Apontamentos Análise Matemática-III 2008-2009
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Fevereiro de 2009
Conteúdo
ii
iii
2.2.4 Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
2.2.5 Teorema de Green . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
2.2.6 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
2.3 Integral de superfície . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
2.3.1 Superfícies . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
2.3.2 Plano tangente e normal a uma superfície . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
2.3.3 Integrais de superfície . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
2.3.4 Outras noções de integral de superfície . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
2.3.5 Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
2.3.6 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
2.4 Integral triplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
2.4.1 Integral de Riemann . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
2.4.2 Integral repetido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
2.4.3 Mudança de variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
2.4.4 Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
2.4.5 Teorema de Green . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
2.4.6 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
Bibliografia 82
c Hermenegildo Borges de Oliveira, 2008/2009
Capítulo 1
Neste primeiro capítulo, iremos dar início ao estudo das funções funções reias de várias variáveis
reias, isto é, funções reais com mais do que uma variável real. A análise que foi feita para
funções reais de apenas uma variável real será naturalmente extendida a dimensões superiores
para podermos trabalhar com funções de várias variáveis. Em função dos programas leccinados
nas disciplinas de Análise Matemática II para os diferentes cursos, parte deste capítulo pode já
ter sido estudada nessa disciplina. Nesse caso, este capítulo é uma introdução para o resto do
texto.
1.1 Introdução
1.1.1 Noções algébricas
Seja N ∈ N arbitrário. Denota-se por RN o conjunto de todas as sucessões finitas de N números
reais que se podem representar pelo N-uplo
x = (x1 , . . . , xN ) .
x = y ⇐⇒ xk = yk ∀ k = 1, . . . , N.
1
2 1. FUNÇÕES REAIS DE VÁRIAS VARIÁVEIS
para quaisquer x, y ∈ RN e α ∈ R. O conjunto RN munido com estas duas operações tem uma
estrutura algébrica de espaço vectorial, ou espaço linear, isto é, RN é um grupo comutativo
para a adição e
RN 6= ∅ ⇐= (0, . . . , 0) ∈ RN ;
(αx + βy) ∈ RN ⇐= x, y ∈ RN , α, β ∈ R.
A noção de que RN é um grupo comutativo para a adição, quer dizer que, para quaisquer x,
y, z ∈ RN :
(i) x + y ∈ RN ;
(ii) x + (y + z) = (x + y) + z;
(iii) x + y = y + x;
(iv) existe o elemento neutro 0 = (0, . . . , 0) e x + 0 = x;
(v) todo x = (x1 , . . . , xN ) ∈ RN tem simétrico − x = (−x1 , . . . , −xN ) ∈ RN .
x = α1 x1 + α2 x2 + · · · + αk xk .
x = x1 e1 + · · · + xN eN .
x · y = (x1 , . . . , xN ) · (y1 , . . . , yN ) = x1 y1 + · · · + xN yN .
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3 1. FUNÇÕES REAIS DE VÁRIAS VARIÁVEIS
Podemos definir vários produtos internos em RN . Mas, qualquer definição de produto interno,
terá de satisfazer às propriedades seguintes:
(i) x · y = y · x;
(ii) (x + y) · z = x · z + y) · z e x · (y + z) = x · y + x) · z;
(iii) (αx) · y = x · (αy);
(iv) 0 · 0 = 0 e, para qualquer x =6 0, x · x > 0;
para quaisquer x, y, z ∈ RN e α ∈ R. O espaço vectorial RN munido do produto interno
anterior designa-se por espaço euclidiano. Este produto interno induz a norma seguinte,
denominada norma euclidiana.
Definição 1.1.2 Seja x = (x1 , . . . , xN ) ∈ RN arbitrário. Definimos a norma de x por
p q
kxk = k(x1 , . . . , xN )k = (x1 , . . . , xN ) · (x1 , . . . , xN ) = x21 + · · · + x2N .
Do mesmo que modo para o produto interno, podemos definir várias normas em RN . No
entanto, qualquer definição de norma, terá de satisfazer às propriedades seguintes:
(i) kxk > 0 se x 6= 0 e kxk = 0 se e só se x = 0;
(ii) kαxk = |α|kxk;
(iii) kx + yk ≤ kxk + kyk (desigualdade triangular);
para quaisquer x, y ∈ RN e qualquer α ∈ R. A propriedade (iii) acima é, ainda, válida para
um número finito de parcelas:
kx1 + · · · + xk k ≤ kx1 k + · · · + kxk k.
Deste modo, RN chama-se um espaço vectorial normado e pode-se provar a propriedade seguinte,
denominada desigualdade de Cauchy-Schwarz,
|x · y| ≤ kxk kyk,
válida para quaisquer x, y ∈ RN . Recordando que os elementos de RN são vectores, definimos
a projecção do vector x sobre o vector y como sendo o vector
x·y
p = p y, com p = .
kyk2
No caso particular de y = ek , a projecção de x sobre ek é p = xk ek . Define-se o ângulo entre
dois vectores não nulos x e y por θ, onde
x·y
cos(θ) = , θ ∈ [0, π].
kxk kyk
Sai desta definição que x e y são vectores perpendiculares, ou ortogonais, se
x · y = 0.
Para os elementos da base {e1 , e2 , . . . , eN } tem-se
1 , se i = j
ei · ej = , kei k = 1 ,
0 , se i 6= j,
e, assim, dizemos que {e1 , e2 , . . . , eN } é uma base ortonormada de RN .
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4 1. FUNÇÕES REAIS DE VÁRIAS VARIÁVEIS
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5 1. FUNÇÕES REAIS DE VÁRIAS VARIÁVEIS
Definição 1.1.5 Uma sucessão numérica infinita de termos vectoriais é uma função de
variável natural e com valores vectoriais, digamos em RM . Usando a escrita habitual para as
funções, uma sucessão, digamos f, escreve-se da forma seguinte:
f : N −→ RM
n 7→ (f1 (n), . . . , fM (n)).
Por simplicidade de escrita, designamos apenas por sucessão vectorial qualquer sucessão numérica
infinita de termos vectoriais. Para distinguir das sucessões vectoriais, as sucessões numéri-
cas de termos reais serão referidas como sucessões escalares. As considerações feitas para as
sucessões escalares são também válidas para as sucessões vectoriais. Assim, os vectores f(1) =
(f1 (1), . . . , fM (1)), f(2) = (f1 (2), . . . , fM (2)), . . . , f(n) = (f1 (n), . . . , fM (n)), . . . denominam-se
termos da sucessão: primeiro termo, segundo termo, . . . , n-ésimo termo, . . . . O contra-
domínio da função f denomina-se conjunto dos termos da sucessão. Usando a notação
habitual de letras indexadas nos números naturais, denotamos os termos da sucessão acima por
u1 , u2 , . . . , un , . . . , cuja escrita na forma vectorial é a seguinte:
u1 = (u11 , u12 , . . . , u1M ) , u2 = (u21 , u22 , . . . , u2M ) , . . . , un = (un1 , un2 , . . . , unM ), . . . ;
onde unk designa a n-ésima componente do vector uk . Deste modo, verifica-se que cada sucessão
em RM de termo geral un determina M sucessões escalares de termos gerais
u nk , k = 1, . . . , M.
As sucessões unk designam-se sucessões componentes ou sucessões coordenadas da sucessão
un . Por exemplo, un3 é a sucessão terceira componente, ou a sucessão terceira coordenada, da
sucessão unM .
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6 1. FUNÇÕES REAIS DE VÁRIAS VARIÁVEIS
Exercício exemplo 1.1.5 Usando a proposição anterior, verifique que a sucessão seguinte é
divergente: n
−n 1 n
un = e , 1 + , (−1) .
n
Proposição 1.1.3 Sejam un e vn sucessões vectoriais convergentes em RM e αn uma sucessão
escalar convergente em R. Então as sucessões vectoriais un + vn , un − vn e αn un são conver-
gentes em RM e as sucessões escalares un · vn e kun k são convergentes em R.
SEM DEMONSTRAÇÃO: Ver, por exemplo, Campos Ferreira p. 29.
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7 1. FUNÇÕES REAIS DE VÁRIAS VARIÁVEIS
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1.1. INTRODUÇÃO 8
1.1.5 Exercícios
1. Considere a função seguinte:
x2 − y 3
f (x, y) = .
2xy
Determine:
1 1 1
a) f (y, x) ; b) f (−x, −y) ; c) f , ; d) .
x y f (x, y)
a) f (x, y) = x2 + 2y 2 ; b) f (x, y) = x2 − y 2 ;
a) f (x, y) = x2 + 2y 2 ; b) f (x, y) = x2 − y 2 ;
p p
c) f (x, y) = 1 − x2 + y 2 ; d) f (x, y) = 3 x2 + y 2 .
1.2. CONTINUIDADE 9
1.2 Continuidade
1.2.1 Limites
A noção de limite para funções de várias variáveis é em tudo idêntica à mesma para funções de
apenas uma variável. A principal diferença é que o módulo dos objectos é agora substituído pela
norma. Por outro lado, ainda relativamente aos objectos, os intervalos abertos são substituídos
por discos abertos em dimensão N = 2 e por esferas abertas em dimensão N = 3. A definição
seguinte é habitualmente deniminada por definição de limite segundo Cauchy.
lim = b .
x−→a
Observemos que a tem de ser um ponto de acumulação do domínio Df , pois, caso contrário,
existiria sempre um δ > 0 para o qual
(B(a, δ) \ {a}) = ∅
e a implicação
( ∀ x ∈ Df e kx − ak < δ) =⇒ |f (x) − b| < ε
seria verdadeira para qualquer b ∈ R.
Para o cálculo de limites de funções escalares, procede-se como no caso de funções de uma
variável apenas. Começamos por tentar determinar o valor da função no ponto onde se pretende
calcular o limite. Se a função estiver definida nesse ponto, então o limite será o valor que a
função aí toma. Mesmo que a função não esteja definida nesse ponto, podemos determinar o
limite em R = [−∞, +∞], desde que não se obtenha uma indeterminação.
∞−∞; 0×∞; 1∞ ; ∞0 .
A análise da existência ou não destes limites, consiste em reduzir esse estudo a limites de funções
de uma só variável. Nos casos mais simples, podemos usar propriedades da função em estudo
para tornar o cálculo do limite mais simples.
2.2 CONTINUIDADE
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Nas situações mais complicadas, não é possível levantar a indeterminação e proceder como
anteriormente. Nestes casos, temos de analisar a forma como nos podemos aproximar do ponto
em que se pretende calcular o limite para obtermos alguma informação sobre a existência ou
não de limite. Se a função em estudo tem limite nesse ponto, para provar que o limite existe
e é determinada quantidade, temos de usar a definição. A informação de que o limite vai ser
determinada quantidade, é nos dada por um dos dois processos seguintes:
2x3 − y 3
f (x, y) =
x2 + y 2
Limites repetidos - este processo consiste em reduzir o cálculo do limite de uma função real
de N variáveis ao cálculo de N limites sucessivos (ou repetidos). Na verdade, este processo é
um caso particular do anterior, pois calculamos, apenas, os limites segundo as direcções dos
eixos das coordenadas.
2x3 − y 3
f (x, y) =
x2 + y 2
No entanto, convém frisar, que mesmo no caso dos limites anteriores existirem e serem iguais
a determinada quantidade, não podemos concluir que o limite existe e que é igual a essa
quantidade. Isto decorre do facto de num ponto em RN , com N ≥ 2, passarem infinitas
direcções, incluindo as dos eixos de coordenadas. E, por conseguinte, para uma quantidade
finita de direcções o limite pode existir e ser o mesmo, mas ficar sempre a possibilidade de
haver uma direcção onde o limite venha a não existir ou ser diferente. Nestes casos, o único
processo que nos permite concluir que tal limite existe, é usar a definição.
2x3 − y 3
lim = 0.
(x,y)→(0,0) x2 + y 2
2.2 CONTINUIDADE
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De ora em diante e apenas por simplicidade de apresentação e de cálculo, todos os exemplos que
vamos considerar são de limites na origem. Para estudar a existência de limites noutros pontos,
procede-se de modo inteiramente análogo. Por outro lado, sempre que possível, podemos fazer
uma mudança de variável para recuperar o caso na origem. Convém, no entanto, realçar o caso
em que o ponto onde se pretende calcular o limite tem todas as componentes infinitas. Neste
caso, a definição de limite (Definição 1.2.1) sofre uma ligeira adaptação:
1
∀ ε > 0 ∃ δ > 0 : ∀ x ∈ Df e kxk > =⇒ |f (x) − b| < ε .
δ
Esta definição ainda é válida quando apenas uma das componentes do ponto onde se pretende
calcular o limite é infinito.
Exercício exemplo 1.2.6 Usando a definição, mostre que
x+y
lim = 0.
(x,y)→(+∞,+∞) x2 + y 2
Muitas das propriedades dos limites de funções reais de variável real permanecem válidas para
os limites de funções escalares.
Proposição 1.2.1 O limite de uma função f : RN −→ R num ponto de acumulação a do
domínio Df quando existe, é único.
DEMONSTRAÇÃO - EXERCÍCIO: Análoga à demonstração para funções reais de variável real.
Este resultado de unicidade do limite é muito útil na prática. De facto, a proposição anterior
obriga a que, quando o limite exista, têm de ser iguais todos os limites direccionais e, por
maioria de razão, os limites repetidos. Assim, se verificarmos que para determinada função não
coincidem dois dos seus limites direccionais, podemos automaticamente concluir que a função
não tem limite no ponto em consideração.
Exercício exemplo 1.2.7 Mostre que a função seguinte não tem limite no ponto (0, 0):
x2 − y 2
f (x, y) = .
x2 + y 2
São, ainda, válidas as propriedades de adição, subtracção, multiplicação, divisão e multiplicação
por escalar de limites, tal como no caso de funções reais de variáveis reais. A proposição seguinte
dá-nos uma definição equivalente de limite, conhecida por definição de limite segundo Heine.
Proposição 1.2.2 Sejam f uma função escalar e a um ponto de acumulação de Df . Tem-se:
lim f (x) = b ⇐⇒ (∀ xn ∈ Df e xn 6= a : xn −→ a =⇒ f (xn ) −→ b) .
x→a
A proposição anterior tem, também, interesse prático no cálculo de limites. Tal como os limites
direccionais, este resultado é muito útil para mostrar que o limite não existe.
