Apostila de Calculo Diferencial e Integr
Apostila de Calculo Diferencial e Integr
Apostila de Calculo Diferencial e Integr
DIFERENCIAL E INTEGRAL II
Elisandra Bär de Figueiredo, Enori Carelli, Ivanete Zuchi Siple, Marnei Luis Mandler
Home-page: http://www.joinville.udesc.br/portal/professores/elisandra/
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i
Conteúdo
1 INTEGRAL DEFINIDA 1
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Partição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3 Soma Superior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.4 Soma Inferior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.5 Função Integrável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.5.10 Teorema do Valor Médio para Integrais . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.6 Teorema Fundamental do Cálculo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.6.6 Fórmulas Clássicas para Resolver Integrais (Revisão) . . . . . . . . . 20
1.7 Integrais Impróprias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.8 Integral de uma Função Descontínua num Ponto c ∈ [a, b] . . . . . . . . . . . 23
1.9 Aplicações da Integral Denida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.9.1 Área em coordenadas retangulares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.9.10 Área delimitada por curvas escritas em equações paramétricas . . . . 32
1.9.13 Área de um setor curvilíneo em coordenadas polares . . . . . . . . . . 34
1.10 Comprimento de Arco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
1.10.1 Comprimento de Arco em Coordenadas Cartesianas . . . . . . . . . . 38
1.10.3 Comprimento de um arco em coordenadas paramétricas . . . . . . . . 41
1.10.7 Comprimento de arco em coordenadas polares . . . . . . . . . . . . . 43
1.11 Volume de um Sólido de Revolução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
1.11.5 Rotação em torno de uma Reta Paralela a um Eixo Coordenado . . . 48
1.12 Exercícios Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
1.13 Respostas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
1.14 Revisão de Coordenadas Polares no R2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
ii
2.7.3 Ponto de Máximo e Ponto de Mínimo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
iii
5.12 Séries absolutamente convergente e condicionalmente convergentes . . . . . . 194
iv
Capítulo 1
INTEGRAL DEFINIDA
Objetivos (ao nal do capítulo espera-se que o aluno seja capaz de):
1. Denir integral inferior e integral superior;
2. Calcular o valor da integral denida por denição;
3. Aplicar o teorema fundamental do cálculo e suas propriedades;
4. Calcular integral denida por substituição de variáveis;
5. Resolver exercícios que envolvam integrais impróprias;
6. Resolver exercícios que envolvam integrais impróprias de funções descontínuas;
7. Calcular áreas delimitadas por funções em coordenadas retangulares;
8. Calcular áreas delimitadas por funções em coordenadas polares;
9. Calcular áreas delimitadas por funções em coordenadas paramétricas;
10. Calcular volume de um sólido de revolução;
11. Calcular o comprimento de um arco em coordenadas retangulares, paramétricas e po-
lares;
12. Calcular a superfície de um sólido de revolução;
13. Resolver problemas através da integral nas áreas de física, produção, economia entre
outras aplicações;
14. Resolver exercícios usando uma ferramenta tecnológica.
A prova será composta por questões que possibilitam vericar se os objetivos foram
atingidos. Portanto, esse é o roteiro para orientações de seus estudos. O modelo de formu-
lação das questões é o modelo adotado na formulação dos exercícios e no desenvolvimento
teórico desse capítulo nessa apostila.
1
1.1 Introdução
Neste capítulo estudaremos a integral denida. Uma das principais aplicações da integral
denida encontra-se em problemas que envolvem cálculo de área e volumes. Por exemplo,
seja f : [a, b] → R uma função contínua tal que f (x) ≥ 0 para todo x ∈ [a, b]. Nosso
propósito é determinar a área da região delimitada pela curva y = f (x), pelo eixo x e pelas
retas x = a e x = b, conforme Figura 1.1 abaixo:
a y b
a y c b
Deste modo obtemos um polígono circunscrito a região R cuja área é dada pela soma
da área dos dois retângulos. Como a base é a mesma, podemos dizer que a área é dada
2
∑
por Mi ∆x, onde Mi = M ax{f (x) : x ∈ [xi−1 , xi ]}. Você acha que podemos comparar a
i=1
2
área da região R representada pela Figura 1.1 e a região formada pelos retângulos da Figura
1.2? A diferença é muito grande? O que aconteceria com esta diferença se dividíssemos o
intervalo [a, b] em n subintervalos com n = 3, 4, 5, 6, · · ·?
A denição formal de integral denida envolve a soma de muitos termos pequenos (dife-
renciais), com a nalidade de obter-se uma quantidade total após esta operação. Assim há
uma conexão entre o cálculo integral e diferencial, onde o Teorema Fundamental do Cálculo
relaciona a integral com a derivada. As integrais estão envolvidas em inúmeras situações:
usando a taxa (derivada) podemos obter a quantidade (integral) de óleo que vaza de um
tanque durante um certo tempo; utilizando a leitura do velocímetro de um ônibus espacial é
possível calcular a altura atingida por ele em um dado intervalo de tempo. Assim, pode-se
usar a integral para resolver problemas concernentes a volumes, comprimentos de curvas,
predições populacionais, saída de sangue do coração, força sobre uma represa, potência con-
sumida e a energia usada em um intervalo de tempo na cidade de Joinville, etc.
O Cálculo da Área
y y
a b x a b x
1.2 Partição
ordenado de pontos
3
denominados intervalos da partição. Além disso, podemos escrever
|[x0 , x1 ]| = x1 − x0 = ∆x1
|[x1 , x2 ]| = x2 − x1 = ∆x2
|[x2 , x3 ]| = x3 − x2 = ∆x3
···
|[xi−1 , xi ]| = xi − xi−1 = ∆xi
···
|[xn−1 , xn ]| = xn − xn−1 = ∆xn .
EXEMPLO 1.2.2 Considerando o intervalo [1, 12], o conjunto de pontos P = {1, 2, 4, 8, 12} é
uma partição de [1, 12]. Os intervalos dessa partição são [1, 2], [2, 4], [4, 8] e [8, 12].
Naturalmente, temos 1 = x0 < 2 = x1 < 4 = x2 < 8 = x3 < 12 = x4 .
Consideraremos sempre uma função contínua f : [a, b] → R denida num intervalo fechado
[a, b] e limitada nesse intervalo, isto é, existem m, M ∈ R tais que m ≤ f (x) ≤ M para todo
x ∈ [a, b] .
D EFINIÇÃO 1.3.1 Seja f : [a, b] → R uma função limitada e seja P = {x0 , x1 , x2 , ..., xi , ..., xn }
uma partição de [a, b], com a = x0 < x1 < x2 < ... < xn = b. Seja Mi o valor supremo de f
no intervalo [xi−1 , xi ] , onde i = 1, 2, 3, · · · , n. Denominamos soma superior de f em relação
à partição P e denotamos por S(f, P ) à expressão:
n
∑
S(f, P ) = M1 (x1 − x0 ) + M2 (x2 − x1 ) + .. + Mn (xn − xn−1 ) = Mi (xi − xi−1 ). (1.3.1)
i=1
EXEMPLO 1.3.2 Considere a função f : [0, 2] → R denida por f (x) = xsenx. Na Figura
1.4 podemos ver o gráco de uma soma superior referente a uma partição composta por 15
pontos. Já uma soma superior referente a uma partição com maior número de pontos (80
pontos), é ilustrada pela Figura 1.5.
4
y
f(x)=xsen x
x
f(x)=xsen x
x
Figura 1.5: Soma Superior, S(f, P ), P com 80 pontos: A = 1, 746 u.a.
D EFINIÇÃO 1.4.1 Seja f : [a, b] → R uma função limitada e seja P = {x0 , x1 , x2 , ..., xi , ..., xn }
uma partição de [a, b], onde a = x0 < x1 < x2 < ... < xn = b. Seja mi o valor ínmo de f
no intervalo [xi−1 , xi ] para i = 1, 2, 3, ..., n. Denominamos soma inferior de f em relação à
partição P e denotamos por S(f, P ) à expressão:
n
∑
S(f, P ) = m1 (x1 − x0 ) + m2 (x2 − x1 ) + ... + mn (xn − xn−1 ) = mi (xi − xi−1 ). (1.4.1)
i=1
EXEMPLO 1.4.2 Considere a função f : [0, 2] → R denida por f (x) = xsenx. Na Figura
1.6 podemos ver o gráco de uma soma inferior referente a uma partição composta por um
número reduzido de pontos (15 pontos) e na Figura 1.7 de uma soma inferior referente a
uma partição com maior número de pontos (80 pontos).
Note que, aumentando o número de pontos de [a, b] a soma inferior S (f, P ) vai se apro-
ximando da área sob o gráco de f (x) = x sin x no intervalo [0, 2].
5
y
f(x)=xsen x
f(x)=xsen x
x
Figura 1.7: Soma Inferior, S(f, P ), P com 80 pontos: A = 1, 718 u.a.
DEFINIÇÃO 1.5.1 Seja f : [a, b] → R uma função limitada. Dizemos que f é integrável se
ou seja, se
n
∑ n
∑
lim mi (xi − xi−1 ) = lim Mi (xi − xi−1 ),
n→+∞ n→+∞
i=1 i=1
O BSERVAÇÃO 1.5.2 As somas superiores e inferiores acima denidas são casos particulares
n
∑
de Somas de Riemann, que são quaisquer expressões da forma S = f (wi ) ∆xi , onde
i=1
wi ∈ [xi−1 , xi ] não é necessariamente um máximo ou um mínimo de f em cada subintervalo
6
da partição considerada, nem ∆xi é necessariamente constante. No entanto, em nossos
propósitos, não iremos considerar esses casos mais gerais.
Ainda, como f (x) pode ser negativa, certos termos de uma soma superior ou inferior
também podem ser negativos. Consequentemente, nem sempre S(f, P ) e S(f, P ) irão repre-
sentar uma soma de áreas de retângulos. De forma geral, estas somas representam a soma
das áreas dos retângulos situados acima do eixo-x (onde f ≥ 0) com o negativo das áreas
dos retângulos que estão situados abaixo deste eixo (onde f ≤ 0).
O BSERVAÇÃO 1.5.3 Para calcular integrais denidas usando a denição de somas superiores
ou inferiores, serão usadas as seguintes expressões:
(i) 1 + 1 + 1 + ... + 1 = k
| {z }
k vezes
(1 + k)k
(ii) 1 + 2 + 3 + ... + k =
2
k (k + 1) (2k + 1)
(iii) 12 + 22 + 32 + ... + k 2 =
6
3 3 3 k 2 (k + 1)2
3
(iv) 1 + 2 + 3 + ... + k =
4
k (k + 1) (6k 3 + 9k 2 + k − 1)
(v) 14 + 24 + 34 + ... + k 4 =
30
EXEMPLO 1.5.4 Usando a denição de soma superior, encontre a área delimitada pelas curvas
y = x2 + 1, x = 0, x = 4 e y = 0 (sabendo que a função é integrável).
Solução: Tomamos P = {x0, x1 , x2 , ..., xn } uma partição do intervalo [0, 4], conforme ilustra
a Figura 1.8
Como os subintervalos da partição podem ser quaisquer, podemos admitir que todos
possuem o mesmo diâmetro, isto é, ∆x = ∆x1 = ∆x2 = ... = ∆xn . Portanto, temos que
4−0 4
∆x = = e podemos atribuir valores para cada xi ∈ P como sendo
n n
x0 = 0, x1 = ∆x, x2 = 2∆x, x3 = 3∆x, ..., xn = n∆x.
7
Seja Mi o supremo de f (x) = x2 + 1 no intervalo [xi−1 , xi ]. Como neste exemplo temos
uma função crescente, o máximo de f em cada subintervalo ocorre no seu extremo direito,
ou seja, Mi = f (xi ). Assim, a soma superior de f é dada por
S(f, P ) = M1 ∆x + M2 ∆x + M3 ∆x + .... + Mn ∆x
= f (x1 )∆x + f (x2 )∆x + f (x3 )∆x + ... + f (xn )∆x
= f (∆x)∆x + f (2∆x)∆x + f (3∆x)∆x + ... + f (n∆x)∆x
= ∆x[(∆x)2 + 1 + (2∆x)2 + 1 + (3∆x)2 + 1 + ... + (n∆x)2 + 1]
= ∆x[1 + 1 + ... + 1 + (∆x)2 + 4(∆x)2 + 9(∆x)2 + ... + n2 (∆x)2 ]
= ∆x[n + ∆x2 (1 + 22 + 32 + ... + n2 )]
( )
2 n(n + 1)(2n + 1)
= ∆x n + ∆x
6
( 2
)
4 4 n(n + 1)(2n + 1)
= n+ 2
n n 6
64 (n + 1)(2n + 1)
= 4+
6 ( n2 )
32 3 1 64 32 32
= 4+ 2+ + 2 =4+ + + 2.
3 n n 3 n 3n
EXEMPLO 1.5.5 Usando a denição de soma inferior, encontre a área delimitada pelas curvas
y = 16 − x2 , x = 1, x = 4 e y = 0 (sabendo que a função é integrável).
Solução: Tomamos P = {x0, x1 , x2 , ..., xn } uma partição do intervalo [1, 4], conforme ilustra
a Figura 1.9
y
8
Como os subintervalos da partição podem ser quaisquer, podemos admitir que todos
possuem o mesmo diâmetro, isto é, ∆x = ∆x1 = ∆x2 = ... = ∆xn . Portanto, temos que
4−1 3
∆x = = e podemos atribuir valores para cada xi ∈ P como sendo
n n
x0 = 1, x1 = 1 + ∆x, x2 = 1 + 2∆x, x3 = 1 + 3∆x, · · · , xn = 1 + n∆x.
S(f, P ) = m1 ∆x + m2 ∆x + m3 ∆x + .... + mn ∆x
= f (x1 )∆x + f (x2 )∆x + f (x3 )∆x + ... + f (xn )∆x
= f (1 + ∆x)∆x + f (1 + 2∆x)∆x + f (1 + 3∆x)∆x + ... + f (1 + n∆x)∆x
= [16 − (1 + ∆x)2 + 16 − (1 + 2∆x)2 + 16 − (1 + 3∆x)2 + · · · + 16 − (1 + n∆x)2 ]∆x
= 16n∆x + [1 + 2∆x + (∆x)2 + 1 + 2 · 2∆x + (2∆x)2 + 1 + 2 · 3∆x + (3∆x)2 +
+ · · · + 1 + 2 · n∆x + (n∆x)2 ]∆x
= 16n∆x − n∆x − 2(1 + 2 + 3 + · · · + n)(∆x)2 − (12 + 22 + 32 + · · · + n2 )(∆x)3
n(n + 1) n(n + 1)(2n + 1)
= 15n∆x − 2 · · (∆x)2 − · (∆x)3
2 6
3 n2 + n 2n3 + 3n2 + n
= 15n · − 9 · − 9 ·
n n2 2n3
9 27 9 45 9
= 45 − 9 − − 9 − − 2 = 27 − − 2
n 2n 2n 2n 2n
Portanto, a área desejada é dada por
∫ 4 ( )
2 45 9
(16 − x )dx = lim 27 − − 2 = 27.
1 n→+∞ 2n 2n
O BSERVAÇÃO 1.5.6Até o momento não exigimos que a função seja contínua. Isso porque a
condição de continuidade não é necessária para que uma função seja integrável. Daqui para
frente só trabalharemos com funções contínuas. A integrabilidade de funções não contínuas,
usando a denição, não será objeto do nosso estudo.
9
∫ b
v. Se m ≤ f (x) ≤ M para todo x ∈ [a, b] , então m (b − a) ≤ f (x) dx ≤ M (b − a) .
a
∫ b ∫ c ∫ b
vi. Se c ∈ [a, b] , então f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx.
a a c
vii. A troca dos limitantes de integração acarreta a mudança no sinal da integral denida,
ou seja, ∫ b ∫ a
f (x) dx = − f (x) dx.
a b
∫ a
viii. f (x)dx = 0.
a
Seja P = {x0, x1 , x2 , ..., xn } uma partição do intervalo [−1, 1], de tal forma que todos os
subintervalos de P possuam o mesmo diâmetro, isto é, ∆x = ∆x1 = ∆x2 = · · · = ∆xn .
1 − (−1) 2
Portanto, temos que a base de cada um dos retângulos é dada por ∆x = = e
n n
assim podemos atribuir valores para cada xi ∈ P como sendo
x0 = −1, x1 = −1 + ∆x, x2 = −1 + 2∆x, x3 = −1 + 3∆x, · · · , xn = −1 + n∆x.
10
máximo de f em cada subintervalo ocorre no seu extremo esquerdo, ou seja, Mi = f (xi−1 ).
Assim, a soma superior de f é dada por
S(f, P ) = M1 ∆x + M2 ∆x + M3 ∆x + · · · + Mn ∆x
= f (x0 )∆x + f (x1 )∆x + f (x2 )∆x + · · · + f (xn−1 )∆x
= f (−1)∆x + f (−1 + ∆x)∆x + f (−1 + 2∆x)∆x + · · · + f (−1 + (n − 1)∆x)∆x
[ ] [ ]
= ∆x{5 + (−1 + ∆x)2 − 2(−1 + ∆x) + 2 + (−1 + 2∆x)2 − 2(−1 + 2∆x) + 2 +
[ ]
+ · · · + (−1 + (n − 1)∆x)2 − 2(−1 + (n − 1)∆x) + 2 }
[ ] [ ]
= ∆x{5 + (1 − 2∆x + (∆x)2 ) + 2 − 2∆x + 2 + 1 − 4∆x + 22 (∆x)2 + 2 − 4∆x + 2 +
[ ]
+ · · · + 1 − 2(n − 1)∆x + (n − 1)2 (∆x)2 + 2 − 2(n − 1)∆x + 2 }
[ ] [ ]
= ∆x{5 + 5 − 4∆x + (∆x)2 + 5 − 8∆x + 22 (∆x)2 +
[ ]
+ · · · + 5 − 4(n − 1)∆x + (n − 1)2 (∆x)2 }
[ ( )]
= ∆x 5n − 4∆x (1 + 2 + · · · + (n − 1)) + (∆x)2 1 + 22 + · · · + (n − 1)2
[ ( )2 ]
2 2 n(n − 1) 2 (n − 1)n (2n − 1)
= · 5n − 4 · · + ·
n n 2 n 6
[ ( 2 )]
2 2 2n − 3n + 1
= · 5n − 4(n − 1) + ·
n 3 n
( )
8 4 3 1 14 4 4
= 2+ + · 2− + 2 = + + 2.
n 3 n n 3 n 3n
SejaQ = {x0, x1 , x2 , ..., xn } uma partição do intervalo [1, 2], de tal forma que todos os
subintervalos de Q possuam o mesmo diâmetro, isto é, ∆x = ∆x1 = ∆x2 = · · · = ∆xn .
2−1 1
Portanto, temos que a base de cada um dos retângulos é dada por ∆x = = e assim
n n
podemos atribuir valores para cada xi ∈ Q como sendo
S(f, Q) = M1 ∆x + M2 ∆x + M3 ∆x + · · · + Mn ∆x
= f (x1 )∆x + f (x2 )∆x + f (x3 )∆x + · · · + f (xn )∆x
= [f (1 + ∆x) + f (1 + 2∆x) + f (1 + 3∆x) + · · · + f (1 + n∆x)]∆x
= {[(1 + ∆x)2 − 2(1 + ∆x) + 2] + [(1 + 2∆x)2 − 2(1 + 2∆x) + 2] +
+[(1 + 3∆x)2 − 2(1 + 3∆x) + 2] + · · · + [(1 + n∆x)2 − 2(1 + n∆x) + 2]}∆x
= {[1 + (∆x)2 ] + [1 + (2∆x)2 ] + [1 + (3∆x)2 ] + · · · + [1 + (n∆x)2 ]}∆x
= n∆x + (12 + 22 + 32 + · · · + n2 )(∆x)3
( )3
1 n(n + 1)(2n + 1) 1 4 1 1
= n· + · = + + 2
n 6 n 3 2n 6n
Portanto, a soma superior de f
[−1, 2] é
em
14 4 4 4 1 1 9 3
S(f, P ∪ Q) = + + 2+ + + 2 =6+ + 2.
3 n 3n 3 2n 6n 2n 2n
11
Para determinar a soma inferior de f, basta encontrar as alturas dos retângulos inscritos.
A Figura 1.11 ilustra o gráco da soma inferior de f referente a uma partição composta de
15 pontos. Observe que as alturas dos retângulos inscritos não possuem o mesmo comporta-
mento em todo o intervalo. Isso ocorre porque a função é decrescente no intervalo [−1, 1] e
crescente em [1, 2]. Para obter a expressão para a soma inferior de f usaremos novamente a
Propriedade vi, tomando uma partição para o intervalo [−1, 1] e outra para o intervalo [1, 2].
12
Soma Inferior para o intervalo [1, 2]
S(f, Q) = m1 ∆x + m2 ∆x + m3 ∆x + · · · + mn ∆x
= f (x0 )∆x + f (x1 )∆x + f (x2 )∆x + · · · + f (xn−1 )∆x
= f (1)∆x + f (1 + ∆x)∆x + f (1 + 2∆x)∆x + · · · + f (1 + (n − 1)∆x)∆x
[ ] [ ]
= ∆x{1 + (1 + ∆x)2 − 2(1 + ∆x) + 2 + (1 + 2∆x)2 − 2(1 + 2∆x) + 2 +
[ ]
+ · · · + (1 + (n − 1)∆x)2 − 2(1 + (n − 1)∆x) + 2 }
= ∆x{1 + [1 + (∆x)2 ] + [1 + (2∆x)2 ] + · · · + [1 + ((n − 1)∆x)2 ]}
= n∆x + [12 + 22 + · · · + (n − 1)2 ](∆x)3
( )3
1 (n − 1)n(2n − 1) 1 4 1 1
= n· + · = − + 2.
n 6 n 3 2n 6n
14 4 4 4 1 1 9 3
S(f, P ∪ Q) = − + 2+ − + 2 =6− + 2.
3 n 3n 3 2n 6n 2n 2n
Finalmente, utilizando a soma superior de f, obtemos que a área da região desejada é
dada por
∫ 1 ∫ 2
2
A = (x − 2x + 2)dx + (x2 − 2x + 2)dx
−1
( )1 ( )
14 4 4 4 1 1 14 4
= lim + + 2 + lim + + 2 = + = 6.
n→+∞ 3 n 3n n→+∞ 3 2n 6n 3 3
EXEMPLO 1.5.8 Utilize a denição de integral denida para determinar a área da região
R delimitada por f (x) = 9 e g(x) = x2 , com x ≤ 0, sabendo que f e g são funções
integráveis.
13
A área da região R pode ser interpretada como sendo a área da região R1 menos a área da
região R2 , onde R1 é a região retangular limitada pelas curvas y = g(x), y = 0, x = −3 e
x − 0 e R2 é a região∫ limitada pelas curvas y = f (x), y = 0, x = −3 e x − 0.
0
Área de R1 : AR1 = 9dx = 9[0 − (−3)] = 27u.a. (usando as propriedades de integral
−3
denida).
Área de R2 : Os retângulos inscritos na região R2 estão representados na Figura 1.13. A área
Agora vamos determinar as alturas dos retângulos inscritos. Como neste exemplo temos uma
função decrescente, cada retângulo inscrito atinge sua altura no ponto xi , i = 1, 2, · · · , n,
ou seja, a altura de cada retângulo é g(xi ) = x2i . Assim, a soma de Riemann de g relativa a
partição P e com as alturas denidas é dada por
n
∑ n
∑
S(g, P ) = g(xi )∆x = x2i ∆x = (x21 + x22 + · · · + x2n )∆x
i=1 i=1
= [(−3 + ∆x)2 + (−3 + ∆x)2 + · · · + (−3 + ∆x)2 ]∆x
[( ) ( ) ( )]
= 9 − 6∆x + (∆x)2 + 9 − 6 · 2∆x + (2∆x)2 + · · · + 9 − 6 · n∆x + (n∆x)2 ∆x
= 9n∆x − 6(∆x)2 (1 + 2 + · · · + n) + (∆x)3 (12 + 22 + · · · + n2 )
54 n(n + 1) 27 n(n + 1)(2n + 1)
= 27 − 2 +
n ( 2 ) n3( 6 )
1 9 3 1
= 27 − 27 1 + + 2+ + 2
n 2 n n
27 9
= 9+ + 2
2n 2n
14
Portanto, usando retângulos inscritos obtemos que
( )
27 9
AR2 = lim 9+ + 2 = 9u.a..
n→+∞ 2n 2n
Agora vamos determinar as alturas dos retângulos inscritos. Como neste exemplo temos
uma função decrescente e negativa, cada retângulo inscrito atinge sua altura no ponto xi−1 ,
i = 1, 2, · · · , n, ou seja, a altura de cada retângulo é f (xi−1 ). Assim, a soma de Riemann de
15
f relativa a partição P e com as alturas denidas é dada por
n
∑
S(f, P ) = f (xi−1 )∆x
i=1
= [f (x0 ) + f (x1 ) + f (x2 ) + · · · f (xn−i )]∆x
{ }
= −1 + [−(∆x)2 − 1] + [−(2∆x)2 − 1] + · · · + [−((n − 1)∆x)2 − 1] ∆x
= −n∆x − [12 + 22 + · · · + (n − 1)2 ](∆x)3
( )3
4 (n − 1)n(2n − 1) 4
= −n · − ·
n 6 n
2
32(2n − 3n + 1) 64 32 32
= −4 − 2
= −4 − + − 2
3n 3 n 3n
Portanto, usando áreas de retângulos inscritos obtemos que
∫ 4 ( )
2 76 32 32 76
(−x − 1)dx = lim − + − 2 =− .
0 n→+∞ 3 n 3n 3
Solução: Como f (x) = x2 + 1 é uma função contínua no intervalo [0, 4] o Teorema do Valor
Médio para Integrais garante que existe c ∈ (0, 4) de modo que
∫ 4
(x2 + 1)dx = f (c)(4 − 0).
0
Assim, √
76 16 4 3
c2 + 1 = ⇒ c2 = ⇒c=± .
4·3 3 3
√ √
4 3 4 3
Observe que c = − não está no intervalo que procuramos a solução. Portanto, c =
3 3
satisfaz a conclusão do Teorema 1.5.11.
se f for uma função constante então qualquer número c pode ser utilizado.
∫ b
1
OBSERVAÇÃO 1.5.14 O número f (x)dx é dito valor médio de f em [a, b].
b−a a
16
y y=f(x)
P(c, f(c))
a c b x
Figura 1.15: Interpretação geométrica do Teorema 1.5.11
Seja f : [a, b] → R uma função contínua integrável. Vamos xar o limite inferior a e variar
o limite superior. Deniremos a função
∫ x
F (x) = f (t) dt ∀x ∈ [a, b].
a
Caso f (t) seja sempre positiva, então F (x) será numericamente igual a área do trapezóide
curvilíneo da Figura 1.16.
y
F(x)
F( x+ x) f(x)
a x x+ x x
17
DEMONSTRAÇÃO: Utilizando a denição de derivada, temos que
F (x + ∆x) − F (x)
F ′ (x) = lim
∆x→0 ∆x
[∫ x+∆x ∫ x ]
1
= lim f (t) dt − f (t) dt
∆x→0 ∆x a a
[∫ x ∫ x+∆x ∫ x ]
1
= lim f (t) dt + f (t) dt − f (t) dt
∆x→0 ∆x a x a
∫ x+∆x
1
= lim f (t) dt,
∆x→0 ∆x x
porém, pelo Teorema 1.5.11, sabemos que existe c ∈ [x, x + ∆x] tal que
∫ x+∆x
f (t) dt = f (c) (x + ∆x − x) = f (c)∆x
x
e portanto
F ′ (x) = lim f (c)
∆x→0
quando ∆x → 0 temos que c → x como f é contínua, obtemos que f (c) → f (x) e assim
ca demonstrado que
F (x + ∆x) − F (x)
F ′ (x) = lim = f (x) .
∆x→0 ∆x
C OROLÁRIO 1.6.2 Se f : [a, b] → R for contínua no intervalo [a, b], então F : [a, b] → R é
∫ b
f (x)dx = G(b) − G(a)
a
G(x) = F (x) + c.
Assim,
∫ b ∫ a ∫ b
G(b) − G(a) = [F (b) + c] − [F (a) + c] = f (t)dt − f (t)dt = f (t)dt
a a a
18
Trocando t por x obtemos ∫ b
f (x)dx = G(b) − G(a)
a
como queríamos demonstrar.
A notação usual é b
∫ b
f (x)dx = G(x) .
a
a
O teorema fundamental do cálculo permite que sejam determinadas as integrais denidas
das funções contínuas em intervalos fechados sem usar o método visto para encontrar somas
superiores e inferiores.
EXEMPLO 1.6.4 Utilizando o Teorema Fundamental do Cálculo encontre a área sob o gráco
de f : [0, 4] → R denida por f (x) = x2 + 1.
EXEMPLO 1.6.5 Calcule a área da região situada entre o eixo x e a curva f (x) = 18 (x2 −2x+8),
com x no intervalo de [−2, 4].
19
1.6.6 Fórmulas Clássicas para Resolver Integrais (Revisão)
Para utilizar o teorema fundamental do cálculo, é essencial que se saiba obter a primitiva
(anti-derivada) de uma função. Vamos então relembrar, do cálculo I, alguns processos clás-
sicos de integração que serão muito úteis na resolução de problemas que envolvem integral
denida.
i. Mudança de Variável
∫ b ∫ β
f (x) dx = f (g (t)) g ′ (t) dt.
a α
∫ 5
√
x−1
EXEMPLO 1.6.8 Calcular a integral denida dx, usando o Teorema 1.6.7.
1 x
√
Solução: Primeiro vamos encontrar a função g (t). Seja t = x − 1 (note que t ≥ 0), então
podemos escrever x = t + 1 e assim obtemos g (t) = t + 1, cuja derivada é g ′ (t) = 2t.
2 2
α2 + 1 = 1 ⇒ α2 = 0 ⇒ α = 0
β 2 + 1 = 5 ⇒ β 2 = 4 ⇒ β = 2.
√
x−1
Na sequência, determinaremos f (g (t)). Como f (x) = , obtemos
x
√ √
g (t) − 1 t2 + 1 − 1 t
f (g (t)) = = = .
g (t) t2 + 1 t2 + 1
20
Finalmente, vamos determinar o valor da integral, usando o Teorema 1.6.7, obtemos:
∫ 5
√ ∫ 2 ∫ 2 ∫ 2 2
x−1 t t2 t +1−1
dx = 2
2tdt = 2 2
dt = 2 dt =
1 x 0 t +1 0 t +1 0 t2 + 1
∫ 2 2 ∫ 2 ∫ 2
t +1 1 dt
= 2 2
− 2 dt = 2 dt − 2 2
=
0 t +1 t +1 0 0 t +1
2 2
= 2t − 2 arctan t = 4 − 2 arctan 2.
0 0
T EOREMA 1.6.9 Sejam f, g : [a, b] → R funções que possuem derivadas integráveis, então
∫ b ∫
b b
′
f (x)g (x)dx = f (x)g(x) − f ′ (x)g(x)dx.
a a
a
u = f (x) ⇒ du = f ′ (x)dx
dv = g ′ (x)dx ⇒ v = g(x)
∫ b ∫
b b
udv = uv − vdu.
a a
a
∫ π
3
EXEMPLO 1.6.10 Determine o valor da integral sin3 xdx.
0
e encontramos
∫ π ∫ π
π 3
3
3 2 3
sin xdx = sin x(− cos x) − − cos x(2 sin x cos x)dx
0 0
0
π ∫ π
3
2 3
= − sin x cos x + 2 cos2 x sin xdx
0
0
π
2 3
2 3
= (− sin x cos x − cos x)
3
0
3 1 1 2 5
= − · − + = .
4 2 12 3 24
21
1.7 Integrais Impróprias
DEFINIÇÃO 1.7.1 Seja f : [a, ∞) → R uma função contínua para todo x ∈ [a, +∞). De-
nimos ∫ +∞ ∫ b
f (x) dx = lim f (x) dx,
a b→+∞ a
desde que o limite exista.
∫ +∞
1
EXEMPLO 1.7.2 Encontre o valor numérico da integral dx.
0 1 + x2
Solução: Veja o gráco de f na Figura 1.18. Pela denição 1.7.1 temos que
∫ ∫ b
+∞
1 b
1
dx = lim dx = lim arctan x
0 1 + x2 b→+∞ 0 1+x 2 b→+∞
0
π
= lim (arctan b − arctan 0) = lim arctan b = .
b→+∞ b→+∞ 2
DEFINIÇÃO 1.7.3 Seja f : (−∞, b] → R uma função contínua para todo x ∈ (−∞, b].
Denimos ∫ ∫
b b
f (x) dx = lim f (x) dx,
−∞ a→−∞ a
22
∫ +∞
1
EXEMPLO 1.7.6 Encontre o valor numérico da integral dx.
−∞ 1 + x2
∈ [a, b]
DEFINIÇÃO 1.8.1 Seja f : [a, b] → R uma função contínua no intervalo [a, b], exceto no
ponto c ∈ [a, b]. Denimos
∫ b ∫ α ∫ b
f (x) dx = lim− f (x) dx + lim− f (x) dx,
a α→c a β→c β
x
Figura 1.19: Área sob o gráco de f (x) = 1
x2
23
Solução: O integrando é contínuo em todo ponto pertencente ao intervalo [−1, 1] , exceto
em x = 0 (observe a Figura 1.19). Pela denição 1.8.1, temos que
∫ 1 ∫ α ∫ 1
1 1 1
dx = lim− dx + lim dx
−1 x2 α→0 −1 x
2 β→0+ β x2
α 1
−1 −1
= lim− + lim+
α→0 x β→0 x
−1 β
[ ( )] [ ( )]
−1 −1 −1
= lim− − + lim+ −1 −
α→0 α −1 β→0 β
= [+∞ − 1] + [−1 + ∞] = +∞
1
Consequentemente, a função f (x) = não é integrável no intervalo [−1, 1].
x2
OBSERVAÇÃO 1.8.3 Quando os limites que aparecem nas denições anteriores existem e são
nitos, dizemos que a integral imprópria converge. Caso contrário, ou seja, quando um dos
limites não existir, dizemos que a integral imprópria diverge.
EXEMPLO 1.8.4 Classique as integrais abaixo em convergente ou divergente.
∫ +4
(a) |x|ex dx;
−∞
∫ π
sin x
(b) dx.
0 cos2 x
Solução (a):
∫ +4 ∫ 0 ∫ 4
x x
|x|e dx = lim −xe dx + xex dx
−∞ a→−∞ 0
a0 ∫ 4 ∫
0 4
x x x
= lim −xe − −e dx + xe − ex dx
a→−∞ a 0
a 0
( )
= lim 0 + aea + e0 − ea + 4e4 − 0 − (e4 − 1)
a→−∞
Solução (b):
∫ π ∫ a ∫ π
sin x sin x sin x
dx = lim dx + lim dx
0 cos2 x a→ π2 − 0 cos x
2
b→ π2 + b cos x
2
[ a ] [ π ]
1 1
= lim + lim
a→ π2 − cos x b→ π2 + cos x
0 b
[ ] [ ]
1 1
= lim − 1 + lim −1 −
a→ π2 − cos a b→ π2 + cos b
= +∞ − 2 + ∞ = +∞
ou seja, a integral diverge.
24
1.9 Aplicações da Integral Denida
1.9.1 Área em coordenadas retangulares
Vimos que, se uma função f for não negativa, isto é, f (x) ≥ 0 para todo x no intervalo
[a, b], então a área da região delimitada pelas curvas x = a, x = b, y = 0 e y = f (x) é dada
por ∫ b
A= f (x) dx.
a
No caso mais geral, estaremos interessados em calcular a área da região situada entre os
grácos de duas funções f e g, com f (x) ≥ g(x) para todo x ∈ [a, b], de acordo com a Figura
1.20.
y
y=f(x)
y=g(x)
a b x
EXEMPLO 1.9.2 Calcule a área da região situada entre o eixo x e o gráco da função f (x) =
2x, com x no intervalo [−2, 2] .
Solução: A representação gráca de f pode ser observada na Figura 1.21. Como esta função
tem imagem negativa no intervalo [−2, 0] e não negativa no intervalo [0, 2], devemos proceder
como segue
∫ ∫ ∫ ∫ 0 2
0 2 0 2
2 2
A= (0 − 2x)dx + (2x − 0)dx = −2xdx + 2xdx = −x + x = 8 u.a.
−2 0 −2 0
−2 0
Logo, a área sob o gráco da função f (x) = 2x, no intervalo [−2, 2] , é igual a 8 unidades de
área.
25
y
√
EXEMPLO 1.9.3 Calcule a área da região delimitada pelas curvas y = x2 e y= x.
Solução: Nesse exemplo não foi especicado o intervalo em que está situada a região deli-
mitada pelas curvas. Devemos determinar este intervalo encontrando os pontos de interseção
das curvas. {
y =√x2
Para isso, basta resolver o sistema de equações . É fácil ver que a solução
y= x
√
vem da igualdade x = x e os valores de x que tornam essa sentença
2
√ verdadeira são x = 0
e x = 1. Desse modo, a região delimitada pelas curvas y = x e y = x ca determinada se
2
x ∈ [0, 1].
y
x
√
Figura 1.22: Região delimitada por y = x2 e y = x.
De acordo com a Figura 1.22, podemos observar que a área desejada pode√ser obtida
através da diferença entre as áreas das regiões situadas sob o gráco de y = x e sob o
gráco de y = x2 , com x ∈ [0, 1] .
Assim, temos que
∫ 1
1 (√ 2
) 2 3 1 3 2 1 1
A= x−x dx = x 2 − x = − = u.a.
0 3 3 3 3 3
0
1
Portanto, a área desejada é igual a unidades de área.
3
EXEMPLO 1.9.4 Calcule a área da região hachurada na Figura 1.23.
Solução: Primeiro vamos identicar a lei que dene as funções lineares presentes no gráco.
Uma reta passa pelos pontos (0,0) e (1,1) e a outra passa pelos pontos (0, 0) e (2, 12 ). Portanto
26
y
32
Portanto, a área desejada é igual a unidades de área.
