Intervalo II Entre Geografias e Cinemas2
Intervalo II Entre Geografias e Cinemas2
Intervalo II Entre Geografias e Cinemas2
Universidade do Minho
Instituto de Ciências Sociais
Departamento de Geografia
Ana Francisca de Azevedo, Rosa Cerarols, Wenceslao Machado de Oliveira Jr, Eds.
UMDGEO - Departamento de Geografia, Universidade do Minho
A presente publicação encontra-se disponível gratuitamente em:
RepositoriUM da Universidade do Minho
Título
INTERVALO II: ENTRE GEOGRAFIAS E CINEMAS
Edição
Ana Francisca de Azevedo
Rosa Cerarols Ramírez
Wenceslao Machado de Oliveira Jr.
Editora
UMDGEO - Departamento de Geografia, Universidade do Minho,
Braga-Portugal
Formato
Livro electrónico, 353 páginas
Ilustração de capa
Jennifer Moreno Espelt
Revisão
Ana Francisca de Azevedo
Rosa Cerarols Ramírez
Wenceslao Machado de Oliveira Jr.
ISBN
978-989-97394-9-9
Publicaçao
Dezembro 2015
Agradecimentos / Agradecimientos
7
A proposição deste projecto editorial La propuesta de este proyecto edito-
Introduçao: outros intervalos entre geografias e cinemas / Introducción: otros intervalos entre geografias y cinemas
volta-se mais aos leitores de línguas rial se dirige más hacia los lectores de
ibéricas do que aos autores nessas lenguas ibéricas que a los autores de
línguas. É pretensioso e pode ser esas lenguas. Es pretencioso y puede
inócuo: uma garrafa com mensagem ser inocuo: una botella con mensaje
lançada no oceano. Um gesto banal lanzada en el océano. Un gesto banal
e desesperado e, por isso mesmo, y desesperado y, por eso mismo, un
um gesto intenso e verdadeiramente gesto intenso y con intensión: gesto
incorporado: gesto de corpos afec- de cuerpos afectados por fuerzas que
tados por forças que os oprimem e los oprimen y amenazan, forzándolos
ameaçam, forçando-os a inventar no- a inventar nuevos gestos y acciones.
vos gestos e actos. Gesto de corpos Movimiento de cuerpos que, preci-
que, precisamente por não saberem samente por no saber si se recibirán,
se serão recebidos, vistos, ouvidos, verán, escucharán, leerán,… se lanzan
lidos, sentidos,… se lançam na inven- como invención de diferentes mane-
ção de outros possíveis modos de di- ras de proceder, sin ninguna dirección
zer não direccionados a algum futuro asignada, aguardando lo que vendrá.
previsto, mas ao por vir. Um por vir Un porvenir abierto y agenciado en los
aberto e agenciado nos (im)prováveis encuentros (im)probables que nuevos
encontros que novos gestos e actos gestos y acciones puedan llegar a te-
possam vir a efectivar. Consubstan- ner. Entonces, consubstancialmente
cia-se pois, nesse gesto – nesse li- a este gesto –a este libro y a sus dos
vro, em seus dois volumes – o sentido volúmenes- el sentido de empode-
generativo da potência de contacto, ramiento potencial, como intervalo
feito intervalo de enunciação, e não enunciado, no es necesariamente un
necessariamente um único sentido sentido de poder unidireccional.
de poder.
Es en este sentido que nos hicimos
É nesse sentido que fizemos e faze- y nos hacemos una pregunta espi-
mos a pergunta espinosiana: o que nosiana: ¿qué puede un cuerpo? En
pode um corpo? No nosso caso, um nuestro caso, un cuerpo de saberes
corpo de saberes constituído no inter- constituido en el intervalo entre geo-
valo entre geografia e cinema. O que grafía y cine. Y entonces, ¿qué puede
pode então um intervalo? Essa per- un intervalo? Esta pregunta pone en
gunta agita nos nossos corpos huma- movimiento nuestros cuerpos huma-
nos as forças que nos afectam e nos nos hacia las fuerzas que nos afec-
levaram a compor um corpo académi- tan y nos dirige a la composición de
co que emergiu do encontro, do de- un cuerpo académico que emergió
sejo, de incómodos, desassossegos, del encuentro, del deseo, incomodi-
raivas, envolvimentos, alegrias, inte- dades, disturbios, rabias, envolturas,
resses, apostas… que pressionavam alegrías, intereses, apuestas… que
e pressionam cada membro e cuja nos presionaron y presionan y cuya
expressão se tornou urgência, en- expresión se convirtió en urgencia, y
contrando-se aqui materializada. Se que aquí se encuentra materializada.
é verdadeiro que o presente projecto Si es cierto que este proyecto edito-
editorial actua como directa inserção rial actúa como una inserción directa
nas exigências académicas actuais de a las exigencias académicas actuales
publicações internacionais, a decisão de publicaciones internaciones, la de-
de efectiva-las na fronteira entre lín- cisión de realizarla en la frontera en-
guas ibéricas não se coloca contra as tre lenguas ibéricas no se ubica con-
publicações noutras línguas, mas sim tra las publicaciones en otras lenguas
paralela a esta possibilidade. Paralela pero sí en paralelo a esta posibilidad.
8
porque a escolha linguística foi feita Paralelo porqué la elección lingüística
Introduçao: outros intervalos entre geografias e cinemas / Introducción: otros intervalos entre geografias y cinemas
Pode, por exemplo, vir a ser lido por Puede, por ejemplo, llegar a ser leído
todos os que lêem nessas línguas, por los que leen estas lenguas, in-
incluindo académicos e agricultores, cluyendo académicos y agricultores,
electricistas e estudantes de gradu- electricistas y estudiantes de grado,
ação, geógrafos ou professores das geógrafos o profesores de los bos-
florestas peruana e moçambicana, ques peruanos y mozambiqueños o
das terras secas pernambucanas, de las tierras secas pernambucanas,
bem como jornalistas da Catalunha o por periodistas de Cataluña o ciné-
e cinéfilos lisboetas, cordobeses, filos de Lisboa, Córdoba, Nueva York
nova-iorquinos ou de Singapura que o de Singapur que lean en estas len-
leiam nessas línguas ibéricas. Pode, guas ibéricas. Puede, por ejemplo, lle-
por exemplo, vir a disparar o desejo, gar a generar deseo o interés en otros
o interesse, a necessidade de outros cuerpos repartidos por el mundo en
corpos espalhados pelo mundo se la aproximación de conocimientos y
aproximarem dos saberes e das for- fuerzas humanas y no humanas dis-
ças humanas e não humanas dispa- paradas en voces escritas y habladas
radas em vozes escritas e faladas em en español o portugués, un entre-
português ou espanhol, um entre-lín- -lenguas ya experimentado en otras
guas já experimentado em outras pu- publicaciones que, a nuestro enten-
blicações que, a nosso ver, torna-se der, sirve para expresar las cuestio-
intenso para expressarmos as ques- nes y problemas que constituyen la
tões e problemas que constituem o vivencia contemporánea y que recla-
viver contemporâneo e estão a exigir- ma pensamientos y palabras. En este
-nos pensamentos e palavras. Neste entre-lenguas, esbozos de otras len-
entre-línguas, fagulhas de outras lín- guas también aparecen dispersados
guas emergem aqui e ali nas páginas en las páginas de este libro.
deste livro.
Entre el volumen I y II realizamos un
Entre o volume I e o volume II reali- Seminario Internacional de Investiga-
zamos um Seminário Internacional ción en Geografía y Cine, con Interva-
de Pesquisa em Geografia e Cinema. los como título. En los días de las pre-
Como título principal: Intervalos. Nos sentaciones y debates conversamos
dias de apresentações e debates sobre temas variados que partían de
conversamos sobre coisas variadas los capítulos del libro. De esas con-
tendo como partida os capítulos do versaciones surgieron muchas pre-
livro. Dessas conversas surgiram mui- guntas de las que aquí destacamos
tas perguntas das quais destacamos tres grupos.
três grupos.
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O primeiro: procurar ver um filme El primero: intentar ver una pelícu-
Introduçao: outros intervalos entre geografias e cinemas / Introducción: otros intervalos entre geografias y cinemas
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ora demandam uma próxima investi- circuitos establecidos durante más de
Introduçao: outros intervalos entre geografias e cinemas / Introducción: otros intervalos entre geografias y cinemas
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XX e de três formas de tratar o espaço aérea- la pertinencia de la conexión
Introduçao: outros intervalos entre geografias e cinemas / Introducción: otros intervalos entre geografias y cinemas
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movimento de consolidação da su- logía compuesta que urge analizar”,
Introduçao: outros intervalos entre geografias e cinemas / Introducción: otros intervalos entre geografias y cinemas
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La cultura del infinito. O autor traça la escenografía utilizada en las pro-
Introduçao: outros intervalos entre geografias e cinemas / Introducción: otros intervalos entre geografias y cinemas
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relações entre cinema e geografia. biana El Salado: rostro de una ma-
Introduçao: outros intervalos entre geografias e cinemas / Introducción: otros intervalos entre geografias y cinemas
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colectivos do Grupo de Pesquisa Mo- Janeiro con su ciudad cinematográfi-
Introduçao: outros intervalos entre geografias e cinemas / Introducción: otros intervalos entre geografias y cinemas
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rie televisiva Teresina S. A. em que a tivo a los hombres y el espacio pri-
Introduçao: outros intervalos entre geografias e cinemas / Introducción: otros intervalos entre geografias y cinemas
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materialidade de superfície e (…) tam- lo inscrito como creación, como tes-
Introduçao: outros intervalos entre geografias e cinemas / Introducción: otros intervalos entre geografias y cinemas
bém, remetem, a algum referente, re- timonio, como sobrante, de algo que
presentando-o ali não como algo que escapa del paisaje y colapsa en él (…),
esteja fora dela, mas que a constitui haciendo otro, nuevo y precario, que
como um paradoxal entre, (…) como se abre para conectar con otras pa-
um intervalo inscrito nela como cria- rajes de sentidos y sin sentidos y ser
ção, como testemunho, como sobra, habitado de otros modos, deviniendo
de algo que escapa daquela paisagem otras geo-grafías… menores”.
e desaba sobre ela (…), fazendo-a ou-
tra, nova e precária, aberta a conec- Finalmente, teniendo en cuenta que
tar-se com outras paragens de sen- este volumen es un desdoblamiento
tidos e sem sentidos e ser habitada del primero, volcamos en esta intro-
de outros modos, devindo (-se) outras ducción los párrafos finales del texto
geo-grafias…menores.” que introducía el volumen I, con la fi-
nalidad de dejar, también en el texto,
Finalmente, tendo em vista este vo- marcas de circulación entre los dos
lume II ser um desdobramento do volúmenes en el mismo libro. Nos
primeiro, dobramos sobre essa intro- despedimos del lector, así como an-
dução os parágrafos finais do texto teriormente, diciendo que…
que introduz o volume I, de modo a
deixar, também textualmente, marcas A pesar de que todos los capítulos
do comum que circula entre os dois ensayen su modo de interpretación,
volumes do mesmo livro. Sendo as- construcción y creación, todos varí-
sim, despedimo-nos do leitor, dizendo an en su naturaleza estilística y en los
como anteriormente que... contenidos de acuerdo con la sensi-
bilidad de los autores, la posición que
Embora todos os capítulos sejam a han decidido adoptar en relación con
seu modo interpretação, construção su trabajo y el modo que se han dejado
e criação, eles vão variando na na- influenciar en el ejercicio de vincular
tureza estilística e de conteúdos de geografía y cine. Fruto de ello resultan
acordo com a sensibilidade dos seus diferentes textos con diferentes enfo-
autores, a posição que decidiram ques que denotan el proceso de inte-
adoptar relativamente à tarefa e ao racción con el mundo físico externo y
modo como se deixaram afectar pelo el aparato psíquico interno. Textos en
exercício de pôr em relação geografia los que el placer, el deseo, la fanta-
e cinema. Daqui resultaram diferentes sía o el potencial subversivo del autor
textos com diferentes planos de afe- han sido el leivmotif de elaboración.
tação que denotam o processo de in- Así, cada uno de los capítulos es, en
teracção com o mundo físico externo cierto sentido, un punctum barthesia-
e o aparato psíquico interno. Textos no, un momento de disrupción entre
em que o prazer, o desejo, a fanta- el mundo y el espectador que draga
sia e o potencial subversivo do autor el conocimiento más allá de un pun-
foram o leit motif da produção. Cada to pre-fijado. Un detalle específico
um dos capítulos é assim, em certo que hace repensar la geografía como
sentido, um punctum barthesiano, um una propuesta más allá de lo humano,
momento de disrupção entre o mun- y el cine como un estado de tiempo
do e o espectador que draga o co- posible de referenciar en una carta si-
nhecimento para lá do ponto fixo. Um nóptica. E, investidos en la dinámica
detalhe específico que nos faz repen- de forzar cada imagen más allá y de
sar a geografia como empreitada bem amanecer en el punto ciego de cada
mais do que humana e o cinema como película, los textos que aquí siguen
estado de tempo passível de referen- configuran una especie de edición en
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ciar numa carta sinóptica. E, porque el proceso de montaje. Un movimien-
Introduçao: outros intervalos entre geografias e cinemas / Introducción: otros intervalos entre geografias y cinemas
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Intervalos abertos entre geografia e cinema
Intervalos abiertos entre geografía y cinema
1
O impulso cartográfico
do cinema
Teresa Castro
23
Teresa Castro
O impulso cartográfico do cinema
24
mapas-múndi. Os atlas constituem um arquivo visual, a soma dos con-
Teresa Castro
25
dos estados-nação “ocidentais”, dos diferentes projetos imperiais e
Teresa Castro
tema comum dos filmes destes primeiros anos (Costa, 2006), bem
como outras incursões mais ou menos exóticas em terras “estrangei-
ras”, geralmente sob a forma de filmes de expedição ou etnográficos
cujo papel é, de facto, preencher os espaços ainda em branco na ima-
ginação (geográfica e antropológica) dos espectadores. Na verdade,
o impulso cartográfico refere-se a uma forma particular de ver - e de
se apropriar através do olhar - o mundo, ou seja, a um regime visual.
Antes de discutir de três exemplos que nos permitirão descobrir como
é que este apelo cartográfico se traduz no cinema, é importante deter-
nos de forma mais detalhada sobre o que podemos entender por im-
pulso cartográfico.
27
des cartográficas; e 3) uma episteme no sentido que lhe atribui Michel
Teresa Castro
Panoramas
A visão panorâmica responde ao desejo de abarcar e de circunscrever
o espaço; não por acaso, no mundo ocidental, o seu desenvolvimento
coincide com o advento das “sociedades disciplinares” e com a for-
mulação duma teoria social fundada sobre o panoptismo (Foucault,
1975). Obviamente, as vistas panorâmicas existiam muito antes que
o irlandês Robert Barker patenteasse, em 1787, a sua mais recente
invenção, o “panorama”: uma pintura circular envolvendo totalmente o
espectador e instalada num edifício de grandes dimensões, conhecido
também pela mesma designação. No entanto, foi, de facto, durante o
século XIX, que a visão panorâmica adquiriu um novo estatuto, tendo
os panoramas pintados tornado-se num importante médium visual,
atraindo por toda a Europa vários milhões de espectadores. Se a his-
tória destes dispositivos é hoje bem conhecida, vários especialistas
demonstraram também até que ponto é que algumas das suas carac-
terísticas antecipam alguns traços fundamentais do dispositivo cine-
matográfico e fílmico (Griffiths 2003; Miller, 1996). Se alguns autores,
como Stephen Oettermann, insistiram sobre a relação entre os pano-
ramas e uma visão especificamente moderna e burguesa do mundo
(Oettermann, 1997), a experiência visual por eles proporcionada pode
também ser relacionada com a cartografia, a topografia e a noção de
“impulso cartográfico”.
28
parte destas vistas são, na realidade, filmes de viagem pontuados por
Teresa Castro
29
lavras, o movimento panorâmico descreve. Por outro lado, este gesto
Teresa Castro
Atlas
Mas o impulso cartográfico não se limita a este tipo de movimentos de
câmara. Os Archives de la Planète, uma coleção única de filmes, au-
tocromos e estereoscopias reunidos entre 1912 e 1931, concedem a
este último um outro tipo de ambição: a descrição e classificação por
meios visuais da totalidade do planeta.
30
uma equipa de vários fotógrafos e operadores de câmara visitou 48
Teresa Castro
Figura 3. Vista de uma biblioteca (detalhe), Jan van der Heyden, vers 1710-1712, huile
sur toile, 77 x 63.5 cm, Madrid, Museo Thyssen-Bornemisza.
31
Os Archives de la Planète constituem, sob muitos aspectos, um mo-
Teresa Castro
Tal como Paula Amad sugeriu, o projeto documental dos Archives não
pode ser separado da fundação dos arquivos modernos e duma ver-
dadeira “febre arquivística” que atravessa a cultura francesa de finais
do século XIX e começos do século XX (Amad, 2001, p. 149). Neste
contexto particular, as noções contíguas de “arquivo, atlas” e “mu-
seu” cruzam-se frequentemente. Na verdade, se os atlas constituem
uma moldura interpretativa pertinente para pensar a coleção visual de
Kahn, isso deve-se ao facto de eles serem não só uma forma de criar
uma imagem da totalidade do mundo, mas também uma forma de or-
ganizar o conhecimento visual. Por outras palavras, os atlas referem-
se tanto a um instrumento estritamente cartográfico, como a uma for-
ma gráfica de reunir e de combinar – se não de montar – imagens.
Em última análise, os atlas são espaços de coleção podendo acolher
projetos muito distintos, tal como o ilustram vários trabalhos artísticos
contemporâneos, do Atlas de Gerhard Richter ao de Walid Raad. Os
historiadores da ciência Peter Galison e Lorraine Daston demonstra-
ram também até que ponto os atlas científicos foram um instrumen-
to central para a prática de diferentes disciplinas durante o século
XIX, desempenhando um papel essencial na formação da noção de
objectividade. Tal como escrevem os autores, os atlas são “os dicio-
nários das ciências do olhar” e “chamar ilustrações às imagens dos
32
atlas é contestar a sua primazia, sugerindo que a sua função é me-
Teresa Castro
33
Teresa Castro
Vistas aéreas
O nosso último exemplo diz respeito às vistas aéreas, concentrando-
se sobre um filme extraordinário realizado a partir de um balão dirigí-
vel pouco tempo depois da I Guerra Mundial. Sobrevoando as zonas
de combate situadas na Flandres e no norte de França, En dirigeable
O impulso cartográfico do cinema
sur les champs de bataille (1919), foi realizado pelo Serviço cinemato-
gráfico do exército francês com o concurso de Albert Kahn e do seu
operador Lucien Le Saint. Trata-se de um documento único registando
o estado de destruição causado por quatro anos de conflito (Figura 4).
As vistas a olho-de-pássaro de cidades e povoações arruinadas, bem
como as vistas aéreas de campos de batalha lunares e desolados, re-
velam a extensão total da devastação, deixando entrever a dimensão
hercúlea da tarefa futura de reconstrução. O facto de as imagens te-
rem sido montadas de forma a assemelharem-se a um longo plano-
sequência torna o filme ainda mais notável.
Figura 4. En dirigeable sur les champs de bataille, 1919 (Archives de la Planète / Service
Cinématographique de l’Armée)
34
– isto é, a escala geográfica da devastação -, a suavidade e fluidez
Teresa Castro
35
ocidental; a segunda secção, “De Bailleul ao Mont-Saint-Eloy”, docu-
Teresa Castro
Conclusão
Nos últimos anos, a noção de “mapear” tem sido objecto de muita
atenção crítica, transformando-se gradualmente num conceito em
voga, aplicado muito para além do domínio da cartografia. Respon-
dendo a uma “viragem espacial” unanimemente reconhecida por di-
ferentes especialistas das ciências sociais e humanas, este interes-
se tem-se concentrado tanto no mapa como artefacto significante,
como no próprio processo de mapeamento. Este último vai muito para
além das simples técnicas e operações convencionais utilizadas para
produzir objetos cartográficos. Neste novo contexto crítico, o mapea-
mento pode referir-se a uma multitude de processos, indo desde as
operações cognitivas envolvidas na estruturação do conhecimento
espacial até às implicações discursivas de um regime visual particu-
lar. Neste âmbito, os exemplos discutidos anteriormente exploram um
conjunto de problemas relacionados com a “compreensão espacial”
do cinema, sugerindo a existência dum “regime escópico” particular,
ligado à experiência visual do mapeamento e com à arte cinematográ-
fica de descrever.
36
ornamentação, a vigilância, etc., merecendo mais do que uma simples
Teresa Castro
37
Teresa Castro
Bibliografia
Alpers, S. (1983) The Art of Describing: Dutch Art in the Seventeenth
Century, University of Chicago Press, Chicago.
