Unid 3
Unid 3
Unid 3
Unidade III
5 POLÍTICAS DE MANUTENÇÃO DE RECURSOS HUMANOS
processos de RH
influências ambientais influências organizacionais
externas internas
Figura 17
Para Kohn (1995, p. 15), as recompensas e as punições constituem os dois lados da mesma moeda. A
recompensa tem um efeito punitivo, porque, tanto quanto a punição declarada, é manipuladora: “faça
isto e você conseguirá aquilo” não é realmente muito diferente de “faça isto e eis o que acontecerá a
você”. Não receber uma recompensa esperada é o mesmo que ser punido. “Quanto mais a recompensa é
desejada, mais desmoralizadora é sua falta.”
5.2.1 Punição
104
Gestão de Pessoas
O pai reclama do filho até que cumpra uma tarefa: ao cumpri‑la, o filho
escapa às reclamações (reforçando o comportamento do pai)...Um professor
ameaça seus alunos de castigos corporais ou de reprovação, até que
resolvam prestar atenção à aula; se obedecerem estarão afastando a ameaça
de castigo (e reforçam seu emprego pelo professor). De um ou outra forma,
o controle adverso intencional é o padrão de quase todo o ajustamento
social ‑ na ética, na religião, no governo, na economia, na educação, na
psicoterapia e na vida familiar1.
• O reforço positivo é uma consequência ou um estímulo que faz com que o comportamento
se repita, seja por meio de elogios, congratulação, prêmios, aumento de salário, desempenho e
outros.
O reforço positivo é diretamente orientado para resultados desejados. A teoria do reforço positivo
parte do fato de que a pessoa se comporta por uma dessas duas razões:
1
Disponível em: <http://penta.ufrgs.br/~jairo/1skinner.htm>.
105
Unidade III
Verificar‑se, porém, que ambos incidem após a emergência de um comportamento pretendido pelo
experimentador.
Não podemos dizer que a punição é um método pouco utilizado. Muito pelo contrário, é comum os
gestores punirem os funcionários por não corresponderem ao resultado esperado. Situação que faz com
que as pessoas passem a produzir bem por um determinado tempo, porém, ficarem logo desanimadas; e a
produção cai, exigindo da organização um grande esforço para estimulá‑las novamente. Isso demonstra
que, apesar de a punição ser o habitual, o reforço positivo geralmente se mostra superior quando se
busca produtividade com qualidade.
Segundo Herzberg apud Bergamini (1993), salário é uma demonstração objetiva quando a empresa
valoriza o trabalho do seu funcionário. Se bem administrado pelo departamento de RH da empresa, ele
pode vir a ser não propriamente um fator de motivação, mas um fator que servirá de base aos fatores
motivadores ligados ao cargo ocupado.
Compensação é uma das razões pela quais as pessoas buscam e mantêm‑se em uma organização,
assim como a forma como se remunera e beneficia influencia de forma direta a consequência da
elaboração das tarefas por parte dos funcionários. A compensação é compreendida como fator vital
106
Gestão de Pessoas
para o empregado, para a organização e para todo o sistema produtivo inerente à relação existente
entre empregado e empresa.
Compensação é a área que lida com a recompensa que o individuo recebe como retorno pela
execução de tarefas organizacionais. É basicamente uma relação de intercâmbio entre as pessoas e a
organização (Chiavenato, 2004). A compensação pode ser:
• compensação financeira direta: consiste no pagamento que cada empregado recebe na forma de
salários, bônus, prêmios e comissões;
• compensação financeira indireta: é o salário indireto decorrente de cláusulas da
convenção coletiva de trabalho e do plano de benefícios e serviços sociais oferecidos
pela organização.
Segundo Perreti (1997, p. 324), os princípios que orientam as políticas salariais devem ser afirmados
clara e frequentemente. A empresa deve ter uma posição clara, tanto em relação à equidade interna
e externa como em relação ao desempenho. A empresa deve interrogar‑se sobre o modo como a
remuneração influencia a motivação e dedicação das pessoas. A injustiça interna provoca elevados
níveis de ressentimentos.
• equilíbrio interno: é alcançado por meio de informações internas obtidas por meio da
avaliação e da classificação de cargos, assentadas sobre um prévio programa de descrição
e análise;
• equilíbrio externo: é alcançado por meio de informações externas obtidas a partir de pesquisa
salarial.
107
Unidade III
Figura 18
Avaliação de
cargos
Implantação e/
Administração ou manutenção Classificação Políticas da Política
de salários de estruturas de cargos organização salarial
salariais
Pesquisa
salarial
retroação
(reciclagem)
Figura 19
108
Gestão de Pessoas
• aos salários em comparação aos demais cargos da própria organização, visando‑se o equilíbrio
interno;
• aos salários em comparação aos mesmos cargos de outras empresas que atuam no mercado de
trabalho, visando‑se o equilíbrio externo dos salários.
Apesar dessa observação, ainda encontramos organizações com estruturas salariais tradicionais,
baseadas nas descrições de tarefas e responsabilidades de cada função. Os modelos de remuneração
baseados nas descrições de cargos, rigidamente atendidos, estimulam os funcionários a fazer apenas o que
está naquela descrição, ação seriamente prejudicial para a organização e para o processo de aprendizado.
Wood Jr.; Picarelli Filho (1999, p. 85) citam as críticas mais comuns ao sistema de remuneração
funcional:
A remuneração tradicional, por se fixa, caracterizada apenas pela administração de salários, não
interfere nas diversas áreas da organização, assim como não estimula os funcionários a desenvolverem
suas tarefas de forma eficiente.
109
Unidade III
Wood Jr.; Picarelli Filho (1999) relacionam algumas características dos sistemas tradicionais de
remuneração que resultam em dificuldades para as empresas:
• Inflexibilidade: os sistemas tradicionais são rígidos, portanto, tratam situações diferentes de forma
homogênea. Não levam em consideração as diferenças entre as empresas, áreas ou funções.
• Falsa objetividade: os sistemas tradicionais acabam enxergando a organização apenas com base no
organograma formal. Ignoram as necessidades atuais das empresas com relação à agilidade e à flexibilidade.
• Metodologia desatualizada: esses sistemas são trabalhosos e pouco ágeis, além de exigirem
manutenção trabalhosa do sistema de avaliações.
• Conservadorismo: os sistemas tradicionais reforçam a burocracia interna, privilegiando a rígida
hierarquia e desconsiderando o foco no cliente, seja ele interno ou externo.
• Anacronismo: esses sistemas dificultam as mudanças organizacionais, como a descentralização
das estruturas de comando, orientação para resultados, maior autonomia das áreas funcionais,
trabalho em equipe e flexibilidade.
• Divergência: os sistemas tradicionais não consideram a visão estratégica do negócio. Por se
prestarem apenas como instrumento de gestão de salários, esses sistemas estão dissociados do
planejamento estratégico das empresas.
Em função das transformações que as estruturas organizacionais vêm sofrendo existe, hoje, a
necessidade de um novo sistema de remuneração, onde se percebe a remuneração não mais como fator
de custo, mas como fator de aperfeiçoamento que impulsiona a organização e seus funcionários para
processos focados na melhoria e na competitividade.
Nesse sentido, na visão de Xavier, Silva; Nakahara (1999), no futuro, as empresas terão limitado
número de níveis funcionais. Os sistemas de remuneração terão que se adaptar a essa nova realidade,
em que duas grandes mudanças serão percebidas:
• de um enfoque com base no cargo para um enfoque com base na responsabilidade da função;
• da ênfase no desempenho para foco no resultado e no conhecimento que as pessoas puderem
agregar ao negócio.
