Carlos José Da Silva Tavares
Carlos José Da Silva Tavares
Carlos José Da Silva Tavares
2013
Instituto Politécnico de Coimbra
2013
“A coisa mais indispensável a um homem
é reconhecer o uso que deve fazer
do seu próprio conhecimento.”
Dedico a concretização desta tese de mestrado com a mais profunda gratidão a todas
as pessoas que contribuíram para a sua realização, pois todas elas pertencem à
realização deste sonho. A todas elas gostaria de prestar aqui a minha homenagem:
Ao Prof. Doutor Rui Gonçalves, pela forma como sempre me encorajou, pelo rigor,
seriedade, competência técnico-científica e empenho que demonstrou ao longo deste
processo. Agradeço todos os minutos de ansiedade que me fez sentir, pois foi graças
a essa ansiedade que cresci enquanto pessoa e enquanto profissional em busca de
respostas. Todas as palavras seriam poucas para expressar toda a minha gratidão e
reconhecimento daquele que ao longo deste processo foi conselheiro, crítico, mestre,
mas que também soube dar uma palavra amiga nos momentos de angústia. Muito
obrigado.
Ao Prof. Doutor Polybio Serra e Silva, pelo apoio, pela disponibilidade e pelas palavras
encorajadoras que ajudaram o arranque deste projecto. Os seus sábios conselhos e
suas ponderadas considerações foram fundamentais no desenho do projeto e na
escolha do caminho a seguir. Nunca esquecerei a serenidade das suas palavras que
me guiaram no início desta caminhada. Aqui manifesto toda a minha gratidão e
apreço.
Aos alunos de ACSP Tiago Luis, Ana Filipa Silva, Ana Filipa Alves, Daniela Almeida,
Carla Oliveira e Lisa Cunha, pelo contributo precioso que deram nas recolhas de
sangue e pelo envolvimento demonstrado neste projeto. Sem o vosso empenho não
teria sido possível realizar esta árdua tarefa. Agradeço cada gota de sangue que
recolheram, de modo tão profissional.
A todos os participantes neste estudo, pela forma solidária e empenhada com que
colaboraram. Foram vocês que tornaram praticável a concretização deste trabalho. O
meu reconhecimento.
À Vera Tomé, por ter sido o meu braço direito, e também o esquerdo muitas das
vezes, por ter demonstrado paciência suficiente para suportar todos os meus
momentos de ausência, mas também por ter reconhecido a importância que este
trabalho teve para mim, tendo-me apoiado de forma incondicional. Também ao
Rodrigo, agradeço todo o carinho que me deu, os seus beijos e abraços e o conforto
das palavras: “Papá, não te preocupes… eu sei que tens que acabar o trabalho!”. A
vós, obrigado pela garra, determinação, compreensão e apoio. Nós conseguimos!
Aos meus pais, pelo facto de me terem ensinado a lutar pelos sonhos e que tudo o
que fazemos na vida deve ser feito com amor… esses valores foram fundamentais na
persecução desta tarefa, que no fundo é também o “reflexo” do vosso “trabalho”. Bem
hajam.
Por último, mas como habitualmente se diz, os últimos são os primeiros, não consigo
deixar de agradecer a uma pessoa que me ajudou a crescer enquanto profissional,
que me ensinou a amar esta profissão e que me mostrou que a fisioterapia é muito
mais que uma profissão: é uma devoção. Agradeço a capacidade que sempre teve me
fazer sair da zona de conforto, sabendo inquietar e criticar de forma construtiva. Ao
nosso saudoso colega de profissão, professor, mestre e amigo Prof. João Gil,
agradeço respeitosamente e dedico o resultado deste trabalho, sabendo desde já, que
esteja onde estiver, vai dizer: “Não é que o Carlinhos conseguiu!”
ÍNDICE GERAL
RESUMO........................................................................................................... III
AGRADECIMENTOS ......................................................................................... V
ÍNDICE GERAL ................................................................................................ VII
ÍNDICE DE FIGURAS ....................................................................................... IX
ÍNDICE DE TABELAS ....................................................................................... IX
ÍNDICE DE APÊNDICES .................................................................................... X
LISTA DE ABREVIATURAS ............................................................................. XI
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 1
3. METODOLOGIA .......................................................................................... 31
VII
3.2. DESCRIÇÃO DAS MEDIÇÕES REALIZADAS ........................................................... 31
4. RESULTADOS ............................................................................................. 43
5. DISCUSSÃO ................................................................................................ 57
6. CONCLUSÃO .............................................................................................. 71
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 73
8. APÊNDICES ................................................................................................ 85
VIII
ÍNDICE DE FIGURAS
ÍNDICE DE TABELAS
IX
Tabela 13 - Análise da variância multivariada em função do fator sedentarismo
(N=146) …………………………………………………………………… 53
Tabela 14 - Análise da variância multivariada em função do fator colesterol
HDL elevado (N=146) ………………………………………………… 54
Tabela 15 - Análise da variância multivariada em função do fator estratificação
do risco de doença cardiovascular (N=146) ………………………… 54
ÍNDICE DE APÊNDICES
X
LISTA DE ABREVIATURAS
AF – Atividade física
cm – centímetros
DC – Dor corporal
DE – Desempenho emocional
DF – Desempenho físico
dL - Decilitro
FC – Frequência cardíaca
FF – Função física
FS – Função social
Kg – Quilogramas
L – litro
m2 – Metro quadrado
min – Minuto
mL – Mililitro
XI
QVRS – Qualidade de vida relacionada com a saúde
SG – Saúde em geral
SM – Saúde mental
TD – Teste do degrau
VT – Vitalidade
XII
1. INTRODUÇÃO
1.1. ENQUADRAMENTO
1
tornando-se numa ferramenta fundamental para os profissionais que prescrevem a
prática de AF (Leijon, Kallings, Faskunger, Counsellor, & Börjesson, 2010).
2
Na verdade, o fisioterapeuta é um profissional que presta serviços de saúde a
indivíduos e populações com o objetivo de desenvolver, manter e restaurar o
movimento e a capacidade funcional máxima ao longo da vida. Isso inclui a prestação
de serviços em circunstâncias em que o movimento e a função estão ameaçados pelo
processo de envelhecimento, lesão, doença ou por fatores ambientais e/ou pessoais,
respeitando sempre a necessidade do indivíduo (WCTP, 2007). Desta forma, o
movimento funcional é central para se ser saudável, sendo o foco da atenção da
fisioterapia.
1.2. OBJETIVOS
3
Estudar as diferenças significativas entre os diferentes
grupos género, tabagismo, hipertensão, dislipidémia,
glicémia em jejum alterada, obesidade, sedentarismo,
colesterol HDL elevado e estratificação do risco de DCV
relativamente às variáveis correspondentes às
caraterísticas individuais, estado de saúde e ApFRS.
1.3. HIPÓTESES
H2: Contamos que o género, fatores de risco de DCV e estratificação do risco de DCV
tenham um efeito significativo sobre as caraterísticas individuais, QVRS, ApFRS e
AF.
4
2. REVISÃO DA LITERATURA
5
melhoria da ApF não assegura, necessariamente, um aumento na defesa a doenças
ou das suas consequências. Tornar-se fisicamente mais apto e melhorar o estado de
saúde estão inter-relacionadas, mas não são sinónimos. A AF pode melhorar a ApFRS
e a QVRS ao mesmo tempo, mas a melhoria da saúde pode dever-se a mudanças
biológicas diferentes do que os responsáveis para a melhoria da ApF (Haskell,
Montoye, & Orenstein, 1985).
Figura 1 - Modelo descritivo das relações entre atividade física, aptidão física e saúde
Hereditariedade
Estilo de vida
Meio ambiente
Caraterísticas pessoais
O modelo também mostra que a ApF é influenciada reciprocamente pela saúde e que
a saúde influencia tanto o nível de AF habitual quanto o nível de ApF. Na realidade,
este modelo demonstra que outros fatores influenciam essa relação como os
componentes que constituem o estilo de vida: a condição ambiental, as caraterísticas
pessoais e genéticas, podendo assim concluir-se que o nível da ApF não determina
inteiramente o nível de AF individual e vice-versa. Estes autores definem, para um
entendimento mais aprofundado do seu modelo, o conceito de bem-estar como “um
conceito holístico que estabelece o estado positivo de saúde de um indivíduo,
compreendendo o seu estado biológico e psicológico”. Nesse contexto, a
6
hereditariedade é compreendida como um conceito que inclui os efeitos do genoma
determinando as respostas para um certo estilo de vida e para os fatores ambientais
que são considerados por ele como os fatores físicos (temperatura, humidade, altitude,
qualidade do ar) e os de natureza social (locais de residência e de trabalho, etc.). As
caraterísticas pessoais contempladas no modelo incluem ainda a idade, o sexo, a
condição socioeconómica, a personalidade e a motivação (Bouchard et al., 1990b).
Para a maioria das pessoas estar de boa saúde é ter capacidade de desenvolver as
suas actividades de vida diárias. É possível a presença simultânea de saúde e de
certas doenças, numa fase precoce, ainda sem sintomatologia, nem limitação
funcional (Bowling, 1995a). A saúde e a QVRS são termos que, apesar de
estritamente relacionados com o quotidiano dos profissionais de saúde, ainda se
apresentam revestidos de dúvidas relevantes, sobretudo na prática profissional. A
QVRS é um conceito multidimensional, que inclui os domínios relacionados com a
dimensão física, mental, emocional e social. Este conceito ultrapassa as medidas
diretas de saúde da população, expectativa de vida e causas de morte, e centra-se no
impacto do estado de saúde na qualidade de vida dos indivíduos. Um conceito
relacionado com a QVRS é o bem-estar, que avalia os aspetos positivos da vida de
uma pessoa, tais como emoções positivas e satisfação com a vida (HealthyPeople,
2010).
7
das pessoas antes da morte vem a doença, a qual é precedida por um período latente
de comportamentos de risco. Sendo assim, a saúde pode ser promovida ou mantida
evitando esses comportamentos, diminuindo consequentemente o risco de doença
prematura e a morte precoce (Glaner, 2003).
8
Os principais fatores de risco de mortalidade no mundo são a hipertensão
(responsável por 13% do mortes no mundo), tabagismo (9%), índices elevados de
glicémia (6%), inatividade física (6%), excesso de peso e obesidade (5%). Para além
destes fatores de risco devemos considerar o colesterol elevado e o baixo consumo de
frutas e vegetais. Combinados, estes fatores riscos são responsáveis por mais de três
quartos das doenças cardíacas isquémicas: a principal causa de morte no mundo.
Embora estes fatores de risco estejam normalmente associados aos países ricos, mais
de 84% da carga total global de doença que eles causam ocorre em países pobres ou
em desenvolvimento. A redução da exposição a estes fatores de risco aumentaria a
esperança média de vida mundial em quase 5 anos (WHO, 2009).
Apesar de desde épocas mais remotas ter sido dada importância à AF no tratamento
de doenças e melhoria da saúde, a relação entre a epidemiologia e a AF tem início,
aparentemente, na era epidemiológica das doenças crónico-degenerativas, com o
paradigma da caixa preta, onde entre os elementos que estavam ocultos, como fatores
multicausais de risco, o sedentarismo aparece como fator determinante na degradação
da saúde (Bouchard, Shephard, Stephens, Sutton, & McPherson, 1990a).
