Lmert
Lmert
Lmert
Dissertação
Junho de 2017
“Escolhe um trabalho de que gostes, e não
terás que trabalhar nem um dia na tua vida.”
Confúcio
“Não é o trabalho, mas o saber trabalhar, que é o segredo do êxito no trabalho. Saber
trabalhar quer dizer: não fazer um esforço inútil, persistir no esforço até ao fim, e
saber reconstruir uma orientação quando se verificou que ela era, ou se tornou,
errada.”
Fernando Pessoa
iii
iv
RESUMO
v
vi
ABSTRACT
The state of healthcare, safety and well-being are directly related with the quality of the
services provided to the costumers.
Thus, given the concern with the rate of work-related Musculoskeletal Disorders in the
health of nursing assistants of long-term healthcare centers, it has become indispensable
to diagnose the needs in order to promote health and prevent disease in this workplace.
In this respect, the following objectives were defined: to know the postures adopted during
mobilizations of costumers; Promote changes in positions adopted during costumer’s
mobilizations; Inform and teach about the risk of work-related Musculoskeletal Disorders
while performing their professional activity; Coach to acquire correct postures during the
position and transfers of costumers; Evaluate the receptiveness for correction of postural
mechanics during the placements and transfer of costumers.
A research-action methodology has been chosen, carried out with samples from 7
individuals (nursing assistants) of long-term healthcare center. The data was collected
through Sociodemographic and clinical questionnaires, capture of photographic images of
the postures adopted during mobilization of costumers, group and individual training during
the activities mentioned previously to clarify and deepen knowledge, and was concluded
after ergonomic and postural analysis collected through checklist and a Training Session
Effectiveness Evaluation Survey .
The data showed that these healthcare professionals are in risk of developing a wide range
risks of developing work-related Musculoskeletal Disorders, in particular physical and
biomechanical constrains (postures adopted). The use of legs’ muscles and hips and the
usage of auxiliary equipment was identified as less effective strategies when mobilizing
costumers.
As such, upon the need to implement more effective strategies, that can yield better results
it is suggested the implementation of training plans as moments of team reflection, with
periodic recycling, hiring whenever possible qualified professionals for the job and the
acquisition of auxiliary mobilization equipment.
vii
viii
AGRADECIMENTOS
Às Auxiliares de Ação Médica, que prescindiram de algum do seu precioso tempo para
participar nas sessões de formação, responder aos questionários, pela disposição em
ajudar no que delas dependesse para a conclusão da pesquisa, e o incentivo enorme para
seguir em frente.
À direção da Unidade de Cuidados Continuados onde o estudo foi efetuado, que permitiu
e facilitou a sua operacionalização.
Aos pais, Lucinda e Ismael, e irmão Luís pela compreensão e apoio nos momentos mais
difíceis.
Por último, ao meu marido Daniel, meu companheiro e amigo de vida, pela paciência,
compreensão, estímulo, carinho e sorriso ao longo deste percurso, em que foi o meu
suporte emocional e, também pelos dias em que foi privado da minha companhia e
disponibilidade.
ix
x
SIGLAS E ABREVIATURAS
ed. - edição
n.º - número
OE – Ordem do Enfermeiros
p. – página
Vol. - Volume
xi
xii
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
CAPÍTULO I – LESÕES MÚSCULO-ESQUELÉTICAS RELACIONADAS COM O
TRABALHO DO PROFISSIONAL DE SAÚDE ............................................................... 7
1 - DA COMPREENSÂO DAS LMERT À DINÂMICA DO TRABALHO EM SAÚDE ... 9
CAPÍTULO II - ASPETOS ERGONÓMICOS E POSTURAIS NO TRABALHO DO
PROFISSIONAL DE SAÚDE ........................................................................................ 15
1 - ENFERMAGEM DE REABILITAÇÃO E ERGONOMIA: PREVENÇÃO DE DANOS
À SAÚDE .................................................................................................................. 18
2 - CONTRIBUTOS DA ERGONOMIA NA COMPREENSÃO DO TRABALHO DOS
PROFISSIONAIS DE SAÚDE ................................................................................... 21
3 - FATORES DO CONTEXTO DE TRABALHO QUE CONDICIONAM A SAÚDE DO
PROFISSIONAL DE SAÚDE..................................................................................... 26
3.1 - FATORES DE RISCO FÍSICOS E BIOMECÂNICOS ..................................... 26
3.2 - FATORES DE RISCO PSICOSSOCIAIS E ORGANIZACIONAIS .................. 27
3.3 - FATORES DE RISCO INDIVIDUAIS .............................................................. 28
4 - POSICIONAMENTO E TRANSFERÊNCIA DE CLIENTES: ASPETOS
ERGONÓMICOS E POSTURAIS .............................................................................. 30
4.1 - EQUIPAMENTOS QUE AUXILIAM NOS POSICIONAMENTOS E
TRANSFERÊNCIAS DE CLIENTES ...................................................................... 40
5 - O PAPEL DO ENFERMEIRO ESPECIALISTA EM REABILITAÇÃO NA
PREVENÇÃO DE LMERT ......................................................................................... 41
CAPÍTULO III - ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO ............................................. 45
1 - OBJETIVOS ......................................................................................................... 47
2 - TIPO DE ESTUDO ............................................................................................... 48
3 - CONTEXTO DO ESTUDO E PARTICIPANTES ................................................... 50
4 - ETAPAS DA METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO-AÇÃO ................................ 53
4.1 - ESTRATÉGIAS DE RECOLHA DE DADOS ................................................... 53
5 - ANÁLISE DE DADOS .......................................................................................... 57
6 - CONSIDERAÇÕES ÉTICAS ................................................................................ 59
CAPÍTULO IV - APRESENTAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS .......... 61
1 - RESULTADOS SOCIODEMOGRÁFICOS E CLÍNICOS ...................................... 63
1.1 - CARATERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA DAS PARTICIPANTES ............. 63
1.2 - CARATERIZAÇÃO CLÍNICA DAS PARTICIPANTES..................................... 66
1.3 - INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS SOCIODEMOGRÁFICOS E CLÍNICOS
.................................................................................................................................. 70
2 - POSTURAS ADOTADAS PELAS AAM DURANTE A MOBILIZAÇÃO DE
CLIENTES ................................................................................................................. 74
2.1 - MOBILIZAR O CLIENTE NO SENTIDO DA LARGURA DA CAMA ................ 75
xiii
2.2 - POSICIONAR O CLIENTE EM DECÚBITO LATERAL .................................. 76
2.3 - MOBILIZAR O CLIENTE NO SENTIDO ASCENDENTE OU DESCENDENTE
DA CAMA .............................................................................................................. 77
2.4 - MOBILIZAR/SENTAR O CLIENTE NA BEIRA DA CAMA .............................. 78
2.5 - TRANSFERIR O CLIENTE DA CAMA PARA CADEIRÃO E VICE-VERSA.... 79
2.6 - CORRIGIR POSICIONAMENTO DE UM CLIENTE NO CADEIRÃO/CADEIRA
DE RODAS ............................................................................................................ 80
3 - AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DAS PRÁTICAS ERGONÓMICAS E POSTURAIS 81
3.1 - CARATERIZAÇÃO DO QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO ........................... 81
3.2 - CARATERIZAÇÃO DOS DADOS DA CHECKLIST........................................ 87
3.3 - INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ERGONÓMICOS E POSTURAIS ............. 93
CAPÍTULO V - CONCLUSÕES E SUGESTÕES ........................................................ 101
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ......................................................................... 1089
Anexo I - Pedido de autorização .......................................................................... 121
Anexo II - Questionário sociodemográfico e clínico .............................................. 125
Anexo III - Consentimento informado ................................................................... 131
Anexo IV – Brochura “prevenção das lesões músculo-esqueléticas: posturas a
adotar” ................................................................................................................. 135
Anexo V - Checklist: análise postural e ergonómica em saúde ............................ 143
Anexo VI - Questionário de avaliação da eficácia das sessões de formação ....... 147
ÍNDICE DE DIAGRAMAS
ÍNDICE DE TABELAS
xiv
Tabela 8 - Distribuição da Localização da dor atual das participantes em relação com a
Intensidade da dor (n=7) ............................................................................................... 69
Tabela 9 - Distribuição das participantes conforme a Avaliação da Eficácia das Sessões
de Formação (n=6)........................................................................................................ 81
Tabela 10 - Distribuição das participantes conforme a aplicação dos Conhecimentos
Adquiridos (n=6) ............................................................................................................ 83
Tabela 11 - Distribuição das participantes conforme a dificuldade em aplicar os Aspetos
Ergonómicos e Posturais (n=6) ..................................................................................... 84
Tabela 12 - Distribuição das participantes conforme a pertinência das sessões de
formação para a prevenção de LMERT (n=6) ............................................................... 87
Tabela 13 - Análise Postural e Ergonómica em Saúde .................................................. 92
ÍNDICE DE FIGURAS
xv
INTRODUÇÃO
Deste modo, a Enfermagem enquanto ciência humana, com uma orientação prática,
focalizada na promoção de projetos de saúde de cada pessoa, tem sido considerada
como uma ciência orientada para a compreensão e conhecimento da forma como os
seres humanos lidam e vivem os desafios que as alterações nos estados de saúde e as
transições que experimentam lhes colocam (Pereira, 2009).
1
trabalho. As LMERT geralmente localizam-se no membro superior e na coluna vertebral,
mas podem ter outras localizações, como os joelhos ou os tornozelos, dependendo da
área do corpo afetada e da atividade de risco desenvolvida pelo trabalhador (PORTUGAL,
2008).
Por sua vez, Moraes e Basto (2013), definem a Lesão por Esforço Repetitivo (LER) e os
Distúrbios Osteomusculares (DORT), como um conjunto de doenças ocupacionais
relacionadas ao trabalho, que causam lesões no sistema músculo-esquelético, podendo
afetar músculos, tendões e nervos periféricos, sendo caracterizadas por vários sintomas,
que acometem principalmente, o pescoço, cintura escapular e os membros superiores, e
ser acompanhados ou não por alterações específicas.
Segundo National Occupational Health and Safety Commitee (1990), citado por Ranney
(2000, p. 2-3) LER:
2
frequentemente aceite é “Work Related Musculoskletal Disorders (WRMSDs)” ou somente
“Work Musculoskeletal Disorders (WMSDs)” (Serranheira [et al.], 2004).
Tendo por base estes pressupostos, e considerando as LMERT muito frequentes entre
os profissionais de saúde, torna-se primordial adequar os cuidados de Enfermagem às
necessidades das equipas multidisciplinares.
3
Duração e Manutenção (UCCILDM) que, de acordo com o Decreto-Lei nº 101/2006 de 6
de Junho, é uma unidade de internamento da Rede Nacional de Cuidados Continuados e
Integrados, de carácter temporário ou permanente, que visa prestar apoio social e
cuidados de saúde e manutenção a pessoas com doenças ou processos crónicos, com
diferentes níveis de dependência e que não reúnem condições para serem cuidadas no
domicílio. Tendo como finalidade prestar cuidados que previnam e/ou retardem o
agravamento da situação de dependência, otimizando o status do estado de saúde,
favorecendo o conforto e a qualidade de vida da pessoa (UMCCI, 2011).
A reflexão sobre estes fatos conduziu à questão: “Quais as posturas adotadas pelas AAM
que favorecem o aparecimento das LMERT?”
4
No que respeita à organização, esta dissertação está estruturada em cinco capítulos:
primeiro e segundo capítulo tratam-se da Revisão da Literatura; terceiro Enquadramento
Metodológico; quarto Apresentação e Interpretação de Resultados e quinto Conclusões e
Sugestões.
5
6
CAPÍTULO I – LESÕES MÚSCULO-ESQUELÉTICAS RELACIONADAS COM O
TRABALHO DO PROFISSIONAL DE SAÚDE
7
8
As exigências do mercado de trabalho nas últimas décadas vêm consumindo a energia
física e mental dos trabalhadores, abalando a sua dedicação e motivação. Como
consequência os níveis de desempenho e de produtividade podem resultar numa
insatisfação, que no caso das AAM, podem mesmo refletir-se na qualidade dos cuidados
prestados.
9
Um estudo sobre a prevalência da sintomatologia músculo-esquelética realizado em cinco
hospitais da região do Porto, registou uma prevalência de 84% de sintomas músculo-
esqueléticos em diferentes zonas, sendo a região lombar a mais afetada, com 65%,
seguida da região cervical com 55%, a dorsal com 37%, os ombros com 34% e o
punho/mão com 30% (Fonseca e Serranheira, 2006).
Para combater as LMERT é preciso agir a nível do local de trabalho tomando medidas
preventivas, mas para os trabalhadores que já sofrem dessas lesões o desafio consiste
em preservar a sua empregabilidade, mantê-los em atividade e, se necessário, reintegrá-
los no local de trabalho (EU-OSHA, 2007b e 2008).
Em Portugal, nos últimos anos, vários autores têm-se debruçado sobre as LMERT de
origem profissional (Serranheira [et al.], 2005; Serranheira, Uva e Espírito-Santo, 2007).
A OMS, citada por Barros [et al.], 2004, caracteriza as doenças ou lesões relacionadas
com a atividade profissional como sendo situações de natureza multifatorial. Atualmente
são reconhecidos três fatores principais que associam o surgimento de disfunções
músculo-esqueléticas à ocupação, nomeadamente, a repetição da tarefa, a força exercida
e a postura utilizada.
10
e as capacidades de adaptação da zona do corpo atingida, ao longo de um período em
que o tempo para a recuperação da fadiga foi insuficiente. Segundo Deliberato (2002), a
monotonia, a fadiga, a motivação e o stress representam aspetos psicofisiológicos que
influenciam o surgimento das LMERT.
Assim, segundo este autor, “as diferentes exposições produzem diferentes efeitos
sobre os tecidos do sistema locomotor na forma de alterações morfológicas ou
bioquímica, que pode influenciar a função tecidual” (Ranney, 2000, p. 16).
A fadiga também é definida como sinónimo de sofrimento uma vez que se reporta ao
desequilíbrio entre o funcionamento psíquico, os mecanismos de defesa e os
constrangimentos organizacionais. Logo, mediante esta situação o trabalhador procura
atenuar a descompensação adaptando-se ao desequilíbrio, mesmo que isso implique o
sofrimento (Dejours citado por Araújo, 2003). Ou seja, o sofrimento emerge quando o
“trabalhador usa todos os seus recursos, de saber e de poder na organização, utilizando
o máximo das suas faculdades intelectuais, psicoafectivas, de aprendizagem e de
adaptação e não consegue mudar a tarefa.” (Araújo, 2003, p.54).