Costa, A. (2006) “Trips around the world as early film topic (1896-
1914)”, in Landscape and Film, ed. by M. Lefebvre, pp. 245-266, Rout-
ledge, London and New York.
38
Galison, P. & Daston, L. (2007) Objectivity, Zone Books, New York.
Filmografia
Service Cinématographique de l’Armée (1917). Les Allemands
s’acharnent sur les églises de France. França.
39
40
2
Las relaciones
espaciales en el cine:
revisión conceptual y
propuesta analítica
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
Introducción1
La atención de los geógrafos hacia la producción cultural ha estado
más o menos latente desde los comienzos de la “Geografía moderna”.
De ese interés se ha concretado una escuela o línea de investigación
que puede agruparse bajo el epígrafe de Geografía Cultural. No
cabe duda que la literatura ha sido la forma creativa más atendida
desde esta perspectiva de análisis geográfico, como prueban los
numerosos trabajos publicados al respecto durante el siglo XX.
Nos referimos a diversos estudios, de amplia proyección entre la
comunidad académica, como Humanistic Geography and Literature
(Pocock, 1981), que resalta la utilidad de las fuentes literarias en las
investigaciones de geografía histórica; Geography and Literature: A
Meeting of the Disciplines (Mallory y Simpson-Housley, 1987); o, para el
ámbito español, el trabajo coordinado por Josefina Gómez Mendoza y
Nicolás Ortega Cantero, que lleva por título Viajeros y paisajes (Gómez
y Ortega, 1988). Pueden citarse además varios artículos publicados en
revistas de prestigio, como los desarrollados por Douglas C.D. Pocock
(1988), Marc Brosseau (1994) o Fabio Lando (1996), que en general se
alinean en la perspectiva humanística de la geografía.
41
Teniendo en cuenta que la geografía contemporánea ha incorporado con
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
3 Como la que encierra el título de la película Krakatoa: East of Java (Bernard L. Kowalski,
1969).
42
reales, reproducciones en estudio o alteraciones en la contigüidad
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
Son numerosos los autores que resaltan las múltiples relaciones que
existen entre cine y paisaje (Mottet, 1999; Corna-Pellegrini, 2004;
Lukinbeal, 2005; Lefebvre, 2006; Acosta, 2008; Harper y Rayner, 2010).
Independientemente de la elevada capacidad del cine para divulgar
paisajes, y especialmente cuando se trata de entornos poco accesibles,
o cuando se registran en tomas aéreas, algunos autores han señalado
cómo algunas producciones cinematográficas proyectan en pantalla
paisajes grandiosos y sublimes, lo que las vincula con escuelas
Las relaciones espaciales en el cine: revisión conceptual y propuesta analítica
43
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
Las relaciones espaciales en el cine: revisión conceptual y propuesta analítica
44
urbanísticos, problemas ambientales, relaciones entre sociedad y
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
4 En The Village (M. Night Syamalan, 2004) los productores técnicos mencionan las
dificultades para encontrar en la costa atlántica de Estados Unidos un lugar donde situar un
poblado de características preindustriales, ausente de elementos propios del siglo XX, como
conducciones telefónicas y eléctricas o elementos similares.
45
lugares que cumplan las mejores condiciones para minimizar costes y
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
Espacio y cine
Estado de la cuestión
El objeto del presente apartado es presentar, ordenadamente, los
resultados de una revisión de algunas de las propuestas y reflexiones
más relevantes en el campo de los estudios fílmicos respecto a la
cuestión del “espacio cinematográfico”. Se prestará especial atención,
por un lado, a aquellos planteamientos que persiguen distinguir los
46
diferentes parámetros que constituyen el “espacio cinematográfico”
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
47
Dos libros de los años cincuenta del pasado siglo avanzaron en la
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
48
término “diégesis” para identificar “el universo de la obra, el mundo
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
establecido por una obra de arte” (Souriau, 1998, p. 445), lo que permite
una útil distinción entre material diegético (perteneciente a la historia,
al universo en el que se mueven los personajes) y extradiegético (aquel
que no pertenece a la historia, formando parte del relato únicamente
a un nivel discursivo). Esta distinción se ha utilizado recurrentemente
en el cine en lo concerniente al análisis del sonido (música diegética
o extradiegética) y a la naturaleza de los narradores (narradores
intradiegéticos o extradiegéticos), pudiendo aplicarse también al
estudio del espacio cinematográfico. En este sentido identifica el
autor el espacio diegético, que define como “los lugares mostrados
o mencionados por la obra” (Souriau, 1998, p. 527), y que puede ser
tanto un espacio mostrado como un espacio implicado.
Las relaciones espaciales en el cine: revisión conceptual y propuesta analítica
49
enmarcado por el plano, y el espacio fuera de campo, contiguo a éste,
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
y que se prolonga más allá de los límites de la imagen6. Por otro lado,
centrándose en el proceso de montaje, este mismo autor apunta
que el lenguaje cinematográfico ha evolucionado desarrollando
estrategias y reglas que persiguen disimular este constante juego de
fragmentación-recomposición, subrayando la continuidad del espacio
y persiguiendo la correcta orientación espacial del espectador. En
este sentido, enumera algunos de los “elementos de continuidad entre
dos o más planos” (Burch 2008, p.19) o raccords (de ambientación,
mirada, dirección, posición, acción y velocidad) que son utilizados
habitualmente en el proceso de creación cinematográfica.
6 Burch identifica diversas estrategias y huellas que crean una tensión entre ambos
espacios, haciendo palpable el espacio fuera de campo, como son los movimientos de cámara,
las salidas y entradas en campo, el sonido off, las figuras cortadas por el marco o las miradas
al fuera de campo. Burch destaca también la reversibilidad del campo, la constante alternancia
que se establece por el movimiento de cámara y el montaje entre espacio en campo y espacio
fuera de campo, y caracteriza los espacios fuera de campo como concretos (el espacio que está
fuera de campo en un momento concreto, pero ha sido o pronto será representado en campo) o
imaginarios (el fuera de campo que no se ha visto ni se verá nunca). Cuestiones similares aborda
Lotman en su Estética y semiótica del cine, donde apunta que “el espacio en el cine, al igual que
en todo arte, es un espacio acotado, encerrado en unos determinados marcos y, al mismo tiempo,
isomorfo al espacio ilimitado del mundo” ([1973] 1979, p. 115).
50
la materia, L’organisation de l’espace dans le “Faust” de Murnau,
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
publicado en 1977 por Eric Rohmer, aunque han sido los textos de
Jacques Aumont (Aumont et al., 1989; Aumont, 1992) los que han
divulgado sus ideas principales. Rohmer, indica Aumont, define tres
tipos de espacio que coexisten en toda obra cinematográfica, y que
él llama espacio arquitectónico (las partes del mundo dotadas de
una existencia objetiva en lo profílmico, en palabras de Aumont),
espacio pictórico (la imagen propiamente dicha, la composición de
cada plano) y espacio fílmico (el espacio reconstruido a través del
montaje). Si la composición de las formas es considerada por parte
del espacio pictórico, y la relación dinámica entre elementos por
parte del espacio fílmico, Rohmer entiende el “espacio arquitectónico”
desde una perspectiva puramente funcional, marcando la importancia
Las relaciones espaciales en el cine: revisión conceptual y propuesta analítica
51
conjunto [de lugares]” presentados por el relato (1993, p.108). Se trata
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
reflejos).
7 No cabe duda de que se trata del parámetro del espacio cinematográfico que
tácitamente invoca Vila en su ejemplo de El hombre y el monstruo y, al igual que éste, Gardies
se interesa por sus posibilidades expresivas, analizando concretamente las películas Rio Bravo
(Howard Hawks, 1959) y Le salaire de la peur (Henri-Georges Clouzot, 1953).
52
tres: los espacios latentes, contiguos a los representados, que el film
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
Propuesta terminológica
A partir de todas estas aportaciones, y dado el cierto desorden
terminológico que se deriva del conjunto, consideramos conveniente
realizar una síntesis o propuesta de los diferentes parámetros en
los que se puede dividir el espacio cinematográfico, en un intento
de clarificar y, sobre todo, consensuar la terminología empleada.
Las relaciones espaciales en el cine: revisión conceptual y propuesta analítica
53
propio medio fílmico8. Cada uno de estos espacios integra diferentes
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
8 Este espacio fílmico se puede dividir, en un segundo nivel, en otros parámetros, que
integran diferentes propuestas de los autores, susceptibles de ser agrupadas principalmente
en dos categorías: aquellas que hacen referencia al espacio del plano, como los conceptos de
“espacio plástico” (Martin), “espacio pictórico” (Rohmer), “espacio gráfico” y “espacio en los planos”
(Bordwell), “espacio del cuadro” (Gardies), “espacio en campo” y “espacio fuera de campo” (Burch);
y aquellas que hacen referencia al espacio del montaje, como “espacio del montaje” (Bordwell),
“espacio fílmico” (Rohmer), “espacio virtual” (Martin), “espacio del texto” (Gardies).
54
En el próximo apartado se analizarán, precisamente, las posibles
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
9 Una aportación reciente sobre algunas cuestiones relacionadas con el tratamiento que
el cine hace de los espacios geográficos, aplicado a las ciudades, se encuentra en García Gómez
y Pavés (2014).
55
nantes), mientras que en el rodaje en localización esta adecuación se
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
56
a la real, con los correspondientes ahorros en costes. Otra desventaja
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
11 Película esta en la que el espacio geográfico adquiere una relevancia muy destacada en
la trama pese a construirse como una simple delimitación de formas en estudio.
57
Al representar lugares imaginados, la película debe inventar unos es-
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
58
vincias, una ciudad cualquiera, en cualquier provincia, de
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
59
una vocación epistemológica, participando en la creación y difusión de
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
12 Para entender mejor las diferencia entre verosimilitud y fidelidad (y sus implicaciones),
imagínese una escena donde la película indica que la diégesis tiene lugar en Londres, situando por
lo tanto al espectador. Imagínese ahora que los productores han rodado la escena dos veces, una
en un rincón de Gibraltar con características arquitectónicas típicamente británicas, incluyendo
una clásica cabina telefónica roja; y otra en un barrio moderno de Londres, incluyendo una cabina
negra nueva. La primera escena probablemente resulte más verosímil desde un punto de vista
geográfico para el espectador medio, puesto que incluye elementos semánticos que están a la
altura de sus expectativas sobre aquello a lo que debe parecerse Londres (su imagen mental de
la ciudad), mientras que la segunda es más fiel a la realidad por el simple hecho de ser Londres, lo
que puede contribuir a fomentar en el espectador unos imaginarios geográficos más precisos, al
incorporar esta “nueva” imagen de la ciudad.
60
ción afectará a las exigencias de verosimilitud por parte del especta-
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
61
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel y que identificamos con los términos de “relación de coincidencia”,
“suplantación” y “reproducción”.
Relación de coincidencia
Se trata de aquellos casos en los que el lugar profílmico y el diegé-
tico son los mismos; es decir, el rodaje se lleva a cabo en el lugar
auténtico donde transcurre la historia. Pero la coincidencia raramen-
te es perfecta ya que, a menudo, por exigencias del guión, se llevan
a cabo intervenciones que alteran la “pureza” del espacio geográfico
de referencia. Resulta habitual que se introduzcan, sustituyan, alte-
ren o eliminen elementos existentes en el espacio real, sea median-
te modificaciones realizadas directamente sobre el espacio de rodaje
(profílmico), o mediante alteraciones realizadas en el proceso de pos-
Las relaciones espaciales en el cine: revisión conceptual y propuesta analítica
62
gares o emplazamientos hasta entonces vedados a visitas turísticas,
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
Figura 3. Fotograma de Der Himmel über Berlin (Win Wenders, 1987), largometraje
rodado en la ciudad de Berlín dos años antes de la caída del Muro. En esta imagen
tanto el lugar diegético como el lugar profílmico, correspondientes a la Potsdamer
Platz, mantienen relaciones de coincidencia. Dado que se trata de un espacio urbano
muy alterado en las dos últimas décadas, la película tiene además un especial valor
testimonial.
Suplantación
Denominamos suplantación a aquellos casos en los que se utiliza un
lugar profílmico real, pero que no coincide con el lugar real al que la
diégesis hace referencia. Se trata de una operación extendida, por
razones obvias. Cabe añadir que, muy habitualmente, el espacio
profílmico escogido se modifica para que la suplantación sea más
efectiva.
63
Las suplantaciones ofrecen importantes ventajas de cara a la produc-
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
Figura 4. Fotograma de The Cutthroat Island (Renny Harlin, 1995) en el que se esta-
blece una relación de suplantación entre Port Royal (Jamaica) -lugar diegético- y La
Valeta (Malta) -lugar profílmico-. Como se observa en la imagen, el empleo de un rótulo
sobreimpuesto intensifica el engaño geográfico.
64
escenas aéreas se tomaron sobre Filipinas, por la imposibilidad de ha-
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
65
viaja a Palmyra, una antigua ciudad del interior de Siria, pero el lugar
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
Reproducción
Denominaremos reproducción a aquellos casos en los que un lugar
diegético -que hace referencia a un lugar real concreto- es recreado
en estudio. Teniendo en cuenta las ventajas de construir el espacio
diegético en estudio, los motivos por los que se opta por reproducir
un lugar diegético concreto responden a varias cuestiones. Desde
un punto de vista administrativo, la reproducción permite mostrar
espacios que, por razones evidentes de privacidad, seguridad, etc., no
pueden ser ocupados por los equipos de rodaje. Es el caso de películas
como The American President (Rob Reiner, 1995), donde la necesidad
de rodar en el interior de un espacio restringido como la Casa Blanca
obligó al equipo de producción a recrearla en estudio. Desde el punto
de vista del control del proceso de rodaje, la reproducción solventa
algunos inconvenientes asociados a la filmación en exteriores. Así, en
Las 13 rosas (Emilio Martínez Lázaro, 2007), donde hay varias escenas
en las que los protagonistas pasean por los alrededores de la glorieta
de Cibeles, la productora tuvo que reproducir en estudio esta glorieta
-incluyendo la emblemática fuente de La Cibeles- ante la imposibilidad
de paralizar de forma continuada la actividad habitual en ese entorno.
66
Por motivos similares, en El día de la bestia (Alex de la Iglesia, 1995)
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
16 Otro ejemplo singular es The Savage Innocents (Nicholas Ray, 1960), con escenas del
océano Ártico (mostrando, además de hielo, fauna de leones marinos) recreado en los estudios
Pinewood de Londres.
67
Topologías profílmicas y diegéticas
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
68
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel historias que aparentan transcurrir en espacios dispares muy alejados
entre sí. Por ejemplo, en Conan the Barbarian (John Milius, 1982), cuya
narración muestra el desplazamiento de sus protagonistas por exten-
sos y variados territorios, la heterogeneidad paisajística ofrecida por
España permitió una importante alternancia paisajística, reforzando la
sensación de las distancias geográficas recorridas.
Figura 6. Paramount Studio Location Map. Este mapa muestra una de las razones por
las que las películas se ruedan en California. Las diferentes partes del Estado se han
etiquetado de acuerdo con su similitud a diferentes lugares del mundo (Balio, 1985).
17 Para Balio (1985) esta variedad de paisajes es una de las claves fundamentales que
explicaron el desarrollo temprano y poderoso de la industria cinematográfica en California.
69
Relaciones de contigüidad en lugares diegéticos reales
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
70
de las Naciones Unidas) se encuentran uno frente al otro, cuando en
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
71
Incluso existe algún caso en el que la fusión espacial se produce de
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
72
que sigue los periplos del agente secreto por medio mundo -y sus
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
Conclusiones
Si bien el análisis del cine de ficción desde una perspectiva geográfica
ha sido una práctica poco habitual durante casi un siglo, en los últimos
lustros se han ido desarrollando una serie de aproximaciones que lo
abordan desde puntos de vista diversos (la importancia del paisaje en
el cine, etc.) y que, en definitiva, vienen a demostrar la elevada capa-
cidad que tiene este medio creativo para modelar y crear imaginarios
geográficos colectivos.
73
confusión terminológica. Esto es así porque las relaciones entre es-
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
74
Bibliografía
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
Aumont, J., Bergala, B., Marie, M., & Vernet, M. (1992). Estética del cine.
Espacio fílmico, montaje, narración, lenguaje. Barcelona: Paidós.
Cohan, S., & Rae, I. (1997). The Road Movie Book. London; New York:
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University of Chicago.
76
Lando, F. (1996). Fact and Fiction: Geography and Literature. GeoJour-
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
77
Filmografía citada
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
78
Jackson, P. (2001). The Lord of the Rings: The Fellowship of the Ring.
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
79
Ray, N. (1963). 55 Days in Pekin.
Víctor Aertsen, Agustín Gámir y Carlos Manuel
80
3
Políticas de pós-memória e
paisagem cinematográfica
como categoria
epistémica. Um lugar
rugoso da experiência
Ana Francisca de Azevedo
(…)
81
dominante. O indagar das verdades parciais inscritas numa represen-
Ana Francisca de Azevedo
82
que contêm e explicam o que é visto. Espaço abstracto e tempo linear
Ana Francisca de Azevedo
83
políticas de transmissão da memória como roteiros mas também
Ana Francisca de Azevedo
84
produção do espaço, cultura e natureza que se desenvolvem sob
Ana Francisca de Azevedo
história cultural.
(…)
85
dens de conhecimento. Um tipo de episteme que pode ser entendida
Ana Francisca de Azevedo
86
em cada filme. A paisagem cinematográfica envolve um conjunto de
Ana Francisca de Azevedo
Para Henri Bergson tudo acontece então como se uma memória in-
dependente juntasse imagens conforme elas sucessivamente acon-
tecem no curso do tempo e como se o nosso corpo juntamente com
o meio em que se inscreve nunca fosse mais do que uma entre essas
imagens, sendo a última a que obtemos em qualquer momento, efec-
tuando uma secção instantânea no fluxo geral do devir. Uma paisagem
cinematográfica pode recordar tanto a nossa própria condição como
uma condição geral anterior à sua representação. Fazendo parte de
um continuum naturezacultura, a paisagem cinematográfica pode ser
entendida como um condutor de memórias que transcende o próprio
cinema no sentido de uma experiência dinâmica e extensiva de co-
municação. Assim, a presente discussão remete para a compreen-
são dos processos de espacialização e de temporalização operados
pelo cinema através da paisagem cinematográfica como categoria de
conhecimento ancorada num sistema de codificação cultural que diz
respeito a aspectos ligados à fisicalidade do mundo e à corporização
dos sujeitos. Neste processo, o reclamar do mundo físico pelo cinema
implica um movimento de familiarização e desfamiliarização dos códi-
gos convencionais de representação e de uma tradição científica que
passa a organizar-se numa complexa tapeçaria em que se entretecem
epistemes geográficas e epistemes cinematográficas.
(…)
87
diferenciais que informam ao mesmo tempo as práticas quotidianas e
Ana Francisca de Azevedo
88
autora refere, a viagem de identidades em trânsito no decurso de uma
Ana Francisca de Azevedo
89
fora de campo”, na sua vida quotidiana, coloca-os permanentemente
Ana Francisca de Azevedo
90
responde ao trauma individual, colectivo e cultural do fim da crença
Ana Francisca de Azevedo
(…)
91
Azevedo, A. F. (2011). Cartografia, arte e paisagem: o ‘espaço-entre’
Ana Francisca de Azevedo
92
Deleuze, G. (2002). Cinema. The Movement Image. London: The Ath-
Ana Francisca de Azevedo
lone Press.
Harper, G. & Rayner, J., eds. (2010). Cinema and Landscape. Chicago:
The University of Chicago Press.
93
Jones, J. (2003). The Culture of Epistemology. In: K. Anderson, M. Do-
Ana Francisca de Azevedo
Press.
Lois, C. & Hollman, V. coord. (2013). Geografía y cultura visual. Los usos
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Ramos, J. C. (2014). Atlas da Memória e Esperança (Sem Rima nem
Ana Francisca de Azevedo
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and technology, p. 243-266. Dordrecht, Boston & London: Kluwer Aca-
demic Publishers.
95
96
4
Trajetividade e máquina
geográfica: cinema e terras
entre intervalos para
outros espaços sem terra
Alexandre Filordi de Carvalho
97
com esse lugar; uma terra é apenas um nome que se dá ao inominável,
Alexandre Filordi de Carvalho
98
termo literal a ideia de “ponto de vista realista”, na menção de Proust.
