Educação Musical

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Sumário

1 MÚSICA: ELEMENTO INTRÍNSECO AO SER HUMANO .............................. 4

1.1 A percepção histórica sobre as crianças ...................................................... 9

1.2 A evolução da música na humanidade e seu uso na prática pedagógica .. 12

2 A MÚSICA NO PROCESSO ENSINO E APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO


INFANTIL...........................................................................................................18

2.1 Refletindo sobre a inclusão da música na prática pedagógica ................... 18

2.2 A música como recurso lúdico na Educação Infantil .................................. 21

2.3 Benefícios da música no contexto escolar.................................................. 27

3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 29


INTRODUÇÃO

Prezado aluno,

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é


semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase
improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao
professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o
tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos
ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não
hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de
atendimento que serão respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da
semana e a hora que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!
1 MÚSICA: ELEMENTO INTRÍNSECO AO SER HUMANO

A música faz parte de nossa vida desde o início da humanidade. Falar de


música é muito fácil e ao mesmo tempo extremamente difícil, dada a sua
presença cotidiana nos diferentes momentos e espaços da vida humana e a
dificuldade de determinar como, quando e onde foi criada, ou mesmo finalmente
assegurar em definitivo o que é música.
Segundo Priolli (2009), a música pode ser entendida como “a arte do
som”, mas no cotidiano parece atingir uma definição mais ampla devido à sua
relevância e presença frequente em nosso cotidiano. A música atende aos mais
diversos fins e está presente nos mais variados momentos e situações do dia a
dia.
Ouvir música é uma atividade cotidiana do ser humano. A música está
presente em vários momentos do dia a dia: nas rádios, na televisão,
como música de fundo, na musicalidade do cantar dos pássaros, nos
ruídos tecnológicos, aos quais podemos atribuir musicalidade, ou não.
(BEYER; KEBACH, 2009, p. 7)

Como outras manifestações artísticas, a música faz parte do cotidiano


humano desde os tempos remotos e, embora haja indícios dela desde a
antiguidade, a época exata em que se tornou parte da cultura mundial não pode
ser determinada pelos povos. A música tem sido uma ferramenta valiosa ao
longo da história para expressar e sustentar a cultura de qualquer sociedade.
No entanto, um grande desenvolvimento tecnológico ocorreu
recentemente, que por sua vez coloca as pessoas em contato com as constantes
inovações na comunicação e, portanto, também na produção musical, o fato é
que nenhuma inovação levou à extinção da música, pelo contrário, as inovações
aumentaram a difusão, o fortalecimento e a difusão da música dos mais variados
gêneros e estilos.
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Através da música expressamos alegria, tristeza, amor, paixão, memória,
amizade, serenidade, esperança, espiritualidade, otimismo, raiva, entre outras
coisas, pode também nos despertar desses sentimentos e emoções. Quantas
vezes, ao ouvir música, uma pessoa experimenta sentimentos e emoções que
foram vividos em momentos passados e que reaparecem simplesmente por ouvir
uma música que fazia parte de algo já vivido.

As emoções que a música transmite são de tipos muito variados, sendo


não mais que schemata de emoções diretamente vivenciadas, com
fluxos e refluxos similares, graus de intensidade, agitação e
persistência. (PASSMORE, Apud SWANWICK, 2003, p. 35)

A música sempre esteve associada às tradições e às culturas de


cadaépoca. É expressa por meio de sons que estimulam a escuta simultânea e
pode ser tocada por uma variedade de instrumentos combinados e até mesmo
cantada simplesmente por qualquer pessoa, a qualquer hora e em qualquer
lugar. É também um elemento de grande influência na vida diária, embora muitas
vezes o faça de maneiras muito sutis, mesmo imperceptíveis.
Historicamente, há evidências da presença da música no cotidiano das
pessoas desde os tempos antigos. Prova disso são os textos do livro dos
Salmos, que contêm várias canções que foram utilizadas principalmente na
liturgia do Templo de Jerusalém. Não se sabe precisar com exatidão quando
foram escritos, mas por si sós já nos mostram a presença da música há milênios
de anos entre os homens.
Ainda na Antiguidade encontramos outras referências à presença da
música no cotidiano, o que confirma a sua importância para o desenvolvimento
das sociedades e cumpre os mais diversos propósitos, embora em muitas
situações preste serviços relevantes na comunicação de cultura e cultura e/ou
conhecimentos, sem que isto tivesse sido fruto de qualquer planejamento prévio

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A música vem desempenhando, ao longo da história, um importante
papel no desenvolvimento do ser humano, seja no aspecto religioso,
seja no moral e no social, contribuindo para a aquisição de hábitos e
valores indispensáveis ao exercício da cidadania. (LOUREIRO, 2003,
p. 33)

Entre as civilizações antigas, encontramos os maiores vestígios da


valorização da música como parte do dia a dia e sua utilização no processo
educacional entre gregos e egípcios. São várias as imagens de pinturas
rupestres que confirmam que a música esteve presente de forma muito
significativa na rotina dos povos egípcios.
Para os gregos, o indivíduo deve estar preparado para a vida de forma a
integrar mente e corpo, e a música teve um papel muito importante nisso. A
educação musical teve início desde a primeira infância.

Na visão dos gregos, a educação possuía uma função mais espiritual


do que material. Seu principal objetivo era a formação do caráter do
sujeito e não apenas a aquisição de conhecimentos. Nessa
perspectiva, a educação se constituía no estudo da ginástica e da
música. (LOUREIRO, 2003, p. 34)

Na Idade Média, a Igreja Católica se interessou pela música e incorporou-


a aos cultos, tornando-se uma forte promotora tanto da pesquisa quanto do
ensino da música como disciplina teórica. Padres e missionários aprenderam a
música religiosa católica e a espalharam pelo mundo. (LOUREIRO, 2003, p. 38)
Com a Reforma Protestante, as crianças passaram não apenas a
aprender a cantar, mas também a receber o conceito de escrita musical, pois a
música passou a ter papel fundamental no processo de catequese. Estudos
mostram que gestantes colocam músicas suaves para ouvir durante a gestação.
Há uma observação de que o efeito é que após o nascimento os bebês têm
memória auditiva e reconhecem os sons que ouviram na vida intrauterina. Com
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isso, a música torna-se uma ferramenta importante para a mãe fazer o seu bebê
adormecer com tranquilidade.
Nesse contexto podemos citar as canções de ninar, por meio das quais
praticamente todas as crianças têm o primeiro contato com a música.

