Manual de Linguistica I

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CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE

PORTUGUÊS

MANUAL DE LINGUÍSTICA I

ENSINO ONLINE. ENSINO COM FUTURO 2022

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CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE
PORTUGUÊS

MANUAL DE LINGUÍSTICA I

1º ANO

CÓDIGO

TOTAL HORAS/1º SEMESTRE 150

CRÉDITOS (SNATCA) 6

NÚMERO DE TEMAS 12

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UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

Direitos de autor (copyright)


Este manual é propriedade da Universidade Aberta ISCED (UnISCED), e contém reservados
todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total deste manual, sob
quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou
outros), sem permissão expressa de entidade editora (Universidade Aberta ISCED).

A não observância do acima estipulado o infractor é passível a aplicação de processos judiciais


em vigor no País.

Universidade Aberta ISCED


Rua Paiva Couceiro
Beira - Moçambique
Telefone: +258 23 323501
Cel: +258 82 3055839
Fax: 23323501
E-mail: [email protected]
Website: www.unisced.ac.mz

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UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

Agradecimentos

O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) agradece a colaboração dos


seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual:

Autor Jane Mutsuque

Vice- reitoria Académica da UnISCED


Coordenação
Universidade Aberta ISCED (UnISCED)
Design
Instituto Africano de Promoção da Educação a Distancia (IAPED)
Financiamento e Logística

Revisão Científica e Faculdade de Educação


Linguística

Ano de Publicação 2018

Ano de actualização 2022

Local de Publicação ISCED – BEIRA

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UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

VISÃO GERAL 1
Benvindo à Disciplina/Módulo de Linguística I ................................................................. 1
Objectivos do Módulo....................................................................................................... 1
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................. 1
Como está estruturado este módulo ................................................................................ 2
Ícones de Actividades ....................................................................................................... 4
Habilidades de estudo ...................................................................................................... 4
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 7
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ................................................................................ 8
Avaliação ........................................................................................................................... 9

TEMA I - CONSIDERAÇÕES GERAIS À DISCIPLINA: Natureza, objectivos e Princípios 11


Introdução....................................................................................................................... 11
1.1 A Linguística como Disciplina Científica ................................................................. 11
1.2 Fases da Linguística - Histórico do Surgimento da Linguística ............................... 12
1.3 Objecto de Estudo da Linguística ........................................................................... 14
1.4 Ramos da Linguística .............................................................................................. 14
1.5 Matéria e Tarefas da Linguística ............................................................................ 15
1.6 Relação da Linguística com outras Ciências ........................................................... 16
Sumário ........................................................................................................................... 17
Auto-Avaliação ................................................................................................................ 18
Exercícios de Aplicação ....................................................... Erro! Marcador não definido.

TEMA II - A GRAMÁTICA 21
Introdução....................................................................................................................... 21
2.1 Conceito de Gramática ........................................................................................... 21
2.2 Componentes/Classificação da Gramática............................................................. 22
2.3 Áreas de Estudo da Gramática ............................................................................... 23
2.4 Função da Gramática.............................................................................................. 23
2.5 Tipos de Gramáticas ............................................................................................... 23
Síntese ............................................................................................................................. 25
Auto-Avaliação .................................................................... Erro! Marcador não definido.
Auto-Avaliação .................................................................... Erro! Marcador não definido.

TEMA III - A LINGUAGEM (HUMANA) 29


Introdução....................................................................................................................... 29
2.4 Conceito ………………………………. .............................................................................. 29
3.2 Origem e Evolução da Linguagem .......................................................................... 30
3.3 Teorias Filosóficas da Linguagem ........................................................................... 30
3.4 Tipos de Linguagem ................................................................................................ 32
3.5 Linguagem humana vs. Linguagem Não-humana (diferenças) .............................. 33
Síntese ............................................................................................................................. 34
Auto-Avaliação ................................................................................................................ 35
Exercícios de Aplicação ....................................................... Erro! Marcador não definido.

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TEMA IV - PRINCÍPIOS DA FONÉTICA 39


Introdução....................................................................................................................... 39
4.1 Conceito de Fonética .............................................................................................. 39
4.2 As Propriedades Articulatórias ............................................................................... 39
4.3 Componente da Fonética ....................................................................................... 40
4.4 Funcionamento do Aparelho Fonador Humano .................................................... 41
Síntese ............................................................................................................................. 44
Auto-Avaliação ................................................................................................................ 44
Exercícios de Aplicação ....................................................... Erro! Marcador não definido.

TEMA V - TRANSCRIÇÃO FONÉTICA: Classificação dos Sons 47


Introdução....................................................................................................................... 47
5.1 Alfabeto Fonético Internacional............................................................................. 47
5.2 Classificação dos Sons Linguísticos......................................................................... 50
Síntese ............................................................................................................................. 54
Auto-Avaliação ................................................................................................................ 55
Exercícios de Aplicação ....................................................... Erro! Marcador não definido.

TEMA VI - PRINCÍPIOS DA FONOLOGIA 57


Introdução....................................................................................................................... 57
6.1 Conceito de Fonologia ............................................................................................ 57
6.2 Fonema, Fones e Alofones ..................................................................................... 58
Síntese ............................................................................................................................. 63
Auto-Avaliação ................................................................................................................ 64
Exercício de Aplicação......................................................... Erro! Marcador não definido.

TEMA VII - PRINCÍPIOS DA MORFOLOGIA 68


Introdução....................................................................................................................... 68
7.1 A Concepção de Morfologia ................................................................................... 68
7.2 Critérios da Definição da Palavra ........................................................................... 68
7.3 Tipos de Morfemas................................................................................................. 70
7.4 Estrutura Interna da Palavra .................................................................................. 72
7.5 Palavras Simples e Complexas................................................................................ 74
Síntese ............................................................................................................................. 76
Auto-Avaliação ................................................................................................................ 76
Exercícios de Aplicação ....................................................... Erro! Marcador não definido.

TEMA VIII - A SINTAXE (NOÇÃO E ESTRUTURA DOS CONSTITUINTES) 79


Introdução....................................................................................................................... 79
8.1 Conceito de Sintaxe ................................................................................................ 79
8.2 Estrutura dos Constituintes (constituintes imediatos) .......................................... 80
8.3 Frase, Oração e Período ......................................................................................... 88
Síntese ............................................................................................................................. 91
Auto-Avaliação ................................................................................................................ 92
Exercícios de Aplicação ....................................................... Erro! Marcador não definido.

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TEMA IX - INTRODUÇÃO À SEMÂNTICA 95


Introdução....................................................................................................................... 95
9.1 Conceito da Semântica ........................................................................................... 95
9.2 Noção de Sema ....................................................................................................... 96
9.3 Relações de Sentido (identidade ou igualdade de sentido)................................... 97
9.4 Relações de Oposição ou Dissemelhança de Sentido ............................................ 98
9.5 Distinção entre Conotação e Denotação: ............................................................ 101
Síntese ........................................................................................................................... 101
Auto-Avaliação .............................................................................................................. 102
Exercícios de Aplicação ....................................................... Erro! Marcador não definido.

TEMA X - INTRODUÇÃO À PRAGMÁTICA 106


Introdução..................................................................................................................... 106
10.1 Conceito de Pragmática ..................................................................................... 106
10.2 Princípios da Pragmática: Actos Ilocutórios ....................................................... 107
Síntese ........................................................................................................................... 109
Auto-Avaliação .............................................................................................................. 110
Exercícios de Aplicação ....................................................... Erro! Marcador não definido.

TEMA XI - LÍNGUA: Falada e Escrita 114


Introdução..................................................................................................................... 114
11.1 Acepções sobre o Conceito de Língua................................................................ 114
11.2 Diferenças entre a Língua e Fala ........................................................................ 117
11.3 Relação das Línguas com a Escrita ..................................................................... 117
Síntese ........................................................................................................................... 118
Auto-Avaliação .............................................................................................................. 119
Exercícios de Aplicação ....................................................... Erro! Marcador não definido.

TEMA XII - NOÇÕES DE SOCIOLINGUÍSTICA E PSICOLINGUÍSTICA 122


Introdução..................................................................................................................... 122
12.1 Sociolinguística ................................................................................................... 122
12.2 Conceito de Psicolinguística ............................................................................... 129
Síntese ........................................................................................................................... 130
Auto-Avaliação .............................................................................................................. 131
Exercícios de Aplicação ....................................................... Erro! Marcador não definido.

RESOLUÇÃO DOS EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO Erro! Marcador não definido.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 134

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UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

VISÃO GERAL

Benvindo à Disciplina/Módulo de Linguística I


Objectivos do Módulo
Ao terminar o estudo deste módulo de Linguística I deverá ser capaz
de: conhecer os conceitos básicos da linguística, destacando seus
objectivos, sua sistematização, seus procedimentos concebidos
para captar, registrar, acumular, resumir e interpretar os
fenómenos que afectam as situações linguísticas numa perspectiva
geral.

▪ Definir Linguística e suas importância.


▪ Fazer um breve percurso histórico da disciplina.
▪ Conhecer as diferentes formas manifestação da linguagem;
Objectivos ▪ Conhecer a gramática e seus componentes.
Específicos ▪ Saber reconhecer os fenómenos de variação linguística.

Quem deveria estudar este módulo


Este Módulo foi concebido para estudantes do 1º ano do Curso de
Licenciatura em Língua Portuguesa do ISCED. Poderá ocorrer,
contudo, que haja leitores que queiram se actualizar e consolidar
seus conhecimentos nessa disciplina, esses serão bem vindos, não
sendo necessário para tal se inscrever. Mas poderá adquirir o
manual.

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UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

Como está estruturado este módulo


Este módulo, à semelhança dos restantes da UnISCED I, está
estruturado como se segue:
Páginas introdutórias
▪ Um índice completo.
▪ Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo,
resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para
melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção
com atenção antes de começar o seu estudo, como componente
de habilidades de estudos.
Conteúdo desta Disciplina / módulo
Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez
comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente
unidades. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma
introdução, objectivos, conteúdos.

No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são


incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só
depois é que aparecem os exercícios de avaliação.

Os exercícios de avaliação têm as seguintes características: Puros


exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos e
actividades prátilcas, sendo algumas de estudo de caso.

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UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

Outros recursos
A equipa dos acadêmicos e pedagogos da UnISCED , pensando em
si, num cantinho recôndito deste nosso vasto Moçambique e cheio
de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem,
apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu
módulo para você explorar. Para tal a UnISCED disponibiliza na
biblioteca virtual mais material de estudos relacionado com o seu
curso como: Livros e/ou módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para além
deste material físico ou electrónico disponível na biblioteca, pode
ter acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais ainda as
possibilidades dos seus estudos.

Auto-avaliação e Tarefas de avaliação


Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final
de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos exercícios
de auto-avaliação apresentam duas características: primeiro
apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo,
exercícios que mostram apenas respostas.

Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação


mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de
dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras.
Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo
a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de correcção
e subsequentemente nota. Também constará do exame do fim do
módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os exercícios de
avaliação é uma grande vantagem.

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UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

Comentários e sugestões
Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados
aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza diadáctico-
Pedagógica, etc., sobre como deveriam ser ou estar apresentadas.
Pode ser que graças as suas observações que, em gozo de
confiança, classificamo-las de úteis, o próximo módulo venha a ser
melhorado.

Ícones de Actividades
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas
margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes
partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela
específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança
de actividade, etc.

Habilidades de estudo

O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a


aprender. Aprender aprende-se.

Durante a formação e desenvolvimento de competências, para


facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará
empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons
resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e
eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando estudar.
Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos que caro
estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos estudos,
procedendo como se segue:

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UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

− 1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio


de leitura.
− 2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida).
− 3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e
assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR).
− 4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a
sua aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com
o padrão.
− 5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades
práticas ou as de estudo de caso se existirem.

IMPORTANTE:
Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo, respectivamente
como, onde e quando...estudar, como foi referido no início deste
item, antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre
o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em
casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de
manhã/de tarde/fins de semana/ao longo da semana? Estudo
melhor com música/num sítio sossegado/num sítio barulhento!?
Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada hora, etc.

É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada
ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando
achar que já domina bem o anterior.

Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e


estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é

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UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos os


conteúdo de cada tema, no módulo.

Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por


tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora
intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama-
se descanso à mudança de actividades). Ou seja que durante o
intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das
actividades obrigatórias.

Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual


obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento
da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado volume
de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando
interferência entre os conhecimento, perde sequência lógica, por
fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai em
insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente
incapaz!

Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma


avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda
sistemáticamente), não estudar apenas para responder a questões
de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, estude
pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que
está a se formar.

Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que


matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que
resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo
quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades.

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UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será


uma necessidade para o estudo das diversas matérias que
compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar
a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as
partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos,
vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a
margem para colocar comentários seus relacionados com o que
está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir
à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura;
Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado
não conhece ou não lhe é familiar.

Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas
como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros
ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, páginas trocadas ou
invertidas, etc.). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento
e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone,
sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando
a preocupação.

Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes


(Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua
aprendizagem com qualidade e sucesso. Daí a relevância da
comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se
torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, estudante
– CR, etc.

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UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

As sessões presenciais são um momento em que você caro


estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do
seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED
indigitada para acompanhar as suas sessões presenciais. Neste
período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza
pedagógica e/ou administrativa.

O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30%


do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida
em que permite lhe situar, em termos do grau de aprendizagem
com relação aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se
precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver
habito de debater assuntos relacionados com os conteúdos
programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade
temática, no módulo.

Tarefas (avaliação e auto-avaliação)


O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e
auto−avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues
duas semanas antes das sessões presenciais seguintes.

Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não


cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de
campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da
disciplina/módulo.

Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os


mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente.

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UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa,


contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados,
respeitando os direitos do autor.

O plágio1 é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es). Uma


transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo de um autor,
sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade
científica e o respeito pelos direitos autorais devem caracterizar a
realização dos trabalhos e seu autor (estudante da UnISCED).

Avaliação
Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância,
estando eles fisicamente separados e muito distantes do
docente/tutor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma
avaliação mais fiável e consistente.

Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com


um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os
conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial
conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A
avaliação do estudante consta detalhada do regulamentada de
avaliação.

Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e


aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de
frequência para ir aos exames.

1
Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade
intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização.

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UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e


decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no
mínimo 60%, o que adicionado aos 40% da média de frequência,
determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira.

A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira.


Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 3 (três)
avaliações e 1 (um) (exame).

Algumas actividades praticas, relatórios e reflexões serão utilizados


como ferramentas de avaliação formativa.

Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em


consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as
recomendações, a identificação das referências bibliográficas
utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros.

Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de


Avaliação.

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UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

TEMA I - CONSIDERAÇÕES GERAIS À DISCIPLINA: Natureza, objectivos e Princípios

Introdução
Caro estudante, vais iniciar os seus estudos na disciplina de Linguística
com um tema que faz uma breve introdução à cadeira. As informações
que aqui são vinculadas irão permitir que você tenha uma visão geral
da linguística como disciplina científica; sobre o panorama histórico, o
objecto de estudo da disciplina; os ramos da disciplina e a relação da
linguística com outras ciências.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


▪ Definir linguística;
▪ Descrever todos o processo histórico do surgimento da Linguística;
▪ Indicar as fases porque a Linguística passou;
Objectivos
▪ Descrever os ramos da linguística;
Específicos
▪ Identificar o principal objecto de estudo da Linguística;
▪ Relacionar a linguística com outras ciências.

1.1 A Linguística como Disciplina Científica


As questões teóricas relativas à linguagem e às línguas, e as análises
decorrentes da investigação integrada em quadros teóricos, ainda que
possam constituir o conteúdo de gramáticas gerais ou particulares
pertencem, na realidade, à ciência da linguagem denominada
Linguística. Este termo foi utilizado pela primeira vez em alemão –
Sprachwissenschaft – numa obra de 1833, indica o estudo das línguas
“por si mesma” e não como reflexo de uma lógica filosófica ou como
uma arte de bem falar.

A linguística é um estudo científico porque assenta em pressupostos


teóricos coerentes, utiliza objectividade e rigor na descrição dos dados
e apresenta hipóteses de explicação com base nos pressupostos

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UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

teóricos, hipóteses que podem ser confirmadas ou refutadas perante os


dados das línguas em análise.

1.2 Fases da Linguística - Histórico do Surgimento da Linguística


Há relatos por parte de vários linguistas que a Linguística enquanto
disciplina cientifica o surgiu com a Linguística Moderna no final do
século XIX. Aqui vamos avançar até chegar ao início de século XXI,
apresentando um amplo painel das escolas linguísticas modernas e
contemporâneas, sem descuidar da influência exercida por estudiosos
de outras áreas sobre as investigações da linguagem humana.

Partindo de Platão, Aristóteles, dos estóicos e dos primeiros gramáticos


da Antiguidade, a linguística vai além de Saussure, Bakhtin e Chomsky,
elencando os principais nomes e vertentes deste campo e projectando
luzes sobre as tendências teóricas que vieram a se tornar dominantes
na Linguística no século que terminou e no actual século.

Os estudos da língua passaram por três fases sucessivas e distintas:


✓ a Gramática, que visava unicamente a formular regras para
definir o que é certo e o que é errado;
✓ a Filologia, que se preocupou em comparar textos de épocas
diferentes para determinar as peculiaridades de cada autor,
antecedendo a Linguística Histórica; e
✓ a Gramática Comparada, que, ao justapor línguas diferentes,
como o sânscrito, o grego e o latim, concluiu que todas
pertenciam à mesma família, sendo possível, por exemplo,
explicar as formas de uma língua pelas formas de outra.

A fase da Gramática Comparada descobriu-se aspectos ligados a


existência de uma relação entre os paradigmas gregos e latinos. Estes
estudos foram desenvolvidos por Franz BOPP. Ele observou que o

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UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

paradigma sânscrito deixa clara a noção de radical, elemento


determinável e fixo numa série de palavras da mesma família. Assim, o
sânscrito ajudou muito as pesquisas linguísticas, pois acabou
esclarecendo outras línguas.

Muitos foram os linguistas que se evidenciaram na genesse dos estudos


linguísticos: Jacob Grimm, Pott, Kuhn, Aufrecht, Max Müller, Curtius e
Schleicher. Alguns deles se aprofundaram nos estudos comparativos,
conciliando a Gramática Comparativa com a Filologia, fases que, como
vimos, antecederam a Linguística, fazendo surgir, assim, a escola
comparatista. Porém, tal escola nunca se preocupou em determinar a
natureza das línguas. Sem essa preocupação, ela não se constituiu em
uma ciência, já que não estabeleceu métodos. Nota-se que a condição
básica para o surgimento de uma ciência é o estabelecimento de
métodos. Essa escola foi exclusivamente comparativa, em vez de
histórica. Além disso, ela nunca se questiona os motivos de fazer tais
comparações, portanto, dela nada se pode concluir.

Os estudos comparativos acabaram por não corresponder à realidade,


portanto, passaram a ser estranhos às condições da linguagem, por isso
foram considerados excêntricos e erróneos. Porém, esses erros
acabaram sendo importantes, pois originaram as pesquisas científicas e
os estudos de Linguística propriamente ditos. Isso está bem claro: os
erros de uma teoria levam ao surgimento de outras. A comparação é
apenas um método. É assim que se dá o início a Linguística como uma
ciência da linguagem. Ela nasceu do estudo das línguas românicas e das
germânicas. Esse estudo aproximou a ciência de seu objecto de estudo,
ou seja, a Linguística da linguagem. As pesquisas linguísticas tornaram-
se concretas, já que contaram com a ajuda de numerosos documentos
que perduraram durante séculos. Tais documentos permitiam
acompanhar a evolução dos idiomas, em especial do latim, protótipo

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UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

das línguas românicas; e do germânico, protótipo das línguas indo-


européias.

Com o fracasso dos estudos comparativos formou-se a escola dos


neogramáticos, fundada por alemães. Essa escola consistiu em colocar
numa perspectiva histórica todos os resultados do método
comparativo. Graças a esses estudos, não se considerou mais a língua
como um organismo autónomo, mas sim como um produto colectivo
de grupos linguísticos. Esse fato acabou se transformando em algo de
grande importância para o campo da Linguística Geral, embora esta
ainda tenha algumas questões a serem esclarecidas. Sem dúvida, esse
campo é por demais abrangente, o que impede de se encerrarem ou de
se concluírem seus estudos.

1.3 Objecto de Estudo da Linguística


A Linguística, tal como qualquer outra ciência detentora de qualquer
que seja o método de investigação.

No caso, o objecto de estudo da Linguística é a linguagem humana. Daí


podemos definir a Linguística como sendo o estudo científico da
linguagem humana em suas diversas manifestações. Estudar a
linguagem humana em suas realizações é estudar as componentes da
gramática, que são: fonética, fonologia, morfologia, sintaxe, semântica
e pragmática, estilística, terminologia e filologia.

1.4 Ramos da Linguística


A Linguística enquanto disciplina científica abarca dois ramos: a
descritiva e a aplicada. Para compreenderes melhor, leia atentamente
o trecho que se segue.

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UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

✓ Linguística Descritiva
A Linguística Descritiva tem o trabalho de analisar e de descrever como
língua é falada (ou como foi falada no passado) por um grupo de povos
em uma comunidade do discurso. A linguística descritiva moderna é
baseada em uma aproximação estrutural à língua.

A descrição linguística é contrastada frequentemente com prescrição


linguística. A prescrição procura definir formulários da língua padrão e
dar o conselho no uso da língua eficaz, e pode ser pensada como
tentativa de apresentar as frutas da pesquisa descritiva em um
formulário, embora extrai também em uns aspectos mais subjectivos
da estética da língua. A prescrição e a descrição são essencialmente
complementares, mas têm prioridades diferentes e são vistas às vezes
para estar no conflito.

