Carlos José Da Silva Tavares

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Instituto Politécnico de Coimbra

Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra

A APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA COM A SAÚDE E A

ATIVIDADE FÍSICA COMO PREDITORES DA QUALIDADE DE

VIDA RELACIONADA COM A SAÚDE EM ADULTOS JOVENS

Dissertação elaborada com vista à obtenção do Grau de Mestre em Fisioterapia, na


especialidade do Movimento Humano

Orientador: Doutor Rui Miguel Monteiro Soles Gonçalves

Co-orientador: Doutor Raul Agostinho Simões Martins

Carlos José da Silva Tavares

2013
Instituto Politécnico de Coimbra

Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra

A APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA COM A SAÚDE E A

ATIVIDADE FÍSICA COMO PREDITORES DA QUALIDADE DE

VIDA RELACIONADA COM A SAÚDE EM ADULTOS JOVENS

Dissertação elaborada com vista à obtenção do Grau de Mestre em Fisioterapia, na


especialidade do Movimento Humano

Orientador: Doutor Rui Miguel Monteiro Soles Gonçalves

Co-orientador: Doutor Raul Agostinho Simões Martins

Carlos José da Silva Tavares

2013
“A coisa mais indispensável a um homem
é reconhecer o uso que deve fazer
do seu próprio conhecimento.”

Platão (427 a.C. – 347 a.C.)


RESUMO

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS: O fisioterapeuta é um profissional que presta serviços de


saúde a indivíduos e populações com o objetivo de desenvolver, manter e restaurar o
movimento e a capacidade funcional máxima ao longo da vida. Os programas de
prevenção primária e secundária têm como principal objetivo a promoção da saúde,
devendo centrar-se na consolidação da relação entre a saúde e os componentes
fisiológicos da aptidão física relacionada com a saúde (ApFRS). O presente estudo
teve como principal objetivo estimar a contribuição das caraterísticas individuais, dos
componentes da ApFRS e da atividade física (AF) no estado de saúde de adultos
jovens. Foram ainda objetivos do estudo avaliar a contribuição das caraterísticas
individuais e de cada componente da ApFRS na ApFRS de adultos jovens e estudar
as diferenças significativas entre os diferentes grupos género, tabagismo, hipertensão,
dislipidémia, glicémia em jejum alterada, obesidade, sedentarismo, colesterol HDL
elevado e estratificação do risco de doença cardiovascular (DCV) relativamente às
variáveis correspondentes às caraterísticas individuais, estado de saúde e ApFRS.
MATERIAL E MÉTODOS: Foram avaliados 146 adultos jovens (idade 20,1 ± 2,4 anos,
peso 61,8 ± 10,5 kg, estatura 165,3 ± 7,4 cm). O protocolo de avaliação incluiu o
preenchimento de um questionário de caraterização e dos questionários MOS Short
Form Health Survey – 36 Item (SF-36) e o International Physical Activity Questionnaire
(IPAQ). A bateria de testes para avaliação da ApFRS incluiu a avaliação da
composição corporal: rácio cintura/anca (RCA) e percentagem de massa gorda
(%MG); aptidão cardiorrespiratória (ACR): teste do degrau (TD); força muscular: força
de preensão manual (FPM); resistência muscular: teste de força de braços (TFB) e
teste de força abdominal (TFA) e flexibilidade: teste do sentar e alcançar (TSA).
RESULTADOS: Embora a AF seja preditora da qualidade de vida relacionada com a
saúde (QVRS), só por si não explica muitas das suas dimensões. Os componentes da
ApFRS mostram ser melhores preditores do estado de saúde do que o nível de AF. A
AF afecta a ApFRS, mas esta é muito mais influenciada pelas caraterísticas individuais
e pela inter-relação dos diferentes componentes da ApFRS. O género, dislipidémia,
glicémia em jejum alterada sedentarismo, colesterol HDL elevado e estratificação do
risco de DCV têm um efeito significativo sobre as caraterísticas individuais, QVRS e
ApFRS. CONCLUSÕES: O fisioterapeuta deve individualizar e personalizar cada
programa de exercícios em função de cada indivíduo ou população específica, com ou
sem patologia associada, uma vez que as caraterísticas individuais, ApFRS e AF
interferem no tipo de exercícios indicados para cada indivíduo, e consequentemente
nos resultados esperados do plano de exercícios prescrito.

Palavras-chave: Aptidão física relacionada com a saúde, atividade física, qualidade


de vida relacionada com a saúde, prescrição de exercício.
AGRADECIMENTOS

Dedico a concretização desta tese de mestrado com a mais profunda gratidão a todas
as pessoas que contribuíram para a sua realização, pois todas elas pertencem à
realização deste sonho. A todas elas gostaria de prestar aqui a minha homenagem:

Ao Prof. Doutor Rui Gonçalves, pela forma como sempre me encorajou, pelo rigor,
seriedade, competência técnico-científica e empenho que demonstrou ao longo deste
processo. Agradeço todos os minutos de ansiedade que me fez sentir, pois foi graças
a essa ansiedade que cresci enquanto pessoa e enquanto profissional em busca de
respostas. Todas as palavras seriam poucas para expressar toda a minha gratidão e
reconhecimento daquele que ao longo deste processo foi conselheiro, crítico, mestre,
mas que também soube dar uma palavra amiga nos momentos de angústia. Muito
obrigado.

Ao Prof. Doutor Raul Martins, pelo empenho e disponibilidade demonstrada desde o


primeiro minuto, por ter criado condições que permitiram a recolha de dados, tendo a
sua competência técnico-científica sido fundamental para colocar em prática o estudo
empírico e análise dos resultados. Ser-lhe-ei eternamente grato.

Ao Prof. Doutor Polybio Serra e Silva, pelo apoio, pela disponibilidade e pelas palavras
encorajadoras que ajudaram o arranque deste projecto. Os seus sábios conselhos e
suas ponderadas considerações foram fundamentais no desenho do projeto e na
escolha do caminho a seguir. Nunca esquecerei a serenidade das suas palavras que
me guiaram no início desta caminhada. Aqui manifesto toda a minha gratidão e
apreço.

Ao Prof. Armando Caseiro, pela sua disponibilidade e colaboração na recolha das


amostras sanguíneas. Obrigado.

Aos alunos de ACSP Tiago Luis, Ana Filipa Silva, Ana Filipa Alves, Daniela Almeida,
Carla Oliveira e Lisa Cunha, pelo contributo precioso que deram nas recolhas de
sangue e pelo envolvimento demonstrado neste projeto. Sem o vosso empenho não
teria sido possível realizar esta árdua tarefa. Agradeço cada gota de sangue que
recolheram, de modo tão profissional.

A todos os participantes neste estudo, pela forma solidária e empenhada com que
colaboraram. Foram vocês que tornaram praticável a concretização deste trabalho. O
meu reconhecimento.
À Vera Tomé, por ter sido o meu braço direito, e também o esquerdo muitas das
vezes, por ter demonstrado paciência suficiente para suportar todos os meus
momentos de ausência, mas também por ter reconhecido a importância que este
trabalho teve para mim, tendo-me apoiado de forma incondicional. Também ao
Rodrigo, agradeço todo o carinho que me deu, os seus beijos e abraços e o conforto
das palavras: “Papá, não te preocupes… eu sei que tens que acabar o trabalho!”. A
vós, obrigado pela garra, determinação, compreensão e apoio. Nós conseguimos!

Aos meus pais, pelo facto de me terem ensinado a lutar pelos sonhos e que tudo o
que fazemos na vida deve ser feito com amor… esses valores foram fundamentais na
persecução desta tarefa, que no fundo é também o “reflexo” do vosso “trabalho”. Bem
hajam.

A todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a concretização desta


etapa da minha vida e que não foram aqui referidos, quero dizer que não me
esquecerei do vosso contributo. A todos eterna gratidão.

Por último, mas como habitualmente se diz, os últimos são os primeiros, não consigo
deixar de agradecer a uma pessoa que me ajudou a crescer enquanto profissional,
que me ensinou a amar esta profissão e que me mostrou que a fisioterapia é muito
mais que uma profissão: é uma devoção. Agradeço a capacidade que sempre teve me
fazer sair da zona de conforto, sabendo inquietar e criticar de forma construtiva. Ao
nosso saudoso colega de profissão, professor, mestre e amigo Prof. João Gil,
agradeço respeitosamente e dedico o resultado deste trabalho, sabendo desde já, que
esteja onde estiver, vai dizer: “Não é que o Carlinhos conseguiu!”
ÍNDICE GERAL

RESUMO........................................................................................................... III
AGRADECIMENTOS ......................................................................................... V
ÍNDICE GERAL ................................................................................................ VII
ÍNDICE DE FIGURAS ....................................................................................... IX
ÍNDICE DE TABELAS ....................................................................................... IX
ÍNDICE DE APÊNDICES .................................................................................... X
LISTA DE ABREVIATURAS ............................................................................. XI
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 1

1.1. ENQUADRAMENTO .................................................................................................... 1

1.2. OBJETIVOS ................................................................................................................. 3

1.3. HIPÓTESES ................................................................................................................. 4

2. REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................... 5


2.1. QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA COM A SAÚDE .......................................... 7

2.1.1. MEDIÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA COM A SAÚDE ............. 10

2.2. APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA COM A SAÚDE ................................................... 12

2.2.1. COMPONENTES DA APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA COM A SAÚDE .......... 14

COMPOSIÇÃO CORPORAL ................................................................................... 15


APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA ......................................................................... 15
F ORÇA E RESISTÊNCIA MUSCULAR ..................................................................... 16
F LEXIBILIDADE ................................................................................................... 17

2.2.2. AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA COM A SAÚDE.................. 18

AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL ............................................................... 20


AVALIAÇÃO DA APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA .................................................... 23
AVALIAÇÃO DA FORÇA E RESISTÊNCIA MUSCULAR .................................................. 25
AVALIAÇÃO DA FLEXIBILIDADE .............................................................................. 28

2.3. ATIVIDADE FÍSICA .................................................................................................... 29

2.3.1. AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA................................................................. 30

3. METODOLOGIA .......................................................................................... 31

3.1. AMOSTRA ................................................................................................................. 31

VII
3.2. DESCRIÇÃO DAS MEDIÇÕES REALIZADAS ........................................................... 31

3.2.1. CARATERÍSTICAS INDIVIDUAIS ..................................................................... 31

3.2.2. ESTADO DE SAÚDE......................................................................................... 34

3.2.3. COMPONENTES DA APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA COM A SAÚDE .......... 34

3.2.4. ATIVIDADE FÍSICA ........................................................................................... 38

3.2.5. RISCO DE DOENÇA CARDIOVASCULAR ........................................................ 39

3.3. PROCEDIMENTOS DE TESTE E RECOLHA DE DADOS........................................... 39

3.4. ANÁLISE ESTATÍSTICA ............................................................................. 41

4. RESULTADOS ............................................................................................. 43
5. DISCUSSÃO ................................................................................................ 57
6. CONCLUSÃO .............................................................................................. 71
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 73
8. APÊNDICES ................................................................................................ 85

VIII
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Modelo descritivo das relações entre a aptidão física relacionada


com a saúde, atividade física e saúde …...……………………………… 6

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Caraterísticas da amostra ………………………………………........... 43


Tabela 2 - Coeficientes de correlação entre o estado de saúde e as
caraterísticas individuais, aptidão física relacionada com a saúde e
atividade física (N=146) ………………………………………………… 44
Tabela 3 - Coeficientes de correlação entre as caraterísticas individuais,
aptidão física relacionada com a saúde, atividade física e fatores
de risco de doença cardiovascular (N=146) ………………………….. 45
Tabela 4 - Significância das diferenças no estado de saúde entre grupos com
base nas caraterísticas individuais (N=146) …………………...…….. 46
Tabela 5 - Etapas do modelo de regressão do estado de saúde (N=146) …. 47
Tabela 6 - Coeficientes de correlação entre a aptidão física relacionada com a
saúde, as caraterísticas individuais e a atividade física (N=146) ….. 48
Tabela 7 - Significância das diferenças nos componentes da aptidão física
relacionada com a saúde entre grupos com base nas caraterísticas
individuais (N=146) ……………………………………………………… 49
Tabela 8 - Etapas do modelo de regressão da aptidão física relacionada com
a saúde (N=146) ………………………………………………………… 49
Tabela 9 - Valores do teste do traço de Pillai na análise de variância
multivariada para as variáveis categóricas (N=146) ………………… 50
Tabela 10 - Análise da variância multivariada em função do fator género
(N=146) …………………………………………………………………… 51
Tabela 11 - Análise da variância multivariada em função do fator dislipidémia
(N=146) …………………………………………………………………… 51
Tabela 12 - Análise da variância multivariada em função do fator glicémia em
jejum alterada (N=146) ………………………………………………… 52

IX
Tabela 13 - Análise da variância multivariada em função do fator sedentarismo
(N=146) …………………………………………………………………… 53
Tabela 14 - Análise da variância multivariada em função do fator colesterol
HDL elevado (N=146) ………………………………………………… 54
Tabela 15 - Análise da variância multivariada em função do fator estratificação
do risco de doença cardiovascular (N=146) ………………………… 54

ÍNDICE DE APÊNDICES

Apêndice 1 - Formulário de consentimento do participante …………………….... 87

Apêndice 2 - Questionário de caraterização, IPAQ e SF-36 ……………………... 89

Apêndice 3 - Carta de explicação do estudo ………………………………………. 95

Apêndice 4 - Dados de caraterização e relativos aos componentes da aptidão


física relacionada com a saúde ……………………………………… 97

X
LISTA DE ABREVIATURAS

%MG – percentagem de massa gorda

ACR – Aptidão cardiorrespiratória

ACSM – American College of Sports Medicine

AF – Atividade física

ApF – Aptidão física

ApFRS – Aptidão física relacionada com a saúde

cm – centímetros

DC – Dor corporal

DCV – Doenças cardiovasculares

DE – Desempenho emocional

DF – Desempenho físico

dL - Decilitro

ESTeSC – Escola superior de tecnologia da saúde de Coimbra

FC – Frequência cardíaca

FCDEF – Faculdade de ciências do desporto e educação física

FF – Função física

FPM – Força de preensão manual

FS – Função social

HDL - High-density lipoprotein

IMC – índice de massa corporal

IPAQ - International Physical Activity Questionnaire

Kg – Quilogramas

L – litro

LDL - Low-density lipoprotein

m2 – Metro quadrado

min – Minuto

mL – Mililitro

mmHg – Milímetros de mercúrio

OMS – Organização mundial de saúde

XI
QVRS – Qualidade de vida relacionada com a saúde

RCA – Rácio cintura/anca

SF-36 - MOS Short Form Health Survey – 36 Item

SG – Saúde em geral

SM – Saúde mental

TD – Teste do degrau

TFA – Teste de força abdominal

TFB – Teste de força de braços

TPM – Teste de preensão manual

TSA – Teste do sentar e alcançar

VO2 – Volume de oxigénio

VO2máx – Consumo de oxigénio máximo

VT – Vitalidade

XII
1. INTRODUÇÃO

1.1. ENQUADRAMENTO

O desenvolvimento económico e a globalização dos mercados a que se tem assistido


nas últimas décadas, conduziram a um aumento da longevidade e a rápidas e sérias
alterações do estilo de vida, com consequências importantes para a saúde das
populações. As populações têm vindo a alterar os seus comportamentos ao longo das
últimas décadas como consequência da evolução científica e tecnológica, passando
de um estilo de vida em que a AF era dominante para um outro em que o
sedentarismo e as rotinas predominam (WHO, 2003).

Se por um lado os padrões de vida melhoraram, a disponibilidade e a variedade dos


alimentos aumentaram e o acesso a serviços de saúde cresceu, por outro os padrões
de dieta tornaram-se inapropriados, os níveis de AF diminuíram e o consumo de
tabaco cresceu (WHO, 2003). Estes desequilíbrios provocaram um aumento das
doenças crónicas, sendo estas, até há alguns anos, caraterísticas da idade adulta e da
velhice, e que hoje são cada vez mais frequentes em crianças e adolescentes (Strong
et al., 2005). De facto, a inatividade física, os hábitos alimentares inadequados, o
tabagismo e o consumo de álcool são os principais comportamentos de risco
(modificáveis) de DCV na sociedade moderna (WHO, 2003). Destes, o sedentarismo
representa um importante fator de risco de doença coronária, hipertensão arterial,
obesidade, dislipidémia, diabetes tipo 2, alguns tipos de cancro, osteoporose, artrite,
ansiedade e depressão (Meyer, Sogaard, Tverdal, & Selmer, 2002; Nelson, Gordon-
Larsen, North, & Adair, 2006), e têm uma relação direta com a mortalidade prematura
(Erlichman, Kerbey, & James, 2002; Wolin, Glynn, Colditz, Lee, & Kawachi, 2007) e
com a QVRS (Tessier et al., 2007; Wolin et al., 2007). No caso de Portugal, as DCV
são responsáveis por cerca de 40% dos óbitos, estando, também entre as principais
causas de morbilidade, invalidez e anos de vida potencialmente perdidos na
população portuguesa (DGS, 2009).

Aumentar os índices de AF é, portanto, uma tarefa importante para a sociedade em


geral e para os prestadores de cuidados de saúde em particular. Neste domínio, ser
(fisicamente) ativo exerce incondicionalmente uma influência tanto direta como indireta
na ApFRS da população, representando uma das medidas com maior impacto positivo
na saúde das populações, e que tem vindo a ser incluída no tratamento e prevenção
de várias doenças como uma componente de importância cada vez mais relevante,

1
tornando-se numa ferramenta fundamental para os profissionais que prescrevem a
prática de AF (Leijon, Kallings, Faskunger, Counsellor, & Börjesson, 2010).

A ApFRS é um conceito multidimensional que tem sido definido como um conjunto de


atributos individuais, inatos ou adquiridos, que se relacionam com a capacidade para
executar atividades ocupacionais e recreativas, diariamente, sem excesso de fadiga
(ACSM, 2010). Estudos têm revelado a importância de uma boa ApFRS,
particularmente as componentes cardiovascular e força, como variáveis preditivas
independentes de um conjunto de patologias metabólicas e/ou cardiovasculares
(Anderssen et al., 2007; Strong et al., 2005). Além disso, e contrariamente ao que se
poderia supor, estas associações são visíveis desde a infância. Com efeito, em
crianças e adolescentes, níveis baixos de ACR estão associados a elevados níveis de
adiposidade abdominal. Menor ACR e aptidão muscular associa-se a fatores de risco
das DCV (como triglicerídeos, HDL, LDL, glicémia, síndrome metabólico, tensão
arterial, proteína C reativa de alta sensibilidade) (Ortega, Ruiz, Castillo, & Sjostrom,
2008). Por outro lado, melhorias na ACR e na velocidade/agilidade parecem ter efeitos
positivos na saúde esquelética e apresenta efeitos positivos na depressão, na
ansiedade, no humor, na autoestima e no rendimento académico (Ortega et al., 2008).
Nos adultos, uma baixa ACR é um importante fator preditor de DCV e de morbilidade e
mortalidade. Um baixo valor de VO 2máx está associado à sensibilidade à insulina, a
uma probabilidade superior de ocorrência do síndrome metabólico, intolerância à
glicose, diabetes tipo 2, hipertensão arterial, hiperlipidémia e resistência à insulina
(Bertoli et al., 2003; Lakka et al., 2003). Elevados níveis de ACR reduzem as perdas
neurais associadas ao envelhecimento e protegem contra a disfunção cognitiva
(Barnes, Yaffe, Satariano, & Tager, 2003; Colcombe et al., 2003).

Podemos então afirmar que a inatividade física é prejudicial à saúde e bem-estar e


contribui para o desenvolvimento de muitas doenças, estando associada ao aumento
dos custos na saúde. Estima-se que nos países desenvolvidos, a inatividade física
esteja associada a um prejuízo económico considerável, sendo 15 a 30% dos custos
nos cuidados de saúde diretos atribuídos à falta de AF (Oldridge, 2008). Assim, os
profissionais de saúde devem enfatizar programas de exercícios no sentido de
melhorar a saúde das populações e reduzir custos na prestação dos cuidados
prestados. Neste contexto o fisioterapeuta deve ter um papel ativo na prevenção da
doença e promoção da saúde, para além do tratamento das disfunções apresentadas
pelos indivíduos ou populações.

2
Na verdade, o fisioterapeuta é um profissional que presta serviços de saúde a
indivíduos e populações com o objetivo de desenvolver, manter e restaurar o
movimento e a capacidade funcional máxima ao longo da vida. Isso inclui a prestação
de serviços em circunstâncias em que o movimento e a função estão ameaçados pelo
processo de envelhecimento, lesão, doença ou por fatores ambientais e/ou pessoais,
respeitando sempre a necessidade do indivíduo (WCTP, 2007). Desta forma, o
movimento funcional é central para se ser saudável, sendo o foco da atenção da
fisioterapia.

Geralmente, as pessoas estão familiarizadas com a prescrição de medicamentos, mas


o que dizer relativamente à prescrição de AF, por parte dos fisioterapeutas? Para
poder dar uma resposta firme e assertiva, o fisioterapeuta tem a necessidade de
conhecer a condição individual ou de uma população específica, de modo a poder
ajustar os exercícios e/ou atividades, medindo a sua intensidade e monitorando o
cumprimento das metas pré-estabelecidas. Para tal, não bastará prescrever AF de
forma indiscriminada, mas sim programas baseados nas caraterísticas individuais e
nos componentes da ApFRS de modo a maximizarmos o estado de saúde do
indivíduo ou população.

Com o presente estudo pretende-se, acima de tudo, facilitar o desenvolvimento de


estratégias de intervenção da fisioterapia, no âmbito do tratamento e da prevenção,
facultando uma informação mais detalhada acerca da relação entre a ApFRS, AF e a
QVRS, analisando quais os fatores que poderão ser considerados preditores do
estado de saúde. O conhecimento gerado será certamente útil, pois permitirá ao
fisioterapeuta individualizar e personalizar cada programa de exercício em função de
um sujeito ou população específica, com ou sem patologia associada.

1.2. OBJETIVOS

O presente estudo, centrou-se numa população de adultos jovens, e terá os seguintes


objetivos:

- Objetivo principal: Estimar a contribuição das caraterísticas individuais, dos


componentes da ApFRS e da AF na QVRS de adultos jovens.

- Objetivos secundários: Avaliar a contribuição das caraterísticas individuais e de


cada componente da ApFRS na ApFRS de adultos jovens;

3
Estudar as diferenças significativas entre os diferentes
grupos género, tabagismo, hipertensão, dislipidémia,
glicémia em jejum alterada, obesidade, sedentarismo,
colesterol HDL elevado e estratificação do risco de DCV
relativamente às variáveis correspondentes às
caraterísticas individuais, estado de saúde e ApFRS.

1.3. HIPÓTESES

Face à revisão bibliográfica efectuada e aos objetivos propostos, foram elaboradas as


seguintes hipóteses de investigação:

H0: Espera-se que os componentes da ApFRS demonstrem ser melhores preditores


da QVRS do que a AF;

H1: Acreditamos que a variabilidade de cada um dos componentes da ApFRS possa


ser explicada sobretudo pelas caraterísticas individuais e pelos demais
componentes da ApFRS, sendo que a AF explicará uma pequena percentagem da
variabilidade desses componentes.

H2: Contamos que o género, fatores de risco de DCV e estratificação do risco de DCV
tenham um efeito significativo sobre as caraterísticas individuais, QVRS, ApFRS e
AF.

4
2. REVISÃO DA LITERATURA

Os programas de prevenção primária e secundária têm como principal objetivo a


promoção da saúde, devendo centrar-se na consolidação da relação entre a saúde e
os componentes fisiológicos da ApFRS (ACSM, 2010). Assim, o aconselhamento em
saúde, no âmbito dos cuidados primários, assume um papel importante na prevenção
e tratamento de doenças, entre as quais as DCV. A evidência aponta para a eficácia
da atuação dos profissionais de saúde, onde se enquadram os fisioterapeutas, na
mudança de fatores de risco modificáveis ao nível dos cuidados de saúde primários e
secundários (Glasgow et al., 2005). Uma abordagem baseada no estudo das relações
entre as dimensões da QVRS e os componentes da ApFRS pode contribuir para
perceber qual o impacto de cada um destes na QVRS. Além disso, não se sabe como
uma pontuação baixa num componente específico da ApFRS está associada com a
auto-perceção de problemas numa dimensão específica da QVRS. O conhecimento
dessas relações ajudará a identificar quais as necessidades de melhoria e em quais
componentes da ApFRS, com base na auto-perceção de problemas nas dimensões da
QVRS. Esta informação será fundamental na prescrição do exercício de uma forma
mais adequada (Olivares, Gusi, Prieto, & Hernandez-Mocholi, 2011).

A QVRS, a ApFRS e a AF estão intimamente relacionadas entre si. O corpo


humano foi concebido para se movimentar e como tal necessita de AF regular com
vista ao seu bom funcionamento, de forma a evitar doenças. Está provado que um
estilo de vida sedentário constitui um fator de risco para o desenvolvimento de
diversas doenças crónicas, incluindo DCV, uma das principais causas de morte no
mundo ocidental. Além disso, assumir um estilo de vida ativa apresenta muitos
outros benefícios, sociais e psicológicos, existindo uma ligação direta entre a AF e
a esperança de vida, já que as populações fisicamente ativas tendem a viver mais
tempo do que as populações inativas. As pessoas sedentárias que passam a ter
uma AF afirmam sentir-se melhor, dos pontos de vista quer físico quer psicológico,
e usufruem de uma melhor QVRS (Sardinha, 2009).

