Revista Direito Processual Penal v4 n2
Revista Direito Processual Penal v4 n2
Revista Direito Processual Penal v4 n2
Brasileira de
Direito
Processual
Penal
IBRASPP
Revista Brasileira de Direito Processual Penal Volume 4 - Número 02
Brazilian Journal of Criminal Procedure Porto Alegre/RS
mai./ago. 2018
http://www.ibraspp.com.br/revista/ (publicado em junho/2018)
ISSN 2525-510X
Expediente / Masthead
Editores-chefes / Editors-in-chief
Prof. Dr. Nereu José Giacomolli (Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul – Porto Alegre/RS)
Prof. Dr. Vinicius Gomes de Vasconcellos (Universidade Federal do Rio de
Janeiro – Rio de Janeiro/RJ; Centro Universitário FIEO – São Paulo/SP)
Editores-associados / Associate-editors
Prof. Dr. André Machado Maya (Fundação Escola Superior do Ministério
Público do Rio Grande do Sul– Porto Alegre/RS)
Profa. Dra. Bruna Capparelli (Alma Mater Studiorum - Università di Bologna/IT)
Prof. Me. Caíque Ribeiro Galícia (Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul – PUCRS Porto Alegre/RS); Faculdade Campo Grande e
Faculdade Mato Grosso do Sul – Campo Grande/MS)
Profa. Dra. Lorena Bachmaier Winter (Universidad Complutense de Madrid –
Madrid/ESP)
Editores-assistentes / Assistant-editors
Prof. Me. Armando Dias Ramos (Universidade Autônoma de Lisboa – Lisboa/PT)
Profa. Dra. Érica Babini Machado (Universidade Católica de Pernambuco –
Recife/PE)
Profa. Me. Maria João Carvalho Vaz (Universidade de Coimbra – Coimbra/PT)
Prof. Me. Rafael de Deus Garcia (Universidade de Brasília – Brasília/DF)
Prof. Dr. Thiago Allisson Cardoso de Jesus (Universidade Estadual do
Maranhão – São Luís/MA)
483 Editorial
559 Equality of arms, impartiality of the judiciary and the role of the parties
in the pre-trial inquiry: the perspective of Italian criminal justice
aridade de armas, imparcialidade do Judiciário e o papel das partes na
P
investigação preliminar: a perspectiva da justiça criminal italiana
Stefano Ruggeri
605 Imparcialidad judicial y actividad probatoria en la Corte Penal
Internacional
Judicial Impartiality and Evidence at the International Criminal Court
Ana Beltrán Montoliu
767 O que vem depois dos “legal transplants”? Uma análise do processo
penal brasileiro atual à luz de direito comparado
hat comes after the “legal transplants” An analysis of the current Brazilian
W
criminal procedure in light of comparative law
Renato Stanziola Vieira
807 Teoria da Prova Penal
Criminal Evidence Theory
Bruna Capparelli1
Alma Mater Studiorum – Università di Bologna / Itália
[email protected]
http://orcid.org/0000-0003-1249-2658
Abstract: This article discusses the applicability of open peer review to criminal
investigation data. First, it means identifying the strengths and weaknesses of
1
Doutora em Direito Processual Penal na Alma Mater Studiorum – Università di
Bologna e em Ciências Criminais pela PUCRS (em regime de cotutela). Associate
editor da RBDPP.
485
486 | Capparelli, Bruna.
the dataset review and validation process. Second, there will be evidence
of practices that facilitate process transparency, data diffusion, reliability
and reuse. To achieve these objectives, it will be argued that it is necessary
to adopt a methodology on which to base the selection criteria of the
scientific community of reference, to identify the types of actors and the
relative modalities of analysis, at the moment when the construction of a
collaborative and participative context is the first step to delimit a community
representative of the criminal process and its different research techniques.
Keywords: editorial; open science; Criminal Procedural Law; Review of data.
2
LAWRENCE, Bryan, Citation and Peer Review of Data: Moving Towards For-
mal Data Publication, 2011, p. 6 s.
3
(tradução livre).
4
MAYERNIK, Matthew S. et al., Peer Review of Datasets: When, Why, and
How. Bulletin of the American Meteorological Society, 2015, p. 11 s.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 485-498, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.165 | 487
5
Neste editorial, com o termo “publicação de dados” subentende-se sempre
um processo de validação assim como definido por Lawrence.
6
Utiliza-se o termo “data repository” no presente estudo em sua concepção
mais ampla e compreensível dos repository institucionais, os repository disci-
plinares, os data centre e as infraestruturas da pesquisa a nível internacional.
7
O editorial se concentra em particular sobre os data journal denominados
puros, porque publicam somente data paper (CANDELA, Leonardo et al.,
Data Journals: A Survey. Journal of the Association for Information Scien-
ce and Technology, 2015, p. 23 s.). Os data paper descrevem um dataset,
fornecendo detalhes sobre sua colheita, elaboração, calibração, etc., sem
a necessidade de novas análises ou conclusões inovadoras (CALLAGHAN,
Sarah et al., Processes and Procedures for Data Publication: A Case Study
in the Geosciences. International Journal of Digital Curation, 2013, p. 6 s.).
Não são levados em consideração todas as outras tipologias precursoras
dos data jornal.
8
CALLAGHAN, Sarah et al., Guidelines on Recommending Data Repositories
as Partners in Publishing Research Data. International Journal of Digital Cura-
tion, 2014, p. 12.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 485-498, mai.-ago. 2018.
488 | Capparelli, Bruna.
9
WANG, Richard; STRONG, Diane, Journal of Management Information Sys-
tems, vol. 12, n. 4, Spring, 1996, p. 5-33.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 485-498, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.165 | 489
10
Ver: <https://www.altmetric.com/>, acesso: agosto 2017.
11
KRATZ, John Ernest; STRASSER, Carly, Researcher Perspectives on Publica-
tion and Peer Review of Data. PLoS ONE, 2015, p. 35 s.
12
CALLAGHAN, Sarah et. al., Making Data a First Class Scientific Output: Data
Citation and Publication by NERC’s Environmental Data Centres. Internatio-
nal Journal of Digital Curation, 2012, p. 11 s.; MAYERNIK, Matthew S. et al.,
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 485-498, mai.-ago. 2018.
490 | Capparelli, Bruna.
Peer Review of Datasets: When, Why, and How. Bulletin of the American Me-
teorological Society, 2015, p. 11 s.
13
CALLAGHAN, Sarah et. al., Making Data a First Class Scientific Output: Data
Citation and Publication by NERC’s Environmental Data Centres. Internatio-
nal Journal of Digital Curation, 2012, p. 17 s.; MAYERNIK, Matthew S. et al.,
Peer Review of Datasets: When, Why, and How. Bulletin of the American Me-
teorological Society, 2015, p. 11 s.
14
CALLAGHAN, Sarah et al., Guidelines on Recommending Data Repositories
as Partners in Publishing Research Data. International Journal of Digital Cura-
tion, 2014, p. 23 s.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 485-498, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.165 | 491
15
MAYERNIK, Matthew S. et al., Peer Review of Datasets: When, Why, and
How. Bulletin of the American Meteorological Society, 2015, p. 11 s.
16
LAWRENCE, Bryan, Citation and Peer Review of Data: Moving Towards For-
mal Data Publication, 2011, p. 6 s.; PARSONS, Mark A. et al., Data Citation
and Peer Review. Eos, 2013, p. 297-298.
17
CANDELA, Leonardo et al., Data Journals: A Survey. Journal of the Associa-
tion for Information Science and Technology, 2015, p. 25 s.
18
Cfr. <https://www.force11.org/group/fairgroup/fairprinciples>. Acesso:
maio 2017.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 485-498, mai.-ago. 2018.
492 | Capparelli, Bruna.
19
CALLAGHAN, Sarah et. al., Making Data a First Class Scientific Output: Data
Citation and Publication by NERC’s Environmental Data Centres. Internatio-
nal Journal of Digital Curation, 2012, p. 9 s.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 485-498, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.165 | 493
20
Digital Curation Centre: <http://www.dcc.ac.uk/>. Acesso: fevereiro 2017.
21
Data Documentation Initiative: <http://www.dcc.ac.uk/resources/metadata-
-standards/ddi-data-documentation- initiative>. Acesso: fevereiro 2017.
22
Dublin Core: <http://dublincore.org/>. Acesso: janeiro 2017.
23
Marc standards: <https://www.loc.gov/marc/>. Acesso: janeiro 2017.
24
Marc standards: <https://www.loc.gov/marc/11StatisticalDataandMetada-
taeXchange https://sdmx.org/>. Acesso: janeiro 2017.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 485-498, mai.-ago. 2018.
494 | Capparelli, Bruna.
25
UK Data Archive: <http://www.data-archive.ac.uk/>. Acesso: janeiro 2017.
26
Research Data Journal: <http://dansdatajournal.nl/ddj/>.
Acesso: dezembro
2016.
27
Data Archiving and Network Services: <https://dans.knaw.nl/en>. Acesso: de-
zembro 2016.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 485-498, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.165 | 495
28
Por exemplo o Gesellschaft Sozialwissenschaftlicher Infrastruktureinrichtun-
gen (GESIS) <https://www.gesis.org/en/home/>. Acesso: janeiro 2017 e o
Swedish National Service (SNS) <https://snd.gu.se/en>. Acesso: janeiro 2017.
29
A nível europeu ver: Consortium of European Social Science Data Archives
(CESSDA Eric) <https://www.cessda.eu/>. Acesso: março 2017; a nível
internacional: Interuniversity Consortium for Political and Social Research
(ICPSR) <https://www.icpsr.umich.edu/icpsrweb/>. Acesso: março 2017.
É interessante mencionar o projeto “Data impact blog” <http://blog.ukdata-
service.ac.uk/>, acesso: abril 2017, que incentiva discussões nos blogs para
intensificar os debates, compartilhar experiências, best practice e manter a
comunidade cientifica atualizada sobre os problemas emergentes.
30
REILLY, Susan et al., Report on Integration of Data and Publications, 2011,
p. 33 s.; JENG, Wei et al., Toward a Conceptual Framework for Data Sharing
Practices in Social Sciences: A Profile Approach. In the Proceedings of the
ASIS, 2016, p. 21 s.
31
FECHER, Benedikt et al., A Reputation Economy: How Individual Reward
Considerations Trump Systemic Arguments for Open Access to Data. Palgra-
ve Communications, Nature Publishing Group, 2017, p. 17051 s.; MERTON,
Robert K., The Sociology of Science: Theoretical and Empirical Investigations.
University of Chicago Press, 1973, p. 45 s.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 485-498, mai.-ago. 2018.
496 | Capparelli, Bruna.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 485-498, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.165 | 497
B ibliografia
CALLAGHAN, Sarah et. al., Making Data a First Class Scientific Output: Data
Citation and Publication by NERC’s Environmental Data Centres. International
Journal of Digital Curation, 2012, p. 11 s.
CALLAGHAN, Sarah et al., Processes and Procedures for Data Publication: A Case
Study in the Geosciences. International Journal of Digital Curation, 2013, p. 6 s.
JENG, Wei et al., Toward a Conceptual Framework for Data Sharing Practices in
Social Sciences: A Profile Approach. In the Proceedings of the ASIS, 2016, p. 21 s.
LAWRENCE, Bryan, Citation and Peer Review of Data: Moving Towards Formal
Data Publication, 2011, p. 6 s.
MAYERNIK, Matthew S. et al., Peer Review of Datasets: When, Why, and How.
Bulletin of the American Meteorological Society, 2015, p. 11 s.
MERTON, Robert K., The Sociology of Science: Theoretical and Empirical Inves-
tigations. University of Chicago Press, 1973, p. 45 s.
PARSONS, Mark A. et al., Data Citation and Peer Review. Eos, 2013, p. 297-298.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 485-498, mai.-ago. 2018.
498 | Capparelli, Bruna.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 485-498, mai.-ago. 2018.
Dossiê:
Sistemas Processuais
Penais e Imparcialidade Judicial
Dossier:
Criminal Procedure
Systems and Judicial Impartiality
Editorial dossier “Sistemas procesales penales e
imparcialidad del juez”: Imparcialidad y prueba en
el proceso penal – reflexiones sobre la iniciativa
probatoria del juez
1
Professora Catedrática da Universidad Complutense de Madrid. Doutora em Di-
reito pela Universidad Complutense de Madrid (Espanha) e doutora honoris cau-
sa pela Universidad San Pedro (Perú).
501
502 | Bachmaier Winter, Lorena.
Abstract: The aim of this paper is to clarify the relationship between the
principle of impartiality and the role of the judge in the trial with regard to
the evidence. In particular I will argue that recognizing certain powers to
the judge to intervene in the cross-examination of witnesses or interrogating
the defendant, does not necessarily undermine the fundamental right to an
impartial judge. It will be analyzed if the principle of impartiality does per se
justify a completely passive role of the trial judge, or rather a position of the
judge as mere spectator is a requirement of a certain understanding of the
adversarial model. To this end, I will first address the concept of impartiality
and its various meanings.
Keywords: judicial impartiality; judicial independence; criminal procedure;
models of procedure; adversarial system; accusatorial system; right to
confrontation.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 501-532, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.169 | 503
I. I ntroducción
2
Sobre el sistema contradictorio vid. el interesante capítulo de G. Illuminati,
“Modello processuale accusatorio e sovraccarico del sistema giudiziario”, en
el cual el autor no sólo realiza un análisis conceptual de este sistema y sus
diferencias con el sistema adversarial de los Estados Unidos, sino que además
introduce una visión realista del funcionamiento del proceso penal contra-
dictorio italiano.
3
Vid., entre otros, J. PICÓ I JUNOY, “Reflexiones en torno a la cuestionada
iniciativa probatoria del juzgador penal”, Revista Justicia 1-1996, pp. 158-
159; J.A. DÍAZ CABIALE, Principios de aportación de parte y acusatorio: la
imparcialidad del juez, Granada, 1996, p. 199 y ss. En la doctrina brasileña:
M. ZILLI. A Iniciativa Instrutória do Juiz no Processo Penal. São Paulo, 2003;
V. VASCONCELLOS. O ‘Sistema Acusatório’ do Processo Penal Brasileiro:
Apontamentos Acerca do Conteúdo da Acusatoriedade a partir de Decisões
do Supremo Tribunal Federal. Direito, Estado e Sociedade, n. 47, p. 181-204,
jul./dez. 2015; J. COUTINHO. O papel do novo juiz no processo penal. In: J.
COUTINHO (coord.). Crítica à Teoria Geral do Direito Processual Penal. Rio
de Janeiro, 2001.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 501-532, mai.-ago. 2018.
504 | Bachmaier Winter, Lorena.
4
Así la sentencia del Tribunal Supremo (STS) español de 21 de octubre de
1986 (RAJ 5714).
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 501-532, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.169 | 505
5
En este trabajo me limito a abordar la imparcialidad que se exige a los jueces
profesionales, siendo conscientes de que muchas de las afirmaciones pueden
verse moduladas en relación con el tribunal del jurado formado por ciudada-
nos legos, en los que el sexo o la raza pueden, en determinadas circunstan-
cias, ser invocados como causas de recusación de los miembros de alguno de
los miembros. Acerca de la imparcialidad de los miembros del jurado, vid. en
general, E. VALLINES GARCÍA, Instrumentos para garantizar la imparcialidad
e independencia de los jurados, Cizur Menor, 2008, pp. 26 y ss.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 501-532, mai.-ago. 2018.
506 | Bachmaier Winter, Lorena.
6
Al respecto vid. el capítulo de S. RUGGERI, en este mismo volumen, “Equa-
lity of arms, impartiality of the judiciary and the role of the parties in the
pre-trial inquiry: the perspective of the Italian criminal justice”. Aunque se
centra en el proceso italiano y su evolución, el análisis de los principios tiene
validez general.
7
Entre otros, M. CAPPELLETTI, “Fundamental Guarantees of the parties in
the civil proceedings (General Report) Cappelletti, en Fundamental Guaran-
tes (con D. Tallon), Milano 1972, p. 664 . En igual sentido S. COTTA, “L’isti-
tuzione giudiziaria tra diritto e politica”, Riv. Diritto Civ., 1984-I, pp. 430 y ss.
8
W. GOLDSCHMIDT, “La imparcialidad como principio básico del proceso”,
Rev. Dcho. Proc., 1950-2, pp. 186-187.
9
J. RAWLS, A Theory of Justice, Oxford 1999 (revised ed.), pp. 10 y ss.
10
Ibidem, pp. 47 y ss.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 501-532, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.169 | 507
11
Así, entre otras SSTC 60/1995, de 8 de mayo; 11/2000, de 17 de enero; y
151/2000, de 13 de junio. Vid., L. BACHMAIER, Imparcialidad judicial y liber-
tad de expresión de Jueces y Magistrados. Las Recusaciones de Magistrados del
Tribunal Constitucional, Cizur Menor, 2008, p. 19.
12
R. JIMÉNEZ ASENSIO, Imparcialidad judicial y derecho al juez imparcial, Cizur
Menor 2002, pág. 59.
13
STC 162/1999, de 27 de septiembre.
14
Así, por ejemplo, en los “Principios básicos relativos a la independencia de la
judicatura”, adoptados por el Séptimo Congreso de las Naciones Unidas sobre
Prevención del Delito y Tratamiento del Delincuente, celebrado en Milán del
26 de agosto al 6 de septiembre de 1985, y confirmados por la Asamblea Ge-
neral en sus resoluciones 40/32 de 29 de noviembre de 1985 y 40/146 de 13
de diciembre de 1985.
15
Así, por ejemplo, F. BAUR, Justizaufsicht und richterliche Unabhängigkeit,
Tübingen 1954, p.17. Sobre esta conexión en relación con el TPI, vid. más
adelante el trabajo de A.BELTRÁN MONTOLIU, “Imparcialidad judicial y ac-
tividad probatoria en la Corte Penal Internacional”.
16
Entre otros vid., D. SIMON, La independencia del Juez (trad. de C. Ximéne-
z-Carrillo), Barcelona 1985, p.10; J.L. REQUEJO PAGÉS, Jurisdicción e inde-
pendencia judicial, Madrid 1989, p. 116; J. MONTERO AROCA, Independencia
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 501-532, mai.-ago. 2018.
508 | Bachmaier Winter, Lorena.
y responsabilidad del juez, Madrid 1990, p. 119; J.F. LÓPEZ AGUILAR, La jus-
ticia y sus problemas en la Constitución: justicia, jueces y fiscales en el Estado
Social y Democrático de Derecho, Madrid 1996, p.112 y ss.; I. VALLDECA-
BRES ORTIZ, La imparcialidad del Juez y medios de comunicación, Valencia
2004, pp. 127 y ss.
17
Vid. STEDH Moiseyev v. Russia, Appl. No. 62936/00, de 9 de octubre de 2008.
18
El principio de predeterminación legal tiene su origen en el sistema penal de
las monarquías absolutas, contra el sistema de delegaciones y avocaciones
y como reivindicación de estabilidad de los jueces. Con la implantación de
un sistema de división de poderes, la predeterminación legal adquiere sig-
nificación como garantía de la independencia de los jueces. Vid. I. VALLDE-
CABRES ORTIZ, ob.cit., p. 140. Vid. también: G. BADARÓ. Juiz Natural no
Processo Penal. São Paulo: RT, 2014.
19
Así, por ejemplo, las SSTC 44/1985, 137/1994 y 60/1995. Vid. también, entre
otros, J. MONTERO, Sobre la imparcialidad del juez y la incompatibilidad de fun-
ciones procesales, Valencia 1999, pp. 186-187.
20
Vid. P. CALAMANDREI, Processo e democrazia, Padova 1954, p. 69. En el
mismo sentido A. ARIAS DOMÍNGUEZ, La abstención y la recusación de jue-
ces y magistrados, Madrid 1999, p. 29, “que sus intereses no concurran con
ninguna de las partes antagónicas del conflicto”. J. MONTERO AROCA, ob.
ult. cit., p. 187, citando a Wach, señala que además de no ser parte, la impar-
cialidad implica que “el juez no sirve a la finalidad subjetiva de alguna de las
partes en un proceso.”
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 501-532, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.169 | 509
21
Sobre esto, en la doctrina brasileña: A. MAYA. Imparcialidade e Processo Penal
da Prevenção: da competência ao juiz das garantias. Rio de Janeiro, 2011.
22
Vid. L. BACHMAIER, op. cit., pp. 20-21.
23
F. CARNELUTTI, Diritto e processo. Trattato del processo civile, Napoli 1958,
p. 74.
24
F. CARNELUTTI, Sistema di diritto processsuale civile, t. IV, Padova 1936, p.
183; V. GIMENO SENDRA, “Poder judicial, potestad jurisdiccional y legiti-
mación de la actividad judicial”, Rev. Dcho. Proc., 1978, p. 336 y ss.; R. SERRA
CRISTÓBAL, La libertad ideológica del juez, Valencia 2004, pp.27 y ss.
25
C. FARANDA, La capacità del giudice, Milano 1958, pp. 42-43.
26
P. CALAMANDREI, Proceso y democracia, Buenos Aires 1960, p. 60.
27
I. ESPARZA LEIBAR, El principio del proceso debido, Barcelona 1995, p. 216.
28
Así A. ARIAS DOMÍNGUEZ, La abstención y la recusación de jueces y magistra-
dos, Madrid 1999, p. 42.
29
J. L. REQUEJO PAGÉS, Jurisdicción e independencia judicial, Madrid 1989, p. 167.
30
E. FAZZALARI, “La imparzialità del giudice”, Riv. Dir. Proc., 1972, p.195.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 501-532, mai.-ago. 2018.
510 | Bachmaier Winter, Lorena.
31
ABA Model Code of Judicial Conduct 2007: “Impartial,” “impartiality,” and
“impartially”mean absence of bias or prejudice in favor of, or against, par-
ticular parties or classes of parties, as well as maintenance of an open mind
in considering issues that may come before a judge. See Canons 1, 2, and 4,
and Rules 1.2, 2.2, 2.10, 2.11, 2.13, 3.1, 3.12, 3.13, 4.1, and 4.2. Accesible en:
https://www.americanbar.org/content/dam/aba/migrated/judicialethics/
ABA_MCJC_approved.authcheckdam.pdf
32
Entre otras vid., Piersack v. Belgium de 1 de octubre de 1982; Hauschildt v.
Denmark, de 24 de mayo de 1989; Nortier v. Neatherlands, de 24 de agosto
de 1993; Ferrantelli and Santangelo v. Italy, de 7 de agosto de 1996; Buscemi
v. Italy, de 16 de septiembre de 1999; McGonnell v. United Kingdom, de 8 de
febrero de 2000; Morel v. France, de 6 de junio de 2000; Ranson v. United
Kingdom, de 2 de septiembre de 2003 ; Kyprianou v. Cyprus de 27 de septiem-
bre de 2004.
33
Vid. J. RIEDEL, Das Postulat der Unparteilichkeit des Richters, Berlin 1980.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 501-532, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.169 | 511
34
Vid. L. BACHMAIER, op. cit., p. 23.
35
Así J. RIEDEL, ob. cit. p. 20; R. JIMÉNEZ ASENSIO, Imparcialidad judicial y
derecho al Juez imparcial, cit., p. 71.
36
Así sucede, por ejemplo, cuando existen prejuicios de los cuales el propio
juez no es consciente, pero que constituyen una posición o convicción in-
terna que, al margen de los elementos objetivos del caso, le hacen tender
a beneficiar o perjudicar a una de las partes. Vid. C. STEMMLER, Befange-
nheit im Richteramt. Eine systematische Darstellung der Ausschließungs- und
Ablehnungsgründe unter Berücksichtigung des gesetzlichen Richters als mate-
rielles Prinzip, Tübingen 1975, pp. 99 y ss.
37
Piersack v. Belgium, de 1 de octubre de 1982.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 501-532, mai.-ago. 2018.
512 | Bachmaier Winter, Lorena.
38
Vid. G. SLAPPER and D. KELLY, Sourcebook on the English Legal System, Lon-
don 2001, pp. 564-565.
39
Entre otras, vid., Hauschildt v. Denmark, de 2 de mayo de 1989, Thoman v.
Switzerland, de 10 de junio de 1996, Ferrantelli and Santangelo v. Italy, de 7 de
agosto de 1996. Vid. también M. KUIJER, The Blindfold of Lady Justice. Judicial
Independence and Impartiality in Light of the Requirements of Article 6 ECHR,
Leiden 2004, pp. 303-306; K. REID, A practitioner’s Guide to the European
Convention on Human Rights, London, 2008, p.130.
40
Entre otras, De Cubber v. Belgium, de 26 de octubre. Vid. K. REID, ob.cit., p.130.
41
Vid. STC 151/2000, de 13 de junio.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 501-532, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.169 | 513
42
R. v. Sussex Justices ex p McCarthy: “it is of fundamental importance that jus-
tice must not only be done but should manifestly and undoubtedly be seen
to be done”. La distinción entre el aspecto subjetivo y objetivo de la impar-
cialidad, también fue asumida por el Tribunal Constitucional español, pero
dándole un significado diferente, al distinguir entre las causas que afectan
a las relaciones con las partes —dimensión subjetiva— y las que afectan a
las relaciones con el objeto del proceso —dimensión objetiva—. La diversa
acepción asumida por el Tribunal Constitucional y el TEDH, lejos de contri-
buir a clarificar la noción de imparcialidad ha sido fuente de confusiones o
malentendidos. R. JIMÉNEZ ASENSIO, Imparcialidad judicial y derecho al juez
imparcial, cit., p. 198.
43
En numerosas sentencias del TEDH se repite —casi siempre de manera lite-
ral— la misma afirmación: “(…) even appearances may be of certain impor-
tance. What is at stake is the confidence which the courts in a democratic
society must inspire in the public”.
44
Vid. el Informe 18(2015) del Consejo Consultivo de Jueces Europeos del
Consejo de Europa “La posición del poder judicial y su relación con los de-
más poderes del Estado en una democracia moderna” de 16 de octubre de
2015, accesible en: http://www.poderjudicial.es/cgpj/es/Temas/Relacio-
nes-internacionales/Relaciones-internacionales-institucionales/Europa/
Consejo-Consultivo-de-Jueces-Europeos
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 501-532, mai.-ago. 2018.
514 | Bachmaier Winter, Lorena.
45
En este sentido el Magistrado De Meyer en su voto particular en el caso Pa-
dovani v. Italy, de 26 de febrero de 1993, ha llegado a expresar en relación con
la imparcialidad judicial que quizás se estaba dando más importancia a las
apariencias que a la propia realidad.
46
Así, R. JIMÉNEZ ASENSIO, ob.cit., p. 72. Imparcialidad en este contexto ins-
titucional se refiere a la neutralidad que los jueces —y por tanto la institución
que representan— deben mantener frente a los demás poderes del Estado,
puesto que esa falta de neutralidad minaría la requerida confianza de la so-
ciedad en el poder judicial
47
L. BACHMAIER, op. cit., p. 31. Así también R. JIMÉNEZ ASENSIO, ob. cit.,
p. 89.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 501-532, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.169 | 515
48
En igual sentido M. KUIJER, ob.cit., p. 315.
49
Así K.A. BETTERMANN, “Vom Sinn und von den Grenzen der richterlichen
Unabhängigkeit”, en Die Unabhängigkeit des Richters, Köln, 1969, p. 53.
50
O. BACHOF, Grundgesetz und Richtermacht, Tübingen 1959, p. 35; R. WAS-
SERMANN, Die richterliche Gewalt. Macht und Verantwortung des Richters in
der modernen Gesellschaft, Heidelberg 1985, pp. 159 y ss.
51
F. CARNELUTTI, ob. cit., pp. 75-76: “Un nostro grande filosofo del diritto
diceva che il giudice, rispetto a ciò che gli si chiede di giudicar, deve essere,
in principio, assente, volendo dire non tanto che non ne sa quanto che non ne
deve sapere nulla, una tabula rasa.”
52
Idem., “Il vero è che nessuno di noi può assistere ai fatti altri, che vuol poi
dire mescolarsi alla vita degli altri, senza proteggiate o, almeno, se vogliamo
trovare un verbo più discreto, senza sbilanciarsi.”
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 501-532, mai.-ago. 2018.
516 | Bachmaier Winter, Lorena.
53
J. RIEDEL, ob. cit., pp. 31 y ss.
54
J. RAWLS, Justicia como equidad, Madrid 1999, pp. 62-63, quien en relación
con el juez moral afirma que ha de “de considerar las cuestiones con mente
abierta y, en consecuencia, aunque pueda tener ya formada una opinión sobre
un problema, estar siempre dispuesto a reconsiderarla a la luz de ulteriores
pruebas y razones”; y que ha de conocer sus propias preferencias emocionales,
intelectuales y morales, para tenerlas en cuenta a la hora de valorar los pros y
contras de cualquier cuestión sin desconocer “las influencias que el prejuicio y
la predisposición ejercen incluso en sus más sinceros esfuerzos por anularlas”.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 501-532, mai.-ago. 2018.
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55
Vid. J.RIEDEL, ob. cit., pp. 14 y ss.
56
S.H. BAILEY, J. CHING, M. GUNN y D. ORMEROD, Smith, Bailey & Gunn on
the Modern English System, London, 2002, p. 281.
57
Así, las SSTC 299/1994, de 14 de noviembre; 154/2001, de 2 de julio; o
38/2003, de 27 de febrero, entre otras aluden a la exigencia de que el Juez sea
un tercero ajeno a las partes y al objeto.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 501-532, mai.-ago. 2018.
518 | Bachmaier Winter, Lorena.
58
F. CARNELUTTI, Diritto e processo, cit., pp. 73-75.
59
En igual sentido, R. JIMÉNEZ ASENSIO, “Imparcialidad es una posición orgá-
nica o estructural de un Juez”, p. 71; A. ARIAS DOMÍNGUEZ, La abstención y
recusación de Jueces y Magistrados, cit., p. 30 es “no ser formalmente parte”.
60
El análisis de la imparcialidad judicial y la práctica de la prueba en el proceso
ante el Tribunal Penal Internacional, es objeto del trabajo de A. BELTRÁN
MONOTOLIÚ en este mismo volumen.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 501-532, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.169 | 519
61
Vid., por ejemplo, J. FERRER BELTRÁN, “Los poderes probatorios del juez
y el modelo de proceso”, Cuadernos Electrónicos de Filosofía del Derecho,
núm. 36 (2017), pp. 88-108, pp. 97-104.
62
Conviene precisar que muchos de los estudios realizados sobre la búsqueda
de la verdad y los poderes probatorios del juez se centran en el proceso civil,
como por ejemplo X. ABEL LLUCH, Iniciativa probatoria de oficio en el pro-
ceso civil, Barcelona 2005; J. PICÓ i JUNOY, El juez y la prueba. Estudio de la
errónea recepción del brocardo iudex iudicare debet secundum allegata et probata
non secundum conscientiam y su repercusión actual, Barcelona 2007; J. FER-
RER BELTRÁN, Prueba y verdad en el Derecho, Barcelona 2005; o el clásico M.
TARUFFO, La prova dei fatti giuridici: nozioni generali, Milano, 1992. Pero las
conclusiones y afirmaciones que se realizan al discutir el principio dispositivo
y el principio de aportación de parte en ese ámbito no son trasladables sin más
al proceso penal, que, al margen de cómo se configuren los poderes de cada
una de las partes en concreto, tiene en todo caso un marcado carácter inqui-
sitivo –debido al más acentuado interés público presente en la aplicación del
derecho penal–, sin poder prescindir en el mismo de la búsqueda de la verdad.
63
Sigo aquí el concepto de adversary que sigue M. DAMASKA, Evidence Law Adrift,
New Haven, 1997, p. 74: “a system of adjudication in which procedural action is
controlled by the parties and the adjudicator remains essentially passive”, siguien-
do a su vez la definición contenida en la Encyclopedia of Crime and Justice.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 501-532, mai.-ago. 2018.
520 | Bachmaier Winter, Lorena.
64
Vid., M. DAMASKA, Evidence Law Adrift, cit., p. 82.
65
M. DAMASKA, The faces of justice and state authority. A comparative approach
to legal process, New Haven 1986, pp. 5 y ss.
66
Así se dispone en las US Federal Rules of Evidence. Rule 614. “Court’s Calling
or Examining a Witness. (a) Calling. The court may call a witness on its own
or at a party’s request. Each party is entitled to cross-examine the witness.
(b) Examining. The court may examine a witness regardless of who calls the
witness. (c) Objections. A party may object to the court’s calling or exami-
ning a witness either at that time or at the next opportunity when the jury
is not present.” Si bien esta intervención está prevista, también es cierto que
el juez sólo debe hacer uso de ella de forma limitada y excepcional, vid., por
ejemplo, H.H. HOBGOOD, “When should a trial judge intervene to question
a witness?”, 3 Campbell Law Rev. (1981), pp. 69-76.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 501-532, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.169 | 521
67
No es este el lugar para analizar las complejas cuestiones filosóficas acerca del
concepto de verdad. Asumiendo que la verdad como tal no es un fin alcan-
zable en el proceso pena, toda la estructura del proceso penal debe fomentar
una aproximación a la realidad histórica de los hechos, siempre dentro del
marco del respeto de los derechos fundamentales de los individuos. A mi
juicio, un proceso que merezca denominarse justo debe perseguir acercarse
lo más posible a la verdad de los hechos. Sobre este tema, vid. in extenso, N.
GUZMÁN, La verdad en el proceso penal. Una contribución a la epistemología
jurídica, Buenos Aires, 2006, en donde analiza en profundidad las diversas
concepciones de la verdad, los límites del proceso y, también el contradicto-
rio como método para el conocimiento de esa verdad, en particular pp. 148 y
ss. En la doctrina brasileña: G. BADARÓ. Ônus da prova no processo penal. São
Paulo, 2003. En critica a la busca de la verdad: A. LOPES JR. Direito Processual
Penal. 9ª ed. São Paulo, 2012.