Mas, pode-se estar em forma, sem se ser saudável? A resposta a esta pergunta é sim.
Por exemplo, muitos atletas, altamente aptos, adoecem, devido às exigências físicas e
psicológicas demasiado elevadas. Assim, o lema "quanto mais, melhor" não é
verdade, quando aplicado à relação entre AF e saúde. Existe uma relação positiva
entre os níveis de AF e a saúde, até um limiar específico. Para além desse limiar de
atividade, a saúde pode deteriorar-se. Na perspetiva da saúde, pode dizer-se que,
geralmente, pouca AF pode ser inútil, moderada é útil, e exagerada pode ser
prejudicial (Gannon, 2004).
Quando ampliamos os efeitos de uma vida fisicamente ativa para além da saúde e
colocamos os efeitos do exercício, realizado de forma adequada, como fator
indispensável para a melhoria na qualidade de vida de um indivíduo, partimos do
pressuposto de que alguém inativo e sedentário não tem boa qualidade de vida.
9
Contudo, a classificação da QVRS está diretamente relacionada à maneira do
indivíduo entender o sentido da vida (Araújo & Araújo, 2000). Fica claro que a QVRS
pode ter diferentes significados para diferentes pessoas e diferentes áreas de
aplicação. No contexto da avaliação de resultados de ensaios clínicos e da prática
clínica, raramente o conceito de QVRS é utilizado no seu sentido mais amplo, sendo
apenas utilizado para avaliar o impacto da doença ou do tratamento em diferentes
aspetos da vida. Essa abordagem pode incluir também consequências relacionadas,
de forma indireta, com a doença tais como o desemprego ou dificuldades financeiras.
10
Avaliar o domínio da saúde física e mental é imperativo para entender a QVRS e o seu
impacto no aumento da qualidade e anos de vida saudável, de modo a ajudar a
eliminar assimetrias na saúde e a prever os custos associados à prestação de
cuidados (Sloan, Sawada, Martin, Church, & Blair, 2009). A QVRS refere-se aos
efeitos percebidos do estado de saúde na capacidade para viver a vida, contemplando
os aspetos positivos e negativos, bem-estar, saúde física, psíquica e social.
Acrescenta vários componentes como a capacidade funcional (incluindo o
desempenho), grau e qualidade das interações sociais, bem-estar psicológico,
sensações somáticas, sintomas, harmonia, capacidade de lidar com o stress e
satisfação com a vida (Bowling, 1995b).
11
entre 0,45 (SM e SG) e 0,84 (DC). No que respeita à validade de conteúdo, as
relações entre cada item com a sua escala apresentam valores de r sempre superiores
a 0,40 e testes de consistência interna com taxas de êxito geral entre 90% e 100%
(exceção função social), assim como testes de discriminação com taxas de êxito geral
de 56% a 100%. Este instrumento apresenta ainda validade de critério e construção
(Ferreira, 2000a, 2000b).
12
tem sido definido como um conjunto de atributos individuais, inatos ou adquiridos, que
se relacionam com a capacidade para executar atividades ocupacionais e recreativas,
diariamente, sem excesso de fadiga (ACSM, 2010). A ApFRS envolve os
componentes da ACR, condição de força e resistência muscular, composição corporal
e flexibilidade (Caspersen, Powell, & Christenson, 1985; ACSM, 2008; Haskell et al.,
1985; Warburton, Nicol, & Bredin, 2006), de modo a abranger o maior número de
pessoas possível, valorizando as variáveis fisiológicas. No entanto, pode dar-se maior
enfoque às habilidades desportivas, sendo que, variáveis como agilidade, equilíbrio,
coordenação motora, potência e velocidade, são mais valorizadas, objetivando o
desempenho desportivo (Araújo & Araújo, 2000). Do ponto de vista da saúde de uma
população, muitas vezes referida como saúde pública, os componentes relacionados
com a saúde são mais importantes que os relacionados com a capacidade atlética
(ACSM, 2008).
Antes de tudo podemos colocar uma questão, que parece ser bastante pertinente: Se
a definição da ApFRS é composta por cinco componentes relacionados com a saúde,
então como será possível medir ou expressar o conceito de ApFRS total? Ao
refletirmos sobre esta questão verificamos a futilidade do conhecimento do valor da
ApFRS total. Assim, o conceito de ApFRS total tem vindo a ser abandonada e
substituída por um modelo de componentes, sendo a avaliação da ApFRS realizada
através das medições de cada um dos cinco componentes, separadamente. Cada
componente individual da ApFRS é então comparado com valores normativos
adequados a cada indivíduo.(ACSM, 2008)
13
diminuição do risco está também associada com uma maior ACR, em indivíduos com
doença pré-existente (Garber et al., 2011).
14
fatores morfológico, funcional, motor, fisiológico e comportamental. Iremos, sobretudo,
considerar os três primeiros, no entanto, é de salientar que todos eles formam as
bases para um bom funcionamento orgânico nas tarefas diárias. A composição
corporal refere-se ao componente morfológico. A função cardiorrespiratória refere-se
ao componente funcional e a força/resistência e flexibilidade ao componente motor
(ACSM, 2008; Glaner, 2003).
COMPOSIÇÃO CORPORAL
Num adulto saudável com peso normal, a quantidade de gordura corporal varia entre
10% e 25% nos homens e entre 15% e 35% nas mulheres. Na obesidade, a gordura
corporal pode atingir 60 a 70% do peso corporal (Gibney, 2009).
APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA
Nas últimas décadas, a capacidade aeróbica máxima e submáxima têm sido medida
com a finalidade de avaliar o desempenho atlético. Recentemente, a ACR tornou-se
uma variável importante de avaliação em contextos clínicos de saúde (Martins et al.,
2009).
15
Este mecanismo requer um fornecimento contínuo de oxigénio, refletindo assim as
funções pulmonar, circulatória e respiratória. A ACR depende, basicamente, da
eficiência dos sistemas respiratório e cardiovascular, de componentes sanguíneos
adequados, como o volume sanguíneo, hematócrito, hemoglobina e número de
hemácias, além de alguns componentes celulares específicos que auxiliam o corpo a
utilizar o oxigénio durante o exercício (Brown, Miller, & Eason, 2006; Heyward, 2002).
16
muscular ajuda a aumentar ou manter a massa muscular e maior taxa metabólica de
repouso, perda e manutenção de peso, diminui o risco de lesão, previne a
osteoporose, reduz a dor lombar crónica, alivia a dor da artrite, melhora os níveis de
colesterol, promove o bem-estar psicológico, e pode ajudar a diminuir o risco de
hipertensão e diabetes. Além disso, com o tempo, as adaptações ocorridas da
melhoria da força muscular reduzem as exigências sobre o sistema cardiovascular na
execução de tarefas que requerem esforço físico. O treino da força muscular pode
também ajudar a controlar os níveis de açúcar no sangue. Grande parte da glicose no
sangue vai para os músculos, onde é armazenada em sob a forma de glicogénio.
Quando os músculos não são usados, as células musculares podem tornar-se insulino
resistentes, aumentando assim o risco de diabetes (Hoeger & Hoeger, 2012).
F LEXIBILIDADE
17
desvios posturais e, muitas vezes, podem levar a problemas lombares crónicos
irreversíveis, provocando desconforto, incapacidade de movimentos, dor, queda no
rendimento de atividades do quotidiano, limitando a qualidade de vida dos indivíduos
(Corbin, 1984).
A estratificação do risco para DCV deve iniciar-se pela história clínica. É fundamental a
identificação dos fatores de risco para doença coronária (idade, sexo, hipertensão
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arterial, diabetes, tabagismo, sedentarismo, obesidade, dislipidémias e história familiar
de DCV) e avaliação de eventual sintomatologia (Patricio et al., 2009).
Existem três níveis de risco de DCV (baixo, moderado e alto risco) que devem ser
usados para ajudar a decidir sobre a eventual necessidade de um exame médico
antes de qualquer avaliação da ApFRS (ACSM, 2008). A categoria correspondente ao
baixo risco abrange homens (< 45 anos) e mulheres (< 55 anos), assintomáticos, que
apresentem não mais do que um fator de risco. Indivíduos mais velhos (homens ≥ 45
anos e mulheres ≥ 55 anos) ou aqueles com dois ou mais fatores de risco,
correspondem ao risco moderado e a categoria de alto risco inclui indivíduos que
apresentem um ou mais sinais ou sintomas de DCV e doença pulmonar ou os que têm
DCV, doença pulmonar ou metabólica diagnosticada (ACSM, 2008; Heyward, 2002).
19
De acordo com Greenland et al (2001), Mieres et al (2007) e Berman (2006), citados
por Patrício et al. (2009), os doentes de baixo risco apresentam uma probabilidade de
evento cardíaco grave (enfarte do miocárdio ou morte súbita cardíaca) inferior a 10%
em 10 anos (menor que 0,6% por ano). Os doentes de médio e alto risco apresentam
uma probabilidade de evento cardíaco grave entre 10 e 20% em 10 anos (0,6 a 2% por
ano) e superior a 20% em 10 anos (superior a 2% por ano), respetivamente.
É importante prestar atenção aos detalhes da sessão de testes, uma vez que desta
forma a validade e confiabilidade dos resultados dos testes de um indivíduo pode ser
aumentada, proporcionando uma imagem mais precisa da ApFRS desse sujeito.
Esses detalhes incluem as instruções dadas a um indivíduo, o meio físico ou ambiente
da sessão de testes, e a ordem dos testes, quando são realizados vários testes na
mesma sessão (ACSM, 2008).
A avaliação da composição corporal pode ser útil para estabelecer o peso ideal para a
saúde e desempenho físico (ACSM, 2008). A avaliação da composição corporal é
realizada para quantificar os principais componentes do organismo humano: ossos,
musculatura e gordura corporal. A composição corporal divide-se em dois grupos:
massa magra (livre de gordura e constituída por proteínas, água intracelular e
extracelular e conteúdo mineral ósseo) e massa gorda (gordura corporal). Assim, a
análise da composição corporal possibilita compreender as modificações resultantes
20
de alterações metabólicas e identificar riscos à saúde. Dessa forma, indivíduos
considerados com excesso de gordura por apresentarem elevado peso corporal
podem ser indivíduos com maior desenvolvimento muscular, como no caso dos
atletas.
Existem três métodos que podem ser utilizados para a determinação da composição
corporal, sendo eles métodos diretos, indiretos e duplamente indiretos (Lee &
Gallagher, 2008; Martin & Drinkwater, 1991). O método direto é aquele onde ocorre a
separação dos diversos componentes estruturais do corpo humano a fim de pesá-los e
estabelecer relações entre eles e o peso corporal total, o que só é possível através de
dissecação de cadáveres. Desta forma podemos perceber a dificuldade de estudos
envolvendo este procedimento, o que justifica a pequena quantidade de estudos com
cadáveres e a utilização de metodologia mais acessível (Martin & Drinkwater, 1991;
Maughan, 1993).