Alexandre Filordi de Carvalho
É importante destacar logo de saída tal ponto, pois seria pouco pro-
vável pensar as relações possíveis de terras entre intervalos para ou-
tros espaços sem terra, mais experiências de geolistese, sem os sig-
nos da arte. E aqui, o cinema será tomado como signo da arte capaz
de forjar experiências com espaço sem terra, uma vez que o cinema
é capaz de agenciar signos de trajetividade na constituição de sub-
jetividades outras, fora da máquina geográfica que se interpõe como
agente produtor de lugares habitáveis, como signos mundanos, aos
que vivem na geografia de uma terra qualquer. Em um espaço quadra-
do qualquer, de uma sala escura, não se projeta um filme, ao contrá-
rio, experiencia-se um deslizamento para um dentro da tela que não
é um entrar, mas um sair, um estar projetado para fora, precisamente
porque
O cinema não é língua, universal ou primitiva, nem mes-
mo linguagem. Ele traz à luz uma matéria inteligível, que
é como um pressuposto, uma condição, um correlato ne-
cessário através do qual a linguagem constrói seus pró-
prios objetos (Deleuze, 2009, p. 311).
99
Pensar na possibilidade de relação com os espaços no mesmo re-
Alexandre Filordi de Carvalho
100
geográfica: cinema e terras entre intervalos para outros espaços sem
Alexandre Filordi de Carvalho
101
Que muro é esse? Onde está situado? Ele separa e delimita o quê?
Alexandre Filordi de Carvalho
102
acesso a uma compreensão profunda dos diversos
Alexandre Filordi de Carvalho
103
colher, na impossibilidade de sacrificar um só que
Alexandre Filordi de Carvalho
104
do trajeto de Omar como trajetividade implica saber de duas coisas.
Alexandre Filordi de Carvalho
Sendo assim, habitar uma terra não é fixar-se nela, é por ela passar,
deslizando-se terra afora; o espaço de seu(s) lugar(es) é uma com-
posição de deslizamentos experimentados, conforme se espacializa o
trajeto do sujeito sem a pretensão de reduzir-se a um território, pois
território é prisão de trajetividade. Habitar o espaço é convocar signos
trajetivos. Omar entrando em becos e em ruelas. Proust deslizando
na saborosa incisão de um signo misterioso. Ambos estão correndo
de um centro referente de captura: Omar desvia-se da bala, mas tam-
bém de olhares; Proust parte de Paris. Isso é próprio da trajetividade,
o descolar-se para além do modelo, já que “segundo o modelo legal,
não paramos de nos reterritorializar num ponto de vista, num domínio,
segundo um conjunto de relações constantes” (Guattari, 1992, p.40).
105
deslizamentos. Omar jogando-se da corda muro abaixo. Ver o cinema
Alexandre Filordi de Carvalho
106
série de atividades de recomposição territorial, de suas dimensões e
Alexandre Filordi de Carvalho
107
representações, pontos fechados que ligam, corretamente, a partida
Alexandre Filordi de Carvalho
Posto isso, pode-se dizer que a máquina geográfica é toda aquela que
produz espaços e território agenciando fluxos intercomunicáveis de
pertencimento às interioridades e às exterioridades. Numa ideia sim-
ples, em toda produção geográfica, sob tal horizonte, há segregação. A
máquina geográfica, dessa maneira, tem o intuito de gerar um tipo de
produção a fazer sentido aos códigos de localização, de locomoção,
de habitação, de mudança, de trânsito legalizado em um território
qualquer; também ela produz identificações com margens de espaços
ordenados para agenciar fluxos de idas e de vindas, que podem ser:
de economia, de objetos, de pessoas, de símbolos abstratos (Meca,
Compostela, Jerusalém, Lourdes, Aparecida), de veículos, e inclusive
da própria mutação da terra (construção de barragens, demolição de
uma encosta, abertura de um túnel, subtração de recursos geológi-
cos), em outras palavras, um pleno “erguer e recomeçar” semelhante
ao proposto em The giver.
108
Mas onde essa máquina principia e termina? Esse é outro aspecto
Alexandre Filordi de Carvalho
Por essas razões, a fala inicial em The giver convoca um sujeito inde-
terminado. É ao redor desse mesmo sujeito que limites, apagamentos
da memória, regras e obediência visando à igualdade ganharão pro-
porções de realidade. Por existirem as conexões na máquina geográ-
fica com uma série de agenciamentos com outras máquinas, a sua
produção acaba se reduzindo a um certo automatismo, próprio dos
termos indeterminados, como se a ordem dos acontecimentos e dos
espaços tivessem de ser tal como é. O que convoca à reflexão na má-
quina geográfica é justamente o ponto cego de toda a sua produção: o
109
automatismo produtivo de ações sem sujeitos, de limites impositivos,
Alexandre Filordi de Carvalho
No cenário atual o espaço não está mais atrelado apenas a uma espa-
cialidade, nem um território a uma mera circunscrição de medida (Vi-
rilio, 1993). Em ambos os casos, há uma intensidade de conexões que
Trajetividade e máquina geográfica: cinema e terras entre intervalos para outros espaços sem terra
110
em função de construções gigantescas, como uma hidroelétrica; mo-
Alexandre Filordi de Carvalho
111
espaços tornaram-se, assim, verdadeiras experiências de consumo e,
Alexandre Filordi de Carvalho
112
da experiência singular entre acontecimento e enunciado. No limite, o
Alexandre Filordi de Carvalho
113
certamente, as cenas não repõem nada, mas abrem um mundo de
Alexandre Filordi de Carvalho
Bibliografia
Arendt, H. (2007) Entre o passado e o futuro. São Paulo: Perspectiva.
Filmografia
Noyce, P. (2014) O doador de memória (The giver), EUA.
114
5
Exercícios inventivos
na cidade: dois filmes
e algumas notas
Karen Christine Rechia
115
Tokyo-Ga
Karen Christine Rechia e Ana Maria Hoepers Preve
Wim Wenders
tão importante dada por ele é acolhida por Wim Wenders para que
exercitemos isso na cidade quase toda ocupada pelos excessos. Para
Wenders, neste filme, é ali mesmo que ainda pode-se encontrar uma
imagem inédita. No livro de Peter Buchka (1987) intitulado Os olhos
não se compram: Wenders e seus filmes o cineasta certa vez disse
que cada filme o fez renunciar a alguma coisa e adquirir algo novo (p.
7). É nesta perspectiva do novo inspirado pela conversa na Torre de
Tóquio e pelo que diz no trecho supracitado, que estamos também a
percorrer com os trechos fragmentados que recolhemos. Renunciar
alguma coisa para que o novo tenha espaço. No modo de olhar estes
filmes e no modo de propor uma ação inventiva no espaço urbano. A
justaposição dos trechos e a abertura deles (através da proposição
de um exercício) sobre a superfície extensiva da cidade pode fazer
emergir uma topografia de outras forças, aquelas que atravessam os
lugares e que não são visíveis tendo em vista a força e a exclusividade
(sobretudo nos estudos escolares) dos planos extensivos.
E o filme começa com a viagem... Senti prazer em apenas olhar pela ja-
nela. Se fosse possível filmar assim, pensei como quando você abre os
olhos, às vezes... apenas observar sem querer provar nada. Após essa
menção sobre seu deslocamento até Tóquio de avião, a câmera abre
116
para um plano da cidade completamente preenchido das formas urba-
Karen Christine Rechia e Ana Maria Hoepers Preve
nas, das figuras que compoem tais formas, das inscrições de propa-
ganda nos topos de prédios, das vias rápidas e seus carros, dos trens,
dos sons diegéticos e não diegéticos que emanam desse funciona-
mento, de uma música que compõe com outros ruídos desse espaço
urbano. No alto, um leve e pequeno pedaço de céu azul. Uma imagem
da cidade como um emaranhado onde nenhuma imagem transparente
– no sentido que Werner Herzog atribui – parece possível:
Herzog está em busca das imagens transparentes, por isso diz, no tre-
cho acima, que tem vontade de viajar para Marte ou Saturno em busca
destas imagens. Para ele a imagem transparente é aquela que deixa
ver alguma coisa por trás de si. Na sua acepção Tóquio – ou outra pai-
sagem urbana a sua semelhança – está desprovida de transparência
pelo excesso (Nagib, 1991, p. 145). À imagem transparente associam-
se às imagens inéditas:
117
as imagens inéditas talvez não tenham desaparecido da
Karen Christine Rechia e Ana Maria Hoepers Preve
118
Assim a cidade fílmica de Ozu diz mais acerca de um olhar sobre um
Karen Christine Rechia e Ana Maria Hoepers Preve
2 Chishu Ryu, ator de Era uma vez em Tóquio (1953) entre outros filmes, dizia
que nada era ao acaso nos filmes do cineasta, todos os objetos do cenário, o figurino
dos atores, as locações, tudo passava por seu crivo.
3 A respeito da noção de ficcionalização do espaço que compartilhamos aqui
ver Oliveira Jr (2009; 2015).
119
quanto à própria noção de memórias inventadas pronunciada por
Karen Christine Rechia e Ana Maria Hoepers Preve
Werner Herzog
Exercícios inventivos na cidade: dois filmes e algumas notas
120
Karen Christine Rechia e Ana Maria Hoepers Preve
Exercícios inventivos na cidade: dois filmes e algumas notas
121
Aliás, a noção de que se está sobre algo vivo, aparece no depoimento
Karen Christine Rechia e Ana Maria Hoepers Preve
Neste instante surge um dos planos mais bonitos do filme, com três
pesquisadores deitados no chão de gelo, com seus ouvidos colados
na superfície, no mais completo silêncio. Um mundo vivo que se per-
cebe através do silêncio.
122
Herzog vê certo prosaicismo em McMurdo e necessita, por vezes, se
Karen Christine Rechia e Ana Maria Hoepers Preve
homem fugiu em pânico, deste horror. Evoluir para seres de maior ta-
manho para escapar do terrível e violento mundo em mini escala.
123
Uma vez expostos os últimos rincões da terra, não se
Karen Christine Rechia e Ana Maria Hoepers Preve
124
Exercícios, notas e invenções
Karen Christine Rechia e Ana Maria Hoepers Preve
[Em 1966/
em Bayreuth/
introduzi/
num estacionamento/
[1]
No início do primeiro ensaio do conjunto de textos agrupados sob o
título Infância em Berlim por volta de 1900, chamado Tiergarten, Wal-
ter Benjamin (1987) diz: Saber orientar-se numa cidade não significa
muito. No entanto, perder-se numa cidade, como alguém que se perde
numa floresta, requer instrução (p. 73). E é preciso um tempo para
desaprender, para desmanchar certos hábitos constituídos cotidiana-
mente em nós. Do hábito de olhar ao do percorrer, do hábito de habi-
tar ao de dizer. O hábito, nessa linha que estamos propondo, impede
o pensamento e favorece a emissão de opiniões. Desmanchar hábitos
tem a ver com exercício da repetição, com uma insistência em perder-
se como possibilidade de aprendizagem (Preve, 2013). Benjamin lem-
bra que este labirinto foi o primeiro a lhe ensinar a arte do perder-se:
125
Karen Christine Rechia e Ana Maria Hoepers Preve
[2]
A condição física do corpo em deslocamento reforça a
desconexão do espaço. Em alta velocidade é difícil pres-
tar atenção à paisagem. (Sennet, 2003, p. 18).
126
do passado que percorriam este texto em pontilhado – ou
Karen Christine Rechia e Ana Maria Hoepers Preve
Transitar ou flanar pela cidade e admitir que ela só possa ser pensada
pelos seus vestígios, takes de personagens e cenas urbanas, conduz-
nos ao reconhecimento de que registrar a cidade também é possível
através de seus fragmentos e rasuras/ranhuras e, para traduzi-la, é
preciso admiti-la como indecifrável. Assim com a Tóquio de Wenders
e a Antártica de Herzog.
[3]
127
salir a los soldados de sus filas. Del mismo modo, sólo el
Karen Christine Rechia e Ana Maria Hoepers Preve
[4]
Descondicionamento óptico
No conjunto de imagens captadas num exercício de filmagem urbana
realizado há quatro anos atrás, as imagens feitas dos fios de luz em
movimentos de plongèe e contraplongée sem referência de contexto
é radicalizada debaixo para cima sem nenhuma referência espacial.6
128
Karen Christine Rechia e Ana Maria Hoepers Preve
Exercícios inventivos na cidade: dois filmes e algumas notas
[5]
Ausência e excesso
Possivelmente, o grande exercício de estar na cidade seja o de es-
capar à sua saturação. Saturação de imagens, saturação de infor-
129
mações. Inventar alguns labirintos para achar outras coisas nas quais
Karen Christine Rechia e Ana Maria Hoepers Preve
Eudoro diz que em sua casa há mais de dois mil livros; provoca ri-
sos em Alguém, que afirma ser impossível alguém ler esta quantidade
e sentencia: além disso não é importante ler, mas reler. De que nos
adiantam milhares de imagens? Importa que possamos inventá-las,
lê-las e relê-las, bifurcá-las. Talvez precisemos cavá-las com uma pá,
como falou Herzog a Wenders em Tokyo-Ga.
Num dos filmes de Ozu, Era uma vez em Tóquio (1953), a história trata
de um casal de idosos que viaja a Tóquio. O objetivo é o de visitar os
filhos que há anos não veem, porém, todos são muito atarefados e
não têm tempo para dar-lhes atenção. Uma passagem interessante
130
da obra é o passeio que fazem pela cidade. Os filhos têm sua rotina e
Karen Christine Rechia e Ana Maria Hoepers Preve
é a nora do segundo filho (já falecido) que passeia com eles pela ci-
dade, em um ônibus turístico, portanto, neste momento, eles só veem
os pontos turísticos, a princípio. Quando descem do ônibus, Tóquio
passa a ser vista de outros lugares, como do chão, de cima de um
prédio de lojas etc. Observamos que a cidade se transforma pelos diá-
logos dos personagens e pelo lugar que eles ocupam. A nora, ao tentar
precisar algumas localizações, do alto - por ali, naquela vizinhança –
mostra como é difícil traduzi-la em palavras, e essa impossibilidade de
precisar as suas localizações, para Yoshida (2003) constitui-se numa
geografia de ausências.
Assim como no jogo proposto até aqui no qual muitas peças estão
soltas, muitas jogadas estão inconlusas, há nestes excertos fílmicos,
muitas cenas sem começo nem fim. Instantes em que o olho parece
ver algo pela primeira vez. Olhar da criança na descoberta do mundo,
como Benjamin ao escrever sobre a infância em Berlim. Mas este ol-
har não é somente o de quem vê algo primeira vez, mas de quem, ao
exercitar seu olhar, tem a sensação da primeira vez.
Num outro movimento, há os hondarenhos que estão doentes dos
sentidos e resistem às imagens. Porém não é a ausência e nem o ex-
cesso de imagens que está em questão, é antes um certo tipo de olhar
a um certo tipo de imagens (Larrosa, em prensa). Herzog afirmou que
o cinema é uma arte de analfabetos, e completou, o analfabetismo
tem um outro lado é uma forma de experiência e de inteligência que
em nossa civilização forçosamente se perde, é um bem cultural que
131
está desaparecendo da Terra (apud Nagib, 1991, p. 20 e 21). Com isto
Karen Christine Rechia e Ana Maria Hoepers Preve
e com seu modo de fazer cinema reforça a ideia deste olhar em estado
bruto, inocente, desprevenido que remete àquele instante em que se
vê, sente ou faz algo pela primeira vez.
132
Bibliografia
Karen Christine Rechia e Ana Maria Hoepers Preve
133
Preve, A.M.H. (2013) Perder-se – experiência e aprendizagem. In: Ca-
Karen Christine Rechia e Ana Maria Hoepers Preve
zetta, V. & Oliveira Jr., W.M. (orgs). Grafias do espaço. Campinas: Alí-
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Sennet, R. (2003). Carne e pedra. 3ª.ed. Trad.: Marcos Aarão Reis. Rio
de Janeiro: Record, 2003.
Filmografia
Herzog, W. (2007). Encontros no fim do mundo. Estados Unidos.
134
Cinemas que se desdobram em torno de um tema-lugar geográfico
Cinemas que se desdoblan entorno de un tema-lugar cinematográfico
6
La cultura del infinito:
un esbozo sobre la
representación del espacio
exterior en clave fílmica
David Moriente
Pedro G. Ferreira
137
También en la década de los ochenta, el polémico astrofísico y cosmó-
David Moriente
logo Stephen Hawking expresaba así lo inacabado del estudio del en-
torno sideral: “¿Tuvo el universo un principio, y, si así fue, que sucedió
con anterioridad a él? ¿Cuál es la naturaleza del tiempo? ¿Llegará éste
alguna vez a un final? [...] Algún día estas respuestas podrán parecer-
nos tan obvias como el que la Tierra gire alrededor del Sol” (Hawking,
La cultura del infinito: un esbozo sobre la representación del espacio exterior en clave fílmica
El teatro del que hablaba Sagan había sido abordado de diferentes ma-
neras a lo largo de la historia, yendo en paralelo las representaciones
de cómo se había imaginado el cosmos y los hallazgos en las obser-
vaciones astronómicas, por un lado, y el de las narrativas —aquí nos
centraremos en las cinematográficas—, por otro. Así como la ciencia,
la cultura popular se ha preguntado tenazmente sobre el aspecto de
ese exterior tan inmenso que aunque no sea infinito —dato primor-
dial que aún hoy se desconoce— está fuera de la escala humana. Si
antaño el firmamento fue el dominio de los dioses, con el progreso de
los telescopios en la Edad Moderna, sucesivamente más potentes, se
permitió el asalto de los humanos a los cielos. Pero allí no había nada
de lo que se había imaginado, ni divinidades ni complejas articulacio-
nes de animales fabulosos ni héroes titánicos que sujetaran la bóveda
celeste. Sin embargo, la observación astronómica ha traído consigo la
concatenación progresiva de enigmas cada vez más complejos: así,
los quásars, púlsares, agujeros negros, lentes gravitacionales, siste-
mas solares dobles o triples, galaxias, cúmulos estelares o supercú-
mulos galácticos son el equivalente contemporáneo de las maravillas
astrológicas de la Antigüedad.
138
concreto, la representación del espacio exterior (o sideral) en la
David Moriente
139
David Moriente
La cultura del infinito: un esbozo sobre la representación del espacio exterior en clave fílmica
140
a la actualidad— inscritos en su mayoría en la cultura colectiva
David Moriente
Dos premisas
La magnitud de lo que rodea al planeta Tierra es indudablemente so-
La cultura del infinito: un esbozo sobre la representación del espacio exterior en clave fílmica
141
Dardel, la “relación entre el mundo material externo y el mundo inter-
David Moriente
142
cultura visual. En otro lugar ya definimos el género de la ciencia ficción
David Moriente
Figura 3.Una muestra del exotismo planetario: las flotantes montañas Aleluya —por su
contenido rico en el ficticio inobtanio— de Pandora en Avatar (2009) y la inexplicable
solidez de las heladas nubes de metano en el planeta Mann de Interstellar (2014).
143
En las cercanías del sistema solar
David Moriente
“Houston, Tranquillity Base here. The Eagle has landed”. Esas fueron
las primeras palabras del comandante Neil Armstrong al alcanzar la
superficie lunar con el módulo de descenso el 20 de julio de 1969.
Anteriormente, en el siglo II d.C., Luciano de Samosata ya se había em-
La cultura del infinito: un esbozo sobre la representación del espacio exterior en clave fílmica
144
un segundo-luz), impregna sobremanera el carácter temático de las
David Moriente
145
Leónov flotando en la órbita terrestre: para el caso, semeja más una
David Moriente
torpe película casera4. Otro tanto ocurrirá pocos meses después con
la contrapartida estadounidense de los astronautas James McDivitt y
Edward H. White, flotando sobre la Gemini IV, aunque con una calidad
compositiva mejor que la documentación de los soviéticos (que quizá
se deba a la pericia de McDivitt como camarógrafo5); sea como fuere,
La cultura del infinito: un esbozo sobre la representación del espacio exterior en clave fílmica
4 “Rare color footage of first spacewalk, Alexey Leonov, March 18, 1965”,
<https://www.youtube.com/watch?v=uAPBRvd8OTY>.
5 “First American Spacewalk - Gemini IV”, <https://www.youtube.com/
watch?v=mhWdc5rjeq0>.
6 Para la importancia de Avatar en la difusión comercial del formato
tridimensional de proyección, véase David Bordwell, “El 3D como caballo deTroya.
Liderazgos y tensiones en la digitalización de la exhibi-ción estadounidense” (Archivos
de la Filmoteca, 72, octubre de 2013, 13-21).
146
posa de Lang; el filme aún conserva interés no por el tópico preliminar
David Moriente
147
David Moriente
La cultura del infinito: un esbozo sobre la representación del espacio exterior en clave fílmica
Figura 4. Recursos de Frau im Mond (1929) que se han extendido como tópicos al
género: rampa de lanzamiento iluminada, la sensación de ingravidez, el mirador de la
astronave y la superficie del objeto astronómico.