Cantigas de ninar, acalanto ou de nanar e, ainda, dorme nenê, é


cantiga de fazer criança dormir. São cantigas simples, ingênuas,
monótonas, dolentes, que fazem as crianças adormecerem. Umas são
realmente ingênuas e meigas, de ternura, e outras até amedrontam as
crianças que se encolhem e dormem de medo. A finalidade é fazer a
criança dormir, não importando que se metam em sua cabeça
monstros e bichos-papões. Muitas letras dessas cantigas são
onomatopeicas (palavras que imitam um som) para torná-las bem
monótonas, ocasionando o sono fácil. (ORTENCIO, 2013, p. 67)

Passado esse primeiro contato, a música continua permeando a vida do


homem durante toda sua existência e, até mesmo no momento final de sua vida,
ela se faz presente.

As cantigas de velório, chamadas excelências, sem acompanhamento


de instrumentos, são cantadas por uma ou mais pessoas; canto triste,
plangente. Há pessoas especializadas em cantar excelências. É um
canto de repetição [...]. (ORTENCIO, 2013, p. 66)

Assim como existem canções apropriadas para o primeiro e o último


momento de uma pessoa, existem vários outros tipos de música que são
utilizadas para uma variedade de propósitos, assim como aquelas que existem
sem um único fim, pré-determinado. Elas permeiam ocotidiano sem um objetivo
específico. Considerando isso, podemos citar as músicas infantis, clássicas,
eruditas, instrumentais, populares, sertanejas, religiosas, etc., sendo que dentro
de cada estilo existe uma série de desdobramentos.
Entre as músicas populares ou sertanejas existem aquelas que são
consideradas “folclóricas” e que vão sendo repassadas de geração em geração

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(geralmente pela oralidade) e servem para transmitir e perpetuar determinada
cultura. Nesse contexto há diversas modalidades, sendo que as principais são:
ABC; coreto; desafio (também conhecida como peleja ou porfia); embolada;
moda de viola; recortado; modinha; toada; cantiga (que por sua vez, possui
diversos tipos tais como: de trabalho; de cego; de velório; de ninar; de roda,
etc.).
A música tem propriedades tão peculiares que muitas vezes ouvimos uma
música em um idioma diferente que não podemos dominar e, embora estejamos
entusiasmados, podemos reconhecer o que a música está tentando transmitir e
experimentar sentimentos completamente diferentes, como amor, amizade,
nostalgia, alegria, tristeza, paz e serenidade.
Por meio da música também existe a oportunidade de transmitir valores
morais e éticos, ensinamentos, regras que contribuem positivamente para a
formação de cidadania.
Também encontramos situações em que a música é utilizada como forma
de protesto ou mesmo como reclamação sobre uma realidade política e social,
como vimos no contexto brasileiro, onde a música serviu como ferramenta de
difusão de ideais políticos e de oposição à política ao regime militar.
Vários artistas tentaram denunciar a situação da época por meio da
música. Chico Buarque é um dos cantores mais famosos quando o assunto é
música de protesto contra a ditadura e todas as suas características, mas são
muitos os que juntos criaram a música popular brasileira, conhecida como MPB.
No mesmo contexto, outro gênero musical se firma ao mesmo tempo: a
Jovem Guarda, influenciada pelo rock norte-americano, que era vista pelos
integrantes da MPB como um estilo musical alienante e atendia aos interesses
do regime militar brasileiro, que vigorou entre 1964 e 1985.

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Para muitos músicos da MPB, a “invasão do rock” promovida pela
Jovem Guarda servia aos interesses do regime militar, pois afastava a
juventude das preocupações políticas e, por consequência, inseria um
tipo de música despolitizada e inautêntica, sem vínculos com a cultura
popular brasileira. (GHEZZI, 2012, p. 46)

Para os integrantes da primeira linha da MPB, as músicas compostas e


tocadas pela Jovem Guarda serviam para desviar a atenção da sociedade dos
problemas sociais, políticos e econômicos da época.

1.1 A percepção histórica sobre as crianças

No seu contexto, o mundo moderno possui todo um leque de leis,


estatutos e opções de acolhimento de crianças dirigidas a grupos específicos
(como crianças e idosos). Embora isso possa parecer comum para alguns, é
uma nova realidade que se consolidou gradualmente, como resultado de muitas
lutas sociais.
Com isso em mente, quando falamos em crianças, quase imediatamente
pensamos em um ser que teve um pouco de preparação para que tenha
condições propícias para evoluir adequadamente, e desenvolver todo seu
potencial.
À primeira vista pode parecer que a criança sempre teve a atenção
necessária para o seu pleno desenvolvimento e formação psicossocial e
cognitiva, entretanto, a realidade acerca da criança e o modo pelo qual ela é
percebida, e consequentemente tratada e educada, vem sofrendo
transformações significativas ao longo do tempo.
Durante muito tempo, a criança foi vista e tratada como se fosse um
"adulto em miniatura". Não existiam atividades ou espaços especialmente
pensados para as crianças, e mesmo no que se referia ao vestuário, não havia
preocupação com um tipo de vestimenta própria para elas. Portanto, ainda era
ausente a concepção de particularidade infantil.