21
Entre estes, a pesagem hidroestática tem sido considerada como referência para a
validação de métodos duplamente indiretos. Ela é baseada no princípio de
Arquimedes, onde um corpo quando mergulhado em água desloca um volume de
água igual ao seu próprio volume (Heyward, 2002; Martin & Drinkwater, 1991).
A medição das pregas cutâneas tem vindo a ser referenciada como um bom método
de avaliação, uma vez que a medida da espessura das dobras cutâneas em
determinados locais do corpo podem ser um bom indicador para a predição da
quantidade de gordura corporal. A base lógica para a medição das pregas cutâneas
com a finalidade de estimar a gordura corporal total reside no facto de existir uma
relação entre a gordura localizada nos depósitos adiposos existentes debaixo da pele
e que está diretamente relacionada com a gordura total. No entanto a validade e
fidedignidade da medição das pregas cutâneas é afetada pela habilidade do avaliador,
tipo de adipómetro, fatores do sujeito e equação de predição utilizada para estimar a
gordura corporal (Heyward, 2002).
22
Como vantagens da bioimpedância podemos referir a sua portabilidade e facilidade de
utilização, o custo relativamente baixo, o mínimo de participação por parte do indivíduo
e o facto de ser seguro, apesar de não ser recomendado em indivíduos com
pacemaker. A validade deste método de avaliação da composição corporal é
influenciada pelo sexo, idade, estado de saúde, raça ou etnia, nível de gordura uma
vez que a água corporal total e a água extra celular relativa são maiores em indivíduos
obesos em comparação com indivíduos com peso normal (Lee & Gallagher, 2008).
Pelo que foi referido, e pelo facto dos testes de esforço máximo serem extenuantes,
nem sempre é conveniente e seguro para alguns sujeitos. Por conseguinte, outros
testes de esforço submáximo têm sido desenvolvidos numa tentativa de proporcionar
um simples, mas válido método para estimar a capacidade aeróbica quando a
medição direta do VO2máx não é viável (Chatterjee et al., 2005; Liu, 2007). Os testes de
esforço submáximo assumem uma frequência cardíaca de estado de equilíbrio em
cada intensidade de exercício, assim como determinada relação linear entre a
frequência cardíaca, consumo de oxigénio e intensidade de trabalho. Embora essas
relações se verifiquem em cargas de trabalho leves a moderadas, a relação entre o
consumo de oxigénio e o trabalho torna-se curvilínea em cargas de trabalho mais
intensas (Heyward, 2002).
23
De acordo com o American College of Sports Medicine (ACSM, 2008), a ACR pode ser
medida ou estimada usando vários métodos:
O TD, denominado de Queen´s College Step Test, foi desenvolvido para estimar a
capacidade aeróbica de estudantes universitários. Este teste foi inicialmente realizado
nas arquibancadas do ginásio da universidade, com altura de 41,3 cm, para que
pudesse ser testado, ao mesmo tempo, um grande número de estudantes. O teste tem
a duração de 3 minutos, sendo que para as mulheres o ritmo é de 22 degraus/min e
para os homens de 24 degraus/min. Este teste apresenta uma confiabilidade teste re-
teste para a frequência cardíaca de recuperação de 0,92 e em relação à validade a
24
correlação entre a frequência cardíaca de recuperação e VO2máx foi de -0,75 (McArdle,
Katch, Pechar, Jacobson, & Ruck, 1972).
Após o final do teste, o indivíduo deve ser orientado para permanecer de pé, e após 5
segundos medimos a frequência cardíaca durante 15 segundos. Converte-se a
contagem para batimentos cardíacos por minuto, multiplicando-a por quatro. Para
estimar o VO2máx mL/kg/min, devemos aplicar as seguintes equações: para os homens
VO2máx (mL/kg/min) = 111,33 – (0,42 x FC); para as mulheres VO2máx (mL/kg/min) =
65,81 – (0,1847 x FC), sendo os resultados comparados com valores normativos
(ACSM, 2008; Heyward, 2002). O erro padrão de estimativa para essas equações é de
± 16% (Heyward, 2002).
25
um grupo muscular, alguns estudos têm demonstrado que a FPM tem uma correlação
moderada com a força muscular de grupos musculares maiores, tais como flexores e
extensores do tronco e músculos extensores do joelho (Chen, Chuang, & Wu, 2008;
Jakobsen et al., 2010). Por outro lado, a força e resistência dos músculos da parte
superior do corpo são importantes nas atividades da vida diária, manutenção da saúde
funcional e promoção de uma boa postura. O papel da força muscular da região
superior do corpo na manutenção da funcionalidade torna-se mais evidente à medida
que a pessoa envelhece (Meredith & Welk, 2007).
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associadas à estatura não justificam ajustes em relação a esta variável (Luna-Heredia,
Martin-Pena, & Ruiz-Galiana, 2005). Sabe-se ainda que os valores mais elevados de
preensão manual são observados na 4 ª década de vida, havendo uma queda
significativa depois. A FPM está, também significativamente associada com o índice
de massa corporal (Schlussel, Anjos, Vasconcellos, & Kac, 2008).
27
controlado para assegurar a exatidão e a precisão das pontuações da aptidão
muscular (Heyward, 2002).
AVALIAÇÃO DA FLEXIBILIDADE
28
aquecimento, e se os mesmos procedimentos são seguidos de cada vez que o teste é
realizado. As recomendações do ACSM apontam para a realização de aquecimento
prévio (ACSM, 2008). Assim o TSA é precedido pelos testes de força e de resistência
que funcionam como aquecimento. Por este motivo, a ordem da realização dos testes
deve ser padronizada e deve repetir as mesmas condições cada vez que cada teste é
efetuado.
Assim, a AF e a ApFRS estão intimamente relacionadas, uma vez que esta última é,
em grande parte, determinada pelos padrões de AF nas últimas semanas ou meses
(Blair, Cheng, & Holder, 2001; Olivares et al., 2011). Assim, a prática de AF resulta em
índices de ApFRS que certamente interferem na prática da AF (Haskell et al., 1985).
Parece haver uma relação linear entre a AF e o estado de saúde, de tal forma que um
aumento na AF e ApFRS levará a um incremento no estado de saúde dos indivíduos.
No entanto, poderá ocorrer uma melhoria nos indicadores do estado de saúde como
resultado do aumento dos níveis de AF na ausência de mudanças na capacidade
aeróbia. Isto é particularmente evidente em populações idosas, onde a AF regular
pode levar a reduções nos fatores de risco para doenças crónicas e incapacidade,
sem alterar significativamente os tradicionais marcadores fisiológicos de desempenho
(Warburton et al., 2006).
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No entanto, devemos considerar a diferença entre AF e exercício físico, tendo em
conta a intencionalidade do movimento. Assim, o exercício físico é um subgrupo da
AF, que é planeado estruturado e repetitivo, e que apresenta um propósito específico
que poderá ser a manutenção ou a melhoria da condição física. Podemos ser
fisicamente ativos sem estarmos envolvidos em programas de exercício físico com
supervisão; basta estarmos envolvidos em atividades diárias ou de trabalho que
exijam níveis razoáveis de AF e de gasto energético (ACSM, 2010).
30
3. METODOLOGIA
3.1. AMOSTRA
Junto de cada participante foi obtido, por escrito, o consentimento livre e informado,
num documento que continha toda a informação considerada relevante: a descrição
dos objetivos, procedimentos e finalidades do estudo; o caráter voluntário da
participação; o compromisso de anonimato; a confidencialidade dos dados e o assumir
de permanente disponibilidade para esclarecimento de dúvidas (Apêndice 1).
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ÍNDICE DE MASSA CORPORAL
O IMC foi utilizado para avaliar a relação entre o peso e a altura dos sujeitos. Para tal,
o peso dos sujeitos, expresso em quilogramas (kg), foi dividido pela estatura ao
quadrado, em m2, sendo então obtido o valor do IMC em kg/m2 (ACSM, 2008).
PESO
ESTATURA
PRESSÃO ARTERIAL
32
A braçadeira foi colocada cerca de 2 cm a 3 cm acima da fossa antecubital,
centralizando a bolsa de borracha sobre a artéria braquial. O estetoscópio foi colocado
nos ouvidos, com a curvatura voltada para frente, posicionando a campânula
suavemente sobre a artéria braquial, evitando compressão excessiva. Solicitou-se aos
sujeitos que não falessem durante o procedimento de medição. Inflou-se rapidamente,
de 10 mmHg em 10 mmHg, até o nível estimado da pressão arterial. De seguida
procedeu-se à deflação, com velocidade constante inicial de 2 mmHg a 4 mmHg por
segundo, evitando congestão venosa e desconforto para o paciente. Auscultaram-se
os sons sobre a artéria braquial, tendo sido determinada a pressão sistólica no
momento do aparecimento do primeiro som (Patricio et al., 2009), que se intensificou
com o aumento da velocidade de deflação. A pressão diastólica correspondeu ao
desaparecimento completo dos sons (fase 5 de Korotkoff), tendo continuado a
auscultação cerca de 20 mmHg a 30 mmHg abaixo do último som para confirmar o
seu desaparecimento, para depois proceder à deflação rápida e completa. Foram
então registados os valores da pressão sistólica e diastólica, tendo-se registado o
valor da pressão obtido na escala do manómetro que variava de 2 mmHg em 2 mmHg,
evitando-se arredondamentos e valores de pressão terminados em 0,5. Esperou-se
pelo menos 1 minutos antes de realizar uma nova medição, recomendando-se a
elevação do braço para normalizar mais rapidamente a estase venosa, que poderia
interferir na medição seguinte. Foram realizadas três medições, sendo considerado
como valor da pressão sistólica e diastólica a média dos valores resultantes das três
medições (ACSM, 2008).
MARCADORES BIOQUÍMICOS
As amostras para obtenção de soro foram colhidas em jejum para tubo seco e
centrifugadas a 3000g, durante 10 min. O doseamento de colesterol total, colesterol
HDL e glicose foram avaliados no analisador clínico automatizado Prestige 24i (Tokyo
Boeki Machinery, Japão), com recurso aos kits da Cormay: Prestige 24i LQCHOL,
Prestige 24i LQ HDL Direct, Prestige 24i LQ TG e Prestige 24i LQ Glucose (PZ
33
Cormay S. A., Polónia). A fracção de colesterol LDL foi estimada seguindo a fórmula
de Friedwald (Friedewald, Levy, & Fredrickson, 1972).
Para a medição das circunferências foi usada uma fita métrica de 1,5 m de
comprimento, 0,5 cm de largura, com uma escala de 0,1 cm e com um mecanismo de
mola (fita do tipo Gulick) para assegurar que a fita era esticada. A fita foi aplicada de
modo a ficar tensa mas nunca apertada, evitando a compressão da pele. Foram
realizadas três medições em cada local e realizada a média das medidas (ACSM,
2008).
34
no plano horizontal na região de menor circunferência, acima da cicatriz umbilical e
logo abaixo da caixa torácica, após uma expiração normal. No que respeita à
circunferência da anca, a medição foi realizada no maior plano horizontal em torno das
nádegas, tendo o indivíduo mantido os calcanhares unidos.
