Revista de Informação Legislativa: Julho A Setembro de 2021
Revista de Informação Legislativa: Julho A Setembro de 2021
Revista de Informação Legislativa: Julho A Setembro de 2021
e-ISSN 2596-0466
REVISTA DE
INFORMAÇÃO
LEGISLATIVA
Ano 58
231
julho a setembro de 2021
SENADO FEDERAL
Mesa
Biênio 2021 – 2022
Senador Romário
SEGUNDO-VICE-PRESIDENTE
Senador Irajá
PRIMEIRO-SECRETÁRIO
Senador Weverton
QUARTO-SECRETÁRIO
SUPLENTES DE SECRETÁRIO
Senador Jorginho Mello
Senador Luiz do Carmo
Senadora Eliziane Gama
Senador Zequinha Marinho
ISSN 0034‑835X
e-ISSN 2596-0466
REVISTA DE
INFORMAÇÃO
LEGISLATIVA
Brasília – DF
Ano 58
231
julho a setembro de 2021
MissÃo
A Revista de Informação Legislativa (RIL) é uma publicação trimestral, produzida pela Coordenação
de Edições Técnicas do Senado Federal. Publicada desde 1964, a Revista tem divulgado artigos
inéditos, predominantemente nas áreas de Direito e de Ciência Política e Relações Internacionais.
Sua missão é contribuir para a análise dos grandes temas em discussão na sociedade brasileira
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Isaac Brown, Secretário‑Geral da Presidência – 1946‑1967
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PolÍtiCa De aCesso e Direito De uso: A RIL oferece acesso aberto livre a seu conteúdo (disponível em:
https://www12.senado.leg.br/ril), sendo publicada sob uma licença Creative Commons na modalidade
“atribuição, uso não comercial e compartilhamento pela mesma licença”(CC BY‑NC‑SA 3.0 BR).
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Porto Alegre, RS, Brasil / Dr. Adrualdo de Lima Catão, Universidade Federal de Alagoas, Maceió,
AL, Brasil / Dr. Alexandre Coutinho Pagliarini, Centro Universitário Internacional UNINTER,
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de Ouro Preto, Ouro Preto, MG, Brasil / Dra. Aline Sueli de Salles Santos, Universidade Federal
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Goiás, Goiânia, GO, Brasil / Dr. Álvaro José Bettanin Carrasco, Procuradoria-Geral Federal,
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Grande do Norte, Natal, RN, Brasil / Dra. Ana Claudia Santano, Centro Universitário Autônomo
do Brasil, Curitiba, PR, Brasil / Dra. Ana Virginia Moreira Gomes, Universidade de Fortaleza,
Fortaleza, CE, Brasil / Dr. André Felipe Canuto Coelho, Faculdade Damas, Recife, PE, Brasil /
Dr. André Guilherme Lemos Jorge, Universidade Nove de Julho, São Paulo, SP, Brasil / Dr. André
Saddy, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil / Dr. André de Souza Dantas Elali,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil / Dra. Anelise Coelho Nunes,
Rede Metodista de Educação, Porto Alegre, RS, Brasil / Dr. Antonio Celso Baeta Minhoto,
Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, SP, Brasil / Dr. Antonio Henrique Graciano Suxberger,
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Mato Grosso, Cuiabá, MT, Brasil / Me. Antonio de Holanda Cavalcante Segundo, Leandro
Vasques Advogados Associados, Fortaleza, CE, Brasil / Dr. Artur Stamford da Silva, Universidade
Federal de Pernambuco, Recife, PE, Brasil / Dra. Bárbara Gomes Lupetti Baptista, Universidade
Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ, Brasil / Dra. Beatriz Schettini, Universidade Federal de
Ouro Preto, Ouro Preto, MG, Brasil / Dr. Benedito Cerezzo Pereira Filho, Universidade de Brasília,
Brasília, DF, Brasil / Dr. Benjamin Miranda Tabak, Universidade Católica de Brasília, Brasília, DF,
Brasil / Dra. Betina Treiger Grupenmacher, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, Brasil /
Dra. Betânia de Moraes Alfonsin, Fundação Escola Superior do Ministério Público, Porto Alegre,
RS, Brasil / Dr. Bruno Camilloto Arantes, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, MG,
Brasil / Dr. Bruno Cavalcanti Angelin Mendes, Universidade Federal de Roraima, Boa Vista, RR,
Brasil / Dr. Bruno Meneses Lorenzetto, Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba, PR,
Brasil / Me. Caio Alexandre Capelari Anselmo, Ministério Público Federal, São Paulo, SP, Brasil /
Dr. Caio Gracco Pinheiro Dias, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brasil / Dr. Camilo
Zufelato, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brasil / Dr. Carlos Augusto Daniel Neto,
Centro de Estudos de Direito Econômico e Social, São Paulo, SP, Brasil / Dr. Carlos Eduardo
Silva e Souza, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, MT, Brasil / Me. Carlos Henrique
Rubens Tomé Silva, Senado Federal, Brasília, DF, Brasil / Dr. Carlos Magno Spricigo Venerio,
Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil / Ma. Caroline Somesom Tauk, Tribunal
Regional Federal da 2ª Região, Rio de Janeiro, RJ, Brasil / Dr. Celso de Barros Correia Neto,
Universidade Católica de Brasília, Brasília, DF, Brasil / Dr. Cesar Rodrigues van der Laan,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil / Dr. Cláudio Araújo Reis,
Universidade de Brasília, Brasília, DF, Brasil / Dr. Claudio Ferreira Pazini, Universidade Federal de
Uberlândia, Uberlândia, MG, Brasil / Dr. Cristiano Gomes de Brito, Universidade Federal de
Uberlândia, Uberlândia, MG, Brasil / Dr. Cristiano Heineck Schmitt, Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil / Dr. Cristiano Lange dos Santos,
Laboratório de Análise de Políticas Públicas e Sociais, Porto Alegre, RS, Brasil / Dra. Cynthia
Soares Carneiro, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brasil / Ma. Daiana Fagundes
dos Santos Carboni, Universidade de Santiago de Compostela, Santiago de Compostela,
Espanha / Dr. Dani Rudnicki, Universidade La Salle, Canoas, RS, Brasil / Dra. Daniela de Melo
Crosara, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG, Brasil / Dra. Danielle Annoni,
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil / Dra. Danielle Souza de
Andrade e Silva Cavalcanti, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE, Brasil / Me. Danilo
Augusto Barboza de Aguiar, Senado Federal, Brasília, DF, Brasil / Dr. Danilo Fontenele Sampaio
Cunha, Centro Universitário 7 de Setembro, Fortaleza, CE, Brasil / Dr. Davi Augusto Santana de
Lelis, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil / Me. Devanildo
Braz da Silva, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, MS, Brasil /
Dr. Dircêo Torrecillas Ramos, Fundação Getulio Vargas, São Paulo, SP, Brasil / Dr. Edinilson
Donisete Machado, Universidade Estadual do Norte do Paraná, Jacarezinho, PR, Brasil /
Dr. Eduardo Modena Lacerda, Senado Federal, Brasília, DF, Brasil / Dr. Eduardo Rocha Dias,
Universidade de Fortaleza, Fortaleza, CE, Brasil / Dr. Elias Jacob de Menezes Neto, Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil / Dra. Eneida Desiree Salgado, Universidade
Federal do Paraná, Curitiba, PR, Brasil / Dr. Eriberto Francisco Bevilaqua Marin, Universidade
Federal de Goiás, Goiânia, GO, Brasil / Dr. Eugênio Facchini Neto, Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil / Dra. Fabiana Santos Dantas,
Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE, Brasil / Me. Fábio Feliciano Barbosa,
Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil / Dra. Fabíola Albuquerque Lobo,
Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE, Brasil / Dr. Federico Nunes de Matos,
Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, MG, Brasil / Dr. Felipe Lima Gomes,
Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE, Brasil / Dra. Fernanda Dalla Libera Damacena,
Ambrósio e Dalla Libera Advogados Associados, Porto Alegre, RS, Brasil / Dr. Fernando Angelo
Ribeiro Leal, Fundação Getulio Vargas, Rio de Janeiro, RJ, Brasil / Dr. Fernando Antonio
Nogueira Galvão da Rocha, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil /
Dr. Fernando Boarato Meneguin, Instituto Brasiliense de Direito Público, Brasília, DF, Brasil /
Dr. Fernando Gaburri de Souza Lima, Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, Mossoró,
RN, Brasil / Dr. Fernando Laércio Alves da Silva, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG,
Brasil / Dr. Fernando Nagib Marcos Coelho, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR,
Brasil / Dr. Fernando de Brito Alves, Universidade Estadual do Norte do Paraná, Jacarezinho, PR,
Brasil / Dr. Flávio Barbosa Quinaud Pedron, Faculdade Guanambi, Guanambi, BA, Brasil /
Dr. Francisco Antônio de Barros e Silva Neto, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE,
Brasil / Me. Frederico Augusto Leopoldino Koehler, Universidade Federal de Pernambuco,
Recife, PE, Brasil / Dr. Guilherme Tanger Jardim, Fundação Escola Superior do Ministério
Público, Porto Alegre, RS, Brasil / Me. Guilherme da Franca Couto Fernandes de Almeida,
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil / Dr. Gustavo Costa
Nassif, Instituto de Defesa da Cidadania e da Transparência, Belo Horizonte, MG, Brasil /
