A Democracia em Portugal

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Instituto Superior de Economia e Gestão

Introdução à Sociologia Política

A Democracia
em Portugal

Docente: João Graça


Discente: Diogo de Terenas Neves

Janeiro de 2013
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ÍNDICE

1. Introdução 3
2. A Democracia 4
2.1 Definição 4
2.2 Origem 6 6
2.3 Formas 7
2.4 Em Portugal 10
2.4.1 A Monarquia Liberal (1820 – 1910) 10
2.4.2 I República (1910 – 1926) 12
2.4.3 II República: Ditadura (1926 – 1974) 14
2.4.4 III República (1974 – presente) 16
3. A qualidade da democracia em Portugal 18
4. Conclusão 19
5. Bibliografia 20

2
INTRODUÇÃO

Este trabalho surge como elemento de avaliação da cadeira de Introdução


à Sociologia Política do curso de Gestão do ISEG.
O trabalho proposto seria expor um tema relacionado com o programa da
cadeira, desenvolvendo-o num relatório. Foi dada uma grande liberdade
na escolha dos temas o que de inicio me complicou um pouco na decisão
do tema. No entanto, decidi aproveitar a cadeira para, nesta altura em
que observamos níveis de instabilidade política históricos e generalizados,
rever um pouco da história do nosso país e da sua Democracia.
O tema do meu trabalho é assim a Democracia em Portugal e começarei
por abordar a Democracia em si, enquadrando-a depois temporalmente
em Portugal.

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A DEMOCRACIA

O que é?

Democracia vem do termo Demokratia – palavra grega composta


por demos, que quer dizer povo, e kratia, originária de kratos, que
significa governo, força ou potência de dominação. Literalmente,
democracia significa “governo do povo”
Actualmente, a democracia é considerada uma forma de
organização de um grupo de pessoas, onde a titularidade do poder
reside na totalidade dos seus membros. Como tal, a tomada de decisões
responde à vontade geral.
De um modo mais claro, pode-se definir democracia como uma forma de
governo e de organização de um Estado, onde através de mecanismos de
participação directa ou indirecta, o povo elege os seus representantes.
De salientar ainda que a democracia é uma forma de convivência social
em que todos os habitantes são livres e iguais perante a lei, e as relações
sociais estabelecem-se segundo mecanismos contratuais.
Embora existam pequenas diferenças nas várias democracias, certos
princípios e práticas distinguem o governo democrático de outras formas
de governo:

● Democracia é o governo no qual o poder e a responsabilidade


cívica são exercidos por todos os cidadãos, directamente ou
indirectamente, através dos seus representantes livremente eleitos;

● Democracia é um conjunto de princípios e práticas que protegem


a liberdade humana, sendo considerada a institucionalização da
liberdade;

● A democracia baseia-se nos princípios do governo da maioria


associados aos direitos individuais e das minorias, isto é, todas
as democracias, embora respeitem a vontade da maioria, devem
proteger intensamente os direitos fundamentais dos indivíduos e
das minorias;

● Uma das principais funções da democracia é proteger os direitos


humanos fundamentais: a liberdade de expressão e de religião;

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igualdade de direitos entre cidadãos; e a oportunidade de organizar
e participar plenamente na vida política, económica e cultural da
sociedade;

● As democracias conduzem eleições livres e justas, abertas a todos


os cidadãos;

● A democracia sujeita os governos ao Estado de Direito, e assegura


que todos os cidadãos recebam a mesma protecção legal e que os
seus direitos sejam protegidos pelo sistema judicial;

● As democracias são diversificadas, reflectindo a vida política, social


e cultural de cada país, ou seja, estas baseiam-se em princípios
fundamentais e não em práticas uniformes;

● Os cidadãos numa democracia não têm apenas direitos, têm


também o dever de participar no sistema político que, por seu lado,
protege os seus direitos e as suas liberdades.