Uma melhoria na ApFRS está frequentemente associadas ao incremento do estado de


saúde ou prevenção de doenças. Encontrar as diferenças entre saúde e ApFRS é,
muitas vezes, uma tarefa difícil, mas é uma distinção importante a fazer quando se
tentam definir as caraterísticas da AF necessárias para melhorar a saúde. Um alto
nível de aptidão física (ApF) geralmente está associado a uma boa saúde, mas uma

5
melhoria da ApF não assegura, necessariamente, um aumento na defesa a doenças
ou das suas consequências. Tornar-se fisicamente mais apto e melhorar o estado de
saúde estão inter-relacionadas, mas não são sinónimos. A AF pode melhorar a ApFRS
e a QVRS ao mesmo tempo, mas a melhoria da saúde pode dever-se a mudanças
biológicas diferentes do que os responsáveis para a melhoria da ApF (Haskell,
Montoye, & Orenstein, 1985).

Podemos então concluir que há uma interdependência entre a ApFRS, AF e QVRS. A


estas inter-relações foram ainda acrescentadas as atividades de trabalho e de lazer
nas atividades físicas e os fatores de bem estar, morbilidade e mortalidade como
imprescindíveis no conceito de saúde (Bouchard, Shephard, Stephens, Sutton, &
McPherson, 1990b). A Figura 1, apresenta um modelo o qual sugere que a AF habitual
pode influenciar a ApF, a qual, por sua vez, é correlacionada com o nível habitual de
AF.

Figura 1 - Modelo descritivo das relações entre atividade física, aptidão física e saúde

ATIVIDADE FÍSICA  Bem-estar


 Lazer APTIDÃO FÍSICA E SAÚDE  Morbilidade
 Trabalho FISIOLÓGICA  Mortalidade

 Hereditariedade
 Estilo de vida
 Meio ambiente
 Caraterísticas pessoais

Adaptado a partir de Bouchard et al, (1990a)

O modelo também mostra que a ApF é influenciada reciprocamente pela saúde e que
a saúde influencia tanto o nível de AF habitual quanto o nível de ApF. Na realidade,
este modelo demonstra que outros fatores influenciam essa relação como os
componentes que constituem o estilo de vida: a condição ambiental, as caraterísticas
pessoais e genéticas, podendo assim concluir-se que o nível da ApF não determina
inteiramente o nível de AF individual e vice-versa. Estes autores definem, para um
entendimento mais aprofundado do seu modelo, o conceito de bem-estar como “um
conceito holístico que estabelece o estado positivo de saúde de um indivíduo,
compreendendo o seu estado biológico e psicológico”. Nesse contexto, a

6
hereditariedade é compreendida como um conceito que inclui os efeitos do genoma
determinando as respostas para um certo estilo de vida e para os fatores ambientais
que são considerados por ele como os fatores físicos (temperatura, humidade, altitude,
qualidade do ar) e os de natureza social (locais de residência e de trabalho, etc.). As
caraterísticas pessoais contempladas no modelo incluem ainda a idade, o sexo, a
condição socioeconómica, a personalidade e a motivação (Bouchard et al., 1990b).

2.1. QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA COM A SAÚDE

Para a maioria das pessoas estar de boa saúde é ter capacidade de desenvolver as
suas actividades de vida diárias. É possível a presença simultânea de saúde e de
certas doenças, numa fase precoce, ainda sem sintomatologia, nem limitação
funcional (Bowling, 1995a). A saúde e a QVRS são termos que, apesar de
estritamente relacionados com o quotidiano dos profissionais de saúde, ainda se
apresentam revestidos de dúvidas relevantes, sobretudo na prática profissional. A
QVRS é um conceito multidimensional, que inclui os domínios relacionados com a
dimensão física, mental, emocional e social. Este conceito ultrapassa as medidas
diretas de saúde da população, expectativa de vida e causas de morte, e centra-se no
impacto do estado de saúde na qualidade de vida dos indivíduos. Um conceito
relacionado com a QVRS é o bem-estar, que avalia os aspetos positivos da vida de
uma pessoa, tais como emoções positivas e satisfação com a vida (HealthyPeople,
2010).

O conceito de saúde tem-se modificado ao longo dos anos, em função das


necessidades da sociedade. De início acreditava-se que saúde se restringia à
ausência de doença. A Organização Mundial de Saúde (OMS) formulou um conceito
mais abrangente, no qual a saúde é compreendida como um bem-estar físico,
psicológico e social (WHO, 1947). Na atualidade, a saúde identifica-se como uma
multiplicidade de aspetos do comportamento humano voltados a um estado de
completo bem-estar físico, mental e social, associando-se a uma condição humana
com dimensões física, social e psicológica, cada uma caraterizada por pólos positivo e
negativo. A saúde positiva está associada com a capacidade de apreciar a vida e
resistir aos desafios do quotidiano, enquanto a saúde negativa está associada com a
morbilidade e, no extremo, com a mortalidade (Bouchard et al., 1990b). Entre os pólos
positivo e negativo estão os comportamentos de risco e as doenças. Para a maioria

7
das pessoas antes da morte vem a doença, a qual é precedida por um período latente
de comportamentos de risco. Sendo assim, a saúde pode ser promovida ou mantida
evitando esses comportamentos, diminuindo consequentemente o risco de doença
prematura e a morte precoce (Glaner, 2003).

É possível, assim, construir um novo entendimento do conceito de saúde, em


consonância com a perceção da sociedade, na medida em que, os fatores de risco
não são suficientes para explicar as variações de mortalidade e morbidade. O foco de
análise, deste modo, ultrapassa o indivíduo e recai sobre o coletivo. O modo de “olhar”
concentra-se, não apenas nas causas biológicas, mas antes, nas relações entre os
indivíduos, grupos sociais, instituições, economia, política, cultura, entre outros
(Burnley, 1998; Navarro, 1998).

Desta forma, definir quem é aparentemente saudável é algo demasiado complexo e


muitas vezes subjetivo. Geralmente, a expressão adultos jovens “aparentemente
saudáveis” inclui os indivíduos com idade compreendida entre os 18 e os 65 anos,
assintomáticos e que não apresentem doença diagnosticada ou condição física que os
impeça de praticar AF (ACMS, 1998). Na verdade, muitos adultos jovens, sem
evidência clínica de patologia, nomeadamente DCV, apresentam dois ou mais fatores
de risco que predispõem os indivíduos a subsequentes eventos clínicos e morte.
Acresce dizer que nestes indivíduos os fatores de risco como, normalmente, não são
reconhecidos, também não são tomadas quaisquer medidas preventivas ou de
tratamento (Bonow, 2002). Deste modo, devem ser considerados como
aparentemente saudáveis os indivíduos que não apresentem nenhuma das seguintes
patologias: patologia coronária ou qualquer outra DCV, hipertensão (mesmo que
devidamente acompanhada de medicação) diabetes mellitus, patologia renal,
pulmonar ou hepática, e uma variedade de patologias do sistema músculo-esquelético
(Sandvik et al., 1993).

A maioria dos recursos científicos na área da saúde direciona-se para o tratamento.


No entanto, compreender os riscos para a saúde é fundamental na prevenção.
Determinada doença ou lesão é frequentemente causada por mais do que um fator de
risco, o que significa ser possível a aplicação de múltiplas intervenções de modo a
atuar em cada um desses fatores. Assim, é necessário identificar e lidar com os riscos
subjacentes à doença, sendo que cada risco tem as suas próprias causas, podendo
ter as suas raízes numa complexa cadeia de eventos ao longo do tempo, como fatores
socioeconómicos, ambientais e comportamentos individuais (WHO, 2009).

8
Os principais fatores de risco de mortalidade no mundo são a hipertensão
(responsável por 13% do mortes no mundo), tabagismo (9%), índices elevados de
glicémia (6%), inatividade física (6%), excesso de peso e obesidade (5%). Para além
destes fatores de risco devemos considerar o colesterol elevado e o baixo consumo de
frutas e vegetais. Combinados, estes fatores riscos são responsáveis por mais de três
quartos das doenças cardíacas isquémicas: a principal causa de morte no mundo.
Embora estes fatores de risco estejam normalmente associados aos países ricos, mais
de 84% da carga total global de doença que eles causam ocorre em países pobres ou
em desenvolvimento. A redução da exposição a estes fatores de risco aumentaria a
esperança média de vida mundial em quase 5 anos (WHO, 2009).

Apesar de desde épocas mais remotas ter sido dada importância à AF no tratamento
de doenças e melhoria da saúde, a relação entre a epidemiologia e a AF tem início,
aparentemente, na era epidemiológica das doenças crónico-degenerativas, com o
paradigma da caixa preta, onde entre os elementos que estavam ocultos, como fatores
multicausais de risco, o sedentarismo aparece como fator determinante na degradação
da saúde (Bouchard, Shephard, Stephens, Sutton, & McPherson, 1990a).

Os atributos ligados à QVRS devem portanto, incluir o bem-estar ou capacidade de


funcionamento razoável das funções físicas, mentais, inteletuais, emocionais,
disposição para participar em eventos sociais, na família, trabalho ou na comunidade
(Bowling, 1995a). Nesta perspetiva para a realização de um bom programa de AF,
independente da finalidade, é necessário investigar as necessidades dos indivíduos,
adequar o seu conteúdo a essas necessidades e conter exercícios variados para todas
as capacidades motoras (Cress et al., 2005).

Mas, pode-se estar em forma, sem se ser saudável? A resposta a esta pergunta é sim.
Por exemplo, muitos atletas, altamente aptos, adoecem, devido às exigências físicas e
psicológicas demasiado elevadas. Assim, o lema "quanto mais, melhor" não é
verdade, quando aplicado à relação entre AF e saúde. Existe uma relação positiva
entre os níveis de AF e a saúde, até um limiar específico. Para além desse limiar de
atividade, a saúde pode deteriorar-se. Na perspetiva da saúde, pode dizer-se que,
geralmente, pouca AF pode ser inútil, moderada é útil, e exagerada pode ser
prejudicial (Gannon, 2004).

Quando ampliamos os efeitos de uma vida fisicamente ativa para além da saúde e
colocamos os efeitos do exercício, realizado de forma adequada, como fator
indispensável para a melhoria na qualidade de vida de um indivíduo, partimos do
pressuposto de que alguém inativo e sedentário não tem boa qualidade de vida.

9
Contudo, a classificação da QVRS está diretamente relacionada à maneira do
indivíduo entender o sentido da vida (Araújo & Araújo, 2000). Fica claro que a QVRS
pode ter diferentes significados para diferentes pessoas e diferentes áreas de
aplicação. No contexto da avaliação de resultados de ensaios clínicos e da prática
clínica, raramente o conceito de QVRS é utilizado no seu sentido mais amplo, sendo
apenas utilizado para avaliar o impacto da doença ou do tratamento em diferentes
aspetos da vida. Essa abordagem pode incluir também consequências relacionadas,
de forma indireta, com a doença tais como o desemprego ou dificuldades financeiras.

A QVRS, incluindo o bem-estar físico e mental de um individuo, é um conceito


importante na pesquisa em saúde e pode dar informações que influenciem a tomada
de decisões na prevenção e tratamento de problemas de saúde. As apreciações da
relação entre QVRS e estados de saúde particulares têm servido como avaliações
económicas destinadas a facilitar a gestão de recursos (Chai et al., 2010; Petrou &
Kupek, 2008). Na perspetiva da saúde pública, uma melhor compreensão de como
estilos de vida saudáveis podem influenciar a QVRS, podem ajudar a direcionar a
política destinada a incentivar a AF na população em geral. As evidências existentes
sobre a associação entre a QVRS e a AF na população em geral, têm-se centrado em
intervenções específicas ou populações com condições crónicas (Anokye, Trueman,
Green, Pavey, & Taylor, 2012), não sendo dado, na maioria dos estudos, ênfase à
condição essencial para a prática da AF: a ApFRS.

2.1.1. MEDIÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA COM A SAÚDE

Os profissionais de saúde, em qualquer área de atuação, necessitam avaliar a auto-


perceção da saúde, uma vez que estas avaliações poderão nortear os sistemas
económicos, políticos e sociais e as tomadas de decisão. Medir o estado de saúde de
populações permite-nos definir níveis de comparação entre grupos, detetar iniquidade
em relação a condições de saúde (por exemplo, entre diferentes patologias ou tipos de
cronicidade), às áreas geográficas (entre regiões, países ou zonas dentro dos países),
às condições sociais (por exemplo, entre grupos populacionais socialmente excluídos
e os restantes), a condições económicas (por exemplo, entre várias classes de
rendimento e/ou de ocupação), ou ainda relativas ao género e à idade (Ferreira &
Ferreira, 2006).

10
Avaliar o domínio da saúde física e mental é imperativo para entender a QVRS e o seu
impacto no aumento da qualidade e anos de vida saudável, de modo a ajudar a
eliminar assimetrias na saúde e a prever os custos associados à prestação de
cuidados (Sloan, Sawada, Martin, Church, & Blair, 2009). A QVRS refere-se aos
efeitos percebidos do estado de saúde na capacidade para viver a vida, contemplando
os aspetos positivos e negativos, bem-estar, saúde física, psíquica e social.
Acrescenta vários componentes como a capacidade funcional (incluindo o
desempenho), grau e qualidade das interações sociais, bem-estar psicológico,
sensações somáticas, sintomas, harmonia, capacidade de lidar com o stress e
satisfação com a vida (Bowling, 1995b).

Em vários estudos, nos quais a AF é uma questão de investigação, tem sido


administrado o questionário SF-36 (Lau et al., 2005; Lobo, Santos, Carvalho, & Mota,
2008; Pucci, Rech, Fermino, & Reis, 2012; Shibata, Oka, Nakamura, & Muraoka,
2007). O SF-36, desenvolvido em 1992, pode aplicar-se a populações com
determinada doença ou em populações saudáveis (Ware & Shebourne, 1992). Este
instrumento, auto-administrado, permite medir oito principais dimensões em saúde,
todas elas através de vários itens. A escala de função física (FF) destina-se a medir o
impacto na qualidade de vida das limitações físicas, sejam elas em situações como
tomar banho ou vestir-se sozinho/a, praticar desportos fisicamente mais exigentes ou
mesmo carregar os sacos das compras, ajoelhar-se ou andar uma determinada
distância. As escalas de desempenho medem o impacto das limitações em saúde
devidas a problemas físicos (DF) ou a problemas emocionais (DE), ao tipo e à
quantidade do trabalho realizado, à necessidade de reduzir o trabalho ou à dificuldade
em o realizar. As escalas para a dor (DC) representam não apenas a intensidade e o
desconforto causados pela dor, como também de que modo é que esta interfere com o
trabalho normal. A escala referente à saúde em geral (SG) mede a perceção holística
da saúde, englobando a saúde atual, a resistência à doença e o aspeto saudável. A
escala de vitalidade (VT) inclui os níveis de energia e de fadiga e a escala de função
social (FS) capta a quantidade e a qualidade das atividades sociais e o impacto dos
problemas físicos e emocionais nestas atividades. For fim, a escala de saúde mental
(SM) inclui os conceitos de ansiedade, de depressão, de perda de controlo
comportamental ou emocional e de bem-estar psicológico (Ferreira & Santana, 2003).

O SF-36 encontra-se adaptado e validado para a população e cultura portuguesa.


Apresenta um valor de α de Cronbach entre 0,60 (FS) e 0,87 (FF e SG), valores de
reprodutibilidade entre 0,45 (DC) e 0,79 (DF) e coeficiente alfa da divisão em metade

11
entre 0,45 (SM e SG) e 0,84 (DC). No que respeita à validade de conteúdo, as
relações entre cada item com a sua escala apresentam valores de r sempre superiores
a 0,40 e testes de consistência interna com taxas de êxito geral entre 90% e 100%
(exceção função social), assim como testes de discriminação com taxas de êxito geral
de 56% a 100%. Este instrumento apresenta ainda validade de critério e construção
(Ferreira, 2000a, 2000b).

2.2. APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA COM A SAÚDE

O desempenho de qualquer tarefa motora seja ao nível mais rudimentar ou


especializada, requer graus variáveis de ACR, força, resistência muscular e
flexibilidade. A ApF tem sido valorizada durante vários períodos da história da
humanidade por ser imprescindível na realização de atividades fundamentais como a
caça, a pesca, o trabalho agrícola e produção industrial, anteriormente dependentes
da força e da resistência muscular (Proper et al., 2003). No entanto, o avanço
tecnológico atual provocou uma redução do esforço físico relacionado com o trabalho
e lazer. Os benefícios de níveis elevados de ApFRS estão associados a um menor
risco de doenças crónicas, entre elas as DCV, sendo que no que respeita à prevenção
do síndrome metabólico, apresentam uma maior correlação do que os níveis de AF
(Kvaavik, Klepp, Tell, Meyer, & Batty, 2009; Rizzo, Ruiz, Hurtig-Wennlof, Ortega, &
Sjostrom, 2007).

A promoção da AF, é hoje reconhecida como um componente importante nas políticas


de prevenção de saúde. O impacto da AF no estado de saúde tem sido quase sempre
investigado através de resultados objetivos. As relações entre AF e QVRS têm sido
amplamente investigadas, especialmente em populações com doenças crónicas. No
entanto, a AF depende da capacidade que o indivíduo apresenta para poder realizar a
mesma, sendo de importância vital associar a esta relação a ApFRS (Vuillemin et al.,
2005).

Não há, universalmente, consenso acerca dos componentes de ApFRS. No entanto, e


uma vez que a abordagem da ApF será realizada no contexto da sua relação com a
saúde, será obrigatório centrarmo-nos nas caraterísticas físicas e fisiológicas que
definem os níveis de risco para o desenvolvimento prematuro de doenças ou
condições mórbidas, apresentando, em simultâneo, a sua relação com um modo de
vida sedentário (Gannon, 2004). Enquanto a ApF é um conceito multidimensional que

12
tem sido definido como um conjunto de atributos individuais, inatos ou adquiridos, que
se relacionam com a capacidade para executar atividades ocupacionais e recreativas,
diariamente, sem excesso de fadiga (ACSM, 2010). A ApFRS envolve os
componentes da ACR, condição de força e resistência muscular, composição corporal
e flexibilidade (Caspersen, Powell, & Christenson, 1985; ACSM, 2008; Haskell et al.,
1985; Warburton, Nicol, & Bredin, 2006), de modo a abranger o maior número de
pessoas possível, valorizando as variáveis fisiológicas. No entanto, pode dar-se maior
enfoque às habilidades desportivas, sendo que, variáveis como agilidade, equilíbrio,
coordenação motora, potência e velocidade, são mais valorizadas, objetivando o
desempenho desportivo (Araújo & Araújo, 2000). Do ponto de vista da saúde de uma
população, muitas vezes referida como saúde pública, os componentes relacionados
com a saúde são mais importantes que os relacionados com a capacidade atlética
(ACSM, 2008).

Antes de tudo podemos colocar uma questão, que parece ser bastante pertinente: Se
a definição da ApFRS é composta por cinco componentes relacionados com a saúde,
então como será possível medir ou expressar o conceito de ApFRS total? Ao
refletirmos sobre esta questão verificamos a futilidade do conhecimento do valor da
ApFRS total. Assim, o conceito de ApFRS total tem vindo a ser abandonada e
substituída por um modelo de componentes, sendo a avaliação da ApFRS realizada
através das medições de cada um dos cinco componentes, separadamente. Cada
componente individual da ApFRS é então comparado com valores normativos
adequados a cada indivíduo.(ACSM, 2008)

Analisar e interpretar os indicadores associados à ApFRS mediante a comparação


com dados normativos, envolvendo referenciais idealizados com base na distribuição
de percentis, tornam-se útil quando se pretendem desenvolver comparações intra e
inter-populacionais, permitindo uma visualização mais precisa quanto à magnitude de
eventuais diferenças que possam surgir. A partir desta aferição podemos quantificar
apenas os resultados dos testes utilizados, uma vez que não se conseguem obter
informações que possam contribuir na tentativa de esclarecer se os resultados dos
indicadores associados à ApF evidenciam, efetivamente, níveis satisfatórios em
relação à saúde (Guedes, Guedes, Barbosa, & Oliveira, 2002).

A ACR, fatores de risco biológicos, e os resultados clínicos da saúde tendem a uma


associação com a AF: indivíduos de meia-idade e idosos, aparentemente saudáveis
com maior ACR apresentam um menor risco de DCV, mortalidade e morbilidade. A

13
diminuição do risco está também associada com uma maior ACR, em indivíduos com
doença pré-existente (Garber et al., 2011).

Altos níveis de ApFRS parecem estar associados a maiores pontuações na QVRS em


populações idosas e com doenças crónicas (Häkkinen et al., 2010). No entanto, existe
poucas referências sobre a associação entre a ApFRS e a QVRS em adultos jovens
(aparentemente saudáveis). Os resultados de um estudo realizado em 709 indivíduos
do sexo masculino, aparentemente saudáveis, e com uma média de idade de 31,6
anos, sugerem uma relação positiva entre a ACR e os componentes da saúde física e
mental da QVRS (Sloan et al., 2009). Outro estudo realizado em 727 indivíduos do
sexo masculino, com uma média de idade de 25,0 anos, demonstrou que a maiores
índices de ACR e força muscular correspondem maiores pontuações na QVRS,
nomeadamente nas dimensões FF, SG, VT e SM (Häkkinen et al., 2010).

Os programas de intervenção primária e secundária têm como principal finalidade a


promoção da saúde, devendo centrar-se na consolidação da relação entre a saúde e
os componentes fisiológicos da ApFRS (ACSM, 2008). Assim, o aconselhamento em
saúde, no âmbito dos cuidados primários, assume um papel importante na prevenção
e tratamento de DCV. A evidência aponta para a eficácia da atuação dos profissionais
de saúde na mudança de fatores de risco modificáveis ao nível dos cuidados de saúde
primários e secundários (Glasgow et al., 2005). Uma abordagem baseada no estudo
das relações entre as dimensões da QVRS e os componentes da ApFRS pode
contribuir para perceber qual o impacto de cada um destes na QVRS. Além disso, não
se sabe como uma pontuação baixa num componente específico da ApFRS está
associada com a auto-perceção de problemas numa dimensão específica da QVRS. O
conhecimento dessas relações ajudará a identificar quais as necessidades de melhoria
e em quais componentes da ApFRS, com base na auto-perceção de problemas nas
dimensões da QVRS. Esta informação será fundamental na prescrição do exercício de
uma forma mais adequada (Olivares, Gusi, Prieto, & Hernandez-Mocholi, 2011).

2.2.1. COMPONENTES DA APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA COM A SAÚDE

Recentemente, os indicadores associados à ApFRS têm sido interpretados mediante


informações referenciadas por critérios direcionados à saúde, representando níveis
desejáveis consistentes com o risco reduzido de aparecimento e desenvolvimento de
disfunções orgânicas. Os componentes que caraterizam a AFRS compreendem os

14
fatores morfológico, funcional, motor, fisiológico e comportamental. Iremos, sobretudo,
considerar os três primeiros, no entanto, é de salientar que todos eles formam as
bases para um bom funcionamento orgânico nas tarefas diárias. A composição
corporal refere-se ao componente morfológico. A função cardiorrespiratória refere-se
ao componente funcional e a força/resistência e flexibilidade ao componente motor
(ACSM, 2008; Glaner, 2003).

COMPOSIÇÃO CORPORAL

A massa corporal refere-se ao tamanho ou à massa do indivíduo. A composição


corporal refere-se à massa corporal em termos de quantidades absolutas e relativas
de tecidos muscular, ósseo e de gordura. Exercícios aeróbicos e treino de força são
eficientes para alterar a massa e composição corporais (Heyward, 2002). A avaliação
da composição corporal é necessária, para uma variedade de razões. Hoje em dia,
sabe-se que muitas doenças e perturbações estão relacionadas com uma composição
corporal anormal, ou mudanças na composição corporal. A condição mais comum é a
obesidade, em que a quantidade de gordura corporal é excessivamente alta, levando a
anormalidades no metabolismo lipídico e de hidratos de carbono, hipertensão e
diabetes. No outro extremo, em casos de má nutrição, temos uma diminuição da
quantidade de gordura e de proteínas no corpo, estando muitas doenças relacionadas
com a quantidade de água total do corpo ou da distribuição dessa água pelo corpo,
isto é, pelos espaços intracelulares e extracelulares. (Gibney, 2009).

Num adulto saudável com peso normal, a quantidade de gordura corporal varia entre
10% e 25% nos homens e entre 15% e 35% nas mulheres. Na obesidade, a gordura
corporal pode atingir 60 a 70% do peso corporal (Gibney, 2009).

APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA

Nas últimas décadas, a capacidade aeróbica máxima e submáxima têm sido medida
com a finalidade de avaliar o desempenho atlético. Recentemente, a ACR tornou-se
uma variável importante de avaliação em contextos clínicos de saúde (Martins et al.,
2009).

A produção energética aeróbia é o reflexo da capacidade do corpo em absorver


oxigénio, transportá-lo e utilizá-lo nas células musculares para a produção de ATP.

15
Este mecanismo requer um fornecimento contínuo de oxigénio, refletindo assim as
funções pulmonar, circulatória e respiratória. A ACR depende, basicamente, da
eficiência dos sistemas respiratório e cardiovascular, de componentes sanguíneos
adequados, como o volume sanguíneo, hematócrito, hemoglobina e número de
hemácias, além de alguns componentes celulares específicos que auxiliam o corpo a
utilizar o oxigénio durante o exercício (Brown, Miller, & Eason, 2006; Heyward, 2002).

A ACR está relacionada com a capacidade de um músculo executar trabalho


dinâmico, exercício de intensidade moderada a elevada durante períodos prolongados,
estando, também, associada à condição de saúde do indivíduo. A pesquisa indica
claramente que níveis aceitáveis de VO2máx estão associados a um risco reduzido de
hipertensão, DCV, obesidade, diabetes, alguns tipos de cancro e outros problemas de
saúde na população adulta (Meredith & Welk, 2007).