Xavier, Silva; Nakahara (1999) citam, ainda, seis categorias que serão consideradas pelas organizações
relacionadas à remuneração estratégica:
• Remuneração da responsabilidade: as pessoas serão recompensadas pelo seu papel e não pelo
cargo que ocupam. Os empregados necessitarão de uma visão integral do negócio, pois precisarão
coordenar equipes multifuncionais e terão maior poder de decisão na fixação de objetivos, metas
e nas negociações com fornecedores e clientes.
110
Gestão de Pessoas
Para dar continuidade à discussão sobre remuneração, vamos considerar o conceito de Wood Júnior;
Picarelli Filho (1999, p. 90), que definem a remuneração estratégica como “catalisador para a convergência
de energias na organização”. Os autores fazem uma combinação equilibrada de diferentes métodos de
remuneração, com o importante objetivo de aproximar o vínculo entre organização e funcionários. A
saber:
1. remuneração funcional: determinada pela função, também conhecida por “plano de cargos e
salários”, considerado o método mais tradicional;
2. salário indireto: compreende benefícios e outras vantagens, tendo como vantagem a flexibilização
dos benefícios;
3. remuneração por habilidades: é determinada pela formação e capacitação dos funcionários,
deslocando o foco do cargo ou função para o indivíduo; as habilidades passam a ser a base da
remuneração; é a mais adequada ao nível operacional;
4. remuneração por competências: também é determinada pela formação e capacitação dos
funcionários, só que mais adequada ao nível gerencial;
5. plano privado de aposentadoria: os fundos de pensão relacionam‑se aos sistemas de previdência
privada e atuam como complementar de remuneração, embora de forma inequívoca;
6. remuneração variável: é vinculada a metas de desempenho dos indivíduos, das equipes ou da
organização, incluindo a participação nos lucros e a remuneração por resultados; pode‑se incluir
a remuneração por competências;
7. participação acionária: vinculada a objetivos de lucratividade da empresa, utilizada, algumas
vezes, como alternativa à participação nos lucros;
8. alternativas criativas: incluem prêmios, gratificações e outras formas de reconhecimento.
111
Unidade III
Alternativas
criativas
Participação Remuneração
acionária variável
Plano Remuneração
privado de por
aposentadoria competências
Salário Remuneração
indireto por habilidades
Remuneração
funcional
Figura 20
A figura abaixo mostra o perfil delineado para uma empresa que privilegia a remuneração por
habilidades e competências e os incentivos especiais (alternativas criativas). Observar o quanto o sistema
de remuneração funcional aparece diminuído na figura.
Alternativas
criativas
Participação Remuneração
acionária variável
Plano Remuneração
privado de por
aposentadoria competências
Salário Remuneração
indireto por habilidades
Remuneração
funcional
Figura 21
112
Gestão de Pessoas
Ribeiro (1997) menciona que a remuneração variável constitui‑se num programa de alta
relevância marcado pela plena interação dos grupos formais e informaise pela condução
participativa dos métodos e processos, além de dar aos empregados a oportunidade de repensarem
sua postura profissional e analisarem sua performance perante o grupo a que pertencem e a
organização como um todo.
Nesse sentido, o grande desafio da organização passa a ser aumentar a produtividade com o
envolvimento direto dos seus funcionários. As companhias que fizeram os empregados parceiros nos
negócios, por meio de um sistema de remuneração que incentiva um sistema de trabalho de alta
performance, foram recompensadas com ganhos na produtividade e na performance, diz Zall (2001).
A esse respeito, Álvares (1999, p. 71) afirma que a utilização da remuneração variável não se restringe
às grandes empresas, mas que sua utilização está mais vinculada à ideologia do fundador coma crença
de que o compartilhamento do sucesso entre os empregados aumenta a produtividade e os lucros.
Reis Neto; Marques (2004) apontam como objetivo central do sistema de remuneração variável
criar um clima organizacional que apoie e favoreça o aumento da produtividade e da criatividade
humana, bem como ter processos que criem flexibilidade. E, para alcançar tal objetivo, há várias formas
de remuneração variável. Entre os objetivos da remuneração variável, Garrido (1999, p. 26) entende que
os fundamentais são:
Observação
Competência é uma palavra do senso comum, utilizada para designar uma pessoa qualificada para
realizar alguma coisa. O seu oposto, ou o seu antônimo, não implica apenas a negação desta capacidade,
113
Unidade III
mas guarda um sentimento pejorativo, depreciativo. Chega mesmo a sinalizar que a pessoa se encontra
ou se encontrará brevemente marginalizada dos circuitos de trabalho e de reconhecimento social
(Fleury; Fleury, 2001).
Santos (2003, p. 31) afirma que uma definição para competência é “o saber‑agir diante de situações
complexas e o saber mobilizar conhecimentos, habilidades, atitudes e recursos (tecnológicos, financeiros,
mercadológicos e humanos), em que as pessoas objetivam agregar valor de diversas naturezas às
organizações [...]”. A remuneração por competências é utilizada no trabalho realizado por executivos que
têm como características a variedade, sendo utilizada nas empresas que envolvam abstração, incerteza
e criatividade.
Para, Wood Júnior e Picarelli Filho (1999, p. 126) “competência significa conhecimento aplicado e
orientado para melhorar o desempenho do indivíduo, do grupo e da organização”.
Wood Júnior; Picarelli Filho (1999) apresentam um processo para identificação de competências
estruturado em quatro passos:
114
Gestão de Pessoas
O quadro anterior apresenta uma amostra das competências esperadas pela organização no momento
da avaliação, que pode ajudar na definição da remuneração.
A remuneração baseada em competências, para que seja uma prática salarial mais justa, requer que se
avalie o funcionário, enfatizando como trabalha, em vez de simplesmente o que realiza, sendo, portanto,
necessário mais do que identificar as competências e estabelecer um novo programa de remuneração. Quase
na sua totalidade, é pertinente realizar uma avaliação de “360°”, e também um programa de treinamento
contínuo com os funcionários para o desenvolvimento de suas competências (Flannery, 1997).
Quadro 17
Remuneração por habilidades é determinada pela formação e pela capacitação dos funcionários.
Essa forma de remuneração desloca o foco do cargo ou função para o indivíduo. Sendo assim, o
conhecimento e as habilidades passam a determinar a base da remuneração. Importante não confundir
habilidades com conhecimentos. Para Fiorelli (2000, p. 184), “uma habilidade é um conhecimento posto
em prática.”
Conforme a equipe Coopers & Lybrand (1997, p.57), a remuneração por habilidade costuma receber
diferentes nomes nas empresas que a utilizam. Os mais comuns são: remuneração por conhecimento,
remuneração por habilidades certificadas ou, simplesmente, remuneração por habilidades. A remuneração
por habilidade é um método de avaliação que considera as habilidades pessoais como critério de
classificação para se estabelecerem as diferenças entre os salários praticados na empresa. Habilidade
é a capacidade de realizar uma tarefa ou um conjunto de tarefas em conformidade com determinados
padrões exigidos pela organização.
Os funcionários podem aprender um leque de habilidades relacionadas ao seu cargo por meio
de um treinamento cruzado e serem recompensados pelo conjunto dessas habilidades, mesmo
que desenvolvam um trabalho específico (Shermerhorn Júnior, Hunt, Osborn, 1999). Nesse
sentido, Wood Júnior; Picarelli Filho (1999) afirmam que promoções e evolução salarial são
diretamente vinculadas a um processo de certificação, no qual o funcionário deve demonstrar
domínio do conhecimento, sendo que a certificação por parte da empresa reforça a credibilidade
do sistema utilizado, sempre valorizando o desenvolvimento de habilidades importantes para o
cargo em que ocupa na empresa.