De acordo com dados estatísticos do Bureau of Labor Statistics de 2007, citado por
Serranheira [et al.] (2009), a profissão com maior taxa incidência de LMERT é a
11
enfermagem, verificando-se 252 casos por 10.000 enfermeiros nos Estados Unidos (taxa
sete vezes superior à observada no conjunto de todos os trabalhadores).
Neste grupo profissional, as LMERT são na sua maioria preveníveis, não devendo ser
encaradas como «ossos do ofício». A intervenção sobre os locais, os processos, a
organização temporal e os meios de trabalho pode prevenir as LMERT (Serranheira [et
al.], 2012).
Segundo Lagerström M, Hansson T, Hagberg M. (1998), citados por Serranheira [et al.]
(2012), a multifatorialidade etiológica das LMERT inclui, ainda, os fatores de risco
psicossociais e as condicionantes organizacionais designadamente e entre outros,
aspetos relativos à satisfação profissional, ao suporte social e ao estilo de liderança e
gestão, como elementos importantes na sua génese.
Tal como já foi referido anteriormente, os cuidados de higiene aos clientes e as ações
relativas ao seu conforto no leito são as tarefas com maior efeito na presença de sintomas
de LMERT na zona lombar, o que revela a necessidade de conhecer, analisar e entender
o que esta atividade real de trabalho representa para os enfermeiros no sentido de intervir
na prevenção e garantia da saúde, segurança e conforto dos enfermeiros no local de
trabalho (Serranheira, Uva e Uva, 2012).
12
“(…) os enfermeiros identificam, claramente, as situações de trabalho em que as
exigências físicas assumem maior relação com a presença de sintomas
musculoesqueléticos, designadamente a mobilização, o levantamento e o transporte de
cargas/doentes acima dos 20 kg” (Serranheira [et al.], 2012).
Os mesmos autores referem também que no sentido protetor, o levante com meios
mecânicos é estatisticamente significativo a nível dos ombros e cotovelos, o que
representa uma diminuição da probabilidade de sintomas com a utilização de meios
mecânicos na tarefa de levante.
A Organização Internacional do trabalho, citada por Assunção e Brito (2011), salienta que
as boas iniciativas voltadas para a saúde ocupacional contribuem para a diminuição do
absentismo, aumento da produtividade, economia de recursos financeiros gerados pela
manutenção de equipamentos, melhoria da reputação da empresa e da relação com os
clientes, aumento da autoestima, motivação e concentração entre os trabalhadores e
diminuição da rotatividade dos mesmos.
13
Segundo a Aliança Mundial da Saúde (2008), citado por Assunção e Brito (2011) o estado
de saúde, a segurança e o bem-estar dos trabalhadores em saúde devem ser premissas
à qualidade dos serviços prestados ao cliente.
14
CAPÍTULO II - ASPETOS ERGONÓMICOS E POSTURAIS NO TRABALHO DO
PROFISSIONAL DE SAÚDE
15
16
Entre os fatores considerados preponderantes no risco das LMERT, especificamente na
atividade das AAM, comparativamente com estudos em relação à atividade de
Enfermagem e dos profissionais de saúde em geral, depreende-se que existem funções
semelhantes tais como posicionamento e transferência de clientes, com peso e grau de
dependência variáveis (em UCCILDM na sua maioria com dependência total a
moderada), que são atividades desempenhadas várias vezes ao longo de um turno de
trabalho.
EU-OSHA (2002) refere do mesmo modo que, durante a assistência a clientes se verifica
regularmente o levantamento de cargas com esforço, a movimentação manual e as
posturas de trabalho penosas, assim como no desempenho de muitas outras tarefas, tais
como movimentação de roupas, mercadorias, materiais, ao empurrar carrinhos, camas,
contentores de resíduos, bem como ao executar serviços de limpeza.
Segundo Hignett (1996) citado por Rosário e Serranheira (2006), e Serranheira [et al.]
(2009), a manipulação de clientes tem sido considerada como o mais importante fator de
risco na etiologia das LMERT em enfermeiros. As posições extremas adotadas durante a
prestação de cuidados, alguns aspetos da organização do trabalho (o trabalho por turnos
e o elevado número de clientes), bem como outros fatores de difícil controlo,
designadamente as características morfológicas dos clientes e a inadequada
configuração arquitetónica dos serviços e dos circuitos de trabalho, entre outros, são
igualmente elementos que contribuem para explicar o desenvolvimento das LMERT,
também nas AAM.
17
alcoólicas, do consumo de tabaco e de drogas, etc.); e um conjunto de elementos de
harmonia entre o trabalho e o trabalhador (Uva e Serranheira, 2013).
É aqui que se evidencia a importância da Ergonomia uma vez que assim as intervenções
técnicas, medidas técnicas ergonómicas podem reduzir o esforço imposto à região dorso-
lombar e aos membros superiores (por exemplo, utilização de ferramentas manuais
ergonómicas) e, desta forma, a diminuição da ocorrência de LMERT, sem perda de
produtividade (EU-OSHA, 2002).
Relacionando postura e saúde do trabalhador, pode dizer-se que as LMERT podem surgir
em decorrência da adoção de posturas inadequadas durante a atividade laboral. Então,
a postura prepara o corpo para a ação e ao mesmo tempo fornece suporte para que a
tarefa laboral possa ser realizada com eficiência (Deliberato, 2002). A postura depende
também de outros aspetos, entre eles o alinhamento corporal, orientação espacial das
zonas corporais, a posição relativa aos vários segmentos corporais e a atitude corporal
adotada durante a atividade laboral (Portugal, 2008).
18
Deste modo, observa-se que a prevalência de sintomas de LMERT nas AAM é elevada,
o que pode condicionar a sua atividade e, por consequência, o bem-estar dos clientes,
que é atualmente uma área de extrema importância no contexto da prestação de cuidados
de saúde em hospitais e outras unidades de saúde.
As mulheres que trabalham no setor da saúde e ação social são mais suscetíveis
de terem tido um ou mais acidentes, ou de terem sofrido de uma doença
profissional, do que as mulheres que trabalham noutros setores;
No caso de riscos relacionados com a postura, de acordo com o Inquérito Europeu
sobre as Condições de Trabalho, o setor dos cuidados de saúde situa-se na quinta
posição;
Questões como o absentismo por doença e os riscos psicossociais constituem
uma preocupação importante;
O nível de monitorização do absentismo por doença no setor da saúde e ação
social é o mais elevado da Europa;
19
O setor da saúde e ação social é o que mais preocupação demonstra no que se
refere ao stress no trabalho e à violência ou ameaça de violência.
(EU-OSHA, 2014).
Deste modo, em Ergonomia, com frequência, as LMERT são divididas em dois grandes
grupos: as que resultam de atividades de elevação e transporte manual de cargas; e as
que estão ligadas à realização de tarefas estáticas ou repetitivas, com manipulações e,
principalmente, com aplicações de força. Afetando muitas dessas lesões a coluna lombar,
a coluna cervical e o membro superior, nomeadamente a nível dos ombros, dos cotovelos
e dos punhos/mãos (Rosário e Serranheira, 2006).
20
Os programas de Promoção da Saúde apresentam uma maior probabilidade de
ocasionarem mudanças sustentáveis junto dos trabalhadores jovens. “Este facto é
importante na medida em que os comportamentos saudáveis adquiridos cedo tendem a
ser mantidos durante toda a vida dos trabalhadores e a proporcionar-lhes uma saúde
melhor quando chegam a uma idade avançada.” (EU-OSHA, 2012).
Sugere-se então, que a atividade das AAM, tal como a dos enfermeiros, e a organização
do trabalho deste grupo profissional sejam objeto de uma análise mais detalhada no
sentido da identificação dos elementos determinantes da sintomatologia músculo-
esquelética e sua consequente prevenção.
21
A Ergonomia (ou o estudo dos fatores humanos) tem por objetivo a compreensão
fundamental das interações entre os seres humanos e os outros componentes de um
sistema. Ela busca agregar ao processo de conceção de teorias, princípios, métodos e
informações pertinentes para a melhoria do bem-estar do profissional e a eficácia global
dos sistemas (International, 2016).
Segundo Guérin [et al.] (2006), as condições de trabalho e a saúde dos trabalhadores
podem ser entendidas e esclarecidas de uma forma mais explícita através da análise
ergonómica do trabalho. Através desta, há uma reflexão sobre as situações de trabalho,
conseguindo-se a melhoria na organização dos sistemas sociotécnicos, gestão de
recursos humanos e melhoria do desempenho da empresa de uma forma global.
22
Pode incluir desde representantes das direções da empresa, às chefias intermédias,
incluindo obrigatoriamente representantes escolhidos pelos trabalhadores e, pelo menos,
um trabalhador do posto objeto de análise/intervenção, assim como um especialista em
Ergonomia externo ou interno à empresa (Serranheira, Uva e Leite, 2012).
Não existe ninguém mais interessado na sua saúde do que o próprio trabalhador e, a
Ergonomia pode contribuir para o “despoletar” desse interesse, envolvendo os
profissionais de saúde na utilização desses conhecimentos e, desde que envolvidos, são
profissionais informados e recetivos à mudança que tal tipo de intervenção requer
(Serranheira, Uva e Leite, 2012).
23
durante a análise e compreensão do trabalho, quer na fase de elaboração das soluções
e da intervenção propriamente dita (Serranheira, Uva e Leite, 2012).
Contudo, deve-se apostar num plano de modificação das condições de trabalho e recusar
que sejam apenas os profissionais a adaptarem-se ao meio laboral (Lacomblez e
Vasconcelos, 2009).
Neves e Serranheira (2014), referem que não existe evidência científica que suporte o
investimento em programas de formação/informação dos profissionais de saúde acerca
das técnicas de mobilização de clientes, com o intuito de prevenir as LMERT a nível da
coluna lombar. Por sua vez, constataram que os programas de intervenção multifatorial,
apoiados numa abordagem sistémica e integrada, são mais efetivos na prevenção das
LMERT.
A mobilização dos clientes apresenta-se como uma rotina diária frequente dos
profissionais de saúde, nomeadamente dos enfermeiros, auxiliares e fisioterapeutas,
sendo que a atividade desempenhada pelos mesmos é complexa com diversas
exigências e implica, habitualmente, uma elevada carga física com repercussões no
sistema músculo-esquelético, que excede as capacidades individuais dos intervenientes,
em particular as biomecânicas (Neves e Serranheira, 2014).
24
A capacitação dos profissionais relativamente ao conhecimento sobre as LMERT é o
início de um processo que pretende que cada profissional consiga participar na prevenção
de LMERT e, acima de tudo, a capacidade de contribuir para a gestão da sua saúde,
também nos aspetos relacionados com as exigências do trabalho (Serranheira, Uva e
Leite, 2012).
Tal como já foi referido anteriormente, uma abordagem pluridisciplinar que inclua medidas
organizacionais, técnicas e pessoais tem maior probabilidade de serem eficazes na
prevenção das LMERT, assim como uma abordagem participativa, que promova a
participação dos trabalhadores no processo de mudança, pode ter um efeito positivo,
contribuindo para o êxito da intervenção (EU-OSHA, 2008a).
25
3 - FATORES DO CONTEXTO DE TRABALHO QUE CONDICIONAM A SAÚDE DO
PROFISSIONAL DE SAÚDE
O trabalho em saúde faz-se de pessoas para pessoas, sendo que, “a saúde dos
profissionais de saúde é um dos elementos do puzzle da qualidade em saúde que, por
certo, é relevante no contexto da Segurança do doente”. Isto se a perspetiva da sua
abordagem se centrar na prevenção dos acontecimentos adversos e se basear na
compreensão da complexidade da prestação de cuidados que envolve a participação de
técnicos de saúde (Serranheira [et al.], 2009, p.11).
Segundo EU-OSHA, (2007a, p. 1), “vários grupos de fatores podem contribuir para a
manifestação de lesões músculo-esqueléticas: fatores físicos e biomecânicos, fatores
organizacionais e psicossociais, fatores individuais e pessoais”.
Estes fatores dizem respeito aos fatores biomecânicos e ambientais, sendo fatores de
risco a força excessiva na utilização de ferramentas, movimentos repetidos, posturas
inadequadas dos membros superiores, posturas forçadas ou estáticas, compressão
localizada exercida por ferramentas ou superfícies, vibrações, frio ou calor em excesso e
iluminação insuficiente (Rasia, 2004).
Portugal (2008), por sua vez, refere como fatores de risco: posturas corporais extremas,
aplicação de força, repetitividade e exposição a elementos mecânicos.
Para a CEE (1990) e EU-OSHA (2008b) são definidos riscos associados à tarefa: força
aplicada, repetição de movimentos e adoção de posições incorretas; riscos associados
ao cliente: não podem ser seguros junto ao corpo, não possuem pegas, não é possível
prever o que acontecerá ao mobilizá-lo e são volumosos, para além do que não são
estáticos; riscos associados ao ambiente: riscos de queda; superfícies de trabalho
desniveladas; as limitações de espaço; pavimento ou ponto de apoio instáveis; e
26
temperatura, humidade ou circulação do ar inadequadas; entre outros riscos o facto de
não existir nenhuma ajuda disponível, equipamento inadequado, calçado e vestuário
inadequados, falta de conhecimentos ou formação.
Os fatores psicossociais são os fatores de risco relacionados com o trabalho mas que não
são de natureza biomecânica, trata-se das perceções subjetivas que os trabalhadores
têm dos aspetos relacionados com a organização do trabalho.
Entre eles destacam-se: o trabalho sob pressão para a obtenção de bons resultados;
ambiente de trabalho hostil; problemas nas relações interpessoais; empobrecimento e
fragmentação de tarefas; baixos níveis de autonomia e satisfação com o trabalho;
atividades monótonas e rotineiras, executadas a um nível rápido; falta de apoio dos
colegas, dos supervisores e das chefias (Rasia, 2004).
O trabalho por turnos pode levar a uma variedade de problemas psicológicos e físicos,
tais como: exaustão, depressão, ansiedade e perturbações gastrointestinais. A rotação
de turnos no sentido dos ponteiros do relógio é relatada como benéfica na minimização
destes efeitos adversos (Rogers, 2011).
A redução do número de horas de trabalho diárias pode reduzir a incidência das LMERT
e pode ser possível introduzir pausas adicionais num trabalho repetitivo sem perda de
produtividade, estas são duas das intervenções organizacionais e administrativas
preconizadas pela EU-OSHA (2008a).
