SEGUNDA LIÇÃO - TERCEIRA LIÇÃO Freud

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SEGUNDA LIO

PALAVRAS CITADAS:

Catrtico (catarse) mtodo catrtico o procedimento teraputico pelo qual um


sujeito consegue eliminar seus afetos patognicos e ento ab-reagi-los,
revivendo os acontecimentos traumticos a que eles esto ligados.

Represso Em psicanlise*, a represso uma operao psquica que tende


a suprimir conscientemente uma ideia ou um afeto cujo contedo
desagradvel.

Resistncia - para designar o conjunto das reaes de um analisando cujas


manifestaes, no contexto do tratamento, criam obstculos ao desenrolar da
anlise.

Sublimao - Sigmund Freud* conceituou o termo em 1905 para dar conta de


um tipo particular de atividade humana (criao literria, artstica, intelectual)
que no tem nenhuma relao aparente com a sexualidade*, mas que extrai
sua fora da pulso* sexual, na medida em que esta se desloca para um alvo
no sexual, investindo objetos socialmente valorizados.

Quase ao mesmo tempo em que Breuer praticava a talking cure (cura de


conversao) com sua paciente, comeava o grande Charcot, em Paris, com
as doentes histricas da Salptrire, as investigaes de onde havia de surgir
nova concepo da enfermidade.

Seguindo o exemplo de Pierre Janet que estudou os processos psquicos


particulares da histeria, Freud tomou a diviso da mente e a dissociao da
personalidade como ponto central de sua teoria.

Janet levava em conta as ideias dominantes da Frana para sua teoria e


acreditava que a histeria era uma forma de alterao degenerativa do sistema
nervoso, que se manifestava pela fraqueza congnita do poder de sntese
psquica. Os histricos seriam incapazes de manter a multiplicidade dos
processos mentais, esta seria a explicao para a dissociao psquica.

Freud prosseguindo as pesquisas iniciadas por Breuer foi levado a outro ponto
de vista a respeito da dissociao histrica (a diviso da conscincia).

O procedimento catrtico realizado por Breuer exigia a hipnose profunda do


paciente, somente neste estado hipntico ele tinha conhecimento das ligaes
patognicas, que em condies normais s escapavam. Para Freud este
procedimento se tornou cansativo, sendo um recurso incerto, assim abandonou
a hipnose. Decidiu agir com o mtodo catrtico estando os pacientes em
estado normal. Questionou-se em como fazer o doente contar aquilo, que nem
ele mesmo sabia, neste momento recordou-se de uma experincia de
Bernheim, que pessoas submetidas a um estado de sonambulismo hipntico,
tinham executado atos diversos, sendo possvel recordar do que houve durante
este estado em conscincia normal.

Assim Freud procedeu da mesma maneira com seus pacientes, no momento


em que o doente afirmava nada mais saber, assegurava-lhes que sabia, e ia
mesmo at afirmar que a recordao exata seria a que lhes apontasse no
momento em que lhes pusesse a mo sobre a fronte. Porm aps algum
tempo, esta se mostrou inadequada para uma tcnica definitiva.

Pode observar que as recordaes do doente no estavam esquecidas, mas


que alguma fora as detinha, permanecendo no inconsciente. Percebia em
oposio potncia quando se tentava trazer as lembranas inconscientes. Foi
nesta ideia de resistncia que Freud alicerou sua concepo sobre os
processos psquicos na histeria. Para restabelecer o doente mostrou-se
indispensvel suprimir as resistncias.

Freud formula a ideia que denomina a gnese da doena, sendo: as mesmas


foras que hoje, como resistncia, se opem a que o esquecido volte
conscincia deveriam ser as que antes tinham agido, expulsando da
conscincia os acidentes patognicos correspondentes, a este processo ele
nomeia represso.

Atravs do tratamento catrtico Freud pode explicar o mecanismo patognico


da histeria, como se tratando do aparecimento de um desejo violento em
contraste com os demais desejos do indivduo e incompatveis com as
aspiraes morais e estticas de sua personalidade, sendo este um desejo
inconcilivel, sucumbia represso e permanecia no inconsciente. Era,
portanto, a incompatibilidade entre a ideia e o ego, o motivo da represso, que
evitava o desprazer, um meio de proteo da personalidade psquica.

Desta forma a concepo freudiana diferencia-se da de Janet, pois no


atribuda a diviso psquica incapacidade inata para a sntese da parte do
aparelho psquico, mas, explica-se pela dinmica do conflito de foras mentais
contrrias. Os conflitos psquicos so frequentes, sem que isso produza a
diviso psquica.

A hipnose encobre a resistncia, deixando livre e acessvel um determinado


setor psquico, contudo sua fronteira acumula as resistncias, criando para o
resto uma barreira intransponvel.