Dr. Gustavo Ferreira Ribeiro, UniCEUB, Brasília, DF, Brasil / Dr. Gustavo Schneider Fossati,
Fundação Getulio Vargas, Rio de Janeiro, RJ, Brasil / Me. Gustavo Silva Calçado, Universidade
Tiradentes, Aracaju, SE, Brasil / Dra. Heloisa Fernandes Câmara, Centro Universitário Curitiba,
Curitiba, PR, Brasil / Dr. Henrique Aniceto Kujawa, Faculdade Meridional, Passo Fundo, RS,
Brasil / Dr. Henrique Fernando de Mello, Instituto Brasileiro de Estudos Tributários, São José do
Rio Preto, SP, Brasil / Dra. Iara Antunes de Souza, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro
Preto, MG, Brasil / Dr. Ilzver Matos de Oliveira, Universidade Tiradentes, Aracaju, SE, Brasil /
Dr. Ivar Alberto Martins Hartmann, Fundação Getulio Vargas, Rio de Janeiro, RJ, Brasil / Dr. Jahyr-
Philippe Bichara, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil / Dr. Jailton
Macena de Araújo, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil / Dr. Jair Aparecido
Cardoso, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brasil / Ma. Janaína Gomes Garcia de
Moraes, Tilburg University, Haia, Países Baixos / Dr. Jayme Benvenuto Lima Junior, Universidade
Federal da Integração Latino-Americana, Foz do Iguaçu, PR, Brasil / Dr. Jefferson Aparecido
Dias, Procuradoria da República de São Paulo, Marília, SP, Brasil / Me. Jordan Vinícius de
Oliveira, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil / Dr. Jorge Luís
Mialhe, Universidade Metodista de Piracicaba, Piracicaba, SP, Brasil / Dr. José Carlos Evangelista
Araújo, Faculdades de Campinas, Campinas, SP, Brasil / Dr. José Filomeno de Moraes Filho,
Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE, Brasil / Dr. José Tadeu Neves Xavier, Fundação
Escola Superior do Ministério Público, Porto Alegre, RS, Brasil / Dr. José dos Santos Carvalho
Filho, Instituto Brasiliense de Direito Público, Brasília, DF, Brasil / Dra. Josiane Rose Petry
Veronese, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil / Dr. João Aparecido
Bazolli, Universidade Federal do Tocantins, Palmas, TO, Brasil / Me. João Pedro Kostin Felipe de
Natividade, Natividade Sociedade de Advogados, Curitiba, PR, Brasil / Me. João Vicente
Rothfuchs, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil /
Dra. Julia Sichieri Moura, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil /
Dra. Juliane Sant’Ana Bento, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS,
Brasil / Dr. Júlio César Faria Zini, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG,
Brasil / Ma. Larissa Lauda Burmann, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, MT, Brasil /
Dr. Lauro Ishikawa, Faculdade Autônoma de Direito, São Paulo, SP, Brasil / Dra. Leila Giandoni
Ollaik, Ministério da Economia, Brasília, DF, Brasil / Dra. Leila Maria da Juda Bijos, Universidade
Católica de Brasília, Brasília, DF, Brasil / Me. Leonardo Geliski, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil / Dr. Leonardo Martins, Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, Natal, RN, Brasil / Dr. Leonel Pires Ohlweiler, Tribunal de Justiça do Estado do
Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil / Ma. Lilian Barros de Oliveira Almeida, Advocacia-
Geral da União, Brasília, DF, Brasil / Ma. Lorena Abbas, Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro, RJ, Brasil / Dr. Lucas Rodrigues Cunha, Universidade Federal de Minas Gerais,
Belo Horizonte, MG, Brasil / Dra. Luciana Cordeiro de Souza Fernandes, Universidade Estadual
de Campinas, Campinas, SP, Brasil / Dra. Luciana Cristina de Souza, Faculdade Milton Campos,
Nova Lima, MG, Brasil / Dra. Luciana de Souza Ramos, Centro Universitário de Ensino Superior
do Amazonas, Manaus, AM, Brasil / Dr. Luciano Santos Lopes, Faculdade Milton Campos, Nova
Lima, MG, Brasil / Dr. Luiz Caetano de Salles, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia,
MG, Brasil / Dr. Luiz Carlos Goiabeira Rosa, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia,
MG, Brasil / Me. Luiz Eduardo Diniz Araújo, Advocacia-Geral da União, Brasília, DF, Brasil /
Dr. Luiz Felipe Monteiro Seixas, Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Mossoró, RN, Brasil /
Dr. Luiz Fernando Afonso, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil /
Dr. Luiz Fernando do Vale de Almeida Guilherme, Universidade Presbiteriana Mackenzie, São
Paulo, SP, Brasil / Dr. Luís Alexandre Carta Winter, Pontifícia Universidade Católica do Paraná,
Curitiba, PR, Brasil / Dra. Lídia Maria Lopes Rodrigues Ribas, Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul, Campo Grande, MS, Brasil / Dr. Marcelo Casseb Continentino, Procuradoria-
Geral do Estado de Pernambuco, Recife, PE, Brasil / Dr. Marcelo Schenk Duque, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil / Dr. Marciano Seabra de Godoi, Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil / Dr. Marcilio Toscano Franca
Filho, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil / Dr. Márcio Alexandre da Silva
Pinto, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG, Brasil / Dr. Marcio Iorio Aranha,
Universidade de Brasília, Brasília, DF, Brasil / Dr. Marco Bruno Miranda Clementino, Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil / Dr. Marco Félix Jobim, Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil / Dr. Marcos Augusto de Albuquerque
Ehrhardt Júnior, Universidade Federal de Alagoas, Maceió, AL, Brasil / Dr. Marcos Jorge Catalan,
Universidade La Salle, Canoas, RS, Brasil / Dr. Marcos Roberto de Lima Aguirre, Verbo Jurídico,
Porto Alegre, RS, Brasil / Ma. Maria Angélica dos Santos, Universidade Salgado de Oliveira, Belo
Horizonte, MG, Brasil / Dra. Maria Auxiliadora Minahim, Universidade Federal da Bahia, Salvador,
BA, Brasil / Dra. Maria Inês Caetano Ferreira, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia,
Cachoeira, BA, Brasil / Dra. Mariah Brochado Ferreira, Universidade Federal de Minas Gerais,
Belo Horizonte, MG, Brasil / Ma. Marina Soares Marinho, Advocacia-Geral da União, Belo
Horizonte, MG, Brasil / Me. Martin Pino, Escola Superior de Advocacia da OAB, São Paulo, SP,
Brasil / Dra. Maurinice Evaristo Wenceslau, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul,
Campo Grande, MS, Brasil / Dr. Mauro Fonseca Andrade, Fundação Escola Superior do
Ministério Público, Porto Alegre, RS, Brasil / Me. Maximiliano Vieira Franco de Godoy, Senado
Federal, Brasília, DF, Brasil / Dra. Micheli Pereira de Melo, Universidade Federal do Sul e Sudeste
do Pará, Marabá, PA, Brasil / Dra. Monica Paraguassu Correia da Silva, Universidade Federal
Fluminense, Niterói, RJ, Brasil / Dra. Mônica Herman Salem Caggiano, Universidade de São
Paulo, São Paulo, SP, Brasil / Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago, Universidade de Fortaleza,
Fortaleza, CE, Brasil / Dr. Neuro José Zambam, Faculdade Meridional, Passo Fundo, RS, Brasil /
Dr. Nilson Tadeu Reis Campos Silva, Universidade Estadual do Norte do Paraná, Jacarezinho,
PR, Brasil / Dra. Nina Trícia Disconzi Rodrigues, Universidade Federal de Santa Maria, Santa
Maria, RS, Brasil / Dr. Osvaldo Ferreira de Carvalho, Pontifícia Universidade Católica de Goiás,
Goiânia, GO, Brasil / Dr. Pablo Georges Cícero Fraga Leurquin, Universidade Federal de Juiz de
Fora, Juiz de Fora, MG, Brasil / Dr. Patryck de Araujo Ayala, Universidade Federal de Mato
Grosso, Cuiabá, MT, Brasil / Dra. Patrícia Borba Vilar Guimarães, Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, Natal, RN, Brasil / Dr. Paul Hugo Weberbauer, Universidade Federal de
Pernambuco, Recife, PE, Brasil / Dr. Paulo César Busato, Universidade Federal do Paraná,
Curitiba, PR, Brasil / Dr. Paulo César Pinto de Oliveira, Universidade Federal de Minas Gerais,
Belo Horizonte, MG, Brasil / Dr. Paulo Fernando Soares Pereira, Advocacia-Geral da União, São
Luís, MA, Brasil / Dr. Paulo Henrique da Silveira Chaves, Universidade Federal de Uberlândia,
Uberlândia, MG, Brasil / Dr. Paulo Lopo Saraiva, Faculdade Maurício de Nassau, Natal, RN,
Brasil / Dr. Paulo Roberto Iotti Vecchiatti, Universidade Santa Cecília, Santos, SP, Brasil /
Me. Pérsio Henrique Barroso, Senado Federal, Brasília, DF, Brasil / Ma. Priscilla Cardoso
Rodrigues, Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal / Me. Rafael Diogo Diógenes Lemos,
UniFanor, Aracaju, RN, Brasil / Me. Rafael Reis Ferreira, Universidade Federal de Roraima, Boa
Vista, RR, Brasil / Me. Rafael Santos Soares, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
Horizonte, MG, Brasil / Dr. Rafael Silveira e Silva, Instituto Legislativo Brasileiro, Brasília, DF,
Brasil / Dr. Rafael Lamera Giesta Cabral, Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Mossoró,
RN, Brasil / Dr. Raoni Macedo Bielschowsky, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia,
MG, Brasil / Dr. Raphael Peixoto de Paula Marques, Advocacia-Geral da União, Brasília, DF,