BIOIMPEDÂNCIA
Posteriormente fez-se passar uma corrente de excitação muito baixa (800 μA) e de
uma frequência constante (50kHz), a qual nos permitiu obter duas medidas: a
reactância (Rz) e a resistência total (Xc). Estes valores foram introduzidos no
programa Bodygram 1.3 (software que acompanha o equipamento), de modo a
proceder ao tratamento dos dados, possibilitando assim a obtenção dos valores da
%MG e da percentagem de massa muscular.
35
TESTE DO DEGRAU
Para a realização do TD, foi construído um degrau com altura de 41,3 cm. O teste teve
a duração de 3 minutos, sendo que para as mulheres o ritmo foi de 22 degraus/min (88
passos) e para os homens de 24 degraus/min (96 passos). Para tal foi utilizado o
programa Tempo Perfect Metronome Software (v 2.02 NCH Software). Para controlar
o tempo foi utilizado um cronómetro digital da marca Geonaute, modelo Kalenji,
Stopwatch 1/100s.
36
O sujeito segurou o dinamómetro paralelo corpo, flectindo ligeiramente o cotovelo.
Optou-se por iniciar o teste sempre pela mão direita, tendo sido dada a indicação para
que os sujeitos apertassem o dinamómetro com o máximo de força possível, sem
susterem a respiração. O valor foi registado em kg, tendo-se repetido o mesmo
procedimento na mão esquerda. O teste foi repetido mais duas vezes com cada mão.
O valor mais elevado, de cada uma das três repetições foi o seleccionado, tendo como
medida da FPM total a soma do valor mais elevado da mão direita e da mão esquerda
(ACSM, 2008).
Para a execução deste teste foi utilizado um colchão, tendo sido posicionados os
sujeitos do sexo masculino a partir da posição de prona, e os sujeitos do sexo feminino
com os joelhos juntos, pernas em contato com o colchão, pés em flexão plantar,
costas retas, mãos na largura dos ombros, cabeça para cima, usando os joelhos como
o ponto central. Os participantes foram instruídos no sentido de levantarem o peso do
corpo através da extensão dos cotovelos e voltar à posição inicial, até que o queixo se
aproximasse do colchão mas sem que o estômago tocasse no mesmo. O número
máximo de flexões realizadas consecutivamente sem descanso foi contado, durante 1
minuto, tendo sido o teste interrompido quando o indivíduo demonstrou incapacidade
em manter a técnica apropriada em duas repetições (ACSM, 2008). Para controlar o
tempo foi utilizado um cronómetro digital da marca Geonaute, modelo Kalenji,
Stopwatch 1/100s.
37
movimento seguinte. Foram contabilizados o número máximo de repetições
realizadas, sem pausas, durante 1 minuto, tendo sido utilizado um cronómetro digital
da marca Geonaute, modelo Kalenji, Stopwatch 1/100s, para controlar o tempo
(ACSM, 2008).
Este teste foi realizado depois de realização do TD, TFB e TFA, tendo este servido de
aquecimento, tal como as recomendações do ACSM. Utilizou-se, uma caixa criada
para o efeito, com 30 cm de altura, tendo sido fixada uma prancha de madeira em
cima da caixa, a 26 cm da borda frontal da mesma. Foi então colocada uma fita
métrica, no centro da prancha de madeira fixada na parte superior da caixa,
coincidindo a marca de 26 cm com a borda frontal da caixa. Os sujeitos, depois de
retirarem os sapatos, foram instruídos a sentarem-se no chão com os joelhos no
máximo de extensão e os pés contra a caixa de teste. Foi então pedido para
deslizarem lentamente para a frente com as duas mãos, o mais distante possível,
mantendo esta posição aproximadamente 2 segundos. O avaliador certificou-se que o
participante manteve as mãos paralelas e não realizou o movimento apenas com uma
mão. A pontuação obtida, foi o ponto mais distante alcançado com a ponta dos dedos,
numa série de três repetições. O avaliador verificou que os joelhos do participante
permaneceram em extensão, sendo cada participante aconselhado a respirar
normalmente durante o teste, não devendo suster a respiração em nenhum momento
(ACSM, 2008).
Para aferir o nível de AF foi aplicado o questionário IPAQ, tendo sido utilizada a versão
curta, uma vez que esta é amplamente utilizada. Este questionário é autoadministrado
e pode ser aplicado em adultos com idade entre os 18 e os 65 anos, identificando a
frequência e a duração da caminhada, AF moderada e vigorosa e atividade sedentária,
durante a última semana (ACSM, 2010; IPAQ, 2005). Trata-se de um instrumento
fiável, com validade de conteúdo, critério e construção, para além de se encontrar
adaptado e validado para várias populações, incluindo a portuguesa (Craig et al.,
2003).
38
3.2.5. RISCO DE DOENÇA CARDIOVASCULAR
39
Novembro de 2012, tendo sido realizadas entre as 8.30 e as 13 horas. No dia da
avaliação foi preenchido por cada participante um questionário de caracterização, o
IPAQ e o SF-36 (Apêndice 2), antes da aplicação da bateria de testes.
No dia anterior à avaliação, foi entregue a cada um dos participantes uma folha onde
para além da explicação do estudo constava uma lista de recomendações que
deveriam ser respeitadas por parte dos participantes (Apêndice 3). Foi enfatizada a
importância de:
Para garantir a qualidade dos dados, os testes foram aplicados pelo mesmo avaliador.
Um mês antes do início da colheita de dados, foram realizados vários pré-testes, de
modo a operacionalizar o protocolo de teste e realizar os acertos necessários, tendo-
se mostrado importante na familiarização dos testes e equipamentos por parte do
avaliador (ACSM, 2008). Os indivíduos que participaram no pré-teste não integraram a
amostra final.
1. Recolha de sangue;
2. Avaliação da pressão arterial;
3. Avaliação do peso;
4. Avaliação da estatura;
5. Avaliação da composição corporal (circunferências e bioimpedância);
6. Avaliação da capacidade cardiorrespiratória (TD);
7. Avaliação da força muscular (FPM);
40
8. Avaliação da resistência muscular (TFB e TFA);
9. Avaliação da flexibilidade (TSA).
Para o registo do resultado dos testes foi criado um formulário preenchido pelo
avaliador (Apêndice 4).
A análise de regressão múltipla foi realizada em duas fases. Na primeira fase, foi
usada a correlação de Pearson e o teste t para amostras independentes, de modo a
41
realizar uma análise univariada entre todas as variáveis independentes e a variável
dependente. Um valor de P de 0,20 foi aceite como o nível de significância para
assegurar que variáveis independentes potencialmente relevantes não seriam
excluídas nesta fase (Katz, 1999). Seguidamente, todas as variáveis independentes
que apresentaram uma associação significativa com a variável dependente foram
inseridas nos modelos de regressão múltipla (com os critérios do método de
probabilidade passo a passo, sendo seleccionados os valores de F ≤ 0,05 e excluídos
os valores de F ≥ 0,10). Os modelos atenderam aos pressupostos da regressão
múltipla.
42
4. RESULTADOS
Variáveis Dados
Características individuais
Género
Feminino 121 (82,9)
Masculino 25 (17,1)
Idade (anos) 20,1 ± 2,4 (18 - 34)
2
Índice de massa corporal (kg/m ) 22,6 ± 2,9 (16,1 - 33,0)
Peso (kg) 61,8 ± 10,5 (44,4 - 105,2)
Estatura (cm) 165,3 ± 7,4 (149,0 - 195,0)
Pressão arterial
Sistólica (mmHg) 114,4 ± 8,2 (98,7 - 137,3)
Diastólica (mmHg) 71,1 ± 6,8 (55,0 - 88,7)
Marcadores bioquímicos
Colesterol total (mg/dL) 180,1 ± 36,3 (106,0 - 284,0)
Colesterol LDL (mg/dL) 109,9 ± 30,9 (30,9 - 223,7)
Colesterol HDL (mg/dL) 55,8 ± 9,1 (37,7 - 82,7)
Glicémia em jejum (mg/dL) 92,8 ± 7,3 (75,0 - 111,0)
Estado de saúde (SF-36)*
Função física (pontos) 95,7 ± 6,4 (55,0 - 100,0)
Desempenho físico (pontos) 88,9 ± 13,3 (43,8 - 100,0)
Dor corporal (pontos) 80,4 ± 16,8 (31,0 - 100,0)
Saúde em geral (pontos) 73,5 ± 14,5 (35,0 - 100,0)
Vitalidade (pontos) 66,2 ± 13,9 (20,0 - 100,0)
Função social (pontos) 86,3 ± 13,6 (50,0 - 100,0)
Desempenho emocional (pontos) 86,8 ± 17,9 (33,3 - 100,0)
Saúde mental (pontos) 77,4 ± 12,7 (44,0 - 100,0)
Aptidão física relacionada com a saúde
Composição corporal
Rácio cintura/anca 0,7 ± 0,04 (0,6 - 0,9)
Circunferência cintura (cm) 71,6 ± 6,8 (59,0 - 98,2)
Circunferência anca (cm) 97,9 ± 6,7 (86,5 - 121,9)
Percentagem de massa gorda (%) 31,3 ± 6,0 (9,0 - 44,0)
Percentagem de massa muscular (%) 45,2 ± 4,8 (36,0 - 60,0)
Aptidão cardiorrespiratória
Teste do degrau (mL/kg/min) 36,1 ± 5,9 (29,6 - 59,3)
Força muscular
Força de preensão total (kg) 56,2 ± 15,6 (31,0 - 119,0)
Resistência muscular
Teste de força de braços (repetições) 20,1 ± 8,5 (2,0 - 51,0)
Teste de força abdominal (repetições) 28,5 ± 8,9 (4,0 - 66,0)
Flexibilidade
Teste de sentar e alcançar (cm) 32,4 ± 8,8 (8,0 - 54,0)
Atividade física (IPAQ)
Vigorosa (MET-min/semana) 755,6 ± 1208,1 (0,0 - 7200,0)
Moderada (MET-min/semana) 498,2 ± 825,6 (0,0 - 5040,0)
Marcha (MET-min/semana) 988,3 ± 1380,8 (0,0 - 9702,0)
Total (MET-min/semana) 2242,1 ± 2090,6 (0,0 - 10542,0)
Sentado (min/semana) 2849,6 ± 1143,9 (210,0 - 6300,0)
Risco de doença cardiovascular
História familiar
Sim 4 (2,7)
Não 142 (97,3)
Tabagismo
Sim 19 (13,0)
Não 127 (87,0)
Variáveis contínuas: média ± desvio padrão (mínimo - máximo); variáveis categóricas: frequência (percentagem).
* Pontuação do SF-36: 0-100 pontos, do pior para o melhor.
43
Tabela 1 (Continuação) - Caraterísticas da amostra (N=146)
Variáveis Dados
Risco de doença cardiovascular
Hipertensão
Sim 0 (0,0)
Não 146 (100,0)
Dislipidémia
Sim 35 (24,0)
Não 111 (76,0)
Glicémia em jejum alterada
Sim 23 (15,8)
Não 123 (84,2)
Obesidade
Sim 5 (3,4)
Não 141 (96,6)
Sedentarismo
Sim 79 (54,1)
Não 67 (45,9)
Colesterol HDL elevado
Sim 43 (29,5)
Não 103 (70,5)
Estratificação do risco de doença cardiovascular
Baixo 116 (79,5)
Moderado 30 (20,5)
Variáveis contínuas: média ± desvio padrão (mínimo - máximo); variáveis categóricas: frequência (percentagem).