F ORÇA E RESISTÊNCIA MUSCULAR

A força e resistência musculares são dois importantes componentes da ApFRS. São


necessários níveis mínimos de capacidade muscular para realizar atividades da vida
diária, para manter a independência funcional à medida que se envelhece e para
participar em atividades de lazer sem fadiga ou stress excessivos. Níveis adequados
de capacidade muscular diminuem as hipóteses de aparecimento de problemas
lombares, fraturas osteoporóticas e lesões músculo-esqueléticas (Heyward, 2002).

A função músculo-esquelética tem uma grande importância na ApFRS, destacando-se


três componentes de particular interesse: a força, a resistência e a flexibilidade. Ao
definir força como o nível de tensão máxima que pode ser produzida por um grupo
muscular específico, e resistência muscular como a capacidade desse mesmo grupo
muscular em manter os níveis de força submáxima alcançados por um período de
tempo mais prolongado, constata-se que esses dois componentes da ApFRS devem
ser considerados como moduladores da eficiência do sistema músculo-esquelético
(ACSM, 2008; Sharkey, 1997).

A força muscular é um componente básico da ApFRS importante no desempenho de


atividades recreativas, atividades diárias como sentar, andar, correr, levantar e
carregar objectos. Também representa uma grande importância na melhoria da
postura, aparência pessoal, no desenvolvimento de habilidades desportivas e na
promoção da estabilidade das articulações. Do ponto de vista da saúde, a força

16
muscular ajuda a aumentar ou manter a massa muscular e maior taxa metabólica de
repouso, perda e manutenção de peso, diminui o risco de lesão, previne a
osteoporose, reduz a dor lombar crónica, alivia a dor da artrite, melhora os níveis de
colesterol, promove o bem-estar psicológico, e pode ajudar a diminuir o risco de
hipertensão e diabetes. Além disso, com o tempo, as adaptações ocorridas da
melhoria da força muscular reduzem as exigências sobre o sistema cardiovascular na
execução de tarefas que requerem esforço físico. O treino da força muscular pode
também ajudar a controlar os níveis de açúcar no sangue. Grande parte da glicose no
sangue vai para os músculos, onde é armazenada em sob a forma de glicogénio.
Quando os músculos não são usados, as células musculares podem tornar-se insulino
resistentes, aumentando assim o risco de diabetes (Hoeger & Hoeger, 2012).

A resistência muscular define-se como a capacidade de um grupo muscular executar


contrações repetidas ao longo de um período de tempo suficiente para provocar a
fadiga, ou para manter uma determinada percentagem da contração máxima
voluntária por um período de tempo prolongado (ACSM, 2008; Heyward, 2002; Hoeger
& Hoeger, 2012).

F LEXIBILIDADE

A flexibilidade é um componente importante da ApFRS, sendo definida como a


capacidade de mover uma ou mais articulações na sua amplitude completa de
movimento (ACSM, 2008). É limitada por fatores como a estrutura óssea da articulação,
tamanho e força dos músculos, ligamentos e outros tecidos conjuntivos (Heyward,
2002).

Aliada ao VO2máx. e à força muscular, a flexibilidade desempenha um papel


fundamental nos programas de treino direcionado para o desenvolvimento e
manutenção da saúde. Os músculos, tendões e ligamentos tendem a melhorar a
elasticidade, mediante programas regulares de AF que englobem exercícios de
alongamento. Isto sugere que os efeitos positivos provenientes de uma boa
flexibilidade incidam diretamente na eficiência do aparelho locomotor (Monteiro, 1996).

Os indivíduos que apresentam índices de flexibilidade mais elevados, tendem a


mover-se com maior facilidade e são menos suscetíveis a lesões quando submetidos
a esforços físicos mais intensos. Além disso, baixos índices de flexibilidade nas
regiões do tronco e anca, demonstram elevada associação com o aparecimento de

17
desvios posturais e, muitas vezes, podem levar a problemas lombares crónicos
irreversíveis, provocando desconforto, incapacidade de movimentos, dor, queda no
rendimento de atividades do quotidiano, limitando a qualidade de vida dos indivíduos
(Corbin, 1984).

2.2.2. AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA COM A SAÚDE

Embora comprovados os benefícios fisiológicos, psicológicos e metabólicos


resultantes da prática regular de AF, existem riscos associados. Apesar de haver risco
de lesão músculo-esquelética aguda durante a prática de exercício, a maior
preocupação é o aumento do risco de morte súbita e enfarte do miocárdio, que está,
por vezes, associada a esforço físico vigoroso. Um dos principais objetivos da saúde
pública é aumentar a participação individual na prática regular de AF moderada a
vigorosa. A prossecução deste objetivo deve incluir um processo para identificar os
indivíduos com risco aumentado para eventos adversos relacionados com o exercício.
Em simultâneo, o processo de estratificação de risco não deve apresentar uma
barreira significativa para a participação (ACSM, 2010).

Antes de avaliar o perfil de ApFRS de um indivíduo, é importante classificar o seu


estilo de vida e o seu estado de saúde. As informações obtidas nas avaliações iniciais
relativas ao estilo de vida e saúde, ajudam o profissional a selecionar os clientes para
os testes de aptidão física, assim como identificam os sujeitos que apresentam
sintomas de doenças, fatores de risco, ou necessidades especiais (Heyward, 2002).
Para além do perfil dos fatores de risco de DCV, questionário de historial clínico,
avaliação do estilo de vida, não devemos esquecer o consentimento informado. O
consentimento informado é o processo que envolve vários elementos chave
destinados a permitir que o indivíduo compreenda plenamente os fatores essenciais
relacionados com a realização da avaliação da ApFRS. A estratificação dos riscos
ajuda o profissional a orientar os indivíduos na tomada de decisões acerca da sua
capacidade de prosseguir com a aplicação da bateria de testes. Dependendo do nível
de risco, o encaminhamento para avaliação médica pode ser importante antes de se
prosseguir com a avaliação (ACSM, 2008).

A estratificação do risco para DCV deve iniciar-se pela história clínica. É fundamental a
identificação dos fatores de risco para doença coronária (idade, sexo, hipertensão

18
arterial, diabetes, tabagismo, sedentarismo, obesidade, dislipidémias e história familiar
de DCV) e avaliação de eventual sintomatologia (Patricio et al., 2009).

Existem três níveis de risco de DCV (baixo, moderado e alto risco) que devem ser
usados para ajudar a decidir sobre a eventual necessidade de um exame médico
antes de qualquer avaliação da ApFRS (ACSM, 2008). A categoria correspondente ao
baixo risco abrange homens (< 45 anos) e mulheres (< 55 anos), assintomáticos, que
apresentem não mais do que um fator de risco. Indivíduos mais velhos (homens ≥ 45
anos e mulheres ≥ 55 anos) ou aqueles com dois ou mais fatores de risco,
correspondem ao risco moderado e a categoria de alto risco inclui indivíduos que
apresentem um ou mais sinais ou sintomas de DCV e doença pulmonar ou os que têm
DCV, doença pulmonar ou metabólica diagnosticada (ACSM, 2008; Heyward, 2002).

Os fatores de risco, a ter em conta na estratificação do risco de DCV, são: história


familiar (enfarte do miocárdio, revascularização coronária, ou morte súbita antes dos
55 anos de idade em parentes de primeiro grau do sexo masculino, ou antes de 65
anos de idade em parentes de primeiro grau do sexo feminino), tabagismo (fumadores
habituais ou aqueles que pararam de fumar nos últimos 6 meses), hipertensão
(pressão arterial sistólica ≥ 140 mmHg ou diastólica ≥ 90 mmHg, confirmada pelo
menos em duas medições em ocasiões separadas, ou o uso de medicação anti-
hipertensiva), dislipidémia (LDL > 130 mg.dL-1 [3,4 mmol.L-1] ou HDL < 40 mg.dL-1
[1,03 mmol.L-1], ou o uso de medicação para a redução dos lípidos. Pode ser ainda
considerado o colesterol total > 200 mg.dL-1 [5,2 mmol.L-1], em vez de LDL > 130
mg.dL-1), glicose em jejum elevada (≥ 100 mg.dL-1 [5,6 mmol.L-1]), obesidade (índice de
massa corporal > 30 kg/m2, ou circunferência da cintura > 102 cm para homens e > 88
cm para mulheres, ou RCA ≥ 0.95 nos homens e ≥ 0.86 nas mulheres), sedentarismo
(indivíduos que não tenham por hábito a prática regular de exercícios ou que não
cumpram os mínimos de AF recomendada, não acumulando, pelo menos, 30 minutos
de AF moderada na maioria dos dias da semana). Há um fator de risco negativo usado
na estratificação de risco. Se um indivíduo apresenta um valor de colesterol HDL-C
acima de 60 mg/dL, devemos subtrair um ao valor total da soma dos fatores de risco
positivos (ACSM, 2008).

Embora não seja imperativo a realização de testes de aptidão em indivíduos


classificados com baixo risco, a informação recolhida a partir dos testes de esforço
pode ser útil na prescrição de um programa de exercício seguro e eficaz para estes
indivíduos (ACSM, 2010).

19
De acordo com Greenland et al (2001), Mieres et al (2007) e Berman (2006), citados
por Patrício et al. (2009), os doentes de baixo risco apresentam uma probabilidade de
evento cardíaco grave (enfarte do miocárdio ou morte súbita cardíaca) inferior a 10%
em 10 anos (menor que 0,6% por ano). Os doentes de médio e alto risco apresentam
uma probabilidade de evento cardíaco grave entre 10 e 20% em 10 anos (0,6 a 2% por
ano) e superior a 20% em 10 anos (superior a 2% por ano), respetivamente.

Os procedimentos de pré-teste devem incluir a escolha de ferramentas válidas, que


sejam capazes de fornecer informações relevantes e precisas acerca da história de
saúde do indivíduo, a atual condição clínica, fatores de risco, sinais e sintomas, AF,
hábitos e eventual medicação. Deve-se, também, ter em conta o nível de alfabetização
do indivíduo em relação ao instrumento utilizado para obter essas informações
(ACSM, 2010).

É importante prestar atenção aos detalhes da sessão de testes, uma vez que desta
forma a validade e confiabilidade dos resultados dos testes de um indivíduo pode ser
aumentada, proporcionando uma imagem mais precisa da ApFRS desse sujeito.
Esses detalhes incluem as instruções dadas a um indivíduo, o meio físico ou ambiente
da sessão de testes, e a ordem dos testes, quando são realizados vários testes na
mesma sessão (ACSM, 2008).

A abordagem na medição das variáveis da ApFRS deve focar-se em medir ou avaliar,


separadamente, cada componente de todo o conjunto. Existem vários testes que se
propõem a avaliar os componentes da ApFRS. Se um teste é definido como um
instrumento estático que é usado para medir ou avaliar, já a avaliação é um processo
dinâmico, projetado em torno da ApFRS de um indivíduo específico. Os testes variam
na sua complexidade, validade, confiabilidade e custos envolvidos (ACSM, 2008).

AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL

A avaliação da composição corporal pode ser útil para estabelecer o peso ideal para a
saúde e desempenho físico (ACSM, 2008). A avaliação da composição corporal é
realizada para quantificar os principais componentes do organismo humano: ossos,
musculatura e gordura corporal. A composição corporal divide-se em dois grupos:
massa magra (livre de gordura e constituída por proteínas, água intracelular e
extracelular e conteúdo mineral ósseo) e massa gorda (gordura corporal). Assim, a
análise da composição corporal possibilita compreender as modificações resultantes

20
de alterações metabólicas e identificar riscos à saúde. Dessa forma, indivíduos
considerados com excesso de gordura por apresentarem elevado peso corporal
podem ser indivíduos com maior desenvolvimento muscular, como no caso dos
atletas.

A composição corporal é considerada um componente da ApFRS devido às relações


existentes entre a quantidade e a distribuição da gordura corporal com alterações no
nível de ApF e no estado de saúde das pessoas (ACSM, 2008).

A determinação da composição corporal além de avaliar a quantidade total e regional


de gordura corporal para identificar os riscos para a saúde, pode ser útil para
identificar riscos á saúde associados aos níveis excessivamente altos ou baixos de
gordura corporal total ou ao acúmulo excessivo de gordura intra-abdominal. De igual
modo, proporciona a compreensão sobre o risco associado á falta ou ao excesso de
gordura corporal, ajudando a monitorizar mudanças na composição corporal associada
a certas doenças, bem como avaliar a eficiência de intervenções nutricionais e de
exercícios físicos na alteração da composição corporal. Ao estimar o peso corporal de
atletas e não atletas, ajuda a formular recomendações dietéticas e prescrição de
exercícios físicos, podendo, ainda, acompanhar a mudança na composição corporal
associada ao crescimento, desenvolvimento, maturação e idade (Heyward, 2002).

Existem três métodos que podem ser utilizados para a determinação da composição
corporal, sendo eles métodos diretos, indiretos e duplamente indiretos (Lee &
Gallagher, 2008; Martin & Drinkwater, 1991). O método direto é aquele onde ocorre a
separação dos diversos componentes estruturais do corpo humano a fim de pesá-los e
estabelecer relações entre eles e o peso corporal total, o que só é possível através de
dissecação de cadáveres. Desta forma podemos perceber a dificuldade de estudos
envolvendo este procedimento, o que justifica a pequena quantidade de estudos com
cadáveres e a utilização de metodologia mais acessível (Martin & Drinkwater, 1991;
Maughan, 1993).

Os métodos indiretos são aqueles onde não há a manipulação dos componentes


separadamente, mas a partir de princípios químicos e físicos visam a extrapolação das
quantidades de gordura e de massa magra; estes métodos são validados a partir do
método direto. Entre os métodos indiretos podemos citar como métodos químicos a
contagem de potássio radioativo, a diluição de óxido de deutério, excreção de
creatinina urinária. Em relação aos métodos físicos os mais conhecidos são o ultra-
som, o raio-x, o raio-x de dupla energia, a ressonância magnética e a densimetria.

21
Entre estes, a pesagem hidroestática tem sido considerada como referência para a
validação de métodos duplamente indiretos. Ela é baseada no princípio de
Arquimedes, onde um corpo quando mergulhado em água desloca um volume de
água igual ao seu próprio volume (Heyward, 2002; Martin & Drinkwater, 1991).

Os métodos duplamente indiretos são validados a partir de um método indireto, mais


comumente a densimetria. Temos como mais utilizados a técnica antropométrica e a
bioimpedância. As medidas antropométricas são aplicáveis para grandes amostras e
podem proporcionar estimativas nacionais e dados para a análise de mudanças
seculares, podendo incluir medidas de peso, estatura, perímetros corporais, diâmetros
ósseos e espessura das pregas cutâneas, sendo esta última a mais utilizada quando o
objetivo é predizer a quantidade de gordura corporal (Baumgartner, Jackson, Mahar, &
Rowe, 2007).

A medição das pregas cutâneas tem vindo a ser referenciada como um bom método
de avaliação, uma vez que a medida da espessura das dobras cutâneas em
determinados locais do corpo podem ser um bom indicador para a predição da
quantidade de gordura corporal. A base lógica para a medição das pregas cutâneas
com a finalidade de estimar a gordura corporal total reside no facto de existir uma
relação entre a gordura localizada nos depósitos adiposos existentes debaixo da pele
e que está diretamente relacionada com a gordura total. No entanto a validade e
fidedignidade da medição das pregas cutâneas é afetada pela habilidade do avaliador,
tipo de adipómetro, fatores do sujeito e equação de predição utilizada para estimar a
gordura corporal (Heyward, 2002).

A medição dos perímetros da cintura e anca permite a obtenção da RCA, que é a


medida da circunferência da cintura dividida pela medida da circunferência da anca e
tem vindo a ser utilizada como um método simples para a determinação da distribuição
da gordura corporal (ACSM, 2010). A %MG pode ser estimada recorrendo a um
aparelho de bioimpedância. A bioimpedância avalia a densidade corporal através da
velocidade do fluxo eléctrico, ao passar pelo corpo. Os tecidos magros são altamente
condutores de corrente eléctrica, por conterem uma grande quantidade de água e
eletrólitos, portanto apresentam uma baixa resistência. Já a gordura e o osso são
pobres condutores, e apresentam uma maior resistência elétrica devido à menor
quantidade de líquidos e eletrólitos. Depois de obtidos os valores da resistência e
reactância estes podem ser utilizados para estimar a percentagem de massa gorda a
partir de equações preditivas (ACSM, 2008; Heyward, 2002).

22
Como vantagens da bioimpedância podemos referir a sua portabilidade e facilidade de
utilização, o custo relativamente baixo, o mínimo de participação por parte do indivíduo
e o facto de ser seguro, apesar de não ser recomendado em indivíduos com
pacemaker. A validade deste método de avaliação da composição corporal é
influenciada pelo sexo, idade, estado de saúde, raça ou etnia, nível de gordura uma
vez que a água corporal total e a água extra celular relativa são maiores em indivíduos
obesos em comparação com indivíduos com peso normal (Lee & Gallagher, 2008).

AVALIAÇÃO DA APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA

O VO2máx é considerado o melhor indicador da capacidade aeróbica de um indivíduo


(Chatterjee, Chatterjee, & Bandyopadhyay, 2005; ACSM, 2008; Heyward, 2002; Liu,
2007). Seria ideal determinar diretamente a capacidade aeróbica do indivíduo para
classificar o nível de ACR e prescrever um programa de exercícios. A medição real do
VO2máx exige equipamento de laboratório caro, uma quantidade considerável de tempo
para ser aplicada e um alto nível de motivação por parte dos indivíduos. Esta medição
também poderia ser obtida a partir do exercício de esforço máximo, juntamente com a
colheita dos gases expirados. No entanto, a medição dos gases expirados nem
sempre é aplicável ou desejável. Assim, existem diversas abordagens para a
avaliação da ACR que não envolvem o esforço máximo e/ou a utilização de
equipamento de laboratório. Assim, será importante integrarmos o conceito de
previsão da ACR, uma vez que estas técnicas de previsão são utilizadas para calcular
o VO2máx em muitos testes (ACSM, 2008).

Pelo que foi referido, e pelo facto dos testes de esforço máximo serem extenuantes,
nem sempre é conveniente e seguro para alguns sujeitos. Por conseguinte, outros
testes de esforço submáximo têm sido desenvolvidos numa tentativa de proporcionar
um simples, mas válido método para estimar a capacidade aeróbica quando a
medição direta do VO2máx não é viável (Chatterjee et al., 2005; Liu, 2007). Os testes de
esforço submáximo assumem uma frequência cardíaca de estado de equilíbrio em
cada intensidade de exercício, assim como determinada relação linear entre a
frequência cardíaca, consumo de oxigénio e intensidade de trabalho. Embora essas
relações se verifiquem em cargas de trabalho leves a moderadas, a relação entre o
consumo de oxigénio e o trabalho torna-se curvilínea em cargas de trabalho mais
intensas (Heyward, 2002).

23
De acordo com o American College of Sports Medicine (ACSM, 2008), a ACR pode ser
medida ou estimada usando vários métodos:

 Testes de campo: o indivíduo deve realizar uma certa distância cronometrada,


completar a distância previamente medida, ou pode realizar o teste durante um
tempo definido para predizer a ACR. Estes testes geralmente exigem esforço
máximo para uma melhor pontuação. Os modos de teste incluem, entre outros,
caminhada, caminhada-corrida, corrida, bicicleta, nadar;
 Testes de esforço submáximo: aplica-se o TD ou protocolos de exercício
submáximo para prever a capacidade aeróbica máxima ou ACR de medidas
submáximas de eficiência de certas variáveis avaliadas (geralmente a resposta da
frequência cardíaca). Os modos de teste incluem degraus, passadeiras, bicicletas,
entre outros;
 Testes de esforço máximo: através de um teste de esforço gradual ou progressivo
para medir a fadiga voluntária de um indivíduo ou exaustão. Assim, este teste é
esforço máximo envolve a medida da ACR, em vez de uma previsão.

O TD é utilizado há mais de 50 anos em testes de aptidão. Existem muitos protocolos


que têm sido desenvolvidos, que usam esta metodologia para predizer a ACR. Embora
estes testes possam ser considerados de esforço submáximo para muitos indivíduos,
eles podem estar perto do esforço máximo para outros (ACSM, 2008). Deste modo, o
TD é uma forma acessível de avaliar a ACR, pela medição dos batimentos cardíacos
como resposta do subir e descer um degrau com altura e cadência fixas. Este teste
apenas requer um degrau e um metrómetro, é de fácil execução, uma vez que requer
pouca habilidade ou prática e é de curta duração. Após o exercício (recuperação), a
frequência cardíaca diminui com a melhoria da ACR, sendo os resultados dos testes
fáceis de explicar aos participantes. Poderá haver a necessidade de adoção de
precauções especiais em casos de problemas de equilíbrio (ACSM, 2010; ACSM,
2008)

O TD, denominado de Queen´s College Step Test, foi desenvolvido para estimar a
capacidade aeróbica de estudantes universitários. Este teste foi inicialmente realizado
nas arquibancadas do ginásio da universidade, com altura de 41,3 cm, para que
pudesse ser testado, ao mesmo tempo, um grande número de estudantes. O teste tem
a duração de 3 minutos, sendo que para as mulheres o ritmo é de 22 degraus/min e
para os homens de 24 degraus/min. Este teste apresenta uma confiabilidade teste re-
teste para a frequência cardíaca de recuperação de 0,92 e em relação à validade a

24
correlação entre a frequência cardíaca de recuperação e VO2máx foi de -0,75 (McArdle,
Katch, Pechar, Jacobson, & Ruck, 1972).

Após o final do teste, o indivíduo deve ser orientado para permanecer de pé, e após 5
segundos medimos a frequência cardíaca durante 15 segundos. Converte-se a
contagem para batimentos cardíacos por minuto, multiplicando-a por quatro. Para
estimar o VO2máx mL/kg/min, devemos aplicar as seguintes equações: para os homens
VO2máx (mL/kg/min) = 111,33 – (0,42 x FC); para as mulheres VO2máx (mL/kg/min) =
65,81 – (0,1847 x FC), sendo os resultados comparados com valores normativos
(ACSM, 2008; Heyward, 2002). O erro padrão de estimativa para essas equações é de
± 16% (Heyward, 2002).

O VO2 máximo e submáximo são expressos em termos absolutos ou relativos. O VO 2


absoluto é medido em litros por minuto (L/min) ou mililitros por minuto (mL/min). Este
proporciona a medida do custo energético para atividades que não envolvam a
sustentação do peso corporal, como a cicloergometria e está diretamente relacionado
com o tamanho corporal; desse modo, os homens normalmente apresentam um VO 2
absoluto maior que as mulheres. Para comparar indivíduos que diferem em tamanho
corporal, o VO2 é expresso relativamente ao peso corporal, ou seja, como mL/kg/min.
O VO2 relativo estima o valor energético de atividades que envolvem a sustentação do
peso corporal, como a caminhada, corrida, ginástica aeróbica e subir escadas
(Heyward, 2002).

AVALIAÇÃO DA FORÇA E RESISTÊNCIA MUSCULAR

Os testes de força muscular e resistência muscular, estão longe de ser padronizados.


Antes de descrever os instrumentos de avaliação específicos, deve-se considerar se
os participantes estão familiarizados com os equipamentos e procedimentos, se os
equipamentos cumprem as regras de segurança, devendo o participante ser
encorajado a ter uma respiração correta e descanso adequado entre avaliações
(ACSM, 2008).

A força e resistência muscular podem ser avaliadas durante contrações musculares


dinâmicas e estáticas. Se a resistência é imóvel, a contração muscular é estática ou
isométrica, não havendo movimento visível da articulação. As contrações dinâmicas,
em que há movimento visível da articulação, podem ser concêntricas, excêntricas ou
isocinéticas (Heyward, 2002). Embora a medição da força muscular seja específica de

25
um grupo muscular, alguns estudos têm demonstrado que a FPM tem uma correlação
moderada com a força muscular de grupos musculares maiores, tais como flexores e
extensores do tronco e músculos extensores do joelho (Chen, Chuang, & Wu, 2008;
Jakobsen et al., 2010). Por outro lado, a força e resistência dos músculos da parte
superior do corpo são importantes nas atividades da vida diária, manutenção da saúde
funcional e promoção de uma boa postura. O papel da força muscular da região
superior do corpo na manutenção da funcionalidade torna-se mais evidente à medida
que a pessoa envelhece (Meredith & Welk, 2007).

A resistência muscular depende, em grande medida, da força muscular. Músculos


fracos não podem repetir uma ação várias vezes ou mantê-la. Com base neste
princípio, os testes de força foram concebidos para avaliar a força muscular absoluta,
a resistência muscular, ou uma combinação dos dois (Hoeger & Hoeger, 2012).

A avaliação da força muscular é útil para avaliar a aptidão muscular, identificar


eventuais défices de força, monitorizar o progresso na reabilitação ou a efetividade de
um programa de treino (ACSM, 2008). A força estática e a resistência muscular são
aferidas com recurso a dinamómetros, tensiómetros de cabo e células de carga. Pesos
livres, assim como equipamentos de musculação de resistência constante, resistência
variável e isocinéticos, avaliam a força e resistência dinâmicas (Heyward, 2002). A
força muscular dinâmica é, muitas vezes, determinada pela quantidade máxima de
resistência (carga) numa repetição, ou seja, a carga que o indivíduo é capaz de
suportar num único esforço. Embora esta avaliação produza uma boa medida da força
absoluta, ele requer um tempo considerável, porque é determinado por meio de
tentativa e erro. Se o fator “tempo” é um aspeto a ter em conta, o TPM é uma
alternativa recomendada para avaliar a força muscular (Hoeger & Hoeger, 2012).

