PRA Margarida Outubro

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Margarida Ferreira De Sousa Pinheiro

PORTEFÓLIO REFLEXIVO DE APRENDIZAGENS


Técnico/a de Ação Educativa

Valongo, 2022/2023
Curso: Técnico de Ação Educativa
Área de Educação e Formação: 761175 - Técnico/a de Ação Educativa
Modalidade: Educação e Formação de adultos (EFA)
Carga Horária: --- horas (colocar horas finais)
Coordenação: Zita Cardoso
Mediação: Cristina Silva Pereira
Equipa Formativa: Carla Castro; Dalila Melo; Elvira Santos; Helena Oliveira; Isabel
Sousa; Luísa Cardoso; Luísa Monteiro; Mafalda Pessoa; Margarida Alves; Marisa Leal;
Ricardo Oliveira; Rita Dias Coelho.

APRESENTAÇÃO/PRÓLOGO

Objetivo do Documento: Este Portefólio (PRA) foi concebido por Margarida Pinheiro e,
pretende-se que seja usado como instrumento obrigatório de avaliação desenvolvido
no âmbito do curso EFA Técnico de Ação Educativa. O PRA reflete e evidência o
processo de formação do(a) formando(a), agregando as reflexões realizados no âmbito
do seu percurso formativo, enquanto conjunto planeado e organizado por toda a
equipa formativa. Evidência as competências adquiridas e serve como base de decisão
sobre a certificação final do percurso formativo. Este PRA não substitui as avaliações e
objetivos das UFCD´s, mas complementa-as.

Condições de Utilização: Este PRA não pode ser reproduzido, sob qualquer forma, sem
autorização expressa do(a) Formando(a).

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Valongo, 2022/2023

AUTOBIOGRAFIA, A MINHA HISTÓRIA DE VIDA

É complicado olhar para trás, para um tempo que já não nos pertence.
Queremos ver só alguns momentos, sem que a memória desarrume toda a gaveta e
encontre as saudades que estão embrulhadas no nosso coração. Esse espaço feito de
ilusão, que guarda toda a nossa história e que a arruma na gaveta principal da nossa
alma. É ali, que estão bem guardados todos os segundos que vivemos. Quando
porventura, queremos olhar para um tempo que ficou lá atrás, há sempre algo que
não queremos recordar, mas que vem agarrado aos bons momentos que tivemos e
gostaríamos de reviver.
É complicado quando queremos escrever a nossa história, quando (des) escrevemos as
verdades que contam quem somos, e encontramos os erros em que nos afundamos,
que nos fizeram derramar lágrimas, das quais agora não queríamos voltar a sentir o
sabor.
Sou a Margarida Pinheiro e nasci a 31 de agosto de 1971 no Hospital de S. João no
Porto.
Cresci na Travagem um lugar da Vila de Ermesinde. Terra onde nasceu quase tudo de
importante que Ermesinde tem. O lugar da Travagem foi sempre mais desenvolvido,
até mais do que o centro de Ermesinde, devido à sua estrada de grande movimento
que existe entre o Porto e Guimarães, passando a gozar de grande prestígio, desde a
construção da ponte de três arcos sobre o rio Leça, inaugurada em 1845.
Nasci no seio de uma família numerosa e muito humilde; em 1971 a família ainda não
era tão numerosa, afinal sou a sétima filha de dez filhos. Tenho seis irmãos mais velhos
e três mais novos, e a diferença de idades entre nós é de mais ou menos dois anos. A
minha irmã mais velha chama-se Rosa, a seguir é o Zé, depois a Lucília em seguida é o
Tone, a seguir vem o Victor, depois o Tino, e finalmente eu (Guida), é assim que ainda
sou chamada pela família, depois veio a Susana, logo a seguir veio o Paulo e por
último, mas não menos importante veio o Pedro.

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Como seria de esperar com uma família tão numerosa, havia muitas dificuldades
financeiras, para dizer a verdade, materialmente faltava quase tudo, no entanto na
parte emocional e afetiva, não se sentia falta de nada. A minha mãe compensava tudo
o que faltava materialmente com muito amor, ainda me lembro que passava as noites
a remendar as nossas roupas, e lavava roupa para fora para amealhar algum dinheiro,
e assim nos poder comprar nos dias de feira as azeitonas, os tremoços e a chouriça de
colorau para o lanche. Contava-nos histórias enquanto comíamos a sopa e o peixe, e
assim entretidos nem nos apercebíamos que muitas vezes ela não comia.
Sem dúvida que as minhas melhores lembranças foram feitas na infância, quando eu
podia brincar e as aprendizagens eram grandes, parecia que todo tempo era vivido de
uma forma diferente, como se na infância todos os nossos sentidos estivessem mais
apurados.
Sinto saudades daqueles tempos em que nos reuníamos na rua, para brincarmos de
saltar à corda, jogar à bola, à macaca e as às escondidinhas. Saudades da liberdade que
tínhamos de andar na rua, brincar na chuva, saltar nas poças de água que se
formavam, sentir o cheiro da terra molhada.
Sem dúvida, posso dizer que minha infância foi boa e muito diferente da que vemos
hoje em dia. Naquela época, não havia ganância, competição, muito menos maldade.
Eu os meus irmãos e amigos só queríamos brincar, estar uns com os outros e divertir-
nos, aproveitar cada momento, sendo apenas crianças.
A boa Infância é aquela que tem de tudo um pouco, de melhores amigos a inimigos, de
brincadeiras a traquinices, de primeiro contato com lugares que serão especiais, até os
pequenos medos que nos acompanharão pela vida. Sinto saudades daquele desejo que
tinha pelo desconhecido e da coragem que me fazia acreditar que podia fazer tudo e
ser tudo o queria. Isso fazia-me ser competitiva (determinada) com os meus irmãos,
sempre que diziam que eu não os podia acompanhar por ser uma menina ou porque
era muito pequena, eu fazia questão de em tudo os contrariar. Fazia tudo o que eles
faziam, se subiam a uma árvore, eu subia também se iam para rio nadar, eu também
ia, foi assim que aprendi a nadar no rio. Por mais difícil, que fosse eu esforçava-me
para conseguir fazer as mesmas coisas. Ainda que entre as brincadeiras houvesse
também os afazeres da casa, como fazer as camas, lavar a loiça, tomar conta dos
irmãos mais novos, tudo isso fez parte da minha infância.