1
Observe-se que o natural n, índice da sucessão vectorial xn , não é necessariamente igual à dimensão do
conjunto de partida da função f .
2.2 CONTINUIDADE
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x2 − y 2
1 1 1 1
lim , xn = , , yn = √ , √ .
(x,y)→(0,0) x2 + y 2 n 2n n n+1
Outra propriedade dos limites que convém destacar, é a de limite de funções compostas.
1.2.2 Continuidade
A noção de continuidade está intimamente ligada à noção de limite. Tal como para os limites,
a continuidade de funções escalares é uma generalização da correspondente noção para funções
reais de uma só variável.
ou, equivalentemente, se
De um modo geral, todas as funções que encontramos são contínuas, excepto nos possíveis
pontos onde o denominador se anula ou onde a função não está definida. Na prática, justifica-
se que determinada função é contínua no seu domínio de definição, dizendo que as funções
elementares que a compõem são contínuas.
Por vezes, podemos prolongar por continuidade uma função até um ponto fora do seu domínio.
Mas, como nos diz a definição de limite, esse ponto terá de ser um ponto de acumulação do
domínio.
O exemplo seguinte mostra que nem sempre é possível prolongar, por continuidade, uma função
até um ponto fora do seu domínio.
Exercício exemplo 1.2.11 Verifique se é possível prolongar por continuidade a função seguinte
ao ponto (x, y) = (0, 0):
xy
f (x, y) = 2 .
x + y2
Tal como fizemos para os limites na Proposição 1.2.3, e pelo seu interesse prático, convém
destacar a propriedade seguinte sobre a continuidade de funções compostas.
Exercício exemplo 1.2.12 Usando a proposição anterior, estude a função seguinte quanto à
continuidade:
x 2 −y 2
cos √ 2 2 (x, y) 6= (0, 0)
f (x, y) = x +y
1 (x, y) = (0, 0) .
2.2 CONTINUIDADE
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1.2.3 Exercícios
1. Calcule os limites seguintes:
x
sen2 y
− 2 1 2
y x
a) lim lim e x (y−1) ; b) lim lim 1 + ; c) lim lim 1 + ;
x→0 y→2 y→2 x→+∞ x y→0 x→+∞ 3xy 2
" #4y ( x )
cos x 1
1 + xy − 1
d) lim lim 1 + ; e) lim lim ;
x→+∞ y→+∞ y y→0 x→+∞ y
x
ln(1+y) 2
1+ − 1
( tgy )
x 1
f) lim lim ; g) lim lim 1 + ln(1 + xy) ;
y→0 x→+∞ y x→0 y→0 x
y2 sen( y1 )
tgx 1
1+ − 1
( )
y
1 y sen( x1 )
h) lim lim ; i) lim lim 1 + ln 1 + .
x→0 y→+∞
senx
y→0 x→+∞ y x
3. Seja
x2 y 2
f (x, y) = .
x2 y 2 + (x − y)2
Mostre que h i
lim lim f (x, y) = lim lim f (x, y) = 0 ,
x→0 y→0 y→0 x→0
4. Discuta a existência dos limites seguintes, usando a definição para provar os que existem:
xy x+y 1 − cos(x2 + y 2 )
a) lim ; b) lim ; c) lim ;
(x,y)→(0,0) (x2 + y 2 )x2 y 2
p p
(x,y)→(0,0) x2 + y 2 (x,y)→(0,0) x2 + y 2
x2 − y 2 x2 x2 + y 2
d) lim ; e) lim ; f) lim ;
(x,y)→(0,0) x2 + y 2 (x,y)→(0,0) x2 + y 2 − 1 + (x − 1)2 (x,y)→(+∞,+∞) x4 + y 4
1 xy x+y
g) lim x + ysen ; h) lim 2 2
; i) lim .
(x,y)→(0,0) x (x,y)→(0,0) x + y (x,y)→(+∞,+∞) x − xy + y 2
2
2.3 DERIVABILIDADE
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− 1 ln(x + ey ) x2 + y 2
a) lim e x2 (y−1)2 ; b) lim ; c) lim .
(x,y)→(+∞,+∞) ex+y
p
(x,y)→(0,1) (x,y)→(1,2) x2 + y 2
y3 x3 − y 3
a) f (x, y) = , (x, y) 6= (0, 0) ; b) f (x, y) = , y 6= x .
x2 + y 2 x−y
1.3 Derivabilidade
1.3.1 Derivadas parciais
Consideremos uma função escalar f : RN −→ R, N natural superior a 1, e seja a ∈ int(Df ),
com a = (a1 , . . . , N). Fixando x2 = a2 , . . . , xN = aN , a função
f (x1 , a2 , . . . , aN )
passa a ser uma função de uma só variável independente x1 . Suponhamos que esta função é
derivável, isto é, existe e é finito o limite seguinte
f (x1 + h, a2 , . . . , aN ) − f (x1 , a2 , . . . , aN )
lim ,
h→0 h
2.3 DERIVABILIDADE
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∂f
(a) ; fx′ 1 (a) ; (Dx1 f ) (a) .
∂ x1
Definição 1.3.1 Sejam f : RN −→ R uma função escalar e a ∈ int(Df ), com a = (a1 , . . . , N).
Suponhamos que a função f (a1 , . . . , ak−1 , xk , ak+1, . . . , aN ) é uma função derivável em xk = ak
e tal que (x1 , . . . , xN ) ∈ Df . Então, chama-se derivada parcial de primeira ordem em
relação à variável xk ao seguinte limite
Exercício exemplo 1.3.1 Usando a definição, calcule as duas derivadas parciais de primeira
ordem da função f (x, y) = xy + sen(x + y) no ponto (x, y) = (0, π).
Quando, para determinada função escalar f , existe a derivada parcial fx′ k , k = 1, . . . , N, num
ponto a = (a1 , . . . , ak , . . . , N) ∈ Df , esta coincide com a derivada ordinária da função real de
uma variável real apenas f (a1 , . . . , ak−1 , xk , ak+1 , . . . , aN ) no ponto xk = ak . Assim, podemos
utilizar os formulários de derivação das funções reais, de uma variável real apenas, para o cálculo
das derivadas parciais de funções escalares. Na prática, para calcular a derivada parcial de uma
função escalar f em ordem a determinada variável, consideramos todas as outras variáveis como
constantes e aplicamos as fórmulas de derivação para funções reais, de uma variável real apenas,
em relação a essa variável.
Exercício exemplo 1.3.2 Usando os formulários de derivação de funções reais de uma var-
iável real apenas, calcule as duas derivadas parciais de primeira ordem da função f (x, y) =
xy + sen(x + y) no ponto (x, y) = (0, π).
Interpretação geométrica
Consideremos o caso particular N = 2 de uma função real f de duas variáveis reais (x, y). No
caso de existirem, as duas derivadas parciais de primeira ordem, num ponto a = (a, b) ∈ int(Df ),
são dadas por:
∂f f (a + h, b) − f (a, b)
(a, b) = lim
∂x h→0 h
e
∂f f (a, b + h) − f (a, b)
(a, b) = lim .
∂y h→0 h
O gráfico de f (x, y) é uma superfície que se esboça no sistema de eixos cartesianos xyz. Seccio-
nando a superfície z = f (x, y) pelo plano y = b, obtemos uma função de uma variável apenas
(linha) de equação
z = f (x, b) = ϕ(x) .
2.3 DERIVABILIDADE
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Esta linha esboça-se num plano paralelo ao plano definido pelos eixos dos xx e dos yy e tem-se
∂f
(a, b) = ϕ′ (a).
∂x
Do que se conhece para funções de uma variável apenas, fx′ (a, b) pode ser interpretada como o
declive da recta tangente ao gráfico da linha z = ϕ(x) no ponto x = a, isto é,
∂f
(a, b) = tg α ,
∂x
onde α é o ângulo formado pela tangente ao gráfico da linha z = ϕ(x) no ponto x = a e o plano
definido pelos eixos dos xx e dos yy. Analogamente,
∂f
(a, b) = tg β ,
∂y
sendo β o ângulo formado pela tangente ao gráfico da linha z = φ(y) no ponto y = b e o plano
definido pelos eixos dos xx e dos yy. E a linha z = φ(y) obtém-se, seccionando, no mesmo
ponto (a, b), a superfície z = f (x, y) pelo plano x = a,
f (a + h ek ) − f (a) ∂f
fe′ k (a) = lim = (a) .
h→0 h ∂ xk
Portanto, o conceito de derivada parcial é um caso particular do conceito de derivada dirigida.
O significado geométrico da derivada direccional é análogo ao de derivada parcial. Por exemplo,
para uma função escalar f de duas variáveis reais (x, y), tem-se, para qualquer vector unitário
u ∈ R2 ,
fu′ (a, b) = tg γ ,
onde γ é o ângulo que a tangente ao gráfico de f , no ponto (a, b, f (a, b)) e na direcção de u,
forma com o plano definido pelos eixos dos xx e dos yy.
2.3 DERIVABILIDADE
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Exercício exemplo 1.3.3 Calcule as derivadas dirigidas da função f (x, y) = xy + sen(x + y),
segundo os vectores u = (1, 1) e v = (0, 1), no ponto (x, y) = (0, π).
Definição 1.3.3 Sejam f : RN −→ R uma função escalar, a ∈ int(Df ). Suponhamos que
existem as derivadas parciais fx′ 1 (a),. . . ,fx′ N (a). Ao vector de RN
∂f ∂f
(a), . . . , (a)
∂ x1 ∂ xN
chama-se gradiente de f no ponto a e denota-se por um dos símbolos seguintes:
∇f (a) ; gradf (a) .
Se a função f tiver todas as derivadas parciais em todos os pontos interiores ao seu domínio
Df , chama-se função gradiente de f , à função vectorial seguinte:
∇f : int(Df ) −→ RN
(x1 , . . . , xN ) 7→ ∇f (x1 , . . . , xN ) .
Exercício exemplo 1.3.4 Calcule o gradiente da função f (x, y) = xy + sen(x + y) no ponto
(x, y) = (0, π) e indique a direcção de maior crescimento da função no ponto (x, y) = (0, π).
Proposição 1.3.1 Sejam f : RN −→ R uma função escalar, a ∈ int(Df ) e u um vector
arbitrário de RN . No caso de existirem, a derivada dirigida de f no ponto a segundo u e o
gradiente de f no mesmo ponto estão relacionados por:
fu′ (a) = ∇f (a) · u .
SEM DEMONSTRAÇÃO: Ver, por exemplo, Campos Ferreira p. 98.
Exercício exemplo 1.3.5 Usando a proposição anterior, √ calcule
√ a derivada direccional da
função f (x, y) = xy+sen(x+y), segundo a direcção u = ( 2/2, 2/2), no ponto (x, y) = (0, π).
1. O gradiente de uma função escalar, calculado num ponto interior ao seu domínio, indica-
nos a direcção de maior crescimento (gradiente) da função, observada no seu domínio.
2. A norma do gradiente dá-nos a taxa de crescimento da função na sua direcção de maior
crescimento.
Como primeira consequência do exposto, verifica-se que o gradiente de uma função f num ponto
a ∈ Df é perpendicular ao conjunto de nível correspondente a esse ponto:
∇f (a) · Nc f = 0 , onde c = f (a) , ∇f (a) 6= 0.
Outra consequência, é a possibilidade de ver o comportamento gráfico de uma função de duas
variáveis a partir do conhecimento dos gradientes calculados em alguns pontos do domínio da
função.
Nos casos mais simples, esta equação diferencial pode ser resolvida separando as variáveis e
depois integrando a equação. Os casos mais complicados remetemos para o Curso de Equações
Diferenciais (ordinárias).
1.3.3 Derivabilidade
Definição 1.3.5 Sejam f : RN → R uma função escalar e a ∈ int(Df ), a = (a1 , . . . , aN ).
Diz-se que f é uma função derivável no ponto a, se existir α = (α1 ,. . . ,αN ) constante tal
que, para qualquer h ∈ RN , h = (h1 , . . . , hN ), se tem
f (a + h) = f (a) + α · h + o(khk) ,
com h independente α e a + h ∈ Df .
2.3 DERIVABILIDADE
c Hermenegildo Borges de Oliveira 20
A notação o(khk) quer dizer que o(khk) é um infinitésimo quando comparado com khk, isto é,
o(khk)
lim = 0.
khk→0 khk
f (a + h) − f (a)
pode ser aproximado por uma função linear de h. Deste modo, podemos dizer que f é derivável
no ponto a, se e só se existir uma única aplicação linear La : RN → R tal que
Chama-se derivada de f no ponto a, e denota-se por f ′ (a), à única aplicação linear nas
condições anteriores e, neste caso, podemos escrever
Proposição 1.3.2 Seja f : RN → R uma função derivável num ponto a ∈ int(Df ). Então:
2. Para todo o vector u ∈ RN , existe a derivada dirigida fu′ (a). Em particular, a função f
admite todas as derivadas parciais de primeira ordem e, tendo em conta as notações da
definição anterior,
∂f ∂f
(a) = α1 , . . . , (a) = αN ,
∂ x1 ∂ xN
e
f (a + h) = f (a) + ∇f (a) · h + o(khk) .
A primeira afirmação da proposição anterior permite-nos concluir que, se f não for contínua no
ponto a, então a função também não é derivável nesse ponto. A segunda afirmação permite-nos
concluir que, se não existir uma derivada dirigida de f no ponto a, então a função também não
é derivável no ponto a.
2.3 DERIVABILIDADE
c Hermenegildo Borges de Oliveira 21
Exercício exemplo 1.3.8 Usando a resolução do Exercício 1.3.7, indique, sem efectuar mais
cálculos, as derivadas parciais fx′ (0, 0, 0), fy′ (0, 0, 0) e fz′ (0, 0, 0).
A proposição seguinte dá-nos uma condição suficiente de derivabilidade, o que na prática
e para justificar a derivabilidade de uma função escalar, nos permite evitar a complicada
Definição 1.3.5.