3
EXEMPLO 1.9.6 Encontre o valor da área delimitada pelas curvas y = x2 , y = 2 − x 2 e
y = 2x + 8.
Solução: Inicialmente vamos fazer uma representação gráca, conforme ilustra a Figura
1.25. Na sequência, vamos encontrar as interseções das curvas.
28
em três partes, a saber:
∫ −1 ∫ −1
2 8
A1 = (2x + 8 − x2 )dx = ,
(2x + 8) − (x )dx =
−2 −2 3
∫ 1 ∫ 1
38
A2 = (2x + 8) − (2 − x2 )dx = (2x + 6 + x2 )dx = ,
−1 −1 3
∫ 4
A3 = (2x + 8) − (x2 )dx = 18.
1
8 38 100
A = A1 + A2 + A3 = + + 18 = u.a.
3 3 3
EXEMPLO 1.9.7 Calcule, de duas formas distintas, a área da região delimitada pelas curvas
x=y+1 e x = y 2 − 1.
Solução: Iniciamos com a representação geométrica da região, que está esboçada na Figura
1.26. A seguir, devemos encontrar os pontos de interseção entre as curvas, igualando suas
equações, obtendo
y2 − 1 = y + 1 ⇒ y2 − y − 2 = 0 ⇒ y = −1 e y=2
e ainda,
y = −1 ⇒ x = 0 e y = 2 ⇒ x = 3.
Uma primeira forma de calcular a área desejada é proceder como nos exemplos anteriores,
onde tomamos x como variável de integração. Para isso, devemos isolar y em função de x,
obtendo
√
y =x−1 e y = ± x + 1.
Note que o sinal positivo na última equação corresponde à porção da parábola situada
29
Como ocorre troca na limitação inferior da região, devemos tomar uma soma de integrais
para calcular sua área, conforme segue
∫ 0 3√ ∫
√ √
A = x + 1 − (− x + 1)dx + x + 1 − (x − 1)dx
−1 0
∫ 0 ∫ 3
√ √
= 2 x + 1dx + ( x + 1 − x + 1)dx
−1 0
0 3
4√ 2 √ x 2
= (x + 1)3 + (x + 1)3 − + x
3 3 2
−1 0
4 16 9 2 9
= + − + 3 − = u.a.
3 3 2 3 2
Uma segunda maneira de calcular esta área é mantendo y como variável independente e
tomar a integração em relação a y. Neste caso, a curva superior está situada à direita,ou seja,
é a reta x = y + 1 e a curva inferior está situada à esquerda, ou seja, é a parábola x = y 2 − 1.
Como desta forma não ocorre troca de limitação, podemos calcular a área tomando uma
única integral
∫ 2
A = (y + 1) − (y 2 − 1)dy
−1
∫ 2
2
y 2
y 3
2
= (y − y + 2)dy = − + 2y
−1 2 3
−1
( )
8 1 1 9
= 2− +4− − − 2 = u.a.
3 2 3 2
Observe que a troca da variável de integração resultou numa expressão cuja integral
era mais simples de ser resolvida. Desta forma, é importante saber escrever integrais que
permitem calcular áreas tomando tanto x quanto y como variáveis de integração, para depois
optar por resolver aquela que se mostrar mais simples.
EXEMPLO 1.9.8 Escreva a(s) integral(is) que permite(m) calcular a área da região delimitada
√
simultaneamente pelas curvas de equações y= x − 2, x + y = 2 e x + 2y = 5, tomando:
x
√
Figura 1.27: Região delimitada por y= x − 2, x + y = 2 e x + 2y = 5
√
para a reta superior, y = 2−x para a reta inferior e y = x − 2 para a parábola, que também
é um limitante inferior. Como ocorre troca na limitação inferior em x = 2, precisamos de
duas integrais.
∫ 2 [( ) ] ∫ 3 [( ) ]
5−x 5−x (√ )
A = − (2 − x) dx + − x − 2 dx
−1 2 2 2
∫ 2 ∫ 3( )
1+x 5−x √
= dx + − x − 2 dx.
−1 2 2 2
Neste exemplo, as duas expressões obtidas envolvem soma de integrais. Mesmo assim,
é fácil notar que a expressão na qual y é a variável independente é a mais simples de ser
resolvida. Assim, se o enunciado solicitasse que fosse calculado o valor numérico da área em
questão, deveríamos optar por resolver esta expressão.
EXEMPLO 1.9.9 A área de uma determinada região R pode ser calculada pela expressão
∫ 2 ∫ 4
[ 2
√ ] [ √ ]
A= (2x ) − (2 x) dx + (−2x + 12) − (2 x) dx.
1 2
Solução (a): Interpretando a expressão da área dada acima temos: Quando x varia de
√
1 até 2 a limitação superior é y = 2x2 e a limitação inferior é y = 2 x e enquanto x
31
Figura 1.28: Região R
√
varia de 2 até 4 o limitante superior é y = −2x + 12 e o inferior continua sendo y = 2 x.
Logo, temos que a região√ R é delimitada superiormente pelas curvas y = 2x2 , y = −2x + 12
e inferiormente por y = 2 x e sua representação geométrica está sombreada na Figura 1.28.
Seja y = f (x) uma função contínua no intervalo [a, b], cujo gráco delimita uma região R.
A seguir, vamos obter uma nova expressão para a área da região R, utilizando as equações
paramétricas x = ϕ (t) e y = ψ (t), com t ∈ [α, β] , da curva descrita por f. Para isto, basta
lembrar que a área de uma região retangular é dada por
∫ b ∫ b
A= f (x) dx = ydx.
a a
32
x2 y 2
EXEMPLO 1.9.11 Encontre a área delimitada pela elipse + 2 = 1.
a2 b
Solução: As equações paramétricas da elipse dada são
temos que x varia de 0 até a. Assim, podemos fazer x = ϕ (α) = 0 e x = ϕ (β) = a. Logo
π
ϕ (α) = 0 ⇒ a cos α = 0 ⇒ cos α = 0 ⇒ α =
2
ϕ (β) = a ⇒ a cos β = a ⇒ cos β = 1 ⇒ β = 0.
Agora, para obter a área total interna à elipse basta utilizar a simetria da região e obter
que
∫ 0 ∫ 0
A = 4 b sin t(−a sin t)dt = −4ab sin2 tdt
π π
2 2
∫ π ( ) π2
1 2 1
= 4ab (1 − cos 2t) dt = 2ab t − sin 2t
0 2 2
0
( )
π 1
= 2ab − sin π − 0 = abπ.
2 2
{
x = 2 cos t
EXEMPLO 1.9.12 Calcular a área da região que é interior a elipse E1 =
y = 4 sin t
e
{
x = 2 cos t
exterior a elipse E2 = .
y = sin t
Solução: A região cuja área desajamos calcular pode ser vista na Figura 1.29. Novamente,
podemos utilizar argumentos de simetria e calcular a área da região situada no primeiro
quadrante do plano xy e multiplicar o resultado por quatro. Neste quadrante, temos que
x = 0 ⇒ 2 cos t = 0 ⇒ t = π2
x = 2 ⇒ 2 cos t = 2 ⇒ cos t = 1 ⇒ t = 0,
33
logo, para descrever a região que nos interessa, em coordenas paramétricas, devemos integrar
de t = π2 até t = 0. Assim, notando que neste exemplo devemos tomar a diferença entre as
áreas sob as elipses E1 e E2 , obtemos
∫ 0 ∫ 0
A = 4 [4 sin t(−2 sin t)dt − 4 sin t(−2 sin t)]dt
π π
2 2
∫ 0 ∫ 0
2 2
= (−32 sin t + 8 sin t)dt = −24 sin2 tdt
π π
2 2
∫ π ( ) π2
2 1 12
= 24 (1 − cos 2t)dt = 12t − sin 2t = 6π u.a.
0 2 2
0
No nal deste capítulo apresentamos uma breve revisão sobre coordenadas polares.
Seja r = f (θ) uma função contínua que descreve uma curva em coordenadas polares, no
intervalo [α, β]. Como nosso interesse é determinar a área da região delimitada por r = f (θ)
vamos tomar uma partição do intervalo [α, β], conforme ilustra a Figura 1.30.
Sejam ∆θ1, ∆θ2, ∆θ3, ..., ∆θn os subarcos da partição X e seja ri o comprimento do raio
correspondente a um ângulo ξi ∈ ∆θi , isto é, θi−1 ≤ ξi ≤ θi .
A área do setor circular de raio ri e arco ∆θi é dada por
1
Ai = (ri )2 ∆θi
2
e a área aproximada área da região delimitada por r = f (θ) é dada por
∑
n
An = 1
2
(ri )2 ∆θi .
i=1
34
Seja |∆θ| o subintervalo de maior diâmetro da partição X . Então, se n tender a innito
teremos que |∆θ| tenderá a zero. Desse modo poderemos escrever
n
∑ ∫ β
1 2 1
A = lim An = lim (ri ) ∆θi = r2 dθ
n→∞ |∆θ|→0
i=1
2 2 α
ou seja, ∫ β
1
A= r2 dθ, (1.9.1)
2 α
que nos fornece uma expressão para o cálculo de áreas delimitadas por curvas em coordenadas
polares.
EXEMPLO 1.9.14 Determine a área da região que é simultaneamente exterior à cardióide r=
1 − cos θ e interior ao círculo r = 1.
Como esta região é simétrica em relação ao eixo x, podemos calcular o dobro da área
da porção situada no primeiro quadrante do plano xy. Neste quadrante, temos que o ângulo
polar θ varia no intervalo [0, π2 ]. Ainda, devemos notar que a área desejada é dada, em
coordenadas polares, pela diferença entres as áreas da circunferência e da cardióide. Assim,
usando a expressão 1.9.1, obtemos
∫ π ∫ π ∫ π
2 2
2 2 2
2
2
A = 1 dθ − (2 cos θ − cos2 θ)dθ
(1 − cos θ) dθ =
2 0 2 0 0
∫ π
π
1 1 1 2 π
2
= 2 cos θ − (1 + cos 2θ)dθ = 2 sin θ − θ − sin 2θ = 2 − .
0 2 2 4 4
0
π
Portanto, a área desejada é igual 2 − unidades de área.
4
EXEMPLO 1.9.15 Escreva, em coordenadas polares, a integral que calcula a área da região
Solução: A Figura 1.32 ilustra a região desejada. Para determinar os pontos de interseção
das duas curvas fazemos
1 π π
2 cos(2θ) = 1 ⇒ cos 2θ = ⇒ 2θ = ⇒ θ = ( no 1o quadrante).
2 3 6
35
Figura 1.32: Região delimitada por uma rosácea e uma circunferência
Vamos calcular a área da região delimitada com θ no intervalo de [0, π6 ] e multiplicar por
8, já que as demais áreas são simétricas. Utilizando a Fórmula 1.9.1 e vericando que a área
desejada é igual a área da rosácea menos a área da circunferência, obtemos
∫ π ∫ π
1 6
2 2
6
A=8· [(2 cos(2θ)) − (1) ]dθ = 4 (4 cos2 (2θ) − 1)dθ.
2 0 0
EXEMPLO 1.9.16 Escreva a integral que permite calcular a área da região que é simultanea-
√
mente interior as curvas r = 5 cos θ e r = 5 3 sin θ.
Solução: Inicialmente, devemos identicar as curvas dadas. Utilizando as relações polares
x = r cos θ, y = r sin θ e r2 = x2 + y 2 , obtemos que
( )2
2 2 2 25 5
r = 5 cos θ ⇒ r = 5r cos θ ⇒ x + y = 5x ⇒ + y2 = x−
√ 4 2
√ √ √ 5 3 2 75
r = 5 3 sin θ ⇒ r2 = 5 3r sin θ ⇒ x2 + y 2 = 5 3y ⇒ x2 + (y − ) =
2 4
e assim, vemos que a região que nos interessa está situada no interior de duas circunferências,
de centros deslocados da origem, conforme ilustra a Figura 1.33.
EXEMPLO 1.9.17 A área de uma determinada região R pode ser calculada, em coordenadas
polares, pela expressão
[ ∫ π ∫ π
]
1 4 2 1 2 √
I=2 (2 sen(θ)) dθ + ( 2)2 dθ .
2 0 2 π
4
(b) Escreva a expressão que determina a área desta região usando coordenadas cartesianas
em relação: (i) à variável x; (ii) à variável y.
Solução (a): A partir da integral dada vemos que a região R possui simetria, há troca√de
limitação do raio polar em θ = π4 e as funções que delimitam a área são ρ = 2 senθ e ρ√= 2.
Estas curvas são, respectivamente, as circunferências x2 + (y − 1)2 = 1 e x2 + y 2 = 2. Na
Figura abaixo estão representados os grácos destas curvas e R é a região simultaneamente
interior as duas circunferências que está sombreada na Figura 1.34.
√
Solução (b): Interseção de ρ = 2 sin θ e ρ = 2 é a solução de:
{
ρ = 2√
sin θ π 3π
=⇒ θ = ou
ρ = 2 4 4
37
(i) Integração em relação à variável x :
∫ 1 √ √ ∫ 1 √ √
I= ( 2− x2 −1+ 1− x2 ) dx ou I = 2 ( 2 − x2 − 1 + 1 − x2 ) dx
−1 0
Solução (c): Para calcular o valor da área da região R usaremos a expressão I dada
em coordenadas polares. Assim,
[ ∫ π ∫ π √ ]
1 4 1 2
A = 2 (2 sen(θ))2 dθ + ( 2)2 dθ
2 0 2 π4
∫ π ∫ π
4 2
= 4 sen θ dθ +
2
2 dθ
π
0 4
∫ π ( ) π4
π
1 − cos(2θ) 2 sen(2θ) π
4
= 4 dθ + 2θ = 2 θ − + = (π − 1) u.a.
0 2 π 2 2
4
0
Seja y = f (x) uma função contínua no intervalo [a, b] , cujo gráco descreve o arco AB,
d
conforme ilustra a Figura 1.35.
y
f(xi) M0 Mi
Δs Δy
f(xi-1) Mi-1
M1 Δx
Mn
a x1 xi-1 xi b x
Figura 1.35: Comprimento de arco
X = {M0 , M1 , M2 , ..., Mn }
38
em que
x0 , x1 , x2 , ..., xn .
Tracemos as cordas
M0 M1 , M1 M2 , · · · , Mi−1 Mi , · · · , Mn−1 Mn
AM0 M1 · · · Mn−1 B
ao longo do arco d
AB cujo comprimento aproximado é dado por
ou seja,
∑
n
ln = ∆Si . (I)
i=1
Mas ∆Si é a hipotenusa do triângulo de lados ∆xi e ∆yi , de modo que podemos escrever
( )2 ( )2 ( )2
∆Si ∆xi ∆yi
∆xi
= ∆xi
+ ∆xi
ou seja,
√ ( )2
∆Si ∆yi
= 1+
∆xi ∆xi
e assim √ ( )2
∆yi
∆Si = 1+ ∆xi . (II)
∆xi
Agora, como
f (xi ) − f (xi−1 )
= f ′ (ξi ) .
xi − xi−1
Portanto, obtemos que
39
∆yi
= f ′ (ξi ) . (III)
∆xi
Substituindo (II) em (I) resulta que
√ ( )2
∑
n
∆yi
ln = 1+ ∆xi
∆xi (IV )
i=1
EXEMPLO 1.10.2 Determinar o comprimento do arco da curva descrita por y = √x, com x
no intervalo [0, 4] .
Solução: A Figura 1.36 ilustra o comprimento de arco considerado.
√
Figura 1.36: Arco de f (x) = x
√ 1
Como y = f (x) = x temos que f ′ (x) = √
2 x
. Aplicando a fórmula 1.10.1, obtemos
√ ( )2
∫ b√ ∫ 4
2 1
l = 1 + (f (x)) dx = ′
1+ dx √
a 0 2 x
∫ 4√ ∫ 4√ ∫ √
1 4x + 1 1 4 4x + 1
= 1 + dx = dx = √ dx.
0 4x 0 4x 2 0 x
Note que esta última integral é imprópria, pois o integrando não é contínuo em x = 0. No
entanto, neste exemplo não será preciso aplicar limites para resolver a integral, pois podemos
utilizar uma mudança de variáveis. Fazendo a substituição t2 = x, encontramos dx = 2tdt e
como x ∈ [0, 4], obtemos que t ∈ [0, 2] . Logo
∫ √ ∫ 2√
1 2 4t2 + 1
l= √ 2tdt = 4t2 + 1dt.
2 0 t2 0
40
Como o novo integrando agora é contínuo no intervalo de integração, podemos utilizar o
teorema fundamental do cálculo e a técnica de substituições trigonométricas para encontrar
que
1 √ 2 1 ( √ ) 2
l = t 4t + 1 + ln 2t + 4t2 + 1
2 4
0
√ 1 √
= 17 + ln(4 + 17) u.c.
4
′ dy ψ ′ (t) dt ψ ′ (t)
f (x) = = ′ = ′ .
dx ϕ (t) dt ϕ (t)
EXEMPLO 1.10.4 Mostre, usando coordenadas paramétricas, que o comprimento de uma cir-
41
y
3
-3 3 x
-3
∫ π √ ∫ √ π
2
2 ( 2
)2 2
l = 4 2
(−9 cos t sin t) + 9 sin t cos t dt = 4 · 9 cos4 t sin2 t + sin4 t cos2 tdt
0 0
∫ ∫ π
π √ ( )
π 2
2 2
= 36 2 2
cos2 t sin t cos2 t + sin t dt = 36 cos t sin tdt = 18 sin2 t = 18 u.c.
0 0
0
t = 0 e t = 1?
3
x = ϕ(t) = 3t e y = ψ(t) = 2t 2
∫ 1 √ ∫ 1
1 √
l = 32 + (3t 2 )2 dt = 9 + 9tdt
0 0
∫ 1
1 √
3
= 3 1 + tdt = 2(1 + t) 2
0
0
3 3 √
= 2(2) − 2(1) = 4 2 − 2 u.c.
2 2
√ Portanto, a distância percorrida pela partícula entre os instantes t=0 e t=1 é igual a
4 2 − 2 unidades de comprimento.
42
1.10.7 Comprimento de arco em coordenadas polares
Sejam ϕ (θ) = r cos θ e ψ (θ) = r sin θ as coordenadas polares da curva r = f (θ), com θ ∈
[α, β]. Substituindo r por f (θ) nas equações paramétricas vem
e assim
Agora
2 2 2 2
(ϕ′ (t)) + (ψ ′ (t)) = (r′ cos θ − rsenθ) + (r′ senθ + r cos θ)
que após aplicar os produtos notáveis e simplicar, resulta em
2 2 2
(ϕ′ (t)) + (ψ ′ (t)) = (r′ ) + r2 .
43
a a 1 a
2e2θ = a ⇒ e2θ = ⇒ 2θ = ln ⇒ θ= ln
2 2 2 2
[ 1 a]
Portanto, a porção da espiral que nos interessa é descrita por θ ∈ 0, 2 ln 2 . Ainda,
como temos r = 2e2θ segue que r′ = 4e2θ e assim, substituindo na expressão 1.10.3 obtemos
o comprimento em coordenada polares
∫ 1
ln a
√ ∫ 1
ln a
√
2 2 2 2
l = 2θ 2 2θ 2
(4e ) + (2e ) dθ = 20e4θ dθ
0 0
∫ 1 ln a
1
ln a
√ √ 2 2 √ (a )
2θ
2 2
= 2 5e2θ dθ = 5e = 5 − 1 u.c.
0 2
0
y
y Cálculo do elemento de volume
y=f(x)
y=f(x)
a b x a b x
z dx
dV=π r²dx
dV=π[f(x)]²dx
Seja P = {x0 , x1 , · · · , xn } uma partição do intervalo [a, b] e sejam ∆x1 , ∆x2 , · · · , ∆xn
os subintervalos da partição. Se ξi ∈ ∆xi , então o volume do cilindro de raio f (ξi ) e altura
∆xi é dado por
Vi = π [f (ξi )]2 ∆xi
e o volume aproximado do sólido será dado pela soma dos volumes dos n − cilindros, isto é,
n
∑
Vn = π [f (ξi )]2 ∆xi .
i=1
∑n ∫ b
2
V = lim Vn = lim π [f (ξi )] ∆xi = π [f (x)]2 dx.
n→∞ |∆θ|→0 a
i=1
44
EXEMPLO 1.11.1 A m de que não haja desperdício de ração e para que seus animais estejam
bem nutridos, um fazendeiro construiu um recipiente com uma pequena abertura na parte
inferior, que permite a reposição automática da alimentação, conforme mostra a Figura 1.39.
Determine, usando sólidos de revolução, a capacidade total de armazenagem do recipiente,
em metros cúbicos.
2m
4m
cilindro
cone 6m
Solução: Vamos encontrar o volume do cilindro (V1 ) e do cone (V2 .) Assim, o volume total
será dado por V = V1 + V 2 .
Para determinar V1 vamos rotacionar a reta y=2 em torno do eixo x (Figura 1.40).
y
y
x x
z
-2
Já para o cone, como temos um raio r=2 e altura h = 6, obtemos a reta y = 31 x para
rotacionar em torno do eixo x (Figura 1.41).
y y
x x
∫ 6
6
1 2 1 3 63 π
V2 = π x dx = πx = = 8π.
0 9 27 27
0
45
EXEMPLO 1.11.2 Calcule o volume do sólido gerado pela rotação da curva f (x) = x3 , com x
no intervalo [1,2], em torno do eixo x.
r
x x
z
Figura 1.42: Sólido gerado pela rotação de y = x3 em torno do eixo x
EXEMPLO 1.11.3 Determinar o volume do sólido gerado pela revolução da região delimitada
pelas curvas y = x2 e y =x+2 em torno do eixo x (veja a Figura 1.43).
y y
x x
Figura 1.43: Sólido gerado pela rotação de uma região plana em torno do eixo x
Solução: Nesse exemplo não foi especicado o intervalo em que está situada a região delimi-
tada pelas curvas. Para determinar este intervalo, devemos encontrar os pontos de interseção
das curvas dadas. Igualando suas equações, obtemos
x2 = x + 2 ⇒ x2 − x − 2 = 0 ⇒ x = −1 e x = 2.
A Figura 1.43 indica que o sólido desejado está situado entre duas superfícies. Assim,
seu volume é dado pela diferença entre os volumes externo e interno. De acordo com 1.11.1,
46
temos que
∫ 2 ∫ 2
2
( 2 )2
V = π (x + 2) dx − π x dx
−1 −1
∫ 2
= π (x2 + 4x + 4 − x4 )dx
−1
( ) 2
1 3 1 72
= π x + 2x2 + 4x − x5 = π u.v.
3 5 5
−1
E XEMPLO 1.11.4 Encontre o volume do sólido de revolução gerado pela rotação da curva
2
(x − 2) + y 2
= 1 em torno do eixo y.
-1 1 2 3 x
-1
√
(x − 2)2 = 1 − y 2 ⇒ x=2± 1 − y2
Observe que o volume do sólido desejado é formado pelo volume obtido pela rotação da
√
curva = 2 + 1 − y 2 em torno do eixo y, menos o volume
x√ obtido pela rotação da curva
V = V1 − V2 ,
onde ∫ 1 √
V1 = π (2 + 1 − y 2 )2 dy
−1
e ∫ 1 √
V2 = π (2 − 1 − y 2 )2 dy
−1
ou seja,
∫ 1 √ √ ∫ 1 √
2 2 2 2
V =π [(2 + 1 − y ) − (2 − 1 − y ) ]dy = π 8 1 − y 2 dy.
−1 −1
47
∫ π
√
2
V = π 8 1 − sin2 θ cos θdθ
− π2
∫ π ∫ π
2 2
2
= 8π cos θdθ = 4π (1 + cos 2θ)dθ
− π2 − π2
π
2
= π[4θ + 2 sin (2θ)] = 4π 2 .
π
−2
Até agora consideremos somente sólidos gerados por rotações de curvas em torno de um
dos eixos coordenados, onde y = f (x) ou x = g(y) eram os raios dos cilindros de revolução
(elementos de volume).
No caso mais geral, podemos rotacionar a curva y = f (x), com x ∈ [a, b], em torno da
reta y = c, de acordo com a Figura a 1.45.
y
y
y=c
r
y=f(x)
y=c
r
a b x
y=f(x)
a b x
Neste caso, o raio do cilindro innitesimal é igual à distância entre a curva e o eixo de
revolução, ou seja, é dado por
r = c − f (x)
e o volume do sólido resultante é dado por
∫ b
V =π (c − f (x))2 dx.
a
De forma semelhante, se a curva x = g(y), com y ∈ [a, b], for rotacionada em torno da
reta x = c, o volume do sólido resultante é dado por
∫ b
V =π (c − g(y))2 dy.
a
Note que quando c = 0 temos novamente a revolução em torno dos eixos coordenados.
48
EXEMPLO 1.11.6 Calcule o volume do sólido obtido quando a porção da pará bola y = 2 − x2
que está situada acima do eixo x é rotacionada em torno da reta y = 3.
Solução: Na Figura 1.46 podemos observar a curva geratriz, o eixo de revolução e o sólido
de revolução obtido.
y
x x
z
Figura 1.46: Curva geratriz e sólido de revolução obtido pela rotação de y = 2 − x2 em torno
de y = 3.
Como rotacionamos em torno de uma reta paralela ao eixo das abscissas, devemos efetuar
a integração em relação a x. O intervalo de integração,
√ √ denido aqui pela parte da parábola
situada acima do eixo x, é descrito por x ∈ [− 2, 2].
Já o raio de rotação, dado pela distância entre a curva e o eixo de rotação, é dado por
r = 3 − (2 − x2 ) = 1 + x2
e assim, o volume desejado é dado por
∫ √ ∫ √
2 2
94 √
V =π √
(1 + x2 )2 dx = π √
(1 + 2x2 + x4 )dx = 2π.
− 2 − 2 15
EXEMPLO 1.11.7 Escreva as integrais que permitem calcular o volume do sólido obtido quando
a região situada entre as curvas y = x2 e y = 2x é rotacionada em torno:
49
x2 = 2x ⇒ x(x − 2) = 0 ⇒ x = 0, x = 2 ⇒ y = 0, y = 4.
No item (a), rotacionamos em torno do eixo das ordenadas e, por isso, devemos tomar a
integração em relação a y. Como o só lido resultante será vazado, devemos tomar a diferença
entre os volumes dos sólidos externo e interno.
√
O raio externo, denido pela parábola, é dado por x = y. O raio interno é denido pela
y
reta e é dado por x = . Assim, o volume desejado é calculado pela integral
2
∫ 4 ∫ 4 ∫ 4 ( )
√ 2 y y2
V =π ( y) − π ( )2 dy = π y− dy.
0 0 2 0 4
Já no item (b), como rotacionamos em torno de uma reta paralela ao eixo das abscissas,
devemos tomar a integração em relação a x. Novamente o sólido resultante será vazado e
devemos tomar a diferença entre os volumes dos sólidos externo e interno.
O raio externo, denido pela distância entre a parábola e o eixo de rotação, é dado por
r = 5 − x2 e o raio interno, denido pela distância entre a reta e o eixo de rotação, é dado
por r = 5 − 2x. O volume do novo sólido é calculado pela integral
∫ 2 ∫ 2
2 2
V = π (5 − x ) dx − π (5 − 2x)2 dx
∫0 2 0
Por m, como no item (c) rotacionamos em torno de uma reta paralela ao eixo das
ordenadas, devemos tomar a integração em relação a y. Mais uma vez devemos tomar a
diferença entre os volumes dos sólidos externo e interno.
y
O raio externo, neste caso, é denido pela reta e é dado por r = 2 − e o raio interno,
√ 2
agora denido pela parábola, é dado por r = 2 − y.
Assim, o último volume desejado é calculado pela integral
∫ ∫ 4
4
y 2 √
V = π (2 − ) dy − π (2 − y)2 dy
2
∫0 4 0
y2 √
= π (4 − 2y + ) − (4 − 4 y + y)dy
4
∫0 4 2
y √
= π (−3y + + 4 y)dy.
0 4
1
EXEMPLO 1.11.8 Seja R a região sob o gráco de f (x) = √ e acima do eixo x com x ∈ [0, 4].
x
Determine:
(a) a área da região R, se existir;
(b) o volume do sólido obtido pela rotação da região R em torno do eixo x, se existir.
(c) o volume do sólido obtido pela rotação da região R em torno do eixo y, se existir.
50
Solução (a):
∫ ∫ 4
4
1 4 √ √ √
A = √ dx = lim x − 12
dx = lim+ 2 x = lim+ (2 4 − 2 a) = 2u.a.
0 x a→0+ a a→0 a→0
a
Solução (b):
∫ ( )2 ∫ 4
4
1 4
1
V = π √ dx = π lim+ dx = π lim+ ln x = lim+ (ln 4 − ln a) = +∞
0 x a→0 a x a→0 a→0
a
51
1.12 Exercícios Gerais
4. Utilize somas superiores para calcular a área da região situada entre as curvas y =
x4 + 2, x = 0, x = 1 e y = 0.
∫ 3
5. Utilize a denição de integral denida para calcular (x2 − 2x)dx. (Observe que é
1
preciso provar que a função é integrável.)
∫ 4
6. Utilize soma de áreas de retângulos circunscritos para calcular (−x2 − 1)dx.
0
7. Utilize soma de áreas de retângulos circunscritos para determinar a área sob o gráco
de f (x) = x3 + 1, para x ∈ [0, b], onde b > 0 é arbitrário.
8. Calcule, usando somas superiores, a área da região situada entre o gráco de f (x) = ex
e o eixo x, entre as retas x = −1 e x = 2.
9. Utilize somas inferiores para calcular a área da região situada entre a curva x = y 2 e
o eixo y, com y ∈ [0, 2].
10. Considere f : [a, b] → R uma função contínua. Mostre que:
∫a ∫a
(a) Se f é uma função par, então −a f (x)dx = 2 0 f (x)dx.
∫a
(b) Se f é uma função ímpar, então −a
f (x)dx = 0.
(c) Interprete geometricamente os itens anteriores.
11. Um metereologista estabelece que a temperatura T (em o F ), num dia de inverno é dada
por T (t) = 201 t(t − 12)(t − 24), onde o tempo t é medido em horas e t = 0 corresponde
à meia-noite. Ache a temperatura média entre as 6 horas da manhã e o meio dia.
Sugestão: utilize o teorema do valor médio para integrais.
12. Encontre uma função f contínua, positiva e tal que a área da região situada sob o seu
gráco e entre as retas x = 0 e x = t seja igual a A(t) = t3 , para todo t > 0.
∫ x
13. Determine uma função f diferenciável, positiva e tal que f (t)dt = [f (x)]2 para todo
0
x ∈ R+ .
14. Seja f : R → R uma função contínua e dena uma nova função g : R → R por
∫ x3
g(x) = f (t)dt. Calcule o valor de g ′ (1), sabendo que f (1) = 2.
x2
52
dg
15. (ENADE) Considere g : R → R uma função com derivada contínua e f a função
∫ x
dt
dg
denida por f (x) = (t)dt para todo x ∈ R.
0 dt
Nessas condições avalie as armações que seguem.
I A função f é integrável em todo intervalo [a, b], a, b ∈ R, a < b.
II A função f é derivável e sua derivada é a função g.
III A função diferença f − g é uma função constante.
É correto o que se arma em
(a) I, apenas.
(b) II, apenas.
(c) I e III, apenas.
(d) II e III, apenas.
(e) I, II e III.
Justique sua resposta.
∫ 1
1
16. Seja f : [0, 1) → R denida por f (x) = √ . Verique se f (x) dx existe.
1 − x2 0
∫ 1 ∫ 4 ∫ 3
3 1 x
(d) x sin xdx (e) √ dx (f ) √ dx
0 3
4
x 1 + x2 0 x+1
∫ 2 ( ) ∫ π ∫ 4
√ 1 √ 3 x
(g) x+ √ + x dx
4
(h) tan xdx (i) √ dx
1
3
x 0 1 2 + 4x
18. Encontre, se existir, o valor de cada uma das seguintes integrais:
∫ 1 ( ) ∫ 0 ∫ 4 ∫ 1
√ 1 x x
(a) x+ x− √ dx (e) xe dx (i) √ dx (m) ex dx
∫ 02
3
x ∫ ∞
−∞ ∫ +∞
0 16 − x 2
∫ −∞
1
1
(b) x2 ln(x)dx (f ) xe −|x−4|
dx (j) xe−x dx (n) dx
∫0 +∞ ( ) ∫ −∞ ∫0 +∞ ∫ −1 x4
5 1
1 1 1 1 1
(c) 2
cos dx (g) √ dx (k) √ dx (o) 3
dx
1 √ x x 1 5−x 1 x x2 − 1 0 x
∫ 2 ∫ +∞ ∫ 1 ∫ +∞
2 1 −x 1 1
(d) √ dx (h) e dx (l) √ dx (p) dx
0 1 − x2 0 0 1−x −2 (x + 1)2
19. Os engenheiros de produção de uma empresa estimam que um determinado poço pro-
duzirá gás natural a uma taxa dada por f (t) = 700e− 5 t milhares de metros cúbicos,
1
onde t é o tempo desde o início da produção. Estime a quantidade total de gás natural
que poderá ser extraída desse poço.
∫ +∞
1
20. Determine todos os valores de p para os quais dx converge.
1 xp
53
∫ +∞
1
21. Determine para quais valores de p ∈ R a integral dx converge.
e x(ln x)p
22. Calcule, se possível, as seguintes integrais impróprias:
∫ +∞ ∫ +∞ ∫ π
−x2 arctan x 2
(a) xe dx (b) dx (c) sin(2x)dx
1 −∞ x2 + 1 −∞
∫ 1 ∫ 9
√ ∫ π
e x cos x
(d) x ln xdx (e) √ dx (f ) √ dx
0 0 x 0 1 − sin x
∫ +∞ −1 ∫ 6 ∫ 3√
ln(x ) 1
(g) dx (h) √ dx (i) x2 − 6x + 13dx
1 x2 3 x
3 x2 − 9
1
27. Calcule a área de cada região delimitada pelas curvas dadas abaixo através de:
(i) integração em relação a x (ii) integra ção em relação a y.
(a) y = x + 3 e x = −y 2 + 3.
(b) 2x + y = −2, x − y = −1 e 7x − y = 17.
(c) y = x2 − 1, y = x22 e y = 32x2 .
√
(d) y + x = 6, y = x e y + 2 = 3x.
54
28. Represente geometricamente a região cuja área é calculada pela expressão
∫ 2 [ ( )] ∫ 4 [( ) ( )]
( 2
) 2 62 − 15x 2
A= 2x − dx + − dx.
1 x 2 4 x
A seguir, reescreva esta expressão utilizando y como variável independente.
29. Estabeleça a(s) integral(is) que permite(m) calcular a área da região hachurada na
4
gura abaixo, delimitada simultaneamente pelas curvas y = x, y = x2 e y = ,
x−1
mediante:
(a) integração em relação a x. (b) integração em relação a y.
y
30. Encontre uma reta horizontal y = k que divida a área da região compreendida entre
as curvas y = x2 e y = 9 em duas partes iguais.
31. A área de uma determinada região R pode ser calculada pela expressão
∫ √
2
(√ √ )
2
A= √ 1 − x2 − 2x2 dx.
− 2
2
33. Uma ciclóide é uma curva que pode ser descrita pelo movimento do ponto P (0, 0) de
um círculo de raio a, centrado em (0, a), quando este círculo gira sobre o eixo x. Pode-
se representar esta ciclóide através das equações x = a(t − sin t) e y = a(1 − cos t), com
t ∈ [0, 2π]. Determine a área da região delimitada pela ciclóide.
55
36. Encontrar a área simultaneamente interior ao círculo r = 6 cos θ e exterior a r =
2(1 + cos θ).
41. Escreva
√ a integral que permite calcular a área sombreada entre as curvas r = sin(2θ)
e r = 3 cos(2θ), dada na gura abaixo.
44. Represente geometricamente a região cuja área, em coordenadas polares, é dada por
[ ∫ π ∫ π ]
1 6 1 4
I=2 sin2 θdθ + cos2 (2θ)dθ .
2 0 2 6π
45. Monte a(s) integral(is) que permite(m) calcular a área hachurada na gura abaixo,
delimitada pelas curvas r = 2 + 2 cos θ, r = 4 cos(3θ) e r = 2.
56
46. Calcule o comprimento de arco das curvas dadas por:
(a) x = 13 y 3 + 4y1 , com 2 ≤ y ≤ 5;
(b) x = 3 + t2 e y = 6 + 2t2 , com 1 ≤ t ≤ 5;
(c) x = 5t2 e y = 2t3 , com 0 ≤ t ≤ 1;
(d) x = et cos t e y = et sin t, com 0 ≤ t ≤ π2 ;
(e) r = e−θ , com 0 ≤ θ ≤ 2π;
(f) r = cos2 21 θ, com 0 ≤ θ ≤ π;
47. Determine a distância percorrida por uma partícula que se desloca entre os √
pontos
A(2, 3) e B(0,√3) cuja posição, no instante t, é dada por x(t) = 1 + cos(3 t) e
y(t) = 3 − sen(3 t).
48. A posição de uma partícula, num instante t, é dada por x(t) = 2 cos t + 2t sin t e y(t) =
2 sin t − 2t cos t. Calcule a distância percorrida por esta partícula entre os instantes
t = 0 e t = π2 .
49. Suponha que as equações x(t) = 4t3 + 1 e y(t) = 2t 2 descrevam a trajetória de uma
9
51. A curva descrita por x(t) = 3e−t cos 6t e y(t) = 3e−t sin 6t, chamada de espiral logarít-
mica e está representada geometricamente na Figura 1.48. Mostre que o arco descrito
por esta espiral, quando t ∈ [0, +∞), possui comprimento nito.
y
52. Encontre o√comprimento das curvas que limitam a região formada pela interseção das
curva r = 3 sin θ e r = 3 cos θ, situada no primeiro quadrante.
57
53. Represente gracamente o arco cujo comprimento é calculado pela integral
∫ π
√ ∫ π
√
6 2
2
l= 48 cos2 θ + 48 sin θdθ + 16 sin2 θ + 16 cos2 θdθ.
π
0 6
54. Monte as integrais que permitem calcular o comprimento do arco da fronteira da região
que é simultaneamente interior à r = 1 + sin θ e r = 3 sin θ.