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Assim as horas voavam, os dias passavam, e num piscar de olhos a infância acabou,
deixamos de ser crianças.
(Parágrafo ligação - UFCD 10649) O que me marcou na infância de uma forma
negativa foi a minha entrada para a escola, para o 1º ciclo. 
De criança ativa e curiosa passei a ser passiva, não é que fosse rebelde, mas era muito
inquisitiva, porque gostava de entender os porquês e isso não era admissível. O ensino
era unilateral e rigoroso, onde recebia informação e tinha de a reproduzir, e havia
ainda os castigos e as palmatórias. Saí da escola com a 4ª classe e não fui má aluna,
pois consegui aprender basicamente todas as matérias dadas. (UFCD 10649) FIM
(Reflexão – UFCD 10649) Acredito que se tivesse tido um ensino que apesar de ser
tradicional, fosse mais acessível e interativo poderia ter desenvolvido mais as minhas
capacidades intelectuais, bem como as minhas capacidades relacionais e assim
promover a minha autoconfiança e a minha autoestima.
Hoje, o ensino está diferente, com melhores métodos, direcionados para um melhor
desenvolvimento infantil.
A criança agora está no centro da atenção, o meio que a envolve é mais adequado,
possibilitando novas formas de aprendizagem, as salas são organizadas com espaços
bem definidos, com móveis e materiais didáticos concebidos de maneira que fiquem
ao seu alcance. Foram criadas assim, melhores condições para o auto atividades e para
a criatividade. Sendo condições necessárias para o bom desenvolvimento das crianças,
que com liberdade de escolha, preservam o desejo inato pela aprendizagem, podendo
desfrutar de cada conquista, adquirindo competências pessoais, autoconfiança e
autonomia, tornando-se assim mais sociáveis, atentos ao outro e ao mundo que os
rodeia. (UFCD 10649) FIM
Parágrafo de ligação (UFCD - 10650)
Nos meus tempos de escola, o ensino era bastante rigoroso, nesse tempo as crianças
iam à escola para serem formatadas, eram tratadas como depósitos onde era debitada
a matéria. No ensino unilateral não se toleravam devaneios. O edifício era austero e
frio, era pobre e pouco preenchido, na sala de aulas poucas coisas existiam. Havia um
quadro preto de lousa, um mapa de Portugal, a secretária, no fundo da sala estava o
armário onde guardávamos os materiais. A professora chegava, colocava a régua em
cima da secretária.

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Reflexão (UFCD - 10650)
Nesse tempo as crianças eram totalmente desvalorizadas, eram tratadas como
pequenos adultos, não existia conceito de infância.
Apesar de ainda vivermos numa sociedade tradicionalista, o evoluir da sociedade foi
inevitável, por diferentes razões e aspetos, tais como ter deixado para trás uma
ditadura, o facto de termos entrarmos na construção de uma nova união europeia, o
abrir de novas fronteiras, fez com que toda uma nova mentalidade surgisse. Foi assim
que muitas coisas foram mudando e novas consciências foram surgindo, começou-se a
ver e a valorizar a liberdade de outra maneira, dentro desse novo prisma e de forma
natural, com o conhecimento de novas pedagogias, concebeu-se um novo conceito de
infância. Nasceu assim a necessidade de mudar a forma de olhar a infância. Se
queremos adultos bem resolvidos, devemos trabalhar as crianças valorizando o seu
desenvolvimento afetivo, social e físico nos primeiros anos da sua vida. Quando se
abre espaço para as suas iniciativas, está-se a desenvolver a sua criatividade. Ao
explorar o mundo que as rodeia adquirem conhecimentos, esses conhecimentos são as
ferramentas, com as quais aprendem a resolver desafios e a conceber soluções para os
problemas. Através das novas aprendizagens, conseguem adaptarem-se melhor aos
ambientes que os envolvem, com isso ganham confiança em si mesmos e nas suas
capacidades. No futuro serão adultos, mais conscientes e responsáveis.
(UFCD - 10650) FIM
Mas na vida tudo passa, o bom e o mau, assim as horas voavam, os dias passavam, e
num piscar de olhos a infância acabou. Mas quando olho para trás, sei que tudo valeu
a pena, até a ânsia que tinha para crescer. A ingenuidade de criança que não sabia que
essa era a melhor época para viver, que não previa que o futuro traria uma bola de
neve de responsabilidades. Portanto, num pestanejar de olhos, entrei no mundo
laboral. Um dos primeiros choques de realidade que tive, foi quando comecei a
trabalhar numa fábrica de confeções. Não foi fácil entrar num mundo tão diferente, o
ambiente não era de forma alguma, parecido com aquele que tinha vivido até então.
Trabalhar com mulheres de diferentes idades e personalidades, era difícil para uma
menina de 15 anos, mas foi uma grande escola, aprendi muito com essas pessoas.
Encontrei pessoas que foram e são importantes até hoje para mim. A maior parte
dessas pessoas ensinaram- me que o ser humano apesar de ser um animal racional,