Um estudo realizado em 92 indivíduos saudáveis, com idades entre os 20 e os 65


anos e em 45 indivíduos com patologia, provenientes dos departamentos de cirurgia,
gastroenterologia, oncologia e medicina interna, que teve por objetivo investigar até
que ponto a FPM, a resistência e o trabalho estariam relacionados com a FF,
mobilidade e AF em jovens saudáveis, demonstrou que há uma correlação entre a
força de preensão manual e a mobilidade em indivíduos saudáveis (r = -0,31, P =
0,0028) e em indivíduos com patologia (r = -0,59, P <0,0001), ficando demonstrada
também uma relação entre a força de preensão manual e a AF em mulheres
saudáveis e em homens com patologia (Jakobsen, Rask, & Kondrup, 2010). Outro
estudo demonstrou que os valores de referência normais para a FPM deveriam ser
estabelecidos e estratificados de acordo com a idade e sexo, sendo que as variações

26
associadas à estatura não justificam ajustes em relação a esta variável (Luna-Heredia,
Martin-Pena, & Ruiz-Galiana, 2005). Sabe-se ainda que os valores mais elevados de
preensão manual são observados na 4 ª década de vida, havendo uma queda
significativa depois. A FPM está, também significativamente associada com o índice
de massa corporal (Schlussel, Anjos, Vasconcellos, & Kac, 2008).

No entanto, quando se trata da avaliação da ApFRS o teste de preensão manual


(TPM), não fornece uma correlação irrefutável com a força total do corpo pelo que
haverá necessidade da realização de outros testes. A força e resistência são
específicas de determinado grupo muscular, tipo de contração muscular, velocidade
de contração muscular e ângulo articular testado, não havendo, portanto, um único
teste para avaliar a força e a resistência muscular de todo o corpo (Heyward, 2002).
Assim, nos testes de resistência, várias áreas do corpo devem ser avaliadas. Um
elevado grau de resistência ou resistência numa parte do corpo não indica
necessariamente similaridade noutras partes, de forma que nenhum teste único de
força fornece uma boa avaliação da força total do corpo. Assim, os testes devem
incluir a região superior e inferior do corpo, bem como a região abdominal (Hoeger &
Hoeger, 2012).

A força e resistência dos músculos abdominais são importantes na promoção de uma


boa postura e alinhamento pélvico correto. O último é particularmente importante na
manutenção da saúde lombar. Testar os músculos abdominais torna-se, por vezes,
difícil, uma vez que é complicado isolar a ação dos mesmos, sendo frequente o
envolvimento da acção dos músculos flexores da anca. O curl-up test ou TFA é um
teste seguro e eficaz, uma vez que não envolve a assistência dos músculos flexores
da anca e minimiza compressão na coluna vertebral, quando comparado com outros
testes (Meredith & Welk, 2007). Neste teste o indivíduo realiza o máximo de
abdominais possíveis, sem pausa, durante 1 minuto (ACSM, 2008).

O papel da força na região superior do corpo na manutenção da funcionalidade torna-


se mais evidente à medida que a pessoa envelhece (Meredith & Welk, 2007). O teste
recomendado para aferir a força e flexibilidade da região superior do corpo é o push up
test ou TFB (ACSM, 2008). Este teste tem mostrado, geralmente, pontuações
consistentes mas a fiabilidade depende da forma como é administrado (Meredith &
Welk, 2007).

Não devemos esquecer que a validade e fiabilidade das medidas de força e


resistência muscular são afetadas por fatores relacionados com o cliente,
equipamento, destreza do avaliador e o ambiente. Cada um desses fatores deve ser

27
controlado para assegurar a exatidão e a precisão das pontuações da aptidão
muscular (Heyward, 2002).

AVALIAÇÃO DA FLEXIBILIDADE

A flexibilidade, ao estar relacionada com a amplitude de movimento ao redor de uma


articulação, é de facto importante na realização de certas tarefas do quotidiano. Além
disso, estudos focalizados na área da medicina física e reabilitação apontam para a
sua importância no estado de saúde e ApFRS, enfatizando que os exercícios de
flexibilidade demonstram sucesso no alívio da tensão neuromuscular generalizada e
das lombalgias (Fox, Bowers, & Foss, 1993).

Uma flexibilidade articular adequada é importante na manutenção da saúde funcional


(Meredith & Welk, 2007). A avaliação da flexibilidade é necessária uma vez que a
diminuição do desempenho em atividades da vida diária está associada a uma
flexibilidade inadequada. Indivíduos que apresentam índices de flexibilidade mais
elevados, tendem a mover-se com maior facilidade e são menos suscetíveis a lesões
quando submetidos a esforços físicos mais intensos. Além disso, baixos índices de
flexibilidade nas regiões do tronco e anca, demonstram elevada associação com o
aparecimento de desvios posturais e, muitas vezes, podem levar a problemas
lombares crónicos irreversíveis, provocando desconforto, incapacidade de
movimentos, dor, queda no rendimento em atividades do quotidiano, limitando
enormemente a qualidade de vida dos indivíduos (Guedes, Neto, Germano, Lopes, &
Silva, 2012).

Existem diversos procedimentos com objetivo de medir a flexibilidade, no entanto, não


devemos esquecer que a flexibilidade não se configura como uma caraterística geral
do corpo, mas de uma articulação em particular, para um determinado movimento.
Aparelhos como o goniómetro, eletrogoniómetro, inclinómetro e o flexómetro de
Leighton são os métodos diretos utilizados com a finalidade de medir a amplitude
alcançada, em graus, na realização de um movimento envolvendo uma determinada
articulação. Para além destes, e tendo em conta que não há um único teste que
possa, realmente, caraterizar a flexibilidade de todo o corpo, o sit-and-reach test ou
TSA é o teste mais utilizado para a avaliação da flexibilidade no que respeita à
ApFRS. Ele não representa a flexibilidade total do corpo, mas é considerado um teste
válido, uma vez que representa a flexibilidade dos isquiotibiais, dos músculos
lombares e da anca. A fiabilidade deste teste dependerá da realização ou não de

28
aquecimento, e se os mesmos procedimentos são seguidos de cada vez que o teste é
realizado. As recomendações do ACSM apontam para a realização de aquecimento
prévio (ACSM, 2008). Assim o TSA é precedido pelos testes de força e de resistência
que funcionam como aquecimento. Por este motivo, a ordem da realização dos testes
deve ser padronizada e deve repetir as mesmas condições cada vez que cada teste é
efetuado.

2.3. ATIVIDADE FÍSICA

O estilo de vida passou a ser considerado como um aspeto fundamental na promoção


da saúde e redução da mortalidade. Para grande parte da população, os maiores
riscos para a saúde e o bem-estar, têm origem no próprio comportamento individual,
resultante tanto da informação e vontade da pessoa, como também das oportunidades
e barreiras presentes na realidade social (Araújo & Araújo, 2000).

A promoção da AF, tendo em conta os efeitos benéficos demonstrados no estado de


saúde, tem vindo assumir uma grande importância na saúde pública preventiva, como
meio para manter as habilidades físicas e capacidades funcionais (Suni, Oja, et al.,
1998). Neste contexto, a avaliação da ApF tem um papel importante na idealização de
um programa de AF. O maior conhecimento da relação entre AF, ApF e saúde gerou
um novo conceito: ApFRS. A ApFRS refere-se aos componentes da ApF que estão
relacionados com a saúde e que são afetados pela AF habitual (Suni, Miilunpalo, et al.,
1998).

Assim, a AF e a ApFRS estão intimamente relacionadas, uma vez que esta última é,
em grande parte, determinada pelos padrões de AF nas últimas semanas ou meses
(Blair, Cheng, & Holder, 2001; Olivares et al., 2011). Assim, a prática de AF resulta em
índices de ApFRS que certamente interferem na prática da AF (Haskell et al., 1985).
Parece haver uma relação linear entre a AF e o estado de saúde, de tal forma que um
aumento na AF e ApFRS levará a um incremento no estado de saúde dos indivíduos.
No entanto, poderá ocorrer uma melhoria nos indicadores do estado de saúde como
resultado do aumento dos níveis de AF na ausência de mudanças na capacidade
aeróbia. Isto é particularmente evidente em populações idosas, onde a AF regular
pode levar a reduções nos fatores de risco para doenças crónicas e incapacidade,
sem alterar significativamente os tradicionais marcadores fisiológicos de desempenho
(Warburton et al., 2006).

29
No entanto, devemos considerar a diferença entre AF e exercício físico, tendo em
conta a intencionalidade do movimento. Assim, o exercício físico é um subgrupo da
AF, que é planeado estruturado e repetitivo, e que apresenta um propósito específico
que poderá ser a manutenção ou a melhoria da condição física. Podemos ser
fisicamente ativos sem estarmos envolvidos em programas de exercício físico com
supervisão; basta estarmos envolvidos em atividades diárias ou de trabalho que
exijam níveis razoáveis de AF e de gasto energético (ACSM, 2010).

Um melhor conhecimento da associação entre a AF e a saúde reforça a necessidade


de se aperfeiçoar métodos de avaliação da AF eficazes, eficientes e,
simultaneamente, rigorosos. Não obstante, a importância da medição e quantificação
da AF é proporcional ao grau de dificuldade em o realizar com o rigor pretendido
(Paffenbarger, Blair, Lee, & Hyde, 1993).

2.3.1. AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA

As dimensões da AF incluem a intensidade, a frequência e a duração, e juntas


compõem o volume total de atividade. Outra dimensão importante da AF é o tipo ou
modalidade. Colocar questões pode ser relevante para retirar informações sobre o
cenário em que a AF ocorre. A escolha do instrumento dependerá do tamanho do
estudo, orçamento, recursos e pessoal disponível (Corder, Ekelund, Steele, Wareham,
& Brage, 2008).

Têm sido frequentemente utilizados questionários para determinar a prevalência


da AF numa população, verificar os efeitos de programas de intervenção, e para
identificar as relações entre a AF e os benefícios para a saúde. Os valores
estimados que são obtidos através das respostas aos questionários possuem uma
validade aceitável e permitem a classificação dos indivíduos em função do seu
nível de actividade (Anderssen, 1999; Pereira et al., 1997).

Um dos questionários mais utilizados na aferição da AF é o IPAQ; utilizando-se,


sobretudo, a versão curta. Este questionário é autoadministrado e pode ser aplicado
em adultos com idade entre os 18 e os 65 anos, identificando a frequência e a duração
da caminhada, AF moderada e vigorosa e atividade sedentária, durante a última
semana (ACSM, 2010; IPAQ, 2005). Trata-se de um instrumento fiável, com validade
de conteúdo, critério e construção, para além de se encontrar adaptado e validado
para várias populações, incluindo a portuguesa (Craig et al., 2003).

30
3. METODOLOGIA

3.1. AMOSTRA

Para a realização do trabalho de campo, foi solicitada a participação dos alunos da


Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra (ESTeSC). A divulgação e
pedido de colaboração dos estudantes foi feita através da associação de estudantes e
dos coordenadores dos cursos. Foi assim obtida a participação de 152 indivíduos de
ambos os géneros, todos eles voluntários.

Junto de cada participante foi obtido, por escrito, o consentimento livre e informado,
num documento que continha toda a informação considerada relevante: a descrição
dos objetivos, procedimentos e finalidades do estudo; o caráter voluntário da
participação; o compromisso de anonimato; a confidencialidade dos dados e o assumir
de permanente disponibilidade para esclarecimento de dúvidas (Apêndice 1).

Ter idade compreendida entre os 18 e os 35 anos e ser aparentemente saudável


constituíram os critérios de inclusão. Por outro lado, ser diabético, apresentar uma
pressão arterial de repouso superior a 160/100 mmHg, apresentar um risco elevado de
DCV ou possuir qualquer limitação física que interferisse na realização do protocolo de
testes foram os critérios de exclusão.

Após a aplicação dos critérios de inclusão e de exclusão foi eliminado 1 participante,


por declarar a presença de um quisto sinovial na mão direita que o incapacitava de
realizar o TFB e o TPM. Dos restantes participantes (151), 5 desistiram do estudo.
Assim, a amostra do presente estudo foi integrada por 146 indivíduos.

3.2. DESCRIÇÃO DAS MEDIÇÕES REALIZADAS

3.2.1. CARATERÍSTICAS INDIVIDUAIS

Através das questões 1 e 2 do questionário de caracterização (Apêndice 2), obtivemos


os dados relativos ao género e idade dos indivíduos participantes neste estudo.

31
ÍNDICE DE MASSA CORPORAL

O IMC foi utilizado para avaliar a relação entre o peso e a altura dos sujeitos. Para tal,
o peso dos sujeitos, expresso em quilogramas (kg), foi dividido pela estatura ao
quadrado, em m2, sendo então obtido o valor do IMC em kg/m2 (ACSM, 2008).

PESO

Os sujeitos efetuaram a pesagem sem sapatos e com pouca roupa (preferencialmente


t-shirt e calções ou fato de treino), tendo sido utilizada uma balança Terraillion, sendo
os dados expressos em kg com valores aproximados a 0.1kg.

ESTATURA

Os valores foram obtidos com recurso a um estadiómetro da marca Jofre, expressos


em centímetros (cm) com aproximação de 0.1cm. Foi pedido aos sujeitos que
assumissem a posição antropométrica de referência: de pé, imóveis e sem sapatos,
encostando-se ao estadiómetro e mantendo os membros superiores naturalmente ao
lado do tronco, realizando uma inspiração profunda. Foi garantida por parte do
observador a ortogonalidade da linha de Frankfurt em relação à escala (Maud &
Foster, 1995).

PRESSÃO ARTERIAL

Assim que os sujeitos chegaram ao Laboratório de Fisioterapia foram instruídos para


ficarem com o mínimo de roupa possível, preferencialmente em t-shirt e calção ou fato
de treino, e sentarem-se confortavelmente, sem terem as pernas cruzadas, durante
uns minutos. Para a aferição da pressão arterial foi utilizado esfigmomanómetro de
coluna de mercúrio da marca Kamiya (Kamiya Tsusan Kaisha, Lda, Japan). O
esfigmomanómetro de coluna de mercúrio é ideal, por ser mais preciso (ACSM, 2008).

Depois de ser explicado o procedimento aos sujeitos, o braço esquerdo foi


posicionado em cima de uma mesa, ficando aproximadamente à altura do coração. O
avaliador ficou sentado de modo a posicionar os olhos à altura da coluna de mercúrio.

32
A braçadeira foi colocada cerca de 2 cm a 3 cm acima da fossa antecubital,
centralizando a bolsa de borracha sobre a artéria braquial. O estetoscópio foi colocado
nos ouvidos, com a curvatura voltada para frente, posicionando a campânula
suavemente sobre a artéria braquial, evitando compressão excessiva. Solicitou-se aos
sujeitos que não falessem durante o procedimento de medição. Inflou-se rapidamente,
de 10 mmHg em 10 mmHg, até o nível estimado da pressão arterial. De seguida
procedeu-se à deflação, com velocidade constante inicial de 2 mmHg a 4 mmHg por
segundo, evitando congestão venosa e desconforto para o paciente. Auscultaram-se
os sons sobre a artéria braquial, tendo sido determinada a pressão sistólica no
momento do aparecimento do primeiro som (Patricio et al., 2009), que se intensificou
com o aumento da velocidade de deflação. A pressão diastólica correspondeu ao
desaparecimento completo dos sons (fase 5 de Korotkoff), tendo continuado a
auscultação cerca de 20 mmHg a 30 mmHg abaixo do último som para confirmar o
seu desaparecimento, para depois proceder à deflação rápida e completa. Foram
então registados os valores da pressão sistólica e diastólica, tendo-se registado o
valor da pressão obtido na escala do manómetro que variava de 2 mmHg em 2 mmHg,
evitando-se arredondamentos e valores de pressão terminados em 0,5. Esperou-se
pelo menos 1 minutos antes de realizar uma nova medição, recomendando-se a
elevação do braço para normalizar mais rapidamente a estase venosa, que poderia
interferir na medição seguinte. Foram realizadas três medições, sendo considerado
como valor da pressão sistólica e diastólica a média dos valores resultantes das três
medições (ACSM, 2008).

MARCADORES BIOQUÍMICOS

Todos os elementos foram convidados a estarem presentes pelas 8.30h, do dia


referente à avaliação, no Laboratório de Análises Clínicas da ESTeSC, de modo a ser
recolhida uma amostra de sangue para avaliação dos valores de colesterol total,
colesterol LDL e colesterol HDL e glicémia em jejum.

As amostras para obtenção de soro foram colhidas em jejum para tubo seco e
centrifugadas a 3000g, durante 10 min. O doseamento de colesterol total, colesterol
HDL e glicose foram avaliados no analisador clínico automatizado Prestige 24i (Tokyo
Boeki Machinery, Japão), com recurso aos kits da Cormay: Prestige 24i LQCHOL,
Prestige 24i LQ HDL Direct, Prestige 24i LQ TG e Prestige 24i LQ Glucose (PZ

33
Cormay S. A., Polónia). A fracção de colesterol LDL foi estimada seguindo a fórmula
de Friedwald (Friedewald, Levy, & Fredrickson, 1972).

3.2.2. ESTADO DE SAÚDE

Para avaliarmos o estado de saúde dos participantes, o instrumento de medida


aplicado foi a versão do SF-36, devidamente validado para a população portuguesa
(P. Ferreira, 2000a, 2000b). Trata-se de um questionário auto administrado, relativo às
últimas 4 semanas, sendo necessários 10 minutos para o seu preenchimento. É
constituído por 36 itens relativos às FF, DF, DC, SG, VT, FS, DE e SM. As
pontuações, por dimensão, são apresentadas numa escala de orientação positiva de 0
(pior estado de saúde) a 100 (melhor estado de saúde). As oito dimensões são
agrupadas em 2 componentes: saúde física e mental. O SF-36 tem ainda uma escala
de transição em saúde que pretende medir a quantidade de mudança em geral na
saúde, pontuada de 1 (muito melhor) a 5 (muito pior) (Ferreira, 2000a, 2000b).

3.2.3. COMPONENTES DA APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA COM A SAÚDE

Os testes sugeridos pelo ACSM para a avaliação de cada um destes componentes


são vários, tendo sido seleccionados, para o presente estudo, aqueles que melhor se
adequavam às condições e material disponível (ACSM, 2010; ACSM, 2008).

CIRCUNFERÊNCIAS E RÁCIO CINTURA/ANCA

Para a medição das circunferências foi usada uma fita métrica de 1,5 m de
comprimento, 0,5 cm de largura, com uma escala de 0,1 cm e com um mecanismo de
mola (fita do tipo Gulick) para assegurar que a fita era esticada. A fita foi aplicada de
modo a ficar tensa mas nunca apertada, evitando a compressão da pele. Foram
realizadas três medições em cada local e realizada a média das medidas (ACSM,
2008).

Os procedimentos adoptados basearam-se nas recomendações do ACSM (ACSM,


2008). Relativamente à circunferência da cintura, os indivíduos permaneceram na
posição ortostática, com os pés unidos e abdómen relaxado. A medição foi realizada

34
no plano horizontal na região de menor circunferência, acima da cicatriz umbilical e
logo abaixo da caixa torácica, após uma expiração normal. No que respeita à
circunferência da anca, a medição foi realizada no maior plano horizontal em torno das
nádegas, tendo o indivíduo mantido os calcanhares unidos.

De seguida foi calculado o RCA através da seguinte fórmula (ACSM, 2008):

Rácio Cintura-Anca = Circunferência Cintura


Circunferência Anca

BIOIMPEDÂNCIA

Para avaliação da %MG e massa muscular foi utilizado um equipamento específico de


bioimpedância eléctrica da marca Akern, modelo Bia-101 (Akern Srl, Florence, Italy,
2004) previamente calibrado para os valores de referência, no Laboratório de
Biocinética da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade
de Coimbra (FCDEF-UC).

Seguindo as orientações constantes no manual de utilização do equipamento, os


sujeitos foram, individualmente, posicionados em decúbito dorsal, com os membros
superiores a 30º de abdução e os membros inferiores em abdução com um ângulo de
45º. Após limpeza da pele com álcool, foram colocados dois eléctrodos emissores e
dois eléctrodos receptores nas superfícies dorsais da mão e do pé direito. Os
eléctrodos emissores (vermelhos) foram colocados distalmente na superfície dorsal da
mão e do pé, no plano das cabeças do terceiro metacarpo e do terceiro metatarso,
respectivamente. Os eléctrodos receptores (pretos) foram colocados proximalmente
também na mão e no pé, situando-se o primeiro no pulso, num plano imaginário de
união das duas apófises estilóides e o segundo, na região dorsal da articulação da
tíbio-társica, na linha imaginária de união da parte mais saliente dos dois maléolos
(Maud & Foster, 1995).

Posteriormente fez-se passar uma corrente de excitação muito baixa (800 μA) e de
uma frequência constante (50kHz), a qual nos permitiu obter duas medidas: a
reactância (Rz) e a resistência total (Xc). Estes valores foram introduzidos no
programa Bodygram 1.3 (software que acompanha o equipamento), de modo a
proceder ao tratamento dos dados, possibilitando assim a obtenção dos valores da
%MG e da percentagem de massa muscular.

35
TESTE DO DEGRAU

Para a realização do TD, foi construído um degrau com altura de 41,3 cm. O teste teve
a duração de 3 minutos, sendo que para as mulheres o ritmo foi de 22 degraus/min (88
passos) e para os homens de 24 degraus/min (96 passos). Para tal foi utilizado o
programa Tempo Perfect Metronome Software (v 2.02 NCH Software). Para controlar
o tempo foi utilizado um cronómetro digital da marca Geonaute, modelo Kalenji,
Stopwatch 1/100s.

Os indivíduos foram orientados para permanecerem de pé após o final do teste, e


palparem o seu pulso carotídeo, do lado direito. No final do teste, e após 5 segundos,
foi medida a frequência cardíaca durante 15 segundos, pelo avaliador, através da
palpação do pulso radial, do membro superior esquerdo. Em caso de dificuldade na
palpação do pulso radial por parte do avaliador, seria adoptada a medição realizada
pelo indivíduo, através da palpação do pulso carotídeo, mas tal não foi necessário.

Converteu-se a contagem para batimentos cardíacos por minuto, multiplicando-a por


quatro. Para estimar o VO2máx mL/kg/min, foram aplicadas as seguintes equações,
sendo os resultados comparados com valores normativos (ACSM, 2008; Heyward,
2002):

HOMENS VO2máx (mL/kg/min) = 111,33 – (0,42 x FC)


MULHERES VO2máx (mL/kg/min) = 65,81 – (0,1847 x FC)

O erro padrão de estimativa para estas equações é de ± 16% (Heyward, 2002).

FORÇA DE PREENSÃO MANUAL

Para a avaliar a força muscular foi realizado o TPM, recorrendo ao dinamómetro


manual Lafayette Hand Dinamometer, modelo 78010 (Lafayette Instrument Company,
Indiana USA). Os sujeitos assumiram a posição de pé, com os membros superiores ao
longo do tronco. A alça do dinamómetro foi ajustada para se adaptar e encaixar
confortavelmente à mão de cada sujeito. Em cada um dos sujeitos o avaliador
certificou-se que o dinamómetro estava a zero.

36
O sujeito segurou o dinamómetro paralelo corpo, flectindo ligeiramente o cotovelo.
Optou-se por iniciar o teste sempre pela mão direita, tendo sido dada a indicação para
que os sujeitos apertassem o dinamómetro com o máximo de força possível, sem
susterem a respiração. O valor foi registado em kg, tendo-se repetido o mesmo
procedimento na mão esquerda. O teste foi repetido mais duas vezes com cada mão.
O valor mais elevado, de cada uma das três repetições foi o seleccionado, tendo como
medida da FPM total a soma do valor mais elevado da mão direita e da mão esquerda
(ACSM, 2008).

TESTE DE FORÇA DE BRAÇOS

Para a execução deste teste foi utilizado um colchão, tendo sido posicionados os
sujeitos do sexo masculino a partir da posição de prona, e os sujeitos do sexo feminino
com os joelhos juntos, pernas em contato com o colchão, pés em flexão plantar,
costas retas, mãos na largura dos ombros, cabeça para cima, usando os joelhos como
o ponto central. Os participantes foram instruídos no sentido de levantarem o peso do
corpo através da extensão dos cotovelos e voltar à posição inicial, até que o queixo se
aproximasse do colchão mas sem que o estômago tocasse no mesmo. O número
máximo de flexões realizadas consecutivamente sem descanso foi contado, durante 1
minuto, tendo sido o teste interrompido quando o indivíduo demonstrou incapacidade
em manter a técnica apropriada em duas repetições (ACSM, 2008). Para controlar o
tempo foi utilizado um cronómetro digital da marca Geonaute, modelo Kalenji,
Stopwatch 1/100s.

TESTE DE FORÇA ABDOMINAL

Neste teste os indivíduos assumiram a posição supina, sobre um colchão, com os


joelhos a 90º de flexão. Os braços ficaram posicionados ao lado do tronco, com as
palmas das mãos voltadas para baixo. Previamente foram colocados dois pedaços de
fita adesiva, com um espaço de 10 cm entre elas. Os sujeitos foram instruídos de
modo a que os dedos médios a tocassem no primeiro pedaço de fita adesiva no inicio
da posição de teste. Foi pedido que deslizassem os dedos médios até tocarem no
segundo pedaço de fita adesiva, sendo que para tal deveriam levantar os ombros do
colchão, voltando depois à posição inicial. Teve-se a atenção de referir que deverian
alinhar as costas no final de cada movimento, antes de as enrolarem, no início do

37
movimento seguinte. Foram contabilizados o número máximo de repetições
realizadas, sem pausas, durante 1 minuto, tendo sido utilizado um cronómetro digital
da marca Geonaute, modelo Kalenji, Stopwatch 1/100s, para controlar o tempo
(ACSM, 2008).