116
Gestão de Pessoas
Lembrete
A avaliação de cargos é um meio de determinar o valor relativo de cada cargo dentro da estrutura
organizacional e, portanto, a posição relativa de cada um dentro da estrutura da organizacional. No
sentido estrito, essa avaliação procura determinar a posição relativa de cada cargo com os demais:
as diferenças significativas entre eles são colocadas em uma base comparativa, a fim de permitir uma
distribuição equitativa dos salários dentro de uma organização, para neutralizar qualquer arbitrariedade,
diz Chiavenato (2004).
Como vimos no capítulo anterior, todos os métodos de avaliação de cargos são eminentemente
comparativos: ou comparação dos cargos entre si ou comparação dos cargos com alguns critérios
(categorias ou fatores de avaliação) tomados como base de referência:
A avaliação de cargos (job evaluation), segundo Chiavenato (1999), se dá por meio da aplicação
de critérios comuns para analisar e comparar o conteúdo de cargos, para colocá‑los numa ordem de
classes e utilizar um sistema de remuneração, também denominado remuneração funcional, que é
determinado pela função e ajusta‑se ao mercado.
Portanto, os métodos de descrição e análise de cargos são fundamentais para a construção do sistema
de remuneração. Trata‑se de um sistema que possibilita aos gestores reconhecerem as contribuições no
aumento da produtividade e na obtenção de maior índice de satisfação no trabalho de seus funcionários.
De acordo com os resultados da avaliação, os cargos podem ser classificados em classes. O agrupamento
dos cargos em classes visa facilitar a administração salarial, além de permitir que cada classe tenha um
tratamento genérico em termos de salários, benefícios sociais, regalias, vantagens, sinais de status etc. A
classificação dos cargos é fixada arbitrariamente. Para o propósito de estabelecer salários, é costume dividir
as séries em graus ou grupos de cargos (classes), para os quais são atribuídas faixas de classes de salários
117
Unidade III
com limites máximos e mínimos. No final, cada classe passa a ter um relativo grau de impotência, e todos
os cargos nela contidos passam a ter igual tratamento (Chiavenato, p. 2004).
1. classificação por pontos: os cargos são agrupados em classes de acordo com intervalos de
pontos.
2. classificação por cargos de carreira:
• escriturário I;
• escriturário II;
• escriturário III.
3. classificação por grupo ocupacional:
• engenheiro civil;
• engenheiro eletricista;
• engenheiro químico.
Segundo Pontes (1996), pesquisa salarial é o estudo do comportamento salarial praticado em certo
setor. A pesquisa salarial não difere das demais pesquisas e, portanto, para propiciar tomadas de decisões
deve conter as fases:
• de coleta;
• tratamento estatístico;
• análise dos dados.
Há quem defina pesquisa salarial como levantamento dos salários nominais, adicionais e benefícios
pagos por empresas que de alguma forma influencia no mercado de mão de obra. Nesse sentido, Pontes
(1995, p. 55) entende que “o ponto‑chave da pesquisa salarial está na definição da amostra de cargos
e de empresas a ser pesquisada. Com boa amostra de cargos, é possível fazer uma interferência sobre
todos os cargos em relação ao segmento empresarial pesquisado”.
• questionários;
• visitas à empresa;
• reuniões com especialistas em salários;
• telefonemas entre especialistas em salários;
• pesquisas realizadas por empresas especializadas.
A montagem de uma pesquisa de salários deve levar em conta:
• quais os cargos a serem pesquisados (cargo de referência);
• quais as organizações participantes e qual a época da pesquisa.
119
Unidade III
Segundo Chiavenato (2004), os cargos de referência são ao mesmo tempo amostras do mercado de
salários externos e da estrutura interna de salários da empresa. Eles podem ser:
Os critérios adotados para a escolha das empresas que deverão ser convidadas a participar da
pesquisa salarial como amostras do mercado de trabalho são os seguintes:
a. localização geográfica;
b. ramo de atividade;
c. tamanho;
d. pesquisa salarial.
A política salarial consiste na adoção de medidas que a organização toma para estruturar os cargos,
com o objetivo de oferecer aos funcionários perspectivas de uma remuneração melhor. É o conjunto de
princípios e diretrizes que refletem a orientação e a filosofia da organização com relação à remuneração.
Uma política salarial, segundo Chiavenato (2004), deve ter como conteúdo:
• Estrutura de cargos e salários: classificação dos cargos e as faixas salariais para cada classe de
cargos.
• Salários de admissão para as diversas classes salariais: normalmente coincide com o limite inferior
da classe salarial.
• Previsão de reajustes salariais, seja por determinação legal (dissídios coletivos), sejam espontâneos.
Os reajustes salariais podem ser:
— reajustes coletivos
— reajustes individuais:
‑ por promoção;
120
Gestão de Pessoas
‑ por enquadramento;
‑ por mérito.
Dutra (1996) propõe repensarmos sobre a gestão de pessoas quando afirma que a administração de
carreiras não resolve todos os problemas das empresas. Contribui, porém, para:
Uma nova leitura sobre plano de carreira é feita e surge a gestão de carreira em Y, ou gestão de
carreiras paralelas. Ela recebe novos contornos, adequando os projetos de desenvolvimento das pessoas
ao projeto de desenvolvimento da empresa. Essa nova visão objetiva estimular e dar suporte para que os
funcionários possam planejar o futuro, evitando ao máximo a perda de capacidade técnica e gerencial.
Essa forma de carreira tem as seguintes características:
• os eixos técnico e gerencial apresentam uma base comum, conferindo maior flexibilidade na
alocação das pessoas nos dois eixos;
• a base tem característica técnica, o que permite que o profissional técnico possa optar pela carreira
técnica ou pela gerencial;
• o formato em Y confere legitimidade àqueles que ocupam posições gerenciais, o que
facilita o diálogo e sua aceitação como gerentes junto àqueles que optaram pelo eixo
técnico da carreira.
Com a política de redução de níveis hierárquicos adotada pelas grandes e médias empresas, ficou mais
difícil oferecer promoções dentro da organização como estímulo motivador ou de retenção de talentos.
121
Unidade III
Para tanto, a empresa adotou a carreira Y, que ajuda quando um profissional chega a um estágio de
sua carreira em que já não desempenha mais uma atividade técnica ou administrativa corriqueira e, por
outro lado, não há espaço para ascensão profissional em nível gerencial. O funcionário é promovido a
consultor ou especialista.
São cargos que se caracterizam pela aplicação de tecnologia específica ou pelo desempenho de
atividades de apoio que requerem conhecimentos especializados. A atuação é feita de forma independente
ou por meio da liderança técnica de uma pequena equipe de colaboradores.
A carreira em Y foi criada para permitir que os talentos da área técnica, que preferem continuar em
laboratórios e centros de pesquisa, recebam os mesmos salários, benefícios e oportunidades dos que
optam pela carreira gerencial. O profissional pode escolher crescer dentro do pilar técnico ou crescer
dentro do pilar gerencial.
Conhecido popularmente como PCS (Plano de Cargos e Salários), é um dos sistemas de remuneração
mais tradicionais existentes e também o mais usual nas empresas.
• descrição de cargo;
• avaliação de cargos;
• faixas salariais;
• política para administração dos salários;
• pesquisa salarial.
• equilíbrio externo: consiste na adequação dos salários da empresa em relação ao valores praticados
no mercado, em função de pesquisas salariais.
• equilíbrio interno: ocorre após avaliação de todos os cargos e aplicação de uma regra geral para
estabelecimento dos salários, gerando um sentimento de justiça entre os empregados.
Compreende benefícios e outras vantagens que correspondem, muitas vezes, a uma parcela
considerável da remuneração total. A remuneração indireta, representada pelos benefícios, tem como
finalidade permitir uma garantia de manutenção de seu padrão de qualidade de vida. Esse sistema
122
Gestão de Pessoas
é aplicável a todo e qualquer nível de colaborador, desde os escalões superiores até os ocupantes de
função na linha básica da hierarquia institucional.