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vive como um predador sempre à espreita, na esperança de obter satisfação através
do sofrimento dos outros. Com elas aprendi o que era a falsidade, a mesquinhez e o
egoísmo. Todos esses ensinamentos que tive desde a adolescência, fizeram com que
me tornasse uma adulta mais reservada, igualmente observadora e muito mais
desconfiada. Mas ainda assim, era uma sonhadora. Acreditava no amor e na vida.
Como qualquer adolescente também eu vivi a minha fase de rebeldia, com o mundo e
com a minha mãe. A educação dada pela minha mãe. Diferenciava as raparigas dos
rapazes. As suas filhas, foram ensinadas desde muito novas a fazer todas as lides
domésticas, enquanto os seus filhos homens, não participavam em qualquer tipo de
tarefa doméstica. Os Meus irmãos tinham liberdade para sair a qualquer hora, sem
que para isso tivessem de dar explicações, a não ser que viessem demasiado tarde. Já
as filhas, só podiam sair ao domingo à tarde e tinham que estar em casa antes das sete
horas, à noite não podiam sair, nem sequer para ir tomar um café, com as amigas. Mas
naquela altura era assim. A sociedade era austera e o meio bastante conservador. Não
era preciso muito para uma rapariga, ficar mal falada. Apesar de me revoltar com essa
desigualdade, (o que me levava muitas vezes a chocar com a minha mãe), tinha a
noção que tudo o que ela fazia era fruto da sua própria educação castradora, com uma
vida na qual foi sempre subjugada. Não conseguiu fazer mais que reproduzir nos seus
filhos a maneira como viveu. Quando eu própria fui mãe, comecei a compreender
melhor as suas atitudes e a valorizar a mulher extraordinária que ela era. Às vezes
ainda me pergunto como é que alguém que teve uma vida tão difícil conseguiu educar
os seus filhos. Ainda que com todos os defeitos que se lhe pudesse apontar, soube
sempre amar de tal maneira, que aquilo que ficou plantado dentro de nós foram bons
frutos, frutos esses, de responsabilidade por nossos atos, de respeito pelos outros, de
partilha, de compreensão, empatia. Mas o mais importante foi sem dúvida a
capacidade de amar, como nunca foi amada.
A minha mãe não é um ser comum (filha de mãe incógnita) foi criada sem nunca ter
tido a presença da mãe (por ter nascido fruto de um amor proibido) desde logo o seu
destino já estava marcado. Quando nasceu, já tinha havido um acordo prévio, com
uma mulher que foi contratada para a ir deixar à porta de uns fidalgos, que na altura
se supôs que pudessem vir a tomar conta dela. Quis o destino que a mulher ao deixa-la
dentro de um cesto, à porta da dita casa, nessa mesma altura a minha mãe chorasse, o

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que alertou por coincidência, a policia que por ali passava. Ao inteirarem-se do que se
estava alia passar, trataram com que fosse levada de novo para o sítio onde tinha
nascido, que era um convento no Porto. Depois disso e de se ter indagado a situação,
descobriu-se qual era o lado paterno da minha mãe. Na posse desses dados, a polícia
foi ao encontro do meu avô, que só nesse momento soube que era pai de uma menina.
Foi então a minha mãe levada pelo pai. Por não estar preparado para assumir
pessoalmente a nova situação e não querer dar a conhecer o que se estava a passar
(nem à própria família) entregou-a uma mulher na ribeira a quem ficou a pagar para
que cuidasse dela. Com essa mulher a minha mãe ficou até aos três anos de idade. Terá
sido por essa altura que a sua avó paterna, ficou a saber da sua existência, existência
essa que efetivamente tinha sido omissa pelo seu pai. Sabendo o que se estava a
passar, tirou-a da casa da tal senhora e a partir daí foi ela a responsável pela sua
educação, com a colaboração das suas filhas. Entretanto o seu pai casou-se, e saiu da
casa da mãe para ir viver em casa própria. Levou a minha mãe com ele, e ela passou a
ser educada pelo pai e pela madrasta. A verdade é que nunca teve a presença e o amor
de uma mãe, e quem a criou, nunca lhe soube transmitir esse tão grande sentimento. A
sua vida, toda ela, foi demasiadamente complicada, onde nunca chegou a viver na
verdadeira aceção da palavra. Para ela, tratava-se apenas de uma questão de
sobrevivência.
Por saber a falta que faz o amor de uma mãe, a minha mãe tudo fez, para que dentro
daquilo que podia, nos dar o amor que nunca teve e nunca nos faltar com nada. Talvez
a principio, não tivesse noção da enorme responsabilidade que tinha pela sua frente,
mas e apesar disso, tudo fez para pudéssemos viver com estabilidade, principalmente a
emocional. Foram anos de constante incerteza, com o número de filhos sempre a
aumentar. Mesmo na adversidade, soube sempre equilibrar as coisas, mas o mais
importante, foi sempre, a sua capacidade de nos saber dar colo e amar
incondicionalmente.
Levando em consideração, a forma como foi criada, não teve direito a ir á escola toda a
sua vida, viveu submetida ao poder patriarcal.
(UFCD 10651) A minha mãe tem oitenta e quatro anos de idade e é analfabeta. No seu
tempo e também fruto da sua situação familiar, nunca lhe foi dada a oportunidade de
ir à escola. Naquele tempo eram muito poucas as meninas que iam à escola. Ela com