68
No significa lo anterior que el modelo adversarial prescinda de la verdad,
sino que cada uno de los modelos elige un camino diferente para llegar a ella:
investigación oficial exhaustiva de todos los hechos por parte del estado o a
través de una activa investigación de cada una de las partes, aportando los
hechos y medios de prueba que fundamentan su posición. En la obtención
y aportación de la prueba es donde quizás se plasmen con mayor claridad
las diferencias entre el modelo adversarial y el históricamente denominado
modelo inquisitivo. Acerca de los diferentes modelos procesales, en particu-
lar, adversarial frente a inquisitivo, me remito a los diversos trabajos recogi-
dos en L. BACHMAIER WINTER (ed.), Proceso penal y sistemas acusatorios,
Madrid 2008. Vid. también, entre otros, M. LANGER, “In the Beginning was
Fortescue: On the Intellectual Origins of the Adversarial and Inquisitorial
Systems and Common and Civil Law in Comparative Criminal Procedure” en
B. Ackerman, K. Ambos y H. Sikiric (eds.), Visions of Justice, Liber Amicorum
Mirjan Damaska, Berlin 2016, pp. 273-299, p. 277 y ss. M. DAMASKA, “Truth
in Adjudication”, (1998) 49 Hasting Law Journal, p. 289 y ss. En la doctrina
brasileña: V. VASCONCELLOS. Sistemas Processuais Penais: as contribuições
das visões histórica e de direito comparado para o desvelamento da essência
acusatória. Revista de Estudos Criminais, v. 58, p. 127-152, 2015; M. SAAD; D.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 501-532, mai.-ago. 2018.
522 | Bachmaier Winter, Lorena.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 501-532, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.169 | 523
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 501-532, mai.-ago. 2018.
524 | Bachmaier Winter, Lorena.
70
STS (Sala Penal) 922/2016, de 10 de marzo de 2016.
71
Los riesgos de esa persecución frente al acusado por parte del tribunal en-
juiciador son puestos de relieve en el trabajo de F. Agnet Fayet, r. eggert
poll, “Ânimo persecutório do magistrado: a quebra do dever de imparciali-
dade e sucessivas decisões contrárias ao direito à prova defensiva”, en este
mismo volumen.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 501-532, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.169 | 525
72
Así G. ILLUMINATI, “El sistema acusatorio en Italia”, en L. Bachmaier
Winter (ed.) Proceso penal y sistemas acusatorios, Madrid 2008, pp.135-
160, p. 157.
73
Ibidem.
74
Para los modelos procesales en Latinoamérica, vid. el trabajo de R. J. de Cas-
tilho Barilli, “A centralidade do juízo oral no Sistema Acusatório: uma visão
estratégica acerca do caso penal” en este mismo volumen, en el cual el autor
destaca cómo las reformas procesales en Latinoamérica se han encaminado
hacia un proceso presidido por la oralidad como respuesta frente a los exce-
sos del proceso de corte inquisitivo anterior.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 501-532, mai.-ago. 2018.
526 | Bachmaier Winter, Lorena.
75
En la doctrina brasileña: A. GRINOVER. A marcha do processo. Rio de Ja-
neiro, 2000; M. ZILLI. A Iniciativa Instrutória do Juiz no Processo Penal. São
Paulo, 2003. Con visión distinta: J. COUTINHO. Introdução aos princípios
gerais do direito processual penal brasileiro. Revista de Estudos Criminais,
São Paulo, n. 01, p. 26-51, 2001; G. PRADO. Sistema Acusatório. A confor-
midade constitucional das leis processuais penais. 4ª ed. Rio de Janeiro,
2006; A. LOPES JR. Direito Processual Penal. 9ª ed. São Paulo, 2012.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 501-532, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.169 | 527
76
Vid. el art. 244 de la Strafprozessordnung, en el que se regula la práctica de la
prueba en el juicio oral: “(2) Das Gericht hat zur Erforschung der Wahrheit
die Beweisaufnahme von Amts wegen auf alle Tatsachen und Beweismittel zu
erstrecken, die für die Entscheidung von Bedeutung sind.”
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 501-532, mai.-ago. 2018.
528 | Bachmaier Winter, Lorena.
más habla más se equivoca, y por ello condenar al silencio a todo sujeto,
en este caso, a todo juez.
A partir de ahí, y clarificado que el principio de imparcialidad no
es un argumento determinante para eliminar cualquier intervención del
juez en la práctica de la prueba en el juicio oral, esa intervención vendrá
determinada por el tipo de modelo de proceso adoptado. Sin duda, un
proceso puramente adversarial, en el que las pruebas se aportan para
defender una concreta posición de parte y no son concebidas como
pruebas del caso en general, la intervención del juez en la práctica de la
prueba se percibirá como a favor o en contra de esa parte.
Dicho esto, queda en manos del legislador configurar el proceso
penal, otorgando al juez más o menos poderes, al margen de que ambos
modelos se ajustan a la garantía de la imparcialidad. En esa elección
incidirán muchos factores de tipo cultural, legal, político, histórico,
económico, etc. y el fin que se considere ha de desempeñar el proceso
penal en esa sociedad – más próximo al fin de resolución de conflictos,
de control social o de instrumento para implementar una determinada
política criminal. Pero ese es otro debate, que si bien está estrechamente
vinculado al tema que aquí he abordado, obviamente excede del objetivo
que me he propuesto aquí.
R eferencias B ibliográficas
ABEL LLUCH, X., Iniciativa probatoria de oficio en el proceso civil, Barcelona 2005.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 501-532, mai.-ago. 2018.
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532 | Bachmaier Winter, Lorena.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 501-532, mai.-ago. 2018.
Modello processuale accusatorio e
sovraccarico del sistema giudiziario
Giulio Illuminati1
LUISS “Guido Carli” Roma / Italia
[email protected]
https://orcid.org/0000-0002-6067-2859
Abstract: The essay analyzes the different models of criminal procedure, devoting
particular attention to the crisis of the Italian judicial system.
Keywords: accusatorial system; inquisitorial system; mixed system; adversary
proceeding; Italian criminal process.
1
Già ordinario nell’Alma Mater Studiorum – Università di Bologna / Italia. Profes-
sore di Diritto processuale penale – LUISS “Guido Carli” Roma / Italia.
533
534 | Illuminati, Giulio.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 533-557, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.164 | 535
2
L. Ferrajoli, Diritto e ragione. Teoria del garantismo penale, 8a ed., Bari, 2004,
p. 574 s.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 533-557, mai.-ago. 2018.
536 | Illuminati, Giulio.
3
Per gli approfondimenti v. G. Pugliese, Processo privato e processo pubblico, in
Riv. dir. proc., 1948, p. 72 s.; P. Fiorelli, Accusa e sistema accusatorio (diritto
romano e intermedio), in Enc. dir., I, Milano, 1958, p. 330-331.
4
L. Ferrajoli, op. cit., p. 576.
5
P. Fiorelli, op. cit, p. 332.
6
P. Fiorelli, op. cit, p. 333.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 533-557, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.164 | 537
7
Ordonnance criminelle du mois d’août 1670 (26 agosto 1670).
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 533-557, mai.-ago. 2018.
538 | Illuminati, Giulio.
8
L. Radzinovicz, A History of English Criminal Law and its Administration from
1750, I, London, 1948, p. 3 s.
9
Per una efficace sintesi v. F. Cordero, Procedura penale, 9a ed., Milano 2012,
p. 21-38.
10
V. sul punto M. Ploscowe, The development of present-day criminal procedures
in Europe and America, in 18 Harv. L. Rev., 1935, p. 453 s., 459-60.
11
Si veda, per tutti, la classificazione di G. Conso, Accusa e sistema accusatorio
(diritto processuale penale), in Enc. dir., I, Milano 1958, p. 336.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 533-557, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.164 | 539
segreta; accusatorio, quello basato sul contraddittorio delle parti, sul tema
proposto dall’accusa, davanti ad un giudice non destinato alla ricerca delle
prove, nella tendenziale unità di tempo rappresentata dal dibattimento
orale e pubblico.
Come s’è accennato, sono individuabili ulteriori connotazioni,
ma solo come aspetti eventuali che costituiscono un’eredità storica,
ovvero come conseguenze favorite naturalmente dalla scelta metodolo-
gica: così, ad esempio, la presenza della giuria, ovvero l’esame incrociato
dei testimoni gestito direttamente dalle parti. Si annovera di solito tra i
caratteri distintivi anche il regime della libertà personale dell’imputato,
poiché viene considerata tipica del sistema inquisitorio la carcerazione
preventiva: l’assunto è sostenibile solo in quanto la misura sia considerata
strumentale all’indagine segreta e all’interrogatorio come fonte di prova:
sotto altri profili, invece, la coercizione personale non sembra sostanzial-
mente condizionata – a parte i presupposti specifici e le modalità, che
possono variare – dalla natura accusatoria o inquisitoria del processo.
Dalle grandi linee escono con sufficiente determinatezza due
modelli culturali. Al fondo si può tuttora leggere un diverso modo di
intendere i rapporti tra il cittadino e l’autorità dello Stato: tanto che non
è sbagliata, per quanto schematica, la ricorrente affermazione secondo cui
il processo accusatorio sarebbe tendenzialmente espressione dei regimi
democratici, quello inquisitorio dei regimi autoritari12.
12
Vedi ad esempio L. Lucchini, Elementi di procedura penale, Firenze, 1895, p. 19.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 533-557, mai.-ago. 2018.
540 | Illuminati, Giulio.
13
G. Carmignani, Teoria delle leggi della sicurezza sociale, Pisa, 1832, IV, 46 s.
14
G. Foschini, Sistema del diritto processuale penale, I, Milano, 1965, 226 s.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 533-557, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.164 | 541
15
K. Ambos, International criminal procedure: “adversarial”, “inquisitorial” or mi-
xed?, in Int’l. Crim. L. Rev., 2003, p. 1 s.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 533-557, mai.-ago. 2018.
542 | Illuminati, Giulio.
16
Per ulteriori approfondimenti v. M. Caianiello, Disclosure before the ICC. The
emergence of a new form of policies implementation system in international cri-
minal justice?, in Int’l Crim. L. Rev., 2010, p. 23 s.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 533-557, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.164 | 543
17
Per un’esposizione più dettagliata degli aspetti specifici e delle vicende succes-
sive della riforma del processo penale si rinvia a G. Illuminati, op. cit., p. 148 s.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 533-557, mai.-ago. 2018.
544 | Illuminati, Giulio.
18
In argomento cfr. M.R. Damaška, Evidence Law Adrift, New Haven-London,
1997, trad. it., Il diritto delle prove alla deriva, Bologna, 2003, p. 113 s.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 533-557, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.164 | 545
19
A. Nappi, Guida al codice di procedura penale, 10a ed., Milano, 2007, p. 13 s.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 533-557, mai.-ago. 2018.
546 | Illuminati, Giulio.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 533-557, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.164 | 547
20
V. Fanchiotti, The right to a speedy trial nell’esperienza nordamericana, in AA.
VV., La ragionevole durata del processo. Garanzie ed efficienza della giustizia
penale, a cura di R.E. Kostoris, Torino, 2005, p. 13 s.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 533-557, mai.-ago. 2018.
548 | Illuminati, Giulio.
21
D. Nelken, La durata del processo penale in prospettiva empirica: riforme giuri-
diche e contesti sociali, in AA.VV., La ragionevole durata, cit., p. 28.
22
V. ad esempio J. H. Langbein, Torture and plea bargaining, in 46 Univ. Chicago
L. Rev., 1978-79, p. 3 s. Per un’analisi critica in chiave comparatistica, v. R.
Van Cleave, An offer you can’t refuse? Punishment without trial in Italy and the
United States: the search for truth and an efficient criminal justice system, in 11
Emory Int’l L. Rev., 1997, p. 419 s.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 533-557, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.164 | 549
23
Corte cost. 15 febbraio 1991, n. 88.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 533-557, mai.-ago. 2018.
550 | Illuminati, Giulio.
avviene in molti altri paesi, al governo, a sua volta responsabile verso gli
elettori. Verrebbe meno perciò l’indipendenza del pubblico ministero
che caratterizza l’ordinamento italiano.
In un sistema ad azione penale obbligatoria risalta in maniera
particolarmente evidente la sproporzione tra le risorse disponibili e quelle
che sarebbero necessarie. Il problema non è peculiarmente italiano, ma in
Italia è aggravato dalla qualità e dalla quantità molto bassa degli investi-
menti in materia di giustizia. Senza entrare nei dettagli, non sembra però
verosimile prevedere un’inversione di tendenza, soprattutto in tempi di
crisi economica: occorre pertanto verificare come sia possibile, agendo
sul momento introduttivo del processo, razionalizzarne il funzionamento,
in osservanza del principio della durata ragionevole.
Anche a prescindere dalle ragioni che suggeriscono di salva-
guardare il principio di obbligatorietà, non è però detto che la discrezio-
nalità dell’azione penale sia di per sé la soluzione. Il ricorso a criteri di
opportunità non produce necessariamente un aumento di efficienza del
sistema, perché in pratica, quali che siano le scelte operate, non si può
pensare che ciò comporterebbe un’automatica riduzione della domanda
di giustizia, destinata a restare in larga parte inevasa. Un sistema basato
esclusivamente sulla produttività, in termini di rapporto costi-benefici
– per quanto questo dato sia importante - conduce anche ad esiti con-
sapevolmente iniqui.
Si deve allora cercare di riequilibrare la proporzione tra i casi in
cui si rende necessario ricorrere al processo penale e la capacità di risposta
del sistema. Soluzioni miracolose o di breve periodo non ne esistono: è
la giustizia penale nel suo insieme che va ripensata.
Da tempo la dottrina più attenta evidenziava la necessità di pro-
cedere ad un’ampia depenalizzazione e all’aumento del numero dei reati
perseguibili a querela di parte; nonché, contemporaneamente, alla dimi-
nuzione delle ipotesi di sanzione privativa della libertà personale, per
la cui applicazione la tutela giurisdizionale è imprescindibile. L’osserva-
zione può sembrare scontata, ma ci sono sempre stati ostacoli ideologici
o pratici ad affrontare il problema in maniera radicale. E’ noto a tutti
che nel diritto italiano c’è un eccesso di penalizzazione, e che spesso
la sanzione penale viene introdotta, a prescindere dalla sua concreta
effettività, quando si vuole mandare un segnale all’opinione pubblica,
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 533-557, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.164 | 551
24
In attuazione della delega contenuta nella l. 28 aprile 2014, n. 67.
25
In attuazione della delega contenuta nella l. 23 giugno 2017, n.103.
26
In questo senso v. già M. Chiavario, Ancora sull’azione penale obbligatoria: il
principio e la realtà, in Id., L’azione penale tra diritto e politica, Padova, 1995, p.
131. Più di recente v., anche per ulteriori indicazioni, A. Ciavola, Il contributo
della giustizia consensuale e riparativa all’efficienza dei modelli di giurisdizione,
Torino, 2010, p. 95 s. La stessa Corte costituzionale, nella citata sentenza n.
88 del 1991, aveva escluso che l’obbligatorietà dell’azione penale significhi
consequenzialità automatica tra notizia di reato e processo.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 533-557, mai.-ago. 2018.
552 | Illuminati, Giulio.
27
D. Vicoli, Scelte del pubblico ministero nella trattazione delle notizie di reato e
art. 112 Cost.: un tentativo di razionalizzazione, in Riv. it. dir. proc. pen., 2003,
p. 251 s.
28
A. Ciavola, op. cit., p. 101 s.
29
Artt. 1-5 d.lgs. 16 marzo 2015, n. 28, approvato in attuazione della direttiva
di legge delega contenuta nella già citata legge n. 67 del 2014. Il Governo era
invitato a «escludere la punibilità di condotte sanzionate con la sola pena pecu-
niaria o con pene detentive non superiori nel massimo a cinque anni, quando
risulti la particolare tenuità dell’offesa e la non abitualità del comportamento,
senza pregiudizio per l’esercizio dell’azione civile per il risarcimento del danno
e adeguando la relativa normativa processuale penale» (art. 1 comma 1 lett. m).
30
Le premesse concettuali della novella risultano tuttavia largamente condivise.
Il proscioglimento – che presuppone la sussistenza di un fatto tipico di reato,
di modesta portata lesiva ma non totalmente inoffensivo (C.F. Grosso, La non
punibilità per particolare tenuità del fatto, in Dir. pen. proc., 2015, p. 517) – ris-
ponde a due fondamentali esigenze di rango costituzionale: il principio di pro-
porzionalità dell’intervento repressivo penale, che vieta, in ossequio al canone
dell’ultima ratio, di sanzionare penalmente condotte che appaiano immeritevo-
li di pena nel caso specifico, ed anzi rende la declaratoria di tenuità del fatto una
vera e propria «necessità di giustizia» in considerazione della «ormai acquisita
consapevolezza dogmatica dei limiti della tipicità penale» (così F. Palazzo, Nel
dedalo delle riforme prossime e venture, in Riv. it. dir. e proc. pen., 2014, p. 1706
s.); nonché l’esigenza di alleggerire il carico giudiziario e di restituire effettività
al principio di obbligatorietà dell’azione penale (C.F. Grosso, op. loc. cit.).
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 533-557, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.164 | 553
che se il reato è punito con pena detentiva non superiore nel massimo a
cinque anni l’offesa può, a determinate condizioni, essere ritenuta non
punibile. La non punibilità può essere dichiarata anche in sede di archi-
viazione della notizia di reato, su richiesta del pubblico ministero (art.
411 c.p.p.), o con una sentenza di proscioglimento predibattimentale (art.
469 comma 1-bis c.p.p.). In ogni caso i provvedimenti che dichiarano la
non punibilità vengono iscritti nel casellario giudiziale e, se si tratta di
sentenza pronunciata nel dibattimento, essa fa stato - quanto all’accerta-
mento del fatto, della sua illiceità e della responsabilità dell’imputato - nel
processo civile o amministrativo di danno promosso contro il prosciolto.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 533-557, mai.-ago. 2018.
554 | Illuminati, Giulio.
B ibliografia
K. AMBOS, International criminal procedure: “adversarial”, “inquisitorial” or mixed?,
in Int’l. Crim. L. Rev., 2003, p. 1 s. https://doi.org/10.1163/156753603767877084
31
In argomento, e sui dubbi di illegittimità costituzionale per contrasto con la pre-
sunzione d’innocenza, v. R. Orlandi, Procedimenti speciali, in Compendio di proce-
dura penale, a cura di G. Conso, V. Grevi, M. Bargis, 6.ª ed., Cedam, Padova, 2014,
p. 746 s.; C. Cesari, sub art. 464-bis, in Commentario breve al codice di procedura
penale, a cura di G. Conso e G. Illuminati, 2.ª ed., Cedam, Padova, 2015, p. 2124.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 533-557, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.164 | 555
M. CAIANIELLO, Disclosure before the ICC. The emergence of a new form of policies
implementation system in international criminal justice?, in Int’l Crim. L. Rev., 2010,
p. 23 s. https://doi.org/10.1163/157181209x12584562670776
G. CARMIGNANI, Teoria delle leggi della sicurezza sociale, Pisa, 1832, IV, 46 s.
C. CESARI, sub art. 464-bis, in Commentario breve al codice di procedura penale,
a cura di G. Conso e G. Illuminati, 2.ª ed., Cedam, Padova, 2015, p. 2124.
M. CHIAVARIO, Ancora sull’azione penale obbligatoria: il principio e la realtà, in
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diche e contesti sociali, in AA.VV., La ragionevole durata del processo. Garanzie
ed efficienza della giustizia penale, a cura di R.E. Kostoris, Torino, 2005, p. 28.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 533-557, mai.-ago. 2018.
556 | Illuminati, Giulio.
F. PALAZZO, Nel dedalo delle riforme prossime e venture, in Riv. it. dir. e proc.
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R. VAN CLEAVE, An offer you can’t refuse? Punishment without trial in Italy and
the United States: the search for truth and an efficient criminal justice system, in 11
Emory Int’l L. Rev., 1997, p. 419 s.
D. VICOLI, Scelte del pubblico ministero nella trattazione delle notizie di reato e art.
112 Cost: un tentativo di razionalizzazione, in Riv. it. dir. proc. pen., 2003, p. 251 s.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 533-557, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.164 | 557
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 533-557, mai.-ago. 2018.
Equality of arms, impartiality of the judiciary
and the role of the parties in the pre-trial inquiry:
the perspective of Italian criminal justice
Stefano Ruggeri1
Università degli Studi di Messina/Itália
[email protected]
https://orcid.org/0000-0003-2684-3340
1
Professor associado de direito processual penal italiano e justiça penal europeia
na Universidade de Messina/Itália. Doutor em Direito pela Scuola Superiore
Sant’Anna de Pisa/Itália.
559
560 | Ruggeri, Stefano.
1. I ntroduction
2
Investigative judges headed a formal inquiry (istruzione formale), whereas
prosecutors an interim one (istruzione sommaria).
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.161 | 561
3
Siracusano. Istruzione del processo penale, pp. 166 ff.
4
The inclusion of the rules on both arrest and remand detention into the sys-
tematic structure of the 1930 code at the beginning of the Book concerned
with the intermediate phase was clearly in line with the typically inquisitorial
appreciation of pre-trial custody as the most appropriate means of forcefully
achieving the collaboration (if not the confession) of the defendant, who was
also viewed as an instrument for the success of the criminal inquiries rather
than a right holder. Cf. Marzaduri. Misure cautelari personali, p. 61.
5
Art. 440 of the 1930 code.
6
For strong criticisms see, in particular, Cordero. Ideologie del processo penale,
pp. 3 ff.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
562 | Ruggeri, Stefano.
7
See Art. 73 of Royal Decree 12/1941 (statute on the organisation of the ju-
diciary). Critical remarks on this concept were formulated by Chiavario. Il
pubblico ministero organo di giustizia?, pp. 714 ff.
8
Article 2(1) of the Delegation Law for the new code of criminal procedure
(Law 81/1987) contained an explicit reference to the requirement that the
drafters of the new codification fulfil the principles of an adversarial model
of criminal justice.
9
See Arts. 431 and 433 CCP.
10
On this new judge see the comprehensive analysis of Ruggieri. La giurisdizio-
ne di garanzia nelle indagini preliminari.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.161 | 563
11
The aforementioned Article 2(1) of Law 81/1987 also required the drafters
of the new code to comply with the provisions set forth by the international
conventions ratified by Italy, regarding the rights of the individuals involved
in criminal proceedings, a requirement that explicitly aimed at orienting the
current codification towards the standards of protection acknowledged by
the European Convention and further developed by Strasbourg case-law.
12
Art. 8(2) ACHR.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
564 | Ruggeri, Stefano.
13
ECtHR, Fodale v. Italy, judgment of 1 June 2006, Appl. No. 70148/01, § 42. In
this sense see already ECtHR, Laukkanen and Manninen v. Finland, judgment
of 3 February 2004, Appl. No. 50230/99, § 34.
14
In this sense cf. Trechsel. Human rights in criminal proceedings, p. 90.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.161 | 565
15
Ibid., pp. 305 f.
16
ECtHR, Asch v. Austria, judgment of 26 April 1991, Appl. No. 12398/86.
17
ECtHR, Imbrioscia v. Switzerland, judgment of 24 November 1993, Appl. No.
13972/88. In the sense underlined in the text cf. Trechsel, Human rights in
criminal proceedings, p. 309.
18
ECtHR, Barberá, Messegué and Jabardo v. Spain, judgment of 6 December
1988, Appl. No. 10590/83.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
566 | Ruggeri, Stefano.
19
Marzaduri. Commento all’art. 1 legge costituzionale 2/1999, p. 767.
20
The term ‘accused’ (accusato) is traditionally extraneous to Italian criminal
procedural law, which usually relates to the person formally charged with a
criminal offence as ‘defendant’ (imputato). Over recent years, however, the
rising influence of international human rights law and EU law has led to the
gradual spread of this new concept in Italian law. This poses unprecedented
problems of compatibility with the national terminology, which in turn entails
substantial implications on the scope of application of fundamental guarantees.
21
Art. 111(3) Const.
22
Ibid.
23
Art. 111(4) Const.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.161 | 567
in which the trial decision can (also) be based on evidence taken out of
court. Thus, along with specific exceptions that can be justified in light
of constitutional-law derogations from the principle of contradictoire,24
the Vassalli code allows the reading out of statements rendered by the
accused in the pre-trial stages to the public prosecutor or the police acting
upon delegation, statements that, even if inconsistent with the evidence
given at trial, can be used against the defendant.25 On close examination,
it is more than doubtful that such solutions are fully in line with the
constitutional model of a fair trial. At any rate, the possibility of using
evidence gathered by the investigative authorities out of court poses the
delicate question of which safeguards are due to the person examined in
light of the principle of equality of arms in the pre-trial stages, a ques-
tion that does not only concern the questioning of suspects but also the
prosecutorial or police hearing of other individuals, such as the victim,
co-accused, vulnerable witnesses, and so on.
Certainly, the complex structure of criminal proceedings makes it
by definition impossible for the public prosecution office and the private
parties to be placed on an equal footing. Great differences exist between
the public prosecutor and the defence. Even though prosecutors hold a
number of rights in the manner of private parties, they can never have
a private interest in fact-finding. Moreover, that the public prosecutor is
called upon to carry out exhaustive investigations, collecting evidence
both against and in favour of the suspect,26 still justifies the maintenance
of coercive and decision-making powers which lie with the judiciary.
This in turn poses the need to re-balance the relationship with private
parties, particularly in the pre-trial inquiry.
It was surely not the intention of the drafters of the 1999 cons-
titutional reform to disrupt this set-up by imposing a perfect equality
of arms. Yet the enactment of the par condicio principle and the right to
contradictoire in the same general provision on the essential requirements
of all fair trials calls for a stronger relationship between these two funda-
mental guarantees than in the past. The achievement of a real equality of
24
Art. 111(5) Const.
25
Art. 503(5) CCP.
26
Arts. 326 and 358 CCP.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
568 | Ruggeri, Stefano.
arms does not only enable effective contradictoire among the parties, but
should also require the enhancement of an independent oversight and
the role of the judiciary in the pre-trial stages.27 This confirms that under
Italian constitutional law too, the scope of the par condicio principle and
the right to contradictoire cannot be circumscribed to court proceedings.
One might argue that the principle of equality of arms should be recog-
nized in an indirect manner in the preliminary phase, in that denial of
defence rights would negatively affect the effective exercise of the right to
contradictoire on an equal position at a later stage of the proceedings.28 Yet
this explication would leave the defence unprotected in the prosecutorial
and police inquiry, in which the imbalance between the law enforcement
authorities and private parties reaches its highest tension.
The examination of the developments that have occurred over al-
most twenty years since the 1999 constitutional fair trial reform highlights
the difficulties that the Italian criminal justice had to face to fulfil the
constitutional principle of equality of arms and the right to an indepen-
dent and impartial judge. In the following paragraphs, I shall examine
the fragmentary evolution of Italian law, which not only reveals the
inability of Italian legislation to depart from a somewhat paternalistic
understanding of defence rights in the pre-trial inquiry, but also the
inconsistencies that still characterise the role of the competent judge for
procedural safeguards in this delicate phase.
27
Marzaduri. Commento all’art. 1 legge costituzionale 2/1999, pp. 768 f.
28
Ibid., p. 769.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.161 | 569
with the responsibility of the sole public prosecutor. To be sure, the 1988
code conceived of a centralised model of pre-trial inquiry, which started
with the registration of notitia criminis by the competent prosecutor and
allowed the police to investigate only by delegation, after prosecutors took
over the leadership of the case.29 Nevertheless, under the original rules,
the police could already gather notitiae criminis at their own initiative,30
and both the prosecutor and the police were empowered to conduct all
the necessary investigations to enable the former to decide whether or
not to indict defendants before the competent court.31 This centralised
model of pre-trial inquiry, however, soon imploded on itself. A few years
after the code’s enactment, the 1992 antimafia legislative reform allowed
the police to carry out autonomous investigations,32 which significantly
altered the overall features of the pre-trial phase, enabling the police to
conduct parallel inquiries to those headed by the competent prosecutor.
Despite these radical changes, the responsibility for the institu-
tion of the pre-trial inquiry is still generally in the hands of the public
prosecutorial office,33 which raises several problems particularly in light
of the European Convention and EU law. A first problem concerns the
absence of a clear statutory deadline for the registration of notitia criminis,
as Italian law only requires the public prosecutor to note the case ‘imme-
diately’. Although there is no independent oversight, eventual delays can,
however, not jeopardise the person under investigation who, despite not
having assumed the formal status of a ‘suspect’, cannot be questioned
without the safeguards due to suspects.34 Yet the prosecutorial initiative
of noting the alleged offence entails a number of relevant implications,
starting with the information rights of the individuals concerned. To be
sure, the annotation of the case does not in itself constitute a ‘charge’ in
29
Art. 348(1) CCP (1988 version).
30
Art. 330.
31
Art. 326 CCP.
32
Law Decree 306/1992, converted into Law 356/1992.
33
A significant exception is foreseen in the proceedings with fall within the
competence of the justices of the peace, in which the pre-trial inquiry, as a
general rule, lies with the responsibility of the police. See Arts 11 et seqq. of
Legislative Decree 274/2000.
34
Art. 63(2) CCP.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
570 | Ruggeri, Stefano.
35
Art. 6(3)(a) ECHR.
36
Art. 335(1) CCP.
37
Marzaduri. Commento all’art. 1 legge costituzionale 2/1999, p. 782.
38
Art. 335(2) CCP.
39
Art. 335(3) CCP (1988 version).
40
Art. 24 Const.
41
Art. 335(3) CCP.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.161 | 571
prosecutor could also deny information if this might jeopardise the on-
going inquiry for a period no longer than three months.42 This is a very
questionable solution, not only because the competent prosecutor can
withhold the sought information on the ground of vague investigative
needs, but also because the prosecutorial decision cannot be challenged
before an independent authority.
The most difficult problem, however, is the choice of the legal
classification of the offence, which also lies solely with the prosecutor
noting the case. Without a doubt, the establishment of nomen juris is
not a formal decision, but entails a number of delicate human rights
implications. In particular, the 1995 legislative reform permitted the
exclusion of information in cases of certain serious offences listed in
Article 407(2)(a) CCP (kidnapping with the purpose of extortion, ma-
fia-typed organised crime, terrorism, etc.).43 This solution, which is
still in force despite the recent legislative implementation of Directive
2012/13/EU on information rights in criminal proceedings,44 provides
a highly problematic presumptio juris et de jure. Thus, it is debatable that
the abstract seriousness of the offence always entails risks for the ongoing
investigation.45 Furthermore, it is clear that restrictions on the right to
information cannot be justified in relation to the victim and the suspect
in the same terms, as granting information to the victim does not entail
similar risks to the ongoing inquiry.46
Moreover, the choice of nomen juris can have relevant consequen-
ces on the use of several investigative measures that seriously interfere
with fundamental rights. Under Italian law, for example, wiretaps can only
be ordered in relation to specific offences (Katalogtaten),47 as classified
by the competent prosecutor while noting the case. Further implications,
moreover, derive from the prosecutor’s initial decision in the remand
42
Art. 335(3-bis) CCP.
43
Art. 335(3) CCP.
44
Legislative Decree 101/2014.
45
Marzaduri. Commento all’art. 1 legge costituzionale 2/1999, p. 779 fn. 110.
46
A recent legislative reform, however, ensured to the victim the right to re-
quest information on the ongoing inquiry the latest six months after lodging
a complaint. See Art. 335(3-ter) CCP, enacted by Law 103/2017.
47
Art. 266 CCP.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
572 | Ruggeri, Stefano.
48
This controversial regulation was introduced by the aforementioned 1992 an-
timafia reform with regard to mafia-related crimes (mafia-type association,
crimes committed using the typical conditions of mafia-type association and
crimes of mafia abetting). Over more than two decades, the original rules
have been amended several times. In 2009, a legislative reform carried out
by Law-Decree 11/2009, converted into Law 38/2009, extended the scope of
Article 275(3) CCP to the area of sexual offences and other serious crimes.
This reform was largely countered by the Constitutional Court, which fur-
ther narrowed the application of this exceptional mechanism. Ultimately, fol-
lowing the approach of constitutional case-law, Law 47/2015 distinguished
the special rules on remand detention according to two groups of serious
crimes. In case of the offences under Articles 270, 270-bis and 416-bis of the
penal code (subversive association, criminal association aimed at national
and international terrorism and at subverting democratic order, and mafia-
-related criminal association), pre-trial detention is to be applied if suspicion
of guilt arises, unless it is proven that no risk exists to the ongoing inquiry.
In relation to other serious crimes (murder, sexual crimes, etc.), the same
mechanism applies, with the difference, however, that alternatives to custody
can also be applied in case of attenuated risks to the proceedings.
At first glance, it appears that Italian law provides for proper balance among
conflicting interests, allowing for the application of remand detention on the
basis of a rebuttable presumption of dangerousness of defendants charged
with these crimes. However, the code exonerates the judicial authority from
assessing the real existence of any concrete risk to the ongoing inquiry. Thus,
as a rule, the defendant must produce evidence in rebuttal. Furthermore, the
possibility of overturning the presumption of dangerousness depends on
very exigent proof on the part of the defence. That the assessment of sus-
picion of guilt provides the sole justification of remand detention raises se-
rious human rights concerns especially in the cases of mafia-related criminal
association and of sexual crimes, in which one can observe the widespread
tendency of proving fumus delicti on the basis of dangerous inferences and
presumptions. On the fact-finding in the field of mafia-typed crimes see the
comprehensive analysis of Maggio. Prova e valutazione giudiziale dei com-
portamenti mafiosi, pp. 491 ff.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.161 | 573
only facilitates the onus probandi of the competent prosecutor, but also
weakens the requirements of fact-finding, with evident repercussions
on the right to freedom.
In sum, the prosecutor’s unchallengeable choice of the legal
classification of the alleged offence, without any independent oversight,
can have a considerable influence on the decision-making powers of the
competent judge. It is true that in the field of pre-trial coercive measures,
Italian courts widely accept the possibility of the competent court for
judicial review (riesame) changing the nomen juris chosen by the public
prosecutor.49 Yet judicial review presupposes the appeal of the interested
party, and the application of restrictions on freedom is purely accidental.