Segundo Wood Júnior; Picarelli Filho (1999), a grande tendência no salário indireto é a flexibilização
dos benefícios que, na forma mais tradicional variam de acordo com o nível hierárquico. Na forma
flexibilizada, cada colaborador escolhe o “pacote” de benefícios de acordo com as suas necessidades e
preferências a partir das alternativas disponíveis.
O crescimento dos fundos de pensão relaciona‑se diretamente com a disseminação dos sistemas ou
previdência privada. Tal componente de remuneração tem atraído a atenção de empresários e executivos.
Ele contribui de forma inequívoca para a valorização do compromisso de longo prazo entre empresa e
funcionário (Wood Júnior; Picarelli Filho, 1999).
É positiva a sua implantação por apresentar satisfação nos funcionários que, ao se sentirem
proprietários da empresa, adquirem senso de identidade, comprometimento e orientação para
resultados. Segundo Wood Júnior; Picarelli Filho (1999), esse tipo de remuneração é utilizada para
reforçar compromisso de longo prazo entre a organização e seus funcionários.
Vantagens:
• cria um real vínculo entre os empregados e a empresa, uma vez que eles passam a ser “donos” de
uma parte da empresa;
• cria um vínculo dos empregados com os resultados da empresa, uma vez que o seu maior ganho
financeiro passa a ser os dividendos e, em termos econômicos, a valorização das ações no mercado;
• retenção dos profissionais;
123
Unidade III
Desvantagens:
Os planos de benefícios, inicialmente, foram implantados nas organizações com o intuito de reter a
mão de obra e reduzir a rotatividade de pessoal. Atualmente, a preocupação está voltada, também, para
a preservação das condições físicas e mentais das pessoas. Os benefícios são facilidades, conveniências,
vantagens e serviços sociais que as organizações oferecem aos funcionários, objetivando poupar‑lhes
preocupações. Segundo Chiavenato (1994), os planos de benefícios são representados pela remuneração
indireta com os seguintes objetivos:
Bohlander et al (2003) confirma a linha de pensamento acima quando afirma que “os principais
objetivos da maioria dos benefícios são: aprimorar a satisfação do funcionário no trabalho; atender aos
requisitos de saúde e segurança; atrair e motivar os funcionários; reduzir a rotatividade e manter uma
posição competitiva favorável”.
A classificação dos planos de benefícios, segundo Chiavenato (1999), pode ser quanto aos objetivos
assistenciais, recreativos e supletivos:
• assistenciais ‑ visam certas condições de segurança e previdência para o funcionário e sua família;
• recreativos ‑ visam proporcionar diversão, recreação, higiene mental ao funcionário;
124
Gestão de Pessoas
• supletivos ‑ visam proporcionar algumas facilidades, conveniência e utilidades para uma melhor
qualidade de vida do funcionário.
• benefícios legais: são os exigidos por lei, como 13º salário, férias, aposentadoria, seguro de
acidentes de trabalho, salário família, horas extras, adicional por trabalho noturno etc.
• benefícios espontâneos: são concedidos por atividade das organizações, como gratificações, refeições,
transporte, empréstimos, assistência médica privada, complementação da aposentadoria etc.
Segundo Marras (2000), os benefícios espontâneos são aqueles que a empresa oferece por vontade
própria, geralmente com o objetivo de atender às necessidades dos empregados ou de tornar o perfil da
remuneração atraente e competitiva no mercado de trabalho, tanto para atrair novos recursos humanos
quanto para manter os atuais. Entre os benefícios espontâneos mais encontrados no mercado, segundo
pesquisa realizada por Marras; Associados, encontram‑se os seguintes:
Quadro 18
Observação
É importante lembrar que, assim como comentamos sobre o plano de recompensa, cada organização
determina o seu plano de benefícios para atender às necessidades dos seus funcionários. Cada plano é
constituído de um pacote de benefícios apropriado ao seu perfil. Os serviços e benefícios oferecidos têm
por fim satisfazer objetivos individuais, econômicos e sociais (Chiavenato, 1999).
125
Unidade III
Vantagens:
• os empregados ganham mais entendimento dos benefícios oferecidos a eles e dos custos
implícitos;
• os empregadores maximizam o valor psicológico do seu programa de benefícios, pagando apenas
pelos benefícios altamente desejados;
• os empregadores limitam os custos de benefícios, permitindo aos empregados “comprar” benefícios
apenas até um valor máximo (definido);
• os empregadores ganham vantagem competitiva no recrutamento e na retenção dos funcionários.
Desvantagens:
• a má seleção dos benefícios concedidos aos empregados resulta em custos financeiros indesejáveis;
• há certos custos adicionais para estabelecer e manter o plano flexível;
• os empregados podem escolher benefícios de alto uso para eles que aumentem os custos de
prêmio para o empregador.
Segundo Wood Júnior; Picarelli Filho (1999), as alternativas criativas incluem prêmios,
gratificações e outras formas específicas de reconhecimento. Essas formas têm sido utilizadas
com grande frequência como apoio no esforço de construir um ambiente organizacional
caracterizado pela convergência de esforços e energias voltadas para o atendimento de objetivos
estratégicos.
126
Gestão de Pessoas
O tema Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) recebe diferentes enfoques dados pelos pesquisadores.
Campanário; França (2001) relacionam esse tema ao grau de satisfação dos trabalhadores às
condições ambientais gerais e à promoção da saúde e do bem‑estar. Ulbricht (1998) e Buss (2002)
e Valle; Vieira (1996) a conceituam em relação à satisfação e ao bem‑estar do trabalhador na
execução de suas tarefas. Para Wyatt; Wah (2001), além da humanização do espaço de trabalho,
a QVT visa também o aumento da produtividade da empresa. A concepção de Arellano (2004)
também confirma o enfoque dado aos objetivos da organização, já que para o autor as ações de
QVT refletem o aumento na produtividade e na melhoria da imagem da empresa, levando a um
crescimento pessoal e organizacional.
2. ambiente seguro e saudável – os trabalhadores não devem estar expostos a condições ambientais
e modos de produção que ponham em risco a sua saúde;
6. constitucionalismo – os direitos dos trabalhadores devem estar na base da sua relação com os
empregadores, contribuindo para a sua privacidade fora do trabalho, liberdade de expressão e
igualdade no tratamento no emprego;
7. espaço total de vida – deve haver um equilíbrio entre as atividades do trabalho e a vida privada
do trabalhador, com momentos para o lazer e a família;
127
Unidade III
Apoio socioemocional,
Relação orientação técnica, igualdade de
chefe/ tratamento, gerenciamento pelo Planejamento
subordinado exemplo estratégico da
qualidade
Organização Inovações, grupos de trabalho,
do trabalho variedade, ritmo
Figura 22
As concepções sobre quais são os fatores que determinam a QVT diferem de autor para autor. Moretti
(2003) destaca a maior participação dos trabalhadores nas decisões da organização, a descentralização
das decisões, um ambiente físico seguro e confortável, a oportunidade de crescimento e desenvolvimento
pessoal. Moraes et al. (2001) ressaltam que os principais elementos que a compõem são a resolução de
problemas, a reestruturação da natureza básica do trabalho, a inovação no sistema de recompensas e a
melhoria do ambiente de trabalho.
Rio (1998, p. 293) afirma que “adequar a carga de trabalho às necessidades e características das
pessoas é um dos fatores mais importantes a ser abordado no universo do trabalho”. Nesse sentido,
pode‑se afirmar que os indivíduos satisfeitos com seus trabalhos produzem melhor.