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Embora as mudanças tenham começado por volta do século XIII, foi
apenas nos séculos XIX e XX que ocorreram mudanças significativas na forma
como as crianças são vistas e tratadas, é quando a infância passa a ser vista
pela sociedade e pela família como um período importante e singular na vida da
pessoa.

A descoberta da infância começou, sem dúvida, no século XIII, e sua


evolução pode ser acompanhada na história da arte e na iconografia
dos séculos XV e XVI. Mas os sinais de seu desenvolvimento
particularmente numerosos e significativos se dão a partir do fim do
século XVI e durante o século XVII. (ARIÈS, 1981, p. 65)

Aos poucos, a realidade vai sofrendo transformações e a criança começa


aser vista de uma maneira distinta, como um ser que necessita de cuidados
diferentes daqueles dispensados aos adultos. Assim, a criança começa a contar
com um tratamento que inclui lugar, tempo, espaço e cuidados voltados para
suas necessidades.
Até por volta do século XV, a infância não era separada da vida adulta.
Crianças e adultos se misturavam em diferentes lugares. Esta
separação só ocorreu por volta do século XVIII, com a privatização da
família e da infância. (VALDEZ, 2003, p. 11)

Uma prova de que as crianças tinham pouca ou quase nenhuma


importância, e que a infância era vista como uma fase da vida com
características e necessidades próprias, é a forma como elas eram retratadas.
Nas pinturas, suas roupas eram exatamente as mesmas usadas pelos adultos.

É moda nesta terra, as meninas usarem calça e vestidos compridos.


Assim, não é raro julgarmos que uma menina de oito ou dez anos
pareça uma mulher feita, por causa do vestido enorme que lhe esconde
até os pés. (LEAL, 1980, p. 53)

A falta de dados históricos, artísticos e culturais sobre as crianças e seu


desenvolvimento sócio-psicológico e cognitivo indica que elas não eram levadas

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a sério. Phillipe Ariès (1981) foi um dos primeiros a se ocupar de estudos e
pesquisas sobre o surgimento do conceito de infância. No contexto brasileiro,
por volta de 1875 é que a infância começa a ser olhada de uma maneira diferente
e a criança passa a ser percebida como um ser que necessita de cuidados
especiais.
É também neste momento que surgem os primeiros “jardins de infância”,
escolas formais para crianças pequenas, criados por Friederich Froebel, um
alemão que, ao se opor à tradição secular e propor uma educação com ênfase
no respeito à natureza humana e suas necessidades e interesses, contribuiu de
maneira significativa para a educação contemporânea. Froebel Ele defendeu a
importância da educação infantil e que ela leve em consideração a importância
do brincar, da atividade construtiva e também do estudo da natureza. Com base
nessas premissas, ele fundou um um kindergarten em 1837, que significa "jardim
de infância". (OLIVEIRA, 2007).

Influenciado por uma perspectiva mística, uma filosofia espiritualista


e um ideal político de liberdade, criou em 1837 um kindergarten(“jardim
de infância”) onde crianças e adolescentes – pequenas sementes
que, adubadas e expostas a condições favoráveis em seu meio
ambiente, desabrochariam sua divindade interior em um climade
amor, simpatia e encorajamento – estariam livres para aprender sobre
si mesmos e sobre o mundo. (OLIVEIRA, 2007, p. 67)

A partir disso, as mudanças foram feitas de acordo com as necessidades


e interesses das respectivas épocas e as creches, foram criados CMEIs (Centros
Municipais de Educação Infantil) e EMEIs (Escolas Municipais de Educação
Infantil) da forma que conhecemos hoje.

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1.2 A evolução da música na humanidade e seu uso na prática
pedagógica

A arte em geral oferece ao professor um amplo leque de possibilidades, o


que dificulta o trabalho de um mesmo professor em todas as suas dimensões no
contexto da educação artística. O ideal, então, é que houvesse um professor
habilitado para trabalhar, de maneira específica, as diversas esferas da arte.
A utilização da música no processo educativo há muito tempo é vista como
uma forma de realizar uma educação integral da pessoa, voltada para o aluno
no pleno exercício da cidadania e possibilitando que a ação social transforme,
modifique e crie uma nova visão de homem, sociedade e de mundo.
Ao ter acesso a uma formação educacional que contemple o maior
númeropossível de atividades/aspectos diversificados, o indivíduo tem maiores
chances de exercitar sua cidadania, atuar de maneira significativa na realidade
na qual está inserido e promover transformações positivas. Nesse sentido, a
música tem papel extremamente relevante no processo de formação
socioeducativo da criança e de igual maneira, do jovem.
Entre os povos mais antigos, como os gregos, encontramos um espaço
bastante privilegiado para a música.
No contexto educacional grego, a música tinha lugar de muito destaque,
sendo considerada fundamental no processoformativo do indivíduo. Além disso,
os gregos nutriam verdadeira paixão pela música. Tendo como realidade tal
paixão e a importância dada à música, ela se transforma em disciplina escolar
na Grécia.

Desde a infância eles aprendiam o canto como algo capaz de educar


e civilizar. O músico era visto por eles como o guardião de uma ciência
e de uma técnica, e seu saber e seu talento precisavam ser
desenvolvidos pelo estudo e pelo exercício. O reconhecimento dovalor
formativo da música fez com que surgissem, naquele país, as primeiras
preocupações com a pedagogia da música. Assim, a música requer

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uma instrução que ultrapassa o caráter puramente estético;torna-se
uma disciplina escolar, um objeto de mestria, proporciona a medida
dos valores éticos, torna-se uma “sabedoria”. (LOUREIRO, 2003, p. 34)

A educação grega tinha como fundamento a formação plena e equilibrada


de cada indivíduo. Para tanto, se utilizavam tanto da música quanto da ginástica,
objetivando atingir o grau desejado de equilíbrio. De outro modo, se pode pensar
nas relações entre o pensamento musical e o raciocínio matemático, relação esta
(música/raciocínio matemático) estabelecida e enfatizada por Pitágoras, que
considerava que ambas faziam parte de um todo.