De lege ferenda, the competent judge for the pre-trial inquiry should be
able to scrutinise the appropriateness of the legal classification of the
offence by the competent prosecutor; a good solution might be to require
a judicial review of nomen juris at certain intervals. Of course, even such
solutions would remain rather useless, if the competent judge were still
precluded access to the prosecutorial file. The logic of non-inquiry, or
limited inquiry, does not seem to be compatible with the need to ensure
full protection of procedural safeguards in the investigative phase. There
is no valid justification for withholding relevant information from the
judicial authority, which should instead be given full knowledge of the
evidence collected by the investigative authorities, regardless of whether
or not access to the materials of the case if allowed to the defence.
4.1. Premise
49
Negri. Fumus commissi delicti, p. 61.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
574 | Ruggeri, Stefano.
Concerning the first issue, we have observed that the 1988 co-
dification not only abolished the investigative magistrate but also dras-
tically reduced the evidence-gathering tasks of public prosecutors, in
that the information gathered by the investigative bodies, as a rule, could
no longer be used in open court. The in-depth reforms carried out by
the Vassalli code, however, did not suffice to eradicate all the coercive
powers of prosecutorial authority, which under Italian law, as noted, still
forms part of the judiciary. To a certain extent, it might be argued that
the new criminal justice system, despite its strong adversarial approach,
strengthened the pre-trial inquiry in comparison to the fascist codifica-
tion, while maintaining some important decision-making powers on the
part of the public prosecutorial office. There was a number of relevant
examples. As a ‘judicial authority’, the public prosecutorial office was
empowered to order physical inspections50 and home searches51 in the
preliminary phase, and also in the exceptional cases in which the police
could conduct searches without previous judicial authorisation, confir-
mation ought to be requested to the prosecutor.52 The competences of
the prosecutorial authority were extended even to the area of free and
secret (tele)communication, notwithstanding that Italian constitutional
50
Art. 244(2) CCP.
51
Art. 247(2-3) CCP.
52
Art. 352(4) CCP.
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law only allows restrictions on this fundamental right after judicial au-
thorisation.53 Thus the 1988 code, while generally conditioning wiretaps
on judicial authorisation,54 had already enabled the public prosecutor to
order the interception of telecommunications in urgent cases, provided,
however, that the competent judge validate the prosecutorial order.55
The years ahead not only led to the strengthening of the law
enforcement and investigative powers of the police during the pre-trial
inquiry, but also of the decision-making powers of the prosecutorial au-
thority. The developments that have taken place in recent years confirm
how deep the traditional understanding of the public prosecutorial office
as an independent body of justice is still embedded in Italian criminal
procedural law. A clear example was provided by Law 85/2009, through
which Italy adhered to the 2005 Prüm Convention aimed at strengthening
cross-border cooperation particularly in combating terrorism, cross-border
crime and illegal migration. This legislation introduced new provisions
with a view to establishing the conditions of taking specific forms of expert
evidence requiring delicate medical checks, such as the sampling of hair
or mucosa from the oral cavity for the purposes of DNA examination.56
The same legislative reform, moreover, laid down further rules aimed at
governing the compulsory taking of biological samples in the pre-trial
inquiry. Here also, as a general principle, judicial authorisation by the
competent judge for the pre-trial inquiry is necessary in the absence
of the consent of the interested person.57 Nevertheless, in urgent cases
the competent prosecutor can order such medical surveys, which are,
however, subject to subsequent judicial validation within short time-li-
mits.58 The most worrisome case, furthermore, is where the police need
such intrusive investigations during their autonomous inquiries for the
purposes of the identity check of the suspect or other individuals who
do not consent to the coercive sampling. In this case, the police cannot
53
Art. 15(2) Const.
54
Art. 267(1) CCP-Italy.
55
Art. 267(2) CCP-Italy
56
Art. 224-bis CCP.
57
Art. 359-bis(1) CCP.
58
Art. 359-bis(2) CCP.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
576 | Ruggeri, Stefano.
59
Art. 349(2-bis) CCP.
60
Ibid.
61
Legislative Decree 2016/2017. For in-depth analysis of this reform see among
others Giostra; Orlandi (coord.). Nuove norme in tema di intercettazioni.
62
Art. 267(1) CCP-Italy.
63
Art. 267(2-bis) CCP-Italy.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.161 | 577
64
It should be acknowledged, however, that the 1988 rules already provided for
an important case of evidence-gathering unconnected from urgent reasons.
Pursuant to Article 392(2) CCP, complex expert evidence should, as a rule,
be taken in the pre-trial stage to avoid excessive congestion of the trial phase.
65
Art. 431(1)(e) CCP.
66
Art. 401(5) CCP.
67
Art. 401(6) CCP.
68
Art. 403 CCP.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
578 | Ruggeri, Stefano.
69
Art. 391-bis et seqq. CCP.
70
Art. 506 CCP.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.161 | 579
71
Constitutional Court, judgment 74/1991.
72
Law 267/1997.
73
Art. 398(3) CCP.
74
Constitutional Court, 77/1994.
75
Art. 392(1)(c-d) CCP, as reformed by the Law 267/1997.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
580 | Ruggeri, Stefano.
76
Di Chiara. Incidente probatorio, p. 553.
77
Constitutional Court, judgment 262/1998.
78
Constitutional Court, judgment 63/2005.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.161 | 581
79
ECtHR, Doorson v. The Netherlands, judgment of 26 March 1996, Appl. No.
20524/92.
80
Directive 2011/36/EU.
81
Art. 398(5-ter) CCP.
82
Art. 398(5-quater) CCP.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
582 | Ruggeri, Stefano.
83
Art. 394 CCP.
84
On this problem see Bargis. Commento all’art. 13 legge 66/1996, p. 504.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.161 | 583
85
In particular, the accused must be previously examined when a coercive mea-
sure is to be applied in the hearing aimed at validating arrest and when a new
period of detention is needed after a previous pre-trial detention has expired
because of the failure to bring the accused to the judicial authority. Cf. res-
pectively Arts. 294(1) and 302 CCP.
86
Art. 5(3) ECHR.
87
Art. 9(3) ICCPR.
88
Art. 294(4) CCP.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
584 | Ruggeri, Stefano.
89
For instance, the German Basic Law grants the individuals concerned the
right to be informed of the grounds for arrest, a fundamental right that,
moreover, entails the duty of the competent authority to hear them and
allow them to raise objections and complaints against the arrest order. Cf.
Art. 104(3) Basic Law. Remarkably, these guarantees also apply when the
judicial authority orders pre-trial detention. This highlights that Germany
enshrined at the constitutional level the right of detained individuals to ob-
tain an independent assessment of the lawfulness of detention on the basis
of their allegations and claims.
90
Art. 291(1) CCP.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.161 | 585
91
Art. 294(6) CCP. It should be taken into account, however, that prosecuto-
rial questionings were still allowed after provisional arrest and even in the
hearing after the enforcement of remand detention, and the accused was not
always assisted by a lawyer. See Constitutional Court, judgment 384/1996.
92
Supreme Court, 2nd Section, decision of 18 March 2008, Capri, in CED
239739. See Marzaduri. Commento all’art. 275, p. 179.
93
Art. 309 CCP.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
586 | Ruggeri, Stefano.
94
Supreme Court, 1st Section, decision of 9 June 1995, Sanna, in CED 202460.
95
Art. 294(4) CCP.
96
Law 47/2015.
97
Art. 291(1-ter) CCP.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.161 | 587
98
Art. 104(3) CCP. It is noteworthy, however, that Law 103/2017 restricted the
scope of this provision to a list of serious offences, laid down in Art. 51(3-bis
& 3-quarter) CCP.
99
Art. 294(1) CCP.
100
The negative effects of the postponement are reduced in case of house arrest,
further coercive means and control measures, since the hearing must here
take place within ten days.
101
Art. 294(1-ter) CCP.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
588 | Ruggeri, Stefano.
102
Art. 3(2)(a) of Directive 2013/48/EU.
103
Art. 3(3)(a) of Directive 2013/48/EU.
104
Supreme Court, 3rd Section, decision of 4 December 2002, Caruso, in CED
223737.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.161 | 589
105
Art. 111(5) Const. On the relevance of consent of the parties in fact-finding
see among others Di Bitonto. Profili dispositivi dell’accertamento penale.
106
Art. 111(3) Const.
107
At first glance, the wording of Article 6(3)(d) ECHR reflects the alternative
between self-defence and legal assistance, allowing for the examination of
incriminating witnesses by the defence lawyer in the countries that do not
enable defendants to cross-examine prosecutorial witnesses. On close exa-
mination, the drafters of the European Convention aimed at striking a com-
promise between two main forms of confrontation existent in the European
countries, which broadly correspond to a form of cross-examination, typical
of common-law countries, conducted by the parties and the continental tra-
dition of witness’s examination conducted by a third body (presiding judge
of the tribunal, investigating magistrate, etc.). Cf. Trechsel. Human rights in
criminal proceedings, p. 90.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
590 | Ruggeri, Stefano.
be in line with the Italian Constitution, since judges cannot clearly hear
people before themselves.
Against this background, I shall focus on two main problems,
which relate to a) legal assistance and the right to take part in the police
and prosecutorial investigative activities, and b) the possibility of private
parties charging their lawyers with the task of carrying out autonomous
investigations in the interests of their clients in parallel with the prose-
cutor’s inquiry.
5.2. Legal assistance and the right to be involved in the police and
prosecutorial inquiries
108
Cordero. Procedura penale, p. 891.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.161 | 591
whether and to what extent lawyers can actively participate in the hearing.
In the case of police questionings, the lawyer can only be present.109 In
the interrogation by the prosecutor or by the police upon delegation,
the defence lawyer can instead make specific requests and observations
to the competent authority.110 Notwithstanding this more active role,
however, there is no formal means to avoid inadequate questioning for
the suspect. To a certain extent, moreover, the assistance of a lawyer can
rebound like a boomerang, since the statements rendered by suspects to
the public prosecutor or the police upon delegation, if inconsistent with
the evidence rendered in open court, can be read out at trial and used as
incriminating evidence against them.111 Worse still, out-court-statements
of defendants can be admitted at trial if they either do not consent to the
trial examination or are not present in court.112 Yet, there are considerable
differences between these two situations. Whereas the former reflects
a clear defensive choice, the latter is a neutral situation, which neither
expresses the accused’s decision to waive his right to take part in crimi-
nal proceedings nor can per se make the out-of-court statements more
reliable. In 2014, an important legislative reform – issued for the main
purposes of aligning Italian legislation with the requirements set by EU
law and particularly by Strasbourg case-law – abolished the old default
proceedings (processo in contumacia), while allowing for the institution
of proceedings in absentia under new conditions. Since these conditions
do not still necessarily presuppose the accused’s knowledge of the court
proceedings, the possibility of using against absent defendants the state-
ments given to the investigative authorities in the pre-trial phase raises
serious human rights concerns, as it largely frustrates the general free-
dom of the accused to decide whether or not to be questioned at trial.113
The most elaborate form of involvement of private parties in
prosecutorial inquiries in the pre-trial phase concerns the surveys con-
ducted by technical advisors appointed by the prosecutor. In urgent cases,
109
Art. 350(3) CCP.
110
Art. 364(7) CCP.
111
Art. 503(5) CCP.
112
Art. 513(1) CCP.
113
Art. 503(1) CCP.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
592 | Ruggeri, Stefano.
prosecutors must follow a special procedure, which allows for the suspect
not only to involve his lawyer but also to appoint a technical advisor of
his own choosing.114 Even though technical and legal assistance allows for
the individuals concerned to actively participate in the appointment of
the technical investigation, the conducting of this survey, however, still
remains in the hands of the public prosecutor without any intervention of
an independent authority. Here also, moreover, the (potential) involve-
ment of private parties can backfire, as the results of the technical survey
conducted by the prosecutor’s advisor will be included into the trial file
as ‘non-repeatable evidence’, regardless of whether or not private parties
had a fair opportunity to contribute to the prosecutorial investigation.115
In specific cases, Italian law recognises to individuals other than
the suspect some participatory safeguards in the police and prosecutorial
investigations. The rules on non-repeatable technical surveys conducted
by prosecutor’s advisors, for example, extend to the victim the same gua-
rantees acknowledged to the suspect.116 A number of legislative reforms
issued over more than twenty-five years has strengthened defence rights
of some types of informants in particular cases of police or prosecutorial
questioning in the pre-trial inquiry. Yet these reforms reflected a one-si-
ded view of questioning, which does not take into due account the need
for complex balance among conflicting interests in light of an overall
understanding of criminal proceedings.
A clear example is provided by questioning of co-defendants.
The 1992 antimafia legislation also empowered the police to question
co-defendants at their own initiative, co-defendants who, unlike other
informants, had to be assisted by a lawyer.117 It was an investigative power
of no little importance, taking into account the relevance, especially for the
purposes of proceedings regarding mafia-type crimes, of the information
given by persons available for collaboration with the authorities. Almost
ten years later, Law 63/2001 introduced an unprecedented form of witness
testimony for co-defendants assisted by a lawyer (testimonianza assistita),
114
Art. 360 CCP.
115
See Article 360(5) in conjunction with Article 431 CCP.
116
Art. 360(1) CCP.
117
Art. 351(1-bis) CCP.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.161 | 593
118
Art. 197-bis CCP. On this topic see among others Conti. L’imputato nel proce-
dimento connesso.
119
See respectively Arts. 351(1) and 362(1) CCP.
120
In this sense cf. Tonini. Riforma del sistema probatorio, p. 272.
121
Art. 362(1-bis) CCP, introduced by the Law 172/2012.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
594 | Ruggeri, Stefano.
122
Art. 351(1-ter) CCP.
123
Recital no. 38 of Directive 2012/29/EU.
124
Tonini. Riforma del sistema probatorio, p. 272.
125
Art. 351(1-ter) CCP.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.161 | 595
126
On defence investigations see Siracusano. Investigazioni difensive, pp. 496
ff. On close examination, although the heading of Law 63/2001 explicitly
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
596 | Ruggeri, Stefano.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.161 | 597
129
Art. 391-bis(10-11) CCP.
130
Art. 391-nonies CCP.
131
Art. 369(1-bis) CCP.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
598 | Ruggeri, Stefano.
132
Art. 369(1) CCP.
133
Art. 512 CCP.
134
Art. 391-septies CCP.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.161 | 599
inquiry, while entailing the risk of misuse.135 Yet, this concern was pro-
bably excessive, taking into account that in Italian criminal justice, the
judicial authority is always required to give reasons when interference
with fundamental rights is necessary.
Concluding remarks
135
Marzaduri. Commento all’art. 1 legge costituzionale 2/1999, p. 770.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
600 | Ruggeri, Stefano.
R eference list
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https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.161 | 601
NOBILI, Massimo. Giusto processo e indagini difensive: verso una nuova procedura
penale? Diritto penale e processo, 2001, pp. 5 ff.
TONINI, Paolo. Riforma del sistema probatorio: un’attuazione parziale del “giusto
processo”. Diritto penale e processo, 2001, pp. 269 ff.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 559-603, mai.-ago. 2018.
602 | Ruggeri, Stefano.
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Imparcialidad judicial y actividad
probatoria en la Corte Penal Internacional
1
Profesora Contratada Doctora en Derecho Procesal de la Universidad Jaume
I de Castellón en España donde ha estado vinculada desde 2001. Doctora en
Derecho y Licenciada en Traducción e Interpretación defendió su tesis doctoral
sobre El derecho de defensa ante la Corte Penal Internacional que publicada
posteriormente en la editorial Tirant lo Blanch bajo el título La Defensa en el
plano internacional de los grandes criminales, obteniendo asimismo el premio
extraordinario de doctorado de Derecho y Jurisprudencia curso 2008/2009.
Ha disfrutado de diversas becas pudiendo destacar las concedidas por la Agen-
cia Española de Cooperación Internacional (AECID), Deutscher Akademischer
Austausch Dienst/Servicio Alemán de Intercambio Académico (DAAD) y la
Konrad Adenauer Stiftung. Ha sido profesora visitante en la Corte Penal In-
ternacional, en el Max Planck Institute for Foreign and International Criminal
Law de Friburgo, en Alemania, en el Dipartamento di Scienze Giuridiche de la
Universidad de Bolonia y en la facultad de Derecho de la Universidad de For-
dham en Nueva York entre otras.
605
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Introducción
2
Sobre el procedimiento en general existe abundante bibliografía, vid. entre
otros, BEHRENS, H.J., The Trial Proceedings. In: LEE, R.S., The Internatio-
nal Criminal Court, The Making of the Rome Statute, Issues, Negotiations, Re-
sults, The Hague: Kluwer Law International, 1999; BELTRÁN MONTOLIU,
A., Capítulo XIX, El proceso ante la Corte Penal Internacional. In: GIL GIL,
A./ MACULAN, E., (ed), Derecho Penal Internacional, Madrid: Dikynson,
2016; DEFRANCIA, C., Due process in International Criminal Courts: Why
Procedure Matters, Virginia Law Review, November, p. 1381-1437, 2001,
,; FRIMAN, H., Investigation and Prosecution. In: LEE, R., The Internatio-
nal Criminal Court, Elements of Crimes and Rules of Procedure and Evidence,
Ardsley: Transnational Publishers, 2001, p. 493-539; GUERRERO, O.J., Al-
gunos aspectos del procedimiento penal en el Estatuto de Roma de la CPI.
In: AMBOS, K., La nueva justicia penal supranacional, desarrollos post-Roma,
Valencia: Tirant lo Blanch, 2002; LEWIS, P., Trial Procedure. In: LEE, R.,
The International Criminal Court, Elements of Crimes and Rules of Procedure
and Evidence, cit, p. 539-553; GÓMEZ COLOMER, J.L., El Tribunal Penal In-
ternacional: Investigación y acusación (Un estudio comparado sobre la influen-
cia de modelos y realidades en el tratamiento del principio acusatorio en las fases
previas al juicio del proceso penal ante el Tribunal Penal Internacional), Valen-
cia; Tirant lo Blanch, 2003; TERRIER, F., The Procedure before the Trial
Chamber. In: CASSESE, A.; GAETA, P.; JONES, J.R.W.D., The Rome Statute of
the International Criminal Court: A Commentary, v.. II, Oxford: Oxford Uni-
versity Press, 2002, p. 1277-1318; McDONALD, G.K., Trial Procedures and
Practices. In: Mc DONALD, G.K.; SWAAK-GOLDMAN, O., Substantive and
Procedural Aspects of International Criminal Law, Dordrecht: Kluwer Law
International, 2000, p. 547-622; GÖRAN SLUITER et al (eds), International
Criminal Procedure: Principles and Rules, Oxford: Oxford University Press,
2013; GARCÍA-MATAMOROS, L.V.; ÁVILA.MEDINA, D., Procedimiento, li-
tigio y representación ante tribunales internacionales, Bogotá: Editorial Uni-
versidad del Rosario, 2017, especialmente p. 267-429; CASAS SIERRA, B.,
La Corte Penal Internacional, ¿un modelo válido en el siglo XXI?, Instituto
Español de Estudios Estratégicos, Documento Marco, p. 1021-1023, 2017
3
El texto fundamental que sirve como punto de partida es el Estatuto de Roma,
que se aprobó el 17 de julio de 1998, por la Conferencia Diplomática de Pleni-
potenciarios de las Naciones Unidas sobre el establecimiento de un Tribunal
Penal Internacional (A/CONF. 183/9), entrada en vigor el 1 de julio 2002.
Es especialmente interesante por su contenido didáctico, ICC, Understanding
the International Criminal Court, Disponible en <https://www.icc-cpi.int/ic-
cdocs/PIDS/publications/UICCEng.pdf>, visitada 2 de febrero 2018.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 605-644, mai.-ago. 2018.
608 | Beltrán Montoliu, Ana.
4
AMBOS, K. International Criminal Procedure: “Adversarial” “Inquisitorial”
or “Mixed”?, International Criminal Law Review, v. 3, n. 1, p. 2-5, 2011
5
Téngase en cuenta que el compendio normativo es considerable, puesto que
para un coherente análisis, se pueden consultar las siguientes disposiciones
legislativas: Reglas de Procedimiento y Prueba (ICC-ASP/1/3), 2 de noviem-
bre 2000; Los Elementos de los Crímenes (ICC-ASP/1/3 y Corr. 1, parte
II.B); Reglamento de la Corte (ICC-BD/01-01-04), 26 de mayo 2004; Regla-
mento de la Fiscalía (ICC-BD/05-01-09, 23 de abril 2009); Reglamento de la
Secretaría (ICC-BD/03-01-06-Rev.1), 6 de marzo de 2006; Code of Judicial
Ethics ICC-BD/02-01-05, 9 de marzo 2005; Chambers´ Practice Manual, Mayo
2017, etc . Disponibles en: <https://www.icc-cpi.int/resource-library#legal-
-texts>. Visitada 21 de diciembre 2017.
6
La actualización sobre aspectos generales sobre la Corte Penal Internacional
se puede consultar en ICC, The Court Today. Disponible en <https://www.
icc-cpi.int/iccdocs/PIDS/publications/TheCourtTodayEng.pdf>
7
No siempre es fácil equilibrar los ordenamientos nacionales con el De-
recho Internacional, sobre las dificultades constitucionales que pueden
aparecer, vid. PACHECO, M. O Tribunal Penal Internacional. Review of
Business and Legal Sciences. Revista De Ciências Empresariais E Jurídicas, v.
10, 2007, p. 234-241.
8
En ese sentido, la implementación de derechos humanos, exige en numerosas
ocasiones una jurisprudencia creativa, así lo indica: CARVALHO, L. G. G. C.;
PONTES, Jean R. Reflexoes acerca dos desafíos de legitimação do Tribunal
Penal Internacional: a gestão da prova nos julgamentos dos crimes contra a
humanidade. Revista Jurídica – CCJ, v. 21, n. 45, p. 141, mai./ago. 2017.
9
En este sentido no se contempla ninguna otra clase de acusación. Es decir,
no es posible ejercer una acusación particular (art. 24 CE), privada (prevista
únicamente en los delitos de injurias y calumnias del art. 215.1 CP) o popular
(art. 125 CE, arts. 101 y 270 LECrim) como sí que sucede por ejemplo en el
ordenamiento jurídico español.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 605-644, mai.-ago. 2018.
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10
Sobre la mecánica procesal, mediante el mecanismo de activación vid. LE-
WANDOWSKI, E. R. O Tribunal Penal Internacional: de uma cultura de im-
punidade para uma cultura de responsabilidade, Estudos Avançados, v. 16, n.
45, maio/agosto, p. 194, 2002.
11
Tal y como indica GROSSMAN, “El espacio de “interpretación creadora” por
parte de este y otros Tribunales tiene como contrapartida su responsabilidad
en el ejercicio adecuado de sus funciones, según los Estados, la profesión legal,
el público en general. La práctica y proyección internacional del Tribunal lleva
a identificar numerosos desafíos”, GROSSMAN, C. El tribunal penal interna-
cional: Consideraciones generales. Derecho y Humanidades, n. 18, p. 27, 2011.
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12
Para conocer la composición actual de magistrados vid. ICC, Judicial Divi-
sions, Disponible en <https://www.icc-cpi.int/about/judicial-divisions/Pa-
ges/default.aspx> visitado 11 de enero 2018.
13
En detalle art. Artículo 36 Condiciones que han de reunir los magistrados,
candidaturas y elección de los magistrados EstCPI.
14
Así por ejemplo puede resultar interesante consultar en el ordenamien-
to jurídico español, los Principios de Ética Judicial (Documento aproba-
do por el Pleno del CGPJ en su sesión del día 20 de diciembre de 2016
conforme al texto acordado en la sesión celebrada el día 16 de diciembre
de 2016 por el grupo de trabajo sobre ética judicial), que consta de dos
partes, Parte I, Los principios (independencia, imparcialidad, integridad,
cortesía, diligencia, transparencia), Parte II Comisión de Ética Judicial
(funciones, composición, elección, mandato, funcionamiento, efectos y
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24
Así por ejemplo, haber realizado un informe para UNICEF sobre el recluta-
miento de niños soldado, no fue sufiente causa para recusar al juez Winter,
SCSL, Prosecutor v. Norman, et al, SCSL-2004-14PT, Motion to Recuse Judge
Winter from Deliberating in the Preliminary Motion of the Recruitment
of Child Soldiers, 24 March 2004; SCLS, Prosecutor v. Norman, et al, SCSL-
-2004-14PT, Decision on the Motion to Recuse Judge Winter from the De-
liberation in the Preliminary Motion on the Recruitment of Child Soldiers,
28 May 2004.
25
Recusación formulada contra el Juez Robertson por sus manifestaciones en
el libro Crimes Against Humanity – The Struggle for Global Justice, publicado
en 2002. La Defensa sostuvo que: “Justice Robertson’s opinions, comments
and statements are expressed in terms that demonstrate the clearest and
most grave bias, or in the alternative, the same objectively give rise to the
appearance of bias”. SCSL, Prosecutor v. Sesay et al., SCSL-04-15-T, Decision
on Defence Motion Seeking the Disqualification of Judge Robertson from the
Appeals Chamber, 28 January 2008, para. 2.
26
En el Tribunal Especial para Sierra Leona (SCSL en inglés), se produjeron por
parte del juez Malik Saw unas declaraciones desafortunadas que cuestionaban
la credibilidad del tribunal, lo que supuso que se tomaran medidas al respecto,
poniendo de relieve el tribunal que: “The only moment where a Judge can
express his opinion is during the deliberations or in the courtroom, and, pur-
suant to the Rules, when there are no serious deliberations, the only place left
for me is the courtroom. I won’t get — because I think we have been sitting
for too long but for me I have my dissenting opinion and I disagree with the
findings and conclusions of the other Judges, because for me under any mode
of liability, under any accepted standard of proof, the guilt of the accused from
the evidence provided in this trial is not proved beyond reasonable doubt by
the Prosecution. And my only worry is that the whole system is not consistent
with all the principles we know and love, and the system is not consistent with
all the values of international criminal justice, and I’m afraid the whole system
is under grave danger of just losing all credibility, and I’m afraid this whole
thing is headed for failure.” SCSL, Prosecutor v. Taylor, SCSL-03-01-A, Charles
Ghankay Taylor’s Motion for Partial Voluntary “Withdrawal or Disqualifica-
tion of Appeals Chamber Judges, 19 July 2012, para. 9.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 605-644, mai.-ago. 2018.
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27
Existe un corpus iuris internacional sobre la materia (art. 11.1 Declaración
Universal de los Derechos Humanos; art. 14 Pacto Internacional de Derechos
Civiles y Políticos, art. 6 Convenio Europeo de Derechos Humanos de 1950 y
el art. 8 Convenio Internacional de Derechos Humanos, de 1969 y su doctri-
na así lo evidencia.
28
Cuestión que no es siempre fácil de dilucidar. Así por ejemplo lo pone mag-
níficamente de manifiesto BACHMAIER al realizar un comentario sobre mo-
tivos tales como qué significa “amistad íntima” o “enemistad manifiesta” vid.
BACHMAIER, L., Derecho a un juez imparcial y su articulación legal (TC
2ª S 162/1999, de 27 septiembre), Tribunales de justicia: Revista española de
derecho procesal, n. 7, , p. 917-918, 2000.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 605-644, mai.-ago. 2018.
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29
Vid. Informe del Magistrado Joaquín Jiménez García sobre la recusación en la
causa especial Nº 3/20048/2009, pág. 10, donde se sintetiza la doctrina del
TEDH concretamente en: “a.- La imparcialidad del Tribunal, entendida como
ausencia de idea preconcebida de culpabilidad en la persona a la que se le va
a someter a enjuiciamiento, puede contemplarse tanto desde una perspecti-
va subjetiva como objetiva. b.-La óptica de la imparcialidad subjetiva trata
de indagar lo que en su fuero interno piensa el Juez del caso concernido, se
trataría de un prejuicio subjetivo. En este aspecto la imparcialidad personal/
subjetiva del Magistrado se presume, mientras no se demuestre lo contrario.
c.- La óptica de la imparcialidad objetiva trata de verificar si hay garantías su-
ficientes para excluir toda duda legítima sobre la imparcialidad del Tribunal
desde las alegaciones efectuadas por el denunciante. d.- Teniendo en cuenta
la presunción de imparcialidad subjetiva del juez, y las dificultades de prueba,
la exigencia de imparcialidad objetiva proporciona una importante garantía
adicional. e.-Las apariencias tienen su importancia, por la confianza que los
Tribunales deben inspirar al justificárselo a la Sociedad en general. f.- Lo de-
terminante es verificar si a la vista del caso concernido, los recelos o sospe-
chas del denunciante están justificados objetivamente, es decir, desde una
perspectiva externa. g.-Para la respuesta concreta hay que estar al examen
individualizado de cada supuesto.”
30
En concreto en este caso se planteó la recusación de la juez Florence Mumba
por haber estado relacionada anteriormente a su desempeño como juez en el
TPIY con la United Nations Commission on the Status of Women (UNCSW).
La Sala de Apelaciones entendió que su especialización en materia de de-
rechos humanos en el contexto de género, formaba parte de la experiencia
profesional que se requiere en estos tribunales: “A Judge should be not only
subjectively free from bias but also there should be nothing in the surroun-
ding circumstances which objectively gives rise to an appearance of bias...
A. A Judge is notimpartial if it is shown that actual bias exists. B. There is an
unacceptable appearance of bias if: i) a Judge is a party to the case, or has a
financial or proprietary interest in the outcome of a case, or if the Judge’s
decision will lead to the promotion of a cause in which he or she is involved,
together with one of the parties. Under these circumstances, a Judge’s dis-
qualification is automatic; or ii) the circumstances would lead a reasonable
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 605-644, mai.-ago. 2018.
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33
La proclamación de la independencia como un principio esencial del esta-
tuto de jueces y magistrados la encontramos en el ordenamiento jurídico
español en la CE (arts. 117.1, 124.1 y 127.2), LOPJ (1, 12, 13 y 14), así como
a nivel internacional (art. 10 DUDH, 14.1 PIDCYP y 6.1 CEDH) ya mencio-
nados previamente.
34
Vid. Sección IV Situaciones que pueden afectar al funcionamiento de la Corte
(reglas 23-32) RPPCPI; Capítulo 8 Separación del cargo y medidas disciplina-
rias del Reglamento de la Corte (normas 119-125).
35
Recordemos que se combinan elementos del sistema continental y del com-
mon law en lo relativo a la prueba también, Así lo constata SADAT, S., The
International Criminal Court and the Transformation of International Law,
Ardsley: Transnational Publishers, 2002, p. 238; GORDON, G.S, Toward an
International Criminal Procedure: Due Process Aspitations and Limitations,
The Berkeley Electronic Press, n. 62, 2006, KRESS, C. The Procedural Law of
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 605-644, mai.-ago. 2018.
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620 | Beltrán Montoliu, Ana.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 605-644, mai.-ago. 2018.
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42
ICC, Prosecutor v Laurent Gbagbo and Charles Blé Goudé, ICC-02/11-01/15-
369, Judgment on the appeal of Laurent Gbagbo against the decision of Trial
Chamber I entitled ‘Decision giving notice pursuant to Regulation 55(2) of
the Regulations of the Court’, 18 December 2015 (‘Gbagbo and Blé Goudé
Appeals Judgment on Regulation 55(2)’), par. 54.
43
Así en la versión de mayo de 2017 en el anexo se adjunta un protocolo que
puede ser determinante para la práctica. Vid. Annex: Protocol on the han-
dling of confidential information during investigations and contact between
a party or participant and witnesses of the opposing party or of a participant.
44
Sobre el derecho a un juicio justo en la Corte vid. entre otros, DEFRANCIA,
C., Due process in International Criminal Courts: Why Procedure Matters,
Virginia Law Review, November, p. 1381- 1437, 2001; FINDLAY, M., Synthe-
sis in trial procedures? The experience of International Criminal Tribunals,
International and Comparative Law Quarterly,, v.. 50, p. 26-53, 2001; STAPLE-
TON, S., Ensuring a Fair Trial in the International Criminal Court: Statutory
Interpretation and the Impermissibility of Derogation, International Law and
Politics, v.. 31, p. 535-609, 1999; SWEENEY, D., International Standards of
Fairnes, Criminal Procedure and the International Criminal Court, Révue In-
ternationale de Droit Penal, , v.. 68, p. 233-289, 1997-1 y 2; WARBRICK, C.,
International Criminal Courts and Fair Trial, Journal of Armed Conflict Law, ,
v.. 3, n.. 1, p. 45-64, 1998.
45
Sobre el origen y evolución de los modelos procesales vid. BARONA VILAR,
S., Proceso penal desde la Historia. Desde su origen hasta la sociedad global del
miedo, Valencia: Tirant lo Blanch, 2017, passim.
46
Como Damaska explica el principal interés en un modelo procesal es si el
resultado que se obtendrá es predecible, lógico y coherente con sus valores
fundamentales y sus fuentes ya que la justicia en si misma es casi imposible
de definir, DAMASKA, M., Problematic Features of International Criminal
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 605-644, mai.-ago. 2018.
622 | Beltrán Montoliu, Ana.
Procedure. In: CASSESE, A., (ed) The Oxford Companion to International Cri-
minal Justice, Oxford: Oxford University Press,, p. 175-86, 2009
47
En ese sentido, la etapa del discovery o la admisibilidad de la prueba son ana-
lizados para poder aportar soluciones que impliquen mejoras en el procedi-
miento probatorio. CAIANIELLO, M., Law of Evidence at the International
Criminal Court: Blending Accusatorial and Inquisitorial Models, North Ca-
rolina Journal of International Law and Commercial Regulation, v.. 36, n. 2, ,
p. 288, 2011
48
Idídem, p. 293.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 605-644, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.159 | 623
49
En general sobre el discovery ante los TTPPII ad hoc, vid. entre otros, PRUITT,
R., Discovery: Mutual Disclosure, Unilateral Disclosure and Non-Disclosure
under the Rules of Procedure and Evidence. In: MAY, R. (ed.), Essays on
ICTY Procedure and Evidence in Honour of Gabrielle Kirk McDonald, Kluwer
Law International, The Hague-London-Boston: Kluwer Law International,
, p. 305-314, 2001; ZAGARIS, B., Disclosure. In KLIP, A.;GÖRAN, S. (ed.),
Annotated Leading Cases of International Criminal Tribunals, vol. III: The In-
ternational Criminal Tribunal for the former Yugoslavia 1997-1999, , Antwerp-
-Oxford-New York: Intersentia, p. 237-240. 2001.