128
Gestão de Pessoas
Quanto aos objetivos, Lida (2002, p. 347) afirma que a saúde do indivíduo pode ser melhorada por
meio do conhecimento das situações que o colocam em risco e do desenvolvimento do comportamento
para a situação do posto de trabalho. Tendo em vista que saúde, nesse contexto, se refere à saúde física
e mental dos funcionários, pode‑se afirmar que, segundo Limongi; Rodrigues (1999), o nosso corpo é
uma interação biopsicossocial, ou seja, biológica, psicológica e social, e esses elementos se influenciam
uns aos outros, apesar de cada um ter dimensões específicas, a saber:
• aspecto biológico: trata das características físicas herdadas ou adquiridas ao longo da vida;
• aspecto psicológico: trata dos processos afetivos, emocionais e de raciocínio;
• aspectos sociais: abordam as crenças, os valores, o papel da família e na família, no trabalho e em
grupos, comunidades em que o indivíduo está inserido.
129
Unidade III
5.7.2 Ergonomia
Murrel (1965) afirma que “a ergonomia pode ser definida como o estudo científico das relações entre o
homem e o seu ambiente de trabalho”. Para Grandjean (1968), a ergonomia é uma ciência interdisciplinar
que compreende a fisiologia e a psicologia do trabalho, bem como a antropometria e a sociedade no
trabalho. O objetivo prático da ergonomia é a adaptação do posto de trabalho, dos instrumentos, das
máquinas, dos horários e do meio ambiente às exigências do homem. A realização de tais objetivos, no
nível industrial, propicia uma facilidade no trabalho e um rendimento do esforço humano.
Wisner (1972) aponta para a direção de que “a ergonomia é o conjunto de conhecimentos científicos
relativos ao homem e necessários à concepção de instrumentos, máquinas e dispositivos que possam ser
utilizados com o máximo de conforto e eficácia”. Tem como objetivo a melhoria da QVT e como missão
colocar à disposição dos responsáveis pela empresa os conhecimentos sobre a realidade do trabalho.
Os ergonomistas preocupam‑se em elaborar recomendações necessárias para as escolhas técnicas,
organizacionais, humanas e sociais. As recomendações estão relacionadas com:
• Iluminação – evitar reflexos. As superfícies de trabalho, paredes e pisos, devem ser foscas e o
monitor deve possuir uma tela anti‑reflexiva. Evite posicionar o computador perto de janelas e
use luminárias com proteção adequada.
• Cores – usar cores suaves em tons mate. Os coeficientes de reflexão das superfícies do ambiente
devem estar em torno de 80% para o teto, 15 a 20% para o piso; 60% para a parede (parte alta),
40% para as divisórias, para a parede (parte baixa) e para o mobiliário.
• Temperatura – manter temperaturas confortáveis. Para ambientes informatizados, são entre 20°
e 22°, no inverno; e entre 25° e 26° no verão (com níveis de umidade entre 40 e 60%).
• Acústica – é recomendável para ambientes de trabalho em que exista solicitação intelectual e atenção
constantes índices de pressão sonora inferiores a 65 dB(A). Por esse motivo recomenda‑se o adequado
tratamento do teto e das paredes, com o uso de materiais acústicos e a adoção de divisórias especiais.
• Humanização do ambiente – humanizar o ambiente com plantas, quadros e, quando possível,
som ambiente. Estimule a convivência social entre os funcionários. Muitas empresas que estão
adotando políticas nesse sentido vêm obtendo um aumento significativo de produtividade.
130
Gestão de Pessoas
Saiba mais
• falta de motivação;
• baixo nível de produtividade;
• altas taxas de absentismo;
• relações conflitantes entre parceiros sociais.
Limongi; Rodrigues (1999, p. 87) afirmam que as doenças, como a LER/Dort, causadas no ambiente
de trabalho “constituem‑se hoje em importante patologia no contexto organizacional e das relações
entre o estresse e o trabalho, causada por ‘pressões’ surgidas quotidianamente no trabalho”.
Segundo consta, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica as doenças por categorias
“relacionadas ao trabalho”, pois estão ligadas diretamente a sua execução. Aborda, ainda, que para a
“OMS, as doenças relacionadas ao trabalho podem ser causadas em parte pelas condições de trabalho
desfavoráveis”.
131
Unidade III
Existe um conhecimento básico que todo administrador deve ter para justificar as tomadas de
decisão com relação aos funcionários, no âmbito legal, listado abaixo:
O contrato de trabalho pode ser por prazo determinado (artigo 443, §1º, CLT) ou por prazo
indeterminado. O contrato por prazo determinado é aquele cuja vigência depende de termo
prefixado ou da execução de serviços especificados ou ainda da realização de certo acontecimento
suscetível de previsão aproximada. O prazo máximo do contrato de trabalho por prazo determinado
é de 2 (dois) anos.
A CLT elenca as hipóteses em que será válido o contrato de trabalho por prazo determinado quando:
• o contrato de trabalho tiver como objeto serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a
predeterminação do prazo;
• se tratar de atividades empresariais de caráter transitório;
• se tratar de contrato de experiência.
132
Gestão de Pessoas
Contrato de experiência é aquele em que o empregador verificará se o empregado está apto para
exercer as funções para as quais foi contratado. Ele não poderá exceder 90 (noventa) dias.
1. dispensa do empregado sem justa causa: ocorre quando o empregador simplesmente dispensa
o empregado, sem justo motivo;
2. dispensa do empregado com justa causa: ocorre quando o empregador dispensa o empregado
em virtude da ocorrência de alguma das hipóteses elencadas no artigo 482, CLT;
3. pedido de demissão do empregado: ocorre quando o próprio empregado deseja rescindir o
contrato sem justo motivo;
4. rescisão indireta: ocorre quando, em face da incidência de alguma das hipóteses elencadas no artigo
483, CLT, o empregado pode considerar rescindido o contrato, pleiteando a devida indenização;
5. rescisão automática: ocorre com os contratos de trabalho por prazo determinado findo o seu
prazo;
6. rescisão por culpa recíproca ‑ artigo 484, CLT: configura‑se a culpa recíproca com a ocorrência
dos seguintes elementos:
a) a existência de duas justas causas; uma do empregado e outra do empregador; as duas
graves e suficientes para por si só serem causa da rescisão;
b) duas relações de causa e efeito; a segunda falta, que é causa da rescisão do contrato, é por
sua vez efeito da culpa cometida pela outra parte;
c) contemporaneidade;
d) proporcionalidade entre as faltas. Exemplo: troca de ofensas entre empregador e empregado”.
• por despedimento sem justa causa, inclusive indireta, culpa recíproca ou rescisão do
contrato por fechamento do estabelecimento, supressão da atividade, falecimento
do empregador ou pagamento de prestações do Sistema Financeiro da Habitação,
extinção do contrato a termo;
• quando o empregado tenha contraído AIDS (lei n.7670/88, art.1º,II e Circ. CEF/Defus/
Diarp 5/91).
Multa do FGTS ‑ tem caráter indenizatório, visto que visa proteger o emprego do trabalhador.
Assim, na hipótese de despedimento sem justa causa, ainda que indireto, o empregador deverá
depositar na conta vinculada do empregado 40% de todos os depósitos efetuados e devidamente
corrigidos. No caso de culpa recíproca ou força maior, a multa será de 20%.
Horas extras ‑ são consideradas horas extras aquelas que ultrapassem a jornada de
trabalho normal do empregado e as que são trabalhadas em dia útil quando o empregado
não tem obrigação de fazê‑lo. A remuneração das horas extras será, no mínimo, cinquenta
por cento a mais do que a hora normal; assim preceituou a Constituição Federal de 1988,
em seu artigo 7º, XVI. A integração da remuneração das horas extras habituais para o cálculo
de férias, 13º salário, aviso prévio e FGTS é pacífica.