Já Serranheira [et al.] (2009) referem que os principais fatores de risco que se encontram
na génese de tão grande número de queixas envolvem, fundamentalmente, aspetos
biomecânicos e organizacionais. Para o desenvolvimento de LMERT
27
extremas (ex.: flexão pronunciada do tronco, torção ou rotação da
coluna vertebral, alcances extremos com os membros superiores)
com elevada (excessiva) compressão discal, particularmente no
segmento lombo-sagrado (…)”.
Os fatores de risco individuais são aqueles que não estão relacionados com o trabalho e
incluem as características pessoais: o género, a idade, as características
antropométricas, os antecedentes clínicos, profissionais e extra profissionais, inaptidão
física para desempenhar a tarefa em questão, inadequação do vestuário, calçado ou
outros objetos pessoais do prestador de cuidados; insuficiência ou inadequação dos
conhecimentos ou da formação (CEE, 1990; EU-OSHA, 2002).
Para além destes fatores de risco, Rasia (2004) refere ainda os fatores socioeconómicos
e culturais: receio de desemprego, baixa remuneração e falta de reconhecimento social,
ausência de perspetivas de desenvolvimento pessoal e condições precárias de vida.
Face ao que foi dito anteriormente, é fundamental cuidar dos profissionais que assistem
os clientes devido ao facto de serem responsáveis por oferecer cuidados de qualidade e
segurança, contudo, para que isso ocorra, as instituições necessitam oferecer ambientes
laborais favoráveis para a realização do trabalho de Enfermagem (Altoé [et al.], 2013).
28
Segundo o mesmo autor, evidencia-se que a Ergonomia em hospitais ainda é um tema
escasso, mesmo tendo enorme importância para a saúde dos enfermeiros e demais
profissionais de saúde.
Para o mesmo autor, os agravos à saúde dos enfermeiros também podem estar
relacionados a hábitos inadequados destes profissionais fora do ambiente de trabalho,
entre eles: prática de atividade física, tabagismo e defeitos posturais.
29
Os trabalhadores do setor da saúde têm de fazer face a uma ampla variedade de
atividades e ambientes que constituem uma ameaça para a sua saúde e os colocam em
risco de doenças profissionais ou de acidentes de trabalho, tais como: cuidados primários
a pessoas com incapacidades físicas ou mentais, lidar com os clientes ou assegurar
serviços de limpeza, podem apresentar uma grande variedade de perigos. Estão assim
expostos simultaneamente a um grande número de riscos, nomeadamente: riscos
biológicos (como infeções causadas por picadas de agulhas e outras doenças
transmissíveis); riscos químicos; riscos físicos; riscos biomecânicos, como, por exemplo,
a movimentação de clientes; e riscos psicossociais, incluindo a violência e o trabalho por
turnos (EU-OSHA, 2014).
A saúde dos profissionais de saúde faz parte integrante da qualidade em saúde. Para
diminuir as desigualdades em saúde no trabalho destes profissionais, promover a sua
segurança, conforto e bem-estar e diminuir a ocorrência de eventos adversos, tanto na
perspetiva do profissional de saúde como na do cliente, torna-se pertinente criar
ambientes de trabalho seguros, com rotinas adequadas e locais de trabalho corretamente
planeados (Neves e Serranheira, 2014).
30
sempre que possível, deve-se usar materiais e equipamentos auxiliares (Alexandre,
2007).
Por fim posicionar é “ação de executar com as características específicas: colocar alguém
ou alguma coisa em determinada posição” (Conselho Internacional de Enfermeiros, 2005,
p.144).
Para executar estas três ações é necessário ter em conta a mecânica corporal que se
caracteriza pelos esforços coordenados dos sistemas músculo-esquelético e nervoso
para manter o equilíbrio, a postura e o alinhamento do corpo nas diferentes atividades,
promovendo uma utilização mais eficiente da energia muscular (Potter e Perry, 2006).
A importância da mecânica corporal e a adoção dos seus princípios é referida por Portugal
(2008) na medida em que “se a exposição aos fatores de risco se mantiver, os sintomas,
que inicialmente são intermitentes, tornam-se gradualmente persistentes, prolongando-
se muitas vezes pela noite, mantendo-se mesmo nos períodos de repouso e interferindo
não só com a capacidade de trabalho, mas também com as atividades do dia-a-dia”.
31
Métodos de transferência manual - São executados por um ou mais prestadores
de cuidados que utilizam a sua força muscular e, sempre que possível, a eventual
capacidade residual de mobilização do cliente envolvido;
Métodos de transferência, utilizando pequenos meios auxiliares de
mobilização de clientes - São técnicas de mobilização de clientes executadas
através de meios auxiliares específicos, tais como lençóis deslizantes em tecido
de baixa fricção, cintos ergonómicos, estribos rotativos, uma barra de trapézio
fixada por cima da cama, entre outros; e
Métodos de transferência, utilizando grandes meios auxiliares de
mobilização de clientes - Estas técnicas de mobilização são executadas através
de equipamentos de elevação eletromecânicos, como os elevadores/transferes.
Tendo em conta o referido anteriormente, torna-se pertinente falar sobre postura, que é a
posição do corpo ou partes do corpo no espaço que determina as atitudes físicas do
homem. Atividade postural apoia a ação, assegurando gestos cuidadosos adaptados à
tarefa proposta e sua coordenação para o resultado a ser obtido. É a função postural que
relaciona todas as formas de adaptação sensoriomotora do nosso corpo à atividade por
nós desenvolvida (Rabardel [et al.], 1998).
32
iluminação, a acessibilidade, duração do trabalho, a cadência e o ritmo de trabalho)
(Langlet, 1990).
Sendo que a postura em pé é mais exigente que a sentada, visto implicar, à partida, uma
maior utilização de força muscular, ou seja, uma maior sobrecarga sobre os músculos dos
membros inferiores (Portugal, 2013).
Para além da postura, convém ter em conta que, o alinhamento corporal é a posição do
corpo em que os segmentos corporais estão colocados respeitando a sua anatomia e
fisiologia. ”Diminui também a força sobre as articulações, tendões, ligamentos e
músculos, mantém a tonicidade muscular e contribui para a estabilidade. A coluna
vertebral é o «eixo» de um bom alinhamento” (OE,2013).
Por sua vez, o equilíbrio é a posição do corpo em que o peso se encontra dividido
equitativamente pela superfície de apoio e que permite manter a postura correta. Implica
alinhamento (OE, 2013).
Segundo Rabardel [et al.] (1998) na Ergonomia interessa estudar as posturas no trabalho,
porque:
33
durante a jornada de trabalho pode levar à instalação progressiva de dores
articulares ou até mesmo lesões músculo-esqueléticas.
Para determinar o método de mobilização mais adequado deve ter-se em conta vários
aspetos: o nível de assistência exigido pelo cliente; o tamanho e o peso do cliente; a
capacidade e a vontade do cliente em compreender e cooperar; as condições clínicas que
possam influenciar a escolha dos métodos de posicionamento ou transferência; assim
como os seguintes princípios:
34
Segurar firmemente durante as mobilizações de clientes, utilizar toda a mão e
tentar identificar as zonas que permitem segurar firmemente. Deve agarrar o
cliente envolvendo a zona escapular, zona pélvica e/ou a zona supra cavado
poplíteo; para segurar com mais firmeza. Alguns prestadores de cuidados poderão
necessitar de agarrar as calças de pijama do cliente ou, melhor ainda, utilizar
meios auxiliares específicos, por exemplo, cintos com pegas;
Utilizar equipamentos auxiliares e adaptar as condições do ambiente a cada
cliente através de barras de apoio em chuveiros; elevadores de sanitas; cadeiras
próprias para a higiene no WC; barra tipo trapézio no leito, cintos e pranchas de
transferência, discos giratórios; meios auxiliares mecânicos como transferes, entre
outros;
Usar calçado adequado e vestuário que permita liberdade de movimentos;
Participar periodicamente em programas de ensino teórico-prático relacionado
com a função desempenhada.
Para além destes princípios, Alexandre (2007), refere ainda as seguintes orientações
organizacionais e psicossociais: proporcionar variação de tarefas e atividades; evitar
movimentos repetitivos; verificar conforto térmico, visual e acústico no ambiente de
trabalho; avaliar jornada de trabalho e distribuição de períodos de pausas; implantar
modificações que garantam aos trabalhadores mais criatividade, autonomia e satisfação;
e proporcionar número suficiente de trabalhadores por turno.
Quanto aos posicionamentos, estes podem ser na cama na posição de deitado ou com o
cliente já sentado na cama ou fora da mesma (cadeira de rodas ou cadeirão). Segundo a
EU-OSHA (2008b) e OE (2013), face a um posicionamento na cama com um prestador
35
de cuidados, onde se pretende mobilizar o cliente no sentido da largura da cama (para
a direita ou para a esquerda), o prestador de cuidados deve: ajustar adequadamente a
altura da cama em função da sua própria altura; dividir o processo de transferência em
três partes: ombros – cintura – pernas, isto é, cintura escapular e região dorsal e, em
seguida, a parte inferior, cintura pélvica e membros inferiores. Mobilizar o peso do cliente
utilizando o seu próprio peso e pedir ao cliente que olhe para os pés, permitindo maior
cooperação.
Para posicionar o cliente em decúbito lateral, quando o cliente não é obeso, podem-
se seguir as seguintes fases: permanecer do lado para o qual vai virar o cliente; efetuar
flexão do ombro e do joelho do cliente do lado oposto no sentido em que vai ser
lateralizado e fazer com que vire a cabeça na mesma direção; rodar o cliente
cuidadosamente utilizando o seu ombro e joelho como alavancas. Uma outra forma de
realizar este procedimento é usando-se plásticos/lençóis deslizantes e resistentes, da
seguinte forma: virar o cliente e colocar o lençol sob o seu corpo, voltar o cliente e puxar
o lençol. Desta forma, deve ficar no lado oposto para o qual o cliente será virado; puxar o
lençol movendo o cliente na direção do trabalhador em saúde e para a beira da cama;
manter as costas eretas e utilizar o peso do seu corpo elevando o lençol e fazendo com
que o cliente vire cuidadosamente. Não deve esquecer de manter, no lado oposto da
cama, uma grade de proteção (Alexandre e Rogante, 2000).
36
própria altura; pedir ao cliente que flita os joelhos, olhe para os pés e, por fim, que faça
força sobre os mesmos, aumentando a cooperação do cliente; deslocar o seu próprio
peso de um lado para o outro, mantendo as costas eretas, durante o posicionamento.
Com dois prestadores de cuidados, pedir ao cliente que coloque as mãos na cabeceira
da cama e a empurre durante o posicionamento, ao mesmo tempo que faz força com os
pés; durante o levante do cliente deve utilizar preferencialmente os músculos das pernas
e das ancas e não os músculos da parte superior do corpo, primeiro fletindo e depois
estendendo lentamente os joelhos ao levantar o cliente; os movimentos dos prestadores
de cuidados devem estar sincronizados ao executar a transferência do cliente. A
comunicação é muito importante (EU-OSHA, 2008b).
37
pontos. Um enfermeiro deve colocar os antebraços e mãos sob a escapulo-umeral e a
região lombar e o outro entre a região lombar e a região poplítea. Através da comunicação
entre ambos, deve ser realizado um movimento coordenado, deslocando o cliente para a
extremidade do leito (EU-OSHA, 2008b e OE, 2013).
Se o cliente pode executar essa transferência de uma forma independente ou com uma
pequena ajuda, utilizando uma tábua de transferência, da seguinte maneira: posicionar a
cadeira próxima à cama devendo ter a mesma altura, travar o cadeirão ou a cadeira de
rodas e o leito, remover o braço no caso da cadeira de rodas e elevar o apoio dos pés e
por fim posicionar a tábua apoiada seguramente entre a cama e o cadeirão ou a cadeira
de rodas. Um outro método, é usar o cinto de transferência, seguindo-se os passos:
colocar a cadeira de rodas ao lado da cama, travar as rodas e levantar o apoio para os
pés ou o cadeirão; sentar o cliente na beira da cama, calçá-lo com sapato ou chinelo
antiderrapante; segurar o cliente pela cintura, auxiliando-o a levantar-se, rodar-se e
sentar-se na cadeira (Alexandre e Rogante, 2000).
38
cadeirão; pedir ao cliente para se inclinar para a frente o máximo possível e ajudá-lo
colocando os braços do cliente em torno da região dorso lombar; pedir ao cliente para se
inclinar para a frente e fazer força nas pernas durante o posicionamento que facilitará o
posicionamento, utilizar preferencialmente os músculos das pernas e das ancas em vez
dos músculos da parte superior do corpo (EU-OSHA, 2008b e OE, 2013).
Por sua vez, em caso de cliente com dependência elevada ou incapaz de colaborar o
profissional de saúde coloca-se por trás da cadeira, passando os antebraços sob as axilas
do cliente de modo a segurar-lhe os antebraços. Para maior estabilidade e segurança, o
profissional deve segurar o antebraço esquerdo com a mão direita e o antebraço direito
com a mão esquerda, de modo a evitar o impacto do peso do corpo e da força exercida
sobre o ombro (OE, 2013).
Não deve esquecer de fletir os joelhos e alinhar a coluna vertebral, efetuar extensão dos
membros inferiores segurando firmemente o tronco do cliente transferindo a força para os
quadrícepedes (OE, 2013).
Analisando tudo o que foi descrito, a implementação de treinos e reciclagem dos mesmos
é parte obrigatória de programas de prevenção de lesões músculo-esqueléticas entre
trabalhadores da saúde. Esses procedimentos devem ser aprendidos e praticados de uma
forma planejada e sistemática (Alexandre e Rogante, 2000).
Já para Neves e Serranheira (2014, p.103) a formação sobre mobilização de clientes deve
existir no sentido de reciclar conhecimentos e garantir a concordância com a técnica.
Contudo recomendam programas de intervenção multifatorial, os quais utilizam os
contributos da ergonomia para a harmonização das exigências organizacionais que se
39
colocam aos profissionais de saúde apresentam vantagens inequívocas. Isto verifica-se
pois algumas das estratégias que integram os programas multifatoriais de cariz sistémico
são:
Ulin [et al.], (1997); Zhuang [et al.], (1999), citados por Alexandre (2007, p.114); referem
que programas ergonómicos que utilizam materiais auxiliares na mobilização de clientes
têm comprovado redução significativa nos problemas de coluna vertebral em profissionais
de Enfermagem. E que, "estudos biomecânicos reforçam a necessidade da utilização de
equipamentos especiais na transferência de pacientes dependentes, pois comprovam
que (…) diminuem significativamente as forças compressivas sobre as costas, durante a
execução dessas transferências”.