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A origem da democracia

A primeira organização democrática foi observada em Atenas,


na Grécia na Antiguidade Clássica. Caracterizava-se pela sua forma de
governo em que a administração política se baseava nos interesses
colectivos dos habitantes das cidades-estado. Por este motivo, muitos
intelectuais gregos da altura criticaram este tipo de organização já que
não eram a favor de um governo que desse iniciativa ao povo. Na Idade
Média, o termo caiu em desuso, reaparecendo por volta do século
XVIII, durante as revoluções burguesas que derrubaram as monarquias
absolutistas (as principais referências são a Revolução Americana de
1776 e Revolução Francesa de 1789). Com isto, a democracia recuperou o
princípio da cidadania, os homens deixaram de ser súditos (subordinados
a um rei) para se transformar em cidadãos. No século XX, a democracia
voltou a ser objecto de grande interesse, especificamente a partir da
década de 1950, quando as sociedades ocidentais haviam passado por
períodos de violência armada entre vários Estados, no decorrer das duas
guerras mundiais.

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Formas de democracia

Tendo analisado as várias características de um regime democrático,


vamos agora passar para as formas de democracia. Neste capítulo existe a
democracia directa e democracia indirecta ou representativa.

Democracia Directa

Entende-se por democracia directa, qualquer forma de organização


na qual todos os cidadãos podem participar directamente no processo
de tomada de decisões, ou seja, é um sistema onde os cidadãos decidem
directamente cada assunto por votação.
A democracia directa tornou-se cada vez mais difícil de ser
implantada, aproximando-se, necessariamente, da democracia
representativa, quando o número de cidadãos cresce. Historicamente,
deve-se referir que as primeiras democracias da antiguidade foram
democracias directas, nomeadamente, o antigo sistema político de
Atenas, onde os cidadãos se reuniam nas praças e ali tomavam decisões
políticas. Contudo, este sistema não abrangia um grande número de
indivíduos, pois embora a população de Atenas fosse grande, a maioria da
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população não era composta de pessoas consideradas como cidadãs, que,
portanto, não tinham direitos políticos (mulheres, escravos e crianças não
eram considerados cidadãos).
Contemporaneamente, o regime que mais se aproxima dos ideais
de uma democracia directa, é a democracia semi-directa da Suíça,
onde segundo Bonavides (destacado professor universitário brasileiro,
especializado em Direito), “ a soberania está com o povo, e o governo,
mediante o qual essa soberania se comunica ou exerce, pertence ao
elemento popular nas matérias mais importantes da vida pública “.

O Landsgemeinde ou "assembleia cantonal", é uma das mais antigas


formas de democracia directa, com a primeira assembleia, historicamente
documentada, a ocorrer em 1294.
Os cidadãos elegíveis do cantão, encontram se em um determinado
dia ao ar livre para decidir sobre leis e gastos do conselho, onde todos
podem colocar uma questão. A votação é realizada por aqueles a favor de
um movimento, levantando as suas mãos.

Historicamente, até à admissão de mulheres, a única prova de


cidadania necessária para que os homens pudessem entrar na área de
voto era mostrar a sua espada cerimonial ou baioneta.

Com o passar dos anos, surgiram vários críticos do Landsgemeinde,


argumentando que um dos direitos democráticos fundamentais, o voto
anónimo, não estava assegurado.

Por razões práticas, a Actualmente, devido à impraticabilidade deste


sistema (existência de um elevado número de eleitores), só 2 cantões
mantêm este sistema: Glarus e Appenzell Innerrhoden.

Democracia Representativa

Refere-se ao sistema em que as decisões são tomadas pelas pessoas


que o povo reconhece como sendo seus representantes legítimos, isto é,
os cidadãos elegem representantes em intervalos regulares, que então
votam os assuntos em seu favor.
De referir ainda que muitas democracias representativas modernas
incorporam alguns elementos da democracia directa nomeadamente o
referendo.

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Em relação às suas características, enquanto na maioria dos
regimes de democracia directa a participação no processo democrático
era limitada somente a alguns membros da sociedade, na democracia
representativa o sufrágio universal conseguiu, quantitativamente, garantir
a participação da grande maioria de cidadãos. Um outro aspecto a ter em
conta é a separação estrutural e permanente entre eleitos e eleitores,
sendo esta separação reforçada pelos conhecimentos técnicos necessários
àqueles que irão representar os cidadãos.