55. Calcule o volume do sólido obtido pela revolução da curva yx2 = 1, com x ≥ 1, em
torno do eixo x.
x2 y2
56. Determinar o volume do sólido de revolução gerado pela rotação da curva 2 + 2 = 1
a b
em torno do eixo x.
57. Determinar o volume do toro gerado pela rotação do círculo de equação x2 + (y − b)2 =
a2 em torno do eixo x, supondo a < b.
58. Obtenha o volume do sólido obtido pela revolução da região delimitada por:
√
(a) y = 4 − x, 3y = x e y = 0, em torno do eixo x;
(b) y = |x| + 2, y = x2 , x = −2 e x = 1 em torno do eixo x;
(c) y = x2 e y = 2, em torno da reta y = 2;
(d) y = 1 − x2 e x − y = 1, em torno da reta y = 3;
(e) x + y = 3 e y + x2 = 3, em torno da reta x = 2.
59. Determine o volume do sólido obtido quando a região situada sob a curva y = ex e
acima do eixo x, com x ≤ 0, é rotacionada em torno da reta y = 2.
60. Um hiperbolóide de uma folha de revolução pode ser obtido pela rotação de uma
hipérbole em torno do seu eixo imaginário. Calcule o volume do sólido delimitado
pelos planos x = −3, x = 3 e pelo hiperbolóide obtido pela rotação de 9y 2 − 4x2 = 36
em torno do eixo x.
61. Quando uma determinada região R é rotacionada em torno do eixo y, o volume do
sólido resultante pode ser calculado pela expressão
∫ [( )2 ( )2 ]
2
7 − 3y 1
V =π − dy.
1
3
2 y
58
63. Escreva as integrais que permitem calcular o volume do sólido obtido quando a região
delimitada pelas curvas y = x2 − 4 e y =x−2 é rotacionada em torno:
64. Considere a região R delimitada pelas curvas y = x3 e y = 2x, que está situada no
primeiro quadrante e abaixo da reta y = 2 − x.
(a) Determine o volume do sólido obtido quando a região R é revolucionada em torno
do eixo x.
(b) Escreva as integrais que permitem calcular o volume do sólido obtido quando a
região R é revolucionada em torno da reta x = −1.
65. Mostre, via volume de sólidos de revolução, que o volume de um cone de raio r e altura
πr2 h
h é V = .
3
66. Mostre, via volume de sólidos de revolução, que o volume de uma esfera de raio a é
4
V = πa3 .
3
59
1.13 Respostas
2 38 10 4
1. S (f, P ) = 8 + e S (g, P ) = + + 2
n 3 n 3n
175 133 133
2. S (f, P ) = − + 2
3 2n 6n
8 3 1 8 3 1
3. S (f, P ) = + − 2 e S (f, P ) = − − 2
3 2n 6n 3 2n 6n
11 1 1 1
4. S (f, P ) = + + 2−
5 2n 3n 30n4
5. 2
3
6. − 763
7. 41 b4 + b
8. e2 − e−1
9. 8
3
10. Dica para os itens (a) e (b): use propriedades para quebrar o lado esquerdo em duas
integrais, use a denição de função par (ou ímpar) e use a substituição de variáveis
u = −x para reescrever uma das integrais.
11. 18, 9o F
12. f (t) = 3t2
13. f (x) = x
2
14. g ′ (1) = 2
15. Item (c)
∫ 1
1
16. f (x) dx = π
0 2
17. . √ √
(a) 12 e−1 − 21 e−2 (b) 23 10 − 43 2 (c) 31
(d) sin 1 − cos 1 (e) 0, 405 (f ) 38√
(g) 3, 202 (h) ln 2 (i) 23 2
18. .
(a) − 31 (e) − 1 (i) 4 (m) e
8 8
(b) 3
ln 2 − 9
(f ) 8 (j) 1 (n) não existe
(c) sin 1 (g) 4 (k) 12 π (o) não existe
1
(d) 4
π (h) 1 (l) 2 (p) não existe
19. 3500 m3
20. Converge para p > 1.
21. Converge para p > 1.
60
22. .
(a) 12 e−1 (b) 0 (c) não existe
(d) − 41 (e) 2e3 − 2 (f ) 0
(g) − 1 (h) 0, 027 (i) 4, 59
1 s 1
23. (a) para s > a (b) para s > 0 (c) para s > 0
s−a s2 +1 s2 +1
24. (a) Γ(1) = 1, Γ(2) = 1
√ 125
25. (a) 2 2 − 2 (b) 22 (c) 6
(d) 2 − 2 sin 1 (e) 17
26. .
y
x
√
125 32−4 2 23
27. (a) 6
(b) 16 (c) 3
(d) 6
∫ 2 ( ) ( ) ∫ 8( ) (√ )
62 − 4y 2 62 − 4y 2y
28. A= − dy + − dy
1
2
15 y 2 15 2
29. .
∫ 2 ∫ ) √
1+ 17 (
( 2 ) 4 2
(a) A = x − x dx + − x dx
1 2 x−1
∫ √
1+ 17 ∫ 4 ( )
2 √ y+4 √
(b) A = (y − y) dy + √ − y dy
1 1+ 17
2
y
9
30. k= √
3
4
31. .
∫ √
2 √ ∫ 1 √
2 y
(a) A = 2 √
4
dy + 2 √ 1 − y 2 dy
0 2 2
2
∫ π ∫ √
2
√
4 2
2
(b) A = − sin tdt − √ 2t2 dt
3π 2
4
− 2
32. .
y
33. 3a2 π
3πa2
34.
8
5π
√ √
35. (a) 4
(b) 45 π − 2 (c) 21 (π − 2) (d) 1 − 2
2
(e) 6π − 8 2
61
36. 4π
√
37. 18 3 − 4π
π
38. 2
1 3
√
39. 4 π − 16
3
π
40. 2 −1
∫ 1 ∫ π
1 arctan 2 2 1 3 ( )
42. (a) A = (16 sin θ − 1)dθ + 4 cos2 θ − 1 dθ
2 arcsin 14 2 arctan 12
∫ arctan 1 ∫ π ∫ π
2 3 3
(b) l = 4dθ + 2dθ + dθ
1 1 1
arcsin 4
arctan 2
arcsin 4
√ 9π 5π π
43. 9 3 π π 1
(a) 8
− 4
(b) 4e 4 − 8e 4 + 4e 4 (c) 8
− 4
44. .
46. . √ √
1563 68 250
(a) 40
(b) 24 5 (c) 27
34 − 27
√ π √ √
(d) 2e 2 − 2 (e) 2(1 − e−2π ) (f ) 2
47. π u.c. (observe que a resolução da integral envolve uma integral com descontinuidade)
π2
48. 4
352
√ 250
49. 27
22 − 27
50. 192
62
√
51. O comprimento desejado é nito e igual a 333.
√
52. 1
3
3π + π
2
∫ π
√ ∫ π
√
6 2
54. l = 2 2 2
9 cos θ + 9 sin θdθ + 2 cos2 θ + (1 + sin θ)2 dθ
π
0 6
55. π
3
56. 4πab2
3
57. 2π 2 a2 b
√
58. (a) 32 π (b) 92π
5
(c) 64
15
2π (d) 162
5
π (e) 21 π
59. 27 π
60. 32π
61. 410
27
π
− 6π ln 6
∫ 1 (√ √ )
1
62. (a) l = (b) V = 32
−4
1 + 9x4 + 1 + x 3 dx 35
π
−1 9
∫ 0 ∫ 1
√ √
(c) V = π 2 3 2
(1 − x) − (1 − x ) dx + π
3
(1 − x3 )2 − (1 − 3 x)2 dx
−1 0
63. . ∫ 2 ∫ 2
4 2
(a) V = π (x − 9x + 4x + 12)dx (20 − 13x2 − x4 + 8x)dx (b) V = π
∫ −1
0 √ ∫ −3 √
−1 ∫ 0
(c) V = π (y + 8 + 4 y + 4)dy − π (y + 8 − 4 y + 4)dy − π (y 2 + 8y + 16)dy
−4 −4 −3
∫ ( ∫
y )2 ( y )2
4
1
√
64. (a)
3
134 2 2
189
π (b) V = π (1 + 3
y) − 1 + dy + π (3 − y) − 1 + dy
0 2 1 2
65. Dica: Note que um cone tal como desejado pode ser obtido pela rotaç ão em torno do
eixo y da reta y = hr x, com x ∈ [−r, r] e y ∈ [0, h].
66. Dica: Note que a esfera pode ser obtida pela rotação da circunferência x2 +y 2 = a2 em
torno de qualquer eixo coordenado.
63
1.14 Revisão de Coordenadas Polares no R2
No sistema de coordenadas polares, as coordenadas consistem de uma distância e da
medida de um ângulo em relação a um ponto xo e a uma semirreta xa. A Figura 1.49
ilustra um ponto P num sistema de coordenadas polares. O ponto xo, denotado por O, é
P
θ
o
A
chamado pólo ou origem. A semirreta xa OA é chamada eixo polar. O ponto P ca bem
determinado através do par ordenado (r, θ), onde r representa a distância entre a origem e o
ponto P, e θ representa a medida, em radianos, do ângulo orientado AÔP. O segmento OP ,
é chamado raio.
Relação entre o Sistema de Coordenadas Cartesianas Retangulares e o Sistema
de Coordenadas Polares
x = r cos θ
y = r sin θ
r2 =√x2 + y 2 .
r = x2 + y 2
y
tan θ =
x
Algumas equações em coordenadas polares e seus respectivos grácos
Retas
1. θ = θ0 ou θ = θ0 ± nπ, n ∈ Z é uma reta que passa pela pólo e faz um ângulo θ0 ou
θ0 ± nπ radianos com o eixo polar.
Circunferências
1. r = a, a ∈ R é uma circunferência de raio |a|.
2. r = 2a cos θ é uma circunferência de raio |a|, com centro sobre o eixo polar e tangente
ao eixo θ = π2 de modo que
(i) se a > 0 o gráco está à direita do pólo;
(ii) se a < 0 o gráco está à esquerda do pólo.
64
3. r = 2b sin θ é uma circunferência de raio |b|, com centro sobre o eixo θ = π
2
e tangente
ao eixo polar de modo que
(i) se b > 0 o gráco está acima do pólo;
(ii) se b < 0 o gráco está abaixo do pólo.
Limaçons
Equações do tipo r = a ± b cos θ ou r = a ± b sin θ, onde a, b ∈ R o gráco varia conforme
os casos abaixo.
1. se b > a, então o gráco tem um laço. Veja a Figura 1.50.
3. se b < a, então o gráco não tem laço e não passa pelo pólo. Veja a Figura 1.52.
65
Rosáceas
Equações do tipo r = a cos(nθ) ou r = a sin(nθ), onde a ∈ R e n ∈ N o gráco varia
conforme os casos abaixo.
1. Se n é par temos uma rosácea com 2n pétalas. Veja a Figura 1.53.
r = acos(4θ) r = asin(4θ)
Lemniscatas
Equações do tipo r2 = ±aa cos(2θ) ou r2 = ±a2 sin(2θ), onde a ∈ R. Os grácos para cada
caso estão na Figura 1.55.
66
r²=-a²sin(2θ)
r²=a²sin(2θ) r²=-a²cos(2θ)
r²=a²cos(2θ)
Espirais
As equações seguintes representam algumas espirais.
r=eaθ r= θ r=- θ
67
Capítulo 2
FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS E
DIFERENCIAÇÃO PARCIAL
Objetivos (ao nal do capítulo espera-se que o aluno seja capaz de):
1. Denir funções de várias variáveis e dar exemplos práticos;
2. Encontrar o domínio e fazer o gráco (esferas, cones,cilindros, parabolóides, planos e
interseções entre essas superfícies) com funções de várias variáveis com duas variáveis
independentes;
3. Usando a denição mostrar que o limite de uma função de duas variáveis existe;
4. Vericar se uma função de duas variáveis é contínua num ponto;
5. Encontrar derivadas parciais e interpretá-las geometricamente quando a função for de
duas variáveis independentes;
6. Encontrar derivadas parciais de funções compostas;
7. Encontrar as derivadas parciais de funções implícitas;
8. Resolver problemas que envolvam derivadas parciais como taxa de variação;
9. Representar geometricamente as diferenciais parciais e totais;
10. Resolver problemas que envolvam diferenciais parciais e totais;
11. Encontrar derivadas parciais de ordem superior;
12. Encontrar os extremos de uma função de duas variáveis quando existem;
13. Resolver problemas que envolvam extremos de funções de duas variáveis;
14. Resolver exercícios usando uma ferramenta tecnológica.
A prova será composta por questões que possibilitam vericar se os objetivos foram
atingidos. Portanto, esse é o roteiro para orientações de seus estudos. O modelo de formu-
lação das questões é o modelo adotado na formulação dos exercícios e no desenvolvimento
teórico desse capítulo, nessa apostila.
68
2.1 Introdução
A = ab.
Por outro lado, se a for uma variável x podemos escrever a área desse retângulo em função
de x, isto é,
A (x) = xb.
Desse modo, temos a área como função de uma variável. Podemos também, fazer variar
a base e a altura simultaneamente. Nesse caso, tomando b = y teremos a área dada por
A(x, y) = xy,
V = abc.
Por outro lado, se a for uma variável x podemos escrever o volume desse paralelepípedo
expresso como função de uma variável x, isto é,
V (x) = xbc.
V (x, y, z) = xyz.
69
Nota de compras
Produtos Unidades Preço por unidade Total
Leite 2 pacotes 1,00 2,00
Pão 10 0,10 1,00
Laranja 2kg 0,50 1,00
Maçã 2kg 2,50 5,00
Açúcar 5kg 0,60 3,00
Total a pagar 12,00
T (x, y, z, w, t) = x + 0, 1y + 0, 5z + 2, 5w + 0, 6t.
A função T é uma função de cinco variáveis. Para encontrar o total a pagar referente a
tabela anterior, fazemos
70
y
onde (x1 , x2 , · · · , xn ) ∈ Rn .
A equação de uma superfície pode ser escrita na forma implícita ou explícita, em função
de duas variáveis, isto é, F (x, y, z) = 0 ou z = f (x, y).
E XEMPLO 2.2.8 A equação da esfera centrada na origem pode ser escrita como segue
• Implicitamente: x2 + y 2 + z 2 − R2 = 0.
√
• Explicitamente em função de x e y, com z = ± R 2 − x2 − y 2 .
71
Representação Gráca de uma Superfície
Para representar gracamente uma superfície procede-se como segue:
1. Determina-se as interseções com os eixos cartesianos determinando os pontos
(x, 0, 0), (0, y, 0) e (0, 0, z).
72
Solução: Vamos proceder conforme os passos listados acima.
1. Interseções com os eixos coordenados: Os pontos (x, 0, 0) e (0, 0, z) não são reais e o
ponto (0, y, 0) é duplo ou seja temos os pontos P (0, 4, 0) e P ′ (0, −4, 0).
x2 y 2
• Sobre o plano xy : Fazendo z = 0 tem-se a hipérbole − + = 1 (Figura 2.3).
52 42
2 y2 z2
3. Simetrias: Explicitamente, a equação − x52 + 42
− 32
=1 pode ser escrita como
√ √
x2 z 2 x2 z 2
y=4 1+ 2 + 2 ou y = −4 1 + +
5 3 52 3 2
logo, é simétrica em relação aos planos coordenados, aos eixos coordenados e à origem.
• Por exemplo, fazendo z=3 temos a equação de uma hipérbole (Figura 2.5)
x2 y 2 3 2 x2 y 2
− + − = 1 ⇒ − + = 2.
52 42 32 52 4 2
73
Figura 2.5: Traço sobre o plano z = 3.
x2 (±8)2 z 2 x2 z 2 x2 z 2
− 2+ − 2 = 1 ⇒ − 2 − 2 = −3 ⇒ + = 3.
5 42 3 5 3 52 32
y
x
O Note que a gura acima não é o gráco de uma função de duas variáveis,
BSERVAÇÃO 2.2.10
é a representação
√ geométrica de uma superfície
√ cuja equação é dada explicitamente pelas
x2 y 2 x2 y 2
funções: z = −3 −1 − + e z=3 −1 − + .
25 16 25 16
√
EXEMPLO 2.2.11 Considere a função de duas variáveis f (x, y) = 4 − 4x2 − y 2 . Determine
o domínio de f (x, y), construa e identique o gráco de z = f (x, y).
74
y2
Solução: D(f ) = {(x, y) ∈ R2 / 4x2 + y 2 ≤ 4} = {(x, y) ∈ R2 / x2 + ≤ 1}, ou seja, o
4
y2
domínio de f (x, y) é o conjunto de pontos do plano xy no interior da elipse x2 + = 1.
4
O gráco de f (x, y) é uma superfície, ou seja, um conjunto de ponto em R3 dado por
Gr(f ) = {(x, y, z) ∈ R3 / (x, y) ∈ D(f ) e z = f (x, y)}.
√ y2 z2
Assim temos z = 4 − 4x2 − y 2 que é um ramo (z ≥ 0) do gráco de x2 + + = 1,
4 4
esta é a equação de um elipsóide com centro na origem. Logo, o gráco de z = f (x, y) está
representado na Figura 2.8.
y2 z2
Figura 2.8: Ramo z ≥ 0 do elipsóide x + + = 1
2
4 4
Uma curva ao longo da qual uma função de duas variáveis z = f (x, y) tem valor constante
(como a elipse do Exemplo 2.2.4) é denominada curva de nível ou curva de contorno de
f.
A equação de uma curva de nível k para f é da forma f (x, y) = k. Quando a função
f representa uma distribuição de temperatura, suas curvas de nível são chamadas isoter-
mas. Se f representa o potencial elétrico, as curvas de nível de f são chamadas de curvas
equipotenciais.
Suponha que uma superfície S é o gráco de uma função z = f (x, y). Se a interseção de
S com o plano z = k é não vazia, então ela é uma curva de nível f (x, y) = k. A cada ponto
desta curva de nível corresponde um único ponto na superfície S que está k unidades acima
do plano xy, se k > 0, ou k unidades abaixo dele, se k < 0. Ao considerarmos diferentes
valores para a constante k, obtemos um conjunto de curvas chamado de mapa de contorno
de S .
Tal mapa de contorno facilita a visualização da superfície. Quando as curvas de nível são
mostradas em intervalos equi-espaçados de k, a proximidade de curvas sucessivas nos dá a
informação sobre a aclividade de S. Quanto mais próximas as curvas, signica que os valores
de z mudam mais rapidamente do que quando elas estão mais afastadas, ou seja, quando
curvas de nível estão juntas, a superfície é "íngreme".
EXEMPLO 2.2.13 Seja f (x, y) = x2 + y 2 . Faça um mapa de contorno de f, mostrando as
curvas de nível em 1, 2, 3, 4, 5.
75
Solução: As curvas de nível são as circunferências x2 + y 2 = k. Um mapa de contorno de f
pode ser visto na Figura 2.9.
y
Embora não possamos visualizar o gráco de uma função de três variáveis w = f (x, y, z),
podemos considerar as superfícies de equações f (x, y, z) = k, que são chamadas de superfícies
de nível de f. Ainda, toda superfície denida por uma equação em x, y, z pode ser considerada
como uma superfície de nível de alguma função de três variáveis. Por exemplo, o hiperbolóide
x2 y 2 z 2
da Figura 2.7 é a superfície de nível g(x, y, z) = 1 onde g(x, y, z) = − + − .
52 42 3 2
76
EXEMPLO 2.2.17 Sejam A (1, 1, 2) e ε = 1 então a bola aberta
{ }
B((1, 1, 2) , 1) = P (x, y, z) ∈ R3 ; ||(x, y, z) − (1, 1, 2)|| < 1
y
x
lim f (x, y) = L.
(x,y)→(x0 ,y0 )
Solução: Devemos mostrar que, dado ε > 0, existe δ > 0 tal que |f (x, y) − 11| < ε sempre
que 0 < ||(x, y) − (1, 3)|| < δ. Assim
e obtemos que
2 |(x − 1)| + 3 |(y − 3)| < ε. (I)
Por outro lado, de 0 < ||(x, y) − (x0 , y0 )|| < δ, segue que
√
0< (x − 1)2 + (y − 3)2 < δ.
77
Agora, pela denição de módulo, temos que
√ √
|x − 1| = (x − 1)2 ≤ (x − 1)2 + (y − 3)2 < δ
e √ √
|y − 3| = (y − 3)2 ≤ (x − 1)2 + (y − 3)2 < δ
e assim
2 |(x − 1)| + 3 |(y − 3)| < 2δ + 3δ = 5δ. ( II )
Portanto, de (I) e (II) podemos formar o sistema de inequações
{
2 |(x − 1)| + 3 |(y − 3)| < ε
2 |(x − 1)| + 3 |(y − 3)| < 5δ
ε
Assim, podemos admitir que 5δ = ε e encontrar que δ = .
5
ε
Logo, dado ε > 0 existe δ = tal que |f (x, y) − 11| < ε sempre que 0 < ||(x, y) − (1, 3)|| <
5
δ, o que prova pela denição que lim 2x + 3y = 11.
(x,y)→(1,3)
OBSERVAÇÃO No Cálculo 1, vimos que para existir o limite de uma função de uma va-
2.3.3
riável, quando x se aproxima de x0 , é necessário que os limites laterais lim+ f (x) e lim− f (x)
x→x0 x→x0
existam e sejam iguais. Já para funções de duas variáveis, a situação análoga é mais com-
plicada, pois no plano há uma innidade de curvas (caminhos) ao longo das quais o ponto
(x, y) pode se aproximar de (x0 , y0 ) . Porém, se o limite da Denição 2.3.1 existe, é pre-
ciso então que f (x, y) tenda para L, independentemente do caminho considerado. Essa ideia
nos fornece uma importante regra (Teorema 2.3.4) para investigar a existência de limites de
funções de duas variáveis.
T EOREMA 2.3.4 Seja f uma função de duas variáveis denida numa bola aberta centrada
xy
EXEMPLO 2.3.5 Vamos mostrar que lim não existe.
(x,y)→(0,0) x2 + y2
0·y
lim f (x, y) = lim f (0, y) = lim = 0.
(x,y)→ (0,0) (0,y)→(0,0) y→0 02 + y2
C1
78
Mostramos então que
xy
e com isso, concluímos que lim não existe.
(x,y)→(0,0) x2 + y2
3x2 y
EXEMPLO 2.3.6 Vamos mostrar que lim
(x,y)→(0,0) x2 + y 2
existe.
Solução: Primeiro vamos vericar se, por caminhos diferentes, o limite tem o mesmo valor
numérico. Considerando C1 = {(x, y) ∈ R2 ; y = kx} , o conjunto de retas que passam pelo
ponto (0, 0) temos
3x2 kx
lim f (x, y) = lim f (x, kx) = lim
(x,y)→ (0,0)
C1
(x,kx)→(0,0) (x,kx)→(0,0) x2 + (kx)2
x3 k xk
= lim = lim = 0.
x→0 x (1 + k ) x→0 1 + k 2
2 2
seja o limite de f (x, y) = Para conrmar, devemos vericar se a Denição 2.3.1 está
3xy
x2 +y 2
.
satisfeita. Devemos mostrar que, dado ε > 0, existe δ > 0 tal que |f (x, y) − 0| < ε sempre
que 0 < ||(x, y) − (0, 0)|| < δ. Assim,
3x2 y 2 2
|f (x, y) − 0| = 2 = |3x y| = 3 |x | |y| < ε. ( I )
x + y 2 |x2 + y 2 | x2 + y 2
√
√ De 0
√ < ||(x, y) − (0, 0)|| < δ obtemos 0 < x2 + y 2 < δ. Sendo x2 ≤ x2 + y 2 e |y| =
y 2 ≤ x2 + y 2 podemos escrever
79
Solução: Iniciamos investigando a existência do limite, utilizando diferentes caminhos que
passam pelo ponto (0, 1).
Utilizando os caminhos lineares C1 = {(x, y) ∈ R2 ; y = kx + 1} temos que
3x4 (y − 1)4 3x4 (kx)4
lim = lim
(x,y)→ (0,1)
C1
(x4 + (y − 1)2 )3 (x,kx+1)→(0,1) (x4 + (kx)2 )3
3k 4 x8
= lim = 0.
x→0 x6 (x2 + k 2 )3
Portanto, como obtemos limites diferentes por caminhos distintos, concluímos que o limite
não existe.
(x + 2y + z)3
EXEMPLO 2.3.8 Calcule, se possível, o valor de lim .
(x,y,z)→(3,1,−5) (x − 3)(y − 1)(z + 5)
Solução: Iniciamos investigando a existência do limite. Como temos uma função de 3 va-
riáveis, devemos usar caminhos em R3 . Se v = (a, b, c) são as coordenadas de um vetor diretor
de uma reta que passa pelo ponto (3, 1, −5), podemos utilizar as equações paramétricas para
denir o caminho retilíneo
{ }
C1 = (x, y, z) ∈ R3 ; x = 3 + at, y = 1 + bt, z = −5 + ct .
Para nos aproximarmos de (3, 1, −5) por C1 , basta fazermos o parâmetro t → 0 e assim
(x + 2y + z)3 (3 + at + 2 + 2bt − 5 + ct)3
lim = lim
(x,y,z)→ (3,1,−5)
C1
(x − 3)(y − 1)(z + 5) t→0 (at)(bt)(ct)
(at + 2bt + ct)3 (a + 2b + c)3
= lim = .
t→0 abct3 abc
Atribuindo diferentes valores para a, b, c, ou seja, utilizando caminhos retilíneos distintos
para nos aproximarmos de (3, 1, −5) obtemos limites também distintos. Portanto, pela regra
dos dois caminhos, o limite em questão não existe.
(i) Se f : R2 → R é denida por f (x, y) = ax+by+c, então lim f (x, y) = ax0 +by0 +c.
(x,y)→(x0 ,y0 )
80
(c) lim [f (x, y) .g(x, y)] = lim f (x, y) · lim g (x, y) .
(x,y)→(x0 ,y0 ) (x,y)→(xo ,yo ) (x,y)→(x0 ,y0 )
lim f (x, y)
f (x, y) (x,y)→(x0 ,y0 )
(d) lim [ ]= desde que lim g (x, y) ̸= 0.
(x,y)→(x0 ,y0 ) g(x, y) lim g (x, y) (x,y)→(x0 ,y0 )
(x,y)→(x0 ,y0 )
( )n
n
(e) lim [f (x, y)] = lim f (x, y) para todo n ∈ Z∗+ .
(x,y)→(x0 ,y0 ) (x,y)→(x0 ,y0 )
PROPOSIÇÃO 2.3.10 Se gé uma função de uma variável, contínua num ponto a, e f (x, y)
é uma função tal que lim f (x, y) = a, então lim (g ◦ f ) (x, y) = g(a), ou seja,
(x,y)→(x0 ,y0 ) (x,y)→(x0 ,y0 )
( )
lim g(f (x, y)) = g lim f (x, y) .
(x,y)→(x0 ,y0 ) (x,y)→(x0 ,y0 )
f (x, y) = x2 + xy − 1 e g(u) = ln u,
[ ( )]
x2 − y 2 x2 + 2xy + y 2
EXEMPLO 2.3.12 Se lim · f (x, y) + ln +1 = −2, determine
(x,y)→(2,−2) x+y x+y
lim f (x, y).
(x,y)→(2,−2)
[ ( 2 )]
x2 − y 2 x + 2xy + y 2
−2 = lim · f (x, y) + ln +1
(x,y)→(2,−2) x+y x+y
( ( 2 ))
x2 − y 2 x + 2xy + y 2
= lim · lim f (x, y) + ln lim +1
(x,y)→(2,−2) x + y (x,y)→(2,−2) (x,y)→(2,−2) x+y
( ( ))
(x + y)(x − y) (x + y)2
= lim · lim f (x, y) + ln lim +1
(x,y)→(2,−2) x+y (x,y)→(2,−2) (x,y)→(2,−2) x+y
( )
= lim (x − y) · lim f (x, y) + ln lim (x + y + 1)
(x,y)→(2,−2) (x,y)→(2,−2) (x,y)→(2,−2)
= 4· lim f (x, y)
(x,y)→(2,−2)
1
logo, lim f (x, y) = − .
(x,y)→(2,−2) 2
81
x2 − y 2
EXEMPLO 2.3.13 Seja f (x, y) = √ .
(x − y) 4y − x2
1. Descreva e represente geometricamente o domínio de f (x, y).
2. Calcule lim f (x, y).
(x,y)→(1,1)
x2
• 4y − x2 > 0 ⇒ y > 4
• x − y ̸= 0 ⇒ y ̸= x
x2
Logo, D = {(x, y) ∈ R2 / x ̸= 0 e y > 4
}, ou seja, os pontos no interior da parábola
4y = x2 em que x =
̸ y. O domínio está representado na Figura 2.12.
Solução (b):
x2 − y 2 x+y 2
lim f (x, y) = lim √ = lim √ =√
(x,y)→(1,1) (x,y)→(1,1) (x − y) 4y − x2 (x,y)→(1,1) 4y − x2 3
PROPOSIÇÃO 2.3.14 Se lim f (x, y) = 0 e g(x, y) é uma função limitada em alguma
(x,y)→(x0 ,y0 )
bola aberta de centro (x0 , y0 ), exceto possivelmente em (x0 , y0 ), então
x2 y
EXEMPLO 2.3.15 Mostre que lim = 0.
(x,y)→(0,0) x2 + y 2
xy
Solução: Consideremos f (x, y) = x e g(x, y) = .
x2 + y2
Sabemos que lim x = 0, então basta mostrar que g(x, y) é limitada.
(x,y)→(0,0)
Escrevendo g em coordenadas polares, temos que
xy r2 cos θ sin θ
g(x, y) = = = cos θ sin θ.
x2 + y 2 r2
Evidentemente, |cos θ sin θ| ≤ 1 e portanto temos que g(x, y) é limitada. Logo, pela
x2 y
proposição anterior, lim = 0.
(x,y)→(0,0) x2 + y 2
82
Outra maneira de resolver usando ainda a Proposição 2.3.14.
x2
Sejam f (x, y) = y e g(x, y) = . Então lim f (x, y) = 0 e
x2 + y 2 (x,y)→(0,0)
x2
|g(x, y)| = ≤1 para todo (x, y) ̸= (0, 0),
x2 + y 2
ou seja, g(x, y) é limitada para todo (x, y) ̸= (0, 0), logo pela Proposição acima temos o
resultado desejado.
2x2 y 2 − 2xy 3
EXEMPLO 2.3.16 Calcule, se existir, lim .
(x,y)→(0,0) 3x2 + 3y 2
Solução: Usando as propriedades temos:
( )
2x2 y 2 − 2xy 3 2x2 y 2 2xy y 2
lim = lim −
(x,y)→(0,0) 3x2 + 3y 2 (x,y)→(0,0) 3 x2 + y 2 3 x2 + y 2
2x2 y2 2xy y2
= lim · 2 − lim ·
(x,y)→(0,0) 3 x + y 2 (x,y)→(0,0) 3 x2 + y 2
2x2 2xy y2
Como lim = 0, lim = 0, e 2 é uma função limitada numa vizi-
(x,y)→(0,0) 3 (x,y)→(0,0) 3 x + y2
nhança da origem, exceto em (0, 0), temos pela Proposição 2.3.14
2x2 y 2 − 2xy 3 2x2 y2 2xy y2
lim = lim · − lim · = 0.
(x,y)→(0,0) 3x2 + 3y 2 (x,y)→(0,0) 3 x2 + y 2 (x,y)→(0,0) 3 x2 + y 2
{ xy
se (x, y) ̸= (0, 0)
EXEMPLO 2.4.2 Verique se a função f (x, y) = x2 + y2 é contínua
0 se (x, y) = (0, 0)
em (0, 0) .
83
4
x − (y − 1)4
EXEMPLO 2.4.3 A função denida por f (x, y) = x2 + (y − 1)2 se (x, y) ̸= (0, 1) é con-
0 se (x, y) = (0, 1)
tínua em (0, 1)?
Solução: Devemos vericar se f satisfaz as condições da Denição 2.4.1.
(i) Como f (0, 1) = 0, a primeira condição está satisfeita.
(ii) Vamos vericar se lim f (x, y) existe e é igual a zero (se for diferente a função não
(x,y)→(0,1)
será contínua no ponto)
x4 − (y − 1)4 [x2 − (y − 1)2 ][x2 + (y − 1)2 ] [ 2 2
]
lim = lim = lim x − (y − 1) = 0.
(x,y)→(0,1) x2 + (y − 1)2 (x,y)→(0,1) x2 + (y − 1)2 (x,y)→(0,1)
Portanto, as três condições da Denição 2.4.1 estão satisfeitas. Logo, f (x, y) é contínua
em (0, 0) .
E XEMPLO 2.4.5 Utilize argumentos consistentes para determinar, se existir, o valor de b que
torne as funções denidas abaixo contínuas.
{
x2 y 2
, se (x, y) ̸= (0, 0)
(a) f (x, y) = x4 +y 2 .
b, se (x, y) = (0, 0)
{
x3 (y−5)2
, se (x, y) ̸= (0, 5)
(b) g(x, y) = 2x7 +3(y−5)4
b, se (x, y) = (0, 5)
84
Solução (a) 1: Queremos determinar, se existe, lim f (x, y). Para tal, primeiro veri-
(x,y)→(0,0)
caremos se por caminhos diferentes obtemos o mesmo valor numérico para este limite.
Como por C1 e C2 obtivemos o limite como sendo 0, há probabilidades que o limite exista.
Para conrmar devemos mostrar que dado ϵ > 0, existe δ > 0 de modo que
|f (x, y)| < ϵ sempre que 0 < ∥(x, y) − (0, 0)∥ < δ.
Por propriedades modulares temos
2 2
xy 2 2 2 4 2
|f (x, y)| = 4 = x y ≤ x (x + y ) = x2 ≤ x2 + y 2 < δ 2
x + y 2 x4 + y 2 x4 + y 2
√
assim, escolhendo δ = ϵ, provamos usando a denição, que lim f (x, y) = 0. Portanto,
(x,y)→(0,0)
escolhendo b = 0 temos que a função f (x, y) é contínua em todos os pontos (x, y).
y2
Como lim x2 = 0 e é uma função limitada numa vizinhança da origem, exceto
(x,y)→(0,0) x4 + y 2
em (0, 0), temos que
( )
2 y2
lim f (x, y) = lim x · 4 = 0.
(x,y)→(0,0) (x,y)→(0,0) x + y2
Portanto, escolhendo b = 0 temos que a função f (x, y) é contínua em todos os pontos
(x, y) ∈ R2 .
Solução (b): Queremos determinar, se existe, lim g(x, y). Para tal, primeiro veri-
(x,y)→(0,5)
caremos se por caminhos diferentes obtemos o mesmo valor numérico para este limite.
85
Considere o caminho C2 = {(x, y) ∈ R2 / y = kx2 + 5}
[ ] [ ]
2 x3 k 2 x 4 k2 k2
lim g(x, y) = lim g(x, kx + 5) = lim = lim =
(x,y)−→(0,5) (x,kx2 +5)→(0,5) x→0 2x7 + 3k 2 x8 x→0 2 + 3k 2 x 2
C2
Como pelo caminho C2 obtivemos o valor do limite dependendo de k temos que para valores
distintos de k obtemos respostas distintas para o valor do limite, logo lim g(x, y) não
(x,y)→(0,5)
existe. Portanto, não existe b de modo que g(x, y) seja contínua no ponto (0, 5).
Seja z = f (x, y) uma função real de duas variáveis reais e seja (x0 , y0 ) um ponto do
domínio de f. Fixando y0 podemos considerar a função de uma variável g(x) = f (x, y0 ). A
derivada desta função no ponto x = x0 , quando existe, denomina-se derivada parcial de f,
em relação a x, no ponto (x0, y0) e indica-se por
∂f ∂z
(x0 , y0 ) ou (x0 , y0 ).
∂x ∂x
Assim,
∂f g(x) − g(x0 )
(x0 , y0 ) = g ′ (x0 ) = lim
∂x x→x0 x − x0
f (x, y0 ) − f (x0 , y0 )
= lim
x→x0 x − x0
f (x0 + ∆x, y0 ) − f (x0 , y0 )
= lim
∆x→0 ∆x
De modo análogo, xando x0 podemos considerar a função de uma variável h(y) =
f (x0 , y). A derivada desta função no ponto y = y0 , quando existe, denomina-se derivada
parcial de f, em relação a y, no ponto (x0, y0) e indica-se por
∂f ∂z
(x0 , y0 ) ou (x0 , y0 ).
∂y ∂y
Assim,
∂f h(y) − y(y0 )
(x0 , y0 ) = h′ (y0 ) = lim
∂y y→y0 y − y0
f (x0 , y) − f (x0 , y0 )
= lim
y→y0 y − y0
f (x0 , y0 + ∆y) − f (x0 , y0 )
= lim
∆y→0 ∆y
Assim, denimos
D EFINIÇÃO 2.5.1 Seja f : D ⊂ R2 → R uma função real de duas variáveis reais e (x, y) ∈
D. As derivadas parciais ∂f
∂x
e ∂f
∂y
de f em (x, y) são dadas por
∂f (x, y) f (x + ∆x, y) − f (x, y)
= lim
∂x ∆x→0 ∆x
e
∂f (x, y) f (x, y + ∆y) − f (x, y)
= lim .
∂y ∆y→0 ∆y
86
EXEMPLO 2.5.2 Seja f (x, y) = x2 y + xy 2 encontre
∂f (x,y)
∂x
e
∂f (x,y)
∂y
.
Solução: Aplicando a Denição 2.5.1 obtemos
∂f (x, y) f (x + ∆x, y) − f (x, y)
= lim
∂x ∆x→0 ∆x
(x + ∆x)2 y + (x + ∆x)y 2 − (x2 y + xy 2 )
= lim
∆x→0 ∆x
x2 y + 2xy∆x + y (∆x)2 + xy 2 + y 2 ∆x − x2 y − xy 2
= lim
∆x→0 ∆x
2 2
2xy∆x + y (∆x) + y ∆x
= lim
∆x→0 ∆x
(2xy + y∆x + y 2 ) ∆x
= lim
∆x→0 ∆x
= lim 2xy + y∆x + y 2 = 2xy + y 2 .