50
ICC, Prosecutor v. Thomas Luganda Dyilo, Prosecution´s Final Observations on
Disclosure,(ICC-01/04-01/06-91), 2 May 2006; ICC, Prosecutor v. Thomas Lu-
ganda Dyilo, Observations of the Defence relating to the System of Disclosure
in View of the Confirmation Hearing, (ICC-01/04-01/06-92), 2 May 2006.
51
En el TESL se ha previsto que en el supuesto de que el acusado aun no dis-
pusiese de abogado defensor, el Fiscal deberá depositar la información perti-
nente ante la Sección de Organización del Tribunal a espera de poder entre-
gársela al mismo. Vid. SCSL, Practice Direction on Disclosure by the Prosecutor
Pursuant to Rule 66 of the Rules of Procedure and Evidence of the Special Court
for Sierra Leone, 24 February 2004.
52
Sobre las principales cuestiones más problemáticas de divulgación de la prue-
ba vid. MARTÍNEZ ALCAÑIZ, A., El proceso de confirmación de cargos ante
la Corte Penal Internacional, Revista General de Derecho Procesal, n. 43, , p.
20-26, septiembre 2017.
53
“According to their teleological interpretation, rules 121 (2) and 122 (1) of
the Rules serve several purposes. These include enabling the PreTrial Cham-
ber to properly organise and conduct the confirmation hearing; ensuring that
the parties will have access to the evidence to be presented at the confir-
mation hearing before it commences, regardless of problems arising during
the disclosure process; and enabling the victims to properly exercise their
procedural rights during that hearing. In the view of the single judge, these
goals will be achieved if, following the literal and contextual interpretation of
rules 121 (2) and 122 (1) of the Rules referred to above, only the evidence on
which the parties intend to rely at confirmation hearing is communicated to
the Pre-Trial Chamber by filing it in the record of the case, ICC, Prosecutor v.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 605-644, mai.-ago. 2018.
624 | Beltrán Montoliu, Ana.
Thomas Luganda Dyilo, PTC I, Decision on the final system of disclosure and
the establishment of a timetable, (ICC-01/04-01/06),15/05/2006, pár. 57.
54
ICC, Prosecutor v. Bemba, ICC-01/05-01/08-55, PTC Decision on the Evi-
dence Disclosure System and Setting a Timetable for Disclosure between the
Parties, 31/7/2008, pár. 34.
55
Modelos citados por MARTÍNEZ ALCAÑIZ, A., El proceso de confirmación
de cargos ante la Corte Penal Internacional, cit., p. 25.
56
Un tema muy interesante que también apareció en el caso Lubanga fue la uti-
lización de la prueba procedente de intermediarios y la dificultad que implica
su valoración. Sobre este tema vid. CHIRINO SÁNCHEZ, A., Evaluación de
prueba y uso de intermediarios en el caso Lubanga. In: AMBOS, K; MALA-
RINO, E.; STEINER, C., (ed), Análisis de la primera sentencia de la Corte Penal
Internacional: el caso Lubanga, Konrad Adenauer Stiftung, p. 23-62, 2014.
57
“The Prosecution’s arguments concerning the impact of this issue on the
fairness and expeditiousness of the proceedings are based on the incorrect
assumption that the bulk rule permits the Prosecution to leave to one side a
portion of the evidence within its control during the confirmation phase and
not analyse it, seek protective measures in connection with it, or ultimately
disclose it. To the contrary, the bulk rule clearly requires the Prosecution
to review all materials within its control with a view to determining what
should be disclosed, and what information may need to be withheld as a re-
sult of protective measures”, ICC, Prosecutor v. William Samoei Ruto, Henry
Kiprono Kosgey and Joshua Arap Sang, Response on behalf of Henry Kiprono
Kosgey to the Prosecution’s Application for leave to Appeal the “Decision
setting the regime for evidence disclosure and other related matters” (ICC-
01/09-01/11-44), 15/4/2011, par. 12
58
MARTÍNEZ ALCAÑIZ, A., El proceso de confirmación de cargos ante la Cor-
te Penal Internacional, cit., p. 25-26.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 605-644, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.159 | 625
59
ICTY, Prosecutor v. Tadic, (IT-94-1-T), Decision on Defence Motion on Hear-
say, 5 August 1996, pár. 8.
60
Ibídem, pár. 9.
61
ICTR, Prosecutor v. Ntahobali et al (ICTR-97-21-T)(ICTR-98-42-T), Decision
on Ntahobali’s Motion to Admit Kanyabashi’s Custodial Statements, 15 Sep-
tember 2006, pár. 19.
62
ICTY, Musema (Appellant) v. Prosecutor (Respondent), (ICTR-96-13-A) Jud-
gement, 16 November 2001, pár. 45.
63
“Leaving the issue of whether facts could be relied upon as a potential basis for
liability unresolved until the end of the trial … creates uncertainty which can
be a source of potential prejudice to the Defence’, Judgement, Nyiramasuhuko
et al. (ICTR-98-42-A), Appeals Chamber, 14 December 2015, pár.1280.
64
“Art. 69(4) gives a trial chamber the discretion to consider the relevance,
probative value and potential prejudice of each item of evidence ‘at some
point in the proceedings — when evidence is submitted, during the trial or at
the end of the trial’, ICC, Judgment on the appeals of Mr Jean-Pierre Bemba
Gombo and the Prosecutor against the decision of Trial Chamber III entit-
led ‘Decision on the admission into evidence of materials contained in the
prosecution’s list of evidence’, Bemba (ICC-01/05-01/08-1386), Appeals
Chamber, 3 May 2011, par. 43.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 605-644, mai.-ago. 2018.
626 | Beltrán Montoliu, Ana.
65
“De todos modos, con arreglo al párrafo 2 del artículo 64 del Estatuto, la Sala
debe siempre velar por que el juicio “sea justo y expedito y se sustancie con
pleno respeto de los derechos del acusado y teniendo debidamente en cuen-
ta la protección de las víctimas y de los testigos”. En particular, si una parte
plantea una cuestión atinente a la pertinencia o la admisibilidad de pruebas,
la Sala de Primera Instancia debe sopesar su discrecionalidad para aplazar la
consideración de esa cuestión en comparación con las obligaciones con que
le impone la disposición mencionada. Además, debe subrayarse que, indepen-
dientemente del enfoque por el que opte la Sala de Primera Instancia, tendrá
que considerar la pertinencia, el valor probatorio y el posible perjuicio de cada
elemento de prueba en algún momento del procedimiento – cuando se pre-
sentan las pruebas, durante el juicio, o al final del juicio,” Ibídem, pár. 37.
66
ICTR, Prosecutor v. Ntagerura, Bagambiki, Imanishimwe (ICTR-99-46-T), De-
cision on Defence Motion to exclude Evidence, 25 March 2002, pár. 11.
67
Así pues cuando la defensa entienda que la Fiscalía ha presentado testigos
para relatar hechos que no se encuentran comprendidos en el escrito de acu-
sación, podrá solicitar la exclusión de los mismos. Vid en este sentido: ICTR,
Prosecutor v. Bizimungu, Mugenzi, Bicamumpaka, Mugiranezan (ICTR-99-50-
AR73.2), Decision on Prosecution’s Interlocutory Appeals against Decisions
of the Trial Chamber on Exclusion of Evidence, , 25 June 2004, pár. 17-19.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 605-644, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.159 | 627
68
ICC, Prosecutor v. Thomas Lubanga Dyilo P.T. Ch., Decision on the Practices
of Witness Familiarization and Witness Proofing, (ICC-01/04-01/06), 8 No-
vember 2006, pár. 16, 17 y 40.
69
Ibídem, pár. 15.
70
En el ordenamiento jurídico español, el art. 11.1 LOPJ dispone que “no surti-
rán efecto las pruebas obtenidas, directa o indirectamente violentando dere-
chos o libertades fundamentales”.
71
Prácticamente idéntica a la regla 95 TPIY, TPIR, TESL.
72
Si bien esta disposición ha sido criticada por la doctrina, como indica PIRA-
GOFF estamos de nuevo ante una disposición que fue resultado del consenso,
PIRAGOFF, D.K., Article 69, Evidence, en TRIFFTERER, O., Commentary…,
cit., p. 915.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 605-644, mai.-ago. 2018.
628 | Beltrán Montoliu, Ana.
73
Sobre la realización de una entrada y registro presuntamente ilegal vid. ICC,
Prosecutor v. Thomas Lubanga Dyilo (ICC-01//04-01/06), Public Document
Public Redacted Version of Request to exclude evidence obtained in violation
of article 69(7) of the Statute, 7 November 2006, párs. 24-37; La discusión
en torno a esta cuestión se puede consultar en ICC, Prosecutor v. Thomas
Lubanga Dyilo (ICC-01/04-01/06), Version publique expurgée de la requête de
la Défense en autorisation d’interjeter appel de la Décision de la Chambre Préli-
minaire I du 29 janvier 2007 sur la confirmation des charges en conformité avec
les décisions de la Chambre Préliminaire du 7 et 16 février 2007,22 février 2007,
Annex, párs. 34-39.
74
ICC, Prosecutor v. Thomas Lubanga Dyilo (ICC-01/04-01/06), Transcription
No. ICC-01/04-01/06-T-47 EN, 28 November 2006, pág. 63.
75
Siendo conscientes de que se apunta exclusivamente lo esencial de un tema
tan complejo, se remite a la consulta de VIEBIG, P., Illicitly Obtained Evidence
at the International Criminal Court, International Criminal Justice Series, The
Hague: Asser Press & Springer 2016, passim.
76
Tal y como puso de manifiesto el Tribunal constitucional alemán (Bundes-
gerightshof) en su sentencia de 14 de junio 1960. Vid. GÓMEZ COLOMER,
J.L., El proceso penal alemán. Introducción y normas básicas, Barcelona: Bosch,
1985, p. 134. BEHRENS, H.J., Investigación, juicio y apelación. El proceso penal
en el Estatuto de la Corte Penal Internacional (partes V, VI y VII). In: AMBOS,
K.; GUERRERO, O.J., El Estatuto de Roma de la Corte Penal Internacional…,
cit., p. 327.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 605-644, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.159 | 629
77
A nuestro parecer las siguientes recomendaciones ayudarían a mejorar esta
opción: “1. The IBA recommends the continued development of guidelines
and templates to ensure the standardisation of witness statements, declara-
tions and attestations in accordance with the requirements of the provisions
of ICC RPE Rule 68. Guidelines and templates should be developed with input
from all parties, periodically reviewed and updated to reflect developments
in jurisprudence and made publicly available. 2. The OTP should develop
further tools to improve and standardise the quality of witness statements.
In this regard, the IBA encourages the use of video recording, or at a mini-
mum, audio recording witness statements during the investigative stage. 3.
The IBA recommends that the OTP establishes a database of prior recorded
testimony and statements to ensure that prior statements are available for fu-
ture cases, following ICTY practice. 4. The IBA strongly recommends that the
Court apply ICC RPE Rules 68(2)(c) to admit the prior recorded testimony of
unavailable witnesses and 68(2)(d) to admit the prior recorded testimony of
interfered-with witnesses, on an exceptional basis and only as a last resort. In
making determinations that witnesses are unavailable under Rule 68(2) (c),
the IBA recommends that the Court maintain a high level of due diligence
regarding efforts to locate and produce witnesses, and that the Court does
not interpret unavailability in an overly broad manner, also making use of
protective measures and, if necessary, other avenues for introducing state-
ments, such as Article 56 of the Rome Statute and ICC RPE Rule 68(2)(b).
The IBA further emphasises the importance of objective criteria in assessing
whether witnesses have been materially influenced by improper interference
under Rule 68(2)(d).5. The IBA urges the Court to continue to strengthen its
witness protection practices in line with the IBA’s 2013 Recommendations,
and to vigilantly monitor the use of Rule 68 to ensure that it is not used as a
‘back door’ substitution for victim and witness protection mechanisms that
already exist at the ICC.” IBA, Evidence Matters in ICC Trials, International
Criminal Law Perspectives, p. 49-50.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 605-644, mai.-ago. 2018.
630 | Beltrán Montoliu, Ana.
78
Por un lado, la Sala tendrá en cuenta el cumplimiento de las siguientes con-
diciones: 1) Se refiera a cuestiones que no están materialmente en litigio; 2)
Sea de índole acumulativa o corroborativa, en el sentido de que otros testigos
prestarán o prestaron testimonio oral respecto de hechos similares; 3) Tenga
relación con la información de contexto; 4) En el supuesto de presentarse,
servirá para favorecer los intereses de la justicia; y , por último, se entiende
que se le puede otorgar credibilidad. Por otro, será necesario que el conteni-
do de ese testimonio que lo acompaña sea veraz y exacto y para esto utilizará
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 605-644, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.159 | 631
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 605-644, mai.-ago. 2018.
632 | Beltrán Montoliu, Ana.
81
En estos casos el testimonio únicamente se podrá presentar si se logra ob-
tener el convencimiento de la sala respecto a las siguientes condiciones: 1)
Falta de comparecencia para declarar, o aun compareciendo, no haya podi-
do presentar pruebas en relación con aspectos materiales previstos en su
testimonio anterior; 2) Esta incomparecencia o imposibilidad de presentar
pruebas se produce por la existencia de presiones indebidas, tales como ame-
nazas, intimidación o la coerción; 3) Se procura asegurar la comparecencia
del testigo, o se intenta si comparece, que preste declaración sobre todos los
hechos concretos de que tenga conocimiento; 4) La presentación del testi-
monio grabado anteriormente favorece los intereses de la justicia; 5) Existen
indicios de credibilidad (Regla 68. 2 d RPPCPI).
82
La Regla 68 fue enmendada por la Asamblea de Estados Parte en noviembre
de 2013 en parte para facilitar la admisión de prueba grabada anteriorment
en los supuestos en los que que esa persona sea sometida algun tipo de pre-
sión, haya sido sobornada o desaparecido. Vid. GAYNOR, F; KAPPOS, K.I.;
HAYDEN, P., Current Developments at the International Criminal Court,
Journal of International Criminal Justice, v.14, p. 696-697, 2016.
83
Decision on Prosecution Request for Admission of Prior Recorded Testi-
mony, Ruto and Sang (ICC-01/09-01/1 l-1938-Corr-Red2), Trial Chamber V
(a), 19 August 2015, § 44.
84
Sobre los requisitos Regla 68 82) d), íbidem §45-67.
85
Ibídem, §60.
86
Téngase en cuenta que en el ordenamiento jurídico español, se procedió a la
reforma de los arts. 433, 448 y 730, entre otros preceptos, de la Ley de Enjui-
ciamiento Criminal para adaptarlo a la Ley 4/2015, del Estatuto de la víctima,
de 27 de abril. Estas disposiciones hacen referencia a la necesidad de grabar
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 605-644, mai.-ago. 2018.
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634 | Beltrán Montoliu, Ana.
89
Entre otros, ZILLI, M; MONTECONRADO, F.G.; MOURA, M.T.R.A., A par-
ticipação das vítimas perante o tribunal penal internacional. Uma análise à
luz do caso Lubanga Dyilo. In: In: AMBOS, K; MALARINO, E.; STEINER, C.,
(ed), Análisis de la primera sentencia de la Corte Penal Internacional: el caso
Lubanga, Konrad Adenauer Stiftung, p. 107-152, 2014.; OLÁSOLO ALON-
SO, H; KISS, A., El estatuto de Roma y la jurisprudencia de la Corte Penal
Internacional en materia de participación de víctimas, Revista electrónica de
ciencia penal y criminología, n. 12, 2010. <http://criminet.ugr.es/recpc/12/
recpc12-13.pdf>
90
Es incuestionable el especial protagonismo que la víctima está cobrando en
la actualidad, vid, DONNA, A.(dir), La víctima del delito, Aspectos procesa-
les penales I, Revista de Derecho Procesal Penal, Santa Fe:Rubinzal, 2017-1;
GÓMEZ COLOMER, J.L., Estatuto Jurídico de la Víctima del Delito, La posición
jurídica de la víctima del delito ante la Justicia Penal. Un análisis basado en el
Derecho Comparado y en la Ley 4/2015, de 27 de abril, del Estatuto de la Víctima
del Delito en España. 2ª ed. Navarra: Aranzadi, 2015.
91
Esta participación se materializa en la posible presentación y consideración
de sus opiniones y observaciones, Vid. Sobre una aproximación a esta cues-
tión, BELTRÁN MONTOLIU, A., La víctima ante la Corte Penal Internacio-
nal. In: FUENTES SORIANO, O., (dir), El proceso penal: Cuestiones funda-
mentales, Valencia: Tirant lo Blanch 2017, p. 254. En relación con la defensa
letrada de las víctimas vid. KILLEAN, R.; MOFFETT, L. Victim Legal Repre-
sentation before the ICC and ECC, Journal of International Criminal Justice, v.
15, p.713-740, 2017.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 605-644, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.159 | 635
92
Así por ejemplo en en el Caso Lubanga, 106 de las 129 víctimas pidieron
permanecer en el anonimato, acogiendo la Sala su solicitud, pero limitando
su participación. Vid. AMBOS, K., El primer fallo de la Corte Penal Interna-
cional (Prosecutor v Lubanga): un análisis integral de las cuestiones jurídicas,
Indret: Revista para el Análisis del Derecho, v. 47, n. 3, p.8-9, 2012.
93
Oficina Pública de Defensa de las Víctimas, Representación de víctimas ante
la Corte Penal Internacional, Manual para los Representantes legales, 2013
(ICC-OPCV-MLR-001/13_Spa).
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 605-644, mai.-ago. 2018.
636 | Beltrán Montoliu, Ana.
94
ICC, Prosecutor v. Germain Katanga and Mathieu Ngudjolo Chui, “Directions
for the conduct of the proceedings and testimony in accordance with rule
140”, (ICC-01/04-01/07-1665), 20.11.2009, párr. 22 c).
95
ICC, Prosecutor v. Thomas Lubanga Dyilo, “Judgment on the appeals of The Pro-
secutor and The Defence against Trial Chamber I’s Decision on Victims’ Parti-
cipation of 18 January 2008” (ICC-01/04-01/06-1432), 11.7.2008, pár. 101.
96
Sobre el contenido exacto que debe contener el escrito: Prosecutor v. Jean-
-Pierre Bemba Gombo, “Order regarding applications by victims to present
their vievsrs and concerns or to present evidence” (ICC-01/05-01/08-1935),
TC III, 21.11.2011.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 605-644, mai.-ago. 2018.
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A modo de conclusión
97
ICC, Prosecutor v. Germain Katanga and Mathieu Ngudjolo Chui, “Directions
for the conduct of the proceedings and testimony in accordance with rule
140” (ICC 01/04-01/07-1665), TC II, 20.11.2009. pár. 90.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 605-644, mai.-ago. 2018.
638 | Beltrán Montoliu, Ana.
98
Téngase en cuenta, a titulo de ejemplo, que en el ordenamiento jurídico español
se ha procedido a dotar a la víctima de una protección particularitzada en el pro-
ceso penal, así como prestarle una atención a las víctimas con necesidades es-
peciales o con especial vulnerabilidad . En este sentido vid los arts. 23 (Evalua-
ción individual de las víctimas a fin de determinar sus necesidades especiales
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 605-644, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.159 | 639
B ibliografía
ACKERMAN, J.E.; O´SULLIVAN, E., Practice and Procedure of the International
Criminal Tribunal for the former Yugoslavia, with selected materials from the Interna-
tional Criminal Tribunal for Rwanda, The Hague: Kluwer International Law, 2000.
AMBOS, K., El primer fallo de la Corte Penal Internacional (Prosecutor v Lubanga):
un análisis integral de las cuestiones jurídicas, Indret: Revista para el Análisis del
Derecho, v. 47, n. 3, p. 1-47, 2012.
AMBOS, K., Treatise on International Criminal Law, Vol. III International Criminal
Procedure, Oxford: Oxford University Press, 2016.
AMBOS, K., La nueva justicia penal supranacional, desarrollos post-Roma, Valencia:
Tirant lo Blanch, 2002.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 605-644, mai.-ago. 2018.
640 | Beltrán Montoliu, Ana.
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642 | Beltrán Montoliu, Ana.
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644 | Beltrán Montoliu, Ana.
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Ânimo persecutório do magistrado:
a quebra do dever de imparcialidade e sucessivas
decisões contrárias ao direito à prova defensiva
1
Doutor em Ciências Criminais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul – PUCRS (2017). Mestre em Ciências Criminais pela Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS (2001). Especialista em
Direito Penal Econômico e Europeu pelo Instituto de Direito Penal Econômico e
Europeu Coimbra/Portugal (2004). Graduado pela Universidade do Vale do Rio
dos Sinos – UNISINOS (1998). Professor de Direito Penal e Processo Penal da
Faculdade da Serra Gaúcha. Advogado Criminalista.
2
Mestre em Ciências Criminais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Gran-
de do Sul – PUCRS (2018). Pós-graduada em Direito Público pela Universidade
Estácio de Sá. (2013). Bacharelada em Direito pela Universidade Estácio de Sá.
(2010). Advogada Criminalista.
645
646 | Fayet; Poll.
Abstract: The theme of this article is the persecutory mood of the magistrate
in disfavor of the accused. The object of analysis of the work is the verification
of the breach of the duty of impartiality of the magistrate when analyzing
the records, through the application of successive understandings contrary
to the interests of the accused. The research hypothesis is the verification
of the existence or not of a duty of impartiality of the magistrate before
motivated decisions, given in the independent exercise of the jurisdictional
activity and can be challenged by autonomous action or action, with clear
persecutory character. The method of approach will be deductive, adopting
as a bibliographical procedure. Firstly, this article proposes a reading on
the impartiality and protagonism of the magistrate in order to indicate how
contemporary literature has been seeing the judge’s position vis-à-vis the
accused, and then to analyze the issue of breach of the duty of impartiality
before successive decisions that translate into a persecutory performance
of the judge.
Keywords: Impartiality; Judge; Persecutory mood; Motivation; Right to proof.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 645-667, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.143 | 647
Introdução
3
CALAMANDREI, Piero. Eles, os juízes, vistos por nós, os advogados. São Paulo:
Martins Fontes, 2000, p. 126.
4
Conforme Aury Lopes Jr., a imparcialidade subjetiva diz respeito à “con-
vicção pessoal do juiz concreto, que conhece de um determinado assunto
e, desse modo, a sua falta de pré-juízos”; enquanto a imparcialidade objeti-
va considera “se tal juiz encontra-se em uma situação dotada de garantias
bastantes para dissipar qualquer dúvida razoável acerca da sua imparciali-
dade” (LOPES JR, Aury. Direito processual penal. 10. ed. São Paulo: Saraiva,
2013, p. 522).
5
MONTESQUIEU, Charles de Secondat, Baron de. O espírito das leis. Tradução
de Cristina Murachco. São Paulo: Martins Fontes, 1996, p. 19-26.
6
ZAFFARONI, Eugênio Raul. Poder Judiciário: Crises acertos e desacertos. Tra-
dução: Juarez Tavares. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1995. p. 86.
7
Denota-se que a garantia da imparcialidade vem sendo considerada pela dou-
trina contemporânea como a base e o elemento diferenciador da atividade
judicante em relação ao demais poderes. Nesse sentido ver: POZZEBON,
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 645-667, mai.-ago. 2018.
648 | Fayet; Poll.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 645-667, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.143 | 649
10
MONTESQUIEU, Charles de Secondat, Baron de. O espírito das leis. Tradução
de Cristina Murachco. São Paulo: Martins Fontes, 1996, p. 151.
11
GIACOMOLLI, Nereu José; DUARTE, Liza Bastos. O mito da neutralidade na
motivação das decisões judiciais: aspectos epistemológicos. Revista da Ajuris,
Porto Alegre, ano 33, n. 102, p. 288-307, jun. 2006, p. 290.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 645-667, mai.-ago. 2018.
650 | Fayet; Poll.
12
Á título de exemplificação veja-se que, a imparcialidade encontra, desde,
1950, o status de direito protegido pela Convenção Europeia de Direitos Hu-
manos, à medida que o artigo 6º trata do direito do acusado de ter um julga-
mento justo. Compare em: POZZEBON, Fabrício Dreyer de Ávila. A impar-
cialidade do juiz no processo penal brasileiro. Revista da Ajuris, Porto Alegre,
ano 34, n. 108, p-116-120, dez. 2007, p. 171.
13
GOLDSCHMIDT, Werner. La imparcialidad como principio básico del proceso:
la partialidad y la parcialidade. Madrid: Gráfica Clemares, 1950. p. 19-21.
14
FAZZALARI, Elio. Instituições de Direito Processual. Tradução de Eliane Nas-
sif. 8. ed. Campinas: Imprenta, 2006, p. 119 e 135.
15
A importância da ideia de jurisdição, em substituição à tutela privada é jus-
tamente o pressuposto de que o estado-juiz é terceiro imparcial, a quem fora
atribuída a incumbência de pacificar os conflitos sociais. O monopólio do es-
tado-juiz sobre a jurisdição e a vedação à autotutela impõe que o magistrado
atue de forma absolutamente imparcial. Sobre isso, ver: CABRAL, Antônio.
Imparcialidade e impartialidade. Por uma teoria sobre repartição e incompa-
tibilidade de funções nos processos civil e penal. Revista de Processo, São
Paulo, ano 32, n. 149, p. 339-364, jul. 2007, p. 345-346.
16
BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy. Direito a um julgamento por juiz im-
parcial: como assegurar a imparcialidade objetiva do juiz nos sistemas em que
não há a função do juiz de garantias. In: BONATO, Gilson (Org.). Processo
Penal, Constituição e Críticas – Estudos em homenagem ao Prof. Dr. Jacionto
Nelson de Miranda Coutinho. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, p. 343.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 645-667, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.143 | 651
17
LEONE, Giovanni. Come si svolge un processo penale. Torino: ERI, 1967. p. 116.
18
ARAMBURO RESTREPO, José Luís. El papel del juez: una aproximación teóri-
ca. Pensamiento Jurídico, Bogotá, ano 16, n. 27, p. 85-106, jan./abr. 2010, p.
88 (tradução livre).
19
Diversas pesquisas de opinião têm apontado a tendência político-criminal
conservadora da Magistratura nacional, sobretudo quando se fala em juízos
de primeira instância. A opção ideológica por correntes punitivistas demons-
tra que a influência do populismo punitivo não se restringe apenas à esfera
Legislativa, exercendo grande ingerência sobre os operadores do direito. So-
bre isso, ver: CARVALHO, Salo de. O papel dos atores no sistema penal na era
do punitivismo. O exemplo privilegiado da aplicação da pena. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2010, p. 104.
20
LARENZ, Karl. Metodología de la Ciencia del Derecho. Barcelona: Ariel, 1994,
p. 308-316 (tradução livre).
21
ARAMBURO RESTREPO, José Luís. El papel del juez: una aproximación teórica.
Pensamiento Jurídico, Bogotá, ano 16, n. 27, p. 85-106, jan./abr. 2010, p. 88.
22
Essa forma de pensar é geralmente atribuída a Dworkin, mas antes dele, os
estudiosos da metodologia da lei, como o próprio Savigny, enfrentaram essa
tarefa. Compare em: LARENZ, Karl. Metodología de la Ciencia del Derecho.
Barcelona: Ariel, 1994, p. 308-316.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 645-667, mai.-ago. 2018.
652 | Fayet; Poll.
23
ARAMBURO RESTREPO, José Luís. El papel del juez: una aproximación teórica.
Pensamiento Jurídico, Bogotá, ano 16, n. 27, p. 85-106, jan./abr. 2010, p. 89.
24
GRINOVER, Ada Pellegrini; FERNANDES, Antônio Scarance; GOMES FI-
LHO, Antônio Magalhães. As Nulidades do Processo Penal. 4. ed. São Paulo:
Malheiros, 1995, p. 169.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 645-667, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.143 | 653
25
MOREIRA, José Carlos Barbosa. A motivação das decisões judiciais como ga-
rantia inerente ao Estado de Direito. In: Temas de Direito Processual. São Paulo:
Saraiva, 1988, p. 90.
26
Todos os diplomas foram referenciados por: RITER, Ruiz. Imparcialidade no
processo penal: reflexões a partir da teoria da dissonância cognitiva. 2016. 196f.
Dissertação (Mestrado em Ciências Criminais) - Faculdade de Direito, Pontifí-
cia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2016, p. 56-57.
27
GIACOMOLLI, Nereu José. O devido processo penal. Abordagem conforme a
Constituição Federal e o Pacto de São José da Costa Rica. Cases da Corte In-
teramericana, do Tribunal Europeu e do STF. Porto Alegre: Atlas. 2.ed., 2015,
p. 212-216.
28
BATISTA, Bárbara Gomes Lupetti. Reflexões sobre o dever de fundamentação
das decisões judiciais e a imparcialidade judicial: “o que falar quer dizer” e o
que dizer não quer falar? Amazon´s Research and Environmental Law, Ari-
quemes, ano 3, n. 3, p. 107-130, set. 2015, p. 112.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 645-667, mai.-ago. 2018.
654 | Fayet; Poll.
29
KENNEDY, Duncan. Libertad y restricción en la decisión judicial. Bogotá: Uni-
versidad de Los Andes, 1998 apud ARAMBURO RESTREPO, José Luís. El
papel del juez: una aproximación teórica. Pensamiento Jurídico, Bogotá, ano
16, n. 27, p. 85-106, jan./abr. 2010, p. 98.
30
Sobre a metodologia do sistema inquisitório recomenda-se a leitura de: EY-
MERICH, Nicolau. Directorium Inquisitorum: Manual dos Inquisidores: Escri-
to por Nicolau Eymerich em 1376, revisto e ampliado por Francisco de La
Peña em 1578. Rio de Janeiro: Rosa dos Ventos, Brasília: Fundação Universi-
dade de Brasília, 1993.
31
BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy. Direito a um julgamento por juiz im-
parcial: como assegurar a imparcialidade objetiva do juiz nos sistemas em que
não há a função do juiz de garantias. In: BONATO, Gilson (Org.). Processo
Penal, Constituição e Críticas – Estudos em homenagem ao Prof. Dr. Jacionto
Nelson de Miranda Coutinho. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, p. 345.
32
NALINI, José Renator. Humildade do juiz. Disponível em: <http://portal.tjro.
jus.br/documents/18/24335/A+HUMILDADE+DO+JUIZ.pdf>. Acesso em:
06 fev. 2018.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 645-667, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.143 | 655
33
BATISTA, Bárbara Gomes Lupetti. Reflexões sobre o dever de fundamenta-
ção das decisões judiciais e a imparcialidade judicial: “o que falar quer dizer”
e o que dizer não quer falar? Amazon´s Research and Environmental Law, Ari-
quemes, ano 3, n. 3, p. 107-130, set. 2015, p. 114.
34
Afinal, como assegura Badaró: “Não há como se conceber a existência de um
processo com a decisão nas mãos de um terceiro interessado em prejudicar
ou beneficiar uma das partes. É ínsito ao processo um juiz imparcial sem o
que deixará de haver processo.” (BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy.
Direito processual penal. Tomo I. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. p. 6).
35
À título de caracterização apresenta-se o sistema acusatório sempre que hou-
ver: (a) separação das funções de acusar e julgar; b) acusação realizada por
qualquer do povo (em alusão ao modelo clássico, hoje de titularidade do MP);
c) impossibilidade de acusação de ofício; d) livre produção probatória; e)
possibilidade de ampla defesa; f) debates (instrução) públicos e orais; g) juiz
titular exclusivo do poder de decidir; e h) prevalência do interesse particular
sobre o interesse social. Compare em: LOPES JR., Aury. Fundamentos do pro-
cesso penal: introdução crítica. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 155-157.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 645-667, mai.-ago. 2018.
656 | Fayet; Poll.
36
CORDÓN MORENO, Faustino. Las garantias constitucionales del proceso pe-
nal. 2. ed. Navarra: Arazandi, SA, 2002, p. 129.
37
BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy. Direito processual penal. Tomo I.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. p. 6.
38
Sobre a contribuição da doutrina italiana veja: FAZZALARI, Elio. Institui-
ções de Direito Processual. Tradução de Eliane Nassif. 8. ed. Campinas: Im-
prenta, 2006.
39
GIACOMOLLI, Nereu José. O devido processo penal. Abordagem conforme a
Constituição Federal e o Pacto de São José da Costa Rica. Cases da Corte Intera-
mericana, do Tribunal Europeu e do STF. 2.ed. Porto Alegre: Atlas, 2015, p. 235.
40
RITER, Ruiz. Imparcialidade no processo penal: reflexões a partir da teoria da
dissonância cognitiva. 2016. 196f. Dissertação (Mestrado em Ciências Crimi-
nais) - Faculdade de Direito, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
do Sul, Porto Alegre, 2016, p. 62-63.
41
A doutrina especializada assegura que ao se falar em sistemas processuais
(inquisitivo, acusatório, misto) deve-se essencialmente verificar seu núcleo
(gestão da prova) e princípio informador. Se a gestão da prova estiver nas
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 645-667, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.143 | 657
mãos do julgador teremos um princípio inquisitivo se, por outro lado, estiver
nas mãos das partes teremos um princípio dispositivo. Compare em: LOPES
JR., Aury. Fundamentos do processo penal: introdução crítica. São Paulo: Sarai-
va, 2015. p. 158-159.
42
GLOECKNER, Ricardo Jacobsen. Nulidades no processo penal: introdução
principiológica à teoria do ato processual irregular. 2 ed. Salvador: JusPodi-
vm, 2015, p. 211.
43
Nesse sentido ver dentre outros: GLOECKNER, Ricardo Jacobsen. Nulidades
no processo penal: introdução principiológica à teoria do ato processual irre-
gular. 2 ed. Salvador: JusPodivm, 2015. p. 217-218; LOPES JR., Aury. Direito
processual penal. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 64-65; PRADO, Geraldo.
Sistema acusatório: a conformidade constitucional das leis processuais penais.
4. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006. p. 140.
44
Por todos: GRINOVER, Ada Pellegrini. A marcha do processo. Rio de Janeiro:
Forense Universitária, 2000. p. 79-80.