Proposição 1.3.3 Sejam f : RN → R uma função escalar e a ∈ RN . Suponhamos que existem
e são contínuas, no ponto a, todas as derivadas parciais de primeira ordem, fx′ 1 , . . . fx′ N . Então
a função f é derivável no ponto a.
DEMONSTRAÇÃO: AULA TEÓRICA.
Exercício exemplo 1.3.9 Mostre que para a função seguinte existem todas as derivadas par-
ciais no ponto (x, y) = (0, 0), mas a função não é derivável nesse ponto:
(
xy 2
x2 +y 4
, x 6= 0
f (x, y) =
0, x = 0.
As hipóteses da proposição anterior podem ser enfraquecidas. Basta que N − 1 das derivadas
parciais fx′ 1 , . . . fx′ N sejam contínuas no ponto a. Uma função escalar f para a qual existam
e sejam contínuas, num ponto de acumulação do seu domínio, todas as derivadas parciais de
primeira ordem, diz-se função de classe C 1 , ou função continuamente derivável, nesse
ponto. De um modo geral, dado k ∈ N, diz-se que f é uma função de classe C k , ou que é
uma função continuamente derivável até à ordem k, se existirem e forem contínuas todas
as derivadas parciais de ordem k. Designam-se por funções de classe C 0 as funções contínuas
e as função de classe C ∞ , também designadas funções indefinidamente deriváveis, são
aquelas paras as quais existem e são contínuas todas as derivadas parciais de qualquer ordem.
Definição 1.3.6 Sejam f : RN → R uma função escalar, a um ponto de RN e u = (u1, . . . , uN )
um vector de RN . Designa-se por diferencial da função f no ponto a relativo ao vector u ao
escalar seguinte
∂f ∂f
(d f )u (a) = ∇f (a) · u = (a) u1 + · · · + (a) uN .
∂ x1 ∂ xN
Resulta da Proposição 1.3.1 que o diferencial de uma função escalar f relativo a um vector,
não é mais do que a derivada de f segundo esse mesmo vector, isto é,
(d f )u(a) = fu′ (a) .
Se, na definição anterior, escolhermos para vector u o vector h = (h1 , . . . , hN ) da Definição 1.3.5,
o qual podemos escrever como h = (d x1 , . . . , d xN ), e não fizermos referência ao ponto a,
obtemos o diferencial seguinte
∂f ∂f
df = d x1 + · · · + d xN .
∂ x1 ∂ xN
Esta última expressão do diferencial é habitualmente designada por diferencial total da
função f .
2.3 DERIVABILIDADE
c Hermenegildo Borges de Oliveira 22
Exercício exemplo 1.3.10 Para a função f (x, y) = ln(x2 + y 2), determine o seu diferencial
no ponto (x, y) = (1, 1) relativo ao vector u = (−1, 1). Determine, também, o diferencial total
da função f .
fx′ k : int(Df ) −→ R
(x1 , . . . , xN ) 7→ fx′ k (x1 , . . . , xN ) .
Assim, as novas funções fx′ k podem admitir, por sua vez, derivadas parciais. Suponhamos que
fx′ k admite derivada parcial em ordem à variável xj , com j = 1, . . . , N, em todos os pontos do
domínio Dfx′ k . Chama-se (função) derivada parcial de segunda ordem de f em relação a
xk , primeiro, e a xj , depois, à derivada parcial de primeira ordem de fx′ k em relação a xj . Esta
derivada denota-se por um dos símbolos seguintes:
∂2 f
∂ ∂f ′
≡ ; fx′′k xj ≡ fx′ k x ; Dxk xj f ≡ Dxj (Dxk f ) .
∂ xj ∂xk ∂ xj ∂ xk j
No caso de algum dos xk , xj , xi ser igual a outro, podemos simplificar a escrita como no caso
das derivadas parciais de segunda ordem. O mesmo raciocínio pode ser aplicado às derivadas
parciais de quarta ordem e assim sucessivamente.
Para cada função escalar f de N variáveis vão, possivelmente, existir N p derivadas parciais de
ordem N. No caso particular de uma função escalar de duas variáveis, verifica-se que, em muitas
situações, as derivadas parciais cruzadas de segunda ordem são iguais, independentemente da
ordem por que variável se deriva.
2.3 DERIVABILIDADE
c Hermenegildo Borges de Oliveira 23
Proposição 1.3.4 (Schwarz) Sejam f uma função escalar de duas variáveis (x, y) e D um
subconjunto aberto de Df . Suponhamos que existem as funções derivadas parciais fx′ e fy′ em D
e que uma das duas derivadas parciais de segunda ordem, fx′′y ou fy′′x , existe e é contínua em
D. Então a outra derivada parcial de segunda ordem também existe e tem-se:
∂2 f ∂2 f
(a, b) = (a, b) ∀ (a, b) ∈ D .
∂ x ∂y ∂ y ∂x
SEM DEMONSTRAÇÃO: Ver, por exemplo, Campos Ferreira p. 120.
O resultado anterior pode ser generalizado a qualquer função escalar f definida num domínio
de RN , com N ≥ 2. Por exemplo, prova-se que, para uma função f definida num domínio de
R3 e assumindo que as condições correspondentes da proposição anterior são satisfeitas,
∂4 f ∂4 f
= .
∂ x2 ∂y ∂z ∂ z ∂y ∂x2
Exercício exemplo 1.3.12 Mostre que para a função f (x, y, z) = sen(xyz) se tem sempre
∂3 f ∂3 f
= .
∂ x ∂y ∂z ∂ z ∂x ∂y
Uma outra noção que convém ser estendida a uma ordem superior, é a noção de diferencial.
Nas condições da Definição 1.3.6, sabemos que o diferencial da função f no ponto a, relativo
ao vector u, é o escalar definido por:
∂f ∂f
(d f )u(a) = (a) u1 + · · · + (a) uN .
∂ x1 ∂ xN
Conhecida esta expressão, podemos escrever o diferencial de primeira ordem do modo seguinte:
∂ ∂
(d f )(u) (a) = u1 + · · · + uN f (a) .
∂ x1 ∂ xN
Se existirem todas as derivadas parciais de ordem k > 1 da função f no ponto a, então podemos
definir o diferencial de ordem k de f no ponto a, relativo ao vector u, pela forma simbólica
seguinte:
k
k ∂ ∂
(d f )(u) (a) = u1 + · · · + uN f (a) .
∂ x1 ∂ xN
Por exemplo, no caso particular de k = 2 e de uma função de duas variáveis (x, y), a fórmula
anterior tem o significado seguinte:
∂2f ∂2f 2
2∂ f
(d 2 f )(u,v) (a, b) = u2 (a, b) + 2uv (a, b) + v (a, b) .
∂ x2 ∂ y∂ x ∂ y2
Procedendo de forma análoga e usando as notações da Definição 1.3.5, definimos o diferencial
total de ordem k da função f por:
k
k ∂ ∂
d f= d x1 + · · · + d xN f .
∂ x1 ∂ xN
Exercício exemplo 1.3.13 Determine o diferencial total de segunda ordem da função
2 +y 2 )
f (x, y) = e−(x .
2.3 DERIVABILIDADE
c Hermenegildo Borges de Oliveira 24
f ◦ g : RM −→ R .
Caso de apenas uma variável independente - este é o caso mais simples, em que M = 1
e N é um natural qualquer maior do que 1.
u : R −→ R
t 7→ u(t) = f (ϕ1 (t), . . . , ϕN (t))
Por isto e embora sendo um abuso de notação, podemos escrever a derivada de u na forma
dz ∂ z d x1 ∂ z d x2 ∂ z d xN
z ′ (t) ≡ = + +···+ .
dt ∂ x1 d t ∂ x2 d t ∂ xN d t
Usando a notação matricial, podemos ainda escrever a derivada anterior na forma
d x1
dt
d x2
dz ∂z ∂z ∂z
dt
z ′ (t) ≡ = ··· .
dt ∂ x1 ∂ x2 ∂ xN ..
.
d xN
dt
Exercício exemplo 1.3.14 Determine a derivada z ′ (t) da função seguinte, resultante da com-
posição das funções indicadas:
x
z= , x = e2t , y = ln t .
y
2.3 DERIVABILIDADE
c Hermenegildo Borges de Oliveira 25
As derivadas de ordem superior são calculadas aplicando a fórmula da Proposição 1.3.5 a cada
função que se obtém por derivação. Por exemplo, para a segunda derivada z ′′ (t) e usando a
notação mais simples z = f (x1 , . . . , xN ), obtemos a fórmula
d2 z
2
∂ z 2 d x2 ∂ z 2 d xN d x1 ∂ z d2 x1
d dz ∂ z d x1
≡ = + +···+ + +
d t2 dt dt ∂ x21 d t ∂ x2 x1 d t ∂ xn x1 d t dt ∂ x1 d t2
2
∂ z d x1 ∂ z 2 d x2 ∂ z 2 d xN d x2 ∂ z d2 x2
+ + · · · + + +
∂ x1 x2 d t ∂ x22 d t ∂ xn x2 d t dt ∂ x2 d t2
·· · · · · · · · · · · +
∂ 2 z d x1 ∂ z 2 d x2 ∂ z 2 d xN d xN ∂ z d2 xN
+ +···+ + .
∂ x1 xN d t ∂ x2 xN d t ∂ x2N d t dt ∂ xN d t2
Caso de várias variáveis independentes - este é o caso geral para N e M naturais, su-
postamente maiores do que 1.
u : RM −→ R
t 7→ u(t) = f (ϕ1 (t), . . . , ϕN (t))
∂u ∂ f ∂ ϕ1 ∂ f ∂ ϕ2 ∂ f ∂ ϕN
= + +···+ ,
∂ t1 ∂ x1 ∂ t1 ∂ x2 ∂ t1 ∂ xN ∂ t1
∂u ∂ f ∂ ϕ1 ∂ f ∂ ϕ2 ∂ f ∂ ϕN
= + +···+ ,
∂ t2 ∂ x1 ∂ t2 ∂ x2 ∂ t2 ∂ xN ∂ t2
..
.
∂u ∂ f ∂ ϕ1 ∂ f ∂ ϕ2 ∂ f ∂ ϕN
= + +···+ .
∂ tM ∂ x1 ∂ tM ∂ x2 ∂ tM ∂ xN ∂ tM
2.3 DERIVABILIDADE
c Hermenegildo Borges de Oliveira 26
As expressões das derivadas parciais de u também podem ser simplificadas, neste caso, se
considerarmos u como a função composta
z = f (x1 , . . . , xN ) , x1 = x1 (t1 , . . . , tM ) , . . . , xN = xN (t1 , . . . , tM ) .
Novamente e tendo presente que se trata de um abuso de notação, podemos escrever as derivadas
parciais de u na forma
∂z ∂ z ∂ x1 ∂ z ∂ x2 ∂ z ∂ xN
= + +··· ,
∂ t1 ∂ x1 ∂ t1 ∂ x2 ∂ t1 ∂ xN ∂ t1
∂z ∂ z ∂ x1 ∂ z ∂ x2 ∂ z ∂ xN
= + +··· ,
∂ t2 ∂ x1 ∂ t2 ∂ x2 ∂ t2 ∂ xN ∂ t2
..
.
∂z ∂ z ∂ x1 ∂ z ∂ x2 ∂ z ∂ xN
= + +··· .
∂ tM ∂ x1 ∂ tM ∂ x2 ∂ tM ∂ xN ∂ tM
Usando a notação matricial, podemos também escrever a derivadas parciais anteriores na forma
∂ x1 ∂ x1
· · · ∂∂ txM1
∂ t1 ∂ t2
∂ x2 ∂ x2 ∂ x2
∂t
1 ∂ t 2
· · · ∂ tM
∂z ∂z ∂z
∂z ∂z ∂z
· · · ∂ tM = ∂ x1 ∂ x2 · · · ∂ xN . .. .. .
.
∂ t1 ∂ t2
. . .
∂ xN ∂ xN ∂ xN
∂ t1 ∂ t2
· · · ∂ tM
Exercício exemplo 1.3.17 Determine as derivadas parciais de segunda ordem zxx , zyy e zxy
da função resultante da composição das funções indicadas no Exercício 1.3.16.
2.3 DERIVABILIDADE
c Hermenegildo Borges de Oliveira 27
No caso particular da equação f (x, y) = 0 definir implicitamente y como uma função derivável
de x, y = ϕ(x), tem-se
dy f ′ (x, y)
y′ ≡ = − x′ .
dx fy (x, y)
Exercício exemplo 1.3.18 Verifique que a equação
π
5xey − sen (x + y) + x − 5 = 0
2
define implicitamente y como uma função derivável de x no ponto (x, y) = (1, 0) e calcule y ′(1).
Se a equação F (x1 , . . . , xN , y) = 0 definir implicitamente y como uma função de classe C 1 de
(x1 , . . . , xN ), y = ϕ(x1 , . . . , xN ), tem-se
∂y Fx′ (x1 , . . . , xN , y)
= − ′k
∂ xk Fy (x1 , . . . , xN , y)
para qualquer variável xk , com 1 ≤ k ≤ N.
2.3 DERIVABILIDADE
c Hermenegildo Borges de Oliveira 28
x2 y 2 + xz 3 − 2x4 + zy 3 = 6 .
1. Mostre que esta equação define implicitamente, tanto z como uma função derivável de
(x, y), y como uma função derivável de (x, z) ou x como uma função derivável de (y, z),
todas no ponto (x, y, z) = (1, −1, 2).
F : R3 −→ R
(x, y, z) 7→ F (x, y, z) .
A equação
F (x, y, z) = 0
representa, num sistema de eixos cartesianos (x, y, z) e de forma implícita, uma superfície em
R3 , que denotamos por S. Dizemos que um ponto P = (a, b, c) pertencente à superfície S
é ponto regular, se existem as derivadas parciais Fx , Fy e Fz , e são contínuas em P , e se,
além do mais, pelo menos, uma das derivadas parciais, Fx (P ), Fy (P ) ou Fz (P ) é não nula. Se
todas as derivadas parciais Fx (P ), Fy (P ) e Fz (P ) forem nulas, ou não existir, no ponto P , pelo
menos, uma das derivadas parciais, dizemos que P = (a, b, c) é um ponto crítico, ou ponto
singular, da superfície S.