O sintoma pode ser um substituto da ideia reprimida, j que o sintoma


protegido contra as foras defensivas do ego, causando um sofrimento
interminvel. Pode-se reconhecer traos de semelhana do sintoma com a
ideia primitiva reprimida. Assim necessrio que o sintoma seja reconduzido
pelo mesmo caminho at a ideia reprimida.

Quando se consegue reconstituir a atividade mental consciente daquilo que


fora reprimido pressupe que resistncias tenham sido desfeitas - o conflito
psquico que se originara e que o doente quis evitar, orientado pelo mdico,
seria uma soluo mais feliz do que a oferecida pela represso.

Quando o doente se convence que repelira sem razo o desejo e aceita-o, este
dirigido para um alvo irrepreensvel e mais elevado (denomina-se
sublimao) ou reconhece como justa a repulsa, onde o mecanismo de
represso insuficiente e substitudo por um julgamento de condenao, o
controle consciente do desejo atingido.

TERCEIRA LIO

PALAVRAS CITADAS:

Catexia - o processo pelo qual a energia libidinal disponvel na psique


vinculada a ou investida na representao mental de uma pessoa, idia ou
coisa. A libido que foi catexizada perde sua mobilidade original e no pode mais
mover-se em direo a novos objetos. Est enraizada em qualquer parte da
psique que a atraiu e segurou.

Associao livre - foi um mtodo utilizado por Freud, em substituio hipnose,


que consistia em deitar o paciente no div e encoraj-lo a dizer o que viesse
sua mente, sendo tambm este convidado a relatar seus sonhos. Freud
analisava todo o material que aparecesse, e buscava entend-los e encontrar
os desejos, temores, conflitos, pensamentos e lembranas que pudessem se
encontrar, que estivessem alm do conhecimento consciente do paciente.

Contedo manifesto e latente O contedo manifesto uma deformao do


contedo latente, o que equivale a dizer que o contedo latente dissimula-se
por trs do contedo manifesto. Essa deformao a marca de umadefesa*
contra o desejo veiculado pelo sonho.

Condensao Termo empregado por Sigmund Freud* para designar um dos


principais mecanismos do funcionamento do inconsciente*. A condensao
efetua a fuso de diversas idias do pensamento inconsciente, em especial no
sonho*, para desembocar numa nica imagem no contedo manifesto,
consciente*.

Deslocamento Processo psquico inconsciente*, teorizado por Sigmund


Freud* sobretudo no contexto da anlise do sonho*. O deslocamento, por meio
de um deslizamento associativo, transforma elementos primordiais de um
contedo latente em detalhes secundrios de um contedo manifesto.
Ato falho Ato pelo qual o sujeito*, a despeito de si mesmo,substitui um projeto
ao qual visa deliberadamente por uma ao ou uma conduta imprevistas.

Corrigindo uma inexatido somente nas primeiras vezes aconteceu que pela
simples presso por Freud exatamente o esquecido que buscava se
apresentava. Continuando a empregar o mtodo, vinham pensamentos
despropositados.

Valeu-se ento da utilizao de um pressuposto cuja exatido cientfica foi


anos depois demonstrada pelo amigo C. G. Jung, de Zurique e seus discpulos.

Duas foras antagnicas atuavam no doente; de um lado, o esforo para trazer


conscincia o que permanecia no inconsciente; de outro lado resistncia,
impedindo a passagem para o consciente do elemento reprimido. Podendo
admitir que tanto maior a deformao do elemento procurado maior a
resistncia deste. O pensamento que vinha no doente em lugar do desejado,
tinha origem idntica ao sintoma, sendo o sintoma menos semelhante quanto
maior fosse deformao que sofresse sob influncia da resistncia. O
pensamento devia comportar-se em relao ao elemento reprimido com uma
aluso, como uma representao do mesmo por meio de palavras indiretas.

Nomeia-se complexo um grupo de elementos ideacionais interdependentes,


catexizados de energia afetiva. Assim tem-se a probabilidade de desvendar um
complexo reprimido na medida que o doente proporcione um nmero suficiente
de associaes livres. Realiza-se mandando o doente dizer o que lhe vem a
mente e este indiretamente depende do complexo procurado, sendo o nico
mtodo praticvel. Por vezes o doente afirma no ter mais nada a dizer, porm
ideias livres nunca deixam de aparecer, o paciente influenciado pela resistncia
disfarada em juzos crticos sobre o valor da ideia, retm-na ou de novo a
afasta. Assim solicita-se ao paciente que exponha o que lhe vier ao
pensamento sem nenhuma seleo ou crtica.