45
São exemplos os artigos 127, 156, incisos I e II, 196, 209, 242, 310, inciso II,
383 e 385, todos do Código de Processo Penal, que tratam, respectivamente,
do sequestro de bens, das diligências na fase pré-processual, do reinterroga-
tório, das testemunhas do juízo, da busca e apreensão, da conversão da prisão
em flagrante em preventiva, da emendatio libelli e do reconhecimento de
agravantes na sentença.
46
RITER, Ruiz. Imparcialidade no processo penal: reflexões a partir da teoria da
dissonância cognitiva. 2016. 196f. Dissertação (Mestrado em Ciências Crimi-
nais) - Faculdade de Direito, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
do Sul, Porto Alegre, 2016, p. 173.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 645-667, mai.-ago. 2018.
658 | Fayet; Poll.
47
GLOECKNER, Ricardo Jacobsen. Nulidades no processo penal: introdução
principiológica à teoria do ato processual irregular. 2. ed. Salvador: JusPodi-
vm, 2015. p. 220-221.
48
Ressalte-se que o termo “verdade” é extremamente complexo e controverso.
Ao julgador não incumbe apresentar a verdade real sobre o fato discutido no
processo, mas apenas demonstrar, com base no esteio probatório, a sua con-
vicção sobre a ocorrência ou não dos fatos, que acaso não seja segura deverá
conduzir necessariamente à absolvição do acusado por força do princípio do
in dubio pro reo. Sobre isso, ver: BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy.
Ônus da prova no processo penal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003. p. 61
49
Nesse sentido colaciona Machado: “O art. 5º, LV, da Constituição de 1988
consagra expressamente essa garantia, assegurando, portanto, aos acusados
o direito de contrariar a acusação, apresentar livremente quaisquer tipos de
teses e argumentos, assim como produzir todas as espécies de provas não
proibidas em Lei, visando demonstrar suas pretensões no processo”. Sobre
isso, ver: MACHADO, Antônio Alberto. Curso de processo penal. 4. ed. São
Paulo: Atlas, 2012, p. 64.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 645-667, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.143 | 659
50
MACHADO, Antônio Alberto. Curso de processo penal. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2012, p. 63-64.
51
RITER, Ruiz. Imparcialidade no processo penal: reflexões a partir da teoria da
dissonância cognitiva. 2016. 196f. Dissertação (Mestrado em Ciências Crimi-
nais) - Faculdade de Direito, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
do Sul, Porto Alegre, 2016, p. 173-175.
52
NUCCI, Guilherme de Souza. Princípios Constitucionais Penais e Processuais
Penais. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010, p. 286.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 645-667, mai.-ago. 2018.
660 | Fayet; Poll.
53
BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy. Ônus da prova no processo penal.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003. p. 109.
54
CARNELUTTI, Francesco. Derecho procesal civil y penal: principios del pro-
ceso penal. Tradução de Santiago Sentis Melendo. Buenos Aires: Ediciones
Juridicas Europa-America, 1971, p. 38-39.
55
CALAMANDREI, Piero. Eles, os juízes, vistos por nós, os advogados. São Paulo:
Martins Fontes, 2000, p. 49.
56
Nesse sentido ver dentre outros: GLOECKNER, Ricardo Jacobsen. Nulidades
no processo penal: introdução principiológica à teoria do ato processual irre-
gular. 2. ed. Salvador: JusPodivm, 2015. p. 217-218; LOPES JR., Aury. Direito
processual penal. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 64-65; PRADO, Geraldo.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 645-667, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.143 | 661
Considerações finais
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 645-667, mai.-ago. 2018.
662 | Fayet; Poll.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 645-667, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.143 | 663
R eferências
ARAMBURO RESTREPO, José Luís. El papel del juez: una aproximación teórica.
Pensamiento Jurídico, Bogotá, ano 16, n. 27, p. 85-106, jan./abr. 2010.
ARAÚJO, Francisco Fernandes de. A parcialidade dos juízes. Campinas: Edicamp,
2002.
BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahly. Direito a um julgamento por juiz im-
parcial: como assegurar a imparcialidade objetiva do juiz nos sistemas em que
não há a função do juiz de garantias. In: BONATO, Gilson (Org.). Processo Penal,
Constituição e Críticas – Estudos em homenagem ao Prof. Dr. Jacinto Nelson de
Miranda Coutinho. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011. p. 343-360.
BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy. Direito processual penal. Tomo I. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2008.
BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy. Ônus da prova no processo penal. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2003.
BATISTA, Bárbara Gomes Lupetti. Reflexões sobre o dever de fundamentação das
decisões judiciais e a imparcialidade judicial: “o que falar quer dizer” e o que dizer
não quer falar? Amazon´s Research and Environmental Law, Ariquemes, ano 3,
n. 3, p. 107-130, set. 2015. https://doi.org/10.14690/2317-8442.2015v33169
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 645-667, mai.-ago. 2018.
664 | Fayet; Poll.
CALAMANDREI, Piero. Eles, os juízes, vistos por nós, os advogados. São Paulo:
Martins Fontes, 2000.
CARVALHO, Saulo de. O papel dos atores no sistema penal na era do punitivismo.
O exemplo privilegiado da aplicação da pena. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 645-667, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.143 | 665
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 645-667, mai.-ago. 2018.
666 | Fayet; Poll.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 645-667, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.143 | 667
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 645-667, mai.-ago. 2018.
A centralidade do juízo oral no Sistema Acusatório:
uma visão estratégica acerca do caso penal
1
Mestrando em Direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Pós-gra-
duado em Direito Público pela Universidade Cândido Mendes - UCAM. Delegado
de Polícia do Estado do Rio de Janeiro.
669
670 | Barilli, Raphael Jorge de Castilho.
Introdução
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 669-705, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.150 | 671
2
WEBER, Max. Metodologia das Ciências Sociais. São Paulo, Campinas: Uni-
camp, 1993. p. 109.
3
PRADO, Geraldo. Sistema Acusatório: A conformidade Constitucional das
Leis Processuais Penais. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006. p. 157.
4
HASSEMER, Winfried. Fundamentos del Derecho Penal. Barcelona: Bosh,
1984. p. 145.
5
PRADO, Geraldo. Ob. cit., p. 155.
6
CHOUKR, Fauzi H. Iniciação ao processo penal. Florianópolis: Empório do
Direito, 2017. p. 348.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 669-705, mai.-ago. 2018.
672 | Barilli, Raphael Jorge de Castilho.
7
BINDER, Alberto. Fundamentos para a reforma da justiça penal. In: GOS-
TINSK, Aline; GONZÁLEZ POSTIGO, Leonel; PRADO, Geraldo (org.). Co-
leção Reflexões sobre a reforma da justiça penal. Florianópolis: Empório do
Direito, 2017., p. 33.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 669-705, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.150 | 673
8
LOPES JR., Aury. Direito Processual Penal. São Paulo: Saraiva, 2014. p.35.
9
BINDER, Alberto. Ob. cit., p.13.
10
BENAVENTE CHORRES, Hesbert. La aplicación de la teoría del caso y la teoría
del delito en el proceso penal acusatorio. Barcelona: Bosh, 2011. p. 32.
11
Ibidem.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 669-705, mai.-ago. 2018.
674 | Barilli, Raphael Jorge de Castilho.
12
BINDER, Alberto. Prólogo. In: MORENO HOLMAN, Leonardo. Teoría del
caso. Buenos Aires: Didot, 2012. p.15.
13
LANGER, Máximo. La dictomía acusatorio-inquisitivo y la importación de
mecanismos procesales de la tradición jurídica anglosajona, In: MAIER, Julio
B. J. (org.). El procedimento abreviado. Buenos Aires: Del Puerto, 2005. p. 117
14
COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda. O Papel do Novo Juiz no Processo
Penal. In: COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda (org.). Crítica à Teoria Ge-
ral do Processo Penal. Rio de Janeiro: Renovar, 2001. p. 23.
15
LOPES JR., Aury. Ob. Cit., p. 97.
16
BINDER, Alberto. Ob. cit,, p.14.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 669-705, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.150 | 675
17
FERRAJOLI, Luigi. Direito e Razão: Teoria do garantismo penal. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2002. p. 37.
18
FERRAJOLI, Luigi. Ob. Cit., p. 42.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 669-705, mai.-ago. 2018.
676 | Barilli, Raphael Jorge de Castilho.
19
TARUFFO, Michele. A prova. São Paulo: Marcial Pons, 2014. p. 25-26.
20
KNIJNIK, Danilo. Prova nos juízos cível, penal e tributário. Rio de Janeiro: Fo-
rense, 2007. p. 16.
21
FERRAJOLI, Luigi. Ob. Cit., p. 37.
22
KHALED, Salah H. A busca da verdade no processo penal para além da ambição
inquisitorial. Minas Gerais: Letramento: Casa do Direito, 2016. p. 73.
23
COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda. Ob. cit., p. 23
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 669-705, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.150 | 677
24
FERRAJOLI, Luigi. Ob. Cit., p. 47.
25
HABERMAS, Junger. Conhecimento e interesse. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.
p. 216.
26
PRADO, Geraldo. Ob. cit., p. 137.
27
FERRAJOLI, Luigi. Ob. Cit., p. 48.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 669-705, mai.-ago. 2018.
678 | Barilli, Raphael Jorge de Castilho.
28
DWORKIN, Ronald. O império do direito. São Paulo: Martins Fontes, 1999. p. 109.
29
SENS, Sheila C. da S. A teoria interpretativa de Dworkin: Um modelo cons-
trutivo. Revista da Faculdade Mineira de Direito. v. 16, n. 31, p.119-147,
2013. p. 4.
30
VERMEULE, Adrian. Judging under uncertainty: An institucional theory of le-
gal interpretation. London: Harvard University Press, 2006. p. 16.
31
Ibidem., p. 63.
32
É neste sentido que alerta Binder: “O processo penal não pode ser visto so-
mente como um conjunto de normas que regulam os atos processuais ou as
faculdades das partes. (...) Nesse sentido, a justiça penal é um ‘universo de
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 669-705, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.150 | 679
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 669-705, mai.-ago. 2018.
680 | Barilli, Raphael Jorge de Castilho.
35
GOMES FILHO, Antônio Magalhães. Prefácio. In: MALAN, Digo R. Direito ao
confronto no processo penal. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009. p. xiii.
36
CAVISE, Leonard L. The transition from the inquisitorial to the accusatorial
system of trial procedure: Why some Latin American lawyers hesitate. Dispo-
nível em: <http://biblioteca.cejamericas.org/bitstream/handle/2015/3622/
cavise.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 20 jan. 2018. p. 45.
37
A noção de processo penal como categoria autônoma pautado por critérios de
justiça passa a interessar fortemente quando do fortalecimento do Estado na im-
posição da pena pública, desligando a vítima paulatinamente do manejo desta,
transferindo essa atividade a um juiz imparcial. Como ensina Aury Lopes Jr., “a
titularidade do direito de penar por parte do Estado surge no momento em que
se suprime a vingança privada e se implantam os critérios de justiça. (...) À medi-
da em que o Estado se fortalece, consciente dos perigos que encerra a autodefesa,
assumirá o monopólio da justiça, produzindo-se não só a revisão da natureza
contratual do processo, senão também a proibição expressa para os indivíduos
de tomar a justiça por suas próprias mãos.” (LOPES JR., Aury. Ob. Cit., p. 38).
38
BENAVENTE CHORRES, Hesbert. Ob. Cit.,p. 33.
39
Para este modelo, é essencial que o Ministério Público abandone a posição
chamada de tradicional, forjada sob critérios inquisitivos, com uma supos-
ta posição imparcial de controle da lei e da legalidade, agregada a funções
consultivas, atuando de maneira uniforme em todos os casos, para ado-
tar efetivamente uma posição de parte. Neste sentido, será fundamental a
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 669-705, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.150 | 681
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 669-705, mai.-ago. 2018.
682 | Barilli, Raphael Jorge de Castilho.
44
Ibidem.
45
GONZÁLEZ LAGIER, Daniel. Quaestio facti: Ensayos sobre prueba, causali-
dad y acción. Disponível em: <http://www.academia.edu/24429680/Quaes-
tio_facti_Ensayos_sobre_prueba_causalidad_y_acci%C3%B3n>. Acessado
em: 20 jan. 2018. p, 10.
46
GASCÓN ABELLÁN, Marina. La motivación de la prueba. In: BETEGÓN, Jeróni-
mo, DE PÁRAMO, Juan Ramón, LAPORTA, Francisco J., SANCHÍS, Luis Prieto
(org). Constituición y derechos fundamentales. Madrid: Secretaría General Técni-
ca. Centro de estudios políticos y constitucionales. 2004, p. 773-794. p. 780.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 669-705, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.150 | 683
47
BENAVENTE CHORRES, Hesbert. La construcción de los interrogatorios desde
la teoría del caso. Barcelona: Bosh Editor, 2015. p. 22.
48
BENAVENTE CHORRES, Hesbert. La aplicación de la teoría del caso y la teoría
del delito en el proceso penal acusatorio. Barcelona: Bosh Editor, 2011. p. 32.,
p. 23.
49
TARUFFO, Michele. Modelli di prova e di procedimento probatorio. Rivista di
Diritto Processuale, Padova, v.2, XLV, p. 420-448, 1990. p. 421.
50
Ibidem.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 669-705, mai.-ago. 2018.
684 | Barilli, Raphael Jorge de Castilho.
51
TARUFFO, Michele. La prueba de los hechos. Madrid: Editorial Trota, 2002. p. 42.
52
BENAVENTE CHORRES, Hesbert. La construcción de los interrogatorios desde
la teoría del caso. Barcelona: Bosh Editor, 2015, p. 23 (tradução livre).
53
TARUFFO, Michele. Ob. Cit., p. 69 (tradução livre).
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 669-705, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.150 | 685
não se pauta pela simples persuasão, mas sim pelo conhecimento obje-
tivista crítico que busca tratar a prova como fonte de conhecimento de
uma verdade provável. Desta maneira, é condição de justiça da decisão
que esta esteja pautada em uma verdade formal faticamente verificável.
Estabelecidas tais premissas, cumpre-nos tratar agora da forma
com que o debate deverá ser desenvolvido ao longo do processo. Uma vez
que a resolução do conflito passa pelo diálogo, é necessário que o proces-
so ofereça um ambiente favorável, que garanta a interlocução de forma
efetiva, e somente o juízo oral será suficiente para permitir esta interação.
54
FERRAJOLI, Luigi. Ob. Cit., p. 450.
55
LOPES JR., Aury. Ob. Cit., p. 96.
56
PRADO, Geraldo. Ob. cit., p. 153.
57
“(...) Todos os modelos acusatórios comparados insistem em instalar o juízo
oral como etapa central do procedimento penal, negando valor probatório
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 669-705, mai.-ago. 2018.
686 | Barilli, Raphael Jorge de Castilho.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 669-705, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.150 | 687
59
O sistema acusatório de tradição democrática demanda a afirmação de uma
estrutura trifásica, possuindo como etapa intermediária entre a investigação
criminal e a instrução processual, uma etapa de controle de admissibilidade
da acusação, realizada em juízo oral. Sobre isso: PEÑARANDA LÓPEZ, Anto-
nio. El proceso penal en España, Francia, Inglaterra y Estados Unidos: descrip-
ción y terminologia. Granada: Comares, 2011, p. 37-42.
60
Conceito introduzido por Binder para se reportar às diversas roupagens as-
sumidas pelos sistemas inquisitivos, que adotavam mecanismos processuais
de essência acusatória de forma distorcida. BINDER, Alberto. Fundamentos
para a reforma da justiça penal. In: GOSTINSK, Aline, GONZÁLEZ POSTI-
GO, Leonel, PRADO, Geraldo (org.). Coleção Reflexões sobre a reforma da
justiça penal. Trad. Augusto Jobim do Amaral. Florianópolis: Empório do Di-
reito, 2017. p. 32.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 669-705, mai.-ago. 2018.
688 | Barilli, Raphael Jorge de Castilho.
61
BINDER, Alberto. Ob. Cit., p. 34.
62
CHOUKR, Fauzi. Hassan. Ob. Cit.,.p. 668.
63
PRADO, Geraldo. Ob. cit., p. 154.
64
Sobre o interrogatório por videoconferência, expõe André Nicolitt: “Não se
pode perder de vista a humanidade. Nenhuma máquina substituirá o conhe-
cimento que se extrai do contato humano. Nenhuma relação através da má-
quina pode superar ou substituir a relação humana. Quando todos os setores
da sociedade buscam a desumanização e o maior implemento da mecanização
e maximização de resultados, a justiça, que é a maior das virtudes segundo
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 669-705, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.150 | 689
Aristóteles, deve dar o exemplo e chamar o homem à sua essência para mos-
trar que não podemos perder a nossa humanidade ou dela abrir mão.” (NI-
COLITT, André. Manual de processo penal. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2016. p. 686).
65
BINDER, Alberto. Introdução ao direito processual penal. Rio de Janeiro: Lu-
men Juris, 2003. p. 66.
66
Ibidem.
67
PRADO, Geraldo. Ob. cit., p. 157.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 669-705, mai.-ago. 2018.
690 | Barilli, Raphael Jorge de Castilho.
68
PRADO, Geraldo. Ob. cit., p. 155.
69
MONTES CALDERÓN, Ana. JIMÉNEZ MONTES, Fernando. Técnicas del Pro-
ceso Oral en el Sistema Penal Acusatorio Colombiano. Manual general para ope-
radores jurídicos. Bogotá: USAID / Programa de Fortalecimiento y Acceso a
la Justicia, 2005, p. 98.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 669-705, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.150 | 691
70
BAYTELMAN, Andrés; DUCE, Mauricio. Ob. cit., p. 16 (tradução livre).
71
“O desenho e elaboração da estratégia para abordar um caso penal se faz
tendo em conta a ocorrência de um juízo oral, que em muitos casos jamais
chegará a realizar-se. Isto porque são precisamente seus padrões de admissi-
bilidade, produção e valoração das provas e de fundamentação da sentença
os que determinarão o agir dos litigantes, tanto na etapa de investigação do
caso, como no próprio juízo em si.” (MORENO HOLMAN, Leonardo. Ob. cit.,
p. 31) (tradução livre).
72
MONTES CALDERÓN, Ana; JIMÉNEZ MONTES, Fernando. Ob. cit., p. 18.
73
BINDER, Alberto. Ob. cit., p. 68.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 669-705, mai.-ago. 2018.
692 | Barilli, Raphael Jorge de Castilho.
74
MORENO HOLMAN, Ob. Cit., p. 31.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 669-705, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.150 | 693
75
BINDER, Alberto. La fuerza de la oralidad. 2012. Publicado por INECIP -
Instituto de Estudios Comparados en Ciencias Penales y Sociales. Disponível
em: <http://inecip.org/wp-content/uploads/INECIP-Binder-La-fuerza-de-
-la oralidad.pdf>. Acesso em: 16 jan. 2018, p. 4
76
Na concepção inquisitiva é comum conceber o advogado defensivo atuante
como um obstáculo, frequentemente rechaçado por juízes, promotores e de-
legados, quando muito criminalizados. Sobre o tema, há importante reflexão
de Geraldo Prado: “A incriminação da defesa criminal é ilegal. É também,
fundamentalmente, uma violação ao estado de direito. Flerta com o autorita-
rismo e namora firme o moralismo salvacionista. É de se esperar que a justiça
não lhe dê ouvidos… por outro lado não se deve negligenciar a pressão da
comunicação social e os propósitos políticos ocultos que sempre estiveram a
lhe inspirar.” (PRADO, Geraldo. Obstrução da injustiça: a irrenunciável comba-
tividade da defesa criminal. Disponível em: <http://justificando.cartacapital.
com.br/2017/10/25/obstrucao-de-injustica-irrenunciavel-combatividade-
-da-defesa-criminal/.> Acesso em: 09 nov. 2017).
77
BAYTELMAN, Andrés. DUCE, Mauricio. Ob. cit., p. 30.
78
MORENO HOLMAN, Ob. Cit., p. 24.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 669-705, mai.-ago. 2018.
694 | Barilli, Raphael Jorge de Castilho.
79
NICOLITT, André; BARILLI, Raphael Jorge de Castilho. Standards de prova
no Direito – debate sobre a súmula 70 do Tribunal de Justiça do Rio de Janei-
ro. Boletim do IBCcrim, São Paulo, a. 26, n. 302, 2018, p. 6-9. p. 6.
80
MONTES CALDERÓN, Ana; JIMÉNEZ MONTES, Fernando. Ob. Cit., p. 99.
81
MORENO HOLMAN, Ob. Cit., p. 27. Tradução livre.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 669-705, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.150 | 695
82
PRADO, Geraldo. Prova penal e sistema de controles epistêmicos: a quebra da
cadeia de custódia das provas obtidas por métodos ocultos. São Paulo: Marcial
Pons, 2014, p. 49.
83
Ibidem, p. 52.
84
Ibidem, idem.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 669-705, mai.-ago. 2018.
696 | Barilli, Raphael Jorge de Castilho.
85
BENAVENTE CHORRES, Hesbert. Ob. Cit., p. 81.
86
MORENO HOLMAN, Ob. Cit., p. 29.
87
Ibidem, p. 30.
88
BENAVENTE CHORRES, Hesbert. Ob. Cit., p. 393.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 669-705, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.150 | 697
89
MORENO HOLMAN, Ob. Cit., p. 36.
90
THOMAS, Kimberly A. Sentencing: Where Case Theory and the Client Meet.
Michagan, Clinical L. Rev., v. 15, n. 1, 2008, p. 187-210. p. 190 (tradução livre).
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 669-705, mai.-ago. 2018.
698 | Barilli, Raphael Jorge de Castilho.
91
MORENO HOLMAN, Ob. Cit., p. 37.
92
THOMAS, Kimberly A. Ob. Cit., p. 193.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 669-705, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.150 | 699
Considerações F inais
93
BAYTELMAN, Andrés; DUCE, Mauricio. Ob. cit., p. 32 (tradução livre).
94
BINDER, Alberto. La fuerza de la oralidad. 2012. Publicado por INECIP - Ins-
tituto de Estudios Comparados en Ciencias Penales y Sociales. Disponível
em: <http://inecip.org/wp-content/uploads/INECIP-Binder-La-fuerza-de-
-la oralidad.pdf>. Acesso em: 16 jan. 2018, p. 6.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 669-705, mai.-ago. 2018.
700 | Barilli, Raphael Jorge de Castilho.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 669-705, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.150 | 701
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inecip.org/wp-content/uploads/INECIP-Binder-La-fuerza-de-la oralidad.pdf>.
Acesso em: 16 jan. 2018.
95
Sobre o desenvolvimento de estudos no campo da litigância oral, há interes-
sante experiência na Escuela de Derecho da Universidad Diego Portales no
Chile, onde os alunos recebem treinamento e instrução acerca do conjunto
de técnicas que devem ser exploradas no desenvolvimento do juízo oral, tais
como: abertura do juízo oral e apresentação do caso, preparação das testemu-
nhas, exame e contra-exame das testemunhas e peritos, alegações finais entre
outros. O referido programa se consolidou como um marco da diplomação
que a escola oferece, “Reforma Procesal Penal, Juicio Oral y Litigación.” Re-
latado em: BAYTELMAN, Andrés; DUCE, Mauricio. Litigación penal en juicios
orales. Santiago de Chile: Universidad Diego Portales. RiL editores, 2000. p. 14.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 669-705, mai.-ago. 2018.
702 | Barilli, Raphael Jorge de Castilho.
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https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.150 | 703
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 669-705, mai.-ago. 2018.
704 | Barilli, Raphael Jorge de Castilho.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 669-705, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.150 | 705
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 669-705, mai.-ago. 2018.
Fundamentos de
Direito Processual Penal
Fundamentals of
Criminal Procedure
A flexibilização da legalidade no Supremo Tribunal
Federal: o caso da execução da condenação sujeita a
apelos extremos
Heloisa Estellita1
Fundação Getúlio Vargas (FGV/DIREITO) – São Paulo/SP
[email protected]
lattes.cnpq.br/6516595843549222
orcid.org/0000-0002-5054-4116
Abstract: The instrumentalism and flexibility of the legal norms that prevail
today in our legal culture, especially in its jurisprudential component, create
inequality and insecurity. The case of the enforcement of a criminal sentence
1
Agraciada com a Humboldt Research Fellowship para realização de Pós-douto-
rado na Alemanha, na Ludwig-Maximilians-Universität de Munique e na Uni-
versidade de Augsburg (2015-2017), em cooperação com a CAPES. Doutora em
Direito Penal pela Universidade de São Paulo (2004). Mestre em Direito (UNESP,
2001). Especialista em Direito Penal Econômico e Europeu (Universidade de
Coimbra, 2001). Professora da Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas e
coordenadora do Grupo de Ensino e Pesquisa em Direito Penal Econômico na
mesma instituição.
709
710 | Estellita, Heloisa.
pending judgement before high courts depicts the methods for this sake
and proves that its outcome is the denial of equality and security. This essay
deals with the arguments developed on the adjudication of HC 126.292 by
the Brazilian Supreme Court in order to corroborate its findings.
Keywords: service of the sentence; presumption of innocence; legality.
Introdução
2
STRECK, Lenio Luiz. O que é isto - decido conforme a minha consciência? 4.
ed. ele. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2013, p. 38.
3
REIS, Thiago. Dogmática e incerteza normativa: crítica ao substancialismo ju-
rídico do direito civil - constitucional. Revista de Direito Civil Contemporâneo,
v. 11, p. 213–238, 2017, p. 217, embora se refira ao direito civil, o fenômeno
repete-se no direito penal.
4
STRECK, Lenio Luiz. O que é isto - decido conforme a minha consciência? 4.
ed. ele. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2013, p. 58.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 709-730, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.141 | 711
5
Cf. REIS, Thiago. Dogmática e incerteza normativa: crítica ao substancialis-
mo jurídico do direito civil - constitucional. Revista de Direito Civil Contem-
porâneo, v. 11, p. 213–238, 2017, p. 230; STRECK, Lenio Luiz. O que é isto
- decido conforme a minha consciência? 4. ed. ele. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2013, p. 89-90: “Por isso, merecem especial cuidado as decisões
que lançam mão especialmente da ‘razoabilidade’ (com ou sem ‘ponderação
de valores’), argumentação que se transformou em autêntica ‘pedra filosofal
da hermenêutica’ a partir desse caráter performativo. Excetuando os casos
em que, teleologicamente, decisões calcadas na ponderação de valores po-
dem ser consideradas corretas ou adequadas à Constituição (o que por si só
já em um problema, porque a interpretação não pode depender dessa ‘loteria’
de caráter finalístico), a maior parte das sentenças e acórdãos acaba utilizan-
do tais argumentos como um instrumento para o exercício da mais ampla
discricionariedade (para dizer o menos) e o livre cometimento de ativismos”.
6
REIS, Thiago. Dogmática e incerteza normativa: crítica ao substancialismo ju-
rídico do direito civil - constitucional. Revista de Direito Civil Contemporâneo,
v. 11, p. 213–238, 2017, p. 230.
7
LEITE, Alaor. Domínio do fato, domínio da organização e responsabilidade
penal por fatos de terceiros. Os conceitos de autor e partícipe na AP 470 do
Supremo Tribunal Federal. In: GRECO, Luís [et al.]. Autoria como domínio
do fato: estudos introdutórios sobre o concurso de pessoas no direito penal
brasileiro. São Paulo: Marcial Pons, 2014, p. 123–168, p. 124.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 709-730, mai.-ago. 2018.
712 | Estellita, Heloisa.
8
Até 3 de março de 2018, data de submissão deste texto à RBDPP, este ha-
beas representava o precedente fundamental na matéria e por essa razão são
analisados os argumentos utilizados pela Corte naquela ocasião. Devolvido o
texto para revisão e complementação, sobreveio o julgamento, pelo Plenário,
do HC 152.752, realizado em 22 de março de 2018, no qual a Corte mante-
ve o mesmo entendimento, apesar da mudança de posição do Min. Gilmar
Mendes. O acórdão deste último habeas encontra-se pendente de publicação
na data desta revisão (18/04/2018), razão pela qual não foi contemplado
no texto. Não obstante, a tomar pela notícia divulgada no sítio eletrônico da
Corte (http://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteu-
do=374437, acesso em 18/04/2018), o novo entendimento do Min. Gilmar
Mendes segue a linha já contemplada neste artigo, no item 3, infra.
9
Julgado em 05/02/2009, publicado no DJe 28/02/2010.
10
STF, HC 126.292, Plenário, DJe 17/05/2016. Vencidos os Mins. Rosa Weber,
Marco Aurélio, Celso de Mello e Ricardo Lewandowski.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 709-730, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.141 | 713
11
Sobre seu desenvolvimento no âmbito da proteção de direitos humanos, cf.:
SUXBERGER, Antonio H.; AMARAL, Marianne G. A execução provisória da
pena e sua compatibilidade com a presunção de inocência como decorrência
do sistema acusatório. Revista de Direito Brasileira, v. 16, n. 7, p. 186–210,
2017, p. 191 ss.; também, AMARAL, Augusto J.; CALEFFI, Paulo S. Pré-o-
cupação de inocência e execução provisória da pena: uma análise crítica da
modificação jurisprudencial do STF. Revista Brasileira de Direito Processual
Penal, v. 3, n. 3, p. 1073–1114, 2017. p. 1097 ss.
12
STF, HC 126.292, p. 4.
13
Idem, p. 22, 35 ss. e 47 ss.
14
Idem, p. 37 ss.
15
Idem, p. 8-9.
16
Idem, p. 10.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 709-730, mai.-ago. 2018.
714 | Estellita, Heloisa.
17
Idem, p. 68.
18
Idem, p. 21, 25.
19
Idem, p. 35.
20
Idem, p. 46.
21
Idem, p. 17, 65.
22
Idem, p. 18, 46 ss., 59.
23
Idem, p. 34.
24
Idem, p. 35 ss., 49 ss.
25
Idem, p. 60. Há outros argumentos: esse princípio (da presunção de ino-
cência) favorece um indevido “agigantamento os afazeres” do STF (p. 21);
a jurisprudência de 2009 incentivou a interposição de recursos, o número
de Recursos Extraordinários providos a favor de réus é irrisório (1,5%) e as
decisões absolutórias não chegam a 0,1% do total (p. 32-33); só os réus abas-
tados têm condições de recorrer em liberdade e abusar dos meios recursais
(p. 33-34); “os mecanismos legais destinados a repelir recursos meramente
protelatórios são ainda muito incipientes” (p. 24, 49 ss.).
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 709-730, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.141 | 715
26
Alguns desses argumentos encontram eco, por exemplo, em: SUXBERGER,
Antonio H.; AMARAL, Marianne G. A execução provisória da pena e sua
compatibilidade com a presunção de inocência como decorrência do sistema
acusatório. Revista de Direito Brasileira, v. 16, n. 7, p. 186–210, 2017, passim.
27
STF, HC 126.292, p. 25: “Se afirmamos que a presunção de inocência não
cede nem mesmo depois de um Juízo monocrático ter afirmado a culpa de um
acusado, com a subsequente confirmação por parte de experientes julgadores
de segundo grau, soberanos na avaliação dos fatos e integrantes de instância à
qual não se opõem limites à devolutividade recursal, reflexamente estaríamos
a afirmar que a Constituição erigiu uma presunção absoluta de desconfiança
às decisões provenientes das instâncias ordinárias”.
28
Idem, p. 37. Novamente na p. 39: “Não há dúvida de que a presunção de
inocência ou de não-culpabilidade é um princípio, e não uma regra. Tanto
é assim que se admite a prisão cautelar (CPP, art. 312) e outras formas de
prisão antes do trânsito em julgado. Enquanto princípio, tal presunção pode
ser restringida por outras normas de estatura constitucional (desde que não
se atinja o seu núcleo essencial), sendo necessário ponderá-la com os outros
objetivos e interesses em jogo”. Também p. 67.
29
Idem, p. 51.
30
Idem, p. 71.
31
Idem, p. 23.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 709-730, mai.-ago. 2018.
716 | Estellita, Heloisa.
2. C rítica
32
Idem, p. 59, o qual tem o mérito de, ao menos, de registrar conhecimento acerca
do sentido técnico da expressão trânsito em julgado da sentença condenatória.
33
Idem, p. 12, 69. O enfrentamento desse argumento em AMARAL, Augusto J.;
CALEFFI, Paulo S. Pré-ocupação de inocência e execução provisória da pena:
uma análise crítica da modificação jurisprudencial do STF. Revista Brasileira de
Direito Processual Penal, v. 3, n. 3, p. 1073–1114, 2017, p. 1085 ss.; chama atenção
a divergência entre o que consta do voto e a disciplina portuguesa (cf. p. 1086).
34
Trata-se aqui de uma condição de comunicação entre constituinte e aplicador
da lei, cuja traição pode criar um “descompasso entre a previsão constitu-
cional e o direito constitucional concretizado” (ÁVILA, Humberto. Teoria
dos princípios: da definição à aplicação dos princípios jurídicos. 5. ed. São
Paulo: Malheiros, 2006, p. 33-34). Assim, “Compreender ‘provisória’ como
permanente, ‘trinta dias’ como mais de trinta dias, ‘todos os recursos’ como
alguns recursos, ‘ampla defesa’ como restrita defesa, ‘manifestação concreta
de capacidade econômica’ como manifestação provável de capacidade econô-
mica, não é concretizar o texto constitucional. É, a pretexto de concretizá-lo,
menosprezar seu sentido mínimo” (idem, p. 34). Sobre o limite semântico e
seu papel fundamental na democracia, cf. STRECK, Lenio Luiz. Os limites
semânticos e sua importância na e para a democracia. Revista da AJURIS, v.
41, n. 135, p. 173–187, 2014, passim.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 709-730, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.141 | 717
35
Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro (antiga LICC), art. 6º, § 3º.
Cf. SUXBERGER, Antonio H.; AMARAL, Marianne G. A execução provisória
da pena e sua compatibilidade com a presunção de inocência como decorrên-
cia do sistema acusatório. Revista de Direito Brasileira, v. 16, n. 7, p. 186–210,
2017, p. 195; também BADARÓ, Gustavo Henrique; LOPES JÚNIOR, Aury.