A descrição exacta do discurso real é um problema difícil, e os linguistas


foram reduzidos frequentemente às aproximações. Quase toda a teoria
linguística tem sua origem em problemas práticos da linguística
descritiva. Fonologia (e seus desenvolvimentos teóricos, tais como
fonema) trata da função e da interpretação do som na língua. Sintaxe
tornou-se para descrever as réguas a respeito de como as palavras
relacionam-se a fim dar forma a sentenças. Lexicologia, colecta de
“palavras” e suas derivações e transformações: não causou a teoria
muito generalizada.

1.5 Matéria e Tarefas da Linguística


Todas as manifestações da linguagem humana, seja de povos selvagens
ou civilizados, arcaicos ou contemporâneos, constituem a matéria da
Linguística. Porém, a linguagem escapa, muitas vezes, da observação,
por isso os linguistas devem levar em conta os textos orais e escritos,
que servirão de base para seus estudos.

15
UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

A Linguística tem três tarefas básicas:


✓ Descrever a história das línguas;
✓ Determinar as leis gerais a que possam se referir os fenómenos
da língua; e
✓ Definir a si própria.

Pode-se dizer que poucas pessoas têm a respeito ideias claras; porém e
evidente, por exemplo que as questões linguísticas interessam a todos
como: historiadores, filólogos, etc. A sua importância está vidada para
a cultura geral, ou seja na vida dos indivíduo as e das sociedades.
Recordemos que a linguagem constitui o factor mais importante que
qualquer outro.

Resumindo podemos dizer que o estudo da linguagem não é


exclusividade de especialistas, todos se interessam pelos estudos da
língua, em maior ou menor proporção. Porém, em última análise cabe
ao linguista a tarefa de denunciar e dissipar os erros cometidos ao se
estudar uma determinada língua.

Até aqui já fizemos uma resenha histórica da linguística enquanto


disciplina científica, falamos do conceito, do seu objecto de estudo, das
componentes, dos ramos e da matéria e da tarefa da linguística. Para
terminarmos esta unidade, vamos falar da importância e relação que a
linguística estabelece com outras disciplinas científicas.

1.6 Relação da Linguística com outras Ciências


A Linguística estabelece uma estreita relação com outras ciências, como
a Antropologia, a Psicologia e a Sociologia. Ora, se a linguagem é social,
obviamente a Linguística se relaciona com a Sociologia. Pode-se
afirmar, também, que na língua tudo é psicológico. Daí sua relação com
a Psicologia. E por fim, como a língua é objecto humano, a Linguística

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UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

relaciona-se com a Antropologia. Convém deixar claro que, embora se


relacionem, há muitos pontos que diferem a Linguística dessas outras
ciências.

Ademais, é certo que tudo o que se refere ao estudo da linguagem


desperta o interesse de especialistas e estudiosos de outras áreas,
como historiadores e filólogos, pois eles precisam trabalhar com textos.
Sem contar a importância dada à Linguística para a cultura geral, tanto
do indivíduo quanto da sociedade.

Sumário
Linguística é uma área de estudo científico sobre a linguagem humana
em suas diversas manifestações. O estudo da linguística é feito através
dos vários componentes da gramática, a saber: a fonética, a fonologia,
a morfologia, a sintaxe, semântica e pragmática, estilística,
terminologia, a filologia, a psicolinguística e a sociolinguística.

A Linguística enquanto ciência da linguagem nasceu do estudo das


línguas românicas e das germânicas. Esse estudo aproximou a ciência
de seu objecto de estudo, ou seja, a Linguística da linguagem.

Os principais ramos da linguística são: linguística descritiva que trabalha


na análise e descrição da língua e linguística aplicada que é um campo
interdisciplinar de estudo que identifica, investiga e oferece soluções
para os problemas relacionados com a linguagem da vida real.

A linguística tem três principais tarefas: a de descrever a história das


línguas, determinar as leis gerais a que possam se referir os fenómenos
da língua e definir a si própria. Ela relaciona-se com a com outras
ciências, tais como a Antropologia, a Psicologia, Filosofia, História,
Filologia, Sociologia, entre outras.

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Auto-Avaliação

Questões de Verdadeiro e Falso

1. Apresente uma definição válida para a linguística.


a) Linguística é uma ciência que se dedica ao estudo da linguagem
humana.
b) Linguística é uma ciência que não se dedica ao estudo da
linguagem humana.
c) Linguística é uma ciência que se dedica ao estudo da linguagem
animal.
d) Linguística é uma ciência que se dedica ao estudo da linguagem
infatil.

2. Qual era o fundamento da escola dos neogramáticos?


a) A escola dos neogramáticos defendia que a língua não é um
produto colectivo de grupos linguísticos e não se considerou
mais a língua como um organismo autónomo.
b) A escola dos neogramáticos defendia que a língua é um
produto colectivo de grupos linguísticos e se considerou mais a
língua como um organismo autónomo.
c) A escola dos neogramáticos defendia que a língua é um
produto colectivo de grupos linguísticos e não se considerou
mais a língua como um organismo autónomo.
d) A escola dos neogramáticos defendia que a língua é um
produto individual de grupos linguísticos e não se considerou
mais a língua como um organismo autónomo.

3. Quais são os ramos da linguística?


a) Os principais ramos da linguística são: linguística descritiva que
trabalha na análise e descrição da língua e linguística aplicada
que é um campo interdisciplinar de estudo que identifica,
investiga e oferece soluções para os problemas relacionados
com a linguagem da vida real.
b) Os principais ramos da linguística são: linguística indescritiva
que trabalha na análise e descrição da língua e linguística
aplicada que é um campo interdisciplinar de estudo que

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identifica, investiga e oferece soluções para os problemas


relacionados com a linguagem da vida imaginária.
c) Os principais ramos da linguística são: linguística descritiva que
não trabalha na análise e descrição da língua e linguística
aplicada que é um campo interdisciplinar de estudo que
identifica, investiga e oferece soluções para os problemas
relacionados com a linguagem da vida real.
d) Todas as alternativas estao correctas.

4. A Linguística estabelece uma estreita relação com outras ciências,


como a:

a) Antropologia,

b) Psicologia

c) Sociologia.

d) Todas as alternativas estão correctas.

5. A Linguística enquanto ciência da linguagem nasceu do:

a) estudo das línguas românicas e das germânicas.


b) estudo das línguas asiaticas e das germânicas.
c) estudo das línguas românicas e das africanas.

d) Todas as alternativas estão correctas.

Questões de Verdadeiro e Falso

6. A linguística tem três principais tarefas: a de descrever a história


das línguas, determinar as leis gerais a que possam se referir os
fenómenos da língua e definir a si própria.

7. Pode-se afirmar, também, que na língua tudo é psicológico.

8. O estudo da linguagem é exclusividade de especialistas, todos se


interessam pelos estudos da língua, em maior ou menor
proporção.

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9. A descrição linguística é contrastada frequentemente com


prescrição linguística.

10. A Linguística Descritiva tem o trabalho de analisar e de descrever


como língua é falada (ou como foi falada no passado) por um
grupo de povos em uma comunidade do discurso.

Questões de Reflexão

11. Quais são os ramos da linguítica?

12. Escolha um ramo da linguística e discorra sobre o mesmo.

Respostas

1. A
2. C
3. A
4. D
5. A
6. Verdadeiro
7. Verdadeiro
8. Falso
9. Verdadeiro
10. Verdadeiro

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TEMA II - A GRAMÁTICA

Introdução

No tema hora sugerido vais poder compreender os fenómenos por


detrais da origem e evolução da Gramática. É importante
compreenderes que a gramática é o principal instrumento orientador
dos estudos linguísticos. Entre outros tópicos, terás a possibilidade de
compreender as componentes da gramática, as áreas de estudo da
gramática, as função da gramática e os tipos de gramáticas existentes.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


▪ Definir o conceito de gramática;
▪ Indicar as componentes da gramática;
▪ Distinguir os diferentes tipos da gramática; e
Objectivos
▪ Reconhecer as diferentes funcionalidades da gramática.
Específicos

2.1 Conceito de Gramática


Gramática (do grego: γραμματική, transl. grammatiké, feminino
substantivado de grammatikós) é o conjunto de regras individuais
usadas para um determinado uso de uma língua, não somente da
norma culta, mas também de variantes não padrão. É ramo da
Linguística que tem por objetivo estudar a forma, a composição e todas
as questões adicionais de uma determinada Língua.

A partir deste conceito, pode-se definir que cada língua tem sua própria
gramática, mas nem toda língua tem sua própria linguística. A linguística
é única para todas as línguas existentes, já a gramática é única para cada
língua. Normalmente o conceito de gramática inclui a ortografia.

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2.2 Componentes/Classificação da Gramática


Para compreenderes melhor acerca das componentes da gramáticas,
que na verdade serão os objectos dos seus estudos ao longo do curso,
vamos apresentar sinteticamente conceitos gerais das respectivas
componentes:
✓ Morfologia preocupa-se com estudo da palavra e a sua
estrutura interna, olhando para o seu elemento mínimo de
análise, o morfema.
✓ Sintaxe estuda a estrutura da frase numa determinada língua,
bem como as relações entre as palavras dentro da frase.
✓ Fonética dedica-se ao estudo dos sons da fala desde a produção
à percepção, tendo como elemento mínimo de análise o fone.
✓ Fonologia preocupa-se com a organização dos sons fornecidos
pela fonética em sistemas e modelos sonoros numa língua
particular, tendo como elemento mínimo de análise o fonema.
✓ Lexicologia estuda o conjunto das palavras de um idioma, ramo
de estudo que contribui para a lexicografia, área de actuação
dedicada à elaboração de dicionários, enciclopédias e outras
obras que descrevem o uso ou o sentido do léxico.
✓ Terminologia dedicada seus estudos ao conhecimento e análise
dos léxicos especializados das ciências e das técnicas.
✓ Estilística estuda o estilo na linguagem.
✓ Semântica debruça sobre o significado das palavras, bem como
o sentido que elas têm entre si dentro da frase.
✓ Pragmática estuda os princípios que regulam a actividade
verbal, isto é, estuda o funcionamento da língua segundo os
contextos diferentes.
✓ Filologia é o estudo dos textos e das linguagens antigas.

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2.3 Áreas de Estudo da Gramática


Para além das componentes acima mencionadas, a linguística comporta
as seguintes áreas:
✓ Sociolinguística, que se preocupa com o estudo da língua como
um factor social.
✓ Psicolinguística, que estuda a relação entre a linguagem e o
cérebro humano.

2.4 Função da Gramática


A Gramática tem como principal função regular a linguagem e
estabelecer padrões de escrita e fala para os falantes de uma língua.
Graças à Gramática, a língua pode ser analisada e preservada,
apresentando unidades e estruturas que permitem o bom uso da língua
portuguesa.

Uma boa Gramática deve ser capaz de extrapolar a visão reducionista


que faz da língua um amontoado de regras prescritas pelos estudiosos
do sistema linguístico, devendo ser capaz não apenas de prescrever o
idioma, mas também de descrevê-lo, preservá-lo e, sobretudo, ter
utilidade para os falantes. A Gramática apresenta as regras, mas quem
movimenta e faz da língua um sistema vivo e mutável somos nós,
agentes da comunicação.

2.5 Tipos de Gramáticas


Por ser um sistema complexo e passível de diversas concepções, a
Gramática apresenta abordagens diversas, sendo dividida, então, em
tipos distintos:

− Gramática Normativa ou Prescritiva


Bastante utilizada em sala de aula e para diversos fins didáticos, a
Gramática Normativa busca a padronização da língua, indicando através

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UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

de suas regras como devemos falar e escrever corretamente. Aqui a


abordagem privilegia a prescrição de regras que devem ser seguidas,
desconsiderando os fatores sociais, culturais e históricos aos quais
estão sujeitos os falantes da língua.

− Gramática Histórica
Investiga a origem e a evolução de uma língua, representando os
estudos diacrônicos.

− Gramática Descritiva
A Gramática Descritiva analisa um conjunto de regras que são seguidas,
considerando as variações linguísticas da língua ao investigar seus fatos,
extrapolando os conceitos que definem o que é certo e errado em nosso
sistema linguístico.

− Gramática Comparativa
Estabelece comparação da língua com outras línguas de uma mesma
família. No caso de nossa língua portuguesa, as análises comparativas
são feitas com as línguas românicas.

A língua é um organismo vivo e, por esse motivo, é natural que exista


um distanciamento entre o que é prescrito pelas normas e o que é
efetivamente utilizado por seus falantes. Entretanto, não devemos
desconsiderar a importância das regras que preservam este que é nosso
maior patrimônio cultural: nossa língua portuguesa. Façamos então um
bom proveito da Gramática!

ATENÇÃO:
Uma gramática assim concebida diferencia-se da gramática normativa
que procura regular o bom uso da língua, motivo pelo qual apresenta
graves lacunas relativamente à descrição da linguagem que os falantes

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realmente utiliza (por se reportar sempre a um modelo conservador) e


não toma em consideração as análises explicativas do funcionamento
das estruturas linguísticas.

Síntese

Em síntese, a gramática é a descrição estrutural do funcionamento dos


sistemas de elementos de uma linguagem particular, portanto,
beneficia da investigação linguística, abrange as grandes da língua e
deve permitir uma difusão adequada dos conhecimentos alcançados no
campo teórico e na aplicação a essa língua.

Sobre os tipos de gramática é importante reter que existem três tipos:


gramática tradicional, gramática prescritiva ou normativa e a gramática
descritiva e gramática interiorizada (que tem muito a ver com
competência).

AUTO-AVALIAÇÃO

Questões de Escolha Multipla


1. Cada língua tem sua própria gramática, mas:
a) Nem toda língua tem sua própria linguística.
b) Toda língua tem sua própria linguística.
c) Nem toda língua tem sua própria gramatica.
d) Todas as alternativas estao correctas.

2. A língua é um organismo vivo:


a) e, por esse motivo, não é natural que exista um distanciamento
entre o que é prescrito pelas normas e o que é efetivamente
utilizado por seus falantes.

25
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b) e, por esse motivo, é natural que exista um distanciamento


entre o que é prescrito pelas normas e o que é efetivamente
utilizado por seus falantes.
c) e, por esse motivo, é natural que exista um aprocimamento
entre o que é prescrito pelas normas e o que é efetivamente
utilizado por seus falantes.

d) Todas as alternativas estao correctas.

3. Existem três tipos de gramatica que são:


a) gramática tradicional,
b) gramática prescritiva ou normativa
c) gramática descritiva e gramática interiorizada
d) Todas as alternativas estao correctas.

4. A Gramática apresenta as regras…


a) mas quem movimenta e faz da língua um sistema vivo e
mutável somos nós, agentes da comunicação.
b) mas quem movimenta e faz da língua um sistema vivo e
mutável são as gramaticas
c) mas quem movimenta e faz da língua um sistema vivo e
mutável são os ricos.
d) Todas as alternativas estao correctas.

5. A sintaxe:
a) estuda a estrutura da frase numa indeterminada língua,
bem como as relações entre as palavras dentro da frase.
b) estuda a estrutura da frase numa determinada língua,e não
as relações entre as palavras dentro da frase.
c) Estudaapenas a estrutura interna da frase numa
determinada língua, bem como as relações entre as
palavras dentro da frase.
d) estuda a estrutura da frase numa determinada língua, bem
como as relações entre as palavras dentro da frase.

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Questões de Verdadeiro e Falso

6. Quando um indivíduo de classe intelectual mantém seu nível de


linguagem perante um indivíduo de classe baixa trata-se de
competência linguística.
7. Quando fazemos o uso adequado dos vários recursos
linguísticos estamos perante metalinguística.
8. A habilidade de compreender e interpretar textos tendo em
conta a maneira de falar da comunidade linguística tem a ver
com a competência textual.
9. A língua é um organismo vivo e, por esse motivo, é natural que
exista um distanciamento entre o que é prescrito pelas normas
e o que é efetivamente utilizado por seus falantes.
10. A Gramática tem como principal função regular a linguagem e
estabelecer padrões de escrita e fala para os falantes de uma
língua.

Questões de Reflexão
11. O que é a gramática normativa?
12. Como são comstruidas as gramáticas?

Respostas

1. A
2. B
3. D
4. A
5. D

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6. Falso
7. Verdadeiro
8. Verdadeiro
9. Verdadeiro
10. Verdadeiro

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TEMA III - A LINGUAGEM (HUMANA)

Introdução

Como já pudeste estudar nas unidades anteriores, a linguagem humana


é o principal objecto de estudo da linguística. Nesta vertente vais poder
compreender os diferentes conceitos em torno da linguagem; a gênese
do surgimento desta que é a principal distinção entre os homens e os
animais. Vais estudar igualmente as diferentes teorias filosóficas que
definem a origem da linguagem humana.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


▪ Definir o conceito de linguagem;
▪ Reconhecer as diferentes teorias filosóficas da linguagem;
▪ Distinguir os diferentes tipos de Linguagem;
Objectivos
▪ Compreender a diferença entre a linguagem humana e a não
específicos
humana.

2.4 Conceito

Linguagem é a capacidade que possuímos de expressar nossos


pensamentos, ideias, opiniões e sentimentos. A Linguagem está
relacionada a fenómenos comunicativos; onde há comunicação, há
linguagem. Podemos usar inúmeros tipos de linguagens para
estabelecermos actos de comunicação, tais como: sinais, símbolos,
sons, gestos e regras com sinais convencionais (linguagem escrita e
linguagem mímica, por exemplo). Num sentido mais genérico, a
Linguagem pode ser classificada como qualquer sistema de sinais que
se valem os indivíduos para comunicar-se.

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3.2 Origem e Evolução da Linguagem


A curiosidade sobre nós próprios e sobre o nosso dom mais invulgar – a
linguagem – tem-nos também conduzido a inúmeras teorias sobre a
origem e evolução da linguagem. Nada nos permite “aprovar” ou
“negar” essas hipóteses embora possam contribuir para a descoberta
da natureza da linguagem.

Biológicos e linguistas mostram hoje em dia um interesse renovado na


questão da origem da linguagem. Várias teorias evolucionistas
propostas recentemente opõem-se quer à teoria da origem divina quer
à da invenção. Sugere-se, de facto, que no decurso da evolução tanto
as espécies humanas como a linguagem desenvolveram-se. Alguns
estudiosos defendem a ideia que esse desenvolvimento ocorreu
simultaneamente e que, desde o início, o animal humano estava
preparado para aprender a linguagem. Na realidade, há quem acredite
que é a linguagem que torna humana a natureza humana.

Estudos sobre o desenvolvimento evolucionário do cérebro apontam no


sentido da existência de condições prévias de carácter fisiológico,
anatómico e “mental” que permitem o desenvolvimento linguístico.

3.3 Teorias Filosóficas da Linguagem


As reflexões sobre a origem da linguagem verbal são controversas, visto
que tem levado debates e propostas de muitos linguistas sem no
entanto chegarem a um consenso comum. Existem diversas teorias
filosóficas sobre a origem da linguagem verbal, a destacar:

a) Teoria monogenética, dizia que, assim como o homem nasceu de


um só, as línguas também surgiram duma única, que depois sucedeu
famílias linguísticas.

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b) A linguagem é de invenção humana, cujo defensor é o filósofo


grego Platão, dizia que não foi Deus que atribuiu a faculdade de falar
aos homens, mas sim o “legislador” que atribuiu nomes verdadeiros
a todas as coisas. Mais adiante dizia que, não é todo homem que
pode dar nome, mas sim o criador de nomes que é o Legislador.

c) A linguagem é de origem divina (dom de Deus), que defende que


"ainda não foi proposta nenhuma teoria aceitável que explica
satisfatoriamente a faculdade que o homem tem de falar, ou seja a
linguagem sem a existência de um criador." Houve “experiências”
lendárias em que se isolaram crianças na esperança de as primeiras
palavras que articulassem revelariam a língua original. As crianças
aprenderam a língua que se lhes fala; se não ouvirem falar, também
não falarão. Casos concretos de crianças socialmente isoladas
mostram que a linguagem se desenvolve apenas quando se verifica
contacto linguístico suficiente.

d) A linguagem como um conhecimento natural, que dizia que o


homem tem a capacidade para aprender (adquirir) a língua e já
nasce com esta capacidade inata, o que significa que a capacidade
para falar uma língua é inata. Noam Chomsky, defende que ninguém
ensina uma criança a falar, ela nasce com uma capacidade para por
si só, poder falar. Chomsky, diz ainda que a criança nasce com LAD
(Language Acquisition Device), que é o mecanismo de aquisição de
linguagem, que faz com que ela fale. Herder considerou que a
linguagem e o pensamento são inseparáveis e que, o homem nasce
com uma capacidade para desenvolver o pensamento e a fala.

ATENÇÃO:
Não existe uma teoria aceitável que explique satisfatoriamente sobre a
origem do homem, do universo também não existe uma teoria que
explique satisfatoriamente sobre a origem da linguagem.

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3.4 Tipos de Linguagem

A linguagem pode ser:


Verbal: a Linguagem Verbal é aquela que faz uso das palavras para
comunicar algo.

Figura 1 – Exemplos de Linguagem Verbal

As figuras acima nos comunicam sua mensagem através da linguagem


verbal (usa palavras para transmitir a informação).

Não Verbal: é aquela que utiliza outros métodos de comunicação, que


não são as palavras. Dentre elas estão a linguagem de sinais, as placas
e sinais de trânsito, a linguagem corporal, uma figura, a expressão facial,
um gesto, etc.

Figura 2 – Exemplos de Linguagem Não Verbal

Essas figuras fazem uso apenas de imagens para comunicar o que


representam.

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3.5 Linguagem humana vs. Linguagem Não-humana (diferenças)


Para compreenderes com alguma facilidade as diferenças que existem
entre a linguagem humana e da linguagem não-humana deves ter na
mente que existem uma certa semelhante destes conceitos com os
códigos linguísticos e não-linguísticos.