40
Sem equipamentos auxiliares, procedimentos teoricamente simples podem tornar-se
penosos para os trabalhadores de Enfermagem. A falta de manutenção de equipamentos
e a utilização de mobiliários improvisados e inadequados também tornam o trabalho mais
árduo para a equipa de saúde (Alexandre, 1998b).
Uma vez que as LMERT conduzem à limitação e/ou restrição da participação na atividade
laboral, o profissional de saúde vê-se obrigado a desenvolver estratégias que o permitam
manter-se ativo no seu local de trabalho.
41
capacidade funcional, previnam complicações e evitem incapacidades ou minimizem o
impacto das incapacidades instaladas (por doença ou acidente), ao nível das funções
neurológica, respiratória, cardíaca, motora ou de outras deficiências e incapacidades (OE,
2015, p. 16656).
Para tal, estes profissionais têm como objetivos gerais: melhorar a função, promover a
independência e a máxima satisfação da pessoa e, assim, preservar a sua autoestima
(OE, 2011b, p. 8658).
Perante todas estas competências elucidadas e salientando que as LMERT nos estados
avançados, são irreversíveis, incapacitantes, com sofrimento psicológico que poderá ser
intenso, faz todo o sentido que o enfermeiro de Reabilitação intervenha na prevenção das
mesmas.
42
equipamentos de trabalho e de proteção individual; e, especificamente na disciplina da
Ergonomia, a movimentação manual de cargas.
O fato das LMERT terem origem ou serem agravadas pela atividade laboral, a sua
prevenção resulta de um plano de gestão integrada e se desenvolverem no real contexto
de trabalho, revela-se numa mais-valia perfeitamente compatível com a atividade do
Enfermeiro de Reabilitação pois trata-se de um dos possíveis locais da sua intervenção:
a comunidade (EU-OSHA, 2007a).
A formação dos trabalhadores sobre LMERT acerca dos principais fatores de risco e sobre
a forma de os prevenir, são algumas das medidas preventivas que, apesar de não
substituírem a necessária melhoria das condições de trabalho, na perspetiva da Saúde e
Segurança, transmitem um correto investimento nos locais de trabalho com o objetivo de
os transformar em locais mais saudáveis e concebidos em função das pessoas que nele
trabalham (Serranheira [et al.], 2009).
43
organizacionais para promover comportamentos mais seguros (Portugal, 2010). Em
oposição à exclusividade dos programas de formação sobre técnicas de mobilização de
clientes, a implementação de programas multifatoriais, de cariz sistémico, demonstra uma
evidência científica robusta que o risco de LMERT nos profissionais de saúde diminui
significativamente (Neves e Serranheira, 2014).
Vieira (2010) citando outros autores, refere que entre 11% a 95% das LMERT podem ser
prevenidas ao modificar as exigências físicas do trabalho. Assim, a prevenção das
LMERT é uma medida efetiva e fundamental e através da área de Reabilitação e
Ergonomia, que possuem filosofias e objetivos similares, onde é possível minimizar o
aparecimento de LMERT.
A formação dos profissionais de saúde, assim como dos gestores da saúde deveria
integrar a perspetiva sistémica da gestão do risco e da segurança do cliente em ambiente
hospitalar (Serranheira, Uva e Leite, 2012). Assim, o enfermeiro especialista, em
articulação com os serviços de Saúde Ocupacional e os gestores de saúde, é um dos
profissionais melhor capacitados para desenvolver programas de formação na área da
mecânica corporal/Ergonomia e ginástica laboral para a prevenção de LMERT (Jerónimo,
2013).
44
CAPÍTULO III - ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO
45
46
A revisão da literatura apresentada no capítulo anterior permitiu-nos adquirir
conhecimentos que serviram de “alicerce” para o desenvolvimento empírico da presente
investigação científica.
Desta forma, torna-se pertinente abordar, os objetivos que a orientam, além de definir
quais os elementos do desenho de investigação: tipo de estudo, contexto do estudo,
participantes, métodos de colheita e de tratamento de dados, tendo sempre em
consideração os princípios éticos.
1 - OBJETIVOS
47
Avaliar a recetividade das AAM à correção da mecânica postural durante os
posicionamentos e transferências de clientes.
2 - TIPO DE ESTUDO
Este tipo de investigação instiga a criação do conhecimento prático, que é útil num
determinado contexto pois leva à melhoria da prática. “Como efeito indirecto, (…) os
profissionais aprendem sobre a sua prática e sobre si mesmos dentro de um contexto e
também aprendem a implementar a mudança para melhorar a sua própria prática.” Ao
“colaborarem num estudo de investigação-ação (…) tornam-se mais comprometidos com
a mudança desejada e assim estão mais dispostos a incluir a mesma na sua prática.”
(Streubert e Carpenter, 2013, p. 280).
Coutinho [et al.], (2009) referem igualmente que a investigação-ação é uma das
metodologias que mais pode contribuir para a melhoria das práticas educativas, pois
aproxima as partes envolvidas na investigação, coloca-as no mesmo eixo horizontal;
favorece e implica o diálogo; desenvolve-se em ambientes de colaboração e partilha,
48
retira o fardo da solidão ao investigador; valoriza a subjetividade, ao ter sempre mais em
conta as idiossincrasias dos sujeitos envolvidos; mas, por outro lado, propicia o alcance
da objetividade e a capacidade de distanciamento ao estimular a reflexão critica.
49
Ainda de acordo com os mesmos autores, as preocupações sobre a cientificidade da
ergonomia da atividade e os aspetos destacados sobre o método da análise ergonômica
do trabalho permitem observar que a análise ergonómica do trabalho tem forte
semelhança com as características e preocupações relacionadas à pesquisa-ação.
Assim, a proximidade entre o método da análise ergonômica do trabalho e o da pesquisa-
ação torna-os indissociáveis para que o conhecimento gerado seja reconhecido mais
amplamente nas diversas áreas de conhecimento.
Pizo e Menegon (2010) apontam que não sendo o único método de pesquisa a ser
utilizado, pois isso depende do objetivo da pesquisa em ergonomia, será com certeza o
método para qualificar melhor a análise ergonômica do trabalho nos espaços da área de
conhecimento integrada à ergonomia que não a permeiam.
Sendo a nossa principal meta implementar mudanças e dar poder aos profissionais de
intervirem na mesma, neste caso nas posturas de risco adotadas pelas AAM numa
UCCILDM, esta forma de investigação-ação foi a nossa escolha.
50
Todas estas valências estão divididas em dois edifícios paralelos, sendo que as UCCI e
Estrutura Residencial para Idosos estão inseridas num mesmo, onde as UCCI estão no
piso zero e a Estrutura Residencial Para Idosos no piso 1.
Retratando a estrutura orgânica do serviço da UCCILDM, o qual foi o alvo deste estudo,
é um serviço em linha reta, mas tendo em conta a sala de convívio e o ginásio de
fisioterapia que os clientes usufruem, poderá dizer-se que se trata de um serviço em “L”.
Tem a lotação de dezasseis camas, sendo sete quartos duplos e dois individuais, todos
com instalação sanitária privativa, camas elétricas exceto uma, não existem dispositivos
de apoio para transferências (tábuas de transferência, discos giratórios…) à exceção de
um transfer/elevador que não é utilizado, e clientes com dependência moderada a total
maioritariamente.
Do lado direito do serviço existem seis quartos duplos, uma sala de sujos, uma sala de
roupa limpa, uma sala de desinfeção e uma instalação sanitária do pessoal. Já do lado
esquerdo, possui um posto de Enfermagem, um gabinete de preparação de medicação
com ventilação, um quarto duplo e dois individuais, e uma instalação de banho assistido.
É deste lado que existe uma porta corta-fogo e outra porta para o exterior. Ao fundo do
serviço existe também uma varanda.
Fora das portas físicas do serviço em existe uma sala de convívio e atividades, que
também funciona como refeitório dos clientes; instalações sanitárias para clientes: uma
adaptada, uma de senhores e uma de senhoras; um arquivo; uma sala de tratamento, um
gabinete médico que funciona também como sala multidisciplinar, uma sala de arrumos
de material de consumo; um refeitório para profissionais e uma cozinha; duas instalações
sanitárias para pessoal; a receção; o ginásio de fisioterapia e a eletroterapia onde também
funciona um gabinete de terapia da fala; e novamente instalações sanitárias para clientes:
uma adaptada, uma de senhores e uma de senhoras.
Por sua vez, a organização do trabalho do serviço da UCCILDM é efetuada por uma
equipa multidisciplinar constituída por dois Clínicos, nove Enfermeiros e sete AAM.
Também fazem parte desta equipa: um Fisiatra, uma Assistente Social, um Nutricionista,
dois Fisioterapeutas, uma Técnica Auxiliar de Fisioterapia, um Terapeuta Ocupacional,
uma Psicomotricista, uma Terapeuta da Fala, uma Psicóloga, uma Animadora Social, uma
Enfermeira Coordenadora e uma Diretora Técnica.
Os cuidados de saúde aos clientes internados são prestados durante 24 horas diárias,
sendo os Enfermeiros e as AAM quem permanece com os mesmos durante as 24 horas,
divididas por quatro turnos: manhãs, tardes, noites e manhãs pequenas (quatro horas)
para o pessoal de Enfermagem, e três turnos: manhã, tarde e noites para as AAM. Quanto
51
aos restantes elementos da equipa multidisciplinar estes estão presentes de segunda a
sexta-feira, com a exceção dos fisioterapeutas, técnica auxiliar de fisioterapia e
psicomotricista que exercem funções aos sábados de forma alternada, dois a dois, entre
eles.
As AAM executam funções 40 horas semanais distribuídas por turnos rotativos de oito
horas, manhãs das 8 às 16 horas, tardes das 16 às 24 horas e noites das 0 às 8 horas.
Sendo que as manhãs são efetuadas por duas AAM e dois enfermeiros (um das 8 às 16
horas e outro das 8 às 12 horas), e por sua vez, as tardes e noites apenas por uma AAM
e um enfermeiro.
A opção de estudar este serviço deveu-se ao facto de ser um contexto onde se encontram
AAM que experienciam o fenómeno de interesse para este estudo, e de ser uma realidade
vivenciada ao longo do nosso percurso profissional atual e que poderá ser facilitador na
colheita de dados. Tal como refere Streubert e Carpenter (2013), na abordagem
qualitativa os indivíduos são selecionados para participar na investigação de acordo com
a sua experiência em primeira mão, interação social ou fenómeno de interesse.
52
dinâmica durante a realização das mesmas, o que as aproxima em termos de riscos de
desenvolvimento de LMERT.
Contudo, muitas vezes estas tarefas são executadas individualmente para tentar
rentabilizar algum tempo e solicitando ajuda apenas em algumas transferências, o que
aumentará o risco de desenvolvimento de LMERT e assim diminuição da qualidade de
vida no trabalho da AAM. Ou seja diminui-se a qualidade dos cuidados prestados pois
não se pode cuidar dos clientes sem primeiro informar e ensinar os prestadores de
cuidados, neste caso as AAM, sobre os riscos de desenvolverem LMERT e sobre as
questões ergonómicas para as quais devem estar atentas e segundo as quais devem
orientar o seu trabalho.
Para além da partilha destas tarefas, as AAM executam ainda transporte de cargas não
móveis, tais como, transporte de lixos e roupas; higienização dos quartos, instalações
sanitárias e áreas dos clientes (limpeza e desinfeção).
Tendo em conta toda esta carga física, pode-se dizer ainda, que estão em contato direto
com o sofrimento das famílias e clientes, presenciam e prestam apoio emocional em finais
de vida e lutos juntamente com os enfermeiros.
A amostra compreendeu todas as AAM que trabalham neste serviço e que aceitaram
participar no estudo. Assim, foram considerados critérios de inclusão: disponibilidade das
AAM durante o período de recolha de dados, e que as AAM acedam contribuir de forma
voluntária para o estudo.
A amostra do estudo realizado é do tipo não probabilístico por conveniência, dado que
resulta de fatores como a acessibilidade e disponibilidade dos participantes não
dependendo de uma seleção aleatória, para a qual tenho acesso imediato e direto.
A estratégia de recolha de dados a utilizar num estudo de investigação deve ser escolhida
pelo investigador, em função do objetivo do estudo e, nessa medida, “a escolha do método
de colheita dos dados depende do nível de investigação, do tipo do fenómeno ou de
variável e dos instrumentos disponíveis” (Fortin, 2009, p. 368).
53
participantes em conjunto determinam as técnicas para registo de dados, como por
exemplo, gravações em fita magnética, vídeo, registo de notas ou obtenção de fotografias
e diapositivos. Sendo as notas e as fotografias menos intrusivas e ao mesmo tempo
menos rigorosas (Streubert e Carpenter, 2013).
“Saber que as observações e as interpretações são reflexivas cria duas assunções para
os investigadores de ação: (1) a rejeição da ideia de uma explicação única ou última de
um acontecimento ou observação e (2) a crença de que várias explicações aumentam a
compreensão das experiências.” (Streubert e Carpenter, 2013, p.290).
Por sua vez, e segundo os mesmos autores, a crítica dialética ajuda à reflexão através da
apresentação de dados, onde pela apresentação de elementos de um fenómeno e
exposição da sua natureza contraditória, os investigadores e os participantes chegam a
uma compreensão mais clara da natureza da mudança inerente a um determinado
fenómeno.
54
• Sensibilização/motivação das AAM
1ª Sessão de Formação • Questionário Sociodemográfico e Clínico
em Grupo INFORMAÇÃO
• Consentimento Informado
• Avaliação postural
Sessões de Formação
• Correção postural FORMAÇÃO
Individuais em Contexto
Nesta etapa foi possível iniciar a resposta ao objetivo específico: formar AAM para
aquisição de posturas corretas durante os posicionamentos e transferências de clientes.
55
consciencialização por parte das AAM da necessidade de corrigir a postura corporal
durante a prestação de cuidados, para garantir uma melhor qualidade nos cuidados
prestados, maior satisfação profissional, melhor qualidade de vida no trabalho e assim
menos dor, mais tempo para si mesmas e suas famílias no pós dia laboral.