A Grécia desenvolveu, dentre outras coisas, um dos elementos mais


importantes do pensamento musical: o raciocínio matemático. Essa
relação entre a matemática e a música se deve ao matemático
Pitágoras, que ampliou suas descobertas para a dimensão da acústica
sonora. Segundo Pitágoras, matemática e música eram parte uma da
outra, e nessa relação estava a explicação para o funcionamento de
todo o universo. A música é então considerada fonte de sabedoria,
indispensável à educação do homem livre. (LOUREIRO, 2003, p. 35)

Platão, por sua vez, se apropriando dos fundamentos defendidos por


Pitágoras, considerava a educação musical condição sine qua non para se
chegar ao conhecimento filosófico. Levando em consideração as ideias de
Pitágoras e Platão, é fácil perceber a importância da música no contexto
socioeducativo da Grécia antiga e o quanto ela contribuiu para o
desenvolvimento de grande parte do conhecimento que usamos hoje sem
sequer nos dar conta de como tiveram início (LOUREIRO, 2003).
Segundo Loureiro (2003), esta influência grega e a importância que
atribuíram à música no processo de educação e desenvolvimento do indivíduo
propagaram-se aos povos romanos durante a expansão do Império Romano.
Entretanto, entre os romanos, a música não era vista da mesma maneira que
entre os gregos, e ela passou a ser rejeitada como saber prático e ser
considerada como saber científico.
13
Com o tempo, por influência da cultura helenística, a educação
musical vai ganhando espaço entre os romanos, passando, porém,
aser estudada como “ciência”, como um saber científico, privilegiando
seu aspecto teórico, em detrimento do conhecimento prático. É oinício
do rompimento da visão integrada da música, ou seja, da cisão entre
a “música com a mente” e a “música com o corpo”.(LOUREIRO,
2003, p. 37)

Enquanto no mundo grego a música era vista como importante e essencial


para a educação do indivíduo, as artes (incluindo a música) não
desempenhavam um papel tão proeminente entre os romanos.
Para Loureiro (2003), o papel da Igreja Católica na Idade Média era
promover o estudo e o ensino da música no campo das ciências matemáticas.
Nesse período histórico, a música também recuperou seu caráter como
expressão das emoções humanas.

Durante a Idade Média, a Igreja Católica demonstra grande interesse


pela música incluindo-a nos cultos cristãos, pois acreditava que ela
fosse capaz de exercer forte influência sobre os homens. A Igreja
encorajou o estudo e o ensino da música como uma disciplina teórica
inserida no domínio das ciências matemáticas, por isso ela se situa ao
lado das disciplinas aritmética, geometria e astronomia. Os
representantes da Igreja prestaram um valioso apoio à investigação e
ao ensino musical. (LOUREIRO, 2003, p. 38)

Também no cenário brasileiro a música teve um papel preponderante no


processo de colonização, desenvolvido principalmente pelos padres jesuítas,
que tiveram a missão de fundar as primeiras escolas e catequizar os indígenas.
O cenário educacional passou por alterações, mas desdeos primeiros tempos, a
música encontrou entre o povo brasileiro terreno fértil para sua propagação.
Tendo em vista a presença e a importância constante da música na vida
dos homens, o processo ensino-aprendizagem aproveita as inúmeras
possibilidades que ela oferece, como a inserção no cotidiano escolar. Assim, no
processo do ensino e aprendizagem formal, desenvolvido cotidianamente nas

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escolas, a música adquire uma importância ainda maior, propiciando um
caminho prazeroso para que alunos de diversas idades assimilem
conhecimentos com maior facilidade, muitas vezes, sem sequer se darem conta
de que estão aprendendo algo.
Na primeira metade do século XX, as disciplinas Desenho, Trabalhos
Manuais, Música e Canto Orfeônico faziam parte dos programas das escolas
primárias e secundárias, concentrando o conhecimento na transmissão de
padrões e modelos das culturas predominantes.
Na escola tradicional valorizava-se a destreza manual, o “talento artístico”,
os hábitos de organização e de precisão, que ao mesmo tempo revelavam uma
visão utilitária e imediata da arte. Os professores trabalhavam com exercícios e
modelos convencionais selecionados por eles em manuais e livros didáticos.
O ensino da Arte enfocou principalmente a área técnica, mais a figura do
professor; competia a ele "transmitir" aos alunos códigos, conceitos e categorias
associadas a padrões estéticos que variavam de uma língua para outra, mas
sempre com a reprodução de modelos em comum (PCN/Arte, p. 25, 2001).
Com o passar do tempo, as aulas do Canto Orfeônico experimentaram
uma série de entraves ao seu pleno desenvolvimento, sendo que, após cerca
de trinta anos, as atividades deram lugar à Educação Musical, que substitui uma
prática pedagógica que baseava-se numa aula de música pautada na teoria
musical que privilegia os aspectos matemáticos e visuais do código musical por
uma nova realidade onde a música passa a ser sentida pelos alunos.
No contexto brasileiro, a igreja também tinha a tarefa de inserir a música
no contexto educacional, uma vez que tanto o processo de catequese indígena
quanto o processo de formação do colono eram dirigidos pelos jesuítas.

O ensino da música no Brasil remonta aos primórdios do processo de


colonização, iniciando-se com a vinda dos jesuítas. Chegando ao
Brasil em 1549, abriram as primeiras escolas e aqui se estabeleceram.