Por exemplo, os códigos linguísticos são usados pelos humanos – usam


a palavra articulada, quer por via escrita, quer por via oral, e os códigos
não-linguísticos, que também são usadas pelos humanos e não
humanos, não usam a palavra articulada: são os casos de sinais, sons,
desenhos, para os humanos e para os não-humanos, as "linguagens"
dos animais (dança das abelhas, etc.).

✓ Algumas Componentes da Linguagem Humana


A linguagem humana compõe-se por: linguagem verbal, que se
manifesta através da escrita e fala e linguagem não-verbal, que se
manifesta através de símbolos, de gestos e pelos códigos não-
linguísticos. O Homem quando usa a língua para se comunicar está
usando os códigos pertencentes à sociedade na qual se insere, usa
sinais, índices e necessita de certo conhecimento da língua.

− Códigos conjunto de sinais vocais ou visuais que permitem a


comunicação dos membros duma dada sociedade. Ex: linguagem da
estrada; dos autistas; linguagem jurídica, médica e científica. Os
códigos pela sua natureza, dividem-se em sinais e índices.

− Sinais, factos produzidos artificialmente que têm como objectivo a


intenção de comunicar. Ex: A bandeira vermelha numa praia, franzir
a testa, placas de sinalização nas estradas.

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− Índices, factos perceptíveis que transmitem alguma mensagem,


embora não tenham intenção de comunicar. Ex: nuvens negras no
céu; as pegadas.

A diferença que existe entre os termos acima, é que enquanto os sinais,


são factos artificiais (produzidos pelo homem), os índices em algum
momento são naturais. Todos estes elementos fazem parte de um
código.

A principal característica das linguagens humana e animal é o aspecto


criativo, enquanto o homem pode criar o animal não pode. O alfabeto
grego contem vinte e seis sons, que a partir dos quais podemos formar
palavras obedecendo certas regras, e daí podemos formar as unidades
maiores (frases). Sendo assim, admite-se que o homem tem o
conhecimento linguístico2.

Síntese

A linguagem humana utiliza os códigos linguísticos (palavras escrita e


oral). A linguagem não-humana recorre somente aos sinais, sons,
desenhos para a comunicação. O homem também usa a linguagem não-
humana.

O Homem quando usa a língua para se comunicar está usando os


códigos pertencentes à sociedade na qual se insere, usa sinais, índices
e necessita de certo conhecimento da língua.

2
Conhecimento linguístico, consiste no conhecimento de um gama finita de palavras
e na capacidade de juntá-las para produzir um número infinito de frases. A este
processo que o Homem tem de combinar uma gama finita de palavras para formar
frases segundo certas regras denomina-se dupla articulação.

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AUTO-AVALIAÇÃO

Questões de Escolha Múltipla

1. Qual é o conceito de linguagem.


a) Linguagem é a capacidade que possuímos de expressar
nossos pensamentos, ideias, opiniões e sentimentos.
b) Linguagem não é a capacidade que possuímos de expressar
nossos pensamentos, ideias, opiniões e sentimentos.
c) Linguagem é a capacidade que possuímos de não expressar
nossos pensamentos, ideias, opiniões e sentimentos.
d) Todas as alternativas estao correctas.

2. Para compreenderes com alguma facilidade as diferenças que


existem entre a linguagem humana e da linguagem não-
humana o que se deve fazer?
a) Não deves ter na mente que existem uma certa semelhante
destes conceitos com os códigos linguísticos e não-linguísticos.
b) Deves ter na mente que existem uma certa semelhante destes
conceitos com os códigos linguísticos e não-linguísticos.
c) Deves ter na mente que não existe uma certa semelhante
destes conceitos com os códigos linguísticos e não-linguísticos.
d) Todas as alternativas estao correctas.

3. Em que consiste o conhecimento linguistico?


a) Conhecimento linguístico, consiste no conhecimento de um
gama finita de palavras e na capacidade de juntá-las para
produzir um número infinito de frases. A este processo que o
Homem tem de combinar uma gama finita de palavras para
formar frases segundo certas regras denomina-se dupla
articulação.
b) Conhecimento linguístico, não consiste no conhecimento de
um gama finita de palavras e na capacidade de juntá-las
para produzir um número infinito de frases. A este processo

35
UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

que o Homem tem de combinar uma gama finita de palavras


para formar frases segundo certas regras denomina-se dupla
articulação.
c) Conhecimento linguístico, consiste no conhecimento de um
gama finita de palavras e na capacidade de juntá-las para
produzir um número infinito de frases. A este processo que
o Homem não tem de combinar uma gama finita de palavras
para formar frases segundo certas regras denomina-se dupla
articulação.
d) Todas as alternativas estao correctas.

4. A linguagem humana compõe-se por:


a) linguagem verbal, que não se manifesta através da escrita e fala
e linguagem não-verbal, que se manifesta através de símbolos,
de gestos e pelos códigos não-linguísticos.
b) linguagem verbal, que se manifesta através da escrita e fala e
linguagem não-verbal, que se manifesta através de símbolos, de
gestos e pelos códigos linguísticos.
c) linguagem verbal, que se manifesta através da escrita e fala e
linguagem não-verbal, que se manifesta através de símbolos, de
gestos e pelos códigos não-linguísticos.
d) linguagem verbal, que se manifesta através da escrita e fala e
linguagem não-verbal, que se manifesta através de símbolos, de
gestos e pelos códigos culturais.

5. A linguagem é de invenção humana, cujo defensor é o filósofo


grego:
a) Platão, dizia que não foi Deus que atribuiu a faculdade de falar
aos homens, mas sim o “legislador” que atribuiu nomes
verdadeiros a todas as coisas.
b) Sócrates, dizia que não foi Deus que atribuiu a faculdade de
falar aos homens, mas sim o “legislador” que atribuiu nomes
verdadeiros a todas as coisas.

36
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c) Newton dizia que não foi Deus que atribuiu a faculdade de falar
aos homens, mas sim o “legislador” que atribuiu nomes
verdadeiros a todas as coisas.
d) Todas as alternativas estao correctas.

Questões de Verdadeiro e Falso

6. Teoria monogenética, dizia que, assim como o homem nasceu


de um só, as línguas também surgiram duma única, que depois
sucedeu famílias linguísticas.
7. O homem também usa a linguagem não-humana.
8. A diferença que existe entre os termos acima, é que enquanto os
sinais, são factos artificiais (produzidos pelo homem), os índices
em algum momento são naturais.
9. A Linguagem não está relacionada a fenómenos comunicativos;
onde há comunicação, há linguagem.
10. Códigos são o conjunto de sinais vocais ou visuais que permitem
a comunicação dos membros duma dada sociedade.

Questões de Reflexão
11. O que é conhecimento linguístico?
12. Quais são as características de um bom falante de uma língua?

Respostas:

1. A
2. B
3. A
4. C
5. A
6. Verdadeiro
7. Verdadeiro
8. Verdadeiro

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9. Falso
10. Verdadeiro

38
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TEMA IV - PRINCÍPIOS DA FONÉTICA

Introdução

Na construção de uma língua é preciso, em primeiro lugar, pensar em


fonologia e fonética. Bom, a fonologia estuda o comportamento dos
sons e dos fonemas numa língua, enquanto a fonética estuda os sons e
ecos fonemas (incluindo a sua evolução) ou por outra, é o estudo dos
sons da fala desde a sua produção da parte do emissor e da sua
percepção, da parte do receptor.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


▪ Definir o conceito de fonética;
▪ Reconhecer as principais propriedades articulatórias da
fonética;
Objectivos
▪ Reconhecer os principais órgãos do funcionamento do
específicos
aparelho fonador humano.

4.1 Conceito de Fonética


O estudo da Fonética ocupa-se da produção, da transmissão e da
percepção dos sons da fala, dividindo-se, de acordo com o seu objecto,
em fonética articulatória, acústica e perceptiva. Nesta apresentação são
consideradas apenas as propriedades articulatórias e as propriedades
acústicas dos sons.

4.2 As Propriedades Articulatórias


Quando o estudo dos sons tem em conta a posição e o movimento dos
articuladores estamos no domínio da fonética articulatória. Deste
ponto de vista, devem considerar-se os seguintes aspectos:

39
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a. O som é produzido pela pressão exercida pelos pulmões que são


uma fonte de energia e colocam em movimento as partículas do ar
neles contido. O ar passa então pela laringe, na qual se encontra um
orifício, a glote, onde se localizam as cordas vocais que, ao vibrarem,
actuam como uma fonte sonora. Os sons produzidos com vibração
das cordas vocais são vozeados (ou sonoros) – as obstruintes
sonoras (oclusivas e fricativas), todas as vogais e as consoantes
nasais e líquidas (laterais e vibrantes).

b. Em seguida, o ar entra na cavidade bucal que actua como uma caixa


de ressonância. Nesta cavidade, os articuladores activos, com
mobilidade – lábios, língua, palato mole ou véu palatino, e a úvula –
e passivos, sem mobilidade – palato duro, alvéolos dentários e
maxilar inferior –– têm funções na definição do som que o falante
pretende produzir (vogais, semivogais e consoantes). Se o ar passar
também pela cavidade nasal por abaixamento do véu palatino
produz-se um som nasal, quer consoante (como [m] ou [n]) quer
vogal (como [õ] ou [ɐ͂]). O conjunto dos órgãos do aparelho fonador
que se encontram acima da laringe constitui o tracto vocal.

4.3 Componente da Fonética


A fonética sendo o estudo dos sons da fala, divide-se em três
componentes, que são:
✓ Fonética articulatória, que se dedica a parte articulatória,
envolvendo os articuladores (órgãos do aparelho fonador);
✓ Fonética física, que estuda os sons da fala como fenómenos
físicos; e
✓ Fonética auditiva ou perceptiva, que se dedica ao estudo das
reacções do som ao ouvido do receptor.

40
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4.4 Funcionamento do Aparelho Fonador Humano


Para que se produzam os sons que caracterizam a fala humana são
necessárias três condições:
✓ Corrente de ar;
✓ Obstáculo à corrente de ar;
✓ Caixa de ressonância;
✓ O que se traduz no aparelho fonador humano:

Os órgãos do aparelho fonador são os seguintes:


✓ Pulmões
✓ Traqueia
✓ Laringe (cordas vocais e glote)
✓ Lábios
✓ Dentes
✓ Alvéolos
✓ Palato duro
✓ Palato mole (véu palatino e úvula)
✓ Parede rinofaríngea
✓ Ápice da língua
✓ Raiz da língua

A figura abaixo ilustra detalhadamente os componentes do aparelho


fonador humano.

Figura 3 – Órgãos do Aparelho Fonador Humano

41
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Os pulmões, brônquios e traqueia - são os órgãos respiratórios que


permitem a corrente de ar, sem a qual não existiriam sons. A maior
parte dos sons que conhecemos são produzidos na expiração, servindo
a inspiração como um momento de pausa; no entanto, há línguas que
produzem sons na inspiração, como o Zulo e o Boximane - são os
chamados cliques.

A laringe onde ficam as cordas vocais determina a sonoridade (a


vibração das cordas vocais) dos sons. A faringe, boca (e língua) e as
fossas nasais - formam a caixa de ressonância responsável por grande
parte da variedade de sons.

Olhemos por um momento para o esquema do aparelho fonador antes


de seguir o percurso do ar na produção de sons.

Figura 4 – Esquema do Aparelho Fonador Humano

Ao expirar, os pulmões libertam ar que passa pelos brônquios para


entrar na traqueia e chegar à laringe. Na laringe o ar encontra o seu

42
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primeiro obstáculo: a glote (mais ao menos ao nível da maçã-de-adão3),


mais conhecida como cordas vocais. Semelhantes a duas pregas
musculares, as cordas vocais podem estar fechadas ou abertas: se
estiverem abertas, o ar passa sem real obstáculo, dando origem a um
som surdo; se estiverem fechadas, o ar força a passagem fazendo as
pregas muscular vibrar, o que dá origem a um som sonoro.

Para se perceber melhor a diferença, experimente-se dizer "k" e "g"


(não "kê" ou "kapa", nem "gê" ou "jê"; só os sons [k] e [g]) mantendo os
dedos na maçã-de-adão. No primeiro caso não se sentirá vibração, mas
com o "g" sentir-se-á uma ligeira vibração - cuidado apenas para não se
dizerem vogais, pois são todas sonoras.

A distinção entre surda e sonora pode ser muito bem percebida na


pronúncia de duas consoantes que no mais se identificam. Assim: /p/
pé (= surdo); /b/ bé (= sonoro) /t/ tê (= surdo); /d/ dé (= sonoro).

Depois de sair da laringe, o ar entra na faringe onde encontra uma


encruzilhada: primeiro a entrada para a boca e depois a para as fossas
nasais. No meio está o véu palatino que permite que o ar passe
livremente pelas duas cavidades, originando um som nasal; ou que
impede a passagem pela cavidade nasal, obrigando o ar a passar apenas
pela cavidade bucal - resultando num som oral.

A corrente expiratória, ao sair da laringe, entra na cavidade da faringe


que lhe oferece duas vias de acesso ao exterior o canal bucal e o nasal
com a finalidade de determinar o som oral (= bucal) e o som nasal (=

3
Também chamada de gogó no Brasil, é uma saliência da cartilagem tiróide, existente
abaixo do osso hióide, junto à laringe, no pescoço humano, um dos órgãos envolvidos
no processo de fala. Esse crescimento é maior nos indivíduos do sexo masculino, pela
maior presença de hormónios masculinos, principalmente a testosterona.

43
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nasal). Veja a pronúncia das vogais: /a/ (oral), /ã/ (nasal) Conforme as
palavras: /a/ lá (oral), /ã/ lã (nasal) /a/ mato (oral), /ã/ manto (nasal).

A diferença é óbvia: compare-se o primeiro "a" em "Ana" com o de


"manta". A primeira vogal é oral e a segunda é nasal. Por fim, o ar está
na cavidade bucal (a boca) que funciona como uma caixa de ressonância
onde, usando os maxilares (8), as bochechas e, especialmente, a língua
(9) e os lábios (10), podem modular-se uma infinidade de sons.

Síntese
Fonética ocupa-se da produção, da transmissão e da percepção dos
sons da fala humana. Sendo a fonética o estudo dos sons da fala, divide-
se em três componentes: fonética articulatória, que se dedica a parte
articulatória, envolvendo os articuladores (órgãos do aparelho
fonador); fonética física, que estuda os sons da fala como fenómenos
físicos e fonética auditiva ou perceptiva, que se dedica ao estudo das
reacções do som ao ouvido do receptor.

Apesar das limitações, o AFI (Alfabeto Fonético Internacional) constitui


hoje uma ferramenta básica para qualquer estudo dos sons da
linguagem, quer como sistema de notação propriamente dito quer
sistema de referência.

AUTO-AVALIAÇÃO

Questões de Escolha Mútipla


1. A fonetica é:
a) Ocupa-se da produção, da transmissão e da percepção dos
sons da fala humana.
b) ocupa-se do desenvolvimento, da transmissão e da
percepção dos sons da fala humana.
c) ocupa-se da produção, apenas dos sons da fala humana.
d) Todas as alternativas estao correctas.

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2. Apesar das limitações, o AFI (Alfabeto Fonético Internacional)


constitui hoje:
a) uma ferramenta complexa para qualquer estudo dos sons
da linguagem, quer como sistema de notação propriamente
dito quer sistema de referência.
b) uma ferramenta básica para qualquer estudo dos sons da
linguagem, quer como sistema de notação propriamente
dito quer sistema de referência.
c) uma ferramenta básica para qualquer estudo da escrita da
linguagem, quer como sistema de notação propriamente
dito quer sistema de referência.
d) Todas as alternativas estao correctas.

3. A corrente expiratória, ao sair da laringe, entra:


a) na cavidade da laringe que lhe oferece duas vias de acesso
ao exterior o canal bucal e o nasal com a finalidade de
determinar o som oral (= bucal) e o som nasal (= nasal).
b) entra na cavidade da faringe que lhe oferece duas vias de
acesso ao exterior o canal bucal e o nasal com a finalidade
de determinar o som oral (= bucal) e o som nasal (= nasal).
c) entra na cavidade do diafragma que lhe oferece duas vias
de acesso ao exterior o canal bucal e o nasal com a
finalidade de determinar o som oral (= bucal) e o som nasal
(= nasal).
d) Todas as alternativas estao correctas.

4. A laringe é:
a) onde ficam as cordas vocais e não determina a sonoridade (a
vibração das cordas vocais) dos sons.
b) A laringe onde ficam as cordas vocais determina a sonoridade
(a vibração das cordas vocais) dos sons.
c) A laringe onde ficam as cordas vocais determina a sonoridade
(a vibração das cordas vocais) das letras.
d) Todas as alternativas estao correctas.
5. Depois de sair da laringe, o ar entra na faringe onde encontra:
a) uma encruzilhada.
b) uma cova.
c) um burraco.
d) todas as altarnativas estao correctas.

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Questões de Verdadeiro e Falso

6. Ao expirar, os pulmões libertam ar que passa pelos brônquios


para entrar na traqueia e chegar à laringe.
7. O som é produzido pela impressão exercida pelos pulmões que
são uma fonte de energia e colocam em movimento as
partículas do ar neles contido
8. A distinção entre surda e sonora pode ser muito bem
percebida na pronúncia de duas consoantes que no mais se
identificam.
9. Quando o estudo dos sons tem em conta a posição e o
movimento dos articuladores estamos no domínio da fonética
articulatória.
10. Os sons produzidos com vibração das cordas vocais são
vozeados (ou sonoros) – as obstruintes sonoras (oclusivas e
fricativas), todas as vogais e as consoantes nasais e líquidas
(laterais e vibrantes).

Questões de Reflexão
11. O que distingue os sons vozeados dos sons surdos?
12. Fale sobre a distribuição complementar de qualquer som a tua
escolha.

Respostas

1. A
2. B
3. B
4. B
5. A
6. Verdadeiro
7. Falso
8. Verdadeiro
9. Verdadeiro

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10. Verdadeiro

TEMA V - TRANSCRIÇÃO FONÉTICA: Classificação dos Sons

Introdução

Os estudos linguísticos são maioritariamente sustentados pela


transcrição fonética. Neste capitulo vais poder compreender o contexto
de surgimento do Alfabeto Fonético Internacional e sua funcionalidade.
Nesta mesma linha terás a oportunidade de reconhecer as diferentes
classificação dos sons da fala.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


▪ Compreender a importância do Alfabeto Fonético Internacional
para os estudos linguísticos;
▪ Reconhecer os vários símbolos e diacríticos do AFI;
Objectivos
▪ Reconhecer a classificação dos sons da fala: sons vocálicos e
específicos
consonânticos.

5.1 Alfabeto Fonético Internacional


A consciência da necessidade do estabelecimento de um sistema
notacional que obtivesse a aceitação geral por parte da comunidade
científica levou, no fim século antepassado, à proposta de um alfabeto
fonético único, por parte da Associação Internacional de Fonética: o
Alfabeto Fonético Internacional (AFI ou, mais vulgarmente, IPA, do
Inglês International Phonetic Alphabet).

Apesar das limitações, o IPA constitui hoje uma ferramenta básica para
qualquer estudo dos sons da linguagem, quer como sistema de notação
propriamente dito quer sistema de referência. É importante sublinhar

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que uma transcrição4 fonética é sempre uma representação simbólica,


necessariamente abstracta, que não se substitui às realizações sonoras
propriamente ditas, mas apenas descreve um conjunto de propriedades
que as caracterizam. Além das próprias letras, existe uma grande
variedade de símbolos secundários que auxiliam na transcrição. Os
sinais diacríticos podem ser combinados às letras do AFI de maneira a
transcrever os valores fonéticos modificados, ou articulações
secundárias.

No fim do século antepassado, surgiu a necessidade de estabeler-se um


sistema notacional que obtivesse a aceitação geral por parte da
comunidade científica. Isso levou à proposta de um alfabeto fonético
único, por parte da Associação Internacional de Fonética: o Alfabeto
Fonético Internacional (AFI ou, mais vulgarmente, IPA, do Inglês
International Phonetic Alphabet).

Apesar das limitações, o AFI constitui hoje uma ferramenta básica para
qualquer estudo dos sons da linguagem, quer como sistema de notação
propriamente dito quer sistema de referência. É importante sublinhar
que uma transcrição fonética é sempre uma representação simbólica,
necessariamente abstracta, que não se substitui às realizações sonoras
propriamente ditas, mas apenas descreve um conjunto de propriedades
que as caracterizam.

Existem duas maneiras de utilizar os caracteres do alfabeto fonético


internacional para transcrever um determinado idioma: pode-se
representar os fonemas, através da transcrição fonológica (que
transcreve os caracteres entre barras) e a transcrição fonética, que

4
Existem duas maneiras de utilizar os caracteres do alfabeto fonético internacional
para transcrever um determinado idioma: pode-se representar os fonemas, através
da transcrição fonológica (que transcreve os caracteres entre barras) e a transcrição
fonética, que representa os sons dos fonemas (e costuma transcrever os caracteres
entre colchetes).

48
UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

representa os sons dos fonemas (e costuma transcrever os caracteres


entre colchetes).
Além das próprias letras, existe uma grande variedade de símbolos
secundários que auxiliam na transcrição. Os sinais diacríticos podem ser
combinados às letras do AFI de maneira a transcrever os valores
fonéticos modificados, ou articulações secundárias. Existem também
símbolos especiais para características supra-segmentais, como
tonicidade e entonação, que são utilizados com frequência.