∆x→0
87
2.5.7 Interpretação Geométrica das derivadas parciais
88
Solução: Note que a superfície desejada é o gráco da função z = f (x, y) = x2 + y 2 . Para
determinar a equação do plano tangente desejado, devemos obter dois vetores pertencentes
a este plano, ou seja, dois vetores tangentes ao parabolóide, no ponto P. Para isso, fazendo
y = 2 encontramos a curva z = f (x, 2) = x2 + 4. A reta tangente a essa curva, no ponto P,
é dada por
∂f (x0 , y0 )
z − z0 = (x − x0 ) = 2x0 (x − x0 ),
∂x
ou seja,
z − 5 = 2(x − 1) ⇒ z = 2x + 3, no plano y = 2.
Da geometria analítica, temos que o vetor diretor desta reta tangente é dado por b⃗1 =
(1, 0, 2). Da mesma forma, fazendo x = 1, obtemos a curva z = f (1, y) = 1 + y 2 , cuja reta
tangente, em P, é dada por
∂f (x0 , y0 )
z − z0 = (y − y0 ) = 2y0 (y − y0 ),
∂y
ou seja,
z − 5 = 4(y − 2) ⇒ z = 4y + 3 no plano x = 1.
Assim, encontramos o vetor diretor b⃗2 = (0, 1, 4). Agora podemos obter o vetor normal
ao plano tangente desejado, tomando
i j k
⃗b = b⃗1 × b⃗2 = 1 0 2 = (−2, −4, 1).
0 1 4
Como este plano deve passar por P (1, 2, 5), substituindo suas coordenadas na equação
acima, obtemos d = 5. Portanto, o plano tangente ao parabolóide z = x2 + y 2 , no ponto
P (1, 2, 5), tem equação −2x − 4y + z + 5 = 0.
De forma geral, a maneira como estas retas tangentes t1 e t2 foram construídas, uma
no plano y = y0 e a outra no plano x = x0 , elas não são paralelas e como (x0 , y0 , f (x0 , y0 )) é
o ponto de interseção destas retas, temos que elas são concorrentes, logo denem um único
plano π que as contém, este plano é o plano tangente à superfície z = f (x, y) no ponto
P (x0 , y0 , f (x0 , y0 )). Além disso, se C é outra curva qualquer contida na superfície z = f (x, y)
que passa pelo ponto P, então a reta tangente à curva C passando por P também pertence
ao plano π. Para determinar a equação do plano tangente precisamos do vetor normal ⃗n
ao plano e um ponto que pertence ao plano. Como t1 e t2 são retas contidas no plano π
temos que o vetor normal ⃗n é dado pela produto vetorial dos vetores diretores destas retas
e P (x0 , y0 , f (x0 , y0 )) é um ponto que pertence ao plano π. Assim,
( ) ( ) ( )
∂f ∂f ∂f ∂f
⃗n = v⃗1 × v⃗2 = 1, 0, (x0 , y0 ) × 0, 1, (x0 , y0 ) = − (x0 , y0 ), − (x0 , y0 ), 1 .
∂x ∂y ∂x ∂y
Usando as componentes do vetor normal e as coordenadas do ponto P, obtemos que a equação
do plano π tangente à superfície z = f (x, y) no ponto P (x0 , y0 , f (x0 , y0 )) é dada por:
∂f ∂f
(x0 , y0 )(x − x0 ) + (x0 , y0 )(y − y0 ) − (z − z0 ) = 0.
∂x ∂y
89
E XEMPLO 2.5.9 Considere a superfície z = x2 + y 2 . Determine o(s) ponto(s) onde um plano
π, que passa pelos pontos (1, 1, 1) e (2, −1, 1), é tangente a esta superfície.
Solução: Sabemos que o vetor normal do plano tangente à superfície z = x2 + y 2 no ponto
∂f (x0 , y0 ) ∂f (y − y0 )
π: − x− y+z+d=0
∂x ∂y
substituindo as derivadas parciais temos,
π : −2x0 x − 2y0 y + z + d = 0.
resolver
−2x0 x0 − 2y0 y0 + x20 + y02 + d = 0 d = x20 + y02
−2x0 − 2y0 + 1 + d = 0 ⇒ −2x0 − 2y0 + 1 + d = 0
−4x0 + 2y0 + 1 + d = 0 x0 = 2y0
d = 5y02 y0 = 1 y0 = 51 P1 (2, 1, 5)
⇒ 5y02 − 6y0 + 1 = 0 ⇒ x0 = 2 OU x0 = 25 ⇒ ( )
x0 = 2y0 z0 = 5 z0 = 51 P2 25 , 51 , 15
( )
2 1 1
Portanto, há dois pontos de tangência P1 (2, 1, 5) e P2 , , que satisfazem as hipóteses
5 5 5
e consequentemente dois planos tangentes.
∂f ∂f
Seja z = f (x, y) uma função cujas derivadas parciais e também são deriváveis.
∂x ∂y
Cada uma dessas derivadas parciais poderá ser novamente derivada em relação a x e a y.
Denotaremos:
( )
∂ ∂f ∂ 2f
• = é a segunda derivada parcial de f em relação a x;
∂x ∂x ∂x2
( ( ))
∂ ∂ ∂f ∂ 3f
• = é a terceira derivada parcial de f em relação a x;
∂x ∂x ∂x ∂x3
( )
∂ ∂f ∂ 2f
• = é a segunda derivada parcial de f primeiro em relação a x e depois
∂y ∂x ∂y∂x
em relação a y;
( )
∂ ∂f ∂ 2f
• = é a segunda derivada parcial de f primeiro em relação a y e depois
∂x ∂y ∂x∂y
em relação a x;
90
( ( ))
∂ ∂ ∂f ∂ 3f
• = é a terceira derivada parcial de f em relação a y;
∂y ∂y ∂y ∂y 3
No caso da função f ter mais de duas variáveis a notação segue a mesma lógica. Por
exemplo, se temos f (x, y, z, t) tem-se
( ( ))) (
∂ ∂ ∂f ∂ ∂ 4f
• = para representar a quarta derivada de f , primeiro
∂t ∂z ∂x ∂y ∂t∂z∂y∂x
em relação a x, depois em relação a y e assim sucessivamente.
∂ 4f
EXEMPLO 2.6.1 Seja f (x, y, z, t) = x3 y 4 z 5 t2 encontrar .
∂x∂y∂z∂t
Solução: Derivamos inicialmente em relação a t, obtendo
∂f
(x, y, z, t) = 2x3 y 4 z 5 t,
∂t
a seguir, derivamos em relação a z
∂ 2f
(x, y, z, t) = 10x3 y 4 z 4 t,
∂z∂t
para após derivarmos em y
∂ 3f
(x, y, z, t) = 40x3 y 3 z 4 t,
∂y∂z∂t
e nalmente derivarmos em x e obter
∂ 4f
(x, y, z, t) = 120x2 y 3 z 4 t.
∂x∂y∂z∂t
∂ 2u
EXEMPLO 2.6.2 Uma função de duas variáveis u é dita harmônica se satisfaz a equação +
∂x2
∂ 2u
= 0, conhecida como equação de Laplace em R2 . Mostre que a função
∂y 2
u(x, y) = ex sin y + ey cos x
é uma função harmônica.
91
2.7 Extremos de uma Função de duas Variáveis
Seja f uma função de duas variáveis. Dizemos que f tem um máximo relativo no ponto
(a, b) se existir um bola aberta de centro (a, b) e raio ϵ > 0 tal que, para todo (x, y) perten-
cente à bola, tem-se f (x, y) ≤ f (a, b) . Por outro lado, se f (x, y) ≥ f (a, b) para todo (x, y)
pertencente à bola, dizemos que f tem um ponto de mínimo relativo no ponto (a, b) .
Os pontos de máximos e de mínimos de f são denominados pontos extremos de f. A
imagem de um ponto de máximo é chamada de valor máximo de f, da mesma forma que a
imagem de um ponto de mínimo é denominada valor mínimo de f.
Então:
(i) se ∆ > 0 e Θ < 0, a função f tem um máximo relativo em (a, b) ;
(ii) se ∆ > 0 e Θ > 0, a função f tem um mínimo relativo em (a, b) ;
(iii) se ∆ = 0, nada podemos armar;
(iv) se ∆ < 0, a função f tem um ponto de sela em (a, b) .
EXEMPLO Encontre os pontos críticos das funções abaixo e classique-os como pontos
2.7.5
Solução (a): Vamos iniciar encontrando os pontos críticos. Como as derivadas parciais são
∂f (x, y) ∂f (x, y)
= 4y − 4x e = 4x − 4y
∂x ∂y
e estão sempre bem denidas, os pontos críticos de f são dados por
{
4x − 4y = 0
⇒ x − x3 = 0 ⇒ x(1 − x2 ) = 0 ⇒ x = 0; x = ±1
4y − 4x3 = 0
92
Assim os pontos críticos são P (0, 0), Q(1, 1) e R(−1, −1). A seguir, vamos analisar o
delta. Como
−12x2 4
△(x, y) = = 48x2 − 16,
4 −4
temos que
△(0, 0) = −16, △(1, 1) = 32 △(−1, −1) = 32.
93
∂S 2V
∂x (x, y) = y − x2
∂S 2V
(x, y) = x − 2
∂y y
temos que
2V {
y− =0
x2 yx2 = 2V
2V ⇒ ⇒ yx2 = xy 2
x− 2 =0 xy 2 = 2V
y
como sabemos que x, y ̸= 0, podemos dividir ambos os lados da última igualdade por xy e
encontrar
√ que x = y. Portanto, obtemos que 2V = x3 e como V = 108, segue que x =
3
2 (108) = 6 e y = 6. Logo, o ponto (a, b) = (6, 6) é único ponto crítico da função S(x, y) =
2V 2V
xy + + .
y x
Na sequência, vamos classicar este ponto crítico. Para isso, precisamos obter os valores
de ∆(6, 6) e Θ (6, 6) . Tomando as segundas derivadas, temos que
∂ 2S 4V ∂ 2S 4 (108)
2
(x, y) = 3 donde vem 2
(6, 6) = = 2,
∂x x ∂x 63
∂ 2S ∂ 2S
(x, y) = 1 donde vem (6, 6) = 1,
∂x∂y ∂x∂y
∂ 2S ∂ 2S
(x, y) = 1 donde vem (6, 6) = 1,
∂y∂x ∂y∂x
∂ 2S 4V ∂ 2S 4 (108)
2
(x, y) = 3 donde vem 2
(6, 6) = = 2.
∂y y ∂y 63
Portanto,
2 1
∆ = = 3 e Θ = 2.
1 2
Como ∆ = 3 > 0 e Θ = 2 > 0, pelo segundo item do Teorema 2.7.4, obtemos que f tem
um mínimo relativo no ponto (6, 6) . Logo, as dimensões da base da caixa são x = 6cm e
V 108
y = 6cm. Ainda, como z = segue que z = = 3.
xy 6 (6)
Portanto, as dimensões da caixa, para que o custo de fabricação seja mínimo, são x =
6 cm, y = 6 cm e z = 3 cm.
EXEMPLO 2.7.7 Um fabricante faz 2 modelos de um item, padrão e de luxo. Custa R$ 40, 00
para fabricar um modelo padrão e R$ 60, 00 para o de luxo. Uma rma de pesquisa de
mercado estima que se o modelo padrão for vendido por x reais e o de luxo por y reais, então
o fabricante venderá 500(y − x) do item padrão e 45000 + 500(x − 2y) do de luxo a cada
ano. Com que preços os itens devem ser vendidos para maximizar o lucro?
Solução: A função lucro é dada por:
L(x, y) = 500(y − x)(x − 40) + (45000 + 500(x − 2y))(y − 60).
94
As derivadas parciais de L são dadas por
∂L(x, y)
= 1000y − 1000x − 10 000
∂x
e
∂L(x, y)
= 1000x − 2000y + 85 000
∂y
Como as derivadas estão sempre bem denidas, para encontrar os pontos críticos de L
devemos fazer
∂L(x, y) ∂L(x, y)
=0 e =0
∂x ∂y
Portanto, o único ponto crítico é (65, 75). Vamos analisar se este ponto crítico é um ponto
de máximo. Como
∂ 2L ∂ 2L
= −1000, = −2000,
∂x2 ∂y 2
e
∂ 2L ∂ 2L
= 1000, = 1000,
∂x∂y ∂y∂x
temos que
−1000 1000 ∂ 2L
△ = = 106 > 0
e Θ= = −1000 < 0.
1000 −2000 ∂x2
Portanto, o ponto P (65, 75) é, de fato, um ponto de máximo. Logo, o item padrão será
vendido por R$ 65, 00 e o de luxo por R$ 75, 00.
E XEMPLO 2.7.8 Encontre as coordenadas do ponto que pertence a superfície z = xy + 2 e cujo
quadrado da distância à origem do sistema de coordenadas cartesianas seja mínimo. Qual é
f (x, y) = x2 + y 2 + x2 y 2 + 4xy + 4.
Temos que P1 (0, 0) é uma solução do sistema. Para as demais soluções do sistema, multipli-
cando a primeira equação por x e a segunda por y obtemos
2x2 + 2x2 y 2 + 4xy = 0
⇒ 2x2 − 2y 2 = 0 ⇒ y = ±x.
2 2 2
−2y − 2x y − 4xy = 0
Portanto, temos três pontos críticos P1 (0, 0), P2 (1, −1) e P3 (−1, 1). Usaremos o teste da
segunda derivada para classicá-los. Temos que
∂ 2 f (x,y) ∂ 2 f (x,y)
∂x2 ∂y∂x 2 + 2y 2 4xy + 4
∆(x, y) = =
∂ 2 f (x,y) ∂ 2 f (x,y)
4xy + 4 2 + 2x2
∂x∂y ∂y 2
= 4(1 + y )(1 + x ) − 16(xy + 1) = 4 + 4x2 + 4y 2 + 4x2 y 2 − 16xy − 16
2 2
e
∂ 2 f (x, y)
Θ(x, y) = 2
= 2 + 2y 2 .
∂x
Aplicando nos pontos críticos, obtemos:
∆(0, 0) = −12 < 0 ⇒ P1 (0, 0) é um ponto de sela de f (x, y).
∆(1, −1) = 16 > 0 e Θ(1, −1) = 4 > 0 ⇒ P2 (1, −1) é ponto de mínimo de f (x, y).
∆(−1, 1) = 16 > 0 e Θ(−1, 1) = 4 > 0 ⇒ P3 (−1, 1) é ponto de mínimo de f (x, y).
Assim os candidatos a para o ponto Q são: P2 (1, −1, 1), e P3 (−1, 1, 1). Substituindo na
expressão da distância ao quadrado obtemos:
96
2.8 Derivada de uma Função Composta
Antes de discutir a derivada de uma função composta, vamos falar sobre composição de
funções de duas variáveis.
Consideremos as funções u(x, y) = x2 y + y e v (x, y) = x + y 2 . Podemos denir uma nova
função F por F (u, v) = 2u2 + 3v. Reescrevendo F em função de x e y temos:
e assim,
F (u(1, 2), v (1, 2)) = 2 (1)4 (2)2 + 4 (1)2 (2)2 + 5 (2)2 + 3 (1) = 47.
Ou, como
u(x, y) = x2 y + y e v (x, y) = x + y 2
segue que
u(1, 2) = (1)2 2 + 2 = 4 e v (1, 2) = 1 + 22 = 5,
e então
F (u(1, 2), v (1, 2)) = F (4, 5) = 2 (4)2 + 3 (5) = 47.
Nosso interesse é encontrar ∂F
∂x
e ∂F
∂y
. A função
97
∂z (x, y) ∂F (u, v) ∂u(x, y) ∂F (u, v) ∂v(x, y)
= +
∂y ∂u ∂y ∂v ∂y
uma nova função z por z (x, y) = F (u, v) = 2u2 + 3v. Encontre as derivadas parciais de z
em relação a x e y.
Solução: Inicialmente, determinamos as derivadas parciais das funções u(x, y), v(x, y) e
F (u, v) :
∂F ∂u ∂v
= 4u, = 2xy, = 1,
∂u ∂x ∂x
∂F ∂u ∂v
= 3, = x2 + 1, = 2y.
∂v ∂y ∂y
e utilizando a regra da cadeia (Denição 2.8.1), obtemos as derivadas parciais
∂z (x, y) ∂F ∂u ∂F u ∂v
= +
∂x ∂u ∂x ∂v ∂x
∂u ∂v
= 4u +3
∂x ∂x
= 8x3 y 2 + 8xy 2 + 3
e
∂z (x, y) ∂F ∂u ∂F ∂v
= +
∂y ∂u ∂y ∂v ∂y
∂u ∂v
= 4u +3
∂y ∂y
∂F ∂F √
E XEMPLO 2.8.3 Determine e para F (x, y) = ln 5 (x4 + 2xy + y 3 ) + (2xy + 3x2 ).
∂x ∂y
u(x, y) = x4 + 2xy + y 3
e
v(x, y) = 2xy + 3x2 .
Usando a regra da cadeia, temos:
98
∂F ∂F ∂u ∂F ∂v
= +
∂x ∂u ∂x ∂v ∂x
1 1 ∂u 1 1 ∂g
= +
5 u + v ∂x 5 u + v ∂x
1 (4x3 + 2y) + (2y + 6x)
=
5 x4 + y 3 + 4xy + 3x2
6x + 4y + 4x3
= .
20xy + 15x2 + 5x4 + 5y 3
O cálculo da derivada em relação a y é deixado como exercício para o estudante.
EXEMPLO 2.8.4 Sendo α uma constante e w = f (u, v), onde u = x cos α − y sen α e
v = x sen α + y cos α, sabendo que f é diferenciável mostre que
∂ 2w ∂ 2w ∂ 2w ∂ 2w
+ = + .
∂x2 ∂y 2 ∂u2 ∂v 2
Solução: Usando a regra da cadeia para as derivadas parciais de primeira e segunda ordem
obtemos:
∂w ∂f ∂u ∂f ∂v ∂f ∂f
= + = cos α+ sen α
∂x ∂u ∂x ∂v ∂x ∂u ∂v
( ) ( )
∂ 2w ∂ ∂f ∂ ∂f
= cosα (u, v) + senα (u, v)
∂x2 ∂x ∂u ∂x ∂v
( 2 ) ( 2 )
∂ f ∂u ∂ 2 f ∂v ∂ f ∂u ∂ 2 f ∂v
= cos α + + sen α +
∂u2 ∂x ∂v∂u ∂x ∂u∂v ∂x ∂v 2 ∂x
∂ 2f ∂ 2f ∂ 2f ∂ 2f
= cos 2 α + cos α sen α + sen α cos α + 2
sen α (1)
∂u2 ∂v∂u ∂u∂v ∂v 2
∂w ∂f ∂u ∂f ∂v ∂f ∂f
= + = (− sen α) + cos α
∂y ∂u ∂y ∂v ∂y ∂u ∂v
( ) ( )
∂ 2w ∂ ∂f ∂ ∂f
= −senα (u, v) + cosα (u, v)
∂y 2 ∂y ∂u ∂y ∂v
( 2 ) ( 2 )
∂ f ∂u ∂ 2 f ∂v ∂ f ∂u ∂ 2 f ∂v
= − sen α + + cos α + 2
∂u2 ∂y ∂v∂u ∂y ∂u∂v ∂y ∂v ∂y
2 2 2
∂ f ∂ f ∂ f ∂ 2f
= sen 2 α − cos α sen α − sen α cos α + 2
cos α (2)
∂u2 ∂v∂u ∂u∂v ∂v 2
Das Expressões (1) e (2), temos:
∂ 2w ∂ 2w ∂ 2w 2 2 ∂ 2w 2 2 ∂ 2w ∂ 2w
+ = ( sen α+ cos α) + ( sen α+ cos α) = +
∂x2 ∂y 2 ∂u2 ∂v 2 ∂u2 ∂v 2
e assim provamos que de fato a equação dada é verdadeira.
99
2.9 Derivada Parcial como Taxa de Variação
∂f
Suponhamos que f é uma função de duas variáveis. Então, a derivada parcial (x0 , y0 )
∂x
nos dá a razão instantânea de variação de f, no ponto P (x0 , y0 ) , por unidade de variação
de x. Isto é, a taxa de variação de f por unidade de x no ponto P (x0 , y0 ) . Analogamente,
∂f
(x0 , y0 ) nos dá a taxa de variação de f por unidade de y.
∂y
EXEMPLO 2.9.1 Sabendo que a pressão P (em quilopascals), o volume V (em litros) e a
temperatura T (em kelvins) de um mol de um gás ideal estão relacionados pela fórmula
P V = 8T, encontre a taxa de variação instantânea de V por unidade de P, quando T = 300k
e V = 100L.
8T
V (T, P ) = .
P
A taxa de variação instantânea da pressão P por unidade de T é dada pela derivada
parcial
∂V (T, P ) 8T
= − 2.
∂P P
Para determinar P usamos a relação
P V = 8T
e obtemos
8 · 300
P = = 24kP a.
100
Portanto,
∂V (300, 24) 8 · 300
=− = −4, 17.
∂P (24)2
EXEMPLO 2.9.2 A altura de um cone circular é 100 cm e decresce a uma razão de 10cm/s.
O raio da base é 50cm e cresce à razão de 5cm/s. Determine a velocidade da variação do
volume deste cone.
πr2 (t)h(t)
V (t) = ,
3
logo, pela regra da cadeia, temos que
dV ∂V dr ∂V dh 2πrh dr πr2 dh
= + = +
dt ∂r dt ∂h dt 3 dt 3 dt
2π50.100 π(50)2
= (5) + (−10)
3 3
50000π 25000π 25000π
= − = cm3 /s.
3 3 3
100
2.10 Diferencias Parciais e Totais
Os diferenciais de uma função nos dão uma estimativa da variação da função quando
damos acréscimos às variáveis independentes.
Para entender o signicado dos diferenciais parciais e total vamos, primeiramente, exa-
minar alguns exemplos.
EXEMPLO 2.10.1 Consideremos um retângulo de lados x e y. A área desse retângulo é dada
Se ao lado x for dado um acréscimo innitesimal dx, a área do novo retângulo será dada
por
A(x + dx, y) = (x + dx) y = xy + ydx
e assim obtemos
A (x + dx, y) − A (x, y) = ydx.
A variação innitesimal desta área será dAx = ydx.
∂A (x, y)
Sendo ∂A(x,y)
∂x
= y, podemos escrever dAx = dx.
∂x
∂A (x, y)
Analogamente, a diferencial parcial em relação a y é dada por dAy = dy.
∂y
Agora, se aos lados x e y forem dados acréscimos innitesimais dx e dy,a área do novo
retângulo será
A (x + dx, y + dy) = (x + dx) (y + dy)
= xy + ydx + xdy + dxdy
= A(x, y) + ydx + xdy + dxdy
e assim,
A (x + dx, y + dy) − A (x, y) = ydx + xdy + dxdy.
e a variação total dA, da área é
△A = ydx + xdy + dxdy.
Sendo ∂A(x,y)
∂x
= y , ∂A(x,y)
∂y
= x e como o produto dos innitesimais dx e dy é desprezível,
isto é, dxdy ≈ 0, então a estimativa da variação total é
∂A (x, y) ∂A (x, y)
dA = dx + dy.
∂x ∂y
101
EXEMPLO 2.10.2 Consideremos um paralelepípedo de lados x, y e z. Então, o volume deste
e então
dVxy = yzdx + xzdy + zdxdy.
O produto zdxdy tende a zero. Logo, é desprezível e, portanto, a estimativa da variação
innitesimal parcial do volume do paralelepípedo após dado um acréscimo aos lados x e y
será dada por
∂V (x, y, z) ∂V (x, y, z)
dVxy = dx + dy.
∂x ∂y
Finalmente, se aos lados x, y, z forem dados acréscimos innitesimais dx, dy e dz, o
volume do novo paralelepipedo será
e então
Na Figura 2.16, podemos ver o parelelepípedo resultante dos acréscimos atribuídos a cada
uma das variáveis e, na Figura 2.17, vemos cada um dos volumes resultantes que compõe o
diferencial de volume dV.
102
Figura 2.16: Papalelepípedo resultante dos acréscimos atribuídos a cada lado.
Os produtos zdxdy, ydxdz, xdydz e dxdydz tendem a zero. Logo, a soma destes
termos é desprezível e, portanto, a estimativa da variação innitesimal total do volume do
paralelepípedo, após dado um acréscimo aos lados x, y e z será dada por
dV = yzdx + xzdy + xydz,
que, em virtude de suas derivadas parciais, pode ser reescrita como
∂V (x, y, z) ∂V (x, y, z) ∂V (x, y, z)
dV = dx + dy + dz.
∂x ∂y ∂z
Geralmente, escreve-se
∂V ∂V ∂V
dV = dx + dy + dz.
∂x ∂y ∂z
De forma geral,
D EFINIÇÃO 2.10.3 Se f (x, y, z) é uma função diferenciável, então a diferencial total de f
é dada por
∂f ∂f ∂f
df = dx + dy + dz. (2.10.1)
∂x ∂y ∂z
103
E XEMPLO 2.10.4 Usando diferencial, determine a variação do volume do recipiente mostrado
na Figura 2.18, quando sua altura aumenta em 3% e seu o raio decresce em 1%.
cone 5
cilindro
2
−4 3
V1 = πR2 h, R = 4, h = 2, dR = = −0.04; dh = 2 = 0.06
100 100
e no cone, temos
πR2 H −4 3
V2 = , R = 4, H = 5; dR = = −0.04; dH = 5 = 0.15.
3 100 100
Portanto a diferencial do volume total é igual a
dV = dV1 + dV2
( ) ( )
∂V1 ∂V1 ∂V2 ∂V2
= dR + dh + dR + dH
∂R ∂h ∂R ∂H
2πRh πR2
= 2πRhdR + πR2 dh + dR + dh
3 3
2π · 4 · 5 16π
= 2π · 4 · 2 · (−0, 04) + π · 16 · (0, 06) + (−0, 04) + (0, 15)
3 3
1, 6π 2, 4π 0, 8 ∼
= −0, 64π + 0, 96π − + = 0, 32π + π = 0, 59π.
3 3 3
E XEMPLO 2.10.5 Vamos considerar uma lata cilíndrica fechada, com dimensões r = 2cm
e h = 5 cm. O custo do material usado em sua confecção é de R$ 0, 81 por cm2 . Se
as dimensões sofrerem um acréscimo de 10% no raio e 2% na altura, qual será o valor
da caixa?
onde 2πrh representa a área lateral da caixa e πr2 a área da base e da tampa. Quando o raio
de base sofre um acréscimo de 10%, passa de 2 para 2, 2 cm, portanto ∆r = 0, 2. Quando
a altura sofre um acréscimo de 2%, passa de 5cm para 5, 1cm, portanto, ∆h = 0, 1. Vamos
∂C ∂C
dC = dr + dh
∂r ∂h
= 0, 81(2πh + 4πr)dr + 0, 81.(2πr)dh
= 0, 81(10π + 8π)0.2 + 0, 81.(4π)0, 1 ≅ 10, 17.
104
Portanto, o valor aproximado do acréscimo no custo da caixa quando as dimensões são
modicadas é de R$10, 17, ou um acréscimo de 14, 28%.
Para saber o valor exato do acréscimo no custo da caixa, temos que calcular
∆C = C(2, 2; 5, 1) − C(2, 5)
( )
= 0, 81 2π(2, 2) · (5, 1) + 2π(2, 2)2 − 0, 81(20π + 8π) ≅ 10, 47.
Assim, o valor exato é de R$10, 47, ou um acréscimo de 14, 7%. Observamos, assim, que
o erro do cálculo aproximado foi de 0, 42%.
EXEMPLO 2.10.6 Uma caixa em forma de paralelepípedo, tem dimensões internas iguais a
6cm, 8cm e 12cm. Sendo a espessura das paredes 0,2cm, do fundo 0,3cm e da tampa 0,1cm,
3
fazer uma estimativa em cm do volume de material necessário a ser usado na confecção da
caixa.
Solução: Vamos usar a diferencial total para fazer a estimativa solicitada. Sejam x = 6,
y = 8 e z = 12. Como a espessura das paredes é 0,2cm temos
dx = dy = 2 (0, 2) = 0, 4
dz = 0, 3 + 0, 1 = 0, 4.
Seja y = y(x) uma função denida implicitamente pela equação F (x, y) = 0. Por exemplo,
x2 + y 2 − 9 = 0 ou x2 y 3 + x3 y 2 + xy + x + y − 9 = 0. A equação x2 + y 2 − 9 = 0 pode ser
facilmente explicitada em função de x ou de y. Porém, não podemos fazer o mesmo com a
equação x2 y 3 + x3 y 2 + xy + x + y − 9 = 0. Também, fazendo F (x, y) = x2 + y 2 − 9 facilmente
dy dx
encontramos e , o mesmo não ocorre se zermos F (x, y) = x2 y 3 +x3 y 2 +xy +x+y −9.
dx dy
105
dy
Nosso interesse está em encontrar uma forma de determinar com rapidez as derivadas e
dx
dx
.
dy
Inicialmente, vamos resolver o problema usando o conhecimento adquirido em Cálculo I.
Vamos derivar y implicitamente em relação a x, na equação
x2 y 3 + x3 y 2 + xy + x + y − 9 = 0,
obtendo
(2xy 3 + 3x2 y 2 y ′ ) + (3x2 y 2 + 2x3 yy ′ ) + (y + xy ′ ) + 1 + y ′ = 0
(3x2 y 2 y ′ + 2x3 yy ′ + xy ′ + y ′ ) + (2xy 3 + 3x2 y 2 + y + 1) = 0
(3x2 y 2 + 2x3 y + x + 1) y ′ = − (2xy 3 + 3x2 y 2 + y + 1) .
Logo,
dy 2xy 3 + 3x2 y 2 + y + 1
y′ = =− 2 2 . (I)
dx 3x y + 2x3 y + x + 1
Sendo F (x, y) = x2 y 3 + x3 y 2 + xy + x + y − 9, obtemos as derivadas parciais de F, dadas
por
∂F (x, y)
= 2xy 3 + 3x2 y 2 + y + 1
∂x
e
∂F (x, y)
= 3x2 y 2 + 2x3 y + x + 1.
∂y
Observando estes resultados e comparando com (I), podemos escrever a fórmula
∂F (x, y)
dy ∂x
=−
dx ∂F (x, y)
∂y
106
Agora, substituindo convenientemente na fórmula acima, encontramos
∂F
∂z 2x x x
= − ∂x = − = − = −√ ,
∂x ∂F 2z z 9 − (x2 + y 2 )
∂z
∂F
∂y 2x x x
= − ∂x = − = − = −√ ,
∂x ∂F 2y y 9 − (x2 + z 2 )
∂y
∂F
∂x 2z z z
= − ∂z = − = − = −√ .
∂z ∂F 2x x 9 − (y 2 + z 2 )
∂x
( )
EXEMPLO 2.11.2 Uma função z(x, y) é dadaimplicitamente por uma equação do tipo F x z
,
y x2
=
0, onde F (u, v) é uma função diferenciável tal que ̸= 0. Mostre que z satisfaz a equação
∂F
∂v
diferencial parcial x ∂x
∂z
+y
∂z
∂y
= 2z.
( )
∂F ∂F ∂u ∂F ∂v ∂F −x ∂F −x ∂F
= + = + .0 = 2 .
∂y ∂u ∂y ∂v ∂y ∂u y2 ∂v y ∂u
∂F 1 ∂F 2z ∂F ∂F
− 3
∂z y ∂u x ∂v x2 ∂u + 2z
= − ∂x = − =−
∂x ∂F 1 ∂F y ∂F x
∂z x2 ∂v ∂v
e
107
∂F −x ∂F ∂F
3
∂z ∂y 2
y ∂u x
=− =− = 2 ∂u .
∂y ∂F 1 ∂F y ∂F
∂z 2
x ∂v ∂v
Portanto, substituindo na equação dada, temos
∂F ∂F ∂F ∂F
∂z ∂z x2 2z x3 ∂u −x3 x 3
x +y = x − ∂u + + y 2 = ∂u + 2z + ∂u = 2z.
∂x ∂y y ∂F x y ∂F y ∂F y ∂F
∂v ∂v ∂v ∂v
108
2.12 Exercícios Gerais
6. Em cada exercício abaixo verique se lim f (x, y) existe. Justique a sua resposta.
(x,y)→(0,0)
x2 x2 y 2 x3 + y 3
(a) f (x, y) = (b) f (x, y) = (c) f (x, y) =
x2 + y 2 x2 + y 2 x2 + y 2
x2 + y x2 + y 3 x−y
(d) f (x, y) = (e) f (x, y) = (f ) f (x, y) =
x2 + y 2 x2 + y 2 x+y
7. Calcule, se possível, o valor dos limites abaixo. Justique a sua resposta.
2x(y − 2) (x − 3)5 y 2 + (x − 3)4 y 4
(a) lim (b) lim 3
(x,y)→(0,2) 3x + y 2 − 4y + 4
2 (x,y)→(3,0) (x2 − 6x + 9 + y 6 )
(x + y + z − 3)5 x2 y 2 z 2
(c) lim (d) lim
(x,y,z)→(2,1,0) (x − 2)(y − 1)z 3 (x,y,z)→(0,0,0) x6 + y 6 + z 6
8. Calcule o valor dos seguintes limites usando as propriedades:
(a) lim ex−y [ln(x2 − y 2 ) − ln(x − y)];
(x,y)→(2,2)
sin(x2 + y 2 )
(b) lim ;
(x,y)→(0,0) x2 + y 2
cos(x2 + y 2 ) − 1
(c) lim ;
(x,y)→(0,0) x2 + y 2
√
x2 − 2
(d) lim√ ;
(x,y)→( 2,1) x2 y + x2 − 2y − 2
x+y−1
(e) lim √ √ ;
(x,y)→(0,1) x− 1−y
109
(f) lim (x2 + y 2 ) ln(x2 + y 2 );
(x,y)→(0,0)
[ ]
(x − y)g(x, y) 1
lim 2 2
+ cos(x − y) = .
(x,y)→(4,4) x −y 2
10. Se lim {xf (x, y) + ey−x [ln(x2 − y 2 ) − ln(x − y)]} = ln 2, determine o valor de
(x,y)→(1,1)
lim f (x, y).
(x,y)→(1,1)
110
2
x + 3x2 y + y 2
, se (x, y) ̸= (0, 0)
13. Determine se a função f (x, y) = 2x2 + 2y 2 é contínua
b, se (x, y) = (0, 0)
na origem para algum valor de b ∈ R. Justique sua resposta com argumentos consis-
tentes, explicitando o valor de b e uma relação entre ε e δ, se for o caso.
(x − 3)(y + 2)(z − 1)2
, se (x, y, z) ̸= (3, −2, 1)
14. Determine se a função f (x, y, z) = (2x + y − 3z − 1)4
b, se (x, y, z) = (3, −2, 1)
é contínua em (3, −2, 1) para algum valor de b. Justique sua resposta com argumentos
consistentes.
15. Utilize argumentos consistentes para calcular, se existir, o valor de f (0, 0), onde f :
R2 → R é uma função contínua dada por
x2 − y 2
f (x, y) = 1 + xy se (x, y) ̸= (0, 0).
x2 + y 2
16. Escreva as funções abaixo na forma de funções composta e encontre as derivadas par-
ciais em relação a x e y.
√ ( )
2
(a) z = ln x2 e2y + x2 e−2y (b) z = ln (ex+y )2 + x2 + y
√
(c) z = x2 cos2 y + 2x2 sin y cos y + x2 sin2 y (d) z = x + y 2 + (x2 e−2y )3
111
25. Encontre a equação do plano tangente à superfície −12x2 + 3y 2 − z = 0, no ponto
P (1, 4, 36).
26. Encontre um ponto da superfície z = 3x2 − y 2 onde seu plano tangente é paralelo ao
plano 6x + 4y − z = 5.
27. Sabendo que o plano 2x + y + 3z − 6 = 0 é paralelo ao plano tangente ao gráco de
∂f ∂f
z = f (x, y), no ponto P (1, 1, 1), calcule os valores de (1, 1) e (1, 1).
∂x ∂y
x3
28. Mostre que todos os planos tangentes ao gráco de f (x, y) = 2 passam pela
x + y2
origem.
29. Determine a equação do plano π que passa pelos pontos (1, 1, 2) e (−1, 1, 1) e que seja
tangente ao gráco de f (x, y) = xy.
30. Considere as funções f (x, y) = 2 + x2 + y 2 e g(x, y) = −x2 − y 2 . Determine:
(a) a equação do plano tangente ao gráco de f (x, y) no ponto (1, 2, 7);
(b) o ponto onde o plano obtido no item (a) tangencia o gráco de g(x, y).
√
31. Considere a função de duas variáveis f (x, y) = 100 + 4y 2 − 25x2 .
112
38. Seja w = f (x2 − at) + g(x + at2 ), onde f e g são funções diferenciáveis e a ∈ R. Calcule
∂ 2w ∂ 2w
e .
∂t2 ∂x2
39. Seja w = f (u)+g(v) uma função diferenciável, onde u(x, t) = x2 +t2 ev(x, t) = x2 −t2 .
Mostre que
( )
∂ 2w ∂ 2w df d2 f d2 g
2
+ 2 = 4 + 4(x2 + t2 ) + .
∂x ∂t du du2 dv 2
40. Seja w = f (x, y) uma função diferenciável, onde x(r, θ) = r cos θ e y(r, θ) = r sin θ.
Mostre que ( )2 ( )2 ( )2 ( )2
∂w 1 ∂w ∂w ∂w
+ = + .
∂r r2 ∂θ ∂x ∂y
∂f
41. Considere a função g(t) = t · (2t, t3 ), em que f (x, y) é uma função de duas variáveis
∂y
com derivadas parciais de primeira e segunda ordem contínuas. Determine g ′ (t).
42. Sejam f (u, v) uma função de duas variáveis diferenciável e F (x, y) uma função de duas
variáveis denida por
F (x, y) = f (sin x, cos y).
∂f ∂f ∂F ∂F
Sabendo que (0, 1) = (0, 1) = 2, calcule (0, 0) e (0, 0).