15
(...) A evangelização dos nativos exigiu dos jesuítas uma atuação
diferente da que desenvolviam nos colégios europeus, que acolhiam a
elite da sociedade europeia da época e ofereciam o que hoje
poderíamos chamar de ensino médio. (LOUREIRO, 2003, p. 43)

Com o advento do Renascimento e sua filosofia humanista, ocorre uma


tentativa de restabelecer os valores culturais greco-romanos e o papel
preponderante da música na educação. Com a Reforma Protestante essa ideia
ganha força, sendo que nas escolas protestantes estabelece-se um lugar de
destaque para a música. Nesse contexto, os jesuítas também passam a utilizar
a música como recurso pedagógico visando à formação do bom cristão.
No contexto da disputa por espaço entre católicos e protestantes, o uso
da música no contexto educacional estava praticamente limitado a fins religiosos
até o final do século XVIII, quando, com Pestalozzi e Froebel, surge uma nova
visão da música, isenta da finalidade religiosa.
As ideias defendidas por Pestalozzi e Froebel partiam do princípio de
que antes de entrar em contato com conceitos abstratos, a criança deveria
experimentar a música de forma concreta, e a metodologia utilizada deveria
levar o aluno a explorar os sons, a expressão corporal, bem como ter
possibilidade de escutar e perceber a música. (LOUREIRO, 2003, p. 41).
Nessa perspectiva não caberia ao professor apenas repassar
conhecimentos, técnicas e teorias ao aluno. Sua função seria antes voltada para
dar ao aluno experiências concretas com as quais ele pudesse agir e
experimentar livremente, em vez de obter conhecimento reproduzível.
Dadas todas as características citadas, pode-se afirmar que a música tem
contribuição fundamental para o processo ensino e aprendizagem dos
indivíduos, seja na educação formal ou informal. Na música, a aprendizagem se
dá de maneira mais integral, pois engloba diversos aspectos.

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Abre-se aqui todo um campo para a educação artística que, portanto,
deve integrar o currículo das escolas. E, nesse âmbito, sobreleva, em
meu entender, a educação musical. Com efeito, a música é um tipo de
arte com imenso potencial educativo já que, a par de manifestação
estética por excelência (...) apresenta-se como um dos recursos mais
eficazes na direção de uma educação voltada para o objetivo de se
atingir o desenvolvimento integral do ser humano. (SAVIANI, 2000, p.
40)

Uma das principais barreiras para que a música seja uma ferramenta de
aprendizagem eficaz é seu estado atual de "marginalidade" em nossas escolas.
Frente a outras disciplinas, consideradas mais importantes, a música,
normalmente, fica restrita a algumas atividades isoladas dentro das aulas de
educação artística, não tendo, portanto, um planejamento específico.

Desde que o ensino de música deixou de ser obrigatório nas escolas


(com o fim do canto orfeônico e, mais tarde, sua inclusão na educação
artística), essa área de conhecimento vem sendo desprestigiada ou,
mais do que isso, excluída do currículo escolar. (LOUREIRO, 2003,
p. 21)

Diante desse cenário, é difícil para os professores desenvolverem


trabalhos relevantes na área da música, já que tem que realizar um verdadeiro
ato de malabarismo para enxergar diferentes áreas das artes (teatro, desenho,
dança, etc.), dentro do cronograma já reduzido das aulas de educação artística.
Diversos teóricos da educação enfatizam a necessidade de que a criança seja
percebida, considerada e educada a partir das características, potencialidades
e necessidades próprias da idade. Nesse sentido, a música oferece a
oportunidade de abordar vários conteúdos para despertar a atenção da criança.
O uso da música no ensino e aprendizagem mudará as percepções,
comportamento e pensamento dos alunos, bem como aspectos subjetivos. Com
isso, também mudará o mundo em que vivem, adquirindo novos significados,
além de modificar sua própria linguagem musical.
17
Nogueira (2003) A música deve ser considerada uma "arma" educacional
e também um dos meios de comunicação mais importantes de nosso tempo. No
artigo, o autor também mencionou Snyders (1997), que expressou que esta
geração nunca teve uma vida mais musical que a nossa.
O autor também enfatiza que, para compreender o processo de
desenvolvimento de uma criança, é necessário ir muito além dos aspectos
biológicos ou intelectuais da mesma.

2 A MÚSICA NO PROCESSO ENSINO E APRENDIZAGEM NA


EDUCAÇÃO INFANTIL

2.1 Refletindo sobre a inclusão da música na prática pedagógica

No ambiente escolar, há muito tempo, observa-se a utilização da música


como instrumento de aprendizagem de diversos conteúdos, e também a música
como disciplina. Entretanto, historicamente se observa problemas relativos às
aulas de música, como disciplina propriamente dita, no âmbito da educação
formal.
No entanto, percebemos como professor de música, que o trabalho com
a música ainda fica a desejar. Primeiro, porque os professores não têm nenhuma
formação especial e não conhecem os fundamentos do instrumento musical e,
segundo, porque não existem instrumentos musicais na escola para desenvolver
atividades com as crianças.
Em muitos momentos o que se percebe é a introdução da música (assim
como outras áreas das artes) como algo sem importância, como se ela estivesse
ali apenas como um passatempo para os alunos. Esse "olhar de desprezo" é
dado tanto pelos próprios alunos quanto pelos professores de outras disciplinas

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que veem as artes como algo secundário à aprendizagem, como se estivessem
trabalhando em conteúdos menos importantes.
No entanto, as artes oferecem uma infinidade de possibilidades que dão
aos professores a oportunidade de trabalhar o conteúdo da respectiva área, bem
como o conteúdo de outras disciplinas de uma forma mais lúdica. Ou seja,
quando brinca, e consequentemente quando canta, a criança experimenta
sensações e também tem a oportunidade de internalizar aprendizados
importantes para seu processo de desenvolvimento pessoal e cognitivo.