Estas sessões foram recebidas com agrado e com expetativa de mudança. Houve a
necessidade de se efetuar entre quatro a sete sessões por participante, mediante as suas
dificuldades e falta de conhecimento demonstrado, assim como alguns alertas face a
alterações posturais já existentes e para as quais deve haver especial atenção, pois
poderá ser difícil o seu trato, mas na qual se torna fulcral evitar o seu agravamento.
Estas sessões individuais foram realizadas durante os três turnos de trabalho efetuados
pelas participantes, com maior predomínio nos turnos da manhã onde existe um número
mais elevado de transferência de clientes.
O método de preenchimento será (NA) se não for aplicado esse parâmetro postural, visto
(√) se aplicado corretamente, e uma cruz (x) se aplicabilidade do mesmo for inadequada.
Contudo o aspeto ergonómico e postural “ajusta a altura da cama à articulação da
56
coxofemoral”, apresenta uma especificidade, apenas este não é preenchido para a
mobilização “corrigir posicionamento de um cliente no cadeirão/cadeira de rodas”.
5 - ANÁLISE DE DADOS
Bogdan, 1988, citado por Bogdan e Biklen, 1994, refere que as fotografias podem
representar a visão do que o fotógrafo considera importante, ou seja, quando estudamos
fotografias retiramos pistas acerca do que as pessoas valorizam e quais as imagens que
preferem. Embora as fotos possam não provar nada de forma conclusiva, quando usadas
em conjunção com outros dados podem adicionar-se a uma pilha crescente de provas.
57
informação sobre o comportamento dos sujeitos, a sua interação e sua forma de
apresentação em determinadas situações.
Podemos concluir que as fotografias tiradas pelo investigador ou escolhidas por ele e
mostradas a sujeitos podem ser usadas como um estímulo para a coleção de dados
(Schwartz, 1989 citado por Bogdan e Biklen, 1994).
Sendo as fotografias uma prova visual e demonstrativa, permitem observar uma situação
característica, da relação entre o envolvimento corporal do trabalhador e a sua atividade
de trabalho, que é um dos objetivos a que nos propusemos.
58
Considerando o método de mobilização (posicionamento ou transferência) a adotar face
a determinado cliente, deve ter-se em conta vários aspetos: condição do cliente, fatores
organizacionais e psicossociais, fatores individuais, fatores físicos e biomecânicos, entre
os quais destacamos os últimos, mais propriamente as posturas adotadas pelas AAM
durante a mobilização de clientes, uma vez que foram o nosso objetivo principal de
estudo.
A sua análise será realizada com recurso a quadro, que foi colorido utilizando tons de
verde para fatores positivos e vermelho para negativos.
6 - CONSIDERAÇÕES ÉTICAS
Tal com refere Fortin (2009), na investigação em saúde é imprescindível ter presente as
seguintes questões éticas e morais: respeito pelo consentimento livre e esclarecido;
respeito pelos grupos vulneráveis, respeito pela vida privada e pela confidencialidade das
informações pessoais; o respeito pela justiça e pela equidade; equilíbrio entre vantagens
e inconvenientes; a redução dos inconvenientes; a otimização das vantagens.
59
sempre estarão informados de todos os detalhes (Streubert e Carpenter, 2013, p. 292-
93).
Para seguir estes princípios, numa primeira fase, foi efetuado um pedido de autorização
às entidades responsáveis da UCCILDM em questão para a realização do estudo.
Durante a investigação foram tidos em consideração os seguintes aspetos éticos:
consentimento livre e informado, garantindo o esclarecimento sobre finalidade e objetivos
específicos do estudo; garantia da confidencialidade e anonimato das declarações
(nomeadamente através da atribuição de um código a cada participante); proteção dos
participantes contra qualquer dano. Esclarecimento sobre o direito de não-aceitação e de
desistência sem qualquer repercussão negativa para os próprios; isenção e autenticidade
na análise e tratamento dos dados e na apresentação das conclusões.
60
CAPÍTULO IV - APRESENTAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
61
62
Após a recolha dos dados a que nos propusemos para cada uma das fases delineadas
no Diagrama 1, procura-se, agora, apresentar, analisar e interpretar os resultados obtidos
por forma a permitir dar resposta aos objetivos definidos para a elaboração desta
Investigação-ação.
Os resultados recolhidos para análise das posturas adotadas pelas AAM durante a
mobilização de clientes efetuou-se através de imagens fotográficas que, embora sejam
um registo estático, permitiram-nos compreender as posturas utilizadas pelos
trabalhadores e perceber a mobilidade articular utilizada na atividade desenvolvida pelas
participantes durante os posicionamentos e transferências de clientes.
Para além das imagens fotográficas foram sendo recolhidas notas que se julgaram
pertinentes ou complementares das imagens capturadas.
Através da análise dos dados do Questionário pode dizer-se que se trata de uma
população constituída apenas pelo género feminino (100%), com idades entre os 19 e 57
anos, sendo que 57,1% tem idade superior a 50 anos de idade. Trata-se de uma
população maioritariamente casada. Quanto ao Índice de Massa Corporal a maioria
encontra-se no patamar de pré-obesidade (42%), seguindo-se de 28,6% com eutrofia, tal
como se pode ver pela Tabela 1.
Género Ni %
Feminino 7 100
Masculino 0 0
Grupos etários
≤ 30 anos 1 14,3
31 a 40 anos 1 14,3
41 a 50 anos 1 14,3
63
> 50 anos 4 57,1
Estado civil
Solteiro 1 14,3
Casado 4 57,1
Divorciado 0 0
Viúvo 1 14,3
Apenas 14,3% das participantes refere executar funções semelhantes fora da unidade,
tendo-a mencionado como cuidar de um bebé com idade inferior a 6 meses.
Quanto ao vínculo profissional 71,4% das participantes respondeu possuir “outro” tipo de
contrato, que pela análise com o serviço de secretariado da instituição em causa se chega
à conclusão que estas auxiliares de ação médica fazem parte do quadro da instituição,
uma vez que tiveram dois contratos prévios de um ano a termo que renovaram
automaticamente para contrato sem termo, relação de efetividade. A mesma percentagem
(71,4%) exerce funções há mais de 2 anos.
64
Tabela 2 - Distribuição das participantes conforme as características socioprofissionais (n=7)
Habilitações Literárias Ni %
Ensino primário 0 0
Ensino Superior 0 0
Sim 4 57,1
Não 3 42,9
Sim 1 14,3
Não 6 85,7
Outro 5 71,4
1 a 2 anos 0 0
Contudo 50% da população que frequentou o ensino básico possui formação para a
função que desempenha no dia-a-dia, enquanto que das que frequentaram o ensino
secundário, 67% possui formação relacionada com a função que desempenha atualmente
(Tabela 3).
65
Tabela 3 - Distribuição das Habilitações Académicas das participantes conforme a Formação para a
Função Desempenhada (n=7)
Ensino Básico Ni %
Ensino Secundário
No entanto, das participantes que têm dor atual, 60% tem formação relacionada com a
função desempenhada e 40% não tem formação; e das que não apresentam dor 50%
possui formação relacionada com a função desempenhada e outros 50% não possui
(Tabela 4).
Tabela 4 - Distribuição da Dor atual das participantes conforme a Formação para a Função
Desempenhada (n=7)
Dor atual Ni %
Sem dor
A Tabela 5 mostra que da população em estudo, apenas 14,3% refere que já tinha dor
antes de exercer a função atual, sendo que as restantes 85,7% não se queixavam de
dores. Contudo, atendendo à função desempenhada atualmente, 57,1% tem dores no
final do dia de trabalho e 42,9% não refere dor.
Das participantes inquiridas 85,7% refere que não toma medicação para alívio da dor e
somente 14,3% responde afirmativamente.
Apenas 14,3% refere sentir fadiga no final da jornada de trabalho, assim como 14,3%
refere recorrer a terapêutica para minimizar a sua dor lombar.
66
Face ao uso de dispositivos de prevenção para o aparecimento de LMERT, 42,9% afirma
usar meio de prevenção. Das que usam, 28,6% usa cinta lombar e 14,3% usa outros
dispositivos de prevenção.
Nenhuma das participantes esteve de baixa médica por LMERT no último ano.
Face à intensidade da dor, 42,9% das participantes refere ter dor moderada (5 na escala
numérica) 28,6% refere dor de intensidade superior a cinco (intensidade 6 e 7), dor ligeira
(menor que 5 – intensidade 1) é referida por 14,3% da população, e 14,3% refere ausência
de dor (0) (Tabela 5).
Sim 1 14,3
Não 6 85,7
Dor Atual
Sim 4 57,1
Não 3 42,9
Sim 1 14,3
Não 6 85,7
Sim 1 14,3
Não 6 85,7
Sim 3 42,9
Não 4 57,1
Dispositivos de Prevenção
Pulsos Elásticos 0 0
Outros 1 14,3
Nenhum 4 57,1
Baixa Médica
67
Sim 0 0
Não 7 100
Das participantes que referiram ter dor atual (n=5), duas delas referiram ter dor em mais
de uma região corporal, sendo a mais evidente a dor lombar com 57,1%, seguindo-se os
punhos com 28,6%, ombros e pernas com 14,3%, sendo que não foi localizada dor em
mais nenhuma região corporal (Tabela 6).
Localização da dor
Cervical 0 0
Dorsal 0 0
Lombar 4 57,1
Ombros 1 14,3
Punhos 2 28,6
Pernas 1 14,3
Outras 0 0
Apenas 14,3% das participantes refere que já tinha dor lombar antes de exercer a sua
função atual, mantendo a mesma dor atualmente, sem nenhuma dor acrescida noutra
região corporal.
Das que referem dor atual (n=4), apenas 28,6% referem ter dor em mais do que uma zona
corporal, 42,9% refere ter dor apenas numa região corporal, sendo esta igualmente
referida por todas como dor lombar.
Todas as participantes que afirmam não ter dor atual (28,6%) trabalham há menos de um
ano.
68
Pode ainda dizer-se que das participantes que referem dor lombar (57,1%), 50% utiliza
cinta lombar, 25% utiliza outros dispositivos de prevenção de lesão e 25% não utiliza
qualquer dispositivo para minimizar ou evitar lesão, como se demonstra na Tabela 7.
Tabela 7 - Distribuição da Dor Lombar das participantes em relação com a Utilização de Dispositivos
de Prevenção (n=4)
Dor lombar Ni %
Cinta lombar 2 50
Pulsos elásticos 0 0
Outros * 1 25
* meias de descanso
Tendo em conta a localização da dor e a sua intensidade (Tabela 8), chegou-se aos
seguintes resultados: das participantes que referem dor lombar, 28,6% refere dor de
intensidade superior a cinco, e os outros 28,6% refere dor igual a cinco (dor moderada),
não apresentando dor lombar 42,8% das participantes. O mesmo se reflete na dor de
punhos, para a qual 14,3% refere dor de intensidade superior a cinco e as restantes 14,3%
refere dor igual a cinco (dor moderada). Por sua vez todas as que referiram dor de pernas
e ombros (14,3% para ambas) referem dor moderada de intensidade cinco na escala
numérica da dor, sendo que 85,7% não refere dor nestas regiões corporais.
De referir ainda que das que referem dor inferior a cinco, nenhuma região corporal foi
localizada.
Tabela 8 - Distribuição da Localização da dor atual das participantes em relação com a Intensidade
da dor (n=7)
Dor lombar Ni %
Dor < 5 0 0
69
Sem dor lombar 3 42,8
Dor ombros
Dor < 5 0 0
Dor > 5 0 0
Dor de punhos
Dor < 5 0 0
Dor pernas
Dor < 5 0 0
Dor > 5 0 0
Segundo a EU-OSHA (2014) o setor da saúde e ação social é um dos setores mais
importantes na Europa, que emprega cerca de 10% dos trabalhadores da UE, sendo que
as mulheres representam 77% da força de trabalho em hospitais lares e unidades de
cuidados, consultórios médicos e noutras áreas de atividades relacionadas com a saúde.
Do mesmo modo, Serranheira, [et al.] (2012) referem que num estudo semelhante ao
efetuado tratava-se de um grupo predominantemente do género feminino (77,4%). Tais
estudos contrastam com os resultados por nós apresentados em que 100% da amostra é
do género feminino.
70
O estudo por nós realizado apresenta uma amostra com idade mais avançada face ao
estudo referido por Serranheira, Uva e Uva (2012), onde a mediana da idade dos
enfermeiros respondentes a trabalhar em hospitais foi de 36 anos.
Contudo, os mesmos autores referem ainda que a ausência de relação entre algumas
características individuais, como o género, a idade e o índice de massa corporal com a
presença de sintomas de LMERT na zona lombar, não significa que deva ser rejeitada
essa mesma relação. Para além destas, também algumas características da organização
do trabalho destes profissionais de saúde como o segundo emprego, o número de horas
de trabalho por semana e o número de pausas do trabalho por dia não apresentam um
efeito significativo na presença dos sintomas.
Dados contrários são referidos num estudo realizado por Serranheira, Uva e Uva (2012),
que embora se trate de uma população constituída por enfermeiros, dada a colaboração
entre estes e as auxiliares de ação médica, vamos optar por compara-los em termos
estatísticos e nunca em relação com as funções desempenhadas, pois apenas as
mobilizações e transferência de clientes são efetuadas de forma conjunta. Neste estudo
a categoria profissional demonstrou ter uma associação estatisticamente significativa com
LMERT, sendo que os profissionais com categoria profissional de “enfermeiros” e
“enfermeiros graduados” têm maior prevalência das mesmas (23,44 e 22,88%
respetivamente) e os “enfermeiros-especialistas”, “enfermeiros-chefes” e os “enfermeiros
supervisores” têm menor (9,42; 4,86 e 0,37%, respetivamente).
71
comporta riscos muito inferiores à mobilização de clientes desta UCC, onde o cliente com
peso mais baixo pesa aproximadamente 30 quilogramas.
Tendo em conta o parâmetro dor, o estudo por nós efetuado apresenta resultados muito
semelhantes (57,1% de dor lombar) ao estudo de Gurgueira, Alexandre e Filho (2003),
onde a dor lombar é referida por 59% das participantes, logo de seguida a dor de ombros
(40%), joelhos (33,3%) e região cervical (28,6%), contudo no nosso estudo não foram
referidas dores a nível da região cervical, dorsal ou outra.