Brasil / Dra. Regina Stela Corrêa Vieira, Universidade do Oeste de Santa Catarina, Chapecó, SC,
Brasil / Dra. Renata Rodrigues de Castro Rocha, Universidade Federal do Tocantins, Palmas, TO,
Brasil / Dr. Ricardo Sontag, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil /
Dra. Rita de Cássia Corrêa de Vasconcelos, Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba,
PR, Brasil / Dra. Roberta Correa de Araujo, Faculdade de Olinda, Olinda, PE, Brasil / Dr. Roberto
Gomes de Albuquerque Melo Júnior, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE, Brasil /
Dr. Roberto Henrique Pôrto Nogueira, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, MG,
Brasil / Dr. Rodrigo Grazinoli Garrido, Universidade Católica de Petrópolis, Petrópolis, RJ, Brasil /
Dr. Rodrigo Leite Ferreira Cabral, Ministério Público do Estado do Paraná, Curitiba, PR, Brasil /
Dr. Rodrigo Nóbrega Farias, Universidade Estadual da Paraíba, Guarabira, PB, Brasil /
Me. Rodrigo da Silva Brandalise, Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal / Dra. Rosalice
Fidalgo Pinheiro, Centro Universitário Autônomo do Brasil, Curitiba, PR, Brasil / Dr. Rubens
Beçak, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil / Dr. Rubens Valtecides Alves,
Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG, Brasil / Dra. Rubia Carneiro Neves,
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil / Dra. Salete Oro Boff,
Faculdade Meridional, Passo Fundo, RS, Brasil / Dra. Sandra Mara Campos Alves, Fundação
Oswaldo Cruz, Brasília, DF, Brasil / Dr. Sandro Marcelo Kozikoski, Universidade Federal do
Paraná, Curitiba, PR, Brasil / Dr. Saulo Nunes de Carvalho Almeida, Centro Universitário Católica
de Quixadá, Fortaleza, CE, Brasil / Dra. Sônia Letícia de Méllo Cardoso, Universidade Estadual
de Maringá, Maringá, PR, Brasil / Dr. Tarsis Barreto Oliveira, Universidade Federal do Tocantins,
Palmas, TO, Brasil / Dr. Thiago Rodrigues Silame, Universidade Federal de Alfenas, Alfenas, MG,
Brasil / Dr. Tiago Cappi Janini, Universidade Estadual do Norte do Paraná, Jacarezinho, PR,
Brasil / Dr. Tiago Ivo Odon, Senado Federal, Brasília, DF, Brasil / Dr. Túlio Chaves Novaes,
Universidade Federal do Oeste do Pará, Santarém, PA, Brasil / Dra. Valéria Ribas do Nascimento,
Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, Brasil / Dr. Vallisney de Souza Oliveira,
Justiça Federal, Brasília, DF, Brasil / Dr. Valter Rodrigues de Carvalho, Universidade Cruzeiro do
Sul, São Paulo, SP, Brasil / Dra. Vanessa Spinosa, Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
Natal, RN, Brasil / Dra. Veridiana Pereira Parahyba Campos, Fundação Carlos Chagas, Caxingui,
SP, Brasil
Autores
Alejandro Knaesel Arrabal é doutor em Direito Público pela Unisinos, São Leopoldo, RS, Brasil;
professor titular e pesquisador dos programas de pós-graduação em Direito e em Administração
da Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB), Blumenau, SC, Brasil; professor do
programa de graduação em Direito da FURB, Blumenau, SC, Brasil. / Álvaro Ricardo de Souza
Cruz é doutor e mestre em Direito Constitucional pela Universidade Federal de Minas Gerais,
Belo Horizonte, MG, Brasil; professor adjunto III dos programas de graduação e pós-graduação
(mestrado e doutorado) da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte,
MG, Brasil; procurador federal do Ministério Público Federal, Belo Horizonte, MG, Brasil. / André
de Carvalho Ramos é doutor em Direito pela Universidade de São Paulo (USP), São Paulo,
SP, Brasil; professor da Faculdade de Direito da USP, São Paulo, SP, Brasil; professor titular do
programa de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) da Faculdade Autônoma
de Direito, São Paulo, SP, Brasil; procurador regional da República, Ministério Público Federal,
São Paulo, SP, Brasil. / André Saddy é doutor em Problemas actuales de Derecho Administrativo
pela Universidad Complutense de Madrid, Madri, Espanha; pós-doutor pela Universidade de
Oxford, Oxford, Reino Unido; mestre em Administração Pública pela Universidade de Lisboa,
Lisboa, Portugal; professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense, Rio
de Janeiro, RJ, Brasil; professor do Departamento de Direito da Pontifícia Universidade Católica
do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; consultor e parecerista. / Bruno Lamenha é mestre
em Direito pela Universidade Federal de Alagoas, Maceió, AL, Brasil; doutorando em Direito
na Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE, Brasil. / Érica Ribeiro Guimarães Amorim
é mestra e graduada em Direito pela Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA, Brasil;
advogada atuante em Salvador, BA, e Brasília, DF, Brasil. / Fabiano de Figueirêdo Araujo é
mestre em Direito e Políticas Públicas pelo UniCEUB, Brasília, DF, Brasil; doutorando em Direito
Constitucional no Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), Brasília, DF, Brasil; professor do
programa de graduação em Direito do IDP, Brasília, DF, Brasil; procurador da Fazenda Nacional,
Brasília, DF, Brasil. / Flávia Danielle Santiago Lima é doutora e mestra em Direito Público pela
Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE, Brasil; professora permanente do programa
de pós-graduação (mestrado) em Direito da Faculdade Damas, Recife, PE, Brasil; professora
da Faculdade de Direito da Universidade de Pernambuco, Recife, PE, Brasil; advogada da
União, Procuradoria Regional da União na 5a Região, Recife, PE, Brasil. / Francisco Antônio
de Barros e Silva Neto é doutor e mestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE), Recife, PE, Brasil; professor associado dos programas de graduação e pós-graduação
(mestrado e doutorado) da Faculdade de Direito do Recife da UFPE, Recife, PE, Brasil; juiz
federal, Recife, PE, Brasil. / Guilherme Scodeler de Souza Barreiro é mestre em Administração
Pública pela Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG, Brasil; doutorando em Direito Público
na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil; professor do
curso de Direito do Centro Universitário de Lavras, Lavras, MG, Brasil; bolsista da Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). / Ilana Trombka é mestra em
Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,
RS, Brasil; doutoranda em Administração na Fundação Getulio Vargas, São Paulo, SP, Brasil;
professora do programa de graduação em Comunicação Social do UniCEUB, Brasília, DF,
Brasil; professora do programa de pós-graduação (mestrado e doutorado) em Direito Legislativo
do Instituto Legislativo Brasileiro, Brasília, DF, Brasil; diretora-geral do Senado Federal. / José
Levi Mello do Amaral Júnior é doutor pela Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP,
Brasil; livre-docente da USP, São Paulo, SP, Brasil; professor associado de Direito Constitucional
da Faculdade de Direito da USP, São Paulo, SP, Brasil. / Juliana Rodrigues é mestra em
Administração pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo
(FEA-USP), São Paulo, SP, Brasil; doutoranda em Administração Pública na Fundação Getulio
Vargas, São Paulo, SP, Brasil; pesquisadora colaboradora do Centro de Empreendedorismo
Social e Administração em Terceiro Setor da FEA-USP, São Paulo, SP, Brasil; membra e
consultora do Programa Academia do Instituto de Cidadania Empresarial, São Paulo, SP,
Brasil; consultora e pesquisadora de temas relacionados a inovação social, empreendedorismo
social e negócios de impacto. / Marco Aurélio Gumieri Valério é doutor em Sociologia pela
Universidade Estadual Paulista, São Paulo, SP, Brasil; doutorando em Direito na Universidade
de São Paulo (USP), São Paulo, SP, Brasil; professor do programa de graduação da Faculdade
de Economia, Administração e Contabilidade da USP, Ribeirão Preto, SP, Brasil; professor do
programa de pós-graduação em Integração da América Latina da USP, São Paulo, SP, Brasil;
advogado; membro da Comissão Especial de Ensino Jurídico da Ordem dos Advogados do
Brasil, seção de São Paulo, SP, Brasil. / Marcos Antônio Mattedi é doutor em Ciências Sociais
pela Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, Brasil; pós-doutor pelo Centre de
Sociologie de l’Innovation, Paris, França; professor titular e pesquisador do programa de pós-
graduação em Desenvolvimento Regional da Fundação Universidade Regional de Blumenau,
Blumenau, SC, Brasil. / Wilson Engelmann é doutor em Direito Público pela Unisinos, São
Leopoldo, RS, Brasil; pós-doutor em Direito Público-Direitos Humanos pela Universidade de
Santiago de Compostela, Santiago de Compostela, Espanha; professor titular e pesquisador
do programa de pós-graduação (mestrado e doutorado) em Direito da Unisinos, São Leopoldo,
RS, Brasil; bolsista de produtividade em pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq).
