na vida da empresa, visando o reforço da
unidade das classes trabalhadores e a sua mobilização para o processo revolucionário
de construção do poder democrático dos trabalhadores. […]

PARTE II- ORGANIZAÇÃO ECONÓMICA


TÍTULO I- Princípios gerais
Artigo 80.º- Fundamento da organização económico-social
A organização económico-social da República Portuguesa assenta no
desenvolvimento das relações de produção socialistas, mediante a apropriação coletiva
dos principais meios de produção e solos, bem como dos recursos naturais, e o
exercício do poder democrático das classes trabalhadoras sentido. […]
Artigo 82.º- Intervenção, nacionalização e socialização
A lei determinará os meios e as formas de intervenção e de nacionalização e
socialização dos meios de produção, bem como os critérios de fixação de
indemnizações.
A lei pode determinar que as expropriações de latifundiários e de grandes
proprietários e empresários ou acionistas não deem lugar a qualquer indemnização.

Artigo 83.º- Nacionalizações efetuadas depois de 25 de Abril de 1974


Todas as nacionalizações efetuadas depois de 25 de Abril de 1974 são
conquistas irreversíveis das classes trabalhadoras.
As pequenas e médias empresas indiretamente nacionalizadas, fora dos setores
básicos da economia, poderão, a título excecional, ser integradas no setor privado,
desde que os trabalhadores não optem pelo regime de autogestão ou de cooperativa.
Artigo 84.º- Cooperativismo
O Estado deve fomentar a criação e a atividade de cooperativas,
designadamente de produção, de comercialização e de consumo. […].
A constituição e o funcionamento das cooperativas não dependem de qualquer
autorização.

TÍTULO II- ESTRUTURAS DA PROPRIEDADE DOS MEIOS DE PRODUÇÃO


Artigo 89.º- Setores de propriedades dos meios de produção
Na fase de transição para o socialismo, haverá três setores de propriedade dos
meios de produção, dos solos e dos recursos naturais, definidos em função da sua
titularidade e do modo social de gestão.
O setor público é constituído pelos bens e unidades de produção coletivizados.
O setor cooperativo é constituído pelos bens e unidades de produção possuídos
e geridos pelos cooperadores, em obediência aos princípios cooperativos.
O setor privado é constituído pelos bens e unidades de produção não
compreendidos nos números anteriores. […]

Crise do petróleo de 1973


Problemas económicos e sociais

Problemas Económicos:
 Agravamento dos saldos negativos da balança comercial;
 Ruína dos termos de troca;
 Origem da inflação;
 Quebra do rendimento real.

Problemas Sociais:
 Instabilidade Política interna;
 Agitação social;
 Desinteresse no setor primário e secundário:
 Desemprego.
A Constituição ambiciona a consagração dos direitos e deveres individuais de todos os
cidadãos portugueses, dando primazia aos direitos humanos, nomeadamente, a
garantia da liberdade, da igualdade perante a lei, da segurança e da propriedade.
Podemos constatar que com a queda do fascismo decorreu uma enorme
prosperidade em Portugal.

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