De acordo com Lelis, [et al.] (2012) um estudo envolvendo idosos cuidadores, incluindo
auxiliares de enfermagem, mostrou que, de 43 indivíduos, 62,7% referiram dor músculo-
esquelética. Entre os técnicos e auxiliares de enfermagem, as LMERT são mais
frequentes quando comparados com os enfermeiros, pois estes oferecem ações mais
diretas de atenção. Assim, as doenças do sistema músculo-esquelético ocuparam o
segundo lugar entre os transtornos dos trabalhadores de enfermagem, que referiram
frequências mais altas para costas (71,5%), pescoço (68%), ombro (62,3%) e dor nas
pernas (54,6%)
Serranheira, [et al.] (2012) destacam entre outros e nos últimos 12 meses, a presença de
sintomas nas zonas lombar (n=1257), cervical (n=1014), dorsal (n=923), ombros (n=761)
e punho/mão (n=602). Apresentam valores inferiores relativamente aos últimos 7 dias,
ainda que igualmente elevados, atingindo mais a região lombar (n=632); região cervical:
(n=562); região dorsal (n=468); os ombros (n=389) e os punhos e mãos (n =253).
Tendo em conta a toma de medicação para alívio da dor, no nosso estudo referimos que
apenas 14,3% toma medicação para este efeito. Mais uma vez, comparando estudos com
72
enfermeiros devido ao paralelismo de funções semelhantes, Serranheira, [et al.] (2012)
relata que cerca de dois terços dos enfermeiros toma medicamentos regularmente
(67,3%), e que dos que tomam, destacam-se as terapêuticas com calmantes e com
contracetivos orais, os quais não são relativos a LMERT.
A fadiga no final da jornada de trabalho é referida apenas por 14,3% das participantes,
assim como o recurso a terapêutica para minimizar a sua dor lombar (14,3%).
Guimarães 2005, citada por Assunção e Brito (2011), menciona que num estudo sobre
absentismo por doença a maior parte das baixas médicas é de curta duração, isto é, até
três dias. Contudo, as licenças por doenças do sistema osteoarticular (61%) tem duração
superior a três dias, estando nestas incluídas as lombalgias, frequentemente relacionadas
com atividades que exigem esforço físico, tal como as AAM que na sua rotina diária de
trabalho possuem uma carga significativa de esforço, inevitável na mobilização de
clientes.
A população em estudo nega 100% o absentismo por baixa médica referente a LMERT.
Gurgueira, Alexandre e Filho (2003) verificaram que, das respondentes ao seu estudo,
29,5% faltaram ao trabalho 12 meses devido a sintomas músculo-esqueléticos.
Uma vez que, nos estudos efetuados existem taxas de incidência elevadas para o
absentismo, leva-nos a pensar no fato de que no estudo por nós realizado nenhuma
73
participante esteve de baixa médica por LMERT no último ano, o que poderá estar
relacionado com o tempo de exercício profissional nesta atividade laboral.
Do mesmo modo, Fonseca e Serranheira (2006) afirmam que dos enfermeiros que
referiram sintomatologia nos últimos 12 meses, identificaram-se níveis de intensidade do
desconforto, incómodo ou dor, iguais ou superiores a moderado, destacando-se a região
lombar (n = 157), cervical (n = 129), ombros (n = 70) e dorsal (n = 84). Salienta-se o nível
muito intenso, com 8 referências (5%) para a região dorsal e 14 referências (5%) para a
região lombar. Mais uma vez estes dois últimos estudos são tidos em conta, uma vez que
a execução de posicionamentos e transferência de clientes se efetua por enfermeiros e
auxiliares, sendo os últimos surpervisados e estando sob responsabilidade dos primeiros,
e pelo facto de não se encontrar resultados em estudos com a mesma população em
estudo.
Quanto à intensidade da dor relacionada com a idade, não se conclui que exista relação
embora segundo a EU-OSHA (2014), os trabalhadores mais velhos sofrem
frequentemente lesões mais graves do que os trabalhadores mais jovens e, quando são
vítimas de lesão no local de trabalho, poderão necessitar de períodos de recuperação
mais longos do que os seus colegas mais jovens. No estudo de Fonseca e Fernandes
(2010) a idade também não se mostrou associada às LMERT na região lombar.
Durante esta etapa da investigação, podemos dizer que existiram alguns períodos de
constrangimento, mas com a realização das tarefas e diálogos com os clientes, a
presença do investigador ia sendo esquecida. Verificava-se alguma tentativa de correção
postural, por parte de algumas participantes, nomeadamente nas transferências.
74
Entre esta etapa e a primeira etapa pode dizer-se que se conseguiu promover o interesse
e motivação das AAM, para que a investigação continuasse a decorrer, assim como
disponibilidade para comparecer na segunda sessão de formação, sendo proferidos
alguns comentários: “Quando faz a próxima sessão enfermeira?”, abordavam sobre
“Como está a decorrer o avanço no seu trabalho?”, “No outro dia estava na internet e vi
as ajudas técnicas de que falou, é mesmo fixe”.
De referir que, a partir da segunda sessão de formação infelizmente uma das AAM
participantes do estudo deixou de fazer parte da amostra por acidente de trabalho.
Não utilização dos músculos das pernas e das ancas, apresentando-se a coluna
em flexão dorsal ou lombar;
Verifica-se também que os clientes não são seguros firmemente pelas regiões das
escápulas, zona pélvica e região supra cavado poplíteo;
75
Não existe deslocação do peso do trabalhador de acordo com o movimento que
está a executar;
Pela análise da Figura 2, os vários procedimentos que não favorecem uma boa mecânica
postural mais frequentes são:
Não utilização dos músculos das pernas e das ancas (coluna em esforço – flexão);
O não ajuste da altura da cama ao nível da anca, o que nem sempre é fácil quando
as participantes apresentam estaturas diferentes;
Face a esta mobilização pode-se constatar que as participantes têm noção das zonas
corporais em que devem segurar os clientes para os mobilizar, contudo nem sempre
colocam as mãos de forma a segurá-los firmemente, pois ao realizar este posicionamento
umas vezes seguram firmemente o cliente e noutros não. Parece então existir
conhecimento, mas o mesmo nem sempre é aplicado de forma correta.
76
clientes é efetuada aquando das rotinas de cuidados de higiene e conforto e otimização
de fralda. Todavia, quando se trata de solicitação de alternância de decúbito por parte dos
clientes ou mobilização com dois trabalhadores este aspeto é tido em conta mesmo que
de uma forma mais ou menos consciente respeitando-se, deste modo, o frente a frente
entre profissional e cliente.
Mobilizar um cliente para cima envolve um grande esforço muscular das participantes,
face ao elevado grau de dependência dos clientes internados nas UCCLDM. Tanto com
um, como com dois colaboradores existem vários procedimentos que não favorecem uma
boa mecânica postural, tais como os que podem ser identificados na Figura 3.
77
Elevação do ombro que segura o cliente na zona pélvica ou supra cavado poplíteo,
realizando desta forma pequenos movimentos de torção que também estão
contraindicados;
Flexão da coluna;
78
A auxiliar de ação médica que fica na região das escápulas do cliente não cumpre
o afastamento ligeiro das pernas, o que resulta numa má estabilidade a segurar o
cliente havendo suporte indevido a nível dos antebraços ou região axilar;
A técnica de transferência apresenta várias lacunas face às posturas adotadas, tal como
se pode visualizar na Figura 5. Passamos a referi-las:
Alcances excessivos.
79
A flexão da coluna está muitas vezes relacionada com o facto de os clientes não serem
segurados firmemente, tal como se verifica na Figura 5 (apenas região axilar quer o cliente
consiga ou não efetuar carga nos membros inferiores), o que leva a um impacto
considerável na força exercida pelas participantes na execução da transferência.
Não existindo uma flexão ou existindo uma flexão insatisfatória da articulação dos joelhos
e da anca das participantes, para que a força exercida seja transferida para os músculos
das pernas e das ancas, pensa-se que será mais favorável que os membros superiores
dos clientes se apoiem nas participantes na zona pélvica das mesmas e não a nível da
cervical, o que pode provocar LMERT facilmente.
80
Uma boa base de sustentação é relevante, mas nem sempre é executada na sua
plenitude para que se consiga abranger os membros inferiores dos clientes (fixação lateral
a nível dos joelhos ou frontal que previna a falta de força e a queda do cliente) e para
permitir o equilíbrio da participante que executa a correção do posicionamento assim
como da distribuição do peso.
Tabela 9 - Distribuição das participantes conforme a Avaliação da Eficácia das Sessões de Formação
(n=6)
Nada útil 0 0
Pouco útil 0 0
81
Útil 2 33,3
Nada útil 0 0
Pouco útil 0 0
Útil 1 16,7
Nada útil 0 0
Pouco útil 0 0
Útil 1 16,7
Nada útil 0 0
Pouco útil 0 0
Útil 4 33,3
Nenhum 0 0
Pouco 0 0
Algum 2 33,3
Bastante 4 66,7
Por sua vez, quando o tempo para realização da tarefa se encontra atrasado, apenas
16,3% refere que aplica os conhecimentos adquiridos, o que contrasta com a resposta
negativa de 83,6% das participantes (Questão 6).
82
Ainda na mesma tabela e para a mesma questão, podemos ver que a presença do
investigador influencia 50% das participantes na aplicação de conhecimentos adquiridos,
sendo que a mesma percentagem afirma que a presença do mesmo não altera o seu
comportamento.
Trabalho a pares ni %
Sim 6 100
Não 0 0
Trabalho individual
Sim 6 100
Não 0 0
Na presença de investigador
Sim 3 50
Não 3 50
Sim 1 16,3
Não 5 83,7
Sim 6 100
Não 0 0
83
frente do outro, sendo ambos referidos por 50% da amostra. Por sua vez dois aspetos
foram referidos apenas por 16,3% da amostra, são eles o afastar pernas ligeiramente de
forma a aumentar a base de sustentação e o segurar firmemente o cliente pela zona
escapular, pélvica e/ou supra cavado poplíteo. Todos os restantes aspetos foram
referidos por 33,3% da amostra (Tabela 11).
Sim 3 50
Não 3 50
Sim 2 33,3
Não 4 66,7
Sim 2 33,3
Não 4 66,7
Sim 4 66,7
Não 2 33,3
Sim 1 16,3
Não 5 83,7
Sim 3 50
Não 3 50
Sim 2 33,3
84
Não 4 66,7
Sim 2 33,3
Não 4 66,7
Sim 1 16,3
Não 5 83,7
Sim 2 33,3
Não 4 66,7
Motivo das
dificuldades
sentidas
Inadequação ou
Associados ao Posturas Trabalho Caracteristicas Antecedente
Falta de tempo insuficiência de
cliente inadequadas autónomo antropométricas clínicos
formação
85
Os fatores de risco físicos e biomecânicos foram referidos por todas as participantes
do estudo, existindo referências a fatores associados ao cliente, tais como a condição
física e clínica, que estão inteiramente relacionados com o grau de dependência que os
clientes de uma UCCILDM apresentam, de que são exemplo:
Por sua vez, o discurso das participantes também aponta para as posturas inadequadas,
nomeadamente a dificuldade em efetuar o ajuste da altura da cama à articulação da
coxofemoral, que leva a posturas de risco para o desenvolvimento de LMERT:
“É difícil quando estou com uma pequena, ela diz que estou a erguer muito.” Q6
“Falta de tempo.” Q2
Por último, foram referidas por quatro participantes fatores de risco de natureza
individual, nomeadamente a inadequação ou insuficiência de formação, caraterísticas
antropométricas, antecedentes clínicos, de que são exemplo:
“É difícil porque é o hábito, quando estou concentrada para fazer as coisas aí sim, (…)”Q6
86
“Já tenho problemas da coluna, (…).”Q5
Tabela 12 - Distribuição das participantes conforme a pertinência das sessões de formação para a
prevenção de LMERT (n=6)
Nada útil 0 0
Pouco útil 0 0
Útil 1 16,7
Quanto à pertinência das formações (Questão 9), 100% da amostra considera que os
conhecimentos adquiridos podem influenciar bastante na diminuição da intensidade da
sua dor no final do dia de trabalho.
De uma forma geral, quanto aos aspetos ergonómicos e posturais podemos dizer que
apenas o aspeto “afasta pernas ligeiramente (aumenta a base de sustentação)” é o único
que é executado por 100% da amostra em todas as mobilizações estudadas, embora
33,3% mencione ter dificuldade na sua aplicação. Isto leva-nos a questionar se a sua
aplicação é um ato consciente ou inconsciente, e se é inconsciente se se deve ou não a
um treino que se tornou hábito.
Por sua vez, “Evita alcances excessivos”, é cumprido por 100% da amostra em todas as
mobilizações com a exceção do “transferir o cliente da cama para cadeirão e vice-versa”,
que embora seja aplicado por todas as participantes, apenas 66,7% (n=4) a executa
adequadamente e 33,3% comete lapsos em parte da mobilização, que se verifica
87
aquando do aproximar ao cadeirão ou cama por mau posicionamento dos mesmos, e pelo
fato destes não possuírem braços amovíveis.
88
Posicionar o cliente em decúbito lateral
Esta mobilização é a que apresenta maior índice de não aplicação dos aspetos
ergonómicos e posturais, nomeadamente no deslocamento do seu peso de acordo com
o movimento que está a executar, em que 66,7% não o executa, e que, nenhuma das
participantes o aplica corretamente (0%); o cliente não é seguro firmemente (50%) e não
são utilizados equipamentos auxiliares por 83,3% das participantes.
Apesar destes baixos resultados face a estes aspetos, 100% evita alcances excessivos e
afasta as pernas ligeiramente. Com resultados favoráveis temos ainda o ajustar a cama
à articulação da coxofemoral, evitar movimentos de torção em torno do eixo vertical e
colocação de um pé ligeiramente à frente do outro. A utilização dos músculos das pernas
e ancas, e segurar os clientes firmemente, é executado de forma correta por 33,3%, das
quais 16,7% utiliza equipamentos auxiliares. Ainda 33,4% não apresenta coluna em
posição ereta face à sua curvatura normal e 16,7% não utiliza os músculos das pernas e
das ancas.
89
todos estes aspetos em que a percentagem de sucesso não foi de 100%, as restantes
participantes aplicaram-nos de forma inadequada, mas nenhuma o deixou de tentar
aplicar de forma correta.
Pelo contrário, 100% das participantes não utiliza equipamentos auxiliares, 50% não
ajusta a altura da cama à articulação da coxofemoral, sendo que apenas 16,7% o aplica
devidamente.
Nesta mobilização, 100% das participantes evita alcances excessivos, evita movimentos
de torção em torno do eixo vertical do corpo e afasta pernas ligeiramente. Para a
apresentação da coluna em posição ereta e deslocação do seu peso de acordo com o
movimento que está a executar 83,3% das participantes o faz corretamente, porém 16,7%
das participantes não desloca o seu peso de acordo com o movimento que está a
executar.