Sumário
Autoras convidadas
Artigos
ILANA TROMBKA
JULIANA RODRIGUES
Abstract: The Senate Bill n. 338/2018, which addresses the Social Impact
Contract as an alternative for the provision of public services through a
will agreement in which a public or private entity, with or non-profit, is
committed to achieving certain goals of social interest. This article studies
the aspects that determined the inclusion of the theme in the public and
state agenda. As it is an ongoing process involving several actors internal
and external to the governmental structure, the case is a rich opportunity
to understand the visible and hidden aspects related to the bill, based on
the analysis of the confluence between the problem flows, of politics and
public policy, to contribute to the knowledge of agenda formation in the
Autoras convidadas current Brazilian context.
1 Introdução
12
O Comitê da Enimpacto era composto por 26 instituições públicas e privadas,
incluindo sete ministérios, três bancos públicos, outras seis organizações públicas e dez
organizações da sociedade civil. Em 2018 seus membros eram: Casa Civil; ministérios do
Planejamento, da Fazenda, do Desenvolvimento Social, das Relações Exteriores, da Ciên-
cia, Tecnologia, Inovações e Comunicações, e da Indústria, Comércio Exterior e Serviços;
Banco do Brasil; BNDES; Caixa Econômica Federal; Serviço Brasileiro de Apoio às Micro
e Pequenas Empresas (Sebrae); Financiadora de Estudos e Projetos (Finep); Comissão de
Valores Mobiliários (CVM); Apex Brasil; Escola Nacional de Administração Pública (Enap);
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); Associação
Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP); Anjos do Brasil; Associação
Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec); Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID); Confederação Nacional da Indústria (CNI);
Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife); ICE; Pipe Social; Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (PNUD); e Sistema B.
13
Em 2018 o aumento do interesse pelo tema é evidenciado pelo significativo crescimento
do Fórum de Finanças Sociais e Negócios de Impacto, com mais de 1.050 participantes
presenciais, além de outros 2.300 que acompanharam on-line as sessões com 170 pales-
trantes brasileiros e seis internacionais (INSTITUTO DE CIDADANIA EMPRESARIAL,
2018). Ao lado do Reino Unido, o Brasil foi escolhido pela Organização para a Cooperação
e Desenvolvimento Econômico (OCDE) como modelo para outros países que desejam fo-
mentar o campo de investimentos e negócios de impacto (COMITÊ DE INVESTIMENTOS
E NEGÓCIOS DE IMPACTO, 2018). A Enimpacto também recebeu destaque no artigo
“Behind the scenes of impact investment policy-making” (“Nos bastidores da política de
investimento de impacto”) – documento assinado conjuntamente pelo Fórum Econômico
Mundial e pelo governo britânico.
14
“A atuação do Comitê de Investimentos e Negócios de Impacto gerou maior integração
entre as diversas organizações públicas e privadas que dele participam e tem produzido
maior complexidade econômica, seja por meio da proposição de normas em articulação
com o Legislativo, seja por meio da criação de programas de aceleração de startups de im-
pacto, seja por meio da estruturação de fundo de investimento para negócios de impacto”
(MACIEL, 2020, p. 10).
15
Quanto ao perfil dos parlamentares que desde o início se destacaram na tramita-
ção do PLS no 338/2018, registre-se que se alinham com a escola liberal do pensamento
econômico. O autor do projeto, senador Tasso Jereissati, é membro do Partido da Social
Democracia Brasileira (PSDB-CE). Da mesma agremiação fez parte até o início de 2020
o senador Antonio Anastasia, que hoje representa o estado de Minas Gerais pelo Partido
Social Democrático (PSD-MG). A ex-senadora Lúcia Vânia também era filiada ao PSDB
até fevereiro de 2015; depois de breve passagem pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB-GO)
quando da relatoria do projeto na CAE, desde 2019 pertence aos quadros do partido Cida-
dania (Cidadania-GO). Ambos os senadores que solicitaram audiência pública são filiados
ao Partido dos Trabalhadores: Humberto Costa (PT-PE) e Rogério Carvalho (PT-SE). Ob-
serve-se que o autor da matéria representa o estado do Ceará, uma das primeiras unidades
da Federação a tentar implantar o modelo de CIS; porém, dada a ausência de um marco
regulatório específico, o programa não foi exitoso, o que provavelmente contribuiu para o
interesse do parlamentar em utilizar suas atribuições constitucionais com o fim de auxiliar
na facilitação da utilização do instrumento.
16
Em sua versão original, a proposta compõe-se de quatro capítulos. O Capítulo I
trata das disposições gerais e informa sobre o assunto do texto e a definição geral dos CIS.
O Capítulo II refere-se à seleção do contratado e informa que a regra geral é a licitação
pública nas modalidades pregão ou concorrência para a seleção de entidade pública ou
privada; quando o caráter singular do objeto não permite a licitação, é possível efetivar a
contratação por meio de edital de chamada pública. O Capítulo III apresenta especificações
sobre o contrato e a matriz de riscos e responsabilidades, entre as quais se destacam: a
vedação ao demandante de assumir, a qualquer título, obrigação financeira pelos riscos de
não atingimento das metas; a duração máxima da ação; a inserção da obrigação financeira
nas leis orçamentárias; a descrição do instrumento de formalização dos CIS; a garantia de
liberdade de atuação para a entidade contratada, que inclui contratações, subcontratações
e recebimento de investimento de parceiros de risco (os quais não poderão ser responsa-
bilizados por obrigações cíveis, comerciais, trabalhistas, previdenciárias ou tributárias da
entidade contratada); e as condições para a contratação de avaliador externo. Por fim, o
Capítulo IV elenca as normas que se aplicam subsidiariamente aos CIS (BRASIL, 2018b).
17
Sobre o tema, Monteiro e Rosilho (2017, p. 1.173-1.174) explicam que “[o] CIS quer
ampliar as possibilidades de engajamento da iniciativa privada em projetos sociais para
além dos limites da benemerência. É atrair capital privado que busca retorno financeiro via
projeto público com potencial para gerar impacto social efetivo. Investimentos dessa natureza
não se confundem com filantropia. Não envolvem doação pura e simples, mas a criação de
estímulos econômicos para o mercado investir em atividades socialmente relevantes por
sua conta e risco (por exemplo, educação e segurança pública). Investimentos de impacto
social pressupõem a possibilidade de remuneração de capital privado alocado em projetos
sociais, gerando, a um só tempo, valor social (a ser auferido pela coletividade como um
todo) e valor pecuniário (a ser auferido pelo investidor privado). A premissa desse tipo
de contrato é a de que as intervenções possam simultaneamente gerar: (1) impacto social
positivo (isto é, aprimoramento de atividades e serviços sociais já prestados pelo Estado); (2)
retorno financeiro ao investidor privado (que auferirá lucro apenas na hipótese de sucesso
de intervenções sociais, o que justifica que o contrato autorize o investidor a ter governança
sobre o contrato); (3) economia ao Poder Público (que poderá ter custos reduzidos em caso
de sucesso de intervenções sociais)”.