Proposição 1.3.8 Sejam S uma superfície em R3 , representada de forma implícita pela equação
F (x, y, z) = 0, e P = (a, b, c) um ponto regular de S. Então:
(i) o vector ∇F (P ) é perpendicular ao plano tangente à superfície S no ponto P .
(ii) a equação cartesiana do plano tangente à superfície S no ponto P é dada por
∂F ∂F ∂F
(P )(x − a) + (P )(y − b) + (P )(z − c) = 0 .
∂x ∂y ∂z
2.3 DERIVABILIDADE
c Hermenegildo Borges de Oliveira 29
Se a superfície S puder ser escrita, de forma explícita, por z = f (x, y), o vector normal à
superfície no ponto P = (a, b, c), com c = f (a, b), escreve-se do modo seguinte
1 ∂f ∂f
N=
− (a, b), − (a, b), 1 .
∂f
−
∂x (a, b), − ∂f
(a, b), 1
∂ x ∂ y
∂y
Proposição 1.3.9 Sejam S uma superfície em R3 , representada de forma implícita pela equação
F (x, y, z) = 0, e P = (a, b, c) um ponto regular de S. Então, as equações cartesianas da
recta normal à superfície S no ponto P = (a, b, c) são dadas por
x−a y−b z−c
∂F
= ∂F
= ∂F
.
∂x
(P ) ∂y
(P ) ∂z
(P )
No caso da equação da superfície S puder ser escrita na forma explícita z = f (x, y), as equações
cartesianas da recta normal à superfície S no ponto P = (a, b, c), com c = f (a, b), simplificam-se
a
x−a y−b
−∂f = −∂f = z−c
∂x
(a, b) ∂y
(a, b)
e as correspondentes equações paramétricas reduzem-se a
x(t) = a − ∂∂ fx (a, b) t
∂f ∂f
r(t) ≡ (x(t), y(t), z(t)) = (a, b, c) + t − (a, b), − (a, b), 1 ⇔ y(t) = b − ∂∂ fy (a, b) t .
∂x ∂y
z(t) = c + t
para todo x ∈ B(a, ε). Notemos que o segundo termo do segundo membro da fórmula acima -
o diferencial de f , pode ser escrito na forma matricial seguinte
x1 − a1
x2 − a2
∇f (a) · (x − a) = fx1 (a) fx2 (a) · · · fxN (a) .
···
xN − aN
A proposição seguinte dá-nos uma aproximação mais precisa da função f , a qual já vai fazer
intervir o diferencial de segunda ordem. Designamos esta fórmula por aproximação de se-
gunda ordem da função f em torno do ponto a.
1
f (x) = f (a) + ∇f (a) · (x − a) + [(x − a)H(a)] · (x − a) + o(kx − ak2 ) ,
2!
2.3 DERIVABILIDADE
c Hermenegildo Borges de Oliveira 31
onde
fx1 x1 fx1 x2 · · · fx1 xN
fx2 x1 fx2 x2 · · · fx2 xN
H = .. .. .. ..
. . . .
fxn x1 fxn x2 · · · fxn xN
é a denominada matriz Hessiana da função f e a notação o(kx − ak2 ) significa
o(kx − ak2 )
lim = 0.
x→a kx − ak2
Notemos, também aqui, que o terceiro termo do segundo membro da fórmula da proposição
anterior - o diferencial de segunda ordem de f , pode ser escrito com a notação matricial seguinte
1
[(x − a)H(a)] · (x − a) =
2!
fx1 x1 (a) fx1 x2 (a) ··· fx1 xN (a) x1 − a1
1 fx2 x1 (a) fx2 x2 (a)
··· fx2 xN (a) x2 − a2
x1 − a1 x2 − a2 · · · xN − aN .. .. .. .. .. .
2! . . . . .
fxn x1 (a) fxn x2 (a) · · · fxn xN (a) xN − aN
Podemos continuar este processo de aproximação de uma função escalar f até ao diferencial
de uma ordem N qualquer, desde que a função tenha derivabilidade suficiente. No entanto,
para as aproximações terem mais rigor, convém estabelecer formas precisas de determinar o
infinitésimo o(kx − akN ).
′ 1 ′′ 1 (M )
f (x) = f (a) + f(x−a) (a) + f(x−a) (a) + · · · + f (a) + RM (x − a)
2! M! (x−a)
onde
1 (M +1)
RM (x − a) = f(x−a) (a + θ(x − a)) , 0 < θ < 1.
(M + 1)!
(k)
ordem N. A notação f(x−a) (a) indica a derivada de ordem k, com 1 ≤ k ≤ M + 1, da função f
no ponto a segundo o vector x − a. Usando o resultado expresso na Proposição 1.3.1, podemos
escrever a fórmula de Taylor, até aos termos de segunda ordem, usando a notação
′
f(x−a) (a) = ∇f (a) · (x − a) ,
′′
f(x−a) (a) = [(x − a)∇(∇f )(a)] · (x − a) = [(x − a)H(a)] · (x − a) ,
onde H(a) é a matriz Hessiana de f , calculada no ponto a, referida na Proposição 1.3.10.
No entanto, para as derivadas de ordem superior a dois, esta notação torna-se de tal forma
(k)
complicada que é preferível não a utilizar. Por outro lado, atendendo à Definição 1.3.6, f(x−a) (a)
também pode ser interpretada como o diferencial de ordem k da função f no ponto a relativo
ao vector x − a, (d f )(x−a) (a). Usando a notação dos diferenciais, a fórmula de Taylor pode ser
escrita na forma seguinte:
1 2 1
f (x) = f (a) + (d f )(x−a) (a) + (d f )(x−a) (a) + · · · + (d M f )(x−a) (a) + RM (x − a)
2! M!
onde
1
RM (x − a) = (d M +1 f )(x−a) (a + θ(x − a)) , 0 < θ < 1 .
(M + 1)!
Conhecida a expressão do diferencial de primeira ordem da função escalar f relativo ao vector
x − a, podemos escrevê-lo na forma simbólica seguinte
∂ ∂
(d f )(x−a) (a) = (x1 − a1 ) + · · · + (xN − aN ) f (a) .
∂ x1 ∂ xN
De forma análoga, podemos escrever, simbolicamente, a expressão do diferencial de qualquer
ordem k, com 1 ≤ k ≤ M + 1, de f relativo ao vector x − a por
k
k ∂ ∂
(d f )(x−a) (a) = (x1 − a1 ) + · · · + (xN − aN ) f (a) .
∂ x1 ∂ xN
Portanto, a escrita da fórmula de Taylor em termos dos diferenciais é mais simples, o que, na
resolução de exercícios práticos, se torna numa grande vantagem.
Exercício exemplo 1.3.24 Determine a Fórmula de Mac-Laurin de terceira ordem da função
f (x, y) = ex y .
1.3.9 Exercícios
Derivadas parciais
1. Determine as (funções) primeira e segundas derivadas parciais das funções seguintes:
senh(x + y)
a) f (x, y) = arctg(x + ey ) ; b) f (x, y) = ;
ln(x − y)
c) f (x, y, z) = zsen(xy) + x cos(yz) ; d) f (x, y) = [cotg(x + y)]ln(x+y) ;
√ tgh(xyz)
e) f (x, y) = xy arccos(x + y) + 3
xy ; f) f (x, y, z) = .
xyz
2.3 DERIVABILIDADE
c Hermenegildo Borges de Oliveira 33
a) Estude a continuidade de f e g.
b) Determine as primeiras derivadas parciais de f e g em todos os pontos de R2 .
∂2f ∂2g
c) Determine ∂x∂y e ∂y∂x em todos os pontos de R2 .
Derivadas direccionais
1. Determine as derivadas
p dasfunções seguintes nos pontos e segundo os vectores ~v indicados:
a) f (x, y) = ln x2 + y 2 , P= (1, 1), ~v = (1, 2);
b) f (x, y, z) = 2x2 − 3xy + 6z 2 , P= (1, 1, 0), ~v = ~e1 + ~e2 ;
c) f (x, y, z) = z − e sen y,
x
P= (ln 3, 32 π, −3), ~v = (x, y, z);
→
d) f (x, y) = xyex , P= (1, 1), ~v =PQ, sendo Q= (4, −3);
2 2
e) f (x, y) = ex y , P= (0, 1), ~v tem a direcção da recta y = 2x.
2. Determine as derivadas direccionais das funções seguintes nos pontos e direcções indica-
dos:
a) f (x, y) = x3 − 2x2 y + xy 2 + 1 no ponto (1, 2) na direcção ~v = (3, 4);
2 3
b) f (x, y) = 1 + x2 + y3 no ponto (2, 3) na direcção ~v = (3, 4);
c) f (x, y, z) = π1 (x − y + z)tg(x + y − z) no ponto (π, π, π) na direcção definida pelo vector
~v = (1, 2, 2);
d) f (x, y, z) = xsen(y + z) + ysen(x + z) + zsen(x + y) no ponto ( π4 , − π4 , π2 ) na direcção
~v = (1, 2, 2); √
e) f (x, y, z) = ln cos(x2 ) + cos(y 2) + cos(z 2 ) + e − 3 2 2 no ponto
√ √ √
π
2
, 2π , 2π na direcção ~v = (1, 2, 2).
2.3 DERIVABILIDADE
c Hermenegildo Borges de Oliveira 34
Derivabilidade
1. Estude as funções seguintes quanto à derivabilidade:
a) f (x, y) = xy + 2x2 ; b) f (x, y, z) = z − ex sen y ;
√ ( x |y|
xy se xy ≥ 0 √ 2 2 se (x, y) 6= (0, 0)
c) f (x, y) = ; d) f (x, y) = x +y .
0 se xy < 0 0 se (x, y) = (0, 0)
2. Determine o diferencial total das funções seguintes:
x2 − y 2
a) f (x, y) = tg sen(x + y) + y 2 ; b) f (x, y) = cos(x2 + y 2 ) +
;
ex
xy
c) f (x, y, z) = (x + y + z)senh(xyz) ; d) f (x, y) = (ln(x + y))e .
Funções implícitas
1. Mostre que a equação
1
x3 + 4x2 y − y =
3
define y como função de x numa vizinhança do ponto (0, −1/3) e calcule y ′ (1).
2. Seja y uma função de x determinada pela equação
p y
ln x2 + y 2 = arctan .
x
Calcule yx e yxx .
3. Mostre que a equação
xey + yex + z + cos(xz) = 0
define z como função de x e y numa vizinhança do ponto (0, 0, −1) e calcule zx (0, 0) e
zy (0, 0).
4. Considere a equação
x ln(yz) − y ln(xz) = 0 .
a) Mostre que, numa vizinhança do ponto (1, 1, 1), esta equação define y como função de
x e z.
b) Calcule yx (1, 1), yxx (1, 1) e yxz (1, 1).
5. Considere a equação
2 +y 2
z 3 − z 2 + 2ex = 2.
a) Determine z0 de modo que esta equação defina z como função de x e y numa vizinhaça
do ponto (0, 0, z0).
b) Calcule zx (0, 0), zy (0, 0), zxx (0, 0), zyy (0, 0) e zxy (0, 0).
Aplicações geométricas
1. Considere a função
f (x, y) = x2 + 2xy + 2y 4 .
a) Determine os pontos onde o gradiente de f é vertical;
b) Determine os pontos da curva C= {(x, y) ∈ R2 : f (x, y) = 1} onde a tangente é
horizontal.
2. Determine os planos tangentes às superfícies seguintes nos pontos indicados:
2 2 2
a) x25 − y16 + z9 = 0 no ponto (5, 4, 3);
b) x2 y 2 − 2x3 z − yz 2 = 1 no ponto (−1, 1, 2);
c) z 2 + arccos(z − y) − x2 = π2 no ponto (−1, 1, 1);
d) x + arccos(z − y) + 5z = 1 + arccos 5 no ponto 0, 45 , 15 ;
2 3
4. Considere a função:
x
r
f (x, y) = 1− .
x+y
Determine:
a) a equação da linha de nível que passa no ponto (0, 1);
b) a direcção de maior crescimento da função no ponto (0, 1);
c) a equação do plano tangente à superfície z = f (x, y) no ponto (0, 1);
d) as equações paramétricas da recta normal à superfície z = f (x, y) no ponto (0, 1).
5. Considere a função:
x2
f (x, y) = ln 1 − .
y
Determine:
a) a equação da linha de nível que passa no ponto (1, 2);
b) a direcção de maior crescimento da função no ponto (1, 2);
c) a equação do plano tangente à superfície z = f (x, y) no ponto (1, 2);
d) as equações paramétricas da recta normal à superfície z = f (x, y) no ponto (1, 2).
Fórmula de Taylor
1. Determine a Fórmula de Taylor, até aos termos de terceira ordem, das funções seguintes
em torno dos pontos (a, b) indicados.
a) f (x, y) = xy 2 , com (a, b) = (1, 2) ;
b) f (x, y) = xseny + ysenx com (a, b) = (0, 0).
2. Determine a Fórmula de Mac-Laurin, até aos termos de terceira ordem, das funções
seguintes:
a) f (x, y) = cos x cos y;
b) f (x, y) = y x+1 .
1.4 Extremos
Consideremos uma função escalar de classe C 1
f: RN −→ R
(x1 , . . . , xN ) 7→ f (x1 , . . . , xN ) .
para algum ε > 0. A função f tem um mínimo relativo, ou mínimo local, no ponto a, se
para algum ǫ > 0. Designamos por máximo ou mínimo relativo, ou local, da função f ao
valor da imagem f (a). Quando não houver necessidade de especificar se este valor é máximo
ou mínimo relativo, diremos que f (a) é um extremo relativo, ou extremo local, da função
f . Em muitas aplicações estamos interessados no maior ou menor valor possível de uma função
escalar. A função f tem um máximo absoluto, ou máximo global, no ponto a, se
Ao valor f (a), nas condições anteriores, designamos por máximo ou mínimo absoluto, ou
global. No caso de não querermos especificar se se trata de máximo ou mínimo, designaremos,
apenas, por extremo absoluto ou global. Em geral, uma função escalar não tem necessari-
amente um máximo ou mínimo absoluto. No entanto, por um resultado da Análise que não
demonstraremos aqui 3 , sabemos que toda a função contínua num domínio fechado e limitado
tem máximo e mínimo absolutos.