134
Gestão de Pessoas
Acordo coletivo: são pactos celebrados entre uma ou mais de uma empresa e sindicato
da categoria profissional a respeito das condições de trabalho no âmbito da empresa ou
empresas. O sindicato dos trabalhadores exerce o monopólio da negociação coletiva, mesmo
se a parte patronal consistir de uma só empresa, negociando diretamente.”
Em qualquer negociação coletiva é obrigatória a representação dos trabalhadores pelo seu respectivo
sindicato. No caso de acordos coletivos, as empresas podem negociar diretamente com ele, não sendo
obrigatória a presença do sindicato patronal.
Lembrete
135
Unidade III
processos de RH
influências ambientais influências organizacionais
externas internas
Figura 23
Neste capítulo são abordados diversos aspectos do processo de formar, treinar e educar pessoas,
incluindo: objetivos e conteúdo do treinamento; controle do treinamento; métodos e técnicas de
treinamento e avaliação do treinamento.
Ainda segundo Salvador (2000), os valores são transcendentes, manifestam‑se de maneira individual
e são representações construídas ao longo da vida, socialmente. São condicionantes da maneira como
cada pessoa vê o mundo e de como se situa no mesmo. Possuem uma gênese histórico‑social, são
dinâmicos, mudando de acordo com a cultura.
136
Gestão de Pessoas
A educação possibilita o desenvolvimento cognitivo e afetivo dos indivíduos com relação às suas
crenças, valores e formação de opiniões que servirão de suporte às estratégias de aprendizagem
desenvolvidas a fim de prepará‑los para a execução melhor e diferente das suas funções. Educar,
portanto, não é apenas prover um novo conhecimento, mas, muitas vezes, remover o que já se sabe.
Tais crenças estão em processo interativo entre si e outras crenças, de forma a constituir um
sistema de valores complexos e organizados hierarquicamente, relacionados a vários aspectos da
vida organizacional – a produção, a qualidade, as interações interpessoais, o respeito à autoridade
gerencial, a obediência às normas. Enfatizam que os valores expressam formas de conhecer a
realidade organizacional, com respostas prontas e privilegiadas a problemas organizacionais. Os
valores funcionam como padrões cognitivos para o julgamento e a justificação do comportamento
de si e dos outros (Tamayo, 1999, p. 256).
Educação é toda influência que o ser humano recebe no ambiente social durante a sua existência,
com o objetivo de se adaptar às normas e valores sociais vigentes e aceitos em uma determinada
sociedade. O indivíduo recebe essas influências que enriquecem ou modificam o comportamento dentro
dos seus próprios padrões pessoais. Educação é, portanto, o preparo para a vida desenvolvido pela vida.
Formação profissional visa preparar e formar o homem para o mercado de trabalho, qualificando‑o
para a futura vida profissional. É a educação que visa desenvolver e aperfeiçoar o conhecimento
profissional em uma determinada função ou carreira na organização, ou para o um futuro cargo.
Educação profissional é a educação institucionalizada que visa o preparo do homem para a vida
profissional. Chiavenato (2004) compreende a educação profissional em três etapas interdependentes,
mas distintas:
• Formação profissional: é a educação que prepara a pessoa para uma profissão em determinado
mercado de trabalho. Seus objetivos são amplos e mediatos, situados no longo prazo, visando
qualificar a pessoa para uma futura profissão. A formação profissional pode ser dada em escolas
ou mesmo dentro da organização.
produtiva em seu cargo. Seus objetivos são menos amplos do que os da formação e situados no
médio prazo.
Nadler (1984) faz distinção entre os termos treinamento, desenvolvimento e educação, ressaltando
que frequentemente são entendidos como sinônimos:
Para Senge (1999), quem busca o domínio pessoal é alguém disposto a aprender e experimentar o
crescimento pessoal. As pessoas com altos níveis de domínio pessoal estão expandindo continuamente
sua capacidade de criar na vida os resultados que realmente procuram. Da sua busca pelo aprendizado
contínuo surge o espírito da organização que aprende. Quando se torna uma disciplina – uma atividade
que integramos à nossa vida – o domínio pessoal incorpora dois movimentos subjacentes:
As pessoas com altos níveis de domínio pessoal comprometem‑se mais. Elas tomam mais iniciativas.
Têm senso mais abrangente e profundo de responsabilidade pelo seu trabalho. Elas aprendem mais
rápido (Senge, 1999, p. 171).
Segundo Bohlander, Snell; Sherman (2003, p. 134), o termo treinamento muitas vezes é usado de
forma casual para descrever qualquer esforço da organização para estimular o aprendizado de seus
membros. Nesse sentido, vários especialistas fazem a distinção entre treinamento e desenvolvimento.
Enquanto o treinamento é mais focalizado e orientado para questões concernentes a desempenho
de curto prazo, o desenvolvimento é mais orientado para ampliar as habilidades dos indivíduos para
futuras responsabilidades. Segundo os autores, os dois termos tendem a combinar‑se numa única frase
‑ “treinamento e desenvolvimento”, indicando a combinação de atividades nas empresas que aumentam
a base de habilidades das pessoas.
Além de relacionados, esses termos apresentam diferenças básicas que são importantes para
compreensão do tema em questão. O treinamento é toda e qualquer atividade que vise a qualificação
e o aperfeiçoamento de habilidades para desenvolver tarefas com relação ao comportamento de
FAZER. A educação utiliza estratégias de aprendizagem, visando o aperfeiçoamento cognitivo,
atitudinal, no aprimoramento das tomadas de decisão. Portanto, representa o produto final
do treinamento. Observa‑se, então, que o desenvolvimento pode ocorrer em dois níveis: no
organizacional e/ou individual.
6.2 Treinamento
No caso específico de nossas empresas ocidentais, o termo treinamento passou a designar o processo
de preparar pessoas para executar as tarefas exigidas por um posto de trabalho. Na visão de Boog (1994),
é o processo que leva alguém a ser capaz de fazer algo que nunca fez antes, e fazê‑lo sem a assistência
de quem ensina.
De acordo com Tachizwa, Ferreira; Fortuna (2001, p. 229), o treinamento prepara as pessoas para
o desempenho do cargo mediante um processo contínuo, visando mantê‑las permanentemente
139
Unidade III
Segundo Marras (2000, p. 45), “treinamento é o processo de assimilação cultural em curto prazo,
que objetiva repassar ou reciclar conhecimentos, habilidades ou atitudes relacionadas diretamente à
execução de tarefas ou à sua otimização no trabalho”. Por meio do treinamento, o funcionário transita
entre um estado de mudança e acomodação dos saberes, para ter uma bagagem de conhecimento e
realizar suas tarefas de forma otimizada.
Figura 24
• para mobilizar e ajustar os vários mecanismos, desde a ação motora até às operações mentais;
• para alterar o comportamento de uma situação de menor rendimento profissional para uma de
maior eficiência.
140
Gestão de Pessoas
Segundo Boog (1980), desde o desenvolvimento das civilizações, o treinamento tornou‑se necessário
na medida em que se inventaram novas tecnologias e aprimoraram as técnicas de transformação da
matéria‑prima e da produção. É a partir do treinamento que o homem transmite, expõe, demonstra,
discute ou pratica as informações sobre o trabalho numa dada organização.