Presunção de inocência: do conceito de trânsito em julgado da sentença penal
condenatória. 2016. Disponível em: <emporiododireito.com.br/wp-content/
uploads/2016/06/Parecer_Presuncao_de_Inocencia_Do_concei.pdf> Aces-
so em: 20 fev. 2018, p. 17-18.
36
O dado pela LICC, que é de 1942, e foi mantido mesmo com a reforma que
passou a denomina-la Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, que
é de 1942.
37
A alteração da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro pela Lei
12.376/2010 manteve intacta a definição.
38
STF, HC 69964, DJ 01/07/1993, fl. 275.
39
“As regras podem ser dissociadas dos princípios quanto ao modo como pres-
crevem o comportamento. As regras são normas imediatamente descritivas,
na medida em que estabelecem obrigações, permissões e proibições median-
te a descrição da conduta a ser cumprida. Os princípios são normas imedia-
tamente finalísticas, já que estabelecem um estado de coisas cuja promoção
gradual depende dos efeitos decorrentes da adoção de comportamentos a ela
necessários. Os princípios são normas cuja qualidade frontal é, justamente, a
determinação da realização de um fim juridicamente relevante, ao posso que
característica dianteira das regras é a previsão do comportamento” (ÁVILA,
Humberto. Teoria dos princípios: da definição à aplicação dos princípios jurí-
dicos. 5. ed. São Paulo: Malheiros, 2006, p. 167-168).
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 709-730, mai.-ago. 2018.
718 | Estellita, Heloisa.
40
Esta afirmação não se incompatibiliza com o entendimento que saca desse
mesmo dispositivo (art. 5º, LVII, CF) uma norma-princípio (da presunção de
inocência, cf., por todos, MORAES, Maurício Zanóide de. Presunção de ino-
cência no processo penal brasileiro: análise de sua estrutura normativa para
a elaboração legislativa e para a decisão judicial. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2010, especialmente p. 270-274), pois a partir de um mesmo dispositivo po-
dem ser construídas diversas normas, sejam regras, sejam princípios (cf. ÁVI-
LA, Humberto. Teoria dos princípios: da definição à aplicação dos princípios
jurídicos. 5. ed. São Paulo: Malheiros, 2006, p. 30).
41
SILVA, O proporcional e o razoável, p. 25; ALEXY, Robert. Teoria de los dere-
chos fundamentales. Madrid: Centro de Estudios Políticos y Constitucionales,
2001, p. 86-90.
42
SILVA, Virgílio Afonso da. O proporcional e o razoável. Revista dos Tribunais,
v. 798, p. 23–50, 2002, p. 25.
43
Uso a expressão para deliberadamente evitar a discussão acerca de se esta
norma teria veiculado um “princípio” de inocência ou de “não culpabilidade”,
o que, no contexto deste artigo, é secundário.
44
SILVA, Virgílio Afonso da. O proporcional e o razoável. Revista dos Tribunais,
v. 798, p. 23–50, 2002, p. 25; também: ALEXY, Robert. Teoria de los dere-
chos fundamentales. Madrid: Centro de Estudios Políticos y Constitucionales,
2001, p. 87.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 709-730, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.141 | 719
45
SILVA, Virgílio Afonso da. O proporcional e o razoável. Revista dos Tribunais,
v. 798, p. 23–50, 2002, p. 26.
46
Critério esse não utilizado por Alexy (cf. ALEXY, Robert. Teoria de los dere-
chos fundamentales. Madrid: Centro de Estudios Políticos y Constitucionales,
2001, p. 84).
47
SILVA, Virgílio Afonso da. O proporcional e o razoável. Revista dos Tribunais, v.
798, p. 23–50, 2002, p. 25. Exemplifica ele com o emprego da expressão “prin-
cípio da proporcionalidade” (idem, p. 25-26), cujas máximas parciais (adequa-
ção, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito) são catalogadas como
regras por Alexy (ALEXY, Robert. Teoria de los derechos fundamentales. Ma-
drid: Centro de Estudios Políticos y Constitucionales, 2001, p. 112, nota. 84).
48
STF, HC 79512, DJ 16/05/2003.
49
REIS, Thiago. Dogmática e incerteza normativa: crítica ao substancialismo
jurídico do direito civil - constitucional. Revista de Direito Civil Contemporâ-
neo, v. 11, p. 213–238, 2017, p. 220. Um desses argumentos de fato é reto-
mado em recente artigo, no qual se conecta a vedação da execução provisória
da pena à “continuidade dos esquemas de corrupção”, um argumento que
adquire um tom quase apelativo em tempos de Lava-Jato. No mesmo texto,
sugere-se que é a demora na conclusão de processos (em virtude da vedação
de execução provisória) que gera a indesejada “impunidade”, o que leva à
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 709-730, mai.-ago. 2018.
720 | Estellita, Heloisa.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 709-730, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.141 | 721
53
Em sentido similar: AMARAL, Augusto J.; CALEFFI, Paulo S. Pré-ocupação
de inocência e execução provisória da pena: uma análise crítica da modifica-
ção jurisprudencial do STF. Revista Brasileira de Direito Processual Penal, v.
3, n. 3, p. 1073–1114, 2017, p. 1090; e BADARÓ, Gustavo Henrique; LOPES
JÚNIOR, Aury. Presunção de inocência: do conceito de trânsito em julgado da
sentença penal condenatória. 2016. Disponível em: <emporiododireito.com.
br/wp-content/uploads/2016/06/Parecer_Presuncao_de_Inocencia_Do_
concei.pdf> Acesso em: 20 fev. 2018, p. 36 ss.
54
Cf. os contra-argumentos empíricos alinhavados por QUEIROZ, Rafael M.
R. A presunção de inocência libertada. Jota, 2018. Disponível em: <https://
www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/presuncao-de-inocencia-liberta-
da-28022018>. Acesso em 28 mar. 2018.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 709-730, mai.-ago. 2018.
722 | Estellita, Heloisa.
Muito tempo não foi necessário para que começassem a ser con-
cedidas medidas liminares em sentido contrário ao entendimento fixado
por maioria no Plenário. Ministros vencidos naquele julgamento passaram
a conceder liminares (cf., por exemplo, HCs 144.712-MC; 145.380-MC;
146.006-MC; 146.185-MC; 148.891-MC). As causas para um tal fenômeno
são diversas, mas não seria de todo inapropriado cogitar que essa forma
de proceder também seja uma consequência dos defeitos argumentativos
do entendimento majoritário acima denunciados.
Levantamento feito no sítio do tribunal no começo de dezembro
de 2017, levando em conta também decisões monocráticas, demonstrou
que havia 5 Ministros que não admitiam a execução provisória e 6 que
a admitiam.57 Sendo que, pela composição da Corte, é possível que, no
âmbito da Segunda Turma, seja formada maioria no sentido da inadmissão
55
Cf. STF, HC 126.292, p. 45-46. Por isso, discorda-se parcialmente do enten-
dimento de: SUXBERGER, Antonio H.; AMARAL, Marianne G. A execução
provisória da pena e sua compatibilidade com a presunção de inocência como
decorrência do sistema acusatório. Revista de Direito Brasileira, v. 16, n. 7, p.
186–210, 2017, p. 196. Convergente e agregando outros argumentos, BADA-
RÓ, Gustavo Henrique; LOPES JÚNIOR, Aury. Presunção de inocência: do con-
ceito de trânsito em julgado da sentença penal condenatória. 2016. Disponível
em: <emporiododireito.com.br/wp-content/uploads/2016/06/Parecer_Pre-
suncao_de_Inocencia_Do_concei.pdf> Acesso em: 20 fev. 2018, p. 20 ss.
56
Cf., ilustrativamente, LOPES JÚNIOR, Aury. Direito processual penal. 10. ed. São
Paulo: Saraiva, 2013, p. 1305-1310; BADARÓ, Gustavo Henrique. Processo pe-
nal. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 891; e, juntos, em: BADA-
RÓ, Gustavo Henrique; LOPES JÚNIOR, Aury. Presunção de inocência: do con-
ceito de trânsito em julgado da sentença penal condenatória. 2016. Disponível
em: <emporiododireito.com.br/wp-content/uploads/2016/06/Parecer_Pre-
suncao_de_Inocencia_Do_concei.pdf> Acesso em: 20 fev. 2018, p. 28 ss.
57
Admitem execução provisória: Fachin (2a T); Tóffoli (2a T); Barroso (1a T);
Fux (1a T); Moraes (1a T); Cármen Lúcia (Pres.). Não a admitem Mendes (2a
T.); Lewandowski (2a T.); Celso de Mello (2a T.); Rosa Weber (1a T.) e Marco
Aurélio (1a T.).
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 709-730, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.141 | 723
58
Trata-se do Min. Gilmar Mendes e a primeira manifestação nesse sentido,
embora sem efeitos práticos no caso concreto, parece ter sido feita no julga-
mento do HC 142.173, DJe 06/06/2017.
59
O Min. Dias Tóffoli: “No julgamento do HC 126.292/SP, o Ministro Dias Tóf-
foli votou no sentido de que a execução da pena deveria ficar suspensa com
a pendência de recurso especial ao STJ, mas não de recurso extraordinário
ao STF. Para fundamentar sua posição, sustentou que a instituição do requi-
sito de repercussão geral dificultou a admissão do recurso extraordinário
em matéria penal, que tende a tratar de tema de natureza individual e não
de natureza geral – ao contrário do recurso especial, que abrange situações
mais comuns de conflito de entendimento entre tribunais” (HC 142.173, DJe
06/06/2017, voto do relator Min. Gilmar Mendes, p. 5).
60
HC 149.366, Min. Gilmar Mendes, decisão monocrática denegando a or-
dem, DJe 24/11/2017: “Entretanto, tenho que o entendimento não deve ser
aplicado indistintamente, sobretudo quando tratar-se de condenação por
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 709-730, mai.-ago. 2018.
724 | Estellita, Heloisa.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 709-730, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.141 | 725
62
Contra a criação judicial de tais cláusulas, já dizia o Min. Sepúlveda Pertence
que “o regime de estrita legalidade que rege o Direito Penal não admite que, à
categoria legal dos crimes hediondos, o juiz acrescente outros, segundo a sua
validação subjetiva de modo a negar ao condenado o que lhe assegura a lei”
(STF, RHC 80970, DJ 10/08/2001).
63
Os argumentos de conveniência estão sujeitos “aos problemas da contingên-
cia, da ponderabilidade e do ponto cego” (GRECO, Luís. Conveniência e res-
peito. Sobre o hipotético e o categórico na fundamentação do Direito Penal.
Revista Brasileira de Ciências Criminais, v. 95, p. 43-83, 2012, p. 66).
64
GRECO, Luís. Conveniência e respeito. Sobre o hipotético e o categórico na
fundamentação do Direito Penal. Revista Brasileira de Ciências Criminais, v.
95, p. 43-83, 2012, p. 70.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 709-730, mai.-ago. 2018.
726 | Estellita, Heloisa.
Conclusão
65
Sobre o significado dessa expressão e seu “modus operandi”, cf.: GRECO,
Luís. Lo vivo y lo muerto en la teoria de la pena de Feuerbach. Madrid: Marcial
Pons, 2015, p. 207-208.
66
CF, art. 5o, LXI: “ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem
escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos
de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei”.
67
A abolição de direitos e garantias individuais está vedada (art. 60, § 4º, IV),
mas não a revisão de outras normas, como as que disciplinam recursos. Daí a
via escolhida pela PEC n. 15, de 2011, também conhecida como “PEC Peluso”,
e que, em sua redação original, transformava os recursos extraordinário e
especial em ações rescisórias.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 709-730, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.141 | 727
R eferências
ALEXY, Robert. Teoria de los derechos fundamentales. Madrid: Centro de Estudios
Políticos y Constitucionales, 2001.
AMARAL, Thiago Bottino do. Habeas corpus nos Tribunais Superiores: uma análise
e proposta de reflexão. Rio de Janeiro: Escola de Direito do Rio de Janeiro da
Fundação Getúlio Vargas, 2016.
68
REIS, Thiago. Dogmática e incerteza normativa: crítica ao substancialismo ju-
rídico do direito civil - constitucional. Revista de Direito Civil Contemporâneo,
v. 11, p. 213–238, 2017, p. 215.
69
REIS, Thiago. Dogmática e incerteza normativa: crítica ao substancialismo ju-
rídico do direito civil - constitucional. Revista de Direito Civil Contemporâneo,
v. 11, p. 213–238, 2017, p. 214-216.
70
Parafraseando: STRECK, Lenio Luiz. O que é isto - decido conforme a minha
consciência? 4. ed. ele. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2013, p. 47.
71
GRECO, Luís. Conveniência e respeito. Sobre o hipotético e o categórico na
fundamentação do Direito Penal. Revista Brasileira de Ciências Criminais, v.
95, p. 43-83, 2012, p. 71.
72
Um avanço considerável, segundo: STRECK, Lenio Luiz. O que é isto - decido
conforme a minha consciência? 4. ed. ele. Porto Alegre: Livraria do Advoga-
do, 2013, p. 171; e, ainda, em: STRECK, Lenio Luiz. Os limites semânticos e
sua importância na e para a democracia. Revista da AJURIS, v. 41, n. 135, p.
173–187, 2014, p. 184.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 709-730, mai.-ago. 2018.
728 | Estellita, Heloisa.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 709-730, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.141 | 729
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 709-730, mai.-ago. 2018.
730 | Estellita, Heloisa.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 709-730, mai.-ago. 2018.
Fundamento central do direito à não autoincriminação
1
Doutoranda em Ciências Jurídicas pela Universidad de Morón (Arg). Bacharela em
Direito pelo Instituto Vianna Junior (2001) e pós-graduada Especialista em Direito
Público com ênfase em Direito Processual Civil pela Universidade Potiguar (RN/
Br) (2007). Atualmente é oficiala de justiça avaliadora federal na Justiça Federal -
Seção Judiciária do Espírito Santo e Professora de Introdução ao Estudo do Direito
nos Cursos de Formação de Soldados da Polícia Militar do Espírito Santo.
731
732 | Carvalho, Heloisa Rodrigues Lino de.
Introdução
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 731-765, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.134 | 733
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 731-765, mai.-ago. 2018.
734 | Carvalho, Heloisa Rodrigues Lino de.
2
FERNANDEZ, Atahualpa. O problema da natureza humana (parte 1 e 2). Em-
pório do Direito, Florianópolis/SC, jul. 2015.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 731-765, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.134 | 735
3
BEUCHOT, Mauricio; JAVIER, Saldaña. Derechos humanos y naturaleza huma-
na. Ciudad de México: Universidad Nacional Autónoma de México, 2000, p. 61.
4
FERNANDEZ, Atahualpa. O problema da natureza humana (parte 1 e 2). Em-
pório do Direito, Florianópolis/SC, jul. 2015.
5
QUEIJO, Maria Elizabeth. O direito de não produzir prova contra si mesmo: o
princípio nemo tenetur se detegere e suas decorrências no processo penal.
2. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 28.
6
Ibidem, p. 30-34.
7
FERRAJOLI, Luigi. Direito e razão: teoria do garantismo penal. Tradução de Ana
Paula Zomer Sica et al., 3. ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010, p. 625.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 731-765, mai.-ago. 2018.
736 | Carvalho, Heloisa Rodrigues Lino de.
8
Disponível em: <http://direitoshumanos.gddc.pt/3_1/IIIPAG3_1_6.htm>.
Acesso em: 02 mai. 2018.
9
Disponível em: <https://www.cidh.oas.org/basicos/portugues/c.conven-
cao_americana.htm>. Acesso em: 27 abr. 2018.
10
Disponível em: <http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Conven%-
C3%A7%C3%A3o-de-Genebra/protocolo-i-adicional-as-convencoes-de-ge-
nebra-de-12-de-agosto-de-1949-relativo-a-protecao-das-vitimas-dos-confli-
tos-armados-internacionais.html>. Acesso em: 27 abr. 2018.
11
Disponível em: <http://www.dhnet.org.br/direitos/sip/tpi/esttpi.htm>.
Acesso em: 27 abr. 2018.
12
Paulo Mário Canabarro Trois Neto informa que diversos autores sustentam
que, apesar da origem histórica, atualmente o direito à não autoincriminação
abrangeria muito além do mero aspecto verbal da liberdade de declarar, al-
cançando uma ampla liberdade na colaboração da produção probatória, mes-
mo que não afete a integridade física ou mental do acusado. Sobre isso, ver:
TROIS NETO, Paulo Mário Canabarro. O direito fundamental à não-autoincri-
minação e a influência do silêncio do acusado no convencimento do juiz penal.
Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Direito, Universi-
dade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009, p. 94.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 731-765, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.134 | 737
13
ECHAGÜE, Juan Manuel Álvarez. Reflexiones sobre el alcance del estado de
inocencia y del principio de no autoincriminación en el derecho penal tribu-
tario. Revista de Tributación de la Asociación Argentina de Estudios Fiscales,
Buenos Aires, n. 6, 2007, p. 7.
14
CHARNIAK, Krystina. LegaVox.fr: The right to remain silent in UK and in
USA, 1 set. 2012, [s/p].
15
[…] nor shall be compelled in any criminal case to be a witness against him-
self […] (Disponível em: <https://www.usconstitution.net/xconst_Am5.
html>. Acesso em: 27 abr. 2018).
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 731-765, mai.-ago. 2018.
738 | Carvalho, Heloisa Rodrigues Lino de.
16
HAPNER, Andrew M. You have the right to remain silent, but anything you
don’t say may be used against you: the admissibility of silence as evidence
after Salinas v. Texas. Florida Law Review, Gainesville (Florida/U.S.), v. 66, n.
4, Article 8, fev. 2015, p. 1776-1777.
17
QUEIJO, Maria Elizabeth. O direito de não produzir prova contra si mesmo: o
princípio nemo tenetur se detegere e suas decorrências no processo penal. 2. ed.
São Paulo: Saraiva, 2012, p. 208.
18
HAPNER, Andrew M. You have the right to remain silent, but anything you
don’t say may be used against you: the admissibility of silence as evidence
after Salinas v. Texas. Florida Law Review, Gainesville (Florida/U.S.), v. 66, n.
4, Article 8, fev. 2015, p. 1776-1777.
19
Ibidem, p. 1766-1767.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 731-765, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.134 | 739
20
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21
Ibidem, p. 1767-1768.
22
Ibidem, p. 1770-1771.
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740 | Carvalho, Heloisa Rodrigues Lino de.
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Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 731-765, mai.-ago. 2018.
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Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 731-765, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.134 | 743
35
STF, HC 94.601/CE, Relator Min. Celso de Mello, 2ª Turma, j. 04/0/2009.
36
STF, HC 96.219 MC/SP, Decisão Monocrática Min. Celso de Mello, j. 09/10/2008.
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Porto Alegre, 2014, p. 16.
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744 | Carvalho, Heloisa Rodrigues Lino de.
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PERALTA, José Milton. La no obligación de declarar contra uno mismo. In:
RIVERA, Julio C. (h) et al. Tratado de los derechos constitucionales. Buenos
Aires: Abeledo Perrot, 2014. v. 3. Cap. 4, p. 400.
40
ALBUQUERQUE, Marcelo Schirmer. A garantia de não auto-incriminação: ex-
tensão e limites. Belo Horizonte: Del Rey, 2008, p. 69.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 731-765, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.134 | 745
41
Ibidem, p. 69.
42
Ibidem, p. 72-73.
43
Ibidem, p. 52-53 e 91-93.
44
WALCHER, Guilherme Gehlen. A garantia contra a autoincriminação no Di-
reito brasileiro: breve análise da conformação do princípio nemo tenetur se
detegere à luz da jurisprudência nacional e estrangeira. Revista de Doutrina da
4ª Região, Porto Alegre, n. 57, 18 dez. 2013, [s/p].
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 731-765, mai.-ago. 2018.
746 | Carvalho, Heloisa Rodrigues Lino de.
45
Ibidem, [s/p].
46
Ibidem, [s/p].
47
HADDAD, Carlos Henrique Borlido: Conteúdo e contornos do princípio contra
a auto-incriminação. Tese de Doutorado – Faculdade de Direito da Universi-
dade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2003, p. 299-230.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 731-765, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.134 | 747
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BUSTOS, Miguel Ángel Caccha. El derecho a no autoincriminar-se en los pro-
cesos penales en el Distrito Judicial de Lima Sur, Tese para obter o título pro-
fissional de advogado – Facultad de Humanidades - Escuela Profesional de
Derecho, Universidad Autónoma del Perú, Lima, 2016, p. 77-78.
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ta CEJ, Brasília, ano XIX, n. 67, p. 101-111, set.-dez. 2015, p. 108-109.
50
Ibidem, p. 109-110.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 731-765, mai.-ago. 2018.
748 | Carvalho, Heloisa Rodrigues Lino de.
51
ARAÚJO, Caroline. O princípio do nemo tenetur se detegere no crime de em-
briaguez ao volante: pièce de résistance no vale tudo probatório. Dissertação
(Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais), Pontifícia
Universidade Católica o Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015, [s/p].
52
ESCOBAR, Norma Valeria Torres. El principio de no autoincriminación en el
derecho procesal penal. Tese para obtenção do título de advogada – Carrera de
Derecho – Facultad de Jurisprudencia, Universidad Regional Autónoma de
los Andes – UNIANDES, Ibarra (Equador), 2014, p. 30-36.
53
Ibidem, p. 30-36.
54
QUEIJO, Maria Elizabeth. O direito de não produzir prova contra si mesmo: o
princípio nemo tenetur se detegere e suas decorrências no processo penal. 2.
ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 77.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 731-765, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.134 | 749
55
Ibidem, p. 97, 102 e 113.
56
YOKOYAMA, Marcia Caceres Dias. O direito ao silêncio no interrogatório. Dis-
sertação (Mestrado) Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo,
2007, p. 106 e 144.
57
Ibidem, p. 46-50.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 731-765, mai.-ago. 2018.
750 | Carvalho, Heloisa Rodrigues Lino de.
58
Ibidem, p. 53-75 e 144-145.
59
ARAÚJO, Rochester Oliveira. O direito fundamental contra a autoincriminação:
a análise a partir de uma teoria do Processo Penal Constitucional. Dissertação
(Mestrado em Constituição e Garantias de Direitos), Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, Natal, 2013, p. 178-194.
60
Ibidem, p. 13-18.
61
PERALTA, José Milton. La no obligación de declarar contra uno mismo. In:
RIVERA, Julio C. (h) et al. Tratado de los derechos constitucionales. Buenos
Aires: Abeledo Perrot, 2014. v. 3. Cap. 4, p. 407-416. (livre tradução)
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 731-765, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.134 | 751
62
Ibidem, p. 409.
63
Ibidem, p. 410 e 416.
64
Ibidem, p. 409-410.
65
QUEIJO, Maria Elizabeth. O direito de não produzir prova contra si mesmo: o
princípio nemo tenetur se detegere e suas decorrências no processo penal. 2.
ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 155-156.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 731-765, mai.-ago. 2018.
752 | Carvalho, Heloisa Rodrigues Lino de.
66
SANCINETTI, Marcelo. El delito de enriquecimiento ilícito de funcionario pú-
blico - art. 268, 2, C.P. 2. ed. Buenos Aires: Ad-Hoc, 2000, p. 44 e ss. apud
PERALTA, José Milton. La no obligación de declarar contra uno mismo. In:
RIVERA, Julio C. (h) et al. Tratado de los derechos constitucionales. Buenos
Aires: Abeledo Perrot, 2014. v. 3. Cap. 4, p. 408-409.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 731-765, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.134 | 753
67
PERALTA, José Milton. La no obligación de declarar contra uno mismo. In:
RIVERA, Julio C. (h) et al. Tratado de los derechos constitucionales. Buenos
Aires: Abeledo Perrot, 2014. v. 3. Cap. 4, p. 406.
68
FERRAJOLI, Luigi. Direito e razão: teoria do garantismo penal. Tradução de Ana
Paula Zomer Sica et al., 3. ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010, p. 518-520.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 731-765, mai.-ago. 2018.
754 | Carvalho, Heloisa Rodrigues Lino de.
então ele se sente mais livre para decidir se declara ou não. Contudo,
ainda que o réu confessasse espontânea e conscientemente, renunciando
ao direito à não autoincriminação, a presunção de inocência perduraria
até a condenação definitiva.
A coibição da tortura e de outros meios violentos para obtenção
de uma declaração autoincriminante também é apresentada como funda-
mento do direito à não autoincriminação. Certamente, o reconhecimento
dessa garantia tem grande relevância na coibição da utilização de tortura
para a obtenção de uma confissão, tão aplicada na Idade Média e repelida
pelo sistema acusatório. Contudo esse direito existe independentemente
de sua utilização.
A tortura constitui um mal em si mesma, sendo rechaçada qual-
quer que seja o emprego que se faça dela, sendo prevista como crime
no ordenamento jurídico (Lei n. 9.455/199769). Trata-se de um meio
aviltante da dignidade humana, pela imposição de sofrimento físico ou
psíquico para se alcançar um fim. Contudo, como aponta Maria E. Quei-
jo70, o indivíduo não é obrigado a se autoincriminar independentemente
do meio empregado, seja a tortura, seja meio astucioso ou enganador,
seja método em que haja subjugação da vontade, como hipnose, soro da
verdade e polígrafo.
Como bem argumenta José Milton Peralta71, a tortura é censurada
não só quando utilizada para obter declarações autoincriminantes, mas em
qualquer caso, seja para declarações autoincriminantes ou descriminantes,
seja para declarações feitas por suspeitos ou não, ou ainda para declara-
ções que buscam incriminar outras pessoas. Complementa dizendo que,
se a razão do princípio da autoincriminação fosse elidir a tortura como
meio de obtenção de prova, bastaria uma lei que simplesmente proibisse
métodos violentos de obtenção de provas em geral.
69
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9455.htm>.
Acesso em 27 abr. 2018.
70
QUEIJO, Maria Elizabeth. O direito de não produzir prova contra si mesmo: o
princípio nemo tenetur se detegere e suas decorrências no processo penal. 2.
ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 271-273.
71
PERALTA, José Milton. La no obligación de declarar contra uno mismo. In:
RIVERA, Julio C. (h) et al. Tratado de los derechos constitucionales. Buenos
Aires: Abeledo Perrot, 2014. v. 3. Cap. 4, p. 404-405.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 731-765, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.134 | 755
72
ALBUQUERQUE, Marcelo Schirmer. A garantia de não auto-incriminação: ex-
tensão e limites. Belo Horizonte: Del Rey, 2008, p. 52-53 e 72-73.
73
YOKOYAMA, Marcia Caceres Dias. O direito ao silêncio no interrogatório. Dis-
sertação (Mestrado em Direito) – Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, São Paulo, 2007, p. 144.
74
ARAÚJO, Rochester Oliveira. O direito fundamental contra a autoincriminação:
a análise a partir de uma teoria do Processo Penal Constitucional. Dissertação
(Mestrado em Constituição e Garantias de Direitos), Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, Natal, 2013, p. 178-194.
75
ESCOBAR, Norma Valeria Torres. El principio de no autoincriminación en el
derecho procesal penal. Tese para obtenção do título de advogada – Carrera de
Derecho – Facultad de Jurisprudencia, Universidad Regional Autónoma de
los Andes – UNIANDES, Ibarra (Equador), 2014, p. 30-36.
76
PERALTA, José Milton. La no obligación de declarar contra uno mismo. In:
RIVERA, Julio C. (h) et al. Tratado de los derechos constitucionales. Buenos
Aires: Abeledo Perrot, 2014. v. 3. Cap. 4, p. 407-416 e 438.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 731-765, mai.-ago. 2018.
756 | Carvalho, Heloisa Rodrigues Lino de.
77
ALBUQUERQUE, Marcelo Schirmer. A garantia de não auto-incriminação: ex-
tensão e limites. Belo Horizonte: Del Rey, 2008, p. 69.
78
WALCHER, Guilherme Gehlen. A garantia contra a autoincriminação no Di-
reito brasileiro: breve análise da conformação do princípio nemo tenetur se
detegere à luz da jurisprudência nacional e estrangeira. Revista de Doutrina da
4ª Região, Porto Alegre, n. 57, 18 dez. 2013, [s/p].
79
QUEIJO, Maria Elizabeth. O direito de não produzir prova contra si mesmo: o
princípio nemo tenetur se detegere e suas decorrências no processo penal. 2.
ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 97 e 102.
80
YOKOYAMA, Marcia Caceres Dias. O direito ao silêncio no interrogatório. Dis-
sertação (Mestrado) Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo,
2007, p. 106 e 144.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 731-765, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.134 | 757
81
BIDART CAMPOS, Germán J. Teoría general de los derechos humanos. Edición
al cuidado de Miguel López Ruiz. Ciudad de México: Universidad Nacional
Autónoma de México, 1989, p. 14-15.
82
Ibidem, p. 86.
83
BEUCHOT, Mauricio; JAVIER, Saldaña. Derechos humanos y naturaleza huma-
na. Ciudad de México: Universidad Nacional Autónoma de México, 2000, p. 63.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 731-765, mai.-ago. 2018.
758 | Carvalho, Heloisa Rodrigues Lino de.
84
FERRAJOLI, Luigi. Direito e razão: teoria do garantismo penal. Tradução de
Ana Paula Zomer Sica et al., 3. ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010,
p 559-560.
85
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/
2012/lei/l12654.htm>. Acesso em: 27 abr. 2018.
86
NICOLITT, André Luiz; WEHRS, Carlos Ribeiro. Intervenções corporais no
processo penal e a nova identificação criminal: (lei 12.654/2012). 2. ed. rev.,
atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 143 e 154.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 731-765, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.134 | 759
Conclusão
87
Ibidem, p. 156-159.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 731-765, mai.-ago. 2018.
760 | Carvalho, Heloisa Rodrigues Lino de.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 731-765, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.134 | 761
R eferências
ALBUQUERQUE, Marcelo Schirmer. A garantia de não auto-incriminação: extensão
e limites. Belo Horizonte: Del Rey, 2008.
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em Ciências Criminais) – Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais,
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Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 731-765, mai.-ago. 2018.
764 | Carvalho, Heloisa Rodrigues Lino de.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 731-765, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.134 | 765
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 731-765, mai.-ago. 2018.
O que vem depois dos “legal transplants”?
Uma análise do processo penal brasileiro
atual à luz de direito comparado
Abstract: The present study aims to focus the comparative criminal procedure in
the light of the well known expression of “legal transplants”. In this meaning here
is said, at a first moment, about the actual stage of the science of comparative
law. After that follow the possible critical aspects which can be remembered in
countries of Latin America, including Brazil. At the end, with eyes at criminal
procedure and authors who had shared attention to the theme of comparative
1
Doutorando e mestre em Direito Processual Penal pela USP, Mestre em Direito
Constitucional pela PUCSP, membro do IBCCRIM e do IBDP, advogado.
767
768 | Vieira, Renato Stanziola.
2
Um exemplo acabado desse método se pode observar em: DAMAŠKA, Mir-
jan. The faces of justice and State authority: a comparative approach to the legal
process. New Haven & London: Yale University Press, 1986. Assim também:
LANGER, Maximo. In the beginning was Fortescue: on the Intelectual Ori-
gins of the Adversarial and Inquisitorial Systems and Common and Civil Law
in Comparative Criminal Procedure. In: ACKERMAN, Bruce; AMBOS, Kai;
SIKIRIĆ, Hrvoje (eds.). Visions of Justice. Liber Amicorum Mirjam Damaška.
Cunker & Humblot: Berlim, 2016. p. 276-80.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 767-806, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.133 | 769
3
Elisabetta Grande: “às vezes transplantes ocorrem no nível legislativo,
às vezes no nível das cortes, e em outros momentos eles majoritária ou
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 767-806, mai.-ago. 2018.
770 | Vieira, Renato Stanziola.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 767-806, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.133 | 771
5
Sobre isso: WATSON, Alan. Legal transplants. An approach to comparative law.
2. ed. Athens and London: The University of Georgia Press, 1993.
6
GRAZIADEI. Michele. Comparative Law as the Study of Transplants and
Receptions. In: REINMANN, Mathias; ZIMMERMANN, Reinhard (eds.).
The Oxford Handbook of Comparative Law. Oxford: Oxford University Press,
2006. p. 443. John W. Cairns traça desenvolvimento histórico da expressão
“transplante jurídico”, nomeando mais de um autor que precedeu a Watson
em sua utilização. Depois da consagração aborda vertente crítica, principal-
mente, a de Pierre Legrand, sobre seu uso. Esse autor toma a obra de Watson
como “seminal” em direito comparado (CAIRNS, John W. Watson, Walton,
and the History of Legal Transplants. Georgia Journal of International and
Comparative Law, v. 41, n. 3, p. 637-696, 2014. p. 358-64)
7
GRANDE, Elisabetta. Legal Transplants and the inoculation effect. How
American criminal procedure has affected continental Europe. The American
Journal of Comparative Law, v. 64, p. 583-618, 2016. p. 585.
8
LEGRAND, Pierre. The Impossibility of legal transplants. Maastricht Journal
of European and Comparative Law, v. 4, n. 2, p. 111-124, jun. 1997. p. 111-124.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 767-806, mai.-ago. 2018.
772 | Vieira, Renato Stanziola.
9
WATSON, Alan. Legal transplants. An Approach to Comparative Law. 2. ed.
London: University of Georgia Press, 1993. p. 21.
10
KAHN-FREUND, Otto. On uses and misuses of comparative law. The Modern
Law Review, v. 37, n. 1, p. 1-27, jan. 1974. p.1-2
11
Ibidem, p. 5.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 767-806, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.133 | 773
12
Ibidem, p. 6.
13
Não parece ter sido o principal foco do texto do professor da London School
of Economics, mas não passa despercebida a lembrança que ele faz de Mon-
tesquieu e de que sempre esteve no âmago do estudo do direito comparado
a relação entre os atualmente chamados “países desenvolvidos” e “países em
desenvolvimento” (KAHN-FREUND, Otto. On uses and misuses of compara-
tive law. The Modern Law Review, v. 37, n. 1, p. 1-27, jan. 1974. p. 8).
14
TEUBNER, Gunther. Legal Irritants: good Faith in British Law or How Uni-
fying Law Ends up in New Divergences. The Modern Law Review, vol. 61, n. 1,
p. 11-32, jan. 1998. p. 12.