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seis anos de idade tinha a responsabilidade de ir pastar as ovelhas e as cabras, e pelo
caminho ainda tinha de apanhar lenha para o fogão. Toda a sua infância e adolescência
foram passadas a trabalhar. Tinha também a responsabilidade de cuidar da casa e de
trabalhar para o campo, enquanto os seus irmãos iam para a escola. Mais tarde, por
volta dos seus dezoitos anos, foi trabalhar para a fábrica da lousa, e ao fim de alguns
uns anos, a empresa exigiu que todos os trabalhadores soubessem escrever, aos que
não soubessem escrever foi-lhes dada a oportunidade de frequentar a escola, e
aqueles que o não fizessem seriam dispensados do seu trabalho. Acontece que nessa
altura a minha mãe já estava casada, e o meu pai não o permitiu. Também nesse
tempo, os homens exerciam um enorme autoritarismo sobre as mulheres. Os meus
pais, nesse período das suas vidas viviam na casa do meu avô paterno que tinha
campos, e como a minha mãe acabou por ficar desempregada, porque não pôde
aprender a escrever sendo dispensada da fábrica, teve de voltar ao trabalho do campo.
Trabalhava de sol a sol e não recebia nenhuma remuneração por isso. (UFCD 10651)
Nas últimas décadas houve grandes movimentos sociais e legais, que gradualmente,
foram reconhecendo um estatuto mais igualitário do papel da mulher na sociedade.
Apesar das importantes conquistas que as mulheres tiveram, ainda é necessária a luta
pelos seus direitos, como igualdade de tratamento entre mulheres e homens, e a
igualdade de oportunidades e de condições perante o trabalho. Apesar das mulheres
serem cada vez mais participativas na sociedade, esta libertação não chega a todas as
casas, nem a todas as mentalidades, visto que tem que dar mais provas do seu valor e
ainda conciliar a sua vida profissional com sua vida familiar.
Parágrafo de ligação (UFCD-10648)
Não nos podemos esquecer, que foi exatamente a maneira desacertada como os
nossos pais nos educaram que fez com que o nosso comportamento na sociedade não
fosse o mais correto, educação essa, altamente conservadora, em parte por culpa da
própria sociedade, que nas suas bases continua a alimentar as diferenças entre
homens e mulheres, (ainda que de forma mais dissimulada), e nós que fomos
aceitando de forma passiva as discrepâncias existentes. Reflexão (UFCD 10648)
Sem dúvida que muito já se fez, mas muito ainda pode ser melhorado.

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Mas educar nos dias de hoje é uma tarefa difícil. Em contraste com os tempos da nossa
meninice, onde a informação era escassa, onde faltavam leis de proteção, onde a
sensibilidade e a atenção era pouco sentida, podemos dizer que na atualidade a
realidade é totalmente diferente, o que não quer dizer que seja melhor a todos os
níveis, porque por vezes demasiado conhecimento provoca confusão.
Diferente do nosso tempo, mudou a idade com que se pode começar a trabalhar, a
escolaridade obrigatória aumentou, a lei de proteção de crianças está mais atenta,
apesar das suas falhas, ou seja, pode-se dizer que se vive, com mais liberdade e com
mais proteção, mas também isso, não é uma verdade em si mesmo. Um fator muito
importante foi sem dúvida todo o avanço tecnológico, a todos os níveis, e queira-se ou
não, teve um forte impacto global. O mesmo aconteceu com nós, e só tínhamos acesso
então, às primeiras novelas brasileiras que surgiram, o que se sabe, é que só esse
pequeno fator alterou a mentalidade de mulheres, que começaram a ter diferentes
reflexões sobre as suas vidas, e começaram a entender que tinham necessidade de se
libertarem da opressão do machismo vulgarmente aceite. A criança de hoje tem quase
um acesso ilimitado a todo o tipo de informação, sendo esse um reflexo do que nós
somos e a forma como vivemos, faz lembrar o contraste entre ditadura e democracia,
por um lado era mau por escasso, por outro peca por excesso. É aqui, que devemos ser
lúcidos e bastante equilibrados, para conseguirmos incutir nos nossos filhos, os pilares
da boa educação e formação. Fazer isso requer de nós dedicação e persistência,
principalmente para ensinar os valores que temos como os mais importantes, tais
como, que somos todos iguais, independentemente das diferenças de cada um, e as
diferenças podem ser muitas, desde a cor da pele, a religião que se professa, o país de
onde se é oriundo, a identidade de género, a deficiência motora e física, ser-se rico ou
pobre. As crianças também aprendem a não esconder os seus sentimentos, a falar
sempre a verdade e nunca recorrer à violência como solução para os seus problemas.
Estes valores devem ser falados, e bem explicados, dando sempre oportunidade à
criança para se expressar, tentando assim perceber quais as dúvidas que possa ter,
para que através delas lhe possamos dar as respostas e explicações que se julguem
pertinentes. A aprendizagem não acontece da noite para o dia, como tal, é necessário
fazer um trabalho contínuo, ensinando e observando. Como pais e educadores, para
que tudo faça sentido temos a obrigação de dar o exemplo.