Quadro 19
Processo de treinamento
O treinamento é um processo cíclico e contínuo composto por 4 etapas
Necessidades a satisfazer Desenho do treinamento Condução do treinamento Avaliação dos resultados
Diagnóstico da situação Decisão quanto à estratégia Implementação ou ação Avaliação e controle
1. objetivos da organização; programa do treinamento condução e aplicação do • monitoração de processos;
programa de treinamento reação dos treinamentos
2. competências por meio de: ao programa
necessárias; • quem treinar;
• gerente de linha; • avaliação e medição
3. problemas de produção; • como treinar; de resultados: o
•assessoria de RH; aprendizado do
4. problemas de pessoal; • o que treinar;
• por ambos; treinando e as mudanças
5. resultados da avaliação • por quem; comportamentais geradas
de desempenho. • por terceiros. para implementação da
• onde treinar;
metas organizacionais;
• quando treinar;
• comparação da situação
• para que treinar. com a situação anterior;
• análise do custo/benefício.
Parecida com a estrutura de Menezes, Bohlander, Snell; Sherman (2003) entendem que a estrutura
de um programa de treinamento pode ser definida por meio de quatro etapas básicas:
141
Unidade III
social econômico
agregar valor
Figura 25
Dutra (2002) afirma existir uma grande diversidade de conceitos sobre competências, os quais
podem ser complementares. O autor estrutura esses vários conceitos e entende as competências como
uma entrega da pessoa (inputs) para a organização, que são também apresentadas como um conjunto
de CHA, necessário para a pessoa exercer suas atividades que vão agregar valor à organização (outputs),
conforme a figura acima.
Os teóricos Tachizwa, Ferreira; Fortuna (2001, p. 220) afirmam que os principais objetivos do
treinamento são:
142
Gestão de Pessoas
Marras (2000, p. 147) utiliza a palavra prevenção, defendendo que os objetivos do treinamento
devem estar associados a esse fator, justificando que as constantes mudanças têm caracterizado o
ambiente organizacional. Classifica os objetivos do treinamento em dois tipos:
• Objetivos gerais:
Os programas de treinamento precisam ser flexíveis, dinâmicos e atualizados, para que os objetivos
de desenvolvimento pessoais possam ser alcançáveis. Carvalho (2001, p. 21), dentro de uma perspectiva
formativa, propõe elementos norteadores no trato da questão dos objetivos do treinamento, quando
entende que todo programa de formação visa atingir os objetivos de caráter geral, a saber:
• desenvolvimento de destrezas manipulativas necessárias para a execução de trabalhos práticos,
operacionais;
• desenvolvimento da capacidade mental;
• desenvolvimento de hábitos e atitudes necessários ao domínio do trabalho e ao progresso do treinando;
143
Unidade III
O conteúdo do treinamento, conforme o quadro abaixo, pode envolver quatro tipos de mudança,
segundo Chiavenato (2004):
• transmissão de informações;
• desenvolvimento de habilidades;
• desenvolvimento ou modificação de atitude;
• desenvolvimento de conceitos.
Figura 26
Boog (1994, p. 67), ao abordar o processo de treinamento, foi incisivo e enfatizou: “é preciso saber
o que queremos que alguém aprenda, diagnosticar que alguém precisa aprendê‑lo, preparar situações
que possibilitem o aprendizado, verificar os resultados”. Nesse sentido, verificamos a necessidade do
levantamento de necessidades de treinamento, da definição da programação, da operacionalização e da
verificação dos resultados.
1. Diagnóstico 2. 4. Monitoração
Programação 3. Implementação
Levantamento Avaliação dos
Desenho do Aplicação do
de necessidades resultados do
programa de programa de
de treinamento a treinamento e
treinamento treinamento
serem satisfeitas análise do custo /
beneficio
Figura 27
144
Gestão de Pessoas
• diagnóstico;
• programação;
• implementação/execução;
• monitoração/avaliação.
• análise das operações e tarefas: determina os requisitos necessários para o bom desempenho de
cada cargo, envolve definições de habilidades, conhecimentos, atitudes e os comportamentos
a serem desenvolvidos, a fim de que o ocupante de determinado cargo adquira as habilidades
necessárias para seu desempenho.
• análise da empresa ‑ como resultado, esta análise indicará os segmentos organizacionais onde o
treinamento é necessário;
• análise do trabalho ‑ tem como objetivo identificar o modo como deve ser feito o trabalho do
funcionário a ser formado;
145
Unidade III
Figura 28
Carvalho; Nascimento (2002, p.159) sugerem que o sucesso do diagnóstico empresarial, à luz do
treinamento, depende dos seguintes fatores:
• deve‑se orientar cada empregado quanto à melhor maneira de responder a determinado tipo de
instrumento de análise;
• os funcionários devem ser motivados para responder ao diagnóstico; deve‑se informar que se
trata de empreendimento que objetiva a implantação de um sistema de treinamento;
• o levantamento de dados da pesquisa precisa ser feito de maneira objetiva, imparcial e racional,
delineando situações onde o desempenho profissional preocupa;
• os dados da pesquisa devem servir de base para elaboração de políticas de treinamento da empresa.
• aplicação de questionários;
• entrevistas com os funcionários;
• aplicação de testes ou exames;
• observação in loco de trabalhos;
• folha de avaliação de desempenho;
• solicitação direta ao trabalhador ou supervisor.
146
Gestão de Pessoas
2. Um módulo será capaz de suprir as necessidades, ou será necessário construir mais de um?
147
Unidade III
O planejamento de um programa eficaz de treinamento deve envolver as oito etapas que podem ser
visualizadas no quadro a seguir:
Quadro 21
Teste com pessoas Um teste do curso com treinandos típicos. O curso está
em julgamento.
Atributos do controle:
• revelar eventuais desvios do plano de treinamento em execução;
• ser flexível na aplicação e no acompanhamento;
• ser econômico no que se refere ao seu custo operacional;
• ser compreendido por avaliadores e treinandos;
• indicar ações corretivas para manter o plano no sentido certo.
• didática dos instrutores: verificar se o nível de comunicação e didática dos instrutores atende às
necessidades dos treinandos;
• preparo técnico: é essencial que o instrutor tenha convivência constante e prática com a função
ou com as responsabilidades de que trata o tema do aprendizado;
• lógica do módulo: os treinandos devem captar, de forma transparente, e logo nas primeiras sessões
de treinamento, a praticidade da proposta;
• qualidade dos recursos: os módulos de treinamento estão sustentados por um planejamento
prévio dos recursos a serem aplicados como subsídios às sessões de aprendizado; entre os recursos
utilizados na execução de um módulo de treinamento, verificam‑se: transparências, slides, filmes
de vídeo, computador, sistema de áudio e televisão;
• técnicas utilizadas: as técnicas variam conforme a situação, o objetivo do treinamento e o grupo
de treinandos.
De acordo com Carvalho; Nascimento (2002), os métodos de treinamento são identificados como um
conjunto de etapas compreendidas desde a apresentação do assunto até a avaliação da aprendizagem,
enquanto as técnicas de treinamento referem‑se aos procedimentos didáticos utilizados pelos instrutores
visando contribuir para a realização de parte da aprendizagem do treinando.
149
Unidade III
Este método deve funcionar sob a forma sinérgica, enquanto seu desempenho deve ser mais eficiente
como equipe, comparativamente à atuação individual e de seus membros. Visando a obtenção de êxito
na aplicabilidade do método de treinamento grupal, devem‑se observar os seguintes aspectos:
As técnicas de dinâmica grupal são as mais utilizadas neste tipo de treinamento, entre as quais
podem ser destacadas:
• Reunião em grupo: esta técnica é indicada para pequenos grupos, de seis a oito participantes.
Constitui‑se na discussão e na decisão sobre problemas de formação ligados ao trabalho dos
treinandos, onde o grupo indica um líder para coordenar.
• Demonstração: técnica mais empregada na formação em grupo, embora possa ser utilizada
no treinamento individual. É uma técnica que se aplica com frequência na aprendizagem de
habilidades manuais.