15
Ibidem, p. 12.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 767-806, mai.-ago. 2018.
774 | Vieira, Renato Stanziola.
16
LANGER, Maximo. Revolution in Latin American Criminal Procedure: Diffu-
sion of Legal Ideas from the Periphery. The American Journal of Comparative
Law, v. 55, n. 4, p. 617-676, 2007. p. 621.
17
Um autêntico “cut and paste” (LANGER, Maximo. From Legal Transplants to
Legal Translations: The Globalization of Plea Bargaining and the Americani-
zation Thesis in Criminal Procedure. Harvard International Law Journal, v. 45,
n. 1, p. 1-64, 2004. p. 5).
18
LANGER, Maximo. From Legal Transplants to Legal Translations: The Glo-
balization of Plea Bargaining and the Americanization Thesis in Criminal
Procedure. Harvard International Law Journal, v. 45, n. 1, p. 1-64, 2004. p.
32. Langer também critica a expressão de Teubner, vista acima, basicamen-
te porque o “irritante” não vem necessariamente de fora, ou seja: do ponto
de vista do direito comparado, a metáfora nem serve. Lena Fojanty tam-
bém trata das várias metáforas do que aqui se estuda em direito comparado
(transplante, irritante, tradução, circulação, transferência, migração, circu-
lação, amálgama, hibridização, creolização, viagem, adaptação) e desenvol-
ve seu texto pela preferência da metáfora da tradução (FOLJANTY, Lena.
Legal Transfers as Processes of Cultural Translation: On the Consequences
of a Metaphor., p. 1-18).
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 767-806, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.133 | 775
19
LANGER, Maximo. From Legal Transplants to Legal Translations: The Globa-
lization of Plea Bargaining and the Americanization Thesis in Criminal Pro-
cedure. Harvard International Law Journal, v. 45, n. 1, p. 1-64, 2004. p. 33.
20
Ibidem, p. 62.
21
LANGER, Maximo. Revolution in Latin American Criminal Procedure: Diffu-
sion of Legal Ideas from the Periphery. The American Journal of Comparative
Law, v. 55, n. 4, p. 617-676, 2007. p. 624-625.
22
Só para citar dois processualistas penais vivos, Julio Maier e Alberto Binder
(LANGER, Maximo. Revolution in Latin American Criminal Procedure: Dif-
fusion of Legal Ideas from the Periphery. The American Journal of Comparati-
ve Law, v. 55, n. 4, p. 617-676, 2007. p. 645).
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 767-806, mai.-ago. 2018.
776 | Vieira, Renato Stanziola.
23
NELKEN, David. The Meaning of Success in Transnational Legal Transfers.
19 Windsor Yearbook of Access to Justice, p. 349-66, 2001. p. 349.
24
NELKEN, David. Comparatists and transferability. In: LEGRAND, Pierre;
MUNDAY, Rodrick (Eds.) Comparative Legal Studies: Traditions and Transi-
tions. Cambridge: Cambridge University Press, 2003. p. 463-464.
25
NELKEN, David. The Meaning of Success in Transnational Legal Transfers.
19 Windsor Yearbook of Access to Justice, p. 349-66, 2001. p. 351.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 767-806, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.133 | 777
26
NELKEN, David. Comparatists and transferability. In: LEGRAND, Pierre;
MUNDAY, Rodrick (Eds.) Comparative Legal Studies: Traditions and Transi-
tions. Cambridge: Cambridge University Press, 2003. p. 452.
27
GRANDE, Elisabetta. Legal Transplants and the inoculation effect. How
American criminal procedure has affected continental Europe. The American
Journal of Comparative Law, v. 64, p. 583-618, 2016. p. 586.
28
NELKEN, David. Comparatists and transferability. In: LEGRAND, Pierre;
MUNDAY, Rodrick (Eds.). Comparative Legal Studies: Traditions and Tran-
sitions. Cambridge: Cambridge University Press, 2003. p. 454. Há inúmeras
perguntas que tornam essa valoração do sucesso e da falha no transplante
(ou na transferência) particularmente complexa. Assim: “o que nós enten-
demos por ‘sucesso’? quais são as condições que fazem as transferências ju-
rídicas menos ou mais exitosas? Outros problemas conceituais têm relação
com quem tem (e quem deve ter) o poder de definir sucesso. Colocado de
maneira diferente, de quem são os interesses que contam? Aqueles dos países
que ‘exportam’ lei ou dos países que a ‘recebem’? (Ibidem, p. 453-4).
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 767-806, mai.-ago. 2018.
778 | Vieira, Renato Stanziola.
29
Elisabetta Grande lembra ainda de outras metáforas utilizadas, como “flu-
xo”, “circulação”, “importação/exportação jurídica”, “migração”. (GRANDE,
Elisabetta. Legal Transplants and the inoculation effect. How American cri-
minal procedure has affected continental Europe. The American Journal of
Comparative Law, v. 64, p. 583-618, 2016. p. 585)
30
GRAZIADEI. Michele. Comparative Law as the Study of Transplants and
Receptions. In: REINMANN, Mathias; ZIMMERMANN, Reinhard (eds.).
The Oxford Handbook of Comparative Law. Oxford: Oxford University Press,
2006. p. 456.
31
Ibidem, p. 456.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 767-806, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.133 | 779
32
Ibidem, p. 458. Ver também: MATTEI, Ugo. A theory of imperial law: a study
on U.S. hegemony and the latin resistance. Indiana Journal of Global Legal
Studies, vol. 10, n. 1, p. 382-448, 2003. p. 385. Com ampla bibliografia especí-
fica: GRANDE, Elisabetta. Legal Transplants and the inoculation effect. How
American criminal procedure has affected continental Europe. The American
Journal of Comparative Law, v. 64, p. 583-618, 2016. p. 586, rodapé 13.
33
MALDONADO, Daniel Bonilla. Constitucionalism of the Global South. The Ac-
tivist Tribunals of India, South Africa, and Colombia. Cambridge: Cambridge
University Press, 2013. p. 12. Wolfgang Weigand desenvolve arguta análise
sobre a difusão de modelos de ensino jurídico e de alterações jurídicas vindas
dos Estados Unidos, não para América Latina, mas propriamente para paí-
ses europeus (WEIGAND, Wolfgang. Americanization of Law: Reception or
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 767-806, mai.-ago. 2018.
780 | Vieira, Renato Stanziola.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 767-806, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.133 | 781
36
ESQUIROL, Jorge L. The Failed Law of Latin America. The American Journal
of Comparative Law, v. 56. n. 1, p. 75-124, 2008. p. 75-124. Também: Las
ficciones del derecho latinoamericano. Bogotá: Siglo del hombre editores. Uni-
versidad de los Andes, 2014.
37
ESQUIROL, Jorge L. The Failed Law of Latin America. The American Journal
of Comparative Law, v. 56. n. 1, p. 75-124, 2008. p. 76.
38
Tradução livre para “failed law”.
39
ESQUIROL, Jorge L. The Failed Law of Latin America. The American Journal
of Comparative Law, v. 56. n. 1, p. 75-124, 2008. p. 78.
40
Esse diagnóstico não é tão central ao que se propõe a fazer neste trabalho, mas
a “terra arrasada” como entendemos se associa à ideia de “república-de-bana-
nas” como algo que, na origem (failed law) clama por reformas. Acontece que
essas próprias reformas, ao mudarem completamente os sistemas jurídicos a
partir da premissa de que nada presta, acaba por deixar as repúblicas ainda
mais fragilizadas, sem qualquer autoestima suficiente para que elas mesmas
atinjam as soluções e evoluam no sentido de ‘alcançarem’ o Estado de Direito
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 767-806, mai.-ago. 2018.
782 | Vieira, Renato Stanziola.
que vem com as ideias de fora. Por isso, para Esquirol, e em resumidíssima
síntese: os Estados latinoamericanos ficam ainda mais fracos juridicamen-
te, mais dependentes das reformas, a partir delas mesmas. Para uma postura
menos radical, mas crítica quanto ao discurso de se implementar o Estado
de Direito em países latino-americanos por meio de transplantes jurídicos
vindos de regras do processo penal norte-americano (sobretudo em matéria
de negociação de pena), ver: ANITUA, Gabriel Ignacio. La Importación de
Mecanismos Consensuales del Proceso Estadounidense, en las Reformas Pro-
cesales latinoamericanas. Revista Brasileira de Direito Processual Penal, Porto
Alegre, vol. 1, n. 1, p. 43-65.
41
ESQUIROL, Jorge L. The Failed Law of Latin America. The American Journal
of Comparative Law, v. 56. n. 1, p. 75-124, 2008. p. 84 e ss.
42
“As regras do jogo na América Latina incluíram o próprio jogo na questão.”
(ESQUIROL, Jorge L. The Failed Law of Latin America. The American Journal
of Comparative Law, v. 56. n. 1, p. 75-124, 2008. p. 79)
43
ESQUIROL, Jorge L. The Failed Law of Latin America. The American Journal
of Comparative Law, v. 56. n. 1, p. 75-124, 2008. p. 96.
44
GRAZIADEI. Michele. Comparative Law as the Study of Transplants and
Receptions. In: REINMANN, Mathias; ZIMMERMANN, Reinhard (eds.).
The Oxford Handbook of Comparative Law. Oxford: Oxford University Press,
2006. p. 459.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 767-806, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.133 | 783
45
Esse “risco” se imaginava debelado com a exportação de prosperidade eco-
nômica, ou seja: redução da pobreza. The failed law..., cit., p. 90. Em texto
recentemente traduzido, Eric Hobsbawn diagnosticou que “os imperialistas
menos ideológicos estavam, em teoria (de acordo com a “doutrina Mann” da
era Lyndon B. Johnson), contentes com qualquer pessoa que promovesse o
crescimento econômico, protegesse os investimentos privados e se opusesse
ao comunismo, independentemente da atitude em relação às reformas so-
ciais. (...) O novo pragmatismo confortava-se cm a crença de que a estabili-
dade econômica e o crescimento resolveriam automaticamente os problemas
sociais, enquanto um militar pago, treinado e inspirado pelos Estados Unidos
deveria ser, em algum sentido metafísico, “constitucionalista”, se não real-
mente democrático.” (HOBSBAWN, Eric. Viva la Revolución. A era das uto-
pias na américa latina. Trad. Pedro Maia Soares. São Paulo: Companhia das
Letras, 2017. p. 348)
46
ESQUIROL, Jorge L. The Failed Law of Latin America. The American Journal
of Comparative Law, v. 56. n. 1, p. 75-124, 2008. p. 89.
47
GRAZIADEI. Michele. Comparative Law as the Study of Transplants and
Receptions. In: REINMANN, Mathias; ZIMMERMANN, Reinhard (eds.).
The Oxford Handbook of Comparative Law. Oxford: Oxford University Press,
2006. p. 459.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 767-806, mai.-ago. 2018.
784 | Vieira, Renato Stanziola.
48
United States Agency for International Development. Maximo Langer con-
textualiza a criação dessa agência: o ano é 1961, o presidente é John F. Kenne-
dy, o contexto é a guerra fria e o objetivo é espalhar desenvolvimento econô-
mico para diminuir o risco de grupos comunistas ou de esquerda assumirem
o poder em países em desenvolvimento. Esse foi o pontapé inicial do USAID
e a política reformista norteamericana endereçada aos países latinoamerica-
nos. Houve hiato entre as décadas de 70 e 80 do século passado e, de 1985 em
diante, o USAID voltou a promover cursos voltados à reforma processual lati-
noamericana e se mostrar influente em diversos países. (LANGER, Maximo.
Revolution in Latin American Criminal Procedure: Diffusion of Legal Ideas
from the Periphery. The American Journal of Comparative Law, v. 55, n. 4, p.
617-676, 2007. p. 646-650).
49
Ver: MALDONADO, Daniel Bonilla. Introducción. Teoria del Derecho y
Transplantes Juídicos: la estrutura del debate. In Teoria del Derecho y trans-
plantes jurídicos. Daniel Bonilla Maldonado. Editor académico. Siglo del Hom-
bre Editores. Universidade de los Andes. Pontifícia Universidad Javeriana.
2009, p.12-3.
50
MATTEI, Ugo. A theory of imperial law: a study on U.S. hegemony and the
Latin resistance. Indiana Journal of Global Legal Studies, vol. 10, n. 1, p. 382-
448, 2003. p. 413.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 767-806, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.133 | 785
51
No texto aqui já referido a professora italiana nada contra a corrente dos estu-
diosos que veem na propalada difusão das ideias de processo penal norteameri-
cano (via transplantes jurídicos) a americanização do processo penal. Para ela,
a própria ideia de transplantes, no caso, gera a ideia de inoculação, e a metáfora
da biologia (mais uma...) é esta: “Inoculação é a injeção de uma porção pequena
de um organismo em um corpo, estimulando a produção de anticorpos que
– pela imunização do corpo contra o organismo injetado – previne da maior
difusão daquele mesmo organismo no futuro. Pelo mesmo símbolo, eu irei ar-
gumentar, a injeção de dose pequena de características jurídicas adversariais
nos sistemas processuais da Europa Continental fortaleceu a estrutura não-ad-
versarial, e por isso parece ter produzido “anticorpos” capazes de fazê-los re-
sistentes contra qualquer difusão futura de um processo adversarial nos seus
corpos jurídicos.” (GRANDE, Elisabetta. Legal Transplants and the inoculation
effect. How American criminal procedure has affected continental Europe. The
American Journal of Comparative Law, v. 64, p. 583-618, 2016. p. 584)
52
NELKEN, David. Comparatists and transferability. In: LEGRAND, Pierre;
MUNDAY, Rodrick (Eds.). Comparative Legal Studies: Traditions and Transi-
tions. Cambridge: Cambridge University Press, 2003. p. 458. Também assim:
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 767-806, mai.-ago. 2018.
786 | Vieira, Renato Stanziola.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 767-806, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.133 | 787
53
NELKEN, David. Comparatists and transferability. In: LEGRAND, Pierre;
MUNDAY, Rodrick (Eds.). Comparative Legal Studies: Traditions and Transi-
tions. Cambridge: Cambridge University Press, 2003. p. 451.
54
Ibidem, p. 457.
55
GRAZIADEI. Michele. Comparative Law as the Study of Transplants and
Receptions. In: REINMANN, Mathias; ZIMMERMANN, Reinhard (eds.).
The Oxford Handbook of Comparative Law. Oxford: Oxford University Press,
2006. p. 472-3.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 767-806, mai.-ago. 2018.
788 | Vieira, Renato Stanziola.
56
Ibidem, p. 462.
57
DAMAŠKA, Mirjan. The uncertain fate of evidentiary transplants: Anglo-A-
merican and Continental Experiments. The American Journal of Comparative
Law, v. 45, n. 4, p. 839-852, 1997. p. 840.
58
NELKEN, David. The Meaning of Success in Transnational Legal Transfers.
19 Windsor Yearbook of Access to Justice, p. 349-66, 2001. p. 361.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 767-806, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.133 | 789
59
DAMAŠKA, Mirjan. The uncertain fate of evidentiary transplants: Anglo-A-
merican and Continental Experiments. The American Journal of Comparative
Law, v. 45, n. 4, p. 839-852, 1997. p. 852.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 767-806, mai.-ago. 2018.
790 | Vieira, Renato Stanziola.
60
WATSON, Alan. Legal transplants. An Approach to Comparative Law. 2. ed.
London: University of Georgia Press, 1993. p. 95. Destaca-se, entre os au-
tores que se debruçaram sobre a construção teórica de Francisco Campos,
as influências que ele recebeu fora do processo penal projetado na época e
as que ele exerceu dentro do diploma legislativo de então, o seguinte artigo:
MALAN, Diogo Rudge. Ideologia Política de Francisco Campos: influência
na legislação processual penal brasileira (1937-1941). In: PRADO, Geraldo;
MALAN, Diogo (Orgs.). Autoritarismo e processo penal brasileiro. Rio de Ja-
neiro: Lumen Juris, 2015. Na p. 46 o autor afirma: “malgrado Francisco Cam-
pos nunca tenha se declarado fascista, ou assumido abertamente a influência
do regime de Benito Mussolini na ordenação jurídica do Estado Novo, é sin-
tomática a referência feita pela Exposição de Motivos do Estatuto de 1941
ao Ministro da Justiça italiano Alfredo Rocco, grande artífice do Codice di
Procedura Penale de 1930.”
61
Exposição de Motivos do Código de Processo Penal Brasileiro, item II, segun-
do parágrafo.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 767-806, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.133 | 791
62
A Constituição de 1891 previa que à União competia legislar sobre “direito
civil, commercial e criminal da Republica e processual da justiça federal” (art.
34, § 23). Por essa distinção final, a competência para legislar sobre processo
penal que não fosse da justiça Federal seria dos Estados. A propósito dessa in-
terpretação, João Barbalho Cavalcanti, Constituição Federal Brasileira (1891):
comentada. Brasília: Senado Federal. 2002. Edição fac-similar, p. 128. Com a
Constituição de 1934 se passou a prever a competência legislativa exclusiva
da União para legislar em matéria de direito processual (art. 5º, XIX, “a”) e, no
art. 11, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias se cuidou da co-
missão de especialistas para elaborar um projeto de Código de Processo Penal.
63
Redação original: “A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, mas o juiz
poderá, no curso da instrução ou antes de proferir sentença, determinar, de
ofício, diligências, para dirimir dúvida sobre ponto relevante”.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 767-806, mai.-ago. 2018.
792 | Vieira, Renato Stanziola.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 767-806, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.133 | 793
64
Medida 7, nomeada de ‘ajustes nas nulidades penais contra a impunidade e a
corrupção’. Disponível em: <http://www.dezmedidas.mpf.mp.br/apresenta-
cao/conheca-as-medidas/docs/medida_7_versao-2015-06-25.pdf>. Acesso
em: 22 nov. 2017.
65
PL 99/2016, de autoria do Senador Randolfe Rodrigues.
66
PL 8045/2010. O autor deste artigo coordenou estudo no âmbito do Insti-
tuto Brasileiro de Ciências Criminais que, pontualmente, apreciou os dis-
positivos do aludido projeto de lei. Disponível em: <https://www.ibccrim.
org.br/docs/2017/20170601_ReformaCPPIBCCRIM.pdf>. Acesso em: 22
nov. 2017.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 767-806, mai.-ago. 2018.
794 | Vieira, Renato Stanziola.
67
A escalada legislativa é sintomática do ponto de vista das condutas que po-
dem ser objeto de negociação: inicialmente aquelas de ‘menor potencial ofen-
sivo’, nos termos do art. 61 e ss, da Lei 9099/95; e já agora, com a colaboração
processual que é modelo distinto de acordo entre acusação e defesa, chega-se
às raias dos chamados crimes praticados por ‘organizações criminosas’, que
tem sensível patamar de pena abstrata (reclusão de 3 a 8 anos).
68
No acordo de colaboração entre gregos e troianos o cavalo é o prêmio, p. 3.
Em texto distinto, e apegado ao procedimento abreviado argentino e a difu-
são dos “acordos de pena” no processo penal, Maximo Langer explora a ideia
de “cavalo de Tróia” como metáfora que significa a mudança de paradigma
de sistema processual penal baseado em investigação oficial de um lado, e na
disputa entre os envolvidos, de outro lado (LANGER, Maximo. La dicotomia
acusatorio-inquisitivo y la importación de mecanismos procesales de la tra-
dición jurídica anglosajona. Algunas reflexiones a partir del procedimento
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 767-806, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.133 | 795
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796 | Vieira, Renato Stanziola.
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https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.133 | 797
71
VIEIRA, Renato Stanziola. Traços adversariais no Projeto de Código de Proces-
so Penal. Uma proposta par o estudo da paridade de armas. In: MALAN, Dio-
go; MIRZA, Flávio (Coords.). 70 Anos do Código de Processo Penal Brasileiro.
Balanço e perspectivas de Reforma. Rio de Janeiro: Lumen Juris. 2011. p. 361-
402. O tema específico do processo adversarial e inclusive os enfoques que
podem justificar ser o sistema adversarial do sistema acusatório é muito mais
complexo do que aqui se poderia resumir. Para aprofundamento, sugere-se a
consulta às seguintes obras: TARUFFO, Michelle. El proceso civil adversarial
en la experiencia americana: el modelo americano del proceso de conotación dis-
positiva. Trad. Beatriz Quintero. Bogotá: Temis, 2008. LANDSMAN, Stephan.
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798 | Vieira, Renato Stanziola.
72
VIEIRA, Renato Stanziola. Investigação defensiva: diagnóstico e possibili-
dades no processo penal brasileiro. In: AMBOS, Kai; MALARINO, Ezequiel;
VASCONCELOS, Eneas Romero de (Coords.). Polícia e investigação no Brasil.
Brasília: Gazeta Jurídica, 2016. p. 337-72; MALAN, Diogo Rudge. Investiga-
ção defensiva no processo penal. Revista Brasileira de Ciências Criminais, a.
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https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.133 | 799
Conclusões
73
STUNTZ, William J. The collapse of American criminal justice. Cambridge,
London: The Belknap Press of Harvard University Press, 2011.
74
Dentre as vozes que excepcionam esse silêncio está a de PRADO, Geraldo.
Elementos para uma análise crítica da transação penal. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2003. Também como marco crítico, o trabalho de VASCONCELLOS,
Vinícius Gomes de. Barganha e Justiça Criminal Negocial. Análise das tendên-
cias de expansão dos espaços de consenso no processo penal brasileiro. São
Paulo: IBCCRIM, 2015.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 767-806, mai.-ago. 2018.
800 | Vieira, Renato Stanziola.
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não é de miscelânea que se cuida, e sim de pólos que podem ser, nos
exemplos discutidos na parte final deste texto, mutuamente repelentes.
Por tudo isso, repete-se o que se disse na introdução: não se quer
avançar com a propositura de soluções ou de forma arrogante propor “o
melhor” transplante ou coisa parecida.
O caminho que se trilha em termos de utilização de direito pro-
cessual penal comparado no Brasil é errático, de ininteligível motivação,
e deve ser repensado. Não se discute se, por determinada opção políti-
co-criminal, um sistema processual e suas características deva ser visto
como melhor ou pior do que outro.
No Brasil a importação acrítica de pedaços de sistemas jurídicos
– seja pelo não compromisso sistemático, seja pela falta de justificativa
inclusive da escolha do modelo a se seguir sem se questionar sequer
sua funcionalidade na origem - destrói a racionalidade do nosso próprio
sistema processual penal.
Desconfigura-se o que existe – o que por si só impede de formular
crítica responsável para a própria reformulação – e não há fidelidade ao
modelo inicial que é aqui transplantado. Não se constrói sistema algum.
B ibliografia
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806 | Vieira, Renato Stanziola.
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Teoria da Prova Penal
1
Pós-Doutor em Direito e Democracia pelo IGC da Universidade de Coimbra,
Doutor em Direito pela Universidade Pablo de Olavide (Sevilha, Espanha), Mes-
tre em Direito pela Universidade de Brasília. Professor do Programa de Mestrado
e Doutorado do Centro Universitário de Brasília – UniCEUB. Professor da Fun-
dação Escola Superior do MPDFT. Promotor de Justiça no Distrito Federal.
2
Doutorando em Direito pelo Centro Universitário de Brasília – UniCEUB, Mestre
em Direito pela Universidade Metropolitana de Santos. Procurador da República
no Distrito Federal.
809
810 | Suxberger; Furtado.
Abstract: This paper examines the legal framing of DNA database and DNA
investigations in Brazil. According to Law n. 12.654/2012, DNA may be
extracted from both convicted criminals and people under investigation
to create a profile to be placed in a national database in the hopes that it
will enhance criminal investigations. From literature review and legislation
analysis, this study provides basic information on DNA profiling and database,
identifies conflicts between certain fundamental rights (specially privacy
and public safety) and shows how DNA database for forensic purposes
are framed in Brazil and abroad. The most important part of the paper (a)
reaches the conclusion that Brazilian law respects the constitutional right
to non self-incrimination and (b) proposes and interpretation of the law
regarding the time limit for data retention. This essay aims to contribute
to the necessary debate previous to Brazilian Supreme Court’s decision
on the constitutionality of Law n. 12.654/2012 and its limits. The paper
reaches the conclusion that Brazilian law is potentially an efficient tool to
improve the effectiveness of criminal investigation and evidence in Brazil.
Keywords: DNA database; Criminal investigation; Fundamental rights;
Non self-incrimination.
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Introdução
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812 | Suxberger; Furtado.
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816 | Suxberger; Furtado.
[...]
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820 | Suxberger; Furtado.
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822 | Suxberger; Furtado.
natureza codificante. O artigo 3º, por sua vez, informa que as amostras
biológicas de suspeitos, detidos ou réus somente serão colhidas quando
se tratar de delitos graves, que afetem a vida, a liberdade, a incolumidade
ou a liberdade sexual, a integridade das pessoas, assim como nos casos
de criminalidade organizada. Finalmente, de acordo com a disposição
adicional terceira, a coleta de mostras que requeiram inspeções, reco-
nhecimentos ou intervenções corporais, sem intervenção do afetado,
demandará autorização judicial motivada.
4. O modelo brasileiro
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3
Embora geralmente se diga que esses dados genéticos de condenados, cons-
tantes do banco de dados, serão confrontados com dados relacionados a amos-
tras colhidas no interesse de investigações de crimes futuros, pode também
acontecer de haver coincidência entre o perfil genético do condenado e o re-
lativo a um caso passado, arquivado por falta de pistas da autoria (cold case).
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824 | Suxberger; Furtado.
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826 | Suxberger; Furtado.
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Acerca do tema, anota Roxin que o acusado não tem por que
auxiliar as autoridades na persecução penal de forma ativa, po-
rém tolerar “intervenções físicas, as quais podem perfeitamente
subministrar uma contribuição decisiva na prova de sua culpabi-
lidade”. (2012, p. 87).
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828 | Suxberger; Furtado.
4
A coleta de sangue pode ser considerada como método indolor, apesar de
depender de uma breve picada no dedo do fornecedor do material genético,
pois se necessita de quantidade irrisória de sangue para obtenção do DNA,
que pode ser extraída por meio de dispositivo semelhante ao usado para con-
trole da glicemia (tipo caneta).
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830 | Suxberger; Furtado.
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5
Taxi touting é uma infração penal consistente em assediar pessoas na rua,
em hubs de transporte (como aeroportos, estações de trem e paradas de ôni-
bus) ou em locais de entretenimento, para que elas contratem um serviço de
transporte automotor.
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832 | Suxberger; Furtado.
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834 | Suxberger; Furtado.
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Conclusões
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836 | Suxberger; Furtado.
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sua interrupção sem coisa julgada material (e.g., arquivamento por falta
de provas), a exclusão deve ocorrer imediatamente após transcorrido o
prazo prescricional do crime investigado.
Se a retenção da informação genética tiver como supedâneo a
LEP (art. 9º-A), o perfil genético do sentenciado deverá permanecer no
banco de dados pelo prazo prescricional do crime pelo qual condenado
(aplicação analógica do art. 7º-A da Lei de Identificação Criminal). Como
forma de atender ao interesse público de proteção da coletividade contra
a reincidência, em vez de se utilizar a pena em concreto como parâmetro
para a fixação desse prazo, como é da tradição brasileira após o trânsito
em julgado da sentença para a acusação, mais adequado se mostra usar o
prazo prescricional pela pena em abstrato, como literalmente se dessume
do referido art. 7º-A da Lei 12.037/2009.
A Lei 12.654/2012 instituiu de maneira bastante concisa e
lacunosa o sistema de identificação criminal mediante a retenção de
perfis genéticos no Brasil, deixando para a jurisprudência a tarefa de
completar os espaços vazios; da definição do STF sobre a constitu-
cionalidade dos seus dispositivos e sobre os limites de utilização do
banco de dados genéticos dependerão os resultados úteis desse meio
de investigação no país.
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Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 809-842, mai.-ago. 2018.
842 | Suxberger; Furtado.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 809-842, mai.-ago. 2018.
Processo Penal
Internacional e
Cooperação Jurídica
International Criminal
Procedure and
International Cooperation
A (possibilidade de) não execução do
mandado de detenção europeu fundamentada
no tratamento ou pena cruel ou degradante
1
Possui graduação em Direito pela Universidade de Passo Fundo (2014), especia-
lização em Direito Público pela Fundação Escola Superior do Ministério Público
(2016) e é mestrando em Ciências Jurídico-Criminais na Faculdade de Direito da
Universidade de Coimbra (2018).
2
Possui graduação em Direito pela Universidade de Passo Fundo (2014), especia-
lização em Direito Público pela Fundação Escola Superior do Ministério Público
(2016) e é mestranda em Direito Constitucional na Faculdade de Direito da Uni-
versidade de Coimbra (2018).
845
846 | Zambiasi; Klee.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.139 | 847
Introdução
3
DIAS, Jorge de Figueiredo; CAEIRO, Pedro. Comentário. In: Jurisprudên-
cia Cunha Rodrigues - Comentários, Associação Acadêmica da Faculdade de
Direito de Lisboa, Lisboa, 2013, p. 29. Disponível em <https://www.fd.uc.
pt/~pcaeiro/2013%20Dias%20-%20Caeiro,%20Coment%C3%A1rio%20Ad-
vocaten%20voor%20de%20Wereld.pdf>. Acesso em 03 mai. 2018. Motivos
pelos quais os autores destacam que o MDE se tornou “num poderoso instru-
mento de cooperação judiciária”.
4
Para maiores aprofundamentos sobre a questão, veja-se: WEYEMBERGH,
Anne. European Added Value Assessment: The EU Arrest Warrant: Critical
assessment of the existing European arrest warrant framework decision: An-
nex I. Brussels: European Parlament, 2014. Disponível em: <http://www.eu-
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Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
848 | Zambiasi; Klee.
5
Traduzido neste trabalho entre o paradoxo da “interpretação literal da Deci-
são-Quadro e primazia da entrega” e a “salvaguarda aos direitos fundamentais
dos sujeitos”.
6
RODRIGUES, Anabela; MOTA, José Luís Lopes da. Para uma Política Criminal
Europeia. Coimbra: Coimbra Editora, 2002, p. 36.
7
Idem, p. 90-91 e 93.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.139 | 849
8
KERCHOVE, Gilles apud RODRIGUES, Anabela... Para uma Política..., p. 93.
9
CAEIRO, Pedro. Fundamento, conteúdo e limites da jurisdição penal do esta-
do: O caso português, Tese (Doutorado em 2008) – Universidade de Coim-
bra, Coimbra, 2010, p. 559.
10
UNIÃO EUROPEIA. Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia
(TFUE). Artigo 67.º, n.º 3 e artigo 86.º, n. 1º. Disponível em: <http://eur-
-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/HTML/?uri=CELEX:12012E/TXT&-
from=pt>. Acesso em 22 dez. 2016. .
11
RODRIGUES, Anabela. O direito penal europeu emergente. Coimbra: Coimbra
Editora, 2008, p. 120-121 e 125-126. Ao passo que emerge um direito pe-
nal europeu (no âmbito da União Europeia) a partir da harmonização dos
ordenamentos jurídico-penais internos, aponta-se que tal política criminal
segue uma diretriz eminentemente securitária, não somente pela crescente
demanda de segurança, como também na exasperação da intervenção penal
no adiantamento das barreiras punitivas e previsão de definições demasiada-
mente amplas, bem como na majoração da moldura penal aplicada a deter-
minados delitos, assumindo a pena privativa de liberdade como regra geral e
desconsiderando soluções alternativas à segregação prisional.
Como exemplo prático, pode-se citar a evolução do quadro legislativo de com-
bate ao terrorismo na União Europeia, especialmente com o advento das De-
cisões-Quadro 2002/475/JAI e 2008/919/JAI e da nova Diretiva 2017/541,
onde tais tendências securitárias se apresentam de forma bastante acentuadas.
12
VALENTE, Manuel. Do Mandado de Detenção Europeu. Almedina, Coimbra,
2006, p. 32.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
850 | Zambiasi; Klee.
13
CAEIRO, Pedro. Fundamento, conteúdo e limites..., p. 424.
14
JUNIOR, Mário Elias Soltoski. O controlo da dupla incriminação e o mandado
de detenção europeu. Revista Portuguesa de Ciência Criminal, Coimbra, v. 16,
n. 3, p. 476, jul./set. 2006.
15
VALENTE, Manuel. Do Mandado de Detenção Europeu..., p. 14 e 23-24.
16
RODRIGUES, Anabela; MOTA, José Luís Lopes da. Para uma Política...p. 15.
17
RODRIGUES, Anabela. O direito penal europeu emergente..., p. 38.
18
VALENTE, Manuel. Do Mandado de Detenção Europeu..., p. 27.
19
RODRIGUES, Anabela. O direito penal europeu emergente..., p. 188.
20
A Decisões-Quadro, criada no Tratado de Amsterdam e substituída pela
Diretiva com o advento do Tratado de Lisboa (tratam-se de instrumentos
bastante semelhantes, apresentando diferenças no quórum necessário para
aprovação), representa o exercício das competências da UE através de um ato
legislativo e vinculativo que visa harmonizar o direito comunitário do ELSJ,
por meio da transposição do seu conteúdo ao ordenamento jurídico interno
dos Estados-Membros.
Conforme prevê o artigo 288 do TFUE (que trata das Diretivas), o Estado-
-Membro fica vinculado somente ao resultado a ser alcançado, enquanto os
meios e formas são de livre escolha pelas instâncias nacionais.
21
CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA. 2002/584/JAI: Decisão-quadro do
Conselho, de 13 de Junho de 2002, relativa ao mandado de detenção europeu
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.139 | 851
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
852 | Zambiasi; Klee.
29
MATOS, Ricardo Jorge Bragança de. O princípio do reconhecimento mútuo
e o mandado de detenção europeu. Revista Portuguesa de Ciência Criminal,
Coimbra, v. 14, n. 3, p. 330, jul./set. 2004. Concebeu-se a aplicação do re-
conhecimento mútuo na seara criminal no Conselho Europeu de Cardiff
(1998). Até então, sua utilização se dava somente no Primeiro Pilar, como
forma de afirmação e promoção de direitos individuais.
30
CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA. 2002/584/JAI......Considerando n.º 6.