Símbolos e Diacríticos do AFI (exemplo do Português)


AFI TRANSCRIÇÃO
ORTOGRAFIA
(IPA) FONÉTICA
ACENTO PRINCIPAL ' café [kɐ'fɛ]
ACENTO ˌ cafezinho [kɐˌfɛ'ziɲu]
SECUNDÁRIO ~ fim; menta [fĩ]; ['m tɐ]
NASALIZAÇÃO ̴ sal; salta, Elvas [saɫ]; ['saɫtɐ]; ['ɛɫvɐ]
VELARIZAÇÃO ̥ pato ['patu̥ ]
DESVOZEAMENTO
Fonte: Faria, Introdução à Linguística Geral e Portuguesa, p.125.

Alfabeto Fonético Internacional


AFI TRANSCRIÇÃO
ORTOGRAFIA
(IPA) FONÉTICA
VOGAIS i Fita ['fitɐ]
e pela ['perɐ]
ɛ seta ['sɛtɐ]
a cara ['karɐ]
ɐ cama ['kɐmɐ]
i que; se [ki]; [si]
ɔ corda ['kordɐ]
o mofo ['mofu]

49
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u mudo ['mudu]

SEMI-VOGAIS j pai, piada [paj]; ['pjadɐ]


w pau, soalho [paw]; ['swaʎu]

CONSOANTES p papo ['papu]


t tia; fato ['tiɐ]; ['fatu]
k casa; baque ['kazɐ]; ['baki]
b barba ['barbɐ]
d data; arde ['datɐ]; ['ardi]
g gato; mago ['gatu]; ['magu]
f férias; bafo ['fɛrjɐʃ]; ['bafu]
s selo; caça; passa ['selu]; ['kasɐ]; ['pasɐ]
ʃ chave; festas ['ʃavi]; ['fɛʃtɐ]
v vaca; cava ['vakɐ]; ['kavɐ]
z asa; azul; exacto ['azɐ]; [ɐ'zul]; [i'zatu]
ʒ jacto; agir; asma ['ʒatu]; [ɐ'ʒir]; ['aʒmɐ]
l lado; sala ['ladu]; ['salɐ]
ʎ folha; alho ['foʎɐ]; ['aʎu]
r caro; parva ['karu]; ['parvɐ]
R raiva; palra; carro ['Rajvɐ]; ['palRɐ];
m marca; turma ['kaRu]
n neta; cena ['markɐ]; ['turmɐ]
ɲ unha; pinha ['nɛtɐ]; ['senɐ]
['uɲɐ]; ['piɲɐ]
Fonte: Faria, Introdução à Linguística Geral e Portuguesa, p.124.

5.2 Classificação dos Sons Linguísticos


Para a classificação dos sons é preciso ter em mente três questões
importantes:
✓ Como é que os sons são produzidos?
✓ Como são transmitidos?

50
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✓ Como são entendidos?

Tradicionalmente, devido à complexidade óbvia na classificação


segundo a transmissão e a compreensão, a classificação dos sons
baseia-se essencialmente no modo como os sons são produzidos, ou
seja, na sua articulação. No entanto, em alguns pontos classificatórios
também se baseia no modo como são transmitidos, ou seja, na acústica.

Como este capítulo não pretende ser exaustivo, mas ajudar quem não
tem conhecimentos neste campo, tentarei ser o mais simples e clara
que for possível (mesmo que, para isso, simplifique demais a
gramática).

Os sons classificam-se segundo três categorias:


✓ Vogais – os sons produzidos sem obstáculo à passagem do ar na
cavidade bucal (apenas varia a abertura à passagem do ar
causada pelos maxilares, língua e lábios), e com vibração das
cordas vocais.
✓ Consoantes – os sons produzidos com obstáculo à passagem do
ar na cavidade bucal.
✓ Semivogais – dois sons, por exemplo, [j] e [w], que formam uma
sílaba com uma vogal - ditongos e tritongos. Pode-se dizer que
são quase "formas fracas" de [i] e [u], estando a meio-caminho
entre vogais e consoantes.

5.2.1 Classificação das Vogais


As vogais da língua portuguesa podem ser classificadas quanto:
• À região de articulação
✓ Palatais ou anteriores (língua elevada na zona do palato duro)
✓ Centrais ou médias (língua na posição de descanso)
✓ Velares ou posteriores (língua elevada na zona do véu palatino)

51
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• Ao grau de abertura (elevação do dorso da língua em direcção ao


palato)
✓ Abertas (o maior grau de abertura à passagem do ar)
✓ Semi-abertas
✓ Semi-fechadas
✓ Fechadas (o menor grau de abertura à passagem do ar)

• Ao arredondamento ou não dos lábios


✓ Arredondadas
✓ Não-arredondadas

• Ao papel das cavidades bucal e nasal


✓ Orais
✓ Nasais

5.2.2 Classificação das Consoantes


As dezanove consoantes da língua portuguesa podem ser classificadas
quanto:

• Ao Modo de Articulação - o ar encontra sempre obstáculo à sua


passagem:
✓ Oclusivas - quando os sons são retidos completamente na
cavidade bucal por certo período (o ar é interrompido
momentaneamente). Exemplo, na realização das consoantes
[p]; [t]; [b]; [k]; [d].
✓ Constritivas - passagem do ar parcialmente obstruída, por
exemplo, na consoante [g].
✓ Fricativas - passagem do ar por uma fenda estreita no meio da
via bucal; som que lembra o de fricção. Ex: [f]; [v];[s];[z]; [ʃ] e [ʒ].

52
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✓ Laterais - passagem do ar pelos dois lados da cavidade bucal,


pois o meio encontra-se obstruído de algum modo.
✓ Vibrantes - caracterizadas pelo movimento vibratório rápido da
língua ou do véu palatino.
✓ Sibilantes - quando são articulados produzem um ruído
parecido com assobio. Ex: [ʒw] e [ʃ].
✓ Sons Retroflexos, acontece quando o ápice da língua se enrola
para a parte de trás dos alvéolos (palato duro). Estes sons
acontecem mais em língua inglesa nas palavras como; very e
summary.
✓ Líquidas - quando são produzidos há um envolvimento de
alguma obstrução lenta e livre na cavidade bucal. Esses sons
dividem-se em dois grupos:
a) Liquidas laterais; quando produzidos a parte anterior da
língua toca nos alvéolos, enquanto os lados estão em baixo,
permitindo a saída do ar lateralmente. Ex: [ɭ]; [ʎ]; [ɫ].
b) Líquidas vibrantes; quando produzidos há vibração da úvula
e da língua. Estes sons dividem-se em líquidas vibrantes
simples e múltiplas. As líquidas vibrantes simples,
acontecem quando ocorre a vibração na região anterior da
língua, com um batimento nesta zona. Ex: [r].
c) As consoantes líquidas vibrantes múltiplas, que são
produzidas na região posterior da cavidade bucal com uma
ligeira vibração da úvula. Ex: [R].
• Ao Ponto ou Zona de Articulação – o local onde é feita a obstrução
à passagem do ar):
✓ Bilabiais ou bilabiais - contacto dos lábios superiores e inferior.
Ocorre normalmente na pronúncia das consoantes [p]; [b] e [m].
✓ Labiodentais - é o contacto dos dentes do maxilar superior com
o lábio inferior, exemplo na pronúncia das consoantes [f] e [v].

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✓ Linguodentais ou Interdentais - aproximação ou contacto da


zona anterior à ponta da língua com a face interior dos dentes
do maxilar superior. Exemplo, as consoantes [t] e [d].
✓ Alveolares - contacto da ponta da língua com os alvéolos no
maxilar superior. Exemplo, nas consoantes [l]; [n] e [r].
✓ Palatais - contacto do dorso da língua com o palato duro, ou céu-
da-boca, exemplo, na realização das consoantes [ʒ]; [ʃ] e [ʎ].
✓ Velares - contacto da parte posterior da língua com o palato
mole, ou véu palatino, por exemplo, nas consoantes [l]; [n] e [r].
• Ao Papel das Cordas Vocais:
✓ Surdas (ausência de vibração das cordas vocais)
✓ Sonoras (vibração das cordas vocais)
• Ao Papel das Cavidades Bucal e Nasal:
✓ Orais (passagem do ar apenas pela cavidade bucal)
✓ Nasais (passagem do ar pelas cavidades bucal e nasal)

Síntese

O AFI (Alfabeto Fonético Internacional) constitui uma das principais


ferramenta básica para qualquer estudo dos sons da linguagem, quer
como sistema de notação propriamente dito quer sistema de
referência. A fonética nos fornece os meios conducentes à descrição
dos sons da fala. Ela divide-se em três componentes: fonética
articulatória, fonética física e fonética auditiva ou perceptiva.

Os sons da fala humana classificam-se em três (3) categorias, a saber:


vogais, consoantes e semivogais.

As vogais da língua portuguesa podem ser classificadas quanto à região


de articulação, ao grau de abertura, ao arredondamento ou não dos
lábios e ao papel das cavidades bucal e nasal. As consoantes são
classificadas dependendo do modo de articulação, do ponto ou zona de

54
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articulação, do papel das cordas vocais e do papel da cavidade bucal e


nasal.

AUTO-AVALIAÇÃO

Questões de Escolha Múltipla


1. As vogais da língua portuguesa podem ser classificadas
quanto à:
a) região de articulação, ao grau de abertura, ao
arredondamento ou não dos lábios e ao papel
das cavidades bucal e nasal.
b) região de articulação, ao grau de abertura,
ao arredondamento ou não dos lábios e ao
papel das cavidades orais.
c) região de articulação, ao grau de abertura,
ao alongamento ou não dos lábios e ao
papel das cavidades bucal e nasal.

d) Todas as alternativas estao correctas.


2. A fonética nos fornece os meios conducentes à:
a) indescrição dos sons da fala.
b) descrição dos sons da fala.
c) definição dos sons da fala.

d) Todas as alternativas estao correctas.

3. Quantas consoantes existem na lingua portuguesa?


a) 19
b) 18
c) 29
d) 23
4. Os sons da fala humana classificam-se em:
a) Vogais
b) consoantes

55
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c) semivogais.
d) Todas as alternativas estao correctas.
5. Consoantes são:
a) os sons produzidos com obstáculo à passagem do ar na
cavidade bucal.
b) os sons produzidos sem obstáculo à passagem do ar na
cavidade bucal.
c) os sons produzidos com obstáculo à passagem do ar na
cavidade nasal.
d) Todas as alternativas estao correctas.

Questões de Verdadeiro e Falso

6. As vogais da língua portuguesa podem ser classificadas quanto à


região de articulação, ao grau de abertura, ao arredondamento ou
não dos lábios e ao papel das cavidades bucal e nasal.
7. Além das próprias letras, existe uma grande variedade de símbolos
secundários que auxiliam na transcrição.
8. Alveolares - contacto da ponta da língua com os alvéolos no
maxilar superior. Exemplo, nas consoantes [p]; [n] e [r].

9. Existem também símbolos especiais para características supra-


segmentais, como tonicidade e entonação, que são utilizados com
frequência.
10. Linguodentais ou Interdentais - aproximação ou contacto da zona
anterior à ponta da língua com a face interior dos dentes do
maxilar superior. Exemplo, as consoantes [t] e [d].

Questões de Reflexão
11. O que é o AFI.
12. Como o AFI surgiu?

Respostas:

1. A

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2. B
3. A
4. D
5. A
6. Verdadeiro
7. Verdadeiro
8. Falso
9. Verdadeiro
10. Verdadeiro

TEMA VI - PRINCÍPIOS DA FONOLOGIA

Introdução
Na linguagem humana existe um conjunto de sons particulares. Quando
aprendemos uma língua aprendemos os sons que ocorrem na língua em
causa e quais as regras para a sua articulação. Para esta unidade vamos
introduzir uma outra componente da gramática: a fonologia. Vais
conhecer alguns contornos sobre o funcionamento da fonologia dentro
dos estudos linguísticos.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Definir fonologia;
▪ Indicar a importância dos processos fonológicos para os
Objectivos estudos linguísticos;
específicos ▪ Distinguir fone do fonema e do alofones;
▪ Discernir os processos de assimilação, supressão e de inserção;
▪ Formalizar regras fonológicas do português.

6.1 Conceito de Fonologia


A fonologia estuda a maneira segundo a qual os sons da linguagem
formam sistemas e modelos. Ela procura explicar como é que o falante-
ouvinte consegue reconhecer uma infinitude de sons, que fazem parte

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da sua língua. Sendo assim, a fonologia é o estudo da organização dos


sons da fala em sistemas e modelos numa determinada língua
particular.

6.2 Fonema, Fones e Alofones


Em todas as línguas existem palavras que apresentam significados
diferentes e que se distinguem num único som. Estes som que
distinguem as palavras denominam-se unidades distintivas e
correspondem à fonemas em qualquer língua. Ex: bala e pala, só se
diferenciam nas consoantes iniciais, b e p e correspondem fonemas em
Português. Sendo assim, são fonemas, sons que distinguem as palavras
numa certa língua, permitindo o contraste de significado, ou ainda
unidades distintivas na língua.

Os fonemas constituem pares mínimos, na medida em que os sons só


se contrastam num único traço, e se representam em barras oblíquas,
sendo /b/ e /p/ para o caso das palavras acima.

Os fonemas quando se realizam fisicamente já não têm esta designação,


são os fones, que correspondem às representações físicas dos fonemas.
Além dos fonemas e fones, temos os alofones que correspondem às
diversas realizações fonéticas de um mesmo som ou fonema. Ex: [´kalu]
e [ʹkaɫdu] verificamos duas realizações diferentes do som /l/ que são /l/
e /ɫ/. No entanto estas duas pronúncias não correspondem à dois
fonemas distintos, visto que nunca podemos opô-los em pares
mínimos. Os alofones dependem da posição do fonema na palavra.
Então, como os dois sons nunca ocorrem na mesma posição estão
distribuídos em contextos diferentes diz-se que estão em distribuição
complementar.

6.3 Classes Naturais e Pares Mínimos

58
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Em fonologia, a classe natural é um jogo completo dos sons que podem


ser descritos por um ou por mais características fonéticas a qual tem na
terra comum. Especificamente, podem ser descritos usando poucas
características do que seja necessário para fornecer uma descrição
exaustiva de cada som individual, ao também usar mais características
do que seja necessário para descrever os sons.

Por exemplo, o jogo que contém os sons [p], [t], e [k] é uma classe
natural em inglês, a saber batentes voiceless. Outras classes naturais
incluem líquidos, nasais, velares. Além, os membros de uma classe
natural comportar-se-ão similarmente no mesmo ambiente fonético, e
ter-se-ão um efeito similar nos sons que ocorrem em seu ambiente.

As regras fonológicas foram introduzidas para explicar a relação que os


sons estabelecem entre si num determinado sistema linguístico. As
regras fonológicas mais decorrentes no Português Europeu são as
seguintes:

6.4 Regras Fonológicas

• Regra de Assimilação, que acontece quando numa determinada


palavra o som anterior assimila os traços do som posterior. Ex:
musgo [ʹmuʒgu]; manga [ʹmãga]; casta [ʹʃ].

Nas palavras acima, verificamos que os sons [s], [n], [s], assimilam os
traços dos sons seguintes, sendo assim:
✓ Para o primeiro caso a consoante [s] que de natureza é menos
vozeada, assimila o traço do som [g], que é mais vozeado
passando para [ʒ], que é uma consoante vozeada;
✓ No segundo caso, a vogal [a] assimila o traço da consoante nasal
[n], saindo de menos nasal para mais nasal [ã];

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✓ Para o terceiro caso vemos que o som anterior [s] que é menos
vozeado ou surda assimila os traço do som seguinte [t] que
também é surdo, saindo de [s] para [ʃ].

• Regra de Supressão, que acontece quando num determinado


segmento, um som é pronunciado. Ex: esperar [ʹʃperar]; esteira
[ʹʃteȷra]; espelho [ʹʃpeʎu].

Nos casos acima, constatamos que na transcrição fonética que é o que


constitui a pronúncia do falante, a vogal [e], no início da palavra, não se
pronuncia ou não se realiza. Portanto, dá-se a supressão deste som. Um
outro exemplo de supressão, em português, na fala coloquial, dá-se na
vogal [ə] que normalmente é suprimida. A representação da supressão
nas regras fonológicas é feita pelo por [Ø] (indica a vogal suprimida). A
indicação do contexto é desnecessário visto que esta regra se aplica
sempre sobre a regra de elevação/recuo da vogal, única realização da
vogal [ə].

Regra de supressão de [ə]

+ alt Ø

+ rec

- arr

• Regra de Inserção. Numa determinada palavra ocorre a inserção


quando o falante pronuncia a palavra e inclui um ou mais sons que
não constitui regra de funcionamento dessa língua. No caso do
Português, temos como exemplo: pneu [ʹpinew]; economia
[enkoʹnomȷa].

60
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Nas palavras acima houve a inserção dos sons sublinhados. Isto


acontece porque é fruto de influência das Línguas Bantu de
Moçambique sobre o Português Europeu.

6.5 Formalização de Regras Fonológicas do Português


O falante/ouvinte de uma língua ao adquirir a linguagem não armazena
uma a uma as unidades dos diferentes níveis (fonológico, morfológico,
sintáctico), mas vai adquirindo, para além das unidades mínimas, as
regras de funcionamento da língua, regras produtivas que aplica
sistematicamente. Por essa razão se pode dizer que o saber gramatical
é um saber regular.

O nível fonológico, tal como os outros níveis, estão regulados por regras
que o relacionam com o nível fonético. Ao falarmos, por exemplo, da
pronúncia do /s/ em fim de palavra, referimos as suas diversas
realizações que dependem do contexto fonético: [z] antes de vogal na
palavra seguinte (más aves [ʹmas ʹavəʃ]); [∫] na palavra pás [pá∫] (plural
de pá) e [s] em palavra como assa [ásɐ]. Portanto:
[z]
/s/ [∫]
[s]

• Regras das Vogais átonas de Português


Se considerarmos as regras que alteram /ɛ/, /e/ e /ɔ/, /o/,
respectivamente, para [ə] e [u], vemos que ambas tornam as vogais
subjacentes [+altas] sendo, portanto, regras de elevação. Isto significa
que existe algo de comum nas regras que se aplicam sobre as vogais não
acentuadas do português (nota-se que a vogal /a/ também se torna [-
baixa], ou seja, também se eleva). Essa alteração conjunta pode
representar-se por meio de única regra, se tornarmos em consideração
os seguintes factores:
• As vogais /ɛ/ e /e/ são [-rec] e [-arr];

61
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• As vogais /ɔ/ e /o/ são [+rec] e [+arr];


• Todas se tornam [+alt] mas também [-rec] (/ɔ/ e /o/ já o eram
mantêm-se como tal).

Utilizando uma variável (p.e. ɐ), e antecedendo os traços [rec] e [+arr]


dessa variável, a sua substituição por [+] representa /ɔ/ e /o/. Podemos
assim formular a regra seguinte:

• Regra de Elevação das Vogais Átonas do Português


V

- alt + alt

α rec + rec

α arr - ac

Pode-se assim concluir que:


− As vogais da língua portuguesa, por regra geral, tornam-se [-
baixas] em sílabas não acentuadas;
− /ɛ/, /e/, /ɔ/, /o/ tornam-se [+altas];
− As vogais /ɛ/, /e/ tornam-se também [+recuadas].

Portanto, regra geral, o vocalismo átono do português sofre um


processo de elevação e de recuo.

O Triangulo Vocálico
+ alta i ə u
- alta o
- baixa e ɐ

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+baixa ɛ ɔ
a
- recuada + recuada

Síntese

Em resumo, podemos dizer que a fonologia estuda a maneira segundo


a qual os sons da linguagem formam sistemas e modelos.

Os fones correspondem às representações físicas dos fonemas. Os


alofones correspondem às diversas realizações fonéticas de um mesmo
som ou fonema.

Classe natural é um jogo completo dos sons que podem ser descritos
por um ou por mais características fonéticas a qual tem na terra
comum.

As regras fonológicas foram introduzidas para explicar a relação que os


sons estabelecem entre si num determinado sistema linguístico.

Regra de assimilação acontece quando numa determinada palavra o


som anterior assimila os traços do som posterior. A Regra de supressão
acontece quando num determinado segmento, um som é pronunciado.

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Regra de Inserção acontece quando numa determinada palavra ocorre


a inserção quando o falante pronuncia a palavra e inclui um ou mais
sons que não constitui regra de funcionamento dessa língua.

AUTO-AVALIAÇÃO
Questões de Escolha Múltipla

1. A fonologia estuda:

a) a maneira segundo a qual os sons da


linguagem formam sistemas e modelos.
b) a maneira segundo a qual a escrita da
linguagem formam sistemas e modelos.
c) a maneira segundo a qual os sons da
linguagem formam sistemas e paradigmas.
d) Todas as alternativas estao correctas.

2. O nível fonológico, tal como os outros níveis, estão


regulados por:
b) regras que não o relacionam com o nível fonético.
c) regras que o relacionam com o nível fonético.
d) regras que o relacionam com o nível fonologico.
e) regras que o relacionam com o nível morfologico.

3.. Regra de Supressão acontece quando:


a) num determinado segmento, um som é pronunciado. Ex:
esperar [ʹʃperar]; esteira [ʹʃteȷra]; espelho [ʹʃpeʎu].
b)nun determinado segmento, um som não é pronunciado. Ex:
esperar [ʹʃperar]; esteira [ʹʃteȷra]; espelho [ʹʃpeʎu].
c) todas as alternativas estao correctas.

4. A representação da supressão nas regras fonológicas é feita


por:
a) [Ø] (indica a vogal suprimida).
b) £[Ø] (indica a vogal suprimida).
c)© [Ø] (indica a vogal suprimida).
d) €[Ø] (indica a vogal suprimida).