* Pontuação do SF-36: 0-100 pontos, do pior para o melhor.
Tabela 2 - Coeficientes de correlação entre o estado de saúde e as caraterísticas individuais, aptidão física
relacionada com a saúde e atividade física (N=146).
FF DF DC SG VT FS DE SM
Idade (anos) 0,06 0,13 0,11 -0,05 0,01 0,04 0,00 0,04
2
Índice de massa corporal (kg/m ) -0,04 0,09 -0,16 -0,04 -0,09 -0,09 -0,13 -0,19
Peso (kg) 0,07 0,06 -0,18 0,01 0,01 0,01 -0,07 -0,11
Estatura (cm) 0,17 0,01 -0,10 0,08 0,14 0,16 0,05 0,07
Pressão arterial sistólica (mmHg) 0,08 -0,11 0,03 -0,01 0,03 -0,05 -0,09 -0,07
Pressão arterial diastólica (mmHg) 0,09 -0,05 0,06 0,01 0,03 -0,10 -0,15 -0,08
Colesterol total (mg/dL) -0,08 -0,03 -0,02 -0,03 -0,19 -0,01 -0,04 0,03
Colesterol LDL (mg/dL) -0,04 -0,03 -0,05 -0,02 -0,14 -0,03 -0,07 0,01
Colesterol HDL (mg/dL) -0,12 -0,01 0,03 0,01 -0,12 0,01 0,03 0,05
Glicémia em jejum (mg/dL) 0,02 -0,05 0,01 -0,13 -0,07 -0,02 -0,20 -0,04
Rácio cintura/anca 0,06 0,04 -0,06 -0,05 0,14 -0,02 -0,05 -0,05
Percentagem massa gorda (%) -0,12 0,02 -0,07 -0,13 -0,25 -0,15 -0,04 -0,14
Teste do degrau (mL/kg/min) 0,06 0,01 -0,15 0,06 0,21 0,09 0,03 0,05
Força preensão total (kg) 0,13 0,00 -0,08 0,09 0,16 0,10 -0,02 0,00
Teste de força de braços (repetições) 0,22 0,12 0,02 0,17 0,22 -0,02 0,06 0,04
Teste de força abdominal (repetições) 0,22 0,17 0,00 0,11 0,01 -0,10 0,03 -0,08
Teste de sentar e alcançar (cm) 0,18 0,01 0,05 0,17 0,09 0,02 -0,09 0,06
Atividade vigorosa (MET-min/semana) 0,00 -0,10 -0,33 0,14 0,23 0,04 0,07 0,12
Atividade moderada (MET-min/semana) 0,11 0,04 -0,07 -0,04 0,07 0,04 0,04 0,00
Marcha (MET-min/semana) -0,07 -0,03 0,03 -0,07 0,07 0,02 -0,06 -0,04
Atividade total (MET-min/semana) 0,00 -0,06 -0,20 0,02 0,20 0,06 0,02 0,04
Sentado (min/semana) 0,09 -0,03 -0,08 -0,14 -0,12 0,06 0,00 -0,01
Coeficientes de correlação de Pearson.
FF= Função Física; DF= Desempenho Físico; DC= Dor Corporal; SG= Saúde em Geral; VT= Vitalidade; FS= Função Social; DE= Desempenho Emocional; SM= Saúde Mental.
Pontuação do SF-36: 0-100 pontos, do pior para o melhor.
Correlações significativas: P < 0,001 em negrito / sublinhado, P < 0,05 em negrito / itálico, P < 0,20 em negrito.
44
Tabela 3 - Coeficientes de correlação entre as caraterísticas individuais, aptidão física relacionada com a saúde, atividade física e fatores de risco de doença
cardiovascular (N=146)
Percentagem de massa
Teste de extensão de
Atividade moderada
Rácio cintura/anca
Glicémia em jejum
Atividade vigorosa
Pressão diastólica
Teste do sentar e
Pressão sistólica
Teste do degrau
Tempo sentado
Colesterol HDL
Colesterol total
Colesterol LDL
Atividade total
alcançar
Estatura
Marcha
braços
gorda
Idade
Peso
Idade ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─
Índice de massa corporal 0,09 ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─
Peso 0,18 0,84 ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─
Estatura 0,20 0,14 0,66 ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─
Pressão sistólica 0,09 0,16 0,30 0,33 ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─
Pressão diastólica 0,18 0,26 0,34 0,25 0,64 ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─
Colesterol total 0,05 0,10 -0,01 -0,15 -0,10 0,06 ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─
Colesterol LDL 0,04 0,11 0,03 -0,09 -0,09 0,07 0,92 ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─
Colesterol HDL 0,03 0,00 -0,15 -0,27 -0,12 -0,01 0,44 0,12 ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─
Glicémia em jejum 0,13 0,15 0,28 0,30 0,12 0,18 0,01 0,07 -0,21 ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─
Rácio cintura/anca 0,30 0,31 0,47 0,39 0,24 0,09 -0,07 -0,03 -0,17 0,26 ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─
Percentagem de massa gorda -0,06 0,55 0,29 -0,22 -0,06 0,17 0,24 0,16 0,28 -0,02 -0,23 ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─
Teste do degrau 0,29 0,19 0,43 0,50 0,20 0,06 -0,14 -0,06 -0,22 0,23 0,60 -0,45 ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─
Força de preensão total 0,25 0,30 0,59 0,63 0,33 0,20 -0,08 -0,01 -0,29 0,30 0,55 -0,33 0,63 ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─
Teste de extensão de braços -0,01 0,03 0,05 0,04 0,05 0,06 -0,11 -0,07 -0,14 0,00 0,16 -0,28 0,28 0,18 ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─
Teste de força abdominal -0,02 0,17 0,29 0,31 0,17 0,16 -0,05 -0,05 -0,02 0,22 0,19 -0,08 0,25 0,17 0,33 ─ ─ ─ ─ ─ ─ ─
Teste do sentar e alcançar -0,20 0,07 -0,01 -0,10 0,00 0,02 0,04 0,08 0,03 -0,17 -0,21 0,19 -0,15 -0,04 0,03 0,00 ─ ─ ─ ─ ─ ─
Atividade vigorosa -0,04 0,19 0,39 0,43 -0,01 -0,02 -0,13 -0,06 -0,18 0,14 0,30 -0,20 0,57 0,38 0,18 0,21 -0,01 ─ ─ ─ ─ ─
Atividade moderada 0,08 0,14 0,17 0,13 0,09 0,09 0,09 0,06 0,11 0,07 0,19 0,03 0,12 0,13 0,00 0,14 0,05 0,11 ─ ─ ─ ─
Marcha 0,14 -0,02 -0,06 -0,08 0,06 0,04 0,12 0,00 0,23 -0,04 0,12 0,01 0,08 -0,05 0,06 -0,07 -0,11 -0,09 0,17 ─ ─ ─
Atividade total 0,10 0,15 0,25 0,25 0,08 0,05 0,04 -0,01 0,09 0,08 0,33 -0,10 0,43 0,24 0,15 0,13 -0,06 0,57 0,57 0,68 ─ ─
Tempo sentado -0,18 0,04 -0,05 -0,12 0,07 0,05 0,03 0,05 -0,08 -0,06 -0,22 0,06 -0,23 -0,10 0,15 0,00 0,08 -0,14 -0,02 0,08 -0,04 ─
Coeficientes de correlação de Pearson
Correlações significativas: P < 0.001 em negrito/sublinhado; P < 0.05 em negrito/itálico.
45
A Tabela 2 apresenta os coeficientes de correlação entre as dimensões do estado de
saúde e as caraterísticas individuais, ApFRS e AF. Os valores estatisticamente
significativos encontram-se destacados, tendo as respectivas variáveis sido
introduzidas no modelo de regressão múltipla.
A Tabela 4 mostra a significância das diferenças no estado de saúde entre grupos com
base nas caraterísticas individuais, tendo assumido significado estatístico as variáveis
potencialmente relevantes que se apresentam devidamente destacadas. Estas
variáveis foram incluídas nos respectivos modelos de regressão múltipla.
Tabela 4 - Significância das diferenças no estado de saúde entre grupos com base nas caraterísticas individuais
(N=146).
Feminino (Média ± DP) 121 95,4 ± 6,8 88,8 ± 13,0 81,1 ± 17,0 73,1 ± 14,8 65,0 ± 13,6 85,5 ± 13,9 86,6 ± 17,8 77,1 ± 12,8
Masculino (Média ± DP) 25 97,2 ± 4,1 89,3 ± 15,0 76,6 ± 16,0 75,4 ± 13,3 71,6 ± 14,1 90,0 ± 12,0 87,7 ± 18,7 78,7 ± 12,0
História familiar (P) 0,543 0,835 0,917 0,756 0,725 0,225 0,938 0,191
Sim (Média ± DP) 4 93,8 ± 6,5 87,5 ± 11,4 79,5 ± 16,4 75,8 ± 13,1 63,6 ± 18,9 78,1 ± 21,3 87,5 ± 19,8 69,3 ± 11,0
Não (Média ± DP) 142 95,7 ± 6,5 88,9 ± 13,4 80,4 ± 16,9 73,5 ± 14,6 66,2 ± 13,8 86,5 ± 13,4 86,8 ± 17,9 77,7 ± 12,7
Tabagismo (P) 0,760 0,160 0,749 0,640 0,357 0,792 0,994 0,826
Sim (Média ± DP) 19 95,3 ± 4,9 84,7 ± 13,7 79,2 ± 19,0 72,1 ± 13,1 63,4 ± 18,3 85,5 ± 11,2 86,8 ± 20,5 76,8 ± 12,3
Não (Média ± DP) 127 95,7 ± 6,6 89,5 ± 13,2 80,5 ± 16,6 73,7 ± 14,8 66,6 ± 13,1 86,4 ± 14,0 86,8 ± 17,6 77,5 ± 12,7
Sedentarismo (P) 0,380 0,451 0,003 0,341 0,114 0,604 0,701 0,463
Sim (Média ± DP) 79 95,3 ± 5,8 89,6 ± 13,0 84,2 ± 14,9 72,5 ± 14,1 64,5 ± 13,6 85,8 ± 13,4 87,3 ± 17,4 76,7 ± 12,4
Não (Média ± DP) 67 96,2 ± 7,1 88,0 ± 13,7 75,9 ± 18,0 74,8 ± 15,0 68,1 ± 14,0 86,9 ± 14,0 86,2 ± 18,5 78,3 ± 13,0
Teste t-student para amostras independentes (valores P). FF= Função Física; DF= Desempenho Físico; DC= Dor Corporal; SG= Saúde em Geral; VT= Vitalidade; FS= Função Social; DE=
Desempenho Emocional; SM= Saúde Mental. Pontuação do SF-36: 0-100 pontos, do pior para o melhor. Género: feminino vs masculino; História familiar: Sem história familiar vs com história
familiar; Tabagismo: fuma vs não fuma; Sedenterismo: ativo vs sedentário. Diferenças significativas: P < 0,001 em negrito / sublinhado, P < 0,05 em negrito / itálico; P < 0,20 em negrito.