[...] a música proporciona a plena entrada nos aspectos mental,


corporal, intelectual e afetivo, exercendo um grande poder sobre o
corpo, de forma consciente e inconsciente. Nesse caso, a música pode
não ser traduzível em palavras, mas nos faz pensar na possibilidade
deser traduzível em gestos. (BEYER; KEBACH, 2009, p. 39)

Por exemplo, ao entoar a canção "A galinha do vizinho4", a criança tem a


possibilidade de entrar em contato com números. Um outro exemplo é a música
"Cabeça, ombro, perna e pé", com a qual o educador pode trabalhar partes do
corpo humano com as crianças, iniciando, assim, seu processo de
descobrimentodo próprio corpo. Regras de convívio social, assim como valores,
também podem ser transmitidos com a utilização da música.
Entretanto, a realidade nos mostra outro cenário, no qual, no ambiente
escolar, salvo raras exceções, nos deparamos com uma realidade em que há
uma supervalorização das disciplinas consideradas fundamentais, com status de
grande relevância, enquanto que outras são vistas como complementares.
Nesse contexto, a Língua Portuguesa e a Matemática ocupam posições
extremamente privilegiadas no currículo e na rede escolar.
Ao trazer a música para o ambiente escolar, o professor não deve ter
comopressuposto a formação de músicos e/ou compositores. O professor deve
trabalhar para que o aluno entre em contato com diferentes estilos de música e
incentive situações em que o aluno possa desenvolver o senso crítico e a
19
sensibilidade necessários para apreciar os estilos musicais diferentes daqueles
que conhece e permeiam seu cotidiano. Invariavelmente, a realidade encontrada
mostra que a dificuldade maior está em estabelecer relações entre a letra da
música a ser trabalhada e os conteúdos que se pretende abordar.
Existem várias formas de inserir a música nas variadas disciplinas do
currículo escolar, de forma a poder trabalhar com os mais diversos conteúdos
desde as séries iniciais até as mais adiantadas. Nesse sentido, os músicos Paulo
Tatit e Sandra Peres formaram o grupo musical “Palavra Cantada”, com
inúmeras músicas que podem ser utilizadas como métodos pedagógicos para a
abordagem de diversos conteúdos. Um exemplo é a canção “Ora Bolas”, com a
qual a geografia pode ser introduzida nos primeiros anos, na qual fornecem
informações sobre o mundo, o espaço envolvente e as conclusões humanas.
Compreendendo e absorvendo o ambiente em que vive pode ser difícil para os
pequenos.
O professor pode apresentar a música aos alunos e, a partir dela,
introduzir diversas perguntas que levarão as crianças a se apropriarem de
determinados conhecimentos ao refletirem sobre sua própria realidade para
responder às questões propostas pelo professor. Por meio dos questionamentos
levantados a partir da música, o professor pode mostrar aos discentes que cada
um se encontra inserido em um contexto que faz parte de um ambiente geral
(cada um está em uma casa, está em uma rua, em um bairro, cidade, e que
todos se encontram dentro de um mesmo país). Assim, o professor pode
trabalhar a ideia da totalidade do mundo, no qual todos se encontram.
Mesmo na segunda fase da escola primária, existem inúmeras
oportunidades para incorporar a música na abordagem de diferentes conteúdos.
Um bom exemplo são as músicas “Cálice” e “Apesar de Você”, de Chico Buarque
(entre inúmeras outras compostas durante a ditadura como forma de denúncia

20
e protesto da realidade vivida), que oferecem ao professor a oportunidade de
explorar questões ligadas à ditadura militar no Brasil.
Entre outras coisas, a partir das canções citadas, o professor pode
estimular a reflexão com os alunos e oferecer oportunidades para desenvolver
um sentimento crítico a fim de analisar a realidade vivida durante a época da
ditadura brasileira. Para imprimir maior sentido às atividades e possibilitar que
os alunos tenham contato mais concreto com a questão abordada, o professor
pode, também, propor que procurem pessoas que viveram tal período, buscando
obter informações e visões de quem conheceu a realidade do momento histórico.
No ensino médio a realidade não é diferente e com canções diversas
podem ser abordados inúmeros conteúdos de variadas disciplinas. Como
exemplo, o professor de sociologia pode trazer para a aula a canção “Vítimas da
Sociedade” de Bezerra da Silva para trabalhar questões relacionadas com a
discriminação, desigualdade social, corrupção e impunidade.
Assim como nas outras atividades, o professor pode trazer a música para
asala de aula e propor discussões procurando extrair a impressão e conclusões
doseducandos, tentando estabelecer um paralelo entre a realidade apresentada
na música e a realidade vivida por cada um deles cotidianamente.
Além das músicas, tópicos e conteúdos listados, existem inúmeras outras
opções que podem ser trazidas para a sala de aula para ajudar o professor a
desenvolver seu trabalho para garantir melhores resultados no processo de
aprendizagem do aluno.

2.2 A música como recurso lúdico na Educação Infantil

Para compreender a performance da música na educação infantil, é


necessário compreender sua trajetória histórica e analisar sua antecessora no
Brasil. É difícil imaginar a educação musical aplicada da maneira que se propõe,
pois no início da educação infantil no Brasil era estritamente auxiliar e não