148
Ciertamente, otro de los cuerpos celestes más cercanos a la Tierra
David Moriente
pulsión por el planeta vecino se remonta a finales del siglo XIX, cuando
Marte fue objetivo de las ensoñaciones del opulento aficionado a la
astronomía Percival Lowell —espoleada su imaginación por la carto-
grafía marciana publicada pocos años antes por el astrónomo Giovan-
ni Schiaparelli en 1888— y, más tarde, por parte del ciclo de Barsoom
en las novelas de Edgar Rice Burroughs (1912-1943), donde detalla
minuciosamente la épica crepuscular de un mundo agonizante —no
sin atisbos de mirada etnocentrista, como ocurrirá también con el
ciclo dedicado a Tarzán— lleno de criaturas insólitas, señores de la
guerra, luchas tribales y exóticas doncellas, con una nostalgia por el
erotismo de una naturaleza salvaje y masculinizada, y muy similar a los
parámetros temáticos en la obra de contemporáneos suyos como H.P.
Lovecraft o Robert E. Howard. Marte, pues, se convirtió en una suerte
de pantalla mitopoética sobre la que los humanos habrían proyectado
sus anhelos y sus miedos (Sagan, 1980: p. 106). Algo de esa pulsión
inconsciente subyace en Аэлита (Aelita, Queen of Mars, Yákov Prota-
zánov, 1924). El utopismo y la traslación gráfica al constructivismo —
Kassemir Malevitch, El Lissitski, Naum Gabo— contaminaban por do-
quier la esfera de la cultura visual de la revolución de los sóviets y, en
este sentido, Aelita es una original parábola sobre la lucha de clases
ambientada en el antiguo y decadente Marte. La joven URSS comenzó a
interesarse pronto por la incipiente astronáutica casi desde sus prin-
cipios, los cálculos teóricos desarrollados por el ingeniero Konstantin
Tsiolkovski en la década de los años veinte son fundamentales8, por
este motivo no sorprende que después de la Segunda Guerra Mundial
y su consecuente ascenso como potencia hegemónica mundial tras el
armisticio, lanzara al espacio en 1957 el satélite Sputnik, inaugurándo-
se así la carrera espacial.
Los años cincuenta y sesenta, en plena Guerra Fría, son los del contex-
to en que se inscribirán los miedos hacia el comunismo proveniente de
China —Yellow Peril— y Rusia —Red Scare—, lo que hacía de Marte
la metáfora perfecta de los invasores, que ocultos y acechantes pre-
tenden dinamitar el orden social del estereotipado y consumista de
los EE UU (Seed, 1999; Booker, 2001 y 2007). Estas temáticas obedecen
al escenario geopolítico cuya escalada más complicada fue la Crisis
8 N.B.: De ahí que se le considere como uno de sus pilares, junto al alemán
Werner von Braun y el estadounidense Robert Goddard, y otros menos conocidos como
el rumano-alemán Hermann Oberth y el peruano Pedro Paulet Mostajo.
149
de los misiles de Cuba en 1962. No solamente se libró una contienda
David Moriente
Mijaíl Karyukov, 1959), que compraba a muy bajo precio, uno de cuyos
resultados más conocidos fue Queen of Blood (1966) (Dufour, 2011:
pp. 46-ss.; Telotte, pp. 73-78).
Más allá del uso de los escenarios de Marte y la Luna, el resto de los
cuerpos celestes del Sistema Solar apenas han aparecido en los fil-
mes de ciencia ficción9. Entre Júpiter y Saturno orbitan a su alrededor
más de cien satélites, los más conocidos de los jovianos son los que
descubrió Galileo Galilei hacia 1610 —Ío, Europa, Ganimedes y Calis-
to— mientras que de los del anillado Saturno es Titán, el más grande,
siendo el resto de los que más masa poseen Mimas, Encélado, Tetis,
Dione, Rea, Hiperión, Jápeto y Febe. Algo parecido ocurre con otro de
los gigantes de gas, Urano, cuyas lunas más conocidas de su treintena
de acompañantes son Titania, Oberón, Miranda, Ariel y Umbriel; por su
parte, Neptuno cuenta con catorce satélites, el más conocido, Tritón.
Los mecanismos para la administración de una hipotética federación
solar, sería harto compleja, dada los cambios dentro de las órbitas
de los satélites y la captación de otros cuerpos celestes que cayeran
dentro de la influencia de alguno de los planetas más alejados del cen-
tro del sistema. Arthur C. Clarke, con su característica flema británica
describe la burocracia de la United Planets Organization —Organiza-
ción de Planetas Unidos, análoga a la ONU— para estas situaciones en
la novela Rendezvous with Rama (1972): “La situación para Tritón era
más complicada. La gran luna de Neptuno era el cuerpo más alejado
del sistema solar permanentemente habitado, de ahí que su embaja-
dor poseyera una considerable cantidad de representaciones, entre
ellas Urano y sus ocho lunas...” (Clarke, 1975: p. 20710).
El film de Peter Hyams Outland (Atmósfera cero, 1981) es un thriller
futurista cuyas premisas narrativas y estructura formal están casi cal-
cadas del celebérrimo western de Fred Zinnemann High Noon (Solo
ante el peligro, 1952); esta historia está ambientada en la luna volcá-
150
nica de Júpiter, Ío. Particularmente ejemplar, a nuestro parecer, es el
David Moriente
151
Galileo. En el film Event Horizon comienza a atisbarse de manera tími-
David Moriente
152
la órbita de determinado planeta; esto se puede comprobar en cual-
David Moriente
153
designar otras estrellas, otros mundos habitables y otros satélites. La
David Moriente
haya ejercido una influencia notable y que haya sido el punto de emer-
gencia para los estudios iniciales de muchos investigadores de la van-
guardia dedicados a dilucidar los secretos del cosmos. Quizá los más
conocidos son, por su carácter divulgador, Carl Sagan, Michio Kaku
y Ronald Mallet, pero también Kip S. Thorne, Brian Greene, Leonard
Susskind o S. James Gates, entre otros.
12 Para este respecto sirve el análisis que realiza Umberto Eco sobre los
medios de masas en general y el personaje del héroe en “El mito de Superman” (1984),
Apocalípticos e integrados. Barcelona: Lumen, pp. 248-296.
154
Nimoy y William Shatner, y cuya influencia llega hasta la actualidad
David Moriente
Figura 8. Primer fotograma de Star Wars (1977), con el George Lucas cautivó a varias
generaciones de fans
155
parte de la ciencia ficción cinematográfica acude al recurso de apro-
David Moriente
Pero volvamos una vez más a las convenciones visuales del espacio
exterior. La reflexión sobre esta entelequia forma parte de la pregunta
universal del origen de la humanidad y su destino. ¿Acaso el cosmos
es infinito o, por el contrario, es un espacio absurdamente gigante
pero limitado? Y si fuera así, ¿qué habría más allá de este Universo?
¿Tal vez una infinitud de universos interconectados? Desde el último
tercio del siglo pasado, una legión de investigadores indagan sobre un
principio único —formalizado en una teoría del todo o, más concreta-
mente, Teoría de Gran Unificación (TGU)— que favorezca concertar las
explicaciones parciales que se han ofrecido a niveles macroscópicos
y microscópicos. En suma, disponer de manera continua y sin fallas la
mecánica newtoniana, la relatividad general y la física cuántica; de ahí
que hayan emergido argumentaciones que van de las supercuerdas a
la teoría M, pasando por las branas o los universos paralelos (Greene,
2001; véase el excelente repaso a las teorías de los últimos años en
Ferreira, 2014). Y todas ellas lidian de un modo u otro con el concepto
de infinito, una suerte de oscuro objeto de deseo para los astrónomos
y los matemáticos (Asimov, 1986).
156
litos negros, obra de inteligencias no-humanas; con los recursos de la
David Moriente
157
David Moriente Sin embargo, en los últimos años ha habido dos películas que inde-
pendientemente de la coherencia narrativa de sus propuestas —las
ya citadas Gravity e Interstellar, nos centraremos en esta última— han
ofrecido a los espectadores un nuevo enfoque en cuanto a la pues-
ta en escena de la producción (visual) del espacio —si se permite la
recontextualización de la nomenclatura de Henri Lefebvre— que se
La cultura del infinito: un esbozo sobre la representación del espacio exterior en clave fílmica
158
que serían aproximadamente como se describen en la película de po-
David Moriente
der verse de un modo directo: son los populares agujeros negros, los
denominados “agujeros de gusano” (wormhole o, también, puente de
Einstein-Rosen) o un espacio de cinco dimensiones representado en
un teseracto. En el film de Nolan se presentan estos tres elementos no
solo en tanto que escenarios para el desarrollo de la acción narrativa
La cultura del infinito: un esbozo sobre la representación del espacio exterior en clave fílmica
159
fenómeno gravitacional, la representación sigue siendo la canónica del
David Moriente
160
David Moriente
La cultura del infinito: un esbozo sobre la representación del espacio exterior en clave fílmica
Figura 12. El trabajo teórico de K.S. Thorne en Interstellar (2014): el agujero Gargantúa
y la descripción del disco de acreción y la lente gravitacional que desvía la luz de una
estrella cercana
161
David Moriente
La cultura del infinito: un esbozo sobre la representación del espacio exterior en clave fílmica
162
de técnica 3D junto a escenarios reales, instalados de manera que se
David Moriente
Figura 14. Interstellar (2014): la dificultad de adaptar a la pantalla plana las cinco di-
mensiones del objeto proyectado como un teseracto
A modo de conclusión
Como se asentó al principio del texto, la complejidad y la inmensidad
del espacio únicamente se podrían hacer perceptibles en términos
que pudieran manejarse de manera visual, de ahí el intento de tradu-
cirlos a escalas geográficas. El cine de ciencia ficción, entendido en
líneas generales como un medio divulgador, ha permitido en los últi-
mos años y gracias al avance en las tecnologías de CGI la difusión de
imágenes astronómicas antes inéditas y, también, la comprensión de
ciertos fenómenos físicos que procedían igualmente de convenciones
marcadas por la artisticidad de sus propuestas.
163
contacto con el movimiento celeste y la exploración. El cielo, igual que
David Moriente
164
Bibliografía
David Moriente
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La cultura del infinito: un esbozo sobre la representación del espacio exterior en clave fílmica
Seriales
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Filmografía
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Abrams, J.J. (2013). Star Trek: Into the Darkness (Star Trek: En la os-
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David Moriente
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168
7
Paisajes del Japón
Industrial: Kitakyûshû,
reflejos cinematográficos
de la “Ciudad del Acero”
Fernando Ortiz-Moya
Introducción
En sus pocos más de cien años el cine ha representado los proce-
sos de industrialización y desindustrialización fruto de la economía de
mercado, y a su vez ha ayudado a ilustrar y comprender, los cambios
producidos en la estructura urbana y social consecuencia de dichos
procesos. En el caso de Japón, directores clásicos, tales como Kino-
shita Keisuke, Masumura Yasuzo o Urayama Kirio, y contemporáneos,
como Aoyama Shinji, Kawase Naomi o Kumakiri Kazuyoshi, han puesto
de manifiesto los problemas de índole social asociados con procesos
de expansión y contracción de tipo económico e industrial que con-
ducen a un desequilibrio social en la mayoría de los casos. El presente
escrito pretende investigar el peso que dichos procesos han tenido en
la cinematografía japonesa. En concreto, consiste en: por un lado, una
exploración de cómo la visión cinematográfica del paisaje industrial
ayuda a entender el complejo proceso de identidad e industrialización
llevado a cabo en Japón después de la Segunda Guerra Mundial hasta
hoy, y por otro, las consecuencias sociales y urbanas contemporáneas
de la desindustrialización en los mismos espacios (cinematográficos).
Dos objetivos principales subyacen en este análisis: primero, seña-
lar cómo la imagen cinemática de los nuevos paisajes postindustria-
les ayudan a comprender la transformación socio-espacial del Japón
169
contemporáneo, y, segundo, resaltar la relación entre cine, paisaje e
Fernando Ortiz-Moya y Nieves Moreno Redondo
identidad.
que participó Japón desde entonces1, así como los procesos de re-
cuperación del parqué económico, urbano e industrial de postguerra,
contribuyeron a que la ciudad fuera una de las más prósperas de todo
el país, desarrollo motivado por la demanda de acero principalmente.
170
nómicas en Tokio. A través de su representación fílmica, asistiremos al
Fernando Ortiz-Moya y Nieves Moreno Redondo
171
trabajos inmateriales, de la producción masiva a la producción flexible
Fernando Ortiz-Moya y Nieves Moreno Redondo
172
El presente capitulo se centra en la representación fílmica de dichos
Fernando Ortiz-Moya y Nieves Moreno Redondo
173
lación económica entre ellas. Su desarrollo urbano estuvo ligado al
Fernando Ortiz-Moya y Nieves Moreno Redondo
impulso industrial que tuvo lugar en Japón a finales del siglo XIX. De-
bido a la política aislacionista que estuvo vigente en Japón hasta la
segunda mitad del siglo XIX, el país no había tomado parte en la revo-
lución tecnológica y social que empezó en Inglaterra en el siglo XVIII.
Sin embargo, la progresiva apertura de las fronteras desde 1854 y los
diferentes tratados de comercio firmados con los principales países
occidentales durante el siglo XIX generaron en el gobierno nipón la
urgente necesidad de contar con una industria manufacturera fuerte
para, en parte, evitar la colonización —tal y como estaba ocurriendo
en el resto de Asia y África (Shimizu, 2010). Otras de las razones de su
carrera industrializadora tuvo como objetivo la mejora de las desfavo-
rables condiciones de los tratados comerciales que había firmado y así
resultar un socio competitivo tanto en Asia como en Occidente. Gra-
Paisajes del Japón Industrial: Kitakyûshû, reflejos cinematográficos de la “Ciudad del Acero”
174
Compañía Yahata de Hierro y Acero4, y la posterior industrialización
Fernando Ortiz-Moya y Nieves Moreno Redondo
El Arcoíris eterno
Los años de posguerra en Japón fueros tiempos de reconstrucción, y
muy especialmente de la reconstrucción de su tejido socioeconómico.
La Guerra de Corea ayudó a la recuperación de las industrias manufac-
tureras japonesas, dada la necesidad por parte de los Estados Unidos
de armamento, municiones y provisiones. Kitakyûshû se benefició de
dicha demanda y consiguió resurgir gracias una vez más a sus indus-
trias pesadas (Cobbing, 2009). Uno de los primeros films que se centra
en la actividad industrial de la zona representa el momento del resur-
gimiento posterior a la Guerra de Corea. Kono Ten no Niji (The Eternal
Rainbow, Kinoshita Keisuke, 1958) muestra la ciudad en su momento
175
de mayor auge industrial y económico, cuando la Nippon Steel estaba
Fernando Ortiz-Moya y Nieves Moreno Redondo
176
estilo clásico (y promocional) contrasta con la temática principal de
Fernando Ortiz-Moya y Nieves Moreno Redondo
177
imperialista de su gobierno durante los conflictos bélicos anteriores,
Fernando Ortiz-Moya y Nieves Moreno Redondo
178
sistema social imperante del capitalismo moderno. Guy Debord (1994)
Fernando Ortiz-Moya y Nieves Moreno Redondo
179
Los cineastas de esta época, como el del presente análisis, se aleja-
Fernando Ortiz-Moya y Nieves Moreno Redondo
Sad Vacation
Kono Ten no Niji capturó Kitakyûshû en su momento de máximo
esplendor en los años de posguerra. A partir de entonces la ciudad
empezó un lento, pero inevitable, proceso de desindustrialización
que empeoró drásticamente su situación económica. Éste se debió
principalmente a la conjunción de la crisis medioambiental causada por
el rápido proceso industrializador y a las condiciones del centralizado
sistema urbano japonés. En primer lugar, la acerería y el desarrollo de
otras industrias pesadas se llevaron a cabo sin ninguna precaución de
tipo medioambiental, lo que provocó la contaminación del aire. Tal y
como se ve en el film de Kinoshita, el cielo está siempre cubierto con el
humo de siete colores, y la bahía de Dokai repleta de los deshechos de
180
las fábricas fue renombrado como el “Mar de la Muerte”. En segundo
Fernando Ortiz-Moya y Nieves Moreno Redondo
181
las interacciones de sus distintos personajes, en el film de Aoyama la
Fernando Ortiz-Moya y Nieves Moreno Redondo
de futuro, puesto que son solo eso, una ocupación temporal del espacio
y del tiempo en espera de algo permanente que nunca llegará. Aoyama
introduce a su personaje principal trabajando por las mañanas para
la mafia local de la zona en el tráfico ilegal de inmigrantes, y, por la
noche, como chofer privado para los clientes y trabajadoras de un
club nocturno. En uno de sus trabajos como chófer Kenji se vuelve
a encontrar con la madre que tiempo atrás le había abandonado.
Para sorpresa de Kenji, su madre, Chiyoko, interpretada por Ishida
Eri, ha estado todos estos años viviendo en Kitakyûshû, felizmente
casada con el empresario local Shigeki, interpretado por Nakamura
Kotsuo, con quien regenta una modesta compañía de transportes, que
funciona más como un refugio para inadaptados sociales que como un
auténtico negocio.
182
de las imágenes urbanas de la película muestran el vacío vital de la
Fernando Ortiz-Moya y Nieves Moreno Redondo
183
se funden con el paisaje de la ciudad postindustrial. Los habitantes
Fernando Ortiz-Moya y Nieves Moreno Redondo
Conclusiones
Las dos películas analizadas a lo largo del presente capitulo reflejan la
ciudad de Kitakyûshû en dos momentos diferentes pero claves en su
historia. Por un lado, Kono Ten no Niji presenta la ciudad en el cenit de su
desarrollo industrial, independiente y productiva. Las fábricas de acero
y hierro en expansión ejemplificaban el milagro, no sólo económico de
Japón, sino un nuevo modelo de nación productiva y capitalista que
dejaba atrás antiguos atavismos para retomar la modernidad perdida
durante los años de mayor belicismo del país. El número de habitantes
de Kitakyûshû atraídos por las oportunidades laborales de la zona
más industrializada del país creció exponencialmente. La película
de Kinoshita ejemplifica a la perfección los paradigmas sociales de
184
la sociedad industrial y los tres pilares básicos del modelo Fordista:
Fernando Ortiz-Moya y Nieves Moreno Redondo
Por otro lado, Saddo Vakeishon nos ofrece una imagen muy distinta
de Kitakyûshû. La ciudad está ya en un avanzado proceso de
desindustrialización, inundada de espacios vacíos, ruinas y chimeneas
que ya no emiten humo. La imagen de esta ciudad abandonada es el
Paisajes del Japón Industrial: Kitakyûshû, reflejos cinematográficos de la “Ciudad del Acero”
185
Nuestra lectura de ambos films se ha centrado en la representación
Fernando Ortiz-Moya y Nieves Moreno Redondo
186
Bibliografía
Fernando Ortiz-Moya y Nieves Moreno Redondo
Kagami, M. (2007). Iron Town Cluster: Yawata, its Glory, Decline and
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Filmografía
Fernando Ortiz-Moya y Nieves Moreno Redondo
Kinoshita, Keisuke (1958) Kono Ten no Niji (The Eternal Rainbow), Ja-
pón
189
190
8
Relatos en tiempos de
guerra: El documental
como registro de la
memoria histórica de
un territorio
Maria Alejandra Taborda Caro
Fernando Henao
Introducción
En Colombia desde los inicios de la década de los años ochenta del
siglo pasado, el paramilitarismo sirvió como estrategia contrainsur-
gente, lo que determinó que se convirtiera en una política sistemática
de Estado, que no ha sido aceptada como tal por parte de los distintos
gobiernos. El fenómeno del paramilitarismo no es reciente, a pesar
que variados estudios lo visualizan como un hecho contemporáneo; ha
sido una práctica recurrente de las élites políticas, económicas y de
la mafia colombiana para obtener el poder, expandirlo y consolidarse
en él. Es un hecho innegable que la relación entre las fuerzas arma-
das colombianas y las organizaciones paramilitares son orgánicas, es
decir de mutua complacencia y existencia, y desde los años ochenta
del siglo pasado este fenómeno se convirtió en una de las más crueles
expresiones de un terrorismo de Estado (Gallego, 1994; Peña 2007;
Rivera, 2007).
191
de la Guerra de los Mil Días1 ocurrida entre 1899 y 1902. El proyecto
Maria Alejandra Taborda Caro y Fernando Henao
192
metida entre el 16 y el 21 de febrero del 2000 por 450 paramilitares
Maria Alejandra Taborda Caro y Fernando Henao
193
Los geógrafos de estas procedencias, según Ovando (2014, p.6), con-
Maria Alejandra Taborda Caro y Fernando Henao
194
Los problemas espaciales y la polisemia de las iconografías móviles,
Maria Alejandra Taborda Caro y Fernando Henao
195
La imagen en movimiento: del tiempo como memoria y del territorio
Maria Alejandra Taborda Caro y Fernando Henao
como símbolo.