5.. Regra de Inserção acontece quando:


a) numa determinada palavra ocorre a inserção quando o falante

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pronuncia a palavra e inclui um ou mais sons que não constitui regra


de funcionamento dessa língua.

b) numa indeterminada palavra ocorre a inserção quando o falante


pronuncia a palavra e inclui um ou mais sons que não constitui regra
de funcionamento dessa língua.

c) numa indeterminada palavra ocorre a supreção quando o falante


pronuncia a palavra e inclui um ou mais sons que não constitui regra
de funcionamento dessa língua.

d) numa indeterminada palavra ocorre a inserção quando o falante


pronuncia a palavra e inclui um ou mais sons que não constitui regra
de funcionamento de uma lingua qualquer.

Questões de Verdadeiro Falso


6. A fonologia estuda a maneira segundo a qual os sons da
linguagem formam sistemas e modelos.
7. Classe natural é um jogo completo dos sons que podem ser
descritos por um ou por mais características fonéticas a qual
tem na terra comum.
8. A Regra de supressão acontece quando num determinado
segmento, um som é pronunciado.
9. Ovocalismo átono do português não sofre um processo de
elevação e de recuo.
10. O falante/ouvinte de uma língua ao adquirir a linguagem não
armazena uma a uma as unidades dos diferentes níveis
(fonológico, morfológico, sintáctico), mas vai adquirindo, para
além das unidades mínimas, as regras de funcionamento da
língua, regras produtivas que aplica sistematicamente.

Questões de Reflexão

11. Apresente os pontos de convergencia entre a fonética e a


fonologia.

12. Apresente os pontos de divergencia entre a fonética e a


fonologia.

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Respostas
1. A
2. B
3. A
4. A
5. A
6. Verdadeiro
7. Verdadeiro
8. Verdadeiro
9. Falso
10. Verdadeiro

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TEMA VII - PRINCÍPIOS DA MORFOLOGIA

Introdução
Neste capítulo pretende-se debruçar sobre os conceitos ligados a
Morfologia da Palavra. Falaremos sobre a estrutura interna das
palavras, os morfemas e seus diferentes tipos.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Definir a Morfologia;

▪ Conhecer a palavra segundo critérios de definição da mesma;


Objectivos
▪ Identificar as unidades da palavra (morfemas);
específicos
▪ Distinguir morfemas livres dos morfemas presos.

7.1 A Concepção de Morfologia


De um modo geral, deves compreender que o capítulo da morfologia
diz respeito a estrutura interna das palavras e o modo como esta
estrutura reflecte as relações entre palavras, associadas de um modo
particular.

Na análise morfológica, têm sido cruciais as noções de palavras e


morfemas, respondendo cada uma, um vasto projecto incompleto de
pesquisa.

7.2 Critérios da Definição da Palavra


Uma das questões prévias e inessenciais que se coloca à morfologia é a
da definição do próprio conceito de palavra. A questão é bastante
complexa e tem dado origem a variados debates e propostas de
linguistas com opções teóricas diversas, sem que haja, até agora uma
resposta consensual. Na impossibilidade de basear uma definição na
intuição dos falantes, a análise linguística deve enunciar critérios

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formais para a definição da palavra motivados pelas suas diferentes


componentes: fonologia, morfologia, sintáctica e semântica.

O contínuo sonoro pode ser segmentado de várias formas, de acordo


com os conhecimentos que os falantes possuem do sistema linguístico
em que se integra. Um tipo de unidades resultantes da segmentação do
contínuo sonoro é definido como domínio para atribuição do acento
principal da palavra. Os processos fonológicos que afectam os
segmentos que se encontram no inicio desse domínio, por vezes,
distintos dos que afectam os segmentos que se encontram no final
desse domínio, o que justifica este tipo de segmentação. Consideremos,
agora a seguinte frase:
✓ A Maria preparou um belo discurso de despedida.

Nas sequências [ɐmɐríɐ], [prɛpɐró], [ữbɛlu]. Único acento principal de


palavras, mas essas sequências não coincidem com as sequências que a
representação sintáctica identifica como palavra. Damos, então, a estas
sequências o nome de palavras prosódicas ou de palavras fonológicas.

Em sintaxe, as palavras são unidades que ocupam posições


determinadas pelas estruturas sintácticas, designadas posições Xo . X é
uma variável que cobre a totalidade das categorias sintácticas
(adjectivo, nome, preposição, verbo, etc.) e o um indicador que essa é
uma posição de núcleo de uma categoria sintagmática.

Em semântica, a definição de palavra é ainda mais complexa.


Consideremos aqui que a palavra se relaciona com o valor referencial
inerente a uma sequência, por oposição a outras sequências que não
têm qualquer valor referencial, mas são operadores de vária ordem. Na
frase Maria, preparou, belo, discurso e despedida são, deste, deste
ponto de vista, palavras e a, um e de são operadores.

69
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A definição de palavras em morfologia recorre ao critério sintáctico de


identificação de uma sequência que ocupa uma posição Xo, e em
critérios morfológicos de análise da sua estrutura interna.

Uma língua é constituída de um infinito de frases. Cada uma delas


possui uma face sonora, ou seja a cadeia falada, e uma face significativa,
que corresponde ao seu conteúdo. Uma frase, por sua vez, pode ser
dividida em unidades menores de som e significado – as PALAVRAS – e
em unidades ainda menores, que apresentam apenas a face significante
– os FONEMAS.

As palavras são, pois, unidades menores que a frase e maiores que o


fonema. Assim, na frase
Évora! Ruas ermas sob os céus
Cor de violetas roxas…
(Florbela Espança, S, 149.)

Distinguimos dez palavras, todas com independência ortográfica. E em


cada uma dessas palavras identificamos um certo número de fonemas.
Por exemplo, cinco e quatro em Évora e ruas, respectivamente:
/e/ /v/ /o/ /r/ /a/ e /r/ /u/ /a/ /s/

7.3 Tipos de Morfemas


Existem unidades de som e conteúdo menores que as palavras. Na
palavra ruas, por exemplo, temos de reconhecer a existência de duas
unidades significativas: rua e –s. o primeiro elemento – rua – também
se emprega como palavra isolada ou serve para formar outras palavras
isoladas: arruaça, arruamento, etc. já a forma plural –s, que vai aparecer
no final de muitas outras palavras (ermas, céus, violetas, roxas, etc.)
nunca poderia realizar-se como palavra individual, autónoma. Essa
unidade significativa mínima dá-se o nome de MORFEMA.

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Quando os morfemas apresentam manifestações fonéticas diferentes


de um único morfema dá-se o nome de VARIANTE DE MORFEMA ou
ALOMORFE. Por exemplo, o morfema –s, em:
✓ Casas amarelas, realiza-se como [z]. [z]
✓ Casas bonitas, realiza-se como [ʒ]. /s/ [ʒ]
✓ Casas pequenas, realiza-se como [ʃ]. [ʃ]

Retomando a palavra ruas, distinguimos dois morfemas: um deles é rua


que forma por si só um vocábulo e outro –s não tem existência
autónoma, aparece sempre ligado a um morfema anterior. Os linguistas
costumas chamar MORFEMAS LIVRES, os que podem figurar sozinhos
como vocábulos, e MORFEMAS PRESOS aqueles que não se encontram
nunca isolados, com autonomia vocabular. Quanto a natureza da
classificação, os morfemas classificam em Lexicais e Gramaticais.

7.3.1 Morfemas Lexicais


Os morfemas lexicais têm significação externa, porque referente a
factos do mundo extralinguístico, aos símbolos básicos de tudo o que
os falantes distinguem na realidade objectiva ou subjectiva. Exemplo:
Évora céu roxa cor rua

São morfemas lexicais os substantivos, os adjectivos, os verbos e os


advérbios de modo.

7.3.2 Morfemas Gramaticais ou Funcionais


Os morfemas gramáticas são de significação interna, pois deriva das
relações e categorias levadas em conta pela língua. Exemplo, na frase
Évora! Ruas ermas sob os céus
Cor de violetas roxas…
(Florbela Espança, S, 149.)

O artigo o, as preposições sob e de, a marca do feminino –a nas palavras


(rox-a, erm-a) e a de plural nas palavras (rua-s, erma-s, o-s, céu-s,

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violeta-s, roxa-s), são indicativos restritos de morfemas gramaticais ou


funcionais.

No geral, são morfemas gramaticais os artigos, os pronomes, os


numerais, as preposições, as conjunções e os demais advérbios, bem
como as formas indicadoras de número, género, tempo, modo ou
aspecto verbal.

NOTA:
Outras características, não semânticas, opõem os morfemas lexicais aos
gramaticais. Por um lado, os morfemas lexicais são de número elevado,
indefinido, em virtude de constituírem uma classe aberta, sempre
passível de ser acrescida de novos elemento.

Por outro lado, os morfemas gramaticais pertencem a uma série


fechada, de número definido e restrito de idiomas. Consequentemente,
se os examinarmos num dado texto, verificamos que os morfemas
lexicais apresentam frequência média baixa, em contraste com a
frequência média alta dos morfemas gramaticais.

7.4 Estrutura Interna da Palavra


Estudar a estrutura das palavras é estudar os elementos que formam a
palavra, denominados de morfemas. Vamos em seguida estudar esses
elementos para melhor compreendermos esta temática.

7.4.1 Afixos (Prefixos, Infixo e Sufixos)


Os afixos são os elementos que se juntam ao radical para formar novas
palavras. Muitas das vezes a junção dos afixos com os radicais resultam
na mudança da classe da palavra, podendo um substantivo passar a ser
um adjectivo ou adverbio, etc. Os afixos são:

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• Prefixo – é o afixo que aparece antes do radical para formar uma


nova palavra. Por exemplo, as palavras fazer, incapaz e moral
podem resultar desfazer (des+fazer), incapaz (in+capaz) e
amoral (a+moral).
• Sufixo – é o afixo que aparece depois do radical, do tema ou do
infinitivo. Por exemplo, as palavras pensar, acusar e feliz, podem
resultar pensamento (pensa+mento), acusação (acusa+cão) e
felizmente (feliz+mente).
• Infixos (vogais ou consoantes de ligação) – são vogais e
consoantes que surgem entre dois morfemas, para tornar mais
fácil e agradável a pronúncia de certas palavras. Por exemplo,
nas palavras flores, bambuzal, gasómetro, cafeteira.

7.4.2 Radical, Tema e Vogal Temática


• Radical
O que contém o sentido básico do vocábulo. Aquilo que permanece
intacto, quando a palavra for modificada.
Ex: falar, comer, dormir, casa, carro

Quando se trata de verbo, descobre-se o radical retirando a terminação


AR, ER ou IR.

• Vogal Temática
Podemos encontrar a vogal temática nos verbos, substantivos e
adjectivos. Nos verbos elas são reconhecidas na terminação verbal
através das vogais A, E e I. A sua ocorrência nos verbos dão indicação a
que conjugação o verbo pertence.
✓ 1ª Conjugação = verbos terminados em AR
✓ 2ª Conjugação = verbos terminados em ER
✓ 3ª Conjugação = verbos terminados em IR.

73
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Nem todos os verbos têm a terminação as vogais A, E e I. É o caso do


verbo pôr. Nestes casos recorre-se ao étimo da palavras uma vez que
ela sofreu transformações ao longo dos tempo. Portanto, o verbo pôr
provém do poer o que significa que é da 2ª conjugação. Nos
substantivos e adjectivos, são as vogais A, E, I, O e U, no final da palavra,
evitando que ela termine em consoante. Por exemplo, nas palavras:
meia, táxi, pente, couro, urubu.

Atenção: Não se pode confundir vogal temática de substantivo e


adjectivo da desinência nominal de género.

• Tema
O tema é a junção do radical com a vogal temática. Se não existir a vogal
temática, o tema e o radical serão o mesmo elemento; o mesmo
acontecerá quando o radical for terminado em vogal.

Nos verbos o tema sempre é a soma do radical com a vogal temática:


estudR+aVT; comR+eVT; partR+iVT

Nos substantivos e adjectivos, nem sempre isso acontece. Vejamos


alguns exemplos: no substantivo pasta, past é o radical, a, a vogal
temática e pasta o tema. Já na palavra leal, o radical e o tema são o
mesmo elemento – leal, pois não há vogal temática. Na palavra tatu
também, mas agora, porque o radical é terminado pela vogal temática.

7.5 Palavras Simples e Complexas


A estrutura morfológica das palavras simples diferem das complexas
apenas no domínio do radical, ou seja, as palavras complexas são, na
realidade radicais complexos, cuja especificação morfológica e morfo-
sintáctica processa-se de modo idêntico ao das palavras simples.

74
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• Palavra simples é aquela que possui apenas um único radical,


independentemente de possuir desinência ou não. Por exemplo,
são palavras simples: lápis, tesoureiro, entristecer. Portanto, a
palavra simples tem um radical e um sufixo realizado pelos
morfemas a, o ou e. Este é um tipo de palavras simples (nome e
adjectivos) muito frequente em português.

• Palavras complexas são aquelas que possuem mais de um


radical ligados, normalmente separado por um hífen. Exemplo,
infeliz, casinha, ramificação, pelaria, desorganizar, etc. Neste
tipo de palavras é possível identificar, pelo menos dois
constituintes: um radical e um ou mais afixos (que não são
realizados ou não são apenas realizados, pelos morfemas a, i ou
o); ou um radical ou uma palavra, e outra palavra. As palavras
complexas exemplificadas em (i) são palavras derivadas e as
registadas em (ii) são palavras compostas:
(i) 1. felic idade
RADICAL SUFIXO
2. ad mit i r
PREXIXO RADICAL VT SUFIXO

(ii) 1. neuro cirurgião


RADICAL PALAVRA
2. bomba relógio
PALAVRA PALAVRA

ATENÇÃO:
Não se pode confundir palavras complexas com palavras compostas
formadas por derivação prefixal. Como vimos acima, a classificação das
palavras simples opõe-se a palavra complexa: o radical de uma palavra
simples não se pode decompor: o radical da palavra complexa integra
dois ou mais constituintes.

75
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Síntese
O objecto específico da morfologia consiste no conhecimento das
palavras, enquanto unidades de análise linguística, dos seus elementos
constituintes e das relações existentes entre os constituintes da
palavra, ou seja, da sua estrutura interna, bem como das relações
existentes entre as palavras.

A Palavra é a unidade menor de som e significado dentro de uma frase.


As unidades ainda menores, que apresentam apenas a face significante
são fonemas. Os morfemas são unidade significativa mínima (dentro
dumas palavras). Existem dois tipos de morfemas: morfemas lexicais
que têm significação externa e morfemas gramáticas são de significação
interna.

Numa palavra, radical é a parte que contém o sentido básico do


vocábulo; aquilo que permanece intacto, quando a palavra for
modificada. O tema é a junção do radical com a vogal temática.

Palavra simples é aquela que possui apenas um único radical,


independentemente de possuir desinência ou não. Palavras complexas
são aquelas que possuem mais de um radical ligados, normalmente
separado por um hífen.

AUTO-AVALIAÇÃO
Questões de Escolha Múltipla
1. Na análise morfológica, têm sido cruciais as noções de:
a) palavras e morfemas, respondendo cada uma, um vasto
projecto incompleto de pesquisa.
b) palavras e morfemas, não respondendo cada uma, um vasto
projecto incompleto de pesquisa.

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c) palavras e lexemas, respondendo cada uma, um vasto projecto


incompleto de pesquisa.
d) Todas as alternativas estao correctas.

2. Palavras complexas são aquelas que:


a) Não possuem mais de um radical ligados, normalmente
separado por um hífen.
b) possuem mais de um radical ligados, normalmente separado
por um hífen.
c) possuem mais de um radical ligados, normalmente não
separado por um hífen.
d) Todas as alternativas estao correctas.

3. Palavra simples é aquela que:


a) possui apenas um único radical, independentemente de
possuir desinência ou não.
b) Não possui apenas um único radical, independentemente de
possuir desinência ou não.
c) possui apenas um único radical, dependentemente de possuir
desinência ou não.
d) Todas as alternativas estao correctas.

4. Os morfemas são:
a) unidade significativa mínima (dentro dumas palavras).
b) unidade significativa máxima (dentro dumas palavras).
c) unidade significativa mínima (dentro dumas frases).
d) Todas as alternativas estao correctas.
5. Nos verbos o tema sempre é :
a) a soma do radical com a vogal temática.
b) a soma do prefixo com a vogal temática.
c) a soma do sufixo com a vogal temática
d) todas as alternativas estao correctas.

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Questões de Verdadeiro e Falso


6. Na análise morfológica, têm sido cruciais as noções de palavras
e morfemas, respondendo cada uma, um vasto projecto
incompleto de pesquisa.
7. Estudar a estrutura das palavras não é estudar os elementos
que formam a palavra, denominados de morfemas.
8. O tema é a junção do radical com a vogal temática.
9. Palavras complexas são aquelas que possuem mais de um
radical ligados, normalmente separado por um hífen.
10. Podemos encontrar a vogal temática nos verbos, substantivos
e adjectivos.

Questões de Reflexão
11. Em que consiste a analise morfológiaca?
12. Defina a morfologia.

Respostas

1. A
2. B
3. A
4. A
5. A
6. Verdadeiro
7. Falso
8. Verdadeiro
9. Verdadeiro
10. Verdadeiro

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TEMA VIII - A SINTAXE (NOÇÃO E ESTRUTURA DOS CONSTITUINTES)

Introdução

Vamos agora passar a falar de mais uma componente da gramática: a


sintaxe. Portanto, vamos conhecer alguns dos principais constituintes
sintagmáticos nas estruturas frásicas da língua portuguesa.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Apresentar o conceito básico da sintaxe;


▪ Identificar a principal estrutura de constituinte frásico;
Objectivos ▪ Fazer representação parentética e em árvore.

específicos

8.1 Conceito de Sintaxe


Sintaxe (do Grego clássico σύνταξις "disposição", de σύν syn, "juntos",
e τάξις táxis, "ordenação") é o estudo das regras que regem a
construção de frases nas línguas naturais. A sintaxe é a parte da
gramática que estuda a disposição das palavras na frase e das frases no
discurso, incluindo a sua relação lógica, entre as múltiplas combinações
possíveis para transmitir um significado completo e compreensível. À
inobservância das regras de sintaxe chama-se solecismo.

Em linguística, a sintaxe é o ramo que estuda os processos generativos


ou combinatórios das frases das línguas naturais, tendo em vista
especificar a sua estrutura interna e funcionamento. O termo "sintaxe"
também é usado para referir o estudo das regras que regem o
comportamento de sistemas matemáticos, como a lógica, e as
linguagens de programação de computadores.

Os primeiros passos da tradição europeia no estudo da sintaxe foram


dados pelos antigos gregos, começando com Aristóteles, que foi o

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primeiro a dividir a frase em sujeitos e predicados. Um segundo


contributo fundamental deve-se a Frege que critica a análise
aristotélica, propondo uma divisão da frase em função e argumento.
Deste trabalho fundador, deriva toda a lógica formal contemporânea,
bem como a sintaxe formal. No século XIX a filologia dedicou-se
sobretudo à investigação nas áreas da fonologia e morfologia, não
tendo reconhecido o contributo fundamental de Frege, que só em
meados do século XX foi verdadeiramente apreciado.

8.2 Estrutura dos Constituintes (constituintes imediatos)

8.2.1 Sujeito
Em análise sintáctica, o sujeito é um dos termos essenciais da oração,
responsável por realizar ou sofrer uma acção ou estado.

Segundo uma tradição iniciada por Aristóteles, toda oração pode ser
dividida em dois constituintes principais: o sujeito e o predicado. Em
português, o sujeito rege a terminação verbal em número e pessoa e é
marcado pelo caso reto quando são usados os pronomes pessoais. As
regras de regência do sujeito sobre o verbo são denominadas
concordância verbal. Na frase, Nós vamos ao teatro, vamos é uma
forma do verbo "ir" da primeira pessoa do plural que concorda com o
sujeito nós.

Para os verbos que denotam acção, frequentemente o sujeito da voz


activa é o constituinte da oração que designa o ser que pratica a acção
e o da voz passiva é o que sofre suas consequências. Sob outra tradição,
o sujeito (psicológico) é o constituinte do qual se diz alguma coisa.
Segundo Bechara, "É o termo da oração que indica a pessoa ou a coisa
de que afirmamos ou negamos uma acção ou qualidade". Exemplos:
− O pássaro voa. - Os pássaros voam.

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− O menino brinca. - Os meninos brincam.


− Pedro saiu cedo. - Os jovens saíram.

Didacticamente, fazemos uma pergunta para o verbo: Quem é que? ou


Que é que? ― e teremos a resposta; esta resposta será o sujeito. O
sujeito simples tem um núcleo.
− "O menino brinca." Quem é que brinca? O menino. Logo, o
menino é o sujeito da frase.

Um jeito de diferenciá-lo de objecto é o seguinte:


− "João come maçã". "Quem come maçã?" Perceba que o verbo
vem primeiro. "João" - Sujeito, por causa da ordem.

Lembre-se: Sempre que te pedirem para indicar o sujeito é só fazer uma


perguntinha básica: "Quem?" e você terá o sujeito na resposta. Por
exemplo: "A empresa fornecia comida aos trabalhadores", Agora
façamos a pergunta - "Quem fornecia comida aos trabalhadores?" - A
empresa. Portanto a empresa é o sujeito.

8.2.1.1 Tipos de Sujeito


O sujeito pode ser, segundo a Nomenclatura Gramatical Brasileira
(NGB), classificado em simples, composto, indeterminado, desinencial
ou implícito e inexistente. Nesse último caso, temos o que se
convencionou chamar de oração sem sujeito.

• Sujeito Simples
É o sujeito que tem apenas um núcleo representativo. Aumentar o
número de características a ele atribuídas não o torna composto.
Exemplos de sujeito simples (o sujeito está em itálico):

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Obs: o verbo concorda com o sujeito, seja ele anteposto ou posposto.


Exemplo:
Maria é uma garota bonita.
A pequena criança parecia feliz com seu novo brinquedo.