TESTE DE SENTAR E ALCANÇAR

Este teste foi realizado depois de realização do TD, TFB e TFA, tendo este servido de
aquecimento, tal como as recomendações do ACSM. Utilizou-se, uma caixa criada
para o efeito, com 30 cm de altura, tendo sido fixada uma prancha de madeira em
cima da caixa, a 26 cm da borda frontal da mesma. Foi então colocada uma fita
métrica, no centro da prancha de madeira fixada na parte superior da caixa,
coincidindo a marca de 26 cm com a borda frontal da caixa. Os sujeitos, depois de
retirarem os sapatos, foram instruídos a sentarem-se no chão com os joelhos no
máximo de extensão e os pés contra a caixa de teste. Foi então pedido para
deslizarem lentamente para a frente com as duas mãos, o mais distante possível,
mantendo esta posição aproximadamente 2 segundos. O avaliador certificou-se que o
participante manteve as mãos paralelas e não realizou o movimento apenas com uma
mão. A pontuação obtida, foi o ponto mais distante alcançado com a ponta dos dedos,
numa série de três repetições. O avaliador verificou que os joelhos do participante
permaneceram em extensão, sendo cada participante aconselhado a respirar
normalmente durante o teste, não devendo suster a respiração em nenhum momento
(ACSM, 2008).

3.2.4. ATIVIDADE FÍSICA

Para aferir o nível de AF foi aplicado o questionário IPAQ, tendo sido utilizada a versão
curta, uma vez que esta é amplamente utilizada. Este questionário é autoadministrado
e pode ser aplicado em adultos com idade entre os 18 e os 65 anos, identificando a
frequência e a duração da caminhada, AF moderada e vigorosa e atividade sedentária,
durante a última semana (ACSM, 2010; IPAQ, 2005). Trata-se de um instrumento
fiável, com validade de conteúdo, critério e construção, para além de se encontrar
adaptado e validado para várias populações, incluindo a portuguesa (Craig et al.,
2003).

38
3.2.5. RISCO DE DOENÇA CARDIOVASCULAR

A classificação da estratificação do nível de risco dos participantes foi determinada


pelo total numérico de todos os fatores de risco. De salientar que se trata de oito
fatores de risco positivos (história familiar, tabagismo, hipertensão, dislipidémias,
glucose alterada em jejum, obesidade e sedentarismo) e um negativo (colesterol HDL
elevado) usados pelo ACSM para a estratificação do risco. Nos casos em que os
sujeitos apresentaram um valor de HDL elevado, foi subtraído 1 da soma dos fatores
de risco positivos (ACSM, 2008).

Com base nestes resultados, os indivíduos foram classificados em três categorias:


baixo, moderado e elevado risco de DCV. De acordo com o ACSM, a categoria
correspondente ao baixo risco abrange homens (< 45 anos) e mulheres (< 55 anos),
assintomáticos, que apresentem não mais do que um fator de risco. Indivíduos mais
velhos (homens ≥ 45 anos e mulheres ≥ 55 anos) ou aqueles com dois ou mais fatores
de risco correspondem ao risco moderado e a categoria de alto risco inclui indivíduos
que apresentem um ou mais sinais ou sintomas de DCV e doença pulmonar ou os que
têm DCV, doença pulmonar ou metabólica diagnosticada. A partir desta estratificação,
podemos verificar a necessidade de realização de exame médico e teste de esforço
antes da participação em exercício moderado ou vigoroso, bem como a necessidade
de supervisão médica nos testes de esforço submáximo ou máximo. Assim, a
supervisão médica é recomendada nos testes submáximos apenas nos indivíduos que
apresentem elevado risco de DCV, e nos testes máximos nos indivíduos com risco
moderado e elevado de DCV (ACSM, 2008). Por isso, a eventualidade da presença de
sujeitos com elevado risco de DCV constituiu um dos critérios de exclusão deste
estudo.

Em relação ao tabagismo, sedentarismo e história familiar de coronariopatia, os


valores foram obtidos a partir do preenchimento das questões 3, 4 e 5 do questionário
de caracterização (Apêndice 2).

3.3. PROCEDIMENTOS DE TESTE E RECOLHA DE DADOS

O protocolo de testes foi colocado em prática no Laboratório de Fisioterapia da


ESTeSC. Foi utilizada luminosidade natural e temperatura ambiente controlada (22º
centígrados). As sessões de teste decorreram durante os meses de Outubro e

39
Novembro de 2012, tendo sido realizadas entre as 8.30 e as 13 horas. No dia da
avaliação foi preenchido por cada participante um questionário de caracterização, o
IPAQ e o SF-36 (Apêndice 2), antes da aplicação da bateria de testes.

No dia anterior à avaliação, foi entregue a cada um dos participantes uma folha onde
para além da explicação do estudo constava uma lista de recomendações que
deveriam ser respeitadas por parte dos participantes (Apêndice 3). Foi enfatizada a
importância de:

 Hidratar-se bem no dia anterior;


 Dormir bem na noite anterior;
 Realizar um jejum mínimo de 12 horas antes da recolha da amostra de sangue;
 Trazer roupas e calçado adequado para exercício físico;
 Não fumar por 3 horas antes dos testes físicos;
 Não beber por 4 horas antes dos testes físicos;
 Não fazer exercícios intensos por 12 horas antes dos testes físicos;
 Urinar 30 minutos antes dos testes físicos;
 Não consumir álcool por 48 horas antes dos testes físicos;
 Não tomar diuréticos por 7 dias antes dos testes físicos (se possível);
 Limitar o uso de agentes diurético (cafeína, chocolate, etc.) antes dos testes
físicos.

Para garantir a qualidade dos dados, os testes foram aplicados pelo mesmo avaliador.
Um mês antes do início da colheita de dados, foram realizados vários pré-testes, de
modo a operacionalizar o protocolo de teste e realizar os acertos necessários, tendo-
se mostrado importante na familiarização dos testes e equipamentos por parte do
avaliador (ACSM, 2008). Os indivíduos que participaram no pré-teste não integraram a
amostra final.

De acordo com as recomendações do ACSM (2008), a ordem dos procedimentos foi a


seguinte:

1. Recolha de sangue;
2. Avaliação da pressão arterial;
3. Avaliação do peso;
4. Avaliação da estatura;
5. Avaliação da composição corporal (circunferências e bioimpedância);
6. Avaliação da capacidade cardiorrespiratória (TD);
7. Avaliação da força muscular (FPM);

40
8. Avaliação da resistência muscular (TFB e TFA);
9. Avaliação da flexibilidade (TSA).

Para o registo do resultado dos testes foi criado um formulário preenchido pelo
avaliador (Apêndice 4).

3.4. ANÁLISE ESTATÍSTICA

A caracterização e descrição geral da amostra foi efetuada com o recurso a medidas


estatísticas de tendência central (média), de dispersão (desvio padrão e intervalo),
para além das frequências e respetivas percentagens.

Foi usada a análise de regressão múltipla de modo a estimar a contribuição de


diferentes variáveis independentes na variabilidade de uma variável dependente. Para
o desenvolvimento do nosso estudo foram aplicados dois modelos preditivos. No
modelo preditivo do estado de saúde utilizamos como variáveis dependentes as
dimensões do SF-36 (FF, DF, DC, SG, VT, FS, DE e SM). Como variáveis
independentes foram consideradas as caraterísticas individuais (género, idade, IMC,
pressão arterial e marcadores bioquímicos), os componentes da ApFRS (composição
corporal, ACR, força muscular, resistência muscular e flexibilidade), o nível de AF
(vigorosa, moderada, marcha, total e sentado) e o risco de DCV (história familiar,
tabagismo e sedentarismo). No modelo preditivo da ApFRS utilizamos como variáveis
dependentes os componentes da ApFRS (composição corporal, ACR, força muscular,
resistência muscular e flexibilidade). Estas variáveis foram consideradas, em
simultâneo, como variáveis independentes, ou seja, no modelo de predição de cada
um dos componentes, os restantes entraram como variáveis independentes,
assumindo-se desta forma a possibilidade da variância obtida em cada um dos
componentes da ApFRS poder ser explicada pelos restantes componentes da ApFRS.
Foram ainda consideradas como variáveis independentes as caraterísticas individuais
(género, idade, IMC, pressão arterial e marcadores bioquímicos), o nível de AF
(vigorosa, moderada, marcha, total e sentado) e o risco de DCV (história familiar,
tabagismo e sedentarismo). Foram ainda utilizadas como variáveis de caraterização a
presença ou ausência de hipertensão, dislipidémia, glicémia em jejum alterada,
obesidade, colesterol HDL elevado e o risco de DCV.

A análise de regressão múltipla foi realizada em duas fases. Na primeira fase, foi
usada a correlação de Pearson e o teste t para amostras independentes, de modo a

41
realizar uma análise univariada entre todas as variáveis independentes e a variável
dependente. Um valor de P de 0,20 foi aceite como o nível de significância para
assegurar que variáveis independentes potencialmente relevantes não seriam
excluídas nesta fase (Katz, 1999). Seguidamente, todas as variáveis independentes
que apresentaram uma associação significativa com a variável dependente foram
inseridas nos modelos de regressão múltipla (com os critérios do método de
probabilidade passo a passo, sendo seleccionados os valores de F ≤ 0,05 e excluídos
os valores de F ≥ 0,10). Os modelos atenderam aos pressupostos da regressão
múltipla.

As diferenças significativas entre grupos (género, fatores de risco de DCV e


estratificação do risco de DCV) relativamente a um compósito de variáveis
dependentes que incluíram caraterísticas individuais, estado de saúde, ApFRS e AF
foram analisadas por meio de uma análise de variância multivariada (MANOVA). Para
testar a hipótese nula, foi utilizado o Traço de Pillai, adotando-se o nível de
significância de 0,05 (Johnson & Wichern, 2007).

A análise e processamento da informação estatística foi realizada utilizando o


Statistical Package for Social Sciences® (SPSS) versão 19.0 para o Windows®.

42
4. RESULTADOS

A Tabela 1 apresenta os valores referentes à análise descritiva das variáveis


relacionadas com as caraterísticas individuais, estado de saúde, ApFRS, AF e risco de
DCV.

Tabela 1 - Caraterísticas da amostra (N=146)

Variáveis Dados
Características individuais
Género
Feminino 121 (82,9)
Masculino 25 (17,1)
Idade (anos) 20,1 ± 2,4 (18 - 34)
2
Índice de massa corporal (kg/m ) 22,6 ± 2,9 (16,1 - 33,0)
Peso (kg) 61,8 ± 10,5 (44,4 - 105,2)
Estatura (cm) 165,3 ± 7,4 (149,0 - 195,0)
Pressão arterial
Sistólica (mmHg) 114,4 ± 8,2 (98,7 - 137,3)
Diastólica (mmHg) 71,1 ± 6,8 (55,0 - 88,7)
Marcadores bioquímicos
Colesterol total (mg/dL) 180,1 ± 36,3 (106,0 - 284,0)
Colesterol LDL (mg/dL) 109,9 ± 30,9 (30,9 - 223,7)
Colesterol HDL (mg/dL) 55,8 ± 9,1 (37,7 - 82,7)
Glicémia em jejum (mg/dL) 92,8 ± 7,3 (75,0 - 111,0)
Estado de saúde (SF-36)*
Função física (pontos) 95,7 ± 6,4 (55,0 - 100,0)
Desempenho físico (pontos) 88,9 ± 13,3 (43,8 - 100,0)
Dor corporal (pontos) 80,4 ± 16,8 (31,0 - 100,0)
Saúde em geral (pontos) 73,5 ± 14,5 (35,0 - 100,0)
Vitalidade (pontos) 66,2 ± 13,9 (20,0 - 100,0)
Função social (pontos) 86,3 ± 13,6 (50,0 - 100,0)
Desempenho emocional (pontos) 86,8 ± 17,9 (33,3 - 100,0)
Saúde mental (pontos) 77,4 ± 12,7 (44,0 - 100,0)
Aptidão física relacionada com a saúde
Composição corporal
Rácio cintura/anca 0,7 ± 0,04 (0,6 - 0,9)
Circunferência cintura (cm) 71,6 ± 6,8 (59,0 - 98,2)
Circunferência anca (cm) 97,9 ± 6,7 (86,5 - 121,9)
Percentagem de massa gorda (%) 31,3 ± 6,0 (9,0 - 44,0)
Percentagem de massa muscular (%) 45,2 ± 4,8 (36,0 - 60,0)
Aptidão cardiorrespiratória
Teste do degrau (mL/kg/min) 36,1 ± 5,9 (29,6 - 59,3)
Força muscular
Força de preensão total (kg) 56,2 ± 15,6 (31,0 - 119,0)
Resistência muscular
Teste de força de braços (repetições) 20,1 ± 8,5 (2,0 - 51,0)
Teste de força abdominal (repetições) 28,5 ± 8,9 (4,0 - 66,0)
Flexibilidade
Teste de sentar e alcançar (cm) 32,4 ± 8,8 (8,0 - 54,0)
Atividade física (IPAQ)
Vigorosa (MET-min/semana) 755,6 ± 1208,1 (0,0 - 7200,0)
Moderada (MET-min/semana) 498,2 ± 825,6 (0,0 - 5040,0)
Marcha (MET-min/semana) 988,3 ± 1380,8 (0,0 - 9702,0)
Total (MET-min/semana) 2242,1 ± 2090,6 (0,0 - 10542,0)
Sentado (min/semana) 2849,6 ± 1143,9 (210,0 - 6300,0)
Risco de doença cardiovascular
História familiar
Sim 4 (2,7)
Não 142 (97,3)
Tabagismo
Sim 19 (13,0)
Não 127 (87,0)
Variáveis contínuas: média ± desvio padrão (mínimo - máximo); variáveis categóricas: frequência (percentagem).
* Pontuação do SF-36: 0-100 pontos, do pior para o melhor.

43
Tabela 1 (Continuação) - Caraterísticas da amostra (N=146)

Variáveis Dados
Risco de doença cardiovascular
Hipertensão
Sim 0 (0,0)
Não 146 (100,0)
Dislipidémia
Sim 35 (24,0)
Não 111 (76,0)
Glicémia em jejum alterada
Sim 23 (15,8)
Não 123 (84,2)
Obesidade
Sim 5 (3,4)
Não 141 (96,6)
Sedentarismo
Sim 79 (54,1)
Não 67 (45,9)
Colesterol HDL elevado
Sim 43 (29,5)
Não 103 (70,5)
Estratificação do risco de doença cardiovascular
Baixo 116 (79,5)
Moderado 30 (20,5)
Variáveis contínuas: média ± desvio padrão (mínimo - máximo); variáveis categóricas: frequência (percentagem).
* Pontuação do SF-36: 0-100 pontos, do pior para o melhor.

Tabela 2 - Coeficientes de correlação entre o estado de saúde e as caraterísticas individuais, aptidão física
relacionada com a saúde e atividade física (N=146).

FF DF DC SG VT FS DE SM
Idade (anos) 0,06 0,13 0,11 -0,05 0,01 0,04 0,00 0,04
2
Índice de massa corporal (kg/m ) -0,04 0,09 -0,16 -0,04 -0,09 -0,09 -0,13 -0,19
Peso (kg) 0,07 0,06 -0,18 0,01 0,01 0,01 -0,07 -0,11
Estatura (cm) 0,17 0,01 -0,10 0,08 0,14 0,16 0,05 0,07
Pressão arterial sistólica (mmHg) 0,08 -0,11 0,03 -0,01 0,03 -0,05 -0,09 -0,07
Pressão arterial diastólica (mmHg) 0,09 -0,05 0,06 0,01 0,03 -0,10 -0,15 -0,08
Colesterol total (mg/dL) -0,08 -0,03 -0,02 -0,03 -0,19 -0,01 -0,04 0,03
Colesterol LDL (mg/dL) -0,04 -0,03 -0,05 -0,02 -0,14 -0,03 -0,07 0,01
Colesterol HDL (mg/dL) -0,12 -0,01 0,03 0,01 -0,12 0,01 0,03 0,05
Glicémia em jejum (mg/dL) 0,02 -0,05 0,01 -0,13 -0,07 -0,02 -0,20 -0,04
Rácio cintura/anca 0,06 0,04 -0,06 -0,05 0,14 -0,02 -0,05 -0,05
Percentagem massa gorda (%) -0,12 0,02 -0,07 -0,13 -0,25 -0,15 -0,04 -0,14
Teste do degrau (mL/kg/min) 0,06 0,01 -0,15 0,06 0,21 0,09 0,03 0,05
Força preensão total (kg) 0,13 0,00 -0,08 0,09 0,16 0,10 -0,02 0,00
Teste de força de braços (repetições) 0,22 0,12 0,02 0,17 0,22 -0,02 0,06 0,04
Teste de força abdominal (repetições) 0,22 0,17 0,00 0,11 0,01 -0,10 0,03 -0,08
Teste de sentar e alcançar (cm) 0,18 0,01 0,05 0,17 0,09 0,02 -0,09 0,06
Atividade vigorosa (MET-min/semana) 0,00 -0,10 -0,33 0,14 0,23 0,04 0,07 0,12
Atividade moderada (MET-min/semana) 0,11 0,04 -0,07 -0,04 0,07 0,04 0,04 0,00
Marcha (MET-min/semana) -0,07 -0,03 0,03 -0,07 0,07 0,02 -0,06 -0,04
Atividade total (MET-min/semana) 0,00 -0,06 -0,20 0,02 0,20 0,06 0,02 0,04
Sentado (min/semana) 0,09 -0,03 -0,08 -0,14 -0,12 0,06 0,00 -0,01
Coeficientes de correlação de Pearson.
FF= Função Física; DF= Desempenho Físico; DC= Dor Corporal; SG= Saúde em Geral; VT= Vitalidade; FS= Função Social; DE= Desempenho Emocional; SM= Saúde Mental.
Pontuação do SF-36: 0-100 pontos, do pior para o melhor.
Correlações significativas: P < 0,001 em negrito / sublinhado, P < 0,05 em negrito / itálico, P < 0,20 em negrito.

44
Tabela 3 - Coeficientes de correlação entre as caraterísticas individuais, aptidão física relacionada com a saúde, atividade física e fatores de risco de doença
cardiovascular (N=146)

Teste de força abdominal


Índice de massa corporal

Percentagem de massa

Força de preensão total

Teste de extensão de

Atividade moderada
Rácio cintura/anca
Glicémia em jejum

Atividade vigorosa
Pressão diastólica

Teste do sentar e
Pressão sistólica

Teste do degrau

Tempo sentado
Colesterol HDL
Colesterol total

Colesterol LDL

Atividade total
alcançar
Estatura

Marcha
braços
gorda
Idade

Peso
Idade ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─
Índice de massa corporal 0,09 ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─
Peso 0,18 0,84 ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─
Estatura 0,20 0,14 0,66 ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─
Pressão sistólica 0,09 0,16 0,30 0,33 ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─
Pressão diastólica 0,18 0,26 0,34 0,25 0,64 ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─
Colesterol total 0,05 0,10 -0,01 -0,15 -0,10 0,06 ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─
Colesterol LDL 0,04 0,11 0,03 -0,09 -0,09 0,07 0,92 ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─
Colesterol HDL 0,03 0,00 -0,15 -0,27 -0,12 -0,01 0,44 0,12 ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─
Glicémia em jejum 0,13 0,15 0,28 0,30 0,12 0,18 0,01 0,07 -0,21 ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─
Rácio cintura/anca 0,30 0,31 0,47 0,39 0,24 0,09 -0,07 -0,03 -0,17 0,26 ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─
Percentagem de massa gorda -0,06 0,55 0,29 -0,22 -0,06 0,17 0,24 0,16 0,28 -0,02 -0,23 ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─
Teste do degrau 0,29 0,19 0,43 0,50 0,20 0,06 -0,14 -0,06 -0,22 0,23 0,60 -0,45 ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─
Força de preensão total 0,25 0,30 0,59 0,63 0,33 0,20 -0,08 -0,01 -0,29 0,30 0,55 -0,33 0,63 ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─
Teste de extensão de braços -0,01 0,03 0,05 0,04 0,05 0,06 -0,11 -0,07 -0,14 0,00 0,16 -0,28 0,28 0,18 ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─
Teste de força abdominal -0,02 0,17 0,29 0,31 0,17 0,16 -0,05 -0,05 -0,02 0,22 0,19 -0,08 0,25 0,17 0,33 ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─
Teste do sentar e alcançar -0,20 0,07 -0,01 -0,10 0,00 0,02 0,04 0,08 0,03 -0,17 -0,21 0,19 -0,15 -0,04 0,03 0,00 ─ ─ ─ ─ ─ ─
Atividade vigorosa -0,04 0,19 0,39 0,43 -0,01 -0,02 -0,13 -0,06 -0,18 0,14 0,30 -0,20 0,57 0,38 0,18 0,21 -0,01 ─ ─ ─ ─ ─
Atividade moderada 0,08 0,14 0,17 0,13 0,09 0,09 0,09 0,06 0,11 0,07 0,19 0,03 0,12 0,13 0,00 0,14 0,05 0,11 ─ ─ ─ ─
Marcha 0,14 -0,02 -0,06 -0,08 0,06 0,04 0,12 0,00 0,23 -0,04 0,12 0,01 0,08 -0,05 0,06 -0,07 -0,11 -0,09 0,17 ─ ─ ─
Atividade total 0,10 0,15 0,25 0,25 0,08 0,05 0,04 -0,01 0,09 0,08 0,33 -0,10 0,43 0,24 0,15 0,13 -0,06 0,57 0,57 0,68 ─ ─
Tempo sentado -0,18 0,04 -0,05 -0,12 0,07 0,05 0,03 0,05 -0,08 -0,06 -0,22 0,06 -0,23 -0,10 0,15 0,00 0,08 -0,14 -0,02 0,08 -0,04 ─
Coeficientes de correlação de Pearson
Correlações significativas: P < 0.001 em negrito/sublinhado; P < 0.05 em negrito/itálico.

45
A Tabela 2 apresenta os coeficientes de correlação entre as dimensões do estado de
saúde e as caraterísticas individuais, ApFRS e AF. Os valores estatisticamente
significativos encontram-se destacados, tendo as respectivas variáveis sido
introduzidas no modelo de regressão múltipla.

Relativamente à análise da multicolinariedade, recorremos aos valores apresentados


na Tabela 3. Quatro variáveis independentes potencialmente relevantes revelaram
uma correlação muito forte entre si, duas a duas: o peso com o IMC (r = 0,84) e o
colesterol total com o colesterol LDL (r = 0.92). Ao observarmos a Tabela 2 podemos
verificar que existe uma correlação estatisticamente significativa entre a dimensão DC
e as variáveis IMC e peso. Uma vez que o valor da correlação do IMC é mais baixo (r
= -0,16), esta variável foi excluída do modelo de regressão múltipla. De igual modo,
existe uma correlação estatisticamente significativa entre a dimensão VT e as
variáveis colesterol total e colesterol LDL. Uma vez que o valor da correlação do
colesterol LDL é mais baixo (r = -0,14), esta variável foi, também, excluída do modelo
de regressão múltipla.

A Tabela 4 mostra a significância das diferenças no estado de saúde entre grupos com
base nas caraterísticas individuais, tendo assumido significado estatístico as variáveis
potencialmente relevantes que se apresentam devidamente destacadas. Estas
variáveis foram incluídas nos respectivos modelos de regressão múltipla.

Tabela 4 - Significância das diferenças no estado de saúde entre grupos com base nas caraterísticas individuais
(N=146).

Estado de Saúde - Dimensões do SF-36


Caraterísticas
N FF DF DC SG VT FS DE SM
Género (P) 0,196 0,876 0,215 0,468 0,031 0,137 0,795 0,578

Feminino (Média ± DP) 121 95,4 ± 6,8 88,8 ± 13,0 81,1 ± 17,0 73,1 ± 14,8 65,0 ± 13,6 85,5 ± 13,9 86,6 ± 17,8 77,1 ± 12,8

Masculino (Média ± DP) 25 97,2 ± 4,1 89,3 ± 15,0 76,6 ± 16,0 75,4 ± 13,3 71,6 ± 14,1 90,0 ± 12,0 87,7 ± 18,7 78,7 ± 12,0

História familiar (P) 0,543 0,835 0,917 0,756 0,725 0,225 0,938 0,191

Sim (Média ± DP) 4 93,8 ± 6,5 87,5 ± 11,4 79,5 ± 16,4 75,8 ± 13,1 63,6 ± 18,9 78,1 ± 21,3 87,5 ± 19,8 69,3 ± 11,0

Não (Média ± DP) 142 95,7 ± 6,5 88,9 ± 13,4 80,4 ± 16,9 73,5 ± 14,6 66,2 ± 13,8 86,5 ± 13,4 86,8 ± 17,9 77,7 ± 12,7

Tabagismo (P) 0,760 0,160 0,749 0,640 0,357 0,792 0,994 0,826

Sim (Média ± DP) 19 95,3 ± 4,9 84,7 ± 13,7 79,2 ± 19,0 72,1 ± 13,1 63,4 ± 18,3 85,5 ± 11,2 86,8 ± 20,5 76,8 ± 12,3

Não (Média ± DP) 127 95,7 ± 6,6 89,5 ± 13,2 80,5 ± 16,6 73,7 ± 14,8 66,6 ± 13,1 86,4 ± 14,0 86,8 ± 17,6 77,5 ± 12,7

Sedentarismo (P) 0,380 0,451 0,003 0,341 0,114 0,604 0,701 0,463

Sim (Média ± DP) 79 95,3 ± 5,8 89,6 ± 13,0 84,2 ± 14,9 72,5 ± 14,1 64,5 ± 13,6 85,8 ± 13,4 87,3 ± 17,4 76,7 ± 12,4

Não (Média ± DP) 67 96,2 ± 7,1 88,0 ± 13,7 75,9 ± 18,0 74,8 ± 15,0 68,1 ± 14,0 86,9 ± 14,0 86,2 ± 18,5 78,3 ± 13,0
Teste t-student para amostras independentes (valores P). FF= Função Física; DF= Desempenho Físico; DC= Dor Corporal; SG= Saúde em Geral; VT= Vitalidade; FS= Função Social; DE=
Desempenho Emocional; SM= Saúde Mental. Pontuação do SF-36: 0-100 pontos, do pior para o melhor. Género: feminino vs masculino; História familiar: Sem história familiar vs com história
familiar; Tabagismo: fuma vs não fuma; Sedenterismo: ativo vs sedentário. Diferenças significativas: P < 0,001 em negrito / sublinhado, P < 0,05 em negrito / itálico; P < 0,20 em negrito.