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Os bons valores, tais como a responsabilidade, a lealdade, a honestidade, a empatia, o
respeito, as iniciativas, entre outros, devem ser aprendidas ainda na infância e
transmitidos de pais para filhos, como uma herança. Só assim é possível garantir que
as crianças de hoje se tornem adultos melhores. (UFCD 10648) FIM
Ser mãe e ser mulher são coisas diferentes, mas é possível ser as duas coisas e muito
mais, sem abdicarmos de uma parte de nós ou dos nossos sonhos. Mas a maioria das
mulheres sentem o mesmo e muitas ainda se sentem julgadas e culpadas pelas suas
escolhas. Muito se fala deste sentimento que nasce quando nascem os filhos. É
interno, uma mãe sente culpa e pronto. De uma coisa ou de outra, umas mais, outras
menos, acabamos todas por ter este sentimento que por vezes pode ser devastador.
Quando os meus filhos eram pequenos eu sentia culpa de, por exemplo, os deixar para
ir trabalhar (como se tivesse a opção de não o fazer). Sentia culpa quando me atrasava
para os ir buscar, quando se magoavam, ou quando choravam e eu não podia ir logo
atender.
Eles foram crescendo e a culpa foi-se tornando mais refinada, outras culpas se vieram
juntar às já existentes. Parágrafo de ligação (UFCD- 9183)
Ser mãe, foi uma das minhas maiores alegrias, mas também onde vivenciei os meus
maiores medos. Porque quando nasce uma criança, nasce também uma mãe, e
nenhum dos dois traz manual de instruções. Nesse vínculo que nos liga vamos vivendo
uma serie, de erros e acertos. É dar o melhor de si mas ainda assim falhar. Errar, pode
ser doloroso, os receios de não sermos capazes, de que algo aconteça, que o seu
desenvolvimento não evolua de forma” normal”.
Foi assim que me senti quando nasceram os meus filhos, perfeitos e saudáveis.
“Marcos” nasceu com 52cm e 3,470kg. “Alexandre” nasceu com 50cm e 3,366kg, com
doze anos de diferença entre ambos.
(Reflexão UFCD-9183) Elvira Por Validar
Quando pela primeira vez os segurei nos meus braços, e os amamentei, senti o peso da
responsabilidade, entre todos os cuidados necessários, acrescia-me uma preocupação,
que me suscitava algum temor. No histórico familiar existe uma irmã, que tem uma
deficiência que faz com que tenha um ligeiro atraso. Vivi com alguma ansiedade o
desenvolvimento dos meus filhos, principalmente o do Marcos. Tinha 22 anos quando
ele nasceu, talvez por falta de maturidade tudo me deixava preocupada, vivia ansiosa

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Com receio de que alguma coisa corresse mal. Se ele me ouvia, seguia com o olhar, se
levantava a cabeça, segurava um brinquedo, se se sentava sozinho, o gatinhar o andar,
as febres, os dentes tudo era motivo de preocupação, vivi todas essas fases tão
intensamente, que quando recordo esse tempo, sinto que apesar de estar muito feliz
por ser mãe, no meio de tanta preocupação não desfrutei do meu bebé, parece que o
tempo voou. Por isso quando o Alexandre nasceu, apesar de ter a mesma
preocupação, com o seu desenvolvimento, aprendi a não levar tudo tão sério, fiquei
mais relaxada, queria aproveitar cada momento que tinha com ele, porque sabia esse
tempo passa muito rápido.
Compreendi também que cada criança tem o seu tempo de desenvolvimento, e que
apesar de às vezes demorarem mais a desenvolver num ou noutro aspeto, há sempre
uma margem para estarem a ter um desenvolvimento “normal”. (UFCD-9183) FIM
A vida não pode ser definida, sendo ela apenas aquilo como cada pessoa a define
como isso ou aquilo, é inevitável passar pelas angústias, pelos pensamentos e
sentimentos bons e maus. Durante bastante tempo podemos conseguir lidar
suficientemente bem com as coisas. Conseguimos ir trabalhar todas as manhãs, falar
das coisas agradáveis das nossas vidas. Mas quando se vive para evitar o erro durante
muito tempo, a energia que se gasta para fazer tudo na perfeição, é devastador, o
medo de falhar origina uma enorme ansiedade. Isso contribui para um sentimento
negativo, que faz baixar a autoestima ao ponto de ser difícil encararmos a nós
próprios.
A depressão não precisa de muitos motivos, um dia acordamos e percebemos que
nada faz sentido, parece que a vida é um filme a preto e branco, onde já não somos os
protagonistas.
Quando a tristeza se instala no nosso coração tudo fica sem cor. É o acordar cansada
ainda que o dia tenha acabado de iniciar, é morrer por dentro e continuar a sorrir, é
sofrer em silêncio e fingir estar bem, é viver rodeada de pessoas e sentir-se só. Dentro
de mim só existiam “50 tons ” de desânimo, que foram matizados pelos tons da
deceção.
As cores perderam o brilho, ficaram tão baças que quase não as conseguia distinguir,
parecia que na paleta de cores da minha vida só existia os tons cinza, até isso
naturalmente, acabava por ser tido como normal.