18
Salientou também que o tema é de interesse do Poder Executivo federal, já que os CIS
estão previstos no “Eixo I – Ampliação da Oferta de Capital, Macro Objetivo 3 – Estimular
a Compra/Contratação de Negócios de Impacto pelo Estado e Ação 4 – Incentivar, Conec-
tar e Apoiar a Estruturação de Contratos de Impacto Social (Social Impact Bonds – SIBs)”
(BRASIL, 2018a, p. 5-6).
19
Também se passou “a reconhecer a possibilidade de o contrato prever a constituição
de Sociedade de Propósito Específico (SPE) […]. Tal dispositivo também permite ao poder
público autorizar a substituição da contratada ou a assunção do controle da SPE em favor
de seus financiadores. Como consequência, adequou-se o comando […] que isentava os
financiadores de qualquer responsabilidade quanto às obrigações tributárias e trabalhistas,
entre outras, apenas para deixar claro que tal isenção se refere ao período anterior à eventual
substituição da contratada ou transferência do controle da SPE” (BRASIL, 2018a, p. 7-8).
20
Esse artigo também apresenta inovação ao determinar “(i) que o CIS permita rescisões
não apenas na hipótese de ‘falta contratual’, como o não atingimento de metas parciais,
ainda que a contratada se mostre diligente, e (ii) que o CIS possa prever sanções que não
importem rescisão, como quando a contratada atinge as metas fixadas, mas descumpre
alguma vedação legal ou contratual (ou seja, a obrigação de não fazer)” (BRASIL, 2018a, p. 8).
21
Frisou-se no art. 2o que o texto trata somente de contratos, com remuneração e pre-
visão de margem de lucro, excluindo-se os convênios. De modo similar, como a expressão
metas de interesse social é bastante imprecisa, propôs-se a sua substituição por impactar
Quadro 1
PLS no 338/2018
7 Considerações finais
Sobre as autoras
Ilana Trombka é mestra em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil; doutoranda em Administração na Fundação Getulio
Vargas, São Paulo, SP, Brasil; professora do programa de graduação em Comunicação Social
do UniCEUB, Brasília, DF, Brasil; professora do programa de pós-graduação (mestrado e
Referências
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BATTILANA, Julie; LEE, Matthew; WALKER, John; DORSEY, Cheryl. In search of the
hybrid ideal. Stanford Social Innovation Review, [s. l.], v. 10, n. 3, p. 49-55, 2012. Disponível
em: https://ssir.org/articles/entry/in_search_of_the_hybrid_ideal. Acesso em: 17 maio 2021.
Apêndice
Quadro 2
Quadro 3
Legenda:
Termos que aparecem: fundos patrimoniais, endowments, sistema B, investimento social privado, investimento
de impacto, filantropia, ESG, negócios sociais.
* (com um asterisco): vinculado ao lançamento dos CIS pelo Ministério da Economia com recursos do FAT.
** (com dois asteriscos): aprovação do PLS no 338/2018 na CAE.
1. ADACHI, Vanessa. O novo normal dos negócios é aliar lucro a critérios mais sustentáveis
de aplicação. Valor Econômico, São Paulo, 30 ago. 2019. Seção Eu & fim de semana. Disponível
em: https://www12.senado.leg.br/senado-na-midia/clippings/2019/08/30/copy_of_o-novo-
normal-dos-negocios-e-aliar-lucro-a-criterios-mais-sustentaveis-de-aplicacao. Acesso em:
17 maio 2021.
2. BARROS, Bettina. Não falta dinheiro para agricultura de impacto. Valor Econômico, [São
Paulo], 10 set. 2018. Seção Agronegócios, p. B10. Disponível em: https://www12.senado.leg.
br/senado-na-midia/clippings/2018/09/10/nao-falta-dinheiro-para-agricultura-de-impacto.
Acesso em: 17 maio 2021.
3. BNDES anuncia foco na promoção de fundos patrimoniais filantrópicos. Revista
Istoé Online, [s. l.], 14 fev. 2020. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/senado-na-
midia/clippings/2020/02/14/bndes-anuncia-foco-na-promocao-de-fundos-patrimoniais-
filantropicos. Acesso em: 17 maio 2021.
4. COLUCCI, Fernando; BACELLAR, Camila; MASCARENHAS, Carolina. “Endowment” e a
cultura da filantropia. Valor Econômico, [São Paulo], 2 dez. 2019. Seção Legislação & Tributos.
Disponível em: https://www12.senado.leg.br/senado-na-midia/clippings/2019/12/02/
fernando-colucci-camila-bacellar-e-carolina-mascarenhas-2018endowment2019-e-a-
cultura-da-filantropia. Acesso em: 17 maio 2021.
5. COTIAS, Adriana; SCHINCARIOL, Juliana. Bancos começam a criar estruturas para
“endowments”. Valor Econômico, São Paulo, 7 jan. 2020. Seção Finanças. Disponível em:
30
SENADO na mídia. Brasília, DF: Senado Federal, [2015-2021]. Disponível em: https://
www12.senado.leg.br/senado-na-midia. Acesso em: 17 maio 2021.
31
Clipping passa a ser feito pelo Serviço de Processamento de Jornais da Biblioteca –
28/4/2016.
1 Introdução
1
Para efeito de regulamentação das medidas de enfrentamento da emergência de saúde
pública de importância internacional decorrente do coronavírus, integra o rol de serviços
essenciais a “produção, distribuição, comercialização e entrega, realizadas presencialmente
ou por meio do comércio eletrônico, de produtos de saúde, higiene, limpeza, alimentos,
bebidas e materiais de construção” (BRASIL, 2020a, grifo nosso).
2 Linguagem e realidade
Nesse mesmo sentido, Berger e Luckmann
A linguagem assume um papel fundamental (2014, p. 60) afirmam que “a linguagem é capaz
na constituição de nossa humanidade. Gadamer de ‘tornar presente’ uma grande variedade de
(2011, p. 182) afirma que ela é “o centro do ser objetos que estão espacial, temporal e social-
humano, quando considerada no âmbito que só mente ausentes no ‘aqui agora’. Ipso facto uma
ela consegue preencher: o âmbito da convivência vasta acumulação de experiências e significações
humana, […] tão indispensável à vida humana podem ser objetivadas no ‘aqui e agora’”. Ocorre,
como o ar que respiramos”. Dentre as inúmeras contudo, que toda representação assume também
criações da humanidade, “a linguagem deve ocu- o protagonismo criativo. Quando se conside-
par um lugar de destaque. Outras invenções – a ra a linguagem apenas como representação do
roda, a agricultura, o pão fatiado – podem ter mundo, os objetos, as pessoas, as formas são
transformado nossa existência material, mas foi o percebidas como entidades cujos atributos já
advento da linguagem que nos tornou humanos” estão naturalmente dados. É como se as palavras
(DEUTSCHER, 2014, p. 13). Todavia, muitos apenas iluminassem uma realidade previamente
ainda reconhecem a linguagem apenas como estabelecida.
um “meio” que torna possível a expressão de Entretanto, usar a linguagem é mais do que
pensamentos e a comunicação. Trata-se de uma representar; é agir no mundo criando signifi-
Os seres humanos são seres linguísticos, seres A título de exemplo, na língua inglesa a pa-
que vivem na linguagem. […] É claro que lavra free é empregada para designar não apenas
os seres humanos não são apenas seres lin-
liberdade mas também gratuidade. Assim, há de
guísticos e que, portanto, a linguagem não
esgota a multidimensionalidade do fenômeno se supor que, do ponto de vista performativo,
humano. […] A existência humana reconhe- falantes de inglês tendem a reconhecer de for-
ce três domínios primários. […] São eles: o ma mais imediata a liberdade como liberdade
domínio do corpo, o domínio das emoções
econômica, diversamente do que ocorre com
e o domínio da linguagem. Cada um desses
domínios integra fenômenos diferentes que falantes de língua portuguesa, em que não há
não permitem ser reduzidos a outro, sem sa- uma associação léxica direta entre liberdade e
crificar com ele a especificidade dos fenôme- gratuidade, palavra de origem latina que no pen-
nos que têm lugar em cada um. A autonomia samento cristão foi radicada ao sentido de graça,
destes três domínios primários não impede
benesse ou bênção. O vínculo entre a realidade
estreitas relações de coerência entre eles. Isso
significa que os fenômenos que têm lugar, por humana, seus signos e linguagens é destacado
exemplo, no domínio emocional (emoções) por Lévy (1999b, p. 22):
são coerentes com os que podemos detectar
no nível do corpo (posturas) e da linguagem
É impossível separar o humano de seu am-
(o que se diz e escuta). […] Se reconhecemos
biente material, assim como dos signos e das
três domínios primários, […] por que então
imagens por meio dos quais ele atribui sentido
defendemos a prioridade da linguagem? […]
à vida e ao mundo. Da mesma forma, não
Porque é precisamente por meio da linguagem
podemos separar o mundo material – e menos
que conferimos sentido a nossa existência e é
ainda sua parte artificial – das ideias por meio
também com ela que nos é possível reconhecer
das quais os objetos técnicos são concebidos
a importância dos domínios existenciais não
e utilizados, nem dos humanos que os inven-
linguísticos. […] Não há um lugar fora da
tam, produzem e utilizam. Acrescentamos,
linguagem a partir do qual possamos observar
enfim, que as imagens, as palavras, as cons-
nossa existência.