46
A Tabela 5 mostra os vários modelos de regressão múltipla para cada uma das
dimensões do estado de saúde. Nos modelos finais, os valores de R 2 ajustado
indicaram que as caraterísticas individuais, a ApFRS e a AF explicam entre 2,2% e
10,3% da variância na pontuação das dimensões do SF-36. Apesar das variáveis
relacionadas com as caraterísticas individuais, ApFRS e a AF apresentarem uma
correlação significativa com as variáveis dependentes (P < 0,05) (Tabela 2), podemos
verificar que nem todas essas variáveis são preditores significativos de estado de
saúde dos sujeitos.

Tabela 5 - Etapas do modelo de regressão do estado de saúde (N = 146)

2
Variáveis dependentes Etapas Preditores R Ajustado F df p* Beta† p‡
Dimensões SF-36
Função Física 1 Teste de força de braços (repetições) 0,042 7,296 1,144 0,008 0,207 0,010

2 Teste de sentar e alcançar (cm) 0,065 6,031 2,143 0,003 0,191 0,018
3 Estatura (cm) 0,091 5,823 3,142 0,001 0,179 0,026

Desempenho Físico 1 Teste de força abdominal (repetições) 0,022 4,260 1,144 0,041 0,170 0,041
Dor Corporal 1 Atividade vigorosa (MET -minutos/semana) 0,103 17,668 1,144 0,000 -0,331 0,000
Saúde em geral 1 Teste de força de braços (repetições) 0,022 4,279 1,144 0,040 0,191 0,020

2 Tempo sentado (min/semana) 0,042 4,193 2,143 0,017 -0,177 0,031


3 Teste de sentar e alcançar (cm) 0,066 4,415 3,142 0,005 0,174 0,033

Vitalidade 1 Percentagem massa gorda (%) 0,056 9,634 1,144 0,002 -0,233 0,004

2 Atividade total (MET - minutos/semana) 0,082 7,501 2,143 0,001 0,180 0,026
Desempenho Emocional 1 Glicémia em jejum (mg/dL) 0,033 5,968 1,144 0,016 -0,199 0,016
2
Saúde Mental 1 Índice de massa corporal (kg/m ) 0,029 5,350 1,144 0,022 -0,189 0,022
Os dados das etapas finais em negrito. Os dados das etapas anteriores em itálico.
* Significância estatística dos modelos (todas as etapas).
† Coeficientes estandardizados dos preditores incluídos no modelo final.
‡ A significância estatística dos preditores incluídos no modelo final.

Podemos constatar que a percentagem de explicação da variância na pontuação das


dimensões do estado de saúde apresenta valores baixos, no entanto com significado
estatístico. Em relação à dimensão FS as caraterísticas individuais, a ApFRS e a AF
parecem não explicar a variância das pontuações obtidas.

A Tabela 6 apresenta os coeficientes de correlação entre a ApFRS e as caraterísticas


individuais, ApFRS e AF. Relativamente à análise da multicolinariedade, recorremos
aos valores apresentados na Tabela 3. Desta análise, verificamos que existe uma
correlação estatisticamente significativa do RCA, TD, FPT, TFA com o IMC e com o
peso, sendo que, pelo exposto, nestes modelos a variável IMC, por apresentar uma
correlação menos forte (RCA: r = 0,31; TD: r = 0,19; FPT: r= 0,30 e TFA: r = 0,17) que

47
a variável peso, foi excluída. Já no modelo da %MG a variável excluída foi o peso um
vez que, embora apresente uma correlação estatisticamente significativa (r = 0,29),
este valor é inferior ao da correlação da %MG com o IMC (r = 0,55). De igual modo
nos modelos da %MG, o colesterol LDL não foi incluído no modelo por apresentar uma
correlação mais baixa (r = 0,16) que o colesterol total (r = 0,24).

Tabela 6 - Coeficientes de correlação entre a aptidão física relacionada com a saúde, as


caraterísticas individuais e a atividade física (N=146)

RCA % MG TD FPT TFB TFA TSA

Idade (anos) 0,30 -0,06 0,29 0,25 -0,01 -0,02 -0,20


2
Índice de massa corporal (kg/m ) 0,31 0,55 0,19 0,30 0,03 0,17 0,07
Peso (kg) 0,47 0,29 0,43 0,59 0,05 0,29 -0,01
Estatura (cm) 0,39 -0,22 0,50 0,63 0,04 0,31 -0,10
Pressão sistólica (mmHg) 0,24 -0,06 0,20 0,33 0,05 0,17 -0,00
Pressão diastólica (mmHg) 0,09 0,17 0,06 0,20 0,06 0,16 0,02
Colesterol total (mg/dL) -0,07 0,24 -0,14 -0,08 -0,11 -0,05 0,04
Colesterol LDL (mg/dL) -0,03 0,16 -0,06 -0,01 -0,07 -0,05 0,08
Colesterol HDL (mg/dL) -0,17 0,28 -0,22 -0,29 -0,14 -0,02 0,03
Glicémia em jejum (mg/dL) 0,26 -0,02 0,23 0,30 0,00 0,22 -0,17
Rácio cintura/anca -0,23 0,60 0,55 0,16 0,19 -0,21
Percentagem de massa gorda (%) -0,23 -0,45 -0,33 -0,28 -0,08 0,19
Teste do degrau (mL/kg/min) 0,60 -0,45 0,63 0,28 0,25 -0,15
Força de preensão total (kg) 0,55 -0,33 0,63 0,18 0,17 -0,04
Teste de extensão de braços (repetições) 0,16 -0,28 0,28 0,18 0,33 0,03
Teste de força abdominal (repetições) 0,19 -0,08 0,25 0,17 0,33 -0,00
Teste do sentar e alcançar (cm) -0,21 0,19 -0,15 -0,04 0,03 -0,00
Atividade vigorosa (MET-min/semana) 0,30 -0,20 0,57 0,38 0,18 0,21 -0,01
Atividade moderada (MET-min/semana) 0,19 0,03 0,12 0,13 -0,00 0,14 0,05
Marcha (MET-min/semana) 0,12 0,01 0,08 -0,05 0,06 -0,07 -0,11
Atividade total (MET-min/semana) 0,33 -0,10 0,43 0,24 0,15 0,13 -0,06
Tempo sentado (min/semana) -0,22 0,06 -0,23 -0,10 0,15 0,00 0,08
Coeficientes de correlação de Pearson.
RCA = Rácio Cintura/Anca; %MG = Percentagem de Massa Gorda; TD = Teste do Degrau; FPT = Força de Preensão Total; TFB =
Teste de Força de Braços; TFA = Teste de Força Abdominal; TSA = Teste de Sentar e Alcançar.
Correlações significativas: P < 0,001 em negrito / sublinhado, P < 0,05 em negrito / itálico, P < 0,20 em negrito.

Através do nível de significância entre os componentes da ApFRS e as caraterísticas


individuais foram identificadas variáveis potencialmente relevantes, que se encontram
devidamente destacadas na Tabela 7. Estas variáveis foram incluídas nos respectivos
modelos de regressão múltipla, com excepção da história familiar no modelo da TFB e
TSA, uma vez que apresenta um grupo com apenas quatro indivíduos (dimensão
muito reduzida).

48
Tabela 7 - Significância das diferenças nos componentes da aptidão física relacionada com a
saúde entre grupos com base nas caraterísticas individuais (N=146)

Componentes da aptidão física relacionada com a saúde


Caraterísticas
N RCA %MG TD FPT TFB TFA TSA
Género (P) 0,000 0,000 0,000 0,000 0,002 0,000 0,001

Feminino (Média ± DP) 121 0,7 ± 0,04 32,7 ± 5,1 34,1 ± 2,3 50,8 ± 8,5 19,1 ± 7,9 27,3 ± 8,1 33,4 ± 8,3

Masculino (Média ± DP) 25 0,8 ± 0,03 24,6 ± 5,4 45,8 ± 8,2 82,2 ± 15,9 24,8 ± 10,2 34,1 ± 10,8 27,1 ± 9,5

História familiar (P) 0,822 0,696 0,468 0,993 0,002 0,567 0,188

Sim (Média ± DP) 4 0,7 ± 0,01 32,5 ± 2,5 38,2 ± 4,3 56,3 ± 4,6 32,8 ± 6,1 35,8 ± 11,6 26,7 ± 4,2

Não (Média ± DP) 142 0,7 ± 0,00 31,3 ± 0,5 36,1 ± 0,5 56,2 ± 1,3 19,7 ± 0,7 28,3 ± 0,7 32,5 ± 0,7

Tabagismo (P) 0,965 0,614 0,814 0,494 0,984 0,572 0,734

Sim (Média ± DP) 19 0,7 ± 0,05 30,7 ± 5,8 36,4 ± 6,2 58,5 ± 12,5 20,1 ± 8,2 29,6 ± 10,8 31,5 ± 11,8

Não (Média ± DP) 127 0,7 ± 0,04 31,4 ± 6,1 36,1 ± 5,9 55,8 ± 16,0 20,1 ± 8,6 28,3 ± 8,7 32,5 ± 8,3

Sedentarismo (P) 0,675 0,191 0,000 0,290 0,012 0,406 0,253

Sim (Média ± DP) 79 0,7 ± 0,03 31,9 ± 5,5 34,5 ± 3,5 54,9 ± 12,7 18,4 ± 8,3 27,9 ± 8,5 31,6 ± 8,6

Não (Média ± DP) 67 0,7 ± 0,05 30,6 ± 6,5 38,0 ± 7,4 57,7 ± 18,4 22,0 ± 8,5 29,2 ± 9,5 33,3 ± 9,0
Teste t-student para amostras independentes (valores P). RCA = Rácio Cintura/Anca; %MG = Percentagem de Massa Gorda; TD = Teste do Degrau;
FPT = Força de Preensão Total; TFB = Teste de Força de Braços; TFA = Teste de Força Abdominal; TSA = Teste de Sentar e Alcançar. Género:
feminino vs masculino; História familiar: Sem história familiar vs com história familiar; Tabagismo: fuma vs não fuma; Sedenterismo: ativo vs sedentário.
Diferenças significativas: P < 0,001 em negrito / sublinhado, P < 0,05 em negrito / itálico; P < 0,20 em negrito.

Tabela 8 - Etapas do modelo de regressão da aptidão física relacionada com a saúde (N = 146)
2
Variáveis dependentes Etapas Preditores R Ajustado F df p* Beta† p‡
Rácio Cintura/Anca 1 Género 0,462 125,522 1,144 0,000 -0,610 0,000
2 Idade (anos) 0,486 69,414 2,143 0,000 0,161 0,008
3 Atividade total (MET - minutos/semana) 0,501 49,533 3,142 0,000 0,143 0,021
Percentagem de massa 1 Género 0,256 50,818 1,144 0,000 0,506 0,000
gorda
2 Peso (kg) 0,672 149,633 2,143 0,000 0,934 0,000
3 Estatura (cm) 0,711 120,134 3,142 0,000 -0,300 0,000
4 Teste do degrau (mL/kg/min) 0,732 100,115 4,141 0,000 -0,181 0,005
5 Forca de preensão total (kg) 0,742 84,461 5,140 0,000 -0,178 0,011
6 Teste de força de braços (repetições) 0,751 73,962 6,139 0,000 -0,108 0,015
Teste do degrau 1 Género 0,556 182,341 1,144 0,000 -0,568 0,000
2 Atividade vigorosa (MET -minutos/semana) 0,637 128,064 2,143 0,000 0,343 0,000
3 Idade (anos) 0,665 96,873 3,142 0,000 0,179 0,000
Força de preensão total 1 Género 0,576 198,275 1,144 0,000 -0,370 0,000
2 Peso (kg) 0,626 122,533 2,143 0,000 0,518 0,000
3 Percentagem de massa gorda (%) 0,651 91,092 3,142 0,000 -0,302 0,001
4 Teste de força abdominal (repetições) 0,660 71,323 4,141 0,000 -0,112 0,031
Teste de força de braços 1 Percentagem de massa gorda (%) 0,073 12,400 1,144 0,000 -0,278 0,027
2 Sedentarismo 0,098 8,991 2,143 0,000 -0,179 0,029
3 Tempo sentado (minutos/semana) 0,134 8,498 3,142 0,000 0,239 0,003
4 Teste do degrau (mL/kg/min) 0,155 7,648 4,141 0,000 0,191 0,036
Teste de força abdominal 1 Estatura (cm) 0,091 15,469 1,144 0,000 0,311 0,000
Teste de sentar e alcançar 1 Género 0,067 11,398 1,144 0,001 0,271 0,001
Os dados das etapas finais em negrito. Os dados das etapas anteriores em itálico.
* Significância estatística dos modelos (todas as etapas).
† Coeficientes estandardizados dos preditores incluídos no modelo final.
‡ A significância estatística dos preditores incluídos no modelo final.

49
A Tabela 8 mostra os vários modelos de regressão múltipla para cada um dos
componentes da ApFRS. Nos modelos finais, os valores de R 2 ajustado indicaram que
as carterísticas individuais, a ApFRS e a AF explicam entre 9,1% e 75,1% da variância
da pontuação dos componentes da ApFRS. Podemos constatar que nos modelos do
RCA, FPT, TD e %MG, as carterísticas individuais, a ApFRS e a AF explicam mais de
50% da variância da pontuação dos componentes da ApFRS: 50,1% para o modelo do
RCA, 66,0% para o modelo da FPT, 66,5% para o modelo do TD e 75,1% para o
modelo da %MG.

Tendo em conta os fatores género, tabagismo, dislipidémia, glicémia em jejum


alterada, sedentarismo, colesterol HDL elevado e estratificação do risco de DCV foi
estudada a existência de diferenças significativas entre grupos relativamente a um
compósito de variáveis dependentes que incluíram caraterísticas individuais, estado de
saúde, ApFRS e AF. Os fatores história familiar, hipertensão e obesidade não foram
utilizados nesta análise devido à reduzida dimensão de um dos grupos: com história
familiar de DCV (N = 4); hipertensos (N = 0); obesos (N = 5) (Tabela 2). Só o fator
tabagismo não teve um efeito significativo sobre o compósito de variáveis
dependentes (Tabela 9).

Tabela 9 - Valores do teste do traço de Pillai na análise de variância


multivariada para as variáveis categóricas (N = 146)
F p
Género 22,474 0,000
Tabagismo 0,769 0,802
Dislipidémia 5,434 0,000
Glicémia em jejum alterada 6,727 0,000
Sedentarismo 2,423 0,000
Colesterol HDL elevado 9,746 0,000
Estratificação do risco de doença cardiovascular 1,862 0,009
Variâncias significativas: p < 0,05 em negrito.

Ao analisarmos a variância multivariada em função do género verificamos que este


fator teve um efeito significativo sobre o compósito de algumas variáveis dependentes
(Tabela 10). Deste modo, os homens apresentam uma média de idades superior às
mulheres, bem como valores mais elevados do IMC, peso, estatura, pressão arterial
sistólica, glicémia em jejum, VT, RCA, circunferência da cintura, percentagem de
massa muscular, TD, TFB, TFA, actividade vigorosa e actividade total. Já as mulheres
apresentam valores mais elevados de colesterol HDL, %MG, TSA e tempo sentado.

50
Tabela 10 - Análise da variância multivariada em função do fator género
(N = 146)
Género
Feminino Masculino
p
N 121 25
Idade (anos) 19,9 ± 2,1 21,2 ± 3,4 0,012
2
Índice de massa corporal (kg/m ) 22,3 ± 2,8 23,9 ± 3,0 0,011
Peso (kg) 59,4 ± 8,5 73,8 ± 11,3 0,000
Estatura (cm) 163,1 ± 5,5 175,6 ± 6,6 0,000
Pressão arterial sistólica (mmHg) 113,2 ± 7,5 120,1 ± 8,8 0,000
Pressão arterial diastólica (mmHg) 70,6 ± 6,8 73,4 ± 6,7 0,067
Colesterol total (mg/dL) 182,7 ± 35,0 167,5 ± 40,7 0,056
Colesterol LDL (mg/dL) 110,9 ± 29,4 104,9 ± 37,7 0,376
Colesterol HDL (mg/dL) 57,1 ± 9,0 49,6 ± 6,9 0,000
Glicémia em jejum (mg/dL) 91,9 ± 6,9 97,0 ± 8,1 0,001
Função física (pontos) 95,4 ± 6,8 97,2 ± 4,1 0,196
Desempenho físico (pontos) 88,8 ± 13,0 89,3 ± 15,0 0,876
Dor corporal (pontos) 81,2 ± 16,9 76,6 ± 16,0 0,215
Saúde em geral (pontos) 73,1 ± 14,8 75,4 ± 13,4 0,468
Vitalidade (pontos) 65,0 ± 13,6 71,6 ± 14,1 0,031
Função social (pontos) 85,5 ± 13,9 90,0 ± 12,0 0,137
Desempenho emocional (pontos) 86,6 ± 17,8 87,7 ± 18,7 0,795
Saúde mental (pontos) 77,2 ± 12,8 78,7 ± 11,9 0,578
Rácio cintura/anca 0,7 ± 0,0 0,8 ± 0,0 0,000
Circunferência cintura (cm) 70,0 ± 5,4 79,6 ± 7,1 0,000
Circunferência anca (cm) 97,6 ± 6,8 99,7 ± 6,4 0,148
Percentagem massa gorda (%) 32,7 ± 5,1 24,6 ± 5,4 0,000
Percentagem massa muscular (%) 43,9 ± 3,8 51,8 ± 3,4 0,000
Teste do degrau (mL/kg/min) 34,1 ± 2,3 45,8 ± 8,2 0,000
Força preensão total (kg) 50,8 ± 8,5 82,2 ± 15,9 0,000
Teste de força de braços (repetições) 19,1 ± 7,9 24,8 ± 10,2 0,002
Teste de força abdominal (repetições) 27,3 ± 8,1 34,1 ± 10,8 0,000
Teste de sentar e alcançar (cm) 33,4 ± 8,3 27,1 ± 9,5 0,001
Atividade vigorosa (MET-min/semana) 528,6 ± 879,8 1854,4 ± 1852,2 0,000
Atividade moderada (MET-min/semana) 457,4 ± 782,2 696,0 ± 1004,7 0,189
Marcha (MET-min/semana) 994,6 ± 1394,6 957,7 ± 1339,3 0,904
Atividade total (MET-min/semana) 1980,6 ± 1874,4 3508,1 ± 2612,4 0,001
Sentado (min/semana) 2935,1 ± 1146,5 2436,0 ± 1057,0 0,047
Variâncias significativas: p < 0,05 em negrito.

A dislipidémia teve um efeito significativo sobre o compósito das variáveis colesterol


total e colesterol LDL. De facto, e como seria expectável, o grupo de indivíduos com
dislipidémia apresentam valores mais elevados de colesterol total e colesterol HDL
(Tabela 11).

Tabela 11 - Análise da variância multivariada em função do fator


dislipidémia (N = 146)
Dislipidémia
Sim Não
p
N 35 111
Idade (anos) 20,5 ± 2,9 20,0 ± 2,2 0,332
2
Índice de massa corporal (kg/m ) 22,9 ± 2,6 22,5 ± 3,0 0,453
Peso (kg) 61,6 ± 8,5 61,9 ± 11,1 0,876
Estatura (cm) 164,0 ± 6,7 165,7 ± 7,6 0,247
Pressão arterial sistólica (mmHg) 113,4 ± 6,9 114,7 ± 8,5 0,436
Pressão arterial diastólica (mmHg) 71,0 ± 6,5 71,1 ± 7,0 0,937
Colesterol total (mg/dL) 223,2 ± 33,8 166,5 ± 24,7 0,000
Colesterol LDL (mg/dL) 150,2 ± 27,9 97,2 ± 18,4 0,000
Colesterol HDL (mg/dL) 56,7 ± 8,2 55,6 ± 9,4 0,513
Glicémia em jejum (mg/dL) 93,0 ± 7,6 92,7 ± 7,3 0,810
Função física (pontos) 95,7 ± 5,2 95,7 ± 6,8 0,975
Variâncias significativas: p < 0,05 em negrito.

51
Tabela 11 (Continuação) - Análise da variância multivariada em
função do fator dislipidémia (N = 146)

Dislipidémia
Sim Não
p
N 35 111
Desempenho físico (pontos) 90,2 ± 12,5 88,5 ± 13,5 0,506
Dor corporal (pontos) 80,1 ± 16,9 80,5 ± 16,9 0,909
Saúde em geral (pontos) 73,8 ± 13,8 73,4 ± 14,8 0,884
Vitalidade (pontos) 64,7 ± 16,4 66,6 ± 13,0 0,480
Função social (pontos) 86,4 ± 15,6 86,3 ± 13,1 0,950
Desempenho emocional (pontos) 85,7 ± 18,7 87,2 ± 17,7 0,678
Saúde mental (pontos) 77,9 ± 14,2 77,3 ± 12,2 0,785
Rácio cintura/anca 0,7 ± 0,1 0,7 ± 0,0 0,730
Circunferência cintura (cm) 72,1 ± 6,4 71,4 ± 6,9 0,600
Circunferência anca (cm) 98,4 ± 5,3 97,8 ± 7,1 0,647
Percentagem massa gorda (%) 32,0 ± 5,3 31,1 ± 6,2 0,475
Percentagem massa muscular (%) 44,5 ± 4,7 45,5 ± 4,8 0,310
Teste do degrau (mL/kg/min) 36,0 ± 5,3 36,2 ± 6,1 0,881
Força preensão total (kg) 55,0 ± 16,0 56,6 ± 15,5 0,599
Teste de força de braços (repetições) 20,1 ± 8,1 20,1 ± 8,7 0,971
Teste de força abdominal (repetições) 29,2 ± 9,6 28,3 ± 8,8 0,579
Teste de sentar e alcançar (cm) 33,7 ± 9,3 31,9 ± 8,6 0,297
Atividade vigorosa (MET-min/semana) 669,7 ± 928,9 782,7 ± 1286,2 0,631
Atividade moderada (MET-min/semana) 612,6 ± 1011,5 462,2 ± 759,5 0,349
Marcha (MET-min/semana) 1050,7 ± 1100,7 968,6 ± 1461,9 0,760
Atividade total (MET-min/semana) 2333,0 ± 1980,1 2213,5 ± 2132,2 0,769
Sentado (min/semana) 2886,0 ± 1168,5 2838,2 ± 1141,1 0,830
Variâncias significativas: p < 0,05 em negrito.

Tabela 12 - Análise da variância multivariada em função do fator glicémia


em jejum alterada (N = 146)

Glicémia em jejum alterada


Sim Não
p
N 23 123
Idade (anos) 20,9 ± 4,1 20,0 ± 1,9 0,098
2
Índice de massa corporal (kg/m ) 23,7 ± 3,6 22,3 ± 2,7 0,036
Peso (kg) 68,9 ± 13,4 60,5 ± 9,4 0,000
Estatura (cm) 169,9 ± 7,3 164,4 ± 7,1 0,001
Pressão arterial sistólica (mmHg) 117,1 ± 9,4 113,9 ± 7,9 0,083
Pressão arterial diastólica (mmHg) 74,8 ± 5,8 70,4 ± 6,8 0,004
Colesterol total (mg/dL) 178,1 ± 31,2 180,5 ± 37,3 0,779
Colesterol LDL (mg/dL) 113,1 ± 25,1 109,3 ± 31,9 0,588
Colesterol HDL (mg/dL) 51,2 ± 7,4 56,7 ± 9,1 0,007
Glicémia em jejum (mg/dL) 105,3 ± 3,4 90,4 ± 5,2 0,000
Função física (pontos) 97,2 ± 3,9 95,4 ± 6,8 0,227
Desempenho físico (pontos) 87,2 ± 15,6 89,2 ± 12,9 0,520
Dor corporal (pontos) 79,9 ± 20,3 80,5 ± 16,2 0,888
Saúde em geral (pontos) 74,0 ± 14,0 73,4 ± 14,7 0,874
Vitalidade (pontos) 69,3 ± 14,5 65,6 ± 13,7 0,231
Função social (pontos) 86,4 ± 13,5 86,3 ± 13,7 0,966
Desempenho emocional (pontos) 77,9 ± 25,5 88,5 ± 15,7 0,009
Saúde mental (pontos) 77,9 ± 13,1 77,3 ± 12,6 0,843
Rácio cintura/anca 0,8 ± 0,1 0,7 ± 0,0 0,001
Circunferência cintura (cm) 75,9 ± 9,7 70,8 ± 5,8 0,001
Circunferência anca (cm) 99,9 ± 8,6 97,5 ± 6,3 0,120
Percentagem massa gorda (%) 30,3 ± 6,0 31,5 ± 6,0 0,372
Percentagem massa muscular (%) 46,3 ± 4,7 45,0 ± 4,8 0,264
Teste do degrau (mL/kg/min) 39,8 ± 6,5 35,4 ± 5,6 0,001
Força preensão total (kg) 64,9 ± 22,4 54,6 ± 13,4 0,003
Teste de força de braços (repetições) 21,8 ± 8,5 19,7 ± 8,5 0,296
Teste de força abdominal (repetições) 33,3 ± 6,8 27,6 ± 9,0 0,005
Teste de sentar e alcançar (cm) 30,9 ± 8,7 32,6 ± 8,8 0,383
Atividade vigorosa (MET-min/semana) 1457,4 ± 1706,8 624,4 ± 1048,4 0,002
Atividade moderada (MET-min/semana) 687,8 ± 1205,3 462,8 ± 734,9 0,231
Marcha (MET-min/semana) 853,0 ± 1329,9 1013,6 ± 1393,9 0,610
Atividade total (MET-min/semana) 2998,2 ± 2230,6 2100,7 ± 2042,0 0,059
Sentado (min/semana) 2754,3 ± 1382,0 2867,4 ± 1099,4 0,665
Variâncias significativas: p < 0,05 em negrito.