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A vida adulta tem destas coisas, uma vida cheia de responsabilidades, finge-se estar
alinhado com o que a sociedade espera: o emprego, o casamento, a casa, os filhos, são
os contratos sociais que assinamos sem ler as letrinhas miudinhas. Depois vem as
cobranças com juros, em caso de quebra. Há momentos que essa cobrança nos parece
uma sentença de morte, mas é-nos dada, através do risco, uma oportunidade para
finalmente nos comprometermos a recomeçar numa base mais compassiva e realista.
Quando se tem um segundo filho aos 34 anos, olhasse para a maternidade com outros olhos.
Quando se trata de maternidade, nunca deveríamos ter em relação a ela expectativas
demasiado altas, mas e apenas encarar e viver um dia de cada vez. No mundo real, a
maioria das mulheres passa por dificuldades: a falta de descanso é tramada, os
primeiros dias com o bebé em casa parecem encobertos por uma névoa, amamentar
pode ser difícil, às vezes, só temos vontade de chorar. Mas isto vem no pacote
maternidade. As pessoas falam é pouco desta parte. Sou mãe, não tenho de ser
perfeita (embora algumas mães o pareçam), nem tenho de sentir culpa.
Foi assim que encarei a maternidade pela segunda vez, desta vez os meus horários permitiam
que fosse todos os dias buscar mais cedo o Alexandre.
Assim diariamente conseguia ter cerca de uma hora para estar com ele.
(UFCD 10652) Comecei esta rotina desde o primeiro dia que ele foi para a ama. Começou por
ser uma necessidade de o ter junto de mim, no meu colo, sentir como ele se aconchegava em
mim à procura de calor e alimentação. As semanas foram passando e eu ansiava sempre por
esse momento. Durante esse tempo que era só nosso, eu era o seu mundo e ele o meu, para
mim era um constante redescobrir do amor. Onde, comunicávamos, sem dizer uma palavra,
através do olhar e do sorriso. Tínhamos diálogos de entendimento, puro e verdadeiro.
Com o seu crescimento fui adaptando esse tempo com as brincadeiras, com os livros que
faziam sons de animais, de transportes, (entre outros), livros de pinturas, blocos de
construção, e assim fui mantendo ma rotina de atividades, que me ajudou a compreender
melhor o desenvolvimento de uma criança. Era ele que me dava sinais, que essas atividades
reforçavam a sua autoestima. Porque desde cedo mostrou ter uma vontade de querer fazer
tudo sozinho.
Com ele aprendi que o crescimento não acontece sem algumas pequenas frustrações. O
desânimo perante uma dificuldade, o não ser capaz de fazer, e por outro lado, poder
presenciar a satisfação que ele tinha quando atingia um objetivo era maravilhoso, pois via que

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tudo isso, se refletia na sua construção mental, no seu crescimento tanto físico como
emocional, o que acabava por ser sempre muito positivo. Foi assim que ele começou a tornar-
se progressivamente independente e a fortalecer a sua confiança. Foi muito importante para
mim, manter este procedimento, foi uma verdadeira escola o acompanhar do seu
desenvolvimento. (UFCD 10562)
(UFCD9639)
Quando o Alexandre foi para ama, a “Zeza”, tinha entre cinco e seis meses, passou pela sua
primeira grande mudança, que foi deixar de estar comigo a tempo inteiro. Por isso mesmo,
houve o cuidado de fazer com que a sua adaptação, fosse feita de forma gradual, indo algumas
horas por dia, até que finalmente ficasse a tempo inteiro.
Apesar de ter estranhado nos primeiros dias, rapidamente se adaptou à sua nova rotina. Entre
mim e a ama, houve sempre muita partilha de informação. Atentas a cada etapa do seu
crescimento, fomos mantendo sempre uma forma de interagirmos, para que as suas rotinas
diárias fossem encaminhadas, na mesma direção de acordo com o seu crescimento, para com
isso criar condições de equilíbrio para o seu desenvolvimento, essas ações conjuntas eram
necessárias para adquirir estabilidade de comportamentos. Por tudo isso, senti sempre que o
Alexandre estava num ambiente seguro e acolhedor, como numa segunda casa.
(UFCD9639) FIM
Sempre senti muita confiança na ama “Zeza” enquanto cuidadora do Alexandre, acima de tudo
sei que para alem das rotinas normais de alimentação, higiene, sono também tinha criava
rotinas de atividades como pintura, a leitura e quando o tempo estava bom saiam para
passear.
(Reflexão UFCD-9634) Margarida
O que fazia com que o Alexandre tivesse um bom desenvolvimento, mas como só convivia com
a família e coma ama, era um pouco tímido com os outros e principalmente com crianças.
Mas aos três anos e meio, quando ele entrou para pré-escola, um mês depois do inicio, do ano
letivo porque ficou em lista de espera, o processo da mudança não foi complicado, apenas no
dia da apresentação estava um pouco retraído, mas quando a educadora o convidou a entrar
para fazer uma visita guiada a sala. Depois foi visitar JI da Gandra tem salas da pré, amplas e
iluminadas, toda o mobiliário estava bem distribuído, a biblioteca (cantinho da leitura), a
cozinha, mesas de pintura, o cantinho da casinha e a oficina. Entre as duas salas tinha um
corredor e em cada parede de corredor estavam os cabides, por cima de cada cabide estava a
foto de cada criança, existia uma casa de banho que era comum as duas salas, mostrou-lhe
ainda o espaço exterior onde podia brincar no intervalo, quando regressou a sala, deixou-o a
vontade para ele escolher o que queria fazer. A sua escolha foi um puzzle e foi para mesa