• Sujeito Composto
É aquele que apresenta mais de um núcleo representativo, escrito na
oração. Exemplo: “Luana e Carla fizeram compras no sábado.”; “Felipe
e o amigo Bruno sairam para almoçar.”. O sujeito também pode vir
depois do verbo. Exemplo: Saíram Bruno e Felipe.

• Sujeito subentendido desinencial, implícito, oculto ou elíptico


Sujeito desinencial é aquele que não vem expresso na oração, mas pode
ser facilmente identificado pela desinência do verbo. Exemplo: “Fechei
a porta”; “Quem fechou a porta?”.

Obs: Não confundir vocativo (expressão de chamamento) com sujeito.


Exemplo: “Querido aluno, leia sempre! (sujeito oculto: "você"- Leia
"você" sempre)”; “Querido candidato, fico feliz com seu sucesso!
(sujeito oculto "eu" - "eu" fico feliz com seu sucesso)”.

Apesar do sujeito não estar expresso, pode ser identificado na oração:


Fechei a porta Eu. E na frase Perguntaste mesmo isso ao professor?, o
identificado é Tu. Entretanto, cuidado para não criar confusão com a
segunda frase, que pode passar a ideia de elipse do sujeito ou sua
indeterminação; pois o sujeito simples está explícito e é o pronome
interrogativo Quem.

Obs.: As classificações do sujeito, em Língua Portuguesa, são apenas


três: simples, composto e indeterminado.

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Dar o nome de Sujeito desinencial, elíptico ou implícito não equivale a


classificar o sujeito, mas somente determinar a forma como o sujeito
simples se apresenta dentro da estrutura sintáctica. No mais, a
classificação Sujeito Oculto foi abolida, por questões técnico-formais e
linguistico-gramaticais, passando a denominar-se Sujeito Simples
Desinencial, uma vez que se pode determiná-lo através dos morfemas
lexicais terminativos das formas verbais, situação na qual, para indicar
que o sujeito se encontra elíptico usa a forma pronominal recta
equivalente à pessoa verbal entre parênteses.

Assim, na estrutura sintáctica: "Choramos todos os dias", para indicar o


sujeito simples subentendido na forma verbal, coloca-se entre
parênteses da seguinte forma: (Nós) = sujeito simples desinencial.

• Sujeito Indeterminado
Sujeito indeterminado é o que não se nomeia ou por não se querer ou
por não se saber fazê-lo. Podemos dizer que o sujeito é indeterminado
quando o verbo não se refere a uma pessoa determinada, ou por se
desconhecer quem executa a acção ou por não haver interesse no seu
conhecimento. Aparecerá a acção, mas não há como dizer quem a
pratica ou praticou.

Há três maneiras de identificar um sujeito indeterminado:


(i). O verbo se encontra na 3ª pessoa do plural.
− Dizem que eles não vão bem.
− Estão chamando o rapaz.

(ii). Com um Verbo Transitivo Indirecto, somente na terceira pessoa do


singular, mais a partícula se.
− Precisa-se de livros. (Quem precisa, precisa de alguma coisa →
verbo transitivo indirecto)

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− Necessita-se de amigos. (Quem necessita, necessita de alguma


coisa → verbo transitivo indirecto)

A palavra se é um índice de indeterminação do sujeito, pois não se pode


dizer quem precisa ou quem necessita.
Cuidado! Caso você encontre frases com Verbo Transitivo Directo:
− Compram-se carros. (Quem compra, compra alguma coisa →
verbo transitivo directo)
− Vende-se casa. (Quem vende, vende alguma coisa → verbo
transitivo directo)

Não se caracteriza sujeito indeterminado, pois nos casos de VTD, a


partícula "se" exerce a função de partícula apassivadora e a frase se
encontra na voz passiva sintética. Transpondo as frases para a voz
passiva analítica, teremos:
− Carros são comprados (sujeito: "Carros");
− Casa é vendida (sujeito: "Casa").
(iii). Com um Verbo Intransitivo, somente na terceira pessoa do singular,
mais a palavra se, índice de indeterminação do sujeito.
− Vive-se feliz, aqui.
− Aqui se dorme muito bem.

8.2.2 Predicado (gramática)


Na gramática, o predicado é um dos termos essenciais da oração; é tudo
aquilo que se diz ou o que se declara sobre o sujeito. Significado de
predicado: qualidade, característica, dote, prenda, virtude. Aquilo que
numa preposição se enuncia acerca do sujeito.

8.2.2.1 Tipos de Predicado


O predicado pode ser subdividido em Predicado nominal, verbal ou
verbo-nominal (também escrito verbonominal).

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• Predicado Verbal
Possui um verbo significativo, também denominado de verbo de acção;
ou seja: verbo que exprime acção. O predicado verbal não pode ser
retirado, porque faz falta na frase. Exemplo:
− O ministro do Sítio anunciará um pacote de reajuste de
impostos.
− Bush invadiu o Iraque, baseando-se em justificativas
infundadas.

• Predicado Nominal
Possui por núcleo um sintagma nominal (substantivo ou, normalmente,
adjectivo), denominado, sintacticamente, de predicativo do sujeito.
Integra esse termo da oração um verbo de ligação, também chamado
de verbo não-significativo (uma vez que não expressa acção) ou de
verbo relacional.
− O acesso à internet banda larga está cada vez mais ao alcance
da classe média urbana.
− Franco-Dousha é o mais novo fórum linguístico da actualidade.

• Predicado Verbo-nominal
− Os alunos saíram da aula alegres.
O predicado é verbo-nominal porque seus núcleos são um verbo
(saíram - verbo intransitivo), que indica uma acção praticada pelo
sujeito, e um predicativo do sujeito (alegres), que indica o estado do
sujeito no momento em que se desenvolve o processo verbal. É
importante observar que o predicado dessa oração poderia ser
desdobrado em dois outros, um verbal e um nominal. Veja:
− Os alunos saíram da aula. Estavam alegres.
− Estrutura do Predicado Verbo-Nominal

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O predicado verbo-nominal pode ser formado de:


1. Verbo Intransitivo (não transita entre substantivos) + Predicativo do
Sujeito. Por Exemplo: Joana partiu contente. Sujeito Verbo
Intransitivo Predicativo do Sujeito.
2. Verbo Transitivo + Objecto + Predicativo do Objecto. Por Exemplo:
A despedida deixou a mãe aflita. Sujeito Verbo Transitivo Objecto
Directo Predicativo do Objecto.
3. Verbo Transitivo + Predicativo do Sujeito + Objecto. Por Exemplo:
Os alunos cantaram emocionados aquela canção. Sujeito Verbo
Transitivo Predicativo do Sujeito Objecto Directo

Para perceber como os verbos participam da relação entre o objecto


directo e seu predicativo, basta passar a oração para voz passiva. Veja:
− Na Voz Activa: “As mulheres julgam os homens insensíveis”. Sujeito
Verbo Significativo Objecto Directo Predicativo do Objecto.
− Na Voz Passiva: “Os homens são julgados insensíveis pelas
mulheres”. Verbo Significativo Predicativo do Objecto

O verbo julgar relaciona o complemento (os homens) com o predicativo


(insensíveis). Essa relação se evidencia quando passamos a oração para
a voz passiva.

Obs: o predicativo do objecto normalmente se refere ao objecto


directo. Ocorre predicativo do objecto indirecto com o verbo chamar.
Assim, vem precedido de preposição. Por exemplo:
− Todos o chamam de irresponsável. Chamou-lhe ingrato.
(Chamou a ele ingrato.)

8.2.3 Complemento Verbal


Os complementos verbais completam o sentido dos verbos transitivos.
Estes complementos podem ligar-se ao verbo através de uma
preposição ou sem o auxílio dela. Quando há necessidade de

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preposição, o objecto é dito indirecto; quando ela não é necessária, o


objecto é dito directo. Alguns verbos podem aceitar ao mesmo tempo
um objecto directo e outro indirecto. Em alguns casos, por questões de
estilo, adiciona-se uma preposição ao objecto directo. Neste caso o
objecto directo é dito preposicionado. Exemplos:
− Aviões possuem asas. - Asas é o objecto directo do verbo
possuir.
− Gosto de escrever. - De escrever é objecto indirecto do verbo
gostar.
− Neguei tudo aos impostores. - Tudo é objecto directo e aos
impostores é objecto indirecto do verbo negar.

8.2.3.1 Objecto Directo


Objecto directo é o termo da oração que completa o sentido de um
verbo transitivo directo. O objecto directo liga-se ao verbo sem o auxílio
de uma preposição. Indica o paciente, o alvo ou o elemento sobre o qual
recai a acção.

Identificamos o Objecto directo quando perguntamos ao verbo: "quem"


ou "o quê". Exemplos:
Vós admirais os companheiros. - Perguntamos, Vós admirais o quê? A
resposta é 'os companheiros', que é o objecto directo.
Nós amamos o cabelo da Gyselle. - Perguntamos: nós amamos o quê?
A resposta é 'o cabelo da Gyselle ', que é o objecto directo da oração.

8.2.3.2 Objecto Directo Preposicionado


Há casos, no entanto, que um verbo transitivo directo aparece seguido
de preposição, que, por sua vez, precede o objecto directo. Nesses
casos temos o chamado objecto directo preposicionado. Exemplo: “Vós
tomais do vinho”.

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Esta construção se faz da contracção de termos como: Vós tomais


"parte" do vinho. O objecto directo é obrigatoriamente preposicionado
quando expresso:
− Por pronome pessoal oblíquo tónico;
− Pelo pronome relativo "quem", de antecedente claro;
− Por pronome átono e substantivo coordenados.

8.2.3.3 Objecto Indirecto


O objecto indirecto é o termo da oração que completa um verbo
transitivo indirecto, sendo obrigatoriamente precedido de preposição.

Identificamos o objecto indirecto, quando perguntamos ao verbo: "a


quem" ou "a quê". A resposta será o Objecto indirecto.

• Objecto Indirecto Reflexivo


O objecto indirecto reflexivo é o objecto indirecto que indica a reflexão
da acção do sujeito. Exemplo:
− Caroline obedece aos pais.
(Caroline obedece a quem? Resposta: aos pais, Objecto Indirecto.)

8.3 Frase, Oração e Período


Neste tópico vamos trazer as noções dos termos acima ilustrados com
o intuito final de distingui-los uma vez que muitas das vezes faz-se
confusão.

Frase é todo enunciado linguístico capaz de transmitir uma ideia. A frase


é uma palavra ou conjunto de palavras que constitui um enunciado de
sentido completo. A frase não vem necessariamente acompanhada por
um sujeito, verbo ou predicado. Por exemplo: «Cuidado!» é uma frase,
pois transmite uma ideia - a ideia de ter cuidado ou ficar atento - mas
não há verbo, sujeito ou predicado. A frase define-se pelo propósito de

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comunicação, e não pela sua extensão. O conceito de frase, portanto,


abrange desde estruturas linguísticas muito simples até enunciados
bastante complexos.

Já a oração é todo enunciado linguístico que tem o núcleo como o


verbo, apresentando, desta maneira e na maioria das vezes, "termos
essenciais da oração, sujeito e predicado". Exemplo:
− O menino sujou seu uniforme.

O que caracteriza a oração é o verbo, não importando que a oração


tenha sentido ou não sem ele.

O período é uma frase que possui uma ou mais orações, podendo ser:
− Simples: Quando constituído de uma só oração.
Ex.: João ofereceu um livro a Joana.

− Composto: Quando é constituído de duas ou mais orações.


Ex.: O povo anseia que haja uma eleição justa, pois a última
obviamente não o foi.

Os períodos compostos são formados por coordenação, por


subordinação ou por ambas as formas (coordenação-subordinação).

8.4 Tipos Básicos de Frases


− Frases declarativas: após a constatação de um fato, o emissor
faz uma declaração;
− Frases exclamativas: as que possuem exclamação;
− Frases imperativas: as que expressam ordens, proibições ou
conselhos; e
− Frases interrogativas: as que transmitem perguntas.

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E ainda há mais dois grupos secundários:


− Frases optativas: o emissor expressa um desejo (Ex.: Quero
comer picolé.);
− Frases imprecativas: o emissor expressa uma súplica através de
maldição. (Ex.: Que um raio caia sobre minha cabeça.).

8.4.1 Outros Tipos de Frases


Frase simples (frase não-idiomática): do ponto de vista de uma
tradução, é a que pode ser traduzida literalmente para uma língua
(nota: em alguns casos, frases simples têm uma diferença mínima em
outra língua, geralmente de ordem gramatical.)

Frase Cliché: são frases que podem reproduzir formas de discriminação


social e expressar um modo de pensar as relações sociais, utilizando às
vezes fragmentos de provérbios. Exemplos: Lugar de Mulher é na
Cozinha, Homem não presta, Ele é um Preto de Alma Branca.

Frase idiomática ou expressão idiomática: é a que não é traduzida


literalmente para outro idioma. No caso, em cada língua a ideia da frase
é expressa por palavras totalmente diferentes. Exemplo portuguesa-
inglês: Ele está na pior. = He’s down and out. (Literalmente: Ele está
abaixo e fora).

Frase feita: é a que, a fim de expressar determinada ideia, é dita sempre


de forma invariável. Exemplo: Ele foi pego com a boca na botija. Note-
se que às vezes uma frase feita é, ao mesmo tempo, uma expressão
idiomática. Por exemplo, a frase feita acima citada é dita em inglês
como He was caught red-handed., ou, literalmente: ele foi pego com as
mãos vermelhas.

Frase formal (não-coloquial, não-popular): é a dita segundo as normas


da linguagem padrão ou formal. Esta é usada formalmente por escrito,

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e em circunstâncias formais também oralmente, em textos não raro


mais longos (em relação a textos sinónimos coloquiais), às vezes com
palavras difíceis (que não são do conhecimento da população em geral).

Frase coloquial (coloquialismo): é a dita de forma coloquial, ou seja,


usando-se uma linguagem simples, em geral oralmente, com textos
resumidos e informais. Uma frase coloquial pode conter erros
gramaticais (uma ou mais palavras não estão na linguagem padrão),
mas costuma ser falada por qualquer pessoa, não importa o seu nível
social.

Síntese

A Sintaxe representa umas das componentes da gramática que se


dedica ao estudo das regras que regem a construção de frases nas
línguas naturais. Em termos de estrutura dos Constituintes, podemos
encontrar na sintaxe o sujeito que compõe-se por sujeito simples,
sujeito composto, sujeito subentendido desinencial, implícito, oculto ou
elíptico e sujeito Indeterminado.

Outro constituinte imediato é o predicado repartido em predicado


verbal, predicado nominal e predicado verbo-nominal e com os
complemento verbal (objecto directo e indirecto).

Existem diferenças quando falamos de frase, oração e período. As frases


têm os seguintes tipos básicos: declarativas, exclamativas, imperativas,
interrogativas, optativas e imprecativas.

Outros tipos de frases são: frase simples (frase não-idiomática), frase


Cliché, frase idiomática ou expressão idiomática, frase feita, frase
formal (não-coloquial, não-popular e frase coloquial.

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AUTO-AVALIAÇÃO
Questões de Escolha Múltipla
1. A Sintaxe representa:
a) umas das componentes da gramática que se
dedica ao estudo das regras que regem a
construção de frases nas línguas naturais.
b) umas das componentes da frase que se
dedica ao estudo das regras que regem a
construção de frases nas línguas naturais.
c) umas das componentes da gramática que se
dedica ao estudo das regras que regem a
construção de frases nas línguas
sobrenaturais.
d) Todas as alternativas estao correctas.
2. As frases têm os seguintes tipos básicos:
a) Declarativas
b) Exclamativas
c) Imperativas
d) Todas as alternativas estao correctas.
3. Frase é:
a) todo enunciado linguístico capaz de transmitir
uma ideia.
b) todo enunciado musical capaz de transmitir
uma ideia.
c) todo enunciado escrito capaz de transmitir
uma ideia.
d) Todas as alternativas estao correctas.
4. Frase idiomática ou expressão idiomática:
a) é a que não é traduzida literalmente para
outro idioma.
b) é a que é traduzida literalmente para outro
idioma.
c) é a que não é traduzida literalmente para o
ingles.
d) Todas as alternativas estao correctas.

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5. Outros tipos de frases são:


a) frase simples (frase não-idiomática)
b) frase Cliché
c) frase idiomática ou expressão idiomática.
d) Todas as alternativas estao correctas.

Questões de Verdadeiro e Falso

6. O que caracteriza a oração é o verbo, não importando


que a oração tenha sentido ou não sem ele.
7. Uma frase coloquial pode conter erros gramaticais (uma
ou mais palavras não estão na linguagem padrão), mas
costuma ser falada por qualquer pessoa, não importa o
seu nível social.
8. Não existem diferenças quando falamos de frase, oração
e período.
9. A frase define-se pelo propósito de comunicação, e não
pela sua extensão.
10. Os períodos compostos são formados por coordenação,
por subordinação ou por ambas as formas (coordenação-
subordinação).
Questões de Reflexão

11. Fale dos constuintes imediatos da frase.


12. Em que consiste a subordinação?

Respostas

1. A
2. D

93
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3. A
4. A
5. D
6. Verdadeiro
7. Verdadeiro
8. Falso
9. Verdadeiro
10. Verdadeiro

94
UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

TEMA IX - INTRODUÇÃO À SEMÂNTICA

Introdução

A Semântica é mais uma das componente da gramática. Neste capítulo


vamos então abordar sobre os princípios da semântica: a noção de
sema, enunciado, frase, proposição. Falaremos igualmente neste
capítulo sobre o sentido e referência, expressões genérica e referencial.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


▪ Definir semântica e sema;
▪ Compreender as relações de sentido entre as palavras
(identidade ou igualdade de sentido);
Objectivos
▪ Definir as expressão referencial e genérica
específicos

9.1 Conceito da Semântica


O vocábulo semântica “σημαντικός”, derivado de sema, (sinal); refere-
se ao estudo do significado, em todos os sentidos do termo. A
semântica opõe-se com frequência à sintaxe, caso em que a primeira se
ocupa do que algo significa, enquanto a segunda se debruça sobre as
estruturas ou padrões formais do modo como esse algo é expresso (por
exemplo, escritos ou falados).

Dependendo da concepção de significado que se tenha, têm-se


diferentes semânticas. A semântica formal, a semântica da enunciação
ou argumentativa e a semântica cognitiva, por exemplo, estudam o
mesmo fenómeno, mas com conceitos e enfoques diferentes.

A semântica é, portanto a componente da gramática que estuda o


significado e sentido que as palavras veiculam numa determinada
língua. A semântica como componente da gramática é muito recente,

95
UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

mas o seu objecto de estudo que é o significado é remoto, já se


estudava em filosofia, lógica, etc.

9.2 Noção de Sema


Sema, corresponde ao conjunto de traços particulares que caracterizam
um ser, coisa, objecto etc. Ex: a palavra ovo tem traços semânticos que
o caracterizam, nomeadamente: tem forma oval, de cor castanha ou
branca, tem casca, tem gema e clara.

É através da construção de semas que os falantes de uma determinada


língua podem ter o significado ou sentido absoluto de algo ouvido ou
visto. Portanto, sabe-se que os falantes de uma determinada língua logo
que ouvem o som, associam-no ao seu referente, à medida que
associam constroem determinados semas, com a finalidade de obterem
a ideia global.

9.2.1 Noção de Sentido e Referência

• Noção de Sentido
Sentido, é o lugar que uma palavra ocupa no sistema de relações com
outras palavras numa determinada frase de uma certa língua.

• Noção de Referência
O termo referência foi introduzido para estabelecer a relação entre as
palavras e as coisas, acções e qualidades que elas apresentam. A
referência pressupõe a existência ou realidade que se deriva da nossa
experiência directa dos objectos no mundo físico. Portanto, dizer que
uma palavra ou unidade tem significado “ se refere” à um objecto
implica que o seu referente é um objecto existente no mundo real.

96
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A relação que existe entre as palavras e as coisas (referentes) é a de


referência, as palavras não significam e nem denominam as coisas mas
sim referem-nas.

9.3 Relações de Sentido (identidade ou igualdade de sentido)

− Sinonímia
Há presença de sinonímia quando duas os mais palavras apresentam
igualdade de sentido. O problema de sinónimos é muito discutido,
porque existem palavras embora sejam sinónimas não se podem
substituir em todos os contextos.

Com efeito, determinadas palavras podem ser sinónimas, mas


observar-se a restrição delas em termos de contexto. Ex: investigação =
pesquisa.
F1: Estou a fazer trabalho de investigação.
F2: Estou a fazer trabalho de pesquisa.

Nas frases acima, os termos pesquisa e investigação podem-se


substituir para este contexto. Ora vejamos a aplicação destes nas frases
seguintes:
F1: A Polícia de investigação criminal prendeu-lhes.
F2: *A Polícia de pesquisa criminal prendeu-lhes.

Nestas duas frases acima vemos que estes termos não se podem
substituir no contexto em causa. Entretanto, caso haja a substituição,
uma das frases torna-se agramatical.

Das frases apresentadas podemos depreender que duas palavras por


mais que sejam sinónimas mas a sua ocorrência em contextos diversos
os diferentes é limitada, onde ocorre uma palavra, outra não ocorre,

97
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isto é; há uma exclusão mútua em termos contextuais. Sendo assim,


podemos concluir que, a sinonímia íntegra não existe.

− Hiponímia e Hiperonímia
Hiponímia, relação de identidade de sentido estabelecida entre duas ou
mais palavras, onde o conteúdo de uma delas
está contido no conteúdo da outra em que um é termo geral ou
hiperónimo e outros são as partes ou hipónimo.
Ex1: Hiperónimo - animal.
Hipónimo - cão, gato, coelho, porco etc.
Ex2: Hiperónimo - país
Hipónimos: Moçambique, Angola, Guiné-Bissau.