52
Em relação à glicémia em jejum alterada os vetores de médias diferem
significativamente, podendo verificar-se que esta também tem um efeito significativo
sobre o compósito das variáveis dependentes. O grupo dos indivíduos com valores de
glicémia alterada apresentam valores médios de IMC, peso, estatura, pressão arterial
diastólica, FF, RCA, circunferência cintura, TD, FPT, TFA e actividade vigorosa mais
elevados, ao passo que os indivíduos que não apresentam glicémia em jejum alterada
têm valores de colesterol HDL e pontuação no DE mais elevados (Tabela 12).

Quanto ao sedentarismo, os indivíduos sedentários apresentam maior pontuação na


DC assim como mais minutos por semana sentados. Já em relação aos resultados do
TD, TFB, atividade vigorosa e atividade total os valores médios são inferiores quando
comparados com os indivíduos não sedentários (Tabela 13).

Tabela 13 - Análise da variância multivariada em função do fator


sedentarismo (N = 146)

Sedentarismo
Sim Não
p
N 79 67
Idade (anos) 20,1 ± 2,4 20,2 ± 2,4 0,878
2
Índice de massa corporal (kg/m ) 22,4 ± 3,0 22,7 ± 2,8 0,543
Peso (kg) 60,6 ± 9,8 63,3 ± 11,2 0,130
Estatura (cm) 164,2 ± 6,6 166,5 ± 8,2 0,062
Pressão arterial sistólica (mmHg) 114,4 ± 8,4 114,3 ± 7,9 0,913
Pressão arterial diastólica (mmHg) 70,8 ± 7,2 71,5 ± 6,4 0,583
Colesterol total (mg/dL) 183,6 ± 36,7 175,9 ± 35,7 0,202
Colesterol LDL (mg/dL) 111,3 ± 31,5 108,3 ± 30,4 0,555
Colesterol HDL (mg/dL) 56,6 ± 9,6 55,0 ± 8,4 0,288
Glicémia em jejum (mg/dL) 93,3 ± 6,8 92,1 ± 7,9 0,316
Função física (pontos) 95,3 ± 5,8 96,2 ± 7,1 0,380
Desempenho físico (pontos) 89,6 ± 13,0 88,0 ± 13,7 0,451
Dor corporal (pontos) 84,2 ± 14,9 75,9 ± 18,0 0,003
Saúde em geral (pontos) 72,5 ± 14,1 74,8 ± 15,0 0,341
Vitalidade (pontos) 64,5 ± 13,6 68,1 ± 14,0 0,114
Função social (pontos) 85,8 ± 13,4 86,9 ± 14,0 0,604
Desempenho emocional (pontos) 87,3 ± 17,4 86,2 ± 18,5 0,701
Saúde mental (pontos) 76,7 ± 12,4 78,3 ± 13,0 0,463
Rácio cintura/anca 0,7 ± 0,0 0,7 ± 0,1 0,669
Circunferência cintura (cm) 71,3 ± 6,5 72,0 ± 7,1 0,557
Circunferência anca (cm) 97,7 ± 6,7 98,2 ± 6,8 0,642
Percentagem massa gorda (%) 31,9 ± 5,5 30,6 ± 6,5 0,191
Percentagem massa muscular (%) 44,7 ± 4,3 45,9 ± 5,2 0,124
Teste do degrau (mL/kg/min) 34,5 ± 3,5 38,0 ± 7,4 0,000
Força preensão total (kg) 54,9 ± 12,7 57,7 ± 18,4 0,275
Teste de força de braços (repetições) 18,4 ± 8,3 22,0 ± 8,5 0,012
Teste de força abdominal (repetições) 27,9 ± 8,5 29,2 ± 9,5 0,406
Teste de sentar e alcançar (cm) 31,6 ± 8,6 33,3 ± 9,0 0,253
Atividade vigorosa (MET-min/semana) 239,5 ± 372,0 1364,2 ± 1532,4 0,000
Atividade moderada (MET-min/semana) 540,3 ± 990,7 448,7 ± 576,9 0,506
Marcha (MET-min/semana) 1034,2 ± 1509,7 934,1 ± 1220,5 0,664
Atividade total (MET-min/semana) 1814,0 ± 2076,3 2746,9 ± 2007,4 0,007
Sentado (min/semana) 3067,6 ± 1039,4 2592,6 ± 1214,0 0,012
Variâncias significativas: p < 0,05 em negrito.

Os indivíduos com valores do colesterol HDL elevado apresentam maiores valores


médios de colesterol total, %MG e marcha, sendo que no que respeita à estatura,

53
glicémia em jejum, percentagem de massa muscular, TD, FPT os valores médios
superiores correspondem aos indivíduos que não têm valores de colesterol HDL
elevado (Tabela 14).

Tabela 14 - Análise da variância multivariada em função do fator


colesterol HDL elevado (N = 146)

Colesterol HDL elevado


Sim Não
p
N 43 103
Idade (anos) 20,4 ± 1,8 20,0 ± 2,6 0,447
2
Índice de massa corporal (kg/m ) 22,5 ± 2,5 22,6 ± 3,0 0,863
Peso (kg) 60,0 ± 7,8 62,6 ± 11,4 0,184
Estatura (cm) 163,3 ± 4,8 166,1 ± 8,1 0,035
Pressão arterial sistólica (mmHg) 114,2 ± 7,9 114,4 ± 8,3 0,883
Pressão arterial diastólica (mmHg) 71,7 ± 7,4 70,9 ± 6,6 0,522
Colesterol total (mg/dL) 197,5 ± 29,0 172,8 ± 36,7 0,000
Colesterol LDL (mg/dL) 110,6 ± 27,2 109,6 ± 32,4 0,872
Colesterol HDL (mg/dL) 67,3 ± 5,1 51,1 ± 5,3 0,000
Glicémia em jejum (mg/dL) 90,6 ± 5,8 93,7 ± 7,7 0,021
Função física (pontos) 94,5 ± 6,5 96,2 ± 6,3 0,163
Desempenho físico (pontos) 87,4 ± 15,0 89,5 ± 12,5 0,375
Dor corporal (pontos) 82,0 ± 17,2 79,7 ± 16,7 0,458
Saúde em geral (pontos) 71,7 ± 17,1 74,3 ± 13,3 0,331
Vitalidade (pontos) 63,5 ± 13,3 67,3 ± 14,0 0,132
Função social (pontos) 87,5 ± 14,7 85,8 ± 13,2 0,495
Desempenho emocional (pontos) 86,8 ± 17,4 86,8 ± 18,2 0,998
Saúde mental (pontos) 78,3 ± 11,4 77,1 ± 13,2 0,613
Rácio cintura/anca 0,7 ± 0,0 0,7 ± 0,0 0,156
Circunferência cintura (cm) 71,0 ± 5,5 71,9 ± 7,3 0,485
Circunferência anca (cm) 98,3 ± 6,8 97,8 ± 6,7 0,694
Percentagem massa gorda (%) 33,3 ± 5,1 30,5 ± 6,2 0,012
Percentagem massa muscular (%) 43,6 ± 4,2 45,9 ± 4,9 0,008
Teste do degrau (mL/kg/min) 34,4 ± 4,6 36,8 ± 6,3 0,025
Força preensão total (kg) 50,5 ± 10,8 58,5 ± 16,7 0,004
Teste de força de braços (repetições) 18,2 ± 7,0 20,9 ± 9,0 0,086
Teste de força abdominal (repetições) 28,8 ± 8,9 28,3 ± 9,0 0,765
Teste de sentar e alcançar (cm) 32,0 ± 8,6 32,5 ± 8,9 0,748
Atividade vigorosa (MET-min/semana) 466,0 ± 652,7 876,5 ± 1359,9 0,061
Atividade moderada (MET-min/semana) 619,1 ± 1037,5 447,8 ± 719,0 0,255
Marcha (MET-min/semana) 1335,3 ± 1803,4 843,4 ± 1139,8 0,049
Atividade total (MET-min/semana) 2420,5 ± 2326,4 2167,7 ± 1991,4 0,507
Sentado (min/semana) 2766,6 ± 1160,2 2884,3 ± 1140,9 0,573
Variâncias significativas: p < 0,05 em negrito.

Os indivíduos com risco moderado de DCV apresentam valores de colesterol total,


colesterol LDL, colesterol HDL e glicémia em jejum superiores, assim como passam
mais minutos por semana sentados (Tabela 15).

Tabela 15 - Análise da variância multivariada em função do fator


estratificação do risco de doença cardiovascular (N = 146)

Estratificação do risco de doença cardiovascular


Baixo Moderado
p
N 116 30
Idade (anos) 20,0 ± 2,1 20,7 ± 3,3 0,131
2
Índice de massa corporal (kg/m ) 22,4 ± 2,6 23,3 ± 3,6 0,124
Peso (kg) 61,4 ± 10,1 63,5 ± 11,9 0,323
Estatura (cm) 165,4 ± 7,7 164,9 ± 6,4 0,749

54
Tabela 15 (Continuação) - Análise da variância multivariada em função do
fator estratificação do risco de doença cardiovascular (N = 146)

Estratificação do risco de doença cardiovascular


Baixo Moderado
p
N 116 30
Pressão arterial sistólica (mmHg) 114,3 ± 8,1 114,5 ± 8,6 0,908
Pressão arterial diastólica (mmHg) 71,1 ± 7,2 71,1 ± 5,3 0,963
Colesterol total (mg/dL) 176,2 ± 33,3 195,1 ± 43,6 0,011
Colesterol LDL (mg/dL) 105,4 ± 26,8 127,2 ± 39,3 0,000
Colesterol HDL (mg/dL) 56,7 ± 9,4 52,4 ± 6,7 0,022
Glicémia em jejum (mg/dL) 91,7 ± 6,7 97,0 ± 8,4 0,000
Função física (pontos) 95,6 ± 6,9 95,8 ± 4,4 0,888
Desempenho físico (pontos) 88,5 ± 13,7 90,4 ± 11,5 0,476
Dor corporal (pontos) 80,1 ± 16,9 81,4 ± 16,6 0,708
Saúde em geral (pontos) 74,6 ± 14,8 69,4 ± 12,9 0,082
Vitalidade (pontos) 67,1 ± 13,2 62,7 ± 16,1 0,121
Função social (pontos) 86,4 ± 13,7 85,8 ± 13,8 0,834
Desempenho emocional (pontos) 87,2 ± 16,9 85,3 ± 21,5 0,599
Saúde mental (pontos) 77,6 ± 12,5 76,7 ± 13,5 0,712
Rácio cintura/anca 0,7 ± 0,0 0,7 ± 0,0 0,217
Circunferência cintura (cm) 71,2 ± 6,3 73,2 ± 8,3 0,144
Circunferência anca (cm) 97,7 ± 6,6 98,8 ± 7,4 0,416
Percentagem massa gorda (%) 31,2 ± 6,0 32,0 ± 6,0 0,499
Percentagem massa muscular (%) 45,3 ± 4,9 45,0 ± 4,4 0,799
Teste do degrau (mL/kg/min) 36,2 ± 6,2 36,0 ± 4,8 0,875
Força preensão total (kg) 55,9 ± 15,7 57,4 ± 15,3 0,633
Teste de força de braços (repetições) 20,1 ± 8,8 20,0 ± 7,8 0,961
Teste de força abdominal (repetições) 28,2 ± 8,9 29,6 ± 9,1 0,435
Teste de sentar e alcançar (cm) 33,0 ± 8,6 29,9 ± 9,3 0,082
Atividade vigorosa (MET-min/semana) 845,5 ± 1303,3 408,0 636,3 0,077
Atividade moderada (MET-min/semana) 451,4 ± 697,0 679,3 ± 1199,5 0,179
Marcha (MET-min/semana) 940,1 ± 1412,8 1174,7 ± 1254,1 0,409
Atividade total (MET-min/semana) 2237,0 ± 2099,1 2262,0 ± 2092,9 0,954
Sentado (min/semana) 2733,9 ± 1131,1 3297,0 ± 1099,0 0,016
Variâncias significativas: p < 0,05 em negrito.

55
56
5. DISCUSSÃO

Neste estudo começamos por avaliar a contribuição das caraterísticas individuais,


componentes da ApFRS e AF na variância do estado de saúde de indivíduos adultos
jovens. Os resultados apresentados parecem evidenciar que os indivíduos que
integraram a amostra do presente estudo (82,9% do sexo feminino e 17,1% do sexo
masculino; idade: 20,1 ± 2,4; IMC: 22,6 ± 2,9; peso: 61,8 ± 10,5; estatura: 165,3 ± 7,4;
pressão artéria sistólica: 114,4 ± 8,2; pressão arterial diastólica: 71,1 ± 6,8; colesterol
total: 180,1 ± 36,3; colesterol LDL: 109,9 ± 30,9; colesterol HDL: 55,8 ± 9,1 e glicémia
em jejum: 92,8 ± 7,3) apresentam pontuações nas dimensões do estado de saúde cuja
variância pode, em parte, ser explicada pelas caraterísticas individuais, componentes
da ApFRS e AF. Na verdade, das 22 variáveis estudadas, apenas 10 (estatura, IMC,
glicémia em jejum, percentagem de massa gorda, TFB, TFA, TSA, atividade vigorosa,
atividade total e tempo sentado) apresentaram um valor preditivo significativo em pelo
menos uma dimensão do estado de saúde. Para além destas, foram incluídas outras 3
caraterísticas (género, tabagismo e sedentarismo) que apesar de apresentarem
diferenças significativas do estado de saúde em algumas das suas dimensões (P ≤
20), não demonstraram ser preditoras do estado de saúde dos indivíduos da amostra.
De referir ainda que, nenhuma das variáveis estudadas foi capaz de explicar a
variância na dimensão função social. A direcção das associações apresentadas foi
plausível e coerente com outros estudos realizados que demonstraram que embora a
ApFRS pareça assemelhar-se à AF no que respeita à sua relação com a morbidade e
mortalidade (Blair & Brodney, 1999; Erikssen, 2001), esta apresenta valores preditivos
mais consistentes do estado de saúde do que a AF (Blair, Cheng, & Holder, 2001;
Myers et al., 2004; Williams, 2001). De igual modo, a escassa literatura disponível
mostra que os indivíduos mais aptos fisicamente apresentam maiores pontuações nas
várias dimensões da QVRS, nomeadamente nas dimensões FF, DF e VT. Também se
observam correlações positivas entre a ApFRS e os fatores físicos e mentais
relacionados com a saúde na população em geral (Galper, Trivedi, Barlow, Dunn, &
Kampert, 2006; Hakkinen et al., 2010; Wanderley et al., 2011).

De facto, a capacidade para realizar as tarefas do quotidiano dependem de uma boa


aptidão muscular. Existem evidências crescentes de que uma boa aptidão muscular
está associada a um melhor estado de saúde global e uma redução no risco de
doenças crónicas. Na verdade, muitas atividades da vida diária não requerem um
grande esforço aeróbio mas dependem da força, resistência e flexibilidade muscular
(Kell, Bell, & Quinney, 2001; Warburton, Gledhill, & Quinney, 2001a; Warburton,

57
Glendhill, & Quinney, 2001b). De acordo com os resultados apresentados, eventuais
limitações físicas nas atividades diárias e o seu impacto no dia a dia dos indivíduos,
bem como a perceção que estes têm da sua saúde, englobando a saúde atual, a
resistência à doença e o aspeto saudável pode ser explicada, em parte, pela aptidão
muscular dos indivíduos, nomeadamente a resistência muscular e a flexibilidade, uma
vez que estes componentes da ApFRS demonstraram ser preditores da FF, DF e SG.
Podemos verificar que, na amostra em estudo, uma maior resistência muscular e
flexibilidade explica positivamente as referidas dimensões. Relativamente à FF, a
estatura demonstra ser capaz de predizer a variabilidade da pontuação da dimensão
FF, sendo que os indivíduos mais altos apresentam melhores pontuações nesta
dimensão. Este resultado vai de encontro a um estudo que associa a estatura a um
melhor estado de saúde dos indivíduos, nos quais a estatura influencia positivamente
a FF (Silventoinen, Lahelma, & Rahkonen, 1999).

Os resultados demonstram que valores de IMC mais elevados são preditores de piores
pontuações na dimensão SM. Podemos concluir que a adequação da composição
corporal está relacionada com sentimentos e emoções positivas, bem como o aumento
da saúde psicológica. Alguns estudos mostram que a AF diminui os sintomas de
depressão e a aptidão adquirida através da prática de exercício é útil na saúde física e
psicológica (Dimeo, Bauer, Varahram, Proest, & Halter, 2001). Já a %MG demosntrou
ser preditora da variabilidade das pontuações obtidas na dimensão VT. Os indivíduos
com maior %MG têm mais probabilidades de apresentarem piores pontuações na
dimensão VT, isto é, mais fadiga e piores níveis de energia, estando em linha com o
resultado de outro estudo (Blissmer et al., 2006).

Quanto à AF, podemos dizer que é preditora da variabilidade nas pontuações das
dimensões DC, SG e VT. Ao analisarmos os resultados podemos verificar que os
indivíduos fisicamente ativos são aqueles que apresentam pontuações mais elevadas
na dimensão VT, e que o sedentarismo potencia menores pontuações na dimensão
SG. A prática de atividades vigorosas parece favorecer positivamente a DC, isto é, as
atividades vigorosas estão associadas a menos dor. Estas associações são plausíveis
e coerentes com o resultado de outros estudos (Garber et al., 2011; Harrison,
McElduff, & Edwards, 2006; Haskell et al., 2007; Lee & Paffenbarger, 2000; Tessier et
al., 2007; Vuillemin et al., 2005) e vão de encontro à meta da OMS para adultos
saudáveis, com idade entre os 18 e os 65 anos, que recomenda 30 minutos de AF de
intensidade moderada, 5 dias por semana, ou pelo menos 20 minutos de AF de
intensidade vigorosa, 3 dias por semana. A dose necessária de AF pode ser
acumulada em sessões de pelo menos 10 minutos e poderá compreender uma

58
combinação de períodos de intensidades moderada e vigorosa. Deverão ainda ser
acrescentadas atividades que permitam melhorar a força muscular e a resistência, 2 a
3 dias por semana (WHO, 2003).

Curiosamente o nível de glicémia em jejum apresenta um valor preditivo de 3,3% na


pontuação obtida na dimensão DE, isto é a probabilidade de um indivíduo apresentar
problemas emocionais pode, em parte, ser explicada por valores elevados de glicose
no sangue. Analisando esta relação podemos constatar que faz sentido, uma vez que
normalmente a existência de problemas relacionados com o estado emocional leva a
que muitas vezes se adotem comportamentos de compensação, nomeadamente a
ingestão de alimentos ricos em açúcar. De igual modo, flutuações na regulação da
glicose no sangue têm sido relacionadas com muitos fatores, incluindo problemas
emocionais e negligência no auto cuidado (Simonds, Goldstein, Walker, & Rawlings,
1981).

Estes resultados sugerem que o fisioterapeuta deve considerar as caraterísticas


individuais e os componentes da ApFRS, para além da AF, para obter uma
perspectiva mais ampla do estado de saúde dos indivíduos. Por exemplo, em
indivíduos mais baixos, com níveis de glicémia em jejum elevados, maior IMC, menor
resistência muscular, menor flexibilidade, maior %MG, pior pontuação nas atividades
vigorosas e que passem mais minutos por semana sentados, devem ser considerados
como tendo um maior risco de apresentarem um pior estado de saúde. Estes
resultados também sugerem que as intervenções de fisioterapia, no âmbito da
prevenção primária e secundária, projetadas para promover o estado de saúde dos
indivíduos devem principalmente visar a normalização dos valores da glicémia em
jejum, redução do peso corporal, aumento da resistência muscular e da flexibilidade,
diminuição da %MG, incentivo da prática de atividades vigorosas contrapondo com a
diminuição do tempo em que os indivíduos permanecem sentados. Supomos que as
melhorias nestes fatores resultarão em melhorias do estado de saúde dos indivíduos.

Os resultados obtidos corroboram com a hipótese inicialmente colocada, confirmando


que, embora a AF seja preditora da QVRS, só por si não explica muitas das suas
dimensões. Os componentes da ApFRS mostram ser melhores preditores do estado
de saúde do que o nível de AF. No entanto, como podemos verificar pelos mesmos
resultados, o modelo preditor da QVRS consegue explicar apenas entre 2,2% a 10,3%
da variância na pontuação obtida nas diferentes dimensões do estado de saúde.

De seguida foi aplicado o modelo preditivo da ApFRS. Os resultados apresentados


parecem evidenciar que os indivíduos que integraram a amostra do presente estudo

59
apresentam pontuações nos cinco componentes da ApFRS cuja variância pode ser
explicada pelas caraterísticas individuais, componentes da ApFRS (excluindo o
componente referente ao modelo preditivo em causa) e AF. Na verdade, das 22
variáveis estudadas apenas 11 (idade, peso, estatura, %MG, VO 2máx, força muscular,
resistência muscular braços, resistência muscular abdominal, atividade vigorosa,
atividade total e tempo sentado) apresentaram um valor preditivo significativo em pelo
menos um dos componentes da ApFRS. Foram ainda incluídas 3 caraterísticas
(género, tabagismo e sedentarismo) sendo que o género e o sedentarismo também
apresentaram um valor preditivo significativo na maioria dos componentes da ApFRS.

Os resultados obtidos sugerem que o género é a caraterística com maior capacidade


preditiva, sendo preditor de todos os componentes da ApFRS, à excepção da
resistência muscular, confirmando deste modo a sua importância na avaliação da
ApFRS. De igual modo podemos constatar que a AF é preditora apenas da ACR
(atividade vigorosa), RCA (atividade total) e resistência muscular nos membros
superiores (tempo sentado).

Pertencer ao sexo masculino influencia positivamente o RCA, ACR e força muscular.


Por outro lado, pertencer ao sexo feminino influencia positivamente a %MG assim
como a flexibilidade. Os resultados sugerem que pertencer ao sexo masculino, ser
mais velho e ter um nível de atividade total superior poderá estar associado a um RCA
mais elevado, sendo que estes três preditores (género, idade e atividade total)
explicam 50,1% da sua variabilidade. Quanto ao género, esta associação é plausível e
coerente com o resultado de outros estudos (Hu, Jousilahti, Antikainen, Katzmarzyk, &
Tuomilehto, 2010; Ogawa et al., 1992; Snijder et al., 2003), os quais demonstraram um
valor mais elevado do RCA nos indivíduos do sexo masculino. Os homens têm maior
massa muscular no braço, ossos maiores e mais fortes, menos gordura no membro
inferior e uma maior distribuição de gordura central. As mulheres têm uma distribuição
mais periférica da gordura no início da idade adulta. As diferenças na composição
corporal entre os sexos são atribuíveis principalmente à ação hormonal (Derby, Zilber,
Brambilla, Morales, & McKinlay, 2006). A %MG inclui a gordura corporal essencial e a
gordura corporal de reserva. A gordura corporal essencial é necessária para manter a
vida e as funções reprodutoras. A %MG essencial é superior nas mulheres do que nos
homens, devido às exigências da gravidez e outras funções hormonais. O percentual
de gordura essencial é de 3-5% nos homens e 10-16% nas mulheres, que apresentam
maior %MG na parte inferior do corpo (ancas), justificando desse modo o menor RCA,
quando comparadas com os indivíduos do sexo masculino (Janssen et al., 2004).
Relativamente à idade, esta explica 2,4% da variabilidade do RCA. Resultados

60
idênticos foram encontrados e indicam que o RCA aumenta com a idade (Hu et al.,
2010). No entanto, esta correlação pode ficar a dever-se ao maior acúmulo de gordura
na região abdominal ou então ao aumento de massa muscular, o que será de esperar,
uma vez que se tratam de indivíduos jovens (20,1 ± 2,4 (18 – 34)), aos quais está
associada, normalmente, ao aumento da massa muscular (Lowndes et al., 2009).

No entanto, no que respeita à AF os resultados do nosso estudo contariam estudos


realizados anteriormente, os quais demonstram que a prática de AF leva à diminuição
do acúmulo de tecido adiposo na região abdominal e consequentemente uma
diminuição no RCA (Burke et al., 2012; Holcomb, Heim, & Loughin, 2004). O facto de,
no presente estudo, a AF total explicar positivamente o RCA pode dever-se às
caraterísticas da amostra. Nos indivíduos em estudo a gordura corporal localiza-se
sobretudo na região das ancas (RCA 0,7 ± 0,0 no sexo feminino e 0,8 ± 0,0 no sexo
masculino) o que quer dizer que esta é uma condição de baixo risco de DCV (Seidell,
Perusse, Despres, & Bouchard, 2001; Snijder et al., 2003). O que os resultados
parecem evidenciar é que os indivíduos qua apresentam valores superiores de
atividade total aparentemente apresentam menor perímetro na zona das ancas, e
consequentemente maior RCA. Isto fará sentido se tivermos em conta o facto da
amostra ser constituída maioritariamente por indivíduos do sexo feminino, que por
natureza tendem a armazenar mais gordura em torno das ancas e coxas, sendo que a
AF pode contribuir para a redução dessa mesma gordura (Snijder et al., 2003). De
referir ainda que o valor do RCA é inferior ao valor considerado de coorte: 0,95 para os
homens e 0,88 para as mulheres, sendo que esta caraterística também teve influência
nos resultados obtidos.