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sozinho, nos primeiros dias não era muito participativo nem trabalhava com as outras crianças
O certo é que pouco tempo depois notei que estava a evoluir muito a todos os níveis, na
linguagem o seu vocabulário ficou mais rico. Socialmente passou a tomar mais iniciativa para
interagir com outras crianças mesmo quando não as conhecia, tornou-se mais autónomo, a
partir dos quatro anos passou a vestir-se e calcar-se sozinho, assim como escovar os dentes e
tomar banho mas aí tinha a minha supervisão. Creio que todo este desenvolvimento
aconteceu devido a frequência da pré – escola, devidas as atividades que lá se realizavam.
(UFCD-9634) FIM
Quando o, “ Alexandre “,nasceu foi-me dada a oportunidade de desfrutar da
maternidade como se estivesse a ser mãe pela primeira vez, mas com novas
perspetivas e outro tipo de maturidade. Por outro lado, Tinha o “Marcos” de 12 anos
que até então era filho único. Nessa altura ter um irmão não era algo que o Marcos
deseja-se, devido à diferença de idades, mas compreendeu e aceitou a chegada do
novo membro. Quando o Alexandre ainda era recém-nascido, o Marcos foi uma
grande ajuda. Ser mãe não é fácil, ter dois filhos em idades tão díspares, complica
tudo mais um bocado.
Na verdade, desejava poder ter a capacidade de me duplicar em todos os momentos,
para que a atenção estivesse sempre centrada em ambos de forma igual, mas não é
tarefa fácil, geralmente o mais velho acaba sempre, por sentir que está a ser posto de
lado. Tinha a impressão que o coração se partia em mil pedaços.
Se por um lado tinha um bebê e todas as suas exigências que fazia com precisa se fazer
mudanças e adaptações e possíveis conflitos. or dificuldades

do outro tinha um adolescente, são duas etapas exigentes, houve dias exaustivos, as
lições que não acabavam, noites mal dormidas, mudanças de humor repentinas, casa
desarrumada e por aí adiante.

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(Paragrafo de ligação) Isabel por validar

Atualmente os seus aniversários são comemorados, de uma forma mais simples, um


bolo após o jantar. Porque os filhos crescem, deixam de querer festas, preferem estar
com os amigos, assim as suas comemorações passam a ser idas ao McDonald`s e idas
ao cinema, agora são os jantares de amigos
(Reflexão UFCD-9851)

Mas por vezes sinto saudades de quando ainda eram crianças e das suas festas de
aniversário, dos momentos em que estávamos juntos a decidir, como organizar a
preparação dos convites, como seria o bolo, quais os jogos que faríamos. Era
trabalhoso mas satisfatório ver como eles estavam ansiosos e contavam pelos dedos
os dias que faltavam para o grande dia.
Sempre realizei as suas festas em casa da minha mãe, o pátio era grande e coberto e
se tivesse bom tempo ainda havia o quintal e assim podíamos fazer vários tipos de
jogos, geralmente fazíamos uma olimpíada de jogos tradicionais, (corrida de sacos, o
jogo das colheres com um berlinde, o jogo das cadeiras, jogar à malha, a estatua,
etc…). Assim que cada convidado chegava recebia um número ou uma cor e o
vencedor de cada jogo ganhava 2 pontos, os restantes 1 ponto, no final realizávamos
uma cerimónia de entrega das medalhas feitas de cartão, e entregávamos as
lembranças a todos os jogadores (convidados).
Apesar desses dias serem cansativos, era gratificante ver como eles se divertiam.
(Reflexão UFCD-9851) FIM

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A fase da adolescência pode trazer dificuldades emocionais e
psicológicas adicionais para os pais. Lidar com as crises da idade e
tentar manter a relação entre irmãos o mais saudável possível pode ser
um desafio.

Embora o meu papel, como mãe, fosse educar os meus filhos, há coisas que os nossos
filhos também nos ensinar, mesmo sem querer. Por esse motivo, a maternidade é um
caminho de aprendizado e vivências únicas. É um tempo de diversas transformações
pessoais e coisas que antes pareciam ser impossíveis de serem feitas, acontecem, pois
limites são superados e habilidades são potenciadas. A maternidade fez com que
descobrir-se que era mais capaz do que julgava ser, ajudou me a desenvolver outras
habilidades que estavam escondidas. Paciência, autocontrole, criatividade.

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Claro que cada fase tem seu brilho, mistura de novidades e sensações. Mas acredite,
você sentirá falta da fase em que seu filho era bebê! Tempo de se doar mais às
necessidades, mas de mais cuidado, conhecimento e também primeira conexão entre
os dois. Por essas e outras, muitas pessoas consideram que essa seja a melhor fase
do desenvolvimento da criança – primeiros passos, primeiras palavras, tudo é
novidade!

Descobrir habilidades desconhecidas

Paciência, autocontrole, criatividade. A maternidade faz as mulheres descobrirem que são


mais capazes do que julgavam ser e as ajuda a desenvolver outras habilidades que estavam
escondidas. Em outras palavras, a maternidade faz as mulheres serem pessoas melhores.