− Paráfrases
A paráfrase acontece quando duas ou mais frases apresentam
igualdade de sentido ou ambas apresentam a mesma proposição.
Exemplo:
a) Estes aviões chocaram-se.
b) Estes aviões envolveram-se em acidente.

Nestas frases houve alteração de mais de um elemento, mas o sentido


não se alterou. Com feito, estamos perante um caso de paráfrase
porque ambas expressam a mesma proposição ou veiculam o mesmo
sentido.

9.4 Relações de Oposição ou Dissemelhança de Sentido

− Antonímia
Os itens linguísticos além de apresentarem a relação de igualdade de
sentido, apresentam também a relação de oposição de sentido, que se
denomina antonímia.

98
UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

Com efeito, dá-se o nome de antonímia as palavras que aparecendo aos


pares não permitem a aplicação de um onde o outro tiver sido aplicado.
Ex: morto vs. vivo; verdadeiro vs. falso; amar vs. odiar.

− Contradição
Acontece quando duas ou mais frases apresentam desigualdade de
sentido.
Ex1: O António morreu é uma contradição de O António está vivo.
Ex2: Estás a dormir acordado. Estás acordado.

− Polissemia
A Polissemia tem a ver com termos que possuem vários sentidos
relacionados. O termo polissemia subdivide-se em poli, que significa
muitos e sema, que significa significado.

Em semântica discute-se desde muito tempo sobre a diferença entre


homonímia vs. polissemia, porque parecem ser termos idênticos mas
não. Portanto, a diferença entre estes dois termos é que enquanto que
na homonímia as palavras não apresentam sentidos relacionados, na
polissemia apresentam sentidos relacionados.

− Ambiguidade
Uma palavra, sintagma ou frase apresenta relação de ambiguidade
quando possui mais de um significado.
Ex: O Pedro e Rosa são casados.

A frase acima tem dois sentidos que são:


(i) O Pedro é casado com alguém (x).
(ii) A Rosa é casada com alguém (y).

99
UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

− Tipos de Ambiguidade
Existem dois tipos de ambiguidade, nomeadamente:
1. Lexical; que é aquela que ao nível da palavra.
Ex: Ele estava na minha companhia (comigo)
Ele estava na minha companhia (empresa)

Esta ambiguidade depende da homonímia (sentidos não relacionados)


e polissemia (sentidos relacionados).

2. Estrutural; quando uma frase apresenta diferentes sentidos. Ex:


– Vi o homem de binóculos.

Para esta frase podemos ter duas leituras:


(i) O locutor viu o homem através de binóculos e
(ii) O locutor viu o homem que tinha binóculos.

− Homonímia
É a relação entre duas ou mais palavras que, apesar de possuírem
significados diferentes, possuem a mesma estrutura fonológica, ou seja,
os homónimos:

As homónimas podem ser:


• Homógrafas: palavras iguais na escrita e diferentes na
pronúncia. Exemplos: gosto (substantivo) - gosto / (1ª pessoa
singular presente indicativo do verbo gostar) / conserto
(substantivo) - conserto (1ª pessoa singular presente indicativo
do verbo consertar);
• Homófonas: palavras iguais na pronúncia e diferentes na
escrita. Exemplos: cela (substantivo) - sela (verbo) / cessão
(substantivo) - sessão (substantivo) / cerrar (verbo) - serrar
(verbo);

100
UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

• Perfeitas: palavras iguais na pronúncia e na escrita. Exemplos:


cura (verbo) - cura (substantivo) / verão (verbo) - verão
(substantivo) / cedo (verbo) - cedo (advérbio);
• Paronímia: É a relação que se estabelece entre duas ou mais
palavras que possuem significados diferentes, mas são muito
parecidas na pronúncia e na escrita, isto é, os parónimos:
Exemplos: comprimento – cumprimento; aura (atmosfera) -
áurea (dourada); conjectura (suposição) - conjuntura (situação
decorrente dos acontecimentos); descriminar (desculpabilizar) -
discriminar (diferenciar); desfolhar (tirar ou perder as folhas) -
folhear (passar as folhas de uma publicação); despercebido (não
notado) - desapercebido (desacautelado); geminada (duplicada)
- germinada (que germinou); mugir (soltar mugidos) - mungir
(ordenhar); sobrescrever (endereçar) - subscrever (aprovar,
assinar); veicular (transmitir) - vincular (ligar).
• Homonímia: Identidade fonética entre formas de significados e
origem completamente distintos. Exemplos: São (Presente do
verbo ser) - São (santo)

9.5 Distinção entre Conotação e Denotação:


• Conotação é o uso da palavra com um significado diferente do
original, criado pelo contexto. Exemplos: Você tem um coração
de pedra.
• Denotação é o uso da palavra com o seu sentido original.
Exemplos: Pedra é um corpo duro e sólido.

Síntese
Nas relações de sentido (identidade ou igualdade de sentido), existe a
sinonímia que acontece quando duas os mais palavras apresentam
igualdade de sentido. A Hiponímia acontece quando duas ou mais
palavras, onde o conteúdo de uma delas está contido no conteúdo da

101
UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

outra em que um é termo geral ou Hiperónimo e outros são as partes


ou hipónimo.

A polissemia tem a ver com termos que possuem vários sentidos


relacionados. A ambiguidade acontece quando uma palavra contém
mais de um significado. Homonímia estabelece uma relação entre duas
ou mais palavras que, apesar de possuírem significados diferentes,
possuem a mesma estrutura fonológica

A denotação é o uso da palavra com o seu sentido original. Por outro


lado, a conotação é o uso da palavra com um significado diferente do
original, criado pelo contexto.

Auto-Avaliação
Questões de Escolha Múltipla

1. A polissemia tem a ver com:


a) termos que possuem vários sentidos
relacionados.
b) termos que não possuem vários sentidos
relacionados.
c) termos que possuem sentido único.

d) Todas as alternativas estao correctas.

2. A denotação é o uso da palavra:


a) com o seu sentido original.
b) com o seu sentido subjectivo.
c) com o seu sentido plurissignificativo.

d) Todas as alternativas estao correctas.


3. A Hiponímia acontece quando:
a) duas ou mais palavras, onde o
conteúdo de uma delas está contido
no conteúdo da outra em que um é

102
UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

termo geral ou Hiperónimo e outros


são as partes ou hipónimo.
b) duas ou mais palavras, onde o
conteúdo de uma delas não está
contido no conteúdo da outra em
que um é termo geral ou Hiperónimo
e outros são as partes ou hipónimo.
c) duas ou mais palavras, onde o
conteúdo de uma delas está contido
no conteúdo da outra em que um é
termo geral apenas.

d) Todas as alternativas estao correctas.


4. Conotação é :
a) o uso da palavra com um significado
original, criado pelo contexto.
b) o uso da palavra com um significado
diferente do original, criado pelo
contexto.
c) o uso da palavra com um significado
diferente superficial, criado pelo
contexto.
d) Todas as alternativas estao correctas.
5. Homonímia:
a) É a relação entre duas ou mais
palavras que, apesar de possuírem
significados diferentes, possuem a
mesma estrutura fonológica.
b) É a ausencia de relação entre duas
ou mais palavras que, apesar de
possuírem significados diferentes,
possuem a mesma estrutura
fonológica.
c) É a relação entre duas ou mais
palavras que, apesar de possuírem
significados diferentes, possuem a
mesma estruturamorfologica.
d) É a relação entre duas ou mais
palavras que, apesar de possuírem
significados diferentes, possuem a
mesma estrutura sintatica.

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UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

Questões de Verdadeiro e Falso


6. Existem dois tipos de ambiguidade.
7. Uma palavra, sintagma ou frase apresenta relação de ambiguidade
quando possui mais de um significado.
8. O termo referência não foi introduzido para estabelecer a relação
entre as palavras e as coisas, acções e qualidades que elas
apresentam.
9. Em semântica discute-se desde muito tempo sobre a diferença
entre homonímia vs. polissemia, porque parecem ser termos
idênticos mas não.
10. A paráfrase acontece quando duas ou mais frases apresentam
igualdade de sentido ou ambas apresentam a mesma proposição.

Questões de Reflexão

11. Fale sobre a paráfrase.


12. Em que consiste a ambiguidade?

Respostas

1. A
2. A
3. A
4. B
5. A
6. Verdadeiro
7. Verdadeiro
8. Falso
9. Verdadeiro
10. Verdadeiro

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TEMA X - INTRODUÇÃO À PRAGMÁTICA

Introdução

Vamos neste capítulo abordar sobre a pragmática. Entre outros


aspectos vamos conhecer as principais noções sobre a pragmática e
seus princípios; vais conhecer igualmente algumas funcionalidades dos
actos locutórios dentro da comunicação interpessoal.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


▪ Apresentar conceito de pragmática;
▪ Aludir sobre os princípios da pragmática;
▪ Definir act
Objectivos
▪ os ilocutórios.
específicos

10.1 Conceito de Pragmática


A língua está cheia de promessas implícitas, brindes, avisos, etc. Por
exemplo, na frase eu irei casar consigo é uma realização implícita de
uma promessa de circunstancia apropriada e tem o mesmo valor de
promessa de eu vou caçar-te. Obviamente que levantarmo-nos do
nosso lugar de copo na mão e gritarmos à saúde do nosso anfitrião
constitui um brinde tão genuíno como se disséssemos eu brindo a saúde
do nosso anfitrião.

O estudo de como fazemos coisas com frases é um dos actos ilocutórios.


Ao estudarmos os actos ilocutórios estamos perfeitamente conscientes
da importância do contexto em que ocorre o enunciado. Em certas
circunstancias a frase, ali tem um carneiro no armário é um aviso, mas
exactamente a mesma frase pode ser uma promessa ou mesmo uma
mera afirmação de um facto, consoante as circunstancias.

106
UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

A teoria dos actos ilocutórios pretende explicar quando é que ao


fazermos perguntas queremos dar ordens ou ao dizermos uma coisa
com uma entoação especial (sarcástica) queremos dizer o contrario.
Assim, à mesa, Podes me passar o sal? Significa a ordem Passa-me o sal?
Não se trata de um pedido de informação e sim não constitui resposta
adequada

10.2 Princípios da Pragmática: Actos Ilocutórios


A teoria dos actos ilocutórios faz parte da pragmática que é um si
mesma uma parte de que temos vindo a denominar realização
linguística. Aos actos praticados quando são proferidas palavras dá-se o
nome de actos de fala.

Austin Words (1962), classificou estes actos da seguinte forma: há o


acto fonético, de produzir sons; o acto fáctico, de produzir uma frase
gramatical, e o acto rético, de dizer algo com sentido, actos que,
conjuntamente, constituem o acto locutório. Depois há o que se faz ao
dizer qualquer coisa, como ameaçar, orar ou prometer: são os actos
ilocutórios. Finalmente, dizer qualquer coisa pode produzir efeitos nos
ouvintes, como assustá-los: são os actos perlocutórios.

Tabela Síntese sobre os Actos Ilocutórios


Actos Ilocutórios Exemplos
Assertivos (ou representativos). Acredito em Adapto-me a…
Os actos que se relacionam com o Atendo ao facto…
locutor, com o valor de verdade do Coloco a questão…
que se diz, isto é, do enunciado. Sugiro…

Asserções simples, com conteúdo Chumbas, tão certo como 2 e 2


proposicional equivalente às frases serem 4.
contendo os verbos acima Chumbas.
indicados.

107
UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

Compromissivos ou comissivos Juro


Actos em que o locutor Tenciono
compromete-se a realizar, no futuro, Prometo
o acto referido no enunciado.
Frases simples no futuro do
indicativo ou seus substitutos
como o presente do indicativo
Amanhã eu serei alguém.

Expressões elípticas com valor


ilocutório comissivo:
Até logo, à porta do cinema.
Expressivos. 1. Verbos ilocutórios expressivos:
Os actos que têm como objectivo Agradeço-te
exprimirem o estado psicológico do Congratulo-me
locutor em relação ao enunciado.
2. Verbos criadores de universos
de referência modalizados por
advérbios:
Acho mal….

3. Expressões exclamativas com


adjectivos valorativos, advérbios,
verbos experênciais, afectivos ou
expressivos:
Bom dia!
Que lindo vestido!
Gosto mesmo dessa planta!
Directivos (ordens, conselhos, pedidos,
Os actos em que o locutor pretende sugestões)
que o ouvinte realize, no futuro, o Aconselho; Convido; Imploro
acto verbal ou não verbal referido no Obrigo; Peço; Proíbo
enunciado Quero

108
UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

Declarações A sessão está aberta.


Actos em que, pela sua enunciação, Declaro-vos marido e mulher.
alteram a realidade, criando novos Vamos começar a aula.
estados de coisas. Estes actos só
podem ser praticados por locutores
investidos de autoridade que lhes é
reconhecida pelos interlocutores.

Uma declaração é a expressão verbal


da realidade que ela própria cria ou
de que pontualmente depende.

ATENÇÃO:
Existe também os Actos Perlocutórios que tem a ver com os actos de
fala realizados apenas se certos resultados forem obtidos — como, por
exemplo, os de persuadir, ridicularizar ou assustar alguém. Os actos
perlocutórios contrastam, portanto, com os actos locutórios e com os
actos ilocutórios, que são realizados independentemente de a elocução
respectiva ter o efeito desejado, ou sequer qualquer efeito que seja.

Síntese

A pragmática define-se como sendo o estudo da influência do contexto


no modo como interpretamos as frases. Ou por outra, denomina-se
pragmática o estudo genérico de como o contexto afecta a
interpretação linguística. A teoria dos actos ilocutórios faz parte da
pragmática, que em si mesma uma parte da realização linguística.

Os actos ilocutórios têm a ver com o estudo de como realizamos actos


através de enunciados sendo, no entanto, necessário o contexto para
determinarmos a natureza dos actos ilocutórios. Os actos ilocutórios

109
UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

podem ser compromissivos (ou comissivos), assertivos (ou


representativos), expressivos, directivos e declarações. Cada um deles
assume uma significação específica no acto da fala.

AUTO-AVALIAÇÃO
Questões de Escolha Múltipla
1. A pragmática define-se:
a) como sendo o estudo da influência
do contexto no modo como
interpretamos as frases.
b) como sendo o estudo da não
influência do contexto no modo
como interpretamos as frases.
c) como sendo o estudo da influência
do contexto no modo como
interpretamos os textos.

d) Todas as alternativas estao correctas.

2. Os actos ilocutórios têm a ver com:


a) o estudo de como realizamos actos
através de textos sendo, no entanto,
necessário o contexto para
determinarmos a natureza dos actos
ilocutórios.
b) o estudo de como realizamos actos
através de enunciados sendo, no
entanto, necessário o contexto para
indeterminarmos a natureza dos
actos ilocutórios.
c) o estudo de como realizamos actos
através de enunciados sendo, no
entanto, necessário o contexto para
determinarmos a natureza dos actos
locutórios.

110
UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

d) Todas as alternativas estao correctas.


3. Actos Perlocutórios:
a) que tem a ver com os actos de fala
realizados apenas se certos
resultados forem obtidos — como,
por exemplo, os de persuadir,
ridicularizar ou assustar alguém.
b) que tem a ver com os actos de fala
realizados apenas se certos
resultados forem obtidos — como,
por exemplo, os de persuadir,
ridicularizar ou assustar alguém.
c) que tem a ver com os actos de fala
realizados apenas se certos
resultados não forem obtidos —
como, por exemplo, os de persuadir,
ridicularizar ou assustar alguém.

d) Todas as alternativas estao correctas.


4. A teoria dos actos ilocutórios faz parte da:
a) Pragmática.
b) Sintática.
c) Semântica.
d) Morfológica.
5. Os actos ilocutórios podem ser:
a) compromissivos (ou comissivos)
b) assertivos (ou representativos)
c) expressivos, directivos e declarações.
d) Todas as alternativas estao correctas.

Questões de Verdadeiro e Falso

6. O estudo de como fazemos coisas com frases é um


dos actos ilocutórios.

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UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

7. A teoria dos actos ilocutórios pretende explicar


quando é que ao fazermos perguntas queremos dar
ordens ou ao dizermos uma coisa com uma entoação
especial (sarcástica) queremos dizer o contrario.
8. Os actos ilocutórios podem ser compromissivos (ou
comissivos), assertivos (ou representativos),
expressivos, directivos e declarações. Cada um deles
não assume uma significação específica no acto da
fala.
9. O estudo de como fazemos coisas com frases é um
dos actos ilocutórios.
10. Aos actos praticados quando são proferidas palavras
dá-se o nome de actos de fala.
Questões de Reflexão
11. Defina os actos ilocutórios.
12. Apresente exemplos de actos ilocutórios.

Respostas
1. A
2. B
3. A
4. A
5. D
6. Verdadeiro
7. Verdadeiro
8. Falso
9. Verdadeiro
10. Verdadeiro

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TEMA XI - LÍNGUA: Falada e Escrita

Introdução

Neste capítulo vamos discutir os processos decorrentes da escrita e da


fala. Antes porem, define-se o conceito de língua como instrumento de
comunicação humana.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


▪ Compreender as várias acepções sobre o conceito de língua;
▪ Apresentar elementos teóricos e práticos que distinga a
concepção de língua e da fala.
Objectivos
▪ Relacionar língua com a escrita.
específicos

11.1 Acepções sobre o Conceito de Língua.


Não é fácil definir a língua enquanto objecto de estudo da Linguística.
Ao contrário do que muitos pensam, a língua não é meramente um
objecto concreto. Ela é dotada de uma abstracção que contribui para a
dificuldade de defini-la. Por exemplo, se tomarmos uma determinada
palavra, veremos que ela não é apenas um objecto linguístico concreto.
É muito mais do que isso. É um som, um conjunto de sentidos e uma
história. Não é um objecto que cria o ponto de vista, mas o ponto de
vista que cria o objecto.

Se tomarmos essa palavra pelo som, veremos que ela apresenta duas
faces, sendo que uma não vale sem a outra. Ao se articular as sílabas
dessa palavra, produz-se um efeito acústico percebido pelo ouvido. No
entanto, esse efeito não existiria se não fossem os órgãos vocais. Por
isso, a língua não pode ser apenas o som, há de se considerar as
abstracções da impressão acústica, ou seja, o som e a impressão que
ele causa são interdependentes.

114
UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

Por outro lado, som e ideia formam conjuntamente uma unidade


complexa, fisiológica e mental. É necessário, assim, admitir que a
linguagem tem dois lados: o individual e o social, sendo impossível
conceber um sem o outro. Além disso, a linguagem implica, a cada
instante e simultaneamente, uma instituição actual e passada. Isso
torna complexo o estudo e a definição de língua.

É facilmente constatado que a Linguística apresenta várias formas


diferentes de abordagem, ou seja, não se dá de forma integral. Então
surge o dilema: ou nos aprofundamos em apenas uma forma de
abordagem, ou nos arriscamos à sua abordagem integral. Neste último
caso, aparecerá um aglomerado confuso de ideias, dificultando o
trabalho de quem a estuda. A solução seria, então, “colocar-se
primeiramente no terreno da língua e tomá-la como norma de todas as
manifestações da linguagem” (p.16). De fato, partindo-se da língua
como manifestação da linguagem, os estudos linguísticos tornam-se
menos complexos.

Mas afinal, o que é língua. Saussure afirma que língua não se confunde
com linguagem. Aquela é um produto, uma parte desta. Essencial, é
claro. Portanto, entende-se por língua como um conjunto de
convenções adoptadas por um determinado grupo social com o
objectivo de permitir a inter-relação entre seus membros. Já a
linguagem é multiforme, pertence a todos os domínios e não se
classifica em nenhuma categoria dos fatos humanos. Assim, podemos
entender que a língua é algo adquirido e convencionado por um
determinado grupo. Está, então, clara a diferença entre língua e
linguagem.

Para se situar a língua no conjunto da linguagem, faz-se necessário


analisar o circuito da fala. Tal circuito ocorre, no mínimo e
obrigatoriamente, entre duas pessoas e divide-se em três partes:

115
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1ª) Parte psíquica → ocorre no momento em que o falante cria, em seu


cérebro, uma imagem que pretende transmitir ao ouvinte.

2ª) Parte fisiológica → ocorre no momento em que o cérebro processa


a imagem criada pelo falante e a transmite ao aparelho fonador.

3ª) Parte física → ocorre no momento em que as ondas sonoras se


propagam da boca do falante até o ouvido do ouvinte.

Esse processo é contínuo durante o acto da comunicação, já que vai se


revezando entre as duas pessoas envolvidas no acto. E ainda pode ser
visto sob duas partes: a activa, chamada de executiva, que vai do centro
de associação de uma pessoa ao ouvido da outra; e a passiva, chamada
de receptiva, que vai do ouvido desta ao seu centro de associação. Esse
processo dá-se no plano social e não no individual, pois indivíduos são
unidos pela linguagem e reproduzem os mesmos signos.

Sobre essas partes da língua, Saussure ressalta alguns pontos


importantes. Em relação à parte física, por exemplo, esta desaparece
quando o falante não utiliza a mesma língua do ouvinte, portanto não
haverá a compreensão.

Outro ponto importante é que a parte executiva se forma de marcas


que são as mesmas em todos os indivíduos falantes. Porém, cada um
deles possui um conjunto de informações armazenadas em seu cérebro
que se encaixam no plano individual. Por isso a língua nunca está
completa. Só a estará se considerarmos o conjunto todo, ou seja, a
massa de indivíduos tendo todos as mesmas informações. Dessa forma,
é possível concluirmos que uma língua jamais estará completa.

116
UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

11.2 Diferenças entre a Língua e Fala


Saussure separa a língua da fala, colocando a primeira no plano social e
a segunda, no individual. Ao estabelecer essa separação, o autor deduz
que a língua não é uma função do falante, mas sim um produto que o
indivíduo regista passivamente, ao passo que a fala é um ato de vontade
e de inteligência, pois o falante exprime seus pensamentos.

