UEPA - Resenha Antropologia Social
UEPA - Resenha Antropologia Social
UEPA - Resenha Antropologia Social
Alexsandro Bezerra
Diogo Michel de Araújo Medeiros
Elizonete de Jesus S. B. Pereira
Paulo Sérgio Bastos de Almeida
Raymundo Nonato Pereira
Silvia Helena Rodrigues de Carvalho
Resenha
Alexsandro Bezerra
Diogo Michel
Elizonete de Jesus S. B. Pereira
Paulo Sérgio Bastos de Almeida
Raymundo Nonato Pereira
Silvia Helena Rodrigues de Carvalho
Resenha
1 - Resenha 1
GEERTZ, Clifford. O saber local: novos ensaios em antropologia interpretativa.
Tradução de Vera Mello Joscelyne. 10. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. Cap. 3.
Alexsandro Bezerra2
Diogo Michel
Elizonete de Jesus S. B. Pereira
Paulo Sérgio Bastos de Almeida
Raymundo Nonato Pereira
Silvia Helena Rodrigues de Carvalho
plausível que o antropólogo esteja limitado a apenas uma das duas abordagens,
pois estas podem limitar o alcance de suas de suas análises, ora por se ater aos
pequenos detalhes apenas, ora por divagar em “abstrações” sem levar em conta os
mencionados detalhes.
E prossegue dizendo que “o que é importante é descobrir que diabos eles
acham que estão fazendo” (GEERTZ, 2008, p. 89). Esta afirmação, muito sugestiva,
nos leva a indagar como eu posso adentrar na experiência do outro sem me
“contaminar” com ela ou sem levar meus parâmetros sociais para as analises que a
posteriori farei destas? Este questionamento parece conveniente com os pontos
levantados, pois se eu partir para uma proximidade muito estreita com meu objeto
de estudo terei, de algum modo, estreitamento de laços com ela, sejam agradáveis
ou desagradáveis, e se ficar na superficialidade, pouco saberei para fundamentar
minhas afirmações. Logo, embora acreditemos ser possível uma análise com um
certo grau de imparcialidade, precisamos ter em mente que as avaliações realizadas
terão um pouco de nossos parâmetros e não atingirão, talvez o cerne do tema.
Após este esboço geral da “fisionomia” e do papel do antropólogo e de sua
atividade, por assim dizer, geertz apresenta o conceito de pessoa, como norteador
de suas análises, em seus três pontos de pesquisa, tendo em vista que esta
concepção, segundo ele, “é um fenômeno universal”. Os locais de pesquisa foram
Java, Bali e Marrocos, nos quais este autor analisa a concepção pessoa segundo a
construção dos povos destes locais, as quais, embora diferentes na aparência se
parecem muito na essência e até mesmo poderíamos dizer com a concepção
ocidental.
Em Java, como diz o início do segundo ponto, vislumbramos “uma concepção
bifurcada, sendo uma de suas partes constituída por sentimentos meio sem gestos,
e outra por gestos meio sem sentimentos”. Ou seja, temos uma espécie de disciplina
ou uma busca pela superação tão fortemente imposta e naturalizada que o indivíduo
se abnega de suas emoções e de sua expressão para com o seu grupo, para chegar
a um grau de apuração como o buscado por alguns filósofos. Nesta sociedade, pelo
que vemos e utilizando um termo ocidental, o “controle social” também se manifesta
de modo a interferir na vida das pessoas, como exemplificado no último parágrafo do
texto, no qual o autor narra à postura de um homem que perdeu sua esposa e por
conta das exigências de sua cultura precisa agir com serenidade e simpatia para
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rebeber algumas visitas, mesmo estando abalado com o ocorrido, este precisa
chegar a um estado sublime de superação de suas emoções.
Em Bali, diferentemente de Java, temos a idéia de pessoa atrelada a uma
questão simbólica, na qual, caso um elemento morra o símbolo que ele representava
permanece sendo assumido por outro, pois a própria nomenclatura já cria este efeito
de substituição. Para ratificar esta afirmação, geertz (2008, p. 96) diz que,“tanto em
sua estrutura, como na forma em que operam, os sistemas terminológicos
conduzem a uma visão da pessoa humana como um representante adequado de um
tipo genérico, e não como uma criatura única, com um destino específico”. E tudo
gira em torno desta imagem de pessoa enquanto parte do conjunto social, mas
rejeitada em sua identidade individual, fato que, novamente nos remete a afirmar
que possivelmente temos diferenças na aparência dos fatos, mas muita similaridade
na essência quando tomamos nossos conceitos de individual e coletivo.
Por fim, no terceiro e ultimo local, o Marrocos, apresenta-se a conceituação
de pessoa através do termo nisba, que é uma espécie de forma local de
nomenclatura e caracterização do indivíduo, só que, no entanto bastante relativista.
Como afirma o autor:
A contextualização social das pessoas é difusa, e na sua maneira curiosamente não-
metódica, acaba sendo sistemática. Os homens não
flutuam como entidades psíquicas fechadas, que se destacam de seu contexto e
recebem nomes individuais. Por mais individualistas e até obstinados que sejam os
marroquinos – e na verdade o são – sua identidade é um atributo que tomam
emprestado do cenário que os rodeia. (geertz, 2008, p. 102)