Busque não partir da premissa, num momento de discórdia, de que o mais velho é
quem está errado e o mais novo está certo. Muitas vezes esta dinâmica pode estar

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invertida. Procure deixar que eles se resolvam, tente interferir o mínimo para que
ninguém se sinta injustiçado”,

Há dias difíceis e cansativos, em que a mãe não tem um minuto para pensar em si mesma.
Mesmo assim, ela não se rende, porque a maternidade a faz mais forte e lhe dá a capacidade
de lutar pela família, lhe ensinando a buscar forças onde parece impossível, a perdoar, a
aceitar e a seguir adiante.

Ao conquistar determinadas capacidades, a criança passa a apresentar certos


comportamentos e ações (como, por exemplo, dizer a primeira palavra, dar os
primeiros passos, etc.) que são esperados a partir de determinada idade.

O desenvolvimento infantil acaba por ser um conjunto de aprendizados que, pouco a


pouco, vai tornando a criança cada vez mais independente e autônoma

É necessário auto continência para não invadir o espaço que


construíram para serem eles próprios e respeito pelas
escolhas que fizerem, ainda que possam ser diferentes das
que faríamos. Além disso, é preciso suportar a dor e
paradoxalmente a alegria de não mais estar na linha de frente,
compartilhar as alegrias do crescimento e da autonomia dos
filhos, sofrer com eles os impactos da vida, preservando o
espaço entre as gerações, para não se confundirem e não os
confundirem.
O mais importante: continuar amando-os, mesmo nas
diferenças. Se tudo der certo, uma nova construção emergirá:
a de uma relação amorosa e respeitosa. Nada fácil, não é?
Porém, possível.

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que como é sabido poder ser uma fase de muita exigência, no outro lado tinha o mais
velho estava a entrar na adolescência.

(Reflexão – UFCD 9631) No ano 2017/2018 quando comecei a trabalhar no refeitório da escola
das Saibreiras, uma das minhas funções era dar apoio as crianças da pré-escola durante o
almoço. Logo de início, vi algumas coisas que me desagradaram, a forma como as funcionárias
agiam em determinadas situações. Nessa altura, ainda falei com a minha chefe, mas ela disse
para não fazer nada porque nós só tínhamos de servir o almoço e dar apoio, como éramos
uma empresa que prestava serviços não devíamos meter-nos na maneira como as funcionárias
da escola lidavam com as crianças, com o objetivo de desenvolver a autonomia, as crianças
mais velhas deviam comer sozinhas.
Um dia reparei que o Francisco, que tinha quase cinco anos e era uma verdadeira pestinha,
estava muito quieto, aproximei-me dele e notei que ele parecia estar febril. Perguntei a uma
das auxiliares se lhe tinham medido a temperatura: a resposta que tive foi de que não tinham
termómetro na sala da pré, pelo que voltei para junto da criança e tentei fazer com que
comesse um pouco de sopa, mas qual não foi o meu espanto quando a mesma funcionária me
disse que não podia dar a comida ao Francisco, que ele teria de comer sozinho. Aí não me
controlei e tive de lhe perguntar se ela tinha noção do que estava a fazer. Expliquei-lhe que,
efetivamente, as regras são para se cumprir, mas em primeiro lugar deve-se prestar os
cuidados básicos, cuidar do bem-estar das crianças. A sua resposta foi que já tinham ligado à
mãe e esta não tinha atendido e que se a mãe sabia que tinha deixado o filho doente, e não se
mantinha contactável é porque não estava preocupada, então não seria ela que se ia
preocupar, até porque era melhor assim, desta maneira ele parava quieto. Pedi-lhe para não
falar assim na frente da criança e referi que ela podia não se preocupar, mas não podia
impedir-me de fazer o que eu achava correto. Então, por iniciativa própria, fui ter com as
funcionárias do primeiro ciclo e pedi um termómetro. Fui acompanhada pela chefe das
funcionárias que se encontrava ali, que trouxe um termómetro para medir a temperatura ao

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Francisco. Constatou que estava efetivamente febril, tinha 38 graus de febre. Em seguida, foi
levado para uma sala existente na escola, própria para estas situações, onde pôde repousar e
lhe foram administrados alguns cuidados. Não sabendo se ele poderia tomar algum
medicamento, aplicaram-se-lhe compressas de água fria e passaram a insistir no contacto com
a mãe, que até ali só tinha sido feito uma vez.
Esta funcionária tinha sido colocada na escola através do centro de emprego, acredito que por
não poder recusar. Assim, provavelmente estaria contrariada no exercício da sua função, não
sei se por essa razão ou por outras quaisquer. O certo é que o seu comportamento não era em
nada aceitável. Só pelo facto de ser ela também mãe, deveria ter uma outra sensibilidade
perante aquela situação, mas estranhamente mostrou frieza e falta de carácter. No meu
entender, nada justifica as suas ações, não tenho dúvidas que a sua moral era dúbia e a sua
ética totalmente desprovida de valores. Ainda que não tivesse a formação adequada e estando
de alguma forma contrariada por estar numa situação, a partir do momento em que passou a
ter uma responsabilidade, a mesma tinha de ser assumida.
Esta situação em específico é uma ocupação que mexe com o bem-estar do ser humano. Neste
caso em particular, estamos a falar de crianças indefesas, que merecem e devem ter toda a
nossa atenção. (Fim Reflexão 9631)

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CONCLUSÃO/EPÍLOGO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO

ANEXOS

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