Das participantes, 66,7% evita alcances excessivos e segura firmemente o cliente, sendo
que as restantes não o aplicam na sua plenitude durante toda a transferência.
Nesta mobilização 100% das participantes evita alcances excessivos, evita movimentos
de torção em torno do eixo vertical do corpo, afasta as pernas ligeiramente e coloca um
pé ligeiramente à frente do outro. Enquanto para o deslocamento do seu peso de acordo
com o movimento que está a executar 83,3% o faz corretamente e 16,7% não o faz, isto
porque se verifica que a participante levanta o pé mais distal do sentido em que se
desloca, ou seja, existe o deslocamento do peso, mas ao levantar uma das bases de
sustentação existe um desequilíbrio e sobrecarga para a base completamente apoiada.
90
Quanto à coluna em posição ereta, 66,6% das participantes executa-o de forma correta,
mas 16,7% apresenta em apenas parte da mobilização e 16,7% não apresenta coluna
ereta.
Os músculos das pernas e das ancas são utilizados adequadamente por 50% das
participantes, enquanto as restantes 50% apresenta uma flexão ligeira, isto é, não o
estritamente necessário, ou executam uma flexão da articulação da coxofemoral superior
à dos joelhos, o que leva a uma sobrecarga na articulação lombo sagrada. O segurar
firmemente comporta-se da mesma forma, em que as participantes que não o executam
adequadamente se deve ao facto de colocarem as mãos do cliente sobre a sua cervical,
ou por numa fase inicial aproximarem o cliente para si pelos punhos.
Mais uma vez, nesta mobilização não são utilizados equipamentos auxiliares (100% não
aplica).
91
Tabela 13 - Análise Postural e Ergonómica em Saúde
Método de Mobilização
Corrigir
Mobilizar o cliente no Mobilizar o cliente no Mobilizar/sentar o Transferir o cliente da posicionamento de um
Aspetos Posturais e Posicionar o cliente
sentido da largura da sentido ascendente ou cliente na beira da cama para cadeirão e cliente no
Ergonómicos em decúbito lateral
cama descendente da cama cama vice-versa cadeirão/cadeira de
rodas
Ajusta altura da cama à 66,7 33,3 0 66,7 33,3 0 66,7 33,3 0 16,7 33,3 50 16,7 83,3 0
articulação da
coxofemoral
Apresenta coluna em 66,7 33,3 0 33,3 66,7 0 33,3 33,3 33,4 66,7 33,3 0 83,3 16,7 0 66,6 16,7 16,7
posição ereta face à
sua curvatura normal
Evita alcances 100 0 0 100 0 0 100 0 0 100 0 0 66,7 33,3 0 100 0 0
excessivos
Evita movimentos de 83,3 16,7 0 100 0 0 66,7 33,3 0 83,3 16,7 0 100 0 0 100 0 0
torção em torno de eixo
vertical do corpo
Afasta pernas 100 0 0 100 0 0 100 0 0 100 0 0 100 0 0 100 0 0
ligeiramente (Aumenta
base de sustentação)
Coloca um pé 83,3 16,7 0 83,3 16,7 0 66,7 33,3 0 100 0 0 100 0 0 100 0 0
ligeiramente à frente do
outro
Utiliza os músculos das 50 50 0 16,7 66,6 16,7 33,3 50 16,7 50 50 0 50 33,3 16,7 50 50 0
pernas e das ancas
(flexão e extensão dos
joelhos)
Desloca o seu peso de 50 33,3 16,7 66,7 33,3 0 0 33,3 66,7 83,3 16,7 0 83,3 0 16.7 83,3 16,7 0
acordo com o
movimento que está a
executar
Segura firmemente o 33,3 50 16,7 83,3 16,7 0 33,3 16,7 50 100 0 0 66,7 33,3 0 50 50 0
cliente (zona
escapular, pélvica e/ou
supra cavado poplíteo)
Utiliza equipamentos 50 0 50 0 0 100 16,7 0 83,3 0 0 100 0 0 100 0 0 100
auxiliares
√ X NA √ X NA √ X NA √ X NA √ X NA √ X NA
92
3.3 - INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ERGONÓMICOS E POSTURAIS
93
lombalgias, uma vez que a força exercida se dá a nível da coluna lombar, muitas vezes
em flexão, e não a nível dos membros inferiores, não existindo portanto transferência de
peso para os mesmos (Portugal, 2007).
Esta dificuldade foi mencionada por 33,3% das participantes, não sendo relatado pelas
mesmas nenhum motivo para a sua dificuldade. Isto leva-nos a refletir, que as
participantes julgam ter os conhecimentos necessários para executarem as suas tarefas
laborais sem correrem riscos de desenvolvimento de LMERT. Certo é que a nível de
aplicação prática, a dificuldade é apresentada por uma maior percentagem de
participantes. Em quatro das mobilizações analisadas 50% executa de forma correta,
33,3% para mobilizar cliente no sentido ascendente ou descendente da cama e ainda
16,7% no posicionar cliente em decúbito lateral. Verificando-se as restantes percentagens
tanto para aplicação inadequada como para não aplicação, onde para não aplicação se
verifica 16,7% mobilizar cliente no sentido ascendente ou descendente da cama,
posicionar cliente em decúbito lateral e transferir cliente da cama para cadeirão e vice-
versa.
Ainda no estudo realizado pelos autores supracitados, se refere que entre as atividades
realizadas rotineiramente no trabalho, 58,14% dos profissionais entrevistados referiram a
mobilização do paciente acamado; 44,19% mencionaram a mobilização de materiais,
equipamentos, instrumentos; e 41,86% citaram o transporte de pacientes como atividades
que requeriam esforço físico.
Para este esforço físico, as participantes do nosso estudo referem a dificuldade em ajustar
a altura da cama à articulação da coxofemoral por realizarem mobilizações com
trabalhadoras de alturas diferentes o que lhes dificulta na aquisição de posturas
ergonómicas, muito embora saibam que a cama deva ser ajustada à medida da
colaboradora mais baixa, sendo que a outra terá de efetuar uma maior flexão das
articulações da coxofemoral e joelho, tal como se se tratasse de camas estáticas. Este
aspeto ergonómico e postural foi referido como difícil de aplicar para 50% da população
94
sendo que para a mesma foi referido o motivo de dificuldade: “Quando faço trabalho a
pares, por causa das diferentes alturas.”; “Ajuste da cama direito quando trabalho a pares,
as diferentes alturas dificultam.” e também “É difícil quando estou com uma pequena, ela
diz que estou a erguer muito.”.
Como fator facilitador, pela avaliação da estrutura orgânica do trabalho todas as camas
do serviço em estudo são elétricas, com exceção de uma, o que permite às participantes
o correto ajuste à articulação da coxofemoral sem dificuldades.
De referir ainda que a região lombar, punhos, ombros e pernas foram as regiões corporais
onde a população em estudo refere dor atual, e que as suas tarefas enquanto auxiliares
de ação médica não se prendem só com a prestação de cuidados diretos ao cliente sob
tutoria/supervisão ou colaboração de enfermeiro, mas também com a limpeza das áreas
do cliente, áreas comuns, transporte de roupas e lixos, e administração de refeições.
95
Por sua vez, a atividade de transporte e transferência de cliente é fator contribuinte e,
pode-se dizer decisivo, na ocorrência de lesões osteomusculares, destacando-se como
um dos mais importantes problemas ergonómicos que ocorrem dentro no ambiente
hospitalar.
O estudo de Morandi [et al.], 2015 evidencia também que há uma grande sobrecarga de
esforço físico ao se elevar ou transferir clientes acamados de um determinado ambiente
para outro, ou de uma cama para uma cadeira de rodas, por exemplo.
Note-se que o esforço físico excessivo aplicado na transferência de clientes (da cama
para uma cadeira ou da maca para a cama) sobrecarrega regiões do corpo, sendo a
região superior e inferior das costas, ombros e cervical, as que apresentaram maiores
lesões. Depreende-se então, que a falta de equipamento auxiliar de mobilização
adequado causa efeitos nocivos à estrutura física do profissional a médio e a longo prazo
(Morandi [et al.], 2015).
Refletindo a respeito das ocorrências de afastamentos, esse número poderia ser reduzido
com maiores investimentos em equipamento auxiliar voltado ao profissional, sendo que,
ao adquirir equipamentos, como os de transferência citados, a tendência é que os
profissionais sofram menos desgaste físico tornando-se mais produtivos em seus campos
de atuação (Morandi [et al.], 2015).
Contudo, como podemos ver pela Tabela 13, apenas são utilizados equipamentos
auxiliares em dois dos posicionamentos: 50% das participantes na mobilização no sentido
da largura da cama, e 16,7% utilizam na mobilização no sentido ascendente ou
descendente da cama, sendo que as restantes participantes não utilizam e que nos outros
posicionamentos analisados nenhuma das participantes os aplica, o que pode levar a um
maior risco de desenvolvimento de LMERT.
96
O primeiro fator decisivo para que equipamentos, clientes e profissionais de saúde
possam “conviver em harmonia”, é a adequada estruturação do ambiente hospitalar,
possibilitando o receção dos equipamentos de transferência, sua circulação entre os
diversos setores e as camas (Alexandre e Rogante, 2000).
Estes fatores, por sua vez, foram mencionados apenas por duas participantes, fazendo
referência à falta de tempo para a realização da tarefa e o trabalho autónomo: “Trabalho
mais autónomo, não fazer a pares.”, “Falta de tempo.” e “Falta de coordenação,
colaboração nos posicionamentos, transferências, higiene, tanto de enfermeiros como
colegas.”.
De acordo com Magnago [et al.] (2010, p. 145) “A aceleração no ritmo de trabalho, devido
à sobrecarga de atividades (deficit de pessoal, número e gravidade dos pacientes),
também é um agravante e pode levar o trabalhador de enfermagem à adoção de posturas
inadequadas (…), sendo fator de risco para dor em regiões centrais”. Ou seja, o ritmo de
trabalho com que o profissional se depara está relacionado com tempos de execução de
97
uma determinada tarefa, que por sua vez interfere com a jornada de trabalho, atrasando-
a. Assim, a análise ergonómica e postural que nos propusemos realizar face à
mobilização de clientes é comum aos profissionais de enfermagem e às AAM, refletindo-
se na atividade laboral das mesmas.
Moreira e Mendes (2005) referem no seu estudo, que a maioria dos profissionais de
enfermagem entrevistados (65,12%) referiu trabalhar, na maior parte do tempo, em ritmo
acelerado; 32,56% em ritmo normal de trabalho; e 2,32% em ritmo lento. Estando o ritmo
de trabalho relacionado com a carga de trabalho (física e psíquica), os profissionais que
trabalham em ritmo acelerado (65,12%) estão sujeitos a sobrecarga de trabalho. Ou seja,
as participantes do nosso estudo ao terem de realizar as suas tarefas com maior rapidez
por falta de tempo para as concluir, correm mais riscos de desenvolver LMERT, o que vai
de encontro ao que as mesmas referem em não ter em atenção a sua postura quando o
tempo para realização da tarefa está atrasado (83,3%).
Segundo Serranheira, [et al.] (2009), a postura da coluna vertebral em que se efetuam a
mobilização e transferência de clientes, o peso dos clientes, a distância e a duração desse
posicionamento e/ou transferência, juntamente com as componentes espaciais, como os
espaços físicos em que decorrem as manobras de levantamento, transferência e
mobilização de clientes, as exigências organizacionais colocadas aos profissionais, como
98
o número de clientes a tratar, e a existência ou a falta de equipamentos de apoio à
movimentação/transferência de clientes.
Por último, foram referidas por quatro participantes fatores de risco de natureza
individual, nomeadamente a inadequação ou insuficiência de formação, caraterísticas
antropométricas, antecedentes clínicos: “Dificuldade em educar o corpo, (…) a ter postura
mais ergonómica.”; “Não tenho jeito para dança/bailando.”; “Esquecimento, o hábito é
mais forte a fazer o contrário.”; “(…) o esquecimento é mais forte, é algo inconsciente.”;
“É difícil porque é o hábito, quando estou concentrada para fazer as coisas aí sim, (…)”;
“Medo de magoar o doente (…).”; “Elevador nunca usei.” e “Já tenho problemas da coluna,
(…).”.
99
100
CAPÍTULO V - CONCLUSÕES E SUGESTÕES
101
102
É frequente ouvir-se que os profissionais de saúde, em geral, referem que se encontram
insatisfeitos com o tipo de cuidados que prestam, com os recursos materiais e humanos
de que dispõem, com a remuneração que auferem e com as relações que estabelecem
com os clientes ou com os restantes membros da equipa multidisciplinar.
Optamos pela escolha deste tema, pois estas queixas são uma constante por parte das
AAM, e sendo estes alguns dos fatores de risco para o desenvolvimento das LMERT,
torna-se de elevada relevância o estudo dos fatores de risco que levam às mesmas, numa
perspetiva de prevenção e promoção de saúde, e a diminuição ou desaparecimento dos
sintomas já instalados, uma vez que a Enfermagem de Reabilitação pode atuar nos três
níveis de prevenção.
As LMERT são uma das queixas mais comuns relacionadas ao trabalho, afetando milhões
de trabalhadores e custando bilhões de euros aos empregadores. Diversas causas foram
identificadas: fatores de risco físicos e psicossociais como movimentos repetitivos,
levantamento de cargas, flexão e torção frequentes, exposição ao frio e tempo de
recuperação insuficiente, bem como fatores de risco psicossociais (Eurofound, 2016).
O presente estudo foi elaborado com o intuito de proceder à prevenção das Lesões
Músculo-Esqueléticas Relacionadas com o Trabalho (LMERT) em Saúde e à promoção
da saúde dos trabalhadores da Unidade de Cuidados Continuados Integrados de Longa
Duração e Manutenção (UCCILDM).
103
Assim, foi possível perceber que as condições e caraterísticas do trabalho atual que
podem desencadear LMERT, nos profissionais de saúde desta UCCILDM, estão
relacionadas com fatores de naturezas distintas, nomeadamente: caraterísticas do
ambiente físico, bem como os constrangimentos de natureza biomecânica, organizacional
e psicossocial e individual. De onde se destacam os de natureza biomecânica, associados
à natureza individual relativos à falta de formação para a função que desempenham.