46
A Tabela 5 mostra os vários modelos de regressão múltipla para cada uma das
dimensões do estado de saúde. Nos modelos finais, os valores de R 2 ajustado
indicaram que as caraterísticas individuais, a ApFRS e a AF explicam entre 2,2% e
10,3% da variância na pontuação das dimensões do SF-36. Apesar das variáveis
relacionadas com as caraterísticas individuais, ApFRS e a AF apresentarem uma
correlação significativa com as variáveis dependentes (P < 0,05) (Tabela 2), podemos
verificar que nem todas essas variáveis são preditores significativos de estado de
saúde dos sujeitos.
2
Variáveis dependentes Etapas Preditores R Ajustado F df p* Beta† p‡
Dimensões SF-36
Função Física 1 Teste de força de braços (repetições) 0,042 7,296 1,144 0,008 0,207 0,010
2 Teste de sentar e alcançar (cm) 0,065 6,031 2,143 0,003 0,191 0,018
3 Estatura (cm) 0,091 5,823 3,142 0,001 0,179 0,026
Desempenho Físico 1 Teste de força abdominal (repetições) 0,022 4,260 1,144 0,041 0,170 0,041
Dor Corporal 1 Atividade vigorosa (MET -minutos/semana) 0,103 17,668 1,144 0,000 -0,331 0,000
Saúde em geral 1 Teste de força de braços (repetições) 0,022 4,279 1,144 0,040 0,191 0,020
Vitalidade 1 Percentagem massa gorda (%) 0,056 9,634 1,144 0,002 -0,233 0,004
2 Atividade total (MET - minutos/semana) 0,082 7,501 2,143 0,001 0,180 0,026
Desempenho Emocional 1 Glicémia em jejum (mg/dL) 0,033 5,968 1,144 0,016 -0,199 0,016
2
Saúde Mental 1 Índice de massa corporal (kg/m ) 0,029 5,350 1,144 0,022 -0,189 0,022
Os dados das etapas finais em negrito. Os dados das etapas anteriores em itálico.
* Significância estatística dos modelos (todas as etapas).
† Coeficientes estandardizados dos preditores incluídos no modelo final.
‡ A significância estatística dos preditores incluídos no modelo final.
47
a variável peso, foi excluída. Já no modelo da %MG a variável excluída foi o peso um
vez que, embora apresente uma correlação estatisticamente significativa (r = 0,29),
este valor é inferior ao da correlação da %MG com o IMC (r = 0,55). De igual modo
nos modelos da %MG, o colesterol LDL não foi incluído no modelo por apresentar uma
correlação mais baixa (r = 0,16) que o colesterol total (r = 0,24).
48
Tabela 7 - Significância das diferenças nos componentes da aptidão física relacionada com a
saúde entre grupos com base nas caraterísticas individuais (N=146)
Feminino (Média ± DP) 121 0,7 ± 0,04 32,7 ± 5,1 34,1 ± 2,3 50,8 ± 8,5 19,1 ± 7,9 27,3 ± 8,1 33,4 ± 8,3
Masculino (Média ± DP) 25 0,8 ± 0,03 24,6 ± 5,4 45,8 ± 8,2 82,2 ± 15,9 24,8 ± 10,2 34,1 ± 10,8 27,1 ± 9,5
História familiar (P) 0,822 0,696 0,468 0,993 0,002 0,567 0,188
Sim (Média ± DP) 4 0,7 ± 0,01 32,5 ± 2,5 38,2 ± 4,3 56,3 ± 4,6 32,8 ± 6,1 35,8 ± 11,6 26,7 ± 4,2
Não (Média ± DP) 142 0,7 ± 0,00 31,3 ± 0,5 36,1 ± 0,5 56,2 ± 1,3 19,7 ± 0,7 28,3 ± 0,7 32,5 ± 0,7
Sim (Média ± DP) 19 0,7 ± 0,05 30,7 ± 5,8 36,4 ± 6,2 58,5 ± 12,5 20,1 ± 8,2 29,6 ± 10,8 31,5 ± 11,8
Não (Média ± DP) 127 0,7 ± 0,04 31,4 ± 6,1 36,1 ± 5,9 55,8 ± 16,0 20,1 ± 8,6 28,3 ± 8,7 32,5 ± 8,3
Sim (Média ± DP) 79 0,7 ± 0,03 31,9 ± 5,5 34,5 ± 3,5 54,9 ± 12,7 18,4 ± 8,3 27,9 ± 8,5 31,6 ± 8,6
Não (Média ± DP) 67 0,7 ± 0,05 30,6 ± 6,5 38,0 ± 7,4 57,7 ± 18,4 22,0 ± 8,5 29,2 ± 9,5 33,3 ± 9,0
Teste t-student para amostras independentes (valores P). RCA = Rácio Cintura/Anca; %MG = Percentagem de Massa Gorda; TD = Teste do Degrau;
FPT = Força de Preensão Total; TFB = Teste de Força de Braços; TFA = Teste de Força Abdominal; TSA = Teste de Sentar e Alcançar. Género:
feminino vs masculino; História familiar: Sem história familiar vs com história familiar; Tabagismo: fuma vs não fuma; Sedenterismo: ativo vs sedentário.
Diferenças significativas: P < 0,001 em negrito / sublinhado, P < 0,05 em negrito / itálico; P < 0,20 em negrito.
Tabela 8 - Etapas do modelo de regressão da aptidão física relacionada com a saúde (N = 146)
2
Variáveis dependentes Etapas Preditores R Ajustado F df p* Beta† p‡
Rácio Cintura/Anca 1 Género 0,462 125,522 1,144 0,000 -0,610 0,000
2 Idade (anos) 0,486 69,414 2,143 0,000 0,161 0,008
3 Atividade total (MET - minutos/semana) 0,501 49,533 3,142 0,000 0,143 0,021
Percentagem de massa 1 Género 0,256 50,818 1,144 0,000 0,506 0,000
gorda
2 Peso (kg) 0,672 149,633 2,143 0,000 0,934 0,000
3 Estatura (cm) 0,711 120,134 3,142 0,000 -0,300 0,000
4 Teste do degrau (mL/kg/min) 0,732 100,115 4,141 0,000 -0,181 0,005
5 Forca de preensão total (kg) 0,742 84,461 5,140 0,000 -0,178 0,011
6 Teste de força de braços (repetições) 0,751 73,962 6,139 0,000 -0,108 0,015
Teste do degrau 1 Género 0,556 182,341 1,144 0,000 -0,568 0,000
2 Atividade vigorosa (MET -minutos/semana) 0,637 128,064 2,143 0,000 0,343 0,000
3 Idade (anos) 0,665 96,873 3,142 0,000 0,179 0,000
Força de preensão total 1 Género 0,576 198,275 1,144 0,000 -0,370 0,000
2 Peso (kg) 0,626 122,533 2,143 0,000 0,518 0,000
3 Percentagem de massa gorda (%) 0,651 91,092 3,142 0,000 -0,302 0,001
4 Teste de força abdominal (repetições) 0,660 71,323 4,141 0,000 -0,112 0,031
Teste de força de braços 1 Percentagem de massa gorda (%) 0,073 12,400 1,144 0,000 -0,278 0,027
2 Sedentarismo 0,098 8,991 2,143 0,000 -0,179 0,029
3 Tempo sentado (minutos/semana) 0,134 8,498 3,142 0,000 0,239 0,003
4 Teste do degrau (mL/kg/min) 0,155 7,648 4,141 0,000 0,191 0,036
Teste de força abdominal 1 Estatura (cm) 0,091 15,469 1,144 0,000 0,311 0,000
Teste de sentar e alcançar 1 Género 0,067 11,398 1,144 0,001 0,271 0,001
Os dados das etapas finais em negrito. Os dados das etapas anteriores em itálico.
* Significância estatística dos modelos (todas as etapas).
† Coeficientes estandardizados dos preditores incluídos no modelo final.
‡ A significância estatística dos preditores incluídos no modelo final.
49
A Tabela 8 mostra os vários modelos de regressão múltipla para cada um dos
componentes da ApFRS. Nos modelos finais, os valores de R 2 ajustado indicaram que
as carterísticas individuais, a ApFRS e a AF explicam entre 9,1% e 75,1% da variância
da pontuação dos componentes da ApFRS. Podemos constatar que nos modelos do
RCA, FPT, TD e %MG, as carterísticas individuais, a ApFRS e a AF explicam mais de
50% da variância da pontuação dos componentes da ApFRS: 50,1% para o modelo do
RCA, 66,0% para o modelo da FPT, 66,5% para o modelo do TD e 75,1% para o
modelo da %MG.
50
Tabela 10 - Análise da variância multivariada em função do fator género
(N = 146)
Género
Feminino Masculino
p
N 121 25
Idade (anos) 19,9 ± 2,1 21,2 ± 3,4 0,012
2
Índice de massa corporal (kg/m ) 22,3 ± 2,8 23,9 ± 3,0 0,011
Peso (kg) 59,4 ± 8,5 73,8 ± 11,3 0,000
Estatura (cm) 163,1 ± 5,5 175,6 ± 6,6 0,000
Pressão arterial sistólica (mmHg) 113,2 ± 7,5 120,1 ± 8,8 0,000
Pressão arterial diastólica (mmHg) 70,6 ± 6,8 73,4 ± 6,7 0,067
Colesterol total (mg/dL) 182,7 ± 35,0 167,5 ± 40,7 0,056
Colesterol LDL (mg/dL) 110,9 ± 29,4 104,9 ± 37,7 0,376
Colesterol HDL (mg/dL) 57,1 ± 9,0 49,6 ± 6,9 0,000
Glicémia em jejum (mg/dL) 91,9 ± 6,9 97,0 ± 8,1 0,001
Função física (pontos) 95,4 ± 6,8 97,2 ± 4,1 0,196
Desempenho físico (pontos) 88,8 ± 13,0 89,3 ± 15,0 0,876
Dor corporal (pontos) 81,2 ± 16,9 76,6 ± 16,0 0,215
Saúde em geral (pontos) 73,1 ± 14,8 75,4 ± 13,4 0,468
Vitalidade (pontos) 65,0 ± 13,6 71,6 ± 14,1 0,031
Função social (pontos) 85,5 ± 13,9 90,0 ± 12,0 0,137
Desempenho emocional (pontos) 86,6 ± 17,8 87,7 ± 18,7 0,795
Saúde mental (pontos) 77,2 ± 12,8 78,7 ± 11,9 0,578
Rácio cintura/anca 0,7 ± 0,0 0,8 ± 0,0 0,000
Circunferência cintura (cm) 70,0 ± 5,4 79,6 ± 7,1 0,000
Circunferência anca (cm) 97,6 ± 6,8 99,7 ± 6,4 0,148
Percentagem massa gorda (%) 32,7 ± 5,1 24,6 ± 5,4 0,000
Percentagem massa muscular (%) 43,9 ± 3,8 51,8 ± 3,4 0,000
Teste do degrau (mL/kg/min) 34,1 ± 2,3 45,8 ± 8,2 0,000
Força preensão total (kg) 50,8 ± 8,5 82,2 ± 15,9 0,000
Teste de força de braços (repetições) 19,1 ± 7,9 24,8 ± 10,2 0,002
Teste de força abdominal (repetições) 27,3 ± 8,1 34,1 ± 10,8 0,000
Teste de sentar e alcançar (cm) 33,4 ± 8,3 27,1 ± 9,5 0,001
Atividade vigorosa (MET-min/semana) 528,6 ± 879,8 1854,4 ± 1852,2 0,000
Atividade moderada (MET-min/semana) 457,4 ± 782,2 696,0 ± 1004,7 0,189
Marcha (MET-min/semana) 994,6 ± 1394,6 957,7 ± 1339,3 0,904
Atividade total (MET-min/semana) 1980,6 ± 1874,4 3508,1 ± 2612,4 0,001
Sentado (min/semana) 2935,1 ± 1146,5 2436,0 ± 1057,0 0,047
Variâncias significativas: p < 0,05 em negrito.