∇ f (a1 , . . . , aN ) = (0, . . . , 0) .
Aos pontos a nas condições da Proposição 1.4.1, isto é, aos pontos a ∈ int(Df ) onde f é de
classe C 1 e tais ∇ f (a) = 0, vamos designar por pontos de estacionaridade da função f .
Recordamos que anteriormente já havíamos introduzido a noção de pontos críticos, ou pontos
singulares, pontos onde as derivadas parciais eram todas nulas ou onde, pelo menos, uma das
derivadas parciais não existia. Neste sentido, os pontos de estacionaridade de uma função
escalar são pontos singulares. Os pontos de estacionaridade de uma função escalar poderão
ser de dois tipos diferentes: extremos ou pontos de sela. Os extremos podem ser máximos ou
mínimos e os pontos de sela são pontos de estacionaridade que não são extremos.
(m)
3. se m é ímpar, ou m é par e fu (a) não tem sinal definido para alguma direcção u
emergente de a, então f (a) é um ponto de sela;
(m)
4. se m é par e fu (a) tem sinal constante, com excepção de um número finito de direcções
(m)
u emergentes de a para as quais fu (a) = 0, nada se pode concluir sobre f (a).
Em termos práticos, o ponto 4 desta proposição é o de mais difícil resolução, tendo-se, na maioria
dos casos, de efectuar um estudo local, ou determinar as derivadas direccionais de f de ordem
superior a m, para averiguar a natureza do ponto de estacionaridade a. Os resultados expressos
na proposição anterior são particularmente úteis quando m = 2. Por isso, é importante ter
presente a caracterização da derivada direccional fu2 (a), com u = (u1 , . . . , uN ), através da
respectiva matriz Hessiana H(a):
fx1 x1 (a) · · · fx1 xN (a) u1
fu2 (a) = [u H(a)] · u = u1 · · · uN
.. .. .. ..
. . . . .
fxn x1 (a) · · · fxn xN (a) uN
Observemos que a matriz Hessiana H(a) é uma matriz simétrica de ordem N × N com as
entradas todas reais. Portanto, em termos da Álgebra Linear, fu2 (a) é uma forma bilinear
quadrática associada à matriz Hessiana H(a), que pode ser caracterizada como definida pos-
itiva ou negativa, semi-definida positiva ou negativa e, ainda, indefinida.
1. Diz-se que fu2 (a) é definida positiva, se uT H(a) u > 0 para todo u ∈ RN \ {0}.
2. Diz-se que fu2 (a) é definida negativa, se uT H(a) u < 0 para todo u ∈ RN \ {0}.
Se fu2 (a) não satisfaz nenhum dos casos da definição anterior, dizemos que fu2 (a) é uma forma
quadrática indefinida. Deste modo, a Proposição 1.4.2 pode ser escrita na forma algébrica
seguinte, recorrendo às caracterizações da forma quadrática fu2 (a).
4. se fu2 (a) é semi-definida positiva ou negativa, nada se pode concluir sobre f (a).
Tal como na Proposição 1.4.2, o ponto 4 da Proposição 1.4.3 é o de mais difícil resolução,
tendo-se, também, de efectuar um estudo local, ou determinar as derivadas direccionais de f
de ordem superior a 2, para averiguar a natureza do ponto de estacionaridade a. Na resolução
de exercícios práticos sobre extremos, é mais simples caracterizar a forma bilinear quadrática
fu2 (a) através da matriz Hessiana H(a) que lhe está associada. O resultado seguinte da Álgebra
Linear simplifica-nos bastante essa caracterização.
Seja
fx1 x1 (a) · · · fx1 xN (a)
fx1 x1 (a) fx1 x2 (a) .. .. ..
△1 = fx1 x1 (a), △2 = det , ··· , △N = det . . .
fx2 x1 (a) fx2 x2 (a)
fxn x1 (a) · · · fxn xN (a)
3-4 (i) se △j = 0 para algum j ímpar e △k < 0 para algum k > j par, então fu2 (a) é
indefinida, pelo que f (a) corresponde a um ponto de sela;
3-4 (ii) se △j = 0 para algum j par e △k > 0 para algum k > j ímpar, então fu2 (a) é
indefinida, pelo que f (a) corresponde a um ponto de sela.
afirmações seguintes, apesar de serem inconclusivas quanto à natureza dos pontos de esta-
cionaridade:
4 (ii) se, para todo k = 1, . . . , r, △k < 0 para k ímpar e △k > 0 para k par, e se, para todo
k = r + 1, . . . , N, △k = 0, então fu2 (a) é semi-definida negativa e nada se pode concluir sobre
f (a).
A Proposição 1.4.4 conjugada com a Proposição 1.4.3 simplifica bastante o estudo dos extremos
de funções escalares de duas variáveis.
1.4.1 Exercícios
1. Determine e classifique os pontos de estacionaridade da funções seguintes:
1
a) f (x, y) = x2 + y 4 ; b) f (x, y) = x2 − 2xy + y 3 − 3y ;
3
c) f (x, y) = x2 + y 2 + 4x − 2y + 5 ; d) f (x, y) = xy(x − 1) ;
e) f (x, y) = x4 + y 4 − 2x2 ; f) f (x, y) = xy ln(x2 + y 2) ;
2 +y 2 +z 2
g) f (x, y, z) = ex ; h) f (x, y, z) = x2 + y 2 + 3z 2 + yz + 2xz − xy .
2.4 EXTREMOS
c Hermenegildo Borges de Oliveira 41
y 3 − 3x2 y + x3 = 3 .
x + 2xy + 3z 2 + x2 z = 1 .
Capítulo 2
Por vezes, denominamos as linhas por curvas e, nesse sentido, é habitual denotar as linhas por
C, notação que iremos seguir neste curso. Outra notação frequente para as linhas é Γ. As linhas
são habitualmente escritas na forma paramétrica:
ou
r(t) = (x(t), y(t), z(t)), t ∈ I, no caso do espaço.
No entanto podem, também, aparecer escritas na forma cartesiana:
42
2.4 EXTREMOS
c Hermenegildo Borges de Oliveira 43
onde f e g são funções contínuas dadas. Podem, ainda, ser escritas por outras formas. Por ex-
emplo, fazendo uso das coordenadas polares no caso do plano R2 , ou das coordenadas cilíndricas
ou esféricas no caso do espaço R3 . Mas neste curso vamos estudar, apenas, curvas definidas na
forma paramétrica ou na forma cartesiana.
Definição 2.1.2 Designa-se por caminho qualquer linha a que lhe está adstrita um sentido
em que é descrita, uma origem, uma extremidade e a cada ponto uma multiplicidade.
Os caminhos são, também, denominados por trajectórias e são representados por aplicações
vectoriais contínuas. Sendo [a, b] ⊂ R, com a < b, temos as representações seguintes:
r : [a, b] −→ R2
⇔ r(t) = (x(t), y(t)), t ∈ [a, b];
t 7→ (x(t), y(t))
r : [a, b] −→ R3
⇔ r(t) = (x(t), y(t), z(t)), t ∈ [a, b];
t 7→ (x(t), y(t), z(t))
nos casos do plano e espaço, respectivamente. Designam-se por origem do caminho ao ponto
A = r(a) e por extremidade do caminho ao ponto B = r(b). Neste caso, dizemos que
o caminho está orientado de A para B. No caso de A = B, i.e. r(a) = r(b), diz-se que
o caminho é fechado. Caso contrário, diz-se que o caminho é aberto. Dizemos que um
ponto C tem multiplicidade k, se corresponder a k valores distintos t1 , . . . , tk ∈ [a, b], i.e., se
r(t1 ) = · · · = r(tk )=C.
Por simplicidade de escrita, mas tendo em conta que se trata de um abuso de linguagem, iremos
designar os caminhos por linhas e continuaremos a utilizar a letra C para denotar os caminhos.
Definição 2.1.3 Sejam F uma função vectorial e C um caminho parametrizado por r(t), com
t ∈ [a, b] e a < b. Define-se o integral de linha do campo vectorial F sobre o caminho C
por Z b
dr
Z Z
F ≡ F(r) · dr = F(r(t)) · dt.
C C a dt
2.4 EXTREMOS
c Hermenegildo Borges de Oliveira 44
Se, no espaço, o caminho C está parametrizado por r(t) = (x(t), y(t), z(t)) e
F: R3 −→ R3
,
(x, y, z) 7→ (F1 (x, y, z), F2 (x, y, z), F3 (x, y, z))
i.e. F(x, y, z) = (F1 (x, y, z), F2 (x, y, z), F3 (x, y, z)) a expressão simplifica-se a
Z Z b
F= (F1 x′ + F2 y ′ + F3 z ′ ) dt.
C a
Observemos que as expressões dos segundos membros das equações anteriores estão escritas de
uma forma abreviada. Convém ter em mente que todas as funções aí envolvidas vêm escritas
em função de t. Por exemplo, F1 = F1 (x(t), y(t)) no caso do plano, ou F1 = F1 (x(t), y(t), z(t))
no caso do espaço e x′ = x′ (t).
a) F(x, y) = (−y, −xy) e C é o caminho parametrizado por r(t) = (cos t, sent), com t ∈ [0, π/2].
Resolução: Sabendo que x(t) = cos(t) e y(t) = sen(t), F1 (x(t), y(t)) = −y(t) = −sen(t) e
F2 (x(t), y(t)) = −x(t)y(t) = − cos(t)sen(t), temos
Z Z π Z π
2 2
′ ′
F= (F1 x + F2 y ) dt = (sen2 (t) − sen(t) cos2 (t)) dt =
C 0 0
t= π2
1 1 1 π 1
t − sen(2t) + cos3 (t) = − .
2 4 3 t=0 4 3
b) F(x, y, z) = (z, x, y) e C é o caminho parametrizado por r(t) = (cos t, sent, 3t), com t ∈
[0, 2π].
Resolução: Neste caso, x(t) = cos(t), y(t) = sen(t) e z(t) = 3t, F1 (x(t), y(t), z(t)) = z(t) = 3t,
F2 (x(t), y(t), z(t)) = x(t) = cos(t), F3 (x(t), y(t), z(t)) = y(t) = sen(t). Então
Z Z 2π Z 2π
′ ′ ′
F= (F1 x + F2 y + F3 z ) dt = (−3tsen(t) + cos2 (t) + 3sen(t)) dt =
C 0 0
t=2π
1 1
3t cos(t) − sen(t) + t + sen(2t) = 7π .
2 4 t=0
2.4 EXTREMOS
c Hermenegildo Borges de Oliveira 45
No caso particular da função vectorial F ter apenas uma componente não nula, obtemos uma
nova noção de integral de linha. Designaremos este novo integral por integral de linha relati-
vamente a uma variável.
Definição 2.1.4 Sejam f uma função escalar e C um caminho parametrizado por r(t) =
(x(t), y(t)), no caso do plano, ou r(t) = (x(t), y(t), z(t)), no caso do espaço, com t ∈ [a, b]
e a < b. O integral de linha do campo escalar f ao longo do caminho C relativo à variável
x, y ou z é dado, respectivamente, por
Z Z b Z Z b Z Z b
′ ′
f dx = f x dt, f dy = f y dt, f dz = f z ′ dt.
C a C a C a
Definição 2.1.5 Sejam f uma função escalar e C um caminho parametrizado por r(t) =
(x(t), y(t)), no caso do plano, ou r(t) = (x(t), y(t), z(t)), no caso do espaço, com t ∈ [a, b]
e a < b. O integral de linha do campo escalar f ao longo do caminho C relativamente ao
comprimento de arco, denotado por s, é definido por
Z b
dr
Z
f ds = f (r(t))
dt
dt,
C a
a) f (x, y) = x2 y e C é o caminho parametrizado por r(t) = (sen cos t), com t ∈ [0, π/2];
Resolução: Observe-se que, neste caso, o caminho em questão é o ramo da circunferência x2 +
y 2 = 1 entre os pontos A = (sen(0), cos(0)) = (0, 1), de origem, e B = (sen(π/2), cos(π/2)) =
(1, 0), extremidade (percorrido no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio). Aqui, x(t) =
sen(t), y(t) = cos(t) e f (x(t), y(t)) = x(t)2 y(t) = sen2 (t) cos(t). Então
Z Z π
2 p
f ds = f (x(t), y(t)) (x′ (t))2 + (y ′(t))2 dt =
C 0
π
1 3 t= π2 1
Z
2 p
sen2 (t) cos(t) cos2 (t) + (−sen(t))2 dt = sen (t) t=0 = .
0 3 3
b) f (x, y, z) = 1/(x2 + y 2 + z 2 ) e C é o caminho parametrizado por r(t) = (cos(t), sen(t), t),
com t ∈ [0, 1].
Resolução: Agora, o caminho é o ramo de hélice x2 + y 2 = 1 entre os planos z = 0 e z = 1.
A parametrização é dada por x(t) = cos(t), y(t) = sen(t) e z(t) = t. Logo, f (x(t), y(t), z(t)) =
(cos2 (t) + sen2 (t)2 + t2 )−1 = (1 + t2 )−1 e
Z Z 1 p
f ds = f (x(t), y(t), z(t)) (x′ (t))2 + (y ′(t))2 + (z ′ (t))2 dt =
C 0
√
√ Z 1
dt √ t=1 2
2 2
= 2 [arctgt]t=0 = π.
0 1+t 4
2.1.2 Motivação
O conceito de integral de linha tem bastantes aplicações em diversos campos das ciências. Va-
mos aqui considerar, apenas como exemplos de aplicação, um exemplo físico e outro geométrico.
Definição 2.1.6 Sejam C um caminho parametrizado por r(t), onde t ∈ [a, b] e F um campo
de forças. Definimos o trabalho realizado pela força F quando o seu ponto de aplicação
percorre o caminho C por Z Z
W= F≡ F(r(t)) · dr.
C C
Deste modo, verificamos que o trabalho realizado por um campo de forças ao longo de uma
curva é dado pela Definição 2.1.3.