Riscos relacionados à postura são os mais prevalentes na Europa e entre eles destacam-
se: posições cansativas, levantamento de pessoas, transporte de cargas pesadas e
movimentos repetitivos (Eurofound, 2016).
Serranheira, [et al.] (2009) referem, que as LMERT nos profissionais de saúde estão
relacionadas com o movimento de flexão da coluna lombo-sagrada durante a prestação
de cuidados, e que a prevenção passa pela implementação de sistemas de transferência
de clientes, que se manifesta na redução de queixas e de absentismo laboral.
Porém, podem ser consideradas estratégias ineficazes na medida em que são utilizadas
na presença do desconforto e não alteram a origem dos problemas, o que permite manter
a incidência das LMERT, pois as posturas adotadas durante a mobilização de clientes
não são adequadas a maioria das vezes, seja por gestão de organização de tempo para
realização de tarefas e a entreajuda entre equipa multidisciplinar, em especial equipa de
enfermagem e de auxiliares de ação médica; quer pelos fatores individuais, onde se
sobressai a escassa formação sobre os riscos que correm no exercício da sua atividade
profissional e quais as posturas ergonómicas que devem ser adotadas.
104
De salientar que, neste contexto de trabalho, existem estratégias que se revelam
facilitadores para a minimização de constrangimentos organizacionais, sendo elas: a folha
das disponibilidades e a possibilidade de troca de turnos entre os elementos da equipa.
Palmilhamos um percurso no qual o objetivo central era abranger uma realidade dos
cuidados pouco estudada neste âmbito. O estudo permitiu-nos refletir sobre a importância
da informação e formação sobre os riscos, e formação para aquisição de posturas
corretas durante os posicionamentos e transferências de clientes, uma vez que a partir
dos dados empíricos compreendemos o porquê das AAM correrem elevados riscos no
desenvolvimento de LMERT.
O pouco tempo para realização do estudo, foi outro dos constrangimentos pessoais com
que nos deparamos, o que nos levou a um ritmo de trabalho intenso limitando-nos os
períodos de reflexão.
105
O Enfermeiro Especialista de Reabilitação tem, entre outras, competências no domínio
da melhoria da qualidade, competências do domínio da gestão dos cuidados e
competências do domínio do desenvolvimento das aprendizagens profissionais. Onde as
competências do domínio do desenvolvimento das aprendizagens profissionais
correspondem à responsabilização por ser o elemento facilitador da aprendizagem, em
contexto de trabalho, na área da Enfermagem de Reabilitação, além de formular e
implementar políticas, padrões e procedimentos para a prática especializada no ambiente
de trabalho (OE, 2011a).
Atendendo a este conjunto de informação, e uma vez que a finalidade deste trabalho era
direcionado à prevenção da doença e promoção da saúde neste local de trabalho, ficou
claro que estão em falta intervenções que visem a melhoria da organização das tarefas
por parte dos profissionais de saúde e a minimização das exigências físicas através da
aquisição de equipamentos auxiliares de mobilização; a contratação sempre que possível
de profissionais qualificados para a área de atuação laboral para a qual são contratados,
na medida em que minimiza riscos de LMERT e absentismo, levando deste modo a maior
rendimento e satisfação laboral.
No que respeita à formação, esta deve ser efetuada numa lógica participativa
(Serranheira, Uva e Leite, 2012) e interdisciplinar que se distancia da “formação
tradicional” cujo objetivo é promover o debate das diferentes soluções sob o ponto de
vista dos trabalhadores (Araújo, s.d.). Portanto, trata-se de uma formação dirigida aos
profissionais de saúde onde se inclui os superiores hierárquicos, enquanto momento de
reflexão, sobre as condições e caraterísticas do trabalho atual, e de negociação de
estratégias para a minimização do efeito dos constrangimentos organizacionais.
Chegamos a este ponto com a satisfação de termos conseguido atingir os objetivos a que
nos propusemos, onde após aquisição de conhecimentos sobre o risco de
desenvolvimento de LMERT e aquisição de posturas mais ergonómicas aquando da
mobilização de clientes (objetivos específicos) nos conduziram ao sucesso no atingimento
dos objetivos gerais (conhecer as posturas adotadas pelas AAM aquando dos
posicionamentos e transferências de clientes; e promover mudanças ao nível das
posturas adotadas durante os posicionamentos e transferências de clientes), como
também pela oportunidade de enriquecimento pessoal e profissional.
106
Como propostas de atuação referimos a pertinência de alargar esta investigação a toda
a equipa multidisciplinar, uma vez que várias vezes ao longo do estudo se depreendia
que mesmo profissionais de saúde com formação superior, por exemplo os enfermeiros,
apresentam hábitos que devem ser modificados, sendo fundamental a sua correção
postural durante a mobilização de clientes. Propomos também, a construção e
desenvolvimento de instrumento de avaliação postural validado.
107
108
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
109
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publications/publications/factsheets/28/view>
110
BARROS, A., [et al.] – Manual de Boas Práticas em Saúde Ocupacional: Posturas de
trabalho/ Movimentação Manual de Cargas. [Em linha].[s.d.:s.l.], 2004. p. 5.
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<URLhttps://www.eurofound.europa.eu/sites/default/files/ef_publication/field_ef_docume
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review of working conditions in the EU 2006- 2007.[em linha]. Luxembourg: Office for
Official Publications of the European Communities, 2007 [Consultado 05 de dezembro de
2016]. Disponível em WWW:
<URLhttp://www.eurofound.europa.eu/sites/default/files/ef_files/docs/ewco/tn0702028s/t
n0702028s.pdf>
112
GURGUEIRA, G.P.; ALEXANDRE, N.M.C.; FILHO, H.R.C. – Prevalência de sintomas
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Enfermagem, Vol. 11, nº 5 (2003), p. 608-13.
http://www.cdi.ensp.unl.pt/docbweb/multimedia/rpsp2006-t/e-03-2006.pdf>
113
MACHADO, A.R.C.; ARAÚJO, C.A.C. – As perturbações músculo-esqueléticas no
trabalho em saúde: as dimensões organizacional e psicossocial. Revista Investigação
em Enfermagem, nº 10, série 2 (2015), p. 17-25.
114
ORDEM DOS ENFERMEIROS – Cuidados à pessoa com alterações da mobilidade:
Posicionamentos, Transferências e Treino de Deambulação. Cadernos OE, Série 1, n.º
7, 2013. ISBN - 978-989-8444-24-0
PORTUGAL – Governo de Portugal - Boletim do Trabalho e Emprego, n.º 31, Vol. 32,
22/8/2015, p. 2573 a 2578.
115
Orientação Técnica N.º1”, Lisboa: Ministério da Saúde, Fevereiro 2010 [Consultado 22
Dezembro 2015]. Disponível em WWW: <URLhttps://www.dgs.pt/saude-
ocupacional/documentos-diversos/gestao-dos-riscos-profissionais-nos-
estabelecimentos-de-saude-pdf.aspx>
116
Saúde Ocupacional [Consultado 26 de agosto 2016]. Disponível em WWW: <URL
https://run.unl.pt/bitstream/10362/2735/1/Florentino_Serranheira_-
_Tese_Doutoramento_total_2007.pdf>
117
SERRANHEIRA, F; UVA, A.- Identificação e Avaliação do Risco de LMERT: Colóquio
Internacional de Segurança e Higiene Ocupacionais. Guimarães: Escola de
Engenharia, Universidade do Minho, 2007.
118
ANEXOS
119
120
Anexo I - Pedido de autorização
121
122
Exmo. Senhor Presidente da
Eu, Ana Filipa Belo Nobre, enfermeira desta Unidade de Cuidados Continuados e
Integrados, exercendo funções no serviço de Longa Duração e Manutenção encontro-me
a frequentar o Mestrado de Enfermagem de Reabilitação, na Escola Superior de Saúde
do Instituto Politécnico de Viana do Castelo.
Sendo prestadora de cuidados no serviço supracitado, penso poder retirar deste trabalho
contributos importantes para a prática desenvolvendo os seguintes objetivos específicos:
Este trabalho é orientado pela Doutora Clara de Araújo, docente da Escola Superior de
Saúde do Instituto Superior Politécnico de Viana do Castelo.
Para a recolha de dados pretendo capturar fotografias para análise de posturas, realizar
um questionário sociodemográfico e clínico, elaborar várias sessões: (coletiva) de
esclarecimento sobre o que pretendo com este estudo, formação (coletiva) sobre
conceitos básicos para minimização de posturas de risco e formações (individuais)
durante a prestação de cuidados in loco.
123
Em ambas as fases, as sessões coletivas terão a duração média de trinta a quarenta e
cinco minutos e as individuais decorrerão em horário laboral. A recolha de fotografias e
os dados obtidos no questionário serão tratados de uma forma confidencial. Também será
garantido a todas as auxiliares de ação direta, através do consentimento informado, que
a sua participação é voluntária, nunca sendo prejudicadas no caso de não participarem.
Assim, venho por este meio solicitar que me seja autorizada a aplicação dos referidos
instrumentos às AAM, sendo que entrego a versão final da Dissertação em substituição
do projeto que vos apresento.
Certa de um parecer favorável ao meu pedido agradeço, desde já, a atenção dispensada.
Melhores cumprimentos,
Ana Nobre
Data ___/___/___
124
Anexo II - Questionário sociodemográfico e clínico
125
126
INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE VIANA DO CASTELO - ESCOLA
SUPERIOR DE SAÚDE
DADOS SÓCIO-DEMOGRÁFICOS
1. Idade _______ Anos.
2. Género ☐ Feminino ☐ Masculino
3. Peso _______ Quilogramas
4. Altura _______ Metros
5. Estado civil
☐ Solteiro(a) ☐ Casado(a) ☐ União de facto
☐ Divorciado(a) ☐ Viúvo(a)
6. Habilitações literárias
☐ Ensino primário
☐ Ensino Superior
9. Tipo de contrato
☐ A termo ☐ Sem termo
☐ Indeterminado ☐ Outro
127
10. Exerce funções como auxiliar há quanto tempo
☐ Menos de 6 meses ☐ 6 Meses a 1 ano
DADOS CLÍNICOS
11. Antes de exercer a sua função atual, sentia dores no final do dia de trabalho?
☐ Sim ☐ Não
11.1. Se sim, onde?
☐ Cervical ☐ Dorsal ☐ Lombar
☐ Ombros ☐ Pulsos ☐ Pernas
☐ Outras
12. Atualmente, após a jornada de trabalho sente dores devido às funções que exerce?
☐ Sim ☐ Não
12.1. Se sim, onde?
☐ Cervical ☐ Dorsal ☐ Lombar
☐ Ombros ☐ Pulsos ☐ Pernas
☐ Outras
13. Atualmente toma alguma medicação para diminuir a dor que sente?
☐ Sim ☐ Não
14. Antes de exercer a sua função atual, sentia fadiga no final do dia de trabalho?
☐ Sim ☐ Não
15. Durante a jornada de trabalho usa dispositivos para diminuir/prevenir lesões e/ou
dor?
☐ Sim ☐ Não
128
☐ 1 Semana ☐ Mais de 1 semana
17. Por favor, assinale com uma cruz na escala a intensidade da(s) sua(s) dor(es) nos
últimos sete dias.
129
130
Anexo III - Consentimento informado
131
132
CONSENTIMENTO INFORMADO, LIVRE E ESCLARECIDO PARA PARTICIPAÇÃO
EM INVESTIGAÇÃO
de acordo com a Declaração de Helsínquia1 e a Convenção de Oviedo2
Por favor, leia com atenção a seguinte informação. Se achar que algo está incorreto ou
que não está claro, não hesite em solicitar mais informações. Se concorda com a
proposta que lhe foi feita, queira assinar este documento.
Declaro ter lido e compreendido este documento, bem como as informações verbais que
me foram fornecidas pela enfermeira Ana Nobre. Foi-me garantida a possibilidade de, em
qualquer altura, recusar participar neste estudo sem qualquer tipo de consequências.
Desta forma, aceito participar neste estudo e permito a utilização dos dados que de forma
voluntária forneço, confiando em que apenas serão utilizados para esta investigação e
nas garantias de confidencialidade e anonimato que me são dadas pela investigadora.
Nome Participante:_____________________________________________________
Assinatura: ___________________________________________________________
Data: ___/___/___
1http://portal.arsnorte.min-
saude.pt/portal/page/portal/ARSNorte/Comiss%C3%A3o%20de%20%C3%89tica/Ficheiros/Declaracao_Helsinquia_2008.pdf
2 http://dre.pt/pdf1sdip/2001/01/002A00/00140036.pdf
133
134
Anexo IV – Brochura “Prevenção das lesões músculo-esqueléticas: posturas a adotar”
135
136
137
138
139
140
141
142
Anexo V - Checklist: análise postural e ergonómica em saúde
143
144
Checklist – Análise Postural e Ergonómica em Saúde
Técnicas de Mobilização
Corrigir
Mobilizar o cliente no Mobilizar o cliente no Mobilizar/sentar o Transferir o cliente da posicionamento de um
Aspetos Ergonómicos Posicionar o cliente
sentido da largura da sentido ascendente ou cliente na beira da cama para cadeirão e cliente no
e Posturais em decúbito lateral
cama descendente da cama cama vice-versa cadeirão/cadeira de
rodas
Ajusta altura da cama à
articulação da
coxofemoral
Apresenta coluna em
posição ereta face à
sua curvatura normal
Evita alcances
excessivos
Evita movimentos de
torção em torno de eixo
vertical do corpo
Afasta pernas
ligeiramente (Aumenta
base de sustentação)
Coloca um pé
ligeiramente à frente do
outro
Utiliza os músculos
das pernas e das ancas
(flexão e extensão dos
joelhos)
Desloca o seu peso de
acordo com o
movimento que está a
executar
Segura firmemente o
cliente (zona
escapular, pélvica e/ou
supra cavado poplíteo)
Utiliza equipamentos
auxiliares
PREENCHIMENTO: NA – não aplicado √ - se presente X – aplicado inadequadamente
145
146
Anexo VI - Questionário de avaliação da eficácia das sessões de formação
147
148
INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE VIANA DO CASTELO - ESCOLA
SUPERIOR DE SAÚDE
149
3. Considera que estas sessões de formação foram úteis para o seu
desenvolvimento pessoal?
☐ Na presença de investigador
150
☐ Ajustar altura da cama à anca
☐ Utilizar os músculos das pernas e das ancas (flexão e extensão dos joelhos)
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
151
9. Considera que os conhecimentos adquiridos nestas formações podem levar à
diminuição da intensidade da sua dor no final do dia de trabalho?
152