∂u ∂v ∂x ∂y
43. Sejam f (u, v) e g(x, y) funções de duas variáveis que admitem derivadas parciais de
√ √ ∂f
primeira ordem. Se g(x, y) = f ( x3 + ln(y) + 1, cos(x) + y 2 + 3), (1, 3) = 6 e
∂u
∂f
(1, 3) = 2, determine a equação do plano tangente a superfície z = g(x, y) no ponto
∂v
(0, 1, 10).
44. A areia é derramada num monte cônico na velocidade de 4 m3 por minuto. Num dado
instante, o monte tem 6 m de diâmetro e 5 m de altura. Qual a taxa de aumento
da altura nesse instante, se o diâmetro aumenta na velocidade de 2 centı́metros por
minuto?
45. A resistência R, em ohms, de um circuíto é dada por R = EI , onde I é a corrente
em amperes e E é a força eletromoriz em volts. Num instante, quando E = 120V e
I = 15A, E aumenta numa de velocidade 0, 1V /s e I diminui à velocidade de 0, 05A/s.
Encontre a taxa de variação instantânea de R.
46. Num determinado circuito elétrico, a corrente I é dada, em função da voltagem V,
V
da resistência R e da indutância L por I = √ . No instante em que V é
R2 + 10L2
210 volts, R é igual a 3 ohms e está decaindo a uma taxa de 0, 1 ohms por segundo,
enquanto que L é igual a 2 henrys e está crescendo a uma razão de 0, 05 henrys por
segundo. Qual deve ser a variação de V, neste instante, para que a corrente permaneça
constante?
47. Um reservatório de areia tem o formato de uma pirâmide invertida de base quadrada.
A taxa de vazão da areia deste reservatório diminui a uma velocidade de 40π cm3 /min.
Esta areia forma no chão um monte cônico. O volume total de areia no reservatório
113
era 243π cm3 . Determine a velocidade com que aumenta a altura do cone quando um
terço da areia já caiu do reservatório. Sabendo que neste instante a altura do monte é
3 cm e o raio aumenta uma taxa de 0, 3 cm/min.
48. Use a lei do gás comprimido P V = kT, com k = 10, para encontrar a taxa de variação
instantânea da temperatura no instante em que o volume do gás é 120cm3 e está sob
uma pressão de 8din/cm2 , a taxa de crescimento é 2 cm3 /s, a pressão decresce a taxa
de 0,1 din/cm2 · s. Sugestão: escreva P, V e T em função do tempo.
49. A energia consumida num resistor elétrico, em função da voltagem V e da resistência
V2
R é dada por P = . Deseja-se que um determinado resistor tenha uma voltagem
R
de 200 volts e uma resistência de 20 ohms.
(a) Qual deverá ser a variação na resistência para que a energia consumida nesse resistor
que praticamente inalterada quando a voltagem sofrer um decréscimo de 0, 2 volts?
(b) Se esse resistor consumir 3 % a mais que a energia desejada quando sua resistência
for 1 % menor que a desejada, qual será a variação percentual da sua voltagem?
50. Considere o triângulo da gura abaixo.
π
Num dado instante temos que x = 40cm, y = 50cm e θ = rad.
6
(a) Se o comprimento x e o ângulo θ aumentam a uma taxa de 3cm/s e 0.05rad/s,
respectivamente, e o comprimento y diminui a uma taxa de 2cm/s, determine a
taxa de variação da área deste triângulo em relação ao tempo.
(b) Suponha que ao realizar a medida dos comprimentos dos lados, x e y, e do ângulo,
θ, foi cometido um erro. Em relação a qual destas variáveis o valor da área é mais
sensível? Justique sua resposta usando diferenciais.
51. O ângulo central de um setor circular é 80◦ e o raio desse setor é 20 cm. Qual deverá ser o
acréscimo a ser dado no raio para que a área deste setor circular que aproximadamente
inalterada quando o ângulo central sofrer um decréscimo de 1◦ ?
52. A pressão P (em quilopascals), o volume V (em litros) e a temperatura T (em kelvins)
de um mol de um gás ideal estão relacionados por meio da fórmula P V = 8, 31T. Deter-
mine a taxa de variação da pressão quando a temperatura é 300K e está aumentando
a uma taxa de 0,1K/s e o volume é 100L e está aumentando com a taxa de 0,2L/s.
53. A fórmula do tamanho do lote de Wilson em economia diz que a quantidade
√ mais
econômica Q de produtos para uma loja pedir é dada pela fórmula Q = 2KM
h
, onde
K é o custo do pedido, M é o número de itens vendidos por semana e h é o custo
semanal de manutenção de cada item. Se K = 2, M = 20 e h = 0, 05, determine:
(a) para qual das variáveis K, M e h a sensibilidade de Q é maior? Justique sua
resposta usando diferenciais.
114
(b) a variação do número de itens vendidos por semana se Q e K aumentam 10% e
o custo semanal de manutenção de cada item permanece constante.
54. Um pintor cobra R$12, 00 por m2 para pintar as 4 paredes e o teto de uma sala. Se as
medidas do teto são 12m e 15m e altura 3m, com um erro de até 0, 05m em todas as
dimensões. Aproxime o erro, usando a diferencial, na estimativa do custo do trabalho,
a partir dessas medidas.
55. A energia consumida num resistor elétrico é dada por P = VR watts. Se V = 120 volts
2
115
x+y−1
62. Considere a função de duas variáveis dada por f (x, y) = √ √ .
x− 1−y
(a) Determine e represente geometricamente o domínio de f (x, y).
(b) Usando as propriedades de limite calcule lim f (x, y).
(x,y)→(4,−3)
116
72. Uma loja vende dois tipos de casacos A e B. O casaco A custa R$ 40,00 e o casaco B
custa R$ 50,00. Seja x o preço de venda do casaco A e y o preço de venda do casaco
B. O total de vendas feito pela loja foi de (3200 − 50x + 25y) unidades do casaco A
e (25x − 25y) unidades do casaco B. Encontre os valores de x e y para que o lucro
obtido pela loja seja o maior possível.
73. Encontre as coordenadas do ponto que pertence ao plano x + y − z + 5 = 0 e cujo
quadrado da distância ao ponto P (3, −2, 1) seja mínimo.
74. Suponha que a temperatura em um ponto qualquer da esfera x2 + y 2 + z 2 = 4 seja
dada, em graus, por T (x, y, z) = xyz 2 . Em quais pontos desta esfera a temperatura é
máxima? Em quais pontos da esfera a temperatura é mímima?
75. Determine o valor máximo para a soma dos cossenos dos ângulos internos de um
triângulo.
76. Determine a equação do plano que é tangente a superfície denida implicitamente por
z 3 − (x2 + y 2 )z + 2 = 0 no ponto P (1, 2, 2).
79. Seja z = z(x, y) uma função denida implicitamente por F (xy, z) = 0, onde F é uma
∂z ∂z
função diferenciável. Mostre que x −y = 0.
∂x ∂y
117
2.13 Respostas
1
(g) 32 (h) − π
9. lim g(x, y) = −4
(x,y)→(4,4)
11. . ε
(a) contı́nua, com δ = 2
(b) descontı́nua
118
2ε
13. f é contínua para b = 1
2
e, neste caso, δ =
3
14. f é sempre descontínua, independente do valor de b.
√
15. f (0, 0) = 1. Justica-se pela denição, com δ = ε.
16. .
∂z 1 ∂z e2y − e−2y
(a) = e = 2y
∂x x ∂y e + e−2y
2 2
∂z 2(e2(x+y ) + x) ∂z 4ye2(x+y ) + 1
(b) = 2(x+y2 ) e = 2(x+y2 )
∂x e + x2 + y ∂y e + x2 + y
∂z ∂z
(c) = 2x(1 + sin(2y)) e = 2x2 cos(2y)
∂x ∂y
∂f 2x + 2 + 2xy 2 ∂f 2y + 2x2 y
(b) = =
∂x 3(x2 + y 2 + 2x + x2 y 2 ) ∂y 3(x2 + y 2 + 2x + x2 y 2 )
18. Basta derivar e substituir na equação diferencial dada.
19. Sim, f é solução da equação diferencial dada.
20. Basta tomar as derivadas parciais de segunda ordem de z e substituir na equação dada.
21. Sim, f é solução da equação diferencial dada.
22. Basta tomar as segundas derivadas parciais de u e substituir na equação dada.
23. .
∂ 3f ∂ 3f ∂ 3f
3
= 6y 4 z 5 3
= 24x2 yz 5 − xz 3 cos yz 3
= 60x3 y 4 z 2 − xy 3 cos yz
∂x ∂y ∂z
∂ 3g ∂ 3g 2ex
= ex ln y =
∂x3 ∂y 3 y3
24. 8x + 4y + z + 2 = 0.
25. −24x + 24y − z = 36
26. P (1, −2, −1)
∂f −2 ∂f −1
27. (1, 1) = , (1, 1) =
∂x 3 ∂y 3
28. Basta obter a equação do plano tangente num ponto P (a, b, f (a, b)) qualquer e mostrar
que a origem satisfaz sua equação.
119
29. x + 6y − 2z − 3 = 0
x2 y 2
32. (a) Os pontos do plano xy que estão no interior ou sobre a elipse + = 1;
4 9
{
y√ = 2
(b) 9
z− 11 = − 11 (x − 1)
√
33. k=0 e k = − 21
y−x z−y
36. Chame u = , v = e utilize a regra da cadeia para mostrar que a soma
xy yz
desejada é zero.
y x
37. Utilize a regra do produto juntamente com a regra da cadeia, com u= , v = e
x z
z
w= .
x
38. Se u = x2 − at e v = x + at2 obtém-se, pela regra da cadeia e do produto:
∂ 2w 2
2d f df d2 g ∂ 2w 2
2 2d g dg 2
2d f
= 4x + 2 + = 4a t + 2a + a .
∂x2 du2 du dv 2 ∂t2 dv 2 dv du2
39. Utilize regra da cadeia e regra do produto para obter as derivas segundas.
∂f ∂ 2f ∂ 2f
41. g ′ (t) = (2t, t3 ) + 2t · (2t, t3 ) + 3t3 2 (2t, t3 ).
∂y ∂x∂y ∂y
∂F ∂F
42. (0, 0) = 2 e (0, 0) = 0.
∂x ∂y
43. 7y − z + 3 = 0
dh
44. ≃ 0, 39m/min
dt
dR 1
45. = ohms por segundo
dt 30
dV
46. =3 volts por segundo
dt
47. 1, 28cm/min
48. 0, 4
120
49. (a) dR = −0, 04 (b) 1 %
(c) 2447
350
61. (a) Df = {(x, y) ∈ R2/ x2 + y9 ≥ 1}, ou seja, os pontos no exterior e sobre a elipse
2
de equação x2 + y9 = 1
2
(b) 4,06
62. (a) Df = {(x, y) ∈ R2/ x ≥ 0, y ≤ 1 e x + y ̸= 1}, ou seja, os pontos abaixo e sobre
a reta y = 1, à esquerda e sobre o eixo y (reta x = 0) e não pertencentes a reta
y = 1 − x.
(b) (x,y)→(4,−3)
lim f (x, y) = 4
(c) 5,02
(d) 4,02
63. (a) z − 9 = 0
(b) P é ponto de máximo
64. P1(−2, 2) e P2(2, 2) são pontos de sela e P3(−1, 2) e P4(1, 2) são pontos de máximo.
65. x = 2, y = 2, z = 5
66. x = 37 e y = 1
121
67. x = y = 10, z = 5
68. x = y = 4, z = 8
69. x = 32 , y = 1, z = 2, V = 4
3
71. x = 10, y = 30
72. x = 84, y = 89
73. x = 43 , y = − 11
3
, z= 22
3
√ √
74. A temperatura é máxima em
√ √ (1, 1, ± 2) e (−1, −1, ± 2) e a temperatura mínima em
(−1, 1, ± 2) e (1, −1, ± 2). Note, no entanto, que existem ainda outros 5 pontos de
sela.
3
75.
2
76. −4x − 8y + 7z + 6 = 0
77. z =x−1
∂F
dy 1 − 2x
78. = ∂u
dx ∂F ∂F
+ 2y
∂u ∂v
79. Utilize derivação implícita e regra da cadeia.
122
Capítulo 3
INTEGRAIS DUPLAS
Objetivos (ao nal do capítulo espera-se que o aluno seja capaz de):
1. Encontrar o valor de uma integral dupla;
2. Interpretar geometricamente uma integral dupla;
3. Encontrar os limitantes que permitem calcular o valor de uma integral dupla;
4. Inverter a ordem de integração numa integral dupla;
5. Calcular integrais duplas em coordenadas polares;
6. Transformar uma integral dupla de coordenadas cartesianas para coordenadas polares;
7. Transformar uma integral dupla de coordenadas polares para coordenadas cartesianas;
8. Resolver exercícios usando uma ferramenta tecnológica.
A prova será composta por questões que possibilitam vericar se os objetivos foram
atingidos. Portanto, esse é o roteiro para orientações de seus estudos. O modelo de formu-
lação das questões é o modelo adotado na formulação dos exercícios e no desenvolvimento
teórico desse capítulo, nessa apostila.
123
3.1 Introdução
uma das variáveis independentes para derivar f em relação a ela e admitíamos que as demais
eram constantes. O mesmo procedimento será adotado para integração múltipla. Antes de
Solução: Como foi dito, vamos admitir y como constante e integrar em relação a x. Por-
tanto,
∫
12x2 y 3 dx = 4x3 y 3 + C.
Porém, nesse caso, a constante C é uma função de y. Pode ser por exemplo, C (y) =
3 2
ay + by + cy + 3 e uma das primitivas de f será
F (x, y) = 4x3 y 3 + ay 3 + by 2 + cy + 3.
Note que
∂F (x, y)
= 12x2 y 3 .
∂x
EXEMPLO 3.1.2 Encontre a primitiva da função f (x, y) = 12x2 y 3 em relação a y.
∫
12x2 y 3 dy = 3x2 y 4 + K.
Nesse caso, a constante K x. Pode ser por exemplo, K (x) = ax3 + bx2 +
é uma função de
2 3 2 4 3 2
cx + 3 e uma outra primitiva de f (x, y) = 12x y será F (x, y) = 3x y + ax + bx + cx + 3.
Note que
∂F (x, y)
= 12x2 y 3 .
∂y
∫ x+1
EXEMPLO 3.1.3 Encontre o valor da expressão 24xydy .
x
∫ x+1
x+1
24xydy = 12xy 2 = 12x (x + 1)2 − 12x (x)2
x
x
= 12x3 + 24x2 + 12x − 12x3 = 24x2 + 12x.
∫
∫ x+1 x+1
Como podemos observar
x
24xydy é uma função de x, ou seja, F (x) = 24xydy =
x
24x2 + 12x.
∫ 2 ∫ x+1
EXEMPLO 3.1.4 Encontre o valor numérico de F (x) dx onde F (x) = 24xydy.
1 x
124
Solução: No exemplo anterior vimos que
∫ x+1
F (x) = 24xydy = 24x2 + 12x.
x
∫ ∫ 2
2 2 (
) ) (
F (x) dx = 24x2 + 12x dx = 8x3 + 6x2
1 1
1
3 2 ( 3 2 )
= 8(2) + 6 (2) − 8 (1) + 6 (1) = 74.
∫ 2 ∫ 2 (∫ x+1 )
F (x) dx = 24xydy dx
1 1 x
ou simplesmente
∫ 2 ∫ 2 ∫ x+1
F (x) dx = 24xydydx.
1 1 x
Dessa forma, obtemos um exemplo de integral dupla. Note que a variável dependente é
abaixo.
∫ 2 ∫ x+1 ∫ 2 (∫ y=x+1 )
24xydydx = 24xydy dx
1 x 1 y=x
y=x+1
∫ 2
2 dx
= 12xy
1
y=x
∫ 2
( )
= 24x2 + 12x dx
1
2
( 3 )
2
= 8x + 6x = 74.
1
∫ 4 ∫ 3x √
E XEMPLO 3.1.5 Encontre o valor da integral I = 3 16 − x2 dydx.
0 x
125
3.2 Interpretação Geométrica da Integral Dupla
126
Figura 3.3: Volume aproximado
Assim, a integral dupla de uma função f denida numa região R é dada por
∫∫ n
∑
f (x, y) dxdy = lim f (xi , yi ) Ai ,
|P |→0
R i=1
desde que este limite exista (note que a soma acima é uma soma de Riemann).
O BSERVAÇÃO 3.2.1 Se f (x, y) = 1, então o sólido em questão é na verdade um cilindro cuja
base é a região plana R e cuja altura é dada por z = f (x, y) = 1. Como o volume de um
cilindro é dado pelo produto de sua base pela altura, temos neste caso, que V = AR , ou seja,
127
Figura 3.4: Região de Integração do Exemplo 3.3.1
Limitantes de Integração
Curvas Funções
∫∫ ∫ ∫ √ ∫ 2y=√x
1 x 1
24xydxdy = 24xydydx = 12xy dx
0 x2 0 2
R y=x
∫ 1 ∫ 1 ( )
= 12x(x − x4 )dx = 12x2 − 12x5 dx
0 0
1
( 3 )
= 4x − 2x6 = 2.
0
O cálculo da integral no Exemplo 3.3.1 foi desenvolvido tomando x como variável inde-
pendente. Vamos recalcular esta integral tomando agora y como variável independente.
Curvas Funções
128
A curvas à esquerda e à direita são os limitantes do primeiro símbolo de integração e as
curvas inferior e superior do segundo. Assim,
∫∫ ∫ ∫ √ ∫ x=√y
1 y 1
2
24xydxdy = 24xydxdy = 12yx dy
0 y2 0 2
R x=y
∫ 1 ∫ 1 ( )
= 12y(y − y 4 )dy = 12y 2 − 12y 5 dy
0 0
1
( 3 )
6
= 4y − 2y = 2.
0
Muitas vezes a região de integração não é delimitada apenas por quatro curvas. Nesse
caso, a escolha da variável independente adequada pode diminuir o trabalho durante o pro-
cesso de integração. Vejamos um exemplo.
∫∫
EXEMPLO 3.3.2 Encontrar o valor da integral dxdy, onde R é a região situada no interior
R
da parábola y = x2 e delimitada por y =6−x e y = 1, tomando:
(a) Tomando x como variável independente, vemos que a região de integração deve ser
subdividida em três regiões para que o cálculo possa ser efetivado. Portanto, temos a seguinte
tabela:
129
e a integral dupla será dada por
∫∫ ∫∫ ∫∫ ∫∫
dxdy = dxdy + dxdy + dxdy
R R1 R2 R3
∫ −1 ∫ 6−x ∫ 1 ∫ 6−x ∫ 6−x
= dydx +
dydx + dydx dint21
−3 x2 −1 1 x2
∫ −1 6−x ∫ 1 6−x ∫ 2 6−x
= y dx + y dx + y dx
−3 2 −1 1 2
1
∫ −1 x ∫ 1 x
∫ 2
2
( )
= (6 − x − x )dx + (6 − x − 1) dx + 6 − x − x2 dx
−3 −1 1
22 13 39
= + 10 + = .
3 6 2
(b) Tomando y como variável independente, vemos que agora a região de integração pode
ser subdividida em apenas duas sub-regiões para que o cálculo possa ser efetivado. Portanto,
a tabela de limitantes é dada por
EXEMPLO 3.3.3 Escreva a integral que representa a área da região delimitada pelas curvas
2
x = y , y − x = 1, y = 1 e y = −1, tomando:
(a) x como variável independente; (b) y como variável independente.
Solução: A área delimitada pelas curvas pode ser vista na Figura 3.6.
Inicialmente,
{ vamos encontrar
{ os pontos de interseção
{
x = y2 x = y2 y =1+x
⇒ P (1, 1), ⇒ Q(1, −1), ⇒ R(−2, −1).
y=1 y = −1 y = −1
(a) Tomando x como variável independente, devemos dividir a região em duas:
130
Figura 3.6: Região de Integração do Exemplo 3.3.3
(b) Tomando y como variável independente, basta considerar uma única região:
O BSERVAÇÃO 3.3.4É preciso tomar cuidado com o uso de simetrias, não é suciente que
a região seja simétrica, é preciso que a função do integrando, tenha a mesma simetria da
região.
∫∫
EXEMPLO 3.3.5 Calcule o valor de I = R
(x + 2y)dA, sendo R a região delimitada pelas
curvas y = 2x e y = x2 + 1.
2
Solução: Exercício. Observe que se for fazer o uso de simetria o resultado será diferente.
Isso ocorre devido a observação acima.
32
Resposta: I= .
15
131
Figura 3.7: Partição em coordenadas polares
Frequentemente, a região R sobre a qual será calculada a integral dupla é mais facilmente
descrita em coordenadas polares do que em coordenadas retangulares. Vamos descrever o
processo para o cálculo de integrais duplas em coordenadas polares. Veja a Figura 3.7.
∆ri , li−1 = ri−1 ∆θi e li = ri ∆θi . Podemos admitir que uma aproximação da área de Ri é
dada por Ai = ∆ri ri ∆θi . Tomando um ponto (rki , θki ) no interior de Ri podemos formar um
sólido cuja área da base é Ai e altura f (rki , θki ) , de modo que o volume desse sólido será
dada por
n
∑
V ≈ f (rki , θki ) ∆ri ri ∆θi .
i=1
ou seja,
∫ β ∫ r2
V = f (r, θ) rdrdθ.
α r
OBSERVAÇÃO 3.4.1 Vimos anteriormente que a partição de uma região R por retas paralelas
aos eixos xey geram sub-regiões retangulares cujos lados são ∆xi e ∆yi e área Ai = ∆xi ∆yi .
Então, é natural nos perguntarmos se as áreas Ai = ∆xi ∆yi e Ai = ∆ri ri ∆θi são iguais.
lim ∆xi ∆yi
∆x∆y→0
É claro que não são, porém pode-se mostrar que = 1 e isso implica que
lim ∆ri ri ∆θi
∆r∆θ→0
dxdy = rdrdθ. Assim, a equivalência entre a integral dupla em coordenadas retangulares e a
132
integral dupla em coordenadas polares é dada por
∫ x2 ∫ y2 ∫ β ∫ r2
f (x, y) dxdy = f (r cos θ, r sin θ) rdrdθ.
x1 y1 α r1
E XEMPLO 3.4.2 Escreva a integral, em coordenadas polares, que calcula a área sombreada na
Figura 3.8.
E XEMPLO 3.4.3 Encontre a área da região que é simultaneamente exterior a r=2 e interior
a r = 4 sin θ.
1 π 5π
4 sin θ = 2 ⇒ sin θ = ⇒ θ= ou θ= .
2 6 6
A tabela de limitantes é dada por
133
Limitantes Equações
arco inferior α = π6
arco superior β = 5π
6
raio inferior r=2
raio superior r = 4 sin θ
∫ ∫ ∫ 4 sin θ
r2
5π 5π
6
4 sin θ 6
A = rdrdθ = dθ
π
2 π 2
6 6 2
∫ 5π ∫ 5π
6 ( ) 6
= 8 sin2 θ − 2 dθ = (2 − 4 cos(2θ))dθ
π π
6 6
5π
6
= (2θ − 2 sin(2θ))
π
6
( )
10π 10π 2π 2π 4 √
= − 2 sin − − 2 sin = π + 2 3.
6 6 6 6 3
∫ π ∫ 2
E
2 2
XEMPLO 3.4.4 Transforme a integral dupla I = 5er drdθ de coordenadas po-
2
0 cos θ+2 sin θ
lares para coordenadas cartesianas, utilizando:
(a) x como variável independente; (b) y como variável independente.
Solução: Dos limitantes de integração, temos que θ ∈ [0, π2 ], o que nos indica que a região
de integração está situada no primeiro quadrante do plano xy. Temos também que r ∈
2
[ cos θ+2 sin θ
, 2] o que nos diz que o raio polar varia desde a reta x + 2y = 2 até a circunferência
2 2
x + y = 4. Assim, obtemos a região de integração mostrada na Figura 3.10.
2 2 2
r25er 5ex +y
5e drdθ = rdrdθ = √ dydx.
r x2 + y 2
Portanto,
(a) Tomando x como variável independente temos
∫ ∫ √
2 4−x2 2 2
5ex +y
I= √ dydx.
0 2−x
2
x2 + y 2
134
(b) Tomando y como variável independente, é necessário uma soma de integrais, já que
ocorre uma troca de limitação para x, isto é
∫ 1 ∫ √4−y2
2 2 ∫ 2 ∫ √4−y2 2 2
5ex +y 5ex +y
I= √ dxdy + √ dxdy.
0 2−2y x2 + y 2 1 0 x2 + y 2
∫ 9∫ 3
EXEMPLO 3.4.5 Considere a expressão I = √
y 2 cos(x7 )dxdy.
0 y
(a) Inverta a ordem de integração de I, ou seja, reescreva esta expressão tomando x como
variável independente.
(b) Reescreva esta expressão usando coordenadas polares.
(c) Calcule o valor numérico de I, utilizando uma das expressões anteriores.
(a) Para inverter a ordem de integração, é necessário tomar x como variável independente.
A partir da Figura 3.10 podemos facilmente notar que x ∈ [0, 3] e y ∈ [0, x2 ]. Assim
∫ 3 ∫ x2
I= y 2 cos(x7 )dydx.
0 0
(b) Para transformar I para coordenadas polares, começamos transformando as curvas que
delimitam a região de integração
sin θ
y = x2 ⇒ r sin θ = r2 cos2 θ ⇒ r = = tan θ sec θ
cos2 θ
3
x = 3 ⇒ r cos θ = 3 ⇒ r = = 3 sec θ.
cos θ
Na interseção destas curvas (x =3 e y = 9), temos que
tan θ = 3 ⇒ θ = arctan 3.
Como a região de integração está situada no primeiro quadrante do plano xy, temos
que θ ∈ [0, arctan 3]. E como o raio polar varia desde a parábola até a reta, temos que
r ∈ [tan θ sec θ, sec θ]. Lembrando que, em coordenadas polares, temos x = r cos θ, y = r sin θ
e dxdy = rdrdθ, obtemos que
∫ arctan 3 ∫ 3 sec θ
I= r3 sin θ cos(r7 cos7 θ)drdθ.
0 tan θ sec θ
135
(c) Para calcular o valor numérico de I, devemos optar por sua melhor expressão. Analisando
as três expressões disponíveis, percebemos que a integral do item (a) é a mais simples de ser
resolvida. Portanto, temos que
∫ ∫ ∫ x2
3 x2 3
y 3
2 7 7
I = y cos(x )dydx = cos(x ) dx
0 0 0 3
0
∫ 3
3
x 6
1 1
= cos(x7 )dx = sin(x7 ) = sin(2187).
0 3 21 21
0
136
3.5 Exercícios Gerais
∫ π ∫ 4 cos θ ∫ π ∫ y2 ∫ ln 2 ∫ y
2
r2 x 2 y2
(d) cos θ sin θ re drdθ (e) cos dxdy (f ) xy 5 ex dxdy
π
6
0 0 0 y 0 0
2. Escreva as integrais duplas que permitem calcular a área da região R delimitada si-
multaneamente pelas curvas dadas abaixo, tomando inicialmente x como variável in-
dependente e após tomando y como variável independente.
4x 9x
(a) y = x2 − 1, y = 1 − x, y = 3
+ 12 e y = 12 − 2
.
4x
(b) y = 3
+ 38 , y = −2 − x, y = x2 − 2 e y= 16
3
− 4x
3
.
137
6. Escreva a(s) integral(is) dupla(s) que permite(m) calcular a área da menor região
delimitada pelas curvas x2 + y 2 = 20 e y = x2 , usando:
(a) x como variável independente; (b) y como variável independente; (c) coordenadas
polares.
∫ 2 ∫ √
2x−x2
√
x2 + y 2
7. Considere a expressão I= dydx.
1 0 x+y
(a) Reescreva a expressão dada, invertendo sua ordem de integração.
(b) Transforme a expressão dada para coordenadas polares.
∫ √
2 ∫ √1−y2
2 2x + 4y
9. Considere a expressão I= √ dxdy.
0 y x2 + y 2
(a) Reescreva a expressão dada, invertendo sua ordem de integração.
(b) Transforme a expressão dada para coordenadas polares.
(c) Utilize uma das expressões encontradas nos itens anteriores para calcular o valor
numérico de I.
∫ π ∫ 1
2
10. Transforme a integral I = r3 drdθ de coordenadas polares para coordenadas
π
4
0
cartesianas, tomando:
138
∫∫
14. Calcule (x + 3y)dA, onde D é a região triangular de vértices (0, 0), (1, 1) e (2, 0).
D
∫∫ 1
15. Calcule √ dA, sendo D a região do semiplano x>0 interna à cardióide r =
x2 +y 2
D
1 + cos θ e externa à circunferência r = 1.
139
3.6 Respostas
9 103 e12 − 13 4
1. (a) (b) (c) e4 − 5 (d) (e) π (f ) 81 (eln 2
− ln4 2 − 1)
4 60 64
2. .
∫ −2 ∫ 4x
+12 ∫ 0 ∫ 4x
+12 ∫ 1 ∫ 12− 9x ∫ 2
3 3 2 12− 9x
(a) A= dydx + dydx + dydx + dintx2 −12 dydx
−3 x2 −1 −2 1−x 0 1−x 1
∫ 3 ∫ √
y+1 ∫ 8 ∫ 24−2y ∫ 12 ∫ 24−2y
9 9
A= dxdy + √
dxdy + dxdy
3y
0 1−y 3 − y+1 8 4
−9
∫ 0 ∫ 4x+8 ∫ 1 ∫ 4x+8 ∫ 4 ∫ 16
− 4x
3 3 3 3
(b) A= dydx + dydx + dydx
x x
−2 −2−x 0 2
−2 1 2
−2
∫ 0 ∫ 2y+4 ∫ 4 ∫ 4− 3y
4
A= dxdy + dxdy
3y−8
−2 −2−y 0 4
√
1 − cos 16 2 2−1
3. (a) (b)
4 3
4. . √ √ √ √
10π
(a) 3
(2 10 − 5) (b) π3 (7 14 − 5 10) (c)π(1 − e−9 )
−64 65π
(d) π + 4π ln 2 − 2π ln 6 (e) (f )
15 2592
∫ 2 ∫ √
3x−1 ∫ 3 ∫ √9−x2
5. (a) A= √
dydx + √
dydx
1
3
− 3x−1 2 − 9−x2
∫ √
5 ∫ √9−y2
(b) A= √
dxdy
y 2 +1
− 5 3
∫ ∫ √
2 20−x2
6. (a) A= dydx
−2 x2
∫ 4 ∫ √ y ∫ √
20 ∫ √20−y2
(b) A= √
dxdy + √ dxdy
0 − y 4 − 20−y 2
∫ ∫ ∫ π ∫ √
arctan 2 tan θ sec θ 2
20
(c) A=2 rdrdθ + 2 rdrdθ
0 0 arctan 2 0
∫ ∫ √ √
1 1+ 1−y 2
x2 + y 2
7. (a) I= dxdy
0 1 x+y
∫ π ∫ 2 cos θ
4 r
(b) I= drdθ
0 sec θ cos θ + sin θ
∫ 3 ∫ √9−x2 ∫ 3 ∫ −√3x−x2
y y
8. I= √ 2 2
dydx + √
dydx
0 3x−x2 x + y 0 − 9−x2 x + y2
2
140
∫ √
2 ∫ ∫ ∫ √
x 1 1−x2
2 2x + 4y 2x + 4y
9. (a) I= √ dydx + √ √ dydx
0 0 x2 + y 2 2
2
0 x2 + y 2
∫ π ∫ 1
4
(b) I= (2r cos θ + 4r sin θ)drdθ
0 0
1
√
(c) 2− 2
2
∫ √
2 ∫ √
2
1−x2
10. (a) I= (x2 + y 2 )dydx
0 x
∫ √
2 ∫ y ∫ 1 ∫ √1−y2
2
(b) I= (x2 + y 2 )dxdy + √ (x2 + y 2 )dxdy
2
0 0 2
0
11. (a)
1
(b) I= sin 1
2
∫ π∫ 2
4
12. I= r3 cos θ sin θdrdθ
0 1
∫ 1 ∫ √
1+ 1−x2
√
x2 + y 2
13. (a) I= √
dydx
0 2x−x2 x2 + y 2
∫ π ∫ 2 sin θ
2
(b) I= drdθ
π
4
2 cos θ
√
(c) I =2 2−2
14. I=2
15. I=2
141
Capítulo 4
INTEGRAIS TRIPLAS
Objetivos (ao nal do capítulo espera-se que o aluno seja capaz de):
1. Encontrar o valor de uma integral tripla;
2. Interpretar geométrica e sicamente uma integral tripla;
3. Calcular integrais triplas em coordenadas retangulares;
4. Calcular integrais triplas em coordenadas cilíndricas;
5. Calcular integrais triplas em coordenadas esféricas;
6. Transformar uma integral tripla de coordenadas retangulares para cilíndricas e de
cilíndricas para retangulares;
7. Transformar uma integral tripla de coordenadas retangulares para esféricas e de esféri-
cas para retangulares;
8. Transformar uma integral tripla de coordenadas cilíndricas para esféricas e de esféricas
para cilíndricas;
9. Montar uma integral tripla nos três sistemas de coordenadas e decidir qual o sistema
mais adequado para resolvê-la;
10. Fazer a maquete de uma gura delimitada por superfícies e encontrar seu volume.
11. Resolver exercícios usando uma ferramenta tecnológica.
A prova será composta por questões que possibilitam vericar se os objetivos foram
atingidos. Portanto, esse é o roteiro para orientações de seus estudos. O modelo de formu-
lação das questões é o modelo adotado na formulação dos exercícios e no desenvolvimento
teórico desse capítulo, nessa apostila.
142
4.1 Introdução
As integrais triplas, aplicadas sobre sólidos no espaço xyz , são denidas de forma análoga
às integrais duplas aplicadas sobre uma região do plano xy . Não é nosso objetivo discutir
os pormenores da denição, pois estes fazem parte do conteúdo de um texto de cálculo
avançado. Vamos esboçar apenas as ideias principais.
N OTAÇÃO: 4.1.1 Seja S um sólido no espaço tridimensional e f : S → R uma função de
três variáveis denida sobre cada ponto (x, y, z) ∈ S. Denotaremos a integral tripla de f
sobre S como ∫∫∫
f (x, y, z) dxdydz.
S
Para xar as ideias vamos supor que o sólido S é um paralelepípedo. Uma partição
desse paralelepípedo é obtida seccionando-o com n planos paralelos aos eixos coordenados,
conforme ilustra a Figura 4.1.
143
O BSERVAÇÃO 4.2.1 Se f (x, y, z) = 1 então a massa m e o volume V do sólido tem o mesmo
valor numérico. Portanto, o volume de um sólido, em termos de integrais triplas, é dado por
∫∫∫
V = dxdydz.
S
Tabela de limitantes
Limitante Equações
Curva à esquerda x=a
Curva à direita x=b
Curva inferior y = y1 (x)
Curva superior y = y2 (x)
Superfície inferior z = f (x, y)
Superfície superior z = g(x, y)
A integral tripa de uma função contínua f (x, y, z) sobre o sólido S é dada por
∫∫∫ ∫ b ∫ y2 (x) ∫ g(x,y)
f (x, y, z) dxdydz = f (x, y, z) dzdydx.
a y1 (x) f (x,y)
S
144
Figura 4.3: Projeção no plano xy.
Limitantes Equações
∫ ∫ ∫ 8−2x−4y
∫ ∫
4 2− x2 8−2x−4y 4 2− x2
V = dzdydx = z dydx
0 0 0 0 0
0
∫ 4 ∫ 2− x ∫ 4 2− x
2
2
= (8 − 2x − 4y)dydx = (8y − 2xy − 2y 2 ) dx
0 0 0
0
∫ 4 ( ) ( )2 ∫ 4
1 1 1 32
= 16 − 4x − 2x 2 − x − 2 2 − x dx = (8 − 4x + x2 )dx = u.v.
0 2 2 0 2 3
EXEMPLO 4.3.2 Calcule o volume do sólido delimitado pelos cilindros z 2 +x2 = 9 e y 2 +x2 = 9
situado no primeiro octante.
145
Limitantes Equações
Curva à esquerda x=0
Curva à direita x=3
Curva inferior y=√0
Curva superior y = 9 − x2
Superfície inferior z=√0
Superfície superior z = 9 − x2
∫ ∫ √ ∫ √ ∫ ∫ √
3 9−x2 9−x2 3 9−x2 √
V = dzdydx = 9 − x2 dydx
0 0 0 0 0
∫ √ 9−x2 ∫ 3
3 √ 3
x 3
= 2
y 9−x dx = (9 − x2 )dx = 9x − = 18 u.v.
0 0 3
0 0
Solução:
1 - Projetando no plano xy usamos z como variável espacial (ou variável totalmente de-
pendente) e x ouy como variável independente. A projeção sobre o plano xy é a parte da
circunferência x + y 2 = 9 que está no primeiro quadrante,
2
logo temos as limitações e as
integrais:
√ √ √
z ∈ [0, √9 − x2 ] ∫ 3 ∫ 9−x2 ∫ 9−x2
(i) x como variável independente: y ∈ [0, 9 − x2 ] ⇒ V = dzdydx
0 0 0
x ∈ [0, 3]
√
z ∈ [0, √9 − x2 ] ∫ 3 ∫ √9−y2 ∫ √
9−x2
(ii) y como variável independente: x ∈ [0, 9 − y 2 ] ⇒ V = dzdxdy
0 0 0
y ∈ [0, 3]
2 - Projetando no plano xz usamos y como variável espacial (ou variável totalmente de-
pendente) e x ou z como variável independente. A projeção sobre o plano xz é a parte da
circunferência x2 + z 2 = 9 que está no primeiro quadrante, logo temos as limitações e as
integrais:
√ √ √
y ∈ [0, √9 − x2 ] ∫ 3 ∫ 9−x2 ∫ 9−x2
(i) x como variável independente: z ∈ [0, 9 − x2 ] ⇒ V = dydzdx
0 0 0
x ∈ [0, 3]
√ √ √
y ∈ [0, √9 − x2 ] ∫ 3 ∫ 9−z 2 ∫ 9−x2
(ii) z como variável independente: x ∈ [0, 9 − z 2 ] ⇒ V = dydxdz
0 0 0
z ∈ [0, 3]
3 - Projetando no plano yz usamos x como variável espacial (ou variável totalmente depen-
dente) e y ou z como variável independente. A projeção sobre o plano yz é o quadrado
limitado por y = 0, z = 0, y = 3 e z = 3, porém com esta projeção não podemos usar
apenas uma integral, pois há troca de limitação na variável x e esta troca ocorre no plano
y=z obtido pela interseção dos cilindros x2 +y 2 = 9 e x2 +z 2 = 9, logo temos as limitações
e as integrais:
146
√ √
x ∈ [0, 9 − y 2 ] 2
∪ x ∈ [0, 9 − z ]
(i) y como variável independente: z ∈ [y, 3] z ∈ [0, y]
y ∈ [0, 3] y ∈ [0, 3]
∫ 3 ∫ 3 ∫ √9−y2 ∫ 3 ∫ y ∫ √
9−z 2
⇒ V = dxdzdy + dxdzdy
0 y 0 0 0 0
√ √
x ∈ [0, 9 − y 2 ] ∪ x ∈ [0, 9 − z2]
(ii) z como variável independente: y ∈ [0, z] y ∈ [z, 3]
z ∈ [0, 3] z ∈ [0, 3]
∫ 3 ∫ z ∫ √9−y2 ∫ 3 ∫ 3 ∫ √
9−z 2
⇒ V = dxdydz + dxdydz
0 0 0 0 z 0
EXEMPLO 4.3.4 Encontre o volume do sólido delimitado pelas superfícies z = 9−x2 , z = 5−y,
y=0 e y = 5.