Esta diferença entre eleitos e eleitores, é uma das críticas apontadas


a este sistema, pois acaba por afastar a política das práticas quotidianas,
afastando duas esferas muito próximas na democracia directa: a política
e a vida social. Castoriadis (filósofo francês de origem grega, considerado
um dos maiores expoentes da filosofia francesa do século XX) refere-
se a este tema: “a representação ‘política’ tende a ‘educar’ – isto é, a
deseducar – as pessoas na convicção de que elas não podem gerir os
problemas da sociedade, que existe uma categoria especial de homens
dotados da capacidade específica de ‘governar’ ”.
Outra crítica frequente à democracia representativa, além do
generalizado desencanto com os políticos profissionais, é que a opinião
dos eleitores só é consultada uma vez a cada quatro anos. E mesmo após
serem eleitos, os políticos tradicionais podem agir praticamente como
bem entenderem, até a próxima eleição, ignorando as suas promessas
eleitorais.

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A Monarquia Constitucional (1820 – 1910)

O parlamentarismo constitucional português inicia-se com a


Constituição de 1822, aprovada na sequência da Revolução Liberal de
1820.
A ideia de assembleia parlamentar enquanto órgão de
representação nacional surge em Portugal, no início do século XIX, com as
invasões francesas.
O projecto constitucional partiu de uns simpatizantes das ideias da
Revolução Francesa e já tinha expresso princípios como o da igualdade
perante a lei, a salvaguarda da liberdade individual de culto, a justiça
fiscal "sem excepção alguma de pessoa ou classe", a liberdade de
imprensa e a instrução pública.
Era sugerido o princípio da divisão tripartida dos poderes, em que
o poder judicial deveria ser independente e o poder executivo assistido
por um Conselho de Estado e que não podia "obrar senão por meio de
ministros responsáveis".
Relativamente ao poder legislativo, pedia-se a instituição de um
parlamento bicameral, sendo os representantes da nação eleitos pelas
câmaras municipais, de acordo com "os nossos antigos usos", legislando as
duas câmaras em concorrência com o executivo.
Com a revolução de 1820 procurou-se logo convocar as cortes
constituintes com o objectivo de elaborar uma constituição.
A eleição dos representantes da nação foi feita de acordo com o
sistema eleitoral consagrado na Constituição liberal espanhola de Cádis,
de 1812, com apenas algumas adaptações à realidade portuguesa.
Tratava-se de um sufrágio indirecto em que se deveriam formar
juntas eleitorais de freguesia, de comarca e de província. Os cidadãos
maiores de 25 anos (nalguns casos os maiores de 21 anos) com emprego,
ofício ou ocupação útil, elegiam representantes que, por sua vez,
escolhiam os eleitores de comarca. Estes reuniam-se na capital da
província e elegiam os deputados às cortes constituintes, os quais não
podiam ser menores de 25 anos, à razão de um por cada trinta mil
habitantes.
Instituiu-se o primeiro sistema de governo parlamentar controlado
por uma assembleia que viria a aprovar, em 23 de Setembro, a
Constituição de 1822.
Na Constituição de 1822 ficaram consagrados os princípios ligados
aos ideais liberais da época: princípios democrático, representativo, da