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educacional. No domínio público, o atendimento a crianças de 0 a 6 anos teve
início em 1899, e o Instituto de Proteção e Assistência à Infância foi criado no
Brasil nesse mesmo ano. (KRAMER, 2003)
Na história da educação infantil no Brasil, o cuidado infantil surgiu e
continuará sendo um conceito pouco importante na sociedade por muitos anos,
e algumas mudanças ocorreram gradativamente. Mas o foco está na
manutenção da ordem na sala de aula, como disse Loureiro (2003), é importante
que as escolas utilizem o canto como forma de controle e integração dos alunos,
por isso há pouca ênfase na música. (LOUREIRO, 2003, p. 49).
Nos termos da lei, somente por meio do nova Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (nº 9.394/96), o ensino de arte pode ser incluído no seu Art.
26, § 2o, da seguinte forma: O ensino da arte, especialmente em suas
expressões regionais, constituirá componente curricular obrigatório da educação
básica. O RCNEI enfatiza a existência da música na educação infantil e fornece
diretrizes, objetivos e conteúdos para o trabalho dos professores.
Os conceitos adotados no documento entendem a música como
linguagem e campo do conhecimento, pois possui estrutura e características
próprias, que devem ser entendidas como: produção, apreciação e reflexão.
(RCNEI, 1998)”. O documento também fornece orientações sobre o conteúdo
musical, dividido em duas partes: "fazer música", entendida como improvisação
(RCNEI, 1998, p. 57), composição e interpretação e "apreciação musical", que
se referem a questões musicais. A proposta do RCNEI é uma discussão sobre a
prática docente, em especial a prática musical aqui, para não sufocá-la com um
modelo pré-definido. Os avanços alcançados são muito importantes, a obra
utiliza conteúdos e métodos próprios para tematizar a importância da música
como área do conhecimento, o que deixa claro o RCNEI.
A música faz parte da educação infantil e não é mais utilizada, como diz
o jargão, para "preencher lacunas", mas para utilizar a qualidade explicitamente

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mencionada nos documentos que fundamentam seu uso e orientam seus
métodos. Para Chiarelli (2005), A música é importante para o desenvolvimento
da inteligência, interação social e harmonia pessoal das crianças e ajuda a
integrar e incluir. Para o autor, a música é imprescindível na educação infantil,
sendo uma atividade e uma ferramenta utilizada em várias disciplinas, incluindo
atividades estimulantes para esse fim.
Presente em diversas atividades da vida humana, a música se apresenta
também de muitas formas no contexto da educação infantil. Podemos perceber
isso em diferentes situações, como horário de chegada, lanches, festas
escolares (como bailes), diversão em geral, e não há diferença na relação das
crianças com o mundo.
A música também permite a interação com o mundo adulto de pais, avós
e outras fontes, como televisão e rádio, que inclui o cotidiano das crianças,
formando o primeiro repertório de seu mundo sonoro. Ao brincar, fazem
demonstrações espontâneas em família ou sob a intervenção dos professores
da escola, para que as crianças se familiarizem com a música.
Em muitos casos de sua vida social, eles vivem ou estão expostos à
música. A este respeito, RCNEI explica: “O ambiente sonoro e a existência da
música nos diferentes e diversos cotidianos permitem que os bebês e as crianças
iniciem o seu processo musical de forma intuitiva. Adultos cantam melodias
curtas, cantigas de ninar, fazem brincadeiras cantadas, com rimas parlendas,
reconhecendo o fascínio que tais jogos exercem” (Brasil, 1998, p. 51).
Para Nogueira (2003, p. 01A música é entendida como uma experiência,
“quase com todas as trajetórias das pessoas neste planeta. E, principalmente
hoje, deve ser considerada uma das mais importantes formas de comunicação.
A experiência musical não pode ser ignorada, mas compreendida, analisada e
transformada criticamente”.

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Ao trabalhar na escola, deve-se levar em consideração o conhecimento
prévio das crianças sobre música, e os professores devem usar isso como ponto
de partida, incentivando a criança a mostrar o que ela já entende ou conhece
sobre esse assunto, devendo ter uma postura de aceitação em relação à cultura
que a criança traz. Em alguns casos, o professor pode inadvertidamente ignorar
o ambiente cultural e social da criança, o que não é bom porque levará ao
desinteresse pelas aulas de música.
A música pode ser usada continuamente na sala de aula, como o canto,
incentivando as crianças a dizerem o nome delas mesmas e dos colegas, para
que possam ter uma interação muito interessante. Portanto, além de promover
a socialização, a música fornece grande suporte em todo o processo de
aprendizagem, facilitando o jogo, a memória e a criatividade.
Quando falamos sobre o processo de utilização da música na educação
infantil, precisamos lembrar que as crianças usam sons, cantam e fazem música
espontaneamente. Outra forma de lidar com a música é por meio de jogos
musicais, que podem ser tocados na educação infantil para apresentar o som. O
pesquisador, compositor e educador francês François Delalande (1979) propôs
um exemplo envolvendo atividades lúdicas infantis propostas por Jean Piaget e
propôs três dimensões musicais:
1) Jogo sensório-motor, Relacionado à exploração de sons e gestos. Jean
Piaget disse que a fase pré-linguística ocorre aproximadamente nos primeiros
18 meses de vida da criança. Nessa fase, Dellande (1979) entendeu o conceito
de tempo como uma sucessão, onde as crianças ouvem, percebem sons e
processam instrumentos musicais;
2) Os jogos simbólicos combinam o valor expressivo da linguagem
musical. Nesta fase, o jogo segue a construção do pensamento representativo;
3) O conjunto de regras proposto por Piaget diz respeito à estruturação da
linguagem musical.

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O trabalho proposto por Delalande (1979) pode partir da voz do corpo da
criança. Pode bater em sua barriga, braços, pernas, encher suas bochechas de
ar, atingir sua boca e assim por diante. Todas essas ações emitemsons graves
(som mais grosso) e agudos (mais finos). Estes sons podem ser editados no jogo
e podem até ser editados em conjunto com os sons que fazemos quando
pronunciamos as letras do alfabeto. Por exemplo, é o som de uma letra mais
baixo ou mais alto e comparado com os sons emitidos em certas regiões do
corpo, fazendo ligação direta da atividade com os sons e o aprendizado das
letras do alfabeto.
Delalande (1979) explica também que o conceito de ritmo também é muito
importante. Para isso utilizamos alguns instrumentos que podem ser adquiridos
e feitos, como chocalhos, ocarinas (instrumento de sopro que emite sons graves
e agudos), apitos e pandeiros, o que vai desenvolver na criança seu conceito de
ritmo. Alguns vão ter essa noção naturalmente, outros, vão desenvolvê-la com
essas atividades. Se o professor domina um instrumento, como violão ou piano,
ele pode acompanhar os movimentos das crianças com a percussão, ou pode
cantar uma música, porque qualquer pessoa tem habilidade e conhecimento
para fazê-lo.
A autora Jeandot (1997) diversas possibilidades são oferecidas na
construção do instrumento musical, tais como: escolher chaves antigas que não
estão mais em uso, fixando-as em um suporte de madeira, deixando-as no ar,
para que as crianças possam produzir um som suave com as mãos. Ou, ainda
que sejam chaves velhas, coloque-as em uma pilha de chaves e a criança só
precisa sacudi-las ou bater com uma vareta. Também podemos usar várias
tampas de garrafa de refrigerante, passar uma corda por elas e amarrá-las,
sacudindo, que fará barulho, e depois de mão em mão. Ainda existem outras
diversas possibilidades como encher latas de refrigerantes e copos de iogurte
com arroz e construir chocalhos, usar tampas de panelas como pratos, etc.