147
Limitantes Equações
Curva inferior y=0
Curva superior y=5
√
Curva à esquerda x=− y+4
√
Curva à direita x= y+4
Superfície inferior z =5−y
Superfície superior z = 9 − x2
Assim, o volume desejado é dado por
∫ ∫ √ ∫ ∫ ∫ √ 9−x2 ∫ 5 ∫ √y+4
5 y+4 9−x2 5 y+4 ( )
2
V = dzdxdy = z dxdy = 4 − x + y dxdy,
− y+4
√ √ √
0 − y+4 5−y 0 0 − y+4
5−y
) y+4
√
∫ 5 ∫ √ ∫ 5 (
y+4 ( )x 3
V = 2 4 − x2 + y dxdy = 2 4x − + yx dy
0 0 0 3
0
√
∫ 5 √ (y + 4) 3
√ ∫ 5( √ √
)
4 y + 4 − 8 2
= 2 + y y + 4 dy = 2 y + 4 + y y + 4 dy
0 3 0 3 3
5
32 √ 8 √ 32 √
3 5 3
= (y + 4) + (y + 4) − (y + 4)
9 15 9
0
5
8√ 8 √ √ 8 8 1688
= (y + 4)5 = ( 95 − 45 ) = (35 − 25 ) = (243 − 32) = u.v.
15 15 15 15 15
0
∫∫∫
EXEMPLO 4.3.5 Calcule o valor numérico de I = x dV, sendo S o sólido do Exemplo
S
4.3.4.
Solução: Na resolução do exemplo acima temos a tabela de limitantes então basta escrever-
mos as integrais iteradas.
∫ 5 ∫ √
y+4 ∫ 9−x2 ∫ 5 ∫ √
y+4 ∫ 5
3
I= √
xdzdxdy = √
(9x − x − 5x + xy)dxdy = 0dy = 0.
0 − y+4 5−y 0 − y+4 0
Observe que o resultado é zero, o que não faria sentido se estivéssemos calculando a massa
do sólido, porém observe que a função de integração f (x, y, z) = x assume valores negativos
no domínio de integração (o sólido S ), portanto ela não pode representar a densidade deste
sólido. Então, neste caso apenas resolvemos uma integral tripla de uma função sobre um
domínio. Além disso, observe que
∫ 5 ∫ √
y+4 ∫ 9−x2 ∫ 5 ∫ √
y+4 ∫ 9−x2
I= √
xdzdxdy ̸= 2 xdzdxdy,
0 − y+4 5−y 0 0 5−y
(a primeira dá zero e a segunda é diferente de zero), neste caso não podemos usar simetria,
pois apesar do domínio de integração, o sólido S, ser simétrico em relação ao eixo y a função
no integrando não é simétrica. Portanto, cuidado com o uso de simetrias.
148
E XEMPLO 4.3.6 Faça a tabela de limitantes e escreva a integral que permite calcular a massa
Solução: O sólido desejado situa-se entre os planos z=0 e z = 10. A base do sólido, que
Como ocorre troca na limitação superior, devemos dividir esta região em duas sub-regiões,
Limitantes R1 R2
Curva à esquerda x = −3 x=1
Curva à direita x=1 x=4
Curva inferior y =4−x y =4−x
Curva superior y = 2x + 13 y = 16 − x2
Superfície inferior z=0 z=0
Superfície superior z = 10 z = 10
∫ 1 ∫ 2x+13 ∫ 10 ∫ 4 ∫ 16−x2 ∫ 10
2
M= x yz dzdydx + x2 yz dzdydx.
−3 4−x 0 1 4−x 0
∫ ∫ √ ∫
√
16−y 2 ∫ ∫ ∫ 6−2x
4 3− 34 16−y 2 2
4 3 3
I= dzdxdy + √ dzdxdy
0 0 0 0 3− 43 16−y 2 0
149
R1
R2
Assim,
a montagem
√ das integrais é dada por
∫ ∫ ∫ √
0 ≤y≤ 16 − 4z 2 2 6−3z
2
16−4z 2
6−3z
(1) 0 ≤x≤ 2
⇒ I= dydxdz
0 0 0
0 ≤z≤
√
2
√
0 ≤y≤ 16 − 4z 2 ∫ 3 ∫ 6−2x ∫ 16−4z 2
3
6−2x
(2) 0 ≤z≤ 3
⇒ I= dydzdx
0 0 0
0 ≤x≤ 3
Projetando no plano yz, temos a região representada na Figura 4.11.
150
√
0 ≤ x ≤ √6−3z
2 ∫ 4 ∫ 16−y 2 ∫ 6−3z
2 2
16−y 2
(3) 0 ≤z≤ ⇒ I= dxdzdy
2 0 0 0
0 ≤y≤ 4
√
0 ≤ x ≤ √ 6−3z
2
∫ 2 ∫ 16−4z 2 ∫ 6−3z
2
(4) 0 ≤y≤ 16 − 4z 2 ⇒ I= dxdydz
0 0 0
0 ≤z≤ 2
Em alguns exemplos uma integral tripla pode ser resolvida de uma forma mais simples
convertendo-a para coordenadas cilíndricas. Vejamos este processo de conversão.
Tabela de limitantes
Curvas Equações
Arco inferior θ = θ1
Arco superior θ = θ2
Raio interno r = r1 (θ)
Raio externo r = r2 (θ)
Superfície inferior z = f (r, θ)
Superfície superior z = g (r, θ) .
Uma integral tripla, que em coordenadas cartesianas se escreve como
∫ b∫ y2 (x) ∫ g(x,y)
I= f (x, y, z) dzdydx
a y1 (x) f (x,y)
151
EXEMPLO 4.4.1 Determinar o volume do sólido delimitado superiormente pelo parabolóide
y 2 +x2 +1−z = 0, inferiormente pelo plano z = 0 e lateralmente pelo cilindro x2 +y 2 −2y = 0.
152
Em coordenadas cilíndricas, o volume é dado por:
EXEMPLO 4.4.2 Represente gracamente o sólido cujo volume é dado pela integral
∫ 2π ∫ 2 ∫ 4−r 2 cos2 θ
V = rdzdrdθ.
0 0 0
153
EXEMPLO 4.4.3 Escreva em coordenadas retangulares a integral
∫ π ∫ 2 cos θ ∫ 9−r2
2
I= r2 dzdrdθ.
0 0 0
Arco inferior θ1 = 0
Arco superior θ2 = π2
Raio interno r1 = 0
Raio externo r2 = 2 cos θ
Superfície inferior z=0
Superfície superior z = 9 − r2
Considerando os arcos inferior e superior concluímos que a base do sólido está projetada
π
sobre o primeiro quadrante do plano xy , pois temos 0 ≤ θ ≤ 2
. Agora vamos escrever
Curvas Equações
∫ ∫ √ ∫
2 2x−x2 9−x2 −y 2 √
I= x2 + y 2 dzdydx.
0 0 0
154
EXEMPLO 4.4.4 Construa e calcule o volume√do menor sólido delimitado simultaneamente
por y = 0, y = 4, x2 + z 2 = x e x2 + z 2 = 3z.
Projeção no plano zx :
x
θ=π/3
x = r sin θ
{ 2 {
z = r cos θ
x + z 2 = √x r = √sin θ
y = y ⇒ 2 2 ⇒
x +z = 3z r = 3 cos θ
x + z2
2
= r2
x
tan θ = z
{
r = √sin θ π
⇒θ= .
r = 3 cos θ 3
155
Montagem e resolução da integral em coordenadas cilíndricas:
∫ π ∫ ∫ ∫ π ∫ √ ∫
3
sin θ 4 2
3 cos θ 4
V = rdydrdθ + rdydrdθ
π
0 0 0 3
0 0
∫ π ∫ π
3 2
2
= 2 sin θdθ + 6 cos2 θdθ
π
0 3
∫ π ∫ π
3 2
= (1 − cos(2θ))dθ + 3 (1 + cos(2θ))dθ
π
0 3
( ) π3 ( ) π2 ( )
sin(2θ) sin(2θ) 5π √
= θ− +3 θ+ = − 3 u.v.
2 2 π 6
0 3
Na seção anterior vimos que usar coordenadas cilíndricas pode facilitar muito o trabalho
usando coordenadas cilíndricas, agora queremos explorar o sistema de coordenadas esféricas
e em alguns casos é o mais recomendado.
Lembrando que o ponto P (x, y, z) , em coordenadas esféricas é dado por P (ρ,√θ, ϕ) , onde
x2 + y 2
x = ρ cos θ sin ϕ, y = ρ sin θ sin ϕ, z = ρ cos ϕ, ρ2 = x2 + y 2 + z 2 , tan ϕ = e
z
y
tan θ = .
x
Sejam θ0 , θ1 , ϕ0 , ϕ1 , ρ0 e ρ1 tais que 0 ≤ θ0 < θ1 ≤ 2π, 0 ≤ ϕ0 < ϕ1 ≤ π e 0 ≤ ρ0 < ρ1 .
Suponhamos que o sólido S seja constituído por todos os pontos cujas coordenadas es-
féricas (ρ, θ, ϕ) são tais que
ρ0 ≤ ρ ≤ ρ1 θ0 ≤ θ ≤ θ1 ϕ0 ≤ ϕ ≤ ϕ1 .
Seja f (x, y, z) uma função denida em todos os pontos do sólido S e cada ponto P (x, y, z)
pode ser escrito em coordenadas esféricas f (ρ, θ, ϕ) . Então podemos escrever
∫ x1 ∫ y1 ∫ z1 ∫ θ2 ∫ φ2 ∫ ρ2
f (x, y, z) dV (x, y, z) = f (ρ, θ, ϕ) dV (ρ, ϕ, θ),
x0 y0 z0 θ1 φ1 ρ1
156
Figura 4.18: Coordenadas Esféricas
Como P e d
Q pertencem ao círculo de raio OP = OQ = ρ e o arco P Q subentende um
ângulo correspondente a variação de ϕ, segue que
P Q ∼ = ρdϕ.
Como Q e R pertencem ao círculo de raio OU em que OU é lado oposto do triângulo
b eQ
OQU b = ϕ obtemos
OU = OQ sin ϕ = ρ sin ϕ
e, desse modo, obtemos
QR ∼
= ρ sin ϕdθ.
Portanto,
dV = P T QR P Q = dρ (ρdϕ) (ρ sin ϕdθ) = ρ2 sin ϕdρdϕdθ.
Portanto,
∫ x1 ∫ y1 ∫ z1 ∫ θ2 ∫ φ2 ∫ ρ2
f (x, y, z) dzdydx = f (ρ, θ, ϕ) ρ2 sin ϕdρdϕdθ.
x0 y0 z0 θ1 φ1 ρ1
E XEMPLO 4.5.1 Mostre, usando coordenadas esféricas, que o volume de uma esfera de raio r
3
4πr
é V = .
3
Solução: Vamos utilizar uma esfera centrada na origem, de equação x2 + y 2 + z 2 = r2 . Sua
2 2 2
projeção no plano xy é a circunferência x +y = r e portanto temos que 0 ≤ θ ≤ 2π e
∫ 2π ∫ π ∫ r
4
V = ρ2 sin ϕdρdϕdθ = πr3 .
0 0 0 3
157
EXEMPLO 4.5.2 Escreva, em coordenadas retangulares e em coordenadas esféricas a(s) inte-
gral(is) que permite(m) calcular o volume do sólido delimitado pelas superfícies z 2 = x2 + y 2 ,
z 2 = 3x2 + 3y 2 e x2 + y 2 + z 2 = 4 nos pontos em que z é positivo. A seguir, utilize uma das
expressões obtidas para calcular o volume deste sólido.
os sistemas de equações
{ {
z 2 = x2 + y 2 z 2 = 3x2 + 3y 2
e ,
x2 + y 2 + z 2 = 4 x2 + y 2 + z 2 = 4
x2 + y 2 + x2 + y 2 = 4 e x2 + y 2 + 3x2 + 3y 2 = 4
2x2 + 2y 2 = 4 4x2 + 4y 2 = 4
x2 + y 2 = 2 x2 + y 2 = 1.
O volume do sólido será dado pela diferença entre o volume do sólido delimitado pela
∫ √
2 ∫ √
2−x2 ∫ √4−x2 −y2 ∫ 1 ∫ √
1−x2 ∫ √4−x2 −y2
V = √ √ √ dzdydx − √ √ dzdydx
− 2 − 2−x2 x2 +y 2 −1 − 1−x2 3x2 +3y 2
158
Como podemos perceber, a resolução desta integral é trabalhosa. Vamos escrevê-la em
coordenadas esféricas.
A variação do raio esférico vai da origem até a esfera de raio 2, isto é, ρ = 2. Como as
projeções no plano xy são circunferências com centro na origem temos que o arco θ varia de
zero a 2π. O ângulo ϕ varia entre os dois cones. O cone de equação z 2 = x2 + y 2 equivale a
ϕ = π4 . Já o cone de equação z 2 = 3x2 + 3y 2 equivale ao ângulo ϕ = π6 . Portanto, a tabela de
limitantes do sólido em coordenadas esféricas é dada por
Limitantes em coordenadas esféricas
Curvas Equações
Arco θ inferior θ1 = 0
Arco θ superior θ2 = 2π
Arco ϕ inferior ϕ1 = π6
Arco ϕ superior ϕ2 = π4
Superfície inferior ρ1 = 0
Superfície superior ρ2 = 2
Assim, o volume será dado por
∫ ∫ ∫ ∫ ∫ 2
ρ3
π π
2π 4
2 2π 4
V = ρ2 sin ϕdρdϕdθ = sin ϕdϕdθ
0 π
0 0 π 3
6 6 0
∫ π
2π ∫ π
2π ∫ 4
8 4 −8
= sin ϕdϕdθ = cos ϕ dθ
0 π 3 0 3 π
6
6
∫ (√ √ ) 2π
2π
−8 2 3 4 √ √ 8π (√ √ )
= − dθ = (− 2 + 3)θ = 3 − 2 u.v.
0 3 2 2 3 3
0
∫ 2π ∫ π ∫ 5
E
2
XEMPLO 4.5.3 Considere a expressão I = 2 dρdϕdθ dada em coordenadas
0 arctg( 34 ) 3
senφ
esféricas.
1. Descreva e represente gracamente o domínio de integração de I.
2. Reescreva I usando coordenadas cilíndricas.
Solução: (a) Identicação do domínio de integração (o sólido S ): como a expressão I está
multiplicada por "2"existe simetria.
0 ≤ θ ≤ 2π
Limitantes em coordenadas esféricas: arctg( 34 ) ≤ ϕ ≤ π
2
3
senφ ≤ρ≤ 5
Convertendo para coordenadas cartesianas, temos:
ρ=5 ⇒ x2 + y 2 + z 2 = 25 ⇒ esfera
ρ= 3
senφ ⇒ x2 + y 2 = 9 ⇒ cilindro
√
ϕ = arctg ( 34 ) ⇒ z= 4
3
x2 + y 2 ⇒ semi-cone
159
Observando que o cone só dá a variação do ângulo ϕ que começa no cone e vai até o plano
xy. Na Figura 4.20 temos representado o cilindro e a esfera descritos acima, pela limitação
do raio esférico e pela simetria temos que o sólido S é interior à esfera x2 + y 2 + z 4 = 25 e
exterior ao cilindro x2 + y 2 = 9.
160
Figura 4.22: Sólido do Exemplo 4.5.4.
∫ ∫ ∫ √
π 2 sin θ 3r
V = rdzdrdθ.
0 0 r
Em coordenadas esféricas, temos que θ ∈ [0, π] e que o ângulo vertical varia entre os
cones. Transformando para esféricas, obtemos
√ √ √
z = 3x2 + 3y 2 ⇒ ρ cos ϕ = 3ρ sin ϕ ⇒ tan ϕ = 33 ⇒ ϕ = π
√ 6
z = x2 + y 2 ⇒ ρ cos ϕ = ρ sin ϕ ⇒ tan ϕ = 1 ⇒ ϕ = π4
161
portanto, encontramos que ϕ ∈ [ π6 , π4 ]. Resta então obter a limitação para o raio esférico, que
varia desde a origem (ρ = 0) até o cilindro circular, que devemos transformar para esféricas,
como segue:
Note que, se desejássemos obter o valor numérico deste volume, devemos optar por re-
solver a integral escrita em coordenadas cilíndricas, devido a sua simplicidade em comparação
às demais integrais.
162
4.6 Exercícios Gerais
∫∫∫
1. Calcular I = (x − 1)dV, sendo T a região do espaço delimitada pelos planos y = 0,
T
z = 0, y + z = 5 e pelo cilindro parabólico z = 4 − x2 .
Reescreva esta expressão como uma integral tripla equivalente, usando coordenadas
cartesianas de cinco formas distintas.
5. Represente geometricamente o sólido cujo volume pode ser calculado pela expressão
∫ 4 ∫ √
4−z ∫ 8−2z
V = dydxdz.
0 0 0
A seguir, reescreva esta expressão, como uma integral tripla equivalente, usando coor-
denadas cartesianas de cinco formas distintas.
6. Represente geometricamente o sólido cujo volume pode ser calculado pela expressão
∫ 2 ∫ 2+x2 ∫ 4−x2 ∫ 2 ∫ 6 ∫ 6−y
V = dzdydx + dzdydx
0 0 0 0 2+x2 0
e a seguir reescreva esta expressão utilizando uma única integral tripla em coordenadas
cartesianas.
163
7. Reescreva a expressão
8. Reescreva a expressão
∫ 1 ∫ x2 +4 ∫ 1−x2 ∫ 1 ∫ 5 ∫ 5−y
I= dzdydx + dzdydx
−1 0 0 −1 x2 +4 0
como uma única integral tripla em coordenadas cartesianas, de três formas distintas.
função densidade.
z = 4 + y.
16. Seja S z = 0, x2 + y 2 = (√
o sólido delimitado pelas superfícies a2 e z )= x2 + y 2 .
Determine o valor de a ∈ R para que a massa de S seja igual a π 82 − 1 , sabendo
1
que a densidade em cada ponto de S é dada por f (x, y, z) = √ .
1 + (x2 + y 2 )2
17. Represente geometricamente o sólido cuja massa é descrita, em coordenadas cilíndri-
∫ ∫ √ ∫
2π 2 4−r 2 √
cas, pela expressão M = 4 + r2 − zdzdrdθ. A seguir, reescreva esta
0 0 r2
expressão utilizando um outro sistema de coordenadas.
18. Nos itens abaixo escreva em coordenadas retangulares as integrais dadas em coorde-
nadas esféricas.
∫ π ∫ π ∫ 3 √
2
(a) I = 2 9 − ρ2 sin ϕdρdϕdθ.
0 0 0
∫ π ∫ π ∫ 4 √
2 3
(b) I = 4 − ρ2 ρ sin ϕdρdϕdθ.
π
0 6
0
164
19. Represente geometricamente o sólido cujo volume pode ser calculado pela expressão
∫ 2π ∫ π ∫ 2
3
V = ρ2 sin ϕdρdϕdθ.
0 0 1
20. Utilize coordenadas esféricas para calcular a massa do sólido situado acima do cone
z 2 = x2 + y 2 e interior à√ 2 2 2
esfera x + y + z = 4z, sabendo que sua densidade de massa
∫ √
3 ∫ √
3−x2 ∫ √4−x2 −y2
z
I= √ √
√ dzdydx.
− 3 − 3−x2 1 x2 + y 2 (x2 + y 2 + z 2 )2
pela expressão
∫ 2π ∫ π ∫ √
5
6 cos2 φ+2 sin2 φ
M= √ ρdρdϕdθ.
3
0 0 cos φ
23. Represente geometricamente o sólido cuja massa pode ser calculada, em coordenadas
∫ ∫ √ ∫ √
2π 3 10−3r2
M= (r + z)dzdrdθ.
r2
0 0 3
25. Calcule o volume do sólido que está situado acima de z=0 e que é simultaneamente
2 2 2
interior à esfera x +y +z =9 e ao hiperbolóide de uma folha x2 + y 2 − z 2 = 1.
√
27. Considere o sólido delimitado inferiormente por
√ 2z = x2 + y 2 e superiormente por
165
∫∫∫
29. Escreva I = f (x, y, z)dV, em três sistemas de coordenadas distintas, sendo S
S √
sólido situado simultaneamente no interior de x2 + y 2 + z 2 = 2z e de z = 2− x2 + y 2
2 2 2
ex +y +z
e f (x, y, z) = .
x+y+z
30. O volume de um sólido S é dado pela expressão
∫ 2 ∫ √
4
−x2 ∫ 6−a2 x2 −a2 y 2
a a2
V = √ √ dzdydx,
4
0 − −x2 a x2 +y 2
a2
166
4.7 Respostas
1. I = − 544
15
abc
2. V = 6
3. M = 400
∫ 2∫ 2−z ∫ 4−z 2
2
4. V = dydxdz
0 0 0
∫ 4 ∫ √
4−y ∫ 2−z
2
V = dxdzdy
0 0 0
∫ 2 ∫ 4−z 2 ∫ 2−z
2
V = dxdydz
0 0 0
∫ 1 ∫ −4x2 +8x ∫ 2−2x ∫ 1 ∫ 4 ∫ √
4−y
V = dzdydx + dzdydx
0 0 0 0 −4x2 +8x 0
∫ 4 ∫ 1− 12
√
4−y ∫ √
4−y ∫ 4 ∫ 1 ∫ 2−2x
V = dzdxdy + √
dzdxdy
0 0 0 0 1− 21 4−y 0
∫ 2 ∫ 4−x2 ∫ 8−2z
5. V = dydzdx
0 0 0
∫ 4 ∫ 8−2z ∫ √
4−z
V = dxdydz
0 0 0
∫ 8 ∫ 8−y ∫ √
4−z
V = 2 dxdzdy
0 0 0
∫ 8 ∫ √y ∫ 8 − y ∫ 8 ∫ 2 ∫ 4−x2
2
V = 2 dzdxdy + dzdxdy
√y
0 0 0 0 2
0
∫ 2 ∫ 4−x2 ∫ 6−z
6. V = dydzdx
0 0 0
∫ 1 ∫ 1−y ∫ 8−x2 −y 2
7. I= ydzdxdy
0 y−1 0
∫ 1 ∫ 1−x2 ∫ 5−z ∫ 1 ∫ √
1−z ∫ 5−z ∫ 1 ∫ 5−z ∫ √
1−z
8. I= dydzdx = √
dydxdz = √
dxdydz
−1 0 0 0 − 1−z 0 0 0 − 1−z
9. M = 44
2a2 b(3π−4)
10. V = 9
√
4π(8 2−7)
11. V = 3
167
32a3
12. V = 9
13. V = 3π
16a3
14. V = 3
3π
15. V = 2
16. a=3
∫ √
2 ∫ √
2−x2 ∫ 4−x2 −y 2
√
4 + x2 + y 2 − z
17. M= √ √
√ dzdydx
− 2 − 2−x2 x2 +y 2 x2 + y 2
∫ √9−x2 −y2 √
∫ 3 ∫ √
9−x2
9 − x2 − y 2 − z 2
18. (a) I = √
dzdydx
−3 − 9−x2 0 x2 + y 2 + z 2
∫ √12 ∫ √12−x2 ∫ √16−x2 −y2 √
4 − x2 − y 2 − z 2
(b) I = √ √ dzdydx−
0 0 x2 +y 2
3
x2 + y 2 + z 2
∫ 2 ∫ √4−x2 ∫ √16−x2 −y2 √
4 − x2 − y 2 − z 2
√ √ dzdydx
0 0 3x2 +3y 2 x2 + y 2 + z 2
∫ ∫ √ ∫ √ ∫ ∫ √
3 ∫ √
2π 3 4−r 2 2π 2
1−r 2
19. V = √ rdzdrdθ − √ rdzddθ
3 3
0 0 3
r 0 0 3
r
∫ ∫ √
3 ∫ √ ∫ ∫ √ ∫ √
2π 2
4−r 2 2π 3 4−r2
ou V = √
rdzdrdθ + √ √ rdzdrdθ.
3 3
0 0 1−r2 0 2 3
r
16
√ ) (
20. M= 8− 2
5
π
√
21. I = 13 π 2 − 41 3π
∫ ∫ ∫ √
2π 1 5−2r2
22. M= √
dzdrdθ
0 0 3
∫ 2π ∫ π ∫ √
10 ∫ 2π ∫ π ∫ 3 cos φ
3 cos2 φ+3 sin2 φ 2 sin2 φ
2
23. (sin ϕ+cos ϕ)ρ dρdϕdθ+ (sin ϕ+cos ϕ)ρ2 dρdϕdθ
π
0 0 0 0 3
0
∫ √
12 ∫ √
12−x2 ∫ √16−x2 −y2
24. Cartesianas V = √ √ √ dzdydx
− 12 − 12−x2 4− 16−x2 −y 2
∫ 2π ∫ π ∫ 4 ∫ 2π ∫ π ∫ 8 cos φ
3 2
2
Esféricas: V = ρ sin ϕdρdϕdθ + ρ2 sin ϕdρdϕdθ.
π
0 0 0 0 3
0
32
25. V = 18π − 3
π
∫ √
3 ∫ √ 3 −y2 ∫ √3−x2 −y2
2 4
26. Cartesianas V = √ √3 dzdydx
− 23 − 4
−y 2 2x2 +2y 2
∫ ∫ √
3 ∫ √
2π 2
3−r 2
Cilíndricas V = rdzdrdθ
0 0 r2
168
∫ 2π ∫ π ∫ 3 ∫ 2π ∫ π ∫ 1
cot φ csc φ
6 2 2
2
Esféricas: V = ρ sin ϕdzdϕdθ + ρ2 sin ϕdzdϕdθ
π
0 0 0 0 6
0
∫ ∫ √ ∫ √
4 16−x2 6− x2 +y 2
27. Cartesianas V = √ √ dzdydx
x2 +y 2
−4 − 16−x2 2
∫ 2π ∫ 4 ∫ 6−r
Cilíndricas V = rdzdrdθ
r
0 0 2
∫ ∫ ∫ 6
2π arctan 2
Esféricas V = cos ϕ + sin ϕ ρ2 sin ϕdρdϕdθ
0 0 0
∫ ∫ √ ∫ √
2 4−x2 2+ 4−x2 −y 2
(x2 + y 2 )z 2
28. Cartesianas M= √ √ dzdydx
−2 − 4−x2 1+ 21 x2 +y 2 cos(x2 + y 2 + z 2 )
∫ ∫ ∫ √
2π 2 2+ 4−r2
r3 z 2
Cilíndricas M= dzdrdθ
0 0 1+ 21 r cos(r2 + z 2 )
∫ 2π ∫ π ∫ 4 cos φ
4 ρ6 sin3 ϕ cos2 ϕ
Esféricas M= 2 dρdϕdθ
0 0 cos(ρ2 )
2 cos ϕ − sin ϕ
∫ 1 ∫ √
1−x2 ∫ √ 2− x2 −y 2 2 2 2
ex +y +z
29. Cartesianas I= √ √ dzdydx
−1 − 1−x2 1− 1−x2 −y 2 x+y+z
∫ 2π ∫ 1∫ 2−r 2 2
er +z
Cilíndricas I= √
rdzdrdθ
0 0 1− 1−r 2 r cos θ + r sin θ + z
∫ ∫ π ∫ 2 2
2π 4
cos ϕ + sin ϕ eρ
Esféricas I= ρ sin ϕdρdϕdθ
0 0 0 sin ϕ cos θ + sin ϕ sin θ + cos ϕ
∫ 2π ∫ π ∫ 2 cos φ 2
2 eρ
+ ρ sin ϕdρdϕdθ
0 π
4
0 sin ϕ cos θ + sin ϕ sin θ + cos ϕ
∫ π ∫ a ∫ 6−a2 r 2
2 2
30. (a) rdzdrdθ (b) a=1
− π2 0 ar
169
Capítulo 5
SEQUÊNCIAS E SÉRIES
Objetivos (ao nal do capítulo espera-se que o aluno seja capaz de):
1. Reconhecer uma sequência e vericar:
(a) se é convergente ou divergente;
(b) se é crescente ou decrescente;
(c) propriedades de uma sequência.
2. Denir séries numéricas de termos positivos;
3. Encontrar a soma de séries;
4. Identicar as séries especiais: geométrica, harmônica, série-p;
5. Vericar se a série é convergente ou divergente, aplicando os critérios de convergência;
6. Analisar a convergência de séries alternadas e de sinais quaisquer;
7. Reconhecer séries absolutamente e condicionalmente convergentes;
8. Reconhecer séries de funções;
9. Encontrar o raio e o intervalo de convergência das séries de potências;
10. Desenvolver funções em séries de Taylor e Maclaurin;
11. Utilizar séries de funções na resolução de limites e integrais;
12. Resolver exercícios usando uma ferramenta tecnológica.
A prova será composta por questões que possibilitam vericar se os objetivos foram
atingidos. Portanto, esse é o roteiro para orientações de seus estudos. O modelo de formu-
lação das questões é o modelo adotado na formulação dos exercícios e no desenvolvimento
teórico desse capítulo, nessa apostila.
170
5.1 Introdução
Neste capítulo estudaremos séries innitas, as quais são somas que envolvem um número
innito de termos. As séries innitas desempenham um papel fundamental tanto na matemática
quanto na ciência. Elas são usadas, por exemplo, para aproximar funções trigonométricas
e logarítmicas, para resolver equações diferenciais, para efetuar integrais complicadas, para
criar novas funções e para construir modelos matemáticos de leis físicas (Anton, 1999).
5.2 Sequências
Na linguagem cotidiana, o termo sequência signica uma sucessão de coisas em uma ordem
determinada ordem cronológica, de tamanho, ou lógica, por exemplo. Em matemática o
termo sequência é usado comumente para denotar uma sucessão de números cuja ordem é
determinada por uma lei ou função.
Estudaremos um tipo especial de função denida nos números naturais N∗ = {1, 2, 3, 4, · · · }
com imagem em R. Isto é, estudaremos a função f : N∗ → R quanto ao limite e suas pro-
priedades quando n → ∞. A função f : N∗ → R denida por f (n) = 2n+1 n
é um exemplo de
sequência. O conjunto composto pelos pares ordenados (n, f (n)), dado por
ou { }
1 2 3 n
I = (1, ), (2, ), (3, ), · · · , (n, ), · · ·
3 5 7 2n + 1
é denominado conjunto dos termos da sequência f (n). Geralmente, o conjunto I é escrito
de forma simplicada. Isto é, I é representado pelas imagens de n ∈ N∗ de forma que a
posição que determinada imagem de f ocupa no conjunto dos termos da sequência f (n) é
determinada pelo elemento n ∈ N∗ , ou seja,
{ }
1 2 3 4 5 n
I = {f (1), f (2), f (3), · · · , f (n), · · · } = , , , , ,··· , ,··· .
3 5 7 9 11 2n + 1
Podemos observar que o termo 115 é imagem de n = 5, pois ocupa a quinta posição no
conjunto dos termos. O termo f (n) = 2n+1 n
é denominado termo geral da sequência. A
forma usual de representar o termo geral de uma sequência é un = 2n+1 n
ou xn = 2n+1
n
ou
yn = 2n+1 etc. Passaremos agora à denição formal de sequência. Nesse caso, temos o
n
conjunto I = {u1 , u2 , u3 , · · · , un , · · · }.
D EFINIÇÃO 5.2.1 Sejam N∗ = {1, 2, 3, 4, · · · } o conjunto dos naturais, R a reta real. De-
nominamos a aplicação un : N∗ → R de uma sequência numérica.
EXEMPLO 5.2.2 Para melhor compreensão, vamos supor que o crescimento diário de uma
linhagem de suínos é dada em função do crescimento total pela sequência un = n+13 n
onde
n corresponde ao número de dias de vida do suíno e lim un o tamanho de um suíno adulto.
{ } n→∞
Assim, o conjunto 141 , 152 , 163 , 174 , 185 , · · · , n+13
n
, · · · representa o tamanho diário do suíno em
relação ao tamanho nal.
171
Figura 5.1: Crescimento da linhagem de suínos
A questão agora é: como fazer uma estimativa em termos matemáticos? A resposta será
dada pela denição de limite de uma sequência.
DEFINIÇÃO 5.2.4 Seja un uma sequência, dizemos que o número a é limite de un quando
n tende para o innito se, dado ε > 0 podemos encontrar K > 0 tal que para todo n > K
vale a desigualdade |un − a| < ε.
Solução: Devemos mostrar que, dado ε > 0 podemos encontrar K > 0 tal que para todo
n > K vale a desigualdade |un − a| < ε. Agora,
n n − n − 13 13
|un − 1| =
− 1 = = < ε.
n + 13 n + 13 n + 13
172
De modo que podemos escrever
13 13 − 13ε
<ε ⇒ 13 < nε + 13ε ⇒ < n.
n + 13 ε
Consequentemente, podemos tomar K = 13−13ε ε
e a Denição 5.2.4 estará satisfeita.
Comparando os dados do Exemplo 5.2.2 com a Denição 5.2.4 concluímos que ε = 0, 2
representa a diferença entre o crescimento almejado e o crescimento total dos suínos. Por
outro lado, K é o número mínimo de dias que os suínos devem permanecer em tratamento
para atingir, pelo menos, 80% de seu crescimento total.
EXEMPLO Determine o número mínimo de dias que um lote de suínos, cujo crescimento
5.2.6
DEFINIÇÃO 5.2.8 Seja un uma sequência. Dizemos que un é convergente se, e somente se,
lim un = L para algum L ∈ R.
n→∞
173
|a − b| = |a − un + un − b| = |−(un − a) − (un − b)|
≤ |un − a| + |un − b| < 2ε + 2ε = ε.
Como a e b são constantes, teremos |a − b| < ε para todo ε > 0 se, e somente se
|a − b| = 0, isto é, se a = b. Logo, o limite de un , se existe, é único.
5.3 Subsequências
D EFINIÇÃO 5.3.1 Seja un : N∗ → R uma sequência. Seja N ′ = {n1 < n2 < n3 < · · · <
nk < · · · } um subconjunto innito de N∗ , então unk = un N ′ : N∗ → R é dita uma subse-
quência de un .
EXEMPLO 5.3.2 Seja un : N∗ → R uma sequência dada por un = n12 . Seja N ′ = {1, 3, 5, 7, · · · } ⊂
N∗ . Então a sequência unk : N ′ → R é uma subsequência de un . Os termos da sequência são
{1, 14 , 91 , 16 , 25 , 36 , 49 , · · · } e os termos da subsequência são {1, 91 , 25
1 1 1 1 1 1
, 49 , · · · }.
T EOREMA 5.3.3 Se uma sequência converge para L, então todas suas subsequências tam-
bém convergem para L.
174
5.5 Sequências Numéricas Monótonas
DEFINIÇÃO 5.5.2 Seja un uma sequência de valores reais. Então un é denominada monó-
tona se pertencer a um dos tipos descritos na Denição 5.5.1.
Solução: Devemos mostrar que un pertence a um dos tipos descritos na Denição 5.5.1.
Temos que un = nn+1
2 +2 e un+1 = (n+1)2 +2 = n2 +2n+3 . Vericaremos se un+1 ≤ un
(n+1)+1 n+2
n+2 n+1
≤
n2+ 2n + 3 n2 + 2
2
⇔ (n + 2)(n + 2) ≤ (n + 1)(n2 + 2n + 3)
⇔ n3 + 2n2 + 2n + 4 ≤ n3 + 3n2 + 5n + 3
⇔1 ≤ n2 + 3n.
DEFINIÇÃO Seja un uma sequência numérica que possui limitantes inferiores e supe-
5.5.6
OBSERVAÇÃO Note que uma sequência, para ser limitada, não precisa ter limite. Por
5.5.7
(i) lim c = c;
n→∞
175
(ii) lim cun = ca;
n→∞
(vi) lim c
k = 0, se k é uma constante positiva.
n→∞ n
à soma de todos os innitos termos dessa sequência, ou seja, uma série é uma expressão da
forma
∞
∑
un = u 1 + u 2 + u3 + · · · + u k + · · · .
n=1
A sequência un , cujos innitos termos são somados, é chamada de termo geral ou n−ésimo
termo da série.
Questões pertinentes no estudo de séries são: Como se determina o resultado de uma
soma innita? Toda série possui uma soma nita?
Passaremos a responder tais questões no desenvolvimento do restante deste capítulo. No
entanto, estaremos muito mais preocupados com o fato de determinar se uma série innita
possui ou não uma soma nita do que propriamente encontrar o valor desta soma.
Começaremos com o conceito de somas parciais de uma série.
∞
∑
DEFINIÇÃO 5.6.2 Seja un uma série. A soma dos primeiros k termos desta série, dada
n=1
por
k
∑
Sk = u n = u1 + u 2 + u 3 + · · · + uk
n=1
é denominada soma parcial da série dada.