Exemplo 2.1.5 Calcule o trabalho realizado pelo campo de forças F(x, y, z) = (x, −xy, z 2 ),
sobre uma partícula que se move sobre a hélice r(t) = (cos(t), sen(t), t), desde o ponto A =
(1, 0, 0) até ao ponto B = (−1, 0, 3π).
2.4 EXTREMOS
c Hermenegildo Borges de Oliveira 47
Resolução: A parametrização do caminho é x(t) = cos(t), y(t) = sen(t) e z(t) = t e, pela última
componente, vemos que t ∈ [0, 3π]. Então, F(x(t), y(t), z(t)) = (cos(t), − cos(t)sen(t), t2 ) e
Z Z 3π Z 3π
′ ′ ′
− cos(t)sen(t) − cos2 (t)sen(t) + t2 dt
W= F= (F1 x + F2 y + F3 z ) dt =
C 0 0
t=3π
1 1 1 2
= cos2 (t) + cos3 (t) + t3 = 9π 3 − .
2 3 3 t=0 3
Definição 2.1.7 Seja C um caminho parametrizado por r(t), onde t ∈ [a, b]. Definimos o
comprimento do caminho C por
Z b
dr
Z
s= ds =
dt.
dt
C a
b) hélice, parametrizada por r(t) = (t, sen(t), cos(t)), desde o ponto A = (0, 0, 1) até ao ponto
B = (3π, 0, −1).
Resolução: A parametrização indicada é x(t) = t, y(t) = sen(t) e z(t) = cos(t), e, pela primeira
componente, vemos que t ∈ [0, 3π]. Assim, o comprimento da hélice é dado por:
Z Z 3π p Z 3π p √
ds = ′ 2 ′ 2 ′ 2
(x (t)) + (y (t)) + (z (t)) dt = 1 + (cos(t))2 + (−sen(t))2 dt = 3 2π .
C 0 0
1. C (F + G) = C F + C G;
R R R
2. C αF = α C F;
R R
2.4 EXTREMOS
c Hermenegildo Borges de Oliveira 48
DEMONSTRAÇÃO - EXERCÍCIO:
Exemplo 2.1.7 Calcule o integral de F(x, y) = (y, x) ao longo do caminho rectilíneo C que
une a origem de referencial ao ponto (3, 1), passando pelo ponto (3, 0).
Antes de passarmos ao resultado seguinte, convém referir que se entende por caminho oposto
de um dado caminho C como sendo o caminho percorrido ao longo da curva C, mas em sentido
contrário. Denotamos o caminho oposto por C − .
Proposição 2.1.2 Seja C um caminho parametrizado por r(t), com t ∈ [a, b] e C − o seu
caminho oposto. O caminho C − é parametrizado por r− (t) = r(a + b − t) e temos
Z Z
F=− F
C− C
Exemplo 2.1.8 a) Calcule o integral de F(x, y) = (x2 − 2xy, y 2 − 2xy) ao longo da parábola
y = x2 desde o ponto A = (−1, 1) até ao ponto B = (1, 1).
b) Calcule o integral anterior, mas no caminho oposto.
Proposição 2.1.3 Sejam C um caminho que une o ponto A ao ponto B e F um campo vectorial
tal que F = ∇f para alguma função escalar f . Então
Z
F = f (B) − f (A).
C
2.4 EXTREMOS
c Hermenegildo Borges de Oliveira 49
A proposição anterior diz-nos que, a existir tal campo escalar, o integral de linha vai ser inde-
pendente do caminho que é percorrido entre o ponto A e o ponto B. Isto é, o integral de linha
sobre caminhos distintos que unam o ponto A ao B tem sempre o mesmo valor. Em particular,
se C for um caminho fechado, A = B e, por consequência C F = 0. Deste modo, vamos denotar
R
Existem casos em que o enunciado é omisso quanto ao integral ser independente do caminho
ou não. Nestes casos, necessitamos de condições que nos garantam que determinado campo
vectorial corresponde ao gradiente de alguma função escalar. O próximo resultado fornece-nos
uma condição necessária, mas não suficiente, para verificarmos isso.
Proposição 2.1.4 Seja F um campo vectorial. Suponhamos que existe uma função f tal que
F = ∇f . Então:
∂F2 ∂F1
= , no caso do plano; (2.1.1)
∂x ∂y
ou
∂F3 ∂F2 ∂F1 ∂F3 ∂F2 ∂F1
= , = , = , no caso do espaço. (2.1.2)
∂y ∂z ∂z ∂x ∂x ∂y
DEMONSTRAÇÃO: AULA TEÓRICA.
Este resultado é muito útil pelo que diz a sua afirmação contra-recíproca. Isto é, se a condição
(2.1.1), ou a condição (2.1.2), não é satisfeita, então não existe um campo escalar f tal que
F = ∇f .
Exemplo 2.1.10 Considere o integral de linha de F = (5z, xy, x2 z) ao longo de uma curva
que une o ponto A = (0, 0, 0) a B = (1, 1, 1).
a) Verifique que este integral não é independente do caminho.
b) Para corroborar a), calcule este integral de linha quando o caminho é parametrizado por:
(i) r1 (t) = (t, t, t), com t ∈ [0, 1];
(ii) r2 (t) = (t, t, t2 ), com t ∈ [0, 1].
2.4 EXTREMOS
c Hermenegildo Borges de Oliveira 50
A questão que agora se põe é a de saber em que condições a afirmação recíproca da expressa
na Proposição 2.1.4 é suficiente para o integral de linha ser independente do caminho.
Proposição 2.1.5 Seja C um caminho contido num domínio simplesmente conexo1 D de R2
ou R3 que contém o caminho C. Suponhamos que F(x, y) = (F1 (x, y), F2(x, y)), ou F(x, y, z) =
(F1 (x, y, z), F2 (x, y, z), F3 (x, y, z)) são tais que, respectivamente,
∂F2 ∂F1
= , no caso do plano;
∂x ∂y
ou
∂F3 ∂F2 ∂F1 ∂F3 ∂F2 ∂F1
= , = , = , no caso do espaço.
∂y ∂z ∂z ∂x ∂x ∂y
Então o integral C F é independente do caminho C.
R
2.1.5 Exercícios
1. Esboce as curvas seguintes no plano:
a) r(t) = (t, 2t√
− 1), com t ∈ [0, 1];
b) r(t) = (t, − 1 − t2 ), com t ∈ [−1, 1];
c) r(t) = (t, 1/t), com t ∈ (−∞, 0);
3
d) r(t) = 2 cos(t) , 3sen(t) , com t ∈ [0, 2π].
6. Sendo C o caminho parametrizado por r(t) = (2 cos t, sen t), calcule os integrais de linha
seguintes:
Z Z Z
2 2
a) y dx; b) (x + y ) dy; c) y 2 dx + x2 dy.
C C C
Definição 2.2.1 Sejam a, b, c e d números reais tais que a < b e c < d. Consideremos o
rectângulo
R = (x, y) ∈ R2 : a ≤ x ≤ b, c ≤ y ≤ d
Definição 2.2.2 Seja f uma função definida num rectângulo R ⊂ R2 . Designamos por soma
de Riemann da função f no rectângulo R à quantidade seguinte:
n,
X m n X
X n
f (x∗ij )△xi △yj ≡ f (x∗ij )△xi △yj ≡ f (x∗11 )△x1 △y1 + · · · f (x∗nm )△xn △ym ;
i=0, j=0 j=0 i=0
onde x∗ij são pontos seleccionados aleatoriamente nos subrectângulos Rij respectivos.
Para a noção de integral duplo, interessa-nos que as partições sejam muito finas. Definimos a
quantidade que define a finura de dada partição P de um rectângulo R ⊂ R2 por
q
|P | = max (△xi )2 + (△yj )2 .
i, j
P = {(xi , yj ) ∈ R : 0 ≤ i ≤ n, 0 ≤ j ≤ m}
No caso de existir, o limite da definição anterior designa-se por integral da função f e denota-
se por Z Z Z Z
f (x, y) dx dy ou f (x, y) dy dx,
R R
onde dx dy, ou dy dx, indica um elemento de área ao qual ainda não está subjacente nenhuma
ordem de integração.
A noção de função integrável que acabamos de introduzir, extende-se a qualquer função definida
num conjunto limitado D ⊂ R2 que não seja propriamente um rectângulo. Apenas temos de
considerar um rectângulo R que contenha D e aí fazer a análise anterior. O único cuidado
a tomar para a definição fazer sentido, é fixar o valor de f (x∗ij ) igual a zero quando x∗ij não
pertencer a D.
A proposição anterior diz-nos basicamente que todas as funções elementares que conhecemos
serão integráveis em domínios limitados.
Rb Rd
Suponhamos que a f (x, y) dx existe para qualquer y ∈ [c, d], e que c f (x, y) dy existe para
qualquer x ∈ [a, b]. Então
Z Z Z d Z b Z b Z d
f (x, y) dx dy = f (x, y) dx dy = f (x, y) dy dx.
R c a a c
A Proposição 2.2.2 pode ser generalizada a qualquer domínio limitado D ⊂ R2 . Isto é, o cálculo
de um integral duplo num domínio limitado, resume-se ao cálculo de integrais repetidos.
Proposição 2.2.3 1. Sejam g e h duas funções reais de uma variável real, contínuas num
intervalo [a, b] ⊂ R, com a < b, e tais que, para cada a ≤ x ≤ b, g(x) ≤ h(x). Consideremos
uma função f contínua no domínio
D = (x, y) ∈ R2 : a ≤ x ≤ b, g(x) ≤ y ≤ h(x) .
Então Z b "Z #
Z Z h(x)
f (x, y) dx dy = f (x, y) dy dx.
D a g(x)
2. Sejam i e j duas funções reais de uma variável real, contínuas num intervalo [c, d] ⊂ R, com
c < d, e tais que, para cada c ≤ y ≤ d, i(y) ≤ j(y). Consideremos uma função f contínua no
domínio
D = (x, y) ∈ R2 : c ≤ y ≤ d, i(y) ≤ x ≤ j(y) .
Então "Z #
Z Z Z d j(y)
f (x, y) dx dy = f (x, y) dx dy.
D c i(y)
Na maioria das situações, podemos integrar tanto primeiro em ralação a uma variável, digamos
x, e em seguida relativamente à outra, y, como pela ordem inversa. No entanto, em qualquer
exercício prático, uma das alternativas anterior é mais fácil de calcular do que a outra. Mas,
existem situações em que, por diversas razões, é manifestamente impossível calcular o integral
primeiro relativamente a uma das variáveis, sendo a mais comum a impossibilidade de deter-
minar a primitiva da função dada em relação a essa variável. Nestes casos, somos obrigados a
calcular o integral como um integral repetido, mas com uma única ordem de integração possível.
No caso dos limites de integração serem constantes, então pela Proposição 2.2.2, podemos in-
verter a ordem de integração da forma que nos for mais conveniente. Contudo, se os limites de
integração não são constantes, a inversão da ordem de integração vai afectar também as funções
que limitam a região de integração. Na prática, ao inverter a ordem de integração destes inte-
grais, vamos considerar as inversas das funções que limitam o domínio, fazendo depois a devida
mudança de variável.
Exemplo 2.2.3 Inverta a ordem de integração do integral duplo seguinte, onde f (x, y) é uma
função arbitrária integrável no domínio indicado:
Z 1 Z − 12 ln y
f (x, y) dx dy.
e−2 ln y
Exemplo 2.2.4 Comece por verificar que, usando os métodos de primitivação conhecidos, é
impossível calcular o integral seguinte pela ordem de integração que está escrito. Inverta a
ordem de integração e calcule o seu valor:
Z 3Z 9
3
x3 ey dy dx .
0 x2
ϕ: Ω −→ D
(u, v) 7→ (x, y) = ϕ(u, v) ≡ (ϕ1 (u, v), ϕ2(u, v))
Observe-se que, por ϕ ser bijectiva, ϕ−1 (D) = Ω. A quantidade J expressa na proposição ante-
rior designa-se por jacobiano da mudança de variáveis (x, y) para (u, v) e a matriz [∂(x, y)/∂(u, v)]
é a denominada matriz jacobiana dessa transformação. Esta matriz poderá, ainda, ser escrita
da forma seguinte: ∂ϕ1 ∂ϕ1
∂(x, y)
≡ ∂ϕ∂u
2
∂v
∂ϕ2 .
∂(u, v) ∂u ∂v
cos(x − y)
Z Z
onde D = (x, y) ∈ R2 : 1 ≤ x + y ≤ 2, x ≥ 0, y ≥ 0 .
dx dy,
D sen(x + y)
No integral duplo, o exemplo de mudança de variáveis com mais interesse prático é a trans-
formação para coordenadas polares. Recordemos o que são as coordenadas polares de um
ponto no plano. Seja P um ponto em R2 (plano) cujas coordenadas rectangulares num sistema
de eixos cartesiano são dadas por (x, y). Fixemos o triângulo rectângulo de vértices (0, 0), (x, 0)
e P = (x, y). Designemos a hipotenusa deste rectângulo por r e seja θ o ângulo formado entre
o semi-eixo positivo dos xx e a semi-recta com origem no ponto de coordenadas (0, 0) e que
passa por P = (x, y). Da trigonometria elementar, temos o seguinte:
cateto adjacente
cos(θ) = = xr
hipotenusa
x = r cos(θ)
⇔ (2.2.3)
cateto oposto y
y = rsen(θ) .
sen(θ) =
=r
hipotenusa
Deste modo, podemos definir o ponto P num sistema de eixos cartesiano à custa das variáveis
(r, θ), as quais se designam por coordenadas polares do ponto P .
Exemplo 2.2.6 Fazendo a mudança de variáveis para coordenadas polares, calcule o integral
seguinte: Z Z
2 2
ex +y dx dy, onde D = (x, y) ∈ R2 : x2 + y 2 ≤ 1 .
D
2.2.4 Aplicações
Nesta secção vamos restringir-nos às aplicações geométricas, alertando apenas o leitor de exis-
tirem muitas outras aplicações, como o cálculo do centro de massa de um objecto, bem como
o cálculo dos seus momentos de inércia.