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separação de poderes e da igualdade jurídica e respeito pelos direitos
pessoais.
Entre as alterações introduzidas posteriormente no regulamento
das eleições, destacam-se as de 1852, consagrando-se os princípios
do parlamentarismo. As eleições continuavam a ser indirectas e muito
restritivas. O que podiam ser eleitos deputados deveriam ter uma renda
anual mínima de 400$00 réis, o que era na altura uma soma considerável.
A primeira fase do constitucionalismo monárquico é dominada pela
instabilidade político-social resultante da proclamação da independência
do Brasil por D. Pedro (filho primogénito de D. João VI) e das lutas que se
seguiram entre liberais e absolutistas.
Esta controvérsia, acompanhada por sucessivos confrontos
armados, vem a reflectir-se em modelos constitucionais diferenciados:
ora um liberalismo democrático, defensor do alargamento do direito
de sufrágio, do parlamentarismo puro e do monocameralismo, ora um
liberalismo conservador, defensor de maior intervenção do Rei e de um
parlamentarismo mitigado pelo poder real e o bicameralismo.
Neste período constituíram-se apenas dois partidos autónomos
significativos: o Partido Progressista Histórico e o Partido Regenerador.
São ambos partidos de quadros, com uma orgânica partidária muito
centralizada que asseguraram, rotativamente, o poder através de acordos
políticos depois confirmados por sufrágio, sobretudo durante o período
de relativa acalmia que correspondeu aos reinados de D. Pedro V e de D.
Luís.
De todos os partidos, vem a destacar-se o Partido Republicano
Português que defende a alteração revolucionária do regime vigente,
conquistando uma militância progressiva a nível local, agregando a
contestação à monarquia, acusada de comprometer as instituições da
nação.
A instabilidade social e económica fez emergir novas forças sociais,
dotadas de alguma capacidade económica e vontade de expressão
política efectiva que o sistema político e parlamentar vigente não parecia
assegurar.

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I República (1910 – 1820)
A implantação da República a 5 de Outubro de 1910, representou
uma grande esperança na instauração de um regime amplamente
participado.
Haviam sido os republicanos o que mais tinham denunciado as
fraudes e manobras eleitorais dos partidos monárquicos, atribuindo
aos mesmos o afastamento da maioria da população do exercício da
cidadania.
Com a implantação da República estava nas suas mãos alterar o
sistema tornando-o mais democrático.
A Assembleia Nacional Constituinte foi eleita num sufrágio em
que só houve eleições em cerca de metade dos círculos eleitorais. Não
havendo mais candidatos do que lugares a preencher em determinada
circunscrição eleitoral, aqueles eram proclamados "eleitos" sem votação.
A participação dos cidadãos foi também muito limitada. A lei
conferia o voto apenas aos cidadãos maiores de 21 anos que soubessem
ler e escrever ou que fossem chefes de família há mais de um ano.
A Constituição de 1911 afastou o sufrágio censitário, não tendo, no
entanto, consagrado o sufrágio universal, nem dado a capacidade eleitoral
às mulheres, aos analfabetos e, em parte, aos militares.
Só em 1918, com o decreto nº 3997, de Sidónio Pais, se alargou
o sufrágio a todos os cidadãos do sexo masculino maiores de 21 anos.
Contudo, este alargamento só duraria um ano, com a reposição do antigo
regime de incapacidades regulamentado por lei especial, para a qual
remetia o articulado constitucional.
O colégio eleitoral da 1ª. República era limitadíssimo, sendo mesmo
inferior ao existente na monarquia. Em 1910 haviam 850 mil eleitores
recenseados, em 1913 apenas 400 mil. O número subiu para 471 em 1915,
até atingir um total de 574.280 eleitores em 1925 (Em 1890, recorde-se,
haviam sido recenseados 900 mil eleitores). Para agravar esta situação, a
abstenção era elevadíssima (40% em 1915. 30% em 1925).
Instalados no poder, os republicanos passaram a combater o
próprio sufrágio universal.
O sistema eleitoral criado pelo Partido Republicano servia apenas
para manter no poder as suas clientelas partidárias.

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A deslegitimação política do regime foi um dos elementos centrais
da sua queda, culminando uma sucessão de tentativas de tomada de
poder pela força.

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II República: Ditadura (1926-1974)

O período da Ditadura pode ser dividido em três partes:

● Ditadura Militar (de 1926 a 1928 - entre a data do golpe militar


de 28 de Maio de 1926 e a eleição de Óscar Carmona para
presidente da República);

● Ditadura Nacional (1928 a 1933 – terminou ao ser referenciada


uma nova Constituição);

● Estado-Novo (1933 a 1974 – terminou com a Revolução do 25 de


Abril).