Em outras palavras, o falante não tem a capacidade de criar ou


modificar, sozinho, uma língua, mas pode expressar o que tem vontade.
Nota-se que Saussure acaba por não definir a língua e afirma, sobre isso,
que qualquer definição sobre um tema é vã, logo não se deve partir de
um termo para definir as coisas, mas simplesmente defini-las.

No entanto, ele aponta algumas características próprias da língua. Ela é


um objecto definido dentro dos fatos da linguagem, por ser sua parte
social, portanto exterior ao indivíduo, é um contrato estabelecido entre
os membros de uma comunidade, pode ser estudada separadamente e
é de natureza homogénea, ao passo que a linguagem é de natureza
heterogénea.

A língua é concreta, o que facilita seu estudo. Embora seja psíquica, ela
não é feita de abstracções, é sediada no cérebro do indivíduo e nela
existe a imagem acústica, que pode se traduzir em imagem visual, no
caso, a escrita.

11.3 Relação das Línguas com a Escrita


Muitas línguas existentes no mundo não têm forma escrita, o que não
significa que sejam menos desenvolvidas. Aprende-se a falar antes de
se aprender a escrever e historicamente passaram dezenas de milhares
de anos durante os quais a língua foi falada antes de existir algum tipo
de escrita.

117
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A influência dos sistemas de escrita sobre a linguagem oral pode ser


pequena. As línguas mudam no tempo, mas os sistemas tendem a ser
mais conservador; quando as formas escrita e oral de uma língua
começam a divergir, algumas palavras podem ser pronunciadas como
são escritas, muitas vezes devido aos esforços feitos pelos
“reformadores de pronúncia”.

Há vantagens na existência de um sistema ortográfico conservador.


Uma ortografia comum permite que os falantes dos dialectos que
divergiram da língua possam comunicar através da escrita como bem
exemplifica a situação na China, onde os dialectos são mutuamente
ininteligíveis. Além disso, podemos também ler e compreender o que
foi escrito a muitos séculos.

Síntese
A língua é uma forma particular de linguagem, um sistema de signos
linguísticos, que pode ser utilizado por meio da fala ou da escrita. É
comum a um povo, a uma nação, a uma cultura, e constitui o seu
instrumento de comunicação. Portanto, a língua é a linguagem verbal
utilizada por um grupo de indivíduos que constitui uma comunidade.

Se por um lado, a língua é um sistema de signos linguísticos que serve de base


de comunicação numa determinada comunidade, por outro, a fala é a
realização concreta da língua; ela é feita por um indivíduo da comunidade num
determinado momento. A fala é um acto individual que cada membro pode
efectuar com o uso da linguagem.

A escrita é um dos instrumentos básicos da civilização. A primeira


escrita foi “escrita rupestre” que utilizava pictograma para representar
directamente objectos.

118
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AUTO-AVALIAÇÃO

Questões de Escolha Múltipla


1. Qual foi a primeira escrita?
a) A primeira escrita foi “escrita
rupestre” que utilizava pictograma
para representar directamente
objectos.
b) A primeira escrita foi “escrita
rupestre” que utilizava canetas para
representar directamente objectos.
c) A primeira escrita foi “escrita
rupestre” que utilizava lapis para
representar directamente objectos.
d) A primeira escrita foi “escrita
rupestre” que utilizava giz para
representar directamente objectos.
2. A escrita é:
a) um dos instrumentos superficiais da civilização.
b) um dos instrumentos básicos da civilização.
c) um dos instrumentos complexos da civilização.
d) um dos instrumentos não da civilização.

3. A fala é :
a) um acto individual que cada membro pode
efectuar com o uso da linguagem.
b) um acto colectivo que cada membro pode
efectuar com o uso da linguagem.
c) A fala é um acto colectivo que todos os
membros pode efectuar com o uso da
linguagem.
d) Todas as alternativas estao correctas.

4. A língua é:
a) uma forma colectiva de linguagem, um sistema
de signos linguísticos, que pode ser utilizado por
meio da fala ou da escrita.
b) uma forma particular da fala, um sistema de
signos linguísticos, que pode ser utilizado por
meio da fala ou da escrita.

119
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c) uma forma particular de linguagem, um sistema


de signos linguísticos, que pode ser utilizado por
meio da fala ou da oralidade.
d) uma forma particular de linguagem, um sistema
de signos linguísticos, que pode ser utilizado por
meio da fala ou da escrita.

5. A língua é concreta, o que facilita…


a) O seu estudo.
b) O seu desenvolvimento.
c) O seu empobrecimento.
d) O seu desaparecimento.

Questões de Verdadeiro e Falso

6. A língua é a linguagem verbal utilizada por um grupo de


indivíduos que constitui uma comunidade.
7. Há vantagens na existência de um sistema ortográfico
conservador.
8. As línguas não mudam no tempo, mas os sistemas
tendem a ser mais conservador; quando as formas
escrita e oral de uma língua começam a divergir,
algumas palavras podem ser pronunciadas como são
escritas, muitas vezes devido aos esforços feitos pelos
“reformadores de pronúncia”.
9. A escrita não é um dos instrumentos básicos da
civilização.
10. Para se situar a língua no conjunto da linguagem, faz-se
necessário analisar o circuito da fala.

Questões de Reflexão

11. Fale sobre a origem da escrita.


12. Fale sobre as mudanças da língua.

Respostas

1. A
2. B

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3. A
4. D
5. A
6. Verdadeiro
7. Verdadeiro
8. Falso
9. Falso
10. Verdadeiro

121
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TEMA XII - NOÇÕES DE SOCIOLINGUÍSTICA E PSICOLINGUÍSTICA

Introdução

No presente capítulo abordaremos sobre a sociolinguística e a


psicolinguísticas. Estas são mais duas das componentes da gramática.
Vamos então compreender a relação que se estabelece entra a língua e
a sociedade, por um lado, por outro, vamos compreender os processos
básicos decorrentes do funcionamento da língua na psico humana.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


▪ Demonstrar a relação entre a Língua e Sociedade baseando na
hipótese de Sapir e Worf e do Paradoxo de Saussure
▪ Conceituar psicolinguística
Objectivos
▪ Indicar ramos da psicolinguística.
Específicos

12.1 Sociolinguística

12.1.1 Relação Língua e Sociedade


Uma língua só existe dentro de uma colectividade, independente da
vontade do falante. Ela é a soma de tudo o que as pessoas dizem e
envolve dois aspectos importantes: as combinações individuais e
voluntárias e os actos de fonação, responsáveis pela execução de tais
combinações. Por isso, nada há de colectivo na fala, não sendo possível,
assim, reunir, no mesmo ponto de vista, língua e fala. Por essas razões,
Saussure concebe a existência de duas Linguísticas: a da língua, que
estuda a colectividade; e a da fala, que estuda a individualidade.

Não se pode estudar uma língua sem considerarem-se seus elementos


externos. Estes são muito importantes nos estudos linguísticos.
Consideram-se como elementos externos a história e os costumes de

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uma nação, pois esta é constituída pela língua. Há de se ressaltarem as


relações existentes entre a língua e a história política. Grandes
acontecimentos históricos, com as conquistas e as colonizações, têm
importância incalculável nos estudos dos fatos de uma língua, uma vez
que acarretam transformações nela.

É também de grande importância as relações da língua com as


instituições, como a Igreja e a escola. Nesta última, estuda-se, por
exemplo, a língua literária, fenómeno histórico, que ultrapassa os
limites estabelecidos pela própria literatura. Um linguista deve estudar
as relações entre a língua literária e a língua corrente, pois a primeira,
produto de uma cultura, separa-se naturalmente da segunda.

Fica claro, assim, que os factores históricos e geográficos estão


directamente ligados à língua, embora na realidade não afectam seu
organismo interno, sendo, portanto, impossível, segundo o autor,
separar os elementos externos dos internos nos estudos linguísticos. Só
se conhecem os factores internos de uma língua, conhecendo-se os
externos. Como exemplo desse facto, Saussure cita os empréstimos
linguísticos, chamados de estrangeirismo. Estes, ao se incorporarem a
um determinado idioma, não devem ser considerados como
estrangeirismos, desde que sejam estudados dentro do idioma.

12.1.2 Hipótese de Sapir e Worf


Sapir-Whorf, nos seus estudos linguísticos relacionam o funcionamento
da mente e da linguagem. Eles procuram compreender em que medida
a linguagem influencia o pensamento, e vice-versa. Há várias
perspectivas e sugestões.

A hipótese de Sapir-Whorf sugere que a linguagem limita a extensão na


qual os membros de uma comunidade linguística podem pensar sobre

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os temas. (Há um paralelo dessa hipótese em 1984, romance de George


Orwell.)

12.1.3 O Paradoxo de Saussure


Ao longo da sua actividade linguística, Ferdinand de Saussure apresenta
conceitos antagonismo para estabelecer relação entre conceitos para
além do que já referimos com relação a língua vs. fala.

1. Sincronia vs Diacronia
Ferdinand de Saussure enfatizou uma visão sincrónica, um estudo
descritivo da linguística em contraste à visão diacrónica do estudo da
linguística histórica, estudo da mudança dos signos no eixo das
sucessões históricas, a forma como o estudo das línguas era
tradicionalmente realizado no século XIX. Com tal visão sincrónica,
Saussure procurou entender a estrutura da linguagem como um
sistema em funcionamento em um dado ponto do tempo (recorte
sincrónico).

• Sintagma vs Paradigma
O sintagma, definido por Saussure como “a combinação de formas
mínimas numa unidade linguística superior”, e surge a partir da
linearidade do signo, ou seja, ele exclui a possibilidade de pronunciar
dois elementos ao mesmo tempo, pois um termo só passa a ter valor a
partir do momento em que ele se contrasta com outro elemento.

Já o paradigma é, como o próprio autor define, um "banco de reservas"


da língua fazendo com que suas unidades se oponham pois uma exclui
a outra.

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12.1.4 Princípios da Mudança Linguística

✓ Conceitos de Variação e Mudança Linguísticas


Variação de uma língua é o modo pelo qual ela diferencia-se,
sistemática e coerentemente, de acordo com o contexto histórico,
geográfico e sócio-cultural no qual os falantes dessa língua manifestam-
se verbalmente.

Variedade é um conceito maior do que estilo de prosa ou estilo de


linguagem. Alguns escritores de sociolinguística usam o termo lecto,
aparentemente um processo de criação de palavras para termos
específicos, são exemplos dessas variações:
✓ dialectos (variação diatópica), isto é, variações faladas por
comunidades geograficamente definidas.
o idioma é um termo intermediário na distinção dialeto-
linguagem e é usado para se referir ao sistema
comunicativo estudado (que poderia ser chamado tanto
de um dialecto ou uma linguagem) quando sua condição
em relação a esta distinção é irrelevante (sendo,
portanto, um sinónimo para linguagem num sentido
mais geral);
✓ Sociolectos, isto é, variações faladas por comunidades
socialmente definidas.
✓ Linguagem padrão ou norma padrão, padronizada em função da
comunicação pública e da educação
✓ Idiolectos, isto é, uma variação particular a uma certa pessoa
✓ Registos (ou diátipos), isto é, o vocabulário especializado e/ou
a gramática de certas actividades ou profissões
✓ Etnolectos, para um grupo étnico
✓ Ecoletes, um idiolecto adotado por uma casa

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As variações como dialectos, idiolectos e sociolectos podem ser


distinguidos não apenas por seu vocabulário, mas também por
diferenças na gramática, na fonologia e na versificação. Por exemplo, o
sotaque de palavras tonais nas línguas escandinavas tem forma
diferente em muitos dialectos. Um outro exemplo é como palavras
estrangeiras em diferentes sociolectos variam em seu grau de
adaptação à fonologia básica da linguagem.

Certos registos profissionais, como o chamado legalês, mostram uma


variação na gramática da linguagem padrão. Por exemplo, jornalistas ou
advogados ingleses frequentemente usam modos gramaticais, como o
modo subjuntivo, que não são mais usados com frequência por outros
falantes. Muitos registos são simplesmente um conjunto especializado
de termos (veja jargão).

É uma questão de definição se a gíria e o calão podem ser considerados


como incluídos no conceito de variação ou de estilo. Coloquialismos e
expressões idiomáticas geralmente são limitadas como variações do
léxico, e de, portanto, estilo.

12.1.2 Tipos de Variação

✓ Variação Histórica
Acontece ao longo de um determinado período de tempo, pode ser
identificada ao se comparar dois estados de uma língua. O processo de
mudança é gradual: uma variante inicialmente utilizada por um grupo
restrito de falantes passa a ser adoptada por indivíduos
socioeconomicamente mais expressivos.

A forma antiga permanece ainda entre as gerações mais velhas, período


em que as duas variantes convivem; porém com o tempo a nova

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variante torna-se normal na fala, e finalmente consagra-se pelo uso na


modalidade escrita. As mudanças podem ser de grafia ou de significado.

✓ Variação Geográfica
Trata das diferentes formas de pronúncia, vocabulário e estrutura
sintáctica entre regiões. Dentro de uma comunidade mais ampla,
formam-se comunidades linguísticas menores em torno de centros
polarizadores, política e economia, que acabam por definir os padrões
linguísticos utilizados na região de sua influência. As diferenças
linguísticas entre as regiões são graduais, nem sempre coincidindo.

✓ Variação Social
Agrupa alguns factores de diversidade: o nível sócio-económico,
determinado pelo meio social onde vive um indivíduo; o grau de
educação; a idade e o género. A variação social não compromete a
compreensão entre indivíduos, como poderia acontecer na variação
regional; o uso de certas variantes pode indicar qual o nível sócio-
económico de uma pessoa, e há a possibilidade de alguém oriundo de
um grupo menos favorecido atingir o padrão de maior prestígio.

✓ Variação Estilística
Considera um mesmo indivíduo em diferentes circunstâncias de
comunicação: se está em um ambiente familiar, profissional, o grau de
intimidade, o tipo de assunto tratado e quem são os receptores. Sem
levar em conta as graduações intermediárias, é possível identificar dois
limites extremos de estilo: o informal, quando há um mínimo de
reflexão do indivíduo sobre as normas linguísticas, utilizado nas
conversações imediatas do quotidiano; e o formal, em que o grau de
reflexão é máximo, utilizado em conversações que não são do dia-a-dia
e cujo conteúdo é mais elaborado e complexo.

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UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

Não se deve confundir o estilo formal e informal com língua escrita e


falada, pois os dois estilos ocorrem em ambas as formas de
comunicação.

As diferentes modalidades de variação linguística não existem


isoladamente, havendo um inter-relacionamento entre elas: uma
variante geográfica pode ser vista como uma variante social,
considerando-se a migração entre regiões do país. Observa-se que o
meio rural, por ser menos influenciado pelas mudanças da sociedade,
preserva variantes antigas. O conhecimento do padrão de prestígio
pode ser factor de mobilidade social para um indivíduo pertencente a
uma classe menos favorecida.

12.1.5 Línguas Naturais


Noam Chomsky, é o linguista que muito dedicou seus estudos sobre as
línguas naturais. Segundo ele, deve haver uma gramática universal
regendo as línguas em suas formas sistémicas segundo princípios
passíveis de serem explicitados.

Língua natural (língua ordinária, língua humana ou somente “língua”


no uso comum) é um conceito formulado pela filosofia da linguagem e
pela linguística para se referir às linguagens desenvolvidas
naturalmente pelo ser humano como instrumento de comunicação,
como as línguas faladas e a língua de sinais. As linguagens formais,
desenvolvidas de forma artificial, não constituem línguas naturais,
assim como as linguagens do mundo animal. Entre as primeiras
encontram-se a língua escrita, o Esperanto, a linguagem de
computador, etc. Entre as últimas, a linguagem das abelhas, por
exemplo, primeiramente estudada por Karl Von Frisch.

As línguas de sinais ou línguas gestuais são também línguas naturais,


visto possuírem as mesmas propriedades características: gramática e

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sintaxe com dependências não locais, infinidade discreta e


generatividade/criatividade. Línguas de sinais ou gestuais como a norte-
americana, a francesa, a brasileira ou a portuguesa estão devidamente
documentados na literatura científica.

12.2 Conceito de Psicolinguística


Psicolinguística é o estudo das conexões entre a linguagem e a mente
que começou a se destacar como uma disciplina autónoma nos anos
1950. Ela não se confunde com a Psicologia da Linguagem por seu
objecto e metodologia, apesar de muitos teóricos afirmarem que a
Psicolinguística é um ramo interdisciplinar da Psicologia e da Linguística.
De alguma maneira, seu aparecimento foi promovido pela insistência
com que o linguista Noam Chomsky defendeu, naquela época, que a
linguística precisava ser encarada como parte da psicologia cognitiva.

A psicolinguística analisa os processos que dizem respeito à


comunicação humana, mediante o uso da linguagem (seja ela de forma
oral, escrita, gestual etc.). Essa ciência também estuda os factores que
afectam a descodificação, ou seja, as estruturas psicológicas que nos
capacitam a entender expressões, palavras, orações, textos. A
comunicação humana pode ser considerada uma contínua percepção-
compreensão-produção. A riqueza da linguagem faz com que esse
contínuo se processe de várias maneiras. Assim, dependendo da
modalidade, visual ou auditiva do estímulo externo, as etapas sensoriais
em percepção serão diferentes. Também existe variabilidade na
produção da linguagem; podemos falar, gesticular ou escrever.

12.2.1 Áreas da Psicolinguística


Outras áreas da psicolinguística são centradas em temas como a origem
da linguagem no ser humano. Algumas analisam o processo de
aquisição da língua materna e também a aquisição de uma língua

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UnISCED CURSO de Licenciatura em Ensino de Português 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I

estrangeira. Segundo Noam Chomsky, teórico de destaque na escola


inatista, os humanos têm uma Gramática Universal inata (conceito
abstracto que abrange todas as línguas humanas). Já os funcionalistas,
que se opõem a essa corrente de estudos, afirmam que a aquisição da
linguagem somente ocorre através do contacto social.

Em suma, a Psicolinguística se interessa pela produção e compreensão


da linguagem. A ideia é saber o que se passa na cabeça de um falante
quando fala/ouve. Estas tarefas dizem respeito à comunicação humana.

Síntese

A língua é eminentemente um acto social. Na relação entre a linguagem


e o pensamento (mente) a hipótese de Sapir-Whorf defende que a
linguagem limita a extensão na qual os membros de uma comunidade
linguística podem pensar sobre os temas.

Existem quatro tipos de variação linguística, a saber: variação histórica,


variação geográfica, variação social e variação estilística.

Língua natural (língua ordinária, língua humana ou somente “língua” no


uso comum) é um conceito formulado pela filosofia da linguagem e pela
linguística para se referir às linguagens desenvolvidas naturalmente
pelo ser humano como instrumento de comunicação, como as línguas
faladas e a língua de sinais.

Nesta unidade detenha os conceitos de Psicolinguística que é o estudo


das conexões entre a linguagem e a mente. Ela é um ramo
interdisciplinar da Psicologia e da Linguística. A psicolinguística analisa
qualquer processo que diz respeito à comunicação humana, mediante
o uso da linguagem (seja ela oral, escrita, gestual etc.).

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AUTO-AVALIAÇÃO
Questões de Escolha Múltipla

1. A língua é:
a) eminentemente um acto social.
b) eminentemente um acto reliogiosa.
c) eminentemente um acto cultural.

d) Todas as alternativas estao correctas.


2. Existem diferentes tipos de variação linguística, a saber:
a) variação histórica
b) variação geográfica
c) variação social e variação estilística.
d) Todas as alternativas estao correctas.
3. Na relação entre a linguagem e o pensamento (mente) a hipótese
de Sapir-Whorf defende que:
a) a linguagem limita a extensão na qual os membros de
uma comunidade linguística podem pensar sobre os
temas.
b) a linguagem não limita a extensão na qual os membros
de uma comunidade linguística podem pensar sobre os
temas.
c) a linguagem limita a extensão na qual os membros de
uma comunidade linguística podem repensar sobre os
temas.
d) a linguagem limita a extensão na qual os membros de
uma comunidade linguística nao podem pensar sobre
os temas.
4. A Psicolinguística interessa-se:
a) pela produção e compreensão da linguagem.
b) pela produção e incompreensão da linguagem.
c) pela produção e compreensão da escrita.
d) interessa pela produção e compreensão da oral.

5. As línguas de sinais ou línguas gestuais são também línguas


naturais, visto que:
a) Possuiem as mesmas propriedades características:
gramática e sintaxe com dependências não locais,
infinidade discreta e generatividade/criatividade.

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b) Não possuiem as mesmas propriedades características:


gramática e sintaxe com dependências não locais,
infinidade discreta e generatividade/criatividade.
c) Possuiem diferentes propriedades características:
gramática e sintaxe com dependências não locais,
infinidade discreta e generatividade/criatividade.
d) Todas as alternativas estao correctas.

Questões de Verdadeiro e Falso

6. Segundo Noam Chomsky, teórico de destaque na escola inatista,


os humanos têm uma Gramática Universal inata (conceito
abstracto que abrange todas as línguas humanas).
7. Outras áreas da psicolinguística são centradas em temas como a
origem da linguagem no ser humano.
8. A riqueza da linguagem faz com que esse contínuo se processe de
várias maneiras.
9. Noam Chomsky, é o linguista que nada dedicou seus estudos sobre
as línguas naturais.
10. Também existe variabilidade na produção da linguagem; podemos
falar, gesticular ou escrever.
Questões de Reflexão

11. Fale sobre a contribuição de Noam Chomisky para a linguística.


12. Fale da Gramática Universal do inatismo.

Respostas

1. A
2. D
3. A
4. A
5. A
6. Verdadeiro
7. Verdadeiro
8. Verdadeiro

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9. Falso
10. Verdadeiro

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