D = (x, y) ∈ R2 : −1 ≤ x ≤ 1, x ≤ y ≤ −x2 + x + 1 .
D = (x, y) ∈ R2 : 1 ≤ x2 + y 2 ≤ 4 .
Ω = (x, y, z) ∈ R3 : (x, y) ∈ D,
g(x, y) ≤ z ≤ f (x, y) ,
então: Z Z
Volume(Ω) = [f (x, y) − g(x, y)] dx dy .
D
Ω = (x, y, z) ∈ R3 : 1 ≤ x2 + y 2 + z 2 ≤ 4, z ≥ 0 .
Proposição 2.2.6 (Teorema de Green) Sejam f e g funções reais de duas variáveis reais,
com derivadas parciais contínuas num domínio aberto Ω de R2 . Sejam, ainda, C um caminho
simples, fechado e totalmente contido em D, onde D = C ∪ int(C) ⊂ Ω. Então:
Z Z
∂g ∂f
Z
f dx + g dy = − dx dy.
C D ∂x ∂y
A equação integral do Teorema de Green, é muitas vezes designada por Fórmula de Riemann.
Exemplo 2.2.10 Verifique a Fórmula de Riemann do Teorema de Green para o campo vecto-
rial F(x, y) = (y 2 − 7y, 2xy + 2x) na circunferência x2 + y 2 = 1.
O Teorema de Green é uma ferramenta muito poderosa, não só em termos práticos de reso-
lução de alguns exercícios, assim como na demonstração de alguns resultados teóricos, alguns
deles já estabelecidos. Por exemplo, fica trivial mostrar que o integral de linha de um campo
conservativo calculado sobre um caminho simples fechado é zero.
Existem outras formas de apresentar o Teorema de Green no plano. Os dois resultados que
apresentamos a seguir num único enunciado, são casos particulares, no plano, de resultados
mais gerais.
2. Teorema de Stokes Z Z Z
rot F · z dxdy = F · t ds,
D C
Como vimos, aquando do estudo dos integrais de linha, os integrais dos segundos membros das
equações integrais da proposição anterior, são integrais de linha relativamente ao comprimento
de arco, sendo ds o denominado elemento de arco. Designa-se por divergência de um campo
vectorial F(x, y) = (F1 (x, y), F2(x, y)), ao campo escalar definido por:
∂F1 ∂F2
div F = + .
∂x ∂y
Observe-se que qualquer vector, definido num espaço vectorial qualquer, se pode decompor em
duas componentes - uma normal e outra tangente. Em Análise Matemática, normal tem o
significado de perpendicular. Assim, para um campo vectorial qualquer F, tem-se:
F = Fn n + Ft t , onde Fn = F · n , Ft = F · t e n · t = 0 .
Por consequência, o vector unitário normal à mesma curva pode ser dado por
1
n= p (y ′ (t), −x′ (t)) .
x′ (t)2 + y ′ (t)2
onde usamos a igualdade formal n ds = (dy, −dx). Esta igualdade corresponde à Fórmula de
Riemann com f = −F2 e g = F1 . Por outro lado, sabemos que rot F denota o rotacional do
campo vectorial F = (F1 , F2 ) e, neste caso, reduz-se a
∂ F2 ∂ F1
rot F = − .
∂x ∂y
Do mesmo modo, o Teorema de Stokes escrito acima resume-se a
Z Z
∂ F2 ∂ F1
Z
− dxdy = (F1 dx + F2 dy) ,
D ∂x ∂y C
2.4 EXTREMOS
c Hermenegildo Borges de Oliveira 60
onde usamos, agora, a igualdade formal t ds = (dx, dy) e, na verdade, fizemos F = (F1 , F2 , 0) e
∂ F2 ∂ F1
rot F = 0, 0, − .
∂x ∂y
Se, na proposição anterior, fizermos uma mudança de variáveis para coordenadas polares, x =
r cos(θ) e y = rsen(θ), obtemos a fórmula seguinte:
1
Z
Área(D) = r 2 dθ.
2 C
Esta fórmula é útil para o cálculo da área interior a uma curva escrita em coordenadas polares.
2.2.6 Exercícios
1. Descreva as regiões de integração e calcule os integrais respectivos:
Z 2 Z 4 Z 2 Z x3
2 2
a) (x + y ) dx dy ; b) x, dy dx ;
0 0 1 x2
π
Z
2
Z y Z 1 Z |x|
c) sen x dx dy ; d) dy dx.
0 −y −1 0
10. Usando o Teorema de Green, calcule os integrais de linha C F nas situações seguintes:
R
(−t, 1 − t2 ) −1 ≤ t < 1
sen t cos t
a) r(t) = , , t ∈ [0, 2π] ; b) r(t) =
3 2 (t − 2, 0) 1 ≤ t ≤ 3.
13. Usando o Teorema de Green, calcule as áreas das figuras geométricas limitadas pelas
curvas seguintes:
a) elipse x2 + 4y 2 = 4;
b) asteróide x2/3 + y 2/3 = 1.
As superfícies são habitualmente denotadas pela letra S e podem ser escritas na forma vectorial
seguinte:
r(u, v) = (x(u, v), y(u, v), z(u, v));
onde r é uma aplicação vectorial definida de D ⊂ R2 em R3 .
3
Ver nota de roda-pé da página 7.
2.4 EXTREMOS
c Hermenegildo Borges de Oliveira 63
Exemplo 2.3.2 A superfície de uma esfera de raio 3 definida pela equação cartesiana x2 +
y 2 + z 2 = 9 é representada parametricamente por:
x = 3 cos(v) cos(u) h π πi
y = 3 cos(v)sen(u) , onde (u, v) ∈ [0, 2π] × − , .
2 2
z = 3sen(v)
Exemplo 2.3.3 1. Determine uma equação cartesiana que represente a superfície definida
parametricamente por
x = u + 2v
y = 2u + v + 1 .
z =u+v+2
2. Determine uma representação paramétrica que represente a superfície definida pela equação
cartesiana 3x + 4y + 6z = 24.
Observe-se que esta noção de integral de superfície é a versão análoga para superfícies do
integral de linha relativamente ao comprimento de arco. Por outro lado, note-se que ∂u
∂r ∂r
× ∂v
dá-nos a recta normal à superfície S. O elemento
∂r ∂r
∂u × ∂v
du dv
No caso da superfície S ser definida por y = ϕ(x, z) ou x = ϕ(y, z), tem-se, respectivamente,
s 2 2
∂ϕ ∂ϕ
Z Z Z Z
f (x, y, z) dS = f (x, ϕ(x, z), z) 1 + + dx dz
S D ∂x ∂z
ou s 2 2
∂ϕ ∂ϕ
Z Z Z Z
f (x, y, z) dS = f (ϕ(y, z), y, z) 1 + + dy dz.
S D ∂y ∂z
2.4 EXTREMOS
c Hermenegildo Borges de Oliveira 66
Tendo em conta que estamos perante integrais de superfície, podemos escrever estas igualdades
na forma abreviada seguinte:
dx dy = −dy dx; dx dz = −dz dy; dy dz = −dz dy.
2.4 EXTREMOS
c Hermenegildo Borges de Oliveira 67
Usando estas noções de integral de superfície relativamente a duas das três variáveis x, y e z,
podemos então reescrever a igualdade integral da Definição 2.3.3.
Proposição 2.3.3 Nas condições da Definição 2.3.3, escrevendo o campo vectorial na forma
F(x, y, z) = (F1 (x, y, z), F2 (x, y, z), F3(x, y, z)), temos:
Z Z Z Z
F · n dS = F1 dy dz + F2 dz dx + F3 dx dy.
S S
Pelo acima exposto, vejamos que a noção de integral de superfície de um campo vectorial
vem um pouco modificada. Pela definição da normal n dada em (2.3.4), podemos escrever a
identidade integral da Definição 2.3.3 na forma seguinte:
∂r ∂r
Z Z Z Z Z Z
F≡ F · n dS = ± F(r(u, v)) · × du dv;
S S D ∂u ∂v
sendo o sinal desta identidade integral escolhido de acordo com a face da superfície que se
considera.
No caso da superfície S puder ser escrita na forma cartesiana através da equação
F (x, y, z) = 0,
a proposição seguinte permite-nos escrever a identidade integral da Definição 2.3.3 numa forma
que faz intervir a função escalar F que define a superfície.
2.4 EXTREMOS
c Hermenegildo Borges de Oliveira 68
Proposição 2.3.4 Nas condições da Definição 2.3.3, supondo que a superfície S é definida
pela equação cartesiana F (x, y, z) = 0, temos:
Z Z Z Z Z Z
F≡ F · n dS = (F1 cos(α) + F2 cos(β) + F3 cos(γ)) dS;
S S S
onde
1 ∂F 1 ∂F 1 ∂F
cos(α) = , cos(β) = , cos(γ) =
D ∂x D ∂y D ∂z
e s 2 2 2
∂F ∂F ∂F
D=± + + .
∂x ∂y ∂z
Os cossenos cos(α), cos(β) e cos(γ), são designados cossenos directores da normal n, isto
é,
n = (cos(α), cos(β), cos(γ)) .
A escolha do sinal de D deve ser feita de acordo com a face da superfície que se considera.
Exemplo 2.3.10 Usando a proposição anterior, calcule o integral de F(x, y, z) = (x, y, z) sobre
a face exterior da superfície esférica x2 + y 2 + z 2 = 1 correspondente ao hemisfério superior.
Pelas Proposições 2.3.3 e 2.3.4, e sempre que faça sentido, podemos escrever a igualdade integral
seguinte:
Z Z Z Z
(F1 cos(α) + F2 cos(β) + F3 cos(γ)) dS = F1 dy dz + F2 dz dx + F3 dx dy.
S S
2.3.5 Aplicações
A principal aplicação dos integrais de superfície é de cariz geométrico e corresponde ao cálculo
da área de uma superfície.
Definição 2.3.5 Seja S uma superfície de classe C 1 parametrizada por r(u, v) = (x(u, v),
y(u, v), z(u, v)), com (u, v) ∈ D e tal que r (D) ⊆ Ω. Define-se a área da superfície de S por:
Z Z
∂r ∂r
Z Z
A(S) = dS ≡
∂u × ∂v
du dv.
S D
No caso da superfície puder ser escrita, de modo explícito, na forma cartesiana z = ϕ(x, y),
com (x, y) ∈ D e ϕ uma função de classe C 1 em D, então, de acordo com a Proposição 2.3.2, a
área da superfície S pode ser calculada da forma seguinte:
s 2 2
∂ϕ ∂ϕ
Z Z
A(S) = 1+ + dx dy.
D ∂x ∂y
2.4 EXTREMOS
c Hermenegildo Borges de Oliveira 69
De modo análogo, se a superfície S puder ser escrita na forma y = ϕ(x, z) ou x = ϕ(y, z),
tem-se, respectivamente,
s 2 2 s 2 2
∂ϕ ∂ϕ ∂ϕ ∂ϕ
Z Z Z Z
A(S) = 1+ + dx dz, A(S) = 1+ + dy dz.
D ∂x ∂z D ∂y ∂z
Os integrais de superfície têm também muita aplicação em Mecânica dos Fluidos. Nesta área
da Mecânica é importante determinar a quantidade de massa de fluido que passa através de
uma superfície S por unidade de tempo. Esta quantidade é designada em Mecânica dos Fluidos
por fluxo ou vazão de um fluido.
Exemplo 2.3.13 Determine o fluxo de água que atravessa o cilindro parabólico y = x2 , com
0 ≤ x ≤ 2, 0 ≤ z ≤ 3, sabendo que o seu campo de velocidades é dado por v = (3z 2 , 6, 6xz)
ms−1 .
2.3.6 Exercícios
1. Determine uma equação cartesiana que represente as superfícies definidas parametrica-
mente por
x=1 x=√u
a) y = u , 0 ≤ u ≤ 1, 0 ≤ v ≤ 1; b) y = 1 − u2 − v 2 , u2 + v 2 ≤ 1.
z=v z=v
4. Sendo f (x, y, z) = x+y +z, calcule o integral de f , relativamente à área, sobre a superfície
do cubo 0 ≤ x ≤ 1, 0 ≤ y ≤ 1 e 0 ≤ z ≤ 1.
2.4 EXTREMOS
c Hermenegildo Borges de Oliveira 70
10. Esboce as superfícies descritas pelas equações paramétricas (ou equação vectorial) seguintes
e calcule as áreas respectivas:
a) Esboce a superfície S.
b) Usando integrais de superfície, calcule a área da superfície S.
c) Tomando S como a parte exterior da superfície dada, calcule o integral de superfície
Z Z
x2 dy dz + y 2 dz dx + z 2 dx dy .
S
2.4 EXTREMOS
c Hermenegildo Borges de Oliveira 71
12. Seja
q
E(x, y, z) = (x, y, z)
(x2
+ + z 2 )3/2
y2
o campo eléctrico criado por uma carga q localizada na origem. Calcule o fluxo de E
através da superfície esférica de raio 2 e centrada na origem, com a normal apontando
para fora da esfera. Observe que este fluxo não depende do raio da esfera.
(Resposta: 4πq)
Definição 2.4.1 Sejam a1 , a2 , b1 , b2 , c1 e c2 números reais tais que a1 < a2 , b1 < b2 , c1 < c2 .
Consideremos o paralelipípedo
P = (x, y, z) ∈ R3 : a1 ≤ x ≤ a2 , b1 ≤ y ≤ b2 , c1 ≤ z ≤ c2
P1 : a1 = x0 < x1 < · · · < xn−1 < xn = a2 , P2 : b1 = y0 < y1 < · · · < ym−1 < ym = b2
P3 : c1 = z0 < z1 < · · · < zl−1 < zl = c2 , onde m, n e l são números naturais arbitrários.
P = {(xi , yj , zk ) ∈ P : 0 ≤ i ≤ n, 0 ≤ j ≤ m, 0 ≤ k ≤ l} .
Uma partição P do paralelipípedo P , tal como a definida acima, determina mnl paralelipípedos
contidos em P :
Em termos objectivos, a colecção formada por estes paralelipípedos Pijl , é o que verdadeira-
mente constitui a partição P.