31
RODRIGUES, Anabela. O direito penal europeu emergente..., p. 191.
32
SMITH, Emily. Running before We can walk?..., p. 83-84. A autora indica
que a confiança recíproca é a base do reconhecimento mútuo, podendo-se
concluir que reconhecimento mútuo e confiança recíproca não representam
meros sinônimos. O princípio do reconhecimento mútuo pressupõe níveis
mínimos de confiança recíproca entre os Estados-Membros envolvidos na
relação (por mínimo, entende-se ao menos uma “confiança desconfiada”),
especialmente no que diz respeito aos seus sistemas de administração de jus-
tiça penal e salvaguarda de direitos fundamentais.
Entretanto, a autora ainda reforça que o princípio do reconhecimento mútuo
foi baseado em “suposições equivocadas sobre a proteção de direitos bási-
cos” (tradução nossa), seja porque determinados Estados-Membros ainda
não oferecem proteções suficientes para suspeitos e réus, seja pelo uso ex-
tensivo/abusivo da prisão preventiva em diversas partes da União Europeia,
fatores estes que causam sérios abalos na relação de confiança entre os entes
estatais envolvidos.
33
RODRIGUES, Anabela. O direito penal europeu emergente..., p. 192. Neste sen-
tido, a nova concepção de auxílio judiciário mútuo entre os Estados-Membros
é verificada já na alteração da terminologia adotada pelos instrumentos le-
gais, pois os termos “Estado-requerente” e “Estado-requerido” foram substi-
tuídos por Estado “interceptor” ou “de emissão” e Estado “notificado” ou “de
execução”, respectivamente. Além disso, a expressão “recusa” de execução,
que daria a ideia de juízo discricionário sobre a decisão de agir ou não, dá
lugar aos “motivos de não execução”, rompendo com o antigo conceito de
“exequatur”. Como última nota, destaca-se também que o reconhecimento
mútuo extingue a diferenciação entre cooperação judiciária primária (quan-
do determinado Estado, por si só, executa a decisão emanada por autorida-
de estrangeira) e secundária (quando o Estado emite uma decisão acerca de
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.139 | 853
pedido emanado por autoridade estrangeira), já que tal princípio opera como
como alternativa ao auxílio penal secundário.
34
MATOS, Ricardo Jorge Bragança de. O princípio do reconhecimento mú-
tuo...p. 327-328.
35
RODRIGUES, Anabela apud JUNIOR, Mário Elias Soltoski. O controlo da du-
pla incriminação..., p. 482.
36
LIMA, José Antônio Farah Lopes de. Direito Penal Europeu. JH Mizuno,
Leme/SP, 2007, p. 73-76. Não obstante se registrem a existência de projetos
doutrinários como o Corpus Iuris, encabeçado por Delmas-Marty, que busca-
va “responder à contradição de manter aberta as fronteiras aos infratores e
fechada aos órgãos encarregados da repressão”, unificando os processos pe-
nais na proteção dos interesses financeiros no âmbito da União Europeia.
37
DÌEZ, Carlos Gómez-Jara apud BULNES, Mar Jimeno. La adopción de me-
didas cautelares de carácter personal con motivo de la ejecución de una
orden europea de detención y entrega. Revista Penal, Valencia, n. 16, p.
108, jul. 2005.
38
RODRIGUES, Anabela. O direito penal europeu emergente..., p. 204-205.
39
VIEGAS, Vera Lúcia. Teoria da harmonização jurídica: alguns esclarecimen-
tos. Novos estudos jurídicos, Itajaí, v. 9, n. 3, p. 629, set./dez. 2004. A autora
vislumbra graus mínimos e máximos de harmonização jurídica. Enquanto o
mínimo representa meras disposições jurídicas sendo tornadas comuns entre
diferentes ordenamentos nacionais, o máximo simboliza a plena unificação
legislativa entre os sistemas em questão.
40
PEREIRA, Luís Silva. Alguns aspectos da implementação do regime relativo
ao mandado de detenção europeu: lei n. 65/2003 de 23 de agosto. Revista
do Ministério Público de Lisboa, Lisboa, v. 24, n. 96, out./dez. 2003, p. 43.
Exemplifica ser inconcebível aceitar que um sujeito seja “entregue a qualquer
outro país para enfrentar um tipo de reação criminal em que nunca poderia
ser condenado em Portugal”.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
854 | Zambiasi; Klee.
41
VALENTE, Manuel. Do Mandado de Detenção Europeu..., p. 56, 59, 64 e 287.
42
JUNIOR, Mário Elias Soltoski. O controlo da dupla incriminação..., p. 477.
43
MATOS, Ricardo Jorge Bragança de. O princípio do reconhecimento mútuo...,
p. 328.
44
PEREIRA, Luís Silva. Alguns aspectos..., p. 64. Neste sentido, o autor afirma
que “[r]econhecimento mútuo significa possuir absoluta confiança num sis-
tema legal de um país estrangeiro, que se encontra muito próximo do nosso,
porque construído sobre os mesmos alicerces e interligado por um padrão
mínimo comum”, de modo que o reconhecimento e execução de decisões
emanadas por autoridades judiciárias estrangeiras significa a renúncia de par-
te da soberania penal de determinado Estado, a fim de construir o espaço
único europeu.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.139 | 855
45
VALENTE, Manuel. Do Mandado de Detenção Europeu..., p. 295.
46
Idem, p. 81.
47
BULNES, Mar Jimeno. Orden europea de detención y entrega: garantías esen-
ciales. Revista Aranzadi de derecho y proceso penal, Navarra, n. 19, p. 24. 2008.
Problema prático da adoção do reconhecimento mútuo sem que haja um nível
mínimo de harmonização do direito penal europeu: inexiste no ordenamento
jurídico espanhol o delito chamado de “corrupção” (termo que integra a lista
dos 32 crimes que prescindem o controle da dupla incriminação na execução
do MDE), ao passo que a única disposição neste sentido é a “corrupção de
menores”, prevista no art. 189 do CP. Ademais, o legislador espanhol optou
por criminalizar as condutas de suborno, fraude e arrecadação ilegal de tribu-
tos somente no âmbito da Administração Pública, inexistindo qualquer regu-
lamentação neste sentido para as atividades de caráter privado. Neste mesmo
sentido, a indefinição de conceitos como “arma” ou “sabotagem”, também
constantes no supracitado rol, podem gerar interpretações divergentes entre
os Estados-Membros da União.
48
RODRIGUES, Anabela. O direito penal europeu emergente..., p. 229-230. Neste
mesmo sentido a autora aponta que “[a]s dúvidas levantadas à construção do
espaço penal europeu estão ligadas, por vezes, à ausência de um sistema que
garanta, de forma adequada e suficiente, o controlo do respeito das liberdades
fundamentais”, de modo que para a abolição da dupla incriminação no MDE,
não importa mais “que crime é”, bastando somente que “seja crime”.
49
VALENTE, Manuel. Do Mandado de Detenção Europeu..., p. 295. O próprio
MDE, por exemplo, prescinde o controle da dupla incriminação ao invés de
buscar a aproximação das legislações penais.
50
RODRIGUES, Anabela. O direito penal europeu emergente..., p. 199.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
856 | Zambiasi; Klee.
51
PATRICIO, Helena. The European arrest warrant in the case law of the Court
of Justice. UNIO Eu Law Journal, Braga, v. 0, n. 0, p. 63, jul. 2014. Disponí-
vel em <http://www.unio.cedu.direito.uminho.pt/Uploads/UNIO%200%20
-%20Helena%20Patricio_pt.pdf>. Acesso em 03 mai. 2018. Destacam-se as
revisões efetuadas através das seguintes Decisões-Quadro: 2006/783/JAI,
2008/909/JAI, 2008/947/JAI e 2009/299/JAI.
52
PORTUGAL. Lei n.º 65/2003, de 23 de agosto. Mandado de Detenção Euro-
peu. Disponível em: <http://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.
php?nid=298&tabela=leis>. Acesso em 26 dez. 2016.
53
PORTUGAL. Lei n.º 1/2001, de 12 de dezembro. Quinta revisão constitucio-
nal. Disponível em: <http://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.
php?nid=12&tabela=leis>. Acesso em 26 dez 2016. Para maiores informa-
ções, consultar o artigo 33 da Constituição da República Portuguesa.
54
CAEIRO, Pedro; FIDALGO, Sónia. O mandado...Temas de Extradição e Entre-
ga..., p. 160 e 161.
55
MERCOSUL. Decisão N° 48/10 do Conselho do Mercado Comum (CMC).
Acordo sobre o Mandado Mercosul de Captura e Procedimentos de Entrega
entre Estados-partes do Mercosul e Estados Associados. Foz do Iguaçu, 16
de dezembro de 2010. A título de curiosidade, destaque-se que o Mercosul
apresenta um instrumento semelhante: o Mandado Mercosul de Captura.
Para maiores informações, veja-se: VENANCI, Daiana Seabra. O Mandado de
Detenção Europeu vs. O Mandado de Captura do Mercosul: Uma análise com-
parativa. Revista do Programa de Direito da União Europeia: revista do módulo
europeu do Programa Jean Monnet da FGV Direito Rio, Rio de Janeiro, n. 2,
p. 27-54, p. 27-54.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.139 | 857
56
CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA. 2002/584/JAI.... Artigos 1.º, 2.º e
6.º. Está expresso na DQ que a pena ou medida de segurança devem obri-
gatoriamente ser de natureza privativa de liberdade, além de ser quan-
tificada a duração mínima das segregações, sendo possível concluir que
delitos de menor potencial lesivo e/ou punidos com pena pecuniária, ou
infrações administrativas jamais serão objeto de um MDE. Justifica-se
esta opção do legislador diante de todo o aparato judicial acionado para
a entrega de uma pessoa, sem desconsiderar o grande impacto que isso
causa na sua vida social.
57
MATOS, Ricardo Jorge Bragança de. Mandado de detenção europeu. Revis-
ta do Ministério Público de Lisboa, Lisboa, v. 27, n. 106, abr./jun. 2006, p.
164-165.
58
GRAÇA, António da. O Regime Jurídico do Mandado de Detenção Europeu.
Coimbra Editora, Coimbra, 2014, p. 15. O autor cita a decisão proferida no
Acórdão do STJ, de 27.04.2011, nos autos do processo n.º 26/11.9YRGMR.
S1 – 3ª secção.
59
DESCAMPS, Marie-Hélène apud JUNIOR, Mário Elias Soltoski. O controlo da
dupla..., p. 481.
60
CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA. 2002/584/JAI.... Considerando núme-
ros 7 e 11.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
858 | Zambiasi; Klee.
61
RODRIGUES, Anabela. O direito penal europeu emergente..., p. 194.
62
VALENTE, Manuel. Do Mandado de Detenção Europeu..., p. 123-124.
63
CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA. 2002/584/JAI.... Artigo 12.º.
64
E-JUSTICE. European Arrest Warrant. Disponível em <https://e-justice.eu-
ropa.eu/content_european_arrest_warrant-90-pt.do?clang=en>. Acesso em
02 mai. 2018. No que tange à desburocratização, suas principais diferenças
em relação ao procedimento ordinário de extradição é a disposição de pra-
zos estritos para o seu cumprimento, a desnecessidade do princípio da dupla
incriminação para 32 categorias de crimes, a ausência de influência política
na decisão e a possibilidade de entrega de nacionais. O resultado disso é que
um processo de entrega a partir do MDE dura em média 14 a 16 dias se hou-
ver consentimento de entrega pelo sujeito. Caso não haja o consentimento,
o tempo-médio sobe para cerca de dois meses, o que ainda representam nú-
meros bastante significativos em comparação aos intermináveis processos de
extradição, que podem demorar anos até serem cumpridos.
65
GRAÇA, António da. O Regime Jurídico..., p. 18.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.139 | 859
66
CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA. 2002/584/JAI.... Artigo 2.º n. º 2.
67
CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA. 2002/584/JAI.... Artigos 3.º e 4.º.
68
VALENTE, Manuel. Do Mandado de Detenção Europeu..., p. 92.
69
CAEIRO, Pedro; O procedimento de entrega..., p. 72.
70
VALENTE, Manuel. Do Mandado de Detenção Europeu..., p. 165 e 167.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
860 | Zambiasi; Klee.
Pelo até então exposto, pode-se concluir que diante dos princípios
que ditam o funcionamento do espaço único europeu em matéria penal e
do teor da DQ que institui o MDE, a execução do pedido de entrega é tida
como a regra geral, o que concede caráter de quase automaticidade no
cumprimento deste instrumento de cooperação entre os Estados-Membros.
Todavia, diante do modelo processual penal europeu vigente, é
consequência lógica que não se pode admitir que um mecanismo desta
natureza seja admitido sob quaisquer circunstâncias. Portanto, os motivos de
não execução, mesmo que aplicados de maneira excepcional, representam
importante salvaguarda de direitos e garantias fundamentais no MDE, já que
freiam eventuais avanços de um processo penal punitivista e repressivo.
Deste modo, ao se deparar com pedido de entrega via MDE, além
de verificar as formalidades gerais do pedido71, a autoridade judicial de exe-
cução deve atentar à inexistência de motivos de não execução obrigatória72,
que são considerados pela doutrina como a “balança na perigosa promul-
gação da eficácia e da segurança em prejuízo da liberdade individual”73.
Além disso, deve atentar também aos motivos de não execução
facultativa74, que conferem à autoridade judiciária de execução um “potestas
decidendi livre e de refúgio face à quase automática vinculação de execu-
ção do MDE”75, de modo que esta margem de discricionariedade permite
um juízo de ponderação entre os interesses protegidos no caso em tela76,
servindo tanto para equilibrar o binômio liberdade-segurança, como para
evitar decisões desproporcionais e que violem dos direitos do sujeito77.
71
CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA. 2002/584/JAI.... Artigo 8.º.
72
Idem. Artigo 3.º. Os motivos de não execução obrigatória elencados na DQ
são a anistia, o princípio do ne bis in idem e a idade do agente.
73
VALENTE, Manuel. Do Mandado de Detenção Europeu..., p. 182.
74
CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA. 2002/584/JAI.... Artigo 4.º. Por sua vez,
despontam como motivos de não execução facultativa do MDE a prescrição,
o princípio do ne bis in idem, a territorialidade do delito, a nacionalidade ou
local de residência do agente, dentre outros.
75
VALENTE, Manuel. Do Mandado de Detenção Europeu..., p. 191.
76
Idem, Ibidem.
77
Idem, p. 187.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.139 | 861
78
CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA. 2002/584/JAI.... Artigo 5.º. São casos
excepcionais que permitem que a autoridade judicial de execução busque ga-
rantias da autoridade de emissão antes de executar o MDE.
79
Ou seja, os artigos 3º, 4º e 5º da Decisão-Quadro 2002/584/JAI.
80
TRIBUNAL EUROPEU DOS DIREITOS DO HOMEM. Caso Irlanda contra
Reino Unido. Demanda n.º 5310/71, de 18 de janeiro de 1978. Disponível
em: <http://hudoc.echr.coe.int/eng?i=001-181585 https://www.unodc.org/
tldb/pdf/CASE_OF_IRELAND_v._THE_UNITED_KINGDOM.doc>. Acesso
em 15 jan. 2017.. A decisão refere em três tipos distintos de maus tratos:
Tratamento desumano é o que “se não causar lesões físicas, ao menos leva a
um intenso sofrimento físico e mental (...), podendo ocasionar em distúrbios
psiquiátricos durante o interrogatório”. Tratamento degradante, por sua vez,
“causa na vítima sentimentos de medo, angústia e inferioridade, capaz de hu-
milhar e rebaixar, possivelmente quebrando sua resistência física ou moral”.
Tortura, por fim, é o emprego de tratamentos desumanos ou degradantes vi-
sando “extrair confissões, nomes ou informações”.
81
UNIÃO EUROPEIA. Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia
(TFUE)...Artigo 228,º. . Atentar à possibilidade dos países, ao transpor essa
DQ, acrescentar tais violações no rol de não-execução, pois não obstante
existam vozes que defendam a aplicação direta destes instrumentos, o artigo
em questão é categórico ao apontar que “[a] diretiva vincula o Estado-Mem-
bro destinatário quanto ao resultado a alcançar, deixando, no entanto, às ins-
tâncias nacionais a competência quanto à forma e aos meios”. Atente-se ainda
que Diretivas e Decisões-Quadro possuem semelhante finalidade e estrutura,
diferenciando-se somente no quórum de aprovação, o que não é relevante
para a perspectiva aqui tratada.
82
TRIBUNAL DA RELAÇÃO DE COIMBRA. Processo n.º 71/14.2YRCBR. Relatora
Alice Santos, Coimbra, 14 de maio de 2014. Disponível em: < http://www.dgsi.pt/
jtrc.nsf/c3fb530030ea1c61802568d9005cd5bb/5918957b67be7f6480257cde
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
862 | Zambiasi; Klee.
003647bd?OpenDocument&Highlight=0,Processo,71%2F14.2YRCBR>. Aces-
so em 02 mai. 2018. Destaca-se que a legislação portuguesa utiliza o requisito
de entrega facultativo apontado no artigo 5.º, n. 3º da Decisão-Quadro. Assim,
Portugal exige que nacional entregue para ser submetido a procedimento cri-
minal em país estrangeiro, seja posteriormente devolvido ao país luso, caso
condenado, para que cumpra aqui a pena ou medida de segurança privativas
de liberdade impostas.
83
VALENTE, Manuel. Do Mandado de Detenção Europeu..., p. 328. Tendo em
vista a vasta gama de situações que podem configurar “pena ou tratamento
cruel ou degradante”, o autor aponta alguns exemplos de situações que colo-
cam em risco a integridade do sujeito, como as péssimas condições carcerá-
rias, a natureza do delito cometido, ou as características pessoais do agente,
como orientação sexual ou religião, que dependendo do contexto social do
Estado de emissão, podem configurar risco pessoal para o agente, especial-
mente dentro do âmbito carcerário.
84
CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA. 2002/584/JAI.... Considerando n.º 10.
Tal suspensão somente poderá se dar quando o Conselho verificar tais viola-
ções por meio do procedimento previsto no artigo 7.º, n.º 1, do TFUE.
85
Sigla de “Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia”.
86
Sigla de “Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia”.
87
UNIÃO EUROPEIA. Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia
(CDFUE). Artigos 4.º e 19.º, n. 2. Disponível em: <http://eur-lex.europa.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.139 | 863
eu/legal-content/PT/TXT/HTML/?uri=CELEX:12016P/TXT&from=PT>.
Acesso em 29 dez. 2016.
88
Sigla de “Tratado da União Europeia”.
89
CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA. 2002/584/JAI.... Considerando n.º 12.
90
CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA. 2002/584/JAI.... Considerando n.º 13.
91
BERTONE, Nicola apud VALENTE, Manuel. Do Mandado de Detenção Euro-
peu..., p. 297.
92
CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA. 2002/584/JAI.... Artigo 1º, n.º 3.
93
CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA. 2002/584/JAI.... Artigo 23º, n.º 4.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
864 | Zambiasi; Klee.
94
VALENTE, Manuel. Do Mandado de Detenção Europeu..., p. 201.
95
Idem, p. 325.
96
ZARZA, María Ángeles Gutiérrez. La evaluación de los Estados miembros en
el Tercer Pilar de la Unión Europea: el caso particular de la Orden de Deten-
ción Europea (I). Revista Aranzadi de derecho y proceso penal, Navarra, n. 16,
p. 167-168, 2006.
97
WEYEMBERGH, Anne. European Added Value Assessment...p, 32. Não
obstante países como Polônia e Romênia sejam conhecidos pela (quase)
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.139 | 865
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
866 | Zambiasi; Klee.
101
VALENTE, Manuel. Do Mandado de Detenção Europeu..., p. 196.
102
PORTUGAL. Constituição da República Portuguesa (CRP). Artigos 33, n.º 6
e 25.º, n. 2. Disponível em: <http://www.tribunalconstitucional.pt/tc/crp.
html>. Acesso em 29 dez. 2016..
103
PORTUGAL. Lei n.º 144/1999, de 31 de agosto. Lei de Cooperação Judiciá-
ria Internacional em Matéria Penal. Artigo 6.º, alínea “e”. Disponível em:
<http://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.php?nid=295&tabe-
la=leis>. Acesso em 29 dez. 2016.
104
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Resolução 39/46, de 10 de de-
zembro de 1984. Convenção contra a tortura e outros tratamentos ou penas
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.139 | 867
cruéis, desumanos ou degradantes. Art. 3.º, n.º 1 e Art. 16.º n.º 1. Disponí-
vel em: <http://www.dhnet.org.br/direitos/sip/onu/tortura/lex221.htm>.
Acesso em 05 jan. 2017.
105
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Humanos (DUDH), de 10 de dezembro de 1948. Artigo 5.º. Disponível em:
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Acesso em 05 jan. 2017.
106
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Civis e Políticos (PIDCP), de 23 de março de 1976. Artigo 7.º. Disponível
em: <http://www.cne.pt/sites/default/files/dl/2_pacto_direitos_civis_po-
liticos.pdf>. Acesso em 05 jan. 2017.
107
UNIÃO EUROPEIA. Convenção Europeia dos Direitos do Homem (CEDH),
adotada em 4 de novembro de 1950 e vigorando na ordem internacional a par-
tir de 1953. Artigo 3.º “[n]inguém pode ser submetido a torturas, nem a penas
ou tratamentos desumanos ou degradantes”. Disponível em: <https://www.
echr.coe.int/Documents/Convention_POR.pdf>. Acesso em 15 jan. 2017.
108
VALENTE, Manuel. Do Mandado de Detenção Europeu..., p. 208.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
868 | Zambiasi; Klee.
109
ARZAMENDI, José Luis de la Cuesta. El principio de humanidad en derecho
penal. Eguzkilore: Cuaderno del Instituto Vasco de Criminología, San Sebastian,
n. 23, p. 212. 2009.
110
Idem, p. 220.
111
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA UNIÃO EUROPEIA. Conclusões do Advogado-Ge-
ral Yves Bot. Demanda n.º C-404/15 e c-659/15 PPU, de 3 de março de 2016.
Disponível em: <http://curia.europa.eu/juris/document/document.jsf?tex-
t=portugal&docid=174758&pageIndex=0&doclang=PT&mode=req&dir=&oc-
c=first&part=1&cid=1066462#ctx1>. Acesso em 16 jan. 2017.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.139 | 869
112
TRIBUNAL DE ESTUGARDA. Decisão de 25 de fevereiro de 2010. Disponível
em: <http://www.fd.unl.pt/Anexos/10757_4.pdf>. Acesso em 17 jan. 2017.
Neste sentido decidiu o Oberlandesgericht Stuttgart, afirmando que a emis-
são de Mandado de Detenção Europeu deve ser pautada sob o princípio da
proporcionalidade, tendo em vista o crime praticado e a sanção a ser aplicada.
113
Para aprofundar a questão do princípio da proporcionalidade no âmbito do
MDE, recomenda-se a leitura de: JANUÁRIO, Túlio Felippe Xavier. Do prin-
cípio da proporcionalidade e sua aplicação no mandado de detenção europeu.
Revista Brasileira de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 1, p. 435-
472, jan./abr. 2018. https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i1.114.
114
CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA. 2002/584/JAI.... Artigos 12.º e 23.º n.º 4.
115
TRIBUNAL DA RELAÇÃO DE GUIMARÃES. Processo n.º 11/10.8YRG-
MR. Relator Cruz Bucho, Guimarães, 21 de dezembro de 2010. Dispo-
nível em: <http://www.dgsi.pt/jtrg.nsf/86c25a698e4e7cb7802579e-
c004d3832/1597a455ec8820de802578310054b727?OpenDocument>.
Acesso em 17 jan. 2017. A título de curiosidade, aponta-se que o Tribunal
da Relação de Guimarães decidiu através do presente julgado que motivos
humanitários constituem fundamento para a suspensão da entrega do sujeito,
embora não possam ensejar na não execução.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
870 | Zambiasi; Klee.
116
VALENTE, Manuel. Do Mandado de Detenção Europeu..., p. 320.
117
Idem, p. 334.
118
Possibilidade prevista no artigo 4.º, n.º 6 da DQ, e no artigo 12.º, n.º 1, “g” da
Lei n.º 65/2003.
119
Para maiores informações sobre este procedimento: <http://eur-lex.europa.eu/
legal-content/PT/TXT/?uri=URISERV%3Al14552>. Acesso em 16 jan. 2017.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.139 | 871
120
VALENTE, Manuel. Do Mandado de Detenção Europeu..., p. 125.
121
UNIÃO EUROPEIA. Convenção Europeia dos Direitos do Homem (CEDH)...
Artigo 15.º, n. 2 . “[a] disposição precedente não autoriza nenhuma derroga-
ção ao artigo 2°, salvo quanto ao caso de morte resultante de actos lícitos de
guerra, nem aos artigos 3°, 4° (parágrafo 1) e 7°”..
122
RODRIGUES, Anabela. O direito penal europeu emergente..., p. 208.
123
TRIBUNAL EUROPEU DOS DIREITOS DO HOMEM. Soering contra Reino
Unido. Demanda n.º 14038/88, de 7 de julho de 1989. Disponível: <http://
hudoc.echr.coe.int/eng?i=001-164736>. Acesso em 15 jan. 2017.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
872 | Zambiasi; Klee.
124
UNIÃO EUROPEIA. Convenção Europeia dos Direitos do Homem (CEDH)....
Art. 3º. “[n]inguém pode ser submetido a torturas, nem a penas ou tratamen-
tos desumanos ou degradantes”.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.139 | 873
125
TRIBUNAL EUROPEU DOS DIREITOS DO HOMEM. Soering contra Reino
Unido... §56.. Destaca-se que o tempo médio entre o julgamento e a execução
no Estado da Virgínia varia entre seis e oito anos.
126
CARDOSO, Raquel Preciosa Tomás. Os Direitos Fundamentais nos procedi-
mentos de entrega de pessoas procuradas. Dissertação (Mestrado em 2013) –
Universidade de Coimbra, Coimbra, 2013, p. 25.
127
TRIBUNAL EUROPEU DOS DIREITOS DO HOMEM. Soering contra Reino
Unido.... §135 e seguintes.
128
VALENTE, Manuel. Do Mandado de Detenção Europeu..., p. 332-333.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
874 | Zambiasi; Klee.
129
TRIBUNAL EUROPEU DOS DIREITOS DO HOMEM. M.M.S. contra Bélgica
e Grécia. Demanda n.º 30696/09, de 21 de janeiro de 2011. § 353 Disponí-
vel em: <http://hudoc.echr.coe.int/eng?i=001-103050>. Acesso em 03 mai.
2018. Quanto a isso, no julgamento do caso em tela o TEDH afirmou que o
mero fato de adesão a tratados internacionais e existência de leis internas que
garantam a salvaguarda de direitos fundamentais não são, por si só, suficien-
tes para assegurar proteção adequada contra o risco de submissão do sujeito
maus-tratos, quando no caso em tela houverem fontes confiáveis de que as
autoridades tolerem práticas contrárias aos princípios da CEDH.
130
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA UNIÃO EUROPEIA. Acórdão. Demanda n.º
C-404/15 e c-659/15 PPU, de 5 de abril de 2016. Disponível em: <http://
curia.europa.eu/juris/document/document.jsf?text=&docid=175547&pa-
geIndex=0&doclang=PT&mode=lst&dir=&occ=first&part=1&cid=380998>.
Acesso em 16 jan. 2017.
131
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA UNIÃO EUROPEIA. Conclusões do Advogado-Ge-
ral Yves Bot. Demanda n.º C-404/15 e c-659/15 PPU, de 3 de março de 2016.
Disponível em: <http://curia.europa.eu/juris/document/document.jsf?tex-
t=portugal&docid=174758&pageIndex=0&doclang=PT&mode=req&dir=&oc-
c=first&part=1&cid=1066462#ctx1>. Acesso em 16 jan. 2017.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.139 | 875
132
TRIBUNAL EUROPEU DOS DIREITOS DO HOMEM. Iacov Stanciu contra
Roménia. Demanda n.º 35972/05, de 24 de julho de 2012. Disponível em:
<http://hudoc.echr.coe.int/eng?i=001-112420>. Acesso em 16 jan. 2017. O
sistema carcerário romeno é caótico a ponto de confinar detentos em espaço
inferior a 2m², de modo que as celas são demasiadamente pequenas, superlo-
tadas, sujas, sem aquecimento ou água quente para banho, existindo inúme-
ros recursos pendentes no TEDH sobre a temática.
133
TRIBUNAL EUROPEU DOS DIREITOS DO HOMEM. Varga e Outros con-
tra Hungria. Demandas n.º 14097/12, 45135/12, 73712/12, 34001/13,
44055/13 e 64586/13, de 10 de março de 2015. Disponível em: <http://
hudoc.echr.coe.int/eng?i=001-152784>. Acesso em 16 jan. 2017. Por outro
lado, o TJUE cita que o TEDH já se pronunciou mais de 450 vezes sobre casos
de violação ao artigo 3.º da CEDH na Hungria, todos por conta das más con-
dições carcerárias apresentadas pelo país.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
876 | Zambiasi; Klee.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.139 | 877
Considerações F inais
A cooperação internacional em matéria penal foi a solução en-
contrada pelo legislador europeu para lidar com a metamorfose desen-
cadeada na criminalidade a partir da globalização e pela diminuição de
fronteiras em determinados espaços. Desta forma, o MDE surge para
acelerar o procedimento de entrega de pessoas dentro do âmbito europeu,
substituindo o moroso mecanismo de extradição.
Contudo, além da ideologia securitária, este instrumento surge
quando as legislações internas dos Estados-Membros, especialmente em
material penal processual e material, ainda não se encontram suficien-
temente harmonizadas. Como consequência a isso, começam a surgir
questionamentos e ponderações, especificamente no campo da proteção
efetiva de direitos humanos134, tendo-se concluído com o presente estudo
134
KLIP, André. European Criminal Law. Intersentia, 2009, p. 376 e 380. Nes-
te sentido, ao referir que “international co-operation is increasingly used in
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
878 | Zambiasi; Klee.
criminal trials makes the direct application of human rights norms more diffi-
cult”, o autor destaca que “[c]o-operation can, therefore, bring abaout respon-
sibility for the acts of others”, justamente como foi decidido no Caso Soering.
135
RODRIGUES, Anabela; MOTA, José Luís Lopes da. Para uma Política..., p. 50.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.139 | 879
136
BECCARIA, Cesare. Dos Delitos e das Penas. Versão para Ebook. 1764. p.
32. Disponível em: <livros01.livrosgratis.com.br/eb000015.pdf>. Acesso em
04.01.2017.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
880 | Zambiasi; Klee.
R eferências
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884 | Zambiasi; Klee.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.139 | 885
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
886 | Zambiasi; Klee.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 845-886, mai.-ago. 2018.
Crítica Científica
Resumo: Esta crítica científica partiu do que foi proposto pelo ar-
tigo “Investigação criminal genética – banco de perfis genéticos,
fornecimento compulsório de amostra biológica e prazo de arma-
zenamento de dados”, na busca de oferecer evidências doutrinárias
e empíricas que permitissem ampliar o diálogo acadêmico sobre a
implantação do Banco Nacional de Perfis Genético (BNPG). Para
tanto, realizou-se pesquisa exploratória e qualitativa, desenvolvida a
partir de documentação da doutrina, trabalhos empíricos, julgados e
normas relacionadas ao banco brasileiro e congêneres estrangeiros.
É possível reconhecer a possibilidade do uso de referenciais diver-
sos do apresentado pelo artigo em comento e, assim, o alcance de
conclusões contrárias no que se refere, especialmente à ofensa ao
princípio nemo tenetur se detegere na aplicação da Lei 12.654/2012.
Além disso, limitações importantes quando à relação entre a redução
1
Pós-Doutor em Genética pela UFRJ; Mestre e Doutor em Ciências pela UFRJ e
UFRRJ, respectivamente; Jovem Cientista do Nosso Estado - FAPERJ; Professor
Adjunto FND-UFRJ e do PPGD-UCP; Perito Criminal IPPGF-PCERJ.
889
890 | Garrido, Rodrigo Grazinoli.
Introdução
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 889-900, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.163 | 891
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 889-900, mai.-ago. 2018.
892 | Garrido, Rodrigo Grazinoli.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 889-900, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.163 | 893
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 889-900, mai.-ago. 2018.
894 | Garrido, Rodrigo Grazinoli.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 889-900, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.163 | 895
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 889-900, mai.-ago. 2018.
896 | Garrido, Rodrigo Grazinoli.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 889-900, mai.-ago. 2018.
https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.163 | 897
Considerações F inais
Dentro dos limites de uma crítica científica e considerando as
questões observadas, relacionadas à coleta obrigatória do material biológi-
co, a determinação do perfil genético e seu armazenamento em banco de
dados que servirá necessariamente para a produção de prova, é forçoso
concluir diversamente do artigo analisado.
Tal tecnologia aplicada à persecução penal fere direitos fundamen-
tais, mormente o de não autoincriminação e de privacidade, consagrados
internacionalmente e em nossa Constituição Federal de 1988. Ademais,
afeta a presunção de inocência, e, em virtude da carência de termo certo
para a exclusão do perfil coletado de forma compulsória, “assemelhando-se
a uma espécie de pena privativa de direitos de caráter perpétuo que não
respeita o princípio da individualização da pena” (TAVARES, GARRIDO
e SANTORO, 2016 p. 216-217).
Reconhece-se de toda forma, o papel da pesquisa para o desenvol-
vimento do tema e como forma de estimular outros ensaios inéditos sobre
o assunto, seria interessante aproveitar a oportunidade para deixar uma
série de questões que merecem aprofundamento, tais como: as limitações
econômicas para a implantação BNPG; as relações entre as instituições de
perícia oficial, administração penitenciária e justiça no que tange a gestão do
BNPG; análises empíricas sobre os sujeitos doadores de material genético;
possibilidade de uso do banco para pesquisa familiar; contradições existentes
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 889-900, mai.-ago. 2018.
898 | Garrido, Rodrigo Grazinoli.
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Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 889-900, mai.-ago. 2018.
900 | Garrido, Rodrigo Grazinoli.
Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 889-900, mai.-ago. 2018.