En la actualidad el documental se torna como una expresión de un
aspecto de la realidad, mostrado en forma audiovisual; adicionalmente
se consolida como una experiencia vital del espacio y del tiempo, del
propio ser y de los otros, de las contingencias y riesgos de la vida que
es acompañada por hombres y mujeres de todas partes del mundo,
como una metamorfosis ligada al surgimiento de nuevas formas domi-
nantes de experimentar el espacio y el tiempo.
196
sino que le afectan las experiencias verídicas por medio de las cuales
Maria Alejandra Taborda Caro y Fernando Henao
197
radio, televisión) instauraron conductas colectivas de complacencia
Maria Alejandra Taborda Caro y Fernando Henao
Por otro lado, una de las dificultades comunes del audiovisual político-
local, el que de una u otra manera ha servido como canal de visua-
lización de las víctimas de la violencia en Colombia, se enfrenta con
problemas referidos a su limitación para su distribución, exhibición
y comercialización, en ventanas tradicionales y no tradicionales. La
televisión, posibilidad privilegiada para cierto tipo de documentales,
carece de empatía y de conexión con los temas políticos (Bitar; Machi-
cado & Rubio, 2011).
La masificación del cine como comprensión geográfica llegó de la
mano de ciertas condiciones: la primera, se refiere a la disponibilidad
de material referido al soporte (CD, DVD, comercializado masivamente
a mediados de los 90 y 2000 que facilitó almacenar el material cine-
matográfico; y, segunda, a la disponibilidad de un medio específico
que permita su reproducción, tal como los equipos de reproducción
de DVD y software especializados en el manejo de imágenes (Ovando,
2014).
“El Salado, los años que siguieron”, del año 2009, es el título que toma
el documental que reconstruye los hechos del 18 de febrero de 2000,
198
época de la memoria agónica en la que 450 paramilitares se tomaron
Maria Alejandra Taborda Caro y Fernando Henao
199
caramanga (al oriente) y el mar Caribe (al occidente), y entre el corre-
Maria Alejandra Taborda Caro y Fernando Henao
Fig. 2 y 3
5 Todas las imágenes presentes en este capítulo fueron extraídas del filme “El
Salado…”.
200
La Trama argumentativa documental narra la masacre a través de los
Maria Alejandra Taborda Caro y Fernando Henao
Fig. 4
201
Las fotografías de las 38 víctimas de la cancha, están presentes en un
Maria Alejandra Taborda Caro y Fernando Henao
202
proveedora de servicios que le permitieran una relación duradera con
Maria Alejandra Taborda Caro y Fernando Henao
estaba yo ese día? ¿Por qué no me horrorice? Sin duda el juicio ético
acompaña la imagen como elemento transversal.
Fig. 5
203
sico texto de Julianne Burton, The Social Documentary in Latin Ame-
Maria Alejandra Taborda Caro y Fernando Henao
La imagen de una joven hoy (Fig. 7), niña antes que retorna con su
Relatos en tiempos de guerra: El documental como registro de la memoria histórica de un territorio
Fig. 6, 7 y 8
204
En últimas, también podríamos decir que nos encontramos con la ima-
Maria Alejandra Taborda Caro y Fernando Henao
205
Bibliografía
Maria Alejandra Taborda Caro y Fernando Henao
206
dora. El Cotidiano, vol. 22, núm. 142. Recuperado de www.redalyc.org/
Maria Alejandra Taborda Caro y Fernando Henao
pdf/325/32514202.pdf
Filmografía
Grupo de Memoria Histórica – CNRRE (2009). El salado: rostro de una
masacre.
207
208
9
Paisaje e identidad
nacional. Dos ejemplos
de series de televisión
sobre Cataluña
Enric Mendizàbal
Presentación1
Una de las dificultades de quien se dedica a la geografía es decidir el
concepto teórico de la parte de la superficie terrestre que quiere es-
tudiar: ambiente, espacio, lugar, medio, paisaje, región, territorio... son
palabras casi-sinónimas. Pero a menudo, el concepto que se utiliza va
asociado a una determinada manera de hacer geografía. En este texto
se tratará principalmente de paisaje –y de los paisajes de Cataluña.
209
saje es la representación de la dimensión sociocultural de la parte de
Enric Mendizàbal
210
los que se ha basado,3 entre ellos el paisaje. En años recientes, la tele-
Enric Mendizàbal
211
La geografía social y cultural estudia, entre otros temas, la identidad,
Enric Mendizàbal
2005; Graham, 2000; Hooson, 1994; Nadal, 1990; Nogué, 1998; Smith,
2002; Thiesse, 2001).
Así, el paisaje y el lugar tienen un papel central en los análisis que son
sensibles a las cuestiones identitarias y comunitarias. Las identida-
des están intrínsecamente relacionadas con los paisajes y los luga-
res: sentir que uno pertenece a un lugar forma parte de uno mismo; e
identificar nuestros lugares en unos paisajes concretos interviene en
la fabricación de las identidades.
El lugar de origen –mejor, todo lo que implica que un lugar no sea otro
lugar: lengua, comida, costumbres, fotografías de parientes, mitos y
leyendas, relaciones sociales, relaciones económicas, relaciones po-
líticas, paisaje...– inculca identidad en el individuo y en el grupo. Pero
cualquier individuo se desplaza en el tiempo –envejecemos– y por el
espacio –de manera obligada (migraciones, éxodos…) o de manera
voluntaria (paseos, turismo, utilizando las tecnologías de comunica-
ción…)–, y esto provoca que el lugar de origen se vaya transformando
en otro concepto: el espacio de vida. Todo esto supone que la iden-
tidad no pueda ser concebida como algo monolítico e invariable, sino
como un fenómeno múltiple, heterogéneo e imprevisible. La identidad
es algo que se construye continuamente.
212
que tiene una perdurabilidad que se transmite entre generaciones. La
Enric Mendizàbal
La sociedad de la imagen
Lo primero que escribe Fernández Durán en su libro (2010, p. 7) es que
“El siglo XX se ha definido como el siglo de la imagen”. Y Fernández
Durán, en la misma página, escribe “El siglo XX va a ser testigo de un
cambio espectacular: la conquista de las sociedades humanas por la
imagen, y la creciente supeditación a ésta del texto escrito y el sonido
(voz y música) creando una verdadera ‘realidad virtual’”. Se podría aña-
dir el adjetivo banal a imagen (en el sentido que sugiere Billig, 2006):
las imágenes banales son las que vemos en cualquier lugar, en cual-
quier momento, de forma reiterativa y que forman parte de nuestra
identidad.
213
Fernández Durán explica que la especie y la sociedad humana tiene
Enric Mendizàbal
Tal como explica Campos (2013), hay una poderosa conexión entre las
imágenes y los dispositivos que las transmiten. Aunque el contenido
puede ser constante –por ejemplo, la contemplación de un paisaje–
el significado cambia en función del soporte: un óleo en un museo,
una fotografía en una revista, un documental en televisión… (Campos,
2013, p. 18).
214
entre la población que se constituye en comunidad, y el caso catalán
Enric Mendizàbal
215
la nueva pedagogía activa de Montessori, llevaron a sus alumnos a
Enric Mendizàbal
216
edición en castellano. La edición de esta obra supuso la difusión de
Enric Mendizàbal
eran alemanes, con una idea de paisaje cultural y natural (Krebs, 1931;
Maull, 1928; Passarge, 1931) similar a la que hay en la Géographie
Universelle francesa. Estas dos editoriales reprodujeron las fotogra-
fías con una gran calidad, lo que permitía ver los paisajes descritos en
el texto a los lectores. La editorial Barcino, todavía existente, publicó
libros de geografía de Cataluña siguiendo las nuevas tendencias geo-
gráficas europeas. En la colección “Enciclopèdia de Catalunya” había
una sección de Geografía que coordinó Pau Vila y que publicó, en-
tre otros textos, un par de monografías comarcales que responden
perfectamente a la geografía vidaliana y donde quedan reflejados los
paisajes tanto en el texto como en las fotografías (Vila, 1926; Reparaz,
1928).
El fin de la Guerra civil en 1939 supuso una ruptura brutal del desarro-
llo cultural, político y económico en Cataluña y España. En Cataluña,
217
los políticos e intelectuales catalanistas y progresistas tuvieron que
Enric Mendizàbal
218
Una de las formas de estudiar el paisaje es la que se basa en la geo-
Enric Mendizàbal
219
Cuando en 1936 empezó la Guerra Civil española, la sociedad catala-
Enric Mendizàbal
Los otros dos libros son relativamente recientes: Dotze paisatges ca-
talans e Imatges de Catalunya.5 Dotze paisatges catalans es un libro
pensado para la docencia de alumnado entre los 14 y 16 años. Cada
uno de los paisajes elegidos tiene una estructura similar: una localiza-
ción, una descripción geográfica e histórica tradicional, una descrip-
ción ambiental, mitos y leyendas del lugar, unas orientaciones didácti-
cas para trabajar con el alumnado y una bibliografía. Los doce paisajes
escogidos son los clásicos de la identidad nacional catalana: el Parque
Nacional de Sant Maurici, la sierra del Cadí-Moixeró, la comarca del
220
Empordà, la sierra del Montsec, la sierra de las Guilleries, la montaña
Enric Mendizàbal
santuario de Núria.
221
Enric Mendizàbal
de las cadenas con más audiencia en Cataluña, ya que desde sus orí-
genes emitió programas locales y globales, y, en algunos momentos,
sus telenoticias fueron consideradas las menos sectarias de las que
se emitían en España.6
Hay diversas series que ha emitido TV3 sobre los paisajes de Cataluña.
Un primerizo Catalunya des de l’aire, emitido inicialmente entre sep-
tiembre de 1997 hasta agosto de 1998 y que se ha emitido diversas
veces en las temporadas de verano cuando hay que rellenar la pro-
gramación, y que cumple lo que dice el título: cada emisión son 25-30
minutos de diversas partes de Cataluña filmadas desde una avioneta y
que muestran los paisajes catalanes a vuelo de pájaro. Otro programa
es Espai Terra, iniciado el abril de 2009, que se continúa emitiendo
los días laborables durante media hora, primero antes del noticiario
de la noche y posteriormente antes del noticiario del mediodía; hay un
reportaje central sobre la naturaleza, el medio ambiente, la ecología o
la meteorología; también aparecen las relaciones sociedad-medio a
través de las tradiciones culturales de la identidad catalana; así mis-
mo, hay una serie secciones que se van alternando durante la semana.
Las dos series que se van a tratar seguidamente son El paisatge favo-
rit de Catalunya y Terreny personal. Ambas tuvieron como eje central
la descripción de paisajes y lugares de Cataluña, pero con dos enfo-
ques distintos. El paisatge favorit de Catalunya buscaba, por medio
de una votación entre la audiencia del programa a partir de mensajes
enviados por sms, el paisaje favorito –el más votado. En cada uno de
los ocho programas emitidos entre el 19/05/2009 y el 7/07/2009 un
personaje (muy, ampliamente, relativamente poco) conocido por el pú-
blico presentaba un paisaje. En cada emisión se presentaban tres pai-
sajes distintos, de los cuales se elegía uno. La presentación de cada
paisaje tenía una duración de unos 12 minutos. La estructura de cada
programa se iniciaba, después de las imágenes de identificación de la
serie, con la presentación del personaje y del paisaje por parte de una
presentadora desde un helicóptero. Seguidamente había una reflexión
222
inicial del personaje presentando lo que se vería durante el programa.
Enric Mendizàbal
223
Enric Mendizàbal
Actividad del
Paisaje Personaje
personaje
Cantante de música
Delta de l’Ebre Artur Gaya
tradicional catalana
Vall de Núria Toni Albà Actor
Collsacabra Antoni Bassas Periodista
Paisaje e identidad nacional. Dos ejemplos de series de televisión sobre Cataluña
224
Los Miradores de Barcelona vs. Santa Coloma de Gramenet
Enric Mendizàbal
225
En la figura 4, desde el Tibidabo, Lluís Bassat muestra su Barcelona: lo
Enric Mendizàbal
Figura 4. Lluís Bassat desde el Tibidabo con Barcelona al fondo (min. 1:46)
Las cuatro personas sobre las que se realiza la emisión de Santa Co-
loma de Gramenet responden a los tres grandes grupos sociales exis-
tentes. María Teresa Castellví, de 62 años, jubilada y antigua propieta-
ria de una tintorería de barrio donde trabajó toda su vida, catalana. El
grupo de los inmigrantes españoles de los años 60 está representado
por dos personas: Rodolfo del Hoyo, de 59 años, escritor de novelas
juveniles (en catalán) que trabaja en el departamento de cultura del
ayuntamiento, inmigrante que llegó a principios de los años 50, y Pe-
dro Cano, de 56 años, empresario de producción musical, inmigrante
que llegó el año 1961. El grupo de los inmigrantes extranjeros llegados
los últimos 15-20 años está representado por Chenchiao Xiang, de 18
años, alumna de enseñanza media, que llegó el 2008.
226
Maria Teresa Castellví nos presenta su Santa Coloma de Gramenet a
Enric Mendizàbal
Rodolfo del Hoyo forma parte de los primeros inmigrantes que llega-
ron a Santa Coloma de Gramenet a principios de la década de los 50. A
pesar de que cuando era pequeño todavía eran pocos los inmigrantes
españoles, en la escuela le llamaban xarnego, un adjetivo despectivo
hacia este tipo de inmigrantes por parte de la población catalana que
no le hablaban en catalán para excluirlo. Rodolfo del Hoyo es, actual-
mente, un reconocido escritor de novelas infantiles en lengua catala-
na, idioma que habla perfectamente con acento castellano. Rodolfo
del Hoyo también explica su Santa Coloma a partir de sus recuerdos e
historia personal, mostrando la vida cultural que hay en Santa Coloma
de Gramenet. Así, Rodolfo explica cómo se construían las chabolas
(sin ningún tipo de equipamientos ni servicios ni infraestructuras bási-
cas como red de aguas potables y sucias) en una noche donde antes
había campos: durante la dictadura franquista fue imposible construir
227
pisos en un plazo razonable de tiempo para todos los inmigrantes que
Enric Mendizàbal
això és del poble’, de sentir-te una mica lliure perquè encara era el
franquisme” (min. 10:07).
Paco Cano llegó con siete años junto con su padre desde Jaén (Anda-
lucía) y explica sus relaciones personales con Santa Coloma de Gra-
menet de una manera muy vívida, muy expresiva, con un lenguaje que
mezcla constantemente el catalán y el castellano en sus formas gra-
maticales y en su vocabulario, cometiendo todas las incorrecciones
posibles en ambos idiomas. Decidió poner su negocio de promotor
musical en Santa Coloma de Gramenet a pesar de que, tal como dice la
voz en off (min. 34:54), la empresa de Pedro Cano “organitza els grans
concerts que se celebren a tot l’Estat [español] com la gira de Bruce
Springsteen o el festival Primavera Sound” y le correspondería tener el
negocio en un lugar con más glamour. Va a comer en los bares y tascas
de su barrio, donde se relaciona con sus vecinos y colegas. También
recuerda (min. 43-45) las luchas vecinales para conseguir los servicios
básicos de luz, aguas potables y residuales, farmacias, mercado, que
la gente saliera para que se pusiera un semáforo, o que se “raptaran”
autobuses para demostrar que en barrios dónde no llegaban debían
llegar: “pero es que encima te mandaban a los grises, a la policía a que
te pegara. (…) Y entonces, por aquellos tiempos, se decidió pintar allà
arriba una A (…) y la A permanece allí. Seguramente si la A se borrara,
estaría pintada otra vez; por lo menos yo sería de los que subiría a
pintarla.” (min. 45:00); “es per recordar que hi ha una cosa que es diu
llibertat i que això no se pot trencar” (min. 45:40).
228
Chenchiao Xiang es la representante de la última gran inmigración lle-
Enric Mendizàbal
tina Guillamón) con quien se encuentra una tarde por semana y hacen
actividades. En el programa se ve como esa tarde van a la librería Ca-
rrer Major a mirar y comprar libros en catalán para Chenchiao. Esta
estudiante china tiene muy claro que no quiere trabajar en una tienda,
en un bazar ni que sus padres pongan un negocio de ese tipo, porque
debería trabajar en el negocio familiar y no podría realizar su proyecto
de futuro: “el meu futur penso que es tenir un treball constant [fijo] i
disfrutar una mica del meu temps lliure. (…) I sense estudis, no hi ha
futur.” (min. 15:55).
Figura 7. Aleix Mena explica su lugar favorito con la fotografía de Puig Castellar, un po-
blado ibérico del siglo VI-II aC (min. 29:05)
229
Enric Mendizàbal
Paisaje e identidad nacional. Dos ejemplos de series de televisión sobre Cataluña
Figura 8. Sada Noguera: “el lloc que més m’agrada és la meva escola (…) perquè
puc estar amb les meves amigues, jugar amb elles i aprendre coses noves cada dia”
(min. 49: 25)
Reflexiones finales
Cataluña tiene numerosos lugares y paisajes que aparecen en pelícu-
las de cine y series televisivas. Eugeni Osácar (2014), en su libro Cata-
lunya de pel·lícula, cita 149 poblaciones y lugares para 180 películas.
Su libro es una guía turística para visitar y recordar lo que sucede en
el film en los paisajes y lugares reales donde se filmó la película. Un
libro plagado de mapas, de fotografías, de anécdotas… En el capítulo
dedicado a Barcelona, aparecen todos los lugares que también acos-
tumbran a aparecer en cualquier guía turística y que cualquier turista
quiere –debe– ver. Pero no aparecen películas fundamentales de la
Barcelona gitana y de chabolas ni esos lugares (algunos desapare-
cidos) como Los Tarantos, dirigida por Francesc Rovira-Beleta y que
recrea la historia de Romeo y Julieta en los barrios marginales de Bar-
celona. Sobre las series televisivas emitidas por TV3, en este mismo
libro hay el texto de Toni Luna y Rosa Cerarols que trata sobre aspec-
tos sociales y de género de una serie que pasa en la Vila de Gràcia
(ahora un barrio de Barcelona). Hay un artículo de Daniel Paül (2015)
que trata de la imagen del territorio catalán a partir del análisis de 21
series de ficción emitidas por TV3 entre 1994 y 2014. Paül escribe en
el resumen de su artículo que “la imagen que genera un territorio entre
el público se puede relacionar con múltiples factores. Por un lado se
encuentra sujeta a la información obtenida a través de los sentidos y
de la experiencia personal. Por otro lado se relaciona con imágenes
preconcebidas que llegan por varios canales, entre ellos las series de
televisión. Las series contribuyen a interiorizar estas imágenes pre-
concebidas.” Es lo mismo que se ha intentado hacer en el presente
texto: analizar los paisajes de dos series de TV3, una lúdica (El pai-
satge favorit de Catalunya) y otra de información sobre lo que alguien
cree que es la realidad (Terrenys personals), a partir de los paisajes
identitarios que la sociedad catalana colectivamente ha creado en los
230
últimos 150 años utilizando, entre otras cosas, la geografía y que to-
Enric Mendizàbal
Figura 9. Paco Cano observando los límites entre Barcelona (recto al fondo de la imagen
desde Paco Cano se puede observar el nuevo barrio de Diagonal Mar para clases me-
dias altas en Barcelona) y un poco a la izquierda, también al fondo, las tres chimeneas
de la antigua central térmica de Sant Adrià de Besòs. Un poco más cerca de Paco Cano,
una parte de Santa Coloma de Gramenet.
231
A pesar de las críticas que se encuentran en el apartado La socie-
Enric Mendizàbal
232
Bibliografía
Enric Mendizàbal
Blunt, A. (2003). “Home and Identity. Life stories in text and in person”.
En: Blunt, A., Gruffudd, P., May, J., Ogborn, M. y Pinder, D. [eds.]. Cul-
tural Geography in Practice. Londres: Arnold, pp. 71-90.
233
Di Méo, G. (2014). Introduction à la géographie sociale. París: Armand
Enric Mendizàbal
Colin.
234
Milani, R. (2005). Il paesaggio è un’avventura. Invito al piacere di viag-
Enric Mendizàbal
235
Obrador Obert. El butlletí digital de la SCG, http://scg.iec.cat/Scg9/
Scg92/S91441.htm
http://www.ccma.cat/tv3/alacarta/terrenypersonal/
236
Cinemas que se desdobram em torno de um artista-modo de fazer cinematográfico
Cinemas que se desdoblan entorno de un artista-modo de hacer cinematográfico
10
:Obragens de Satanás
e Cidades e Cidades
invisíveis e Cinema e
Nelson Pereira Dos Santos
Rastro de rastros gpmc/ippur/ufrj1
239
2
Rastro de rastros gpmc/ippur/ufrj
:Obragens de Satanás e Cidades e Cidades invisíveis e Cinema e Nelson Pereira Dos Santos
(...)