51
Tabela 11 (Continuação) - Análise da variância multivariada em
função do fator dislipidémia (N = 146)
Dislipidémia
Sim Não
p
N 35 111
Desempenho físico (pontos) 90,2 ± 12,5 88,5 ± 13,5 0,506
Dor corporal (pontos) 80,1 ± 16,9 80,5 ± 16,9 0,909
Saúde em geral (pontos) 73,8 ± 13,8 73,4 ± 14,8 0,884
Vitalidade (pontos) 64,7 ± 16,4 66,6 ± 13,0 0,480
Função social (pontos) 86,4 ± 15,6 86,3 ± 13,1 0,950
Desempenho emocional (pontos) 85,7 ± 18,7 87,2 ± 17,7 0,678
Saúde mental (pontos) 77,9 ± 14,2 77,3 ± 12,2 0,785
Rácio cintura/anca 0,7 ± 0,1 0,7 ± 0,0 0,730
Circunferência cintura (cm) 72,1 ± 6,4 71,4 ± 6,9 0,600
Circunferência anca (cm) 98,4 ± 5,3 97,8 ± 7,1 0,647
Percentagem massa gorda (%) 32,0 ± 5,3 31,1 ± 6,2 0,475
Percentagem massa muscular (%) 44,5 ± 4,7 45,5 ± 4,8 0,310
Teste do degrau (mL/kg/min) 36,0 ± 5,3 36,2 ± 6,1 0,881
Força preensão total (kg) 55,0 ± 16,0 56,6 ± 15,5 0,599
Teste de força de braços (repetições) 20,1 ± 8,1 20,1 ± 8,7 0,971
Teste de força abdominal (repetições) 29,2 ± 9,6 28,3 ± 8,8 0,579
Teste de sentar e alcançar (cm) 33,7 ± 9,3 31,9 ± 8,6 0,297
Atividade vigorosa (MET-min/semana) 669,7 ± 928,9 782,7 ± 1286,2 0,631
Atividade moderada (MET-min/semana) 612,6 ± 1011,5 462,2 ± 759,5 0,349
Marcha (MET-min/semana) 1050,7 ± 1100,7 968,6 ± 1461,9 0,760
Atividade total (MET-min/semana) 2333,0 ± 1980,1 2213,5 ± 2132,2 0,769
Sentado (min/semana) 2886,0 ± 1168,5 2838,2 ± 1141,1 0,830
Variâncias significativas: p < 0,05 em negrito.
52
Em relação à glicémia em jejum alterada os vetores de médias diferem
significativamente, podendo verificar-se que esta também tem um efeito significativo
sobre o compósito das variáveis dependentes. O grupo dos indivíduos com valores de
glicémia alterada apresentam valores médios de IMC, peso, estatura, pressão arterial
diastólica, FF, RCA, circunferência cintura, TD, FPT, TFA e actividade vigorosa mais
elevados, ao passo que os indivíduos que não apresentam glicémia em jejum alterada
têm valores de colesterol HDL e pontuação no DE mais elevados (Tabela 12).
Sedentarismo
Sim Não
p
N 79 67
Idade (anos) 20,1 ± 2,4 20,2 ± 2,4 0,878
2
Índice de massa corporal (kg/m ) 22,4 ± 3,0 22,7 ± 2,8 0,543
Peso (kg) 60,6 ± 9,8 63,3 ± 11,2 0,130
Estatura (cm) 164,2 ± 6,6 166,5 ± 8,2 0,062
Pressão arterial sistólica (mmHg) 114,4 ± 8,4 114,3 ± 7,9 0,913
Pressão arterial diastólica (mmHg) 70,8 ± 7,2 71,5 ± 6,4 0,583
Colesterol total (mg/dL) 183,6 ± 36,7 175,9 ± 35,7 0,202
Colesterol LDL (mg/dL) 111,3 ± 31,5 108,3 ± 30,4 0,555
Colesterol HDL (mg/dL) 56,6 ± 9,6 55,0 ± 8,4 0,288
Glicémia em jejum (mg/dL) 93,3 ± 6,8 92,1 ± 7,9 0,316
Função física (pontos) 95,3 ± 5,8 96,2 ± 7,1 0,380
Desempenho físico (pontos) 89,6 ± 13,0 88,0 ± 13,7 0,451
Dor corporal (pontos) 84,2 ± 14,9 75,9 ± 18,0 0,003
Saúde em geral (pontos) 72,5 ± 14,1 74,8 ± 15,0 0,341
Vitalidade (pontos) 64,5 ± 13,6 68,1 ± 14,0 0,114
Função social (pontos) 85,8 ± 13,4 86,9 ± 14,0 0,604
Desempenho emocional (pontos) 87,3 ± 17,4 86,2 ± 18,5 0,701
Saúde mental (pontos) 76,7 ± 12,4 78,3 ± 13,0 0,463
Rácio cintura/anca 0,7 ± 0,0 0,7 ± 0,1 0,669
Circunferência cintura (cm) 71,3 ± 6,5 72,0 ± 7,1 0,557
Circunferência anca (cm) 97,7 ± 6,7 98,2 ± 6,8 0,642
Percentagem massa gorda (%) 31,9 ± 5,5 30,6 ± 6,5 0,191
Percentagem massa muscular (%) 44,7 ± 4,3 45,9 ± 5,2 0,124
Teste do degrau (mL/kg/min) 34,5 ± 3,5 38,0 ± 7,4 0,000
Força preensão total (kg) 54,9 ± 12,7 57,7 ± 18,4 0,275
Teste de força de braços (repetições) 18,4 ± 8,3 22,0 ± 8,5 0,012
Teste de força abdominal (repetições) 27,9 ± 8,5 29,2 ± 9,5 0,406
Teste de sentar e alcançar (cm) 31,6 ± 8,6 33,3 ± 9,0 0,253
Atividade vigorosa (MET-min/semana) 239,5 ± 372,0 1364,2 ± 1532,4 0,000
Atividade moderada (MET-min/semana) 540,3 ± 990,7 448,7 ± 576,9 0,506
Marcha (MET-min/semana) 1034,2 ± 1509,7 934,1 ± 1220,5 0,664
Atividade total (MET-min/semana) 1814,0 ± 2076,3 2746,9 ± 2007,4 0,007
Sentado (min/semana) 3067,6 ± 1039,4 2592,6 ± 1214,0 0,012
Variâncias significativas: p < 0,05 em negrito.
53
glicémia em jejum, percentagem de massa muscular, TD, FPT os valores médios
superiores correspondem aos indivíduos que não têm valores de colesterol HDL
elevado (Tabela 14).
54
Tabela 15 (Continuação) - Análise da variância multivariada em função do
fator estratificação do risco de doença cardiovascular (N = 146)
55
56
5. DISCUSSÃO
57
Glendhill, & Quinney, 2001b). De acordo com os resultados apresentados, eventuais
limitações físicas nas atividades diárias e o seu impacto no dia a dia dos indivíduos,
bem como a perceção que estes têm da sua saúde, englobando a saúde atual, a
resistência à doença e o aspeto saudável pode ser explicada, em parte, pela aptidão
muscular dos indivíduos, nomeadamente a resistência muscular e a flexibilidade, uma
vez que estes componentes da ApFRS demonstraram ser preditores da FF, DF e SG.
Podemos verificar que, na amostra em estudo, uma maior resistência muscular e
flexibilidade explica positivamente as referidas dimensões. Relativamente à FF, a
estatura demonstra ser capaz de predizer a variabilidade da pontuação da dimensão
FF, sendo que os indivíduos mais altos apresentam melhores pontuações nesta
dimensão. Este resultado vai de encontro a um estudo que associa a estatura a um
melhor estado de saúde dos indivíduos, nos quais a estatura influencia positivamente
a FF (Silventoinen, Lahelma, & Rahkonen, 1999).
Os resultados demonstram que valores de IMC mais elevados são preditores de piores
pontuações na dimensão SM. Podemos concluir que a adequação da composição
corporal está relacionada com sentimentos e emoções positivas, bem como o aumento
da saúde psicológica. Alguns estudos mostram que a AF diminui os sintomas de
depressão e a aptidão adquirida através da prática de exercício é útil na saúde física e
psicológica (Dimeo, Bauer, Varahram, Proest, & Halter, 2001). Já a %MG demosntrou
ser preditora da variabilidade das pontuações obtidas na dimensão VT. Os indivíduos
com maior %MG têm mais probabilidades de apresentarem piores pontuações na
dimensão VT, isto é, mais fadiga e piores níveis de energia, estando em linha com o
resultado de outro estudo (Blissmer et al., 2006).
Quanto à AF, podemos dizer que é preditora da variabilidade nas pontuações das
dimensões DC, SG e VT. Ao analisarmos os resultados podemos verificar que os
indivíduos fisicamente ativos são aqueles que apresentam pontuações mais elevadas
na dimensão VT, e que o sedentarismo potencia menores pontuações na dimensão
SG. A prática de atividades vigorosas parece favorecer positivamente a DC, isto é, as
atividades vigorosas estão associadas a menos dor. Estas associações são plausíveis
e coerentes com o resultado de outros estudos (Garber et al., 2011; Harrison,
McElduff, & Edwards, 2006; Haskell et al., 2007; Lee & Paffenbarger, 2000; Tessier et
al., 2007; Vuillemin et al., 2005) e vão de encontro à meta da OMS para adultos
saudáveis, com idade entre os 18 e os 65 anos, que recomenda 30 minutos de AF de
intensidade moderada, 5 dias por semana, ou pelo menos 20 minutos de AF de
intensidade vigorosa, 3 dias por semana. A dose necessária de AF pode ser
acumulada em sessões de pelo menos 10 minutos e poderá compreender uma
58
combinação de períodos de intensidades moderada e vigorosa. Deverão ainda ser
acrescentadas atividades que permitam melhorar a força muscular e a resistência, 2 a
3 dias por semana (WHO, 2003).
59
apresentam pontuações nos cinco componentes da ApFRS cuja variância pode ser
explicada pelas caraterísticas individuais, componentes da ApFRS (excluindo o
componente referente ao modelo preditivo em causa) e AF. Na verdade, das 22
variáveis estudadas apenas 11 (idade, peso, estatura, %MG, VO 2máx, força muscular,
resistência muscular braços, resistência muscular abdominal, atividade vigorosa,
atividade total e tempo sentado) apresentaram um valor preditivo significativo em pelo
menos um dos componentes da ApFRS. Foram ainda incluídas 3 caraterísticas
(género, tabagismo e sedentarismo) sendo que o género e o sedentarismo também
apresentaram um valor preditivo significativo na maioria dos componentes da ApFRS.