truções de linguagem entranham-se nas almas
humanas, fornecem meios e razões de viver
No centro da concepção de linguagem das aos homens e suas instituições, são recicladas
por grupos organizados e instrumentalizados,
teorias pragmáticas está a noção de performa-
como também por circuitos de comunicação
tividade, segundo a qual as palavras não ape- e memórias artificiais.
nas representam ou servem para comunicar,
mas criam realidades e moldam a percepção No campo do pragmatismo linguístico, Silva
(BEZERRA JUNIOR, 2015). No que se refere a (1994, p. 19) destaca que “a linguagem trans-
esses aspectos, Berger e Luckmann (2014, p. 61) formou-se em modo de ‘compreensão’ do ser
assinalam: (Heidegger); modo de constituição do Outro e do
mundo (Lacan, Lévi-Strauss, Merleau-Ponty); em
A linguagem é capaz não somente de construir agir comunicativo (Habermas); em ação (Austin,
símbolos altamente abstraídos da experiência Wittgenstein)”. Austin (1975) destacou o caráter
Sobre os autores
Alejandro Knaesel Arrabal é doutor em Direito Público pela Unisinos, São Leopoldo, RS,
Brasil; professor titular e pesquisador dos programas de pós-graduação em Direito e em
Administração da Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB), Blumenau, SC,
Brasil; professor do programa de graduação em Direito da FURB, Blumenau, SC, Brasil.
E-mail: [email protected]
Marcos Antônio Mattedi é doutor em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de
Campinas, Campinas, SP, Brasil; pós-doutor pelo Centre de Sociologie de l’Innovation, Paris,
França; professor titular e pesquisador do programa de pós-graduação em Desenvolvimento
Regional da Fundação Universidade Regional de Blumenau, Blumenau, SC, Brasil.
E-mail: [email protected]
Wilson Engelmann é doutor em Direito Público pela Unisinos, São Leopoldo, RS, Brasil;
pós-doutor em Direito Público-Direitos Humanos pela Universidade de Santiago de
Compostela, Santiago de Compostela, Espanha; professor titular e pesquisador do programa
de pós-graduação (mestrado e doutorado) em Direito da Unisinos, São Leopoldo, RS,
Brasil; bolsista de produtividade em pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq).
E-mail: [email protected]
Referências
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prospectivas de futuro. Madrid: Universidad Francisco de Vitoria, 2013. (Colección Diálogos).
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à filosofia. São Paulo: Moderna, 1986.
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Sbisà. 2nd ed. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1975. (The William James
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BERGER, Peter L.; LUCKMANN, Thomas. A construção social da realidade: tratado de
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BEZERRA JUNIOR, Benilton. O valor das diferenças em um mundo compartilhado, com
Benilton Bezerra Jr. (íntegra). [S. l.]: Instituto CPFL, 11 ago. 2015. 1 vídeo (124 min).
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deveres para o uso da Internet no Brasil. Brasília, DF: Presidência da República, [2018].
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Acesso em: 22 mar. 2021.
1
Hesse (1991), nesse ponto, esclarece que a Lei Fundamental de Bonn de 1949 não
apresentou mecanismos para tratamento de situações conflituosas institucionais (a exemplo
do Estado de Sítio no paradigma brasileiro), mercê dos abusos cometidos sob a égide do
art. 48 da Constituição de Weimar, havendo uma clara lacuna normativa sobre o assunto.
2
Denominação utilizada por Canotilho (2003, p. 1.083).
3
Denominação preferida por Loewenstein (1979, p. 285). Ressalte-se que o tratamento
da excepcionalidade normativa em contextos de crise é também denominado Estado de
Exceção; seu teórico mais conhecido é Carl Schmitt, famoso por declarar que “o Soberano
é quem decide sobre o estado de exceção” (SCHMITT, 2009, p. 12, tradução nossa).
4
Por todos, Carl Schmitt (AGAMBEN, 2004, p. 22).
Sobre os autores
José Levi Mello do Amaral Júnior é doutor pela Universidade de São Paulo (USP), São
Paulo, SP, Brasil; livre-docente da USP, São Paulo, SP, Brasil; professor associado de Direito
Constitucional da Faculdade de Direito da USP, São Paulo, SP, Brasil.
E-mail: [email protected]
Fabiano de Figueirêdo Araujo é mestre em Direito e Políticas Públicas pelo UniCEUB,
Brasília, DF, Brasil; doutorando em Direito Constitucional no Instituto Brasiliense de Direito
Público (IDP), Brasília, DF, Brasil; professor do programa de graduação em Direito do IDP,
Brasília, DF, Brasil; procurador da Fazenda Nacional, Brasília, DF, Brasil.
E-mail: [email protected]
Referências
AGAMBEN, Giorgio. Estado de exceção. Tradução de Iraci D. Poleti. São Paulo: Boitempo,
2004. (Estado de Sítio).
BRASIL. Congresso Nacional. Decreto Legislativo no 6, de 2020. Reconhece, para os fins
do art. 65 da Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, a ocorrência do estado de
calamidade pública, nos termos da solicitação do Presidente da República encaminhada por
1
Por exemplo, um autorretrato da artista nua ou uma releitura de O pensador, de Rodin,
deslocando-se a ênfase para os membros e as suas extremidades.
2
“Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. Única
lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos.
De todas as religiões. De todos os tratados de paz. Tupi, or not tupi, that is the question”
(ANDRADE, 2017, p. 45).
3
Há quem fale em uma fase intermediária, a neo-Pau-Brasil, mas os seus limites não
nos parecem muito claros.
4
Mais amplamente sobre o tema, ver Azevedo (1996).
10
Tomados pelo gênero, do qual as obras de arte são espécie.
11
Ver, por exemplo, Riegl (2014).
12
Como resume Bauman (2013, p. 37), vivemos um “ponto de interrogação no vínculo
incipiente e inquebrantável entre identidade e nacionalidade, o indivíduo e seu lugar de
habitação, sua vizinhança física e sua identidade cultural (ou, de maneira mais simples,
sua proximidade física e cultural)”.
13
Também houve outras, como o projeto de lei apre- 15
O art. 216 da CRFB não reproduz expressões como
sentado pelo deputado baiano José Wanderley de Araújo excepcional valor ou fatos memoráveis ao qualificar os bens
Pinho em 1930 (SERVIÇO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO integrantes do patrimônio cultural, referindo-se a eles como
E ARTÍSTICO NACIONAL, 1963, p. 79-88). “portadores de referência à identidade, à ação, à memória
14
A terminologia representa uma concessão ao ante- dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira”
projeto elaborado pelo escritor Mário de Andrade em 1936, (BRASIL, [2021]). Desse modo, hoje, “patrimonializar é
a convite do ministro Gustavo Capanema (SERVIÇO DO selecionar um bem cultural (objetos e práticas) por meio
PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL, de atribuição de valor de referência cultural para um grupo
1963, p. 90-106). Desse anteprojeto, porém, pouco foi apro- de identidade” (CHUVA, 2012, p. 73).
veitado na redação do Decreto-lei no 25/1937. 16
Sobre o tema, ver Miranda (2006, p. 39).
17
Ver Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (Iphan) (2015) para a relação dos bens tombados 18
Sobre a influência de Lúcio Costa na definição das
pelo Iphan desde a criação do serviço. diretrizes do tombamento em nível federal, ver Pessôa (2004).
25
Nesse sentido, “jamais se enfatizará o suficiente a importância e a utilidade de se
estabelecer uma documentação completa e detalhada dos objetos que se consideram bens
culturais. A existência desse tipo de documentação se relaciona diretamente com o êxito na
proteção dos bens culturais de um país” (ASKERUD; CLÉMENT, 1999, p. 37, tradução nossa).
7 Conclusões
Sobre o autor
Francisco Antônio de Barros e Silva Neto é doutor e mestre em Direito pela Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE), Recife, PE, Brasil; professor associado dos programas de
graduação e pós-graduação (mestrado e doutorado) da Faculdade de Direito do Recife da
UFPE, Recife, PE, Brasil; juiz federal, Recife, PE, Brasil.
E-mail: [email protected]
26
É possível que, de mão em mão, o ordenamento jurídico do seu endereço atual
atribua primazia à defesa dos interesses do adquirente de boa-fé, negando a apreensão e a
devolução da obra de arte. Nesse sentido, ver Ody (2018, p. 223).