2
Imagem: Principal: http://caixadajackie.blogspot.com.br/2012/08/rio-antigo.html;
Flanêur: https://mlgroves.files.wordpress.com/2014/01/hnghky.png?w=497&h=640
Montagem: Ronieri Gomes da Silva de Aguiar e Amanda Rosetti da Silveira.
240
tristes ou estonteantes desassossegos pessoais. Agora nesse outono
Rastro de rastros gpmc/ippur/ufrj
Mas e aí? O que fazemos com o que diz esse palavrório. O propósi-
to direto da escrituração é refletir e fazer refletir sobre dizer cidade,
:Obragens de Satanás e Cidades e Cidades invisíveis e Cinema e Nelson Pereira Dos Santos
(...)
Diz-se (onde? onde?) que NPS nunca se disse cinema novo, ou o disse
com reticências. E nós o que dizemos do que ele supostamente dis-
se? Classificações lançam petardos que podem estilhaçar personas. O
que pode um discurso que o diz assim? Pode, constituindo como trama
seus filmes ditos cinemanovistas com outros em geral ditos emblemas
desse movimento _Deus e o Diabo na Terra do Sol (Glauber Rocha,
1964), Os Fuzis (Ruy Guerra, 1964)_, potencializar como não dito um
dizer cidade como âmbito mais sutil, sofisticado, ardiloso, mais expli-
citamente capitalista e complexo da exploração cruel e arcaica que se
dá em seu outro, o campo, mais brutalmente às claras, e marcar este
domínio como espaço de origem da transformação. Cortar essas ama-
rras ao Cinema Novo da revolução que vem do campo, todavia, permi-
te mais confortavelmente dizer que traços da filmografia primeira de
NPS, ainda que de modo perspicaz e em meio a um primeiro plano de
tramas morais e afetivas, constituem um meio urbano brasileiro dos
anos 50 e 60 enquanto espaço de vigência de formas capitalistas mais
plenas e, assim, como potência à contestação e ao conflito. Ao final de
Vidas Secas, o homem da família retirante à cidade responde à mulher
dizendo não poderem mais ficar vivendo (no campo) feito bichos. No
Rio de Janeiro de R40 a referência a greves, militância, repressão polí-
tica e contestação a formas particulares de exploração aparecem, ain-
241
da que quase que sorrateiramente. Entretanto, esse expressar pouco
Rastro de rastros gpmc/ippur/ufrj
242
eu havia prometido falar sobre isso, havia?!). Gostaria de poder me
Rastro de rastros gpmc/ippur/ufrj
(...)
243
Não, portanto, como representação de qualquer coisa afirmada como
Rastro de rastros gpmc/ippur/ufrj
244
Rastro de rastros gpmc/ippur/ufrj
(...):
de ciclos longos e lentos
de cheios e vazios
de espaços compactos e de e s p a ç o s
ritmo e espacialidade
ritmo espaçamento e temporização
ritmar espaçar temporizar
captação de imagem / som rústicos
:Obragens de Satanás e Cidades e Cidades invisíveis e Cinema e Nelson Pereira Dos Santos
O mistério do samba, que não é. Nem mais nem menos do que o rio.
Ele não é carioca, ele não é do terreiro, ele não é carnaval. A batalha
do cara que faz o samba não é mistério. 14 anos e Paulinho.
(...)
245
imobiliária anos 70” na Zona Sul carioca, nem mesmo do tratamento
Rastro de rastros gpmc/ippur/ufrj
(...)
Sinopse: Uma família sertaneja vaga pelo sertão vivendo uma vida
monótona, miserável, e sem perspectivas de melhora. Com a fotogra-
fia angustiante que o diretor usa, somada à precariedade das técnicas
de captação audiovisual a que se viam submetidos os cineastas bra-
sileiros na década de 60, a sensação de desamparo diante do mundo
toma os pensamentos de quem, como nós, pode se dar ao luxo de
experimentar esse tipo de excentricidade entre uma taça de vinho e
outra num sábado à tarde.
246
(...)
Rastro de rastros gpmc/ippur/ufrj
mais dos que as películas em si. Mas ainda assim era preciso buscar
nelas o tal dizer cidade. Que podia ser seca e dura ou úmida e ensola-
rada. Seria a cidade corpo materializado, espaço repleto, que se opun-
ha ao vazio? Ou seria cidade vazio absoluto?
(...)
Nos cabe pensar uma cidade? Qual? Aquela que não é o sertão do
rangido de carro de boi e do céu incomensurável certamente se dá
ao pensamento, mas também uma em que imagino viver hoje, e uma
também em que viveu um certo cineasta. Nos coube pensar cidade.
Nos coube dizer cidade, contar cidade.
Cinqüenta anos atrás nos sábados à tarde não sei em que cidade me
colocam. O Museu Nacional é ainda o das aulas do mestrado. E a praia
ainda é aquela a que não vou e da qual não posso prescindir na paisa-
gem urbana. Rio. O diálogo anacrônico e perfeitamente contemporâ-
neo me tira do sério. Vintage.
247
Quantos graus na praia, de Copacabana? Ipanema? Não importa, se
Rastro de rastros gpmc/ippur/ufrj
(...)
(...)
E nos instantes finais não nos dizem que a vida passa como um filme
na nossa frente? Assim vai relembrando e narrando imageticamente
(para quem?) os fatos de sua história que se intercalam com a cena do
corpo apoiado nos dormentes do trilho da linha de trem.
248
A Rádio Nacional e um certo glamour das rainhas do Rádio; a chance
Rastro de rastros gpmc/ippur/ufrj
(...)
(...)
R40 e RZN têm como heróis homens e mulheres simples, pobres, pre-
tos e brancos, mais pretos do que brancos, moradores de favelas ca-
riocas, enredados por numa sociedade que desabrocha em perverso
traço urbano. Explorados todos pela elite alienada Zona Sul ou mesmo
pela malandragem arribada, reproduzem em escala pequena e mes-
quinha e perversa essa exploração sistêmica nos pequenos, mas da-
nosos atos face a seus outros idênticos. “São quase todos pretos,
249
dando porrada na nuca de malandros pretos, de ladrões mulatos e ou-
Rastro de rastros gpmc/ippur/ufrj
tros quase brancos, tratados como pretos, só pra mostrar aos outros
quase pretos (e são quase todos pretos), e aos quase brancos pobres
como pretos, como é que pretos, pobres e mulatos, e quase brancos
quase pretos de tão pobres são tratados”4.
(...)
(...)
250
(...)
Rastro de rastros gpmc/ippur/ufrj
Cidade como imagem e som que dizem corpo de corpos paixão, cor-
pos dor, corpos alegria, corpos movimento, corpos cor, corpos con-
creto, corpos taipa. Febre, pele, pedra e sal. Comer falar. Dinheiro é
:Obragens de Satanás e Cidades e Cidades invisíveis e Cinema e Nelson Pereira Dos Santos
251
(...)
Rastro de rastros gpmc/ippur/ufrj
Penso ou falo alto pra mim mesmo essas coisas com certa inquietu-
de ao me deslocar de Botafogo a Ipanema, na zona sul carioca, para
o encontro em que nos provocaríamos através do duplo experienciar
imaginado. Provocação que objetivaríamos através de alguns filmes
do início da cinematografia de NPS, procurando dizer dizeres cidade
através da afectação do experienciar o dentro dos filmes através do
experienciar o assistir coletivo a esses filmes.
:Obragens de Satanás e Cidades e Cidades invisíveis e Cinema e Nelson Pereira Dos Santos
Casa. Morro. Família. Rádio. Prato de comida. Filho e outro filho e outro
filho e outro filho. E mães. Barraco. Trabalho. Dinheiro? Trem. Sam-
ba. Pause. Banheiro. Café. Mate. Pão-de-queijo. Play. Hospital. Capim.
Pau-a-pique. Vendinha. Bandidagem? Despejo. Samba. Malandragem.
Contrato.
252
Dia 2: dia de sol e praia na Zona Sul do Rio de Janeiro. O som da água
Rastro de rastros gpmc/ippur/ufrj
(...)
que esta
segunda crítica
surja ao leitor
antes
(...)
9 Crédito no início do filme diz: “Nelson Pereira dos Santos apresenta a Cidade de São
Sebastião do Rio de Janeiro em ‘Rio 40 Graus’”.
253
(roteiro e direção); 83 minutos; preto e branco; Grande Otelo; Paulo
Rastro de rastros gpmc/ippur/ufrj
Goulart; ano: 1955. 2 – local. Rio de Janeiro, Brasil; Zona Norte: con-
glomerado de bairros que se localizam na porção norte da cidade do
Rio de Janeiro.
(...)
(...)
10
254
{Y}
Rastro de rastros gpmc/ippur/ufrj
Referências
Na noite de ontem, já muito tempo após essa Obragem de Satanás
ter-se feito movência em nós agenciadores, noite mescla virtual de Rio
de Janeiro e Buenos Aires, noite fria, aquecida a vinho e afeto, depois
de arreglos finais calorosamente discutidos emburacamos em tortuo-
so imbróglio: colocar ou não aqui ao final referências a inspirações de
:Obragens de Satanás e Cidades e Cidades invisíveis e Cinema e Nelson Pereira Dos Santos
255
guia defendendo para os rastros que escrituramos. De Buenos Aires,
Rastro de rastros gpmc/ippur/ufrj
lábios, que isso deve ser obragem de satanás. Olhem o que chegou e
vejam se não concordam comigo:
Não sei o que fazer. Nada abalou minha posição, mas sou sensível a
meus parceiros agenciadores. Tenho uma ideia talvez não muito prá-
tica, mas sem dúvida salutar e politicamente correta, de deixar ao lei-
tor a decisão. Não colocaríamos aqui nenhum esclarecimento, seja de
que forma for, sobre autores ou obras que inspiraram o trabalho. Mas
sob o título de Bibliografia Geocinética informaríamos um link através
do qual o leitor que assim o decidisse poderia acessar a todas as re-
256
ferências em norma ABNT. Amanhã consultarei meus queridos com-
Rastro de rastros gpmc/ippur/ufrj
{Y}
:Obragens de Satanás e Cidades e Cidades invisíveis e Cinema e Nelson Pereira Dos Santos
257
11
A cidade ‘as found’,
circa 1956
Francisco Ferreira
258
tema para reflexão). Esta interiorização, alega Eisenstein, implica um
Francisco Ferreira
259
Francisco Ferreira
A cidade ‘as found’, circa 1956
260
O “as found” onde a arte se situa no escolher, no manipu-
Francisco Ferreira
lar e no articular...
Por isso o “as found” era uma nova forma de olhar o banal,
um processo de abertura a como as “coisas” prosaicas
A cidade ‘as found’, circa 1956
Neste texto retrospectivo, intitulado “The ‘As Found’ and the ‘Found’”,
o casal começa por referir como a estética “‘as found’” surgiu de forma
relativamente espontânea a partir do momento em que travaram con-
hecimento com o fotógrafo Nigel Henderson, identificando nas suas
fotografias aquilo que descrevem como um “reconhecimento percep-
tivo da actualidade”.
2 “The “as found” where the art is in picking up, turning over and putting with…
And the “found” where the art is in the process and the watchful eye…. (…) Thus the “as
found” was a new way of seeing of the ordinary, an openness as to how prosaic “things”
could re-energise our inventive activity. A confronting recognition of what the postwar
world was like. In a society that had nothing. You reached for what there was…. In turn
this impressed forcibly (…) how the new could re-energise the existing fabric.“
261
a partir daí, límpida, vertical, geometricamente assertiva, funcional-
Francisco Ferreira
mente clara… e sem ruas. O olhar dos Smithsons e dos seus com-
panheiros do informal Independent Group - que reunia arquitectos,
artistas plásticos, sociólogos, músicos, etc. - virá colocar fortemente
em causa este imaginário, reclamando um retorno ao que existe como
método propositivo, especialmente à ideia de rua enquanto lugar privi-
A cidade ‘as found’, circa 1956
CIAM Grid, CIAM IX, Aix-en-Provence, Alison & Peter Smithson (1953)
262
questões predominantes para uma abordagem crítica e operativa do
Francisco Ferreira
presente.
263
de formação académica tinham dificuldade em entender e incorporar
Francisco Ferreira
esta nova sensibilidade que de forma tão brusca lhes era apresen-
tada; de facto, a reacção dos estudantes daquela que era - e ainda
é - a escola de arquitectura de referência em Londres - a Architec-
tural Association - descobria em Parallel of Life and Art não só um
“desrespeito deliberado pelos conceitos tradicionais como um cul-
A cidade ‘as found’, circa 1956
3 Denise Scott Brown juntamente com o seu parceiro profissional Robert Ven-
turi virá, a partir do final dos anos 60, a ser uma referência na forma como olha para o
espaço urbano enquanto universo pop, repleto de símbolos e alusões, e que na altura
integrava também a Architectural Association enquanto estudante.
264
Francisco Ferreira
A cidade ‘as found’, circa 1956
265
mento Rivette afirma: “A grande obsessão de Resnais, se podemos
Francisco Ferreira
266
cimentos. Se Godard parte para o cinema de forma apaixonadamente
Francisco Ferreira
267
rioridade daquele espaço, o terminal de autocarros de Port Authority
Francisco Ferreira
268
são familiares, da exploração de ambientes banais com uma direcção
Francisco Ferreira
269
Souffle, tão natural como a diluição de Benny na noite de Nova Iorque,
Francisco Ferreira
270
Bibliografia
Francisco Ferreira
Smithson, A. & Smithson, P. (1990). The ‘As Found’ and ‘The Found’. The
Independent Group and the Aesthetics of Plenty. Ed. David Robbins.
The MIT Press: Cambridge and London, 201-202 (original de 1980’s)
Godard, J-L.; Rivette, J.; Rohmer, E., Oliveira, L. M. (org.) (1999), Hi-
roshima Notre Amour, Nouvelle Vague, Cinemateca Portuguesa Museu
do Cinema: Lisboa, 379-402
Filmografia
Cassavetes, J. (1959), Shadows, EUA
271
272
12
De Teresina a Teresina S.A:
tele, género, casa y barrio
Rosa Cerarols y Antonio Luna
Gérard Jugnot
273
Las páginas que siguen1 abren un intervalo que parte del humor en la
Rosa Cerarols y Antonio Luna
274
La vida (y la tele) es puro teatro
Rosa Cerarols y Antonio Luna
El teatro es eso:
¡el arte de vernos a nosotros mismos, el arte de vernos
viéndonos!
Augusto Boal
275
debido a la aparición de cadenas privadas. En relación a ellas, el in-
Rosa Cerarols y Antonio Luna
En 1980 Vicky Plana y Jordi Milán, actores del teatro amateur de Sit-
ges, fundan La Cubana9, una compañía de teatro con dos premisas
fundacionales: inspirarse en la calle y en la gente para hacerla reír y
que el público sea siempre el protagonista de sus espectáculos. En
efecto, el elenco de la compañía, a través de personajes hiperbólicos
e histriónicos, exageran lo cotidiano para conseguir situaciones tre-
mendamente humorísticas. Aparte de sus premisas básicas, para La
Cubana:
276
sentándolas en clave de humor. En sus montajes se repi-
Rosa Cerarols y Antonio Luna
10 http://www.lacubana.es/esp/historia/principal.html
11 Véase por ejemplo: Vostè Jutja (1985-87), De professió A.P.I (1988), Tot un
senyor (1989), Sóc com sóc (1990) o Quart Segona (1991).
277
gonizando el espectáculo de nochevieja de 1990, Per cap d’any, TV3
Rosa Cerarols y Antonio Luna
278
(en agosto), Todos los Santos15, Santos Inocentes16, Navidad17, Carna-
Rosa Cerarols y Antonio Luna
val18, Semana Santa19, Pascua20, las Fallas21 (San José), Sant Jordi22 (23
de abril), Comuniones de mayo23, San Fermín24 (7 de julio), Turismo25
(vacaciones de verano) y otra vez la Fiesta Mayor26 de Gracia.
279
andanzas del pintor ligón. Finalmente, el último capítulo, es el cierre
Rosa Cerarols y Antonio Luna
280
Ser TERESINA
Rosa Cerarols y Antonio Luna
William Shakespeare
ción y es acción (García Canclini 1995, p.114). Años antes, las prime-
ras aportaciones feministas que lidian con el espacio y la identidad
ya proponían analizar los hogares, los espacios privados y los ámbi-
tos más íntimos para aprender cómo las mujeres crean sus paisajes
y expresan así un sentido personal de lugar e identidad (Loyd,1975).
Desde el enfoque cultural-humanístico, la fenomenología comparte
con los análisis feministas un mismo compromiso para afianzar la teo-
ría en la experiencia vivida y para revelar la manera en que el mundo
es producido por los actos constitutivos de la experiencia subjetiva
(Monk y Hanson, 1989). Con lo cual, el consentimiento colectivo tácito
de representar, producir y sustentar la ficción cultural de la división
de género diferente y polarizada queda oscurecido por la credibilidad
otorgada a su propia producción, o coproducción.
281
en una filosofía vital, que a pesar de ser un modelo claramente femeni-
Rosa Cerarols y Antonio Luna
282
Uno de los aspectos más destacable en cuanto a lo identitario es el
Rosa Cerarols y Antonio Luna
guiño hacia el público: cualquier persona puede ser una Teresina. Ade-
más de ser una estrategia empática y de identificación, es también
una de las características fundacionales de la filosofía de la compañía
de teatro y una táctica de transgresión de la noción de género esta-
blecida. Aparte de lo mencionado, se enfatiza la idea de comunidad
y se realza el carácter de mujer atrevida, con coraje y emprendedora
frente la vida, que en la canción se concreta con el lema “todo lo que
me propongo lo puedo hacer”33.
De Teresina a Teresina S.A: tele, género, casa y barrio
283
dios audiovisuales, pues simplifican la realidad con el objetivo de que
Rosa Cerarols y Antonio Luna
284
cabe destacar las habilidades antropológicas de la compañía teatral36
Rosa Cerarols y Antonio Luna
285
matrimonio local de clase trabajadora donde la mujer tiene ínfulas de
Rosa Cerarols y Antonio Luna
286
Teresina S.A, la casa de los pedidos
Rosa Cerarols y Antonio Luna
Mitsuye Yamada
287
y del espacio público y privado, poniendo en cuestión la división rígida
Rosa Cerarols y Antonio Luna
La vida cotidiana está conectada con los lugares donde las mujeres y
los hombres viven, trabajan, consumen, se relacionan con otras perso-
nas, construyen identidades, hacen frente a las rutinas o las desafían.
El barrio se configura como una de las escalas sociales y espacia-
les más interesantes para examinar el papel de las mujeres en la or-
ganización de las actividades cotidianas propias, permitiendo captar
De Teresina a Teresina S.A: tele, género, casa y barrio
288
Recuperemos en este punto las risas sobre la visibilidad de lo invisible
Rosa Cerarols y Antonio Luna
289
Rosa Cerarols y Antonio Luna
290
geografías feministas consiste en explicitar las relaciones existentes
Rosa Cerarols y Antonio Luna
Groucho Marx
291
El imaginario social de la televisión debe interpretarse como capital
Rosa Cerarols y Antonio Luna
sinas. Veinte años más tarde la ciudad es global pero mantiene cierto
arraigo en lo local y cotidiano, en un equilibrio frágil entre modernidad
y tradición que siempre ha caracterizado la sociedad catalana (véase
Imagen 11). En este capítulo se ha hecho hincapié a una revisión en
clave de género de lo que es la supervivencia cotidiana en clave de
humor. El humor es transgresor y subversivo por su propia naturaleza
y siempre se moverá en el contrapunto, en lo informal, en lo contrario,
en lo crítico; en definitiva, en el descubrimiento de los intersticios de
nuestro orden, de nuestras normas y formas. En este sentido, la he-
rencia cultural de las Teresinas es haberse convertido en un clásico
intergeneracional de algo muy propio, muy familiar, pero que nunca se
ha interpretado desde el enfoque cultural enmarcado en el corriente
analítico feminista que pone al descubierto la complejidad de lo coti-
diano atendiendo a las particularidades de reproducción económica
(básicamente informal) y social (un modo de ser, una filosofía de vida
de cambiar el mundo).
11. Fotogramas de las tramoyas de la serie, que con tremendo sentido del humor ilus-
tran el equilibrio frágil entre modernidad y tradición que siempre ha caracterizado la
sociedad catalana.
292
dad, “propone una nueva relación entre lo tradicional y el cambio so-
Rosa Cerarols y Antonio Luna
293
Bibliografía
Rosa Cerarols y Antonio Luna
Barbero, J., Rey, G. (1999): Los ejercicios del ver. Hegemonía audiovi-
sual y ficción televisiva. Barcelona: Gedisa.