Note que as somas
S1 = u1
S2 = u1 + u 2 = S 1 + u2
S3 = u1 + u 2 + u 3 = S 2 + u3
···
Sk = Sk−1 + uk
formam uma sequência, chamada de sequência de somas parciais. Se esta sequência
convergir, ou seja, se existir S tal que lim Sk = S, dizemos que a série dada converge para
k→∞
∞
∑
S e denotaremos un = S.
n=1
Se não existir tal S, diremos que a série diverge, signicando que não podemos obter
um valor nito para a soma das innitas parcelas da série.
Para melhor entendimento, vamos considerar e analisar um exemplo.
176
EXEMPLO 5.6.3 Durante o tempo que permanecer na universidade, um estudante da Udesc
deverá receber uma mesada de seu pai, em unidades monetárias, que obdedece à sequência
20000
un = , onde n corresponde ao número da parcela a ser recebida. Pergunta-se
n(n + 1)
(i) Qual o montante que o estudante deverá receber até o nal da faculdade, supondo que ele
conclua o curso em 60 meses?
(ii) No caso do estudante permanecer na universidade indenidamente, como cará o mon-
tante recebido?
Solução: As parcelas mensais recebidas pelo estudante são dadas pela sequência que des-
creve o valor da mesada, que são
10000 5000 2000 10000 2500
10000, , , 1000, , , , ···
3 3 3 21 7
Para responder a primeira pergunta, vamos escrever o problema no formato de uma série
innita, isto é,
∑∞
20000 10000 5000 2000 10000 2500
= 10000 + + + 1000 + + + + ···
n=1
n(n + 1) 3 3 3 21 7
Os primeiros termos das somas parciais desta série são dadas por
S1 = u1 = 10000,
40000
S 2 = S 1 + u2 = ,
3
S3 = S2 + u3 = 15000,
S4 = S3 + u4 = 16000
Agora, precisamos determinar uma expressão para o termo geral desta soma. Para isso,
reescrevemos o termo geral da série usando decomposição em frações parciais, tomando
20000 A B A (n + 1) + Bn A + (A + B)n
= + = =
n(n + 1) n n+1 n(n + 1) n(n + 1)
e obtendo que
{
A = 20000
⇒ A = 20000 e B = −20000.
A+B =0
Desse modo a série dada pode ser reescrita como
∑∞ ∑∞ ( )
20000 20000 20000
= −
n=1
n(n + 1) n=1
n n+1
177
ou seja,
20000k
Sk = .
k+1
O leitor poderá vericar que as somas parciais determinadas anteriormente correspondem
às fornecidas por esta expressão.
Como a solução para a questão (i) do exemplo corresponde à sexagésima soma, temos
que
20000 · 60
S60 = = 19672.
61
Desse modo, após 60 meses, o estudante terá recebido um montante de 19672 unidades
monetárias.
Passaremos agora a responder a segunda questão. Na Figura 5.3 podemos ver o compor-
tamento para o crescimento da soma da série.
Sk
k
Figura 5.3: Estimativa para o crescimento da série
Como vimos acima, a soma de uma série innita é obtida pelo limite da sua sequência de
somas parciais. Assim, denimos o limite de uma série do mesmo modo com que foi denido
o limite de uma sequência.
D ∑
∞
EFINIÇÃO 5.6.5 Seja un uma série cuja sequência de somas parciais é Sk . Dizemos
n=1
∑
∞
que o número S é a soma da série, denotando S = un , se S for o limite de Sk quando k
n=1
tender para o innito, ou seja, se dado ε > 0 pudermos encontrar N0 > 0 tal que, para todo
k > N0 vale a desigualdade |Sk − S| < ε.
178
∑∞ 20000
EXEMPLO 5.6.6 Considere a série obtida no Exemplo 5.6.3, dada por . Mostre
n=1 n(n + 1)
∑∞ 20000
que = 20000.
n=1 n(n + 1)
Solução: Como vimos acima, a sequência de somas parciais da série dada é Sk = 20000k
k+1
.
Devemos então mostrar que lim k+1 = 20000, ou seja, que dado ε > 0 podemos encontrar
20000k
k→∞
N0 > 0 tal que para, se k > N0 então |Sk − 20000| < ε. Como
20000k 20000k − 20000k − 20000 −20000
|Sk − 20000| = − 20000 = =
k+1
k+1 k+1
temos que a desigualdade desejada será válida se
20000 20000 − ε
< ε ⇒ 20000 < kε + ε ⇒ < k.
k+1 ε
20000 − ε
Consequentemente, podemos tomar N0 = e a Denição 5.6.1 estará satisfeita.
ε
Suponhamos que se deseja saber a partir de qual parcela a diferença entre o montante
e o total a receber será menor do que 300 u.m.. Para obter a resposta tomamos ε = 300 e
20000 − 300
obteremos N0 = = 65, 667. Isso signica que em todas as parcelas, a partir da
300
sexagésima sexta, a diferença entre o montante e o limite é menor do que 300 u.m..
Suponhamos que se deseja saber a partir de qual parcela a diferença entre o montante
e o limite é menor do que 200 u.m.. Para obter a resposta tomamos ε = 200 e obteremos
20000 − 200
N0 = = 99. Isso signica que em todas as parcelas, a partir da parcela de
200
número 99, a diferença entre o montante e o limite é menor do que 100 u.m..
∑
∞
DEFINIÇÃO 5.6.8 Seja un uma série e seja Sk a soma parcial dos termos dessa série.
n=1
∑
∞
Dizemos que un é convergente se lim Sk existe. Caso contrário, dizemos que a série é
n=1 k→∞
divergente.
∑
∞
EXEMPLO 5.6.9 A série
20000
n(n+1)
do Exemplo 5.6.3 é convergente pois
n=1
20000k
lim Sk = lim = 20000.
k→∞ n→∞ k + 1
∑∞ 2n
EXEMPLO 5.6.10 Determine se a série
n−1
é convergente ou divergente.
n=1 5
Solução: Devemos vericar se a sequência de somas parciais desta série tem limite. Todas
as séries que apresentam esse modelo (séries geométricas) podem ser resolvidas conforme o
modelo que segue.
(i) Escrevemos a soma dos k primeiros termos:
2 2 23 24 2k
Sk = 2 + + 2 + 3 + · · · + k−1
5 5 5 5
179
2
(ii) Multiplicamos Sk por 5
2 22 23 24 2k 2k+1
Sk = + 2 + 3 + · · · + k−1 + k
5 5 5 5 5 5
(iii) Tomamos a diferença entre os resultados de (i) e (ii), obtendo
( ) ( )
2 22 2 3 2k 22 23 2k 2k+1
Sk − Sk = 2+ + 2 + · · · + k−1 − + 2 + · · · + k−1 + k
5 5 5 5 5 5 5 5
ou seja,
3 2k+1
Sk = 2 − k
5 5
ou ainda,
( )k
10 5 2k+1 10 10 2
Sk = − k
= −
3 3 5 3 3 5
2
e como < 1, temos que a
5
( )k
10 10 2 10
S = lim Sk = lim − = .
k→∞ k→∞ 3 3 5 3
∑∞ 2n 10
Consequentemente, a série
n−1
converge para .
n=1 5 3
∞
∑ −4
EXEMPLO 5.6.11 Encontre o termo geral da sequência de somas parciais da série .
n=1
(2n + 3)(2n − 1)
A seguir, determine se a série converge ou diverge, obtendo o valor de sua soma, se possível.
∞
∑ −4 1 1
Solução: Note que = − , assim temos que
n=1
(2n + 3)(2n − 1) 2n + 3 2n − 1
∞
∑ ∑ ∞ ( )
−4 1 1
= − .
n=1
(2n + 3)(2n − 1) n=1 2n + 3 2n − 1
k (
∑ )
1 1
Sk = −
n=1
2n + 3 2n − 1
( ) ( ) ( ) ( )
1 1 1 1 1 1 1
= −1 + − + − + − + ··· +
5 7 3 9 5 11 7
( ) ( ) ( )
1 1 1 1 1 1
+··· + − + − + −
2k − 1 2k − 5 2k + 1 2k − 3 2k + 3 2k − 1
1 1 1
= −1 − + +
3 2k + 1 2k + 3
4 1
Portanto, o termo geral da sequência de somas parciais da série dada é Sk = − + +
3 2k + 1
1
.
2k + 3
180
Por denição a série converge se lim Sk existe e a soma da série é o valor do limite.
k→∞
Como ( )
4 1 1 4
lim Sk = lim − + + =− .
k→∞ k→∞ 3 2k + 1 2k + 3 3
A série dada converge e sua soma é S = − 43 .
Observações:
1. Uma das propriedades das séries innitas é que a convergência ou divergência não
é afetada se subtrairmos ou adicionarmos um número nito de termos a elas. Por
exemplo, se no Exemplo 5.6.3 o estudante só começasse a receber a primeira parcela
∑∞
20000
após 5 meses, a série seria escrita com n = 6 no primeiro termo, ou seja, ,
n=6
n(n + 1)
e a soma seria S = 20000 − S5 . Se por outro lado, o seu pai decidisse nos primeiros 10
meses dar uma mesada xa de 2000u.m. por mês e iniciar o pagamento com n = 1 no
20000k
décimo primeiro mês, a soma seria S = 2000(10) + lim . Em ambos os casos a
k→∞ k + 1
série continuará convergente.
∑
∞ ∑
∞ ∑
∞
2. Se a série un é convergente e a série yn é divergente, então a série (un + yn ) é
n=1 n=1 n=1
∑
∞ ∑
∞ ∑
∞
divergente. No entanto, se as séries un e yn são divergentes, a série (un + yn )
n=1 n=1 n=1
pode ser convergente ou divergente.
∑
∞
3. Se un é uma série convergente de termos positivos, seus termos podem ser reagru-
n=1
pados de qualquer modo e a série resultante também será convergente e terá a mesma
soma que a série dada.
T ∑
∞
EOREMA 5.6.12 Seja un uma série e α ∈ N∗ . Se a série
n=1
∞
∑
un = uα + uα+1 + uα+2 + · · ·
n=α
∞
∑
u n = u1 + u 2 + u 3 + · · · + u k + · · ·
n=1
∑
∞
DEMONSTRAÇÃO: Supondo que a série un é convergente, temos que ela possui uma soma.
n=α
Seja Sk−α o termo geral da sequência de suas somas parciais, tal que S = lim Sk−α e seja
k→∞
∑
∞
Sα = u1 + u2 + u3 + · · · + uα . Desse modo, o termo geral da soma parcial da série un será
n=1
Sk = Sα + Sk−α e, portanto, lim Sk = lim Sα + lim Sk−α , donde segue que lim Sk = Sα + S.
k→∞ k→∞ k→∞ k→∞
∑
∞
Consequentemente, un é convergente.
n=1
181
Propriedades
Sejam
∞
∑
u n = u1 + u 2 + u 3 + · · · + u k + · · ·
n=1
e ∞
∑
yn = y1 + y2 + y3 + · · · + yk + · · ·
n=1
duas séries que convergem para S e S ′ , respectivamente, então são válidas as seguintes
propriedades.
∑
∞ ∑
∞ ∑
∞
(i) kun = k un para todo k ∈ R, ou seja, a série kun converge para kS.
n=1 n=1 n=1
∑
∞ ∑
∞ ∑
∞ ∑
∞
(ii) (un ± yn ) = un ± yn , ou seja, a série (un ± yn ) converge para S + S ′ .
n=1 n=1 n=1 n=1
Não existe uma regra geral para vericar se uma série é convergente ou não. Como veremos
nos próximos itens, há critérios que dão respostas a tipos particulares de séries. Porém,
vericando se uma série não possui a condição necessária para convergência, saberemos que
ela não é convergente. Essa condição, é dada pelo teorema abaixo.
T ∑
∞
EOREMA 5.7.1 Se un é uma série convergente, então lim un = 0.
n=1 n→∞
∑
∞
DEMONSTRAÇÃO: Suponhamos que a série un converge para S, então podemos armar
n=1
que lim Sk = S, de modo que, pela Denição 5.6.8, dado ε > 0 podemos encontrar N0 > 0
k→∞
tal que para todo k > N0 vale a desigualdade |Sk − S| < 2ε e |Sk−1 − S| < 2ε . Como
Sk = Sk−1 + uk , temos que uk = Sk − Sk−1 e assim,
C ∑ ∑
∞ ∞
OROLÁRIO 5.7.2 Seja un uma série tal que lim un ̸= 0, então un é divergente.
n=1 n→∞ n=1
∑
∞
2n+2 2n+2 2
EXEMPLO 5.7.3 A série é divergente já que lim un = lim = ̸= 0.
3n+5 n→∞ n→∞ 3n+5 3
n=1
182
∑
∞
EXEMPLO 5.7.4 A série 1
n
é tal que lim un = lim
n→∞
1
n→∞ n
= 0, isto é, possui a condição
n=1
necessária para convergência. No entanto, não podemos, sem aplicar outros testes de con-
vergência, armar se ela é convergente ou divergente.
O BSERVAÇÃO 5.7.5 Portanto quem atentos, se o lim un ̸= 0 prova-se que a série é diver-
n→∞
gente. Mas, se lim un = 0 a série pode convergir ou divergir, para isso necessitamos estudar
n→∞
critérios para fazer tal vericação.
Veremos, na sequência, alguns resultados que permitem vericar se uma série é conver-
gente ou divergente
D ∑∞ 1
EFINIÇÃO 5.8.2 A série é denominada série harmônica.
n=1 n
A série harmônica é uma das séries mais importantes da matemática. Seu nome surge
em conexão com os sons harmônicos produzidos pela vibração de uma corda musical.
A série harmônica, embora possua a condição necessária para convergência, é uma série
divergente. A divergência da série harmônica não é trivial. Sua lenta divergência se tornará
evidente quando examinarmos suas somas parciais com maior detalhe. Na verdade, vamos
mostrar que a sequência de somas parciais Sn da série harmônica não converge, pois admite
subsequências divergentes. Para isso, vamos considerar as somas S2 , S4 , S8 , S16 , S32 , · · · cujos
índices são sempre potências de 2, formando a subsequência S2n de Sn . Temos que
1 1 1 2
S21 = S2 = 1 + > + =
2 2 2 2( )
1 1 1 1 1 3
S22 = S4 = S2 + + > S 2 + + = S2 + >
3 4 4 4 2 2
( )
1 1 1 1 1 1 1 1 1 4
S23 = S8 = S 4 + + + + > S4 + + + + = S4 + >
5 6 7 8 8 8 8 8 2 2
1 1 1 1 1 1 1 1
S24 = S16 = S8 + + + + + + + +
(9 10 11 12 13 14 15 16 )
1 1 1 1 1 1 1 1 1 5
> S8 + + + + + + + + = S8 + >
16 16 16 16 16 16 16 16 2 2
n+1
e assim sucessivamente, de forma que podemos intuir que S2n > para todo n ∈ N∗ .
2
Desta forma, temos que
n+1
lim S2n ≥ lim = ∞,
n→∞ n→∞ 2
o que nos diz que S2n é uma subsequência divergente de Sn . Com isso, temos que Sn também
diverge, pois do contrário iríamos contrariar o Teorema 5.3.3. Como a sequência de somas
parciais da série harmônica diverge, concluímos que a própria série harmônica diverge.
Vejamos algumas somas parciais da série harmônica, obtidas com auxílio do MAPLE 6,
que nos mostra a forma lenta com a qual a soma da série tende ao innito.
S10 = 2, 9289 S100 = 5, 1873 S1000 = 7, 485
Sum milhão = 14, 392 Sum bilhão = 21, 300 Sum trlhão = 28, 208.
183
5.8.3 Série geométrica
∑
∞
DEFINIÇÃO 5.8.4 Denominamos série geométrica à toda série da forma a1 q n−1 , onde q
n=1
é denominada razão.
∞
∑
a1 q n−1 = a1 + a1 q + aq 2 + · · · + a1 q n−1 + · · ·
n=1
Sn = a1 + a1 q + aq 2 + · · · + a1 q n−1 .
qSn = a1 q + a1 q 2 + a1 q 3 + · · · + a1 q n
(q − 1)Sn = a1 q n − a1 = a1 (q n − 1),
a1 (q n − 1)
Sn = .
(q − 1)
Para estudar a convergência dessa série devemos considerar três casos:
a1 (q n − 1)
(I) Se q=1 então lim Sn = lim =∞ e a série é divergente. Se q = −1 então
n→∞ n→∞ (q − 1)
Sn tem dois valores para o limite e, portanto, a série é divergente.
a1 (q n − 1)
(II) Se |q| > 1 então lim Sn = lim =∞ e a série é divergente.
n→∞ n→∞ (q − 1)
a1 (q n − 1) a1 q n −a1 −a1
(III) Se |q| < 1 então lim Sn = lim = lim + lim = e a
n→∞ n→∞ (q − 1) n→∞ q − 1 (q − 1) (q − 1)
série é convergente.
184
5.9 Critérios de Convergência de Séries
Quando conhecemos o termo geral da soma de uma série, é fácil fazer a vericação da
convergência. Podemos vericar se uma série converge usando critérios para convergência
que passaremos a estudar a seguir.
A demonstração deste teorema poderá ser estudada em qualquer um dos livros constantes
na bibliograa.
EXEMPLO 5.9.3 Verique as hipóteses do teste da integral e utilize-o, se possível, para analisar
∞
∑
a convergência da série ne−n .
n=1
Solução: Considere a função f (x) = xe−x , obviamente f (x) é contínua e positiva para
x ≥ 1. Falta vericar que é decrescente. Usando o teste da primeira derivada temos que
f ′ (x) = e−x (1 − x) e f ′ (x) < 0 para todo x > 1, em x = 1 função apresenta um máximo
local, então f (x) é decrescente para todo x ≥ 1. Como as hipóteses do teste da integral estão
∞
∑
vericadas podemos utilizá-lo para estudar a convergência da série ne−n .
n=1
∞
∑ ∫ ∞
O teste da integral arma que a série ne −n
converge se, a integral I = xe−x dx
n=1 1
converge e a série diverge se a integral divergir.
Assim,
∫ ∞ ∫ b
−x
I = xe dx = lim xe−x dx
1 b→+∞ 1
b ∫
b
= lim −xe−x + e−x dx
b→+∞ 1
1
( )
( −b −1 −b −1
) 2 b 1 2
= lim −be + e − e + e = + lim − b − b = .
b→+∞ e b→+∞ e e e
∞
∑
Como a integral imprópria converge, pelo teste da integral a série ne−n também converge.
n=1
185
Vamos utilizar o Teorema 5.9.2 para estudar a convergência da série p.
∑∞ 1 1 1 1 1
EXEMPLO 5.9.6 Estude a convergência da série p
= 1+ p + p + p +···+ p +··· .
n=1 n 2 3 4 n
1
Solução: Considerando f (x) = , temos que f é positiva, contínua e decrescente, satis-
xp
fazendo todas as condições do Teorema 5.9.2, de modo que podemos tomar a integral
∫ ∞ ∫ n
1 1
dx = lim dx.
1 xp n→∞ 1 xp
Temos três casos a considerar:
∫ ∫ n
∞
1 n
1
dx = lim dx = lim ln x = lim (ln n − ln 1) = ∞.
1 x n→∞ 1 x n→∞ n→∞
1
∑
∞ 1 ∑∞ 1
Consequentemente, quando p=1, a série
p
= é divergente. Note que neste
n=1 n n=1 n
caso, temos a série harmônica.
∫ ∫ n ( 1−p )
∞
1 n
1 x1−p n 1
dx = lim dx = lim = lim − = ∞.
1 xp n→∞ 1 xp n→∞ 1 − p n→∞ 1−p 1−p
1
∑
∞ 1
Consequentemente, se p<1, a série p
é divergente.
n=1 n
∫ ∫ n ( 1−p )
∞
1 n
1 x1−p n 1 −1
dx = lim dx = lim = lim − = .
1 xp n→∞ 1 xp n→∞ 1 − p n→∞ 1−p 1−p 1−p
1
∑
∞ 1
Consequentemente, se p>1 a série p
é convergente.
n=1 n
∑∞ 1 1
(b) √ divergente, pois é uma série-p com p= 2
< 1.
n=1 n
186
5.9.8 Critério da comparação
∑
∞ ∑
∞
TEOREMA 5.9.9 Seja un uma série e seja yn uma série cuja convergência queremos
n=1 n=1
estudar, então:
∑
∞ ∑
∞
(i) Se un for uma série convergente e 0 ≤ y n ≤ un para todo n, então a série yn é
n=1 n=1
convergente.
∑
∞ ∑
∞
(ii) Se un for uma série divergente e yn ≥ un ≥ 0 para todo n, então a série yn é
n=1 n=1
divergente.
∑
∞ ∑
∞
DEMONSTRAÇÃO: (i) Sejam un uma série convergente e yn uma série tal que 0 ≤ yn ≤
n=1 n=1
∑
∞
un para todo n. Como un é uma série convergente, a sequência de suas somas parciais Sn
n=1
tem limite L, de modo que u1 + u2 + u3 + · · · + uk + · · · < L. Como 0 ≤ yn ≤ un para todo
n, segue que
0 ≤ y1 + y2 + y3 + · · · + yk + · · · ≤ u1 + u2 + u3 + · · · + uk + · · · < L.
∑
∞
Consequentemente, a sequência de somas parciais de yn é limitada e, além disso,
n=1
∑
∞
monótona. Logo, pelo Teorema 5.5.8 é convergente e, assim, a série yn é convergente.
n=1
∑
∞ ∑
∞
(ii) Sejam un uma série divergente e yn ≥ u n ≥ 0 para todo n. Como un é uma
n=1 n=1
série divergente a sua sequência de somas parciais Sn não tem limite, de modo que dado um
número L > 0, existe K > 0 tal que u1 + u2 + u3 + · · · + uk + · · · > L para todo n > K.
Como yn ≥ un para todo n, segue que
y1 + y2 + y3 + · · · + yk + · · · ≥ u1 + u2 + u3 + · · · + uk + · · · > L.
Solução: Conforme o Teorema 5.9.9, devemos encontrar uma série que sabemos ser conver-
gente ou divergente e fazer a comparação do termo geral dessa série com a série em estudo.
Um procedimento usado para encontrar um termo geral adequado é majorar o termo geral
da série proposta. Vamos descrever o processo.
n n n 1
< 3 < 3 = .
n3 + n2 +n+1 2
n +n +n n +n 2 n(n + 1)
187
∑∞ 20000
No Exemplo 5.6.3, vimos que a série é convergente. Como podemos escrever
n=1 n(n + 1)
∑∞ 20000 ∑∞ 1 ∑∞ 1
= 20000 , segue (pela propriedade i), que também é
n=1 n(n + 1) n=1 n(n + 1) n=1 n(n + 1)
convergente.
n 1
(ii) Vamos vericar que, de fato, ≤ para todo n ∈ N∗ .
n3 + n2+n+1 n(n + 1)
n 1
≤
n3 n2
+ +n+1 n(n + 1)
⇔ n2 (n + 1) ≤ n3 + n2 + n + 1
⇔ n3 + n2 ≤ n3 + n2 + n + 1
⇔ 0 ≤ n+1
∑
∞ n
que é válido para todo n. Logo, pelo Teorema 5.9.9, a série é convergente.
n=1 n3 + n2+n+1
∑
∞
(ii) A série un diverge se L > 1;
n=1
188
Note que u n q + un q 2 + u n q 3 + · · · é uma série geométrica, com razão |q| < 1 e, portanto,
∑
∞
convergente. Assim, pelo Teorema 5.9.9, a série un converge se L < 1.
n=1
un+1
Por outro lado, suponhamos que lim = L > 1, então obteremos un+1 > un para todo
n→∞ un
n e, desse modo, lim un ̸= 0. Consequentemente, a série não possui a condição necessária
n→∞
∑
∞
para convergência. Logo, a série un diverge se L > 1.
n=1
un+1
A parte (iii) do Critério de D'Alambert diz que, se lim = 1, então este critério
n→∞ un
∑∞ ∞
∑
1 1
é inconclusivo. Observe isso considerando os exemplos: e . Para ambas
n=1
n2 n=1
n
un+1
lim = 1, porém a primeira é uma série p, com p = 2, convergente e a segunda é
n→∞ un
a série harmônica que sabemos ser divergente.
∞
∑ 2n
.
n=1
n
2n 2n+1
Solução: Temos que un = e un+1 = . Logo,
n n+1
un+1 n2n+1 n2n 2 2n
= n = n =
un 2 (n + 1) 2 (n + 1) (n + 1)
un+1 2n
L = lim = lim = 2 > 1.
n→∞ un n→∞ (n + 1)
∑∞ 2n
Consequentemente, a série é divergente.
n=1 n
∑∞ 1
EXEMPLO 5.9.14 Estude a convergência da série .
n=1 n!
1 1
Solução: Temos que un = e un+1 = e então
n! (n + 1)!
un+1 n! 1
L = lim = lim = lim = 0 < 1,
n→∞ un n→∞ (n + 1)! n→∞ n + 1
∑∞ 1
portanto a série converge, pela critério de D'Alembert.
n=1 n!
∑
∞ √
TEOREMA 5.9.16 Seja un uma série tal que un > 0 para todo n e lim n un = L.
n=1 n→∞
Então
189
∑
∞
(i) A série un converge se L < 1;
n=1
∑
∞
(ii) A série un diverge se L > 1;
n=1
√ √( )n
n n
Solução: Temos que n un = n
2n+5
= 2n+5
e aplicando o critério de Cauchy, obtemos
que
√ n 1
L = lim n un = lim = < 1,
n→∞ n→∞ 2n + 5 2
( ) n
∑∞ n
e concluímos que a série é convergente.
n=1 2n + 5
∑∞ 52n
EXEMPLO 5.9.18 Estude a convergência da série 3n+1
.
n=1 2
DEFINIÇÃO 5.10.1 Seja un > 0 para todo n ∈ N∗ . Denominamos série alternada à série
da forma
∞
∑
(−1)n−1 un = u1 − u2 + u3 − u4 + · · · + (−1)n−1 un + · · ·
n=1
ou ∞
∑
(−1)n un = −u1 + u2 − u3 + · · · + (−1)n un + · · ·
n=1
∑
∞ 1 1 1 1 1
EXEMPLO 5.10.2 A série (−1)n−1 p
= 1 − p + p − p + · · · + (−1)n−1 p + · · · é um
n=1 n 2 3 4 n
exemplo de série alternada.
190
5.10.3 Convergência de uma série alternada
Infelizmente todos os critérios de convegência vistos até o momento não são válidos para
séries alternadas, pois eles exigiam que os termos da série fossem todos positivos. A seguir,
passaremos a ver alguns resultados que são válidos para séries de termos positivos e negativos.
TEOREMA 5.10.4 (Teorema de Leibnitz) Considere uma série alternada
∞
∑
(−1)n−1 un = u1 − u2 + u3 − u4 + · · · + (−1)n−1 un + · · ·
n=1
tal que
(i) u1 > u2 > u3 > u4 > · · · (ii) lim un = 0.
n→∞
Então são válidas as seguintes conclusões:
(a) A série alternada é convergente.
(b) A soma parcial Sn da série alternada é tal que 0 < Sn < u1 .
DEMONSTRAÇÃO: (a) Consideremos a soma dos 2n primeiros termos da série alternada.
Suponhamos que os termos de ordem ímpar da série são positivos e os de ordem par são
negativos. Se, por acaso o primeiro termo for negativo, iniciaremos a contagem em u2 , pois
a retirada de um número nito de termos não afeta a convergência da série. Desse modo, o
termo u2n−1 é positivo e o termo u2n é negativo. Assim, pela condição (i) temos que
(u1 − u2 ) > 0, (u3 − u4 ) > 0, · · · (un − un+1 ) > 0, · · · (u2n−1 − u2n ) > 0
de modo que
S 2 = u1 − u2 > 0 S4 = S2 + (u3 − u4 ) > S2 S6 = S4 + (u5 − u6 ) > S4
Consequentemente as somas de ordem ímpar tem a mesma soma dos termos de ordem
par. Finalmente, mostraremos que lim Sn = S.
n→∞
Como lim S2n = S, dado ε > 0 podemos encontrar K1 > 0 tal que |S2n − S| < ε sempre
n→∞
que 2n > K1 .
191
Como lim S2n+1 = S, dado ε > 0 podemos encontrar K2 > 0 tal que |S2n − S| < ε
n→∞
sempre que 2n + 1 > K2 .
Tomando K = max {K1 , K2 } , para todo n > K vale a desigualdade |Sn − S| < ε. Logo,
∑
∞
lim Sn = S e a série (−1)n−1 un é convergente.
n→∞ n=1
∞
∑ n+2
(−1)n−1 .
n=1
n (n + 1)
Solução: Vamos vericar se un satisfaz todas condições do Teorema 5.10.4. O termo geral
n+2
da série é un = > 0 para todo n ∈ N∗ . Agora, vamos vericar se un > un+1 para
n (n + 1)
todo n natural. Temos que
n+2 n+3
>
n (n + 1) (n + 1) (n + 2)
⇔ (n + 2) (n + 1) (n + 2) > n (n + 1) (n + 3)
⇔ n3 + 5n2 + 8n + 4 > n3 + 4n2 + 3n
⇔ 4n2 + 8n > −1,
que é verdadeiro para todo n natural. Assim, a primeira condição do Teorema 5.10.4 está
satisfeita. Ainda,
n+2
lim un = lim = 0.
n→∞ n→∞ n (n + 1)
e então todas as exigências do Teorema 5.10.4 estão satisfeitas. Podemos concluir então que
a série ∞ ∑ n+2
(−1)n−1
n=1
n (n + 1)
é convergente.
DEFINIÇÃO 5.11.1 Denominamos série de termos de sinais quaisquer à toda série formada
por termos positivos e negativos.
As séries alternadas são casos particulares das séries de termos de sinais quaisquer.
∑
∞ √ √ √ √
EXEMPLO 5.11.2 A série sin( nπ
6
) = 12 + 2
3
+1+ 2
3
+ 21 + 0 − 21 − 2
3
−1− 2
3
− 21 + 0 + · · ·
n=1
é um exemplo de série de termos de sinais quaisquer.
Veremos na sequência um teorema que permite vericar se uma série de termos de sinais
quaisquer é convergente.
T ∑ ∑
∞ ∞
EOREMA 5.11.3 Seja un uma série de termos de sinais quaisquer. Se a série |un |
n=1 n=1
∑
∞
for uma série convergente então a série un também será convergente.
n=1
192
∑
∞
No entanto, se a série |un | for divergente, nada poderemos armar sobre a convergência
n=1
∑
∞
da série de sinais quaisquer un .
n=1
∑∞ (−1)n−1 n + 2
EXEMPLO 5.11.4 Vimos no Exemplo 5.10.5 que a série é convergente.
n=1 n (n + 1)
∑∞ (−1)n−1 n + 2
∑∞ n+2
Porém, a série = não é convergente. O leitor pode vericar
n=1 n (n + 1) n=1 n (n + 1)
essa armação usando o critério da comparação.
∑∞ (−1)n−1
EXEMPLO 5.11.5 Usando o Teorema 5.11.3, estude a convergência da série .
n=1 n3
∞
∑
(−1)n−1 ∑
∞
Solução: Temos que n3 = 1
n3
. Como podemos observar, esta é uma série p com
n=1 n=1
∑
∞
(−1)n−1
p = 3 > 1 e, portanto, convergente. Logo, n3
é convergente. A convergência desta
n=1
série também pode ser estudada pelo teorema de Leibnitz.
∑∞ sin(nx) + 3 cos2 (n)
EXEMPLO 5.11.6 Usando o Teorema 5.11.3 estude a convergência da série .
n=1 n2
Solução: Temos que
∞
∑ ∞
sin(nx) + 3 cos2 (n) ∑ |sin(nx) + 3 cos2 (n)|
=
n2 n2
n=1 n=1
∑
∞
para todo n natural. Como 4
n2
é uma série p convergente (p = 2 > 1), temos que a série
n=1
∞
∑
sin(nx) + 3 cos2 (n)
n2
n=1
193
5.12 Séries absolutamente convergente e condicionalmente
convergentes
∑∞
1 1 1 1 1
= 1 + + + + ··· + + ···
n=1
n 2 3 4 n
já mostramos que esta série é divergente. Porém, a série harmônica alternada, dada por
∞
∑ 1 1 1 1 1
(−1)n−1 = 1 − + − + · · · + (−1)n−1 + · · ·
n=1
n 2 3 4 n
∑
∞ 1
é convergente, pelo teorema de Leibnitz. Vamos mostrar que a série (−1)n−1 converge
n=1 n
sob condições, isto é, podemos interferir na sua forma de convergir.
∑
∞ 1
Solução: Para modicar o valor de convergência de (−1)n−1 basta reagrupar os termos
n=1 n
desta série, separando a soma dos termos de ordem ímpar da soma dos termos de ordem par,
conforme segue:
( ) ( )
1 1 1 1 1 1 1
Sn = 1 + + + ··· + + ··· − + + + ··· + + ··· .
3 5 2n − 1 2 4 6 2n
Como o leitor pode observar, podemos escrever
∞
∑ ∑ 1 ∞
1
Sn = −
n=1
2n − 1 n=1 2n
e, cada uma destas sub-somas é divergente. Logo, temos que Sn = ∞ − ∞, isto é, a soma é
indeterminada, signicando que, se escrevermos
∞
∑ 1
(−1)n−1
n=1
n
na forma
∞
∑ ( ) ( )
n−1 1 1 1 1 1 1 1 1
(−1) = 1 + + + ··· + + ··· − + + + ··· + + ···
n=1
n 3 5 2n − 1 2 4 6 2n
nada podemos armar sobre a sua convergência. Isso ocorre porque a série
∞
∑
∞
(−1)n−1 1 ∑ 1
=
n=1
n n=1 n
não converge.
Com base no exemplo anterior, vamos denir séries absolutamente convergente e condi-
cionalmente convergente.
194
∑
∞
DEFINIÇÃO 5.12.2 Seja un uma série de termos de sinais quaisquer, então:
n=1
∑
∞
(i) Se |un | converge, a série é denominada absolutamente convergente.
n=1
∑
∞ ∑
∞ ∑
∞
(ii) Se un converge e |un | diverge, então a série un é denominada condicional-
n=1 n=1 n=1
mente convergente.
1 ∑
∞
EXEMPLO 5.12.3 A série
(−1)n−1 , estudada no Exemplo 5.12.1, é condicionalmente
n=1 n
∑ sin(nx) + 3 cos2 (n)
∞
convergente enquanto que a série , estudada no Exemplo 5.11.6, é
n=1 n2
absolutamente convergente.
∑∞ (−1)n−1 n2
EXEMPLO 5.12.4 Classique a série numérica como absolutamente conver-
n=1 n3 + 4
gente, condicionalmente convergente ou divergente.
∑∞ (−1)n−1 n2 ∑∞ n2
Solução: Temos que , e esta é uma série divergente, pois a
n3 + 4 = 3
n=1 n=1 n + 4
x2 √
função f (x) = 3 é contínua para todo x ̸= 3 −4, em particular para todo x ≥ 1, é
x +4
√ x(8 − x3 )
positiva para todo x ≥ 3 −2, em particular para x ≥ 1, e como f ′ (x) = 3 > 0 para
(x + 4)2
todo x > 2, ou seja, logo a função f (x) é decrescente para todo x ≥ 2, e assim podemos
aplicar o critério da integral, e deste segue que
∫ ∫ b
+∞
x2 b
x2 1
3
dx = lim dx = lim ln(x + 4) = +∞,
2 x3 + 4 b→+∞ 2 x3 + 4 b→+∞ 3
2
195
Aplicando o teste da raiz, temos
√
2n 2
L = lim n
n
= lim = 0.
n→∞ (ln n) n→∞ ln n
∞
∑ 2n
Como L < 1 a série converge. Logo, pelo teste da comparação, a série dada
n=2
(ln n)n
converge absolutamente.
(b) Analisando a convergência absoluta temos
(−1)n 2 2 2
√
4 n3 + 2n = √
4 3
n + 2n
≤ √
4
n3
,
com isso nada podemos concluir, pois a série dada é menor que uma série p divergente.
Porém, observe que
2 2 2
√
4
= 2 1 = 3 2 41
n3 + 2n [n3 (1 + n2
)] 4 n (1 +
4
n2
)
2 1
e 1 ≤ (1 + ) 4 ≤ 3 4 . Logo,
1
n 2
2 2
√
4
≥ √ 3 ,
n3 + 2n 4
3n 4
e, por comparação, a série dada não converge absolutamente.
Analisando a convergência condicional, usando o Teorema de Leibnitz, pois a série dada
2 2
é alternada, temos lim √4 3
= 0 e an = √ 4 3
é decrescente.
n→∞ n + 2n n + 2n
Portanto, a série dada é condicionalmente convergente.
Como no estudo das séries numéricas, estamos interessados na convergência das séries de
funções. Uma série de funções, se for convergente, convergirá para uma função. A imagem
196
de cada valor de x numa série de funções é uma série numérica que pode ser convergente ou
divergente. Por exemplo, para cada valor de x, a série
∞
∑
xn = 1 + x + x 2 + x3 + x4 + · · · + xn + · · ·
n=0
é uma série geométrica e, portanto, converge se |x| < 1 e diverge caso contrário. Já sua soma
1
será a função S (x) = , se |x| < 1. Isso signica que uma série de funções convergente,
1−x
converge para um determinado conjunto de valores de x, denominado domínio ou intervalo
de convergência.
∑
∞
DEFINIÇÃO 5.13.3 Seja un (x) uma série de funções. Denominamos domínio ou inter-
n=0
valo de convergência da série ao conjunto de todos os valores de x para os quais a série é
convergente e denominamos raio de convergência à distância entre o centro e as extremidades
do intervalo convergência.
∑
∞
EXEMPLO 5.13.4 O raio de convergência da série xn é R = 1 e o seu intervalo de con-
n=0
∑
∞ 1
vergência é I = (−1, 1) . Para todo x ∈ (−1, 1) tem-se que xn = .
n=0 1−x
∑∞ cos(x) + sin(x)
EXEMPLO 5.13.5 Determine o intervalo e o raio de convergência da série .
n=1 n4 + n
Solução: Analisando a convergência absoluta da série, temos que
cos(x) + sin(x) |cos(x) + sin(x)| |cos(x)| + |sin(x)| 2 2
= ≤ ≤ 4 ≤ 4
4
n +n 4
n +n 4
n +n n +n n
∑∞ 2
e como 4
é uma p-série convergente, concluímos, por comparação, que a série dada é
n=1 n
∑∞ cos(x) + sin(x)
absolutamente convergente. Ou seja, a série converge para todo valor
n=1 n4 + n
real de x. Assim, o intervalo de convergência desta série é R e seu raio de convergência é
innito.