Referências
AMARAL, Tarsila do (Tarsilinha). Abaporu: uma obra de amor. São Paulo: A&A
Comunicação, 2015.
AMORIM, Fernando Sérgio Tenório de. O direito internacional privado e os desafios do
mercado global: a proteção da diversidade cultural no comércio eletrônico de bens e serviços
culturais. Curitiba: Juruá, 2013.
ANDRADE, Oswald de. Manifesto antropófago e outros textos. Organização e coordenação
editorial de Jorge Schwartz e Gênese Andrade. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
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1
Expressão cunhada por Huntington (1994) e amplamente difundida no estudo da
transição e consolidação democrática nas últimas décadas.
2
Apesar de existir significativa discussão na literatura especializada a respeito, é sufi-
ciente para os propósitos deste texto diferenciar direitos difusos, direitos coletivos e direitos
individuais homogêneos no marco do art. 81, parágrafo único, do Código de Defesa do
Consumidor. Assim: (i) direitos difusos são direitos transindividuais, “de natureza indivi-
sível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato”;
(ii) direitos coletivos são direitos “de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria
ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base”;
e (iii) direitos individuais homogêneos são direitos individuais equiparados à condição de
direitos transindividuais em razão da “origem comum” que conecta todos os seus titulares
(BRASIL, [2017]).
5
Contudo, em depoimento ao projeto História Oral do Supremo Tribunal Federal
(FONTAINHA; SILVA; NUÑEZ, 2015, p. 67), Sepúlveda Pertence declarou que “era essencial”
ao Ministério Público de 1988 libertar-se da função de advogado da União.
6
A Carta de Curitiba de 1986 foi um documento corporativo produzido pela Conamp
e que sintetizava as “linhas mestras do posicionamento do Ministério Público” para a ANC
que logo seria instalada. Continha cerca de 70 disposições, entre as quais quinze artigos e
vários parágrafos, incisos e alíneas, todos relacionados ao novo desenho institucional do
Ministério Público (CABRAL NETTO, 2009, p. 75-76; SABELLA; DAL POZZO; BURLE
FILHO, 2013, p. 31-32). Apesar de existirem divergências na literatura quanto ao nível de
adesão dos constituintes ao texto da Carta (KERCHE, 2009, p. 19-21), sua influência no
texto final da CRFB é inegável.
Sobre os autores
Flávia Danielle Santiago Lima é doutora e mestra em Direito Público pela Universidade
Federal de Pernambuco, Recife, PE, Brasil; professora permanente do programa de pós-
graduação (mestrado) em Direito da Faculdade Damas, Recife, PE, Brasil; professora da
Faculdade de Direito da Universidade de Pernambuco, Recife, PE, Brasil; advogada da
União, Procuradoria Regional da União na 5a Região, Recife, PE, Brasil.
E-mail: [email protected]
Bruno Lamenha é mestre em Direito pela Universidade Federal de Alagoas, Maceió, AL,
Brasil; doutorando em Direito na Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE, Brasil.
E-mail: [email protected]
Referências
ALONSO, Angela; COSTA, Valeriano; MACIEL, Débora. Identidade e estratégia na formação
do movimento ambientalista brasileiro. Novos Estudos CEBRAP, [São Paulo], n. 79, p. 151-
167, nov. 2007. DOI: https://doi.org/10.1590/S0101-33002007000300008. Disponível em:
Introdução
1
Conforme o art. 1o da Convenção sobre os Direitos e Deveres dos Estados, firmada em
Montevidéu, em 1933 (BRASIL, 1937). Segundo Dugard (2013, p. 10), apesar de ser uma
convenção regional americana (ratificada por 17 Estados, incluindo o Brasil e os Estados
Unidos), é tida como reflexo da prática dos Estados.
13
Sobre o Estado pluriétnico estabelecido pela Constituição da República Federativa
do Brasil de 1988, ver Ramos (2020, p. 925).
14
Ver Eltis e Richardson (2008, p. 21). Entre 1550 e 1850, o número total de africanos
escravizados desembarcados no Brasil atinge 4,8 milhões de pessoas. Foram consultados
os números fornecidos por Alencastro e também o banco de dados organizado por Eltis e
15
Ver Klein (2010, p. 190). Ver Bethell (2002, p. 34).
17
28
Foram três representantes: o conde Palmela, Antônio Saldanha da Gama e Joaquim
Lobo da Silveira.
29
A regra foi de 1 deputado por cada 30.000 cidadãos livres. Conforme Cunha (2007,
p. 180), ao Brasil coube “representação aproximada de 70 deputados (cerca de 50 chegaram
a exercer o mandato) contra 130 de Portugal”.
30
Ver Slemian e Pimenta (2003, p. 82).
31
Nesse sentido, ver Magnoli (1997, p. 86).
32
Em 1823, a carta foi publicada. No original, em português da época: “Triunfa, e
triunfará a Independencia Brasilica, ou a morte nos hade custar”. Ao final, dom Pedro
pede a dom João VI que apresente a carta às Cortes de Lisboa, para tornar pública sua
crítica e irresignação.
Conclusão
33
Essas decisões das Cortes de Lisboa são as mencionadas usualmente como tendo
justificado o “grito do Ipiranga”. Lyra (1995, p. 197) relata que, somente em 1823, na aber-
tura dos trabalhos da Assembleia Constituinte, dom Pedro referiu-se à independência no
“sítio do Piranga”.
(APA)
Ramos, A. de C. (2021). Sem sentir e sem querer: a era colonial do Brasil à luz do Direito
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Referências
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RAMOS, André de Carvalho. Curso de direitos humanos. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.
1
“Art. 579. O desconto da contribuição sindical está condicionado à autorização prévia
e expressa dos que participarem de uma determinada categoria econômica ou profissional,
ou de uma profissão liberal, em favor do sindicato representativo da mesma categoria ou
profissão ou, inexistindo este, na conformidade do disposto no art. 591 desta Consolidação”
(BRASIL, [2019a]).
6
“Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial,
na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso. […] § 3o
Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa
natural” (BRASIL, [2021c]).
cesso, a União responderá pelo encargo” (BRASIL, [2019a]). convenção” (BRASIL, [2019a]).
Sobre a autora
Érica Ribeiro Guimarães Amorim é mestra e graduada em Direito pela Universidade Federal
da Bahia, Salvador, BA, Brasil; advogada atuante em Salvador, BA, e Brasília, DF, Brasil.
E-mail: [email protected]
(APA)
Amorim, E. R. G. (2021). O controle de convencionalidade da Reforma Trabalhista de 2017.
Revista de Informação Legislativa: RIL, 58(231), 133‑150. Recuperado de https://www12.
senado.leg.br/ril/edicoes/58/231/ril_v58_n231_p133
ANDRÉ SADDY
1 Introdução
7
Não se vê aqui necessidade de um aprofundamento na demonstração da constituciona-
lidade da Lei no 9.637/1998 por já ter sido ela declarada constitucional pelo STF, mas, como
se demonstrou, o fundamento último dessa declaração é a teoria dos limites dos limites.
8
Esses tipos de decretos são conhecidos como regulamentos, mas as expressões decreto
e regulamento não se confundem: o regulamento refere-se ao conteúdo do ato, ao passo
que o decreto é a forma, o instrumento.
10
Na lição de Justen Filho (1997, p. 124), “[o] conceito indeterminado se configura
como ausência de regulação jurídica totalmente exaustiva em nível legislativo, mas com a
recusa do ordenamento jurídico de atribuir a solução dos casos práticos a critérios subjetivos
do aplicador do Direito. Reconhece-se a impossibilidade de formular, aprioristicamente, a
solução completa para certas situações, mas se vincula o aplicador à observância de certos
conceitos cuja determinação dependerá da avaliação concreta das circunstâncias. O aplicador
do Direito não é livre para adotar a decisão que melhor lhe pareça e deverá deduzi-la da
conjugação entre os princípios jurídicos, a satisfação do interesse público e da concretização
do conteúdo dos conceitos indeterminados”. Por sua vez, Moresco (1996, p. 79) explica:
“a) Conceito jurídico de conteúdo indeterminado é todo aquele cuja expressão de valor
possui textura variável e abertura a que o Direito confere significado próprio. Por isso,
afirma-se que a extensão e o conteúdo são em larga medida incertos; b) Fundamenta-se na
separação de fundações do Estado. O legislador não dispõe de competência (poder) para
emitir ordens concretas (atos administrativos), mas apenas ordens gerais e abstratas. Se o
fizer – expedir atos administrativos – estará invadindo – e usurpando – a competência da
Administração. Outra razão, de ordem prática, fundamenta a utilização desses conceitos:
a impossibilidade real, fática de prever-se toda e qualquer situação possível de ocorrência”.