• Dramatização: também conhecida como “roly‑playing”, baseia‑se na representação dramatizada
ou teatralizada de situações reais no trabalho. É indicada para situações de formação, envolvendo
atividades que exigem contatos públicos.
• Brainstorming (tempestade cerebral ou tempestade de ideias): é utilizada para pequenos
grupos (no máximo de 10 participantes). Visa produzir novas ideias para encaminhar sugestões e
problemas relacionados ao processo de formação profissional.
• Estudo de caso: esta técnica é baseada em discussões organizadas e sistemáticas de
casos tomados da vida real. O estudo de caso é programado para que o treinando possa
descobrir os princípios básicos que o levam a pesquisar e oferecer sugestões em relação
ao problema apresentado.
• Painel: técnica coordenada por um instrutor ou um coordenador que reúne vários especialistas
(entre três e seis) para analisar determinado assunto, diante de um grupo de assistentes. Os dois
tipos mais utilizados de painel são: o painel simples e o painel com interrogadores.
• Simpósio: esta técnica reúne dois ou mais especialistas sobre determinado assunto, sob orientação
de um coordenador. Esta técnica é mais formal do que o painel, e tem como finalidade encaminhar
um trabalho de pesquisa e a reflexão entre seus participantes.
150
Gestão de Pessoas
• Treinamento no próprio serviço: é mais utilizado nas empresas, principalmente naquelas que não
contam com centros de treinamentos. O treinando adquire habilidades, conhecimentos e atitudes,
utilizando equipamentos e outros recursos empregados no próprio serviço que irá desempenhar
depois de treinado.
• Rodízio de funções: refere‑se à formação individual. Faz com que o treinando passe por diversos
cargos afins ou não ao seu. Esta técnica contribui para a formação de banco de talentos da
empresa.
• Instrução programada: técnica de auto‑instrução, com a qual o treinando experimenta, seleciona
e aplica a si mesmo uma aprendizagem dosada. Visa basicamente possibilitar a racionalização de
conteúdos didáticos.
Baseia‑se em num programa de auto‑desenvolvimento que visa alcançar o treinando onde quer que
ele se encontre.
Consiste em uma exposição oral, dinâmica e objetiva de um determinado assunto, sendo destinada
tanto ao treinamento individual como a formação em grupo. O método se subdivide em dois tipos:
Técnicas expositivas
Palestra
É também chamada de preleção. Não é recomendável a utilização desta técnica de forma isolada
na execução de um programa de treinamento. Para que a palestra obtenha êxito, é necessário que o
instrutor:
151
Unidade III
Conferência
Esta técnica é mais formal do que a palestra. Suas indicações são as mesmas da preleção.
Deve‑se utilizá‑la, quando o número de treinandos for muito grande, quando for introduzido em
novo método ou técnica de treinamento e quando se desejar vender a ideia de novos métodos e
técnicas de trabalho.
É importante que a equipe de treinamento tenha zelo pelo local do treinamento, porquanto este
é que vai ajudar a determinar o clima percebido pelos treinandos com relação à importância que os
treinadores estão atribuindo ao treinamento. Marras (2000, p. 166) classifica o treinamento quanto ao
local de realização em:
Refere‑se aos módulos que são aplicados dentro do recinto da empresa e dividem‑se, de acordo com
o período de realização, em:
São os módulos que se dividem segundo a homogeneidade do grupo, aplicados fora do recinto da
empresa:
Esta é uma fase muito importante. Existem organizações que não fazem aquisição dos processos de
treinamento pela incapacidade dos seus treinadores em demonstrar, após o treinamento, quais foram
os ganhos obtidos com essa prática.
Deve‑se observar que o processo de treinamento não tem um resultado imediato, quando este
depende da compreensão, do tempo de acomodação e aprendizagem pelos seus participantes.
Há que se entender que o treinamento/educação tem seu tempo de aplicação, observação da
mudança pela aplicação, reforço do aspecto treinado e, somente depois, a constatação dos
resultados.
Gil (1994, p. 78) entende que “a avaliação constitui um dos aspectos mais críticos do treinamento.
Por ser uma atividade delicada e complexa, costuma ser relegada a segundo plano, quando não
deliberadamente rejeitada. Entretanto, só a partir da avaliação é que se pode saber se o treinamento
atingiu seus objetivos”.
Boog (1994) entende que as razões para que a avaliação seja feita são as seguintes:
a. encontrar dados objetivos que reforcem suas crenças de que o treinamento não foi em vão;
e. provar que a relação custo‑benefício é vantajosa e que o treinamento deve ser considerado
instrumento com bom retorno e não apenas custo.
Nesse sentido, Gil (1994) afirma que existem três formas de avaliação de treinamento:
Avaliação do aprendizado:
Segundo Gil (1994), a avaliação dos resultados do treinamento pode ser feita a partir dos seguintes
níveis: organizacional, de recursos humanos e das tarefas e operações.
Hamblin apud Marras (2000, p. 161) sugere dois outros níveis de avaliação:
• avaliação de valores: é feita a partir da análise dos efeitos do treinamento no que se refere aos
sistemas de valores dos indivíduos.
Borges‑Andrade (2000) tem enfatizado que não se deve apenas avaliar a realização do
treinamento e sim analisar, de forma sistemática e contínua, o seu impacto para as organizações e
para os indivíduos. Desenvolveu e discutir instrumentos e procedimentos, visando oferecer por meio
do Modelo de Avaliação Integrado e Somatório (MAIS) uma resposta para a questão da avaliação
do treinamento. Nesse sentido, Hamblin apud Borges‑Andrade (2000) explica que a avaliação de
treinamento deve seguir cinco níveis:
1. reação: corresponde a um levantamento de atitudes e opiniões dos treinandos, bem como sua
satisfação em relação ao processo;
154
Gestão de Pessoas
5. valor final: implica comparar custo e benefício do treinamento, possui como foco a produção ou
o serviço prestado pela organização.
• disseminação: compreende outros aspectos que podem contribuir para procura ou escolha do
treinamento, como as formas utilizadas para a sua divulgação;
155
Unidade III
Saiba mais
Resumo
Exercícios
Questão 1. Embora constitua área de conhecimento das mais fascinantes, as bases teóricas da administração
ainda estão em formação. Os estudos pioneiros de Taylor e Fayol, por exemplo, foram ampliados, de forma
significativa, nos anos posteriores. Sobre as teorias da administração pode-se afirmar que:
I – na burocracia, o trabalho realiza-se por meio de funcionários que ocupam cargos, os quais têm
atribuições oficiais, fixas e ordenadas por meio de regras, leis ou disposições regimentais;
A) I, II e III.
B) I, II e IV.
C) I, III e V.
D) II, IV e V.
E) III, IV e V.
I – Afirmativa correta.
II – Afirmativa correta.
Justificativa: Taylor estabelece como objetivo de seus estudos a busca pela eficiência operacional,
conseguida por meio do estudo das tarefas, da criação de padrões de trabalho e da seleção e do
treinamento dos trabalhadores como modo de consolidar as conquistas anteriores (remuneração por
produção e metodologia do trabalho).
IV – Afirmativa correta.
Justificativa: a característica básica da visão contingencial é o fato de que o bom funcionamento das
organizações está diretamente ligado ao ambiente externo.
V – Afirmativa incorreta.
Questão 2. A Empresa de Exportação Ji-Paraná está fazendo uma atualização de seus cargos e
salários. Iniciou o processo a partir da descrição de cargos, como é recomendado. Para implementar uma
descrição eficiente de cargos é necessário considerar:
A) os requisitos mentais.
B) os requisitos físicos.
C) as faixas salariais.
D) as tarefas e atribuições.
E) as condições de trabalho.
158