Durante a ditadura militar, a Constituição de 1911 vigoraria apenas


em teoria, tendo sido alterada por sucessivos decretos governamentais.
Sendo o anti-parlamentarismo uma das bandeiras deste golpe,
depressa se compreenderá que entre 1926 e 1935 - data do início da
primeira legislatura da Assembleia Nacional do Estado Novo - a ideia de
Parlamento, enquanto órgão de soberania, não conste das prioridades
políticas do poder.

Assembleia Nacional na Constituição de 1933

A constituição de 1933 foi a única Constituição a ser aprovada por


sufrágio referendário, onde num universo eleitoral de cerca de um milhão
e trezentos mil eleitores, as abstenções e os votos em branco contaram
como votos a favor. A entrega do boletim em branco - onde constava a
pergunta "Aprova a Constituição da República Portuguesa?" - contava
como um "sim", enquanto o "não" deveria ser expressamente escrito. O
sufrágio era obrigatório e muitas das liberdades fundamentais estavam
restringidas.

António de Oliveira Salazar, na altura Presidente do Conselho de


Ministros, foi quem concebeu e elaborou o projecto de constituição,
onde, depois de aprovado, ficou estabelecido um compromisso entre

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um Estado democrático e um Estado autoritário, permitindo que a praxis
política conduzisse à rápida prevalência deste último, uma vez que os
direitos e garantias individuais dos cidadãos previstos na Constituição,
designadamente a liberdade de expressão, reunião e associação, seriam
regulados por "leis especiais".
A primeira Assembleia Nacional foi eleita em 1934, por sufrágio
directo dos cidadãos maiores de 21 anos ou emancipados. Os analfabetos
só podiam votar se pagassem impostos não inferiores a 100$00 e
as mulheres eram admitidas a votar se tivessem um curso especial,
secundário ou superior. De referir que o direito de voto às mulheres já
fora expressamente reconhecido em 1931, embora com condições mais
restritas que as previstas para os homens.
A capacidade eleitoral passiva determinava que podiam ser eleitos
os eleitores que soubessem ler e escrever e que não estivessem sujeitos
às inelegibilidades previstas na lei, onde se excluíam os "presos por delitos
políticos" e "os que professem ideias contrárias à existência de Portugal
como Estado independente, à disciplina social...". Outro facto a destacar
é que foi na 1ª Legislatura da Assembleia Nacional que encontramos, pela
primeira vez, três mulheres deputadas.
Apesar da redução das restrições ao voto, as eleições durante a
ditadura (autárquicas, legislativas e presidenciais) eram contudo, uma
verdadeira farsa, dada a sua total manipulação. A ditadura condicionava
não apenas a apresentação das listas dos candidatos da Oposição, mas
também falseava os próprios resultados eleitorais. De referir ainda que o
número de eleitores recenseados continuou muito baixo.

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III República (1974 – presente)
Depois do 25 de Abril de 1974, a transição para a democracia foi
bem sucedida.
Uma das primeiras preocupações do Movimento das Forças
Armadas, expressa nas medidas imediatas do seu programa foi a
convocação, no prazo de um ano, de uma Assembleia Constituinte eleita
por sufrágio universal directo e secreto.
Depois da realização de um recenseamento eleitoral
considerado exemplar, votaram todos os cidadãos maiores de 18
anos, independentemente do sexo, nível de instrução ou capacidade
económica, com excepção dos responsáveis e colaboradores do anterior
regime.
Verificaram-se também outras alterações como:
● Abolição do regime de censura;
● Instauração das liberdades de associação, reunião e expressão;
● Extinção da polícia política;
● Abolição da restrição à formação de sindicatos livres e partidos
políticos.
As eleições para a Assembleia Constituinte realizaram-se a 25 de
Abril de 1975. Foram eleitos 250 Deputados, representando os seguintes
partidos:
Partido Socialista (PS) - 116
Partido Popular Democrático (PPD) - 81
Partido Comunista Português (PCP) - 30
Partido do Centro Democrático Social (CDS) - 16
Movimento Democrático Português (MDP/CDE) - 5
União Democrática Popular (UDP) - 1
Associação de Defesa dos Interesses de Macau (ADIM) - 1

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Nestas primeiras eleições por sufrágio verdadeiramente universal
realizadas em Portugal, registou-se uma afluência histórica de 91,7% dos
cidadãos recenseados e uma reduzida expressão de votos brancos e nulos
(6,9%).