60
idênticos foram encontrados e indicam que o RCA aumenta com a idade (Hu et al.,
2010). No entanto, esta correlação pode ficar a dever-se ao maior acúmulo de gordura
na região abdominal ou então ao aumento de massa muscular, o que será de esperar,
uma vez que se tratam de indivíduos jovens (20,1 ± 2,4 (18 – 34)), aos quais está
associada, normalmente, ao aumento da massa muscular (Lowndes et al., 2009).
61
os indivíduos do sexo feminino um valor médio de IMC de 22,3 ± 2,8. No entanto, os
indivíduos do sexo masculino apresentam valores médios de %MG de 24,6 ± 5,4 e
massa muscular de 51,8 ± 3,4, enquanto os indivíduos do sexo feminino apresentam
valores médios de %MG de 32,7 ± 5,1 e massa muscular de 43,9 ± 3,8.
Quanto à associação do peso e estatura com a %MG, parece evidente que, indivíduos
mais baixos e mais pesados possam, à partida, apresentar maior %MG, até porque o
seu IMC é mais elevado. No entanto, o facto de podermos utilizar este raciocínio para
os resultados obtidos a partir da amostra em estudo, não podemos generalizar estes
resultados uma vez que o IMC é uma medida com limitações no que respeita à
avaliação da %MG (Chen, Chuang, & Wu, 2008; Pribis, Burtnack, McKenzie, & Thayer,
2010; Rothman, 2008; Stenholm et al., 2008).
62
mulheres apresentam um VO2máx aproximadamente 15 a 25% menor, no entanto,
quando expresso em relação à massa corporal, as mulheres apresentam uma
diferença de 5 a 15% do VO 2máx (Cureton et al., 1986; Drinkwater, 1973). A potência
aeróbia média aumenta com a massa muscular absoluta. A relação entre o aumento
da potência aeróbia associada ao aumento da massa muscular é idêntica em ambos
os géneros. No entanto, devido à menor percentagem de massa muscular, as
mulheres têm um menor VO2máx. (Perez-Gomez et al., 2008). O volume sistólico é
influenciado, em parte, pelo volume de sangue, que é inferior nas mulheres. Mesmo
quando ajustado ao tamanho corporal, as mulheres têm menos volume de sangue
(Charkoudian & Joyner, 2004; Wiebe, Gledhill, Warburton, Jamnik, & Ferguson, 1998).
Menor volume sanguíneo resulta num menor retorno venoso, que de acordo com o
mecanismo de Frank-Starling, leva a um menor volume sistólico, menor débito
cardíaco e, em última análise, menor volume de oxigénio. Há uma forte relação entre o
volume de sangue e VO2máx (Ferguson, Gledhill, Jamnik, Wiebe, & Payne, 2001;
Stevenson, Davy, & Seals, 1994). Assim, um menor volume sanguíneo contribui na
diminuição do volume sistólico e débito cardíaco nas mulheres. Estas diferenças
impedem as mulheres de alcançar os mesmos valores de débito cardíaco que os
homens, o que em última análise, significa que há uma redução do consumo de
oxigénio nas mulheres (Ogawa et al., 1992). Assim, o menor volume sanguíneo e
tamanho do coração contribui na redução absoluta e relativa do VO2máx nas mulheres
relativamente aos homens.
63
amostra em estudo, os indivíduos mais velhos apresentam mais força muscular. Esta
correlação vai ao encontro de um estudo de Lowndes et al. (2009), o qual demonstrou
que a idade tem um impacto positivo significativo na associação da área de secção
muscular do bíceps, em indivíduos não treinados, com idades entre 18 e 40 anos.
64
terem mais hipóteses de apresentar maior resistência muscular nos membros
superiores, parece contrariar outros estudos realizados. Tendo em conta que a
amostra é constituída por estudantes e que a aplicação da bateria de testes foi
realizada em tempo de aulas, poderemos ter aqui a explicação para estas duas
associações. O facto de os indivíduos passarem várias horas por dia sentados, na sala
de aula e em casa e estudar, pode ter criado alguma subjectividade no preenchimento
dos questionários, nomeadamente o IPAQ, e que se traduz nestas associações pouco
previsíveis. Já o facto do VO2máx explicar positivamente a resistência muscular nos
membros superiores está em linha com a própria definição de resistência muscular
que é a capacidade em manter um exercício prolongado por alguns minutos, horas ou
mesmo dias, sendo para tal necessário que o sistema cardiovascular forneça energia
suficiente para os músculos poderem trabalhar (ACSM, 2008; Heyward, 2002; Hoeger
& Hoeger, 2012).
65
fisicamente mais aptos. No fundo devemos considerar que a AF habitual pode
influenciar a ApFRS, a qual, por sua vez, pode correlacionar-se com o nível habitual
de AF, sendo que a ApFRS é influenciada reciprocamente pela saúde e que a saúde
influencia tanto o nível de AF habitual quanto o nível de ApFRS, sem nunca esquecer
a contribuição das caraterísticas individuais dos indivíduos. Supomos que a correcta
avaliação destes fatores resultarão em programas de exercícios mais adequados às
especificidades dos indivíduos.
Pelos resultados obtidos podemos constatar que a variabilidade dos resultados obtidos
relativamente ao género apresenta valores significativos (p < 0,05). Assim, os
indivíduos do sexo feminino sendo mais novos, apresentam valores um IMC menor,
são menos pesados, mais baixos, apresentam uma pressão arterial sistólica mais
baixa, valores de HDL mais elevados e valores de glicémia em jejum mais baixos. Ao
olharmos apenas para estas caraterísticas pessoais, poderíamos concluir que
aparentemente pertencer ao sexo feminino seria indicador de melhor saúde. Na
verdade, ao olharmos para os resultados das pontuações obtidas no estado de saúde,
são precisamente os indivíduos do sexo feminino que apresentam piores pontuações
na VT. Esta explicação poderá residir no facto das mulheres apresentarem um menor
RCA, uma menor circunferência da cintura, maior %MG contrapondo com uma menor
percentagem de massa muscular, menor ACR, força e resistência muscular mas mais
flexibilidade. Quanto à AF, as mulheres apresentam um valor inferior de atividade total,
valor esse que é explicado pelo facto de indicarem um valor mais baixo de atividade
vigorosa, em relação aos homens. Neste sentido, são também as mulheres que
passam mais tempo sentadas. Estes resultados vão ao encontro de outros estudos
realizados (Hu, Jousilahti, Antikainen, Katzmarzyk, & Tuomilehto, 2010; Ogawa et al.,
1992; Snijder et al., 2003)
66
No que respeita à dislipidémia, apenas se encontram valores de significância
estatisticamente significativos no colesterol total e no colesterol LDL. Como seria
expectável, os 35 indivíduos com dislipidémia apresentam estes valores mais
elevados. Vários ensaios clínicos, tanto de prevenção primária quanto secundária,
demonstram que a redução do colesterol LDL diminui a taxa de eventos
cardiovasculares, podendo reduzir a incidência de doença cardíaca isquémica em 25%
a 60% e o risco de morte em 30%, além de outros efeitos em eventos mórbidos, como
angina, acidentes vasculares cerebrais, necessidade de procedimentos de
revascularização miocárdica e periférica (Bonow, 2002).
67
plausíveis e coerentes com o resultado de outros estudos (Garber et al., 2011;
Harrison, McElduff, & Edwards, 2006; Haskell et al., 2007; Lee & Paffenbarger, 2000;
Tessier et al., 2007; Vuillemin et al., 2005). Estes resultados demonstram que duas
medidas diferentes, o sedentarismo e o nível de AF, apontam no mesmo sentido, uma
vez que os indivíduos que referem ter um estilo de vida sedentário apresentam valores
mais baixos de atividade vigorosa e atividade total e passam mais tempo sentados.
O fator colesterol HDL elevado também teve um efeito significativo sobre o compósito
de algumas das variáveis dependentes. De facto, os indivíduos mais baixos, com um
valor superior de colesterol total e menor glicémia e que fazem mais caminhada
apresentam valores superiores de colesterol HDL. No entanto, ao contrário do que
seria expectável, os indivíduos com colesterol HDL elevado apresentam maior %MG,
menor ACR e força muscular. Estes resultados podem ser explicados pelo facto da
nossa amostra ser constituída na maioria por mulheres, sendo que os indivíduos do
sexo feminino apresentam maior %MG, menor ACR e força muscular. Nos indivíduos
do sexo feminino devemos considerar que a principal hormona sexual (estrogénio)
protege contra DCV aumentando os níveis de colesterol HDL (Lopez, Sanchez, Shea-
Eaton, & McLean, 2002). Outro facto que devemos ter em conta é que, precisamente o
grupo dos indivíduos com colesterol HDL elevado é aquele com o valor de colesterol
total mais elevado (197,5 ± 29,0 comparativamente ao valor médio de 172,8 ± 36,7 no
grupo dos indivíduos que não apresenta colesterol elevado). Não podemos considerar
que o valor do colesterol HDL elevado, só por si, se correlacione com o estado de
saúde e aptidão dos indivíduos sem olharmos para o valor do colesterol total. De facto,
valores de HDL elevados ou valores de LDL baixos não fornecem, geralmente,
informações suficiente na avaliação do risco de DCV. Uma comparação dos níveis de
colesterol total e HDL (rácio colesterol total/HDL) podem fornecer um indicador muito
mais preciso (Fernandez & Webb, 2008; Greene et al., 2005).
68
relativamente ao tipo de exercício a prescrever de modo a poder criar o programa mais
adequado. Devemos ter em conta que o género é um fator a ter em conta, como
referido anteriormente, uma vez que influenciará as caraterísticas individuais, estado
de saúde, ApFRS e AF. Enquanto as dislipidémias e o sedentarismo parecem exercer
efeitos expectáveis nos indivíduos, o mesmo já não acontece na glicose em jejum
alterada e HDL elevado. Assim o fisioterapeuta não deve assumir que os indivíduos
tenham uma boa ApFRS pelo facto destes valores estarem dentro dos parâmetros
normais, uma vez que existem aspetos que podem justificar a normalidade desses
valores e que devem ser tidos em conta.
69
70
6. CONCLUSÃO
71
associada, uma vez que existem diferenças nas caraterísticas individuais,
ApFRS e AF que irão interferir com o tipo de exercício a prescrever e com os
resultados esperados desse mesmo exercício. Caso não se verifique este
pressuposto, poderemos estar a prescrever exercícios que não irão produzir
qualquer benefício para o indivíduo, ou então cujo benefício se situe muito
abaixo do desejado e previsto inicialmente. Em última análise, caso não
tenhamos o cuidado de individualizar o nosso raciocínio, podemos correr o
risco de elaborar um programa de exercício contra-indicado para um
determinado indivíduo.
No final deste trabalho, pensamos que seria interessante que futuras investigações
fossem realizadas utilizando como base os objetivos e metodologia do presente
estudo, mas em vez de considerarem indivíduos adultos jovens, terem como foco de
estudo populações específicas, como por exemplo indivíduos com diabetes, síndrome
metabólico ou com risco elevado de DCV.
72
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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85
86
APÊNDICE 1
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