294
Christophers, B. (2009). Envisioning media power: On capital and geo-
Rosa Cerarols y Antonio Luna
Couldry, N., & McCarthy, A. (2004). Mediaspace: Place, scale and cultu-
re in a media age. Routledge.
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Gledhill, C. (1997). Genre and gender: The case of soap opera. Nueva
Rosa Cerarols y Antonio Luna
York: Verso.
296
Tufte, T. (1993). Everyday life, women, and telenovelas in Brazil. Serial
Rosa Cerarols y Antonio Luna
ledge. pp.470-481.
Filmografía
Televisió de Catalunya (2008). Teresina S.A. Barcelona: TV3 y Enciclo-
pèdia Catalana [Registro de vídeo en DVD]
4.Navidad: https://www.youtube.com/watch?v=fhzhJgxp6ZQ
5.Carnaval: https://www.youtube.com/watch?v=lB-mjqbDW5U
7.Pascua: https://www.youtube.com/watch?v=XUIyOuWNAho
8.Fallas: https://www.youtube.com/watch?v=FOP1V9D-vLY
297
11.San Fermín: https://www.youtube.com/watch?v=W6cSWgcKUFw
Rosa Cerarols y Antonio Luna
12.Turismo: https://www.youtube.com/watch?v=3nu2n_vO6GE
298
13
Aproximando intervalos:
Paisagem e discurso em
Amarelo Manga
Maria Helena Braga e Vaz da Costa
Introdução
Discutiremos nesse capítulo o conceito geográfico de paisagem a par-
tir dos significados expressos pela paisagem urbana fílmica da cidade
de Recife-PE construída no filme Amarela Manga (2003), dirigido pelo
cineasta pernambucano Cláudio Assis. Partimos aqui da hipótese de
que Amarelo Manga constrói uma imagem de Recife que questiona o
modelo de desenvolvimento e modernização de urbanização da cida-
de, quando constrói uma paisagem urbana centrada em áreas dete-
rioradas do centro antigo de Recife: nos bairros de periferia e favelas
onde vivem as classes sociais menos abastadas, pobres, da cidade.
Amarelo Manga dá visibilidade a um certo submundo de Recife que
é habitado por personagens exóticos e estereotipados, reflexo da fa-
lência de um modelo de cidade moderna largamente reproduzido pelo
cinema.
299
cidade queremos?; a quem ela pertence? Há no filme a clara intenção
Maria Helena Braga e Vaz da Costa e Gervásio Hermínio Gomes Júnio
300
etc. Podemos transformá-la em um santuário ou em um lugar deso-
Maria Helena Braga e Vaz da Costa e Gervásio Hermínio Gomes Júnio
com a natureza. Ela é sempre uma produção: seja uma pintura, um fil-
me, um jardim, ou uma cidade. Ela possui diferentes cores, diferentes
texturas, diferentes formas e materiais. Cada elemento contextualiza-
do em uma paisagem possui uma intencionalidade, ele é cuidadosa-
mente selecionado para compor determinada imagem conotando um
sentido, uma intenção. A paisagem é instituída por uma sensibilidade
que é transmitida por determinada cultura ao longo do tempo. Por isso
ela é uma construção histórica e cultural em que nada é dado, nada
é por acaso. Mesmo o mínimo elemento possui uma razão que está
implícita dentro da composição da qual faz parte.
301
construção, certos elementos são deixados de fora, a outros é conce-
Maria Helena Braga e Vaz da Costa e Gervásio Hermínio Gomes Júnio
302
faz pela manipulação das imagens, primeiro através de sua captação
Maria Helena Braga e Vaz da Costa e Gervásio Hermínio Gomes Júnio
por meio das câmeras, em seguida pela sua montagem, edição, e, por
fim, pela adição de efeitos sonoros e visuais.
303
Cartografando o discurso da paisagem urbana em Amarelo Manga
Maria Helena Braga e Vaz da Costa e Gervásio Hermínio Gomes Júnio
2 O reconhecimento dos bairros do Recife é feito apenas por aqueles que efe-
tivamente conhecem a cidade. Ao longo do filme, em seus diálogos ou nas referências
presentes em seu espaço diegético, não há citações aos bairros da cidade, restrin-
gindo-se essas referências à cidade do Recife como um todo. O único registro das
locações do filme dentro de Recife figura nos créditos do filme, que podem servir como
uma importante base para o reconhecimento da cidade em Amarelo Manga.
304
Processo semelhante ocorre com a cor: tons amarelados e de cores
Maria Helena Braga e Vaz da Costa e Gervásio Hermínio Gomes Júnio
3 Além disso, vale ressaltar que a paisagem social formada pelos não atores
que figuram ao longo filme é constituída sempre por trabalhadores subempregados e
pelas classes subalternas que habitam o Recife.
4 As personagens de Amarelo Manga parecem não se reconhecer em sua pró-
pria individualidade, o que fica evidente nas últimas sequências do filme, em que Dunga
(Matheus Mashtergaele) e Lígia (Leona Cavalli), insatisfeitos com a sua realidade, olham
para o próprio reflexo no espelho, enquanto choram. Noutra sequência, como que para
fazer referência a essa problemática identitária, a personagem Isaac (Jonas Bloch),
ao ter esquecido sua carteira no Bar Avenida, retorna horas depois, clamando por sua
identidade. A mesma personagem participa também das últimas sequências do filme
ao contemplar pensativo a cidade da janela do seu quarto no Texas Hotel (como que
em contraponto aos personagens que por sua vez olham para o seu reflexo no espe-
lho). Todos os principais personagens parecem refletir sobre si mesmos ao olhar para
o seu próprio reflexo, para o nada (caso de Wellington), ou para a cidade. O desfecho
é a cena final em que Kika, aparentemente insatisfeita como sua própria existência,
opta por uma transformação radical, e tinge o seu cabelo na cor amarela, de tonalidade
manga. Essas personagens fazem parte da paisagem urbana construída pelo filme na
medida em que se representa uma cidade decadente em face de sua urbanização.
305
classes subalternas que povoam as áreas que servem como locações
Maria Helena Braga e Vaz da Costa e Gervásio Hermínio Gomes Júnio
306
É possível perceber na imagem de Recife em Amarelo Manga, influên-
Maria Helena Braga e Vaz da Costa e Gervásio Hermínio Gomes Júnio
307
mo em discursos políticos, uma vez que, para manter o seu poder, as
Maria Helena Braga e Vaz da Costa e Gervásio Hermínio Gomes Júnio
6 “Amarelo é a cor das mesas, dos bancos, dos tamboretes, dos cabos de pei-
xeira, da enxada e da estrovenga, do carro-de-boi, das cangas, dos chapéus enve-
lhecidos [...] Amarelo das doenças: das remelas nos olhos dos meninos, das feridas
purulentas, dos escarros, das verminoses, das hepatites, das diarreias, dos dentes
apodrecidos [...] Trata-se de um tempo interior amarelo, velho, desbotado, doente, de
água estagnada, rasa” (Campos, 1980, p.67-69).
308
O filme então faz uso dessa retórica da paisagem que remete a formas
Maria Helena Braga e Vaz da Costa e Gervásio Hermínio Gomes Júnio
309
Cláudio Assis parece contestar o modo de vida imposto por esse mo-
Maria Helena Braga e Vaz da Costa e Gervásio Hermínio Gomes Júnio
310
bem poderia ter sido contada por Gilberto Freyre em Assombrações
Maria Helena Braga e Vaz da Costa e Gervásio Hermínio Gomes Júnio
311
É, portanto, essa Recife deteriorada que encontramos em Amarelo
Maria Helena Braga e Vaz da Costa e Gervásio Hermínio Gomes Júnio
Considerações finais
Na intenção de provocar uma reflexão acerca do modelo de cidade
e do modo de vida urbano, como sugerido no início desse capítulo,
Cláudio Assis utiliza em Amarelo Manga uma série de imagens que
remetem a uma Recife específica: decadente, tanto no que diz respei-
Aproximando intervalos: Paisagem e discurso em Amarelo Manga
Para criar um olhar particular sobre a cidade, que nos permite repen-
sá-la em termos sociais e paisagísticos, Cláudio Assis faz uso de uma
série de imagens que remetem a representações culturais estabele-
cidas ao longo do tempo. São visões sobre os espaços urbanos que
foram sendo construídas ao longo do tempo na literatura, na música
e no próprio cinema. A sobreposição desses textos, agenciados pelo
filme, constrói um imaginário urbano, um discurso de cidade, que in-
fluencia a forma de ver e vivenciar a cidade de Recife. Daí a utilização
de imagens que apontam para a desvalorização do Recife antigo, e
para a qualidade precária de vida das populações que a habitam e
trabalham no seu entorno e nos bairros de periferia. Essas imagens
aparecem ao longo do filme permeadas pela sonoridade Manguebeat
e por registros da cultura local.
312
Nesse contexto, é significante que Amarelo Manga tome para si lo-
Maria Helena Braga e Vaz da Costa e Gervásio Hermínio Gomes Júnio
313
Bibliografia
Maria Helena Braga e Vaz da Costa e Gervásio Hermínio Gomes Júnio
314
Recife (5ª ed.). São Paulo: Global.
Maria Helena Braga e Vaz da Costa e Gervásio Hermínio Gomes Júnio
Filmografia
Aproximando intervalos: Paisagem e discurso em Amarelo Manga
Vicente, G.; Gomes, M.; Normal, B.; João Jr. (1976) A perna cabeluda.
Brasil.
315
316
14
Imagens desabam
sobre paisagens -
Acidente e espaço
acidental no cinema de
Cao Guimarães
Wenceslao Machado de Oliveira Jr
Manoel de Barros
317
de todos esses sentidos acima elencados: representação, intervalo,
Wenceslao Machado de Oliveira Jr
A paisagem e a imagem
Em seu livro A ideia de paisagem (Azevedo, 2008) essa geógrafa apon-
ta uma certa distinção entre a ideia de paisagem e a experiência de
paisagem ao traçar o percurso da ideia de paisagem como algo que
promove “a suspensão da paisagem como experiência” (2008, p. 118)
na medida mesma que esta ideia de paisagem torna-se um artifício
geográfico-científico de visualização que objetifica o lugar como iden-
tidade única numa representação cindida dos corpos, estabelecendo
um modo de pensar sob o controle do sujeito (humanista) em que o
espaço é tomado como sendo totalmente externo a esse sujeito e a
paisagem uma das representações que esse último faz sobre o es-
318
paço. Aqui o sobre tem como único sentido a fala que vem de fora e
Wenceslao Machado de Oliveira Jr
diz algo sobre o espaço sem nele estar presente fazendo com que,
justo por isso, essa representação (paisagem) do espaço se pretenda
neutra e privilegiada porque descorporizada, distante de qualquer ex-
periência subjetiva no lugar.
319
fazendo com que o sobre espacial-geográfico que aí “se fotografa” – o
Wenceslao Machado de Oliveira Jr
320
cipal em tomar o filme Acidente, de Cao Guimarães e Pablo Lobato,
Wenceslao Machado de Oliveira Jr
[...]
2 “Hoje, num momento marcado como nunca pela dissolução das fronteiras,
por intensas migrações entre os campos do cinema, da fotografia e das artes plásti-
cas, vemos nascer uma série de obras desconcertantes e inclassificáveis, obras sem
lugar, diríamos, que parecem pôr em movimento um pensamento oblíquo e transversal,
modos de sentir e pensar que se produzem no cruzamento, na contaminação entre
diversas artes e linguagens. Longe do domínio exclusivo deste ou daquele campo, por-
tanto, desta ou daquela linguagem, essas obras não cessam de produzir linhas de fuga,
de propor variações, fissuras, de pensar novos arranjos na paisagem (audiovisual e
teórica) contemporânea. É a partir desse lugar inquietante, de fato, que elas criam um
campo de experimentações difusas, uma região aberta de possíveis que relança a hie-
rarquia entre as artes, que embaralha suas lógicas e lugares, reconfigurando os mais
diversos aspectos da experiência (áudio)visual”. (Gonçalves, 2014, p.10)
321
Ao aproximar dois ou mais objetos diferentes, que a despeito de se-
Wenceslao Machado de Oliveira Jr
3 Em outras palavras, Noël Mouloud, diz que “o artista retoma uma tempora-
lidade não serial, que ainda não está organizada, ou uma espacialidade ou multipli-
cidade de espacialidades vividas e pré-categoriais, e que, pelo seu artifício, aliás, ele
as conduz a uma certa linguagem, a uma certa sintática. Seu estilo, ou sua recriação
pessoal consiste em impor, como objetivas, estruturas que são tomadas de um estágio
não objetivo. Enfim, há aí uma boa parte do dinamismo da arte. (Mouloud, citado na
parte do debate em Deleuze, 2004, p.124)
4 “O testemunho é, assim, uma experiência: a experiência de um acontecimento
em relação ao qual irrompe uma gramática da criação.” (Vilela, 2010, p. 439)
322
encontra quando se é forçado a ir de encontro à linguagem para criar
Wenceslao Machado de Oliveira Jr
323
espaço e do lugar como algo em devir que leva essa autora a destacar
Wenceslao Machado de Oliveira Jr
324
do espectador, propõem novas
Wenceslao Machado de Oliveira Jr
Fig. 2
325
rará no poema7, 20 CIDADES MG BRASIL (Fig. 2), que aparece ao final
Wenceslao Machado de Oliveira Jr
HELIODORA
VIRGEM DA LAPA
ESPERA FELIZ
JACINTO OLHOS D’ÁGUA
326
anterior sob o nome Virgem da Lapa ou é a espera que a câmera fixa
Wenceslao Machado de Oliveira Jr
327
De um lado, com efeito, parece haver um movimento no
Wenceslao Machado de Oliveira Jr
[...]
328
do e desarticulado a um só tempo, que está, portanto, em devir, assim
Wenceslao Machado de Oliveira Jr
329
fere à realidade seu caráter estético. Por isso, para Cao
Wenceslao Machado de Oliveira Jr
Como fica explícito nas citações acima, intensificada nas palavras ci-
tadas do próprio artista – “o que me move e (co)move...” –, o estilo de
Cao Guimarães vincula-se a uma estética que é imanente à vida diária,
cotidiana. Os filmes desse diretor tendem a privilegiar, de fato, não
o desenrolar de um acontecimento ou o desenvolvimento de um ra-
ciocínio, mas a descrição de paisagens e eventos onde se inscrevem,
de repente, imagens puras (estetizadas, tornadas sensíveis); imagens
puras sendo aquelas onde se agitam forças ao mesmo tempo vincula-
das e estranhas à paisagem ou evento em tela. Forças que agitam-se
em blocos de sensações que “tornam visível um tecido sensível que
até então não nos dávamos conta, que não conseguíamos ver” (Lins,
2014, p.100). Imagens puras que (nos) extraem blocos de sensações
novas que nos dão a ver, e talvez nos sensibilizem, para “o que há de
virtualmente estético / poético nas formas de vida disseminadas pelo
mundo, a nossa espera, mesmo nas menores e nas mais banais” (Lins,
2014, p.100).
Por exemplo, numa das cenas de-em Caldas, vemos, de repente, uma
grande bola de plástico cor de rosa quase que flutuando solitária num
corredor do balneário onde estão, em outros cômodos, os persona-
gens humanos, enquanto brilhos dispersam-se aleatoriamente por
toda a superfície da tela arrastando-nos para múltiplos (sem)sentidos
como sol, nostalgia, água, feminino, fuga, luz, película, ruídos sutis, sa-
cralidade, vidro... Uma imagem pura – ou pura imagem – que se apre-
senta como autônoma, como um bloco de espaço-tempo que não se
subordina aos outros, mesmo quando compõe um bloco maior deno-
minado Caldas, cuja paisagem não se estabelece por ver desabar so-
bre ela uma imagem pura, a qual estará sempre a escapar de qualquer
sentido que nela venha a se fazer presente.
330
rros e o em si da imagem para esse cineasta. Nas palavras de Osmar
Wenceslao Machado de Oliveira Jr
Tomo esse “em si” da imagem como “aquilo” que emerge nela, através
dela; aquilo que não se encontrava no mundo como visibilidade, aquilo
que excedia o visível e que se fez visível na imagem enquanto imagem.
Imagens desabam sobre paisagens - Acidente e espaço acidental no cinema de Cao Guimarães
Um “em si” para o qual ainda não há nome e por isso nomeado como
“aquilo” nas palavras do próprio diretor:
Aquilo... Esse aquilo reticente, que pausa a fala de Cao Guimarães, re-
fere-se já à imagem, aponta para o desfazimento do referente, da pai-
sagem, na medida mesma que aponta também para o “fazer-se ima-
gem”, para o sobre da imagem que se faz como complexo amálgama
entre representação, intervalo, sobra, criação e testemunho e, como
tal, dobra-se na paisagem, sobre esse que excede o real ao consti-
tuí-lo na/através/pela imagem, como imagem. Esse excesso, grãos
quase invisíveis que nos afetam inconscientemente – a um só tempo
referem-se a algo fora da imagem e se desfazem desse referente – é
aquilo que irá compor o vir a ser do olhar que daremos ao mundo,
grãos quase invisíveis de um olhar que se exercerá como toque, mão
e pele; um olhar, por assim dizer, sensorial, fazendo o mundo devir
sutilmente outro ao estar constituído junto com as imagens e sons
cinematográficos.
331
ela. Grãos de espaço: concreções efetuadas no sobre da paisagem
Wenceslao Machado de Oliveira Jr
que podem vir a ser paisagem sensível, ao mesmo tempo que já o são,
enquanto imagem que desaba na paisagem.
332
para algo que é do domínio das forças e não somente das formas. O
Wenceslao Machado de Oliveira Jr
Fig. 3
333
podem emergir pequenas percepções derivadas dos encontros entre
Wenceslao Machado de Oliveira Jr
334
indivíduos de todo o tipo” (Lins, 2014, p.83). Imagens e sons extraído
Wenceslao Machado de Oliveira Jr
Fig. 4
335
Não havia, portanto, um roteiro a ser realizado, nem um conjunto de
Wenceslao Machado de Oliveira Jr
12 “Existe diagrama cada vez que uma máquina abstrata singular funciona di-
retamente em uma matéria [...] As máquinas abstratas não existem simplesmente no
plano de consistência onde desenvolvem diagramas, elas já estão presentes, envol-
vidas ou ‘engastadas’, nos estratos em geral, ou mesmo estabelecidas nos estratos
particulares onde organizam simultaneamente uma forma de expressão e uma forma
de conteúdo.” (Deleuze e Guattari, 1995, p.86 – destaques do original). Pode-se dizer
que na matéria do poema funciona diretamente uma máquina abstrata singular que irá
dar existência a uma novo tipo de realidade através das múltiplas forças que foram se
reunir no plano de consistência diagramático do poema: o desejo de captar imagens
e sons inusitados e o desejo de escapar das imagens e sons previsíveis e o desafio de
captar imagens que tenham a possibilidade “de se relacionar com o poema e de revelar
o quanto a vida é imprevisível e acidental” e a aposta na potência do encontro efêmero
para criar imagens belas e intensas justamente por serem acidentais e... O conceito
de máquina ajuda-nos a lidar com a não separação entre forma e conteúdo em filmes
agenciados por um artifício potencializador de intervalos entre imagens, conforme po-
de-se notar nas citações a seguir: “Uma verdadeira máquina abstrata não possui qual-
quer meio de distinguir por si mesma um plano de expressão e um plano de conteúdo,
porque traça um só e mesmo plano de consistência, que irá formalizar os conteúdos e
as expressões segundo os estratos ou as reterritorializações. [...] E o máximo de des-
territorialização vem ora de um traço de conteúdo, ora de um traço de expressão, que
será denominado ‘desterritorializante’ em relação ao outro, mas justamente porque
ele o diagramatiza, arrastando-o consigo, elevando-o à sua própria potência. [...] Isso
ocorre porque uma máquina abstrata ou diagramática não funciona para representar,
mesmo algo de real, mas constrói um real por vir, um novo tipo de realidade. Ela não
está, pois, fora da história, mas sempre ‘antes’ da história, a cada momento em que
constitui pontos de criação ou de potencialidade. Tudo foge, tudo cria, mas jamais
sozinho; ao contrário, com uma máquina abstrata que opera os continuums de intensi-
dade, as conjunções de desterritorialização, as extrações de expressão e de conteúdo.