No dia 2 de Abril de 1976, dez meses depois do início dos seus


trabalhos, a Assembleia Constituinte aprovou então a Constituição de
1976.

A partir de 1976, com a tomada de posse do I Governo


Constitucional, iniciou-se uma nova fase na vida democrática portuguesa.

Com a instauração da democracia ocorreram significativas


mudanças a nível da cultura e das mentalidades, em consequência do
clima de liberdade recuperado após o 25 de Abril, como:

● A descolonização;
● A adesão à Comunidade Europeia;
● A reconstrução do sistema educativo;
● As mudanças na condição feminina e na família.

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Qualidade da democracia em Portugal
O estudo “Barómetro da Qualidade da Democracia”, realizado pelo
ICS com o apoio da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento e
a Fundação Calouste Gulbenkian, revela que 64,6% dos inquiridos estão
insatisfeitos com o funcionamento da democracia em Portugal.
Em 1999, um estudo da Word Values Survey mostrava que 81%
dos portugueses considerava a democracia um sistema bom ou muito
bom. Actualmente, o estudo do ICS revela que 55,5% consideram que a
democracia é preferível a qualquer forma de governo.
Dos inquiridos, 47,6% diz não se sentir representados pelos
partidos.
Este estudo concluiu ainda que 15% dos inquiridos se mostraram
susceptíveis de apoiar um regime autoritário, em certas circunstâncias.
Outro estudo interessante para o tema em análise veio concluir que
apenas 56% dos portugueses consideram que “a democracia é preferivel a
qualquer outra forma de governo”.

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Conclusão
Conclui-se então que, antes da Constituição de 1976, a democracia
não existia em Portugal. Até aqui, todas as lutas em prol da democracia
haviam sido uma máscara para a realização de interesses e o alcance do
poder. A participação das pessoas na vida política era muito limitada ou
então não existia sequer.
Apesar da enorme participação da população nas primeiras
eleições cujo sufrágio foi verdadeiramente universal, ao longo dos anos a
tendência tem-se invertido, cada vez se verificam valores mais elevados
na abstenção.
Destaca-se a mudança do estatuto das mulheres na sociedade
portuguesa que até então tinham um papel muito apagado.
A abstenção é uma consequência do descrédito e desinteresse nas
instituições políticas e poucas iniciativas têm sido tomadas para aumentar
a participação dos cidadãos na vida política.

19
Bibliografia

●Freire, André (2001), "Os caminhos difíceis da democracia em


Portugal", História, nº 40, pp. 52-55.
● Carneiro, R. (1997) Activa Multimédia: Geografia e História de Portugal, Lisboa:
Lexicultural
● http://conexioniberoamerica.wordpress.com/2009/10/04/reflectir-a-
democracia-portuguesa-em-tempos-de-crise/
● http://alvalade.no.sapo.pt/CursoMarcosPortugal.htm
● http://www.dn.pt/inicio/interior.aspx?content_id=638391
● http://economico.sapo.pt/noticias/satisfacao-com-democracia-atingiu-minimo-
de-sempre_136270.html
● http://conceito.de/democracia
● www.parlamento.pt/
● http://pt.wikipedia.org/wiki/História_da_democracia
● http://www.noticiasnumclick.com.br/atenas-na-grecia-antiga-democracia-
politica-economia-guerra-resumo
● http://www.publico.pt/politica/noticia/so-56-dos-portugueses-acreditam-que-
o-melhor-sistema-e-a-democracia-1529752
● http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Parlamento-IPPAR1.jpg

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