2.4 EXTREMOS
c Hermenegildo Borges de Oliveira 72
Definição 2.4.2 Seja f uma função definida num paralelipípedo P ⊂ R3 . Designamos por
soma de Riemann da função f no paralelipípedo P à quantidade seguinte
n, m, l l X
m X
n
X X
f (x∗ijl )△xi △yj △zl ≡ f (x∗ijl )△xi △yj △zl
i=1, j=1, k=1 k=1 j=1 i=1
Para a noção de qualquer integral, interessa-nos que as partições sejam muito finas. Definimos
a quantidade que define a finura de dada partição P de um paralelipípedo P ⊂ R3 por
q
|P| = max (△xi )2 + (△yj )2 + (△zk )2 .
i, j, k
P = {(xi , yj , zk ) ∈ P : 0 ≤ i ≤ n, 0 ≤ j ≤ m, 0 ≤ k ≤ l}
No caso de existir, o limite da definição anterior designa-se por integral da função f e denota-
se por uma das formas seguintes:
Z Z Z Z Z Z Z Z Z
f (x, y, z) dx dy dz, f (x, y, z) dx dz dy, f (x, y, z) dy dx dz,
P P P
Z Z Z Z Z Z Z Z Z
f (x, y, z) dy dz dx, f (x, y, z) dz dx dy, f (x, y, z) dz dy dx;
P P P
onde dx dy dz, dx dz dy, dy dx dz, dy dz dx, dz dx dy ou dz dy dx indica um elemento de volume
ao qual ainda não está subjacente nenhuma ordem de integração.
Esta noção de função integrável que acabamos de introduzir, estende-se a qualquer função
definida num conjunto limitado Ω ⊂ R3 que não seja propriamente um paralelipípedo. Apenas
temos de considerar um paralelipípedo P que contenha Ω e aí fazer a análise anterior. Neste
caso, para a definição precedente fazer sentido, fixamos o valor de f (x∗ijl ) igual a zero quando
x∗ijl não pertencer a Ω.
2.4 EXTREMOS
c Hermenegildo Borges de Oliveira 73
2. Sejam g(x, z) e h(x, z) duas funções contínuas em D tais que, para quaisquer (x, z) ∈ D,
g(x, z) ≤ h(x, z), e seja Ω = {(x, y, z) ∈ R3 : g(x, z) ≤ y ≤ h(x, z), (x, z) ∈ D}. Então:
Z Z Z Z Z "Z h(x,z) #
f (x, y, z) dx dy dz = f (x, y, z) dy dx dz.
Ω D g(x,z)
3. Sejam g(y, z) e h(y, z) duas funções contínuas em D tais que, para quaisquer (y, z) ∈ D,
g(y, z) ≤ h(y, z), e seja Ω = {(x, y, z) ∈ R3 : g(y, z) ≤ x ≤ h(y, z), (y, z) ∈ D}. Então:
Z Z Z Z Z "Z h(y,z) #
f (x, y, z) dx dy dz = f (x, y, z) dx dy dz.
Ω D g(y,z)
ϕ: ∆ −→ Ω
(u, v, w) 7→ (x, y, z) = ϕ(u, v, w)
uma função bijectiva com derivadas parciais contínuas. Então, se f (x, y, z) é uma função
integrável em ∆, temos:
Z Z Z Z Z Z
f (x, y, z) dx dy dz = f (ϕ(u, v, w)) |J| du dv dw ,
Ω ϕ−1 (Ω)
onde
∂x ∂x ∂x
∂u ∂v ∂w
∂(x, y, z) ∂y ∂y ∂y
J = det ≡ det ∂u ∂v ∂w
.
∂(u, v, w)
∂z ∂z ∂z
∂u ∂v ∂w
Tendo em conta que ϕ é uma aplicação bijectiva, ϕ−1 (Ω) = ∆. Tal como no integral duplo,
a quantidade J continua a designar-se por jacobiano da mudança de variáveis (x, y, z) para
(u, v, w) e a matriz [∂(x, y, z)/∂(u, v, w)] é a denominada matriz jacobiana dessa transfor-
mação. Mais, tendo em conta que podemos escrever
sen(x + y − z)
Z Z Z
dx dy dz ,
Ω x + 2y + z
onde n π o
Ω = (x, y, z) ∈ R3 : 1 ≤ x + 2y + z ≤ 2, 0 ≤ x + y − z ≤ , 0 ≤ z ≤ 1 .
4
2.4 EXTREMOS
c Hermenegildo Borges de Oliveira 75
No integral triplo, usamos com frequência uma mudança de variáveis correspondente à transfor-
mação para coordenadas polares do integral duplo. No integral triplo esta mudança de variáveis,
recebe o nome de transformação para coordenadas cilíndricas. Usando a trigonometria no es-
paço, qualquer ponto P de coordenadas paralelipípedicas (x, y, z) pode ser escrito em termos
das coordenadas cilíndricas:
x = r cos(θ)
y = r sen(θ) ;
z=z
onde r é a distância radial do ponto P à origem do referencial (x, y, z) = (0, 0, 0), θ ∈ [0, 2π] e z
é a cota do ponto P . θ é o ângulo formado pelo semi-eixo positivo dos xx e pela semi-recta com
origem em (x, y, z) = (0, 0, 0) e que passa pela projecção do ponto P no plano xy, e é medido
a partir do semi-eixo positivo dos xx até 360o .
Exemplo 2.4.3 Calcule o integral seguinte fazendo mudança de variáveis para coordenadas
cilíndricas:
Z Z Z
(x2 + y 2) dx dy dz , Ω = (x, y, z) ∈ R3 : x2 + y 2 ≤ 2z, z ≤ 2 .
Ω
Tal como as coordenadas polares no caso do integral duplo, a mudança de variáveis para coorde-
nadas cilíndricas no integral triplo é particularmente importante quando a região de integração
tem fronteiras ao longo das quais r ou θ é constante.
Outra mudança de variáveis muito comum em integrais triplos, é a transformação para coor-
denadas esféricas:
x = r cos(φ) cos(θ)
y = r cos(φ) sen(θ) ; (2.4.5)
z = r sen(φ)
onde r é a distância radial do ponto P à origem do referencial (x, y, z) = (0, 0, 0), θ ∈ [0, 2π],
φ ∈ [−π/2, π/2] e z é a cota do ponto P . θ é o ângulo formado pelo semi-eixo positivo dos xx
e pela semi-recta com origem em (x, y, z) = (0, 0, 0) e que passa pela projecção do ponto P no
plano xy, e é medido a partir do semi-eixo positivo dos xx até 360o . φ é o ângulo formado pelo
2.4 EXTREMOS
c Hermenegildo Borges de Oliveira 76
plano z = 0 e pela semi-recta com origem em (x, y, z) = (0, 0, 0) e que passa pelo ponto P , e é
medido a partir do plano z = 0 até ±90o .
onde, agora, φ é o ângulo formado pelo semi-eixo positivo dos zz e pela semi-recta com origem
em (x, y, z) = (0, 0, 0) e que passa pelo ponto P , e é medido a partir do semi-eixo positivo dos
zz até ±180o .
Proposição 2.4.4 Os jacobianos das transformações para coordenadas esféricas seguintes, são
os indicados:
x = r cos(φ) cos(θ) x = r sen(φ) cos(θ)
a) y = r cos(φ) sen(θ) ⇒ J = ±r cos(φ); b) y = r sen(φ) sen(θ) ⇒ J = ±r 2 sen(φ).
2
z = r sen(φ) z = r cos(φ)
A escolha do sinal + ou − está relacionada com a ordem pela qual escrevemos as colunas da
matriz jacobiana. Se escolhermos a ordem (r, φ, θ), virá − em a) e + em b). Se a ordem for
(r, θ, φ), então os sinais vêm trocados. As duas transformações para coordenadas esféricas são
equivalentes, temos apenas de ter o cuidado que o domínio de variação do ângulo φ é diferente
e que, na substituição do integral a calcular, deverá aparecer |J|. Assim, se usarmos a forma
das coordenadas esféricas expressa em a) da Proposição 2.4.4, obtemos:
h π πi
2
|J| = r cos(φ), pois cos(φ) ≥ 0 para φ ∈ − , .
2 2
Se, porventura, usarmos as coordenadas esféricas de b), temos:
Exemplo 2.4.4 Calcule o integral seguinte fazendo mudança de variáveis para coordenadas
esféricas:
Z Z Z p
Ω = (x, y, z) ∈ R3 : x2 + y 2 + z 2 ≤ 4 .
x2 + y 2 + z 2 dx dy dz ,
Ω
2.4.4 Aplicações
Nesta secção vamos apenas considerar a aplicação de integrais triplos ao cálculo de volumes de
corpos.
Exemplo 2.4.6 Usando integrais triplos, calcule o volume do domínio Ω compreendido entre
o rectângulo, do plano z = 0, com vértices A = (0, 0), B = (3, 0), C = (3, 2) e D = (0, 2), e a
superfície z = 4x2 + 9y 2.
À luz da Mecânica dos Fluidos, também podemos dar uma interpretação física do rotacional.
Se F é o campo de velocidades de um fluido, então rot F é a quantidade, ou rotação, pela qual
o fluido gira em torno de determinado ponto. Neste contexto, o rotacional é habitualmente
designado por vorticidade.
Proposição 2.4.5 Seja Ω uma região fechada e limitada de R3 cuja fronteira S é uma super-
fície orientada5 limitada por uma curva simples fechada C. Seja F um campo vectorial cujas
suas componentes, F1 , F2 , F3 têm derivadas parciais contínuas em Ω e suponhamos que a su-
perfície S resulta de uma parametrização derivável. Sejam, ainda, n o vector unitário normal
à superfície S e t o vector unitário tangente à curva C. Então:
1. Teorema da Divergência
Z Z Z Z Z
div F dx dy z = F · n dS;
Ω S
5
Grosso modo, uma superfície diz-se orientada, se tiver dois lados.
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2. Teorema de Stokes Z Z Z
rot F · n dS = F · t ds.
S C
SEM DEMONSTRAÇÃO: Ver, por exemplo, Dias Agudo, Volume I, pp. 126 e 130.
Recordemos, que, se a superfície S for parametrizada por r(u, v), então o vector unitário normal
à superfície S é dado por:
∂r
∂u
× ∂∂ vr
n =
∂ r ∂ r
.
∂u
× ∂ v
Por outro lado, se a curva C for parametrizada por r(t), então o vector unitário tangente à
curva C é dado por:
r′ (t)
t= ′ .
kr (t)k
Mais, se usarmos a notação dos integrais de superfície e de linha introduzida anteriormente,
podemos escrever as identidades integrais da proposição anterior nas formas abreviadas seguintes
mais simples:
• Teorema da Divergência
Z Z Z Z Z
div F dx dy z = F;
Ω S
• Teorema de Stokes Z Z Z
rot F = F.
S C
• Teorema da Divergência
Z Z Z
∂ F1 ∂ F2 ∂ F3
Z Z
+ + dx dy dz = F1 dydz + F2 dzdx + F3 dxdy ;
Ω ∂x ∂y ∂z S
• Teorema de Stokes
Z Z
∂ F3 ∂ F2 ∂ F1 ∂ F3 ∂ F2 ∂ F1
− dydz + − dzdx + − dxdy
S ∂y ∂z ∂z ∂x ∂x ∂y
Z
= F1 dx + F2 dy + F3 dz .
C
onde S é a superfície z = 4 − x2 − y 2 e 0 ≤ z ≤ 4.
O Teorema de Stokes é um resultado essencialmente do espaço. Aquele de que falamos na secção
do integral duplo, é um caso particular do desta secção, quando se considera uma superfície S
plana.
2.4.6 Exercícios
1. Descreva as regiões de integração e calcule os respectivos integrais:
Z 1 Z 1−x Z 1−x−y Z 1Z 1Z 1√
a) dz dy dx; b) 1 − z 2 dx dy dz;
0 0 0 0 0 0
Z 1Z xZ xy Z πZ sen(y) Z cos(y)
c) x3 y 2 z dz dy dx; d) (π − z) dx dz dy.
0 0 0 0 0 0
b) Usando integrais triplos, e tendo em conta a transformação anterior com θ ∈ [0, 2π] e
φ ∈ [0, π], calcule o volume do elipsóide Ω.
7. Verifique a igualdade do Teorema da Divergência no caso do cone x2 +y 2 ≤ z 2 e 0 ≤ z ≤ 2.
8. Usando o Teorema da Divergência, calcule o integral de superfície F nos casos
RR
S
seguintes:
a) F(x, y, z) = (ex , ey , ez ), S : −1 ≤ x ≤ 1, −1 ≤ y ≤ 1, −1 ≤ z ≤ 1;
b) F(x, y, z) = (x3 , y 3 , z 3 ), S : x2 + y 2 + z 2 = 9.
9. Usando o Teorema da Divergência, calcule os integrais de superfície seguintes:
Z Z Z Z
3 2 2
a) x dydz + x y dzdx + x z dxdy ; b) (z − y) dy dz + y 3 dz dx + 2z 3 dx dy ;
S1 S2
[1] T.M. Apostol. Calculus. John Wiley & Sons, New York, 1969.
[2] W.M. Boyce, R.C. DiPrima. Calculus. John Wiley & Sons, New York, 1988.
[3] B. Demidovitch (sob a redacção). Problemas e Exercícios de Análise Matemática. Editora Mir,
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[4] F.R. Dias Agudo. Análise Real. Escolar Editora, Lisboa, 1989.
[5] H.L. Guiadoras. Um Curso de Cálculo. Livros Técnicos e Científicos, Rio de Janeiro, 2002.
[6] M. Krasnov, A. Kiselev, G. Makarenko e E. Shikin. Mathematical Analysis for Engineers. Mir
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[7] V. Kravchenko. Apontamentos das aulas teóricas de Análise Matemática III. Universidade do
Algarve, 2009.
[8] E. Kreyszig. Advanced Engineering Mathematics. John Wiley & Sons, New York, 1999.
[10] J.E. Marsden e M.J. Hoffman. Elementary Classical Analysis. Second Edition. W.E. Freeman and
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[12] S. Samko. Apontamentos das aulas teóricas de Análise Matemática III. Universidade do Algarve,
2008.
82