As séries de potências são as séries de funções que aparecem com mais frequência nos
problemas de matemática e engenharia, pois são úteis na integração de funções que não
possuem antiderivadas elementares, na resolução de equações diferenciais e também para
aproximar funções por polinômios (cientistas fazem isso para simplicar expresões complexas,
programadores fazem isso para representar funções em calculadoras e computadores). Em
vista disso, vamos dar atenção especial ao estudo das Séries de Potências.
DEFINIÇÃO 5.14.1 Uma série de potências é uma série cujos termos envolvem apenas
potências de x multiplicadas por coecientes constantes cn , ou seja, uma série de potências
é escrita na forma
∞
∑
cn xn = c0 + c1 x + c2 x2 + c3 x3 + · · · + cn xn + · · · .
n=0
197
∑
∞
EXEMPLO 5.14.2 A série xn do Exemplo 5.13.4 é uma série de potências onde todos os
n=0
∑∞ cos(x) + sin(x)
coecientes cn são iguais a 1. Já a série do Exemplo 5.13.5 não é uma
n=1 n4 + n
série de potências, pois seus termos não envolvem apenas potências de x.
OBSERVAÇÃO 5.14.3 Para que os resultados anteriores possam ser usados sem mudanças nas
notações, vamos admitir que un (x) = cn xn para o caso das séries de potências.
Utilizam-se os critérios
de D 'Alambert ou de Cauchy para a convergência absoluta,
u (√ )
tomando lim n+1 ou lim n |un | onde un = cn xn . Caso o limite exista vale a
n→∞ un n→∞
condição dos critério usado. Em qualquer caso teremos que
un+1 cn+1 xn+1
lim = lim = |x| L
n→∞ un n→∞ cn xn
onde
cn+1
L = lim .
n→∞ cn
Desse modo, o raio e o intervalo de convergência serão obtidos resolvendo a inequação
|x| L < 1, que nos dá |x| < L1 , ou seja, o raio de convergência é
1
R= .
L
O BSERVAÇÃO 5.14.5Como o critério de D 'Alambert é inconclusivo quando o limite da razão
é igual a 1, nada podemos armar se |x| L = 1. Assim, devemos vericar se a série con-
1 1
verge para x = e x = − . Feita esta vericação, pode-se estabelecer o intervalo de
L L
convergência.
∞
∑ 3 n xn
EXEMPLO 5.14.6 Determine o intervalo e o raio de convergência da série .
n=0
5n (1 + n2 )
5
• Se x= temos a série
3
∞ ( )n ∞ ∞
∑ 3n 35 ∑ 3n 5n ∑ 1
2
= 2
= .
n=0
n n
5 (1 + n ) n=0 5 (1 + n ) 3 n
n=0
(1 + n2 )
∑
∞ 1 ∑∞ 1
2
≤ 1 + 2
.
n=0 (1 + n ) n=1 n
∑
∞ 3 n xn 5
Conclusão: O raio de convergência da série
n 2
é R= e o seu intervalo
n=0 5 (1 + n ) 3
5 5
de convergência é − ≤x≤ .
3 3
∑
∞
EXEMPLO 5.14.7 Determinar o intervalo e o raio de convergência da série n!xn .
n=0
Assim, a série dada converge apenas quando x = 0. Portanto, o seu intervalo de con-
n=0
∑∞ 2 (x − 5) n ∑∞ 2z n
2
= 2
.
n=0 n + 3 n=0 n + 3
199
2z n+1
un+1 2 (n2 + 3) 2z n+1
(n + 1) + 3
lim = lim = lim ( )
n→∞ un n→∞ 2z n n→∞ (n + 1)2 + 3 2z n
n2 + 3
(n2 + 3) |z| n2 + 3
= lim 2 = |z| lim 2 = |z|
n→∞ (n + 2n + 4) n→∞ n + 2n + 4
2
≤ + .
n=0 (n + 3) 3 n=1 n2
2z n ∑
∞
Conclusão: O raio de convergência da série 2
é R = 1 e o seu intervalo de
n=0 n + 3
convergência é −1 ≤ z ≤ 1. Substituindo z por x − 5, obtemos
4 ≤ x ≤ 6,
∑∞ 2 (x − 5) n
que é o intervalo de convergência da série 2
.
n=0 n + 3
1
e eliminando os parênteses, obtemos que Sn (x) = −x + x 2n+1 . Assim,
200
( ) {
1 1 − x, se x ̸= 0
S(x) = lim Sn (x) = lim −x + x 2n+1 =
n→∞ n→∞ 0, se x = 0.
Portanto, lim Sn (x) existe para todo x ∈ R e a série de funções dada é convergente.
n→∞
Note que a soma desta série é uma função descontínua em x = 0, enquanto que cada um
de seus termos era contínuo. Observe ainda que a série em questão não é uma série de
potências.
No Cálculo 1, vimos que a derivada de uma soma nita de funções é igual à soma das
derivadas. No entanto, se tivermos uma quantidade innita de funções, essa propriedade
pode deixar de ser válida. Da mesma forma, a derivada de uma série de funções convergente
pode ser divergente. Vejamos um exemplo:
∑∞ sin(n4 x)
EXEMPLO 5.14.14 Considere a série . Mostre que esta é uma série convergente e
n=1 n2
que a série de suas derivadas é divergente.
Solução: Como |sin(n4 x)| ≤ 1 para todo n natural e todo x real, segue que
sin(n4 x) |sin(n4 x)| 1
n2 = n2
≤
n2
e por comparação com uma p-série convergente (p = 2), podemos concluir que a série dada é
absolutamente convergente. Ainda, esta série converge para todo valor real de x. Seja S(x)
a soma desta série, ou seja,
∑∞ sin(n4 x) sin x sin(24 x) sin(34 x) sin(44 x) sin(n4 x)
S(x) = = + + + + · · · + + ···
n=1 n2 12 22 32 42 n2
derivando termo a termo esta soma, temos que
cos x 24 cos(24 x) 34 cos(34 x) 44 cos(44 x) n4 cos(n4 x)
S ′ (x) = + + + + · · · + + ···
12 2 2 3 2 4 2 n2
= cos x + 22 cos(24 x) + 32 cos(34 x) + 42 cos(44 x) + · · · + n2 cos(n4 x) + · · ·
e aplicando em x = 0, obtemos
S ′ (0) = cos 0 + 22 cos 0 + 32 cos 0 + 42 cos 0 + · · · + n2 cos 0 + · · ·
= 1 2 + 22 + 3 2 + 4 2 + · · · + n 2 + · · ·
que é uma sequência de somas divergente. Assim, a série de funções converge para x = 0,
enquanto que a derivada desta série diverge em x = 0. Observe que a série em questão não
é uma série de potências.
Da mesma forma que na derivada, a integração de uma série de funções também exige
cuidados. Enquanto que a integral de uma soma nita de funções é igual a soma das integrais,
o mesmo pode não ser válido para uma quantidade innita de funções.
No entanto isto não ocorrerá quando se tratar de séries de potências, ou seja, quando
uma série de potências for convergente pode-se efetuar a derivação e a integração termo a
termo que as novas séries obtidas por estes processos também serão convergentes, com o
mesmo raio de convegência, conforme veremos a seguir.
201
5.15 Diferenciação e Integração de Séries de Potências
∑
∞
A soma de uma série de potências é uma função f (x) = cn (x − a)n , cujo domínio é
n=0
o intervalo de convergência da série. Dentro deste intervalo, a derivação e a integração de f
ocorre termo a termo, ou seja, pode-se derivar e integrar cada termo individual da série, de
acordo com o resultado abaixo.
T ∑
∞
EOREMA 5.15.1 Seja cn (x − a)n uma série de potências com raio de convergência
n=0
R > 0. Então a função f denida por
∞
∑
2
f (x) = c0 + c1 (x − a) + c2 (x − a) + · · · = cn (x − a)n
n=0
∑
∞
(ii) f ”(x) = 2c2 + 6c3 (x − a) + · · · = n(n − 1)cn (x − a)n−2
n=2
Os raios de convergência das séries das equações (i), (ii) e (iii) são todos iguais a R.
OBSERVAÇÃO 5.15.2 Embora o teorema anterior diga que o raio de convergência permanece
o mesmo quando uma série de potências é diferenciada ou integrada, isso não signica
que o intervalo de convergência permaneça o mesmo. Pode ocorrer de a série inicial
convergir em um extremo enquanto que a série diferenciada diverge nesse ponto.
1
EXEMPLO 5.15.3 Expresse como uma série de potências e determine seu raio de
(1 − x)2
convergência.
Solução: No Exemplo 5.13.4 vimos que, se x ∈ (−1, 1) então
∑ ∞
1
= 1 + x + x2 + x3 + · · · = xn .
1−x n=0
202
x5
EXEMPLO 5.15.4 Expresse como uma série de potências e determine seu intervalo
(1 − 3x)2
de convergência.
e essa série converge se 3x ∈ (−1, 1), ou seja, se x ∈ (− 31 , 31 ). Agora, para obter a série
desejada basta multiplicar a série acima por x5 , obtendo
∑∞ ∑∞
x5 5 n n
= x 3 (n + 1)x = 3n (n + 1)xn+5 .
(1 − 3x)2 n=0 n=0
e integrando ambos os lados dessa equação, com o auxílio do Teorema 5.15.1, obtemos que
∫ ∑∞ ∑∞
−1 −xn+1 xn
f (x) = dx = C + =C− .
1−x n=0
n+1 n=1
n
∑ 1 ∞
1 1 1 1
ln 2 = + + + + ··· = .
2 8 24 64 n=1
n2n
∑∞
1
Ou seja, usando esta série de funções obtivemos a soma da série numérica .
n=1
n2n
203
5.16 Séries de Taylor
Considere uma função f (x) e seja a um real qualquer. Pretende-se encontrar uma série
∑
∞
de potências da forma cn (x − a)n que convirja para f, ou seja, tal que
n=0
∞
∑
f (x) = cn (x − a)n .
n=0
donde vem
f (a) = c0 .
204
f (n) (a)
• Prosseguindo dessa forma, encontraremos cn = , de modo que podemos rees-
n!
crever a série como segue
∞
∑ f (n) (a)
f (x) = (x − a)n .
n=0
n!
∞
∑ ∑∞
sin a cos a
sin x = (−1)n (x − a)2n + (−1)n (x − a)2n+1 .
n=0
2n! n=0
(2n + 1)!
Colin Maclaurin (1698 - 1746) foi um matemático escocês. Para obter o desenvolvimento
de uma função em série de Maclaurin basta tomar a=0 na série de Taylor. Desse modo, a
série de MacLaurin de uma função f é dada por
205
( ) ( )
sin 0 2 sin 0 4 cos 0 3
sin x = sin 0 − (x − 0) + (x − 0) + · · · + cos 0 (x − 0) − (x − 0) + · · ·
2! 4! 3!
ou seja,
x3 x 5 x7 x 9
sin x = x − + − + + ···
3! 5! 7! 9!
ou ainda,
∑
∞ x2n+1 n
sin x = (−1) .
n=0 (2n + 1)!
O leitor poderá vericar, sem grandes diculdades, que o intervalo de convergência desta
série é toda a reta real, ou seja, esta série converge para todo valor real de x.
Ainda, esta série pode ser aplicada para determinar o valor de convergência de séries
numéricas. Por exemplo, substituindo x = π6 na série acima, temos que
( π )3 ( π )5 ( π )7 ( π )9
π 6 6 6 6 π 1
− + − + + · · · = sin = .
6 3! 5! 7! 9! 6 2
∫
sin x
EXEMPLO 5.17.2 Desenvolver em série de MacLaurin a função f (x) =
x
dx.
Solução: Primeiro dividimos cada termo obtido no Exemplo 5.17.1 por x, encontrando
sin x x2 x4 x6 x8
=1− + − + + ···
x 3! 5! 7! 9!
A seguir, integramos a série termo a termo e obtemos
∫ ∫ ∫ ∫ ∫ ∫
sin x x2 x4 x6 x8
dx = dx − dx + dx − dx + dx + · · ·
x 3! 5! 7! 9!
x3 x5 x7 x9
=x− + −5 + + ···
3!3 5!5 7!7 9!9
∑
∞ (−1)n x2n+1
= ,
n=0 (2n + 1)! (2n + 1)
206
Dividindo ambos os lados por x3 , encontramos
sin x − x 1 x2 x4 x6 n x2n−2
= − + − + + · · · (−1) + ··· .
x3 3! 5! 7! 9! (2n + 1)!
Portanto
( )
sin x − x 1 x 2 x4 x 6 n x2n−2 1
lim 3
= lim − + − + + · · · (−1) + ··· = − .
x→0 x x→0 3! 5! 7! 9! (2n + 1)! 6
2 3 x 3 2 5 x5 2 7 x 7 22n+1 x2n+1
= 2x − + − + · · · + (−1)n + ···
3! 5! 7! 2n + 1
Uma das principais aplicações das séries de Taylor e de MacLaurin ocorre na integração
de funções. Newton frequentemente integrava funções expressando-as primeiro como uma
série de potências e depois integrando a série termo a termo.
Por exemplo, a função g(x) = e−x não pode ser integrada pelas técnicas do Cálculo 1,
2
pois sua antiderivada não é uma função elementar. No exemplo a seguir usaremos a ideia de
Newton para integrar essa função.
∫
EXEMPLO 5.17.5 Expresse
2
e−x dx como uma série de potências.
f (n) (0) = e0 = 1 ∀n ∈ N∗
207
que também converge para todo x. Agora podemos integrar esta série termo a termo, de
acordo com o Teorema 5.15.1 e obter ∀n ∈ R
∫ ∞
∑
−x2 (−1)n x2n+1 x3 x5 x7
e dx = C + =C +x− + − + ···
n=0
(2n + 1)n! 3 5.2! 7.3!
∫ 1
EXEMPLO 5.17.6 Calcule
2
e−x dx com uma precisão de três casas decimais.
0
∫ 1
(−1)n x2n+1
1 ∞
∑ ∞
∑
−x2 (−1)n
e dx = C + = .
0 (2n + 1)n!
n=0
(2n + 1)n!
n=0
0
e observamos que a partir do sexto termo desta expansão, todos os demais possuem módulo
1
menor que 1320 < 0, 001 e assim, ao somarmos os cinco primeiros termos da expansão teremos
uma aproximação com precisão de até 3 casa decimais
∫ 1
2 1 1 1 1
e−x dx ≈ 1 − + − + ≈ 0, 7475.
0 3 10 42 216
EXEMPLO 5.17.7 Utilize desenvolvimento em séries de MacLaurin para calcular
arctan(x) − sin x
lim .
x→0 x3 cos x
Solução: Começamos com o desenvolvimento em série de potências de f (x) = arctan x.
Como
1
f ′ (x) = = (1 + x2 )−1
1 + x2
é mais simples iniciar pelo desenvolvimento de f ′ . No Exemplo 5.18.1 obtemos que
(1 + x)−1 = 1 − x + x2 − x3 + x4 + · · · + (−1)n xn + · · ·
x3 x5 x7 (−1)n x2n+1
sin x = x − + − + ··· + + ··· (II)
3! 5! 7! (2n + 1)!
208
Tomando a diferença entre as equações (I) e (II) obtemos
( ) ( ) ( )
3 −1 1 5 1 1 2n+1 (−1)n (−1)n+1
arctan x − sin x = x + +x − + ··· + x + + ···
3 3! 5 5! 2n + 1 (2n + 1)!
Podemos obter a série de MacLaurin para cos x facilmente, basta derivar termo a termo
a série de sin x desenvolvida acima, obtendo
x 2 x4 x 6 x2n
cos x = 1 − + − + · · · + (−1)n + ··· .
2! 4! 6! (2n)!
Agora podemos tomar o quociente desejado e simplicar, para obter que
( ) ) ( ( )
3 1−1 11 5 2n+1 (−1)n (−1)n+1
x +x −+ + ··· + x + + ···
arctan(x) − sin x 3
5 5! 3! 2n + 1 (2n + 1)!
= ( )
x3 cos x 3
x2 x4 (−1)n x2n
x 1− + + ··· + + ···
2! 4! (2n)!
( ) ( ) ( )
−1 1 2 1 1 2n−2 (−1)n (−1)n+1
+ +x − + ··· + x + + ···
3 3! 5 5! 2n + 1 (2n + 1)!
= ( )
x2 x4 x6 x 2n
1− + − + · · · + (−1)n + ···
2! 4! 6! (2n)!
Finalmente, podemos aplicar o limite em ambos os lados dessa igualdade e encontrar que
( )
−1 1
+ +0
arctan(x) − sin x 3 3! −1 1 1
lim = = + =− .
x→0 x3 cos x 1+0 3 6 6
ln(x + 1)
EXEMPLO 5.18.2 Expresse como uma série de potências a função f (x) =
x
.
1
Solução: Vamos analisar inicialmente a função ln(x + 1). A sua derivada é igual a ,e
x+1
no exemplo anterior mostramos que
∑ ∞
1
= 1 − x + x2 − x3 + x4 + · · · + (−1)n xn + · · · = (−1)n xn ,
x+1 n=0
ln(x + 1)
Como queremos f (x) = , devemos dividir todos os membros por x, donde,
x
∞
ln(x + 1) ∑ xn
= (−1)n .
x n=0
n+1
1
EXEMPLO 5.18.3 Desenvolver em série de funções a função f (x) = √ .
1+x
Solução: Temos que
210
1 1
f (x) = √ = (1 + x)− 2 .
1+x
n = − 12 na fórmula da série binomial. Assim,
Portanto, basta substituir
( ) ( ) ( )( )
1 1 − 12 −12
− 1 2 − 12 − 12 − 1 − 21 − 2 3
√ = 1+ − x+ x + x + ···
1+x 2 2! 3!
( )( )
− 21 − 12 − 1 − 12 − 2 · · · (− 21 − k + 1) k
+ x + ···
( ) k! ( )( )
1 3 1 3 5
− − − − −
1 2 2 2 2 2 2 3
= 1− x+ x + x + ···
2 ( ) (2! ) 3!
1 3 5 1 − 2k
− − − ···( )
2 2 2 2
+ xk + · · ·
k!
1 1 1·3 2 1·3·5 3 1 · 3 · 5 · ... · (2k − 1) k
√ = 1− x+ 2 x − 3 x + · · · + (−1)k x + ···
1+x 2 2 2! 2 3! 2k k!
1
EXEMPLO 5.18.4 Desenvolver em série de funções a função f (x) = √ .
1 − x2
Solução: Podemos aproveitar o resultado do Exemplo 5.18.3 substituindo x por (−x2 ) .
Teremos então
1 1 ( 2 ) 1 · 3 ( 2 )2 1 · 3 · 5 ( 2 )3
√ = 1− −x + 2 −x − 3 −x + · · ·
1 + (−x2 ) 2 2 2! 2 3!
1 · 3 · 5 · · · (2n − 1) ( 2 )n
+ (−1)n −x + ···
2n n!
1 1 1·3 1·3·5 6 1 · 3 · 5 · ... · (2n − 1) 2n
√ = 1 + x2 + 2 x4 + 3 x + ··· + x + ···
1 − x2 2 2 2! 2 3! 2n n!
EXEMPLO 5.18.5 Desenvolver em séries de funções a função f (x) = arcsin x.
1
Solução: Como a derivada da função f (x) = arcsin x é f ′ (x) = √ podemos
1 − x2
aproveitar o resultado do Exemplo 5.18.4 e integrá-lo termo a termo, obtendo
∫ ∫ ∫ ∫ ∫
dx 1 2 1·3 4 1·3·5
√ = dx + x dx + 2 x dx + 3 x6 dx + · · ·
1 − x2 2 2 2! 2 3!
∫
1 · 3 · 5 · ... · (2n − 1)
+ x2n dx + · · ·
2n n!
que resulta em
211
5.19 Exercícios Gerais
1. Determine os quatro primeiros termos de cada uma das sequências dadas abaixo. Cal-
cule também lim un , caso exista.
n→∞
√
n (−1)n (−1)n n 100n
(a) un = 4n+2
(b) un = 5−n
(c) un = n+1
(d) un = 3
n 2 +4
n+1 ln n
(1) n 2
(e) un = √
n
(f ) un = n
(g) un = ln (h) un = 5n+3
n
( )n 2
(i) un = cos nπ
2
(j) un = arctan n (k) un = 1 − n2 (l) un = 2nn
3n √
(m) un = e2n
(n) un = 1 + (−1)n (o) un = n n (p) un = 7−n 3n−1
4. Suponha que un seja uma sequência monótona tal que 1 ≤ un ≤ 5. Esta sequência
deve convergir? O que mais pode ser dito sobre o seu limite?
5. Suponha que un seja uma sequência monótona tal que un ≤ 5. Esta sequência deve
convergir? O que mais pode ser dito sobre o seu limite?
√ ( )
6. Pode-se obter aproximações de k utilizando a sequência recursiva un+1 = 1
2
un + k
un
,
onde u1 = 21 .
√
(a) Encontre as aproximações u2 , u3 , u4 , u5 , u6 para 10.
√
(b) Mostre que, se L = lim un , então L = k.
n→∞
8. Encontre o termo geral da sequência de somas parciais de cada uma das séries abaixo.
A seguir, determine se a série converge ou diverge, obtendo o valor de sua soma, se
possível.
212
∑
∞ 1 ∑
∞ 8
(a) (b)
n=1 (2n − 1) (2n + 1) n=1 (4n − 3) (4n + 1)
( )
∑
∞ 2n + 1 ∑
∞ n
(c) 2 (d) ln
n=1 n2 (n + 1) n=1 n+1
∑∞ 2n−1 ∑
∞ 1
(e) n
(f ) √ (√ √ )
n=1 5 n=1 n (n + 1) n+1+ n
∑
∞ 1 ∑
∞ 3n + 4
(g) (h)
n=1 1.2.3.4.5. · · · .n.(n + 2) n=1 n3 + 3n2 + 2n
9. Analise se as armações abaixo são verdadeiras ou falsas. Justique seus argumen-
tos, exibindo contra-exemplos para as armações falsas ou provando as armações
verdadeiras.
(a) Toda sequência limitada é convergente.
(b) Toda sequência limitada é monótona.
(c) Toda sequência convergente é necessariamente monótona.
(d) Toda sequência monótona decrescente converge para zero.
(e) Se un for decrescente e un > 0 para todo n ∈ N, então un é convergente.
(f) Se −1 < q < 1, então lim q n = 0.
n→+∞
∑
∞
(g) Se a sequência un converge, então a série un também converge.
n=1
∑
∞ ∑
∞ √
(h) Se un converge, então un também converge.
n=1 n=1
0
∑∞ (−1)n x2n+3
.
n=0 n!(2n + 3)
∑
∞
(l) A série de potências (−1)3n xn é convergente no intervalo (− 13 , 13 ) e sua soma é
n=1
−3x
igual a S = .
1 + 3x
∑
∞
(m) Se a sequência un converge então a série (un+1 − un ) também converge.
n=1
∑∞ (−1)n (3x − 5)2n
(n) O raio de convergência da série da série é innito.
n=0 22n (n!)2
∑∞ 36
(o) A série 22n 91−n é convergente e sua soma é igual a .
n=1 5
∑∞ 1
(p) O critério da integral garante que converge.
n=3 n ln n ln(ln n)
213
∑
∞ 4
10. Encontre o termo geral da soma da série e verique se ela é convergente.
n=1 4n2 −1
11. Encontre( a )soma das séries abaixo, se possível.
n
∞ ∑ 1 ∞ ∑ 5 ∞ ∑ 1 ∑∞ −1
(a) (b) (c) 2
(d) √ √
n=1 5 n=1 (5n + 2)(5n + 7) n=1 n + 6n + 8 n=1 n+1+ n
12. Usando o teste de comparação verique se as séries abaixo são convergentes ou diver-
gentes. √
∑∞ 1 ∑
∞ n ∑∞ 1 ∑
∞ n2
(a) n
(b) 2
(c) n
(d) 3
n=1 n3 n=1 n + 1 n=1 n n=1 4n + 1
∑
∞ 1 ∑∞ |sen(n)| ∑
∞ n! ∑
∞ 1
(e) √ (f ) (g) (h) √
n=1 n2 + 4n n=1 2n n=1 (2 + n)! n=1 n3 + 5
∑
∞ 1 ∑
∞ 1 ∑
∞ n ∑∞ 2n
(i) √ (j) √ (k) 3
(l)
n=1 4n + n + 1 n=1 (2n)!
2
n=1 n n + 5 n=1 n + n+5
√ √ √
∑∞ n+1+ n ∑∞ 1 + n42n ∑∞ 2 + cos n ∑
∞ n
(m) √ (n) (o) (p)
n=1
3
n n=1 n5n n=1 n2 n=1 n + 4
∑∞ 1 + 2n ∑∞ n + ln n
(q) n
(r) 3
n=1 1 + 3 n=1 n + 1
13. Usando o teste de D 'Alambert verique se as séries abaixo são convergentes ou diver-
gentes.
∑∞ n+1 ∑∞ n! ∑
∞ 1
(a) 2 n
(b) n
(c) n+1
n=1 n 2 n=1 e n=1 (n + 1)2
∑
∞ 3n ∑
∞ 3n ∑
∞ n!
(d) √ (e) n 2
(f )
n=1 n3 + 1 n=1 2 (n + 2) n=1 2n (2 + n)!
∑
∞ 1 ∑∞ n+1 ∑
∞ n
(g) (h) (i)
n=1 n + 5 n=1 n4
n
n=1 4n2
+n+1
∑∞ 3n + 1 ∑ 3
∞ n ∑∞ n! ∑
∞ 2n−1
(j) (k) 2
(l) 3
(m)
n=1 2n n=1 n + 2 n=1 (n + 2)
n
n=1 5 (n + 1)
∑∞ arctan n ∑
∞ ∑
∞ ∑∞ earctan n
2
(e) 2
(f ) ne−n (g) n2 e−n (h) 2
n=1 n + 1 n=1 n=1 n=1 n + 1
∑
∞ 1 ∑
∞ 1 ∑
∞ 1
(i) (j) √ (k) 2
n=1 4n + 7 n=1 n(1 + ln n)
2
n=1 n n + 1
214
∑
∞ 2n ∑
∞ 1 ∑
∞ n2
(a) (−1)n−1 (b) (−1)n−1 (c) (−1)n−1
n=1 n! n=1 (2n − 1)! n=1 n!
( )n
∑
∞
n−1 2 ∑
∞ n! ∑
∞ 1
(d) (−1) n (e) (−1)n−1 (f ) (−1)n−1
n=1 3 n=1 2n+1 n=1 n2 + 2n
∑
∞ 3n ∑
∞ n2 + 1 ∑
∞ nn
(g) (−1)n−1 (h) (−1)n−1 (i) (−1)n−1
n=1 n! n=1 n3 n=1 n!
∑ ∑ ∑ 4
∞
n−1 1 ∞
n−1 nn 2 n ∞
n−1 n
(j) (−1) 2 (k) (−1) (l) (−1)
n=1 n3 + n n=1 (2n − 5)n n=1 en
∑
∞ n ∑
∞ n ∑
∞ (−1)n
(m) (−1)n−1 2
(n) (−1)n−1 3
(o) √
n=1 n +1 n=1 n +3 n=1 2n2 − n
17. Classique as séries numéricas abaixo como absolutamente convergente, condicional-
mente convergente ou divergente, justicando sua resposta.
∑
∞ (23n+4 − n) ∑∞ n cos(nπ) ∑
∞ (−1)n
(a) (−1)n−1 (b) (c) √ √
n=1 en n3n 2
n=1 n + n + 1 n=1 n+ n
∑
∞ ∑∞ (−2)n xn ∑∞ (−1)n xn
(d) (−1)n n4n xn (e) √ (f ) n
n n=2 4 ln n
4
n=1 n=1
∑∞ n(x + 2)n ∑
∞ √ ∑∞ (−1)n (x + 2)n
(g) (h) n(x − 4)n (i)
n=0 3n+1 n=0 n=1 n2n
∑
∞ ∑
∞ xn ∞ (4x − 5)2n+1
∑
n √
(j) n!(2x − 1) (k) n
(l) 3
n=1 n=1 n n3 n=1 n2
∑
∞
20. A partir da soma da série geométrica xn , para |x| < 1, encontre as somas das séries
n=1
215
abaixo.
∑
∞ ∑
∞ ∑∞ n ∑
∞
(a) nxn−1 (b) nxn (c) n
(d) n(n − 1)xn
n=1 n=1 n=1 2 n=2
∑∞ n2 − n ∑∞ n2 ∑∞ (−1)n xn ∑
∞ (−1)n
(e) (f ) (g) (h)
n=2 2n n=1 2
n
n=1 n n
n=0 2 (n + 1)
x2 x3
(d) f (x) = (e) f (x) = (f ) f (x) = ln(5 − x) (g) f (x) = x ln(x2 + 1)
(1 − 2x)2 (x − 2)2
22. Expresse a integral indenida como uma série de potências
∫ ∫ ∫ ∫
x ln(1 − x2 ) x − arctan x
(a) dx (b) dx (c) dx (d) arctan x2 dx
1 − x8 x2 x3
23. Utilize a representação em série de potências de f (x) = arctan x para provar a seguinte
√ ∑∞ (−1)n
expressão para π como soma de uma série numérica: π = 2 3 n
.
n=0 3 (2n + 1)
∑∞ xn
24. Mostre que a função f (x) = é solução da equação diferencial f ′ (x) = f (x).
n=0 n!
∞ (−1)n x2n
∑ ∑∞ (−1)n x2n+1
25. Mostre que as funções f1 (x) = e f2 (x) = são soluções
n=0 (2n)! n=0 (2n + 1)!
da equação diferencial f ”(x) + f (x) = 0.
26. Encontre a soma das seguintes séries
∑
∞ (−1)n π 2n+1 ∑∞ (−1)n π 2n ∑∞ 3n ∑∞ 3n
(a) 2n+1 (2n + 1)!
(b) 2n
(c) (d) n
n=0 4 n=0 6 (2n)! n=1 n! n=0 5 n!
∑∞ 2n (x − 2)n
27. Encontre o raio e o domínio de convergência da série n 2
.
n=0 5 (1 + n )
∑∞ (3x − 5)n
28. Determine o intervalo de convergência da série .
n=1 7n n
∑∞ (−1)n x2n
29. Mostre que a série de potências é convergente no intervalo (−3, 3) e que
n=0 32n
9
sua soma é igual a S = .
9 + x2
30. Determine o intervalo de convergência da série de potências que representa a função
4
f (x) = 2 expandida em torno de a = 1.
x
31. Desenvolva a função f (x) = cosh(x3 ) em série de MacLaurin, determinando o termo
geral de sua expansão e o seu intervalo de convergência.
32. Determine o intervalo e o raio de convergência da série de funções que representa a
2
ex − 1
função f (x) = .
x
216
∫
33. Usando séries de Maclaurin, mostre que cos xdx = sin x + k.
∫ x
34. Desenvolva a função f (x) = t2 ln(1 + 4t2 )dt em séries de MacLaurin e determine o
0
seu intervalo de convergência.
não nulos.
217
5.20 Respostas
1. . 1
(a) 4
(b) 0 (c) 0 (d) 0 (e) ∄ (f ) 0 (g) ∄ (h) ∄
π
(i) ∄ (j) 2
(k) e−2 (l) 0 (m) 0 (n) ∄ (o) 1 (p) 0
2. (a) un = 2n−1
3n
(b) un = (−1)n−1 2n−1
3n
(c) un = 2n−1
2n
(d) un = n−1
n2
3. .
(a) decrescente (b) decrescente (c) decrescente (d) decrescente
(e) decrescente (f ) crescente (g) decrescente (h) não-decrescente
4. A sequência converge, pois é uma sequência monótona limitada. Seu limite L é tal que
1 ≤ L ≤ 5.
u u 1
7. Dica para o item (c): Note que se τ = lim xn = lim n+1 então lim n−1 = .
n→+∞ n→+∞ un n→+∞ un τ
Com isso, aplica-se limites em ambos lados da relação de recorrência dada e obtém-se
1
que τ = 1 + . Agora basta isolar τ.
τ
8. .
k 1 8k
(a) Sk = . Converge para (b) Sk = . Converge para 2
2k + 1 2 4k + 1
k (k + 2)
(c) Sk = . Converge para 1 (d) Sk = − ln(k + 1). Diverge
(k + 1)2
1 2k 1 1
(e) Sk = − k
. Converge para (f ) Sk = 1 − √ .Converge para 1
3 3.5 3 k+1
1 1 1 5 2 1 5
(g) Sk = − . Converge para (h) Sk = − − . Converge para
2 (k + 2)! 2 2 k+1 k+2 2
9. .
(a) F (b) F (c) F (d) F (e) V (f ) V (g) F (h) F
(i) F (j) F (k) V (l) V (m) V (n) V (o) V (p) F
2
10. Sk = 2 − . A série converge para 2.
2k + 1
1 1 7
11. (a) S = (b) S = (c) S = (d) A série diverge
4 7 24
12. Legenda: C (convergente), D (divergente), I (inconclusivo):
(a) C (b) C (c) C (d) D (e) D (f ) C (g) C (h) C (i) C
(j) D (k) C (l) C (m) D (n) D (o) C (p) D (q) C (r) C
218
13. Legenda: C (convergente), D (divergente), I (inconclusivo):
(a) C (b) D (c) C (d) I (e) D (f ) C (g) I (h) C (i) I (j) C (k) D (l) D (m) C
16. .
(a) absolutamente (b) absolutamente (c) absolutamente
(d) absolutamente (e) divergente (f ) absolutamente
(g) absolutamente (h) condicionalmente (i) divergente
(j) condicionalmente (k) divergente (l) absolutamente
(m) condicionalmente (n) absolutamente (o) condicionalmente
17. .
(a) absolutamente (b) condicionalmente (c) condicionalmente
(d) absolutamente (e) absolutamente (f ) absolutamente
(g) divergente (h) absolutamente (i) divergente
18. I é o intervalo de convergência e R é o raio de convergência
(a) R = 1, I = [−1, 1) (b) R = 1, I = [−1, 1] (c) R = ∞, I = (−∞, ∞)
1 1 1 1 1 1
(d) R = 4 , I = (− 4 , 4 ) (e) R = 2 , I = (− 2 , 2 ] (f ) R = 4, I = (−4, 4]
(g) R = 3, I = (−5, 1) (h) R = 1, I = (3, 5) (i) R = 2, I = (−4, 0]
1
(j) R = 0, I = { 2 } (k) R = 3, I = [−3, 3] (l) R = 41 , I = [1, 32 ]
(m) I = [4, 6), R = 1 (n) I = (−4, 0), R = 2 (o) I = (1 − e, 1 + e), R = e
3 1 1
(p) I = [− 2 , − 2 ], R = 2 (q) I = [0, 2], R = 1 (r) I = ( −3 , 3 ), R = 23
2 2
20. .
1 x 2x2
(a) (b) (c) 2 (d)
(1 − x)2 (1 − x)2 (1 − x)3
(e) 4 (f ) 6 (g) − ln(1 + x) (h) 2 ln 23
21. .
∑
∞ ∑∞ (−1)n x3n
n 3n
(a) f (x) = (−1) x (b) f (x) =
n=0 n=0 4n+1
∞ (−1)n 4n x2n+1
∑ ∑ n−1 n+1
∞
(c)f (x) = (d) f (x) = 2 nx
n=0 9n+1 n=1
∑
∞ nx n+2 ∑
∞ xn+1
(e) f (x) = n+1
(f ) f (x) = − n+1
n=1 2 n=0 (n + 1)5
∑ (−1)n x2n+3
∞
(g) f (x) =
n=0 n+1
22. .
∑∞ x8n+2 ∑
∞ x2n−1 ∑∞ (−1)n+1 x2n−1
(a) +K (b) − +K (c) +K
n=0 8n + 2 n=1 n(2n − 1) n=1 4n2 − 1
∑
∞ (−1)n x4n+3
(d) +K
n=0 (4n + 3)(2n + 1)
219
√
∑∞ (−1)n x2n+1 3
23. Dica: Mostre que arctan x = e depois faça x = .
n=0 2n + 1 3
24. Dica: derive termo a termo, desloque o índice do somatório e substitua na equação
dada.
25. Dica: derive termo a termo, desloque o índice do somatório e substitua na equação
dada.
√ √
26. (a) 2 (b)
3
(c) e3 − 1
3
(d) e 5
2 2
−1 9 5
27. Intervalo de convergência: ≤ x ≤ e raio de convergência R = .
2 2 2
−2
28. Intervalo de convergência: ≤ x < 4.
3
29. Dica: Note que a série dada é geométrica!
∑
∞
30. (−1)n (4n + 4)(x − 1)n , intervalo de convergência: 0 < x < 2.
n=0
∑∞ x6n
31. cosh(x3 ) = , que converge para todo x ∈ R
n=0 (2n)!
∑∞ x2n−1
32. Desenvolvimento em séries de MacLaurin : f (x) = que converge para todo
n=1 n!
x ∈ R, ou seja, o raio de convergência é innito.
2 2 7
36. (a) (b) − (c) 2 (d) − 5 (e) − 1 (f ) 2 (g) − 3 (h) −
3 3 2
8 1
37. (a) k = ln (b) k = −
9 2
220
38. Desenvolvimento em Séries de MacLaurin
∑
∞ ∑∞ (−1)n 1.3.5. · · · .(2n − 1)xn
(a) xn (b) 1 +
n=0 n=1 2n n!
∑
∞ ∑∞ 1.3.5. · · · .(2n − 1)x2n
(c) (−1)n x2n (d) 1 +
n=0 n=1 2n n!
∑
∞ (−1)n x2n+1 ∑∞ (−1)n x2n+1
(e) +C (f ) +C
n=0 (2n + 1)!(2n + 1) n=0 (2n + 1)!
221