11
Para Engisch (2001), conceito jurídico indeterminado é um conceito de baixa den-
sidade normativa; é aquele instituto do Direito que exige, para sua completa eficácia, um
juízo de valor realizado pela aplicação do Direito ao caso concreto.
12
A concepção originária dessa ideia é de Engisch (2001, p. 209).
(APA)
Saddy, A. (2021). Composição do Conselho de Administração de organizações sociais quanto
aos membros natos representantes do Poder Público. Revista de Informação Legislativa:
RIL, 58(231), 151‑180. Recuperado de https://www12.senado.leg.br/ril/edicoes/58/231/
ril_v58_n231_p151
Referências
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AYALA, Bernardo Diniz de. O (défice de) controlo judicial da margem de livre decisão
administrativa: considerações sobre a reserva de administração, as componentes, os
limites e os vícios típicos da margem de livre decisão administrativa. Lisboa: Lex, 1995.
BACELLAR FILHO, Romeu Felipe. Direito administrativo e o novo Código Civil. Belo
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JUSTEN FILHO, Marçal. Concessões de serviços públicos: comentários às leis ns. 8.987 e
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MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional.
13. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2018. (Série IDP).
MODESTO, Paulo. Reforma do marco legal do terceiro setor no Brasil. Revista Trimestral
de Direito Público, São Paulo, n. 24, p. 75-86, 1998.
1 Introdução
1
Compreensão que parte da legitimidade conferida ao Poder Judiciário, sobretudo
a seu órgão de cúpula, para monopolizar a palavra final acerca da interpretação do texto
constitucional.
3
Expressão creditada a Mendes (2010), mas reivindicada por um ex-ministro da Corte,
Sepúlveda Pertence (FONTAINHA; SILVA; NUÑEZ, 2015).
Vale lembrar que esse MS se refere ao caso O verdadeiro problema apresenta-se quando
em que o Supremo definiu a interpretação cons- a jurisdição constitucional é concebida como
titucional da infidelidade partidária. Percebe- detentora do poder de ditar a última palavra so-
se com clareza que, ao se converter o papel de bre o significado da Constituição, o que mais
uma vez aponta para o fato de que a objeção de-
mocrática não está no uso do controle judicial
5
Acórdão colhido como exemplo na obra de Souza
Neto e Sarmento (2014). de constitucionalidade como remédio, mas sim
6
Não foi objeto da presente análise, mas é importante
citar que também não nos alinhamos à visão capitaneada Mais uma vez, não se questiona a impor-
por Jeremy Waldron de que a legitimidade para decidir em tância do STF na interpretação constitucional,
última análise as questões sobre direitos e justiça estaria
apenas com os legisladores (ANDRADA, 2016). nem mesmo seu papel de decidir com caráter de
No de No de No de No de
Ano Proporção Ano Proporção
processos reclamações processos reclamações
1990 1.657 3 0,18% 2005 85.165 976 1,1%
1991 1.781 15 0,84% 2006 129.054 848 0,7%
1992 2.555 15 0,59% 2007 108.038 894 0,8%
1993 2.855 11 0,39% 2008 73.185 1.684 2,3%
1994 3.511 18 0,51% 2009 63.732 2.262 3,5%
1995 4.055 18 0,44% 2010 74.803 1.300 1,7%
1996 4.587 28 0,61% 2011 63.629 1.856 2,9%
1997 6.807 33 0,48% 2012 73.489 1.895 2,6%
1998 13.110 239 1,82% 2013 72.097 1.894 2,6%
1999 38.374 204 0,53% 2014 80.025 2.375 3,0%
2000 93.261 528 0,6% 2015 93.560 3.273 3,5%
2001 96.377 241 0,3% 2016 89.971 3.283 3,6%
2002 92.319 242 0,3% 2017 102.225 3.326 3,3%
2003 109.226 277 0,3% 2018 98.291 3.467 3,5%
2004 70.794 513 0,7% 2019 91.874 5.789 6,3%
Fonte: elaborada pelos autores.
6 Considerações finais
O propósito deste estudo foi afirmar nossa crença nos diálogos consti-
tucionais como modelo de jurisdição constitucional. No entanto, é preciso
aclarar que as posturas insulares e as políticas estratégicas e estamentais
promovidas pelos ministros do Supremo evidenciam a dificuldade de
implementação efetiva desse modelo na atual conjuntura dos Poderes
republicanos brasileiros. O STF ainda permanece arraigado no direito
de, como guardião da Constituição, dar a última palavra e recentemente
tem assumido a postura de intrusão na formulação de políticas públicas.
Diferentemente de Barroso ou Waldron – que idealizam ora o STF,
ora o Parlamento –, estamos cientes de que nossas instituições são falhas:
organizam-se com base em uma mentalidade patrimonialista e corpo-
rativista, e os diálogos podem ser obstados pelo entrincheiramento de
competências. Assim, nossa crença nos diálogos é uma crença ressabiada,
ciente dos entraves institucionais apontados.
Sobre os autores
Guilherme Scodeler de Souza Barreiro é mestre em Administração Pública pela Universidade
Federal de Lavras, Lavras, MG, Brasil; doutorando em Direito Público na Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil; professor do curso
de Direito do Centro Universitário de Lavras, Lavras, MG, Brasil; bolsista da Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
E-mail: [email protected]
Álvaro Ricardo de Souza Cruz é doutor e mestre em Direito Constitucional pela Universidade
Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil; professor adjunto III dos programas
de graduação e pós-graduação (mestrado e doutorado) da Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil; procurador federal do Ministério Público
Federal, Belo Horizonte, MG, Brasil.
E-mail: [email protected]
Referências
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o direito e a política. Curitiba: Juruá, 2016.
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professores, não se computa o tempo de serviço prestado fora da sala de aula. Brasília, DF:
STF, 2003. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumarioSumulas.
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CRUZ, Álvaro Ricardo de Souza; GUIMARÃES, Frederico Garcia. Supremo Tribunal Federal
entre a última palavra e diálogos interinstitucionais ou entre a autonomia e alteridade.
Revista de Estudos e Pesquisas Avançadas do Terceiro Setor, Brasília, DF, v. 3, n. 2, p. 545-
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DWORKIN, Ronald. Uma questão de princípio. Tradução de Luís Carlos Borges. São Paulo:
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FALCÃO, Joaquim; ARGUELHES, Diego Werneck. Onze supremos: todos contra o Plenário.
In: FALCÃO, Joaquim; ARGUELHES, Diego Werneck; RECONDO, Felipe (org.). Onze
supremos: o Supremo em 2016. Belo Horizonte: Letramento: Casa do Direito: Supra:
JOTA: FGV Rio, 2017. p. 20-28. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/
handle/10438/17959. Acesso em: 12 abr. 2021.
Abstract: Although the Brazilian legislation has for years provided for the
carrying out of notarial acts by electronic means with video conference, it
was not until May 25, 2020, due to the need to better cope with the social
distancing brought about the Covid-19 pandemic, that the Corregedoria
Nacional de Justiça, a body linked to the National Council of Justice,
issued Provision n. 100, which provides for notary acts through electronic
means throughout the Brazilian territory. In view of the major social role
of notary offices, this article both probes into the legislative evolution
that led to the current regulation and highlights its innovations. It is a
qualitative research the methodology of which is content analysis and
Recebido em 1/10/20 deductive method coupled with bibliographical review, data collection
Aprovado em 1/2/21 and study on legal diplomas.
1 Introdução
2
Por exemplo: Bonfim Paulista é distrito da cidade de Ribeirão Preto no interior do
estado de São Paulo e tem registrador civil de pessoas naturais, de pessoas jurídicas e de
títulos e documentos, mas todos os registros de imóveis devem ser feitos no Primeiro
Registro de Imóveis localizado na cidade de Ribeirão Preto.
Sobre o autor
Marco Aurélio Gumieri Valério é doutor em Sociologia pela Universidade Estadual Paulista,
São Paulo, SP, Brasil; doutorando em Direito na Universidade de São Paulo (USP), São Paulo,
SP, Brasil; professor do programa de graduação da Faculdade de Economia, Administração
e Contabilidade da USP, Ribeirão Preto, SP, Brasil; professor do programa de pós-graduação
em Integração da América Latina da USP, São Paulo, SP, Brasil; advogado; membro da
Comissão Especial de Ensino Jurídico da Ordem dos Advogados do Brasil, seção de São
Paulo, SP, Brasil.
E-mail: [email protected]
Referências
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
Brasília, DF: Presidência da República, [2021a]. Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em: 6 jul. 2021.
______. Lei no 8.935, de 18 de novembro de 1994. Regulamenta o artigo 236 da Constituição
Federal, dispondo sobre serviços notariais e de registro. Brasília, DF: Presidência da República,
[2017]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8935.htm. Acesso em: 6
jul. 2021.
www.senado.leg.br/ril
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Revista de Informação Legislativa
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