(Deleuze e Guattari, 1995, p.84, 85 e 86 – destaques do original)
336
O diagrama, agente da linguagem analógica, não age como
Wenceslao Machado de Oliveira Jr
337
Wenceslao Machado de Oliveira Jr Os diretores partem dos nomes de cada uma delas a pro-
cura de imagens que dialoguem com eles: Entre Folhas,
Passos, Caldas... Mas não é na própria essência da cidade
que estão voltados os olhares dos diretores. Se há pla-
nos de folhas em movimento (Entre Folhas), ou de sapatos
sendo engraxados (Passos) ou do movimento das águas
(Caldas), o interesse é menos na significação ou represen-
tação da cidade, e mais na proximidade das imagens que
fazem eco com seus respectivos nomes (ou títulos). (Mes-
quita, 2006, s/p)
Imagens desabam sobre paisagens - Acidente e espaço acidental no cinema de Cao Guimarães
Penso que, para além dos ecos aos nomes, as imagens traçam linhas
de sentido à história narrada no poema. Linhas que se bifurcam todo
o tempo, pois na cidade seguinte outros sentidos se dobram nele, ra-
surando os anteriores, fazendo-os oscilar, desequilibrar-se sem cair
ao ter, por exemplo, que avizinhar, como Heliodora, o homem gay que
fala de (des)amor na cidade homônima com as meninas vestidas de
Virgem Maria na procissão religiosa filmada em Virgem da Lapa, bem
como avizinhar todas elas à senhora desmemoriada que balança na
cadeira em Dores de Campos. Afinal, pela linha do poema, todas essas
“personagens em imagens” dobram-se sobre a personagem que abre
o poema e o filme, desfigurando-a como parte da composição/modu-
lação daquela personagem.
338
dúvidas – pois nem suas imagens e sons nos “informam”
Wenceslao Machado de Oliveira Jr
339
dos fragmentos de cenas filmadas, a duração muito distintas (de mui-
Wenceslao Machado de Oliveira Jr
diretor) afeta o corpo que realiza o gesto (do cachorro, das pessoas, da
lâmpada etc), e que, portanto, o filme se dá como uma intervenção no
local e não como passiva captura da espontaneidade ali existente. Ao
intervir, o cinema faz articular e desarticular trajetórias já copresentes
no lugar, forçando esse lugar a ser outro ao ter ali experienciadas ou-
tras espacialidades.
Nos parece que sim, que há em Acidente uma política espacial ao fa-
zer espaço e lugares emergirem de maneiras singulares através das
imagens e sons ali diagramados, configurando outros modos de pen-
sar o espaço, fazendo emergir potências espaciais que atuam como
forças minoritárias no contexto das relações já estabelecidas entre
cinema e pensamento geográfico, permitindo que esses outros modos
de pensar o espaço sejam tomados como geografias menores (Olivei-
ra Jr, 2009; 2014). Por exemplo, Acidente nos provoca muito mais in-
tervalos entre as imagens que conclusões acerca delas, uma vez que
340
as torna não só intercambiáveis entre si, mas cambiáveis a tornarem-
Wenceslao Machado de Oliveira Jr
Forçando uma vizinhança ainda mais radical entre esses dois artis-
tas cujas matérias-primas de seus estilos de estar no mundo são tão
distintas e ao mesmo tempo tão próximas, tomo as palavras de Ana
Godinho para Francis Bacon como guia para dizer de Cao Guimarães.
341
Para fazer tocar(nos) esse real mais real, as imagens já não podem se
Wenceslao Machado de Oliveira Jr
342
Bibliografia
Wenceslao Machado de Oliveira Jr
Deligny, F. (1975) Este chico de aí. In: Deligny, F. Permitir Trazar Ver.
Barcelona: Museu d’Art Contemporani de Barcelona, 2009.
343
Guimarães, C. (2008) Cinema de Cozinha. Disponível em: http://www.
Wenceslao Machado de Oliveira Jr
caoguimaraes.com/wordpress/wp-content/uploads/2012/12/cinema-
de-cozinha.pdf
ro: Record.
Massey, D. (1991) Un sentido global del lugar. In: Albet, A. & Benach, N.
(orgs). Doreen Massey – Un sentido global del lugar. (2012) Barcelona:
Icaria Editorial.
344
Valente, E. (2006) Percurso de acidente. Revista Cinética Dispo-
Wenceslao Machado de Oliveira Jr
Filmografia
Guimarães, C.; Lobato, P. (2005) Acidente (filme). DOCTV. Brasil.
Imagens desabam sobre paisagens - Acidente e espaço acidental no cinema de Cao Guimarães
345
346
Notas biográficas
Autores
[email protected]
Agustín Gámir es Doctor en Geografía por la Universidad Complutense
de Madrid. Ha sido docente e investigador además en las universida-
des de Salamanca y Carlos III de Madrid con numerosas aportaciones
en el campo de la Geografía de los servicios. En los últimos años ha
derivado sus investigaciones hacia la relación cine-geografía, partici-
pando en dos proyectos de investigación vinculados a esta temática
y elaborando -como autor o coautor- varios artículos publicados en
revistas académicas.
[email protected]
Alexandre Filordi de Carvalho é Pós-Doutor em Educação pela Univer-
sidade Estadual de Campinas (2013), Doutor em Filosofia pela Univer-
sidade de São Paulo (2007) e Doutor em Educação pela Universidade
Estadual de Campinas (2008). Tem experiência na área de Fundamen-
tos da Educação, com ênfase em Filosofia da Educação, investigando
os seguintes temas: educação, governamentalidade, sujeito, produção
de subjetividades e de diferenças no campo educacional. Atualmente,
é professor de Filosofia da Educação na Universidade Federal de São
Paulo (UNIFESP) e de seu Programa de Pós-Graduação em Educação,
na linha de pesquisa Saberes, Sujeitos e Processos Educativos.
[email protected]
Ana Maria Hoepers Preve é professora no Curso de Geografia Licen-
ciatura e no Programa de Pós-Graduação em Educação, na Linha Edu-
cação, Comunicação e Tecnologias do Centro de Ciências Humanas e
da Educação - FAED/UDESC; coordenadora do Grupo Geografias de
Experiência/FAED/UDESC e membro da Rede Internacional de Pesqui-
sa em Imagens, Geografias e Educação. Ministra a disciplina optativa
Educação, cinema e geografia na Graduação e desenvolve o projeto de
347
pesquisa O que pode a Geografia e a cartografia: Investigações e in-
venções em educação cuja ênfase recai sobre as forças das imagens
clichês na constituição de uma Geografia.
[email protected]
Antonio Luna es profesor titular de Geografía en la Universidad Pom-
peu Fabra de Barcelona. Master en Urban Planning y Doctor en Geo-
grafía por la Universidad de Arizona en los Estados Unidos. Ha sido
director del Departamento de Humanidades de la UPF entre 2010 y
2014. Sus líneas principales de investigación versan sobre cuestiones
relacionadas con la geografía cultural, los estudios urbanos y el pen-
samiento geográfico.
[email protected]
Carlos Manuel es Doctor en Geografía por la Universidad Autónoma
de Madrid. Desde 2003 es Profesor Titular en la Universidad Carlos III
de Madrid. Su labor investigadora se ha concretado en la participación
en una decena de proyectos de investigación competitivos, centra-
dos en estudios sobre la propiedad y la gestión forestal en España.
Ha formado parte de equipos multidisciplinares para el desarrollo de
estudios sobre el paisaje y la ordenación territorial en la Comunidad
de Madrid, así como sobre historia de los incendios forestales en Es-
paña. En los últimos años ha centrado su labor investigadora en las
relaciones entre Geografía y Cine (proyectos “Las implicaciones entre
producciones cinematográficas y espacio geográfico en España” y “El
espacio geográfico de Madrid en el cine y su potencial turístico”).
[email protected]
David Moriente es Doctor en Historia del Arte por la Universidad Au-
tónoma de Madrid. Ha sido investigador en el Centre de Recherches
Interdisciplinaires sur les Mondes Ibériques Contemporains (Paris IV-
Sorbonne) y en la Universitat Pompeu Fabra de Barcelona. Es autor de
Poéticas arquitectónicas en el arte contemporáneo (2010), coordina-
dor del monográfico de Secuencias. Revista de Historia del Cine (38)
Memorias del futuro: reflexiones sobre la ciencia ficción contempo-
ránea; asimismo ha sido coautor en numerosos libros colectivos de-
dicados a cuestiones sobre cultura visual contemporánea, entre los
que destacan Autorretratos del Estado (2013, 2015) y Diseccionando
a Adán (2015).
348
[email protected]
Enric Mendizàbal es Doctor en geografía. Es profesor en el Depar-
tament de Geografia de la Universitat Autònoma de Catalunya desde
el año 1992. Ha formado parte de la Junta de Govern de la Societat
Catalana de Geografia entre 1986 y 2010, siendo editor de Treballs
de la Societat Catalana de Geografia entre 1992-2010. Sus líneas de
investigación son la geografia histórica, social y cultural, tanto teórica
como aplicada, especialmente sobre los paisajes de Cataluña.
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Fernando Henao es profesor en la Universidad de Córdoba (Colombia)
en el programa de Licenciatura en Informática y Medios Audiovisua-
les. Maestro en Artes Plásticas (Universidad de Antioquia; Colombia),
Especialización en Pedagogía del Lenguaje Audiovisual (Universidad El
Bosque), Magíster en Historia del Arte (Universidad de Antioquia). En
cuanto a producción destacan los cortometrajes “El corazón delator”
basado en el cuento de Edgar Allan Poe, “La visita” y ”Flores Marchi-
tas”, así como el largometraje de ficción “El pescador de almas”, reali-
zado por el Colectivo cordobés Cine Artesanal.
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Fernando Ortiz-Moya es arquitecto por la Escuela Técnica Superior
de Arquitectura, Universidad Politécnica de Madrid. Posee también un
Master en Estudios Urbanos por la Universidad de Edimburgo. Desde
el año 2011 entró a formar parte del Departamento de Arquitectura
de la Universidad de Tokyo, primero como estudiante investigador y
después como estudiante de doctorado, gracias a una beca otorgada
por el Gobierno Japonés. Su tesis investiga mecanismos de regenera-
ción urbana en un contexto de mengüe urbano, comparando casos del
Reino Unido, Estados Unidos y Japón.
[email protected]
Francisco Ferreira é arquitecto, licenciado pela Faculdade de Arqui-
tectura da Universidade do Porto. Concluiu o Mestrado em Arquitec-
tura Metrópolis na Escola Técnica Superior de Arquitectura de Bar-
celona. É doutorado pela Escola de Arquitectura da Universidade do
Minho. É docente na EAUM, onde lecciona, entre outras, a unidade
curricular Cidades e Cinema. É também Investigador do LAB2PT/UM.
Desde 2010 vem dedicando a sua investigação às relações e interse-
cções entre Arquitectura e Cinema. Neste âmbito escreveu e realizou
uma curta-metragem de ficção sobre arquitectura intitulada Panora-
ma. Desde 2013 é co-editor da revista JACK - Journal on Architecture
and Cinema.
349
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Frederico Guilherme Bandeira de Araujo é Graduado em Engenha-
ria Mecânica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, mestrado
em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro,
mestrado em Engenharia de Produção - área de Planejamento Urbano
e Regional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e doutorado
em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Rio de Ja-
neiro (1997). É professor Associado II da Universidade Federal do Rio
de Janeiro, alocado no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e
Regional (IPPUR). Tem experiência na área de epistemologia, atuando
principalmente nos campos da filosofia da ciência, das teorias da cul-
tura e da filosofia da linguagem. Atualmente realiza pesquisas sobre
processos de identificação e territorialização tomando por objetos de
investigação discursos escritos, orais, fotográficos e audiovisuais.
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Gervásio Hermínio Gomes Jr é Graduado em Geografia e Mestrando
no Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGE) da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) - Brasil, onde desenvolve pes-
quisa intitulada “Leitura das Paisagens Fílmicas em Amarelo Manga e
Febre do Rato”, sob orientação da Professora Drª. Maria Helena Braga
e Vaz da Costa; Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pes-
soal de Nível Superior (CAPES) - Brasil.
[email protected]
Heitor Levy Ferreira Praça é Graduado em Geografia pela Universida-
de Federal de Viçosa (2006), Mestre em Geografia pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro (2009), atualmente cursa o Doutorado em
Planejamento Urbano e Regional também no Instituto de Pesquisa e
Planejamento Urbano e Regional da UFRJ. Tem experiência na área de
Geografia, com especial interesse na área de Geografia Humana Polí-
tica e Cultural, Sociologia, Antropologia e Filosofia tendo atuado prin-
cipalmente nos seguintes temas: unidades de conservação, sociologia
rural, educação popular, desenvolvimento urbano, modernidade e filo-
sofia da linguagem. Desde 2012 é pesquisador associado do Grupo de
Pesquisa Modernidade e Cultura (GPMC), na Universidade Federal do
Rio de Janeiro.
350
[email protected]
Iaci d’Assunção Santos é Graduado em Geografia pela Universidade
do Estado do Rio de Janeiro (2006), mestrado em Planejamento Ur-
bano e Regional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ
(2009) e especialização em Figurino e Carnaval pela Universidade Vei-
ga de Almeida (2014). Desenvolve pesquisas nas áreas da História da
Arte, Literatura e Geografia Urbana Brasileira, Planejamento Urbano
e Regional, e, Identidade e Território, atuando principalmente nos se-
guintes temas: identidade nacional brasileira, formação social brasi-
leira, modernidade, cultura, literatura e arte brasileira. Desde 2014 é
doutoranda do Programa de Pós-Graduação em História da Arte da
Escola de Belas Artes da UFRJ.
[email protected]
Karen Christine Rechia é Licenciada e tem Mestrado em História pela
Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC (Brasil). Doutora em
Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Estadual de
Campinas/UNICAMP, na área de concentração em Educação, Conhe-
cimento, Linguagem e Arte, com foco na pesquisa sobre imagens. A
tese O jardim dos caminhos que se bifurcam: cinema e educação ver-
sa sobre filmes neorrealistas, vidência deleuziana, experimentações
no espaço urbano e educação. Atua também na área do Audiovisual,
tendo desenvolvido o argumento cinematográfico dos documentários
Signos em Rotação, Festa da Laranja e Taquarembó: o jogo da água
doce. No campo da produção, roteiro e pesquisa, realizou os docu-
mentário Paisagem urbana – um olhar sobre a Ilha e Maciço.
[email protected]
María Alejandra Taborda Caro es profesora del área de geografía, De-
partamento de Ciencias Sociales, Universidad de Córdoba (Colombia).
Licenciada en Ciencias Sociales (Universidad Pedagógica Nacional),
Geógrafa (Universidad Nacional de Colombia), Magister en Geografía y
Ordenamiento Territorial (Instituto Geográfico Agustín Codazzi) y Doc-
tora en Educación (Universidad Pedagógica Nacional). Su experiencia
investigativa se encuentra en la Implementación del Currículo Nacional
para la vivencia de los Derechos Humanos en la escuela colombiana
2008-2010 y la educación geográfica en el contexto de la enseñanza
de las ciencias sociales.
351
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Maria Helena Braga e Vaz da Costa é Pós-doutorada em Cinema pelo
International Institute - University of California at Los Angeles (UCLA)
- USA; Doutorado e Mestrado em Estudos de Mídia pela University of
Sussex - Inglaterra; Graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Uni-
versidade Federal de Pernambuco (UFPE). Bolsista de Produtividade
em Pesquisa do CNPq; Professora Associada III (DE) do Departamento
de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN); Coor-
denadora do Grupo de Pesquisa Linguagens da Cena: Imagem, Cultu-
ra e Representação; Professora permanente dos Programas de Pós-
Graduação em Estudos de Mídia (PPGEM) e em Geografia (PPGE) da
UFRN. Coordenadora do Curso de Especialização em Cinema (UFRN).
[email protected]
Nieves Moreno Redondo es licenciada en Arte Dramático por la Real
Escuela Superior de Arte Dramático de Madrid (RESAD), además de
licenciada por la Universidad Autónoma de Madrid (UAM) en Estudios
de Asia Oriental, especialidad de Japón. Como investigadora ha obte-
nido tres becas de investigación gracias al apoyo del Gobierno Japo-
nés y la Fundación Japón con los que ha podido realizar estancias de
investigación en la Universidad de Waseda de Tokio por un período de
tres años. En estos momentos se encuentra finalizando su doctorado
en Estudios Fílmicos por la UAM en relación al Benshi y los orígenes
del cine en Japón.
[email protected]
Teresa Castro é professora de cinema e de teoria das imagens na Uni-
versidade de Paris III – Sorbonne Nouvelle. Licenciada em História da
arte e doutorada em cinema e estudos audiovisuais, foi investigadora
associada no museu do Quai Branly em Paris e investigadora convida-
da no Max Planck Institute for the History of Science de Berlim. Entre
as suas publicações conta-se o livro La pensée cartographique des
images. Cinéma et culture visuelle (Éd. Aléas, Lyon, 2011).
[email protected]
Víctor Aertsen es ingeniero técnico en Sistemas Informáticos, licen-
ciado en Humanidades y en Comunicación Audiovisual, y actualmente
doctorando en el programa de Investigación en Medios de Comunica-
ción de la Universidad Carlos III de Madrid. Colaborador en diversos
proyectos de investigación en dicha universidad, entre los que desta-
can “Cine y Geografía: las implicaciones entre producciones cinema-
tográficas y espacio geográfico en España” y “El espacio geografico
de Madrid en el cine y su potencial turístico”, ambos financiados por el
Ministerio de Ciencia e Innovación.
352
Editores y autores
[email protected]
Ana Francisca de Azevedo é professora no Departamento de Geogra-
fia, Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho e Investiga-
dora integrada do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da
mesma universidade, colaborando com outros centros de investigação
como o Lab2PT e redes e grupos de pesquisa internacionais como
a Rede Internacional de Pesquisa - Imagens, Geografias e Educação
e o GPIT-UFRGS. É coordenadora científica da unidade de Geografia
do Laboratório da Paisagem de Guimarães. Licenciada em Geografia,
desenvolveu o seu mestrado no âmbito da Educação Ambiental e o
doutoramento em Geografia do Cinema. É autora, co-autora e co-edi-
tora de vários livros e publicações científicas nacionais e estrangeiras.
A sua área preferencial de pesquisa é a Geografia Cultural, linhas de
pesquisa de estudos da paisagem, geografia e arte, geografias do cor-
po e geografias pós-coloniais, desenvolvendo acções académicas e
no terreno com ênfase na problemática da ‘paisagem como tecnologia
para a organização da experiência’.
[email protected]
Rosa Cerarols Ramírez es licenciada en Geografía por la Universitat
Autònoma de Barcelona (UAB), Máster en Antropología Visual por la
Universitat de Barcelona (UB) y Doctora en Geografía por la UAB. Pro-
fesora lectora en el Departamento de Humanidades de la Universitat
Pompeu Fabra (UPF) y miembro de los grupos de investigación GREILI
(Grupo de Investigación en Espacios Interculturales, Lenguas e Identi-
dades) de la UPF y GRGG (Grupo de Investigación en Geografía y Géne-
ro) de la UAB. Su campo de especialidad pone en relación la geografía
cultural y de género, con participación en libros, artículos y coloquios
internacionales especializados. Recientemente ha publicado Geogra-
fias de lo exótico, el imaginario de Marruecos en la literatura de viajes
(Ediciones Bellaterra, 2015). Como realizadora destacan los proyectos
documentales Treinta Metros y un balcón (2006), Cinema Kaedi (2008)
y Plens de Patum (2009).
353
[email protected]
Wenceslao Machado de Oliveira Jr. é graduado em Geografia e Dou-
torado em Educação. Atualmente é professor no Departamento de
Educação, Conhecimento, Linguagem e Arte e pesquisador do Labo-
ratório de Estudos Audiovisuais-OLHO, ambos da Faculdade de Edu-
cação da Universidade Estadual de Campinas. Pesquisa na interface
entre imagens e educação em suas conexões com as geografias que
dela se desdobram, se descobrem, se criam, se extraem... Tem arti-
gos publicados onde vídeos, filmes, fotografias e mapas se misturam
a conceitos e autores em escritos que visam aproximações da edu-
cação visual contemporânea e(m) suas políticas e poéticas que afe-
tam o pensamento espacial. É coordenador da Rede Internacional de
Pesquisa “Imagens, Geografias e Educação” e realizou o Pós-doutora-
do “As geografias menores nas obras em vídeo de três artistas con-
temporâneos” na Universidade do Minho/Portugal.
354
Entre géneros fílmicos, do comercial televisivo ao
filme de arte e à vídeo-instalação, da imagem crua
em movimento às mais diversas escalas, em espaço
público ou privado, da expressão fílmica digital ao
celulóide, as geografias dilatam-se como os cor-
pos que buscam expressão, ao ponto de se tornar
impensável a viabilização de uma geografia oficial
monolítica. Ao ponto de se tornar impensável fazer
geografia que não seja espaço de criação. Espaço
de criação entre académicos de diferentes áreas,
artistas, alunos e professores, corpos de todos os
tipos, corpos curiosos por se conhecerem entre es-
paços, ajudando-se nos processos de auto-repre-
sentação e de co-construção de subjectividades,
num momento em que os imaginários se encontram
colonizados por uma cultura visual e áudio-visual
que informa uma cosmovisão.
Universidade do Minho
Instituto de Ciências Sociais
Departamento de Geografia