Em relação à %MG, os resultados demonstram que 75,1% da variabilidade do seu


valor é explicada pelo género, peso, estatura, ACR, força muscular e resistência
muscular dos membros superiores. De acordo com a literatura podemos verificar que a
gordura corporal é diferente de acordo com o género, isto é, um homem e uma mulher
podem ter a mesma altura e peso, apresentarem pontuações idênticas de IMC, mas a
mulher provavelmente terá uma maior %MG. A proporção de tecido adiposo em
relação à massa corporal é mais elevada nas mulheres, o que se traduz em menos
força muscular média. Dependendo do grupo de músculos e do tipo de tarefa em
questão, bem como o procedimento de teste específico aplicado, as diferenças de
género podem variar entre 20% e 45% (Rothman, 2008; Stevens, Katz, & Huxley,
2010). Os resultados do nosso estudo parecem confirmar estes dados, uma vez que
pertencer ao sexo feminino explica positivamente a %MG. De facto, os indivíduos de
sexo masculino da nossa amostra apresentam um valor médio de IMC de 23,9 ± 3,0 e

61
os indivíduos do sexo feminino um valor médio de IMC de 22,3 ± 2,8. No entanto, os
indivíduos do sexo masculino apresentam valores médios de %MG de 24,6 ± 5,4 e
massa muscular de 51,8 ± 3,4, enquanto os indivíduos do sexo feminino apresentam
valores médios de %MG de 32,7 ± 5,1 e massa muscular de 43,9 ± 3,8.

Quanto à associação do peso e estatura com a %MG, parece evidente que, indivíduos
mais baixos e mais pesados possam, à partida, apresentar maior %MG, até porque o
seu IMC é mais elevado. No entanto, o facto de podermos utilizar este raciocínio para
os resultados obtidos a partir da amostra em estudo, não podemos generalizar estes
resultados uma vez que o IMC é uma medida com limitações no que respeita à
avaliação da %MG (Chen, Chuang, & Wu, 2008; Pribis, Burtnack, McKenzie, & Thayer,
2010; Rothman, 2008; Stenholm et al., 2008).

No presente estudo, a ACR explica negativamente a %MG, isto é, os indivíduos com


menor ACR tem maior probabilidade de apresentarem uma maior %MG. Investigações
recentes têm demonstrado que há uma relação estreita entre a composição corporal e
a capacidade aeróbia e cardiovascular (Chatterjee, Chatterjee, & Bandyopadhyay,
2006), uma vez que o VO2máx representa a necessidade de consumo de oxigénio,
consumo este que está relacionado com uma maior percentagem de massa muscular,
relativamente à %MG. O resultado de um estudo realizado demonstrou que os testes
de resistência muscular explicam negativamente o VO2máx e a %MG, enquanto a
massa magra se associa aos resultados dos testes de força máxima sendo, portanto,
um fator determinante na força máxima. O contributo do papel da força máxima nos
testes de resistência muscular pode ser verificado na parte superior do corpo, mas não
nos membros inferiores. Estes achados sugerem que o TFB não é apenas indicador
da %MG e VO2máx, mas também da força máxima da parte superior do corpo (Vaara et
al., 2012). De salientar que o nosso estudo demonstrou que a força muscular e a
resistência muscular abdominal são preditores da %MG. Os indivíduos com mais força
muscular e maior resistência muscular abdominal, parecem evidenciar maior
probabilidade de apresentarem uma menor %MG. Estes resultados estão em linha
com as conclusões do estudo referido no que respeita aos componentes %MG e força
muscular, no entanto no nosso estudo a resistência muscular não demonstrou ser um
preditor capaz de explicar a variabilidade do VO2máx.

Pertencer ao sexo masculino, apresentar um nível de atividade vigorosa mais elevada


e ser mais velho parece explicar de forma positiva os resultados do VO2máx, nos
indivíduos da amostra. Estes resultados são plausíveis e coerentes com outros
estudos realizados demonstrando que, quando expressa em termos absolutos, as

62
mulheres apresentam um VO2máx aproximadamente 15 a 25% menor, no entanto,
quando expresso em relação à massa corporal, as mulheres apresentam uma
diferença de 5 a 15% do VO 2máx (Cureton et al., 1986; Drinkwater, 1973). A potência
aeróbia média aumenta com a massa muscular absoluta. A relação entre o aumento
da potência aeróbia associada ao aumento da massa muscular é idêntica em ambos
os géneros. No entanto, devido à menor percentagem de massa muscular, as
mulheres têm um menor VO2máx. (Perez-Gomez et al., 2008). O volume sistólico é
influenciado, em parte, pelo volume de sangue, que é inferior nas mulheres. Mesmo
quando ajustado ao tamanho corporal, as mulheres têm menos volume de sangue
(Charkoudian & Joyner, 2004; Wiebe, Gledhill, Warburton, Jamnik, & Ferguson, 1998).
Menor volume sanguíneo resulta num menor retorno venoso, que de acordo com o
mecanismo de Frank-Starling, leva a um menor volume sistólico, menor débito
cardíaco e, em última análise, menor volume de oxigénio. Há uma forte relação entre o
volume de sangue e VO2máx (Ferguson, Gledhill, Jamnik, Wiebe, & Payne, 2001;
Stevenson, Davy, & Seals, 1994). Assim, um menor volume sanguíneo contribui na
diminuição do volume sistólico e débito cardíaco nas mulheres. Estas diferenças
impedem as mulheres de alcançar os mesmos valores de débito cardíaco que os
homens, o que em última análise, significa que há uma redução do consumo de
oxigénio nas mulheres (Ogawa et al., 1992). Assim, o menor volume sanguíneo e
tamanho do coração contribui na redução absoluta e relativa do VO2máx nas mulheres
relativamente aos homens.

Os resultados evidenciam que os indivíduos com melhores níveis de atividade


vigorosa têm mais hipóteses de apresentarem uma melhor ACR. Esta associação vai
ao encontro de outros estudos (Gormley et al., 2008; Helgerud et al., 2007) que
demonstraram que quando o volume de exercício é controlado, maiores intensidades
de exercício são mais eficazes na melhoria do VO2máx do que menores intensidades de
exercício, em adultos jovens aparentemente saudáveis. As mudanças no VO2máx
correspondem a mudanças no volume cardíaco, indicando uma estreita ligação entre
os dois.

Relativamente à idade, os resultados obtidos a partir da amostra em estudo parecem


indicar que esta é preditora da ACR, sendo que os indivíduos mais velhos da amostra
apresentam melhor ACR. Esta associação contraria os resultados obtidos em outros
estudos que evidenciam um decréscimo do VO 2máx com o avançar da idade (Ogawa et
al., 1992; Pribis et al., 2010). No entanto, tendo em conta que a média de idade dos
indivíduos da nossa amostra é de 20,1 ± 2,4 e que a idade apresenta uma correlação
positiva com a força muscular, avaliada através da FPT, podemos concluir que, na

63
amostra em estudo, os indivíduos mais velhos apresentam mais força muscular. Esta
correlação vai ao encontro de um estudo de Lowndes et al. (2009), o qual demonstrou
que a idade tem um impacto positivo significativo na associação da área de secção
muscular do bíceps, em indivíduos não treinados, com idades entre 18 e 40 anos.

No presente estudo, 66% da variabilidade da força muscular dos indivíduos é


explicada pelo género, peso, %MG e resistência da musculatura abdominal. Pertencer
ao sexo feminino influencia negativamente a força muscular, enquanto que ser mais
pesado influencia positivamente a força muscular. Estes resultados sugerem que a
diferença da massa corporal desempenha um papel significativo na diferença entre os
homens e as mulheres. Normalmente, as mulheres pesam menos (Abe, Kearns, &
Fukunaga, 2003; Nindl, Scoville, Sheehan, Leone, & Mello, 2002; Perez-Gomez et al.,
2008) e apresentam aproximadamente menos 10% de massa muscular do que os
homens (Maud & Shultz, 1986). Os resultados associam os indivíduos mais pesados a
maior força muscular. No entanto, devemos ter em conta que ser mais pesado não
quer dizer propriamente ter mais %MG. De facto, podemos constar que uma maior
%MG parece predizer valores de força muscular piores. Assim, a explicação para o
facto dos indivíduos mais pesados serem os que apresentam mais força muscular
parece estar no facto de que o maior peso possa estar associado a uma maior
percentagem de massa magra, nos indivíduos da nossa amostra. Num estudo
realizado por Forbes (1987), os indivíduos mais pesados apresentaram maior
percentagem de massa magra, tendo este investigador concluído que, devido ao facto
da força estar relacionada à massa magra, os indivíduos mais pesados de todas as
idades também eram geralmente mais fortes quando solicitada a realização de testes
simples de força muscular. No entanto, o nosso estudo parece contrariar os resultados
de diversos estudos no que respeita à resistência da musculatura abdominal. De facto,
embora a musculatura abdominal explique apenas 0,9% da força muscular, os
indivíduos com menor resistência da musculatura abdominal apresentam maior
probabilidade de terem mais força muscular.

No que respeita à avaliação da resistência muscular, foram aplicados o TFB e o TFA.


Quanto à resistência da musculatura dos braços a %MG e o sedentarismo explicam
negativamente, enquanto que o tempo sentado e o VO2máx explica positivamente a
resistência muscular dos membros superiores. Quanto à %MG, parece óbvio que
quanto maior for a quantidade de tecido adiposo, menor será a resistência muscular, o
que é confirmado pelo resultado de diversos estudos (Esco, Olson, & Williford, 2010;
Petrofsky & Lind, 1975; Vaara et al., 2012). No entanto, o facto de os resultados
demonstrarem que os indivíduos sedentários e que passam mais tempo sentados

64
terem mais hipóteses de apresentar maior resistência muscular nos membros
superiores, parece contrariar outros estudos realizados. Tendo em conta que a
amostra é constituída por estudantes e que a aplicação da bateria de testes foi
realizada em tempo de aulas, poderemos ter aqui a explicação para estas duas
associações. O facto de os indivíduos passarem várias horas por dia sentados, na sala
de aula e em casa e estudar, pode ter criado alguma subjectividade no preenchimento
dos questionários, nomeadamente o IPAQ, e que se traduz nestas associações pouco
previsíveis. Já o facto do VO2máx explicar positivamente a resistência muscular nos
membros superiores está em linha com a própria definição de resistência muscular
que é a capacidade em manter um exercício prolongado por alguns minutos, horas ou
mesmo dias, sendo para tal necessário que o sistema cardiovascular forneça energia
suficiente para os músculos poderem trabalhar (ACSM, 2008; Heyward, 2002; Hoeger
& Hoeger, 2012).

Já no que respeita à resistência da musculatura abdominal, 9,1% da sua variabilidade


pode ser explicada positivamente pela estatura, isto é os indivíduos mais altos têm
mais probabilidade de terem mais resistência da musculatura abdominal. A justificação
para esta associação pode estar relacionada com o facto de a uma maior altura poder
estar associada uma maior percentagem de massa muscular. Um estudo de Janssen
et al. demonstrou que, sobretudo nas mulheres, a altura favoreceu um aumento
proporcional na massa muscular (Janssen, Heymsfield, Wang, & Ross, 2000).

O presente estudo demonstra ainda que pertencer ao sexo feminino explica


positivamente a flexibilidade. Alguns estudos corroboram a existência de diferença de
flexibilidade muscular entre os sexos, em adultos, sendo a mulher mais flexível que o
homem (Harris, 1969; Pribis et al., 2010), embora que muito desse efeito possa estar
relacionado com diferenças antropométricas (Corbin, 1984).

Estes resultados sugerem que o fisioterapeuta deve considerar as caraterísticas


individuais e os componentes da ApFRS, para além da AF, para obter uma
perspectiva mais ampla da ApFRS dos indivíduos. Estes resultados também sugerem
que as intervenções de fisioterapia, no âmbito da prevenção primária e secundária,
projetadas para promover o estado de saúde dos pacientes, ou até mesmo a
prescrição de um programa de exercícios inserido num programa específico de
reabilitação devem ter em conta que o nível de AF pode influenciar a ApFRS, mas esta
é muito mais influenciada pelas caraterísticas individuais e pelas pontuações obtidas
em cada um dos componentes da ApFRS, isto é, o fisioterapeuta não deve partir do
princípio que os indivíduos que se auto-reportam como fisicamente ativos são

65
fisicamente mais aptos. No fundo devemos considerar que a AF habitual pode
influenciar a ApFRS, a qual, por sua vez, pode correlacionar-se com o nível habitual
de AF, sendo que a ApFRS é influenciada reciprocamente pela saúde e que a saúde
influencia tanto o nível de AF habitual quanto o nível de ApFRS, sem nunca esquecer
a contribuição das caraterísticas individuais dos indivíduos. Supomos que a correcta
avaliação destes fatores resultarão em programas de exercícios mais adequados às
especificidades dos indivíduos.

Os resultados obtidos corroboram com a hipótese inicialmente colocada, confirmando


que, embora a AF seja preditora da ApFRS, só por si não explica a variabilidade dos
seus componentes. As caraterísticas individuais género, idade, peso e estatura
mostraram ser as mais preditoras, à semelhança de outro estudo realizado (LaRosa,
He, & Vupputuri, 1999), sendo cada componente da ApFRS preditor de pelo menos
um outro componente da ApFRS. Apenas a atividade vigorosa, total e tempo sentado
se mostrou capaz de explicar 8,1% da variabilidade da ACR, 1,5% da variabilidade do
RCA e 3,6% da variabilidade da resistência muscular dos membros superiores,
respectivamente. Estes resultados demonstraram que na verdade a AF explica uma
pequena percentagem dos componentes da ApFRS.

Pelos resultados obtidos podemos constatar que a variabilidade dos resultados obtidos
relativamente ao género apresenta valores significativos (p < 0,05). Assim, os
indivíduos do sexo feminino sendo mais novos, apresentam valores um IMC menor,
são menos pesados, mais baixos, apresentam uma pressão arterial sistólica mais
baixa, valores de HDL mais elevados e valores de glicémia em jejum mais baixos. Ao
olharmos apenas para estas caraterísticas pessoais, poderíamos concluir que
aparentemente pertencer ao sexo feminino seria indicador de melhor saúde. Na
verdade, ao olharmos para os resultados das pontuações obtidas no estado de saúde,
são precisamente os indivíduos do sexo feminino que apresentam piores pontuações
na VT. Esta explicação poderá residir no facto das mulheres apresentarem um menor
RCA, uma menor circunferência da cintura, maior %MG contrapondo com uma menor
percentagem de massa muscular, menor ACR, força e resistência muscular mas mais
flexibilidade. Quanto à AF, as mulheres apresentam um valor inferior de atividade total,
valor esse que é explicado pelo facto de indicarem um valor mais baixo de atividade
vigorosa, em relação aos homens. Neste sentido, são também as mulheres que
passam mais tempo sentadas. Estes resultados vão ao encontro de outros estudos
realizados (Hu, Jousilahti, Antikainen, Katzmarzyk, & Tuomilehto, 2010; Ogawa et al.,
1992; Snijder et al., 2003)

66
No que respeita à dislipidémia, apenas se encontram valores de significância
estatisticamente significativos no colesterol total e no colesterol LDL. Como seria
expectável, os 35 indivíduos com dislipidémia apresentam estes valores mais
elevados. Vários ensaios clínicos, tanto de prevenção primária quanto secundária,
demonstram que a redução do colesterol LDL diminui a taxa de eventos
cardiovasculares, podendo reduzir a incidência de doença cardíaca isquémica em 25%
a 60% e o risco de morte em 30%, além de outros efeitos em eventos mórbidos, como
angina, acidentes vasculares cerebrais, necessidade de procedimentos de
revascularização miocárdica e periférica (Bonow, 2002).

Já em relação à glicémia em jejum alterada, os 23 indivíduos que apresentam uma


pontuação positiva neste fator de risco de DCV, são mais pesados e, embora sejam
mais altos apresentam um IMC maior. Este grupo de indivíduos apresenta uma
pressão arterial diastólica mais elevada, e valores de colesterol HDL mais baixos. No
que respeita ao estado de saúde os indivíduos com glicémia em jejum alterada
apresentam um pior DE. Ora, como referido anteriormente, níveis de glicémia mais
elevados estão muitas vezes associados a uma menor auto estima, menor auto
cuidado e decorrem de comportamentos de compensação na ingestão de açúcares,
associando-se a piores pontuações no DE dos indivíduos (Simonds et al., 1981). De
igual modo este grupo de indivíduos apresenta maior RCA e maior circunferência da
cintura, o que sugere que a concentração de gordura abdominal esteja associada à
glicémia em jejum alterada. Devemos focar-nos nos resultados da ACR, força
muscular e resistência muscular abdominal. De facto seria de esperar que estes
valores fossem inferiores nos indivíduos com glicémia em jejum alterada conforme nos
indica a literatura, no entanto os valores indicam exatamente o contrário. De igual
modo, são os indivíduos com glicémia em jejum alterada que apresentam maior
atividade vigorosa, contrariando também o resultado de outros estudos (Sigal, Kenny,
Wasserman, & Castaneda-Sceppa, 2004; Tokmakidis, Zois, Volaklis, Kotsa, & Touvra,
2004). Se o melhor nível de atividade pode explicar melhor ACR, força e resistência
muscular, já não explica a glicémia alterada. Assim, estes valores podem estar
relacionados com a alimentação que poderá não ser a mais adequada, sobretudo se
tivermos em conta que se trata de uma amostra composta por indivíduos estudantes,
que nem sempre têm horários para fazer as refeições e que por vezes acabam por ter
uma alimentação bastante desequilibrada.

Relativamente ao sedentarismo, os indivíduos que referem ser sedentários,


apresentam uma pontuação mais elevada na dimensão DC, assim como pior ACR e
menor resistência muscular dos membros superiores, sendo estes resultados

67
plausíveis e coerentes com o resultado de outros estudos (Garber et al., 2011;
Harrison, McElduff, & Edwards, 2006; Haskell et al., 2007; Lee & Paffenbarger, 2000;
Tessier et al., 2007; Vuillemin et al., 2005). Estes resultados demonstram que duas
medidas diferentes, o sedentarismo e o nível de AF, apontam no mesmo sentido, uma
vez que os indivíduos que referem ter um estilo de vida sedentário apresentam valores
mais baixos de atividade vigorosa e atividade total e passam mais tempo sentados.

O fator colesterol HDL elevado também teve um efeito significativo sobre o compósito
de algumas das variáveis dependentes. De facto, os indivíduos mais baixos, com um
valor superior de colesterol total e menor glicémia e que fazem mais caminhada
apresentam valores superiores de colesterol HDL. No entanto, ao contrário do que
seria expectável, os indivíduos com colesterol HDL elevado apresentam maior %MG,
menor ACR e força muscular. Estes resultados podem ser explicados pelo facto da
nossa amostra ser constituída na maioria por mulheres, sendo que os indivíduos do
sexo feminino apresentam maior %MG, menor ACR e força muscular. Nos indivíduos
do sexo feminino devemos considerar que a principal hormona sexual (estrogénio)
protege contra DCV aumentando os níveis de colesterol HDL (Lopez, Sanchez, Shea-
Eaton, & McLean, 2002). Outro facto que devemos ter em conta é que, precisamente o
grupo dos indivíduos com colesterol HDL elevado é aquele com o valor de colesterol
total mais elevado (197,5 ± 29,0 comparativamente ao valor médio de 172,8 ± 36,7 no
grupo dos indivíduos que não apresenta colesterol elevado). Não podemos considerar
que o valor do colesterol HDL elevado, só por si, se correlacione com o estado de
saúde e aptidão dos indivíduos sem olharmos para o valor do colesterol total. De facto,
valores de HDL elevados ou valores de LDL baixos não fornecem, geralmente,
informações suficiente na avaliação do risco de DCV. Uma comparação dos níveis de
colesterol total e HDL (rácio colesterol total/HDL) podem fornecer um indicador muito
mais preciso (Fernandez & Webb, 2008; Greene et al., 2005).

Os indivíduos com risco moderado de DCV apresentam valores de colesterol total,


colesterol LDL e glicémia em jejum superiores, assim como valores de colesterol HDL
inferiores e passam mais tempo sentados o que é palusível com os próprios critérios
de estratificção do risco das DCV (ACSM, 2008; Heyward, 2002).

Estes resultados sugerem que o fisioterapeuta deve considerar as diferenças que


existem entre os diferentes grupos género, dislipidémia, glicémia em jejum alterada
sedentarismo, colesterol HDL elevado e estratificação do risco de DCV relativamente
às variáveis correspondentes às caraterísticas individuais, estado de saúde e ApFRS,
uma vez que estas diferenças poderão ajudar o profissional a tomar decisões

68
relativamente ao tipo de exercício a prescrever de modo a poder criar o programa mais
adequado. Devemos ter em conta que o género é um fator a ter em conta, como
referido anteriormente, uma vez que influenciará as caraterísticas individuais, estado
de saúde, ApFRS e AF. Enquanto as dislipidémias e o sedentarismo parecem exercer
efeitos expectáveis nos indivíduos, o mesmo já não acontece na glicose em jejum
alterada e HDL elevado. Assim o fisioterapeuta não deve assumir que os indivíduos
tenham uma boa ApFRS pelo facto destes valores estarem dentro dos parâmetros
normais, uma vez que existem aspetos que podem justificar a normalidade desses
valores e que devem ser tidos em conta.

Os resultados obtidos corroboram com a hipótese inicialmente colocada, confirmando


que há, de facto, diferenças significativas entre os diferentes grupos género,
dislipidémia, glicémia em jejum alterada sedentarismo, colesterol HDL elevado e
estratificação do risco de DCV relativamente às variáveis correspondentes às
caraterísticas individuais, estado de saúde e ApFRS.

No final deste trabalho, é importante reconhecer algumas limitações ao estudo:

 A impossibilidade de obter um número superior de participantes;


 Tratar-se de uma amostra não representativa da população por ser referente a
sujeitos estudantes apenas de um estabelecimento de ensino, sem uma ocupação
profissional relevante;
 O facto da bateria de testes ter sido aplicada em tempo de aulas, o que poderá ter
influenciado no preenchimento do questionário relativo à AF;
 A falta de homogeneidade nos grupos que fizeram parte da amostra,
nomeadamente no género;
 Não terem sido avaliados os hábitos alimentares e de consumo de bebidas
alcoólicas;
 Não se ter utilizado o rácio colesterol total/colesterol HDL.

69
70
6. CONCLUSÃO

Do conjunto do trabalho desenvolvido resultaram as seguintes conclusões:

 As caraterísticas individuais, os componentes da ApFRS e a AF explicam entre


2,2% a 10,3% da variância na pontuação obtida nas diferentes dimensões do
estado de saúde. Embora a AF seja preditora da QVRS, só por si não explica
muitas das suas dimensões. Os componentes da ApFRS mostram ser
melhores preditores do estado de saúde do que o nível de AF. Os resultados
sugerem que indivíduos mais baixos, com níveis de glicémia em jejum
elevados, maior IMC, menor resistência muscular, menor flexibilidade, maior
%MG, pior pontuação nas atividades vigorosas e que passem mais minutos por
semana sentados, possam apresentar um pior estado de saúde.

 A AF pode influenciar a ApFRS, mas esta é muito mais influenciada pelas


caraterísticas individuais e pela inter-relação dos diferentes componentes da
ApFRS. Na verdade, as caraterísticas individuais género, idade, peso e
estatura são os principais preditores da ApFRS. Deste modo, o fisioterapeuta
não deve partir do princípio que os indivíduos que se auto-reportam como
fisicamente ativos sejam fisicamente mais aptos.

 O fisioterapeuta deve considerar as diferenças que existem entre os diferentes


grupos género, dislipidémia, glicémia em jejum alterada sedentarismo,
colesterol HDL elevado e estratificação do risco de DCV relativamente às
variáveis correspondentes às caraterísticas individuais, estado de saúde e
ApFRS na prescrição de exercício. Ter o valor do colesterol HDL ou da
glicémia em jejum dentro dos parâmetros de referência, pode não querer dizer
que haja uma boa ApFRS.

 O fisioterapeuta deve ter um papel ativo na prevenção da doença e promoção


da saúde, para além do tratamento das disfunções apresentadas pelos
indivíduos ou populações. Na elaboração de programas de exercício devemos
ter em conta cada parâmetro aqui discutido, uma vez que são esses
parâmetros que definem o estado de saúde e os componentes da ApFRS. O
fisioterapeuta deve individualizar e personalizar cada programa de exercício
em função de cada indivíduo ou população específica, com ou sem patologia

71
associada, uma vez que existem diferenças nas caraterísticas individuais,
ApFRS e AF que irão interferir com o tipo de exercício a prescrever e com os
resultados esperados desse mesmo exercício. Caso não se verifique este
pressuposto, poderemos estar a prescrever exercícios que não irão produzir
qualquer benefício para o indivíduo, ou então cujo benefício se situe muito
abaixo do desejado e previsto inicialmente. Em última análise, caso não
tenhamos o cuidado de individualizar o nosso raciocínio, podemos correr o
risco de elaborar um programa de exercício contra-indicado para um
determinado indivíduo.

No final deste trabalho, pensamos que seria interessante que futuras investigações
fossem realizadas utilizando como base os objetivos e metodologia do presente
estudo, mas em vez de considerarem indivíduos adultos jovens, terem como foco de
estudo populações específicas, como por exemplo indivíduos com diabetes, síndrome
metabólico ou com risco elevado de DCV.

72
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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83
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8. APÊNDICES

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APÊNDICE 1

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APÊNDICE 2

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