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Jeandot (1997) mostra também como usar cascas de coco vazias que
podem ser transformadas em instrumentos de percussão, abóboras, com
sementes lindas, podem fazer grandes maracas, tubos de papel higiênico vazios,
uma extremidade coberta com papel de seda, quando as crianças brincam,
produzirá instrumentos de sopro e várias outras possibilidades.
Ainda segundo Jeandot (1997), a pedido dos alunos foi cantada a canção
“Fui ao mercado”, antes já havia sido contada a história da “Cotia e o fazendeiro”,
para contextualizar o tema dos animais que viria a ser trabalhado na
musicalização. A professora e os alunos fizeram instrumentos musicais de
sucata. As crianças trouxeram resíduos de casa, como latas, barris de leite,
balas, lascas de madeira, etc. Além das atividades musicais, os professores
também usam bandas de conscientização ecológica, exemplos que comprovam
a eficácia da música como ferramenta educacional que auxilia no
desenvolvimento de crianças do jardim de infância.
Jeandot (1997) apresenta outra intervenção que se chama “atenção-
concentração”, que consiste em batidas nas mãos e partes do corpo. Bate-se
palmas 3 vezes sem perder o ritmo e mais 3 vezes depois de dizer
"concentração", em seguida, no mesmo ritmo, pede-se aos alunos: Batam
palmas, batam as coxas, batam no rosto, batam no pé, batam na barriga, batam
no peito, e assim por diante. Para dificultar, se diz a palavra "bata" cada vez
mais rápido. A autora também destaca que este trabalho traz o conhecimento
dos diagramas corporais e da noção de andamento e ritmo
Sons de boca também podem ser usados.Para isso, Jeandot (1997) nos
mostrou algumas experiências, como vibrar lábios com dedos, bater de língua,
bater em bochechas cheias de ar e perguntar à criança o que ela acha de cada
som após essa atividade. Vistas, que tipo de sons ela mais gosta de ouvir e fazer
e como é reproduzi-los. A autora também apresenta a possibilidade de se emitir
som com os pés, é uma atividade livre em que as crianças ouvem uma música,

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e batem os pés no ritmo dela, pulando, correndo, etc. Esta atividade pode
ser realizada por crianças descalças ou calçadas, a brincadeira permite diversos
movimentos e o reconhecimento auditivo dos pés e do corpo.
Rosa (1990) também apresenta exemplos de atividades que trabalham os
sons, como, por exemplo, usar uma parte de mangueira de jardim para as
crianças, aos pares, conversarem com a boca nos orifícios das extremidades da
mangueira. Elas vão notar como o som de suas vozes se propaga pelo ar da
mangueira ou, ainda, que a criança fala consigo mesma, colocando um orifício
da mangueira na boca e outra no seu ouvido.

2.3 Benefícios da música no contexto escolar

A música possibilita ao aluno desempenhar funções motoras e


intelectuais, bem como se relacionar com o meio social, ferramentas de trabalho
à disposição dos professores para facilitar este método.
Além de melhorar o clima escolar, a música tem efeito calmante após
fases de atividade física e atividades como visitas a ambientes externos, reduz
o estresse em momentos de avaliação e também pode ser utilizada como
método de aprendizagem de todos os assuntos.
O professor pode selecionar várias músicas que abordem o tema que está
sendo trabalhado em sua aula, o que torna a aula atrativa, dinâmica e ajuda a
memorizar as informações transmitidas para atividades posteriores.
A música não é apenas um apetrecho, além de ser de fácil acesso, não
precisa de muitos recursos e materiais, não precisa necessariamente de nada
além de música, alunos e professores. O som uma vez produzido, tanto por
instrumentos, objetos ou pelo corpo como palmas, pode transportar os
educandos para um mundo vasto de aprendizado, em que a intensidade deste
seguimento varia de acordo com as diversidades individuais.

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No ambiente escolar, principalmente nas primeiras séries, as crianças
começam a desenvolver suas perspectivas intelectual, motora, linguística e
psicomotora. Mas, a música também deveria ser praticada como matéria em si,
como linguagem artística, forma de cultura e expressão. A escola deve ampliar
o conhecimento do aluno, estimular a convivência com diferentes gêneros
musicais, introduzir novos estilos, fazer um diagnóstico reflexivo do que lhe é
apresentado, permitindo que o aluno se torne um ser crítico.
Combinar música e movimento por meio da dança ou da linguagem
corporal pode ajudar algumas crianças a se adaptarem a uma situação escolar
difícil (inibição psicomotora, debilidade psicomotora, instabilidade psicomotora,
etc.). Por isso é tão importante a escola se tornar um ambiente alegre, favorável
ao desenvolvimento.
As apresentações musicais que acontecem na escola não devem servir
apenas para formar músicos, mas sim através da prática e percepção da
linguagem musical, proporcionar a abertura dos canais sensoriais (visual,
auditivo e sinestésicos), facilitando a expressão de emoções, ampliando a
cultura e contribuindo para a formação total do cidadão.

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3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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