A interpretao dos sonhos a estrada real para o conhecimento do


inconsciente, a base mais segura da psicanlise. Quando acordados
costumamos tratar os sonhos com o mesmo desdm com que os doentes
rejeitam as ideias soltas despertadas pelo psicanalista. O nosso descaso
funda-se no carter extico apresentado mesmo pelos sonhos que apresentam
clareza e nexo, como tambm pela absurdez e insensatez dos demais, esta
repulsa explica-se pelas tendncias imorais e menos pudicas que se
patenteiam em muitos deles. A antiguidade e as camadas baixas do nosso
povo, mesmo hoje, no compartilha de tal desapreo, pois esperam a
revelao do futuro.
Para Freud no h necessidade de nenhuma hiptese mstica. Diferente deste
conceito, o sonho seria a realizao de desejos trazidos pelo dia do sonho.
Apresentam-se de forma distorcida da sua forma original, tendo uma expresso
verbal diversa da apresentada no sonho. Devendo diferenciar o contedo
manifesto, o qual se recorda no dia seguinte, do contedo latente do sonho o
qual pertence ao inconsciente.

Esta deformao j conhecida, estando presente na gnese dos sintomas


histricos, sendo a prova da participao da mesma interao de foras
mentais tanto na formao de sonhos como na dos sintomas. O contedo
manifesto do sonho substituto deformado para os pensamentos inconscientes
do sonho. Esta deformao obra das foras defensivas do ego, isto , da
resistncia que na viglia impede a passagem para a conscincia, dos desejos
reprimidos do inconsciente; enfraquecidas durante o sono, estas resistncias
so suficientemente fortes para s os tolerar disfarados. Quem sonha,
portanto reconhece to mal o sentido dos sonhos, como o histrico as
correlaes e significados de seus sintomas. O sonho manifesto que
conhecem no adulto graas recordao pode ento ser descrito como uma
realizao velada de desejos reprimidos.

O processo de elaborao onrica, o qual pensamentos inconscientes do


sonho se disfaram no contedo manifesto, ocorre entre dois sistemas
psquicos distintos, como consciente e inconsciente. Entre estes processos h
a condensao e o deslocamento.

Pela anlise dos sonhos descobriu-se o importantssimo papel que os fatos e


impresses da tenra infncia exercem no desenvolvimento do homem,
conservando todas as peculiaridades e aspiraes, como desenvolvimento de
represses, sublimaes e formaes reativas. Ainda faz-se notar tambm
atravs da anlise dos sonhos, que o inconsciente serve para a representao
de complexos sexuais, de certo simbolismo, em parte varivel individualmente
e em parte tipicamente fixo.

O aparecimento de pesadelos contradiz o nosso modo de entender o sonho


como satisfao dos desejos. A ansiedade que os acompanha no depende
simplesmente do contedo onrico, ansiedade uma das reaes do ego
contra desejos reprimidos violentos. Pode-se assim compreender que a
interpretao de sonhos, quando as resistncias do doente no atrapalham-na,
levam ao conhecimento dos desejos ocultos e reprimidos, bem como dos
exemplos entretidos por este.

Tratar agora do terceiro grupo de fenmenos psquico cujo estudo se tornou


recurso tcnico empregado na psicanlise. O fenmeno em questo so as
pequenas falhas comuns aos indivduos normais e aos neurticos, fatos os
quais costumamos no dar importncia o esquecimento de coisas que
deviam saber e que s vezes sabem realmente (por exemplo, fuga temporria
de nomes prprios) lapsos de linguagem, na escrita ou na literatura em voz
alta; atrapalhes no executar qualquer coisa, perda ou quebra de objetos, etc.
Juntam-se atos ou gestos que as pessoas executam sem perceber ou atribuir
importncia, como trautear melodias, brincar com objetos, com partes da roupa
ou do prprio corpo, etc. Os atos falhos como os sintomticos e fortuitos,
exprimem impulsos e intenes que devem ficar ocultos prpria conscincia,
pois emanam dos desejos reprimidos e dos complexos que, so criadores de
sintomas e formadores dos sonhos. Fazem a mesma considerao que os
sintomas e os sonhos, que podem levar ao descobrimento da parte oculta da
mente. So do mais alto valor terico testemunham a existncia da represso
e da substituio mesmo na sade perfeita.

O psicanalista se distingue pela rigorosa f no determinismo da vida mental.


No existindo nada insignificante nas manifestaes psquicas. Antev um
motivo suficiente em toda parte e est disposto a aceitar causas mltiplas para
o mesmo efeito, enquanto nossa necessidade causal, que supomos inata, se
satisfaz plenamente com uma nica causa psquica.

O estudo das ideias livremente associadas pelos pacientes, seus sonhos,


falhas e aes sintomticas, considerando ainda outros fenmenos no decurso
do tratamento psicanaltico, chega-se a concluso de que a tcnica suficiente
capaz de realizar aquilo que se props: conduzir conscincia o material
psquico patognico, dando fim aos padecimentos ocasionados pela produo
dos sintomas de substituio.

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